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RELAÇÕES HUMANAS COM BASE EM DINÂMICA DE GRUPO EM UMA INSTITUIÇÃO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Desenvolver relações humanas com base em dinâmica de grupo significa criar um espaço psicossocial alternativo, em que desconfianças, temores e conflitos possam ser aceitos e tra- balhados, mediante experiências reconstruti- vas, em termos de tarefas e processos que mi- nimizem as ameaças ao "ego" e desenvolvam formas de interação compatíveis com uma ampliação quantitativa e qualitativa de cogni- ções, afetos e condutas. Essa reconstrução implica o desenvolvi- mento de um clima de confiança mútua, em que todas as cartas possam ser colocadas na mesa, onde as fórmulas de cortesia ou de ata- que-e-defesa possam ser substituídas pela ge- nuína consideração pelo outro, pelo compar- tilhamento de pensamentos, sentimentos e ações, pela adesão a uma tarefa comum ge- rada pelo próprio grupo em direção ao seu auto-conhecimento. Nesse sentido, os papéis desenvolvidos no grupo propiciarão a atualização das diferen- ças individuais e não receitas de condutas nor- mativas, o desenvolvimento de conceitos como frutos da interação, a aprendizagem de novas maneiras de interagir, desenvolvendo as habi- lidades e talentos, à maneira dos diferentes músicos que compõem uma orquestra. Sanções, persuasão, manipulação cedem lugar a uma re- lação de integração, permitindo encontrar so- luções através das quais as partes obtêm seus objetivos sem que nenhuma seja obrigada a sacrificar sua essência (Follet citada por Wahr- lich 13 , 1969). Significa trabalhar o conceito de poder não no sentido weberiano, mas de Hannah Arendt (cf. Habermas 7 , 1980). Discorrer sobre a teoria que informa o de- senvolvimento de relações humanas com base em dinâmica de grupo significaria recapitu- lar a vasta literatura gerada a partir de Mo- reno 11 (1953) e Lewin 5 (1978), enriquecida pela contribuição paralela de linha fenomeno- lógica e existencial e revisada pela análise ins- titucional e social (estudo das condições de existência das condutas). Significaria ainda incorporar os resultados de estudos e pesquisas envolvendo diferentes áreas, como a psicanálise (relações objetais), André Francisco Pilon* a psicologia social (atitudes e condutas como expressão da interação), a administração (aná- lise institucional), a sociologia e a antropolo- gia (relações de produção e relações interpes- soais), incluindo aquelas que pretendem en- tender o microcosmos da dinâmica dos gru- pos em função de todo um perfil de uma cul- tura ou "civilização". Dinâmica de grupo como parte dos estu- dos que procuram localizar no espaço e no tempo diferentes variáveis ao invés de guiar- se por teorias gerais de mudança social, pa- rece justificada não apenas como intervenção pontual, mas também como forma de opera- cionalizar mudanças que de outra maneira de- penderiam de utópicas alterações "globais", cujos parâmetros oscilam ao sabor de circuns- tâncias específicas (cf. Cardoso 3 , 1986). Tocando as linhas-mestras de um vasto uni- verso conceitual, o presente trabalho descreve um projeto desenvolvido numa instituição de prestação de serviços, que reuniu diferentes contribuições ao nível teórico, resultando nu- ma síntese pessoal, com raízes na experiência própria de seu autor, mas também inspirada em trabalhos de aplicação como os de Brad- ford e col. 2 (1966), Maccio 8 (1967), Luft 6 (1970), Mailhiot 9 (1970), Meigniez 10 (1970). O projeto foi desenvolvido na Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA), agên- cia de desenvolvimento social vinculada ao Sistema Nacional de Previdência e Assistên- cia (Ministério da Previdência e Assistência Social), cuja clientela é constituída pela po- pulação carente não previdenciária e pelos be- neficiários do Instituto Nacional de Previdên- cia Social (INPS), Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL) e Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado (IPASE) na área da assistência social. A LBA, além de programas de complemen- tação alimentar e de promoção nutricional, desenvolve os projetos "Casulo" (creches), "Elo" (lazer cultural para menores de 7 a 18 anos), e todo um leque de atividades dirigi- das à família e à comunidade, abrangendo saú- de, educação, transporte, habitação, vestuário, lazer, cidadania (registro civil). * Departamento de Prática de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo — Av. Dr. Arnaldo, 715 — 01255 — São Paulo, SP — Brasil.

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RELAÇÕES HUMANAS COM BASE EM DINÂMICA DE GRUPO EM UMAINSTITUIÇÃO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

Desenvolver relações humanas com base emdinâmica de grupo significa criar um espaçopsicossocial alternativo, em que desconfianças,temores e conflitos possam ser aceitos e tra-balhados, mediante experiências reconstruti-vas, em termos de tarefas e processos que mi-nimizem as ameaças ao "ego" e desenvolvamformas de interação compatíveis com umaampliação quantitativa e qualitativa de cogni-ções, afetos e condutas.

Essa reconstrução implica o desenvolvi-mento de um clima de confiança mútua, emque todas as cartas possam ser colocadas namesa, onde as fórmulas de cortesia ou de ata-que-e-defesa possam ser substituídas pela ge-nuína consideração pelo outro, pelo compar-tilhamento de pensamentos, sentimentos eações, pela adesão a uma tarefa comum ge-rada pelo próprio grupo em direção ao seuauto-conhecimento.

Nesse sentido, os papéis desenvolvidos nogrupo propiciarão a atualização das diferen-ças individuais e não receitas de condutas nor-mativas, o desenvolvimento de conceitos comofrutos da interação, a aprendizagem de novasmaneiras de interagir, desenvolvendo as habi-lidades e talentos, à maneira dos diferentesmúsicos que compõem uma orquestra. Sanções,persuasão, manipulação cedem lugar a uma re-lação de integração, permitindo encontrar so-luções através das quais as partes obtêm seusobjetivos sem que nenhuma seja obrigada asacrificar sua essência (Follet citada por Wahr-lich13, 1969). Significa trabalhar o conceito depoder não no sentido weberiano, mas deHannah Arendt (cf. Habermas7, 1980).

Discorrer sobre a teoria que informa o de-senvolvimento de relações humanas com baseem dinâmica de grupo significaria recapitu-lar a vasta literatura gerada a partir de Mo-reno11 (1953) e Lewin5 (1978), enriquecidapela contribuição paralela de linha fenomeno-lógica e existencial e revisada pela análise ins-titucional e social (estudo das condições deexistência das condutas).

Significaria ainda incorporar os resultadosde estudos e pesquisas envolvendo diferentesáreas, como a psicanálise (relações objetais),

André Francisco Pilon*

a psicologia social (atitudes e condutas comoexpressão da interação), a administração (aná-lise institucional), a sociologia e a antropolo-gia (relações de produção e relações interpes-soais), incluindo aquelas que pretendem en-tender o microcosmos da dinâmica dos gru-pos em função de todo um perfil de uma cul-tura ou "civilização".

Dinâmica de grupo como parte dos estu-dos que procuram localizar no espaço e notempo diferentes variáveis ao invés de guiar-se por teorias gerais de mudança social, pa-

rece justificada não apenas como intervençãopontual, mas também como forma de opera-cionalizar mudanças que de outra maneira de-penderiam de utópicas alterações "globais",cujos parâmetros oscilam ao sabor de circuns-tâncias específicas (cf. Cardoso3, 1986).

Tocando as linhas-mestras de um vasto uni-verso conceitual, o presente trabalho descreveum projeto desenvolvido numa instituição deprestação de serviços, que reuniu diferentescontribuições ao nível teórico, resultando nu-ma síntese pessoal, com raízes na experiênciaprópria de seu autor, mas também inspiradaem trabalhos de aplicação como os de Brad-ford e col.2 (1966), Maccio8 (1967), Luft6

(1970), Mailhiot9 (1970), Meigniez10 (1970).O projeto foi desenvolvido na Fundação

Legião Brasileira de Assistência (LBA), agên-cia de desenvolvimento social vinculada aoSistema Nacional de Previdência e Assistên-cia (Ministério da Previdência e AssistênciaSocial), cuja clientela é constituída pela po-pulação carente não previdenciária e pelos be-neficiários do Instituto Nacional de Previdên-cia Social (INPS), Fundo de Assistência aoTrabalhador Rural (FUNRURAL) e Institutode Previdência e Assistência dos Servidores doEstado (IPASE) na área da assistência social.

A LBA, além de programas de complemen-tação alimentar e de promoção nutricional,desenvolve os projetos "Casulo" (creches),"Elo" (lazer cultural para menores de 7 a 18anos), e todo um leque de atividades dirigi-das à família e à comunidade, abrangendo saú-de, educação, transporte, habitação, vestuário,lazer, cidadania (registro civil).

* Departamento de Prática de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de SãoPaulo — Av. Dr. Arnaldo, 715 — 01255 — São Paulo, SP — Brasil.

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Outros programas são dirigidos à assistên-cia aos excepcionais e aos idosos, à educaçãopara o trabalho (diferentes artes e ofícios) eao incentivo à micro-empresa (a meta é criar,anualmente, 2 mil micro-empresas, benefician-do 100 mil pessoas). Todos os projetos sãoapoiados pelo programa nacional de volunta-riado (PRONAV/LBA).

Dentro deste contexto de encargos, envol-vendo ampla frente de trabalho, o aperfeiçoa-mento dos servidores técnicos e administrati-vos visaria não apenas o conteúdo de suas ta-refas, mas também os processos empregados,incluindo as habilidades necessárias ao traba-lho de equipe que aproveitasse e multiplicasseos talentos individuais em projetos comparti-lhados por todos.

DESCRIÇÃO DO CURSO DE RELAÇÕESHUMANAS E DINÂMICA DE GRUPO

Na ocasião em que desenvolvemos o "Cur-so de Relações Humanas com Base em Dinâ-mica de Grupo", os servidores da Superin-tendência Regional do Espírito Santo, da LBA,já tinham recentemente passado por uma expe-riência de "relacionamento interpessoal", com-partilhada por 50 funcionários, o que teria le-vado a entidade a ampliar esse tipo de traba-lho, a fim de abranger os demais servidores.Para o novo curso elaboramos proposta comos seguintes objetivos:

1. Desenvolver habilidades para trabalhoem equipe, integrando teoria e prática deDinâmica de Grupo.

2. Aumentar a sensibilidade dos participan-tes em relação às próprias ações e comoessas afetam os demais.

3. Aumentar a sensibilidade em relação àsações dos demais e como essas afetam asi próprio.

4. Aumentar a habilidade como facilitado-res de grupos de discussão, em termosde tarefa e processo.

5. Possibilitar aos participantes um auto-conhecimento em termos de crescimentoe desenvolvimento psicossocial.

O curso foi realizado na sede da entidade,em Vitória, ES, no período de 5 a 16 de ja-neiro de 1987, abrangendo 32 servidores, sub-divididos em grupos matutino e vespertino,cada qual com sessões de 3 horas de dura-ção, totalizando 30 horas respectivamente.Servidores técnicos e administrativos compu-seram ambos os grupos, além de alguns esta-giários.

As experiências em dinâmica de grupoabrangeram, ao longo das sessões, diferentessituações, visando sensibilização, "insight" (noconceito da "Gestalt"), reflexão, "feedback"(no conceito da teoria da comunicação), do-mínio de técnicas apropriadas ao trabalho deequipe e de noções fundamentais que infor-mam, do ponto-de-vista teórico, situações vi-venciadas no grupo (nível cognitivo, afetivoe operativo).

A análise dos diferentes momentos no de-senvolvimento das sessões foi efetuada me-diante os próprios processos utilizados na di-nâmica, que abrangeu grupos de verbalizaçãoe ressonância (Bales1, 1950) e outros instru-mentos de promoção-avaliação do crescimentodo grupo: aspectos referentes à qualidade dacomunicação, clima, liderança e compartilha-mento de objetivos e papéis (em termos de ta-refas e processos).

Além das experiências vivenciadas, textosdestinados a propiciar maior reflexão em re-lação às experiências de dinâmica de grupoforam distribuídos ao longo das sessões, apósum breve comentário e leitura de seus aspec-tos-chave (Pilon12, 1971).

EXPERIÊNCIAS DE DINÂMICA DEGRUPO

Descrevemos, a seguir, com pormenores, ex-periências que não constam da literatura, pro-duzidas com base em nosso trabalho pessoale desenvolvidas durante o curso.

1. Apresentação e Presente Simbólico

Cada participante retira de uma caixa (desapatos) uma papeleta em branco e nela es-creve, com pincel atômico, o nome pelo qualdeseja ser conhecido no grupo, repetindo-oem voz alta e respondendo às seguintes ques-tões: "Quem sou? Donde venho? Para ondevou?". Em seguida, a caixa é passada nova-mente e cada um retirará, sem olhar, uma pa-peleta com nome, tentando identificar o com-panheiro e reproduzir para o grupo, com aajuda deste, o que o colega inicialmente dissesobre si mesmo. Feito isso, a caixa circularánovamente com as papeletas e cada um sor-teará um colega para entregar-lhe, com a cai-xa, um presente simbólico, facultando-se aopresenteado manifestar-se sobre o presente re-cebido.

2. Auto-revelação Mediante Uso de ObjetoIntermediário

Dezesseis caixas (de sapato), de diferentestamanhos, ilustradas interna e externamente

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(inclusive tampas), com gravuras recortadasde revistas afixadas e versando sobre diferen-tes situações de vida, são pasadas entre osmembros do grupo, para conhecimento e, napassagem subseqüente, para escolha e reten-ção da caixa e da tampa que, por qualquermotivo, tenham despertado o interese de cadaum (uma caixa "em branco", sem ilustrações,também compõe o conjunto). Cada qual po-derá compartilhar com o grupo o significadodas escolhas respectivas. As caixas não esco-lhidas são dispostas no centro do círculo eos participantes poderão indicar suas rejeições,partilhando seus sentimentos como o fizeramem relação às preferências (Fig.).

3. Associação de Cores e Situações deVivência

Os participantes são convidados a escrevernuma papeleta o nome de uma cor com a qualassociam, num primeiro momento, a própriasituação de trabalho e, num momento poste-rior, a situação vivenciada no grupo. São apre-sentadas as 7 cores do arco-íris e ainda obranco, o cinza e o preto em um quadro, pos-sibilitando 10 opções diferentes. Após cadaqual registrar a cor escolhida, os membros dogrupo são convidados a compartilhar com oscompanheiros os motivos que os teriam levadoàs escolhas, podendo chegar a uma tabulaçãode freqüências (não essencial, uma vez queo significado dos comportamentos de seleçãode uma mesma cor pode variar no grupo).

4. Análise da Interação numa SituaçãoProjetiva

Uma sinopse, adaptação do poema de Ru-bén Dario, "Os motivos do lobo" (Anexo), édistribuída aos participantes, a fim de que, in-dividualmente, acrescentem uma seqüência àestória relatada e, depois, compartilhem comos demais como cada qual prosseguiria coma estória. Na discussão das seqüências obser-vam-se convergências e divergências face a umdesenlace. São analisadas as figuras de SãoFrancisco, da população e do lobo, procurandodesvendar seu aspecto simbólico na estória. Asituação vivenciada "dentro" e "fora" do gru-po em relação aos objetos "bons" e "maus"introjetados e/ou extrojetados, passa, median-te esse processo, por uma melhor inteligência,após catarse em grupo dos aspectos persecutó-rios. A experiência acima pode ser precedidapelo relato da estória numa cadeia de co-municação para verificar as situações de dis-torção da mensagem e, de alguma forma, des-pertar interesse pela atividade subseqüente dedar seqüência à sinopse do poema.

5. Perfil do Grupo Face a Valores eNecessidades Básicas

Inicialmente os membros recebem uma folhade papel, na qual deverão colocar, sem seidentificar, o que consideram mais importantepara se sentirem satisfeitos com a vida e des-frutar de uma sensação geral de bem-estar,podendo numerar até 5 itens por ordem deimportância. As percepções dos membros po-derão ser compartilhadas em grupo mediantetabulação geral de freqüências, mas, ao con-trário do processo de Delbecq e Van de Ven4

(1971), as prioridades de trabalho não repou-sam sobre os itens que recebem maior pon-tuação (somatórias das freqüências pondera-das), pois os valores e necessidades do grupocomo um todo devem ser considerados e inte-grados. A tabulação é, assim, apenas uma for-ma de explicitar o que transparecia no grupoe de estimular os mecanismos de "feedback"(não se reforçam subgrupos hegemônicos).

Por já constarem nas referências bibliográ-ficas, não são descritas outras experiências —como os exercícios de cooperação (construçãode figuras quadradas) ou de auto-revelação e"feedback" (janela de Jo-Harry) —, além deoutros aspectos que implicariam uma descri-ção passo-a-passo ou seqüencial do processo,não pertinente aos propósitos desta comunica-ção de mero registro do evento.

Mencionamos, contudo, a avaliação promo-vida a posteriori, a nível administrativo, pelaentidade interessada, para os efeitos de seuprograma de desenvolvimento de pessoal ecujos resultados são apresentados na Tabela(foram distribuídos questionários aos partici-pantes, com questões sobre a parte teórico-prática do curso, a adaptação às necessidadesdos servidores, o nível de participação pes-soal, as condições do local físico e as perspec-tivas de melhoria no relacionamento hu-mano).

Na análise qualitativa (comentários, críti-cas e sugestões), figuram expressões de satis-fação pessoal pelo evento, entremeadas de su-gestões, como a extensão do curso às chefias,sua repetição para os demais servidores, etc.Na expressão utilizada pelo superintendenteestadual da LBA, em manifestação a parte,"os resultados foram muito positivos", deven-do ser analisados em reunião de supervisorese discutidos em função da continuidade dostrabalhos.

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A N E X OTexto utilizado no Curso de Relações Humanas e

Dinâmica de Grupo — Vitória, ES, 1987(Sinopse segundo o poema de Rubén Dario)*

Em Agubio, Itália, um lobo feroz dizimavaas ovelhas e outros animais, atacando os pró-prios moradores da aldeia e tornando sua exis-tência um verdadeiro flagelo.

Desesperados, recorreram a São Francisco,que se dispôs a tratar com o lobo.

Encontrando-se com ele, admoestou-o doce-mente, convencendo-o de que poderia obteraté seu próprio alimento com a colaboração dapopulação.

E assim passou o animal a conviver paci-ficamente com as pessoas, recebendo delas bo-cados de carne e até lambendo-lhes as mãos.

Contudo, chegou um momento em que SãoFrancisco teve que viajar. A partir daí, a po-pulação passou a hostilizar o lobo, dando-lhepauladas e negando-lhe comida.

O lobo voltou então novamente à vida sel-vagem e retomou o seu comportamento ante-rior, aterrorizando a população.

Retornando São Francisco, disseram-lhe quea fera não correspondera às atenções daspessoas e que voltara a atacá-las.

Perplexo, procurou São Francisco nova-mente o lobo. "Não se aproxime muito, irmãoFrancisco", advertiu o animal, rosnando:"Agüentei demais aquela gente, que me mal-tratou sem qualquer razão e cujo comporta-mento, mesmo entre si, ultrapassa, de longe,o que chamam de minha ferocidade".

E a seguir o lobo testemunhou sobre as de-savenças, o ódio, a injustiça, o desrespeito mú-tuo entre homens e mulheres e sobre todo opecado que observou em Agubio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. BALES, R. F. Interaction process analysis.

Cambridge, Mass., Addison-Wesley, 1950.2. BRADFORD, L. P. et al. Dinámica del grupo

de discussion. Buenos Aires, Paidós, 1966.3. CARDOSO, F. H. Problemas de mudança so-

cial, outra vez? Novos Est. CEBRAP, (16):54-61, 1986.

4. DELBECQ, A. L. & VAN DE VEN, A. H. Agroup process model for problem identifica-tion and program planning. J. appl. Behav.Sci., 7:466-92, 1971.

5. LEWEN, K. Problemas de dinámica de grupo.São Paulo, Cultrix, 1978.

6. LUFT, J. Introdução à dinâmica de grupo.Lisboa, Moraes Eds., 1970.

7. HABERMAS, J. Sociologia. São Paulo, Ática,1980.

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9. MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dosgrupos. São Paulo, Duas Cidades, 1970.

10. MEIGNIEZ, R. A análise dos grupos. São Pau-lo, Vozes/Ed. USP, 1970.

11. MORENO, J. L. Who shall survive? New York,Beacon House, 1953.

12. PILON, A. F. Técnica de reunião. São Paulo,Faculdade de Saúde Pública da USP, s.d.[Mimeograf ado]. * *

13. WAHRLICH, B. M. S. Uma análise das teoriasda organização. Rio de Janeiro, Fundação Ge-túlio Vargas, 1969.

Recebido para publicação em 5/3/1987Aprovado para publicação em 13/5/1987

*Dario, Rubén. Obras completas. Buenos Aires, Ediciones Anaconda, 1949, p. 249.**Disponível com o autor do trabalho. Departamento de Prática de Saúde Pública da Faculdade de SaúdePública da USP.