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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO LIGIA TUNES RIBAS Relações entre hospitalizações precoces e problemas de comunicação em crianças com Transtorno do Espectro do Autismo São Paulo 2014

Relações entre hospitalizações precoces e problemas de … · 2017. 2. 22. · a maioria do gênero masculino (78,1%; n=25). A média de idade foi de 52,6 meses (4 anos e 2 meses)

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

LIGIA TUNES RIBAS

Relações entre hospitalizações precoces e problemas de comunicação em

crianças com Transtorno do Espectro do Autismo

São Paulo

2014

LIGIA TUNES RIBAS

Relações entre hospitalizações precoces e problemas de comunicação em

crianças com Transtorno do Espectro do Autismo

São Paulo

2014

Dissertação apresentada à Banca

Examinadora da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, como exigência

parcial para obtenção do título de Mestre

em Fonoaudiologia sob orientação da

Profa. Dra. Maria Claudia Cunha.

ii

Banca Examinadora

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

iii

Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução parcial ou

total desta dissertação, através de fotocópias ou meios eletrônicos.

______________________________________

Ligia Tunes Ribas

São Paulo, Julho de 2014

iv

Dedicatória

Aos meus pais, Vanildo e Hilda

MEMÓRIA

Amar o perdido

deixa confundido

este coração.

Nada pode o olvido

contra o sem sentido

apelo do Não.

As coisas tangíveis

tornam-se insensíveis

à palma da mão.

Mas as coisas findas,

muito mais que lindas,

essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade

v

Agradecimentos

Aos meus mestres, pelo incentivo e discussões sobre o tema. Pela oportunidade

oferecida, o partilhar de experiências e novas ideias. As explicações, nem sempre tão fáceis de

serem compreendidas, sobre os “outros caminhos‟‟ por mim desconhecidos, pela

subjetividade e o “olhar com outros olhos” ao qual tive acesso durante todo o percurso de

desenvolvimento deste estudo.

A minha orientadora Maria Claudia Cunha pela dedicação, disponibilidade, feeling,

paciência e bom humor com os quais guiou-me durante este período.

Às minhas colegas de estrada Amanda, Angélica, Bruna, Erika, Manoela e Vera -

Pessoas incríveis e vencedoras - com as quais tive o prazer de compartilhar dúvidas, alegrias,

incentivo, frustrações e até mesmo desespero (rs...), mas que em momento algum foram

abaladas e hoje desfrutam deste momento tão prazeroso na vida acadêmica, profissional e

pessoal. Tenho sorte por ter tido uma turma tão unida, animada e interessada como vocês.

À Fernanda Machado, obrigada pela co-orientação, dedicação, disponibilidade,

empenho e precisão para me auxiliar na formulação desta pesquisa.

Aos meus pais, Vanildo e Hilda, que apesar de todos os desentendimentos e

discordâncias, sempre me apoiaram de maneira incondicional nas minhas decisões

profissionais. Minha base, rica em honestidade e exemplos de caráter, agradeço por sempre

terem investido, insistido e torcido por mim. A vocês meu eterno agradecimento e amor.

Tenho certeza que este trabalho é um presente para vocês.

À família Nunes Gil, em especial Marcia e Laerte, por me acolher como quase um

membro da família.

À Marina, pela parceria, companheirismo e paciência. Por ter me ajudado neste

processo, por me auxiliar a entender a mim mesma. Posso dizer que com você eu me

encontrei.

À Amanda e a Thaynã, “família do 33”. O companheirismo e as risadas deixam os

dias mais fáceis, principalmente os finais de tarde, sequência de um dia cansativo. Serei

sempre grata pela companhia e trocas de experiências (sem contar as piadas internas).

vi

À equipe do IPq - PROTEA. Os atendimentos e reuniões de sexta – feira são impar!

Agradeço pelo espaço, possibilidade de coletar dados e fazer parte desta equipe.

Aos pais dos pacientes por terem aceitado e colaborado com esta pesquisa.

Aos pacientes, causadores das inquietações e interesses acerca do assunto.

À banca examinadora, Dra. Ruth Palladino e Dra. Gabriela Araujo, pela

disponibilidade e contribuições para a conclusão desta pequisa.

À Profa. Dra. Doris Lewis pela disponibilidade em ser suplente na banca examinadora,

pelo incentivo e inquietações desde o início da formulação do projeto de pesquisa.

Aos meus antigos professores de graduação; é com admiração que sempre me lembro

de vocês.

À Virgínia Rita Pini pela facilidade e agilidade para nos ajudar com várias questões

burocráticas durante todo o período de pós graduação.

À equipe editorial da Revista Distúrbios da Comunicação: Mabile, Beatriz Almeida ,

Erika, Léslie e Bia Mendes. Foi um prazer fazer parte deste grupo.

À Stela Verzinhasse pela prontidão com as análises estatísticas e disponibilidade para

discussões imprevistas.

Aos meus amigos de São Paulo e Cuiabá; Stheffani, Carla, Lili, Lucia, Adrielly,

Bruna, Danyelle e tantos outros. Obrigada pelas conversas e por me manterem estável nos

momentos mais difíceis e por estarem comigo nos mais tranqüilos.

À CAPES, pela concessão da bolsa de estudo, pela oportunidade e investimento na

pesquisa.

À todos, muito obrigada!

vii

“Todo ser humano que é fruto de um desejo, deve encontrar o seu próprio desejo”.

(Françoise Dolto)

viii

Sumário

INTRODUÇÃO .................................................................................................... 15

CAPÍTULO I: ADOECIMENTO E HOSPITALIZAÇÃO INFANTIL ......... 18

CAPÍTULO II: TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO ................ 25

MÉTODO ............................................................................................................. 29

RESULTADO ....................................................................................................... 33

DISCUSSÃO ......................................................................................................... 49

CONCLUSÃO ...................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 56

ANEXOS ............................................................................................................... 69

ix

Lista de Siglas e abreviaturas

APA – American Psychological Association

AR – Auto - Regulatório

C - Comentário

CID 10 – Classificação Internacional das Doenças Mentais 10ª Edição

CTI - Centro de Terapia Intensiva

DSM - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders

DSM - TR - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – Traduzido

E – Exibição

EP – Expressão de Protesto

EX – Exclamativo

G – Gestual

HCFMUSP – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

IPq – Instituto de Psiquiatria

IRA - Infecções Respiratórias Agudas

J – Jogo

JC – Jogo Compartilhado

N – Nomeação

NA - Narrativa

NF – Não - Focalizada

PA – Pedido de Ação

x

PE - Performativo

PI – Pedido de Informação

PO – Pedido de Objeto

PR - Protesto

PS - Pedido de Rotina Social

PUCSP – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

RE – Reativo

RM – Retardo Mental

RO – Reconhecimento do Outro

TEA - Transtorno do Espectro do Autismo

TID – Transtorno Invasivo do Desenvolvimento

TGD – Transtorno Global do Desenvolvimento

VE – Verbais

VO – Vocais

XP - Exploratório

xi

Lista de Tabelas

Tabela 1 Caracterização dos sujeitos segundo gênero e idade versus subgrupos

hospitalizados e não hospitalizados

33

Tabela 2 Relação entre hospitalização, freqüência e aquisição da linguagem

oral (verbal e não verbal).

34

Tabela 3 Descrição quanto ao local das hospitalizações e causas 34

Tabela 4

Relações entre idade da hospitalização e aquisição da

linguagem (verbais e não verbais).

35

Tabela 5

Análise da associação entre presença ou ausência de hospitalizações e

ocorrência das habilidades comunicativas

35

Tabela 6

Caracterização do funcionamento da linguagem entre os grupos

hospitalizados e não hospitalizados (parte 1)

36

Tabela 7

Caracterização do funcionamento da linguagem entre os grupos

hospitalizados e não hospitalizados (parte 2)

38

Tabela 8

Descrição da função Imitação entre os grupos hospitalizados e não

hospitalizados

39

Tabela 9

Descrição da função compreensão entre os grupos hospitalizados e

não hospitalizados

40

xii

Tabela 10 Caracterização dos sujeitos segundo causa da hospitalização versus

gênero, idade, linguagem (verbal ou não verbal), interação com objeto

e com o outro e meios comunicativos (verbais, vocais ou gestuais)

41

Tabela 11

Caracterização dos sujeitos segundo causas de hospitalização versus

funções de linguagem

43

Tabela 12

Caracterização dos sujeitos segundo causas de hospitalização versus

funções de linguagem

44

Tabela 13

Caracterização dos sujeitos segundo causa da hospitalização versus

Maturidade simbólica

46

xiii

Resumo

Ribas, L.T. Relações entre hospitalizações precoces e problemas de comunicação em

crianças com Transtorno do Espectro do Autismo. [Dissertação] São Paulo: Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo, 2014.

Introdução: A doença, seguida de hospitalização da criança, geram efeitos psíquicos

indesejáveis tanto nos pacientes quanto na dinâmica familiar. O interesse clínico/científico

sobre o impacto das hospitalizações precoces em pacientes e familiares é crescente e

significativo nas diversas áreas da saúde. Estudos dos quadros de TEA apontam uma grande

variedade de alterações comportamentais em que a linguagem está profundamente relacionada

às dinâmicas sociais e aos comportamentos repetitivos. Nesses casos, as crianças apresentam

severo prejuízo de compreensão da linguagem verbal e não verbal. Objetivo: descrever e

analisar as relações entre problemas de comunicação e ocorrência de hospitalizações precoces

em um grupo de crianças com TEA. Método: Pesquisa de caráter quantitativo-descritivo.

Participaram desta pesquisa 32 sujeitos diagnosticados com TEA, de ambos os gêneros, sendo

a maioria do gênero masculino (78,1%; n=25). A média de idade foi de 52,6 meses (4 anos e

2 meses). Os dados foram coletados no Ambulatório de Autismo do Instituto de Psiquiatria do

Hospital das Clínicas de São Paulo e em consultório particular. Para a coleta de dados, foi

aplicado um questionário respondido pelos pais ou responsáveis, seguido da autorização por

meio do termo de consentimento livre e esclarecido. A análise dos dados foi realizada por

meio de frequências absolutas e relativas, medidas de tendência central e dispersão. Para

comparação entre os grupos (presença/ ausência de hospitalização) de crianças diagnosticadas

com TEA em relação às variáveis independentes, foi aplicado o teste de associação pelo Qui-

quadrado. As variáveis cujos valores esperados foram menores ou iguais a cinco, aplicou-se o

teste Exato de Fisher. Foram coletados dados referentes ao histórico clínico, funções de

linguagem e maturidade simbólica. Este trabalho foi submetido e aprovado pelo comitê de

ética em pesquisa da PUCSP (Parecer nº 446.233). Resultados: Não foram observadas

diferenças estatisticamente significativas entre crianças hospitalizadas e não hospitalizadas

quanto ao funcionamento da linguagem. Conclusão: Faz- se necessário a realização de novas

pesquisas, com estudos de casos e maior número de sujeitos, a fim de explorar a questão do

adoecer na criança e a privação afetiva e/ou social provocada pela hospitalização nas fases

iniciais de vida da criança com TEA. Embora não tenhamos encontrados dados inferenciais

estatisticamente significativos, na análise descritiva foi possível observar dados relevantes,

relacionados ao funcionamento da linguagem dos sujeitos não hospitalizados quanto aos

hospitalizados, uma vez que o desempenho nas funções mais elaboradas, foram mais

frequentes nos sujeitos não hospitalizados.

Descritores: Hospitalização, Transtorno Autístico, Linguagem, Comunicação,

Fonoaudiologia.

xiv

Abstract

Ribas, L.T. Relações entre hospitalizações precoces e problemas de comunicação em

crianças com Transtorno do Espectro do Autismo. [Dissertação] São Paulo: Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo, 2014.

Introduction: Diseases followed by children‟s hospitalization generate psychological effects

both in patients and in family dynamics. Clinical and scientific interest on the impact of early

hospitalization on the patient and his family is significant and grows in different areas of

health. Autism spectrum disorder (ASD) studies indicate a considerable variety of behavioral

changes, in which language is deeply related to social dynamics and repetitive behaviors. In

these cases, children have severe impaired comprehension of verbal and non-verbal. Aim:

describe and analyze the relationship between communication problems and early occurrence

of hospitalization in a group of children with ASD. Method: Quantitative and qualitative

research. This study included 32 subjects with ASD diagnoses, of both genders, majority male

(78.1%, n = 25). Children age average was 52,6 months (4 years and 2 months). Data were

collected at private practice and Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

To collect data, a questionnaire was completed by parents or guardians, followed by

authorization of free and consent term. Data analysis was performed through absolute and

relative frequencies, measures of central tendency and dispersion. Quadratic term was applied

to comparison between groups (hospitalization presence / absence) of children diagnosed with

ASD, respecting independent variables. In variables whose expected values less or equal to

five, the Test of Fisher was used. Clinical history, language functions and symbolic maturity

datas were collected. This study was approved by PUCSP research ethics committee

(Comittee Number. 446 233). Results: There is no statistically significant language

differences between hospitalized and not hospitalized children. Conclusion: It is necessary to

realize new studies through case studies and larger number of patients in order to explore the

issue of illness in children and affective/social deprivation caused by hospitalization in early

stages of life of children with ASD. Although statistically significant inferential data not

found is possible to observe relevant data in descriptive analysis, related to functioning of

language in hospitalized and non-hospitalized subjects. It is possible to realize that more

elaborate functions were more frequent in non-hospitalized subjects.

Keywords: Hospitalization, Autistic Disorder, Language, Communication, Speech.

15

INTRODUÇÃO

O interesse clínico/científico sobre o impacto das hospitalizações precoces em

pacientes e familiares; e também sobre os efeitos desse(s) episódios(s) sobre o

desenvolvimento de linguagem oral desses pacientes é crescente e significativo nas diversas

áreas da saúde. Pesquisas mostram que as hospitalizações geram riscos bio-psíquicos para as

crianças, os quais estão associados a diversos sintomas manifestos (atuais e/ou subseqüentes)

(BARROS, L, 1998.; ALCÂNTARA, E.B, 2007/2008.; PEDROSA, A.M et al, 2007).

Nesse contexto, as perturbações nos vínculos entre a criança e a família durante o

período de internação é o aspecto mais enfatizado (SILVA, F.M.; CORREA, I, 2006;

ROCHA, G.A.; ROCHA, E.J.M.; MARTINS, C.V, 2006.; BIRKMAN, M.; CUNHA, M.C,

2006), já que alteram as formas de interações habituais, na medida em que os sujeitos se

submetem às normas e rotinas hospitalares. Nesse contexto, os laços afetivos com os

familiares tornam-se, temporariamente, mais frágeis, o que pode gerar sentimentos de

desamparo e abandono na criança (AMIN, T.C.C, 2001).

Tal condição, muitas vezes, também dificulta (ou mesmo inviabiliza) o contato físico

entre a criança e os pais. A propósito, admitir que o corpo se humaniza pelos afetos, desde a

vida intra-uterina (DOLTO, F, 1999), permite-nos assumir que os bebês e as crianças

pequenas reservam especificidades no que diz respeito tanto à fragilidade quanto à potência

desses contatos; em termos de desenvolvimento bio-psíquico (BIRKMAN, M.; CUNHA,

M.C, 2006).

Nessa perspectiva, os vínculos afetivos entre a criança e sua família, e mais

especificamente com a mãe, são imprescindíveis para a constituição do psiquismo infantil.

Contudo, a criança pode vivenciar situações de indesejável privação do convívio familiar por

diferentes motivos, dentre eles a hospitalização precoce (BOWLBY, J, 1960).

Nessa direção, o trabalho pioneiro de Spitz (1979) aborda a carência afetiva infantil a

partir de duas situações de privação: a privação afetiva parcial e a privação afetiva total ou

hospitalismo.

16

Entre as situações vivenciadas pela criança que são consideradas determinantes de

estresse, a hospitalização pode torná-la emocionalmente traumatizada em maior grau da

gravidade da doença (MARLOW, D, 1977). Portanto, segundo o autor, ao ser hospitalizada a

criança encontra- se duplamente doente: além da patologia orgânica, ela sofre de outra doença

(a própria hospitalização), que se não for adequadamente tratada, deixará marcas em sua

saúde mental.

Quando a hospitalização faz-se necessária, ela conduz a criança para uma nova

realidade, mudanças na sua rotina são representadas pelo cuidado recebido por pessoas

desconhecidas, novas sensações, vivências de dor e desamparo. A criança hospitalizada é

imersa em um ambiente muito diverso do cotidiano vivido até esse momento. Uma das mais

importantes perdas referentes a esse período é quando ele se dá em idade escolar, levando a

criança a suspender a freqüência à escola, de conviver com seus colegas e de realizar as

tarefas rotineiras (SACCOL, C.S.; FIGHERA, J.; DORNELES, L, 2007). Embora as

implicações de uma doença sobre o desenvolvimento de um sujeito em termos sociais,

emocionais e cognitivos se diferenciem muito, inclusive em função da faixa etária (COELHO,

M.O, 2001).

Por sua vez, a freqüência significativa de co-ocorrências entre hospitalizações precoces e

problemas de linguagem subseqüentes tem sido observada no cotidiano da clínica

fonoaudiológica. Essa constatação justificou, inclusive, a realização de estudos exploratórios

sobre o tema (ABADIL, V, 2004.; BIRKMAN, M.; CUNHA, M.C, 2006), que partem do

pressuposto da importância decisiva de condições interacionais favoráveis ao

desenvolvimento da linguagem, particularmente nos primeiros anos de vida da criança

(PALLADINO, R.R.R, 2004); as quais são perturbadas (em menor ou maior grau) nos

processos de hospitalização.

Os estudos dos quadros do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) – quadro

clínico enfocado nessa dissertação - apontam uma grande variedade de alterações

comportamentais às quais as alterações de linguagem (verbal e não verbal) estão relacionadas

desde os primeiros anos de vida (RUTTER, M, 1987). Nesses casos, as crianças apresentam

severo prejuízo de compreensão do e no uso da linguagem verbal/ não verbal, com

características de desvio em seu processo de evolução, e não de atraso em etapas ou níveis de

complexidade (PERISSINOTO, J, 2004). Portanto, grande parte das crianças autistas não

17

utiliza a linguagem de forma funcional (THURM, A et. al., 2007.; MIILHER, L.P.,

FERNANDES, F.D.M, 2009).

Nos quadros de TEA as dificuldades de comunicação não são consideradas

secundárias a outras, mas são sinais clínicos típicos e persistentes; que se configuram como

importante critério diagnóstico. Logo, precisar a natureza e a evolução desses problemas

permanece um desafio, especialmente devido às variações nas suas manifestações (THURM,

A et. al., 2007).

Assim, considerando-se que nos quadros de TEA os distúrbios de comunicação, assim

como as dificuldades no estabelecimento de vínculos interpessoais são inerentes ao quadro

clínico, e que as hospitalizações precoces configuram-se com risco para o desenvolvimento

infantil, o objetivo dessa pesquisa é descrever e analisar as relações entre problemas de

comunicação e ocorrência de hospitalizações precoces em um grupo de crianças com TEA.

18

Capítulo I

Adoecimento e Hospitalização Infantil

Nos primórdios da humanidade, as práticas de saúde estavam associadas às ações

instintivas e místicas para garantir a sobrevivência. O hábito de isolar as pessoas doentes em

templos nos quais se realizavam ritos de cura era comum (GEOVANINI, T et. al., 2001).

Com o advento da ciência moderna, o significado da internação hospitalar foi se

modificando, porém, a prática do isolamento se manteve. No final do século XIX, surge a

chamada “enfermaria Nightingale”1 (proposta pela enfermeira Florence Nightingale), uma

proposta de inovadora de internação que se propagou pelo mundo, caracterizada por unir a

visão holística de ser humano baseada em princípios científicos (LISBOA, T.C, 2002).

Inicia-se então a reformulação dos procedimentos hospitalares, visando a integração

dos fenômenos patológicos, do tratamento das doenças e da forma de acomodação dos

pacientes. O objetivo era o de reduzir os efeitos negativos das hospitalizações, especialmente

quanto à contaminação da população por doenças endêmicas. Assim, o hospital vai assumindo

cada vez a perspectiva sanitarista na assistência à saúde (VASCONCELOS, H.P.J, 2011).

Pesquisadores relatam que os primeiros trabalhos relacionados às conseqüências da

hospitalização infantil no contexto do estudo dos mecanismos de riscos e de proteção ao

longo do desenvolvimento, visaram identificação das reações a essa experiência, enfatizando

as atitudes depressivas, negativistas e a apatia (JESSNER, L.; BLOM, G.; WALDFOGEL, S,

1952), pânico e birras (PRUGH, D.; STAUB, E.; SANDS, H.; KIRSCHBAUM.; LENIHAN,

E, 1953), manifestadas durante o período de internamento hospitalar. Ou as conseqüências a

curto prazo, traduzidas em comportamentos de regressão, ansiedade geral, ansiedade de

separação, problemas de alimentação, de sono e agressividade (VERNON, D.; SCHULMAN,

J.; FOLEY, J, 1966). Ou ainda as conseqüências a médio prazo, em termos de problemas de

comportamentos múltiplos que incluíam dificuldades de leitura, de comportamentos de

1 Florence Nightingale foi uma enfermeira britânica que ficou famosa por ser pioneira no tratamento a feridos

de guerra, durante a Guerra da Crimeia. Sua contribuição na Enfermagem, sendo pioneira na utilização

do Modelo biomédico, baseando-se na medicina praticada pelos médicos. Nightingale lançou as bases da

enfermagem profissional com a criação, em 1860, de sua escola de enfermagem no Hospital St Thomas, em

Londres, a primeira escola secular de enfermagem do mundo, agora parte do King's College de Londres.

19

delinqüência e aumento de ocorrência de psicopatologias (PRUGH, D et al., 1953;

DOUGLAS, W, 1975).

Os estudos (iniciados na década de 50) referidos por Barros (1998) se fundamentam na

valorização da relação de vinculação com a figura materna, e que analisavam situações de

privação e separação extrema, na conseqüência dos importantes trabalhos de Spitz (1946)

sobre a condição de hospitalismo e de Bowlby (BOWLBY, J, 1960.; BOWLBY, J.;

ROBERTSON.; ROSENBLUTH, D, 1952) sobre as conseqüências da privação de uma

relação mãe-filho continuada. A situação de hospitalização surgia, assim, em conjunto com a

institucionalização, como o campo de estudo ideal para a fundamentação empírica do

paradigma da valorização dessa vinculação.

Observa-se que esses estudos vieram a ter grande impacto nas práticas hospitalares

atuais (BARROS, L, 1998). Inicialmente, as crianças eram radicalmente separadas do

ambiente familiar e da família, permitindo-se unicamente breves períodos de visita dos pais,

as quais eram consideradas como problemáticas, portanto não encorajadas. O tempo de

internação era geralmente bastante prolongado, as crianças deviam permanecer acamadas e o

mais possível inativas, e os processos de anestesia e analgesia estavam pouco desenvolvidos

utilizados. Assim, a separação da família associava-se a interrupção das atividades cotidianas,

a falta de estimulação cognitiva e social e a administração de tratamentos prolongados e

aversivos (BARROS, L, 1990).

Contudo, trabalhos mais recentes ainda atestam que a hospitalização configura-se

como uma situação extremamente perturbadora para qualquer sujeito, e tem contornos

especiais quando se trata de acontecimento na infância. Para a criança, a hospitalização se

traduz em experiência bastante difícil, pois gera uma ansiedade diante do ambiente

desconhecido e ameaçador, sendo que o apoio para tal enfrentamento é basicamente

representado pela presença dos pais (FAQUINELLO, P.; HIGARASHI, I.H.; MARCON, S.S,

2007). Trata-se, portanto, de um evento potencialmente estressante também para a família,

pois a insere em um ambiente que freqüentemente ameaça sua segurança e competência

(BERMÚDEZ-TAMAYO, C et. al., 2004), gerando sentimentos de impotência e de

desamparo (BERMÚDEZ-TAMAYO, C et. al., 2004; FUNDAÇÃO SEADE, 1990).

Mas, se observa modificações significativas em relação às características dos

processos de hospitalização infantil. A criação de serviços especializados de pediatria, as

20

novas formas de tratamento, a maior preocupação com a anestesia e analgesia pediátrica

decorrente do reconhecimento da especificidade das manifestações de dor infantil, a

preocupação em reduzir ao mínimo os períodos de isolamento e acamamento (assim como da

própria permanência no hospital), os esforços para criar um ambiente adequado às atividades

habituais da criança, a presença de educadores e professores nos serviços, e, sobretudo, a

possibilidade de acompanhamento por um familiar, contribuíram para uma alteração radical

da experiência de hospitalização (BARROS, L, 1990).

No entanto, apesar de toda e evolução descrita, o contexto da hospitalização infantil

não se configura de forma geral, como um ambiente especialmente protegido e adequado para

a criança. Muitos fatores que identificados como causadores de perturbações não foram

eliminados, e alguns possivelmente nunca serão suprimidos (BARROS, L, 1998).

As implicações das relações interpessoais, no espaço hospitalar, parecem profundas,

pois podem ocorrer interferências internas, baseadas na constituição do sujeito, e, também,

externas, vindas das instituições que afetam, de modo geral, a vida de quem adoece. A

criança, ao ser admitida em um Centro de Terapia Intensiva (CTI) pediátrico, depara-se, assim

como sua família, com um ambiente já mitificado, hostil, repleto de equipamentos e uma

equipe multidisciplinar que prioriza o tratamento físico. A criança é vista como fragmentos,

onde só o pedaço físico importa; torna-se despersonalizada, transforma-se em um leito, um

número, uma doença, um caso. Porém, cada criança possui uma identidade social, no seio de

sua cultura (BATISTA, M.A, 2004).

A interrupção das rotinas cotidianas e do ambiente familiar, a presença de

equipamento estranho e ameaçador, a necessidade de administrar tratamentos ou meios de

diagnóstico assustadores e dolorosos, a necessidade de contatar com muitas pessoas estranhas

entre o pessoal técnico e hospitalar, e a impossibilidade de manter o controle sobre os

acontecimentos, são condições que dificilmente podem ser completamente eliminadas. A

criança não fica alheia à percepção da gravidade da situação, diretamente ou através das

reações dos pais e do próprio pessoal hospitalar, nem à necessidade de se confrontar com

processos físicos estranhos, difíceis de compreender, dolorosos, e potencialmente limitadores

das atividades habituais (SILVA, L.F.; GUEDES, V.C.; MOREIRA, R.P.; SOUZA, A.C.C,

2002).

21

As famílias de pacientes internados que experimentam o vivenciar de uma doença

crônica descobrem que o adoecer cronicamente desencadeia dificuldades relacionadas a

condições estruturais, emocionais, envolvimento familiar no enfrentamento da doença,

formação de redes familiares e sociais de apoio na busca de alternativa e facilitação no

enfrentamento daquela situação (SILVA, L.F.; GUEDES, V.C.; MOREIRA, R.P.; SOUZA,

A.C.C, 2002). O maior impacto da admissão no CTI pediátrico, (BENNUN, I, 1999), é na

identidade familiar, pois a família e o paciente perdem poder, autonomia e competência,

tornando-se mais passivos e dependentes. Isto pode gerar grandes dificuldades, como a

incerteza e o desespero diante da possibilidade de morte.

Nessa perspectiva, o enfrentamento efetivo e a adaptação às mudanças decorrentes da

hospitalização infantil demandam da família novas formas de organização e requerem o

desenvolvimento de habilidades em lidar com as pressões, as ansiedades, as dificuldades e as

incertezas existentes ao ter a vida familiar dividida entre a casa e o hospital (MALTA, D.C.;

DUARTE, E.C, 2007), bem como para a promoção e a manutenção do bem-estar do sistema

familiar (BERMÚDEZ-TAMAYO, C, 2004.; MALTA, E.C.; DUARTE, E.C, 2007.;

OLIVEIRA, H, 1993).

Contudo, tal enfrentamento é dificultado porque, ao entrar no hospital, a família é

afetada emocionalmente pelas próprias características físicas e da dinâmica institucional, o

que é considerado como um agravo adicional ao fato de ter que conviver com a doença do

filho (MILANESI, K et. al., 2006). Por sua vez, as apreensões dos pais são atenuadas quando

eles recebem informações detalhadas sobre o diagnóstico e orientações suficientes quanto à

maneira de lidar com seus filhos nessa situação (OLIVEIRA, V.Z et. al., 2004).

Outro aspecto a ser destacado: quando membros da família se afastam de suas

atividades rotineiras em função da necessidade de acompanhar o filho durante o período de

hospitalização, ocorrem mudanças que geram instabilidade na familiar, pois o filho doente

passa a ter prioridade nos cuidados. Assim, os pais ausentam-se do lar e, por extensão, dos

cuidados com os outros filhos e do atendimento de demandas domésticas cotidianas.

(LORENZI, P.D.C.; RIBEIRO, N.R.R, 2006).

Tais problemas se agravam quando a hospitalização ocorre na primeira infância e

período pré-escolar, nomeadamente entre os 6 meses e os 4 anos; já que se trata de um

período em que a separação dos pais e a própria descontinuidade dos cuidadores é mais

22

perturbadora, e os tratamentos são, provavelmente, percebidos como mais assustadores.

(PRUGH, D et al., 1953.; RUTTER, M, 1990).

Embora faltem estudos atualizados que controlem a variável idade e a descriminem

claramente de outras em relação a experiências anteriores, reconhece-se que as crianças mais

novas têm menor competência para lidar com a hospitalização. Isto porque tem menos

capacidade para compreender os procedimentos médicos, para fazer perguntas e/ou para

compreender as explicações que lhe são dadas (BARROS, L, 1998).

Por sua vez, do ponto de vista da família, pesquisa realizada no município de São

Paulo revelou que além do desejo de envolverem-se nos cuidados com a criança durante a

hospitalização, os pais têm necessidade de segurança e acolhimento. Diante desse dado, os

autores enfatizam que as ações dos profissionais da saúde devem levar em conta tal demanda

familiar (SILVEIRA, A.O.; ÂNGELO, M.A, 2006).

As causas e fatores de risco para as hospitalizações infantis são tematizados pela

literatura significativamente.

As causas mais freqüentes de adoecimento de crianças menores de cinco anos e de

demanda aos serviços de saúde são as afecções do aparelho respiratório, entre as quais se

destacam as infecções respiratórias agudas (IRA) (BENICIO, M.H.D‟A et. al., 2000).

Contudo, apesar do caráter global da distribuição da IRA, seu impacto sobre as taxas de

hospitalização e os óbitos de crianças sofre diferenciações significativas, relacionadas às

desigualdades existentes no desenvolvimento econômico dos diversos países e regiões

(BENGUIGUI, Y, 1988), sendo predominante nos países em desenvolvimento (BENICIO,

M.H.D‟A et.al., 2000). Entre as hospitalizações devidas a IRA, a pneumonia se destaca como

a principal causa (BENGUIGUI, Y, 1997). Nos países desenvolvidos, o efeito letal da

pneumonia afeta menos de 2% das crianças na faixa etária de zero a cinco anos, enquanto nos

países em desenvolvimento a estimativa atinge 10% a 20% (BENGUIGUI, Y, 1988.;

VICTORA, C.G, 1997). Portanto, as taxas de hospitalização por IRA e outras doenças

infecciosas são desigualmente distribuídas nos diferentes segmentos sociais. Isto afeta,

sobretudo, crianças pertencentes às famílias de menor poder aquisitivo que, por terem menos

acesso a serviços de saúde, retardam a procura por atendimento adequado, favorecendo,

assim, o agravamento das doenças e os conseqüentes maiores riscos de hospitalização

23

(ABRANTES, M.M et. al., 1998.; BENGUIGUI, Y, 1998.; LUELMO, F, 1984.; VICTORA,

C.G, 1997).

Vários são os fatores de risco mencionados na literatura associados à hospitalização de

crianças menores de cinco anos: sexo masculino, baixa renda familiar, ordem de nascimento,

número de crianças menores de cinco anos morando no domicílio, local de residência (rural,

urbano), exposição ao fumo, frio e umidade (VICTORA, C.G, 1997), desnutrição, desmame

precoce, idade da mãe, menor grau de instrução materna, maior densidade domiciliar

(BENGUIGUI, Y, 1997.; DHARMAGE, S.C.; RAJAPAKSA, L.C.; FERNANDO, D.N,

1996.; LUELMO, F, 1984.; VICTORA, C.G, 1997).

Em 2002, um grupo de pesquisadores desenvolveu um estudo na cidade de São Paulo

com objetivo de verificar os fatores associados à internação hospitalar em crianças menores

de cinco anos. Para a realização da pesquisa foi utilizado o banco de dados de um estudo

transversal sobre condições de vida e saúde de crianças menores de cinco anos do município

de Embu. O critério de inclusão foi de uma criança por família, por sorteio; o de exclusão foi

a falta de dados em qualquer das variáveis incluídas no estudo, cuja amostra estudada

totalizou 893 crianças. Os resultados apontaram que da amostra, 65 (7,3%) crianças foram

hospitalizadas; 41,5% das crianças internadas apresentavam doenças do aparelho respiratório,

com especial ênfase para a infecção respiratória aguda (27,7%). Os fatores associados à

hospitalização incluíram baixo peso ao nascer, intercorrências neonatais, doença crônica,

óbito de irmão menor de cinco anos, ser cuidado pela avó durante o dia, elevada densidade

domiciliar e maior nível de escolaridade materna (CAETANO, J.R.M et. al., 2002).

Considerando-se que as hospitalizações resultam de processos peculiares , (e mais ou

menos longos) de adoecimento, é importante considerá-los nesse capítulo. O adoecer é um

processo que mobiliza sentimentos angustiantes, pois traz consigo a questão da finitude à qual

estamos sujeitos (ORTIZ, M.R.L, 1997).

Mas, quando acontece na infância, seu caráter é menos previsível, mobilizando forte

apreensão (COELHO, M.O, 2001).

Um ponto que merece ser ressaltado e investigado com relação ao adoecimento

infantil são as fantasias mobilizadas em decorrência dessa situação, as quais surgem como

uma ancoragem segura, funcionando como pontos de certeza em momentos marcados pelo

não-saber frente ao desconhecido. As fantasias são uma forma de equilíbrio psíquico utilizado

de forma inconsciente pelo sujeito a fim de se proteger da angústia ameaçadora que o invade

(PENNA, T.L.M, 2004). Esses aspectos são intensificados nas doenças graves e crônicas e,

24

principalmente, quando essas exigem hospitalizações (SAGGESE, E.S.R.; MACIEL, M,

1996).

O ambiente hospitalar - com seu típico caráter asséptico – é em geral aterrorizante,

pois não existe nada nesse lugar que a criança possa identificar com suas experiências

anteriores. Além disso, a debilitação física e emocional nesse momento contribui para a

vivência desprazerosa dessa situação. A equipe de saúde, por sua vez, preocupa-se em

demasia com o tratamento do órgão doente, esquecendo de olhar a criança de forma integral e

desconsiderando as especificidades de cada fase do desenvolvimento. (OLIVEIRA, S.S.G.;

DIAS, M.G.B.B.; ROAZZI, A, 2003).

A propósito, vale recorrer ao conceito de pulsão, por meio do qual Freud (1920/1987)

diferencia o corpo anatômico do corpo libidinal. Explicitando a posição freudiana: o corpo é a

sede de conflitos pulsionais. Desse modo, falar sobre o corpo numa abordagem psicanalítica

significa se referir a uma anatomia construída a partir dos investimentos libidinais. No início

de sua teorização, Freud atribuiu aos orifícios do corpo o estatuto de zonas erógenas. Ele

defendeu, em 1914, que a erogeneidade é uma propriedade de todos os órgãos, sendo o corpo

um todo recoberto por ela. Essa segunda versão da erogeneidade a descreve como

generalizada a todo o corpo e, em função disso, suscetível a aumentos e diminuições em cada

uma de suas regiões (FERNANDES, M.H, 1999).

Feitas essas considerações, é possível enunciar que a doença, seguida de

hospitalização da criança, gera efeitos psíquicos indesejáveis tanto nos pacientes quanto na

dinâmica familiar (KARTZ, S, 2002.; KNAFL, K.A.; DEATRICK, J.A, 2006 ).

25

Capítulo II

Transtorno do Espectro do Autismo – TEA

O termo “autismo”, cunhado por Bleuler para caracterizar os sintomas e a alienação

social de indivíduos que sofriam de esquizofrenia, foi utilizado por Kanner (1943) e Asperger

apud Frith (1991) em 1944, de modo independente e quase simultâneo, para descrever

crianças com problemas no desenvolvimento e com um singular, e profundo, déficit nos

relacionamentos interpessoais (RAPIN, I.; TUCHMAN, R, 2009).

Em 1943, Kanner fez uma descrição sobre seus pacientes e enfatizou o isolamento

social. Analisou a tendência daquelas crianças para atividades repetitivas, comportamento

sintomático, preservação da ordem de objetos e de rotinas, falhas em assumir postura

antecipatória para ser carregado, inabilidade para usar a linguagem para a comunicação,

ecolalia retardada e concretude de expressões, reação de horror diante de barulhos com

volume alto e aspecto físico essencialmente normal. Segundo afirmava, estas crianças eram

inteligentes, possuíam uma excepcional capacidade de memorização, mas apresentavam uma

incapacidade inata para estabelecer contatos afetivos e sua linguagem, quando presente, era

ecolálica, irrelevante e sem sentido, jamais utilizada para comunicação

Quando Kanner definiu o Autismo como uma patologia que se estruturava nos dois

primeiros anos de vida, aflorava na psicanálise um interesse crescente pela relação mamãe e

bebê e pela clínica da primeira infância. Alguns psicanalistas recém chegados da Europa, mais

voltados para o estudo do desenvolvimento do psiquismo infantil, como Margareth Mahler,

compartilharam com Kanner as experiências referentes à clínica da primeira infância. Para

estes psicanalistas, o autismo passou a significar um novo campo de pesquisa sobre o

psiquismo humano e os primórdios de sua constituição. Como foi a histeria para Freud e as

psicoses para kleinianos e lacanianos, o autismo é um objeto de estudo privilegiado pelos

psicanalistas contemporâneos (CAVALCANTI, A.E.; ROCHA, P.S, 2007).

Para alguns autores, sobretudo os mais influenciados pela teoria Kleiniana, o autismo é

uma defesa ante um encontro prematuro e traumático com o mundo externo que leva a criança

a um retraimento profundo, comprometendo de forma avassaladora todo o processo de

constituição da vida psíquica (TUSTIN, F.; VIDAL, E, 1995). Deste ponto de vista, o autismo

26

é definido como uma patologia precoce associada à especificidade na organização psíquica,

marcada pelas ausências de linguagem e de relações objetais. Nessa direção, o autismo

diferencia-se das psicoses infantis por se tratar a uma organização psíquica mais arcaica do

ponto de vista do desenvolvimento do psiquismo. Já para autores de inspiração lacaniana

(LAZNIK-PENOT, M.C, 1985.; KUPFER, M.C, 2001.; JERUSALINSKY, A, 1988) há certo

consenso em torno da ideia de que, no autismo, há uma falência da operação significante,

mediante a impossibilidade do Outro materno em supor e antecipar um sujeito,

impossibilitando a constituição das relações especulares e do circuito pulsional. E prosseguem

afirmando que entre o autismo e a psicose não há nenhuma identidade de estrutura. Assim, de

acordo KUPFER (1999. p.106), “o autista está fora do campo da linguagem, enquanto o

psicótico está na linguagem, mas fora do discurso”.

Do ponto de vista médico, é possível traçar o percurso sobre a conceituação do

Autismo, como se segue.

Em 1989, a sistematização do conjunto de sinais e sintomas feitos pela Associação

Americana de Psiquiatria (APA) na revisão da terceira edição do Manual de Classificação e

Estatística de Doenças Mentais (DSM III), propôs a identificação do Autismo como um grave

distúrbio do desenvolvimento, que compromete diferentes áreas do comportamento de forma

difusa e em caráter permanente (PERISSINOTO, J, 2003).

Na sequência, DSM IV (1995), DSM IV - TR (2002) e a 10ª edição da Classificação

Internacional das Doenças Mentais (CID 10, 1993) caracterizam o Autismo como distúrbio de

comportamento. A tradução para o português da DSM IV (2002) inclui o Autismo nos

Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) (PERISSINOTO, J, 2003).

A versão atual (DSM-V, 2013) utiliza o termo Transtorno do Espectro do Autismo

(TEA)2, sobre o qual serão feitas algumas considerações iniciais.

O conceito de TEA tem sido proposto como sinônimo e/ou alternativa a noção de

transtorno invasivo do desenvolvimento (TID), e abrange uma gama de distúrbios

neurodesenvolvimentais, manifestos em três grandes áreas: dificuldades de interação social,

2 A propósito: destaca-se que Lorna Wing (1981) analisou as descrições de comportamento feitas por Asperger

em 1944 e encontrou semelhanças com aquelas feitas por Kanner em 1943; criando o termo Síndrome de

Asperger. Na sequência, considerou a possibilidade de compreensão de ambas as descrições como um conjunto

de elementos variáveis em grau e propôs a expressão Espectrum ou Continuum de desordens autísticas.

27

dificuldades de comunicação verbal e não-verbal e padrões restritos e repetitivos de

comportamento (WETHERBY, A.; PRIZANT, B.; SCHUELER, A.L, 2001.; LORD, C.;

RISI, 2001).

Assim, a noção de TEA permite que cada sujeito seja considerado em termos de sua

posição num quadro clínico amplo em que as diversas áreas do desenvolvimento se articulam.

Para essa visualização, propõe-se um gráfico em que um dos eixos refere-se aos interesses e

aos relacionamentos sociais e o outro à comunicação verbal. Por exemplo, uma criança autista

típica estaria em algum ponto determinado por graves prejuízos em ambos os eixos, enquanto

uma criança com síndrome de Asperger estaria em algum ponto determinado por um grave

prejuízo no eixo referente aos interesses e aos relacionamentos sociais, mas com

desenvolvimento relativamente adequado quanto à comunicação verbal (FERNANDES,

F.D.M, 2009).

Retomando a DSM V: de acordo com esse documento, para ser diagnosticado com

TEA, o indivíduo deve ter apresentado sintomas desde a infância precoce e os parâmetros

diagnósticos essenciais são relativos a dois aspectos: comunicação social e comportamentos

fixos ou repetitivos. Contudo, o documento ressalta as dificuldades em diferenciar os déficits

de comunicação e os sociais, uma vez ambos se sobrepõem de forma significativa. Isto é,

como a comunicação é utilizada para fins sociais; os déficits comunicativos podem afetar

drasticamente o desempenho social.

Para finalizar aponta-se que, os dados epidemiológicos internacionais indicam uma

maior incidência de TEA no sexo masculino, com uma proporção de cerca de 4,2 nascimentos

para cada um do sexo feminino (FOMBONNE, E, 2009.; RICE C, 2007). A prevalência é

estimada em um em cada 88 nascimentos (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND

PREVENTI ON, 2012), confirmando a afirmação de que o autismo tem se tornado um dos

transtornos do desenvolvimento mais comuns (FOMBONNE, E, 2009.; NEWSCHAFFER,

C.J et al., 2007).

No Brasil, os estudos epidemiológicos são escassos. No Primeiro Encontro Brasileiro

para Pesquisa em Autismo (EBPA - http://www6.ufrgs.br/ebpa2010/), pesquisador

(FOMBONNE E, 2010) estimou uma prevalência de aproximadamente 500 mil pessoas com

autismo em âmbito nacional, baseando-se no Censo de 2000. Dentre os poucos estudos

realizados, há um piloto (PAULA, C.S.; RIBEIRO, S.H.; FOMBONNE, E.; MERCADANTE,

28

M.T, 2011) realizado em uma cidade brasileira, que apontou uma prevalência de

aproximadamente 0,3% de pessoas com transtornos globais do desenvolvimento. De acordo

com os próprios autores, dada a pouca abrangência da pesquisa, não existem ainda estimativas

de prevalência confiáveis em nosso país.

O aumento de casos de TEA nas últimas décadas se deve a mudanças nos critérios

diagnósticos e ao maior conhecimento, além do maior número de pesquisas da comunidade

médica sobre essa patologia. Esta afirmação nos leva a considerar a possibilidade de que há

vários casos de TEA em jovens e adultos sem a devida investigação (IRARRÁZAVAL, M.E.;

BROKERING, W.; MURILLO, G.A, 2005).

De modo geral, o número de pessoas diagnosticadas mundialmente com TEA é

crescente, o que não indica, necessariamente, o aumento da sua prevalência. Esse fato pode

ser explicado pela expansão dos critérios diagnósticos, pelo incremento dos serviços de saúde

relacionados ao transtorno e pela mudança na idade do diagnóstico, dentre outros fatores

(FOMBONNE, E, 2009).

Conforme os critérios diagnósticos do DSM- V (APA, 2013), as primeiras

manifestações do TEA devem aparecer antes dos 36 meses de idade. Todavia, dados

empíricos demonstram que a maioria das crianças apresenta problemas no desenvolvimento

entre os 12 e 24 meses (CHAKRABARTI, S, 2009.; CHAWARSKA, K et al., 2007;

NOTERDAEME, M.; HUTZELMEYER-NICKELS, A, 2010), sendo que alguns desvios

qualitativos no desenvolvimento aparecem antes mesmo dos 12 meses (MAESTRO, S et al.,

2002.; ZWAIGENBAUM, L et al., 2005).

29

MÉTODO

1. Natureza da pesquisa e critérios éticos

Trata-se de uma pesquisa quantitativa-descritiva. Este projeto foi aprovado pelo comitê de

ética de pesquisa da PUCSP (Parecer nº 446.233) (Anexo 1). Todos os responsáveis

selecionados (pais de crianças com diagnóstico de TEA) para responder o questionário,

assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido autorizando com utilização dos dados

para a realização da pesquisa (Anexo 2).

2. Casuística

Participaram desta pesquisa 32 sujeitos diagnosticados com TEA, de ambos os gêneros,

sendo a maioria meninos (78,1%; n=25). A média de idade foi de 52,6 meses (4 anos e 2

meses) (dp=10,0), mediana de 51,5, variando entre 28 e 70 meses de idade.

Dentre os 32 participantes, três apresentaram patologias associadas ao TEA: Síndrome de

West, Síndrome de Down e Retardo Mental (RM).

Critérios de seleção dos sujeitos

Foram selecionados 32 sujeitos de ambos os gêneros, com idade inferior ou igual a 68

meses (5 anos e 8 meses). Destes, 20 foram submetidos à avaliação fonoaudiológica no

Instituto de Psiquiatria (Ipq) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo e 12

sujeitos foram avaliados em consultório particular, que seguem as mesmas condutas de

avaliação do ambulatório de diagnóstico de TEA do Ipq. Todos os sujeitos da pesquisa

possuem diagnostico médico de TEA, de acordo com a DSM IV.

30

Local do estudo:

A coleta da maioria dos dados foi realizada no Ambulatório Infantil do Instituto de

Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

– IPq HCFMUSP.

A instituição exerce atividades de prevenção, tratamento e reabilitação dos transtornos

neuropsiquiátricos. É referência na área de ensino, pesquisa e atendimento geral – Infância e

adolescência, adulto e idoso.

Parte minoritária dos dados foi coletada em consultório particular.

3. Procedimento

3.1 Coleta de dados no IPQ/FMUSP

No Ipq a coleta de dados foi realizada na sala de espera do ambulatório. Quando o

paciente comparecia ao atendimento agendado, sempre em uma sexta-feira no período

matutino, os pais eram abordados pela pesquisadora e convidados e responder o questionário.

Antes do procedimento, era apresentada breve síntese do tema e objetivo do estudo, seguida

da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Todos os pais abordados

aceitaram participar da pesquisa.

A coleta de dados foi realizada por meio da aplicação de questionário (Anexo 3),

elaborado pela pesquisadora, direcionado aos pais de cada criança encaminhada para

avaliação fonoaudiológica no IPq. Após a conclusão da aplicação deste questionário, foi

realizada a coleta dos dados da avaliação fonoaudiológica no prontuário online (DADOSP) de

cada sujeito.

O questionário é composto pelos seguintes aspectos: gênero, idade, diagnóstico

médico, histórico de hospitalização (idade, número, duração, causas e presença/ausência de

cirurgias). As causas foram categorizadas como: doenças infecciosas e parasitárias,

neoplasias, transtornos mentais e comportamentais, doenças do aparelho respiratório, doenças

do aparelho digestivo, doenças do aparelho geniturinário, causas externas e demais causas

(conforme CID 10).

31

A avaliação fonoaudiológica contida nos prontuários eletrônicos (DADOSP) foi

realizada considerando os seguintes aspectos: aquisição de linguagem oral (verbal/não-

verbal), aspectos funcionais da comunicação, imitação e compreensão verbal, seguindo

avaliação do perfil Pragmático do ABFW – Teste de Linguagem Infantil nas áreas de

Fonologia, Vocabulário, Fluência e Pragmática (ANDRADE, C.R.F, et al., 2011) e avaliação

da Maturidade simbólica (BEFI-LOPES, D.M.; TAKIUCHI, N.; ARAÚJO, K, 2000) (anexos

4 e 5 respectivamente).

Na análise do perfil pragmático foram analisados os dados das funções

comunicativas, a saber: pedido de objeto (PO): atos ou emissões usados para solicitar um

objeto concreto desejável; pedido de ação (PA): atos ou emissões usados para solicitar ao

outro que execute uma ação, incluindo pedidos de ajuda e ações que envolvem outra pessoa

ou outra pessoa e um objeto; pedido de rotina social (PS): atos ou emissões usados para

solicitar ao outro que inicie ou continue com um jogo de interação social; pedido de

consentimento (PC): atos ou emissões usados para pedir o consentimento do outro para a

realização de uma ação; pedido de informação (PI): atos ou emissões usados para solicitar

informações sobre um objeto ou evento; protesto (PR): atos ou emissões usados para

interromper uma ação indesejada; reconhecimento do outro (RO): atos ou emissões usados

para obter a atenção do outro e para indicar o reconhecimento de sua presença; exibição (E):

atos usados para atrair a atenção para si; comentário (C): atos ou emissões usados para dirigir

a atenção do outro para um objeto ou evento; auto - regulatório (AR): emissões usadas para

controlar verbalmente sua própria ação; nomeação (N): atos ou emissões usados para

focalizar sua própria atenção em um objeto ou evento por meio da identificação de referente;

performativo (PE); atos ou emissões usados em esquemas de ação familiares aplicados a

objetos; exclamativo (EX): atos ou emissões que expressem reação emocional a um evento

ou situação; reativos (RE): emissões produzidas enquanto a pessoa examina ou interage com

um objeto ou com parte do corpo; não focalizada (NF): emissões produzidas, embora o

sujeito não esteja focalizando sua atenção em nenhum objeto ou pessoa; jogo (J): atos

envolvendo atividade organizada, mas autocentrada; exploratória (XP): atos envolvendo

atividades de investigação de um objeto particular ou de uma parte do corpo ou da vestimenta

do outro; narrativa (NA): emissões destinadas a relatar fatos reais ou imaginários, e pode

haver ou não atenção por parte do ouvinte; expressão de protesto (EP): choro, manha, birra

ou outra manifestação de protesto não necessariamente dirigida a objeto, evento, pessoa; jogo

compartilhado (JC): atividade organizada e compartilhada entre adulto e criança.

32

No consultório particular, todos os dados coletados são referentes a crianças

encaminhadas para terapia fonoaudiológica, que possuíam diagnóstico de TEA. A conduta

ética para os responsáveis foi a mesma descrita para os pacientes do IPq e as avaliações

também seguiram mesmo padrão.

4. Análise estatística

Foi realizada a análise descritiva dos dados por meio de freqüências absolutas e

relativas, medidas de tendência central (média e mediana) e dispersão (desvio-padrão, mínimo

e máximo).

Para a comparação entre os grupos (presença/ ausência de hospitalização) de crianças

diagnosticadas com TEA em relação às variáveis independentes, foi aplicado o teste de

associação pelo Qui-quadrado. As variáveis cujos valores esperados foram menores ou iguais

a cinco, aplicou-se o teste Exato de Fisher. Assumiu-se um nível descritivo de 5% para a

significância estatística.

Os dados foram tabulados em Excel e analisados pelo programa SPSS versão 7.0 para

Windows.

33

RESULTADOS

Foram investigados 32 sujeitos, sendo a maioria do gênero masculino (78,1%; n=25).

A média de idade foi de 52,6 meses (dp=10,0), mediana de 51,5, variando entre 28 e 70 meses

de idade.

Na Tabela 1 observamos que a freqüência de hospitalizações foi maior nas crianças do

gênero masculino e nas crianças com idade ≥ 4,5 anos.

Tabela 1 – Caracterização dos sujeitos segundo gênero e idade versus subgrupos

hospitalizados e não hospitalizados.

Variável categoria Hospitalização

Sim Não p

n (%) n (%)

Gênero§ masculino 10 (71,4) 15 (83,3) 0,669

feminino 4 (28,6) 3 (16,7)

Idade (anos) até 4,5 6 (42,9) 11 (61,1) 0,305

≥ 4,5 8 (57,1) 7 (38,9)

Total 14 (100,0) 18 (100,0)

Na Tabela 2 verificamos a aquisição da linguagem oral em função de ocorrência de

hospitalizações e frequência. Não se observa diferença estatisticamente significativa entre os

sujeitos verbais e não verbais.

Das crianças hospitalizadas, a média de dias foi de 10,2 (dp=7,0), mediana de 10,7 ,

variando entre 1 e 38 dias. A somatória total de dias de hospitalização foi de 143.

34

Tabela 2 - Relação entre hospitalização, freqüência e aquisição da linguagem oral

(verbal e não verbal).

Variável Categoria Linguagem

Verbal Não verbal P

n (%) n (%)

Hospitalizados Não 11 (61,1) 7 (38,9) 0,854

Sim 9 (64,3) 5 (35,7)

Frequência de

hospitalização

Nenhuma 11 (61,1) 7 (38,9) 0,770

1 vez 7 (70,0) 3 (30,0)

2 ou 3 vezes 2 (50,0) 2 (50,0)

Ao analisar a Tabela 3, podemos verificar que a principal causa de hospitalização foi

problemas respiratórios. Segue-se a realização de cirurgias e, em idênticas proporções:

alteração geniturinária, cardiopatia e otite. As hospitalizações tenderam categoria particular.

Tabela 3 - Descrição quanto ao local das hospitalizações e causas.

Variável Categoria n (%)

Local da

Hospitalização

SUS 6 (42,9)

Particular 8 (57,1)

Causa da

Hospitalização

Respiratória 9 (64,4%)

Cirurgias (Hérnia e

Lobectomia)

2 (14,3%)

Geniturinária 1 (7,1%)

Cardiopatia 1 (7,1%)

Otites 1 (7,1%)

Total 14 (100,0)

35

Não se observou diferença estatisticamente significativa entre a ocorrência de

hospitalização e a aquisição da linguagem oral (p=0,844) (Tabela 4).

Tabela 4 – Relações entre idade da hospitalização e aquisição da linguagem (verbais e

não verbais).

Variável Categoria Linguagem

Idade da 1ª

hospitalização

Não

hospitalizado

Verbal

n %

Não verbal

n %

P

11 (61,1) 7 (38,9)

0,844

Até 1 ano 4 (57,1) 3 (42,9)

>1 ano

5 (71,4) 2 (28,6)

§ teste Exato de Fisher

Na Tabela 5 os resultados não apontaram significância estatística entre a presença/

ausência das habilidades comunicativas nos sujeitos hospitalizados e não hospitalizados. No

entanto, na análise descritiva de frequência é possível observar que no grupo de sujeitos não

hospitalizados as variáveis interação com objeto e com o outro, meios comunicativos verbais

e gestuais foram mais frequentes quando comparados ao grupo de sujeitos que foram

hospitalizados.

Tabela 5 – Análise da associação entre presença ou ausência de hospitalizações e

ocorrência das habilidades comunicativas.

Variável Presentes

Sim/não

Hospitalização

Sim Não P

n (%) n (%)

Inicia interação não 9 (64,3) 9 (50,0) 0,419

36

com

objeto ou o outro sim 5 (35,7) 9 (50,0)

Meios

comunicativos

não 5 (35,7) 7 (38,9) 0,854

Verbais sim 9 (64,3) 11 (61,1)

Meios

comunicativos

não 1 (7,1) 5 (27,8) 0,196

vocais§ sim 13 (92,9) 13 (72,2)

Meios

comunicativos

não 5 (35,7) 4 (22,2) 0,453

gestuais§ sim 9 (64,3) 14 (77,8)

Total 14 (100,0) 18 (100,0)

§ teste Exato de Fisher

Ao observarmos os dados da tabela 6, podemos notar que apesar de não haver

diferença estatisticamente significativa, todas as funções foram mais frequentes no grupo das

crianças não hospitalizadas, se comparadas ao de crianças hospitalizadas.

A função pedido de objeto, por exemplo, foi mais utilizada pelas crianças não

hospitalizadas (66,7%) do que pelas crianças hospitalizadas (50%). O mesmo aconteceu com

as funções protesto e exibição. Na última, verificamos todas as crianças que foram

hospitalizadas não fizeram uso dessa função ( p=0,05).

Tabela 6 – Caracterização do funcionamento da linguagem entre os grupos hospitalizados e não

hospitalizados (parte 1).

Variável Categoria Hospitalização

Sim Não P

N (%) n (%)

37

Pedido de objeto não 7 (50,0) 6 (33,3) 0,341

sim 7 (50,0) 12 (66,7)

Pedido de ação não 6 (42,9) 9 (50,0) 0,688

sim 8 (57,1) 9 (50,0)

Pedido de rotina não 13 (92,9) 15 (83,3) 0,613

social§ sim 1 (7,1) 3 (16,7)

Pedido de não 14 (100,0) 16 (88,9) 0,492

consentimento§ sim 0 (0,0) 2 (11,1)

Pedido de não 13 (92,9) 14 (77,8) 0,355

informações§ sim 1 (7,1) 4 (22,2)

Protesto§ não 5 (35,7) 5 (27,8) 0,712

sim 9 (64,3) 13 (72,2)

Reconhecimento não 12 (85,7) 13 (72,2) 0,426

do outro§ sim 2 (14,3) 5 (27,8)

Exibição§ não 14 (100,0) 13 (72,2) 0,052

sim 0 (0,0) 5 (27,8)

Comentário§ não 11 (78,6) 14 (77,8) 1,000

sim 3 (21,4) 4 (22,2)

Auto-regulatório§ não 12 (85,7) 14 (77,8) 0,672

sim 2 (14,3) 4 (22,2)

Total 14 (100,0) 18 (100,0)

Nas funções apresentadas na Tabela 7, também verificamos que apesar de não haver

diferença estatisticamente significativa entre os sujeitos hospitalizados e não hospitalizados, é

possível notar que a maior parte delas foi mais utilizada pelas crianças não hospitalizadas, se

comparadas com as hospitalizadas. É o caso das funções nomeações, performativo,

exclamativo, reativos, jogo, exploratório, expressão de protesto e jogo compartilhado. É

38

interessante salientar que as funções em que esse padrão não foi observado foram: não

focalizada e narrativa. Destaca-se que nas crianças não hospitalizadas a função exploratório

foi mais frequente do que nas crianças hospitalizadas, com p=0,062 (Tabela 7).

Tabela 7 – Caracterização do funcionamento da linguagem entre os grupos hospitalizados e não

hospitalizados (parte 2).

Variável Categoria Hospitalização

Sim Não p

n (%) n (%)

Nomeações Não 8 (57,1) 9 (50,0) 0,688

Sim 6 (42,9) 9 (50,0)

Performativo Não 8 (57,1) 7 (38,9) 0,305

Sim 6 (42,9) 11 (61,1)

Exclamativo§ Não 11 (78,6) 12 (66,7) 0,694

Sim 3 (21,4) 6 (33,3)

Reativos§ Não 5 (35,7) 2 (11,1) 0,195

Sim 9 (64,3) 16 (88,9)

Não-focalizada§ Não 2 (14,3) 7 (38,9) 0,235

Sim 12 (85,7) 11 (61,1)

Jogo Não 9 (64,3) 8 (44,4) 0,265

Sim 5 (35,7) 10 (55,6)

Exploratório§ Não 7 (50,0) 3 (16,7) 0,062

Sim 7 (50,0) 15 (83,3)

Narrativa§ Não 13 (92,9) 17 (94,4) 1,000

Sim 1 (7,1) 1 (5,6)

Expressão de Não 8 (57,1) 9 (50,0) 0,688

protesto Sim 6 (42,9) 9 (50,0)

39

Jogo Não 11 (78,6) 12 (66,7) 0,694

compartilhado§ Sim 3 (21,4) 6 (33,3)

Total 14 (100,0) 18 (100,0)

Na Tabela 8 podemos observar que não há diferença estatisticamente significativa

entre as variáveis nos dois grupos, tanto para imitações gestuais quanto sonoras. No entanto,

verificamos maior frequência dos diferentes tipos de imitação no grupo de crianças não

hospitalizadas.

Tabela 8 – Descrição da função Imitação entre os grupos hospitalizados e não

hospitalizados.

Variável Categoria Hospitalização

Sim Não p

n (%) n (%)

Reage às não 13 (72,2) 7 (50,0) 0,198

solicitações gestuais sim 5 (27,8) 7 (50,0)

Imitação de gestos/ não 6 (42,9) 5 (27,8) 0,465

movimentos visíveis sim 8 (57,1) 13 (72,2)

no próprio corpo§

Imitação de gestos/ não 13 (92,9) 14 (77,8) 0,355

movimentos não visíveis sim 1 (7,1) 4 (22,2)

no próprio corpo§

Reage às não 5 (35,7) 11 (61,1) 0,154

solicitações sonoras sim 9 (64,3) 7 (38,9)

Imitação de sílabas§ não 10 (71,4) 13 (72,2) 1,000

sim 4 (28,6) 5 (27,8)

40

Imitação de não 9 (64,3) 11 (61,1) 0,854

Onomatopéia sim 5 (35,7) 7 (38,9)

Imitação de não 11 (78,6) 11 (61,1) 0,446

palavras§ sim 3 (21,4) 7 (38,9)

Imitação de não 12 (85,7) 14 (77,8) 0,672

frases§ sim 2 (14,3) 4 (22,2)

Total 14 (100,0) 18 (100,0)

§ teste Exato de Fisher

Na Tabela 9 podemos observar que não houve diferença para o desempenho da

compreensão entre os dois grupos. Mas podemos descrever diferença sutil de melhor

desempenho das crianças não hospitalizadas em relação as hospitalizadas para o item atende

quando é chamado.

Tabela 9 – Descrição da função compreensão entre os grupos hospitalizados e não

hospitalizados.

Variável Categoria Hospitalização

Sim não P

N (%) n (%)

Compreensão verbal§ Não 12 (85,7) 15 (83,3) 1,000

Sim 2 (14,3) 3 (16,7)

Responde não sistematicamente Não 4 (28,6) 7 (38,9) 0,712

a uma solicitação, comentário Sim 10 (71,4) 11 (61,1)

ou quando é chamado §

Atende quando é chamado não 12 (85,7) 12 (66,7) 0,412

sim 2 (14,3) 6 (33,3)

41

Compreende ordens situacionais Não 11 (78,6) 12 (66,7) 0,694

com uma ação acompanhada de Sim 3 (21,4) 6 (33,3)

gestos§

Total 14 (100,0) 18 (100,0)

§ teste Exato de Fisher

Na Tabela 10 observa-se que a maioria dos sujeitos hospitalizados tiveram como causa

as alterações respiratórias e pneumonia. Os episódios de hospitalização foram mais frequentes

em crianças com idade ≥ 4,5 anos. Dos 14 sujeitos hospitalizados, 9 utilizam linguagem

verbal. Quanto ao uso dos meios comunicativos verbais, vocais e gestuais, estes foram mais

frequentes nos sujeitos hospitalizados por alterações respiratórias e pneumonias.

Tabela 10 – Caracterização dos sujeitos segundo causa da hospitalização versus gênero,

idade, linguagem (verbal ou não verbal), interação com objeto e com o outro e meios

comunicativos (verbais, vocais ou gestuais).

Variável Causas de Hospitalização

Alterações Pneumonia Infecção Hérnia Cardiopatia Lobotomia

Respiratórias

n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)

Gênero

Masculino 3 (50,0) 3 (100,0) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 0 (0,0)

Feminino 3 (50,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (100,0)

Idade (anos)

até 4,5 3 (50,0) 2 (66,7) 0 (0,0) 1 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

42

≥ 4,5 3 (50,0) 1 (33,3) 2 (100,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Linguagem

Não verbal 2 (33,3) 0 (0,0) 1 (50,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Verbal 4 (66,7) 3 (100,0) 1 (50,0) 1 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Inicia interação com objeto ou

o outro

Não 3 (50,0) 2 (66,7) 2 (100,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 3 (50,0) 1 (33,3) 0 (0,0) 1 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Meios comunicativos verbais

Não 2 (33,3) 0 (0,0) 1 (50,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 4 (66,7) 3 (100,0) 1 (50,0) 1 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Meios comunicativos vocais

Não 0 (0,0) 1 (33,3) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Sim 6 (100,0) 2 (66,7) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Meios comunicativos gestuais

Não 1 (16,7) 2 (66,7) 1 (50,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (100,0)

Sim 5 (83,3) 1 (33,3) 1 (50,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 0 (0,0)

Total 6 (100,0) 3 (100,0) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Na tabela 11 é possível observar que, independente da causa de hospitalização,

algumas das principais funções de linguagem não foram utilizadas pelos sujeitos

43

hospitalizados, como o pedido de consentimento, pedido de informação, reconhecimento do

outro, exibição e comentário.

Tabela 11 – Caracterização dos sujeitos segundo causas de hospitalização versus funções

de linguagem.

Variável Causas de hospitalização

Alterações Pneumonia Infecção Hérnia Cardiopatia Lobotomia

respiratórias

n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)

pedido de objeto

Não 3 (50,0) 1 (33,3) 2 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (100,0)

Sim 3 (50,0) 2 (66,7) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 0 (0,0)

pedido de ação

Não 2 (33,3) 1 (33,3) 2 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (100,0)

Sim 4 (66,7) 2 (66,7) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 0 (0,0)

pedido de rotina social

Não 6 (100,0) 3 (100,0) 2 (100,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

pedido de consentimento

Não 6 (100,0) 3 (100,0) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

pedido de informações

Não 6 (100,0) 2 (66,7) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 0 (0,0) 1 (33,3) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

protesto

Não 1 (16,7) 2 (66,7) 2 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Sim 5 (83,3) 1 (33,3) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

reconhecimento do outro

44

Não 5 (83,3) 3 (100,0) 2 (100,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 1 (16,7) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Exibição

Não 6 (100,0) 3 (100,0) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

comentário

Não 5 (83,3) 1 (33,3) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 1 (16,7) 2 (66,7) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

auto-regulatório

Não 6 (100,0) 2 (66,7) 2 (100,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 0 (0,0) 1 (33,3) 0 (0,0) 1 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Total 6 (100,0) 3 (100,0) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Na Tabela 12 ocorre o mesmo fenômeno descrito na Tabela 11. Nesta, as funções de

linguagem mais bem elaboradas não foram observadas com freqüência significativa nos

sujeitos hospitalizados, enquanto que funções não tão bem elaboradas, como a reativa e não-

focalizadas foram frequentes neste grupo.

Tabela 12 – Caracterização dos sujeitos segundo causas de hospitalização versus funções

de linguagem.

Variável Causas de hospitalização

Alterações Pneumonia Infecção Hérnia Cardiopatia Lobotomia

Respiratórias

n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)

Nomeações

45

Não 3 (50,0) 0 (0,0) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 3 (50,0) 3 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Performativo

Não 3 (50,0) 0 (0,0) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 3 (50,0) 3 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Exclamativo

Não 5 (83,3) 2 (66,7) 2 (100,0) 1 (100,0) 0 (0,0) 1 (100,0)

Sim 1 (16,7) 1 (33,3) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 0 (0,0)

Reativos

Não 1 (16,7) 3 (100,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Sim 5 (83,3) 0 (0,0) 2 (100,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Não-focalizada

Não 1 (16,7) 1 (33,3) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Sim 5 (83,3) 2 (66,7) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Jogo

Não 5 (83,3) 2 (66,7) 1 (50,0) 1 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Sim 1 (16,7) 1 (33,3) 1 (50,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Exploratório

Não 3 (50,0) 1 (33,3) 1 (50,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 3 (50,0) 2 (66,7) 1 (50,0) 1 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Narrativa

Não 5 (83,3) 3 (100,0) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 1 (16,7) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Expressão de protesto

Não 3 (50,0) 3 (100,0) 2 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Sim 3 (50,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Jogo compartilhado

46

Não 6 (100,0) 0 (0,0) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 0 (0,0) 3 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Total 6 (100,0) 3 (100,0) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Na Tabela 13 é possível observar que nos sujeitos hospitalizados, principalmente por

alterações respiratórias e pneumonias, as funções imitação de gestos não visíveis no próprio

corpo, imitação silábica, imitação de onomatopéias, imitação de sílabas e imitação de frases

apresentaram-se prejudicadas. Os itens compreensão verbal, atende quando é chamado e

compreender ordens situacionais com uma ação acompanhada de gestos também estão

prejudicados neste grupo de sujeitos hospitalizados.

Tabela 13 – Caracterização dos sujeitos segundo causa da hospitalização versus

Maturidade simbólica.

Variável Causas de hospitalização

Alterações Pneumonia Infecção Hérnia Cardiopatia Lobotomia

respiratórias

n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)

Reage às solicitações gestuais

Não 3 (50,0) 3 (100,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Sim 3 (50,0) 0 (0,0) 2 (100,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Imitação de gestos/movimentos visíveis no

próprio corpo

Não 3 (50,0) 0 (0,0) 2 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (100,0)

Sim 3 (50,0) 3 (100,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 0 (0,0)

Imitação de gestos/ movimentos não visíveis

no próprio corpo

Não 6 (100,0) 2 (66,7) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

47

Sim 0 (0,0) 1 (33,3) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Reage às solicitações sonoras

Não 1 (16,7) 2 (66,7) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 0 (0,0)

Sim 5 (83,3) 1 (33,3) 2 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (100,0)

Imitação de sílabas

Não 5 (83,3) 1 (33,3) 2 (100,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 1 (16,7) 2 (66,7) 0 (0,0) 1 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Imitação de onomatopéia

Não 4 (66,7) 1 (33,3) 2 (100,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 2 (33,3) 2 (66,7) 0 (0,0) 1 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Imitação de palavras

Não 5 (83,3) 1 (33,3) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 1 (16,7) 2 (66,7) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Imitação de frases

Não 6 (100,0) 1 (33,3) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 0 (0,0) 2 (66,7) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Compreensão verbal

Não 6 (100,0) 3 (100,0) 2 (100,0) 1 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Sim 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Responde não sistematicamente a uma solicitação,

comentário ou quando é chamado

Não 0 (0,0) 2 (66,7) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 6 (100,0) 1 (33,3) 2 (100,0) 1 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Atende quando é chamado

Não 6 (100,0) 1 (33,3) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 0 (0,0) 2 (66,7) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Compreende ordens situacionais com uma ação

acompanhada de gestos

48

Não 6 (100,0) 1 (33,3) 1 (50,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

Sim 0 (0,0) 2 (66,7) 1 (50,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)

Total 6 (100,0) 3 (100,0) 2 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0) 1 (100,0)

49

DISCUSSÃO

A hipótese de que a ocorrência de hospitalizações nos primeiros anos de vida pudesse

interferir no desenvolvimento das habilidades comunicativas das crianças com TEA foi

descartada, considerando-se que os resultados não apontaram diferenças estatisticamente

significativas entre crianças hospitalizadas e não hospitalizadas.

Estes resultados diferem dos dados encontrados na literatura, que apontam que as

hospitalizações precoces são índice de risco para o desenvolvimento infantil, incluindo

habilidades comunicativas, além de cognitivas e afetivas.

Pesquisas mostram que as hospitalizações geram riscos bio-psíquicos para as crianças,

os quais estão associados a diversos sintomas manifestos (atuais e/ou subseqüentes)

(BARROS, L, 1998.; ALCÂNTARA, E.B, 2007/2008.; PEDROSA, A.M et al, 2007). A

freqüência significativa de co-ocorrências entre hospitalizações precoces e problemas de

linguagem subseqüentes tem sido observada no cotidiano da clínica fonoaudiológica. Essa

constatação justificou, inclusive, a realização de estudos exploratórios sobre o tema

(ABADIL, V, 2004.; BIRKMAN, M.; CUNHA, M.C, 2006), que partem do pressuposto da

importância decisiva de condições interacionais favoráveis ao desenvolvimento da linguagem,

particularmente nos primeiros anos de vida da criança (PALLADINO, R.R.R, 2004); as quais

são perturbadas (em menor ou maior grau) nos processos de hospitalização.

O adoecer acarreta na criança uma série de sensações corporais, e, quando necessita

ser hospitalizada, suas reações diante dessa nova experiência dependerão de vários fatores

como: separação total ou parcial de familiares significativos; idade no período da

hospitalização; condição física e tipo de cuidado imediato; qualidade do relacionamento com

familiares significativos antes e durante a hospitalização; duração do período de

hospitalização; experiências anteriores de hospitalização; quantidade e tipo de informações de

que a criança dispõe; qualidade e tipo de apoio que recebe dos familiares significativos e da

equipe de saúde durante a hospitalização; atenção às suas necessidades de forma particular.

Cada criança possui necessidades diferenciadas de afeto e de sensibilidade à separação e à dor

(SCHIMITZ, E.M.R, 2000). A criança quando é hospitalizada por um longo período de tempo

pode ser vítima de um retardo no seu crescimento e desenvolvimento, apresentando, além

50

disso, reações que variam dependendo da faixa etária em que se encontra (NETTINA, M.S,

2003).

Sendo assim, para discutir os resultados desse estudo, é preciso levar em consideração

alguns aspectos: as peculiaridades e a diversidade que caracterizam os quadros incluídos nos

TEA.

Destaca-se que a análise descritiva revelou que algumas características da

comunicação e do funcionamento da linguagem oral das crianças não hospitalizadas foi

superior, comparativamente às que foram hospitalizadas.

Pesquisadores afirmam que o curso do desenvolvimento lingüístico e comunicativo no

TEA apresenta ampla variação, sendo que metade dos indivíduos não desenvolve linguagem

funcional e, por outro lado, 25% apresentam habilidades lingüísticas dentro da normalidade

(SMITH, V et al. 2007).

Outro estudo avaliou as habilidades narrativas de crianças com TEA e foi observado

que estas crianças são capazes de estruturar narrativas, contudo, estas apresentam menos

experiências pessoais do que as narrativas de crianças típicas (LOSH, M.; CAPPS, L, 2003).

Outra pesquisa analisou os aspectos funcionais da comunicação de 50 crianças com

TEA em situação de jogo com o fonoaudiólogo. Os adultos utilizaram mais o meio verbal,

enquanto que as crianças pesquisadas, o meio gestual. Tanto os adultos quanto as crianças

apresentaram valor de iniciativas comunicativas semelhantes, indicando que, quando o

parceiro comunicativo oferece espaço para que a criança se comunique, ela, por sua vez, faz

uso da oportunidade. Com relação às funções comunicativas, as crianças realizaram mais atos

não – focalizados e de jogo (FERNANDES, F.D.M, 2000). Esse dado corrobora com o que

foi observado nas funções comunicativas dos sujeitos hospitalizados, em que uma quantia

significativa de sujeitos hospitalizados apresentou mais atos não – focalizados e os meios

comunicativos mais frequentes foram verbais, vocais e gestuais, na mesma proporção.

As maiores dificuldades de linguagem oral enfrentadas por crianças com TEA estão

relacionadas aos aspectos pragmáticos e à estruturação de narrativas. Limitações de

compreensão sobre como as pessoas usam a linguagem para obter algo e na interpretação de

narrativas, impedem o sujeito autista de compreender, enunciar e manter uma conversação

51

(PERISSINOTO, J, 2003.; CARDOSO, C.; FERNANDES, F.D.M, 2004.; PERISSINOTO, J,

2003.; PHILOFSKY A.; FIDLER D.J.; HEPBURN S, 2007).

De acordo com a literatura, sujeitos com TEA que tenham interação com o outro e

utilizem meios comunicativos verbais e gestuais tem melhor funcionamento de linguagem do

que aqueles que não utilizam o meio verbal. Quando se comparam sujeitos com TEA verbais

e não-verbais, há evidências qualitativas e quantitativas quanto à comunicação, cognição e

inserção social (MIRANDA- LINNÉ, F.; MELIN, L, 1997.; TAMANAHA, A.C.;

PERISSIONOTO J.; CHIARI B.M et al. 2001), salientando-se que os sujeitos verbais com

TEA apresentam menor prejuízo que os não-verbais no uso funcional de objetos e do próprio

corpo e nas habilidades sociais (ARAÚJO, C.A, 1997).

Quanto a esses aspectos, os resultados revelaram que no grupo de sujeitos não

hospitalizados as variáveis: interação com objeto/ com o outro e a utilização de meios

comunicativos verbais e gestuais foram mais frequentes quando comparadas aos sujeitos

hospitalizados. Ao analisarmos o perfil comunicativo dos sujeitos estudados, verificamos que

as crianças não hospitalizadas utilizaram mais as funções comunicativas investigadas, do que

as crianças hospitalizadas.

Sabemos que o perfil comunicativo das crianças com TEA é bastante variado.

Algumas crianças não desenvolvem habilidades de comunicação, outras apresentam maior ou

menor prejuízo (GADIA, C.; TUCHMAN, R.; ROTTA, N.T, 2004).

Deve-se ressaltar que dos sujeitos com TEA avaliados, três apresentaram patologias

associadas, a saber: um com síndrome de West (submetida à cirurgia de lobectomia), um com

síndrome de Down e outro com retardo mental. Estes três sujeitos foram caracterizados como

não verbais. O primeiro utilizava-se apenas de meios comunicativos vocais e os outros dois,

respectivamente, utilizavam-se de meios comunicativos vocais e gestuais. Os três foram

submetidos a hospitalização: a primeira em decorrência da cirurgia, o segundo por ser

cardiopata e o terceiro devido a problemas respiratórios. Todos apresentaram alterações para

compreensão e funcionamento de linguagem restrito a funções menos elaboradas.

Nesse sentido, a literatura afirma que algumas funções são mais elaboradas do que

outras, caracterizando um melhor funcionamento da linguagem. É o caso, das funções:

„‟pedido de objeto‟‟, „‟pedido de ação‟‟, „‟pedido de rotina social‟‟, „‟pedido de

consentimento‟‟, „‟pedido de informação‟‟, „‟protesto‟‟, „‟reconhecimento do outro‟‟,

„‟comentário‟‟, „‟auto-regulatório‟‟ e „‟exibição‟‟. Pesquisas referem que com relação às

52

funções „‟auto-regulatória‟‟ e „‟pedido de consentimento‟‟, o seu não aparecimento pode estar

ligado ao fato de que essas funções representam uma atitude interativa que envolve

basicamente a possibilidade de autocontrole, pois implica o adiamento da satisfação do desejo

ou da necessidade (FERNANDES, F.D.M, 1997)

A primeira dessas funções atua como um vínculo entre realidade e brincadeira e

comunica ao interlocutor os pensamentos do falante. As funções de „‟pedido (de informação e

ação)‟‟ dirigem o comportamento da criança para a realização do que o adulto deseja e

mostram o caráter diretivo da comunicação (BERNARD-OPTIZ, V, 1982.; TJUS, T et al.,

2001).

O uso da função „‟exibição‟‟ pode ser considerado como um importante passo em

direção a um melhor prognóstico, uma vez que sabemos que crianças com TEA apresentam

dificuldade em mostrar objetos e compartilhar a atenção, habilidades implicitamente

necessárias para que a função „‟exibição‟‟ seja utilizada.

A atenção compartilhada tem sido considerada como um marcador precoce para a

identificação e a intervenção dos quadros de TEA, visto que é precursora para o

desenvolvimento de linguagem (MUNDY, P.; CROWSON, M, 1997.; SULLIVAN, M et al.

2007). Os comportamentos de atenção compartilhada podem ser classificados em sua

ocorrência por iniciativa da criança ou em resposta à ação do adulto, sendo que este último é o

mais frequente nesses quadros justamente devido às dificuldades que estes sujeitos possuem

no uso e compreensão da intenção comunicativa (WHALEN, C.; SCHREIBMAN, L, 2003.;

WING, l, 1981).

A função „‟exibição‟‟ é definida como atos usados para atrair a atenção para si.

Performance inicial para ser acidental e a criança pode repeti-la quando percebe que isso atrai

a atenção do outro (FERNANDES, F.D.M, 1997). Desta maneira, podemos inferir que para a

apresentação eficiente desta função é necessário o uso da atenção compartilhada. Nesse

sentido, os resultados aqui obtidos merecem atenção, uma vez verificado que dentre as

crianças que foram hospitalizadas nenhuma fez uso dessa importante função comunicativa.

Da mesma forma, encontramos na literatura referências à importância do jogo

compartilhado para o desenvolvimento da linguagem oral. Um estudo (TAMANAHA, A.C et

al., 2006) apontou a importância do estabelecimento de momentos de compartilhamento de

atenção em atividades lúdicas, já que o direcionamento, o incentivo e o modelo parecem ser

fundamentais como alicerces para adequação da aquisição e do desenvolvimento dos aspectos

relacionados ao processo de construção da linguagem nos sujeitos com TEA. Pesquisadores

53

relataram que, embora os indivíduos com TEA apresentem dificuldades em demonstrar a

capacidade imaginativa, o jogo funcional pode ser observado, ainda que de modo restrito

(TAMANAHA, A.C.; SCHEUER, C.I, 1995.; TAMANAHA, A.C, 2000.; SCHULER, A.C,

2003).

A propósito, verificou-se que as crianças não hospitalizadas utilizaram mais tais

funções do que as hospitalizadas.

Por sua vez, podemos considerar que funções como a „‟não focalizada‟‟, por exemplo,

são típicas do funcionamento menos elaborado de linguagem. Autores relataram tal função

corresponde aos atos ou emissões produzidos, embora o sujeito não esteja focalizando sua

atenção em nenhum objeto ou pessoa (RUTTER, M.; SCHOPLER, E, 1988.; FERNANDES,

F.D.M, 1997). Na amostra estudada, essa função apareceu mais no grupo das crianças

hospitalizadas.

Dificuldades em manter a atenção são características de crianças com TEA, já que tem

estreita relação com a capacidade de se relacionar socialmente (DELINICOLAS, E.K.;

YOUNG, R.L, 2007). Outros autores supõem, inclusive, que o uso estereotipado e rígido da

linguagem serve como regulador da interação (LOVELAND, K.A, 1998). Outro estudo

descreve a função "não-focalizada", juntamente com a função "exploratória" como típicas do

comportamento de crianças com TEA (WILLIAMS, E, 2003).

A função "exploratório" - um ato que envolve atividades de investigação de um objeto

particular ou de uma parte do corpo ou da vestimenta do outro – (FERNANDES, F.D.M,

1997) foi mais frequentes no grupo de crianças não hospitalizadas. Tal resultado pode sugerir

que, nas crianças hospitalizadas, o fato de terem sido privadas de contato social adequado

durante o período de hospitalização possa ter influenciado no desenvolvimento desta

habilidade.

Sabemos que para a realização dos variados tipos de imitação é necessária atenção

compartilhada, que em crianças com desenvolvimento típico, surge no final do primeiro ano

de vida e envolve o direcionamento da atenção ao outro, com a intenção de dividir uma

situação (CARPENTER, M.; NAGELL, K.; TOMASELLO, M, 1998). Quanto aos

comportamentos imitativos, as crianças não hospitalizadas apresentaram melhor desempenho

em relação às crianças hospitalizadas.

54

Estudos dos quadros de TEA apontam uma grande variedade de alterações

comportamentais em que a linguagem está profundamente relacionada às dinâmicas sociais e

aos comportamentos repetitivos. Nesses casos, as crianças apresentam severo prejuízo de

compreensão da linguagem verbal e não verbal (RUTTER, M, 1987). Nesta pesquisa, não

observamos diferenças significativas quanto à compreensão entre os dois grupos de sujeitos.

No entanto, o grupo de sujeitos não hospitalizados apresentou performance ligeiramente

superior que o grupo de crianças hospitalizadas.

Observa-se, finalmente, que como na literatura, os resultados apontaram para a maior

incidência de TEA nos sujeitos do gênero masculino. Os dados epidemiológicos

internacionais indicam uma proporção de cerca de 4,2 nascimentos do gênero masculino para

cada um do feminino (FOMBONNE, E, 2009.; RICE, C, 2007).

55

CONCLUSÃO

A ocorrência de hospitalizações nos sujeitos com TEA avaliados, não apontou

diferenças estatisticamente significantes quando comparados aos sujeitos com TEA não

hospitalizados, do ponto de vista da comunicação.

Faz- se necessário a realização de novas pesquisas, com estudos de casos e maior

número de sujeitos, a fim de explorar a questão do adoecer na criança e a privação afetiva

e/ou social provocada pela hospitalização nas fases iniciais de vida especificamente nos casos

de TEA.

Embora não tenhamos encontrados dados estatisticamente significativos na análise

estatística inferencial, na análise descritiva foi possível observar dados relevantes,

relacionados ao funcionamento da linguagem dos sujeitos não hospitalizados quanto aos

hospitalizados, uma vez que o desempenho nas funções mais elaboradas foram mais

frequentes nos últimos.

56

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69

Anexo 1

70

71

72

Anexo 2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Dados de identificação Título do Projeto: Relações entre Transtorno do Espectro do Autismo, problemas de comunicação e Hospitalização em crianças. Pesquisador Responsável: Maria Claudia Cunha (PUC/SP) e Helena Brentani (HCFMUSP) Pesquisadora executante: Ligia Tunes Ribas Instituição a que pertence o Pesquisador Responsável: HCFMUSP Telefones para contato: (11) 96078-1014 Nome do voluntário: __________________________________________________________ Idade: _____________ anos. R.G. __________________________ Responsável legal (quando for o caso): ___________________________________________ R.G. Responsável legal: _______________________________________________________

O Sr. (ª) está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa “Relações entre Transtorno do Espectro do Autismo, problemas de comunicação e Hospitalizações em crianças, de responsabilidade da pesquisadora Helena Brentani. Esta pesquisa tem como objetivo descrever e analisar as possíveis relações entre as hospitalizações e os problemas de comunicação em crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Serão selecionados sujeitos de ambos os gêneros, com idade inferior ou igual a 5,0 anos que foram submetidos à avaliação fonoaudiológica, no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas e que foram diagnosticados com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). A coleta de dados será realizada no Ambulatório Infantil do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP – IPq HCFMUSP. A coleta consiste na aplicação de um questionário, elaborado pela pesquisadora e orientadora, direcionado aos pais de cada criança que tenha passado pela avaliação fonoaudiológica no IPq. Após a conclusão da aplicação deste questionário, será realizada a observação do prontuário de cada sujeito para a retenção de dados relevantes.

73

O questionário será composto com as seguintes variáveis: gênero, idade, diagnóstico médico, histórico de hospitalizações precoces/HP (idade, número, duração, motivos e presença/ausência de cirurgias). Em seguida, a avaliação fonoaudiológica contida nos prontuários será observada para classificação quanto aos achados e divididos em categorias. A saber: retardo de aquisição linguagem (RL), distúrbio de linguagem (DL), distúrbio de fluência (DF) e distúrbio de voz (DV). Esta coleta não apresenta riscos para o entrevistado. Trata-se de um questionário breve e objetivo Os dados fornecidos pelos entrevistados proporcionaram a realização desta pesquisa, o que implica no aumento do conhecimento científico a respeito das características comunicativas de crianças com TEA e hospitalizações. A pesquisadora irá realizar as perguntas contidas no questionário ao responsável. Antes do procedimento, cabe a pesquisadora explicar cada questão ao voluntário. Caso o voluntário não compreenda a questão, cabe a pesquisadora sanar as dúvidas por meio de explicações. A participação desta pesquisa é voluntária e este consentimento poderá ser retirado a qualquer tempo, sem prejuízos à continuidade do tratamento da criança. Os dados coletados são confidências. A privacidade de cada sujeito participante da pesquisa será mantida. Após a conclusão da coleta de dados, estes serão submetidos à análise estatística. Esta pesquisa não apresenta ressarcimento financeiro aos voluntários. São Paulo, ___/___/ 2013 Eu, __________________________________________, RG nº

_____________________ declaro ter sido informado e concordo em participar,

como voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito

74

Anexo 3

Questionário para o desenvolvimento da pesquisa: Relações entre transtorno do espectro autístico, problemas de comunicação e ocorrência de hospitalizações em crianças. Orientanda: Ligia Tunes Ribas Orientadora: Maria Claudia Cunha Data: ___/ ___/______ Dados de identificação: Nome: _________________________________________________________ D/n: ___/ ____/ ______ Idade atual: ______ Sexo: Fem ( ) Masc ( ) Informante: _____________________________________________________ Grau de parentesco: _____________________________________________ Queixa: “_____________________________________________________” Idade dos pais:_________________________________________________ 2 - Diagnóstico médico: ( ) Transtorno do Espectro do Autismo ( ) Transtorno do Espectro do Autismo Sindrômico ( ) Asperger Se associado a síndrome, qual?____________________________________ 3 – Diagnóstico fonoaudiológico (dados do prontuário): (Material em tabela). Aquisição de linguagem oral ( ) verbal ( ) não verbal_________________ Aspectos funcionais da comunicação:________________________________ Imitação:_______________________________________________________ Compreensão verbal: _____________________________________________ 4 – A criança foi internada/ hospitalizada nos primeiros anos? sim ( ) não ( ) Se sim: - Com que idade? ________________________________________________ - Por quê? (motivo) _______________________________________________ - Quantas vezes? ________________________________________________ - Por quanto tempo? ______________________________________________ - Tipo de internação ( ) SUS ( )Particular____________________________ - Foi submetido a alguma cirurgia? ( ) sim ( ) não Se sim, qual cirurgia? _______________________________________________________________ - A cirurgia foi: ( ) programada ( ) emergencial

75

Anexo 4

ABFW – Classificação para análise

1 – Atos comunicativos: começam quando a interação adulto-criança, criança-

adulto ou criança–objeto é iniciada, terminando quando o foco de atenção da criança

muda ou há uma troca de turno.

2 – Meios comunicativos: os atos comunicativos são divididos em: Verbais (VE)

(os que envolvem pelo menos 75% de fonemas da língua), Vocais (VO) (todas as

outras emissões) e Gestuais (G) (que envolvem movimentos do corpo e do rosto).

3 – Funções comunicativas: divididas da seguinte forma:

pedido de objeto (PO): atos ou emissões usados para solicitar um objeto

concreto desejável; por exemplo G (estende sua mão para pegar um objeto);

VE “qué u bincu!”;

pedido de ação (PA): atos ou emissões usados para solicitar ao outro que

execute uma ação, incluindo pedidos de ajuda e ações que envolvem outra

pessoa ou outra pessoa e um objeto; por exemplo: G (criança puxa o adulto

para a porta); (criança coloca a caneta na mão do adulto e indica o papel); VE

“sente aqui”; “joga”;

pedido de rotina social (PS): atos ou emissões usados para solicitar ao

outro que inicie ou continue com um jogo de interação social. É um tipo

específico de pedido de ação que envolve uma interação; por exemplo: G

(Atira-se aos braços do adulto para que ele a levante e gire); VE “um dois i

já!” (quando pula de um banquinho).

Pedido de consentimento (PC): atos ou emissões usados para pedir o

consentimento do outro para a realização de uma ação. Envolve uma ação

executada; por exemplo: VE “podi pinta?”;

pedido de informação (PI): atos ou emissões usados para solicitar

informações sobre um objeto ou evento. Inclui questões “Wh” e outras

emissões com contorno entoacional de interrogação; por exemplo: G (criança

está escrevendo, quando acaba olha o terapeuta para confirmar se está

certo); VE “de quem é?”; “que mês é férias?”.

76

protesto (PR): atos ou emissões usados para interromper uma ação

indesejada. Inclui oposição de resistência à ação do outro e rejeição de objeto

oferecido; por exemplo: G (criança levanta-se assim que o adulto chega

perto); VO (criança tira imediatamente o brinquedo quando o adulto mexe

nele); VE “pára!” (interrompendo atividade ou a ação).

reconhecimento do outro (RO): atos ou emissões usados para obter a

atenção do outro e para indicar o reconhecimento de sua presença. Inclui

cumprimentos, chamados, marcadores de polidez e de tema; por exemplo: G

(criança olha e esconde o rosto, brincando); VE “agora é você”;

exibição (E): atos usados para atrair a atenção para si. Performance inicial

para ser acidental e a criança pode repeti-la quando percebe que isso atrai a

atenção do outro; por exemplo: VE “olha!”;

comentário (C): atos ou emissões usados para dirigir a atenção do outro

para um objeto ou evento. Inclui apontar, mostrar, descrever, informar e

nomear de forma interativa; por exemplo: VE “esse carro é um fusca?”;

“palhaço engraçado”;

auto - regulatório (AR): emissões usadas para controlar verbalmente sua

própria ação. As emissões precedem ou ocorrem ao mesmo tempo que o

comportamento motor; por exemplo: VE (criança soletra enquanto escreve);

“calma”, enquanto tenta empilhar vários blocos;

nomeação (N): atos ou emissões usados para focalizar sua própria atenção

em um objeto ou evento por meio da identificação de referente; por exemplo:

VE “o rei, princesa, sol, castelo”;

performativo (PE); atos ou emissões usados em esquemas de ação

familiares aplicados a objetos. Inclui efeitos sonoros e vocalizações

ritualizadas produzidas em sincronia com o comportamento motor da criança;

por exemplo: VO (onomatopéias); VE “alô, quem é?” (com um telefone);

exclamativo (EX): atos ou emissões que expressem reação emocional a um

evento ou situação. Inclui expressões de surpresa, prazer, frustração e

descontentamento, sendo imediatamente posteriores a um evento

significativo; por exemplo: VO (criança grita quando batem a porta com força);

VE “ai!” (quando perde o equilíbrio):

77

reativos (RE): emissões produzidas enquanto a pessoa examina ou interage

com um objeto ou com parte do corpo. Não há evidência de intenção

comunicativa, mas o sujeito está focalizando sua atenção em um objeto/ parte

do corpo e parece estar reagindo a isso. Pode servir a funções de treino ou

auto – estimulação; por exemplo: VO (criança ri com cócegas).

não focalizada (NF): emissões produzidas, embora o sujeito não esteja

focalizando sua atenção em nenhum objeto ou pessoa. Não há evidência de

intenção comunicativa, mas pode servir a função de treino ou auto-

estimulação; por exemplo: G (pulos, balanceios, auto- agressão); VO (gritos,

murmúrios, vocalizações sem entonação); VE (algumas emissões de ecolalia

imediata);

jogo (J): atos envolvendo atividade organizada, mas autocentrada. Inclui

reações circulares primárias, podendo servir a funções de treino ou auto-

estimulação; por exemplo: G (criança escreve); (criança rola bola e observa);

(criança desenha);

exploratória (XP): atos envolvendo atividades de investigação de um objeto

particular ou de uma parte do corpo ou da vestimenta do outro; por exemplo:

G (criança examina uma filmadora); (criança examina um brinquedo);

narrativa (NA): emissões destinadas a relatar fatos reais ou imaginários, e

pode haver ou não atenção por parte do ouvinte; por exemplo: VE “aí o

guarda pego eli assim i amarro...”;

expressão de protesto (EP): choro, manha, birra ou outra manifestação de

protesto não necessariamente dirigida a objeto, evento, pessoa; por exemplo:

G ( criança senta-se no chão, chora, bate as costas na parede, quando o

adulto diz que está na hora de ir embora); VO (criança grita quando o adulto

mexe em seu brinquedo); VE “Não!” (brigando);

jogo compartilhado (JC): atividade organizada e compartilhada entre adulto

e criança; por exemplo: G (criança e adulto jogam bola); (criança e adulto

jogam dados).

78

Anexo 5

Maturidade Simbólica (Befi-Lopes DM, Takiuchi N, Araújo K. Avaliação da Maturidade

Simbólica nas alterações do desenvolvimento. J. Bras Fonoaudiol. 2000;(3): 6-15 e

Menezes CGL, Perissinoto J. Habilidades de atenção compartilhada em sujeitos com

transtornos autístico. Pró-Fono Revista de Atualização Científica,2008 out-dez;20(04):273-8)

Procedimento

filmagens breves( cerca de 10 min em cada situação: livre, semi e proposição de dirigidas.

Classificação:

• Pré-simbólico EPS (1 ponto):criança reconhece uso apropriado de um objeto (1 ponto);(usa garfo para comer)

• Auto-simbólico EAS (2 pontos): simular ações que são parte do seu repertório, diretamente envolvidas com o próprio corpo (2 pontos);(“fingir tomar mamadeira)

• Jogo simbólico assimilativo ESA (3 pontos): simular ações nas quais seu próprio papel é revertido, incluindo outros receptores na ação (3 pontos); (“dar comida para o avaliador/boneca”)

• Simbólico imitativo ESI (4 pontos): simular ações que fazem parte do seu dia-a-dia, mas que são associadas a atividades de outras pessoas (4 pontos);(“simular conversa ao telefone”)

• Simbólico objeto substituto JSOS (5 pontos): utilizar objetos substitutos para realizar suas ações (5 pontos);(“fingir que bloco de madeira é comida”)

• Simbólico combinatorial simples JSCS (6 pontos): aplicar um único jogo de jogo simbólico sequencialmente pra uma série de agentes diferentes (6 pontos);(“dar comida pra boneca, depois pro cachorro, depois pro avaliador”)

• Simbólico combinatorial múltiplo JSCM (7 pontos): aplicar uma série de jogos diferentes relacionados ao mesmo objeto (7 pontos);(“mexer bloquinhos na panela com colher, dar comida pra boneca, colocá-la para dormir” )

Material utilizado originalmente: telefone,bolas de borracha,utensílios de cozinha,bonecas e

animais em tecido,dois veículos,um colar longo,blocos, copos seriados,anéis de encaixe e

dois brinquedos mecânicos de corda (pintinho e doninha).

Materiais acrescentados : Brinquedo quebrado (carrinho faltando roda, quebra-cabeça com

peças faltantes, carrinho dentro de pote transparente fechado,lápis sem ponta, brinquedo

difícil de ligar)

EPS EAS ESA ESI JSOS JSCS JSCM

Brincadeira Livre

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Brincadeira Semi-

Dirigida com o

Avaliador

brincadeira Semi- Dirigida com o cuidador.

EPS EAS ESA ESI JSOS JSCS JSCM

Brincadeira Semi-

Dirigida com o

Cuidador

Dirigida –

Imitação

Beber Comer Colocar

na

cabeça

Empurrar Voar Escovar

os

dentes

Abraçar Lavrar

as

mãos

Cheirar

Gestual

Simples

Pontuação: 1 ponto para cada esquema gestual simples (pontuação máxima= 9)

Dirigida- Imitação

Alimentar o bebê Colocar o bebê na

cama

Dar banho no bebê

Esquemas gestuais em

sequência- rotina familiar

Pontuação: 1 ponto para cada esquema que for imitado por completo (pontuação máxima=3)