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58 – PSIC - Revista de Psicologia da Vetor Editora, Vol. 3, nº 1, 2002, pp. 58-85 Relações entre qualidade de vida e estrutura de personalidade em pessoas deprimidas RESUMO ABSTRACT Endereço para correspondência: Alameda Itapecuru, 282, Apart. 31 B CEP 06454-080 – Alphaville – Barueri – São Paulo – Tel.: (11) 4191-1286 – Cel.: 9172-7744 O Estudo a seguir refere-se as relações entre depressão e qualidade de vida. Foi aplicado o PRIME, Módulo de Hu- mor para diagnóstico da depressão, tendo sido usado como critério de inclusão; o SF-36 para avaliar a qualidade de vida em pacien- tes deprimidos; e o desenho da figura huma- na como técnica projetiva, com o objetivo de verificarmos os aspectos da personalida- de desses sujeitos. A amostra foi composta por quatro mu- lheres e um homem, com idades variando de 38 a 57 anos, sendo que três são casadas, um solteiro e uma viúva. Duas não têm profis- são, são do lar, uma é costureira, um autôno- mo, e uma é operadora de telemarketing. Duas têm instrução do Primeiro Grau com- pleto, uma tem Primeiro Grau incompleto, uma tem Segundo Grau completo e um Ter- ceiro Grau incompleto. Foi empregado o mé- todo clínico (estudo de caso). No SF-36, foram avaliados aspectos da capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, aspectos sociais, as- pecto emocional, vitalidade e saúde mental. Foi encontrado em todos os sujeitos ava- liados pelo SF-36 maior prejuízo nas áreas de capacidade funcional, aspectos físicos, vitalidade e aspecto emocional. Na técnica gráfica também foram obser- vados vários indicadores de depressão. Realizando a comparação entre os resul- tados dos dois instrumentos, no SF-36 os as- pectos mais objetivos e nos desenhos da figura humana mais subjetivos, percebeu-se que de fato existe a presença de aspectos depressi- vos em ambas, concluindo-se que a qualida- de de vida dessas pessoas está realmente, muito comprometida. Necessitam, portanto, de tratamento médico e psicoterápico. Relations between quality of life and structure of personality in depressed peo- ple.Word-key: depression; quality of life Summary. This study mentions the relations to it between depression and quality os life. They had been applied PRIME-Módulo de Humor, for the diagnosis of the depression, the SF- 36, to evaluate the quality of life and the drawing of the figure human being as projectiva technique to evaluate aspects of the personality of these citizens.The sample was composite popr for woman and a man, with ages varying between 38 and 57 years. Carrying through a matching it enters the results gotten through these instruments, observing with the SF-36 the aspects most objective and with the drauwing of the figure human being the aspects most subjective, it was perceived presence od depressive strokes in both, concluding itself that the quality of life of these people is of fact very comprometida. They need therefore, of medical and psychotherapic handling. “A maior expressão da angústia pode ser a depressão, algo que você pressente, indefinível. Mas não tente se matar, pelo menos esta noite não” Lobão

Relações entre qualidade de vida e estrutura de ...pepsic.bvsalud.org/pdf/psic/v3n1/v3n1a05.pdf · incluindo ataque de pânico, abuso de ál-cool e queixas somáticas. ... baixo-astral

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58 – PSIC - Revista de Psicologia da Vetor Editora, Vol. 3, nº 1, 2002, pp. 58-85

Relações entre qualidade de vida e estruturade personalidade em pessoas deprimidas

RESUMO ABSTRACT

Endereço para correspondência: Alameda Itapecuru, 282, Apart. 31 BCEP 06454-080 – Alphaville – Barueri – São Paulo – Tel.: (11) 4191-1286 – Cel.: 9172-7744

O Estudo a seguir refere-se as relaçõesentre depressão e qualidade de vida.

Foi aplicado o PRIME, Módulo de Hu-mor para diagnóstico da depressão, tendosido usado como critério de inclusão; o SF-36para avaliar a qualidade de vida em pacien-tes deprimidos; e o desenho da figura huma-na como técnica projetiva, com o objetivode verificarmos os aspectos da personalida-de desses sujeitos.

A amostra foi composta por quatro mu-lheres e um homem, com idades variando de38 a 57 anos, sendo que três são casadas, umsolteiro e uma viúva. Duas não têm profis-são, são do lar, uma é costureira, um autôno-mo, e uma é operadora de telemarketing.Duas têm instrução do Primeiro Grau com-pleto, uma tem Primeiro Grau incompleto,uma tem Segundo Grau completo e um Ter-ceiro Grau incompleto. Foi empregado o mé-todo clínico (estudo de caso).

No SF-36, foram avaliados aspectos dacapacidade funcional, aspectos físicos, dor,estado geral de saúde, aspectos sociais, as-pecto emocional, vitalidade e saúde mental.

Foi encontrado em todos os sujeitos ava-liados pelo SF-36 maior prejuízo nas áreasde capacidade funcional, aspectos físicos,vitalidade e aspecto emocional.

Na técnica gráfica também foram obser-vados vários indicadores de depressão.

Realizando a comparação entre os resul-tados dos dois instrumentos, no SF-36 os as-pectos mais objetivos e nos desenhos da figurahumana mais subjetivos, percebeu-se que defato existe a presença de aspectos depressi-vos em ambas, concluindo-se que a qualida-de de vida dessas pessoas está realmente,muito comprometida. Necessitam, portanto,de tratamento médico e psicoterápico.

Relations between quality of life andstructure of personality in depressed peo-ple.Word-key: depression; quality of lifeSummary.

This study mentions the relations to itbetween depression and quality os life. Theyhad been applied PRIME-Módulo de Humor,for the diagnosis of the depression, the SF-36, to evaluate the quality of life and thedrawing of the figure human being asprojectiva technique to evaluate aspects ofthe personality of these citizens.The samplewas composite popr for woman and a man,with ages varying between 38 and 57 years.

Carrying through a matching it entersthe results gotten through these instruments,observing with the SF-36 the aspects mostobjective and with the drauwing of thefigure human being the aspects mostsubjective, it was perceived presence oddepressive strokes in both, concluding itselfthat the quality of life of these people is offact very comprometida. They needtherefore, of medical and psychotherapichandling.

“A maior expressão da angústia pode ser a depressão, algo que vocêpressente, indefinível. Mas não tente se matar, pelo menos esta noite não”

Lobão

Relações entre qualidade de vida e estrutura de personalidade em pessoas deprimidas – 59

Helena Rubio

Monografia de conclusão do curso deespecialização em Psicologia Hospitalar -

A Psicologia em Especialidades Médicas

Palavras-chaves: depressão, qualidade de vida, PRIM-MD

Key words: depression, qualitiy of life, PRIM-MD

INTRODUÇÃO

“Penso que o indivíduo devefinalmente abraçar a própria vida

com os próprios braços.”Arthur Miller

“Nada podes ensinar a um homem,mas podes ajudá-lo a descobrir o que

tem dentro de si mesmo.”Galileu

DEPRESSÃO

A depressão se tornou tão freqüentenos dias de hoje, que está sendo consi-derada como reação normal no mundomoderno, desde que não interfira nasnossas atividades cotidianas. Mas deve-mos ter em mente o mal estar e as sensa-ções que acompanham o indivíduomuitas vezes, por toda sua vida, interfe-rindo nos seus relacionamentos sociais,pessoais e levando o indivíduo a ter umavida improdutiva e insatisfatória sob vá-rios aspectos por não saber que esses sin-tomas são de depressão.

A depressão está sendo consideradapor alguns terapeutas como o mal do sé-culo, devido a grande incidência nosatendimentos psiquiátricos.

Devemos levar em conta que todosnós temos momentos de tristeza, dor,desapontamento, assim como momentosde alegria e prazer.

Na condição de ser humano saudável,existe a disposição para enfrentar os pro-blemas e procurar solucioná-los por maisdifíceis que sejam. Segundo Lowen “serincapaz de reagir distingue o estado de-pressivo de todas as outras condiçõesemocionais. Uma pessoa desanimadarecuperará sua fé e esperança quando asituação mudar”, enquanto que na pes-soa deprimida, a disposição para reagirestá limitada.

A) Histórico

Desde o Antigo Testamento, são re-latadas situações de padecimento dehomens e mulheres que perderam a es-perança.

Hipócrates, o Pai da Medicina (sec. IVa.C.) diferenciou quatro tipos de tempe-ramentos, um deles denominado “melan-cólico”, que hoje é identificado comodepressão. Para Hipócrates, o que definiao humor melancólico seria a conduta quí-mica de biles negra. Essa abordagem ini-cial revela uma visão organísmica doquadro depressivo, segundo o qual o de-terminante fisioquímico do organismohumano é quem estabelece o temperamen-to do indivíduo (L. Cammer, Saindo dadepressão, 1978).

Na Idade Média era considerada re-sultante de uma força mística de algumaentidade misteriosa.

No final do sec. XVIII foram inicia-dos estudos sobre o tema, por meio de

É preciso ler otexto e fazer os

olhos

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pesquisas em instituições e hospitais es-pecializados.

B) Sintomas

As definições abaixo indicadas sãoderivadas de um ponto de vista nosoló-gico psiquiátrico .

A depressão começa com sentimen-tos comuns de tristeza. É comum que apessoa deprimida não tenha consciênciade seus sentimentos, mas identifica quealgo está errado com ela e percebe sen-sações físicas como aperto no coração,angústia, impaciência, etc.

A depressão varia em intensidade,indo desde uma simples tristeza até umintenso sofrimento e desespero.

Na síndrome depressiva, o indivíduose sente incapaz, coibido, infeliz e reagede forma pessimista; tem sentimentos demenos valia, desânimo, falta de forçapara reagir, perda da espontaneidade efadiga. A pessoa se torna mais lenta,preocupa-se demais com problemas pes-soais; alguns se tornam queixosos, ou-tros desconfiados.

Na depressão mais profunda, a pes-soa sofre intensa dor mental; sente an-gústia, desespero, desgosto, raiva, medoagitação e desesperança.

Começa a achar que não deveria ternascido, tendo às vezes pensamentos sui-cidas.

Seu relacionamento se torna difícil,refletindo sentimentos de desespero, afli-ção, sensação de abandono ou rejeição.

Preocupa-se demais com seus pensa-mentos depressivos, alterando sua ca-pacidade de atenção, concentração ememória, queixando-se às vezes de umaincapacidade de pensar.

A ansiedade é comum na depressão,incluindo ataque de pânico, abuso de ál-cool e queixas somáticas.

As características clínicas da depressãopodem ser agrupadas em quatro esferas:• Humor: deprimido, irritável, preocu-

pação excessiva, sensação de vazio,tristeza, baixo-astral.

• Cognitiva: perda de interesse, dificul-dade de concentração, baixa auto-esti-ma, pessimismo, indecisão, culpa,ideação suicida, alucinações e delírios.

• Comportamental: retardo psicomotorou agitação, choro, retraimento social,dependência, suicídio.

• Somática: distúrbios do sono (insôniaou hipersonia), fadiga, alteração doapetite e/ou peso (aumento o diminui-ção), dor, diminuição da libido.

C) Características do Processo Depres-sivo

A depressão apresenta três aspectosessenciais: intensidade, duração e qua-lidade.

Intensidade: quanto a intensidade,pode ser leve, moderada ou grave. Asleves desaparecem com rapidez, en-quanto as moderadas e graves são maisprolongadas e exigem tratamento tera-pêutico

Duração: pode ser classificada comoaguda, recorrente ou crônica. As agudaspodem surgir rapidamente, independen-temente de causa, e durar apenas umasemana, podendo desaparecer sem tra-tamento. A recorrente corresponde a umacrise aguda que reaparece a intervalosirregulares intercalados por períodosnormais denominados “remissão”. A de-pressão crônica surge mais regularmen-te e permanece por um período de tempoindefinido.

Qualidade: pode ser de retardo psi-comotor, quando as reações da pessoatornam-se lentas, e agitada, quando apre-senta um estado de excitação geral.

D) Possíveis Causas

Em pesquisa na internet, encontramosque a depressão pode ser causada pordiversos fatores, isolados ou combina-dos, incluindo:– história familiar;– outras doenças não psiquiátricas, como

por exemplo doenças crônicas como

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Aids, ou câncer, alterações hormonais(hipotireoidismo);

– alguns medicamentos;– uso de álcool ou drogas;– outras doenças psiquiátricas;– algumas situações de vida, como “es-

tresse” intenso ou uma perda impor-tante.Muitas vezes a depressão pode sur-

gir mesmo quando tudo está muito bemna vida da pessoa

E) Fatores de Risco

Ainda na mesma fonte, os fatores des-critos abaixo estão relacionados com adepressão. Significa que a presença deum ou mais desses fatores na vida dapessoa torna-a mais vulnerável para apre-sentar depressão. A identificação delesé feita com bases estatísticas. O fato dea pessoa ter ou não esses fatores não de-termina o surgimento da depressão emsua vida.

Os principais são:– ser do sexo feminino;– adultos jovens;– vida urbana;– desempregado;– presença de importante doença física;– doença afetiva prévia;– história familiar de depressão;– perda de uma pessoa importante e pró-

xima nos últimos seis meses;– solidão;– falta de satisfação com a vida.

F) Tipos de Depressão

F l. Classificação (Segundo MauroIvan João, 1987)

Depressão endógena

Entendemos por depressão endógenaaquela gerada internamente, quando o cé-rebro e o sistema nervoso se desorgani-zam por algum motivo e não conseguemfuncionar normalmente.

A depressão endógena é resultante dealterações bioquímicas no organismo que

podem ser decorrentes de parto, meno-pausa, andropausa, infecções, drogas,cirurgia, fadiga ou estresse.

A depressão endógena é determina-da pelo esgotamento das reservas deenergia (efeitos de fadiga), que favore-cem a adaptação gerando desequilíbrioquímico no sistema nervoso.

Esse tipo de depressão é comum empessoas superdedicadas e superproteto-ras, preocupadas em resolver todos osproblemas, mesmo que não sejam seus,pessoas controladoras e perfeccionistas.

Depressão reativa

É a depressão que aparece como rea-ção a algum fator externo, como porexemplo perda de muito dinheiro, mortede uma pessoa muito querida, mudançano padrão de vida, separação, etc.

Segundo Cammer, “o sentimento deperda á a essência da depressão reativa”.

A intensidade de sintomas é determi-nada pela personalidade do indivíduo,que poderá ser decorrente de uma con-dição de imaturidade e desproteção ouuma conduta perfeccionista que não acei-ta a perda.

O fator que tem revelado grande cor-relação com os sintomas depressivos é adependência.

Alterações de situação como aposen-tadoria, separação do casal, mudança deresidência ou de trabalho, isolamento esolidão, poderão desencadear depressão.

Depressão neurótica

Também pertence ao grupo das de-pressões reativas; resulta da falta deadaptação do indivíduo que esgota suaenergia por revelar dificuldade ao enfren-tar situações.

O termo neurótico indica a condiçãopsicológica de uma pessoa que, emboramantenha contato com a realidade, a per-cebe de maneira distorcida, filtrada porseus conteúdos internos. No caso do psi-cótico, há perda de contato com a reali-dade com delírios e alucinações.

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Características de depressão neurótica

Dificuldade de usufruir o momentopresente:São pessoas que vivem no passadoesgotando sua energia se defenden-do; insegurança é um fator constan-te. A emoção dominante é o medo deser rejeitado. Embora queiram seauto-realizar, afastam as pessoas, e ainsegurança as conduz à mania deperfeição como defesa.

Componente obsessivo e ansioso:Presente em indivíduos que desenvol-veram personalidade rígida e perfec-cionista, julgam-se donos da verdade;tudo deve ser feito à sua maneira. Sealgum pensamento é dominado pelaobsessão, sua atenção fica alterada ea ansiedade toma conta de sua con-duta enquanto não resolver o proble-ma.

Imaturidade psicológica:É comum encontrarmos sintomas de-pressivos em pessoas adultas mas psi-cologicamente imaturas. São pessoasque não param no emprego, não con-seguem estudar devido ao baixo ní-vel de motivação ou por se sentiremincapazes.

Componente fóbico:O medo é outro componente freqüen-te na depressão. Ele conduz a pessoaao isolamento, provocando sentimen-tos de derrota, insegurança e menosvalia; sente-se limitada para enfren-tar as situações.

Depressão e suicídio:A tentativa de suicídio é muito fre-qüente nas depressões. São pessoasque não sentem mais esperança eapresentam forte sentimento de an-gústia e tensão. A maioria dos paci-entes com depressão que não foramtratados tentará o suicídio pelo me-nos uma vez.

Para Lowem, “A depressão é umaforma de morte emocional e psicológi-ca” em que o indivíduo perdeu o gostopela vida e a vontade de viver.

Segundo Lowem, o ato suicida temorigem na motivação inconsciente cor-respondente a atitudes de autodestruição,interpretadas como uma manobra deses-perada para chamar a atenção sobre odesespero da situação.

F 2. Classificação pelo DSM IV

As manifestações depressivas estãoincluídas na sessão relativa às desordensde humor (DSM IV, p.318), e está orga-nizada como se segue:• Episódios de humor: episódio depres-

sivo maior, episódio maníaco, episó-dio misto e episódio hipomaníaco.

• Desordens depressivas: desordem de-pressiva maior, desordem distímica, de-sordem depressiva não especificada emoutras partes.

• Desordens bipolares: desordem bi-polar I e II, desordem ciclotímica e de-sordem bipolar não especificada emoutra parte.

• Outras desordens de humor: desor-dens de humor devido ...( indicar a con-dição médica Geral), desordem dehumor induzida por substâncias, desor-dem de humor não especificada em ou-tra parte.

• Características dos mais recentesepisódios de humor: leve, moderada esevera, sem características psicóticas;em remissão parcial, em remissão total.Severa com características psicóticas,em remissão parcial, em remissão total,com características catatônicas ou me-lancólicas ou atípicas ou pós-parto.

G. Psicodinâmica da Depressão

Segundo Bleischmar (1983), “depres-são é denominado habitualmente tantoum quadro caracterizado pela presençade elementos diversos – como: tristeza,inibição psicomotora, auto-acusação,

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visão pessimista da vida – quanto a esta-do afetivo da tristeza.

Quanto à tristeza, diz-se que alguémestá deprimido quando falta os elemen-tos que formam uma categoria nosoló-gica que caracteriza como parte dostranstornos de humor ou da afetivida-de. No entanto pode estar presente a tris-teza e não haver inibição predominante;ao contrário, a excitação psicomotora.É o que se vê na depressão ansiosa ouagitada.

Por outro lado, uma pessoa pode auto-acusar-se, estar brava consigo mesma,sem apresentar nem tristeza nem inibi-ção. Além disso, alguém pode não sentirinteresse pelo que o rodeia, considerarque é valioso ou suficientemente moti-vante, revelando deste modo inibição ouabulia.” (p.13).

Ainda segundo Bleischmar (1983), onúcleo da depressão, como estado, nãoo podemos buscar nem no pranto nemna tristeza nem na inibição psicomoto-ra, pois todos eles podem faltar senão notipo de idéias que possuem em comumtodos aqueles quadros nos quais pelomenos uma destas manifestações estápresente. Quando dizemos idéias, não nosreferimos aos temas de que se queixamos depressivos e que aparecem nos trata-dos de Psiquiatria, como as idéias de ruí-na, de fracasso, de inferioridade, de culpa.Se essas idéias são capazes de produzirdepressão é porque todas elas implicamem uma muito definida representação queo sujeito se faz da não-exeqüibilidade deum desejo em que alcançaria um ideal,ou uma medida com respeito ao qual sesente arruinado, fracassado, inferior, cul-pado (p.30).

Para Mackinnon (1992), “a depres-são refere-se tanto a um sintoma quantoa um grupo de enfermidades que possu-em determinados traços em comum.

Como sintoma, a depressão caracte-riza-se por um tom afetivo de tristezaacompanhado de sentimentos de desam-paro e redução da auto-estima. O indiví-

duo deprimido experimenta sentimentosde segurança ameaçada, falta de capaci-dade para enfrentar seus problemas e queninguém pode ajudá-lo. Todos os aspec-tos da vida: emocional, cognitiva, fisio-lógica, comportamental, social, podemser afetados”. (p.150).

Para Zimmerman (1999), que temuma visão psicodinâmica “uma primei-ra observação é que, diante do largo es-pectro clínico dos estados depressivos,torna-se indispensável que se reconheçaa distinção que há entre melancolia, luto,tristeza, posição depressiva e depressão,a qual está sempre subjacente às diver-sas organizações neuróticas e psicóticasda personalidade.

Cada um destes termos designa umestado psíquico próprio e diferenciadoentre si.

O conceito de tristeza, indica um es-tado de humor afetivo que pode estarpresente ou não nos estados depressivos.

O luto corresponde a um período ne-cessário para a elaboração da perda deum objeto amado que foi introjetado noego, sem maiores conflitos.

Melancolia designa que a introjeçãodo objeto perdido (por morte, abandonoetc.) processou-se de forma ambivalen-te e com conflitos. Essa “sombra do ob-jeto recaído sobre o ego” (Freud, 1927p.128) pode estar absorvida no próprionúcleo do ego e aí permanecer por todaa vida, assim se constituindo em lutopatológico crônico.

Posição depressiva é um termo deMelanie Klein (1934, p.262) que expres-sa uma constelação de relações objetaise ansiedades que constituem um estadopsíquico no qual prevalece a tríade: ob-jeto total ( integração das suas partes dis-sociadas), assunção da responsabilidadee de eventuais culpas, presença de senti-mentos de consideração e de intentos dereparação frente aos objetos.

Depressão subjacente às neuroses epsicoses refere-se ao fato de que todoindivíduo, em grau maior ou menor, é

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portador de núcleos melancólicos da per-sonalidade. (p.217).

Em Freud (1925), estende-se o enten-dimento sobre a correlação e os concei-tos sobre luto e melancolia. O luto é areação à perda de um ente querido, ou àperda de alguma abstração que ocupouo lugar de um ente querido. Em algumaspessoas, as mesmas influências produ-zem melancolia em vez de luto; por con-seguinte, suspeitamos de que essaspessoas possuem uma disposição pato-lógica.

Ainda em Freud (1925), os traçosmentais distintos da melancolia são umdesânimo profundamente penoso, a ces-sação de interesse pelo mundo externo,a perda de capacidade de amar, a inibi-ção de toda e qualquer atividade, e umadiminuição dos sentimentos de auto-es-tima a ponto de encontrar expressão emauto-recriminação e auto-envilecimento,culminando numa expectativa delirantede punição.

Para Freud (1925), no luto verifica-mos que a inibição e a perda de interessesão plenamente explicadas pelo trabalhodo luto no qual o ego é absorvido. Namelancolia, a perda desconhecida resul-tará num trabalho interno semelhante, eserá portanto responsável pela inibiçãomelancólica. A diferença consiste em quea inibição do melancólico nos pareceenigmática porque não podemos ver oque o está absorvendo tão completamen-te. No luto, é o mundo que se torna po-bre e vazio; na melancolia, é o próprioego.

Bellak (1980) aponta dez fatores depapel dominante em toda depressão, combase num fundamento psicodinâmico.1. problemas de auto-estima;2. superego severo;3. intra-agressão;4. sentimento de perda (de amor, de ob-

jeto, de posses, de auto-estima);5. sentimento de desapontamento;6. sentimento de ter sido decepcionado;7. necessidade de serem alimentadas, nu-

tridas constantemente;

8. dependência de nutrientes externospara o narcismo;

9. degação (como mecanismo de defe-sa que pode estar presente nos esta-dos depressivos);

10. distúrbios nas relações objetais. Di-namicamente, as relações objetais nadepressão são normalmente anaclí-ticas, passiva-dependente, receptivae ambivalente.

Segundo Lowen “as pessoas que so-frem de depressão têm necessidades oraisinsatisfeitas, de ser seguradas no colo,experienciar contatos corporais e seraquecidas. Essas necessidades são cha-madas orais porque correspondem àqueleperíodo da vida em que as atividadesorais dominam a criança.

H) Diagnóstico da Depressão

O diagnóstico da depressão é basea-do no reconhecimento de manifestaçõesda doença experimentado pelo paciente.

Os critérios utilizados para este reco-nhecimento indicam de maneira objeti-va as características que um pacientedeve apresentar para ser consideradocomo pertencente a uma determinadacategoria de transtorno.

Essas características constituem ochamado quadro clínico composto pelossintomas, alterações do comportamentopresentes numa pessoa acometida de de-pressão.

Kraepelin descreveu a vivência dos pa-cientes deprimidos da seguinte maneira:

“O sentimento que predomina nosestados depressivos é em geral uma de-sesperança pesada e sombria. Sente-sedevorado por um autocompadecimento,perdeu toda sua coragem, sente-se aban-donado, sem objetivos válidos na vida.

Seu coração parece ser de pedra, nadao alegra. Ao adoecer, sente-se algo alémdo sentimento de tristeza; sente certa ini-bição dos sentimentos que contrasta coma facilidade do maníaco para se como-ver. É justamente essa diminuição dacapacidade de se comover, de se alegrar,

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a perda do interesse íntimo em relaçãoaos acontecimentos que ocorrem ao seuredor, o que os enfermos vivem mais do-lorosamente.

Tudo está vazio e deserto neles, tudoparece igual, nada os interessa, tudo pa-rece sem graça, a música parece umacoisa estranha. Tem a sensação de estarfora do mundo, não podem mais chorar.”

I) Tratamento da Depressão

Em pesquisa na internet, encontramosque as três principais modalidades de tra-tamento para depressão são:• medicamento antidepressivo;• psicoterapia;• medicamento antidepressivo associado

à terapia.Outros tratamentos incluem a eletro-

convulsoterapia (ECT) e fototerapia.Pesquisas demonstram que os medica-mentos são eficazes na depressão grave,juntamente com a psicoterapia.

Fases do tratamentoA depressão em geral é tratada em

duas etapas, segundo a mesma fonte:• Primeira: tratamento da fase aguda.• Segunda: tratamento de extensão, que

compreende uma fase decontinuação e, se necessário,uma de manutenção.

O objetivo do tratamento da faseaguda é a eliminação dos sintomas dadepressão. A continuação desse trata-mento por alguns meses, mesmo apósterem desaparecido todos os sintomas,é importante para evitar que a doençareapareça.

O tratamento de manutenção (no qualo medicamento é mantido por um perío-do longo, durante anos, ou até por todavida) está indicado nos casos de depres-são recorrente, ou seja, quando a pessoaapresentou três ou mais episódios da de-pressão (separados por intervalos de vá-rios meses ou mais tempo, em que podese sentir bem, sem sintomas).

Com o tratamento de manutenção, aschances são boas para a pessoa se sentirbem.

Por que a depressão deve ser tratada (in-ternet)

Sem tratamento, um episódio de de-pressão maior pode durar de 6 a 12 me-ses. Nos intervalos entre os episódios, amaioria das pessoas sente-se melhor oucompletamente bem (sem sintomas).

Apesar de algumas pessoas consegui-rem superar um episódio de depressãosem tratamento, é muito mais fácil pro-curar auxílio para aliviar a dor e o sofri-mento.

É importante tratar a depressão por-que:• O tratamento precoce pode evita que a

depressão se torne grave ou crônica.Idéias de suicídio são comuns na de-pressão; o risco de suicídio aumentaquando os pacientes não são tratados eos episódios depressivos se repetem.Quando o tratamento é eficaz, essespensamentos desaparecem.

• Nos intervalos entre os episódios,uma em cada quatro pessoas podeapresentar ainda alguns sintomas edificuldades para executar as ativi-dades diárias. Essas pessoas, se nãoforem tratadas, têm grande chancede desenvolver outro episódio de de-pressão.

É importante mencionar a necessi-dade do diagnóstico e tratamento da de-pressão. O que se percebe é que ospacientes são atendidos na sua maioriapor profissionais não preparados paraessa demanda.

Estudos demonstram que pacienteshospitalares e ambulatoriais que apresen-tam comorbidade psiquiátrica usam maisos serviços de saúde, aumentam os cus-tos dos mesmos e produzem menos queos doentes que tem apenas patologias fí-sicas.

As intervenções psiquiátricas têm de-monstrado ser clínica e economicamen-

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te efetivas; produzem informações rele-vantes relativas ao tipo de intervençãopsíquica necessária, melhorando a estru-tura assistencial hospitalar e ambulato-rial.

As depressões mais graves, devem sertratadas preferencialmente com psico-fármacos e psicoterapia, melhorando as-sim a qualidade de vida no âmbitopessoal , social e profissional dessas pes-soas.

J) O uso dos Testes Projetivos no Psi-codiagnóstico

Pesquisas e trabalhos variados, vemressaltando as inúmeras possibilidadespsicológicas do desenho.

O grafismo, de um modo geral, podeser usado como forma de comunicaçãoe como expressão do desenvolvimentogeral, principalmente entre as criançase como expressão de psicopatologias,nas abordagens sobre arte de “doentesmentais” e nas discussões sobre “arte eprimitivismo”, segundo Van Kolck.

No contexto psicoterápico, comomeio de contato, investigação e tratamen-to nas diversas abordagens como psica-nálise, gestalt, análise transacional e pelapsicologia analítica (junguiana). O testedo desenho tem sido usado como testede desenvolvimento mental, de aptidõesespecíficas e no plano da avaliação dapersonalidade; seu papel é inestimável.

O uso do desenho constitui uma óti-ma condição para a projeção da persona-lidade, “possibilitando a manifestação deaspectos que o sujeito não tem conheci-mento, não quer ou não pode revelar, istoé, aspectos mais profundos e inconscien-tes; isso porque, sendo um meio menosusual de comunicação do que a lingua-gem, tem um conteúdo simbólico menosreconhecido. Além da projeção, mecanis-mos com o identificação e introjeção po-dem se manifestar, mas é certo que aexpressão e adaptação constituem doisimportantes processos que tem lugarquando um desenho é produzido” (VanKolck, 1984).

O desenho da figura humana repre-senta a expressão do eu, ou do corpo noambiente. Aquilo que é expresso podeser definido como uma imagem corpo-ral. Esta pode ser considerada o reflexocomplexo da autoconsideração, a ima-gem de si mesmo. (Machover, l949)

Segundo Machover, o trabalho dedesenhar uma pessoa é uma experiênciacriadora. Os aspectos motores e expres-sivos são considerados característicasestruturais e formais do desenho.

A maneira como dizemos as coisasgraficamente depende de onde, em queparte da figura está sendo dito. A distri-buição da energia gráfica dá, no dese-nho, a locação do conflito.

A imagem corporal projetada poderáreferir-se aos desejos, a exposição dosdefeitos, à compensação desses defeitosou a combinação dos três fatores. (Ma-chover)

Os testes projetivos oferecem a opor-tunidade de num curto espaço de tempoobtermos informações sobre diferentesníveis de funcionamento da personalida-de, incluindo aspectos de seu mundo in-terno, como angústias, conflitos, defesas,relações objetais, etc.

Com o desenho da figura humana,pode-se observar a imagem corporal queo sujeito possui de si mesmo, a estruturapsíquica que o constitui e a capacidadedo indivíduo orientar-se e conduzir-se emuma situação determinada.

O desenho representa o indivíduo; ea folha de papel, o ambiente.

J1. Estudo dos Aspectos Gerias e Es-truturais dos Desenhos

Lourenção Van Kolck (1984) contri-buiu para a interpretação dos aspectosexpressivos, sumariando os dados de sig-nificação dos aspectos gerais e estrutu-rais dos desenhos.• Posição da folha: a folha representa o

ambiente, e sua posição indica como osujeito se coloca nele. O uso da folha

Relações entre qualidade de vida e estrutura de personalidade em pessoas deprimidas – 67

na posição apresentada ou modificaçãoda posição da mesma também são ava-liados.

• Localização na página: revela a ori-entação geral do sujeito no ambiente econsigo próprio. Observa-se o centro,1º., 2º., 3º. e 4º. quadrantes, metadesdireita e esquerda, superior e inferior,além de outras possibilidades mais ra-ras, como em diagonal na folha.

• Tamanho em relação à folha: rela-ção do sujeito com seu ambiente,como reage às pressões, podendo irdesde sentimentos de inadequação einferioridade até fantasias compensa-tórias de supervalorização. Os tama-nhos podem ser: muito grande, grande,médio, pequeno, muito pequeno, alémdo normal.

• Qualidades do grafismo: indica mani-festação de energia, vitalidade, decisão,iniciativa ou emotividade, insegurançae falta de confiança em si. Podem ser:linha grossa, linha média, linha fina, tra-ço contínuo, traço de avanços e recuos,traço interrompido e traço trêmulo.

• Resistências: representa atitudes nega-tivistas e de oposição em relação aodesenho. A negação. Tem como signi-ficado mais geral, uma intensa inferio-ridade e medo de arriscar-se.A omissão de uma parte do desenho in-dica problemas e conflitos em relaçãoa essa parte e ao que ela significa.Além desses, há os chamados aspectosestruturais ou formais específicos decada desenho. Esses aspectos se refe-rem à forma como o indivíduo reage àscolocações do ambiente ou como senteas mesmas; por exemplo, a postura dapessoa diz respeito à estabilidade ouinstabilidade.

• Transparências: avaliam o julgamen-to perspectivo da realidade, sejam elasde roupas ou de órgãos internos.

• Sombreamento: avaliam os níveis deansiedade.

• Outros dados como proporção: ava-liam a harmonia ou desarmonia na per-

sonalidade. Essa avaliação se dá entreas várias partes do corpo na pessoa.

J2. O Simbolismo da Conceito da Fi-gura Humana

A análise de conteúdo constitui o con-junto peculiar do tema. Nesta, os sím-bolos tem papel preponderante. Emtrabalho anterior, Tardivo (1985) enfati-za que a simbologia contida no desenhotorna-se significativa quando relaciona-da ao contexto da história pessoal do de-senhista. Importante notar que itensespecíficos num desenho adquirem vali-dade quando em relação ao desenhocomo um todo, devendo este ser consi-derado como elemento abrangente naavaliação diagnóstica.

A propósito da análise de conteúdo,Hammer (1981) assinala que o interessedo sujeito recai sobre a visão subjetivaque ele tem de si mesmo e de seu ambi-ente, das coisas que ele considera impor-tantes, que enfatiza, e das que ignora.

A primeira estudiosa a analisar dese-nhos da figura humana com o intuito demedir o self projetado foi Karen Macho-ver (1949). Esta autora se baseou nahipótese de imagem corporal para enca-minhar suas análises. Acreditava que afigura human, desenhada pelo indivíduoinstruído a “desenhar uma pessoa” rela-ciona-se intimamente com os impulsos,ansiedades, conflitos e compensaçõescaracterísticas desse indivíduo. De certamaneira, a figura humana é a pessoa; e opapel, o ambiente. De acordo com essahipótese, várias sensações, percepções emotivação estão localizadas em certaspartes do corpo.

A respeito da imagem corporal,Abraham (1963), após análises profun-das sobre esse conceito, concluiu que éuma unidade adquirida e não herdada,podendo ser destruída. Ressalta a presen-ça de um esforço contínuo para dar es-trutura a algo dinâmico e que isso setorna mais evidente na adolescência.Como é produto de um organismo vivo

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como um todo, qualquer alteração emuma parte deste por uma doença ou malfísico não introduzirá modificações naimagem corporal da referida parte, masa mudança será geral, pois será resulta-do de novas relações consigo mesmo ecom os outros.

Mas é Hammer (1981) quem estabe-lece os pressupostos básicos que funda-mentam a visão projetiva da figurahumana, a seguir:1. O pressuposto básico é que os dese-

nhos da figura humana são determi-nados.

2. O desenho da figura humana é deter-minado por fatores psicodinâmicosnucleares.

3. Esta nuclearidade surge como resul-tado do conceito de imagem corporal.

4. Embora o desenho da figura humanaseja uma combinação de fatores, oscaracterológicos podem ser isolados,identificados e quantificados.

5. Os detalhes e as forças que determi-nam um desenho, são os mesmos quegovernam os símbolos oníricos, fan-tasias e deslocamentos somáticos.

J3. Conceitualização dos Testes Pro-jetivos a partir da Teoria das Re-lações Objetivas – IndicadoresPsicopatológicos

A teoria das relações objetais, comos conceitos teóricos a respeito da estru-tura e dinâmica da personalidade e dodesenvolvimento, fornece uma importan-te contribuição ao estudo das técnicasprojetivas, sendo esse o fundamento te-órico que norteia os estudos clínicos detodas as técnicas projetivas, incluindo-se as técnicas gráficas. Diversos autoresse dedicaram a esse estudo, entre os quaisOcampo (1981) e Grassano (1996).

Os testes projetivos oferecem estí-mulos de estruturação ambígua em queo sujeito necessita apelar para diferen-tes condutas, sejam verbais, gráficas oulúdicas.

Observa-se, a partir dessas repostas,sua capacidade para dar forma, organi-zação e sentido emocional a esse aspec-to da realidade que o estímulo projetivorepresenta. Cada produção projetiva éuma criação que expressa o modo de es-tabelecer contato com a realidade inter-na e externas, sendo o produto de umasíntese pessoal .

A estória, o desenho é uma criaçãopessoal. Cada estímulo projetivo põe àprova a capacidade de recriação que sebaseia na capacidade reparadora.

Podemos analisar cada desenho comoum modelo do tipo de objetos que essapessoa é capaz de criar.

A hostilidade contra os objetos inter-nos e contra a capacidade de pensamen-to, união e integração interfere nacriatividade, produzindo desenhos comdiferentes graus de fracasso na integra-ção, que se evidencia por desarticulação,desagregação, empobrecimento, estere-otipia e ausência de vitalidade.

O predomínio de tendências repara-doras se manifesta nos desenhos comcaracterísticas de integração, vinculação,revelando-se mais harmoniosos e orga-nizados.

Segundo Grassano, os testes gráficosadquirem um papel central no psicodi-agnóstico, porque são os que detectamcom maior precisão os níveis profundosde integração e estruturação. A possibi-lidade de controle intelectual e disfarceconsciente ou inconsciente é menor quenos testes verbais.

Os indicadores desenvolvidos porGrassano investigam as qualidades deprodução gráfica nas áreas da personali-dade e/ou configurações clínicas neuró-ticas, psicóticas e psicopáticas. A seguir,os indicadores psicopalógicos.1. integração do aparato psíquico, desen-

volvimento de funções e de discrimi-nação: delimitação do mundo internoe mundo externo; juízo e sentido derealidade; tendências organizadoras edesorganizadoras;

Relações entre qualidade de vida e estrutura de personalidade em pessoas deprimidas – 69

2. desenvolvimento de funções simboli-zantes: pensamento lógico-abstrato,reparação e sublimação;

Esses indicadores são vistos atravésde vários aspectos:

Delimitação e relação do objeto grá-fico com o mundo externo representadopela folha em branco e outros objetosgráficos:• a capacidade de conservar a gestalt,

dentro do adequado tratamento e inte-gração das partes, em relação diretacom as conquistas de discriminação domundo interno e externo e de diferen-ciação dos distintos aspectos da perso-nalidade;

• plasticidade e movimento versus este-reotipia e desumanização;

• adequação ou inadequação lógico-for-mal das figuras gráficas;

• desenvolvimento obtido pelas funçõesadaptativas de contato com a reali-dade;

• conquista de noções espaciais: frente,perfil, tamanho, situação e perspec-tiva.

Grassano cita as áreas de observaçãopara a composição dos testes gráficos.Caráter geral do gráfico. Tratamento dafolha em branco.1. Localização2. Tamanho3. Movimento expresso4. Tipo de traço5. Distorções, omissões, adições, ênfases.

Apresentaremos os indicadores paradepressão e personalidade depressivaapontados por Grassano (1996 p. 226-229).

Na Figura Humana• Características gerais: figuras débeis,

vazias, inseguras e dependentes; pobre-za de conteúdo; gestalt conservada;predomínio do controle obsessivo (fi-gura organizada e acentuação da linhamédia).

• Localização na folha: predominânciade sentimentos de derrota e fracasso,

quando desenhados na parte inferior dafolha; submissão e altas exigências in-ternas, quando desenhados na parte su-perior e unido a isto, a sensação de“estar no ar” (insegurança); predomi-nância das defesas maníacas. As figu-ras pequenas sugerem sentimento demenos valia, enquanto as grandes su-gerem sentimentos de proteção, ou en-tão, punição e perseguição.

• Movimento e expressão: são represen-tados por figuras sem força, com faltade impulso ou esgotadas.

• Distorções, omissões, adições e ênfa-se: encontra-se esses aspectos princi-palmente no rosto e tronco.

• Tipo de traço: débil, inseguro. Poucadiferenciação de mundo interno e ex-terno.

• Pressão do traçado: Débil, tênue.• Direção: para dentro. Continuidade cor-

tada, vacilante; traços curtos e inibidos.

K) Qualidade de Vida

Conceito:Ciconelli (l997) diz que, tradicional-

mente, o conceito de qualidade de vida eradelegado a filósofos e poetas; no entanto,atualmente existe um grande interesse porparte dos médicos e pesquisadores emtransformá-lo numa medida quantitativaque possa ser usada em ensaios clínicos emodelos econômicos. (Faden & Leplége,1992; Fritzpatrick et al., 1992; Bowling& Brazier, 1995)

Embora a medicina tenha centrado asavaliações de resultados na perspectivado médico e na redução da morbidade emortalidade, é inquestionável a impor-tância de outras perspectivas para se co-nhecer o real impacto da doença e osobjetivos de tratamento.

A preocupação com a avaliação de re-sultados nos tratamentos já tem pelo me-nos 50 anos. No início da década de 1980é que a experiência subjetiva do pacientefoi colocada numa base teórica, introdu-zindo assim o conceito de qualidade devida.

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Durante a última década, um dosmaiores desenvolvimentos no campo dasaúde tem sido o reconhecimento da im-portância do ponto de vista do pacienteem relação à sua doença, bem como amonitoração da qualidade das medidasterapêuticas empregadas.(Geiglew &Jones, 1990; Ware, 1992; Ruta et al.,1994; Mchourney & Tavlov, 1995; Bay-ley et al. 1995. Apud Ciconelli).

Diferentes perspectivas podem ave-riguar diversas áreas da vida pessoal,como por ex.: estado clínico, funciona-mento no dia-a-dia, qualidade de vida,impacto na família, custos, etc.

A avaliação da qualidade de vida temsido crescente na literatura médica, poisavalia a perspectiva do doente em váriosaspectos de sua vida, não só a doença.

Entre 1991 e 1996, o termo qualida-de de vida foi citado na Medline 8 136vezes. Hoje, em 2001, encontramos264 000 citações, de modo que podemosdeduzir a relevância do conceito nos diasde hoje.

A avaliação de qualidade de vida vaialém das medidas de sintomas, limita-ções e disfunções, para incluir a experi-ência subjetiva das condições de vida. Aqualidade de vida representaria o efeitoda doença e de seu tratamento sobre ahabilidade do paciente de funcionar nascircunstâncias da vida diária.

A Organização Mundial da Saúde,através do Grupo de Qualidade de Vidadefiniu qualidade de vida como “a per-cepção do indivíduo da sua posição navida, no contexto do sistema cultural ede valores em que ele vive e em relaçãoa seus objetivos, expectativas, padrões epreocupações”.

Existe na literatura evidências docomprometimento social e ocupacionalrelacionado com a depressão. (Weissmane et. al., 1974).

Wells e et al., 1995, no Medical Outco-mes Study (MOS), observou que pacien-tes deprimidos apresentavam limitaçõesem seu funcionamento e bem-estar, poden-

do se igualar e até ultrapassar às causadaspor doenças crônicas.

O custo da depressão é difícil de sercalculado sob todos os parâmetros. A in-validez temporária ou permanente, parci-al ou total, com declínio da vida pessoal,familiar, social e profissional, constitui umônus pessoal do paciente e da família. Éum gasto enorme para o estado e os servi-ços de saúde pública.

Devemos mencionar também as per-das indiretas, visto a depressão atingiras pessoas em suas fases mais produti-vas e retirá-las de seu ambiente conven-cional, reduzindo sua participação sobrea economia como um todo.

A busca da quantificação da quali-dade de vida está relacionada ao reco-nhecimento da importância do ponto devista do paciente em relação à sua doen-ça e ao tratamento recebido, resume Ci-conelli. (l997).

Nesse sentido, podemos pensar queo tratamento vale a pena quando podeprolongar a vida aliviar a dor, instauraratividades ou prevenir incapacidade fun-cional, afirma Ciconelli a partir de vá-rios estudiosos. (Silver & Lembecke,1990; Wace et al., 1995; Bowling, Gui-lerme, Briançon, 1997).

O ser humano é um conjunto de fato-res, sendo um ser biopsicosocial, e a idéiade saúde está relacionada a eles, influ-enciando no equilíbrio do indivíduo.

O objetivo principal desse estudo éinvestigar a qualidade de vida das pes-soas diagnosticadas como depressivas;além disso, pretende investigar a estru-tura de personalidade dessas pessoas eas relações com a qualidade de vida dasmesmas.

O interesse por esse tema foi desper-tado por termos observado que algumaspessoas submetidas aos fatores de risco

OBJETIVO EJUSTIFICATIVA

Relações entre qualidade de vida e estrutura de personalidade em pessoas deprimidas – 71

– como estresse, doenças, perdas, culpa –não desenvolvem depressão, e outras de-senvolvem sintomas depressivos.

Assim, esse trabalho, pretende levan-tar hipóteses do por que ocorrem essasdiferenças.

Gostaríamos de contribuir nessa áreade investigação apresentando possíveisaspectos relativos ao desenvolvimento dadepressão, mal que acomete tantas pes-soas.

MÉTODO

ESTUDO DE CASO

O método que será adotado no desen-volvimento desta pesquisa será o clínico,estudo de caso, que é caracterizado peloestudo profundo e exaustivo de um ou depoucos objetos, de maneira que permitao seu amplo e detalhado conhecimento.

Segundo Goode e Hatt (1968), o casose destaca por se constituir uma unidadedentro de um sistema mais amplo. O inte-resse portanto incide naquilo que ele temde único, de particular, mesmo que pos-teriormente venham a ficar evidentes cer-tas semelhanças com outros casos ousituações. Quando queremos estudar algosingular, que tenha um valor em si mes-mo, devemos escolher o estudo de caso.

O estudo de caso é considerado umametodologia qualitativa, pois se desen-volve numa situação natural, é rico dedados descritivos, tem um plano abertoe flexível e focaliza a realidade de for-ma complexa e contextualizada.

SUJEITOSSexo dos sujeitos: temos cinco pessoas,

sendo quatro mulheres e um homem.Idade dos sujeitos: Temos uma mulher

com 38, uma com 45, um homem com53, uma mulher com 54 e outra com57 anos.

Estado civil dos sujeitos: temos 3 mu-lheres casadas, 1 viúva e 1 homemsolteiro.

Profissão dos sujeitos: Temos 2 mulhe-res domésticas, uma costureira, umaoperadora de telemarketing e 1 ho-mem analista da bolsa de valores.

Nível de escolaridade: Temos uma mu-lher com Primeiro Grau incompleto,2 com Primeiro Grau completo, umacom Segundo Grau completo e umcom Terceiro Grau incompleto.

INSTRUMENTOSForam usados três instrumentos para

avaliação no presente estudo, dois delessão objetivos como o PRIME-MD, queavalia sintomas de depressão, o SF-36,que avalia a qualidade de vida e o dese-nho da figura humana, um teste projeti-vo que será utilizado para averiguar osaspectos da estrutura de personalidadedas pessoas com depressão.

1. PRIME-MD – Módulo de humor

O PRIME foi desenvolvido por Ro-bert L. Spitzer, MD (1997); Janet B. W.Willians; DSW, Kurt Kroenk, MD; et al.e subescrito por um fundo educacionalirrestrito da Pfizer Inc.

Biomatrics Reserch DepartmentPsychiatric Institute e foi traduzido parao português por dr. Renério Fraguas Jr. edr. Sérgio G. Henriques Jr.

O PRIME é um processo de investi-gação que facilita o reconhecimento rá-pido e acurado e diagnóstico de distúrbiosmentais mais comumente vistos em adul-tos em serviços de atenção primária.

Os dados são obtidos através do for-necimento de questões padronizadas quefocam diretamente sintomas-chaves diag-nósticos e pelo uso de um modelo de ár-vore de decisões que facilita o diagnósticodiferencial. Depois de ler o manual deinstruções e usar o sistema PRIME-MDcom poucos pacientes, o médico de aten-ção primária deverá ser capaz de avaliara maior parte dos pacientes em 5 a 10minutos.

Os diagnósticos do PRIME-MD sãobaseados nos critérios diagnósticos con-

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tido no Manual Diagnóstico e Estatísti-co de Distúrbios Mentais da AssociaçãoPsiquiátrica Americana, quarta edição(DSM-IV).

O PRIME-MD tem dois componen-tes. O primeiro é o Questionário do Pa-ciente (QP), que consiste em 25 questõesque o paciente responde antes de seratendido pelo clínico. O segundo com-ponente é o Guia de Avaliação Clínica(GAC), que é dividido em 5 móduloscobrindo transtornos de humor, transtor-nos ansiosos, transtornos alimentares,transtornos somatoformes e abuso de ál-cool ou transtorno de dependência.

Neste estudo, será aplicado somenteo módulo de humor que é usado paradiagnóstico de depressão.

A seguir será descrito o PRIME-MDmódulo de humor.

Esse módulo começa com questõesconsiderando nove sintomas caracterís-ticos do Distúrbio Depressivo Maior. Secinco ou mais destes sintomas são assi-nalados “sim”, o diagnóstico de Distúr-bio Depressivo Maior é feito. Se não,considerar Remissão Parcial de Distúr-bio Depressivo Maior, então Distimia, fi-nalmente, se distúrbio depressivo não foidiagnosticado, considerar distúrbio de-pressivo menor.

Se a resposta do paciente à questão16 a respeito de ter recebido Lítio ou tersido diagnosticado como maníaco-de-pressivo sugere a possibilidade de Dis-túrbio Bipolar, então R/O DistúrbioBopolar deve ser adicionado ao diagnós-tico de distúrbio depressivo que já tenhasido feito. Apesar de menos comum,Distúrbio Bipolar é importante de se re-conhecer porque geralmente requer tra-tamento diferente de outros distúrbios dehumor.

O último item do Módulo de Humor,a questão 17, pergunta ao clínico se umadesordem física, medicação ou outra dro-ga é biologicamente causadora de sinto-mas de depressão. Exemplos de possíveisagentes etiológicos incluem hipotireoidis-

mo, alguns distúrbios de sistema nervosocentral (acidente cerebrovascular, doen-ça de Parkinson), medicações anti-hiper-tensivas e uso de alucinógenos. Se aresposta à questão é “sim” ou “incerto”,o diagnóstico adicional de Distúrbio De-pressivo R/O devido à Distúrbio Físico,medicação ou outras drogas é feito.

Será descrita entre as desordens de-pressivas a Depressão Maior.

Depressão Maior – Episódio simplesapresenta cinco ou mais das seguintes ca-racterísticas:1. sentimento de tristeza e vazio;2. diminuição do interesse a prazer em

tudo;3. significativa diminuição de peso (sem

dieta), ou ganho de peso, aumento ouredução do apetite;

4. insônia ou hipersonia;5. agitação psicomotora ou lentificação;6. fadiga ou diminuição da energia;7. sentimento de perda ou culpa excessi-

va;8. diminuição da capacidade de pensar e

se concentrar, indecisão;9. idéias recorrentes de morte e suicídio.

2. SF- 36 – Escala de Avalição de qua-lidade de vida

A escala de avaliação da capacidadefuncional foi adaptada da escala de fun-ção física dos estudos de avaliação desaúde (MOS). Ela avalia tanto a presen-ça quanto a extensão das limitações.

As escalas de avaliação dos aspectosfísicos e emocionais foram baseadas nasescalas do SF-20, mas avaliam tambémo quanto as limitações dificultam a rea-lização do trabalho e de atividades diá-rias do paciente.

A escala de avaliação de dor foi ba-seada numa questão do SF-20 sobre aintensidade da dor, com mais um itemadicionado consegue-se medir sua exten-são e interferência nas atividades diári-as do paciente.

As questões de avaliação do estadogeral de saúde foram reproduzidas do

Relações entre qualidade de vida e estrutura de personalidade em pessoas deprimidas – 73

questionário General Health Rating In-dex (GHRI).

As escalas de avaliação dos aspectossociais tenta analisar a integração do in-divíduo em atividades sociais definindodiferentes níveis de atividade social.

Os itens de avaliação de saúde men-tal incluem questões sobre ansiedade,depressão, alteração de comportamentoou descontrole emocional e bem-estarpsicológico.

O SF-36 inclui também uma questãode avaliação da saúde do paciente no úl-timo ano, muito importante para conhe-cer sua doença.

Para avaliação dos resultados, após aaplicação é dado um escore para cadaquestão, que são transformados numaescala de 0 a 100, onde o zero corres-ponde ao pior estado de saúde, e 100 aomelhor.

3. Desenho da Figura Humana

Hammer (1981), quando enfatiza osaspectos dos desenhos projetivos, ressal-ta que os músculos de um indivíduo sãomuitas vezes a expressão psicomotoramais eloquente que palavras, por isso aimportância de se avaliar os aspectos ge-rais e estruturais dos desenhos produzi-dos como reveladores de dados daestruturação da personalidade do indiví-duo. Principalmente para os adultos, osmovimentos expressivos evidenciamseus padrões expansivos ou agressivosao lidar com o espaço do papel possi-bilitando assim o conhecimento de ca-madas defensivas encobrindo suasnecessidades básicas.

O desenho da figura humana é parteintegrante do HTP, uma técnica projeti-va muito pesquisada, sendo muito utili-zada na clínica psicológica, por permitira projeção de aspectos mais regredidosdo ego no desenho da casa, sua estruturano desenho da árvore, e aspectos maisatuais e de relacionamento no desenhoda figura humana.

Segundo Hammer, o conceito da pes-soa é mais carregado de experiênciasemocionais do indivíduo. Tal conclusãofoi tomada por importantes autores e es-tudiosos das técnicas projetivas comoMachover (1949, 1950) e Buck (1948).

PROCEDIMENTOS

Os sujeitos foram submetidos a apli-cações individuais dos testes.

O primeiro a ser aplicado foi o PRI-ME-MD, módulo de humor para diag-nosticar se o paciente estava comdepressão. Esse foi o critério de inclu-são utilizado. Em seguida, foram feitasaplicações individuais do SF-36, e odesenho da figura humana de forma au-xiliada.

Avaliação:Os desenhos foram avaliados se-

guindo um roteiro previamente estabe-lecido de alguns aspectos gerais dodesenho, segundo denominações deLourenção Van Kolck (1984) e Hammer(1981).

Avaliação do Desenho da Figura Hu-mana:

Aspectos Gerais:Localização: Centro, 1º., 2º., 3º., 4º.

quadrantes, metade superior, me-tade inferior, esquerda, direita,folha toda.

Tamanho: muito pequeno, pequeno;médio ou normal; grande, muitogrande.

Posição da folha: horizontal ou ver-tical.

Qualidade do grafismo: linha gros-sa, média, fina e outras. Traçadocontínuo, interrompido, trêmulo,avanços e recuos.

Aspectos estruturais e de conteúdo:Esses aspectos se referem à forma

como o indivíduo reage as colocações doambiente ou como sente as mesmas.

Transparências: avalia julgamentoperspectivo da realidade.

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Sombreado: avaliam os níveis de an-siedade.

Proporção: avaliam harmonia ou de-sarmonia entre as partes do corpo.

PessoaGESTALT (conservada ou distorcida);SEXO DA FIGURA

(masculino ou feminino);ASPECTOS (partes da figura);DIMENSÕES (1 ou 2);PROPORÇÃO

(adequada, inadequada);ROUPAS

(presença, quais, ou ausência);OMISSÕES (partes omitidas);PERSPECTIVA

(frente, perfil ou confusa);MOVIMENTO

(presença ou ausência).

O SF-36 foi avaliado conforme tabe-la de avaliação do mesmo, traduzida evalidada para o nosso meio por Cicone-lli (1997).

O PRIME-MD foi avaliado confor-me instruções do material traduzido parao português por dr. Renério Fraguas Jr. edr. Sergio G. Henriques Jr.

APRESENTAÇÃOE DISCUSSÃO

DOS RESULTADOS

Caso 1 – R.T.A.

R. tem 38 anos. É casada. Tem doisfilhos. Sua instrução é Primeiro Graucompleto, é doméstica. Tem hipotireoi-dismo e só começou a se tratar há umano, quando descobriu a doença. Junta-mente com isso, apareceram os sintomasde depressão.

Abaixo estão os resultados obtidosapós a avaliação do SF-36.

Capacidade funcional................40Aspectos físicos......................... 0

Dor.............................................31Estado geral de saúde................52Vitalidade..................................45Aspectos sociais........................75Aspecto emocional..................... 0Saúde mental.............................68

Na capacidade funcional apresentoucomo resultado 40, demonstrando com-prometimento na eficiência dessa área.

Nos aspectos físicos o resultado foizero, o pior escore, demonstrando umsério comprometimento nessa área, commuitos prejuízos para sua vida.

No aspecto dor, obteve 31 como re-sultado, demonstrando um alto grau decomprometimento.

No estado geral de saúde, obtevecomo resultado 52, porém ainda insa-tisfatório, demonstrando comprometi-mento.

Nos aspecto vitalidade, teve 45 depontuação, demonstrando que a energiadespendida nas atividades encontra-sebastante diminuída.

No aspecto emocional, obteve resul-tado zero, novamente o pior escore doinventário, demonstrando um grande pre-juízo nessa área, igualando-se aos aspec-tos físicos.

Na saúde mental apresentou 68 deresultado, um item onde apresenta com-prometimento relativo.

Na avaliação do desenho da figurahumana desta paciente, pudemos obser-var os seguintes indicadores de depres-são:• Desenho com localização à esquerda,

tamanho médio, apresentando traçofino na vertical da folha.

• Apresenta gestalt conservada, é do sexofeminino, com acentuação da linha mé-dia com um cinto. Os braços estão paratrás com omissão das mãos. A figuraestá de frente e não apresenta movi-mento.

• A acentuação da cintura representa tra-ço obsessivo-compulsivo, no intuito decontrolar os impulsos sexuais.

Relações entre qualidade de vida e estrutura de personalidade em pessoas deprimidas – 75

• A omissão das mãos está relacionadocom dificuldade de lidar e manipularas situações de vida, o que sugere pro-blemática nesse aspecto.

• No desenho dos olhos, as pupilas estãoquase imperceptíveis, denotando difi-culdade em lidar com a realidade.

• A franjinha na testa demonstra domí-nio dos impulsos sexuais sobre os inte-lectuais, reforçando o que foi observadoanteriormente na acentuação da linhada cintura.

No desenho dessa paciente foramobservados através dos indicadores psi-copalógicos, que apresenta dificuldadesem lidar e manipular situações da vida,denotando dificuldade em lidar com arealidade.

Caso 2 – T.J.T.

T. tem 45 anos, é do sexo feminino,desquitada, tem duas filhas, sua instru-ção é Segundo Grau completo. Sua pro-fissão é operadora de telemarketing, masestá desempregada atualmente e queixa-se de dores na coluna e insuficiência co-ronariana.

Serão apresentados abaixo os resul-tados da avaliação do SF-36.

Capacidade funcional.....................5Aspectos físicos..............................0Dor................................................10Estado geral de saúde....................77Vitalidade...................................... 5Aspectos sociais............................25Aspecto emocional........................ 0Saúde mental.................................32

Na capacidade funcional apresentouum resultado 5, muito baixo, o que de-monstra ter sua capacidade funcionalgravemente prejudicada.

Nos aspectos físicos apresentou comoresultado zero, o pior escore, o que po-demos deduzir que fisicamente se encon-tra muito comprometida.

No aspecto dor, obteve resultado 10,muito baixo também, o que demonstra,pelo que podemos deduzir, uma péssimaqualidade de vida.

O aspecto vitalidade, encontra-setambém muito abaixo da média, demons-trando grande falta de energia para fun-cionar.

Os aspectos sociais somaram 25, re-sultado muito baixo também, com com-prometimento nas relações sociais.

No aspecto emocional, novamenteapresentou escore zero, como nos aspec-tos físicos, o pior na avaliação do teste,demonstrando uma grande relação entreos prejuízos dos aspectos relacionadosanteriormente e o aspecto emocional.

Na saúde mental obteve como resul-tado 32, apresentando grande comprome-timento também.

O desenho da figura humana apresen-ta localização na metade superior esquer-da, na posição vertical, tamanho pequeno,traço fino com avanços e recuos.

Apresenta figura estereotipada e inade-quada, todo o desenho do corpo sombrea-do, indicando ansiedade e apresentandodesproporção entre a cabeça e o resto docorpo. Apresenta uma imagem corporaldistorcida e indica um desequilíbrio dapersonalidade.

No desenho, a gestalt mostra-se com-prometida, representando o tronco e osmembros apenas com traços e despropor-cional em relação à cabeça. Apresenta au-sência de roupas e das pupilas dos olhos.

A figura está de frente mas não apre-senta movimento. Há sinais de angústia.

Pudemos observar nesse desenho,através dos indicadores psicopatológi-cos, que a paciente apresenta grande sen-timento de insegurança, inadequação,sentindo-se no ar, sem apoio. Foi obser-vado também grande dificuldade de li-dar e manipular as situações da vida,insegurança no caminhar e no estar nomundo, constrição e dependência

Caso 3 - D.R.N.

D. tem 53 anos, é do sexo masculino,solteiro e tem o Terceiro Grau incom-pleto. Trabalha como analista na bolsa

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de valores. Queixa-se de dores nas cos-tas e nos ombros.

Apresentamos abaixo, os resultadosdo SF-36:

Capacidade funcional....................75Aspectos físicos.............................50Dor.................................................84Estado geral de saúde.....................77Vitalidade.......................................25Aspectos sociais.............................50Aspecto emocional.........................17Saúde mental..................................40

Na avaliação dos resultados do SF-36,pudemos observar que D. apresenta me-nos prejuízo que os outros pacientes, masencontra-se prejudicado nos aspectosemocional, vitalidade e saúde mental.

Na capacidade funcional, obteve re-sultado 75, não apresentado muito com-prometimento.

Nos aspectos físicos, teve resultado50, valor que se encontra na média.

No aspecto dor, apresentou resultado84, não denotando muitos prejuízos nes-se aspecto.

No aspecto geral da saúde, obteveresultado 77, demonstrando que, no ge-ral, sua saúde está relativamente bem.

Nos aspectos sociais, teve como re-sultado 50, demonstrando comprometi-mento relativo nas relações sociais.

Na saúde mental deu resultado 40,resultado que mostra relativo prejuízonessa área.

No desenho da figura humana obser-vamos os seguintes indicadores de de-pressão:• Localização na parte inferior da folha,

no lado esquerdo, com tamanho médio,traçado trêmulo, está na posição ver-tical, de frente e não apresenta movi-mento.

• Apresenta gestalt preservada mas comabertura na parte inferior, em uma daspernas. Apresenta distorções nas mãos,e o cabelo apresenta um lado mais com-prido que o outro e os pés estão poucodefinidos.

• O desenho na parte esquerda inferior,demonstra sentimentos de inseguran-ça e inadequação.

• Braços e mãos denotam frustração, fal-ta de ambição e confiança na própriaprodutividade; sentimento de fraque-za no manipular o ambiente, inadequa-ção no contato.

• Distorções nos pés apresentam insegu-rança no caminhar e no estar no mun-do.

• Os cabelos estão relacionados à esferada sexualidade; neste caso, estão maiscompridos de um lado (feminino) emais curto do outro (masculino), ao quededuzimos apresentar conflito ou am-bivalência sexual.

• Boca do tipo palhaço demonstra dese-jo de obter aprovação; afeto não apro-priado.

• A figura aberta indica falta de vontadee de disposição para atividades, encon-trados como indicadores presentes nosquadros depressivos.

O desenho mostra mais prejuízos queo SF-36. Esse paciente se encontra emtratamento psicoterápico exclusivamen-te (não-medicamentoso).

Pode-se pensar nos resultados menoscomprometidos no SF-36, como resulta-do desse tratamento.

Houve uma melhora nos sintomas, oque o SF-36 demonstrou; no entanto,como o desenho se refere a aspectos maisestruturais, nota-se sinais de depressão.Por outro lado, há uma gestalt relativa-mente conservada.

Os resultados nos testes confirmamobservações feitas na clínica com essepaciente. Apresenta problemas de afeti-vidade, tendo demonstrado melhora nasintomatologia depressiva.

Caso 4 – I.S.O.

Esta paciente tem 54 anos, do sexofeminino, viúva, doméstica, tendo de ins-trução o Primeiro Grau incompleto.

Após a morte do marido, desenvol-veu sintomas de hipertensão e depressão

Relações entre qualidade de vida e estrutura de personalidade em pessoas deprimidas – 77

graves, com traços psicóticos, ficandointernada dois meses na Psiquiatria doHospital das Clínicas.

Apresentamos abaixo os resultadosdo SF-36.

Capacidade funcional.....................55Aspectos físicos..............................50Dor................................................100Estado geral de saúde.....................47Vitalidade.......................................35Aspectos sociais.............................25Aspecto emocional.........................34Saúde mental..................................36

Na avaliação dos resultados do SF-36, apresenta praticamente todas as áre-as da vida muito comprometidas, àexceção de dor.

Na capacidade funcional obteve re-sultado 55, demonstrando grande com-prometimento.

Nos aspectos físicos teve resultado50, demonstrando que seu estado físicoencontra-se comprometido.

No aspecto dor, o resultado foi 100,sendo o melhor escore, não apresentan-do nenhum comprometimento.

No estado geral de saúde, teve umescore baixo, 47, demonstrando um es-tado geral de saúde insatisfatório.

No aspecto vitalidade obteve resul-tado 35, demonstrando grande falta deenergia para realizar qualquer atividade,necessitando grande esforço.

Nos aspectos sociais, o resultado 25,denota grande dificuldade de se relacio-nar socialmente.

O aspecto emocional, com soma 34,demonstra estar muito comprometido.

No aspecto saúde mental, deu resul-tado 36, encontrando-se muito compro-metida.

No desenho da figura humana, foramencontrados os seguintes indicadores dedepressão:• Localização do desenho no lado esquer-

do da folha, tamanho pequeno, linhamédia, na posição vertical.

• Apresenta gestalt distorcida, com bra-ços e pernas desproporcionais e formas

anômalas, o que denota desequilíbriona personalidade.

• Estão presentes distorções na cabeça,onde observa-se orelhas grandes, comausência de cabelos, da boca e das pu-pilas dos olhos.

• Nas distorções observadas, a ausênciade cabelo indica sentimentos de impo-tência, passividade ressentida.

• Os olhos em círculo denotam adultosretrógrados, e a ausência de pupilas de-monstra que o mundo é percebido va-gamente, com dificuldade de identificara realidade.

• Orelhas grandes indicam indivíduosuscetível a ofensa e resistente à auto-ridade, e pode indicar também perse-cutoriedade.

• Omissão do pescoço significa liberta-ção ou perda de controle e desamparoperante os impulsos que assaltam o su-jeito; imaturidade.

• Ausência da boca: culpabilidade em re-lação à agressão oral, com tendênciassádicas, encontrada em indivíduos pa-tologicamente deprimidos.

De forma geral o desenho apresen-ta-se muito comprometido.

Caso 5 – E.P.D.

E. tem 57 anos, do sexo feminino,casada, costureira, com instrução de Pri-meiro Grau. Queixa-se de muitas doresno corpo, devido à artrite psoríatica. De-pois do aparecimento dessa doença, en-contra-se muito limitada, não podendomais trabalhar.

Apresentamos abaixo os resultadosobtidos na avaliação do SF-36:

Capacidade funcional.....................20Aspectos físicos...............................0Dor..................................................22Estado geral de saúde.....................70Vitalidade.......................................25Aspectos sociais.............................38Aspecto emocional..........................0Saúde mental..................................52Na avaliação dos resultados, pude-

mos observar que praticamente todas as

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áreas da vida estão comprometidas, ex-ceto estado geral de saúde.

Na capacidade funcional, o resultado20 demonstra grande dificuldade parafuncionar.

Nos aspectos físicos, obteve resulta-do zero, o pior escore da tabela, o quedenota estar seriamente comprometidafisicamente.

No aspecto dor, o resultado é 22, apre-sentando grande comprometimento.

De vitalidade, com resultado 25, de-monstra baixa energia para exercer asatividades diárias.

Os aspectos sociais também estãomuito comprometidos, apresentando umresultado 38.

O aspecto emocional também apre-sentou o resultado zero, o pior escore, oque denota grave comprometimentoemocional.

Na saúde mental obteve como resul-tado 52, apresentando comprometimen-to também nessa área.

No desenho da figura humana, foramencontrados os seguintes indicadores dedepressão:• Localização do lado esquerdo da folha,

na parte superior, com tamanho peque-no, linha média e com traço interrom-pido.

• Apresenta gestalt relativamente conser-vada, com distorções no cabelo, no ros-to, mãos e pernas. Apresenta proporçãoinadequada nas mãos, pernas e pés. Afigura está de frente inclinada para aesquerda.

• A localização do desenho demonstrasentimento de insegurança, sentindo-seno ar, desprotegida, denotando desequi-líbrio.

• As pupilas demonstram penetrante cau-tela e limitado campo de visão.

• As orelhas grandes denota indivíduosuscetível à ofensa e resistente a auto-ridade.

• Os cabelos desordenados denotam de-sordem sexual, sensibilidade primitiva.

• A omissão do pescoço significa liber-tação ou perda do controle, desamparoperante os impulsos.

• Os braços denotam urgência de parti-cipação social. As mãos e os dedos de-monstram agressividade.

• As pernas indicam sentimentos de de-ficiência ou declínio.

Em seu aspecto geral a figura mostrainadequação e desarmonia, denotandosérios prejuízos na personalidade.

Como considerações finais, podemosdizer que atingimos os objetivos que tí-nhamos ao fazer esse estudo.

Os cinco casos, apresentaram prejuí-zos nos dois instrumentos.

No SF-36, onde são investigados osaspectos mais conscientes e manifestos,os que estão mais prejudicados são:• Capacidade funcional• Aspectos físicos• Vitalidade• Aspectos emocionais

Os resultados dos SF-36 confirmamque a depressão interfere, de fato, muitona qualidade de vida das pessoas em vá-rios aspectos.

No desenho, onde se pode observaros aspectos mais latentes e inconscien-tes, dão sinais de depressão, prejuízos noequilíbrio da personalidade, nos aspec-tos afetivos e maneira de contato.

Podemos concluir que pacientes comdoenças físicas demonstram sofrimentomental e necessitam atendimento psico-farmacológico e psicoterápico.

Isso vem reforçar a importância daabordagem multidisciplinar no Hospital.O trabalho do psicólogo pode contribuirenormemente para a melhora da quali-dade de vida dos pacientes que, além dosofrimento físico, manifestam tambémgrande sofrimento mental.

CONCLUSÃO

Relações entre qualidade de vida e estrutura de personalidade em pessoas deprimidas – 79

Bellak, L. (1980). Brief psychoanalytic psycotherapy of nonpsychotic depression.Ciconelli, R.M. (1997). Tradução para o português e validação do Questionário

Genérico de Avaliação de Qualidade de Vida “Medical outcomes study 36 - itemshort-form health survey (SF-36)”. Tese de Doutorado em Medicina. UniversidadeFederal de São Paulo (Escola Paulista de Medicina).

Fráguas Jr., R. & Figueiró, J.A.B. (2001). Depressões em medicina interna e em outrascondições médicas. São Paulo: Ateneu.

________. & Fleck, M.P. A. Avaliação de Qualidade de Vida. (cap. 4)________. & Furlaneto, L. Diagnóstico. (cap. 2)Grassano, E.P. (1996). Indicadores psicopatológicos nas técnicas projetivas. São Paulo:

Casa do Psicólogo.João, M.I. (1987). Depressão, síndrome da dependência psicológica. São Paulo: EPU.Kolck, O.L. van. (1984). Testes projetivos gráficos no diagnóstico psicológico. São

Paulo: EPU.Lowem, A. (1983). O corpo em depressão: as bases da fé e da realidade. São Paulo:

Sumus.Ludcke, M.A & Marli, E.D. (1986). Pesquisa em educação: abordagens qualitativas.

São Paulo: EPU.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Depressão:www.marlytocantins.com.br/depressao

Depressão – a doença do século:www.consultoriopsi.hpg.ig.com.br/depressao

REFERÊNCIAS NA INTERNET

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ANEXO

Termo de Consentimento

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP

II CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA HOSPITALAR:

A PSICOLOGIA EM ESPECIALIDADES MÉDICAS

I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA

NOMEDOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº SEXO:DATA DE NASCIMENTO: / /ENDEREÇO Nº APTOBAIRRO: CIDADE: ESTADO:CEP: TEL.: DDD( ) CEL:

II – REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO SUJEITOPESQUISADO

As suas respostas a esta entrevista nos ajudará a estudar sobre a “ Qualidade de Vida e Depressão“ e ajudará a compor a elaboração da monografia. Nesta entrevista caso o (a) Sr.(a) concorde,apenas responderá perguntas a respeito de seu estado emocional, de seus sentimentos, de suasaúde e de como vive.

III – ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIASDO SUJEITO A PESQUISA:

O (a) Sr. (a), poderá Ter acesso, quando quiser, à qualquer informação sobre o andamento,relacionado à pesquisa, inclusive para eventuais dúvidas.

O (a) Sr.(a) tem total liberdade para retirar seu consentimento a qualquer momento e deixar departicipar do estudo, sem que isso lhe traga qualquer prejuízo.

O (a) Sr. (a) tem garantia de confidencialidade, sigilo e privacidade do que relatar aqui.

IV – INFORMAÇÕES DE NOME, ENDEREÇO E TELEFONES DA RESPONSÁVELPELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA.

HELENA RUBIOPSICÓLOGACRP 06/56324-0

Alameda Itapecuru, 282, Apto. 31 BAlphaville – Barueri – São Paulo – Cep – 06454-080Tef.: (11) – 4191-12-86 Cel.: 9172-77-44

V – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO

Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e Ter entendido o que mefoi explicado, consinto em participar do presente protocolo de pesquisa monográfica.

——————————— ____________________ Assinatura do sujeito da pesquisa Helena Rubio

CRP 06/56324-0

Relações entre qualidade de vida e estrutura de personalidade em pessoas deprimidas – 81

Prime – MD – Módulo de Humor

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SF-36 – Instrumento de Avaliação de Qualidade de Vida

Relações entre qualidade de vida e estrutura de personalidade em pessoas deprimidas – 83

84 – PSIC - Revista de Psicologia da Vetor Editora, Vol. 3, nº 1, 2002, pp. 58-85

Desenhos da Figura Humana

Caso 1 – R.T.A.

Caso 2 – T.J.C.

Relações entre qualidade de vida e estrutura de personalidade em pessoas deprimidas – 85

Caso 3 – D.R.N.

Caso 4 – I.S.O. Caso 5 – E.P.D.