88
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS MARIA AMÉLIA A. ALVES Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as variáveis meteorológicas e socioeconômicas Itajubá – MG 2015

Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as

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Page 1: Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBAacute

MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E

RECURSOS HIacuteDRICOS

MARIA AMEacuteLIA A ALVES

Relaccedilatildeo dos casos de dengue em Minas Gerais com as variaacuteveis

meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas

Itajubaacute ndash MG

2015

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBAacute

MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E

RECURSOS HIacuteDRICOS

MARIA AMEacuteLIA A ALVES

Relaccedilatildeo dos casos de dengue em Minas Gerais com as variaacuteveis

meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas

Dissertaccedilatildeo submetida ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo de Meio

Ambiente e Recursos Hiacutedricos como parte dos requisitos para

obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Meio Ambiente e Recursos

Hiacutedricos

Aacuterea de concentraccedilatildeo Meio Ambiente e Recursos Hiacutedricos

Orientadora Profordf Drordf Michelle Reboita

Coorientador Prof Dr Luiz Felipe Silva

Itajubaacute ndash MG

2015

3

DEDICATOacuteRIA

A Deus por me permitir concluir esta etapa e manter- me perseverante nessa jornada

Aos meus pais Sebastiatildeo (em memoacuteria) e minha matildee Maria Bernadete

A pessoa que me deu coragem para prosseguir minha filha Joyce

Ao apoio da pessoa especial que tenho ao meu lado meu namorado Maacutercio

Ao meu primo Esmeraldo

4

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por sua presenccedila em minha vida manifestada nas pessoas que foram

tatildeo importantes na realizaccedilatildeo desse trabalho e por essa oportunidade de conclusatildeo do

mestrado

A minha filha Joyce pelo seu amor incondicional que me fortalece e que me deu

coragem para que eu natildeo desistisse

A minha orientadora Profordf Drordf Michelle Reboita por conduzir-me com carinho

dedicaccedilatildeo e incentivo

Ao Professor Luiz Felipe Silva pela atenccedilatildeo amizade e disponibilidade em esclarecer

minhas duacutevidas

Ao meu primo Esmeraldo que em busca de novas conquistas para si abriu um novo

caminho para mim

Ao meu namorado Maacutercio pelo apoio em minha jornada ateacute aqui e pela felicidade de

tecirc-lo ao meu lado

A minha matildee Bernadete por ser essa mulher maravilhosa e admiraacutevel que sempre me

daacute forccedilas nos momentos difiacuteceis

Agradeccedilo tambeacutem aos amigos Reginaldo Thiago Carla Cristina Mendes Andreacuteia

Vitorino Dona Ronilda e demais amigas de curso que me proporcionaram tanta alegria

durante esses anos

Obrigada a todos que me apoiaram e que entraram em minha vida pela graccedila de Deus

e mantiveram o sorriso em meu rosto

A CAPES pela bolsa de estudos pois sem este recurso financeiro natildeo seria possiacutevel

dedicar-me exclusivamente ao desenvolvimento dessa pesquisa

A todos meus sinceros agradecimentos

5

Natildeo haacute ceacuteu sem tempestade nem caminhos sem acidentes Natildeo tenha medo da vida tenha

medo de natildeo vivecirc-la intensamente

Augusto Cury

6

RESUMO

ALVES M A A Relaccedilatildeo dos casos de dengue em Minas Gerais com as variaacuteveis

meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas 2015 87- f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio Ambiente e

Recursos Hiacutedricos)-Universidade Federal de Itajubaacute 2015

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes aegypti que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue no

Brasil Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo Portanto o objetivo desse trabalho eacute avaliar a relaccedilatildeo de algumas

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas em diferentes municiacutepios de Minas Gerais no

periacuteodo de 2008 a 2012 com as notificaccedilotildees de dengue Foram coletadas informaccedilotildees sobre as

variaacuteveis meteoroloacutegicas precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e miacutenima do banco de dados do

Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) sauacutede renda e escolaridade obtidas do

Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) as notificaccedilotildees por dengue do Sistema

de informaccedilotildees e agravos de notificaccedilotildees (SINAN) saneamento baacutesico e densidade

demograacutefica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Para esse estudo foram

realizadas anaacutelises multivariadas com o auxiacutelio do software Epi-Info 351 TM visando

identificar os melhores modelos para as notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais com o valor

de p lt 005 fundamentado no teste da razatildeo da maacutexima verossimilhanccedila Foi observado

atraveacutes da regressatildeo logiacutestica multivariada que trecircs variaacuteveis mostram-se frequentes nos anos

analisados e satildeo desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda (iacutendice de GINI) poucos

investimentos em sauacutede (CMI) e analfabetismo da populaccedilatildeo Outras variaacuteveis tambeacutem foram

importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e temperatura maacutexima

no veratildeo na regressatildeo de 2008 ndash 2007 renda meacutedia e precipitaccedilatildeo no veratildeo em 2009 ndash 2008

e a variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo em 2012 ndash 2011 Foi observado ainda que

municiacutepios com desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda com baixo investimento em sauacutede e

baixa escolaridade da populaccedilatildeo geral encontram-se expostos a maior forccedila de agravo de

notificaccedilatildeo quando comparados a condiccedilotildees mais favoraacuteveis Os dados obtidos com esse

trabalho revelam a necessidade na melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo com maiores

investimentos em sauacutede educaccedilatildeo e em medidas de combate agrave pobreza para reduzir a

desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda de forma que maiores investimentos em infraestrutura

e educaccedilatildeo e maior comprometimento da populaccedilatildeo para a erradicaccedilatildeo do inseto podem

auxiliar a reduccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo por dengue

Palavras-chave Epidemiologia ambiental Temperatura Precipitaccedilatildeo Renda Regressatildeo

logiacutestica

7

ABSTRACT

ALVES M A ARelationship of dengue cases in Minas Gerais with weather and

socioeconomic variables 201587f Dissertation (Masters in Environment and Water

Resources) Federal -University of Itajubaacute 2015

Dengue is a viral disease of tropical and subtropical regions that occurs due to temperature

and precipitation conditions necessary for the development of the mosquito Aedes aegypti

which is the intermediate host responsible for the transmission of dengue in Brazil Although

the environmental conditions are important for the replication of the virus and development of

Aedes aegypti the socioeconomic characteristics are also essential in the transmission of

dengue being linked to the way of life and the implementation of prevention methods

Therefore the aim of this study is to evaluate the relationship of some meteorological and

socioeconomic variables in different municipalities of Minas Gerais from 2008 to 2012 with

dengue notifications Information regarding meteorological variables were collected

precipitation maximum and minimum temperatures of the National Institute database of

Meteorology (INMET) health income and education obtained from the SUS Department of

Information (DATASUS) notifications by dengue information system and notifications of

injuries (SINAN) sanitation and population density of the Brazilian Institute of Geography

and Statistics (IBGE) For this study multivariate analyzes were performed with the Epi-Info

TM 351 software to identify the best models for dengue notifications in Minas Gerais with

the value of p lt005 based on maximum likelihood test of reason It was observed by

multivariate logistic regression three variables that show up frequently in the analyzed years

and are inequality in income distribution (Gini index) few investments in health (CMI) and

illiteracy of the population Other variables were also important such as precipitation in

winter precipitation in autumn and maximum temperature in summer the regression 2008 -

2007 middle-income and precipitation in summer in 2009 - 2008 and the variable minimum

temperature in the summer in 2012 - 2011 It was observed also that municipalities with

unequal distribution of income with low investment in health and low education of the

general population are exposed to greater notice of grievance strength when compared the

most favorable conditions The data obtained from this study reveal the need to improve the

populations quality of life with greater investments in health education and anti-poverty

measures to reduce inequality in income distribution so that greater investment in

infrastructure and education and greater involvement of the population to eradicate the insect

can help to reduce dengue notification strength

Keywords Environmental epidemiology Temperature Precipitation Income Logistic

regression

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti 20

Figura 2 Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul 27

Figura 3 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo

30

Figura 4 Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de

Cressman de 1998 a 2012

33

Figura 5 ldquoSeacuteries temporais da meacutedia mensal da temperatura miacutenima em

Janauacuteba latitude 15deg 48rsquo 13rdquo e longitude 43deg 19rsquo 3rdquo (a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo

43rdquo e longitude 44deg 59rsquo 59rdquo (b) no periacuteodo de 1998 a 2012

34

Figura 6 Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados

de estaccedilotildees de INMET da estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg

59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 na reanaacutelise ERA ndash Interim

35

Figura 7 Precipitaccedilatildeo em Minas Gerais 1998 a 2012 (INMET 40 estaccedilotildees + 43

pontos do GPCC)

43

Figura 8 Temperatura Miacutenima em MG 1998 a 2012 Fonte (INMET 40

estaccedilotildees + 57 pontos ERA Int)

45

Figura 9 Temperatura Maacutexima em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (INMET 40

estaccedilotildees + 57 pontos ERAInt)

47

Figura 10 Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos

de (a) 2008 (b) 2009 (c) 2010 (d) 2011 e (e) 2012

49

Figura 11 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepios de

Minas Gerais em 2008

50

Figura 12 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008 51

Figura 13 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2008 -2007

53

Figura 14 Estimativa da razatildeo de chance baseada nos valores de iacutendice de

GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre

os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

55

Figura 15 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais em 2009

56

9

Figura 16 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009 57

Figura 17 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2009- 2008

59

Figura 18 Estimativa da probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GNI

coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo geral e

precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2009

61

Figura 19 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais 2010

62

Figura 20 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010 63

Figura 21 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2010 - 2009

65

Figura 22 Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue

em Minas Gerais em 2010

66

Figura 23 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais em 2011

67

Figura 24 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 68

Figura 25 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2011-2010

70

Figura 26 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 71

Figura 27 Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre os casos de

dengue em Minas Gerais em 2011

72

Figura 28 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas

Gerais em 2012

73

Figura 29 Casos de notificaccedilatildeo por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012 74

Figura 30 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2012 ndash 2011

76

Figura 31 Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral e temperatura miacutenima no

veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2012

78

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo

PNCD 39

Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo 31

Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus

coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36

Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37

Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 52

Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53

Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 58

Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60

Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance

(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010

ndash 2009 64

Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65

Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011

69

Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

12

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

70

Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -

2011 75

Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76

13

LISTA DE SIGLAS

Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica

GINI Iacutendice de GINI

RM Renda meacutedia

BR Baixa Renda

TD Taxa de desemprego

CMI Coeficiente de mortalidade infantil

Analf G Analfabetismo Geral

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto

Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais

Lixo Coleta de lixo

Aacutegua Abastecimento de aacutegua

TMP Temperatura maacutexima primavera

TMV Temperatura maacutexima veratildeo

TMO Temperatura maacutexima outono

TMI Temperatura maacutexima inverno

TminP Temperatura miacutenima primavera

TminV Temperatura miacutenima veratildeo

TminO Temperatura miacutenima outono

TminI Temperatura miacutenima inverno

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo

Prec O Precipitaccedilatildeo outono

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno

ID Identificaccedilatildeo

14

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO16

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral 17

22 Objetivos especiacuteficos 17

3 JUSTIFICATIVA18

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19

41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19

42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20

43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21

44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21

45 Accedilotildees de controle da dengue 22

46 Estudos da dengue no Brasil 22

47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24

48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25

49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28

51 Dados meteoroloacutegicos 28

52 Dados socioeconocircmicos 35

53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e

classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37

54 Organizaccedilatildeo dos dados 39

56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42

61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42

611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42

612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44

613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46

62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48

15

63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50

64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56

65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62

66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67

67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273

7 CONCLUSAtildeO79

REFEREcircNCIAS80

ANEXO A85

ANEXO B85

ANEXO C86

ANEXO D86

ANEXO E87

ANEXO F88

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de

outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya

No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue

eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1

DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o

RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e

uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)

Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre

20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue

Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que

pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a

33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no

desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser

ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC

Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero

de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute

uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros

casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue

no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as

notificaccedilotildees por dengue no Estado

Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo

17

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas

Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de

mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas

Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com

base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)

Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no

periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD)

Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os

casos de dengue em Minas Gerais

18

3 JUSTIFICATIVA

Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando

rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate

agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos

de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir

os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em

relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades

apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as

caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a

particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais

agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados

agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores

19

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO

Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por

transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm

registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da

dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente

com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat

natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de

mosquitos Aedes sp

O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus

para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato

evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no

continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya

Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o

traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees

tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras

infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os

ciclos de urbanizaccedilatildeo

As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram

em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir

desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo

Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em

risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os

anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia

local

20

42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA

O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica

subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas

brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo

reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o

desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a

postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos

mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo

de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se

jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute

um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e

aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do

mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito

semanas

Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp

Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue

21

43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE

A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes

Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a

fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um

intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca

comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo

extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e

migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo

cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)

44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro

sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma

vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais

contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir

para as formas graves aumentam

A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as

consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs

os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue

hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da

doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees

dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias

A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas

inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou

quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele

hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica

pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os

sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo

surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode

levar agrave morte

22

45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE

Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem

adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como

o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a

erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes

de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees

Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o

controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria

O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se

acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta

reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos

estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a

resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas

O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e

evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de

situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A

participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os

domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros

46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL

A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A

compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de

combate mais eficaz

Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio

de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa

municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional

densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional

proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de

populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual

de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a

quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza

23

percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento

percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e

quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo

por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-

demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho

Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de

significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As

variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e

percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com

melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de

dengue na epidemia de 2002

No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -

SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e

agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e

anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de

instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres

analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em

quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos

niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue

foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o

periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu

um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total

apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis

socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos

Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash

SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo

sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica

definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis

selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios

percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo

nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo

percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes

com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior

completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de

24

chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre

trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-

miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade

porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as

variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um

agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel

observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias

e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da

estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram

chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto

niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel

meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de

moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o

coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De

modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro

unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou

correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue

47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A

DENGUE

Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura

(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a

dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As

variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e

umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o

risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na

Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro

e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio

Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido

a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo

foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas

25

maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti

no periacuteodo do outono

Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no

desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da

populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que

sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada

duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC

Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias

de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro

Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de

comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos

de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que

essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos

48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM

A DENGUE

As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e

dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos

de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define

sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de

saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a

proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como

indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis

socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo

Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo

geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se

acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor

controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as

mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo

encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)

Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE

(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o

26

rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego

que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo

procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a

reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo

de total desigualdade (ISHITANI et al2006)

Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero

de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar

um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da

populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de

sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento

baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a

qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida

A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi

incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito

proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior

facilidade

Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura

maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e

socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia

de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais

49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO

DE MINAS GERAIS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui

uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em

20734097 habitantes

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas

Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as

27

chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de

Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)

A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-

sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores

contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos

Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico

Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute

um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste

em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do

oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul

do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua

de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da

precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA

et al 2014)

Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de

2010 Fonte Reboita et al (2012)

28

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)

que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e

avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores

ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado

de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e

socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de

notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas

Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por

dengue dos municiacutepios de Minas Gerais

Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de

regiotildees de alta incidecircncia de dengue

Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o

programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)

51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)

Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura

miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48

estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais

selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram

usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar

informaccedilotildees mais completas para esses anos

Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um

processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi

a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles

29

valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por

exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados

errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na

estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a

diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS

2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo

N= Q98 + 3 IQR (1)

onde Q98 eacute o percentil de 98

Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que

foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero

Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et

al 2012)

N= Q75 plusmn 3 IQR (2)

Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses

intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos

tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que

na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees

proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado

Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo

entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as

maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da

identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que

apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis

analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees

meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na

Tabela 1

Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram

menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto

eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo

meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse

30

coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo

meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva

e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram

falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo

considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento

foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo

31

Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1

Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo

___________________________________________________________________________

ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)

1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274

2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289

3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361

4 Arinos 83384 -1591 -4605 519

5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127

6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126

7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915

8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695

9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652

10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150

11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318

12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206

13 Curvelo 83536 1875 -4445 672

14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612

15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835

16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964

17 Formoso 83334 -1493 -4625 840

18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367

19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097

20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560

21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516

22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371

23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036

24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996

25 Juramento 83452 -1678 -4371 650

26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884

27 Machado 83683 -2166 -4591 87335

28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452

29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629

30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712

31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028

32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891

33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224

34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091

35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132

36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532

37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732

38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737

39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460

40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973

32

Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura

espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees

Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias

ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria

dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de

uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto

(ZIMERMANN et al 2012)

A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman

tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse

problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da

reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas

variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude

Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de

grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas

Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas

estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois

pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da

temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim

e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute

bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial

das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo

utilizar valores discrepantes

33

a) b)

c) d)

e)

Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)

veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual

34

ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e

longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na

reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)

Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do

Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x

1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo

(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o

preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA

2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com

dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096

35

Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da

estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e

do INMET (azul)

Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais

das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram

fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada

52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS

Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda

escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas

as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os

dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte

para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de

risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de

corte utilizados podem ser visualizados no anexo

As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um

banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os

resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os

significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2

36

Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos

dados

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo Variaacutevel Fonte

DD Densidade demograacutefica IBGE

Renda

GINI Iacutendice de GINI DATASUS

RM Renda meacutedia DATASUS

BR Baixa Renda DATASUS

TD Taxa de desemprego DATASUS

Sauacutede

CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS

Escolaridade

Analf G Analfabetismo Geral DATASUS

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS

Analf 2

Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo

incompleto DATASUS

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS

Saneamento baacutesico

Lixo Coleta de lixo IBGE

Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE

Variaacuteveis meteoroloacutegicas

TMP Temperatura maacutexima primavera INMET

TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET

TMO Temperatura maacutexima outono INMET

TMI Temperatura maacutexima inverno INMET

TminP Temperatura miacutenima primavera INMET

TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET

TminO Temperatura miacutenima outono INMET

TminI Temperatura miacutenima inverno INMET

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET

Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET

37

Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo da

Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo

RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1

gt mediana 0

GINI Se a desigualdade for gt mediana 1

mediana 0

BR Se a baixa renda for ge mediana 1

lt mediana 0

TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1

ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0

Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1

fundamental completo ou 2ordm ciclo

incompleto for mediana 0

Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0

2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1

DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1

mediana 0

CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1

lt 20 permil 0

53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA

Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas

Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de

2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por

ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de

morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de

morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)

38

x 100000 habitantes

(3)

( ) notificaccedilotildees

(4)

onde

Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada

CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes

(5)

Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio

possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com

municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0

Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais

Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado

utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do

Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas

do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)

39

Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________

54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS

O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam

a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de

MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas

devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as

cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama

Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute

da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo

Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de

desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso

esse trabalho foi realizado com 720 cidades

Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007

2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue

iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte

Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas

foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de

desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave

inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar

incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental

Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia

(por 100000 habitantes)

Baixa incidecircncia 100

Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300

Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300

40

completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O

motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010

56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA

A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma

variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa

duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes

atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem

se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os

dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os

valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)

( )

(6)

Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do

valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance

fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)

(

)

(7)

Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da

verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance

(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma

estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1

41

Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila

chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito

(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel

dependente fica representada pela foacutermula

( )

( )

(8)

Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM

(CDC 2008)

As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de

p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise

forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das

variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou

igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW

1989)

42

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA

611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM

MINAS GERAIS

Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no

inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e

no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de

Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das

explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para

leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa

umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de

monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno

com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do

continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo

43

a) b)

c) d)

e)

Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

44

612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA

MIacuteNIMA EM MG

Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo

variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma

regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de

MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais

frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de

10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a

predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em

todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a

22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo

mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste

apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no

veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de

Souza et al (2006)

45

a) b)

c) d)

e)

Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

46

613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS

MAacuteXIMAS EM MG

A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com

a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores

altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras

aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute

no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no

leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente

47

a) b)

c) d)

e)

Figura 9 - Temperatura maacutexima (o

C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)

primavera (e) meacutedia anual

48

62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG

As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser

visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo

central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos

mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se

tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees

No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a

classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD

Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais

___________________________________________________________________________

Ano 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183

Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia

49

a) 2008 b) 2009

c) 2010 d) 2011

e) 2012

Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)

2010 (d) 2011 e (e) 2012

50

63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008

De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades

com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas

com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da

Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de

dengue

Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008

A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na

Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores

notificaccedilotildees em abril

51

Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4

com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se

hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis

explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2008

52

Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de

p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 073 050 - 108 0119

GINI 045 030 - 067 0001

CMI 374 249 - 559 lt0001

Prec I 099 098 - 100 0160

Prec O 100 099 - 101 0059

TD 156 106 -230 0023

TminP 107 095 - 121 0202

TminV 124 105 - 147 0009

TMO 123 105 - 144 0009

TMV 117 104 -133 0007

BR 097 066 - 145 0919

Prec P 099 099 - 100 0782

Prec V 100 099 -100 0984

RM 122 082 -182 0313

TMI 099 089 - 112 0977

TminI 102 094 - 112 0509

TminO 103 089 - 119 0684

TMP 103 094 -113 0487

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI

coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono

temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem

significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13

53

Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007

Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007

____________________________________________________________________________

A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de

GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de

dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil

(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da

populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI -09422 038 025 - 060

CMI 13098 37 242 - 566

Prec I -00185 098 096 - 099

Prec O 00121 101 100 - 102

TMV 02957 134 116 -154

Constante -96745

CMI

P lt 0001

TMV

P lt 0001

GINI

P lt 0001

Prec I

P= 0006

Prec O

P= 0003

54

vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais

favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue

tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com

menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo

comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um

risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse

valor

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +

02957(TMV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade

(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e

temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8

foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14

55

Legenda

_________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio

A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0)

Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem

permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana

para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso

verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm

0

02

04

06

08

1

12

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

()

Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)

a

b

c

d

A

B

D

C

56

maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio

mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem

apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a

notificaccedilatildeo

64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009

Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de

notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees

atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas

Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15

Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009

O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no

mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16

57

Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o

resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em

verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2009

58

Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores

de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

BR 288 190 - 437 lt0001

GINI 286 189-433 lt0001

Prec O 099 098- 099 00001

Prec P 100 100-101 00085

Prec V 099 099-100 00603

CMI 782 496- 1235 lt0001

TD 075 050 -112 01692

TminO 115 098 -134 00728

TminV 116 098-137 00665

TMO 112 097- 129 00979

TMV 117 101 -136 00279

Analf G 367 241 -559 lt0001

RM 403 263-616 lt0001

Prec I 099 098 -100 03264

TMI 101 090 - 112 08337

TminI 103 093 - 115 05150

TminP 099 088-111 09688

TMP 103 095 - 111 04249

59

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda

meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A

ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta

os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das

variaacuteveis explanatoacuterias

Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008

GINI

p lt 0001

Prec V

P= 00358

Analf G

P =00044

CMI

plt 0001

RM

P = 00008

60

Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008

_________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI 14027 406 230 - 716

RM 12552 350 168 - 728

Analf G 11075 302 141- 648

CMI 17819 594 358- 985

Prec V 00042 100 099 -100

Constante -37863

Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco

para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594

vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com

menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350

analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042

(PrecV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)

renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo

de interferir nos casos de dengue no Estado

61

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

__________________________________________________________________________

Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em

2009

000

020

040

060

080

100

120

0 200 400 600

Pro

bab

ilid

ade

(

)

Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)

a

b

c

d

A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima

da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

A

B

C

D

62

A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede

com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com

maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias

65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010

No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero

de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de

morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos

para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes

principalmente nas regiotildees norte e sul

Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010

63

Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado

superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na

Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na

primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono

tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise

Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2010

64

Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC

95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue

no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Prec V 099 099 - 1000 0103

CMI 5459 3847 - 7746 lt0001

TD 077 056 - 1069 0121

TminO 1143 1009 - 1296 0034

TminV 1178 1026- 1352 0020

TMO 108 099 -119 0069

TMP 1075 098 - 1178 0122

Analf G 2956 2122- 4119 lt0001

Gini 029 0211 - 041 lt0001

Prec I 099 0984 - 1002 0153

RM 3193 2288- 4455 lt0001

BR 2275 1641- 3152 lt0001

Prec P 099 099 -100 0532

Prec O 099 099 - 1002 0467

As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou

valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na

Figura 21

65

Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009

Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009

_____________________________________________________________________________

Variaacuteveis

explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)

CMI 15151 454 312-663

Analf G 13218 375 251-559

GINI -14487 023 015-035

Constante -07489

O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como

fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores

menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil

Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as

chances de apresentar casos de dengue

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)

ANALF G

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

66

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de

mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue

no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

_________________________________________________________________________

A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana

(1)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

F

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

67

Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da

mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a

probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a

90

66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011

Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602

municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas

as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano

Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011

Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril

e maio (Figura 24)

68

Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011

A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis

analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis

saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo

Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2011

Notificaccedilotildees por dengue em 2011

69

Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011 _________________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

AnalfG 367 254 - 532 lt0001

BR 288 2 - 413 lt0001

GINI 030 021- 044 lt0001

Prec I 101 099-102 0177

Prec O 099 099-100 0131

Prec P 099 099 -101 0043

Prec V 099 099 -100 lt0001

RM 417 287-606 lt0001

CMI 905 6 - 1363 lt0001

TD 080 056-114 0227

TminI 105 097- 113 0223

TminO 113 099-128 0051

TminP 115 103-128 0012

TMO 116 102-132 0020

TMP 104 097-112 0199

TMV 117 107-130 lt0001

Analf1 103 098-108 0162

Analf2 106 102 - 110 lt0001

Aacutegua 116 081-165 0395

DD 100 099-100 0827

Lixo 109 076-155 0622

TMI 098 090-107 0761

TminV 107 094-123 0275

Analf3 099 097-101 0463

70

A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na

Figura 25

Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente

RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias

Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 15301 461 289 - 735

GINI -14098 024 015 - 038

CMI 20253 757 486 - 1180

Constante -09603

Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator

de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o

analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo

461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil

ANALF G

p lt 0001

GINI

p lt 0001

CMI

p lt 0001

71

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

72

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

___________________________________________________________________________

Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

D

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

F

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

73

Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de

mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram

aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27

67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012

Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da

Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e

alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta

Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012

Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas

aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000

74

Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012

A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que

foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das

caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2012

Notificaccedilotildees por dengue em 2012

75

Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 235 158-350 lt0001

BR 237 160-351 lt0001

GINI 030 020-045 lt0001

Prec I 098 096-100 0209

RM 341 228-51 lt0001

CMI 606 397-923 lt0001

TD 076 052-111 01667

Tmin I 107 096-119 01823

Tmin O 119 101-141 00335

Tmin P 115 100-131 00417

Tmin V 125 102-152 00247

TMV 120 103-140 00144

Prec O 099 099-100 0608

Prec P 099 099-100 0583

Prec V 099 099-100 0516

TMI 103 093-113 0527

TMP 101 093-110 0709

O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo

76

geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo

Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30

Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011

Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011

_____________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 07539 212 129 - 348

GINI -13120 026 016 - 042

CMI 16465 518 33 - 814

Tmin V 02280 125 098 - 159

Constante -51829

O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior

desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As

demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura

ANALF G

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

TMV

p = 005

P

77

miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios

com valores menores que os descritos

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

78

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

_________________________________________________________________________

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012

A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de

desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e

analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por

dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de

notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se

de 40degC

000

020

040

060

080

100

120

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

Temperatura miacutenima no veratildeo

a

b

c

d

A

B

D

C

79

7 CONCLUSAtildeO

Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de

dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas

Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012

A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo

os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram

nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais

Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual

quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como

significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do

agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo

no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo

correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser

significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo

2012 ndash 2011

Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia

de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede

que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza

visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo

apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de

temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com

temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais

Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com

amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para

comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado

classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o

intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo

80

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85

ANEXOS

Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007

_____________________________________________________________

Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008

________________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 437727

GINI 0504

BR 47484

TD 7532

Analf G 13035

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 470625

GINI 0490

BR 39550

TD 6341

Analf G 11685

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

86

Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009

________________________________________________________________

Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010

_______________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 472850

GINI 0483

BR 40505

TD 5795

Analf G 11700

Analf 1 5390

Analf 2 12430

Analf 3 74670

DD 24070

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 461944

GINI 0490

BR 42673

TD 6255

Analf G 12095

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

87

Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011

___________________________________________________________________________

Variaacuteveis Valor de corte

RM 500751

GINI 0482

BR 35734

TD 5732

Analf G 1071

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

88

ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo

1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106

2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057

3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107

4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -

018

5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128

6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118

7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07

8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095

9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099

10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106

11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11

12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063

13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076

14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111

15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103

16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101

17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099

18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109

19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103

20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104

21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102

22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112

Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios

Page 2: Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBAacute

MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E

RECURSOS HIacuteDRICOS

MARIA AMEacuteLIA A ALVES

Relaccedilatildeo dos casos de dengue em Minas Gerais com as variaacuteveis

meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas

Dissertaccedilatildeo submetida ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo de Meio

Ambiente e Recursos Hiacutedricos como parte dos requisitos para

obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Meio Ambiente e Recursos

Hiacutedricos

Aacuterea de concentraccedilatildeo Meio Ambiente e Recursos Hiacutedricos

Orientadora Profordf Drordf Michelle Reboita

Coorientador Prof Dr Luiz Felipe Silva

Itajubaacute ndash MG

2015

3

DEDICATOacuteRIA

A Deus por me permitir concluir esta etapa e manter- me perseverante nessa jornada

Aos meus pais Sebastiatildeo (em memoacuteria) e minha matildee Maria Bernadete

A pessoa que me deu coragem para prosseguir minha filha Joyce

Ao apoio da pessoa especial que tenho ao meu lado meu namorado Maacutercio

Ao meu primo Esmeraldo

4

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por sua presenccedila em minha vida manifestada nas pessoas que foram

tatildeo importantes na realizaccedilatildeo desse trabalho e por essa oportunidade de conclusatildeo do

mestrado

A minha filha Joyce pelo seu amor incondicional que me fortalece e que me deu

coragem para que eu natildeo desistisse

A minha orientadora Profordf Drordf Michelle Reboita por conduzir-me com carinho

dedicaccedilatildeo e incentivo

Ao Professor Luiz Felipe Silva pela atenccedilatildeo amizade e disponibilidade em esclarecer

minhas duacutevidas

Ao meu primo Esmeraldo que em busca de novas conquistas para si abriu um novo

caminho para mim

Ao meu namorado Maacutercio pelo apoio em minha jornada ateacute aqui e pela felicidade de

tecirc-lo ao meu lado

A minha matildee Bernadete por ser essa mulher maravilhosa e admiraacutevel que sempre me

daacute forccedilas nos momentos difiacuteceis

Agradeccedilo tambeacutem aos amigos Reginaldo Thiago Carla Cristina Mendes Andreacuteia

Vitorino Dona Ronilda e demais amigas de curso que me proporcionaram tanta alegria

durante esses anos

Obrigada a todos que me apoiaram e que entraram em minha vida pela graccedila de Deus

e mantiveram o sorriso em meu rosto

A CAPES pela bolsa de estudos pois sem este recurso financeiro natildeo seria possiacutevel

dedicar-me exclusivamente ao desenvolvimento dessa pesquisa

A todos meus sinceros agradecimentos

5

Natildeo haacute ceacuteu sem tempestade nem caminhos sem acidentes Natildeo tenha medo da vida tenha

medo de natildeo vivecirc-la intensamente

Augusto Cury

6

RESUMO

ALVES M A A Relaccedilatildeo dos casos de dengue em Minas Gerais com as variaacuteveis

meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas 2015 87- f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio Ambiente e

Recursos Hiacutedricos)-Universidade Federal de Itajubaacute 2015

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes aegypti que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue no

Brasil Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo Portanto o objetivo desse trabalho eacute avaliar a relaccedilatildeo de algumas

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas em diferentes municiacutepios de Minas Gerais no

periacuteodo de 2008 a 2012 com as notificaccedilotildees de dengue Foram coletadas informaccedilotildees sobre as

variaacuteveis meteoroloacutegicas precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e miacutenima do banco de dados do

Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) sauacutede renda e escolaridade obtidas do

Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) as notificaccedilotildees por dengue do Sistema

de informaccedilotildees e agravos de notificaccedilotildees (SINAN) saneamento baacutesico e densidade

demograacutefica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Para esse estudo foram

realizadas anaacutelises multivariadas com o auxiacutelio do software Epi-Info 351 TM visando

identificar os melhores modelos para as notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais com o valor

de p lt 005 fundamentado no teste da razatildeo da maacutexima verossimilhanccedila Foi observado

atraveacutes da regressatildeo logiacutestica multivariada que trecircs variaacuteveis mostram-se frequentes nos anos

analisados e satildeo desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda (iacutendice de GINI) poucos

investimentos em sauacutede (CMI) e analfabetismo da populaccedilatildeo Outras variaacuteveis tambeacutem foram

importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e temperatura maacutexima

no veratildeo na regressatildeo de 2008 ndash 2007 renda meacutedia e precipitaccedilatildeo no veratildeo em 2009 ndash 2008

e a variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo em 2012 ndash 2011 Foi observado ainda que

municiacutepios com desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda com baixo investimento em sauacutede e

baixa escolaridade da populaccedilatildeo geral encontram-se expostos a maior forccedila de agravo de

notificaccedilatildeo quando comparados a condiccedilotildees mais favoraacuteveis Os dados obtidos com esse

trabalho revelam a necessidade na melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo com maiores

investimentos em sauacutede educaccedilatildeo e em medidas de combate agrave pobreza para reduzir a

desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda de forma que maiores investimentos em infraestrutura

e educaccedilatildeo e maior comprometimento da populaccedilatildeo para a erradicaccedilatildeo do inseto podem

auxiliar a reduccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo por dengue

Palavras-chave Epidemiologia ambiental Temperatura Precipitaccedilatildeo Renda Regressatildeo

logiacutestica

7

ABSTRACT

ALVES M A ARelationship of dengue cases in Minas Gerais with weather and

socioeconomic variables 201587f Dissertation (Masters in Environment and Water

Resources) Federal -University of Itajubaacute 2015

Dengue is a viral disease of tropical and subtropical regions that occurs due to temperature

and precipitation conditions necessary for the development of the mosquito Aedes aegypti

which is the intermediate host responsible for the transmission of dengue in Brazil Although

the environmental conditions are important for the replication of the virus and development of

Aedes aegypti the socioeconomic characteristics are also essential in the transmission of

dengue being linked to the way of life and the implementation of prevention methods

Therefore the aim of this study is to evaluate the relationship of some meteorological and

socioeconomic variables in different municipalities of Minas Gerais from 2008 to 2012 with

dengue notifications Information regarding meteorological variables were collected

precipitation maximum and minimum temperatures of the National Institute database of

Meteorology (INMET) health income and education obtained from the SUS Department of

Information (DATASUS) notifications by dengue information system and notifications of

injuries (SINAN) sanitation and population density of the Brazilian Institute of Geography

and Statistics (IBGE) For this study multivariate analyzes were performed with the Epi-Info

TM 351 software to identify the best models for dengue notifications in Minas Gerais with

the value of p lt005 based on maximum likelihood test of reason It was observed by

multivariate logistic regression three variables that show up frequently in the analyzed years

and are inequality in income distribution (Gini index) few investments in health (CMI) and

illiteracy of the population Other variables were also important such as precipitation in

winter precipitation in autumn and maximum temperature in summer the regression 2008 -

2007 middle-income and precipitation in summer in 2009 - 2008 and the variable minimum

temperature in the summer in 2012 - 2011 It was observed also that municipalities with

unequal distribution of income with low investment in health and low education of the

general population are exposed to greater notice of grievance strength when compared the

most favorable conditions The data obtained from this study reveal the need to improve the

populations quality of life with greater investments in health education and anti-poverty

measures to reduce inequality in income distribution so that greater investment in

infrastructure and education and greater involvement of the population to eradicate the insect

can help to reduce dengue notification strength

Keywords Environmental epidemiology Temperature Precipitation Income Logistic

regression

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti 20

Figura 2 Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul 27

Figura 3 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo

30

Figura 4 Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de

Cressman de 1998 a 2012

33

Figura 5 ldquoSeacuteries temporais da meacutedia mensal da temperatura miacutenima em

Janauacuteba latitude 15deg 48rsquo 13rdquo e longitude 43deg 19rsquo 3rdquo (a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo

43rdquo e longitude 44deg 59rsquo 59rdquo (b) no periacuteodo de 1998 a 2012

34

Figura 6 Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados

de estaccedilotildees de INMET da estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg

59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 na reanaacutelise ERA ndash Interim

35

Figura 7 Precipitaccedilatildeo em Minas Gerais 1998 a 2012 (INMET 40 estaccedilotildees + 43

pontos do GPCC)

43

Figura 8 Temperatura Miacutenima em MG 1998 a 2012 Fonte (INMET 40

estaccedilotildees + 57 pontos ERA Int)

45

Figura 9 Temperatura Maacutexima em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (INMET 40

estaccedilotildees + 57 pontos ERAInt)

47

Figura 10 Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos

de (a) 2008 (b) 2009 (c) 2010 (d) 2011 e (e) 2012

49

Figura 11 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepios de

Minas Gerais em 2008

50

Figura 12 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008 51

Figura 13 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2008 -2007

53

Figura 14 Estimativa da razatildeo de chance baseada nos valores de iacutendice de

GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre

os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

55

Figura 15 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais em 2009

56

9

Figura 16 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009 57

Figura 17 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2009- 2008

59

Figura 18 Estimativa da probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GNI

coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo geral e

precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2009

61

Figura 19 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais 2010

62

Figura 20 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010 63

Figura 21 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2010 - 2009

65

Figura 22 Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue

em Minas Gerais em 2010

66

Figura 23 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais em 2011

67

Figura 24 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 68

Figura 25 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2011-2010

70

Figura 26 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 71

Figura 27 Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre os casos de

dengue em Minas Gerais em 2011

72

Figura 28 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas

Gerais em 2012

73

Figura 29 Casos de notificaccedilatildeo por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012 74

Figura 30 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2012 ndash 2011

76

Figura 31 Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral e temperatura miacutenima no

veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2012

78

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo

PNCD 39

Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo 31

Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus

coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36

Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37

Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 52

Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53

Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 58

Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60

Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance

(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010

ndash 2009 64

Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65

Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011

69

Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

12

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

70

Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -

2011 75

Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76

13

LISTA DE SIGLAS

Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica

GINI Iacutendice de GINI

RM Renda meacutedia

BR Baixa Renda

TD Taxa de desemprego

CMI Coeficiente de mortalidade infantil

Analf G Analfabetismo Geral

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto

Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais

Lixo Coleta de lixo

Aacutegua Abastecimento de aacutegua

TMP Temperatura maacutexima primavera

TMV Temperatura maacutexima veratildeo

TMO Temperatura maacutexima outono

TMI Temperatura maacutexima inverno

TminP Temperatura miacutenima primavera

TminV Temperatura miacutenima veratildeo

TminO Temperatura miacutenima outono

TminI Temperatura miacutenima inverno

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo

Prec O Precipitaccedilatildeo outono

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno

ID Identificaccedilatildeo

14

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO16

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral 17

22 Objetivos especiacuteficos 17

3 JUSTIFICATIVA18

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19

41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19

42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20

43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21

44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21

45 Accedilotildees de controle da dengue 22

46 Estudos da dengue no Brasil 22

47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24

48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25

49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28

51 Dados meteoroloacutegicos 28

52 Dados socioeconocircmicos 35

53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e

classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37

54 Organizaccedilatildeo dos dados 39

56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42

61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42

611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42

612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44

613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46

62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48

15

63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50

64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56

65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62

66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67

67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273

7 CONCLUSAtildeO79

REFEREcircNCIAS80

ANEXO A85

ANEXO B85

ANEXO C86

ANEXO D86

ANEXO E87

ANEXO F88

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de

outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya

No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue

eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1

DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o

RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e

uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)

Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre

20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue

Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que

pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a

33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no

desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser

ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC

Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero

de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute

uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros

casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue

no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as

notificaccedilotildees por dengue no Estado

Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo

17

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas

Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de

mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas

Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com

base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)

Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no

periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD)

Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os

casos de dengue em Minas Gerais

18

3 JUSTIFICATIVA

Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando

rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate

agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos

de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir

os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em

relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades

apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as

caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a

particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais

agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados

agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores

19

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO

Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por

transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm

registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da

dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente

com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat

natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de

mosquitos Aedes sp

O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus

para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato

evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no

continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya

Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o

traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees

tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras

infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os

ciclos de urbanizaccedilatildeo

As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram

em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir

desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo

Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em

risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os

anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia

local

20

42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA

O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica

subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas

brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo

reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o

desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a

postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos

mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo

de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se

jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute

um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e

aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do

mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito

semanas

Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp

Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue

21

43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE

A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes

Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a

fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um

intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca

comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo

extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e

migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo

cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)

44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro

sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma

vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais

contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir

para as formas graves aumentam

A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as

consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs

os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue

hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da

doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees

dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias

A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas

inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou

quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele

hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica

pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os

sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo

surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode

levar agrave morte

22

45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE

Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem

adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como

o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a

erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes

de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees

Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o

controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria

O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se

acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta

reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos

estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a

resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas

O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e

evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de

situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A

participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os

domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros

46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL

A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A

compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de

combate mais eficaz

Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio

de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa

municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional

densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional

proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de

populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual

de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a

quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza

23

percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento

percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e

quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo

por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-

demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho

Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de

significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As

variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e

percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com

melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de

dengue na epidemia de 2002

No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -

SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e

agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e

anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de

instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres

analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em

quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos

niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue

foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o

periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu

um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total

apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis

socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos

Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash

SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo

sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica

definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis

selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios

percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo

nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo

percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes

com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior

completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de

24

chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre

trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-

miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade

porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as

variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um

agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel

observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias

e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da

estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram

chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto

niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel

meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de

moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o

coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De

modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro

unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou

correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue

47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A

DENGUE

Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura

(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a

dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As

variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e

umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o

risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na

Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro

e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio

Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido

a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo

foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas

25

maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti

no periacuteodo do outono

Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no

desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da

populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que

sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada

duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC

Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias

de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro

Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de

comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos

de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que

essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos

48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM

A DENGUE

As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e

dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos

de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define

sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de

saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a

proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como

indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis

socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo

Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo

geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se

acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor

controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as

mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo

encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)

Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE

(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o

26

rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego

que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo

procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a

reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo

de total desigualdade (ISHITANI et al2006)

Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero

de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar

um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da

populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de

sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento

baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a

qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida

A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi

incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito

proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior

facilidade

Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura

maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e

socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia

de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais

49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO

DE MINAS GERAIS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui

uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em

20734097 habitantes

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas

Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as

27

chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de

Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)

A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-

sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores

contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos

Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico

Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute

um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste

em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do

oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul

do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua

de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da

precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA

et al 2014)

Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de

2010 Fonte Reboita et al (2012)

28

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)

que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e

avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores

ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado

de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e

socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de

notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas

Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por

dengue dos municiacutepios de Minas Gerais

Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de

regiotildees de alta incidecircncia de dengue

Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o

programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)

51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)

Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura

miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48

estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais

selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram

usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar

informaccedilotildees mais completas para esses anos

Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um

processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi

a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles

29

valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por

exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados

errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na

estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a

diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS

2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo

N= Q98 + 3 IQR (1)

onde Q98 eacute o percentil de 98

Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que

foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero

Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et

al 2012)

N= Q75 plusmn 3 IQR (2)

Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses

intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos

tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que

na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees

proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado

Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo

entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as

maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da

identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que

apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis

analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees

meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na

Tabela 1

Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram

menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto

eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo

meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse

30

coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo

meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva

e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram

falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo

considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento

foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo

31

Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1

Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo

___________________________________________________________________________

ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)

1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274

2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289

3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361

4 Arinos 83384 -1591 -4605 519

5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127

6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126

7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915

8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695

9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652

10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150

11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318

12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206

13 Curvelo 83536 1875 -4445 672

14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612

15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835

16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964

17 Formoso 83334 -1493 -4625 840

18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367

19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097

20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560

21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516

22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371

23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036

24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996

25 Juramento 83452 -1678 -4371 650

26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884

27 Machado 83683 -2166 -4591 87335

28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452

29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629

30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712

31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028

32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891

33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224

34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091

35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132

36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532

37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732

38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737

39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460

40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973

32

Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura

espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees

Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias

ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria

dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de

uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto

(ZIMERMANN et al 2012)

A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman

tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse

problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da

reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas

variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude

Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de

grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas

Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas

estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois

pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da

temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim

e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute

bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial

das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo

utilizar valores discrepantes

33

a) b)

c) d)

e)

Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)

veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual

34

ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e

longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na

reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)

Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do

Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x

1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo

(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o

preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA

2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com

dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096

35

Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da

estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e

do INMET (azul)

Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais

das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram

fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada

52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS

Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda

escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas

as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os

dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte

para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de

risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de

corte utilizados podem ser visualizados no anexo

As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um

banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os

resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os

significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2

36

Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos

dados

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo Variaacutevel Fonte

DD Densidade demograacutefica IBGE

Renda

GINI Iacutendice de GINI DATASUS

RM Renda meacutedia DATASUS

BR Baixa Renda DATASUS

TD Taxa de desemprego DATASUS

Sauacutede

CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS

Escolaridade

Analf G Analfabetismo Geral DATASUS

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS

Analf 2

Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo

incompleto DATASUS

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS

Saneamento baacutesico

Lixo Coleta de lixo IBGE

Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE

Variaacuteveis meteoroloacutegicas

TMP Temperatura maacutexima primavera INMET

TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET

TMO Temperatura maacutexima outono INMET

TMI Temperatura maacutexima inverno INMET

TminP Temperatura miacutenima primavera INMET

TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET

TminO Temperatura miacutenima outono INMET

TminI Temperatura miacutenima inverno INMET

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET

Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET

37

Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo da

Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo

RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1

gt mediana 0

GINI Se a desigualdade for gt mediana 1

mediana 0

BR Se a baixa renda for ge mediana 1

lt mediana 0

TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1

ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0

Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1

fundamental completo ou 2ordm ciclo

incompleto for mediana 0

Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0

2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1

DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1

mediana 0

CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1

lt 20 permil 0

53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA

Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas

Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de

2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por

ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de

morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de

morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)

38

x 100000 habitantes

(3)

( ) notificaccedilotildees

(4)

onde

Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada

CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes

(5)

Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio

possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com

municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0

Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais

Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado

utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do

Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas

do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)

39

Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________

54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS

O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam

a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de

MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas

devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as

cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama

Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute

da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo

Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de

desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso

esse trabalho foi realizado com 720 cidades

Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007

2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue

iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte

Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas

foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de

desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave

inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar

incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental

Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia

(por 100000 habitantes)

Baixa incidecircncia 100

Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300

Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300

40

completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O

motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010

56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA

A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma

variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa

duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes

atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem

se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os

dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os

valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)

( )

(6)

Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do

valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance

fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)

(

)

(7)

Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da

verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance

(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma

estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1

41

Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila

chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito

(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel

dependente fica representada pela foacutermula

( )

( )

(8)

Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM

(CDC 2008)

As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de

p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise

forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das

variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou

igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW

1989)

42

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA

611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM

MINAS GERAIS

Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no

inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e

no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de

Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das

explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para

leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa

umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de

monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno

com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do

continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo

43

a) b)

c) d)

e)

Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

44

612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA

MIacuteNIMA EM MG

Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo

variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma

regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de

MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais

frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de

10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a

predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em

todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a

22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo

mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste

apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no

veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de

Souza et al (2006)

45

a) b)

c) d)

e)

Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

46

613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS

MAacuteXIMAS EM MG

A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com

a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores

altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras

aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute

no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no

leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente

47

a) b)

c) d)

e)

Figura 9 - Temperatura maacutexima (o

C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)

primavera (e) meacutedia anual

48

62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG

As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser

visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo

central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos

mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se

tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees

No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a

classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD

Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais

___________________________________________________________________________

Ano 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183

Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia

49

a) 2008 b) 2009

c) 2010 d) 2011

e) 2012

Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)

2010 (d) 2011 e (e) 2012

50

63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008

De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades

com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas

com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da

Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de

dengue

Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008

A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na

Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores

notificaccedilotildees em abril

51

Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4

com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se

hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis

explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2008

52

Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de

p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 073 050 - 108 0119

GINI 045 030 - 067 0001

CMI 374 249 - 559 lt0001

Prec I 099 098 - 100 0160

Prec O 100 099 - 101 0059

TD 156 106 -230 0023

TminP 107 095 - 121 0202

TminV 124 105 - 147 0009

TMO 123 105 - 144 0009

TMV 117 104 -133 0007

BR 097 066 - 145 0919

Prec P 099 099 - 100 0782

Prec V 100 099 -100 0984

RM 122 082 -182 0313

TMI 099 089 - 112 0977

TminI 102 094 - 112 0509

TminO 103 089 - 119 0684

TMP 103 094 -113 0487

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI

coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono

temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem

significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13

53

Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007

Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007

____________________________________________________________________________

A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de

GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de

dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil

(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da

populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI -09422 038 025 - 060

CMI 13098 37 242 - 566

Prec I -00185 098 096 - 099

Prec O 00121 101 100 - 102

TMV 02957 134 116 -154

Constante -96745

CMI

P lt 0001

TMV

P lt 0001

GINI

P lt 0001

Prec I

P= 0006

Prec O

P= 0003

54

vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais

favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue

tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com

menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo

comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um

risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse

valor

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +

02957(TMV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade

(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e

temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8

foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14

55

Legenda

_________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio

A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0)

Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem

permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana

para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso

verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm

0

02

04

06

08

1

12

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

()

Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)

a

b

c

d

A

B

D

C

56

maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio

mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem

apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a

notificaccedilatildeo

64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009

Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de

notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees

atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas

Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15

Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009

O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no

mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16

57

Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o

resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em

verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2009

58

Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores

de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

BR 288 190 - 437 lt0001

GINI 286 189-433 lt0001

Prec O 099 098- 099 00001

Prec P 100 100-101 00085

Prec V 099 099-100 00603

CMI 782 496- 1235 lt0001

TD 075 050 -112 01692

TminO 115 098 -134 00728

TminV 116 098-137 00665

TMO 112 097- 129 00979

TMV 117 101 -136 00279

Analf G 367 241 -559 lt0001

RM 403 263-616 lt0001

Prec I 099 098 -100 03264

TMI 101 090 - 112 08337

TminI 103 093 - 115 05150

TminP 099 088-111 09688

TMP 103 095 - 111 04249

59

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda

meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A

ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta

os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das

variaacuteveis explanatoacuterias

Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008

GINI

p lt 0001

Prec V

P= 00358

Analf G

P =00044

CMI

plt 0001

RM

P = 00008

60

Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008

_________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI 14027 406 230 - 716

RM 12552 350 168 - 728

Analf G 11075 302 141- 648

CMI 17819 594 358- 985

Prec V 00042 100 099 -100

Constante -37863

Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco

para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594

vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com

menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350

analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042

(PrecV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)

renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo

de interferir nos casos de dengue no Estado

61

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

__________________________________________________________________________

Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em

2009

000

020

040

060

080

100

120

0 200 400 600

Pro

bab

ilid

ade

(

)

Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)

a

b

c

d

A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima

da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

A

B

C

D

62

A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede

com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com

maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias

65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010

No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero

de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de

morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos

para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes

principalmente nas regiotildees norte e sul

Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010

63

Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado

superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na

Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na

primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono

tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise

Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2010

64

Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC

95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue

no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Prec V 099 099 - 1000 0103

CMI 5459 3847 - 7746 lt0001

TD 077 056 - 1069 0121

TminO 1143 1009 - 1296 0034

TminV 1178 1026- 1352 0020

TMO 108 099 -119 0069

TMP 1075 098 - 1178 0122

Analf G 2956 2122- 4119 lt0001

Gini 029 0211 - 041 lt0001

Prec I 099 0984 - 1002 0153

RM 3193 2288- 4455 lt0001

BR 2275 1641- 3152 lt0001

Prec P 099 099 -100 0532

Prec O 099 099 - 1002 0467

As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou

valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na

Figura 21

65

Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009

Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009

_____________________________________________________________________________

Variaacuteveis

explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)

CMI 15151 454 312-663

Analf G 13218 375 251-559

GINI -14487 023 015-035

Constante -07489

O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como

fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores

menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil

Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as

chances de apresentar casos de dengue

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)

ANALF G

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

66

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de

mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue

no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

_________________________________________________________________________

A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana

(1)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

F

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

67

Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da

mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a

probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a

90

66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011

Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602

municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas

as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano

Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011

Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril

e maio (Figura 24)

68

Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011

A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis

analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis

saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo

Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2011

Notificaccedilotildees por dengue em 2011

69

Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011 _________________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

AnalfG 367 254 - 532 lt0001

BR 288 2 - 413 lt0001

GINI 030 021- 044 lt0001

Prec I 101 099-102 0177

Prec O 099 099-100 0131

Prec P 099 099 -101 0043

Prec V 099 099 -100 lt0001

RM 417 287-606 lt0001

CMI 905 6 - 1363 lt0001

TD 080 056-114 0227

TminI 105 097- 113 0223

TminO 113 099-128 0051

TminP 115 103-128 0012

TMO 116 102-132 0020

TMP 104 097-112 0199

TMV 117 107-130 lt0001

Analf1 103 098-108 0162

Analf2 106 102 - 110 lt0001

Aacutegua 116 081-165 0395

DD 100 099-100 0827

Lixo 109 076-155 0622

TMI 098 090-107 0761

TminV 107 094-123 0275

Analf3 099 097-101 0463

70

A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na

Figura 25

Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente

RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias

Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 15301 461 289 - 735

GINI -14098 024 015 - 038

CMI 20253 757 486 - 1180

Constante -09603

Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator

de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o

analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo

461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil

ANALF G

p lt 0001

GINI

p lt 0001

CMI

p lt 0001

71

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

72

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

___________________________________________________________________________

Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

D

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

F

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

73

Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de

mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram

aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27

67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012

Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da

Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e

alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta

Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012

Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas

aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000

74

Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012

A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que

foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das

caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2012

Notificaccedilotildees por dengue em 2012

75

Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 235 158-350 lt0001

BR 237 160-351 lt0001

GINI 030 020-045 lt0001

Prec I 098 096-100 0209

RM 341 228-51 lt0001

CMI 606 397-923 lt0001

TD 076 052-111 01667

Tmin I 107 096-119 01823

Tmin O 119 101-141 00335

Tmin P 115 100-131 00417

Tmin V 125 102-152 00247

TMV 120 103-140 00144

Prec O 099 099-100 0608

Prec P 099 099-100 0583

Prec V 099 099-100 0516

TMI 103 093-113 0527

TMP 101 093-110 0709

O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo

76

geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo

Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30

Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011

Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011

_____________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 07539 212 129 - 348

GINI -13120 026 016 - 042

CMI 16465 518 33 - 814

Tmin V 02280 125 098 - 159

Constante -51829

O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior

desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As

demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura

ANALF G

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

TMV

p = 005

P

77

miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios

com valores menores que os descritos

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

78

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

_________________________________________________________________________

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012

A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de

desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e

analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por

dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de

notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se

de 40degC

000

020

040

060

080

100

120

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

Temperatura miacutenima no veratildeo

a

b

c

d

A

B

D

C

79

7 CONCLUSAtildeO

Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de

dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas

Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012

A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo

os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram

nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais

Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual

quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como

significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do

agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo

no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo

correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser

significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo

2012 ndash 2011

Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia

de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede

que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza

visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo

apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de

temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com

temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais

Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com

amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para

comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado

classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o

intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo

80

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85

ANEXOS

Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007

_____________________________________________________________

Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008

________________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 437727

GINI 0504

BR 47484

TD 7532

Analf G 13035

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 470625

GINI 0490

BR 39550

TD 6341

Analf G 11685

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

86

Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009

________________________________________________________________

Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010

_______________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 472850

GINI 0483

BR 40505

TD 5795

Analf G 11700

Analf 1 5390

Analf 2 12430

Analf 3 74670

DD 24070

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 461944

GINI 0490

BR 42673

TD 6255

Analf G 12095

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

87

Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011

___________________________________________________________________________

Variaacuteveis Valor de corte

RM 500751

GINI 0482

BR 35734

TD 5732

Analf G 1071

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

88

ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo

1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106

2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057

3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107

4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -

018

5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128

6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118

7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07

8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095

9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099

10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106

11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11

12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063

13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076

14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111

15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103

16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101

17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099

18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109

19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103

20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104

21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102

22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112

Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios

Page 3: Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as

3

DEDICATOacuteRIA

A Deus por me permitir concluir esta etapa e manter- me perseverante nessa jornada

Aos meus pais Sebastiatildeo (em memoacuteria) e minha matildee Maria Bernadete

A pessoa que me deu coragem para prosseguir minha filha Joyce

Ao apoio da pessoa especial que tenho ao meu lado meu namorado Maacutercio

Ao meu primo Esmeraldo

4

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por sua presenccedila em minha vida manifestada nas pessoas que foram

tatildeo importantes na realizaccedilatildeo desse trabalho e por essa oportunidade de conclusatildeo do

mestrado

A minha filha Joyce pelo seu amor incondicional que me fortalece e que me deu

coragem para que eu natildeo desistisse

A minha orientadora Profordf Drordf Michelle Reboita por conduzir-me com carinho

dedicaccedilatildeo e incentivo

Ao Professor Luiz Felipe Silva pela atenccedilatildeo amizade e disponibilidade em esclarecer

minhas duacutevidas

Ao meu primo Esmeraldo que em busca de novas conquistas para si abriu um novo

caminho para mim

Ao meu namorado Maacutercio pelo apoio em minha jornada ateacute aqui e pela felicidade de

tecirc-lo ao meu lado

A minha matildee Bernadete por ser essa mulher maravilhosa e admiraacutevel que sempre me

daacute forccedilas nos momentos difiacuteceis

Agradeccedilo tambeacutem aos amigos Reginaldo Thiago Carla Cristina Mendes Andreacuteia

Vitorino Dona Ronilda e demais amigas de curso que me proporcionaram tanta alegria

durante esses anos

Obrigada a todos que me apoiaram e que entraram em minha vida pela graccedila de Deus

e mantiveram o sorriso em meu rosto

A CAPES pela bolsa de estudos pois sem este recurso financeiro natildeo seria possiacutevel

dedicar-me exclusivamente ao desenvolvimento dessa pesquisa

A todos meus sinceros agradecimentos

5

Natildeo haacute ceacuteu sem tempestade nem caminhos sem acidentes Natildeo tenha medo da vida tenha

medo de natildeo vivecirc-la intensamente

Augusto Cury

6

RESUMO

ALVES M A A Relaccedilatildeo dos casos de dengue em Minas Gerais com as variaacuteveis

meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas 2015 87- f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio Ambiente e

Recursos Hiacutedricos)-Universidade Federal de Itajubaacute 2015

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes aegypti que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue no

Brasil Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo Portanto o objetivo desse trabalho eacute avaliar a relaccedilatildeo de algumas

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas em diferentes municiacutepios de Minas Gerais no

periacuteodo de 2008 a 2012 com as notificaccedilotildees de dengue Foram coletadas informaccedilotildees sobre as

variaacuteveis meteoroloacutegicas precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e miacutenima do banco de dados do

Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) sauacutede renda e escolaridade obtidas do

Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) as notificaccedilotildees por dengue do Sistema

de informaccedilotildees e agravos de notificaccedilotildees (SINAN) saneamento baacutesico e densidade

demograacutefica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Para esse estudo foram

realizadas anaacutelises multivariadas com o auxiacutelio do software Epi-Info 351 TM visando

identificar os melhores modelos para as notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais com o valor

de p lt 005 fundamentado no teste da razatildeo da maacutexima verossimilhanccedila Foi observado

atraveacutes da regressatildeo logiacutestica multivariada que trecircs variaacuteveis mostram-se frequentes nos anos

analisados e satildeo desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda (iacutendice de GINI) poucos

investimentos em sauacutede (CMI) e analfabetismo da populaccedilatildeo Outras variaacuteveis tambeacutem foram

importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e temperatura maacutexima

no veratildeo na regressatildeo de 2008 ndash 2007 renda meacutedia e precipitaccedilatildeo no veratildeo em 2009 ndash 2008

e a variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo em 2012 ndash 2011 Foi observado ainda que

municiacutepios com desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda com baixo investimento em sauacutede e

baixa escolaridade da populaccedilatildeo geral encontram-se expostos a maior forccedila de agravo de

notificaccedilatildeo quando comparados a condiccedilotildees mais favoraacuteveis Os dados obtidos com esse

trabalho revelam a necessidade na melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo com maiores

investimentos em sauacutede educaccedilatildeo e em medidas de combate agrave pobreza para reduzir a

desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda de forma que maiores investimentos em infraestrutura

e educaccedilatildeo e maior comprometimento da populaccedilatildeo para a erradicaccedilatildeo do inseto podem

auxiliar a reduccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo por dengue

Palavras-chave Epidemiologia ambiental Temperatura Precipitaccedilatildeo Renda Regressatildeo

logiacutestica

7

ABSTRACT

ALVES M A ARelationship of dengue cases in Minas Gerais with weather and

socioeconomic variables 201587f Dissertation (Masters in Environment and Water

Resources) Federal -University of Itajubaacute 2015

Dengue is a viral disease of tropical and subtropical regions that occurs due to temperature

and precipitation conditions necessary for the development of the mosquito Aedes aegypti

which is the intermediate host responsible for the transmission of dengue in Brazil Although

the environmental conditions are important for the replication of the virus and development of

Aedes aegypti the socioeconomic characteristics are also essential in the transmission of

dengue being linked to the way of life and the implementation of prevention methods

Therefore the aim of this study is to evaluate the relationship of some meteorological and

socioeconomic variables in different municipalities of Minas Gerais from 2008 to 2012 with

dengue notifications Information regarding meteorological variables were collected

precipitation maximum and minimum temperatures of the National Institute database of

Meteorology (INMET) health income and education obtained from the SUS Department of

Information (DATASUS) notifications by dengue information system and notifications of

injuries (SINAN) sanitation and population density of the Brazilian Institute of Geography

and Statistics (IBGE) For this study multivariate analyzes were performed with the Epi-Info

TM 351 software to identify the best models for dengue notifications in Minas Gerais with

the value of p lt005 based on maximum likelihood test of reason It was observed by

multivariate logistic regression three variables that show up frequently in the analyzed years

and are inequality in income distribution (Gini index) few investments in health (CMI) and

illiteracy of the population Other variables were also important such as precipitation in

winter precipitation in autumn and maximum temperature in summer the regression 2008 -

2007 middle-income and precipitation in summer in 2009 - 2008 and the variable minimum

temperature in the summer in 2012 - 2011 It was observed also that municipalities with

unequal distribution of income with low investment in health and low education of the

general population are exposed to greater notice of grievance strength when compared the

most favorable conditions The data obtained from this study reveal the need to improve the

populations quality of life with greater investments in health education and anti-poverty

measures to reduce inequality in income distribution so that greater investment in

infrastructure and education and greater involvement of the population to eradicate the insect

can help to reduce dengue notification strength

Keywords Environmental epidemiology Temperature Precipitation Income Logistic

regression

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti 20

Figura 2 Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul 27

Figura 3 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo

30

Figura 4 Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de

Cressman de 1998 a 2012

33

Figura 5 ldquoSeacuteries temporais da meacutedia mensal da temperatura miacutenima em

Janauacuteba latitude 15deg 48rsquo 13rdquo e longitude 43deg 19rsquo 3rdquo (a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo

43rdquo e longitude 44deg 59rsquo 59rdquo (b) no periacuteodo de 1998 a 2012

34

Figura 6 Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados

de estaccedilotildees de INMET da estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg

59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 na reanaacutelise ERA ndash Interim

35

Figura 7 Precipitaccedilatildeo em Minas Gerais 1998 a 2012 (INMET 40 estaccedilotildees + 43

pontos do GPCC)

43

Figura 8 Temperatura Miacutenima em MG 1998 a 2012 Fonte (INMET 40

estaccedilotildees + 57 pontos ERA Int)

45

Figura 9 Temperatura Maacutexima em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (INMET 40

estaccedilotildees + 57 pontos ERAInt)

47

Figura 10 Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos

de (a) 2008 (b) 2009 (c) 2010 (d) 2011 e (e) 2012

49

Figura 11 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepios de

Minas Gerais em 2008

50

Figura 12 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008 51

Figura 13 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2008 -2007

53

Figura 14 Estimativa da razatildeo de chance baseada nos valores de iacutendice de

GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre

os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

55

Figura 15 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais em 2009

56

9

Figura 16 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009 57

Figura 17 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2009- 2008

59

Figura 18 Estimativa da probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GNI

coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo geral e

precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2009

61

Figura 19 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais 2010

62

Figura 20 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010 63

Figura 21 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2010 - 2009

65

Figura 22 Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue

em Minas Gerais em 2010

66

Figura 23 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais em 2011

67

Figura 24 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 68

Figura 25 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2011-2010

70

Figura 26 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 71

Figura 27 Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre os casos de

dengue em Minas Gerais em 2011

72

Figura 28 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas

Gerais em 2012

73

Figura 29 Casos de notificaccedilatildeo por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012 74

Figura 30 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2012 ndash 2011

76

Figura 31 Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral e temperatura miacutenima no

veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2012

78

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo

PNCD 39

Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo 31

Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus

coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36

Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37

Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 52

Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53

Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 58

Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60

Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance

(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010

ndash 2009 64

Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65

Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011

69

Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

12

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

70

Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -

2011 75

Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76

13

LISTA DE SIGLAS

Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica

GINI Iacutendice de GINI

RM Renda meacutedia

BR Baixa Renda

TD Taxa de desemprego

CMI Coeficiente de mortalidade infantil

Analf G Analfabetismo Geral

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto

Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais

Lixo Coleta de lixo

Aacutegua Abastecimento de aacutegua

TMP Temperatura maacutexima primavera

TMV Temperatura maacutexima veratildeo

TMO Temperatura maacutexima outono

TMI Temperatura maacutexima inverno

TminP Temperatura miacutenima primavera

TminV Temperatura miacutenima veratildeo

TminO Temperatura miacutenima outono

TminI Temperatura miacutenima inverno

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo

Prec O Precipitaccedilatildeo outono

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno

ID Identificaccedilatildeo

14

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO16

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral 17

22 Objetivos especiacuteficos 17

3 JUSTIFICATIVA18

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19

41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19

42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20

43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21

44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21

45 Accedilotildees de controle da dengue 22

46 Estudos da dengue no Brasil 22

47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24

48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25

49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28

51 Dados meteoroloacutegicos 28

52 Dados socioeconocircmicos 35

53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e

classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37

54 Organizaccedilatildeo dos dados 39

56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42

61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42

611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42

612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44

613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46

62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48

15

63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50

64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56

65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62

66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67

67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273

7 CONCLUSAtildeO79

REFEREcircNCIAS80

ANEXO A85

ANEXO B85

ANEXO C86

ANEXO D86

ANEXO E87

ANEXO F88

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de

outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya

No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue

eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1

DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o

RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e

uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)

Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre

20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue

Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que

pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a

33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no

desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser

ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC

Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero

de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute

uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros

casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue

no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as

notificaccedilotildees por dengue no Estado

Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo

17

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas

Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de

mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas

Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com

base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)

Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no

periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD)

Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os

casos de dengue em Minas Gerais

18

3 JUSTIFICATIVA

Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando

rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate

agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos

de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir

os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em

relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades

apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as

caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a

particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais

agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados

agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores

19

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO

Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por

transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm

registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da

dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente

com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat

natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de

mosquitos Aedes sp

O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus

para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato

evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no

continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya

Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o

traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees

tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras

infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os

ciclos de urbanizaccedilatildeo

As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram

em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir

desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo

Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em

risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os

anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia

local

20

42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA

O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica

subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas

brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo

reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o

desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a

postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos

mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo

de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se

jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute

um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e

aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do

mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito

semanas

Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp

Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue

21

43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE

A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes

Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a

fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um

intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca

comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo

extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e

migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo

cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)

44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro

sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma

vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais

contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir

para as formas graves aumentam

A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as

consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs

os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue

hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da

doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees

dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias

A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas

inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou

quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele

hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica

pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os

sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo

surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode

levar agrave morte

22

45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE

Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem

adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como

o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a

erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes

de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees

Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o

controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria

O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se

acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta

reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos

estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a

resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas

O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e

evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de

situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A

participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os

domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros

46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL

A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A

compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de

combate mais eficaz

Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio

de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa

municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional

densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional

proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de

populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual

de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a

quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza

23

percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento

percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e

quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo

por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-

demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho

Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de

significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As

variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e

percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com

melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de

dengue na epidemia de 2002

No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -

SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e

agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e

anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de

instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres

analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em

quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos

niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue

foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o

periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu

um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total

apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis

socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos

Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash

SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo

sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica

definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis

selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios

percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo

nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo

percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes

com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior

completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de

24

chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre

trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-

miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade

porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as

variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um

agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel

observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias

e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da

estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram

chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto

niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel

meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de

moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o

coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De

modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro

unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou

correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue

47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A

DENGUE

Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura

(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a

dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As

variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e

umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o

risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na

Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro

e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio

Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido

a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo

foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas

25

maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti

no periacuteodo do outono

Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no

desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da

populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que

sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada

duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC

Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias

de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro

Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de

comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos

de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que

essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos

48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM

A DENGUE

As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e

dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos

de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define

sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de

saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a

proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como

indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis

socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo

Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo

geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se

acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor

controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as

mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo

encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)

Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE

(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o

26

rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego

que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo

procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a

reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo

de total desigualdade (ISHITANI et al2006)

Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero

de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar

um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da

populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de

sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento

baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a

qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida

A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi

incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito

proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior

facilidade

Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura

maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e

socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia

de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais

49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO

DE MINAS GERAIS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui

uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em

20734097 habitantes

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas

Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as

27

chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de

Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)

A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-

sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores

contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos

Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico

Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute

um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste

em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do

oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul

do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua

de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da

precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA

et al 2014)

Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de

2010 Fonte Reboita et al (2012)

28

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)

que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e

avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores

ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado

de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e

socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de

notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas

Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por

dengue dos municiacutepios de Minas Gerais

Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de

regiotildees de alta incidecircncia de dengue

Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o

programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)

51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)

Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura

miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48

estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais

selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram

usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar

informaccedilotildees mais completas para esses anos

Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um

processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi

a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles

29

valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por

exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados

errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na

estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a

diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS

2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo

N= Q98 + 3 IQR (1)

onde Q98 eacute o percentil de 98

Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que

foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero

Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et

al 2012)

N= Q75 plusmn 3 IQR (2)

Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses

intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos

tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que

na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees

proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado

Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo

entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as

maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da

identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que

apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis

analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees

meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na

Tabela 1

Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram

menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto

eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo

meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse

30

coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo

meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva

e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram

falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo

considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento

foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo

31

Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1

Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo

___________________________________________________________________________

ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)

1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274

2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289

3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361

4 Arinos 83384 -1591 -4605 519

5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127

6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126

7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915

8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695

9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652

10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150

11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318

12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206

13 Curvelo 83536 1875 -4445 672

14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612

15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835

16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964

17 Formoso 83334 -1493 -4625 840

18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367

19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097

20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560

21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516

22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371

23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036

24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996

25 Juramento 83452 -1678 -4371 650

26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884

27 Machado 83683 -2166 -4591 87335

28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452

29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629

30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712

31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028

32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891

33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224

34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091

35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132

36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532

37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732

38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737

39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460

40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973

32

Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura

espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees

Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias

ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria

dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de

uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto

(ZIMERMANN et al 2012)

A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman

tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse

problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da

reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas

variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude

Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de

grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas

Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas

estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois

pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da

temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim

e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute

bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial

das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo

utilizar valores discrepantes

33

a) b)

c) d)

e)

Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)

veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual

34

ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e

longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na

reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)

Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do

Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x

1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo

(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o

preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA

2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com

dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096

35

Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da

estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e

do INMET (azul)

Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais

das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram

fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada

52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS

Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda

escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas

as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os

dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte

para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de

risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de

corte utilizados podem ser visualizados no anexo

As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um

banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os

resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os

significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2

36

Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos

dados

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo Variaacutevel Fonte

DD Densidade demograacutefica IBGE

Renda

GINI Iacutendice de GINI DATASUS

RM Renda meacutedia DATASUS

BR Baixa Renda DATASUS

TD Taxa de desemprego DATASUS

Sauacutede

CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS

Escolaridade

Analf G Analfabetismo Geral DATASUS

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS

Analf 2

Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo

incompleto DATASUS

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS

Saneamento baacutesico

Lixo Coleta de lixo IBGE

Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE

Variaacuteveis meteoroloacutegicas

TMP Temperatura maacutexima primavera INMET

TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET

TMO Temperatura maacutexima outono INMET

TMI Temperatura maacutexima inverno INMET

TminP Temperatura miacutenima primavera INMET

TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET

TminO Temperatura miacutenima outono INMET

TminI Temperatura miacutenima inverno INMET

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET

Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET

37

Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo da

Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo

RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1

gt mediana 0

GINI Se a desigualdade for gt mediana 1

mediana 0

BR Se a baixa renda for ge mediana 1

lt mediana 0

TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1

ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0

Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1

fundamental completo ou 2ordm ciclo

incompleto for mediana 0

Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0

2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1

DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1

mediana 0

CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1

lt 20 permil 0

53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA

Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas

Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de

2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por

ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de

morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de

morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)

38

x 100000 habitantes

(3)

( ) notificaccedilotildees

(4)

onde

Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada

CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes

(5)

Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio

possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com

municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0

Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais

Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado

utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do

Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas

do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)

39

Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________

54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS

O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam

a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de

MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas

devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as

cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama

Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute

da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo

Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de

desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso

esse trabalho foi realizado com 720 cidades

Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007

2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue

iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte

Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas

foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de

desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave

inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar

incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental

Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia

(por 100000 habitantes)

Baixa incidecircncia 100

Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300

Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300

40

completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O

motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010

56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA

A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma

variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa

duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes

atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem

se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os

dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os

valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)

( )

(6)

Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do

valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance

fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)

(

)

(7)

Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da

verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance

(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma

estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1

41

Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila

chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito

(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel

dependente fica representada pela foacutermula

( )

( )

(8)

Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM

(CDC 2008)

As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de

p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise

forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das

variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou

igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW

1989)

42

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA

611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM

MINAS GERAIS

Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no

inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e

no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de

Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das

explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para

leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa

umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de

monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno

com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do

continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo

43

a) b)

c) d)

e)

Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

44

612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA

MIacuteNIMA EM MG

Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo

variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma

regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de

MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais

frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de

10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a

predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em

todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a

22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo

mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste

apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no

veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de

Souza et al (2006)

45

a) b)

c) d)

e)

Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

46

613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS

MAacuteXIMAS EM MG

A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com

a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores

altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras

aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute

no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no

leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente

47

a) b)

c) d)

e)

Figura 9 - Temperatura maacutexima (o

C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)

primavera (e) meacutedia anual

48

62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG

As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser

visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo

central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos

mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se

tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees

No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a

classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD

Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais

___________________________________________________________________________

Ano 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183

Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia

49

a) 2008 b) 2009

c) 2010 d) 2011

e) 2012

Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)

2010 (d) 2011 e (e) 2012

50

63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008

De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades

com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas

com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da

Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de

dengue

Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008

A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na

Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores

notificaccedilotildees em abril

51

Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4

com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se

hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis

explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2008

52

Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de

p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 073 050 - 108 0119

GINI 045 030 - 067 0001

CMI 374 249 - 559 lt0001

Prec I 099 098 - 100 0160

Prec O 100 099 - 101 0059

TD 156 106 -230 0023

TminP 107 095 - 121 0202

TminV 124 105 - 147 0009

TMO 123 105 - 144 0009

TMV 117 104 -133 0007

BR 097 066 - 145 0919

Prec P 099 099 - 100 0782

Prec V 100 099 -100 0984

RM 122 082 -182 0313

TMI 099 089 - 112 0977

TminI 102 094 - 112 0509

TminO 103 089 - 119 0684

TMP 103 094 -113 0487

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI

coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono

temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem

significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13

53

Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007

Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007

____________________________________________________________________________

A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de

GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de

dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil

(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da

populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI -09422 038 025 - 060

CMI 13098 37 242 - 566

Prec I -00185 098 096 - 099

Prec O 00121 101 100 - 102

TMV 02957 134 116 -154

Constante -96745

CMI

P lt 0001

TMV

P lt 0001

GINI

P lt 0001

Prec I

P= 0006

Prec O

P= 0003

54

vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais

favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue

tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com

menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo

comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um

risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse

valor

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +

02957(TMV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade

(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e

temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8

foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14

55

Legenda

_________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio

A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0)

Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem

permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana

para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso

verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm

0

02

04

06

08

1

12

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

()

Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)

a

b

c

d

A

B

D

C

56

maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio

mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem

apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a

notificaccedilatildeo

64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009

Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de

notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees

atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas

Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15

Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009

O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no

mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16

57

Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o

resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em

verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2009

58

Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores

de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

BR 288 190 - 437 lt0001

GINI 286 189-433 lt0001

Prec O 099 098- 099 00001

Prec P 100 100-101 00085

Prec V 099 099-100 00603

CMI 782 496- 1235 lt0001

TD 075 050 -112 01692

TminO 115 098 -134 00728

TminV 116 098-137 00665

TMO 112 097- 129 00979

TMV 117 101 -136 00279

Analf G 367 241 -559 lt0001

RM 403 263-616 lt0001

Prec I 099 098 -100 03264

TMI 101 090 - 112 08337

TminI 103 093 - 115 05150

TminP 099 088-111 09688

TMP 103 095 - 111 04249

59

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda

meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A

ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta

os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das

variaacuteveis explanatoacuterias

Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008

GINI

p lt 0001

Prec V

P= 00358

Analf G

P =00044

CMI

plt 0001

RM

P = 00008

60

Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008

_________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI 14027 406 230 - 716

RM 12552 350 168 - 728

Analf G 11075 302 141- 648

CMI 17819 594 358- 985

Prec V 00042 100 099 -100

Constante -37863

Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco

para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594

vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com

menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350

analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042

(PrecV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)

renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo

de interferir nos casos de dengue no Estado

61

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

__________________________________________________________________________

Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em

2009

000

020

040

060

080

100

120

0 200 400 600

Pro

bab

ilid

ade

(

)

Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)

a

b

c

d

A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima

da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

A

B

C

D

62

A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede

com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com

maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias

65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010

No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero

de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de

morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos

para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes

principalmente nas regiotildees norte e sul

Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010

63

Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado

superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na

Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na

primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono

tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise

Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2010

64

Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC

95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue

no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Prec V 099 099 - 1000 0103

CMI 5459 3847 - 7746 lt0001

TD 077 056 - 1069 0121

TminO 1143 1009 - 1296 0034

TminV 1178 1026- 1352 0020

TMO 108 099 -119 0069

TMP 1075 098 - 1178 0122

Analf G 2956 2122- 4119 lt0001

Gini 029 0211 - 041 lt0001

Prec I 099 0984 - 1002 0153

RM 3193 2288- 4455 lt0001

BR 2275 1641- 3152 lt0001

Prec P 099 099 -100 0532

Prec O 099 099 - 1002 0467

As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou

valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na

Figura 21

65

Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009

Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009

_____________________________________________________________________________

Variaacuteveis

explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)

CMI 15151 454 312-663

Analf G 13218 375 251-559

GINI -14487 023 015-035

Constante -07489

O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como

fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores

menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil

Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as

chances de apresentar casos de dengue

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)

ANALF G

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

66

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de

mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue

no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

_________________________________________________________________________

A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana

(1)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

F

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

67

Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da

mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a

probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a

90

66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011

Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602

municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas

as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano

Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011

Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril

e maio (Figura 24)

68

Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011

A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis

analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis

saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo

Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2011

Notificaccedilotildees por dengue em 2011

69

Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011 _________________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

AnalfG 367 254 - 532 lt0001

BR 288 2 - 413 lt0001

GINI 030 021- 044 lt0001

Prec I 101 099-102 0177

Prec O 099 099-100 0131

Prec P 099 099 -101 0043

Prec V 099 099 -100 lt0001

RM 417 287-606 lt0001

CMI 905 6 - 1363 lt0001

TD 080 056-114 0227

TminI 105 097- 113 0223

TminO 113 099-128 0051

TminP 115 103-128 0012

TMO 116 102-132 0020

TMP 104 097-112 0199

TMV 117 107-130 lt0001

Analf1 103 098-108 0162

Analf2 106 102 - 110 lt0001

Aacutegua 116 081-165 0395

DD 100 099-100 0827

Lixo 109 076-155 0622

TMI 098 090-107 0761

TminV 107 094-123 0275

Analf3 099 097-101 0463

70

A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na

Figura 25

Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente

RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias

Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 15301 461 289 - 735

GINI -14098 024 015 - 038

CMI 20253 757 486 - 1180

Constante -09603

Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator

de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o

analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo

461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil

ANALF G

p lt 0001

GINI

p lt 0001

CMI

p lt 0001

71

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

72

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

___________________________________________________________________________

Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

D

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

F

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

73

Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de

mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram

aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27

67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012

Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da

Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e

alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta

Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012

Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas

aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000

74

Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012

A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que

foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das

caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2012

Notificaccedilotildees por dengue em 2012

75

Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 235 158-350 lt0001

BR 237 160-351 lt0001

GINI 030 020-045 lt0001

Prec I 098 096-100 0209

RM 341 228-51 lt0001

CMI 606 397-923 lt0001

TD 076 052-111 01667

Tmin I 107 096-119 01823

Tmin O 119 101-141 00335

Tmin P 115 100-131 00417

Tmin V 125 102-152 00247

TMV 120 103-140 00144

Prec O 099 099-100 0608

Prec P 099 099-100 0583

Prec V 099 099-100 0516

TMI 103 093-113 0527

TMP 101 093-110 0709

O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo

76

geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo

Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30

Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011

Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011

_____________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 07539 212 129 - 348

GINI -13120 026 016 - 042

CMI 16465 518 33 - 814

Tmin V 02280 125 098 - 159

Constante -51829

O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior

desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As

demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura

ANALF G

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

TMV

p = 005

P

77

miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios

com valores menores que os descritos

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

78

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

_________________________________________________________________________

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012

A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de

desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e

analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por

dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de

notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se

de 40degC

000

020

040

060

080

100

120

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

Temperatura miacutenima no veratildeo

a

b

c

d

A

B

D

C

79

7 CONCLUSAtildeO

Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de

dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas

Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012

A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo

os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram

nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais

Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual

quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como

significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do

agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo

no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo

correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser

significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo

2012 ndash 2011

Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia

de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede

que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza

visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo

apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de

temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com

temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais

Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com

amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para

comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado

classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o

intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo

80

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85

ANEXOS

Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007

_____________________________________________________________

Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008

________________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 437727

GINI 0504

BR 47484

TD 7532

Analf G 13035

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 470625

GINI 0490

BR 39550

TD 6341

Analf G 11685

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

86

Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009

________________________________________________________________

Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010

_______________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 472850

GINI 0483

BR 40505

TD 5795

Analf G 11700

Analf 1 5390

Analf 2 12430

Analf 3 74670

DD 24070

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 461944

GINI 0490

BR 42673

TD 6255

Analf G 12095

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

87

Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011

___________________________________________________________________________

Variaacuteveis Valor de corte

RM 500751

GINI 0482

BR 35734

TD 5732

Analf G 1071

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

88

ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo

1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106

2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057

3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107

4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -

018

5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128

6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118

7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07

8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095

9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099

10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106

11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11

12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063

13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076

14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111

15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103

16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101

17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099

18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109

19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103

20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104

21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102

22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112

Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios

Page 4: Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as

4

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por sua presenccedila em minha vida manifestada nas pessoas que foram

tatildeo importantes na realizaccedilatildeo desse trabalho e por essa oportunidade de conclusatildeo do

mestrado

A minha filha Joyce pelo seu amor incondicional que me fortalece e que me deu

coragem para que eu natildeo desistisse

A minha orientadora Profordf Drordf Michelle Reboita por conduzir-me com carinho

dedicaccedilatildeo e incentivo

Ao Professor Luiz Felipe Silva pela atenccedilatildeo amizade e disponibilidade em esclarecer

minhas duacutevidas

Ao meu primo Esmeraldo que em busca de novas conquistas para si abriu um novo

caminho para mim

Ao meu namorado Maacutercio pelo apoio em minha jornada ateacute aqui e pela felicidade de

tecirc-lo ao meu lado

A minha matildee Bernadete por ser essa mulher maravilhosa e admiraacutevel que sempre me

daacute forccedilas nos momentos difiacuteceis

Agradeccedilo tambeacutem aos amigos Reginaldo Thiago Carla Cristina Mendes Andreacuteia

Vitorino Dona Ronilda e demais amigas de curso que me proporcionaram tanta alegria

durante esses anos

Obrigada a todos que me apoiaram e que entraram em minha vida pela graccedila de Deus

e mantiveram o sorriso em meu rosto

A CAPES pela bolsa de estudos pois sem este recurso financeiro natildeo seria possiacutevel

dedicar-me exclusivamente ao desenvolvimento dessa pesquisa

A todos meus sinceros agradecimentos

5

Natildeo haacute ceacuteu sem tempestade nem caminhos sem acidentes Natildeo tenha medo da vida tenha

medo de natildeo vivecirc-la intensamente

Augusto Cury

6

RESUMO

ALVES M A A Relaccedilatildeo dos casos de dengue em Minas Gerais com as variaacuteveis

meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas 2015 87- f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio Ambiente e

Recursos Hiacutedricos)-Universidade Federal de Itajubaacute 2015

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes aegypti que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue no

Brasil Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo Portanto o objetivo desse trabalho eacute avaliar a relaccedilatildeo de algumas

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas em diferentes municiacutepios de Minas Gerais no

periacuteodo de 2008 a 2012 com as notificaccedilotildees de dengue Foram coletadas informaccedilotildees sobre as

variaacuteveis meteoroloacutegicas precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e miacutenima do banco de dados do

Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) sauacutede renda e escolaridade obtidas do

Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) as notificaccedilotildees por dengue do Sistema

de informaccedilotildees e agravos de notificaccedilotildees (SINAN) saneamento baacutesico e densidade

demograacutefica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Para esse estudo foram

realizadas anaacutelises multivariadas com o auxiacutelio do software Epi-Info 351 TM visando

identificar os melhores modelos para as notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais com o valor

de p lt 005 fundamentado no teste da razatildeo da maacutexima verossimilhanccedila Foi observado

atraveacutes da regressatildeo logiacutestica multivariada que trecircs variaacuteveis mostram-se frequentes nos anos

analisados e satildeo desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda (iacutendice de GINI) poucos

investimentos em sauacutede (CMI) e analfabetismo da populaccedilatildeo Outras variaacuteveis tambeacutem foram

importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e temperatura maacutexima

no veratildeo na regressatildeo de 2008 ndash 2007 renda meacutedia e precipitaccedilatildeo no veratildeo em 2009 ndash 2008

e a variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo em 2012 ndash 2011 Foi observado ainda que

municiacutepios com desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda com baixo investimento em sauacutede e

baixa escolaridade da populaccedilatildeo geral encontram-se expostos a maior forccedila de agravo de

notificaccedilatildeo quando comparados a condiccedilotildees mais favoraacuteveis Os dados obtidos com esse

trabalho revelam a necessidade na melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo com maiores

investimentos em sauacutede educaccedilatildeo e em medidas de combate agrave pobreza para reduzir a

desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda de forma que maiores investimentos em infraestrutura

e educaccedilatildeo e maior comprometimento da populaccedilatildeo para a erradicaccedilatildeo do inseto podem

auxiliar a reduccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo por dengue

Palavras-chave Epidemiologia ambiental Temperatura Precipitaccedilatildeo Renda Regressatildeo

logiacutestica

7

ABSTRACT

ALVES M A ARelationship of dengue cases in Minas Gerais with weather and

socioeconomic variables 201587f Dissertation (Masters in Environment and Water

Resources) Federal -University of Itajubaacute 2015

Dengue is a viral disease of tropical and subtropical regions that occurs due to temperature

and precipitation conditions necessary for the development of the mosquito Aedes aegypti

which is the intermediate host responsible for the transmission of dengue in Brazil Although

the environmental conditions are important for the replication of the virus and development of

Aedes aegypti the socioeconomic characteristics are also essential in the transmission of

dengue being linked to the way of life and the implementation of prevention methods

Therefore the aim of this study is to evaluate the relationship of some meteorological and

socioeconomic variables in different municipalities of Minas Gerais from 2008 to 2012 with

dengue notifications Information regarding meteorological variables were collected

precipitation maximum and minimum temperatures of the National Institute database of

Meteorology (INMET) health income and education obtained from the SUS Department of

Information (DATASUS) notifications by dengue information system and notifications of

injuries (SINAN) sanitation and population density of the Brazilian Institute of Geography

and Statistics (IBGE) For this study multivariate analyzes were performed with the Epi-Info

TM 351 software to identify the best models for dengue notifications in Minas Gerais with

the value of p lt005 based on maximum likelihood test of reason It was observed by

multivariate logistic regression three variables that show up frequently in the analyzed years

and are inequality in income distribution (Gini index) few investments in health (CMI) and

illiteracy of the population Other variables were also important such as precipitation in

winter precipitation in autumn and maximum temperature in summer the regression 2008 -

2007 middle-income and precipitation in summer in 2009 - 2008 and the variable minimum

temperature in the summer in 2012 - 2011 It was observed also that municipalities with

unequal distribution of income with low investment in health and low education of the

general population are exposed to greater notice of grievance strength when compared the

most favorable conditions The data obtained from this study reveal the need to improve the

populations quality of life with greater investments in health education and anti-poverty

measures to reduce inequality in income distribution so that greater investment in

infrastructure and education and greater involvement of the population to eradicate the insect

can help to reduce dengue notification strength

Keywords Environmental epidemiology Temperature Precipitation Income Logistic

regression

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti 20

Figura 2 Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul 27

Figura 3 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo

30

Figura 4 Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de

Cressman de 1998 a 2012

33

Figura 5 ldquoSeacuteries temporais da meacutedia mensal da temperatura miacutenima em

Janauacuteba latitude 15deg 48rsquo 13rdquo e longitude 43deg 19rsquo 3rdquo (a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo

43rdquo e longitude 44deg 59rsquo 59rdquo (b) no periacuteodo de 1998 a 2012

34

Figura 6 Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados

de estaccedilotildees de INMET da estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg

59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 na reanaacutelise ERA ndash Interim

35

Figura 7 Precipitaccedilatildeo em Minas Gerais 1998 a 2012 (INMET 40 estaccedilotildees + 43

pontos do GPCC)

43

Figura 8 Temperatura Miacutenima em MG 1998 a 2012 Fonte (INMET 40

estaccedilotildees + 57 pontos ERA Int)

45

Figura 9 Temperatura Maacutexima em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (INMET 40

estaccedilotildees + 57 pontos ERAInt)

47

Figura 10 Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos

de (a) 2008 (b) 2009 (c) 2010 (d) 2011 e (e) 2012

49

Figura 11 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepios de

Minas Gerais em 2008

50

Figura 12 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008 51

Figura 13 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2008 -2007

53

Figura 14 Estimativa da razatildeo de chance baseada nos valores de iacutendice de

GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre

os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

55

Figura 15 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais em 2009

56

9

Figura 16 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009 57

Figura 17 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2009- 2008

59

Figura 18 Estimativa da probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GNI

coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo geral e

precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2009

61

Figura 19 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais 2010

62

Figura 20 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010 63

Figura 21 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2010 - 2009

65

Figura 22 Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue

em Minas Gerais em 2010

66

Figura 23 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais em 2011

67

Figura 24 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 68

Figura 25 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2011-2010

70

Figura 26 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 71

Figura 27 Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre os casos de

dengue em Minas Gerais em 2011

72

Figura 28 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas

Gerais em 2012

73

Figura 29 Casos de notificaccedilatildeo por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012 74

Figura 30 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2012 ndash 2011

76

Figura 31 Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral e temperatura miacutenima no

veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2012

78

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo

PNCD 39

Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo 31

Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus

coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36

Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37

Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 52

Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53

Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 58

Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60

Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance

(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010

ndash 2009 64

Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65

Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011

69

Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

12

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

70

Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -

2011 75

Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76

13

LISTA DE SIGLAS

Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica

GINI Iacutendice de GINI

RM Renda meacutedia

BR Baixa Renda

TD Taxa de desemprego

CMI Coeficiente de mortalidade infantil

Analf G Analfabetismo Geral

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto

Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais

Lixo Coleta de lixo

Aacutegua Abastecimento de aacutegua

TMP Temperatura maacutexima primavera

TMV Temperatura maacutexima veratildeo

TMO Temperatura maacutexima outono

TMI Temperatura maacutexima inverno

TminP Temperatura miacutenima primavera

TminV Temperatura miacutenima veratildeo

TminO Temperatura miacutenima outono

TminI Temperatura miacutenima inverno

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo

Prec O Precipitaccedilatildeo outono

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno

ID Identificaccedilatildeo

14

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO16

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral 17

22 Objetivos especiacuteficos 17

3 JUSTIFICATIVA18

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19

41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19

42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20

43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21

44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21

45 Accedilotildees de controle da dengue 22

46 Estudos da dengue no Brasil 22

47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24

48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25

49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28

51 Dados meteoroloacutegicos 28

52 Dados socioeconocircmicos 35

53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e

classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37

54 Organizaccedilatildeo dos dados 39

56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42

61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42

611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42

612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44

613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46

62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48

15

63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50

64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56

65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62

66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67

67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273

7 CONCLUSAtildeO79

REFEREcircNCIAS80

ANEXO A85

ANEXO B85

ANEXO C86

ANEXO D86

ANEXO E87

ANEXO F88

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de

outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya

No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue

eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1

DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o

RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e

uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)

Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre

20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue

Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que

pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a

33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no

desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser

ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC

Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero

de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute

uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros

casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue

no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as

notificaccedilotildees por dengue no Estado

Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo

17

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas

Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de

mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas

Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com

base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)

Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no

periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD)

Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os

casos de dengue em Minas Gerais

18

3 JUSTIFICATIVA

Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando

rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate

agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos

de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir

os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em

relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades

apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as

caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a

particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais

agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados

agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores

19

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO

Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por

transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm

registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da

dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente

com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat

natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de

mosquitos Aedes sp

O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus

para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato

evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no

continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya

Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o

traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees

tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras

infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os

ciclos de urbanizaccedilatildeo

As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram

em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir

desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo

Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em

risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os

anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia

local

20

42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA

O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica

subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas

brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo

reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o

desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a

postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos

mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo

de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se

jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute

um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e

aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do

mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito

semanas

Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp

Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue

21

43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE

A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes

Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a

fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um

intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca

comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo

extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e

migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo

cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)

44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro

sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma

vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais

contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir

para as formas graves aumentam

A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as

consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs

os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue

hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da

doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees

dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias

A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas

inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou

quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele

hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica

pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os

sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo

surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode

levar agrave morte

22

45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE

Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem

adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como

o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a

erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes

de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees

Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o

controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria

O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se

acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta

reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos

estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a

resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas

O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e

evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de

situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A

participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os

domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros

46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL

A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A

compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de

combate mais eficaz

Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio

de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa

municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional

densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional

proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de

populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual

de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a

quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza

23

percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento

percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e

quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo

por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-

demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho

Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de

significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As

variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e

percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com

melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de

dengue na epidemia de 2002

No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -

SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e

agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e

anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de

instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres

analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em

quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos

niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue

foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o

periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu

um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total

apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis

socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos

Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash

SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo

sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica

definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis

selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios

percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo

nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo

percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes

com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior

completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de

24

chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre

trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-

miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade

porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as

variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um

agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel

observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias

e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da

estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram

chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto

niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel

meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de

moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o

coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De

modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro

unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou

correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue

47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A

DENGUE

Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura

(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a

dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As

variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e

umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o

risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na

Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro

e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio

Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido

a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo

foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas

25

maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti

no periacuteodo do outono

Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no

desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da

populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que

sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada

duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC

Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias

de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro

Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de

comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos

de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que

essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos

48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM

A DENGUE

As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e

dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos

de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define

sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de

saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a

proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como

indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis

socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo

Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo

geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se

acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor

controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as

mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo

encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)

Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE

(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o

26

rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego

que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo

procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a

reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo

de total desigualdade (ISHITANI et al2006)

Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero

de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar

um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da

populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de

sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento

baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a

qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida

A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi

incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito

proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior

facilidade

Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura

maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e

socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia

de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais

49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO

DE MINAS GERAIS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui

uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em

20734097 habitantes

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas

Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as

27

chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de

Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)

A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-

sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores

contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos

Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico

Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute

um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste

em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do

oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul

do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua

de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da

precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA

et al 2014)

Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de

2010 Fonte Reboita et al (2012)

28

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)

que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e

avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores

ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado

de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e

socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de

notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas

Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por

dengue dos municiacutepios de Minas Gerais

Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de

regiotildees de alta incidecircncia de dengue

Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o

programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)

51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)

Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura

miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48

estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais

selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram

usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar

informaccedilotildees mais completas para esses anos

Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um

processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi

a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles

29

valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por

exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados

errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na

estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a

diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS

2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo

N= Q98 + 3 IQR (1)

onde Q98 eacute o percentil de 98

Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que

foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero

Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et

al 2012)

N= Q75 plusmn 3 IQR (2)

Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses

intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos

tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que

na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees

proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado

Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo

entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as

maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da

identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que

apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis

analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees

meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na

Tabela 1

Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram

menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto

eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo

meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse

30

coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo

meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva

e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram

falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo

considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento

foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo

31

Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1

Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo

___________________________________________________________________________

ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)

1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274

2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289

3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361

4 Arinos 83384 -1591 -4605 519

5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127

6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126

7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915

8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695

9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652

10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150

11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318

12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206

13 Curvelo 83536 1875 -4445 672

14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612

15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835

16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964

17 Formoso 83334 -1493 -4625 840

18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367

19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097

20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560

21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516

22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371

23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036

24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996

25 Juramento 83452 -1678 -4371 650

26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884

27 Machado 83683 -2166 -4591 87335

28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452

29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629

30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712

31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028

32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891

33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224

34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091

35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132

36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532

37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732

38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737

39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460

40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973

32

Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura

espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees

Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias

ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria

dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de

uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto

(ZIMERMANN et al 2012)

A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman

tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse

problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da

reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas

variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude

Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de

grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas

Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas

estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois

pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da

temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim

e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute

bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial

das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo

utilizar valores discrepantes

33

a) b)

c) d)

e)

Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)

veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual

34

ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e

longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na

reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)

Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do

Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x

1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo

(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o

preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA

2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com

dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096

35

Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da

estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e

do INMET (azul)

Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais

das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram

fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada

52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS

Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda

escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas

as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os

dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte

para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de

risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de

corte utilizados podem ser visualizados no anexo

As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um

banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os

resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os

significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2

36

Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos

dados

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo Variaacutevel Fonte

DD Densidade demograacutefica IBGE

Renda

GINI Iacutendice de GINI DATASUS

RM Renda meacutedia DATASUS

BR Baixa Renda DATASUS

TD Taxa de desemprego DATASUS

Sauacutede

CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS

Escolaridade

Analf G Analfabetismo Geral DATASUS

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS

Analf 2

Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo

incompleto DATASUS

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS

Saneamento baacutesico

Lixo Coleta de lixo IBGE

Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE

Variaacuteveis meteoroloacutegicas

TMP Temperatura maacutexima primavera INMET

TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET

TMO Temperatura maacutexima outono INMET

TMI Temperatura maacutexima inverno INMET

TminP Temperatura miacutenima primavera INMET

TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET

TminO Temperatura miacutenima outono INMET

TminI Temperatura miacutenima inverno INMET

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET

Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET

37

Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo da

Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo

RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1

gt mediana 0

GINI Se a desigualdade for gt mediana 1

mediana 0

BR Se a baixa renda for ge mediana 1

lt mediana 0

TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1

ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0

Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1

fundamental completo ou 2ordm ciclo

incompleto for mediana 0

Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0

2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1

DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1

mediana 0

CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1

lt 20 permil 0

53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA

Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas

Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de

2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por

ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de

morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de

morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)

38

x 100000 habitantes

(3)

( ) notificaccedilotildees

(4)

onde

Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada

CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes

(5)

Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio

possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com

municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0

Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais

Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado

utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do

Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas

do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)

39

Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________

54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS

O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam

a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de

MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas

devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as

cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama

Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute

da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo

Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de

desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso

esse trabalho foi realizado com 720 cidades

Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007

2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue

iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte

Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas

foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de

desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave

inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar

incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental

Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia

(por 100000 habitantes)

Baixa incidecircncia 100

Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300

Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300

40

completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O

motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010

56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA

A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma

variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa

duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes

atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem

se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os

dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os

valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)

( )

(6)

Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do

valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance

fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)

(

)

(7)

Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da

verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance

(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma

estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1

41

Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila

chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito

(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel

dependente fica representada pela foacutermula

( )

( )

(8)

Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM

(CDC 2008)

As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de

p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise

forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das

variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou

igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW

1989)

42

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA

611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM

MINAS GERAIS

Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no

inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e

no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de

Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das

explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para

leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa

umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de

monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno

com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do

continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo

43

a) b)

c) d)

e)

Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

44

612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA

MIacuteNIMA EM MG

Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo

variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma

regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de

MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais

frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de

10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a

predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em

todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a

22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo

mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste

apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no

veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de

Souza et al (2006)

45

a) b)

c) d)

e)

Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

46

613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS

MAacuteXIMAS EM MG

A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com

a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores

altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras

aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute

no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no

leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente

47

a) b)

c) d)

e)

Figura 9 - Temperatura maacutexima (o

C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)

primavera (e) meacutedia anual

48

62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG

As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser

visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo

central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos

mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se

tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees

No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a

classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD

Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais

___________________________________________________________________________

Ano 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183

Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia

49

a) 2008 b) 2009

c) 2010 d) 2011

e) 2012

Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)

2010 (d) 2011 e (e) 2012

50

63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008

De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades

com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas

com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da

Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de

dengue

Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008

A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na

Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores

notificaccedilotildees em abril

51

Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4

com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se

hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis

explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2008

52

Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de

p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 073 050 - 108 0119

GINI 045 030 - 067 0001

CMI 374 249 - 559 lt0001

Prec I 099 098 - 100 0160

Prec O 100 099 - 101 0059

TD 156 106 -230 0023

TminP 107 095 - 121 0202

TminV 124 105 - 147 0009

TMO 123 105 - 144 0009

TMV 117 104 -133 0007

BR 097 066 - 145 0919

Prec P 099 099 - 100 0782

Prec V 100 099 -100 0984

RM 122 082 -182 0313

TMI 099 089 - 112 0977

TminI 102 094 - 112 0509

TminO 103 089 - 119 0684

TMP 103 094 -113 0487

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI

coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono

temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem

significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13

53

Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007

Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007

____________________________________________________________________________

A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de

GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de

dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil

(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da

populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI -09422 038 025 - 060

CMI 13098 37 242 - 566

Prec I -00185 098 096 - 099

Prec O 00121 101 100 - 102

TMV 02957 134 116 -154

Constante -96745

CMI

P lt 0001

TMV

P lt 0001

GINI

P lt 0001

Prec I

P= 0006

Prec O

P= 0003

54

vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais

favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue

tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com

menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo

comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um

risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse

valor

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +

02957(TMV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade

(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e

temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8

foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14

55

Legenda

_________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio

A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0)

Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem

permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana

para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso

verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm

0

02

04

06

08

1

12

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

()

Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)

a

b

c

d

A

B

D

C

56

maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio

mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem

apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a

notificaccedilatildeo

64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009

Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de

notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees

atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas

Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15

Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009

O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no

mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16

57

Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o

resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em

verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2009

58

Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores

de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

BR 288 190 - 437 lt0001

GINI 286 189-433 lt0001

Prec O 099 098- 099 00001

Prec P 100 100-101 00085

Prec V 099 099-100 00603

CMI 782 496- 1235 lt0001

TD 075 050 -112 01692

TminO 115 098 -134 00728

TminV 116 098-137 00665

TMO 112 097- 129 00979

TMV 117 101 -136 00279

Analf G 367 241 -559 lt0001

RM 403 263-616 lt0001

Prec I 099 098 -100 03264

TMI 101 090 - 112 08337

TminI 103 093 - 115 05150

TminP 099 088-111 09688

TMP 103 095 - 111 04249

59

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda

meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A

ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta

os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das

variaacuteveis explanatoacuterias

Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008

GINI

p lt 0001

Prec V

P= 00358

Analf G

P =00044

CMI

plt 0001

RM

P = 00008

60

Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008

_________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI 14027 406 230 - 716

RM 12552 350 168 - 728

Analf G 11075 302 141- 648

CMI 17819 594 358- 985

Prec V 00042 100 099 -100

Constante -37863

Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco

para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594

vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com

menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350

analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042

(PrecV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)

renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo

de interferir nos casos de dengue no Estado

61

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

__________________________________________________________________________

Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em

2009

000

020

040

060

080

100

120

0 200 400 600

Pro

bab

ilid

ade

(

)

Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)

a

b

c

d

A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima

da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

A

B

C

D

62

A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede

com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com

maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias

65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010

No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero

de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de

morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos

para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes

principalmente nas regiotildees norte e sul

Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010

63

Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado

superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na

Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na

primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono

tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise

Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2010

64

Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC

95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue

no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Prec V 099 099 - 1000 0103

CMI 5459 3847 - 7746 lt0001

TD 077 056 - 1069 0121

TminO 1143 1009 - 1296 0034

TminV 1178 1026- 1352 0020

TMO 108 099 -119 0069

TMP 1075 098 - 1178 0122

Analf G 2956 2122- 4119 lt0001

Gini 029 0211 - 041 lt0001

Prec I 099 0984 - 1002 0153

RM 3193 2288- 4455 lt0001

BR 2275 1641- 3152 lt0001

Prec P 099 099 -100 0532

Prec O 099 099 - 1002 0467

As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou

valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na

Figura 21

65

Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009

Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009

_____________________________________________________________________________

Variaacuteveis

explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)

CMI 15151 454 312-663

Analf G 13218 375 251-559

GINI -14487 023 015-035

Constante -07489

O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como

fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores

menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil

Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as

chances de apresentar casos de dengue

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)

ANALF G

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

66

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de

mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue

no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

_________________________________________________________________________

A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana

(1)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

F

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

67

Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da

mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a

probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a

90

66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011

Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602

municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas

as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano

Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011

Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril

e maio (Figura 24)

68

Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011

A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis

analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis

saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo

Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2011

Notificaccedilotildees por dengue em 2011

69

Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011 _________________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

AnalfG 367 254 - 532 lt0001

BR 288 2 - 413 lt0001

GINI 030 021- 044 lt0001

Prec I 101 099-102 0177

Prec O 099 099-100 0131

Prec P 099 099 -101 0043

Prec V 099 099 -100 lt0001

RM 417 287-606 lt0001

CMI 905 6 - 1363 lt0001

TD 080 056-114 0227

TminI 105 097- 113 0223

TminO 113 099-128 0051

TminP 115 103-128 0012

TMO 116 102-132 0020

TMP 104 097-112 0199

TMV 117 107-130 lt0001

Analf1 103 098-108 0162

Analf2 106 102 - 110 lt0001

Aacutegua 116 081-165 0395

DD 100 099-100 0827

Lixo 109 076-155 0622

TMI 098 090-107 0761

TminV 107 094-123 0275

Analf3 099 097-101 0463

70

A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na

Figura 25

Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente

RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias

Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 15301 461 289 - 735

GINI -14098 024 015 - 038

CMI 20253 757 486 - 1180

Constante -09603

Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator

de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o

analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo

461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil

ANALF G

p lt 0001

GINI

p lt 0001

CMI

p lt 0001

71

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

72

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

___________________________________________________________________________

Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

D

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

F

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

73

Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de

mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram

aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27

67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012

Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da

Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e

alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta

Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012

Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas

aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000

74

Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012

A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que

foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das

caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2012

Notificaccedilotildees por dengue em 2012

75

Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 235 158-350 lt0001

BR 237 160-351 lt0001

GINI 030 020-045 lt0001

Prec I 098 096-100 0209

RM 341 228-51 lt0001

CMI 606 397-923 lt0001

TD 076 052-111 01667

Tmin I 107 096-119 01823

Tmin O 119 101-141 00335

Tmin P 115 100-131 00417

Tmin V 125 102-152 00247

TMV 120 103-140 00144

Prec O 099 099-100 0608

Prec P 099 099-100 0583

Prec V 099 099-100 0516

TMI 103 093-113 0527

TMP 101 093-110 0709

O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo

76

geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo

Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30

Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011

Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011

_____________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 07539 212 129 - 348

GINI -13120 026 016 - 042

CMI 16465 518 33 - 814

Tmin V 02280 125 098 - 159

Constante -51829

O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior

desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As

demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura

ANALF G

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

TMV

p = 005

P

77

miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios

com valores menores que os descritos

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

78

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

_________________________________________________________________________

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012

A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de

desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e

analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por

dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de

notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se

de 40degC

000

020

040

060

080

100

120

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

Temperatura miacutenima no veratildeo

a

b

c

d

A

B

D

C

79

7 CONCLUSAtildeO

Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de

dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas

Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012

A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo

os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram

nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais

Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual

quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como

significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do

agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo

no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo

correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser

significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo

2012 ndash 2011

Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia

de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede

que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza

visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo

apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de

temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com

temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais

Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com

amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para

comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado

classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o

intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo

80

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85

ANEXOS

Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007

_____________________________________________________________

Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008

________________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 437727

GINI 0504

BR 47484

TD 7532

Analf G 13035

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 470625

GINI 0490

BR 39550

TD 6341

Analf G 11685

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

86

Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009

________________________________________________________________

Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010

_______________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 472850

GINI 0483

BR 40505

TD 5795

Analf G 11700

Analf 1 5390

Analf 2 12430

Analf 3 74670

DD 24070

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 461944

GINI 0490

BR 42673

TD 6255

Analf G 12095

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

87

Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011

___________________________________________________________________________

Variaacuteveis Valor de corte

RM 500751

GINI 0482

BR 35734

TD 5732

Analf G 1071

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

88

ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo

1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106

2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057

3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107

4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -

018

5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128

6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118

7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07

8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095

9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099

10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106

11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11

12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063

13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076

14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111

15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103

16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101

17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099

18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109

19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103

20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104

21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102

22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112

Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios

Page 5: Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as

5

Natildeo haacute ceacuteu sem tempestade nem caminhos sem acidentes Natildeo tenha medo da vida tenha

medo de natildeo vivecirc-la intensamente

Augusto Cury

6

RESUMO

ALVES M A A Relaccedilatildeo dos casos de dengue em Minas Gerais com as variaacuteveis

meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas 2015 87- f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio Ambiente e

Recursos Hiacutedricos)-Universidade Federal de Itajubaacute 2015

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes aegypti que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue no

Brasil Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo Portanto o objetivo desse trabalho eacute avaliar a relaccedilatildeo de algumas

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas em diferentes municiacutepios de Minas Gerais no

periacuteodo de 2008 a 2012 com as notificaccedilotildees de dengue Foram coletadas informaccedilotildees sobre as

variaacuteveis meteoroloacutegicas precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e miacutenima do banco de dados do

Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) sauacutede renda e escolaridade obtidas do

Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) as notificaccedilotildees por dengue do Sistema

de informaccedilotildees e agravos de notificaccedilotildees (SINAN) saneamento baacutesico e densidade

demograacutefica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Para esse estudo foram

realizadas anaacutelises multivariadas com o auxiacutelio do software Epi-Info 351 TM visando

identificar os melhores modelos para as notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais com o valor

de p lt 005 fundamentado no teste da razatildeo da maacutexima verossimilhanccedila Foi observado

atraveacutes da regressatildeo logiacutestica multivariada que trecircs variaacuteveis mostram-se frequentes nos anos

analisados e satildeo desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda (iacutendice de GINI) poucos

investimentos em sauacutede (CMI) e analfabetismo da populaccedilatildeo Outras variaacuteveis tambeacutem foram

importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e temperatura maacutexima

no veratildeo na regressatildeo de 2008 ndash 2007 renda meacutedia e precipitaccedilatildeo no veratildeo em 2009 ndash 2008

e a variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo em 2012 ndash 2011 Foi observado ainda que

municiacutepios com desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda com baixo investimento em sauacutede e

baixa escolaridade da populaccedilatildeo geral encontram-se expostos a maior forccedila de agravo de

notificaccedilatildeo quando comparados a condiccedilotildees mais favoraacuteveis Os dados obtidos com esse

trabalho revelam a necessidade na melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo com maiores

investimentos em sauacutede educaccedilatildeo e em medidas de combate agrave pobreza para reduzir a

desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda de forma que maiores investimentos em infraestrutura

e educaccedilatildeo e maior comprometimento da populaccedilatildeo para a erradicaccedilatildeo do inseto podem

auxiliar a reduccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo por dengue

Palavras-chave Epidemiologia ambiental Temperatura Precipitaccedilatildeo Renda Regressatildeo

logiacutestica

7

ABSTRACT

ALVES M A ARelationship of dengue cases in Minas Gerais with weather and

socioeconomic variables 201587f Dissertation (Masters in Environment and Water

Resources) Federal -University of Itajubaacute 2015

Dengue is a viral disease of tropical and subtropical regions that occurs due to temperature

and precipitation conditions necessary for the development of the mosquito Aedes aegypti

which is the intermediate host responsible for the transmission of dengue in Brazil Although

the environmental conditions are important for the replication of the virus and development of

Aedes aegypti the socioeconomic characteristics are also essential in the transmission of

dengue being linked to the way of life and the implementation of prevention methods

Therefore the aim of this study is to evaluate the relationship of some meteorological and

socioeconomic variables in different municipalities of Minas Gerais from 2008 to 2012 with

dengue notifications Information regarding meteorological variables were collected

precipitation maximum and minimum temperatures of the National Institute database of

Meteorology (INMET) health income and education obtained from the SUS Department of

Information (DATASUS) notifications by dengue information system and notifications of

injuries (SINAN) sanitation and population density of the Brazilian Institute of Geography

and Statistics (IBGE) For this study multivariate analyzes were performed with the Epi-Info

TM 351 software to identify the best models for dengue notifications in Minas Gerais with

the value of p lt005 based on maximum likelihood test of reason It was observed by

multivariate logistic regression three variables that show up frequently in the analyzed years

and are inequality in income distribution (Gini index) few investments in health (CMI) and

illiteracy of the population Other variables were also important such as precipitation in

winter precipitation in autumn and maximum temperature in summer the regression 2008 -

2007 middle-income and precipitation in summer in 2009 - 2008 and the variable minimum

temperature in the summer in 2012 - 2011 It was observed also that municipalities with

unequal distribution of income with low investment in health and low education of the

general population are exposed to greater notice of grievance strength when compared the

most favorable conditions The data obtained from this study reveal the need to improve the

populations quality of life with greater investments in health education and anti-poverty

measures to reduce inequality in income distribution so that greater investment in

infrastructure and education and greater involvement of the population to eradicate the insect

can help to reduce dengue notification strength

Keywords Environmental epidemiology Temperature Precipitation Income Logistic

regression

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti 20

Figura 2 Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul 27

Figura 3 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo

30

Figura 4 Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de

Cressman de 1998 a 2012

33

Figura 5 ldquoSeacuteries temporais da meacutedia mensal da temperatura miacutenima em

Janauacuteba latitude 15deg 48rsquo 13rdquo e longitude 43deg 19rsquo 3rdquo (a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo

43rdquo e longitude 44deg 59rsquo 59rdquo (b) no periacuteodo de 1998 a 2012

34

Figura 6 Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados

de estaccedilotildees de INMET da estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg

59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 na reanaacutelise ERA ndash Interim

35

Figura 7 Precipitaccedilatildeo em Minas Gerais 1998 a 2012 (INMET 40 estaccedilotildees + 43

pontos do GPCC)

43

Figura 8 Temperatura Miacutenima em MG 1998 a 2012 Fonte (INMET 40

estaccedilotildees + 57 pontos ERA Int)

45

Figura 9 Temperatura Maacutexima em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (INMET 40

estaccedilotildees + 57 pontos ERAInt)

47

Figura 10 Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos

de (a) 2008 (b) 2009 (c) 2010 (d) 2011 e (e) 2012

49

Figura 11 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepios de

Minas Gerais em 2008

50

Figura 12 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008 51

Figura 13 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2008 -2007

53

Figura 14 Estimativa da razatildeo de chance baseada nos valores de iacutendice de

GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre

os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

55

Figura 15 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais em 2009

56

9

Figura 16 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009 57

Figura 17 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2009- 2008

59

Figura 18 Estimativa da probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GNI

coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo geral e

precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2009

61

Figura 19 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais 2010

62

Figura 20 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010 63

Figura 21 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2010 - 2009

65

Figura 22 Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue

em Minas Gerais em 2010

66

Figura 23 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais em 2011

67

Figura 24 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 68

Figura 25 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2011-2010

70

Figura 26 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 71

Figura 27 Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre os casos de

dengue em Minas Gerais em 2011

72

Figura 28 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas

Gerais em 2012

73

Figura 29 Casos de notificaccedilatildeo por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012 74

Figura 30 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2012 ndash 2011

76

Figura 31 Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral e temperatura miacutenima no

veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2012

78

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo

PNCD 39

Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo 31

Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus

coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36

Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37

Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 52

Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53

Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 58

Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60

Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance

(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010

ndash 2009 64

Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65

Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011

69

Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

12

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

70

Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -

2011 75

Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76

13

LISTA DE SIGLAS

Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica

GINI Iacutendice de GINI

RM Renda meacutedia

BR Baixa Renda

TD Taxa de desemprego

CMI Coeficiente de mortalidade infantil

Analf G Analfabetismo Geral

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto

Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais

Lixo Coleta de lixo

Aacutegua Abastecimento de aacutegua

TMP Temperatura maacutexima primavera

TMV Temperatura maacutexima veratildeo

TMO Temperatura maacutexima outono

TMI Temperatura maacutexima inverno

TminP Temperatura miacutenima primavera

TminV Temperatura miacutenima veratildeo

TminO Temperatura miacutenima outono

TminI Temperatura miacutenima inverno

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo

Prec O Precipitaccedilatildeo outono

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno

ID Identificaccedilatildeo

14

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO16

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral 17

22 Objetivos especiacuteficos 17

3 JUSTIFICATIVA18

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19

41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19

42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20

43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21

44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21

45 Accedilotildees de controle da dengue 22

46 Estudos da dengue no Brasil 22

47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24

48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25

49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28

51 Dados meteoroloacutegicos 28

52 Dados socioeconocircmicos 35

53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e

classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37

54 Organizaccedilatildeo dos dados 39

56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42

61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42

611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42

612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44

613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46

62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48

15

63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50

64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56

65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62

66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67

67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273

7 CONCLUSAtildeO79

REFEREcircNCIAS80

ANEXO A85

ANEXO B85

ANEXO C86

ANEXO D86

ANEXO E87

ANEXO F88

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de

outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya

No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue

eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1

DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o

RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e

uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)

Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre

20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue

Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que

pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a

33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no

desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser

ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC

Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero

de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute

uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros

casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue

no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as

notificaccedilotildees por dengue no Estado

Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo

17

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas

Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de

mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas

Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com

base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)

Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no

periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD)

Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os

casos de dengue em Minas Gerais

18

3 JUSTIFICATIVA

Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando

rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate

agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos

de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir

os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em

relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades

apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as

caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a

particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais

agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados

agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores

19

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO

Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por

transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm

registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da

dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente

com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat

natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de

mosquitos Aedes sp

O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus

para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato

evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no

continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya

Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o

traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees

tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras

infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os

ciclos de urbanizaccedilatildeo

As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram

em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir

desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo

Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em

risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os

anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia

local

20

42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA

O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica

subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas

brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo

reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o

desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a

postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos

mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo

de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se

jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute

um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e

aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do

mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito

semanas

Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp

Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue

21

43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE

A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes

Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a

fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um

intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca

comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo

extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e

migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo

cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)

44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro

sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma

vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais

contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir

para as formas graves aumentam

A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as

consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs

os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue

hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da

doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees

dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias

A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas

inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou

quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele

hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica

pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os

sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo

surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode

levar agrave morte

22

45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE

Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem

adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como

o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a

erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes

de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees

Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o

controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria

O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se

acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta

reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos

estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a

resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas

O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e

evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de

situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A

participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os

domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros

46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL

A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A

compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de

combate mais eficaz

Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio

de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa

municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional

densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional

proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de

populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual

de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a

quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza

23

percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento

percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e

quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo

por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-

demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho

Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de

significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As

variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e

percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com

melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de

dengue na epidemia de 2002

No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -

SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e

agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e

anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de

instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres

analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em

quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos

niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue

foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o

periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu

um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total

apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis

socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos

Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash

SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo

sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica

definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis

selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios

percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo

nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo

percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes

com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior

completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de

24

chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre

trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-

miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade

porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as

variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um

agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel

observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias

e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da

estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram

chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto

niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel

meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de

moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o

coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De

modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro

unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou

correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue

47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A

DENGUE

Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura

(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a

dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As

variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e

umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o

risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na

Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro

e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio

Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido

a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo

foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas

25

maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti

no periacuteodo do outono

Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no

desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da

populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que

sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada

duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC

Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias

de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro

Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de

comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos

de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que

essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos

48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM

A DENGUE

As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e

dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos

de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define

sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de

saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a

proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como

indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis

socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo

Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo

geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se

acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor

controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as

mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo

encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)

Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE

(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o

26

rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego

que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo

procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a

reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo

de total desigualdade (ISHITANI et al2006)

Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero

de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar

um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da

populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de

sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento

baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a

qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida

A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi

incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito

proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior

facilidade

Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura

maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e

socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia

de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais

49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO

DE MINAS GERAIS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui

uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em

20734097 habitantes

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas

Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as

27

chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de

Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)

A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-

sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores

contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos

Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico

Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute

um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste

em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do

oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul

do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua

de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da

precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA

et al 2014)

Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de

2010 Fonte Reboita et al (2012)

28

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)

que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e

avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores

ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado

de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e

socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de

notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas

Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por

dengue dos municiacutepios de Minas Gerais

Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de

regiotildees de alta incidecircncia de dengue

Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o

programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)

51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)

Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura

miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48

estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais

selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram

usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar

informaccedilotildees mais completas para esses anos

Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um

processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi

a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles

29

valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por

exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados

errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na

estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a

diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS

2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo

N= Q98 + 3 IQR (1)

onde Q98 eacute o percentil de 98

Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que

foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero

Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et

al 2012)

N= Q75 plusmn 3 IQR (2)

Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses

intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos

tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que

na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees

proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado

Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo

entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as

maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da

identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que

apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis

analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees

meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na

Tabela 1

Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram

menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto

eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo

meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse

30

coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo

meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva

e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram

falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo

considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento

foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo

31

Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1

Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo

___________________________________________________________________________

ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)

1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274

2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289

3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361

4 Arinos 83384 -1591 -4605 519

5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127

6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126

7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915

8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695

9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652

10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150

11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318

12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206

13 Curvelo 83536 1875 -4445 672

14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612

15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835

16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964

17 Formoso 83334 -1493 -4625 840

18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367

19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097

20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560

21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516

22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371

23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036

24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996

25 Juramento 83452 -1678 -4371 650

26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884

27 Machado 83683 -2166 -4591 87335

28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452

29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629

30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712

31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028

32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891

33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224

34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091

35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132

36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532

37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732

38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737

39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460

40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973

32

Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura

espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees

Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias

ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria

dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de

uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto

(ZIMERMANN et al 2012)

A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman

tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse

problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da

reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas

variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude

Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de

grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas

Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas

estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois

pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da

temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim

e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute

bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial

das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo

utilizar valores discrepantes

33

a) b)

c) d)

e)

Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)

veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual

34

ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e

longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na

reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)

Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do

Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x

1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo

(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o

preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA

2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com

dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096

35

Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da

estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e

do INMET (azul)

Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais

das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram

fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada

52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS

Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda

escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas

as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os

dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte

para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de

risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de

corte utilizados podem ser visualizados no anexo

As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um

banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os

resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os

significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2

36

Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos

dados

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo Variaacutevel Fonte

DD Densidade demograacutefica IBGE

Renda

GINI Iacutendice de GINI DATASUS

RM Renda meacutedia DATASUS

BR Baixa Renda DATASUS

TD Taxa de desemprego DATASUS

Sauacutede

CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS

Escolaridade

Analf G Analfabetismo Geral DATASUS

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS

Analf 2

Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo

incompleto DATASUS

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS

Saneamento baacutesico

Lixo Coleta de lixo IBGE

Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE

Variaacuteveis meteoroloacutegicas

TMP Temperatura maacutexima primavera INMET

TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET

TMO Temperatura maacutexima outono INMET

TMI Temperatura maacutexima inverno INMET

TminP Temperatura miacutenima primavera INMET

TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET

TminO Temperatura miacutenima outono INMET

TminI Temperatura miacutenima inverno INMET

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET

Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET

37

Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo da

Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo

RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1

gt mediana 0

GINI Se a desigualdade for gt mediana 1

mediana 0

BR Se a baixa renda for ge mediana 1

lt mediana 0

TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1

ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0

Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1

fundamental completo ou 2ordm ciclo

incompleto for mediana 0

Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0

2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1

DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1

mediana 0

CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1

lt 20 permil 0

53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA

Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas

Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de

2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por

ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de

morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de

morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)

38

x 100000 habitantes

(3)

( ) notificaccedilotildees

(4)

onde

Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada

CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes

(5)

Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio

possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com

municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0

Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais

Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado

utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do

Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas

do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)

39

Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________

54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS

O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam

a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de

MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas

devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as

cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama

Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute

da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo

Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de

desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso

esse trabalho foi realizado com 720 cidades

Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007

2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue

iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte

Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas

foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de

desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave

inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar

incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental

Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia

(por 100000 habitantes)

Baixa incidecircncia 100

Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300

Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300

40

completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O

motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010

56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA

A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma

variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa

duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes

atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem

se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os

dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os

valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)

( )

(6)

Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do

valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance

fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)

(

)

(7)

Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da

verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance

(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma

estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1

41

Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila

chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito

(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel

dependente fica representada pela foacutermula

( )

( )

(8)

Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM

(CDC 2008)

As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de

p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise

forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das

variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou

igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW

1989)

42

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA

611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM

MINAS GERAIS

Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no

inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e

no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de

Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das

explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para

leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa

umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de

monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno

com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do

continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo

43

a) b)

c) d)

e)

Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

44

612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA

MIacuteNIMA EM MG

Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo

variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma

regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de

MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais

frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de

10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a

predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em

todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a

22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo

mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste

apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no

veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de

Souza et al (2006)

45

a) b)

c) d)

e)

Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

46

613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS

MAacuteXIMAS EM MG

A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com

a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores

altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras

aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute

no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no

leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente

47

a) b)

c) d)

e)

Figura 9 - Temperatura maacutexima (o

C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)

primavera (e) meacutedia anual

48

62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG

As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser

visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo

central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos

mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se

tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees

No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a

classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD

Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais

___________________________________________________________________________

Ano 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183

Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia

49

a) 2008 b) 2009

c) 2010 d) 2011

e) 2012

Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)

2010 (d) 2011 e (e) 2012

50

63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008

De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades

com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas

com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da

Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de

dengue

Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008

A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na

Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores

notificaccedilotildees em abril

51

Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4

com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se

hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis

explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2008

52

Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de

p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 073 050 - 108 0119

GINI 045 030 - 067 0001

CMI 374 249 - 559 lt0001

Prec I 099 098 - 100 0160

Prec O 100 099 - 101 0059

TD 156 106 -230 0023

TminP 107 095 - 121 0202

TminV 124 105 - 147 0009

TMO 123 105 - 144 0009

TMV 117 104 -133 0007

BR 097 066 - 145 0919

Prec P 099 099 - 100 0782

Prec V 100 099 -100 0984

RM 122 082 -182 0313

TMI 099 089 - 112 0977

TminI 102 094 - 112 0509

TminO 103 089 - 119 0684

TMP 103 094 -113 0487

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI

coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono

temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem

significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13

53

Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007

Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007

____________________________________________________________________________

A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de

GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de

dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil

(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da

populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI -09422 038 025 - 060

CMI 13098 37 242 - 566

Prec I -00185 098 096 - 099

Prec O 00121 101 100 - 102

TMV 02957 134 116 -154

Constante -96745

CMI

P lt 0001

TMV

P lt 0001

GINI

P lt 0001

Prec I

P= 0006

Prec O

P= 0003

54

vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais

favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue

tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com

menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo

comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um

risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse

valor

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +

02957(TMV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade

(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e

temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8

foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14

55

Legenda

_________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio

A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0)

Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem

permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana

para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso

verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm

0

02

04

06

08

1

12

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

()

Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)

a

b

c

d

A

B

D

C

56

maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio

mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem

apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a

notificaccedilatildeo

64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009

Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de

notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees

atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas

Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15

Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009

O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no

mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16

57

Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o

resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em

verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2009

58

Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores

de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

BR 288 190 - 437 lt0001

GINI 286 189-433 lt0001

Prec O 099 098- 099 00001

Prec P 100 100-101 00085

Prec V 099 099-100 00603

CMI 782 496- 1235 lt0001

TD 075 050 -112 01692

TminO 115 098 -134 00728

TminV 116 098-137 00665

TMO 112 097- 129 00979

TMV 117 101 -136 00279

Analf G 367 241 -559 lt0001

RM 403 263-616 lt0001

Prec I 099 098 -100 03264

TMI 101 090 - 112 08337

TminI 103 093 - 115 05150

TminP 099 088-111 09688

TMP 103 095 - 111 04249

59

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda

meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A

ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta

os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das

variaacuteveis explanatoacuterias

Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008

GINI

p lt 0001

Prec V

P= 00358

Analf G

P =00044

CMI

plt 0001

RM

P = 00008

60

Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008

_________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI 14027 406 230 - 716

RM 12552 350 168 - 728

Analf G 11075 302 141- 648

CMI 17819 594 358- 985

Prec V 00042 100 099 -100

Constante -37863

Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco

para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594

vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com

menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350

analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042

(PrecV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)

renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo

de interferir nos casos de dengue no Estado

61

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

__________________________________________________________________________

Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em

2009

000

020

040

060

080

100

120

0 200 400 600

Pro

bab

ilid

ade

(

)

Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)

a

b

c

d

A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima

da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

A

B

C

D

62

A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede

com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com

maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias

65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010

No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero

de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de

morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos

para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes

principalmente nas regiotildees norte e sul

Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010

63

Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado

superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na

Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na

primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono

tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise

Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2010

64

Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC

95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue

no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Prec V 099 099 - 1000 0103

CMI 5459 3847 - 7746 lt0001

TD 077 056 - 1069 0121

TminO 1143 1009 - 1296 0034

TminV 1178 1026- 1352 0020

TMO 108 099 -119 0069

TMP 1075 098 - 1178 0122

Analf G 2956 2122- 4119 lt0001

Gini 029 0211 - 041 lt0001

Prec I 099 0984 - 1002 0153

RM 3193 2288- 4455 lt0001

BR 2275 1641- 3152 lt0001

Prec P 099 099 -100 0532

Prec O 099 099 - 1002 0467

As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou

valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na

Figura 21

65

Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009

Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009

_____________________________________________________________________________

Variaacuteveis

explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)

CMI 15151 454 312-663

Analf G 13218 375 251-559

GINI -14487 023 015-035

Constante -07489

O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como

fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores

menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil

Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as

chances de apresentar casos de dengue

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)

ANALF G

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

66

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de

mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue

no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

_________________________________________________________________________

A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana

(1)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

F

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

67

Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da

mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a

probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a

90

66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011

Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602

municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas

as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano

Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011

Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril

e maio (Figura 24)

68

Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011

A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis

analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis

saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo

Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2011

Notificaccedilotildees por dengue em 2011

69

Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011 _________________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

AnalfG 367 254 - 532 lt0001

BR 288 2 - 413 lt0001

GINI 030 021- 044 lt0001

Prec I 101 099-102 0177

Prec O 099 099-100 0131

Prec P 099 099 -101 0043

Prec V 099 099 -100 lt0001

RM 417 287-606 lt0001

CMI 905 6 - 1363 lt0001

TD 080 056-114 0227

TminI 105 097- 113 0223

TminO 113 099-128 0051

TminP 115 103-128 0012

TMO 116 102-132 0020

TMP 104 097-112 0199

TMV 117 107-130 lt0001

Analf1 103 098-108 0162

Analf2 106 102 - 110 lt0001

Aacutegua 116 081-165 0395

DD 100 099-100 0827

Lixo 109 076-155 0622

TMI 098 090-107 0761

TminV 107 094-123 0275

Analf3 099 097-101 0463

70

A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na

Figura 25

Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente

RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias

Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 15301 461 289 - 735

GINI -14098 024 015 - 038

CMI 20253 757 486 - 1180

Constante -09603

Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator

de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o

analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo

461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil

ANALF G

p lt 0001

GINI

p lt 0001

CMI

p lt 0001

71

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

72

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

___________________________________________________________________________

Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

D

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

F

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

73

Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de

mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram

aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27

67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012

Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da

Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e

alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta

Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012

Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas

aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000

74

Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012

A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que

foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das

caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2012

Notificaccedilotildees por dengue em 2012

75

Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 235 158-350 lt0001

BR 237 160-351 lt0001

GINI 030 020-045 lt0001

Prec I 098 096-100 0209

RM 341 228-51 lt0001

CMI 606 397-923 lt0001

TD 076 052-111 01667

Tmin I 107 096-119 01823

Tmin O 119 101-141 00335

Tmin P 115 100-131 00417

Tmin V 125 102-152 00247

TMV 120 103-140 00144

Prec O 099 099-100 0608

Prec P 099 099-100 0583

Prec V 099 099-100 0516

TMI 103 093-113 0527

TMP 101 093-110 0709

O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo

76

geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo

Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30

Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011

Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011

_____________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 07539 212 129 - 348

GINI -13120 026 016 - 042

CMI 16465 518 33 - 814

Tmin V 02280 125 098 - 159

Constante -51829

O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior

desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As

demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura

ANALF G

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

TMV

p = 005

P

77

miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios

com valores menores que os descritos

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

78

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

_________________________________________________________________________

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012

A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de

desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e

analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por

dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de

notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se

de 40degC

000

020

040

060

080

100

120

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

Temperatura miacutenima no veratildeo

a

b

c

d

A

B

D

C

79

7 CONCLUSAtildeO

Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de

dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas

Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012

A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo

os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram

nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais

Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual

quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como

significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do

agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo

no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo

correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser

significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo

2012 ndash 2011

Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia

de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede

que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza

visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo

apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de

temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com

temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais

Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com

amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para

comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado

classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o

intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo

80

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85

ANEXOS

Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007

_____________________________________________________________

Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008

________________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 437727

GINI 0504

BR 47484

TD 7532

Analf G 13035

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 470625

GINI 0490

BR 39550

TD 6341

Analf G 11685

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

86

Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009

________________________________________________________________

Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010

_______________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 472850

GINI 0483

BR 40505

TD 5795

Analf G 11700

Analf 1 5390

Analf 2 12430

Analf 3 74670

DD 24070

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 461944

GINI 0490

BR 42673

TD 6255

Analf G 12095

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

87

Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011

___________________________________________________________________________

Variaacuteveis Valor de corte

RM 500751

GINI 0482

BR 35734

TD 5732

Analf G 1071

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

88

ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo

1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106

2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057

3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107

4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -

018

5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128

6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118

7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07

8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095

9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099

10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106

11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11

12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063

13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076

14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111

15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103

16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101

17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099

18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109

19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103

20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104

21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102

22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112

Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios

Page 6: Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as

6

RESUMO

ALVES M A A Relaccedilatildeo dos casos de dengue em Minas Gerais com as variaacuteveis

meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas 2015 87- f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio Ambiente e

Recursos Hiacutedricos)-Universidade Federal de Itajubaacute 2015

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes aegypti que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue no

Brasil Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo Portanto o objetivo desse trabalho eacute avaliar a relaccedilatildeo de algumas

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas em diferentes municiacutepios de Minas Gerais no

periacuteodo de 2008 a 2012 com as notificaccedilotildees de dengue Foram coletadas informaccedilotildees sobre as

variaacuteveis meteoroloacutegicas precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e miacutenima do banco de dados do

Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) sauacutede renda e escolaridade obtidas do

Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) as notificaccedilotildees por dengue do Sistema

de informaccedilotildees e agravos de notificaccedilotildees (SINAN) saneamento baacutesico e densidade

demograacutefica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Para esse estudo foram

realizadas anaacutelises multivariadas com o auxiacutelio do software Epi-Info 351 TM visando

identificar os melhores modelos para as notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais com o valor

de p lt 005 fundamentado no teste da razatildeo da maacutexima verossimilhanccedila Foi observado

atraveacutes da regressatildeo logiacutestica multivariada que trecircs variaacuteveis mostram-se frequentes nos anos

analisados e satildeo desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda (iacutendice de GINI) poucos

investimentos em sauacutede (CMI) e analfabetismo da populaccedilatildeo Outras variaacuteveis tambeacutem foram

importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e temperatura maacutexima

no veratildeo na regressatildeo de 2008 ndash 2007 renda meacutedia e precipitaccedilatildeo no veratildeo em 2009 ndash 2008

e a variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo em 2012 ndash 2011 Foi observado ainda que

municiacutepios com desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda com baixo investimento em sauacutede e

baixa escolaridade da populaccedilatildeo geral encontram-se expostos a maior forccedila de agravo de

notificaccedilatildeo quando comparados a condiccedilotildees mais favoraacuteveis Os dados obtidos com esse

trabalho revelam a necessidade na melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo com maiores

investimentos em sauacutede educaccedilatildeo e em medidas de combate agrave pobreza para reduzir a

desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda de forma que maiores investimentos em infraestrutura

e educaccedilatildeo e maior comprometimento da populaccedilatildeo para a erradicaccedilatildeo do inseto podem

auxiliar a reduccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo por dengue

Palavras-chave Epidemiologia ambiental Temperatura Precipitaccedilatildeo Renda Regressatildeo

logiacutestica

7

ABSTRACT

ALVES M A ARelationship of dengue cases in Minas Gerais with weather and

socioeconomic variables 201587f Dissertation (Masters in Environment and Water

Resources) Federal -University of Itajubaacute 2015

Dengue is a viral disease of tropical and subtropical regions that occurs due to temperature

and precipitation conditions necessary for the development of the mosquito Aedes aegypti

which is the intermediate host responsible for the transmission of dengue in Brazil Although

the environmental conditions are important for the replication of the virus and development of

Aedes aegypti the socioeconomic characteristics are also essential in the transmission of

dengue being linked to the way of life and the implementation of prevention methods

Therefore the aim of this study is to evaluate the relationship of some meteorological and

socioeconomic variables in different municipalities of Minas Gerais from 2008 to 2012 with

dengue notifications Information regarding meteorological variables were collected

precipitation maximum and minimum temperatures of the National Institute database of

Meteorology (INMET) health income and education obtained from the SUS Department of

Information (DATASUS) notifications by dengue information system and notifications of

injuries (SINAN) sanitation and population density of the Brazilian Institute of Geography

and Statistics (IBGE) For this study multivariate analyzes were performed with the Epi-Info

TM 351 software to identify the best models for dengue notifications in Minas Gerais with

the value of p lt005 based on maximum likelihood test of reason It was observed by

multivariate logistic regression three variables that show up frequently in the analyzed years

and are inequality in income distribution (Gini index) few investments in health (CMI) and

illiteracy of the population Other variables were also important such as precipitation in

winter precipitation in autumn and maximum temperature in summer the regression 2008 -

2007 middle-income and precipitation in summer in 2009 - 2008 and the variable minimum

temperature in the summer in 2012 - 2011 It was observed also that municipalities with

unequal distribution of income with low investment in health and low education of the

general population are exposed to greater notice of grievance strength when compared the

most favorable conditions The data obtained from this study reveal the need to improve the

populations quality of life with greater investments in health education and anti-poverty

measures to reduce inequality in income distribution so that greater investment in

infrastructure and education and greater involvement of the population to eradicate the insect

can help to reduce dengue notification strength

Keywords Environmental epidemiology Temperature Precipitation Income Logistic

regression

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti 20

Figura 2 Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul 27

Figura 3 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo

30

Figura 4 Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de

Cressman de 1998 a 2012

33

Figura 5 ldquoSeacuteries temporais da meacutedia mensal da temperatura miacutenima em

Janauacuteba latitude 15deg 48rsquo 13rdquo e longitude 43deg 19rsquo 3rdquo (a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo

43rdquo e longitude 44deg 59rsquo 59rdquo (b) no periacuteodo de 1998 a 2012

34

Figura 6 Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados

de estaccedilotildees de INMET da estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg

59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 na reanaacutelise ERA ndash Interim

35

Figura 7 Precipitaccedilatildeo em Minas Gerais 1998 a 2012 (INMET 40 estaccedilotildees + 43

pontos do GPCC)

43

Figura 8 Temperatura Miacutenima em MG 1998 a 2012 Fonte (INMET 40

estaccedilotildees + 57 pontos ERA Int)

45

Figura 9 Temperatura Maacutexima em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (INMET 40

estaccedilotildees + 57 pontos ERAInt)

47

Figura 10 Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos

de (a) 2008 (b) 2009 (c) 2010 (d) 2011 e (e) 2012

49

Figura 11 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepios de

Minas Gerais em 2008

50

Figura 12 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008 51

Figura 13 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2008 -2007

53

Figura 14 Estimativa da razatildeo de chance baseada nos valores de iacutendice de

GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre

os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

55

Figura 15 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais em 2009

56

9

Figura 16 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009 57

Figura 17 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2009- 2008

59

Figura 18 Estimativa da probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GNI

coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo geral e

precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2009

61

Figura 19 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais 2010

62

Figura 20 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010 63

Figura 21 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2010 - 2009

65

Figura 22 Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue

em Minas Gerais em 2010

66

Figura 23 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais em 2011

67

Figura 24 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 68

Figura 25 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2011-2010

70

Figura 26 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 71

Figura 27 Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre os casos de

dengue em Minas Gerais em 2011

72

Figura 28 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas

Gerais em 2012

73

Figura 29 Casos de notificaccedilatildeo por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012 74

Figura 30 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2012 ndash 2011

76

Figura 31 Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral e temperatura miacutenima no

veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2012

78

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo

PNCD 39

Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo 31

Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus

coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36

Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37

Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 52

Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53

Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 58

Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60

Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance

(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010

ndash 2009 64

Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65

Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011

69

Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

12

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

70

Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -

2011 75

Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76

13

LISTA DE SIGLAS

Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica

GINI Iacutendice de GINI

RM Renda meacutedia

BR Baixa Renda

TD Taxa de desemprego

CMI Coeficiente de mortalidade infantil

Analf G Analfabetismo Geral

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto

Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais

Lixo Coleta de lixo

Aacutegua Abastecimento de aacutegua

TMP Temperatura maacutexima primavera

TMV Temperatura maacutexima veratildeo

TMO Temperatura maacutexima outono

TMI Temperatura maacutexima inverno

TminP Temperatura miacutenima primavera

TminV Temperatura miacutenima veratildeo

TminO Temperatura miacutenima outono

TminI Temperatura miacutenima inverno

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo

Prec O Precipitaccedilatildeo outono

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno

ID Identificaccedilatildeo

14

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO16

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral 17

22 Objetivos especiacuteficos 17

3 JUSTIFICATIVA18

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19

41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19

42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20

43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21

44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21

45 Accedilotildees de controle da dengue 22

46 Estudos da dengue no Brasil 22

47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24

48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25

49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28

51 Dados meteoroloacutegicos 28

52 Dados socioeconocircmicos 35

53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e

classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37

54 Organizaccedilatildeo dos dados 39

56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42

61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42

611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42

612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44

613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46

62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48

15

63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50

64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56

65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62

66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67

67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273

7 CONCLUSAtildeO79

REFEREcircNCIAS80

ANEXO A85

ANEXO B85

ANEXO C86

ANEXO D86

ANEXO E87

ANEXO F88

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de

outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya

No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue

eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1

DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o

RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e

uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)

Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre

20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue

Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que

pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a

33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no

desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser

ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC

Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero

de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute

uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros

casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue

no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as

notificaccedilotildees por dengue no Estado

Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo

17

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas

Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de

mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas

Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com

base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)

Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no

periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD)

Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os

casos de dengue em Minas Gerais

18

3 JUSTIFICATIVA

Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando

rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate

agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos

de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir

os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em

relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades

apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as

caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a

particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais

agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados

agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores

19

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO

Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por

transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm

registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da

dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente

com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat

natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de

mosquitos Aedes sp

O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus

para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato

evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no

continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya

Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o

traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees

tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras

infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os

ciclos de urbanizaccedilatildeo

As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram

em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir

desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo

Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em

risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os

anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia

local

20

42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA

O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica

subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas

brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo

reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o

desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a

postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos

mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo

de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se

jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute

um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e

aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do

mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito

semanas

Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp

Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue

21

43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE

A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes

Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a

fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um

intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca

comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo

extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e

migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo

cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)

44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro

sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma

vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais

contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir

para as formas graves aumentam

A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as

consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs

os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue

hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da

doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees

dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias

A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas

inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou

quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele

hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica

pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os

sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo

surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode

levar agrave morte

22

45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE

Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem

adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como

o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a

erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes

de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees

Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o

controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria

O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se

acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta

reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos

estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a

resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas

O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e

evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de

situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A

participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os

domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros

46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL

A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A

compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de

combate mais eficaz

Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio

de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa

municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional

densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional

proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de

populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual

de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a

quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza

23

percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento

percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e

quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo

por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-

demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho

Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de

significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As

variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e

percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com

melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de

dengue na epidemia de 2002

No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -

SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e

agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e

anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de

instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres

analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em

quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos

niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue

foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o

periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu

um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total

apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis

socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos

Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash

SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo

sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica

definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis

selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios

percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo

nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo

percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes

com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior

completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de

24

chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre

trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-

miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade

porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as

variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um

agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel

observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias

e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da

estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram

chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto

niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel

meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de

moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o

coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De

modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro

unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou

correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue

47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A

DENGUE

Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura

(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a

dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As

variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e

umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o

risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na

Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro

e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio

Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido

a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo

foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas

25

maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti

no periacuteodo do outono

Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no

desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da

populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que

sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada

duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC

Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias

de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro

Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de

comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos

de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que

essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos

48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM

A DENGUE

As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e

dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos

de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define

sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de

saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a

proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como

indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis

socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo

Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo

geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se

acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor

controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as

mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo

encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)

Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE

(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o

26

rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego

que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo

procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a

reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo

de total desigualdade (ISHITANI et al2006)

Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero

de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar

um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da

populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de

sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento

baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a

qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida

A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi

incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito

proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior

facilidade

Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura

maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e

socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia

de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais

49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO

DE MINAS GERAIS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui

uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em

20734097 habitantes

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas

Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as

27

chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de

Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)

A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-

sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores

contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos

Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico

Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute

um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste

em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do

oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul

do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua

de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da

precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA

et al 2014)

Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de

2010 Fonte Reboita et al (2012)

28

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)

que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e

avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores

ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado

de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e

socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de

notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas

Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por

dengue dos municiacutepios de Minas Gerais

Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de

regiotildees de alta incidecircncia de dengue

Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o

programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)

51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)

Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura

miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48

estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais

selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram

usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar

informaccedilotildees mais completas para esses anos

Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um

processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi

a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles

29

valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por

exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados

errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na

estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a

diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS

2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo

N= Q98 + 3 IQR (1)

onde Q98 eacute o percentil de 98

Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que

foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero

Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et

al 2012)

N= Q75 plusmn 3 IQR (2)

Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses

intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos

tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que

na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees

proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado

Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo

entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as

maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da

identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que

apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis

analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees

meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na

Tabela 1

Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram

menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto

eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo

meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse

30

coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo

meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva

e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram

falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo

considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento

foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo

31

Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1

Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo

___________________________________________________________________________

ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)

1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274

2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289

3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361

4 Arinos 83384 -1591 -4605 519

5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127

6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126

7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915

8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695

9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652

10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150

11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318

12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206

13 Curvelo 83536 1875 -4445 672

14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612

15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835

16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964

17 Formoso 83334 -1493 -4625 840

18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367

19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097

20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560

21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516

22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371

23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036

24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996

25 Juramento 83452 -1678 -4371 650

26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884

27 Machado 83683 -2166 -4591 87335

28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452

29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629

30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712

31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028

32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891

33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224

34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091

35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132

36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532

37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732

38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737

39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460

40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973

32

Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura

espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees

Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias

ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria

dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de

uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto

(ZIMERMANN et al 2012)

A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman

tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse

problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da

reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas

variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude

Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de

grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas

Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas

estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois

pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da

temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim

e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute

bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial

das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo

utilizar valores discrepantes

33

a) b)

c) d)

e)

Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)

veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual

34

ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e

longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na

reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)

Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do

Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x

1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo

(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o

preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA

2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com

dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096

35

Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da

estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e

do INMET (azul)

Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais

das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram

fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada

52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS

Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda

escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas

as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os

dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte

para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de

risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de

corte utilizados podem ser visualizados no anexo

As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um

banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os

resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os

significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2

36

Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos

dados

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo Variaacutevel Fonte

DD Densidade demograacutefica IBGE

Renda

GINI Iacutendice de GINI DATASUS

RM Renda meacutedia DATASUS

BR Baixa Renda DATASUS

TD Taxa de desemprego DATASUS

Sauacutede

CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS

Escolaridade

Analf G Analfabetismo Geral DATASUS

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS

Analf 2

Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo

incompleto DATASUS

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS

Saneamento baacutesico

Lixo Coleta de lixo IBGE

Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE

Variaacuteveis meteoroloacutegicas

TMP Temperatura maacutexima primavera INMET

TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET

TMO Temperatura maacutexima outono INMET

TMI Temperatura maacutexima inverno INMET

TminP Temperatura miacutenima primavera INMET

TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET

TminO Temperatura miacutenima outono INMET

TminI Temperatura miacutenima inverno INMET

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET

Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET

37

Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo da

Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo

RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1

gt mediana 0

GINI Se a desigualdade for gt mediana 1

mediana 0

BR Se a baixa renda for ge mediana 1

lt mediana 0

TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1

ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0

Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1

fundamental completo ou 2ordm ciclo

incompleto for mediana 0

Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0

2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1

DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1

mediana 0

CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1

lt 20 permil 0

53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA

Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas

Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de

2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por

ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de

morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de

morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)

38

x 100000 habitantes

(3)

( ) notificaccedilotildees

(4)

onde

Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada

CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes

(5)

Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio

possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com

municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0

Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais

Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado

utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do

Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas

do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)

39

Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________

54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS

O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam

a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de

MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas

devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as

cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama

Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute

da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo

Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de

desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso

esse trabalho foi realizado com 720 cidades

Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007

2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue

iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte

Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas

foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de

desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave

inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar

incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental

Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia

(por 100000 habitantes)

Baixa incidecircncia 100

Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300

Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300

40

completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O

motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010

56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA

A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma

variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa

duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes

atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem

se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os

dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os

valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)

( )

(6)

Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do

valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance

fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)

(

)

(7)

Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da

verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance

(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma

estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1

41

Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila

chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito

(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel

dependente fica representada pela foacutermula

( )

( )

(8)

Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM

(CDC 2008)

As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de

p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise

forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das

variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou

igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW

1989)

42

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA

611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM

MINAS GERAIS

Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no

inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e

no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de

Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das

explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para

leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa

umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de

monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno

com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do

continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo

43

a) b)

c) d)

e)

Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

44

612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA

MIacuteNIMA EM MG

Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo

variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma

regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de

MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais

frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de

10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a

predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em

todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a

22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo

mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste

apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no

veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de

Souza et al (2006)

45

a) b)

c) d)

e)

Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

46

613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS

MAacuteXIMAS EM MG

A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com

a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores

altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras

aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute

no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no

leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente

47

a) b)

c) d)

e)

Figura 9 - Temperatura maacutexima (o

C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)

primavera (e) meacutedia anual

48

62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG

As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser

visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo

central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos

mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se

tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees

No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a

classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD

Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais

___________________________________________________________________________

Ano 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183

Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia

49

a) 2008 b) 2009

c) 2010 d) 2011

e) 2012

Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)

2010 (d) 2011 e (e) 2012

50

63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008

De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades

com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas

com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da

Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de

dengue

Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008

A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na

Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores

notificaccedilotildees em abril

51

Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4

com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se

hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis

explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2008

52

Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de

p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 073 050 - 108 0119

GINI 045 030 - 067 0001

CMI 374 249 - 559 lt0001

Prec I 099 098 - 100 0160

Prec O 100 099 - 101 0059

TD 156 106 -230 0023

TminP 107 095 - 121 0202

TminV 124 105 - 147 0009

TMO 123 105 - 144 0009

TMV 117 104 -133 0007

BR 097 066 - 145 0919

Prec P 099 099 - 100 0782

Prec V 100 099 -100 0984

RM 122 082 -182 0313

TMI 099 089 - 112 0977

TminI 102 094 - 112 0509

TminO 103 089 - 119 0684

TMP 103 094 -113 0487

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI

coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono

temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem

significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13

53

Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007

Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007

____________________________________________________________________________

A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de

GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de

dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil

(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da

populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI -09422 038 025 - 060

CMI 13098 37 242 - 566

Prec I -00185 098 096 - 099

Prec O 00121 101 100 - 102

TMV 02957 134 116 -154

Constante -96745

CMI

P lt 0001

TMV

P lt 0001

GINI

P lt 0001

Prec I

P= 0006

Prec O

P= 0003

54

vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais

favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue

tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com

menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo

comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um

risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse

valor

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +

02957(TMV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade

(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e

temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8

foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14

55

Legenda

_________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio

A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0)

Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem

permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana

para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso

verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm

0

02

04

06

08

1

12

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

()

Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)

a

b

c

d

A

B

D

C

56

maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio

mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem

apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a

notificaccedilatildeo

64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009

Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de

notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees

atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas

Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15

Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009

O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no

mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16

57

Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o

resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em

verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2009

58

Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores

de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

BR 288 190 - 437 lt0001

GINI 286 189-433 lt0001

Prec O 099 098- 099 00001

Prec P 100 100-101 00085

Prec V 099 099-100 00603

CMI 782 496- 1235 lt0001

TD 075 050 -112 01692

TminO 115 098 -134 00728

TminV 116 098-137 00665

TMO 112 097- 129 00979

TMV 117 101 -136 00279

Analf G 367 241 -559 lt0001

RM 403 263-616 lt0001

Prec I 099 098 -100 03264

TMI 101 090 - 112 08337

TminI 103 093 - 115 05150

TminP 099 088-111 09688

TMP 103 095 - 111 04249

59

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda

meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A

ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta

os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das

variaacuteveis explanatoacuterias

Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008

GINI

p lt 0001

Prec V

P= 00358

Analf G

P =00044

CMI

plt 0001

RM

P = 00008

60

Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008

_________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI 14027 406 230 - 716

RM 12552 350 168 - 728

Analf G 11075 302 141- 648

CMI 17819 594 358- 985

Prec V 00042 100 099 -100

Constante -37863

Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco

para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594

vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com

menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350

analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042

(PrecV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)

renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo

de interferir nos casos de dengue no Estado

61

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

__________________________________________________________________________

Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em

2009

000

020

040

060

080

100

120

0 200 400 600

Pro

bab

ilid

ade

(

)

Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)

a

b

c

d

A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima

da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

A

B

C

D

62

A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede

com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com

maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias

65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010

No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero

de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de

morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos

para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes

principalmente nas regiotildees norte e sul

Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010

63

Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado

superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na

Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na

primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono

tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise

Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2010

64

Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC

95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue

no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Prec V 099 099 - 1000 0103

CMI 5459 3847 - 7746 lt0001

TD 077 056 - 1069 0121

TminO 1143 1009 - 1296 0034

TminV 1178 1026- 1352 0020

TMO 108 099 -119 0069

TMP 1075 098 - 1178 0122

Analf G 2956 2122- 4119 lt0001

Gini 029 0211 - 041 lt0001

Prec I 099 0984 - 1002 0153

RM 3193 2288- 4455 lt0001

BR 2275 1641- 3152 lt0001

Prec P 099 099 -100 0532

Prec O 099 099 - 1002 0467

As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou

valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na

Figura 21

65

Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009

Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009

_____________________________________________________________________________

Variaacuteveis

explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)

CMI 15151 454 312-663

Analf G 13218 375 251-559

GINI -14487 023 015-035

Constante -07489

O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como

fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores

menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil

Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as

chances de apresentar casos de dengue

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)

ANALF G

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

66

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de

mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue

no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

_________________________________________________________________________

A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana

(1)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

F

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

67

Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da

mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a

probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a

90

66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011

Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602

municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas

as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano

Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011

Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril

e maio (Figura 24)

68

Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011

A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis

analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis

saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo

Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2011

Notificaccedilotildees por dengue em 2011

69

Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011 _________________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

AnalfG 367 254 - 532 lt0001

BR 288 2 - 413 lt0001

GINI 030 021- 044 lt0001

Prec I 101 099-102 0177

Prec O 099 099-100 0131

Prec P 099 099 -101 0043

Prec V 099 099 -100 lt0001

RM 417 287-606 lt0001

CMI 905 6 - 1363 lt0001

TD 080 056-114 0227

TminI 105 097- 113 0223

TminO 113 099-128 0051

TminP 115 103-128 0012

TMO 116 102-132 0020

TMP 104 097-112 0199

TMV 117 107-130 lt0001

Analf1 103 098-108 0162

Analf2 106 102 - 110 lt0001

Aacutegua 116 081-165 0395

DD 100 099-100 0827

Lixo 109 076-155 0622

TMI 098 090-107 0761

TminV 107 094-123 0275

Analf3 099 097-101 0463

70

A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na

Figura 25

Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente

RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias

Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 15301 461 289 - 735

GINI -14098 024 015 - 038

CMI 20253 757 486 - 1180

Constante -09603

Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator

de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o

analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo

461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil

ANALF G

p lt 0001

GINI

p lt 0001

CMI

p lt 0001

71

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

72

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

___________________________________________________________________________

Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

D

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

F

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

73

Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de

mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram

aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27

67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012

Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da

Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e

alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta

Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012

Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas

aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000

74

Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012

A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que

foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das

caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2012

Notificaccedilotildees por dengue em 2012

75

Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 235 158-350 lt0001

BR 237 160-351 lt0001

GINI 030 020-045 lt0001

Prec I 098 096-100 0209

RM 341 228-51 lt0001

CMI 606 397-923 lt0001

TD 076 052-111 01667

Tmin I 107 096-119 01823

Tmin O 119 101-141 00335

Tmin P 115 100-131 00417

Tmin V 125 102-152 00247

TMV 120 103-140 00144

Prec O 099 099-100 0608

Prec P 099 099-100 0583

Prec V 099 099-100 0516

TMI 103 093-113 0527

TMP 101 093-110 0709

O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo

76

geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo

Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30

Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011

Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011

_____________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 07539 212 129 - 348

GINI -13120 026 016 - 042

CMI 16465 518 33 - 814

Tmin V 02280 125 098 - 159

Constante -51829

O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior

desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As

demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura

ANALF G

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

TMV

p = 005

P

77

miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios

com valores menores que os descritos

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

78

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

_________________________________________________________________________

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012

A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de

desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e

analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por

dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de

notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se

de 40degC

000

020

040

060

080

100

120

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

Temperatura miacutenima no veratildeo

a

b

c

d

A

B

D

C

79

7 CONCLUSAtildeO

Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de

dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas

Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012

A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo

os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram

nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais

Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual

quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como

significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do

agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo

no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo

correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser

significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo

2012 ndash 2011

Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia

de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede

que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza

visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo

apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de

temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com

temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais

Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com

amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para

comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado

classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o

intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo

80

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85

ANEXOS

Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007

_____________________________________________________________

Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008

________________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 437727

GINI 0504

BR 47484

TD 7532

Analf G 13035

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 470625

GINI 0490

BR 39550

TD 6341

Analf G 11685

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

86

Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009

________________________________________________________________

Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010

_______________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 472850

GINI 0483

BR 40505

TD 5795

Analf G 11700

Analf 1 5390

Analf 2 12430

Analf 3 74670

DD 24070

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 461944

GINI 0490

BR 42673

TD 6255

Analf G 12095

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

87

Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011

___________________________________________________________________________

Variaacuteveis Valor de corte

RM 500751

GINI 0482

BR 35734

TD 5732

Analf G 1071

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

88

ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo

1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106

2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057

3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107

4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -

018

5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128

6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118

7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07

8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095

9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099

10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106

11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11

12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063

13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076

14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111

15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103

16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101

17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099

18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109

19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103

20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104

21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102

22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112

Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios

Page 7: Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as

7

ABSTRACT

ALVES M A ARelationship of dengue cases in Minas Gerais with weather and

socioeconomic variables 201587f Dissertation (Masters in Environment and Water

Resources) Federal -University of Itajubaacute 2015

Dengue is a viral disease of tropical and subtropical regions that occurs due to temperature

and precipitation conditions necessary for the development of the mosquito Aedes aegypti

which is the intermediate host responsible for the transmission of dengue in Brazil Although

the environmental conditions are important for the replication of the virus and development of

Aedes aegypti the socioeconomic characteristics are also essential in the transmission of

dengue being linked to the way of life and the implementation of prevention methods

Therefore the aim of this study is to evaluate the relationship of some meteorological and

socioeconomic variables in different municipalities of Minas Gerais from 2008 to 2012 with

dengue notifications Information regarding meteorological variables were collected

precipitation maximum and minimum temperatures of the National Institute database of

Meteorology (INMET) health income and education obtained from the SUS Department of

Information (DATASUS) notifications by dengue information system and notifications of

injuries (SINAN) sanitation and population density of the Brazilian Institute of Geography

and Statistics (IBGE) For this study multivariate analyzes were performed with the Epi-Info

TM 351 software to identify the best models for dengue notifications in Minas Gerais with

the value of p lt005 based on maximum likelihood test of reason It was observed by

multivariate logistic regression three variables that show up frequently in the analyzed years

and are inequality in income distribution (Gini index) few investments in health (CMI) and

illiteracy of the population Other variables were also important such as precipitation in

winter precipitation in autumn and maximum temperature in summer the regression 2008 -

2007 middle-income and precipitation in summer in 2009 - 2008 and the variable minimum

temperature in the summer in 2012 - 2011 It was observed also that municipalities with

unequal distribution of income with low investment in health and low education of the

general population are exposed to greater notice of grievance strength when compared the

most favorable conditions The data obtained from this study reveal the need to improve the

populations quality of life with greater investments in health education and anti-poverty

measures to reduce inequality in income distribution so that greater investment in

infrastructure and education and greater involvement of the population to eradicate the insect

can help to reduce dengue notification strength

Keywords Environmental epidemiology Temperature Precipitation Income Logistic

regression

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti 20

Figura 2 Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul 27

Figura 3 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo

30

Figura 4 Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de

Cressman de 1998 a 2012

33

Figura 5 ldquoSeacuteries temporais da meacutedia mensal da temperatura miacutenima em

Janauacuteba latitude 15deg 48rsquo 13rdquo e longitude 43deg 19rsquo 3rdquo (a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo

43rdquo e longitude 44deg 59rsquo 59rdquo (b) no periacuteodo de 1998 a 2012

34

Figura 6 Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados

de estaccedilotildees de INMET da estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg

59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 na reanaacutelise ERA ndash Interim

35

Figura 7 Precipitaccedilatildeo em Minas Gerais 1998 a 2012 (INMET 40 estaccedilotildees + 43

pontos do GPCC)

43

Figura 8 Temperatura Miacutenima em MG 1998 a 2012 Fonte (INMET 40

estaccedilotildees + 57 pontos ERA Int)

45

Figura 9 Temperatura Maacutexima em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (INMET 40

estaccedilotildees + 57 pontos ERAInt)

47

Figura 10 Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos

de (a) 2008 (b) 2009 (c) 2010 (d) 2011 e (e) 2012

49

Figura 11 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepios de

Minas Gerais em 2008

50

Figura 12 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008 51

Figura 13 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2008 -2007

53

Figura 14 Estimativa da razatildeo de chance baseada nos valores de iacutendice de

GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre

os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

55

Figura 15 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais em 2009

56

9

Figura 16 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009 57

Figura 17 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2009- 2008

59

Figura 18 Estimativa da probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GNI

coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo geral e

precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2009

61

Figura 19 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais 2010

62

Figura 20 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010 63

Figura 21 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2010 - 2009

65

Figura 22 Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue

em Minas Gerais em 2010

66

Figura 23 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais em 2011

67

Figura 24 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 68

Figura 25 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2011-2010

70

Figura 26 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 71

Figura 27 Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre os casos de

dengue em Minas Gerais em 2011

72

Figura 28 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas

Gerais em 2012

73

Figura 29 Casos de notificaccedilatildeo por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012 74

Figura 30 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2012 ndash 2011

76

Figura 31 Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral e temperatura miacutenima no

veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2012

78

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo

PNCD 39

Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo 31

Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus

coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36

Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37

Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 52

Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53

Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 58

Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60

Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance

(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010

ndash 2009 64

Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65

Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011

69

Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

12

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

70

Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -

2011 75

Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76

13

LISTA DE SIGLAS

Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica

GINI Iacutendice de GINI

RM Renda meacutedia

BR Baixa Renda

TD Taxa de desemprego

CMI Coeficiente de mortalidade infantil

Analf G Analfabetismo Geral

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto

Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais

Lixo Coleta de lixo

Aacutegua Abastecimento de aacutegua

TMP Temperatura maacutexima primavera

TMV Temperatura maacutexima veratildeo

TMO Temperatura maacutexima outono

TMI Temperatura maacutexima inverno

TminP Temperatura miacutenima primavera

TminV Temperatura miacutenima veratildeo

TminO Temperatura miacutenima outono

TminI Temperatura miacutenima inverno

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo

Prec O Precipitaccedilatildeo outono

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno

ID Identificaccedilatildeo

14

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO16

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral 17

22 Objetivos especiacuteficos 17

3 JUSTIFICATIVA18

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19

41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19

42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20

43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21

44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21

45 Accedilotildees de controle da dengue 22

46 Estudos da dengue no Brasil 22

47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24

48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25

49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28

51 Dados meteoroloacutegicos 28

52 Dados socioeconocircmicos 35

53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e

classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37

54 Organizaccedilatildeo dos dados 39

56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42

61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42

611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42

612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44

613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46

62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48

15

63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50

64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56

65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62

66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67

67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273

7 CONCLUSAtildeO79

REFEREcircNCIAS80

ANEXO A85

ANEXO B85

ANEXO C86

ANEXO D86

ANEXO E87

ANEXO F88

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de

outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya

No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue

eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1

DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o

RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e

uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)

Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre

20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue

Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que

pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a

33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no

desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser

ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC

Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero

de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute

uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros

casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue

no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as

notificaccedilotildees por dengue no Estado

Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo

17

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas

Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de

mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas

Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com

base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)

Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no

periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD)

Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os

casos de dengue em Minas Gerais

18

3 JUSTIFICATIVA

Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando

rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate

agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos

de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir

os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em

relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades

apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as

caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a

particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais

agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados

agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores

19

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO

Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por

transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm

registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da

dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente

com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat

natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de

mosquitos Aedes sp

O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus

para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato

evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no

continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya

Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o

traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees

tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras

infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os

ciclos de urbanizaccedilatildeo

As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram

em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir

desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo

Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em

risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os

anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia

local

20

42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA

O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica

subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas

brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo

reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o

desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a

postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos

mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo

de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se

jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute

um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e

aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do

mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito

semanas

Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp

Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue

21

43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE

A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes

Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a

fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um

intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca

comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo

extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e

migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo

cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)

44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro

sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma

vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais

contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir

para as formas graves aumentam

A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as

consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs

os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue

hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da

doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees

dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias

A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas

inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou

quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele

hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica

pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os

sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo

surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode

levar agrave morte

22

45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE

Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem

adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como

o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a

erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes

de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees

Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o

controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria

O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se

acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta

reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos

estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a

resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas

O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e

evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de

situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A

participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os

domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros

46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL

A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A

compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de

combate mais eficaz

Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio

de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa

municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional

densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional

proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de

populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual

de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a

quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza

23

percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento

percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e

quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo

por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-

demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho

Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de

significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As

variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e

percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com

melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de

dengue na epidemia de 2002

No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -

SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e

agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e

anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de

instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres

analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em

quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos

niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue

foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o

periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu

um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total

apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis

socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos

Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash

SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo

sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica

definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis

selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios

percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo

nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo

percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes

com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior

completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de

24

chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre

trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-

miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade

porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as

variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um

agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel

observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias

e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da

estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram

chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto

niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel

meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de

moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o

coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De

modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro

unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou

correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue

47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A

DENGUE

Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura

(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a

dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As

variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e

umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o

risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na

Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro

e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio

Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido

a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo

foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas

25

maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti

no periacuteodo do outono

Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no

desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da

populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que

sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada

duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC

Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias

de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro

Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de

comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos

de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que

essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos

48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM

A DENGUE

As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e

dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos

de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define

sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de

saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a

proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como

indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis

socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo

Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo

geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se

acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor

controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as

mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo

encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)

Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE

(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o

26

rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego

que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo

procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a

reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo

de total desigualdade (ISHITANI et al2006)

Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero

de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar

um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da

populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de

sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento

baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a

qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida

A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi

incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito

proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior

facilidade

Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura

maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e

socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia

de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais

49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO

DE MINAS GERAIS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui

uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em

20734097 habitantes

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas

Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as

27

chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de

Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)

A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-

sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores

contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos

Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico

Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute

um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste

em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do

oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul

do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua

de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da

precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA

et al 2014)

Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de

2010 Fonte Reboita et al (2012)

28

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)

que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e

avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores

ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado

de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e

socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de

notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas

Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por

dengue dos municiacutepios de Minas Gerais

Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de

regiotildees de alta incidecircncia de dengue

Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o

programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)

51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)

Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura

miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48

estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais

selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram

usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar

informaccedilotildees mais completas para esses anos

Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um

processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi

a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles

29

valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por

exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados

errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na

estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a

diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS

2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo

N= Q98 + 3 IQR (1)

onde Q98 eacute o percentil de 98

Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que

foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero

Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et

al 2012)

N= Q75 plusmn 3 IQR (2)

Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses

intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos

tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que

na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees

proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado

Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo

entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as

maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da

identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que

apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis

analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees

meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na

Tabela 1

Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram

menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto

eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo

meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse

30

coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo

meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva

e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram

falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo

considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento

foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo

31

Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1

Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo

___________________________________________________________________________

ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)

1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274

2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289

3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361

4 Arinos 83384 -1591 -4605 519

5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127

6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126

7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915

8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695

9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652

10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150

11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318

12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206

13 Curvelo 83536 1875 -4445 672

14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612

15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835

16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964

17 Formoso 83334 -1493 -4625 840

18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367

19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097

20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560

21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516

22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371

23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036

24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996

25 Juramento 83452 -1678 -4371 650

26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884

27 Machado 83683 -2166 -4591 87335

28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452

29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629

30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712

31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028

32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891

33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224

34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091

35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132

36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532

37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732

38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737

39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460

40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973

32

Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura

espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees

Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias

ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria

dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de

uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto

(ZIMERMANN et al 2012)

A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman

tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse

problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da

reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas

variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude

Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de

grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas

Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas

estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois

pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da

temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim

e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute

bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial

das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo

utilizar valores discrepantes

33

a) b)

c) d)

e)

Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)

veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual

34

ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e

longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na

reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)

Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do

Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x

1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo

(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o

preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA

2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com

dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096

35

Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da

estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e

do INMET (azul)

Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais

das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram

fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada

52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS

Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda

escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas

as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os

dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte

para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de

risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de

corte utilizados podem ser visualizados no anexo

As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um

banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os

resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os

significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2

36

Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos

dados

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo Variaacutevel Fonte

DD Densidade demograacutefica IBGE

Renda

GINI Iacutendice de GINI DATASUS

RM Renda meacutedia DATASUS

BR Baixa Renda DATASUS

TD Taxa de desemprego DATASUS

Sauacutede

CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS

Escolaridade

Analf G Analfabetismo Geral DATASUS

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS

Analf 2

Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo

incompleto DATASUS

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS

Saneamento baacutesico

Lixo Coleta de lixo IBGE

Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE

Variaacuteveis meteoroloacutegicas

TMP Temperatura maacutexima primavera INMET

TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET

TMO Temperatura maacutexima outono INMET

TMI Temperatura maacutexima inverno INMET

TminP Temperatura miacutenima primavera INMET

TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET

TminO Temperatura miacutenima outono INMET

TminI Temperatura miacutenima inverno INMET

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET

Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET

37

Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo da

Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo

RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1

gt mediana 0

GINI Se a desigualdade for gt mediana 1

mediana 0

BR Se a baixa renda for ge mediana 1

lt mediana 0

TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1

ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0

Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1

fundamental completo ou 2ordm ciclo

incompleto for mediana 0

Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0

2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1

DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1

mediana 0

CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1

lt 20 permil 0

53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA

Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas

Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de

2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por

ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de

morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de

morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)

38

x 100000 habitantes

(3)

( ) notificaccedilotildees

(4)

onde

Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada

CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes

(5)

Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio

possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com

municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0

Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais

Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado

utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do

Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas

do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)

39

Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________

54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS

O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam

a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de

MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas

devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as

cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama

Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute

da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo

Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de

desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso

esse trabalho foi realizado com 720 cidades

Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007

2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue

iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte

Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas

foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de

desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave

inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar

incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental

Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia

(por 100000 habitantes)

Baixa incidecircncia 100

Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300

Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300

40

completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O

motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010

56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA

A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma

variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa

duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes

atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem

se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os

dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os

valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)

( )

(6)

Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do

valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance

fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)

(

)

(7)

Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da

verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance

(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma

estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1

41

Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila

chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito

(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel

dependente fica representada pela foacutermula

( )

( )

(8)

Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM

(CDC 2008)

As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de

p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise

forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das

variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou

igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW

1989)

42

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA

611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM

MINAS GERAIS

Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no

inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e

no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de

Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das

explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para

leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa

umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de

monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno

com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do

continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo

43

a) b)

c) d)

e)

Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

44

612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA

MIacuteNIMA EM MG

Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo

variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma

regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de

MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais

frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de

10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a

predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em

todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a

22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo

mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste

apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no

veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de

Souza et al (2006)

45

a) b)

c) d)

e)

Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

46

613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS

MAacuteXIMAS EM MG

A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com

a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores

altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras

aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute

no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no

leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente

47

a) b)

c) d)

e)

Figura 9 - Temperatura maacutexima (o

C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)

primavera (e) meacutedia anual

48

62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG

As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser

visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo

central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos

mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se

tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees

No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a

classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD

Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais

___________________________________________________________________________

Ano 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183

Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia

49

a) 2008 b) 2009

c) 2010 d) 2011

e) 2012

Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)

2010 (d) 2011 e (e) 2012

50

63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008

De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades

com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas

com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da

Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de

dengue

Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008

A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na

Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores

notificaccedilotildees em abril

51

Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4

com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se

hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis

explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2008

52

Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de

p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 073 050 - 108 0119

GINI 045 030 - 067 0001

CMI 374 249 - 559 lt0001

Prec I 099 098 - 100 0160

Prec O 100 099 - 101 0059

TD 156 106 -230 0023

TminP 107 095 - 121 0202

TminV 124 105 - 147 0009

TMO 123 105 - 144 0009

TMV 117 104 -133 0007

BR 097 066 - 145 0919

Prec P 099 099 - 100 0782

Prec V 100 099 -100 0984

RM 122 082 -182 0313

TMI 099 089 - 112 0977

TminI 102 094 - 112 0509

TminO 103 089 - 119 0684

TMP 103 094 -113 0487

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI

coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono

temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem

significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13

53

Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007

Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007

____________________________________________________________________________

A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de

GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de

dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil

(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da

populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI -09422 038 025 - 060

CMI 13098 37 242 - 566

Prec I -00185 098 096 - 099

Prec O 00121 101 100 - 102

TMV 02957 134 116 -154

Constante -96745

CMI

P lt 0001

TMV

P lt 0001

GINI

P lt 0001

Prec I

P= 0006

Prec O

P= 0003

54

vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais

favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue

tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com

menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo

comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um

risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse

valor

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +

02957(TMV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade

(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e

temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8

foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14

55

Legenda

_________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio

A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0)

Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem

permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana

para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso

verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm

0

02

04

06

08

1

12

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

()

Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)

a

b

c

d

A

B

D

C

56

maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio

mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem

apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a

notificaccedilatildeo

64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009

Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de

notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees

atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas

Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15

Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009

O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no

mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16

57

Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o

resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em

verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2009

58

Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores

de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

BR 288 190 - 437 lt0001

GINI 286 189-433 lt0001

Prec O 099 098- 099 00001

Prec P 100 100-101 00085

Prec V 099 099-100 00603

CMI 782 496- 1235 lt0001

TD 075 050 -112 01692

TminO 115 098 -134 00728

TminV 116 098-137 00665

TMO 112 097- 129 00979

TMV 117 101 -136 00279

Analf G 367 241 -559 lt0001

RM 403 263-616 lt0001

Prec I 099 098 -100 03264

TMI 101 090 - 112 08337

TminI 103 093 - 115 05150

TminP 099 088-111 09688

TMP 103 095 - 111 04249

59

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda

meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A

ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta

os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das

variaacuteveis explanatoacuterias

Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008

GINI

p lt 0001

Prec V

P= 00358

Analf G

P =00044

CMI

plt 0001

RM

P = 00008

60

Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008

_________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI 14027 406 230 - 716

RM 12552 350 168 - 728

Analf G 11075 302 141- 648

CMI 17819 594 358- 985

Prec V 00042 100 099 -100

Constante -37863

Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco

para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594

vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com

menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350

analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042

(PrecV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)

renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo

de interferir nos casos de dengue no Estado

61

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

__________________________________________________________________________

Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em

2009

000

020

040

060

080

100

120

0 200 400 600

Pro

bab

ilid

ade

(

)

Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)

a

b

c

d

A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima

da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

A

B

C

D

62

A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede

com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com

maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias

65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010

No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero

de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de

morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos

para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes

principalmente nas regiotildees norte e sul

Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010

63

Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado

superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na

Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na

primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono

tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise

Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2010

64

Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC

95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue

no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Prec V 099 099 - 1000 0103

CMI 5459 3847 - 7746 lt0001

TD 077 056 - 1069 0121

TminO 1143 1009 - 1296 0034

TminV 1178 1026- 1352 0020

TMO 108 099 -119 0069

TMP 1075 098 - 1178 0122

Analf G 2956 2122- 4119 lt0001

Gini 029 0211 - 041 lt0001

Prec I 099 0984 - 1002 0153

RM 3193 2288- 4455 lt0001

BR 2275 1641- 3152 lt0001

Prec P 099 099 -100 0532

Prec O 099 099 - 1002 0467

As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou

valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na

Figura 21

65

Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009

Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009

_____________________________________________________________________________

Variaacuteveis

explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)

CMI 15151 454 312-663

Analf G 13218 375 251-559

GINI -14487 023 015-035

Constante -07489

O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como

fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores

menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil

Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as

chances de apresentar casos de dengue

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)

ANALF G

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

66

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de

mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue

no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

_________________________________________________________________________

A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana

(1)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

F

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

67

Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da

mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a

probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a

90

66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011

Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602

municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas

as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano

Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011

Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril

e maio (Figura 24)

68

Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011

A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis

analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis

saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo

Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2011

Notificaccedilotildees por dengue em 2011

69

Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011 _________________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

AnalfG 367 254 - 532 lt0001

BR 288 2 - 413 lt0001

GINI 030 021- 044 lt0001

Prec I 101 099-102 0177

Prec O 099 099-100 0131

Prec P 099 099 -101 0043

Prec V 099 099 -100 lt0001

RM 417 287-606 lt0001

CMI 905 6 - 1363 lt0001

TD 080 056-114 0227

TminI 105 097- 113 0223

TminO 113 099-128 0051

TminP 115 103-128 0012

TMO 116 102-132 0020

TMP 104 097-112 0199

TMV 117 107-130 lt0001

Analf1 103 098-108 0162

Analf2 106 102 - 110 lt0001

Aacutegua 116 081-165 0395

DD 100 099-100 0827

Lixo 109 076-155 0622

TMI 098 090-107 0761

TminV 107 094-123 0275

Analf3 099 097-101 0463

70

A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na

Figura 25

Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente

RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias

Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 15301 461 289 - 735

GINI -14098 024 015 - 038

CMI 20253 757 486 - 1180

Constante -09603

Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator

de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o

analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo

461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil

ANALF G

p lt 0001

GINI

p lt 0001

CMI

p lt 0001

71

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

72

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

___________________________________________________________________________

Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

D

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

F

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

73

Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de

mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram

aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27

67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012

Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da

Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e

alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta

Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012

Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas

aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000

74

Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012

A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que

foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das

caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2012

Notificaccedilotildees por dengue em 2012

75

Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 235 158-350 lt0001

BR 237 160-351 lt0001

GINI 030 020-045 lt0001

Prec I 098 096-100 0209

RM 341 228-51 lt0001

CMI 606 397-923 lt0001

TD 076 052-111 01667

Tmin I 107 096-119 01823

Tmin O 119 101-141 00335

Tmin P 115 100-131 00417

Tmin V 125 102-152 00247

TMV 120 103-140 00144

Prec O 099 099-100 0608

Prec P 099 099-100 0583

Prec V 099 099-100 0516

TMI 103 093-113 0527

TMP 101 093-110 0709

O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo

76

geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo

Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30

Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011

Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011

_____________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 07539 212 129 - 348

GINI -13120 026 016 - 042

CMI 16465 518 33 - 814

Tmin V 02280 125 098 - 159

Constante -51829

O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior

desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As

demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura

ANALF G

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

TMV

p = 005

P

77

miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios

com valores menores que os descritos

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

78

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

_________________________________________________________________________

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012

A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de

desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e

analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por

dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de

notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se

de 40degC

000

020

040

060

080

100

120

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

Temperatura miacutenima no veratildeo

a

b

c

d

A

B

D

C

79

7 CONCLUSAtildeO

Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de

dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas

Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012

A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo

os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram

nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais

Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual

quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como

significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do

agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo

no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo

correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser

significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo

2012 ndash 2011

Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia

de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede

que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza

visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo

apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de

temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com

temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais

Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com

amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para

comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado

classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o

intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo

80

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85

ANEXOS

Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007

_____________________________________________________________

Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008

________________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 437727

GINI 0504

BR 47484

TD 7532

Analf G 13035

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 470625

GINI 0490

BR 39550

TD 6341

Analf G 11685

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

86

Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009

________________________________________________________________

Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010

_______________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 472850

GINI 0483

BR 40505

TD 5795

Analf G 11700

Analf 1 5390

Analf 2 12430

Analf 3 74670

DD 24070

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 461944

GINI 0490

BR 42673

TD 6255

Analf G 12095

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

87

Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011

___________________________________________________________________________

Variaacuteveis Valor de corte

RM 500751

GINI 0482

BR 35734

TD 5732

Analf G 1071

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

88

ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo

1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106

2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057

3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107

4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -

018

5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128

6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118

7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07

8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095

9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099

10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106

11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11

12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063

13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076

14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111

15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103

16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101

17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099

18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109

19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103

20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104

21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102

22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112

Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios

Page 8: Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti 20

Figura 2 Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul 27

Figura 3 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo

30

Figura 4 Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de

Cressman de 1998 a 2012

33

Figura 5 ldquoSeacuteries temporais da meacutedia mensal da temperatura miacutenima em

Janauacuteba latitude 15deg 48rsquo 13rdquo e longitude 43deg 19rsquo 3rdquo (a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo

43rdquo e longitude 44deg 59rsquo 59rdquo (b) no periacuteodo de 1998 a 2012

34

Figura 6 Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados

de estaccedilotildees de INMET da estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg

59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 na reanaacutelise ERA ndash Interim

35

Figura 7 Precipitaccedilatildeo em Minas Gerais 1998 a 2012 (INMET 40 estaccedilotildees + 43

pontos do GPCC)

43

Figura 8 Temperatura Miacutenima em MG 1998 a 2012 Fonte (INMET 40

estaccedilotildees + 57 pontos ERA Int)

45

Figura 9 Temperatura Maacutexima em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (INMET 40

estaccedilotildees + 57 pontos ERAInt)

47

Figura 10 Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos

de (a) 2008 (b) 2009 (c) 2010 (d) 2011 e (e) 2012

49

Figura 11 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepios de

Minas Gerais em 2008

50

Figura 12 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008 51

Figura 13 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2008 -2007

53

Figura 14 Estimativa da razatildeo de chance baseada nos valores de iacutendice de

GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre

os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

55

Figura 15 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais em 2009

56

9

Figura 16 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009 57

Figura 17 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2009- 2008

59

Figura 18 Estimativa da probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GNI

coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo geral e

precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2009

61

Figura 19 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais 2010

62

Figura 20 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010 63

Figura 21 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2010 - 2009

65

Figura 22 Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue

em Minas Gerais em 2010

66

Figura 23 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais em 2011

67

Figura 24 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 68

Figura 25 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2011-2010

70

Figura 26 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 71

Figura 27 Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre os casos de

dengue em Minas Gerais em 2011

72

Figura 28 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas

Gerais em 2012

73

Figura 29 Casos de notificaccedilatildeo por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012 74

Figura 30 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2012 ndash 2011

76

Figura 31 Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral e temperatura miacutenima no

veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2012

78

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo

PNCD 39

Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo 31

Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus

coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36

Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37

Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 52

Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53

Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 58

Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60

Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance

(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010

ndash 2009 64

Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65

Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011

69

Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

12

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

70

Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -

2011 75

Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76

13

LISTA DE SIGLAS

Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica

GINI Iacutendice de GINI

RM Renda meacutedia

BR Baixa Renda

TD Taxa de desemprego

CMI Coeficiente de mortalidade infantil

Analf G Analfabetismo Geral

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto

Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais

Lixo Coleta de lixo

Aacutegua Abastecimento de aacutegua

TMP Temperatura maacutexima primavera

TMV Temperatura maacutexima veratildeo

TMO Temperatura maacutexima outono

TMI Temperatura maacutexima inverno

TminP Temperatura miacutenima primavera

TminV Temperatura miacutenima veratildeo

TminO Temperatura miacutenima outono

TminI Temperatura miacutenima inverno

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo

Prec O Precipitaccedilatildeo outono

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno

ID Identificaccedilatildeo

14

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO16

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral 17

22 Objetivos especiacuteficos 17

3 JUSTIFICATIVA18

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19

41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19

42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20

43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21

44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21

45 Accedilotildees de controle da dengue 22

46 Estudos da dengue no Brasil 22

47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24

48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25

49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28

51 Dados meteoroloacutegicos 28

52 Dados socioeconocircmicos 35

53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e

classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37

54 Organizaccedilatildeo dos dados 39

56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42

61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42

611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42

612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44

613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46

62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48

15

63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50

64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56

65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62

66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67

67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273

7 CONCLUSAtildeO79

REFEREcircNCIAS80

ANEXO A85

ANEXO B85

ANEXO C86

ANEXO D86

ANEXO E87

ANEXO F88

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de

outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya

No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue

eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1

DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o

RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e

uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)

Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre

20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue

Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que

pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a

33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no

desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser

ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC

Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero

de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute

uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros

casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue

no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as

notificaccedilotildees por dengue no Estado

Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo

17

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas

Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de

mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas

Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com

base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)

Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no

periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD)

Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os

casos de dengue em Minas Gerais

18

3 JUSTIFICATIVA

Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando

rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate

agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos

de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir

os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em

relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades

apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as

caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a

particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais

agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados

agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores

19

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO

Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por

transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm

registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da

dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente

com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat

natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de

mosquitos Aedes sp

O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus

para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato

evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no

continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya

Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o

traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees

tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras

infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os

ciclos de urbanizaccedilatildeo

As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram

em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir

desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo

Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em

risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os

anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia

local

20

42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA

O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica

subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas

brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo

reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o

desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a

postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos

mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo

de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se

jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute

um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e

aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do

mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito

semanas

Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp

Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue

21

43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE

A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes

Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a

fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um

intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca

comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo

extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e

migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo

cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)

44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro

sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma

vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais

contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir

para as formas graves aumentam

A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as

consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs

os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue

hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da

doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees

dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias

A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas

inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou

quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele

hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica

pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os

sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo

surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode

levar agrave morte

22

45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE

Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem

adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como

o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a

erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes

de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees

Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o

controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria

O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se

acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta

reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos

estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a

resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas

O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e

evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de

situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A

participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os

domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros

46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL

A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A

compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de

combate mais eficaz

Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio

de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa

municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional

densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional

proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de

populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual

de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a

quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza

23

percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento

percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e

quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo

por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-

demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho

Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de

significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As

variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e

percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com

melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de

dengue na epidemia de 2002

No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -

SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e

agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e

anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de

instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres

analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em

quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos

niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue

foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o

periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu

um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total

apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis

socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos

Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash

SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo

sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica

definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis

selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios

percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo

nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo

percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes

com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior

completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de

24

chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre

trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-

miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade

porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as

variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um

agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel

observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias

e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da

estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram

chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto

niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel

meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de

moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o

coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De

modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro

unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou

correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue

47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A

DENGUE

Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura

(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a

dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As

variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e

umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o

risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na

Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro

e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio

Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido

a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo

foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas

25

maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti

no periacuteodo do outono

Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no

desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da

populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que

sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada

duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC

Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias

de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro

Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de

comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos

de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que

essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos

48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM

A DENGUE

As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e

dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos

de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define

sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de

saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a

proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como

indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis

socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo

Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo

geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se

acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor

controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as

mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo

encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)

Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE

(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o

26

rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego

que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo

procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a

reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo

de total desigualdade (ISHITANI et al2006)

Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero

de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar

um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da

populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de

sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento

baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a

qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida

A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi

incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito

proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior

facilidade

Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura

maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e

socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia

de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais

49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO

DE MINAS GERAIS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui

uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em

20734097 habitantes

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas

Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as

27

chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de

Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)

A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-

sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores

contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos

Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico

Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute

um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste

em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do

oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul

do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua

de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da

precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA

et al 2014)

Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de

2010 Fonte Reboita et al (2012)

28

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)

que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e

avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores

ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado

de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e

socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de

notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas

Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por

dengue dos municiacutepios de Minas Gerais

Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de

regiotildees de alta incidecircncia de dengue

Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o

programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)

51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)

Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura

miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48

estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais

selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram

usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar

informaccedilotildees mais completas para esses anos

Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um

processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi

a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles

29

valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por

exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados

errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na

estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a

diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS

2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo

N= Q98 + 3 IQR (1)

onde Q98 eacute o percentil de 98

Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que

foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero

Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et

al 2012)

N= Q75 plusmn 3 IQR (2)

Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses

intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos

tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que

na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees

proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado

Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo

entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as

maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da

identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que

apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis

analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees

meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na

Tabela 1

Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram

menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto

eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo

meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse

30

coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo

meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva

e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram

falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo

considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento

foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo

31

Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1

Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo

___________________________________________________________________________

ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)

1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274

2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289

3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361

4 Arinos 83384 -1591 -4605 519

5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127

6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126

7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915

8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695

9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652

10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150

11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318

12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206

13 Curvelo 83536 1875 -4445 672

14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612

15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835

16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964

17 Formoso 83334 -1493 -4625 840

18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367

19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097

20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560

21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516

22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371

23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036

24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996

25 Juramento 83452 -1678 -4371 650

26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884

27 Machado 83683 -2166 -4591 87335

28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452

29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629

30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712

31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028

32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891

33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224

34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091

35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132

36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532

37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732

38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737

39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460

40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973

32

Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura

espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees

Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias

ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria

dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de

uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto

(ZIMERMANN et al 2012)

A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman

tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse

problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da

reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas

variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude

Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de

grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas

Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas

estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois

pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da

temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim

e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute

bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial

das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo

utilizar valores discrepantes

33

a) b)

c) d)

e)

Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)

veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual

34

ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e

longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na

reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)

Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do

Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x

1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo

(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o

preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA

2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com

dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096

35

Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da

estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e

do INMET (azul)

Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais

das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram

fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada

52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS

Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda

escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas

as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os

dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte

para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de

risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de

corte utilizados podem ser visualizados no anexo

As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um

banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os

resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os

significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2

36

Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos

dados

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo Variaacutevel Fonte

DD Densidade demograacutefica IBGE

Renda

GINI Iacutendice de GINI DATASUS

RM Renda meacutedia DATASUS

BR Baixa Renda DATASUS

TD Taxa de desemprego DATASUS

Sauacutede

CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS

Escolaridade

Analf G Analfabetismo Geral DATASUS

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS

Analf 2

Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo

incompleto DATASUS

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS

Saneamento baacutesico

Lixo Coleta de lixo IBGE

Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE

Variaacuteveis meteoroloacutegicas

TMP Temperatura maacutexima primavera INMET

TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET

TMO Temperatura maacutexima outono INMET

TMI Temperatura maacutexima inverno INMET

TminP Temperatura miacutenima primavera INMET

TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET

TminO Temperatura miacutenima outono INMET

TminI Temperatura miacutenima inverno INMET

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET

Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET

37

Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo da

Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo

RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1

gt mediana 0

GINI Se a desigualdade for gt mediana 1

mediana 0

BR Se a baixa renda for ge mediana 1

lt mediana 0

TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1

ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0

Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1

fundamental completo ou 2ordm ciclo

incompleto for mediana 0

Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0

2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1

DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1

mediana 0

CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1

lt 20 permil 0

53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA

Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas

Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de

2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por

ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de

morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de

morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)

38

x 100000 habitantes

(3)

( ) notificaccedilotildees

(4)

onde

Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada

CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes

(5)

Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio

possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com

municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0

Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais

Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado

utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do

Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas

do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)

39

Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________

54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS

O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam

a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de

MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas

devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as

cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama

Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute

da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo

Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de

desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso

esse trabalho foi realizado com 720 cidades

Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007

2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue

iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte

Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas

foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de

desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave

inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar

incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental

Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia

(por 100000 habitantes)

Baixa incidecircncia 100

Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300

Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300

40

completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O

motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010

56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA

A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma

variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa

duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes

atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem

se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os

dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os

valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)

( )

(6)

Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do

valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance

fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)

(

)

(7)

Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da

verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance

(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma

estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1

41

Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila

chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito

(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel

dependente fica representada pela foacutermula

( )

( )

(8)

Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM

(CDC 2008)

As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de

p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise

forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das

variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou

igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW

1989)

42

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA

611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM

MINAS GERAIS

Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no

inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e

no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de

Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das

explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para

leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa

umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de

monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno

com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do

continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo

43

a) b)

c) d)

e)

Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

44

612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA

MIacuteNIMA EM MG

Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo

variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma

regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de

MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais

frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de

10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a

predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em

todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a

22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo

mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste

apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no

veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de

Souza et al (2006)

45

a) b)

c) d)

e)

Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

46

613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS

MAacuteXIMAS EM MG

A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com

a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores

altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras

aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute

no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no

leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente

47

a) b)

c) d)

e)

Figura 9 - Temperatura maacutexima (o

C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)

primavera (e) meacutedia anual

48

62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG

As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser

visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo

central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos

mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se

tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees

No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a

classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD

Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais

___________________________________________________________________________

Ano 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183

Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia

49

a) 2008 b) 2009

c) 2010 d) 2011

e) 2012

Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)

2010 (d) 2011 e (e) 2012

50

63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008

De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades

com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas

com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da

Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de

dengue

Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008

A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na

Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores

notificaccedilotildees em abril

51

Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4

com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se

hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis

explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2008

52

Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de

p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 073 050 - 108 0119

GINI 045 030 - 067 0001

CMI 374 249 - 559 lt0001

Prec I 099 098 - 100 0160

Prec O 100 099 - 101 0059

TD 156 106 -230 0023

TminP 107 095 - 121 0202

TminV 124 105 - 147 0009

TMO 123 105 - 144 0009

TMV 117 104 -133 0007

BR 097 066 - 145 0919

Prec P 099 099 - 100 0782

Prec V 100 099 -100 0984

RM 122 082 -182 0313

TMI 099 089 - 112 0977

TminI 102 094 - 112 0509

TminO 103 089 - 119 0684

TMP 103 094 -113 0487

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI

coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono

temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem

significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13

53

Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007

Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007

____________________________________________________________________________

A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de

GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de

dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil

(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da

populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI -09422 038 025 - 060

CMI 13098 37 242 - 566

Prec I -00185 098 096 - 099

Prec O 00121 101 100 - 102

TMV 02957 134 116 -154

Constante -96745

CMI

P lt 0001

TMV

P lt 0001

GINI

P lt 0001

Prec I

P= 0006

Prec O

P= 0003

54

vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais

favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue

tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com

menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo

comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um

risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse

valor

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +

02957(TMV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade

(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e

temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8

foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14

55

Legenda

_________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio

A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0)

Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem

permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana

para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso

verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm

0

02

04

06

08

1

12

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

()

Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)

a

b

c

d

A

B

D

C

56

maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio

mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem

apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a

notificaccedilatildeo

64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009

Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de

notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees

atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas

Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15

Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009

O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no

mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16

57

Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o

resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em

verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2009

58

Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores

de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

BR 288 190 - 437 lt0001

GINI 286 189-433 lt0001

Prec O 099 098- 099 00001

Prec P 100 100-101 00085

Prec V 099 099-100 00603

CMI 782 496- 1235 lt0001

TD 075 050 -112 01692

TminO 115 098 -134 00728

TminV 116 098-137 00665

TMO 112 097- 129 00979

TMV 117 101 -136 00279

Analf G 367 241 -559 lt0001

RM 403 263-616 lt0001

Prec I 099 098 -100 03264

TMI 101 090 - 112 08337

TminI 103 093 - 115 05150

TminP 099 088-111 09688

TMP 103 095 - 111 04249

59

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda

meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A

ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta

os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das

variaacuteveis explanatoacuterias

Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008

GINI

p lt 0001

Prec V

P= 00358

Analf G

P =00044

CMI

plt 0001

RM

P = 00008

60

Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008

_________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI 14027 406 230 - 716

RM 12552 350 168 - 728

Analf G 11075 302 141- 648

CMI 17819 594 358- 985

Prec V 00042 100 099 -100

Constante -37863

Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco

para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594

vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com

menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350

analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042

(PrecV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)

renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo

de interferir nos casos de dengue no Estado

61

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

__________________________________________________________________________

Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em

2009

000

020

040

060

080

100

120

0 200 400 600

Pro

bab

ilid

ade

(

)

Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)

a

b

c

d

A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima

da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

A

B

C

D

62

A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede

com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com

maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias

65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010

No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero

de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de

morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos

para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes

principalmente nas regiotildees norte e sul

Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010

63

Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado

superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na

Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na

primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono

tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise

Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2010

64

Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC

95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue

no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Prec V 099 099 - 1000 0103

CMI 5459 3847 - 7746 lt0001

TD 077 056 - 1069 0121

TminO 1143 1009 - 1296 0034

TminV 1178 1026- 1352 0020

TMO 108 099 -119 0069

TMP 1075 098 - 1178 0122

Analf G 2956 2122- 4119 lt0001

Gini 029 0211 - 041 lt0001

Prec I 099 0984 - 1002 0153

RM 3193 2288- 4455 lt0001

BR 2275 1641- 3152 lt0001

Prec P 099 099 -100 0532

Prec O 099 099 - 1002 0467

As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou

valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na

Figura 21

65

Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009

Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009

_____________________________________________________________________________

Variaacuteveis

explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)

CMI 15151 454 312-663

Analf G 13218 375 251-559

GINI -14487 023 015-035

Constante -07489

O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como

fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores

menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil

Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as

chances de apresentar casos de dengue

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)

ANALF G

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

66

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de

mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue

no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

_________________________________________________________________________

A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana

(1)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

F

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

67

Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da

mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a

probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a

90

66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011

Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602

municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas

as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano

Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011

Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril

e maio (Figura 24)

68

Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011

A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis

analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis

saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo

Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2011

Notificaccedilotildees por dengue em 2011

69

Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011 _________________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

AnalfG 367 254 - 532 lt0001

BR 288 2 - 413 lt0001

GINI 030 021- 044 lt0001

Prec I 101 099-102 0177

Prec O 099 099-100 0131

Prec P 099 099 -101 0043

Prec V 099 099 -100 lt0001

RM 417 287-606 lt0001

CMI 905 6 - 1363 lt0001

TD 080 056-114 0227

TminI 105 097- 113 0223

TminO 113 099-128 0051

TminP 115 103-128 0012

TMO 116 102-132 0020

TMP 104 097-112 0199

TMV 117 107-130 lt0001

Analf1 103 098-108 0162

Analf2 106 102 - 110 lt0001

Aacutegua 116 081-165 0395

DD 100 099-100 0827

Lixo 109 076-155 0622

TMI 098 090-107 0761

TminV 107 094-123 0275

Analf3 099 097-101 0463

70

A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na

Figura 25

Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente

RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias

Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 15301 461 289 - 735

GINI -14098 024 015 - 038

CMI 20253 757 486 - 1180

Constante -09603

Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator

de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o

analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo

461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil

ANALF G

p lt 0001

GINI

p lt 0001

CMI

p lt 0001

71

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

72

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

___________________________________________________________________________

Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

D

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

F

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

73

Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de

mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram

aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27

67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012

Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da

Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e

alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta

Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012

Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas

aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000

74

Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012

A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que

foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das

caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2012

Notificaccedilotildees por dengue em 2012

75

Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 235 158-350 lt0001

BR 237 160-351 lt0001

GINI 030 020-045 lt0001

Prec I 098 096-100 0209

RM 341 228-51 lt0001

CMI 606 397-923 lt0001

TD 076 052-111 01667

Tmin I 107 096-119 01823

Tmin O 119 101-141 00335

Tmin P 115 100-131 00417

Tmin V 125 102-152 00247

TMV 120 103-140 00144

Prec O 099 099-100 0608

Prec P 099 099-100 0583

Prec V 099 099-100 0516

TMI 103 093-113 0527

TMP 101 093-110 0709

O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo

76

geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo

Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30

Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011

Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011

_____________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 07539 212 129 - 348

GINI -13120 026 016 - 042

CMI 16465 518 33 - 814

Tmin V 02280 125 098 - 159

Constante -51829

O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior

desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As

demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura

ANALF G

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

TMV

p = 005

P

77

miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios

com valores menores que os descritos

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

78

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

_________________________________________________________________________

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012

A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de

desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e

analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por

dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de

notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se

de 40degC

000

020

040

060

080

100

120

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

Temperatura miacutenima no veratildeo

a

b

c

d

A

B

D

C

79

7 CONCLUSAtildeO

Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de

dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas

Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012

A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo

os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram

nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais

Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual

quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como

significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do

agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo

no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo

correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser

significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo

2012 ndash 2011

Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia

de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede

que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza

visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo

apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de

temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com

temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais

Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com

amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para

comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado

classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o

intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo

80

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85

ANEXOS

Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007

_____________________________________________________________

Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008

________________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 437727

GINI 0504

BR 47484

TD 7532

Analf G 13035

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 470625

GINI 0490

BR 39550

TD 6341

Analf G 11685

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

86

Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009

________________________________________________________________

Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010

_______________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 472850

GINI 0483

BR 40505

TD 5795

Analf G 11700

Analf 1 5390

Analf 2 12430

Analf 3 74670

DD 24070

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 461944

GINI 0490

BR 42673

TD 6255

Analf G 12095

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

87

Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011

___________________________________________________________________________

Variaacuteveis Valor de corte

RM 500751

GINI 0482

BR 35734

TD 5732

Analf G 1071

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

88

ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo

1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106

2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057

3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107

4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -

018

5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128

6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118

7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07

8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095

9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099

10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106

11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11

12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063

13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076

14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111

15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103

16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101

17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099

18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109

19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103

20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104

21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102

22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112

Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios

Page 9: Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as

9

Figura 16 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009 57

Figura 17 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2009- 2008

59

Figura 18 Estimativa da probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GNI

coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo geral e

precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2009

61

Figura 19 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais 2010

62

Figura 20 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010 63

Figura 21 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2010 - 2009

65

Figura 22 Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue

em Minas Gerais em 2010

66

Figura 23 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de

Minas Gerais em 2011

67

Figura 24 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 68

Figura 25 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2011-2010

70

Figura 26 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 71

Figura 27 Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre os casos de

dengue em Minas Gerais em 2011

72

Figura 28 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas

Gerais em 2012

73

Figura 29 Casos de notificaccedilatildeo por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012 74

Figura 30 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias

significativas para o ano de 2012 ndash 2011

76

Figura 31 Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI

coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral e temperatura miacutenima no

veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2012

78

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo

PNCD 39

Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo 31

Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus

coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36

Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37

Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 52

Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53

Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 58

Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60

Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance

(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010

ndash 2009 64

Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65

Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011

69

Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

12

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

70

Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -

2011 75

Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76

13

LISTA DE SIGLAS

Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica

GINI Iacutendice de GINI

RM Renda meacutedia

BR Baixa Renda

TD Taxa de desemprego

CMI Coeficiente de mortalidade infantil

Analf G Analfabetismo Geral

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto

Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais

Lixo Coleta de lixo

Aacutegua Abastecimento de aacutegua

TMP Temperatura maacutexima primavera

TMV Temperatura maacutexima veratildeo

TMO Temperatura maacutexima outono

TMI Temperatura maacutexima inverno

TminP Temperatura miacutenima primavera

TminV Temperatura miacutenima veratildeo

TminO Temperatura miacutenima outono

TminI Temperatura miacutenima inverno

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo

Prec O Precipitaccedilatildeo outono

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno

ID Identificaccedilatildeo

14

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO16

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral 17

22 Objetivos especiacuteficos 17

3 JUSTIFICATIVA18

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19

41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19

42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20

43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21

44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21

45 Accedilotildees de controle da dengue 22

46 Estudos da dengue no Brasil 22

47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24

48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25

49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28

51 Dados meteoroloacutegicos 28

52 Dados socioeconocircmicos 35

53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e

classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37

54 Organizaccedilatildeo dos dados 39

56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42

61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42

611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42

612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44

613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46

62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48

15

63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50

64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56

65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62

66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67

67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273

7 CONCLUSAtildeO79

REFEREcircNCIAS80

ANEXO A85

ANEXO B85

ANEXO C86

ANEXO D86

ANEXO E87

ANEXO F88

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de

outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya

No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue

eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1

DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o

RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e

uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)

Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre

20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue

Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que

pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a

33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no

desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser

ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC

Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero

de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute

uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros

casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue

no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as

notificaccedilotildees por dengue no Estado

Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo

17

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas

Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de

mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas

Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com

base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)

Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no

periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD)

Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os

casos de dengue em Minas Gerais

18

3 JUSTIFICATIVA

Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando

rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate

agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos

de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir

os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em

relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades

apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as

caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a

particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais

agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados

agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores

19

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO

Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por

transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm

registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da

dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente

com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat

natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de

mosquitos Aedes sp

O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus

para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato

evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no

continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya

Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o

traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees

tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras

infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os

ciclos de urbanizaccedilatildeo

As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram

em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir

desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo

Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em

risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os

anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia

local

20

42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA

O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica

subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas

brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo

reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o

desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a

postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos

mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo

de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se

jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute

um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e

aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do

mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito

semanas

Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp

Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue

21

43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE

A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes

Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a

fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um

intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca

comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo

extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e

migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo

cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)

44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro

sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma

vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais

contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir

para as formas graves aumentam

A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as

consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs

os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue

hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da

doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees

dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias

A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas

inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou

quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele

hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica

pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os

sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo

surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode

levar agrave morte

22

45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE

Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem

adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como

o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a

erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes

de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees

Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o

controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria

O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se

acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta

reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos

estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a

resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas

O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e

evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de

situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A

participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os

domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros

46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL

A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A

compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de

combate mais eficaz

Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio

de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa

municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional

densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional

proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de

populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual

de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a

quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza

23

percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento

percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e

quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo

por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-

demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho

Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de

significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As

variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e

percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com

melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de

dengue na epidemia de 2002

No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -

SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e

agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e

anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de

instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres

analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em

quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos

niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue

foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o

periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu

um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total

apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis

socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos

Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash

SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo

sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica

definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis

selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios

percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo

nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo

percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes

com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior

completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de

24

chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre

trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-

miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade

porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as

variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um

agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel

observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias

e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da

estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram

chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto

niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel

meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de

moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o

coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De

modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro

unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou

correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue

47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A

DENGUE

Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura

(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a

dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As

variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e

umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o

risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na

Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro

e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio

Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido

a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo

foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas

25

maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti

no periacuteodo do outono

Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no

desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da

populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que

sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada

duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC

Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias

de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro

Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de

comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos

de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que

essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos

48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM

A DENGUE

As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e

dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos

de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define

sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de

saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a

proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como

indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis

socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo

Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo

geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se

acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor

controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as

mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo

encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)

Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE

(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o

26

rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego

que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo

procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a

reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo

de total desigualdade (ISHITANI et al2006)

Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero

de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar

um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da

populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de

sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento

baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a

qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida

A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi

incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito

proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior

facilidade

Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura

maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e

socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia

de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais

49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO

DE MINAS GERAIS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui

uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em

20734097 habitantes

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas

Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as

27

chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de

Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)

A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-

sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores

contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos

Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico

Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute

um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste

em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do

oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul

do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua

de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da

precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA

et al 2014)

Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de

2010 Fonte Reboita et al (2012)

28

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)

que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e

avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores

ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado

de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e

socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de

notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas

Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por

dengue dos municiacutepios de Minas Gerais

Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de

regiotildees de alta incidecircncia de dengue

Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o

programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)

51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)

Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura

miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48

estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais

selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram

usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar

informaccedilotildees mais completas para esses anos

Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um

processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi

a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles

29

valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por

exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados

errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na

estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a

diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS

2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo

N= Q98 + 3 IQR (1)

onde Q98 eacute o percentil de 98

Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que

foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero

Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et

al 2012)

N= Q75 plusmn 3 IQR (2)

Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses

intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos

tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que

na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees

proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado

Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo

entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as

maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da

identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que

apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis

analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees

meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na

Tabela 1

Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram

menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto

eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo

meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse

30

coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo

meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva

e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram

falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo

considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento

foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo

31

Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1

Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo

___________________________________________________________________________

ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)

1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274

2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289

3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361

4 Arinos 83384 -1591 -4605 519

5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127

6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126

7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915

8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695

9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652

10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150

11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318

12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206

13 Curvelo 83536 1875 -4445 672

14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612

15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835

16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964

17 Formoso 83334 -1493 -4625 840

18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367

19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097

20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560

21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516

22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371

23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036

24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996

25 Juramento 83452 -1678 -4371 650

26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884

27 Machado 83683 -2166 -4591 87335

28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452

29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629

30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712

31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028

32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891

33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224

34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091

35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132

36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532

37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732

38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737

39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460

40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973

32

Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura

espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees

Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias

ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria

dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de

uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto

(ZIMERMANN et al 2012)

A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman

tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse

problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da

reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas

variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude

Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de

grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas

Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas

estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois

pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da

temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim

e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute

bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial

das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo

utilizar valores discrepantes

33

a) b)

c) d)

e)

Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)

veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual

34

ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e

longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na

reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)

Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do

Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x

1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo

(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o

preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA

2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com

dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096

35

Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da

estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e

do INMET (azul)

Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais

das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram

fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada

52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS

Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda

escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas

as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os

dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte

para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de

risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de

corte utilizados podem ser visualizados no anexo

As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um

banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os

resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os

significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2

36

Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos

dados

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo Variaacutevel Fonte

DD Densidade demograacutefica IBGE

Renda

GINI Iacutendice de GINI DATASUS

RM Renda meacutedia DATASUS

BR Baixa Renda DATASUS

TD Taxa de desemprego DATASUS

Sauacutede

CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS

Escolaridade

Analf G Analfabetismo Geral DATASUS

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS

Analf 2

Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo

incompleto DATASUS

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS

Saneamento baacutesico

Lixo Coleta de lixo IBGE

Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE

Variaacuteveis meteoroloacutegicas

TMP Temperatura maacutexima primavera INMET

TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET

TMO Temperatura maacutexima outono INMET

TMI Temperatura maacutexima inverno INMET

TminP Temperatura miacutenima primavera INMET

TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET

TminO Temperatura miacutenima outono INMET

TminI Temperatura miacutenima inverno INMET

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET

Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET

37

Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo da

Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo

RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1

gt mediana 0

GINI Se a desigualdade for gt mediana 1

mediana 0

BR Se a baixa renda for ge mediana 1

lt mediana 0

TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1

ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0

Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1

fundamental completo ou 2ordm ciclo

incompleto for mediana 0

Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0

2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1

DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1

mediana 0

CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1

lt 20 permil 0

53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA

Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas

Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de

2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por

ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de

morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de

morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)

38

x 100000 habitantes

(3)

( ) notificaccedilotildees

(4)

onde

Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada

CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes

(5)

Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio

possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com

municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0

Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais

Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado

utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do

Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas

do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)

39

Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________

54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS

O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam

a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de

MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas

devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as

cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama

Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute

da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo

Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de

desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso

esse trabalho foi realizado com 720 cidades

Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007

2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue

iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte

Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas

foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de

desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave

inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar

incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental

Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia

(por 100000 habitantes)

Baixa incidecircncia 100

Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300

Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300

40

completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O

motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010

56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA

A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma

variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa

duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes

atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem

se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os

dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os

valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)

( )

(6)

Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do

valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance

fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)

(

)

(7)

Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da

verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance

(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma

estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1

41

Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila

chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito

(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel

dependente fica representada pela foacutermula

( )

( )

(8)

Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM

(CDC 2008)

As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de

p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise

forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das

variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou

igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW

1989)

42

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA

611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM

MINAS GERAIS

Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no

inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e

no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de

Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das

explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para

leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa

umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de

monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno

com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do

continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo

43

a) b)

c) d)

e)

Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

44

612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA

MIacuteNIMA EM MG

Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo

variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma

regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de

MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais

frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de

10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a

predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em

todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a

22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo

mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste

apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no

veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de

Souza et al (2006)

45

a) b)

c) d)

e)

Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

46

613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS

MAacuteXIMAS EM MG

A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com

a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores

altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras

aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute

no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no

leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente

47

a) b)

c) d)

e)

Figura 9 - Temperatura maacutexima (o

C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)

primavera (e) meacutedia anual

48

62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG

As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser

visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo

central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos

mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se

tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees

No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a

classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD

Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais

___________________________________________________________________________

Ano 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183

Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia

49

a) 2008 b) 2009

c) 2010 d) 2011

e) 2012

Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)

2010 (d) 2011 e (e) 2012

50

63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008

De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades

com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas

com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da

Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de

dengue

Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008

A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na

Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores

notificaccedilotildees em abril

51

Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4

com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se

hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis

explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2008

52

Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de

p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 073 050 - 108 0119

GINI 045 030 - 067 0001

CMI 374 249 - 559 lt0001

Prec I 099 098 - 100 0160

Prec O 100 099 - 101 0059

TD 156 106 -230 0023

TminP 107 095 - 121 0202

TminV 124 105 - 147 0009

TMO 123 105 - 144 0009

TMV 117 104 -133 0007

BR 097 066 - 145 0919

Prec P 099 099 - 100 0782

Prec V 100 099 -100 0984

RM 122 082 -182 0313

TMI 099 089 - 112 0977

TminI 102 094 - 112 0509

TminO 103 089 - 119 0684

TMP 103 094 -113 0487

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI

coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono

temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem

significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13

53

Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007

Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007

____________________________________________________________________________

A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de

GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de

dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil

(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da

populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI -09422 038 025 - 060

CMI 13098 37 242 - 566

Prec I -00185 098 096 - 099

Prec O 00121 101 100 - 102

TMV 02957 134 116 -154

Constante -96745

CMI

P lt 0001

TMV

P lt 0001

GINI

P lt 0001

Prec I

P= 0006

Prec O

P= 0003

54

vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais

favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue

tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com

menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo

comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um

risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse

valor

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +

02957(TMV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade

(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e

temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8

foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14

55

Legenda

_________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio

A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0)

Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem

permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana

para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso

verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm

0

02

04

06

08

1

12

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

()

Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)

a

b

c

d

A

B

D

C

56

maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio

mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem

apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a

notificaccedilatildeo

64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009

Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de

notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees

atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas

Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15

Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009

O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no

mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16

57

Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o

resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em

verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2009

58

Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores

de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

BR 288 190 - 437 lt0001

GINI 286 189-433 lt0001

Prec O 099 098- 099 00001

Prec P 100 100-101 00085

Prec V 099 099-100 00603

CMI 782 496- 1235 lt0001

TD 075 050 -112 01692

TminO 115 098 -134 00728

TminV 116 098-137 00665

TMO 112 097- 129 00979

TMV 117 101 -136 00279

Analf G 367 241 -559 lt0001

RM 403 263-616 lt0001

Prec I 099 098 -100 03264

TMI 101 090 - 112 08337

TminI 103 093 - 115 05150

TminP 099 088-111 09688

TMP 103 095 - 111 04249

59

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda

meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A

ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta

os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das

variaacuteveis explanatoacuterias

Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008

GINI

p lt 0001

Prec V

P= 00358

Analf G

P =00044

CMI

plt 0001

RM

P = 00008

60

Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008

_________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI 14027 406 230 - 716

RM 12552 350 168 - 728

Analf G 11075 302 141- 648

CMI 17819 594 358- 985

Prec V 00042 100 099 -100

Constante -37863

Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco

para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594

vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com

menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350

analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042

(PrecV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)

renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo

de interferir nos casos de dengue no Estado

61

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

__________________________________________________________________________

Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em

2009

000

020

040

060

080

100

120

0 200 400 600

Pro

bab

ilid

ade

(

)

Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)

a

b

c

d

A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima

da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

A

B

C

D

62

A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede

com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com

maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias

65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010

No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero

de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de

morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos

para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes

principalmente nas regiotildees norte e sul

Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010

63

Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado

superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na

Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na

primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono

tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise

Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2010

64

Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC

95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue

no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Prec V 099 099 - 1000 0103

CMI 5459 3847 - 7746 lt0001

TD 077 056 - 1069 0121

TminO 1143 1009 - 1296 0034

TminV 1178 1026- 1352 0020

TMO 108 099 -119 0069

TMP 1075 098 - 1178 0122

Analf G 2956 2122- 4119 lt0001

Gini 029 0211 - 041 lt0001

Prec I 099 0984 - 1002 0153

RM 3193 2288- 4455 lt0001

BR 2275 1641- 3152 lt0001

Prec P 099 099 -100 0532

Prec O 099 099 - 1002 0467

As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou

valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na

Figura 21

65

Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009

Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009

_____________________________________________________________________________

Variaacuteveis

explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)

CMI 15151 454 312-663

Analf G 13218 375 251-559

GINI -14487 023 015-035

Constante -07489

O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como

fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores

menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil

Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as

chances de apresentar casos de dengue

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)

ANALF G

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

66

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de

mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue

no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

_________________________________________________________________________

A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana

(1)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

F

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

67

Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da

mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a

probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a

90

66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011

Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602

municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas

as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano

Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011

Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril

e maio (Figura 24)

68

Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011

A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis

analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis

saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo

Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2011

Notificaccedilotildees por dengue em 2011

69

Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011 _________________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

AnalfG 367 254 - 532 lt0001

BR 288 2 - 413 lt0001

GINI 030 021- 044 lt0001

Prec I 101 099-102 0177

Prec O 099 099-100 0131

Prec P 099 099 -101 0043

Prec V 099 099 -100 lt0001

RM 417 287-606 lt0001

CMI 905 6 - 1363 lt0001

TD 080 056-114 0227

TminI 105 097- 113 0223

TminO 113 099-128 0051

TminP 115 103-128 0012

TMO 116 102-132 0020

TMP 104 097-112 0199

TMV 117 107-130 lt0001

Analf1 103 098-108 0162

Analf2 106 102 - 110 lt0001

Aacutegua 116 081-165 0395

DD 100 099-100 0827

Lixo 109 076-155 0622

TMI 098 090-107 0761

TminV 107 094-123 0275

Analf3 099 097-101 0463

70

A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na

Figura 25

Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente

RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias

Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 15301 461 289 - 735

GINI -14098 024 015 - 038

CMI 20253 757 486 - 1180

Constante -09603

Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator

de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o

analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo

461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil

ANALF G

p lt 0001

GINI

p lt 0001

CMI

p lt 0001

71

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

72

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

___________________________________________________________________________

Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

D

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

F

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

73

Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de

mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram

aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27

67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012

Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da

Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e

alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta

Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012

Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas

aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000

74

Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012

A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que

foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das

caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2012

Notificaccedilotildees por dengue em 2012

75

Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 235 158-350 lt0001

BR 237 160-351 lt0001

GINI 030 020-045 lt0001

Prec I 098 096-100 0209

RM 341 228-51 lt0001

CMI 606 397-923 lt0001

TD 076 052-111 01667

Tmin I 107 096-119 01823

Tmin O 119 101-141 00335

Tmin P 115 100-131 00417

Tmin V 125 102-152 00247

TMV 120 103-140 00144

Prec O 099 099-100 0608

Prec P 099 099-100 0583

Prec V 099 099-100 0516

TMI 103 093-113 0527

TMP 101 093-110 0709

O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo

76

geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo

Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30

Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011

Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011

_____________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 07539 212 129 - 348

GINI -13120 026 016 - 042

CMI 16465 518 33 - 814

Tmin V 02280 125 098 - 159

Constante -51829

O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior

desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As

demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura

ANALF G

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

TMV

p = 005

P

77

miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios

com valores menores que os descritos

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

78

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

_________________________________________________________________________

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012

A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de

desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e

analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por

dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de

notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se

de 40degC

000

020

040

060

080

100

120

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

Temperatura miacutenima no veratildeo

a

b

c

d

A

B

D

C

79

7 CONCLUSAtildeO

Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de

dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas

Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012

A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo

os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram

nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais

Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual

quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como

significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do

agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo

no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo

correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser

significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo

2012 ndash 2011

Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia

de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede

que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza

visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo

apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de

temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com

temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais

Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com

amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para

comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado

classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o

intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo

80

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85

ANEXOS

Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007

_____________________________________________________________

Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008

________________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 437727

GINI 0504

BR 47484

TD 7532

Analf G 13035

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 470625

GINI 0490

BR 39550

TD 6341

Analf G 11685

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

86

Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009

________________________________________________________________

Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010

_______________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 472850

GINI 0483

BR 40505

TD 5795

Analf G 11700

Analf 1 5390

Analf 2 12430

Analf 3 74670

DD 24070

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 461944

GINI 0490

BR 42673

TD 6255

Analf G 12095

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

87

Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011

___________________________________________________________________________

Variaacuteveis Valor de corte

RM 500751

GINI 0482

BR 35734

TD 5732

Analf G 1071

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

88

ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo

1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106

2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057

3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107

4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -

018

5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128

6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118

7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07

8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095

9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099

10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106

11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11

12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063

13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076

14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111

15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103

16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101

17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099

18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109

19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103

20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104

21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102

22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112

Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios

Page 10: Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo

PNCD 39

Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo 31

Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus

coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36

Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37

Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 52

Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53

Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 58

Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60

Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance

(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010

ndash 2009 64

Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65

Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011

69

Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

12

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

70

Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -

2011 75

Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76

13

LISTA DE SIGLAS

Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica

GINI Iacutendice de GINI

RM Renda meacutedia

BR Baixa Renda

TD Taxa de desemprego

CMI Coeficiente de mortalidade infantil

Analf G Analfabetismo Geral

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto

Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais

Lixo Coleta de lixo

Aacutegua Abastecimento de aacutegua

TMP Temperatura maacutexima primavera

TMV Temperatura maacutexima veratildeo

TMO Temperatura maacutexima outono

TMI Temperatura maacutexima inverno

TminP Temperatura miacutenima primavera

TminV Temperatura miacutenima veratildeo

TminO Temperatura miacutenima outono

TminI Temperatura miacutenima inverno

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo

Prec O Precipitaccedilatildeo outono

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno

ID Identificaccedilatildeo

14

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO16

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral 17

22 Objetivos especiacuteficos 17

3 JUSTIFICATIVA18

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19

41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19

42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20

43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21

44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21

45 Accedilotildees de controle da dengue 22

46 Estudos da dengue no Brasil 22

47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24

48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25

49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28

51 Dados meteoroloacutegicos 28

52 Dados socioeconocircmicos 35

53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e

classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37

54 Organizaccedilatildeo dos dados 39

56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42

61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42

611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42

612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44

613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46

62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48

15

63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50

64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56

65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62

66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67

67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273

7 CONCLUSAtildeO79

REFEREcircNCIAS80

ANEXO A85

ANEXO B85

ANEXO C86

ANEXO D86

ANEXO E87

ANEXO F88

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de

outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya

No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue

eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1

DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o

RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e

uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)

Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre

20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue

Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que

pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a

33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no

desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser

ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC

Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero

de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute

uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros

casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue

no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as

notificaccedilotildees por dengue no Estado

Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo

17

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas

Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de

mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas

Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com

base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)

Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no

periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD)

Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os

casos de dengue em Minas Gerais

18

3 JUSTIFICATIVA

Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando

rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate

agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos

de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir

os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em

relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades

apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as

caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a

particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais

agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados

agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores

19

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO

Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por

transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm

registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da

dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente

com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat

natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de

mosquitos Aedes sp

O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus

para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato

evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no

continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya

Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o

traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees

tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras

infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os

ciclos de urbanizaccedilatildeo

As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram

em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir

desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo

Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em

risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os

anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia

local

20

42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA

O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica

subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas

brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo

reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o

desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a

postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos

mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo

de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se

jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute

um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e

aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do

mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito

semanas

Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp

Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue

21

43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE

A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes

Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a

fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um

intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca

comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo

extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e

migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo

cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)

44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro

sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma

vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais

contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir

para as formas graves aumentam

A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as

consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs

os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue

hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da

doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees

dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias

A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas

inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou

quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele

hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica

pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os

sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo

surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode

levar agrave morte

22

45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE

Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem

adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como

o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a

erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes

de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees

Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o

controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria

O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se

acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta

reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos

estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a

resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas

O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e

evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de

situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A

participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os

domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros

46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL

A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A

compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de

combate mais eficaz

Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio

de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa

municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional

densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional

proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de

populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual

de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a

quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza

23

percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento

percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e

quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo

por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-

demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho

Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de

significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As

variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e

percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com

melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de

dengue na epidemia de 2002

No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -

SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e

agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e

anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de

instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres

analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em

quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos

niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue

foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o

periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu

um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total

apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis

socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos

Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash

SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo

sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica

definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis

selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios

percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo

nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo

percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes

com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior

completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de

24

chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre

trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-

miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade

porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as

variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um

agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel

observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias

e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da

estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram

chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto

niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel

meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de

moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o

coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De

modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro

unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou

correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue

47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A

DENGUE

Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura

(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a

dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As

variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e

umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o

risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na

Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro

e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio

Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido

a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo

foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas

25

maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti

no periacuteodo do outono

Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no

desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da

populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que

sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada

duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC

Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias

de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro

Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de

comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos

de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que

essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos

48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM

A DENGUE

As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e

dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos

de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define

sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de

saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a

proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como

indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis

socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo

Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo

geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se

acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor

controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as

mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo

encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)

Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE

(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o

26

rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego

que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo

procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a

reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo

de total desigualdade (ISHITANI et al2006)

Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero

de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar

um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da

populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de

sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento

baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a

qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida

A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi

incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito

proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior

facilidade

Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura

maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e

socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia

de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais

49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO

DE MINAS GERAIS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui

uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em

20734097 habitantes

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas

Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as

27

chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de

Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)

A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-

sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores

contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos

Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico

Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute

um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste

em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do

oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul

do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua

de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da

precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA

et al 2014)

Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de

2010 Fonte Reboita et al (2012)

28

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)

que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e

avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores

ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado

de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e

socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de

notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas

Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por

dengue dos municiacutepios de Minas Gerais

Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de

regiotildees de alta incidecircncia de dengue

Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o

programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)

51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)

Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura

miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48

estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais

selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram

usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar

informaccedilotildees mais completas para esses anos

Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um

processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi

a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles

29

valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por

exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados

errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na

estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a

diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS

2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo

N= Q98 + 3 IQR (1)

onde Q98 eacute o percentil de 98

Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que

foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero

Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et

al 2012)

N= Q75 plusmn 3 IQR (2)

Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses

intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos

tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que

na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees

proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado

Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo

entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as

maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da

identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que

apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis

analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees

meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na

Tabela 1

Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram

menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto

eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo

meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse

30

coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo

meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva

e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram

falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo

considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento

foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo

31

Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1

Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo

___________________________________________________________________________

ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)

1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274

2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289

3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361

4 Arinos 83384 -1591 -4605 519

5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127

6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126

7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915

8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695

9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652

10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150

11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318

12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206

13 Curvelo 83536 1875 -4445 672

14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612

15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835

16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964

17 Formoso 83334 -1493 -4625 840

18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367

19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097

20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560

21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516

22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371

23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036

24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996

25 Juramento 83452 -1678 -4371 650

26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884

27 Machado 83683 -2166 -4591 87335

28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452

29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629

30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712

31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028

32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891

33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224

34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091

35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132

36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532

37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732

38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737

39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460

40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973

32

Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura

espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees

Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias

ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria

dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de

uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto

(ZIMERMANN et al 2012)

A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman

tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse

problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da

reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas

variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude

Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de

grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas

Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas

estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois

pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da

temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim

e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute

bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial

das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo

utilizar valores discrepantes

33

a) b)

c) d)

e)

Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)

veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual

34

ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e

longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na

reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)

Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do

Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x

1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo

(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o

preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA

2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com

dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096

35

Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da

estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e

do INMET (azul)

Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais

das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram

fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada

52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS

Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda

escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas

as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os

dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte

para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de

risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de

corte utilizados podem ser visualizados no anexo

As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um

banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os

resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os

significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2

36

Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos

dados

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo Variaacutevel Fonte

DD Densidade demograacutefica IBGE

Renda

GINI Iacutendice de GINI DATASUS

RM Renda meacutedia DATASUS

BR Baixa Renda DATASUS

TD Taxa de desemprego DATASUS

Sauacutede

CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS

Escolaridade

Analf G Analfabetismo Geral DATASUS

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS

Analf 2

Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo

incompleto DATASUS

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS

Saneamento baacutesico

Lixo Coleta de lixo IBGE

Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE

Variaacuteveis meteoroloacutegicas

TMP Temperatura maacutexima primavera INMET

TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET

TMO Temperatura maacutexima outono INMET

TMI Temperatura maacutexima inverno INMET

TminP Temperatura miacutenima primavera INMET

TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET

TminO Temperatura miacutenima outono INMET

TminI Temperatura miacutenima inverno INMET

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET

Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET

37

Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo da

Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo

RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1

gt mediana 0

GINI Se a desigualdade for gt mediana 1

mediana 0

BR Se a baixa renda for ge mediana 1

lt mediana 0

TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1

ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0

Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1

fundamental completo ou 2ordm ciclo

incompleto for mediana 0

Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0

2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1

DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1

mediana 0

CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1

lt 20 permil 0

53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA

Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas

Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de

2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por

ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de

morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de

morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)

38

x 100000 habitantes

(3)

( ) notificaccedilotildees

(4)

onde

Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada

CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes

(5)

Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio

possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com

municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0

Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais

Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado

utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do

Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas

do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)

39

Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________

54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS

O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam

a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de

MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas

devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as

cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama

Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute

da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo

Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de

desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso

esse trabalho foi realizado com 720 cidades

Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007

2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue

iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte

Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas

foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de

desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave

inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar

incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental

Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia

(por 100000 habitantes)

Baixa incidecircncia 100

Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300

Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300

40

completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O

motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010

56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA

A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma

variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa

duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes

atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem

se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os

dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os

valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)

( )

(6)

Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do

valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance

fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)

(

)

(7)

Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da

verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance

(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma

estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1

41

Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila

chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito

(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel

dependente fica representada pela foacutermula

( )

( )

(8)

Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM

(CDC 2008)

As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de

p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise

forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das

variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou

igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW

1989)

42

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA

611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM

MINAS GERAIS

Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no

inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e

no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de

Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das

explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para

leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa

umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de

monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno

com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do

continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo

43

a) b)

c) d)

e)

Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

44

612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA

MIacuteNIMA EM MG

Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo

variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma

regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de

MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais

frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de

10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a

predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em

todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a

22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo

mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste

apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no

veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de

Souza et al (2006)

45

a) b)

c) d)

e)

Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

46

613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS

MAacuteXIMAS EM MG

A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com

a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores

altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras

aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute

no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no

leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente

47

a) b)

c) d)

e)

Figura 9 - Temperatura maacutexima (o

C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)

primavera (e) meacutedia anual

48

62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG

As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser

visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo

central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos

mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se

tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees

No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a

classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD

Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais

___________________________________________________________________________

Ano 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183

Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia

49

a) 2008 b) 2009

c) 2010 d) 2011

e) 2012

Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)

2010 (d) 2011 e (e) 2012

50

63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008

De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades

com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas

com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da

Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de

dengue

Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008

A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na

Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores

notificaccedilotildees em abril

51

Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4

com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se

hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis

explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2008

52

Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de

p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 073 050 - 108 0119

GINI 045 030 - 067 0001

CMI 374 249 - 559 lt0001

Prec I 099 098 - 100 0160

Prec O 100 099 - 101 0059

TD 156 106 -230 0023

TminP 107 095 - 121 0202

TminV 124 105 - 147 0009

TMO 123 105 - 144 0009

TMV 117 104 -133 0007

BR 097 066 - 145 0919

Prec P 099 099 - 100 0782

Prec V 100 099 -100 0984

RM 122 082 -182 0313

TMI 099 089 - 112 0977

TminI 102 094 - 112 0509

TminO 103 089 - 119 0684

TMP 103 094 -113 0487

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI

coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono

temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem

significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13

53

Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007

Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007

____________________________________________________________________________

A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de

GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de

dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil

(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da

populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI -09422 038 025 - 060

CMI 13098 37 242 - 566

Prec I -00185 098 096 - 099

Prec O 00121 101 100 - 102

TMV 02957 134 116 -154

Constante -96745

CMI

P lt 0001

TMV

P lt 0001

GINI

P lt 0001

Prec I

P= 0006

Prec O

P= 0003

54

vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais

favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue

tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com

menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo

comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um

risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse

valor

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +

02957(TMV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade

(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e

temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8

foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14

55

Legenda

_________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio

A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0)

Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem

permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana

para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso

verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm

0

02

04

06

08

1

12

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

()

Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)

a

b

c

d

A

B

D

C

56

maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio

mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem

apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a

notificaccedilatildeo

64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009

Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de

notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees

atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas

Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15

Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009

O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no

mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16

57

Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o

resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em

verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2009

58

Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores

de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

BR 288 190 - 437 lt0001

GINI 286 189-433 lt0001

Prec O 099 098- 099 00001

Prec P 100 100-101 00085

Prec V 099 099-100 00603

CMI 782 496- 1235 lt0001

TD 075 050 -112 01692

TminO 115 098 -134 00728

TminV 116 098-137 00665

TMO 112 097- 129 00979

TMV 117 101 -136 00279

Analf G 367 241 -559 lt0001

RM 403 263-616 lt0001

Prec I 099 098 -100 03264

TMI 101 090 - 112 08337

TminI 103 093 - 115 05150

TminP 099 088-111 09688

TMP 103 095 - 111 04249

59

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda

meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A

ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta

os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das

variaacuteveis explanatoacuterias

Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008

GINI

p lt 0001

Prec V

P= 00358

Analf G

P =00044

CMI

plt 0001

RM

P = 00008

60

Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008

_________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI 14027 406 230 - 716

RM 12552 350 168 - 728

Analf G 11075 302 141- 648

CMI 17819 594 358- 985

Prec V 00042 100 099 -100

Constante -37863

Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco

para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594

vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com

menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350

analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042

(PrecV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)

renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo

de interferir nos casos de dengue no Estado

61

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

__________________________________________________________________________

Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em

2009

000

020

040

060

080

100

120

0 200 400 600

Pro

bab

ilid

ade

(

)

Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)

a

b

c

d

A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima

da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

A

B

C

D

62

A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede

com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com

maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias

65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010

No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero

de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de

morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos

para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes

principalmente nas regiotildees norte e sul

Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010

63

Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado

superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na

Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na

primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono

tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise

Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2010

64

Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC

95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue

no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Prec V 099 099 - 1000 0103

CMI 5459 3847 - 7746 lt0001

TD 077 056 - 1069 0121

TminO 1143 1009 - 1296 0034

TminV 1178 1026- 1352 0020

TMO 108 099 -119 0069

TMP 1075 098 - 1178 0122

Analf G 2956 2122- 4119 lt0001

Gini 029 0211 - 041 lt0001

Prec I 099 0984 - 1002 0153

RM 3193 2288- 4455 lt0001

BR 2275 1641- 3152 lt0001

Prec P 099 099 -100 0532

Prec O 099 099 - 1002 0467

As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou

valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na

Figura 21

65

Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009

Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009

_____________________________________________________________________________

Variaacuteveis

explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)

CMI 15151 454 312-663

Analf G 13218 375 251-559

GINI -14487 023 015-035

Constante -07489

O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como

fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores

menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil

Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as

chances de apresentar casos de dengue

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)

ANALF G

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

66

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de

mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue

no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

_________________________________________________________________________

A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana

(1)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

F

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

67

Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da

mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a

probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a

90

66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011

Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602

municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas

as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano

Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011

Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril

e maio (Figura 24)

68

Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011

A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis

analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis

saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo

Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2011

Notificaccedilotildees por dengue em 2011

69

Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011 _________________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

AnalfG 367 254 - 532 lt0001

BR 288 2 - 413 lt0001

GINI 030 021- 044 lt0001

Prec I 101 099-102 0177

Prec O 099 099-100 0131

Prec P 099 099 -101 0043

Prec V 099 099 -100 lt0001

RM 417 287-606 lt0001

CMI 905 6 - 1363 lt0001

TD 080 056-114 0227

TminI 105 097- 113 0223

TminO 113 099-128 0051

TminP 115 103-128 0012

TMO 116 102-132 0020

TMP 104 097-112 0199

TMV 117 107-130 lt0001

Analf1 103 098-108 0162

Analf2 106 102 - 110 lt0001

Aacutegua 116 081-165 0395

DD 100 099-100 0827

Lixo 109 076-155 0622

TMI 098 090-107 0761

TminV 107 094-123 0275

Analf3 099 097-101 0463

70

A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na

Figura 25

Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente

RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias

Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 15301 461 289 - 735

GINI -14098 024 015 - 038

CMI 20253 757 486 - 1180

Constante -09603

Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator

de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o

analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo

461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil

ANALF G

p lt 0001

GINI

p lt 0001

CMI

p lt 0001

71

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

72

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

___________________________________________________________________________

Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

D

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

F

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

73

Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de

mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram

aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27

67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012

Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da

Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e

alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta

Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012

Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas

aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000

74

Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012

A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que

foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das

caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2012

Notificaccedilotildees por dengue em 2012

75

Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 235 158-350 lt0001

BR 237 160-351 lt0001

GINI 030 020-045 lt0001

Prec I 098 096-100 0209

RM 341 228-51 lt0001

CMI 606 397-923 lt0001

TD 076 052-111 01667

Tmin I 107 096-119 01823

Tmin O 119 101-141 00335

Tmin P 115 100-131 00417

Tmin V 125 102-152 00247

TMV 120 103-140 00144

Prec O 099 099-100 0608

Prec P 099 099-100 0583

Prec V 099 099-100 0516

TMI 103 093-113 0527

TMP 101 093-110 0709

O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo

76

geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo

Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30

Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011

Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011

_____________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 07539 212 129 - 348

GINI -13120 026 016 - 042

CMI 16465 518 33 - 814

Tmin V 02280 125 098 - 159

Constante -51829

O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior

desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As

demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura

ANALF G

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

TMV

p = 005

P

77

miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios

com valores menores que os descritos

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

78

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

_________________________________________________________________________

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012

A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de

desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e

analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por

dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de

notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se

de 40degC

000

020

040

060

080

100

120

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

Temperatura miacutenima no veratildeo

a

b

c

d

A

B

D

C

79

7 CONCLUSAtildeO

Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de

dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas

Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012

A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo

os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram

nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais

Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual

quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como

significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do

agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo

no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo

correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser

significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo

2012 ndash 2011

Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia

de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede

que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza

visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo

apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de

temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com

temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais

Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com

amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para

comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado

classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o

intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo

80

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85

ANEXOS

Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007

_____________________________________________________________

Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008

________________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 437727

GINI 0504

BR 47484

TD 7532

Analf G 13035

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 470625

GINI 0490

BR 39550

TD 6341

Analf G 11685

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

86

Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009

________________________________________________________________

Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010

_______________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 472850

GINI 0483

BR 40505

TD 5795

Analf G 11700

Analf 1 5390

Analf 2 12430

Analf 3 74670

DD 24070

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 461944

GINI 0490

BR 42673

TD 6255

Analf G 12095

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

87

Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011

___________________________________________________________________________

Variaacuteveis Valor de corte

RM 500751

GINI 0482

BR 35734

TD 5732

Analf G 1071

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

88

ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo

1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106

2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057

3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107

4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -

018

5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128

6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118

7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07

8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095

9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099

10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106

11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11

12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063

13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076

14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111

15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103

16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101

17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099

18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109

19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103

20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104

21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102

22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112

Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios

Page 11: Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)

utilizadas no estudo 31

Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus

coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36

Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37

Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 52

Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53

Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo

de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de

variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 58

Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60

Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance

(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010

ndash 2009 64

Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65

Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011

69

Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

12

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

70

Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -

2011 75

Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76

13

LISTA DE SIGLAS

Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica

GINI Iacutendice de GINI

RM Renda meacutedia

BR Baixa Renda

TD Taxa de desemprego

CMI Coeficiente de mortalidade infantil

Analf G Analfabetismo Geral

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto

Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais

Lixo Coleta de lixo

Aacutegua Abastecimento de aacutegua

TMP Temperatura maacutexima primavera

TMV Temperatura maacutexima veratildeo

TMO Temperatura maacutexima outono

TMI Temperatura maacutexima inverno

TminP Temperatura miacutenima primavera

TminV Temperatura miacutenima veratildeo

TminO Temperatura miacutenima outono

TminI Temperatura miacutenima inverno

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo

Prec O Precipitaccedilatildeo outono

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno

ID Identificaccedilatildeo

14

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO16

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral 17

22 Objetivos especiacuteficos 17

3 JUSTIFICATIVA18

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19

41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19

42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20

43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21

44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21

45 Accedilotildees de controle da dengue 22

46 Estudos da dengue no Brasil 22

47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24

48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25

49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28

51 Dados meteoroloacutegicos 28

52 Dados socioeconocircmicos 35

53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e

classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37

54 Organizaccedilatildeo dos dados 39

56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42

61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42

611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42

612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44

613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46

62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48

15

63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50

64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56

65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62

66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67

67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273

7 CONCLUSAtildeO79

REFEREcircNCIAS80

ANEXO A85

ANEXO B85

ANEXO C86

ANEXO D86

ANEXO E87

ANEXO F88

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de

outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya

No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue

eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1

DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o

RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e

uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)

Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre

20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue

Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que

pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a

33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no

desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser

ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC

Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero

de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute

uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros

casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue

no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as

notificaccedilotildees por dengue no Estado

Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo

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2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas

Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de

mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas

Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com

base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)

Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no

periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD)

Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os

casos de dengue em Minas Gerais

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3 JUSTIFICATIVA

Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando

rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate

agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos

de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir

os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em

relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades

apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as

caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a

particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais

agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados

agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores

19

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO

Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por

transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm

registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da

dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente

com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat

natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de

mosquitos Aedes sp

O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus

para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato

evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no

continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya

Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o

traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees

tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras

infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os

ciclos de urbanizaccedilatildeo

As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram

em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir

desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo

Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em

risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os

anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia

local

20

42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA

O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica

subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas

brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo

reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o

desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a

postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos

mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo

de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se

jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute

um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e

aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do

mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito

semanas

Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp

Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue

21

43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE

A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes

Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a

fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um

intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca

comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo

extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e

migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo

cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)

44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro

sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma

vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais

contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir

para as formas graves aumentam

A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as

consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs

os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue

hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da

doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees

dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias

A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas

inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou

quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele

hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica

pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os

sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo

surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode

levar agrave morte

22

45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE

Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem

adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como

o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a

erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes

de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees

Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o

controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria

O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se

acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta

reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos

estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a

resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas

O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e

evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de

situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A

participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os

domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros

46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL

A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A

compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de

combate mais eficaz

Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio

de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa

municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional

densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional

proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de

populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual

de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a

quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza

23

percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento

percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e

quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo

por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-

demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho

Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de

significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As

variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e

percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com

melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de

dengue na epidemia de 2002

No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -

SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e

agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e

anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de

instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres

analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em

quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos

niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue

foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o

periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu

um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total

apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis

socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos

Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash

SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo

sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica

definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis

selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios

percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo

nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo

percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes

com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior

completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de

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chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre

trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-

miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade

porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as

variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um

agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel

observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias

e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da

estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram

chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto

niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel

meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de

moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o

coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De

modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro

unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou

correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue

47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A

DENGUE

Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura

(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a

dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As

variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e

umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o

risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na

Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro

e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio

Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido

a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo

foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas

25

maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti

no periacuteodo do outono

Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no

desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da

populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que

sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada

duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC

Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias

de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro

Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de

comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos

de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que

essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos

48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM

A DENGUE

As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e

dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos

de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define

sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de

saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a

proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como

indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis

socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo

Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo

geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se

acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor

controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as

mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo

encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)

Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE

(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o

26

rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego

que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo

procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a

reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo

de total desigualdade (ISHITANI et al2006)

Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero

de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar

um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da

populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de

sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento

baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a

qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida

A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi

incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito

proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior

facilidade

Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura

maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e

socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia

de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais

49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO

DE MINAS GERAIS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui

uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em

20734097 habitantes

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas

Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as

27

chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de

Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)

A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-

sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores

contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos

Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico

Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute

um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste

em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do

oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul

do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua

de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da

precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA

et al 2014)

Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de

2010 Fonte Reboita et al (2012)

28

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)

que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e

avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores

ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado

de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e

socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de

notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas

Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por

dengue dos municiacutepios de Minas Gerais

Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de

regiotildees de alta incidecircncia de dengue

Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o

programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)

51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)

Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura

miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48

estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais

selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram

usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar

informaccedilotildees mais completas para esses anos

Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um

processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi

a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles

29

valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por

exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados

errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na

estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a

diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS

2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo

N= Q98 + 3 IQR (1)

onde Q98 eacute o percentil de 98

Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que

foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero

Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et

al 2012)

N= Q75 plusmn 3 IQR (2)

Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses

intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos

tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que

na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees

proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado

Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo

entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as

maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da

identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que

apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis

analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees

meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na

Tabela 1

Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram

menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto

eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo

meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse

30

coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo

meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva

e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram

falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo

considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento

foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo

31

Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1

Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo

___________________________________________________________________________

ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)

1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274

2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289

3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361

4 Arinos 83384 -1591 -4605 519

5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127

6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126

7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915

8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695

9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652

10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150

11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318

12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206

13 Curvelo 83536 1875 -4445 672

14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612

15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835

16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964

17 Formoso 83334 -1493 -4625 840

18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367

19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097

20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560

21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516

22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371

23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036

24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996

25 Juramento 83452 -1678 -4371 650

26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884

27 Machado 83683 -2166 -4591 87335

28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452

29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629

30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712

31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028

32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891

33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224

34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091

35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132

36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532

37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732

38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737

39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460

40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973

32

Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura

espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees

Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias

ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria

dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de

uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto

(ZIMERMANN et al 2012)

A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman

tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse

problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da

reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas

variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude

Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de

grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas

Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas

estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois

pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da

temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim

e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute

bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial

das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo

utilizar valores discrepantes

33

a) b)

c) d)

e)

Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)

veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual

34

ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e

longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na

reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)

Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do

Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x

1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo

(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o

preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA

2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com

dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096

35

Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da

estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e

do INMET (azul)

Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais

das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram

fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada

52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS

Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda

escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas

as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os

dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte

para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de

risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de

corte utilizados podem ser visualizados no anexo

As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um

banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os

resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os

significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2

36

Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos

dados

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo Variaacutevel Fonte

DD Densidade demograacutefica IBGE

Renda

GINI Iacutendice de GINI DATASUS

RM Renda meacutedia DATASUS

BR Baixa Renda DATASUS

TD Taxa de desemprego DATASUS

Sauacutede

CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS

Escolaridade

Analf G Analfabetismo Geral DATASUS

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS

Analf 2

Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo

incompleto DATASUS

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS

Saneamento baacutesico

Lixo Coleta de lixo IBGE

Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE

Variaacuteveis meteoroloacutegicas

TMP Temperatura maacutexima primavera INMET

TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET

TMO Temperatura maacutexima outono INMET

TMI Temperatura maacutexima inverno INMET

TminP Temperatura miacutenima primavera INMET

TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET

TminO Temperatura miacutenima outono INMET

TminI Temperatura miacutenima inverno INMET

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET

Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET

37

Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo da

Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo

RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1

gt mediana 0

GINI Se a desigualdade for gt mediana 1

mediana 0

BR Se a baixa renda for ge mediana 1

lt mediana 0

TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1

ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0

Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1

fundamental completo ou 2ordm ciclo

incompleto for mediana 0

Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0

2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1

DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1

mediana 0

CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1

lt 20 permil 0

53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA

Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas

Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de

2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por

ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de

morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de

morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)

38

x 100000 habitantes

(3)

( ) notificaccedilotildees

(4)

onde

Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada

CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes

(5)

Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio

possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com

municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0

Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais

Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado

utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do

Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas

do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)

39

Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________

54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS

O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam

a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de

MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas

devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as

cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama

Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute

da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo

Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de

desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso

esse trabalho foi realizado com 720 cidades

Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007

2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue

iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte

Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas

foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de

desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave

inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar

incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental

Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia

(por 100000 habitantes)

Baixa incidecircncia 100

Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300

Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300

40

completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O

motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010

56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA

A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma

variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa

duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes

atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem

se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os

dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os

valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)

( )

(6)

Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do

valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance

fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)

(

)

(7)

Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da

verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance

(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma

estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1

41

Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila

chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito

(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel

dependente fica representada pela foacutermula

( )

( )

(8)

Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM

(CDC 2008)

As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de

p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise

forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das

variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou

igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW

1989)

42

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA

611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM

MINAS GERAIS

Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no

inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e

no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de

Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das

explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para

leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa

umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de

monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno

com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do

continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo

43

a) b)

c) d)

e)

Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

44

612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA

MIacuteNIMA EM MG

Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo

variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma

regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de

MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais

frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de

10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a

predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em

todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a

22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo

mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste

apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no

veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de

Souza et al (2006)

45

a) b)

c) d)

e)

Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

46

613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS

MAacuteXIMAS EM MG

A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com

a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores

altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras

aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute

no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no

leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente

47

a) b)

c) d)

e)

Figura 9 - Temperatura maacutexima (o

C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)

primavera (e) meacutedia anual

48

62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG

As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser

visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo

central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos

mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se

tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees

No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a

classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD

Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais

___________________________________________________________________________

Ano 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183

Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia

49

a) 2008 b) 2009

c) 2010 d) 2011

e) 2012

Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)

2010 (d) 2011 e (e) 2012

50

63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008

De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades

com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas

com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da

Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de

dengue

Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008

A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na

Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores

notificaccedilotildees em abril

51

Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4

com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se

hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis

explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2008

52

Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de

p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 073 050 - 108 0119

GINI 045 030 - 067 0001

CMI 374 249 - 559 lt0001

Prec I 099 098 - 100 0160

Prec O 100 099 - 101 0059

TD 156 106 -230 0023

TminP 107 095 - 121 0202

TminV 124 105 - 147 0009

TMO 123 105 - 144 0009

TMV 117 104 -133 0007

BR 097 066 - 145 0919

Prec P 099 099 - 100 0782

Prec V 100 099 -100 0984

RM 122 082 -182 0313

TMI 099 089 - 112 0977

TminI 102 094 - 112 0509

TminO 103 089 - 119 0684

TMP 103 094 -113 0487

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI

coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono

temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem

significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13

53

Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007

Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007

____________________________________________________________________________

A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de

GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de

dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil

(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da

populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI -09422 038 025 - 060

CMI 13098 37 242 - 566

Prec I -00185 098 096 - 099

Prec O 00121 101 100 - 102

TMV 02957 134 116 -154

Constante -96745

CMI

P lt 0001

TMV

P lt 0001

GINI

P lt 0001

Prec I

P= 0006

Prec O

P= 0003

54

vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais

favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue

tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com

menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo

comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um

risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse

valor

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +

02957(TMV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade

(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e

temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8

foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14

55

Legenda

_________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio

A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0)

Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem

permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana

para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso

verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm

0

02

04

06

08

1

12

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

()

Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)

a

b

c

d

A

B

D

C

56

maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio

mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem

apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a

notificaccedilatildeo

64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009

Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de

notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees

atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas

Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15

Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009

O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no

mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16

57

Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o

resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em

verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2009

58

Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores

de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

BR 288 190 - 437 lt0001

GINI 286 189-433 lt0001

Prec O 099 098- 099 00001

Prec P 100 100-101 00085

Prec V 099 099-100 00603

CMI 782 496- 1235 lt0001

TD 075 050 -112 01692

TminO 115 098 -134 00728

TminV 116 098-137 00665

TMO 112 097- 129 00979

TMV 117 101 -136 00279

Analf G 367 241 -559 lt0001

RM 403 263-616 lt0001

Prec I 099 098 -100 03264

TMI 101 090 - 112 08337

TminI 103 093 - 115 05150

TminP 099 088-111 09688

TMP 103 095 - 111 04249

59

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda

meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A

ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta

os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das

variaacuteveis explanatoacuterias

Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008

GINI

p lt 0001

Prec V

P= 00358

Analf G

P =00044

CMI

plt 0001

RM

P = 00008

60

Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008

_________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI 14027 406 230 - 716

RM 12552 350 168 - 728

Analf G 11075 302 141- 648

CMI 17819 594 358- 985

Prec V 00042 100 099 -100

Constante -37863

Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco

para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594

vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com

menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350

analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042

(PrecV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)

renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo

de interferir nos casos de dengue no Estado

61

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

__________________________________________________________________________

Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em

2009

000

020

040

060

080

100

120

0 200 400 600

Pro

bab

ilid

ade

(

)

Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)

a

b

c

d

A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima

da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

A

B

C

D

62

A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede

com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com

maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias

65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010

No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero

de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de

morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos

para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes

principalmente nas regiotildees norte e sul

Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010

63

Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado

superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na

Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na

primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono

tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise

Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2010

64

Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC

95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue

no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Prec V 099 099 - 1000 0103

CMI 5459 3847 - 7746 lt0001

TD 077 056 - 1069 0121

TminO 1143 1009 - 1296 0034

TminV 1178 1026- 1352 0020

TMO 108 099 -119 0069

TMP 1075 098 - 1178 0122

Analf G 2956 2122- 4119 lt0001

Gini 029 0211 - 041 lt0001

Prec I 099 0984 - 1002 0153

RM 3193 2288- 4455 lt0001

BR 2275 1641- 3152 lt0001

Prec P 099 099 -100 0532

Prec O 099 099 - 1002 0467

As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou

valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na

Figura 21

65

Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009

Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009

_____________________________________________________________________________

Variaacuteveis

explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)

CMI 15151 454 312-663

Analf G 13218 375 251-559

GINI -14487 023 015-035

Constante -07489

O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como

fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores

menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil

Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as

chances de apresentar casos de dengue

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)

ANALF G

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

66

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de

mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue

no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

_________________________________________________________________________

A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana

(1)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

F

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

67

Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da

mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a

probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a

90

66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011

Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602

municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas

as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano

Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011

Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril

e maio (Figura 24)

68

Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011

A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis

analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis

saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo

Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2011

Notificaccedilotildees por dengue em 2011

69

Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011 _________________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

AnalfG 367 254 - 532 lt0001

BR 288 2 - 413 lt0001

GINI 030 021- 044 lt0001

Prec I 101 099-102 0177

Prec O 099 099-100 0131

Prec P 099 099 -101 0043

Prec V 099 099 -100 lt0001

RM 417 287-606 lt0001

CMI 905 6 - 1363 lt0001

TD 080 056-114 0227

TminI 105 097- 113 0223

TminO 113 099-128 0051

TminP 115 103-128 0012

TMO 116 102-132 0020

TMP 104 097-112 0199

TMV 117 107-130 lt0001

Analf1 103 098-108 0162

Analf2 106 102 - 110 lt0001

Aacutegua 116 081-165 0395

DD 100 099-100 0827

Lixo 109 076-155 0622

TMI 098 090-107 0761

TminV 107 094-123 0275

Analf3 099 097-101 0463

70

A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na

Figura 25

Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente

RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias

Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 15301 461 289 - 735

GINI -14098 024 015 - 038

CMI 20253 757 486 - 1180

Constante -09603

Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator

de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o

analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo

461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil

ANALF G

p lt 0001

GINI

p lt 0001

CMI

p lt 0001

71

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

72

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

___________________________________________________________________________

Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

D

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

F

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

73

Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de

mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram

aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27

67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012

Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da

Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e

alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta

Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012

Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas

aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000

74

Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012

A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que

foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das

caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2012

Notificaccedilotildees por dengue em 2012

75

Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 235 158-350 lt0001

BR 237 160-351 lt0001

GINI 030 020-045 lt0001

Prec I 098 096-100 0209

RM 341 228-51 lt0001

CMI 606 397-923 lt0001

TD 076 052-111 01667

Tmin I 107 096-119 01823

Tmin O 119 101-141 00335

Tmin P 115 100-131 00417

Tmin V 125 102-152 00247

TMV 120 103-140 00144

Prec O 099 099-100 0608

Prec P 099 099-100 0583

Prec V 099 099-100 0516

TMI 103 093-113 0527

TMP 101 093-110 0709

O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo

76

geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo

Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30

Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011

Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011

_____________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 07539 212 129 - 348

GINI -13120 026 016 - 042

CMI 16465 518 33 - 814

Tmin V 02280 125 098 - 159

Constante -51829

O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior

desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As

demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura

ANALF G

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

TMV

p = 005

P

77

miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios

com valores menores que os descritos

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

78

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

_________________________________________________________________________

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012

A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de

desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e

analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por

dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de

notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se

de 40degC

000

020

040

060

080

100

120

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

Temperatura miacutenima no veratildeo

a

b

c

d

A

B

D

C

79

7 CONCLUSAtildeO

Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de

dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas

Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012

A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo

os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram

nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais

Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual

quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como

significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do

agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo

no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo

correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser

significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo

2012 ndash 2011

Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia

de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede

que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza

visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo

apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de

temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com

temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais

Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com

amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para

comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado

classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o

intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo

80

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85

ANEXOS

Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007

_____________________________________________________________

Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008

________________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 437727

GINI 0504

BR 47484

TD 7532

Analf G 13035

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 470625

GINI 0490

BR 39550

TD 6341

Analf G 11685

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

86

Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009

________________________________________________________________

Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010

_______________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 472850

GINI 0483

BR 40505

TD 5795

Analf G 11700

Analf 1 5390

Analf 2 12430

Analf 3 74670

DD 24070

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 461944

GINI 0490

BR 42673

TD 6255

Analf G 12095

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

87

Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011

___________________________________________________________________________

Variaacuteveis Valor de corte

RM 500751

GINI 0482

BR 35734

TD 5732

Analf G 1071

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

88

ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo

1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106

2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057

3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107

4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -

018

5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128

6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118

7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07

8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095

9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099

10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106

11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11

12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063

13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076

14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111

15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103

16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101

17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099

18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109

19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103

20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104

21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102

22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112

Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios

Page 12: Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as

12

razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

70

Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)

intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os

efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -

2011 75

Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes

razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis

explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76

13

LISTA DE SIGLAS

Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica

GINI Iacutendice de GINI

RM Renda meacutedia

BR Baixa Renda

TD Taxa de desemprego

CMI Coeficiente de mortalidade infantil

Analf G Analfabetismo Geral

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto

Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais

Lixo Coleta de lixo

Aacutegua Abastecimento de aacutegua

TMP Temperatura maacutexima primavera

TMV Temperatura maacutexima veratildeo

TMO Temperatura maacutexima outono

TMI Temperatura maacutexima inverno

TminP Temperatura miacutenima primavera

TminV Temperatura miacutenima veratildeo

TminO Temperatura miacutenima outono

TminI Temperatura miacutenima inverno

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo

Prec O Precipitaccedilatildeo outono

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno

ID Identificaccedilatildeo

14

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO16

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral 17

22 Objetivos especiacuteficos 17

3 JUSTIFICATIVA18

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19

41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19

42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20

43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21

44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21

45 Accedilotildees de controle da dengue 22

46 Estudos da dengue no Brasil 22

47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24

48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25

49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28

51 Dados meteoroloacutegicos 28

52 Dados socioeconocircmicos 35

53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e

classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37

54 Organizaccedilatildeo dos dados 39

56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42

61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42

611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42

612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44

613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46

62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48

15

63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50

64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56

65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62

66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67

67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273

7 CONCLUSAtildeO79

REFEREcircNCIAS80

ANEXO A85

ANEXO B85

ANEXO C86

ANEXO D86

ANEXO E87

ANEXO F88

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de

outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya

No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue

eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1

DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o

RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e

uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)

Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre

20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue

Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que

pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a

33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no

desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser

ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC

Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero

de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute

uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros

casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue

no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as

notificaccedilotildees por dengue no Estado

Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo

17

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas

Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de

mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas

Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com

base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)

Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no

periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD)

Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os

casos de dengue em Minas Gerais

18

3 JUSTIFICATIVA

Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando

rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate

agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos

de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir

os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em

relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades

apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as

caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a

particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais

agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados

agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores

19

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO

Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por

transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm

registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da

dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente

com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat

natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de

mosquitos Aedes sp

O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus

para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato

evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no

continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya

Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o

traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees

tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras

infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os

ciclos de urbanizaccedilatildeo

As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram

em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir

desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo

Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em

risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os

anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia

local

20

42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA

O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica

subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas

brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo

reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o

desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a

postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos

mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo

de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se

jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute

um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e

aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do

mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito

semanas

Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp

Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue

21

43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE

A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes

Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a

fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um

intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca

comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo

extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e

migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo

cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)

44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro

sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma

vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais

contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir

para as formas graves aumentam

A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as

consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs

os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue

hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da

doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees

dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias

A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas

inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou

quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele

hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica

pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os

sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo

surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode

levar agrave morte

22

45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE

Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem

adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como

o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a

erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes

de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees

Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o

controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria

O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se

acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta

reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos

estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a

resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas

O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e

evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de

situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A

participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os

domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros

46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL

A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A

compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de

combate mais eficaz

Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio

de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa

municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional

densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional

proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de

populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual

de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a

quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza

23

percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento

percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e

quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo

por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-

demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho

Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de

significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As

variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e

percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com

melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de

dengue na epidemia de 2002

No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -

SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e

agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e

anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de

instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres

analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em

quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos

niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue

foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o

periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu

um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total

apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis

socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos

Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash

SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo

sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica

definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis

selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios

percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo

nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo

percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes

com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior

completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de

24

chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre

trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-

miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade

porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as

variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um

agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel

observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias

e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da

estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram

chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto

niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel

meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de

moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o

coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De

modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro

unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou

correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue

47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A

DENGUE

Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura

(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a

dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As

variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e

umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o

risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na

Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro

e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio

Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido

a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo

foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas

25

maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti

no periacuteodo do outono

Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no

desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da

populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que

sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada

duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC

Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias

de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro

Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de

comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos

de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que

essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos

48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM

A DENGUE

As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e

dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos

de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define

sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de

saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a

proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como

indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis

socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo

Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo

geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se

acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor

controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as

mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo

encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)

Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE

(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o

26

rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego

que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo

procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a

reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo

de total desigualdade (ISHITANI et al2006)

Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero

de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar

um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da

populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de

sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento

baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a

qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida

A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi

incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito

proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior

facilidade

Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura

maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e

socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia

de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais

49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO

DE MINAS GERAIS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui

uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em

20734097 habitantes

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas

Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as

27

chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de

Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)

A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-

sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores

contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos

Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico

Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute

um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste

em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do

oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul

do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua

de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da

precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA

et al 2014)

Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de

2010 Fonte Reboita et al (2012)

28

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)

que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e

avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores

ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado

de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e

socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de

notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas

Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por

dengue dos municiacutepios de Minas Gerais

Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de

regiotildees de alta incidecircncia de dengue

Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o

programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)

51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)

Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura

miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48

estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais

selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram

usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar

informaccedilotildees mais completas para esses anos

Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um

processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi

a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles

29

valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por

exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados

errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na

estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a

diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS

2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo

N= Q98 + 3 IQR (1)

onde Q98 eacute o percentil de 98

Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que

foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero

Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et

al 2012)

N= Q75 plusmn 3 IQR (2)

Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses

intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos

tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que

na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees

proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado

Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo

entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as

maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da

identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que

apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis

analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees

meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na

Tabela 1

Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram

menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto

eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo

meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse

30

coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo

meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva

e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram

falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo

considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento

foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo

31

Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1

Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo

___________________________________________________________________________

ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)

1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274

2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289

3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361

4 Arinos 83384 -1591 -4605 519

5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127

6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126

7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915

8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695

9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652

10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150

11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318

12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206

13 Curvelo 83536 1875 -4445 672

14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612

15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835

16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964

17 Formoso 83334 -1493 -4625 840

18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367

19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097

20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560

21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516

22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371

23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036

24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996

25 Juramento 83452 -1678 -4371 650

26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884

27 Machado 83683 -2166 -4591 87335

28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452

29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629

30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712

31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028

32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891

33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224

34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091

35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132

36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532

37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732

38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737

39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460

40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973

32

Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura

espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees

Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias

ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria

dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de

uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto

(ZIMERMANN et al 2012)

A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman

tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse

problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da

reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas

variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude

Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de

grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas

Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas

estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois

pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da

temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim

e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute

bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial

das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo

utilizar valores discrepantes

33

a) b)

c) d)

e)

Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)

veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual

34

ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e

longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na

reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)

Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do

Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x

1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo

(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o

preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA

2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com

dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096

35

Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da

estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e

do INMET (azul)

Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais

das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram

fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada

52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS

Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda

escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas

as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os

dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte

para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de

risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de

corte utilizados podem ser visualizados no anexo

As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um

banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os

resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os

significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2

36

Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos

dados

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo Variaacutevel Fonte

DD Densidade demograacutefica IBGE

Renda

GINI Iacutendice de GINI DATASUS

RM Renda meacutedia DATASUS

BR Baixa Renda DATASUS

TD Taxa de desemprego DATASUS

Sauacutede

CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS

Escolaridade

Analf G Analfabetismo Geral DATASUS

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS

Analf 2

Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo

incompleto DATASUS

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS

Saneamento baacutesico

Lixo Coleta de lixo IBGE

Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE

Variaacuteveis meteoroloacutegicas

TMP Temperatura maacutexima primavera INMET

TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET

TMO Temperatura maacutexima outono INMET

TMI Temperatura maacutexima inverno INMET

TminP Temperatura miacutenima primavera INMET

TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET

TminO Temperatura miacutenima outono INMET

TminI Temperatura miacutenima inverno INMET

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET

Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET

37

Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo da

Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo

RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1

gt mediana 0

GINI Se a desigualdade for gt mediana 1

mediana 0

BR Se a baixa renda for ge mediana 1

lt mediana 0

TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1

ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0

Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1

fundamental completo ou 2ordm ciclo

incompleto for mediana 0

Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0

2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1

DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1

mediana 0

CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1

lt 20 permil 0

53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA

Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas

Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de

2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por

ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de

morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de

morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)

38

x 100000 habitantes

(3)

( ) notificaccedilotildees

(4)

onde

Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada

CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes

(5)

Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio

possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com

municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0

Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais

Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado

utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do

Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas

do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)

39

Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________

54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS

O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam

a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de

MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas

devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as

cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama

Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute

da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo

Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de

desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso

esse trabalho foi realizado com 720 cidades

Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007

2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue

iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte

Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas

foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de

desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave

inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar

incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental

Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia

(por 100000 habitantes)

Baixa incidecircncia 100

Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300

Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300

40

completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O

motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010

56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA

A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma

variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa

duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes

atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem

se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os

dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os

valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)

( )

(6)

Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do

valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance

fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)

(

)

(7)

Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da

verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance

(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma

estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1

41

Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila

chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito

(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel

dependente fica representada pela foacutermula

( )

( )

(8)

Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM

(CDC 2008)

As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de

p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise

forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das

variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou

igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW

1989)

42

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA

611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM

MINAS GERAIS

Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no

inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e

no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de

Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das

explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para

leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa

umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de

monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno

com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do

continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo

43

a) b)

c) d)

e)

Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

44

612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA

MIacuteNIMA EM MG

Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo

variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma

regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de

MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais

frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de

10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a

predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em

todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a

22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo

mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste

apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no

veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de

Souza et al (2006)

45

a) b)

c) d)

e)

Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

46

613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS

MAacuteXIMAS EM MG

A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com

a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores

altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras

aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute

no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no

leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente

47

a) b)

c) d)

e)

Figura 9 - Temperatura maacutexima (o

C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)

primavera (e) meacutedia anual

48

62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG

As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser

visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo

central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos

mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se

tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees

No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a

classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD

Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais

___________________________________________________________________________

Ano 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183

Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia

49

a) 2008 b) 2009

c) 2010 d) 2011

e) 2012

Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)

2010 (d) 2011 e (e) 2012

50

63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008

De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades

com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas

com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da

Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de

dengue

Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008

A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na

Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores

notificaccedilotildees em abril

51

Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4

com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se

hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis

explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2008

52

Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de

p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 073 050 - 108 0119

GINI 045 030 - 067 0001

CMI 374 249 - 559 lt0001

Prec I 099 098 - 100 0160

Prec O 100 099 - 101 0059

TD 156 106 -230 0023

TminP 107 095 - 121 0202

TminV 124 105 - 147 0009

TMO 123 105 - 144 0009

TMV 117 104 -133 0007

BR 097 066 - 145 0919

Prec P 099 099 - 100 0782

Prec V 100 099 -100 0984

RM 122 082 -182 0313

TMI 099 089 - 112 0977

TminI 102 094 - 112 0509

TminO 103 089 - 119 0684

TMP 103 094 -113 0487

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI

coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono

temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem

significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13

53

Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007

Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007

____________________________________________________________________________

A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de

GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de

dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil

(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da

populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI -09422 038 025 - 060

CMI 13098 37 242 - 566

Prec I -00185 098 096 - 099

Prec O 00121 101 100 - 102

TMV 02957 134 116 -154

Constante -96745

CMI

P lt 0001

TMV

P lt 0001

GINI

P lt 0001

Prec I

P= 0006

Prec O

P= 0003

54

vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais

favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue

tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com

menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo

comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um

risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse

valor

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +

02957(TMV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade

(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e

temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8

foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14

55

Legenda

_________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio

A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0)

Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem

permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana

para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso

verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm

0

02

04

06

08

1

12

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

()

Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)

a

b

c

d

A

B

D

C

56

maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio

mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem

apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a

notificaccedilatildeo

64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009

Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de

notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees

atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas

Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15

Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009

O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no

mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16

57

Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o

resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em

verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2009

58

Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores

de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

BR 288 190 - 437 lt0001

GINI 286 189-433 lt0001

Prec O 099 098- 099 00001

Prec P 100 100-101 00085

Prec V 099 099-100 00603

CMI 782 496- 1235 lt0001

TD 075 050 -112 01692

TminO 115 098 -134 00728

TminV 116 098-137 00665

TMO 112 097- 129 00979

TMV 117 101 -136 00279

Analf G 367 241 -559 lt0001

RM 403 263-616 lt0001

Prec I 099 098 -100 03264

TMI 101 090 - 112 08337

TminI 103 093 - 115 05150

TminP 099 088-111 09688

TMP 103 095 - 111 04249

59

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda

meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A

ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta

os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das

variaacuteveis explanatoacuterias

Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008

GINI

p lt 0001

Prec V

P= 00358

Analf G

P =00044

CMI

plt 0001

RM

P = 00008

60

Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008

_________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI 14027 406 230 - 716

RM 12552 350 168 - 728

Analf G 11075 302 141- 648

CMI 17819 594 358- 985

Prec V 00042 100 099 -100

Constante -37863

Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco

para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594

vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com

menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350

analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042

(PrecV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)

renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo

de interferir nos casos de dengue no Estado

61

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

__________________________________________________________________________

Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em

2009

000

020

040

060

080

100

120

0 200 400 600

Pro

bab

ilid

ade

(

)

Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)

a

b

c

d

A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima

da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

A

B

C

D

62

A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede

com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com

maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias

65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010

No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero

de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de

morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos

para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes

principalmente nas regiotildees norte e sul

Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010

63

Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado

superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na

Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na

primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono

tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise

Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2010

64

Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC

95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue

no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Prec V 099 099 - 1000 0103

CMI 5459 3847 - 7746 lt0001

TD 077 056 - 1069 0121

TminO 1143 1009 - 1296 0034

TminV 1178 1026- 1352 0020

TMO 108 099 -119 0069

TMP 1075 098 - 1178 0122

Analf G 2956 2122- 4119 lt0001

Gini 029 0211 - 041 lt0001

Prec I 099 0984 - 1002 0153

RM 3193 2288- 4455 lt0001

BR 2275 1641- 3152 lt0001

Prec P 099 099 -100 0532

Prec O 099 099 - 1002 0467

As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou

valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na

Figura 21

65

Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009

Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009

_____________________________________________________________________________

Variaacuteveis

explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)

CMI 15151 454 312-663

Analf G 13218 375 251-559

GINI -14487 023 015-035

Constante -07489

O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como

fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores

menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil

Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as

chances de apresentar casos de dengue

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)

ANALF G

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

66

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de

mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue

no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

_________________________________________________________________________

A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana

(1)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

F

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

67

Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da

mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a

probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a

90

66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011

Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602

municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas

as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano

Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011

Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril

e maio (Figura 24)

68

Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011

A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis

analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis

saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo

Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2011

Notificaccedilotildees por dengue em 2011

69

Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011 _________________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

AnalfG 367 254 - 532 lt0001

BR 288 2 - 413 lt0001

GINI 030 021- 044 lt0001

Prec I 101 099-102 0177

Prec O 099 099-100 0131

Prec P 099 099 -101 0043

Prec V 099 099 -100 lt0001

RM 417 287-606 lt0001

CMI 905 6 - 1363 lt0001

TD 080 056-114 0227

TminI 105 097- 113 0223

TminO 113 099-128 0051

TminP 115 103-128 0012

TMO 116 102-132 0020

TMP 104 097-112 0199

TMV 117 107-130 lt0001

Analf1 103 098-108 0162

Analf2 106 102 - 110 lt0001

Aacutegua 116 081-165 0395

DD 100 099-100 0827

Lixo 109 076-155 0622

TMI 098 090-107 0761

TminV 107 094-123 0275

Analf3 099 097-101 0463

70

A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na

Figura 25

Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente

RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias

Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 15301 461 289 - 735

GINI -14098 024 015 - 038

CMI 20253 757 486 - 1180

Constante -09603

Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator

de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o

analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo

461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil

ANALF G

p lt 0001

GINI

p lt 0001

CMI

p lt 0001

71

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

72

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

___________________________________________________________________________

Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

D

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

F

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

73

Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de

mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram

aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27

67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012

Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da

Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e

alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta

Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012

Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas

aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000

74

Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012

A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que

foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das

caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2012

Notificaccedilotildees por dengue em 2012

75

Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 235 158-350 lt0001

BR 237 160-351 lt0001

GINI 030 020-045 lt0001

Prec I 098 096-100 0209

RM 341 228-51 lt0001

CMI 606 397-923 lt0001

TD 076 052-111 01667

Tmin I 107 096-119 01823

Tmin O 119 101-141 00335

Tmin P 115 100-131 00417

Tmin V 125 102-152 00247

TMV 120 103-140 00144

Prec O 099 099-100 0608

Prec P 099 099-100 0583

Prec V 099 099-100 0516

TMI 103 093-113 0527

TMP 101 093-110 0709

O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo

76

geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo

Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30

Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011

Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011

_____________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 07539 212 129 - 348

GINI -13120 026 016 - 042

CMI 16465 518 33 - 814

Tmin V 02280 125 098 - 159

Constante -51829

O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior

desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As

demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura

ANALF G

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

TMV

p = 005

P

77

miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios

com valores menores que os descritos

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

78

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

_________________________________________________________________________

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012

A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de

desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e

analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por

dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de

notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se

de 40degC

000

020

040

060

080

100

120

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

Temperatura miacutenima no veratildeo

a

b

c

d

A

B

D

C

79

7 CONCLUSAtildeO

Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de

dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas

Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012

A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo

os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram

nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais

Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual

quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como

significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do

agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo

no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo

correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser

significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo

2012 ndash 2011

Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia

de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede

que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza

visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo

apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de

temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com

temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais

Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com

amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para

comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado

classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o

intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo

80

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85

ANEXOS

Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007

_____________________________________________________________

Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008

________________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 437727

GINI 0504

BR 47484

TD 7532

Analf G 13035

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 470625

GINI 0490

BR 39550

TD 6341

Analf G 11685

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

86

Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009

________________________________________________________________

Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010

_______________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 472850

GINI 0483

BR 40505

TD 5795

Analf G 11700

Analf 1 5390

Analf 2 12430

Analf 3 74670

DD 24070

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 461944

GINI 0490

BR 42673

TD 6255

Analf G 12095

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

87

Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011

___________________________________________________________________________

Variaacuteveis Valor de corte

RM 500751

GINI 0482

BR 35734

TD 5732

Analf G 1071

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

88

ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo

1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106

2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057

3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107

4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -

018

5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128

6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118

7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07

8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095

9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099

10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106

11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11

12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063

13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076

14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111

15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103

16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101

17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099

18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109

19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103

20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104

21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102

22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112

Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios

Page 13: Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as

13

LISTA DE SIGLAS

Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica

GINI Iacutendice de GINI

RM Renda meacutedia

BR Baixa Renda

TD Taxa de desemprego

CMI Coeficiente de mortalidade infantil

Analf G Analfabetismo Geral

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto

Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais

Lixo Coleta de lixo

Aacutegua Abastecimento de aacutegua

TMP Temperatura maacutexima primavera

TMV Temperatura maacutexima veratildeo

TMO Temperatura maacutexima outono

TMI Temperatura maacutexima inverno

TminP Temperatura miacutenima primavera

TminV Temperatura miacutenima veratildeo

TminO Temperatura miacutenima outono

TminI Temperatura miacutenima inverno

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo

Prec O Precipitaccedilatildeo outono

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno

ID Identificaccedilatildeo

14

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO16

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral 17

22 Objetivos especiacuteficos 17

3 JUSTIFICATIVA18

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19

41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19

42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20

43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21

44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21

45 Accedilotildees de controle da dengue 22

46 Estudos da dengue no Brasil 22

47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24

48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25

49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28

51 Dados meteoroloacutegicos 28

52 Dados socioeconocircmicos 35

53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e

classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37

54 Organizaccedilatildeo dos dados 39

56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42

61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42

611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42

612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44

613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46

62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48

15

63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50

64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56

65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62

66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67

67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273

7 CONCLUSAtildeO79

REFEREcircNCIAS80

ANEXO A85

ANEXO B85

ANEXO C86

ANEXO D86

ANEXO E87

ANEXO F88

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de

outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya

No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue

eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1

DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o

RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e

uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)

Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre

20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue

Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que

pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a

33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no

desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser

ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC

Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero

de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute

uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros

casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue

no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as

notificaccedilotildees por dengue no Estado

Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo

17

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas

Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de

mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas

Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com

base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)

Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no

periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD)

Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os

casos de dengue em Minas Gerais

18

3 JUSTIFICATIVA

Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando

rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate

agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos

de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir

os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em

relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades

apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as

caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a

particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais

agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados

agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores

19

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO

Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por

transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm

registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da

dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente

com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat

natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de

mosquitos Aedes sp

O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus

para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato

evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no

continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya

Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o

traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees

tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras

infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os

ciclos de urbanizaccedilatildeo

As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram

em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir

desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo

Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em

risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os

anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia

local

20

42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA

O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica

subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas

brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo

reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o

desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a

postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos

mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo

de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se

jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute

um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e

aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do

mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito

semanas

Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp

Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue

21

43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE

A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes

Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a

fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um

intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca

comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo

extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e

migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo

cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)

44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro

sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma

vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais

contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir

para as formas graves aumentam

A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as

consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs

os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue

hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da

doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees

dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias

A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas

inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou

quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele

hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica

pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os

sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo

surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode

levar agrave morte

22

45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE

Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem

adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como

o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a

erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes

de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees

Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o

controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria

O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se

acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta

reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos

estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a

resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas

O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e

evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de

situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A

participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os

domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros

46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL

A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A

compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de

combate mais eficaz

Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio

de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa

municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional

densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional

proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de

populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual

de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a

quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza

23

percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento

percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e

quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo

por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-

demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho

Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de

significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As

variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e

percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com

melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de

dengue na epidemia de 2002

No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -

SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e

agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e

anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de

instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres

analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em

quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos

niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue

foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o

periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu

um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total

apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis

socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos

Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash

SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo

sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica

definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis

selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios

percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo

nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo

percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes

com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior

completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de

24

chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre

trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-

miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade

porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as

variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um

agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel

observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias

e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da

estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram

chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto

niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel

meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de

moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o

coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De

modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro

unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou

correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue

47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A

DENGUE

Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura

(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a

dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As

variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e

umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o

risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na

Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro

e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio

Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido

a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo

foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas

25

maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti

no periacuteodo do outono

Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no

desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da

populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que

sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada

duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC

Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias

de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro

Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de

comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos

de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que

essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos

48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM

A DENGUE

As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e

dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos

de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define

sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de

saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a

proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como

indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis

socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo

Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo

geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se

acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor

controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as

mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo

encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)

Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE

(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o

26

rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego

que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo

procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a

reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo

de total desigualdade (ISHITANI et al2006)

Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero

de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar

um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da

populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de

sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento

baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a

qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida

A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi

incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito

proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior

facilidade

Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura

maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e

socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia

de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais

49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO

DE MINAS GERAIS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui

uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em

20734097 habitantes

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas

Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as

27

chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de

Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)

A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-

sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores

contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos

Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico

Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute

um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste

em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do

oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul

do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua

de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da

precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA

et al 2014)

Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de

2010 Fonte Reboita et al (2012)

28

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)

que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e

avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores

ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado

de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e

socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de

notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas

Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por

dengue dos municiacutepios de Minas Gerais

Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de

regiotildees de alta incidecircncia de dengue

Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o

programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)

51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)

Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura

miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48

estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais

selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram

usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar

informaccedilotildees mais completas para esses anos

Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um

processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi

a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles

29

valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por

exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados

errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na

estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a

diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS

2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo

N= Q98 + 3 IQR (1)

onde Q98 eacute o percentil de 98

Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que

foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero

Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et

al 2012)

N= Q75 plusmn 3 IQR (2)

Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses

intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos

tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que

na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees

proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado

Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo

entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as

maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da

identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que

apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis

analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees

meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na

Tabela 1

Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram

menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto

eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo

meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse

30

coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo

meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva

e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram

falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo

considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento

foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo

31

Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1

Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo

___________________________________________________________________________

ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)

1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274

2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289

3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361

4 Arinos 83384 -1591 -4605 519

5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127

6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126

7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915

8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695

9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652

10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150

11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318

12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206

13 Curvelo 83536 1875 -4445 672

14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612

15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835

16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964

17 Formoso 83334 -1493 -4625 840

18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367

19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097

20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560

21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516

22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371

23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036

24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996

25 Juramento 83452 -1678 -4371 650

26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884

27 Machado 83683 -2166 -4591 87335

28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452

29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629

30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712

31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028

32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891

33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224

34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091

35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132

36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532

37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732

38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737

39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460

40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973

32

Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura

espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees

Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias

ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria

dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de

uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto

(ZIMERMANN et al 2012)

A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman

tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse

problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da

reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas

variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude

Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de

grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas

Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas

estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois

pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da

temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim

e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute

bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial

das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo

utilizar valores discrepantes

33

a) b)

c) d)

e)

Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)

veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual

34

ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e

longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na

reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)

Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do

Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x

1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo

(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o

preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA

2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com

dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096

35

Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da

estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e

do INMET (azul)

Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais

das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram

fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada

52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS

Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda

escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas

as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os

dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte

para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de

risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de

corte utilizados podem ser visualizados no anexo

As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um

banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os

resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os

significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2

36

Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos

dados

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo Variaacutevel Fonte

DD Densidade demograacutefica IBGE

Renda

GINI Iacutendice de GINI DATASUS

RM Renda meacutedia DATASUS

BR Baixa Renda DATASUS

TD Taxa de desemprego DATASUS

Sauacutede

CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS

Escolaridade

Analf G Analfabetismo Geral DATASUS

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS

Analf 2

Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo

incompleto DATASUS

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS

Saneamento baacutesico

Lixo Coleta de lixo IBGE

Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE

Variaacuteveis meteoroloacutegicas

TMP Temperatura maacutexima primavera INMET

TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET

TMO Temperatura maacutexima outono INMET

TMI Temperatura maacutexima inverno INMET

TminP Temperatura miacutenima primavera INMET

TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET

TminO Temperatura miacutenima outono INMET

TminI Temperatura miacutenima inverno INMET

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET

Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET

37

Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo da

Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo

RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1

gt mediana 0

GINI Se a desigualdade for gt mediana 1

mediana 0

BR Se a baixa renda for ge mediana 1

lt mediana 0

TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1

ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0

Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1

fundamental completo ou 2ordm ciclo

incompleto for mediana 0

Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0

2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1

DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1

mediana 0

CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1

lt 20 permil 0

53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA

Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas

Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de

2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por

ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de

morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de

morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)

38

x 100000 habitantes

(3)

( ) notificaccedilotildees

(4)

onde

Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada

CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes

(5)

Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio

possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com

municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0

Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais

Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado

utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do

Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas

do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)

39

Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________

54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS

O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam

a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de

MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas

devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as

cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama

Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute

da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo

Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de

desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso

esse trabalho foi realizado com 720 cidades

Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007

2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue

iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte

Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas

foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de

desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave

inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar

incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental

Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia

(por 100000 habitantes)

Baixa incidecircncia 100

Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300

Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300

40

completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O

motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010

56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA

A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma

variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa

duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes

atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem

se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os

dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os

valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)

( )

(6)

Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do

valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance

fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)

(

)

(7)

Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da

verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance

(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma

estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1

41

Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila

chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito

(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel

dependente fica representada pela foacutermula

( )

( )

(8)

Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM

(CDC 2008)

As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de

p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise

forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das

variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou

igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW

1989)

42

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA

611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM

MINAS GERAIS

Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no

inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e

no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de

Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das

explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para

leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa

umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de

monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno

com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do

continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo

43

a) b)

c) d)

e)

Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

44

612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA

MIacuteNIMA EM MG

Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo

variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma

regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de

MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais

frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de

10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a

predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em

todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a

22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo

mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste

apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no

veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de

Souza et al (2006)

45

a) b)

c) d)

e)

Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

46

613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS

MAacuteXIMAS EM MG

A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com

a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores

altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras

aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute

no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no

leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente

47

a) b)

c) d)

e)

Figura 9 - Temperatura maacutexima (o

C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)

primavera (e) meacutedia anual

48

62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG

As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser

visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo

central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos

mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se

tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees

No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a

classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD

Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais

___________________________________________________________________________

Ano 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183

Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia

49

a) 2008 b) 2009

c) 2010 d) 2011

e) 2012

Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)

2010 (d) 2011 e (e) 2012

50

63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008

De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades

com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas

com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da

Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de

dengue

Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008

A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na

Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores

notificaccedilotildees em abril

51

Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4

com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se

hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis

explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2008

52

Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de

p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 073 050 - 108 0119

GINI 045 030 - 067 0001

CMI 374 249 - 559 lt0001

Prec I 099 098 - 100 0160

Prec O 100 099 - 101 0059

TD 156 106 -230 0023

TminP 107 095 - 121 0202

TminV 124 105 - 147 0009

TMO 123 105 - 144 0009

TMV 117 104 -133 0007

BR 097 066 - 145 0919

Prec P 099 099 - 100 0782

Prec V 100 099 -100 0984

RM 122 082 -182 0313

TMI 099 089 - 112 0977

TminI 102 094 - 112 0509

TminO 103 089 - 119 0684

TMP 103 094 -113 0487

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI

coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono

temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem

significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13

53

Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007

Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007

____________________________________________________________________________

A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de

GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de

dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil

(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da

populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI -09422 038 025 - 060

CMI 13098 37 242 - 566

Prec I -00185 098 096 - 099

Prec O 00121 101 100 - 102

TMV 02957 134 116 -154

Constante -96745

CMI

P lt 0001

TMV

P lt 0001

GINI

P lt 0001

Prec I

P= 0006

Prec O

P= 0003

54

vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais

favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue

tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com

menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo

comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um

risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse

valor

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +

02957(TMV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade

(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e

temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8

foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14

55

Legenda

_________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio

A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0)

Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem

permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana

para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso

verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm

0

02

04

06

08

1

12

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

()

Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)

a

b

c

d

A

B

D

C

56

maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio

mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem

apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a

notificaccedilatildeo

64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009

Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de

notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees

atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas

Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15

Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009

O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no

mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16

57

Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o

resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em

verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2009

58

Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores

de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

BR 288 190 - 437 lt0001

GINI 286 189-433 lt0001

Prec O 099 098- 099 00001

Prec P 100 100-101 00085

Prec V 099 099-100 00603

CMI 782 496- 1235 lt0001

TD 075 050 -112 01692

TminO 115 098 -134 00728

TminV 116 098-137 00665

TMO 112 097- 129 00979

TMV 117 101 -136 00279

Analf G 367 241 -559 lt0001

RM 403 263-616 lt0001

Prec I 099 098 -100 03264

TMI 101 090 - 112 08337

TminI 103 093 - 115 05150

TminP 099 088-111 09688

TMP 103 095 - 111 04249

59

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda

meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A

ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta

os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das

variaacuteveis explanatoacuterias

Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008

GINI

p lt 0001

Prec V

P= 00358

Analf G

P =00044

CMI

plt 0001

RM

P = 00008

60

Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008

_________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI 14027 406 230 - 716

RM 12552 350 168 - 728

Analf G 11075 302 141- 648

CMI 17819 594 358- 985

Prec V 00042 100 099 -100

Constante -37863

Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco

para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594

vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com

menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350

analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042

(PrecV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)

renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo

de interferir nos casos de dengue no Estado

61

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

__________________________________________________________________________

Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em

2009

000

020

040

060

080

100

120

0 200 400 600

Pro

bab

ilid

ade

(

)

Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)

a

b

c

d

A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima

da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

A

B

C

D

62

A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede

com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com

maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias

65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010

No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero

de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de

morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos

para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes

principalmente nas regiotildees norte e sul

Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010

63

Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado

superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na

Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na

primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono

tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise

Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2010

64

Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC

95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue

no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Prec V 099 099 - 1000 0103

CMI 5459 3847 - 7746 lt0001

TD 077 056 - 1069 0121

TminO 1143 1009 - 1296 0034

TminV 1178 1026- 1352 0020

TMO 108 099 -119 0069

TMP 1075 098 - 1178 0122

Analf G 2956 2122- 4119 lt0001

Gini 029 0211 - 041 lt0001

Prec I 099 0984 - 1002 0153

RM 3193 2288- 4455 lt0001

BR 2275 1641- 3152 lt0001

Prec P 099 099 -100 0532

Prec O 099 099 - 1002 0467

As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou

valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na

Figura 21

65

Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009

Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009

_____________________________________________________________________________

Variaacuteveis

explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)

CMI 15151 454 312-663

Analf G 13218 375 251-559

GINI -14487 023 015-035

Constante -07489

O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como

fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores

menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil

Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as

chances de apresentar casos de dengue

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)

ANALF G

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

66

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de

mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue

no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

_________________________________________________________________________

A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana

(1)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

F

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

67

Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da

mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a

probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a

90

66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011

Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602

municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas

as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano

Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011

Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril

e maio (Figura 24)

68

Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011

A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis

analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis

saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo

Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2011

Notificaccedilotildees por dengue em 2011

69

Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011 _________________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

AnalfG 367 254 - 532 lt0001

BR 288 2 - 413 lt0001

GINI 030 021- 044 lt0001

Prec I 101 099-102 0177

Prec O 099 099-100 0131

Prec P 099 099 -101 0043

Prec V 099 099 -100 lt0001

RM 417 287-606 lt0001

CMI 905 6 - 1363 lt0001

TD 080 056-114 0227

TminI 105 097- 113 0223

TminO 113 099-128 0051

TminP 115 103-128 0012

TMO 116 102-132 0020

TMP 104 097-112 0199

TMV 117 107-130 lt0001

Analf1 103 098-108 0162

Analf2 106 102 - 110 lt0001

Aacutegua 116 081-165 0395

DD 100 099-100 0827

Lixo 109 076-155 0622

TMI 098 090-107 0761

TminV 107 094-123 0275

Analf3 099 097-101 0463

70

A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na

Figura 25

Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente

RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias

Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 15301 461 289 - 735

GINI -14098 024 015 - 038

CMI 20253 757 486 - 1180

Constante -09603

Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator

de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o

analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo

461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil

ANALF G

p lt 0001

GINI

p lt 0001

CMI

p lt 0001

71

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

72

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

___________________________________________________________________________

Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

D

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

F

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

73

Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de

mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram

aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27

67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012

Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da

Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e

alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta

Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012

Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas

aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000

74

Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012

A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que

foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das

caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2012

Notificaccedilotildees por dengue em 2012

75

Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 235 158-350 lt0001

BR 237 160-351 lt0001

GINI 030 020-045 lt0001

Prec I 098 096-100 0209

RM 341 228-51 lt0001

CMI 606 397-923 lt0001

TD 076 052-111 01667

Tmin I 107 096-119 01823

Tmin O 119 101-141 00335

Tmin P 115 100-131 00417

Tmin V 125 102-152 00247

TMV 120 103-140 00144

Prec O 099 099-100 0608

Prec P 099 099-100 0583

Prec V 099 099-100 0516

TMI 103 093-113 0527

TMP 101 093-110 0709

O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo

76

geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo

Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30

Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011

Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011

_____________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 07539 212 129 - 348

GINI -13120 026 016 - 042

CMI 16465 518 33 - 814

Tmin V 02280 125 098 - 159

Constante -51829

O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior

desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As

demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura

ANALF G

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

TMV

p = 005

P

77

miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios

com valores menores que os descritos

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

78

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

_________________________________________________________________________

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012

A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de

desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e

analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por

dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de

notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se

de 40degC

000

020

040

060

080

100

120

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

Temperatura miacutenima no veratildeo

a

b

c

d

A

B

D

C

79

7 CONCLUSAtildeO

Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de

dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas

Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012

A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo

os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram

nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais

Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual

quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como

significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do

agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo

no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo

correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser

significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo

2012 ndash 2011

Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia

de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede

que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza

visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo

apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de

temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com

temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais

Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com

amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para

comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado

classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o

intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo

80

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ANEXOS

Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007

_____________________________________________________________

Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008

________________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 437727

GINI 0504

BR 47484

TD 7532

Analf G 13035

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 470625

GINI 0490

BR 39550

TD 6341

Analf G 11685

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

86

Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009

________________________________________________________________

Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010

_______________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 472850

GINI 0483

BR 40505

TD 5795

Analf G 11700

Analf 1 5390

Analf 2 12430

Analf 3 74670

DD 24070

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 461944

GINI 0490

BR 42673

TD 6255

Analf G 12095

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

87

Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011

___________________________________________________________________________

Variaacuteveis Valor de corte

RM 500751

GINI 0482

BR 35734

TD 5732

Analf G 1071

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

88

ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo

1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106

2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057

3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107

4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -

018

5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128

6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118

7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07

8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095

9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099

10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106

11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11

12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063

13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076

14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111

15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103

16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101

17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099

18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109

19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103

20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104

21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102

22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112

Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios

Page 14: Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as

14

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO16

2 OBJETIVOS17

21 Objetivo geral 17

22 Objetivos especiacuteficos 17

3 JUSTIFICATIVA18

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19

41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19

42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20

43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21

44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21

45 Accedilotildees de controle da dengue 22

46 Estudos da dengue no Brasil 22

47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24

48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25

49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28

51 Dados meteoroloacutegicos 28

52 Dados socioeconocircmicos 35

53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e

classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37

54 Organizaccedilatildeo dos dados 39

56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42

61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42

611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42

612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44

613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46

62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48

15

63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50

64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56

65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62

66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67

67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273

7 CONCLUSAtildeO79

REFEREcircNCIAS80

ANEXO A85

ANEXO B85

ANEXO C86

ANEXO D86

ANEXO E87

ANEXO F88

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de

outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya

No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue

eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1

DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o

RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e

uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)

Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre

20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue

Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que

pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a

33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no

desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser

ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC

Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero

de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute

uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros

casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue

no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as

notificaccedilotildees por dengue no Estado

Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo

17

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas

Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de

mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas

Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com

base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)

Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no

periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD)

Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os

casos de dengue em Minas Gerais

18

3 JUSTIFICATIVA

Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando

rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate

agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos

de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir

os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em

relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades

apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as

caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a

particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais

agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados

agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores

19

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO

Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por

transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm

registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da

dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente

com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat

natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de

mosquitos Aedes sp

O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus

para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato

evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no

continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya

Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o

traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees

tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras

infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os

ciclos de urbanizaccedilatildeo

As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram

em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir

desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo

Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em

risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os

anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia

local

20

42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA

O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica

subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas

brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo

reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o

desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a

postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos

mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo

de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se

jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute

um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e

aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do

mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito

semanas

Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp

Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue

21

43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE

A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes

Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a

fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um

intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca

comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo

extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e

migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo

cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)

44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro

sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma

vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais

contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir

para as formas graves aumentam

A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as

consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs

os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue

hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da

doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees

dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias

A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas

inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou

quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele

hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica

pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os

sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo

surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode

levar agrave morte

22

45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE

Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem

adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como

o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a

erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes

de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees

Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o

controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria

O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se

acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta

reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos

estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a

resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas

O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e

evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de

situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A

participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os

domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros

46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL

A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A

compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de

combate mais eficaz

Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio

de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa

municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional

densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional

proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de

populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual

de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a

quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza

23

percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento

percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e

quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo

por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-

demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho

Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de

significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As

variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e

percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com

melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de

dengue na epidemia de 2002

No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -

SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e

agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e

anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de

instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres

analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em

quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos

niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue

foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o

periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu

um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total

apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis

socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos

Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash

SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo

sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica

definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis

selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios

percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo

nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo

percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes

com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior

completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de

24

chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre

trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-

miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade

porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as

variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um

agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel

observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias

e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da

estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram

chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto

niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel

meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de

moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o

coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De

modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro

unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou

correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue

47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A

DENGUE

Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura

(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a

dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As

variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e

umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o

risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na

Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro

e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio

Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido

a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo

foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas

25

maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti

no periacuteodo do outono

Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no

desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da

populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que

sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada

duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC

Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias

de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro

Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de

comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos

de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que

essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos

48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM

A DENGUE

As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e

dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos

de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define

sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de

saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a

proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como

indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis

socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo

Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo

geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se

acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor

controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as

mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo

encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)

Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE

(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o

26

rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego

que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo

procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a

reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo

de total desigualdade (ISHITANI et al2006)

Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero

de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar

um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da

populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de

sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento

baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a

qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida

A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi

incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito

proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior

facilidade

Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura

maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e

socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia

de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais

49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO

DE MINAS GERAIS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui

uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em

20734097 habitantes

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas

Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as

27

chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de

Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)

A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-

sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores

contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos

Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico

Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute

um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste

em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do

oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul

do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua

de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da

precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA

et al 2014)

Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de

2010 Fonte Reboita et al (2012)

28

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)

que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e

avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores

ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado

de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e

socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de

notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas

Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por

dengue dos municiacutepios de Minas Gerais

Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de

regiotildees de alta incidecircncia de dengue

Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o

programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)

51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)

Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura

miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48

estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais

selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram

usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar

informaccedilotildees mais completas para esses anos

Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um

processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi

a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles

29

valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por

exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados

errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na

estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a

diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS

2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo

N= Q98 + 3 IQR (1)

onde Q98 eacute o percentil de 98

Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que

foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero

Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et

al 2012)

N= Q75 plusmn 3 IQR (2)

Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses

intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos

tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que

na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees

proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado

Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo

entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as

maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da

identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que

apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis

analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees

meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na

Tabela 1

Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram

menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto

eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo

meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse

30

coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo

meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva

e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram

falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo

considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento

foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo

31

Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1

Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo

___________________________________________________________________________

ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)

1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274

2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289

3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361

4 Arinos 83384 -1591 -4605 519

5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127

6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126

7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915

8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695

9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652

10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150

11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318

12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206

13 Curvelo 83536 1875 -4445 672

14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612

15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835

16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964

17 Formoso 83334 -1493 -4625 840

18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367

19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097

20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560

21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516

22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371

23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036

24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996

25 Juramento 83452 -1678 -4371 650

26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884

27 Machado 83683 -2166 -4591 87335

28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452

29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629

30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712

31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028

32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891

33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224

34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091

35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132

36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532

37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732

38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737

39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460

40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973

32

Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura

espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees

Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias

ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria

dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de

uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto

(ZIMERMANN et al 2012)

A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman

tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse

problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da

reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas

variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude

Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de

grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas

Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas

estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois

pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da

temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim

e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute

bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial

das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo

utilizar valores discrepantes

33

a) b)

c) d)

e)

Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)

veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual

34

ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e

longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na

reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)

Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do

Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x

1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo

(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o

preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA

2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com

dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096

35

Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da

estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e

do INMET (azul)

Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais

das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram

fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada

52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS

Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda

escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas

as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os

dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte

para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de

risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de

corte utilizados podem ser visualizados no anexo

As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um

banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os

resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os

significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2

36

Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos

dados

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo Variaacutevel Fonte

DD Densidade demograacutefica IBGE

Renda

GINI Iacutendice de GINI DATASUS

RM Renda meacutedia DATASUS

BR Baixa Renda DATASUS

TD Taxa de desemprego DATASUS

Sauacutede

CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS

Escolaridade

Analf G Analfabetismo Geral DATASUS

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS

Analf 2

Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo

incompleto DATASUS

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS

Saneamento baacutesico

Lixo Coleta de lixo IBGE

Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE

Variaacuteveis meteoroloacutegicas

TMP Temperatura maacutexima primavera INMET

TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET

TMO Temperatura maacutexima outono INMET

TMI Temperatura maacutexima inverno INMET

TminP Temperatura miacutenima primavera INMET

TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET

TminO Temperatura miacutenima outono INMET

TminI Temperatura miacutenima inverno INMET

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET

Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET

37

Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo da

Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo

RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1

gt mediana 0

GINI Se a desigualdade for gt mediana 1

mediana 0

BR Se a baixa renda for ge mediana 1

lt mediana 0

TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1

ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0

Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1

fundamental completo ou 2ordm ciclo

incompleto for mediana 0

Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0

2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1

DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1

mediana 0

CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1

lt 20 permil 0

53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA

Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas

Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de

2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por

ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de

morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de

morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)

38

x 100000 habitantes

(3)

( ) notificaccedilotildees

(4)

onde

Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada

CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes

(5)

Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio

possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com

municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0

Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais

Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado

utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do

Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas

do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)

39

Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________

54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS

O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam

a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de

MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas

devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as

cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama

Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute

da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo

Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de

desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso

esse trabalho foi realizado com 720 cidades

Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007

2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue

iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte

Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas

foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de

desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave

inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar

incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental

Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia

(por 100000 habitantes)

Baixa incidecircncia 100

Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300

Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300

40

completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O

motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010

56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA

A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma

variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa

duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes

atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem

se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os

dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os

valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)

( )

(6)

Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do

valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance

fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)

(

)

(7)

Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da

verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance

(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma

estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1

41

Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila

chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito

(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel

dependente fica representada pela foacutermula

( )

( )

(8)

Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM

(CDC 2008)

As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de

p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise

forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das

variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou

igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW

1989)

42

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA

611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM

MINAS GERAIS

Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no

inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e

no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de

Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das

explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para

leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa

umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de

monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno

com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do

continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo

43

a) b)

c) d)

e)

Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

44

612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA

MIacuteNIMA EM MG

Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo

variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma

regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de

MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais

frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de

10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a

predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em

todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a

22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo

mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste

apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no

veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de

Souza et al (2006)

45

a) b)

c) d)

e)

Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

46

613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS

MAacuteXIMAS EM MG

A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com

a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores

altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras

aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute

no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no

leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente

47

a) b)

c) d)

e)

Figura 9 - Temperatura maacutexima (o

C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)

primavera (e) meacutedia anual

48

62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG

As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser

visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo

central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos

mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se

tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees

No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a

classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD

Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais

___________________________________________________________________________

Ano 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183

Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia

49

a) 2008 b) 2009

c) 2010 d) 2011

e) 2012

Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)

2010 (d) 2011 e (e) 2012

50

63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008

De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades

com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas

com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da

Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de

dengue

Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008

A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na

Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores

notificaccedilotildees em abril

51

Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4

com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se

hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis

explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2008

52

Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de

p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 073 050 - 108 0119

GINI 045 030 - 067 0001

CMI 374 249 - 559 lt0001

Prec I 099 098 - 100 0160

Prec O 100 099 - 101 0059

TD 156 106 -230 0023

TminP 107 095 - 121 0202

TminV 124 105 - 147 0009

TMO 123 105 - 144 0009

TMV 117 104 -133 0007

BR 097 066 - 145 0919

Prec P 099 099 - 100 0782

Prec V 100 099 -100 0984

RM 122 082 -182 0313

TMI 099 089 - 112 0977

TminI 102 094 - 112 0509

TminO 103 089 - 119 0684

TMP 103 094 -113 0487

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI

coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono

temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem

significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13

53

Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007

Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007

____________________________________________________________________________

A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de

GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de

dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil

(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da

populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI -09422 038 025 - 060

CMI 13098 37 242 - 566

Prec I -00185 098 096 - 099

Prec O 00121 101 100 - 102

TMV 02957 134 116 -154

Constante -96745

CMI

P lt 0001

TMV

P lt 0001

GINI

P lt 0001

Prec I

P= 0006

Prec O

P= 0003

54

vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais

favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue

tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com

menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo

comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um

risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse

valor

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +

02957(TMV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade

(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e

temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8

foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14

55

Legenda

_________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio

A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0)

Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem

permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana

para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso

verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm

0

02

04

06

08

1

12

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

()

Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)

a

b

c

d

A

B

D

C

56

maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio

mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem

apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a

notificaccedilatildeo

64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009

Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de

notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees

atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas

Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15

Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009

O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no

mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16

57

Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o

resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em

verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2009

58

Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores

de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

BR 288 190 - 437 lt0001

GINI 286 189-433 lt0001

Prec O 099 098- 099 00001

Prec P 100 100-101 00085

Prec V 099 099-100 00603

CMI 782 496- 1235 lt0001

TD 075 050 -112 01692

TminO 115 098 -134 00728

TminV 116 098-137 00665

TMO 112 097- 129 00979

TMV 117 101 -136 00279

Analf G 367 241 -559 lt0001

RM 403 263-616 lt0001

Prec I 099 098 -100 03264

TMI 101 090 - 112 08337

TminI 103 093 - 115 05150

TminP 099 088-111 09688

TMP 103 095 - 111 04249

59

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda

meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A

ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta

os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das

variaacuteveis explanatoacuterias

Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008

GINI

p lt 0001

Prec V

P= 00358

Analf G

P =00044

CMI

plt 0001

RM

P = 00008

60

Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008

_________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI 14027 406 230 - 716

RM 12552 350 168 - 728

Analf G 11075 302 141- 648

CMI 17819 594 358- 985

Prec V 00042 100 099 -100

Constante -37863

Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco

para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594

vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com

menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350

analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042

(PrecV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)

renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo

de interferir nos casos de dengue no Estado

61

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

__________________________________________________________________________

Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em

2009

000

020

040

060

080

100

120

0 200 400 600

Pro

bab

ilid

ade

(

)

Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)

a

b

c

d

A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima

da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

A

B

C

D

62

A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede

com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com

maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias

65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010

No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero

de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de

morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos

para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes

principalmente nas regiotildees norte e sul

Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010

63

Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado

superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na

Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na

primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono

tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise

Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2010

64

Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC

95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue

no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Prec V 099 099 - 1000 0103

CMI 5459 3847 - 7746 lt0001

TD 077 056 - 1069 0121

TminO 1143 1009 - 1296 0034

TminV 1178 1026- 1352 0020

TMO 108 099 -119 0069

TMP 1075 098 - 1178 0122

Analf G 2956 2122- 4119 lt0001

Gini 029 0211 - 041 lt0001

Prec I 099 0984 - 1002 0153

RM 3193 2288- 4455 lt0001

BR 2275 1641- 3152 lt0001

Prec P 099 099 -100 0532

Prec O 099 099 - 1002 0467

As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou

valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na

Figura 21

65

Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009

Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009

_____________________________________________________________________________

Variaacuteveis

explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)

CMI 15151 454 312-663

Analf G 13218 375 251-559

GINI -14487 023 015-035

Constante -07489

O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como

fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores

menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil

Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as

chances de apresentar casos de dengue

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)

ANALF G

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

66

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de

mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue

no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

_________________________________________________________________________

A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana

(1)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

F

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

67

Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da

mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a

probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a

90

66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011

Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602

municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas

as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano

Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011

Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril

e maio (Figura 24)

68

Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011

A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis

analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis

saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo

Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2011

Notificaccedilotildees por dengue em 2011

69

Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011 _________________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

AnalfG 367 254 - 532 lt0001

BR 288 2 - 413 lt0001

GINI 030 021- 044 lt0001

Prec I 101 099-102 0177

Prec O 099 099-100 0131

Prec P 099 099 -101 0043

Prec V 099 099 -100 lt0001

RM 417 287-606 lt0001

CMI 905 6 - 1363 lt0001

TD 080 056-114 0227

TminI 105 097- 113 0223

TminO 113 099-128 0051

TminP 115 103-128 0012

TMO 116 102-132 0020

TMP 104 097-112 0199

TMV 117 107-130 lt0001

Analf1 103 098-108 0162

Analf2 106 102 - 110 lt0001

Aacutegua 116 081-165 0395

DD 100 099-100 0827

Lixo 109 076-155 0622

TMI 098 090-107 0761

TminV 107 094-123 0275

Analf3 099 097-101 0463

70

A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na

Figura 25

Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente

RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias

Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 15301 461 289 - 735

GINI -14098 024 015 - 038

CMI 20253 757 486 - 1180

Constante -09603

Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator

de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o

analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo

461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil

ANALF G

p lt 0001

GINI

p lt 0001

CMI

p lt 0001

71

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

72

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

___________________________________________________________________________

Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

D

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

F

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

73

Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de

mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram

aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27

67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012

Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da

Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e

alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta

Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012

Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas

aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000

74

Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012

A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que

foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das

caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2012

Notificaccedilotildees por dengue em 2012

75

Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 235 158-350 lt0001

BR 237 160-351 lt0001

GINI 030 020-045 lt0001

Prec I 098 096-100 0209

RM 341 228-51 lt0001

CMI 606 397-923 lt0001

TD 076 052-111 01667

Tmin I 107 096-119 01823

Tmin O 119 101-141 00335

Tmin P 115 100-131 00417

Tmin V 125 102-152 00247

TMV 120 103-140 00144

Prec O 099 099-100 0608

Prec P 099 099-100 0583

Prec V 099 099-100 0516

TMI 103 093-113 0527

TMP 101 093-110 0709

O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo

76

geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo

Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30

Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011

Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011

_____________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 07539 212 129 - 348

GINI -13120 026 016 - 042

CMI 16465 518 33 - 814

Tmin V 02280 125 098 - 159

Constante -51829

O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior

desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As

demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura

ANALF G

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

TMV

p = 005

P

77

miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios

com valores menores que os descritos

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

78

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

_________________________________________________________________________

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012

A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de

desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e

analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por

dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de

notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se

de 40degC

000

020

040

060

080

100

120

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

Temperatura miacutenima no veratildeo

a

b

c

d

A

B

D

C

79

7 CONCLUSAtildeO

Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de

dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas

Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012

A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo

os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram

nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais

Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual

quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como

significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do

agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo

no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo

correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser

significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo

2012 ndash 2011

Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia

de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede

que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza

visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo

apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de

temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com

temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais

Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com

amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para

comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado

classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o

intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo

80

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85

ANEXOS

Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007

_____________________________________________________________

Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008

________________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 437727

GINI 0504

BR 47484

TD 7532

Analf G 13035

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 470625

GINI 0490

BR 39550

TD 6341

Analf G 11685

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

86

Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009

________________________________________________________________

Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010

_______________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 472850

GINI 0483

BR 40505

TD 5795

Analf G 11700

Analf 1 5390

Analf 2 12430

Analf 3 74670

DD 24070

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 461944

GINI 0490

BR 42673

TD 6255

Analf G 12095

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

87

Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011

___________________________________________________________________________

Variaacuteveis Valor de corte

RM 500751

GINI 0482

BR 35734

TD 5732

Analf G 1071

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

88

ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo

1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106

2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057

3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107

4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -

018

5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128

6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118

7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07

8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095

9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099

10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106

11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11

12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063

13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076

14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111

15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103

16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101

17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099

18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109

19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103

20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104

21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102

22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112

Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios

Page 15: Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as

15

63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50

64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56

65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62

66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67

67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273

7 CONCLUSAtildeO79

REFEREcircNCIAS80

ANEXO A85

ANEXO B85

ANEXO C86

ANEXO D86

ANEXO E87

ANEXO F88

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de

outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya

No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue

eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1

DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o

RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e

uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)

Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre

20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue

Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que

pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a

33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no

desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser

ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC

Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero

de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute

uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros

casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue

no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as

notificaccedilotildees por dengue no Estado

Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo

17

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas

Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de

mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas

Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com

base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)

Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no

periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD)

Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os

casos de dengue em Minas Gerais

18

3 JUSTIFICATIVA

Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando

rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate

agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos

de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir

os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em

relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades

apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as

caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a

particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais

agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados

agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores

19

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO

Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por

transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm

registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da

dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente

com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat

natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de

mosquitos Aedes sp

O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus

para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato

evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no

continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya

Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o

traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees

tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras

infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os

ciclos de urbanizaccedilatildeo

As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram

em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir

desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo

Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em

risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os

anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia

local

20

42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA

O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica

subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas

brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo

reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o

desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a

postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos

mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo

de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se

jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute

um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e

aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do

mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito

semanas

Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp

Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue

21

43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE

A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes

Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a

fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um

intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca

comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo

extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e

migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo

cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)

44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro

sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma

vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais

contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir

para as formas graves aumentam

A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as

consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs

os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue

hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da

doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees

dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias

A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas

inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou

quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele

hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica

pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os

sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo

surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode

levar agrave morte

22

45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE

Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem

adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como

o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a

erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes

de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees

Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o

controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria

O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se

acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta

reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos

estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a

resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas

O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e

evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de

situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A

participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os

domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros

46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL

A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A

compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de

combate mais eficaz

Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio

de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa

municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional

densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional

proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de

populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual

de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a

quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza

23

percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento

percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e

quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo

por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-

demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho

Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de

significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As

variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e

percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com

melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de

dengue na epidemia de 2002

No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -

SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e

agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e

anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de

instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres

analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em

quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos

niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue

foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o

periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu

um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total

apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis

socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos

Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash

SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo

sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica

definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis

selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios

percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo

nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo

percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes

com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior

completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de

24

chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre

trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-

miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade

porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as

variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um

agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel

observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias

e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da

estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram

chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto

niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel

meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de

moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o

coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De

modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro

unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou

correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue

47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A

DENGUE

Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura

(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a

dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As

variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e

umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o

risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na

Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro

e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio

Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido

a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo

foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas

25

maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti

no periacuteodo do outono

Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no

desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da

populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que

sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada

duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC

Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias

de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro

Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de

comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos

de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que

essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos

48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM

A DENGUE

As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e

dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos

de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define

sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de

saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a

proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como

indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis

socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo

Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo

geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se

acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor

controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as

mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo

encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)

Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE

(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o

26

rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego

que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo

procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a

reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo

de total desigualdade (ISHITANI et al2006)

Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero

de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar

um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da

populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de

sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento

baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a

qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida

A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi

incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito

proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior

facilidade

Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura

maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e

socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia

de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais

49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO

DE MINAS GERAIS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui

uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em

20734097 habitantes

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas

Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as

27

chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de

Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)

A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-

sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores

contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos

Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico

Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute

um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste

em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do

oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul

do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua

de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da

precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA

et al 2014)

Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de

2010 Fonte Reboita et al (2012)

28

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)

que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e

avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores

ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado

de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e

socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de

notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas

Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por

dengue dos municiacutepios de Minas Gerais

Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de

regiotildees de alta incidecircncia de dengue

Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o

programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)

51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)

Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura

miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48

estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais

selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram

usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar

informaccedilotildees mais completas para esses anos

Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um

processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi

a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles

29

valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por

exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados

errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na

estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a

diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS

2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo

N= Q98 + 3 IQR (1)

onde Q98 eacute o percentil de 98

Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que

foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero

Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et

al 2012)

N= Q75 plusmn 3 IQR (2)

Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses

intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos

tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que

na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees

proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado

Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo

entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as

maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da

identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que

apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis

analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees

meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na

Tabela 1

Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram

menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto

eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo

meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse

30

coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo

meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva

e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram

falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo

considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento

foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo

31

Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1

Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo

___________________________________________________________________________

ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)

1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274

2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289

3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361

4 Arinos 83384 -1591 -4605 519

5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127

6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126

7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915

8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695

9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652

10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150

11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318

12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206

13 Curvelo 83536 1875 -4445 672

14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612

15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835

16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964

17 Formoso 83334 -1493 -4625 840

18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367

19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097

20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560

21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516

22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371

23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036

24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996

25 Juramento 83452 -1678 -4371 650

26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884

27 Machado 83683 -2166 -4591 87335

28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452

29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629

30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712

31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028

32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891

33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224

34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091

35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132

36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532

37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732

38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737

39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460

40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973

32

Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura

espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees

Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias

ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria

dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de

uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto

(ZIMERMANN et al 2012)

A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman

tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse

problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da

reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas

variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude

Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de

grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas

Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas

estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois

pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da

temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim

e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute

bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial

das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo

utilizar valores discrepantes

33

a) b)

c) d)

e)

Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)

veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual

34

ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e

longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na

reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)

Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do

Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x

1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo

(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o

preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA

2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com

dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096

35

Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da

estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e

do INMET (azul)

Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais

das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram

fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada

52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS

Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda

escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas

as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os

dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte

para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de

risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de

corte utilizados podem ser visualizados no anexo

As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um

banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os

resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os

significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2

36

Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos

dados

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo Variaacutevel Fonte

DD Densidade demograacutefica IBGE

Renda

GINI Iacutendice de GINI DATASUS

RM Renda meacutedia DATASUS

BR Baixa Renda DATASUS

TD Taxa de desemprego DATASUS

Sauacutede

CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS

Escolaridade

Analf G Analfabetismo Geral DATASUS

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS

Analf 2

Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo

incompleto DATASUS

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS

Saneamento baacutesico

Lixo Coleta de lixo IBGE

Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE

Variaacuteveis meteoroloacutegicas

TMP Temperatura maacutexima primavera INMET

TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET

TMO Temperatura maacutexima outono INMET

TMI Temperatura maacutexima inverno INMET

TminP Temperatura miacutenima primavera INMET

TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET

TminO Temperatura miacutenima outono INMET

TminI Temperatura miacutenima inverno INMET

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET

Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET

37

Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo da

Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo

RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1

gt mediana 0

GINI Se a desigualdade for gt mediana 1

mediana 0

BR Se a baixa renda for ge mediana 1

lt mediana 0

TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1

ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0

Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1

fundamental completo ou 2ordm ciclo

incompleto for mediana 0

Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0

2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1

DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1

mediana 0

CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1

lt 20 permil 0

53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA

Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas

Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de

2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por

ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de

morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de

morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)

38

x 100000 habitantes

(3)

( ) notificaccedilotildees

(4)

onde

Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada

CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes

(5)

Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio

possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com

municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0

Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais

Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado

utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do

Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas

do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)

39

Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________

54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS

O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam

a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de

MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas

devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as

cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama

Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute

da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo

Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de

desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso

esse trabalho foi realizado com 720 cidades

Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007

2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue

iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte

Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas

foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de

desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave

inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar

incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental

Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia

(por 100000 habitantes)

Baixa incidecircncia 100

Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300

Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300

40

completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O

motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010

56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA

A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma

variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa

duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes

atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem

se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os

dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os

valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)

( )

(6)

Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do

valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance

fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)

(

)

(7)

Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da

verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance

(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma

estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1

41

Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila

chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito

(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel

dependente fica representada pela foacutermula

( )

( )

(8)

Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM

(CDC 2008)

As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de

p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise

forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das

variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou

igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW

1989)

42

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA

611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM

MINAS GERAIS

Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no

inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e

no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de

Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das

explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para

leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa

umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de

monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno

com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do

continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo

43

a) b)

c) d)

e)

Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

44

612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA

MIacuteNIMA EM MG

Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo

variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma

regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de

MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais

frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de

10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a

predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em

todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a

22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo

mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste

apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no

veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de

Souza et al (2006)

45

a) b)

c) d)

e)

Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

46

613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS

MAacuteXIMAS EM MG

A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com

a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores

altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras

aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute

no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no

leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente

47

a) b)

c) d)

e)

Figura 9 - Temperatura maacutexima (o

C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)

primavera (e) meacutedia anual

48

62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG

As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser

visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo

central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos

mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se

tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees

No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a

classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD

Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais

___________________________________________________________________________

Ano 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183

Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia

49

a) 2008 b) 2009

c) 2010 d) 2011

e) 2012

Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)

2010 (d) 2011 e (e) 2012

50

63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008

De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades

com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas

com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da

Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de

dengue

Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008

A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na

Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores

notificaccedilotildees em abril

51

Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4

com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se

hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis

explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2008

52

Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de

p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 073 050 - 108 0119

GINI 045 030 - 067 0001

CMI 374 249 - 559 lt0001

Prec I 099 098 - 100 0160

Prec O 100 099 - 101 0059

TD 156 106 -230 0023

TminP 107 095 - 121 0202

TminV 124 105 - 147 0009

TMO 123 105 - 144 0009

TMV 117 104 -133 0007

BR 097 066 - 145 0919

Prec P 099 099 - 100 0782

Prec V 100 099 -100 0984

RM 122 082 -182 0313

TMI 099 089 - 112 0977

TminI 102 094 - 112 0509

TminO 103 089 - 119 0684

TMP 103 094 -113 0487

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI

coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono

temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem

significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13

53

Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007

Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007

____________________________________________________________________________

A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de

GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de

dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil

(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da

populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI -09422 038 025 - 060

CMI 13098 37 242 - 566

Prec I -00185 098 096 - 099

Prec O 00121 101 100 - 102

TMV 02957 134 116 -154

Constante -96745

CMI

P lt 0001

TMV

P lt 0001

GINI

P lt 0001

Prec I

P= 0006

Prec O

P= 0003

54

vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais

favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue

tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com

menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo

comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um

risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse

valor

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +

02957(TMV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade

(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e

temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8

foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14

55

Legenda

_________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio

A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0)

Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem

permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana

para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso

verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm

0

02

04

06

08

1

12

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

()

Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)

a

b

c

d

A

B

D

C

56

maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio

mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem

apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a

notificaccedilatildeo

64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009

Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de

notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees

atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas

Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15

Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009

O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no

mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16

57

Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o

resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em

verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2009

58

Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores

de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

BR 288 190 - 437 lt0001

GINI 286 189-433 lt0001

Prec O 099 098- 099 00001

Prec P 100 100-101 00085

Prec V 099 099-100 00603

CMI 782 496- 1235 lt0001

TD 075 050 -112 01692

TminO 115 098 -134 00728

TminV 116 098-137 00665

TMO 112 097- 129 00979

TMV 117 101 -136 00279

Analf G 367 241 -559 lt0001

RM 403 263-616 lt0001

Prec I 099 098 -100 03264

TMI 101 090 - 112 08337

TminI 103 093 - 115 05150

TminP 099 088-111 09688

TMP 103 095 - 111 04249

59

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda

meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A

ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta

os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das

variaacuteveis explanatoacuterias

Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008

GINI

p lt 0001

Prec V

P= 00358

Analf G

P =00044

CMI

plt 0001

RM

P = 00008

60

Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008

_________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI 14027 406 230 - 716

RM 12552 350 168 - 728

Analf G 11075 302 141- 648

CMI 17819 594 358- 985

Prec V 00042 100 099 -100

Constante -37863

Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco

para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594

vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com

menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350

analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042

(PrecV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)

renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo

de interferir nos casos de dengue no Estado

61

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

__________________________________________________________________________

Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em

2009

000

020

040

060

080

100

120

0 200 400 600

Pro

bab

ilid

ade

(

)

Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)

a

b

c

d

A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima

da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

A

B

C

D

62

A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede

com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com

maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias

65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010

No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero

de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de

morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos

para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes

principalmente nas regiotildees norte e sul

Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010

63

Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado

superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na

Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na

primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono

tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise

Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2010

64

Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC

95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue

no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Prec V 099 099 - 1000 0103

CMI 5459 3847 - 7746 lt0001

TD 077 056 - 1069 0121

TminO 1143 1009 - 1296 0034

TminV 1178 1026- 1352 0020

TMO 108 099 -119 0069

TMP 1075 098 - 1178 0122

Analf G 2956 2122- 4119 lt0001

Gini 029 0211 - 041 lt0001

Prec I 099 0984 - 1002 0153

RM 3193 2288- 4455 lt0001

BR 2275 1641- 3152 lt0001

Prec P 099 099 -100 0532

Prec O 099 099 - 1002 0467

As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou

valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na

Figura 21

65

Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009

Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009

_____________________________________________________________________________

Variaacuteveis

explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)

CMI 15151 454 312-663

Analf G 13218 375 251-559

GINI -14487 023 015-035

Constante -07489

O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como

fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores

menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil

Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as

chances de apresentar casos de dengue

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)

ANALF G

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

66

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de

mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue

no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

_________________________________________________________________________

A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana

(1)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

F

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

67

Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da

mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a

probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a

90

66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011

Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602

municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas

as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano

Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011

Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril

e maio (Figura 24)

68

Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011

A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis

analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis

saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo

Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2011

Notificaccedilotildees por dengue em 2011

69

Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011 _________________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

AnalfG 367 254 - 532 lt0001

BR 288 2 - 413 lt0001

GINI 030 021- 044 lt0001

Prec I 101 099-102 0177

Prec O 099 099-100 0131

Prec P 099 099 -101 0043

Prec V 099 099 -100 lt0001

RM 417 287-606 lt0001

CMI 905 6 - 1363 lt0001

TD 080 056-114 0227

TminI 105 097- 113 0223

TminO 113 099-128 0051

TminP 115 103-128 0012

TMO 116 102-132 0020

TMP 104 097-112 0199

TMV 117 107-130 lt0001

Analf1 103 098-108 0162

Analf2 106 102 - 110 lt0001

Aacutegua 116 081-165 0395

DD 100 099-100 0827

Lixo 109 076-155 0622

TMI 098 090-107 0761

TminV 107 094-123 0275

Analf3 099 097-101 0463

70

A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na

Figura 25

Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente

RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias

Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 15301 461 289 - 735

GINI -14098 024 015 - 038

CMI 20253 757 486 - 1180

Constante -09603

Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator

de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o

analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo

461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil

ANALF G

p lt 0001

GINI

p lt 0001

CMI

p lt 0001

71

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

72

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

___________________________________________________________________________

Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

D

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

F

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

73

Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de

mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram

aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27

67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012

Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da

Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e

alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta

Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012

Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas

aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000

74

Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012

A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que

foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das

caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2012

Notificaccedilotildees por dengue em 2012

75

Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 235 158-350 lt0001

BR 237 160-351 lt0001

GINI 030 020-045 lt0001

Prec I 098 096-100 0209

RM 341 228-51 lt0001

CMI 606 397-923 lt0001

TD 076 052-111 01667

Tmin I 107 096-119 01823

Tmin O 119 101-141 00335

Tmin P 115 100-131 00417

Tmin V 125 102-152 00247

TMV 120 103-140 00144

Prec O 099 099-100 0608

Prec P 099 099-100 0583

Prec V 099 099-100 0516

TMI 103 093-113 0527

TMP 101 093-110 0709

O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo

76

geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo

Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30

Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011

Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011

_____________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 07539 212 129 - 348

GINI -13120 026 016 - 042

CMI 16465 518 33 - 814

Tmin V 02280 125 098 - 159

Constante -51829

O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior

desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As

demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura

ANALF G

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

TMV

p = 005

P

77

miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios

com valores menores que os descritos

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

78

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

_________________________________________________________________________

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012

A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de

desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e

analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por

dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de

notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se

de 40degC

000

020

040

060

080

100

120

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

Temperatura miacutenima no veratildeo

a

b

c

d

A

B

D

C

79

7 CONCLUSAtildeO

Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de

dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas

Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012

A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo

os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram

nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais

Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual

quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como

significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do

agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo

no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo

correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser

significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo

2012 ndash 2011

Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia

de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede

que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza

visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo

apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de

temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com

temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais

Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com

amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para

comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado

classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o

intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo

80

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85

ANEXOS

Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007

_____________________________________________________________

Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008

________________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 437727

GINI 0504

BR 47484

TD 7532

Analf G 13035

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 470625

GINI 0490

BR 39550

TD 6341

Analf G 11685

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

86

Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009

________________________________________________________________

Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010

_______________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 472850

GINI 0483

BR 40505

TD 5795

Analf G 11700

Analf 1 5390

Analf 2 12430

Analf 3 74670

DD 24070

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 461944

GINI 0490

BR 42673

TD 6255

Analf G 12095

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

87

Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011

___________________________________________________________________________

Variaacuteveis Valor de corte

RM 500751

GINI 0482

BR 35734

TD 5732

Analf G 1071

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

88

ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo

1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106

2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057

3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107

4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -

018

5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128

6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118

7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07

8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095

9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099

10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106

11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11

12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063

13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076

14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111

15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103

16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101

17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099

18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109

19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103

20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104

21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102

22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112

Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios

Page 16: Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves

condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito

Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de

outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya

No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue

eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1

DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o

RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e

uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)

Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre

20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue

Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que

pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a

33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no

desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser

ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC

Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero

de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute

uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros

casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue

no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as

notificaccedilotildees por dengue no Estado

Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e

desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo

imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo

das formas de prevenccedilatildeo

17

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas

Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de

mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas

Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com

base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)

Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no

periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD)

Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os

casos de dengue em Minas Gerais

18

3 JUSTIFICATIVA

Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando

rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate

agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos

de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir

os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em

relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades

apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as

caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a

particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais

agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados

agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores

19

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO

Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por

transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm

registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da

dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente

com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat

natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de

mosquitos Aedes sp

O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus

para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato

evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no

continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya

Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o

traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees

tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras

infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os

ciclos de urbanizaccedilatildeo

As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram

em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir

desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo

Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em

risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os

anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia

local

20

42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA

O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica

subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas

brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo

reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o

desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a

postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos

mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo

de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se

jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute

um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e

aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do

mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito

semanas

Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp

Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue

21

43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE

A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes

Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a

fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um

intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca

comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo

extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e

migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo

cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)

44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro

sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma

vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais

contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir

para as formas graves aumentam

A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as

consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs

os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue

hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da

doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees

dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias

A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas

inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou

quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele

hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica

pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os

sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo

surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode

levar agrave morte

22

45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE

Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem

adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como

o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a

erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes

de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees

Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o

controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria

O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se

acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta

reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos

estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a

resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas

O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e

evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de

situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A

participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os

domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros

46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL

A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A

compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de

combate mais eficaz

Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio

de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa

municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional

densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional

proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de

populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual

de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a

quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza

23

percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento

percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e

quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo

por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-

demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho

Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de

significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As

variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e

percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com

melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de

dengue na epidemia de 2002

No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -

SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e

agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e

anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de

instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres

analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em

quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos

niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue

foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o

periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu

um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total

apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis

socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos

Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash

SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo

sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica

definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis

selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios

percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo

nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo

percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes

com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior

completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de

24

chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre

trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-

miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade

porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as

variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um

agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel

observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias

e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da

estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram

chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto

niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel

meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de

moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o

coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De

modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro

unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou

correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue

47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A

DENGUE

Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura

(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a

dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As

variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e

umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o

risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na

Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro

e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio

Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido

a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo

foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas

25

maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti

no periacuteodo do outono

Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no

desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da

populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que

sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada

duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC

Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias

de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro

Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de

comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos

de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que

essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos

48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM

A DENGUE

As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e

dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos

de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define

sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de

saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a

proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como

indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis

socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo

Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo

geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se

acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor

controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as

mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo

encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)

Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE

(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o

26

rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego

que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo

procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a

reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo

de total desigualdade (ISHITANI et al2006)

Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero

de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar

um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da

populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de

sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento

baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a

qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida

A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi

incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito

proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior

facilidade

Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura

maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e

socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia

de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais

49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO

DE MINAS GERAIS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui

uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em

20734097 habitantes

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas

Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as

27

chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de

Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)

A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-

sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores

contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos

Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico

Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute

um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste

em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do

oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul

do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua

de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da

precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA

et al 2014)

Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de

2010 Fonte Reboita et al (2012)

28

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)

que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e

avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores

ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado

de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e

socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de

notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas

Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por

dengue dos municiacutepios de Minas Gerais

Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de

regiotildees de alta incidecircncia de dengue

Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o

programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)

51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)

Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura

miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48

estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais

selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram

usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar

informaccedilotildees mais completas para esses anos

Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um

processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi

a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles

29

valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por

exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados

errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na

estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a

diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS

2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo

N= Q98 + 3 IQR (1)

onde Q98 eacute o percentil de 98

Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que

foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero

Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et

al 2012)

N= Q75 plusmn 3 IQR (2)

Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses

intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos

tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que

na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees

proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado

Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo

entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as

maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da

identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que

apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis

analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees

meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na

Tabela 1

Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram

menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto

eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo

meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse

30

coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo

meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva

e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram

falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo

considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento

foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo

31

Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1

Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo

___________________________________________________________________________

ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)

1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274

2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289

3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361

4 Arinos 83384 -1591 -4605 519

5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127

6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126

7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915

8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695

9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652

10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150

11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318

12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206

13 Curvelo 83536 1875 -4445 672

14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612

15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835

16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964

17 Formoso 83334 -1493 -4625 840

18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367

19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097

20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560

21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516

22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371

23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036

24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996

25 Juramento 83452 -1678 -4371 650

26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884

27 Machado 83683 -2166 -4591 87335

28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452

29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629

30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712

31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028

32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891

33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224

34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091

35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132

36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532

37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732

38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737

39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460

40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973

32

Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura

espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees

Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias

ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria

dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de

uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto

(ZIMERMANN et al 2012)

A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman

tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse

problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da

reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas

variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude

Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de

grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas

Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas

estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois

pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da

temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim

e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute

bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial

das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo

utilizar valores discrepantes

33

a) b)

c) d)

e)

Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)

veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual

34

ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e

longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na

reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)

Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do

Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x

1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo

(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o

preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA

2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com

dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096

35

Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da

estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e

do INMET (azul)

Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais

das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram

fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada

52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS

Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda

escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas

as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os

dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte

para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de

risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de

corte utilizados podem ser visualizados no anexo

As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um

banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os

resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os

significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2

36

Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos

dados

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo Variaacutevel Fonte

DD Densidade demograacutefica IBGE

Renda

GINI Iacutendice de GINI DATASUS

RM Renda meacutedia DATASUS

BR Baixa Renda DATASUS

TD Taxa de desemprego DATASUS

Sauacutede

CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS

Escolaridade

Analf G Analfabetismo Geral DATASUS

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS

Analf 2

Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo

incompleto DATASUS

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS

Saneamento baacutesico

Lixo Coleta de lixo IBGE

Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE

Variaacuteveis meteoroloacutegicas

TMP Temperatura maacutexima primavera INMET

TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET

TMO Temperatura maacutexima outono INMET

TMI Temperatura maacutexima inverno INMET

TminP Temperatura miacutenima primavera INMET

TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET

TminO Temperatura miacutenima outono INMET

TminI Temperatura miacutenima inverno INMET

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET

Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET

37

Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo da

Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo

RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1

gt mediana 0

GINI Se a desigualdade for gt mediana 1

mediana 0

BR Se a baixa renda for ge mediana 1

lt mediana 0

TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1

ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0

Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1

fundamental completo ou 2ordm ciclo

incompleto for mediana 0

Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0

2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1

DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1

mediana 0

CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1

lt 20 permil 0

53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA

Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas

Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de

2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por

ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de

morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de

morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)

38

x 100000 habitantes

(3)

( ) notificaccedilotildees

(4)

onde

Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada

CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes

(5)

Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio

possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com

municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0

Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais

Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado

utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do

Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas

do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)

39

Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________

54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS

O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam

a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de

MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas

devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as

cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama

Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute

da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo

Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de

desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso

esse trabalho foi realizado com 720 cidades

Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007

2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue

iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte

Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas

foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de

desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave

inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar

incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental

Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia

(por 100000 habitantes)

Baixa incidecircncia 100

Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300

Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300

40

completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O

motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010

56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA

A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma

variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa

duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes

atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem

se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os

dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os

valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)

( )

(6)

Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do

valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance

fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)

(

)

(7)

Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da

verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance

(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma

estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1

41

Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila

chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito

(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel

dependente fica representada pela foacutermula

( )

( )

(8)

Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM

(CDC 2008)

As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de

p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise

forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das

variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou

igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW

1989)

42

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA

611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM

MINAS GERAIS

Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no

inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e

no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de

Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das

explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para

leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa

umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de

monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno

com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do

continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo

43

a) b)

c) d)

e)

Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

44

612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA

MIacuteNIMA EM MG

Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo

variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma

regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de

MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais

frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de

10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a

predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em

todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a

22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo

mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste

apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no

veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de

Souza et al (2006)

45

a) b)

c) d)

e)

Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

46

613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS

MAacuteXIMAS EM MG

A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com

a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores

altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras

aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute

no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no

leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente

47

a) b)

c) d)

e)

Figura 9 - Temperatura maacutexima (o

C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)

primavera (e) meacutedia anual

48

62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG

As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser

visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo

central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos

mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se

tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees

No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a

classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD

Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais

___________________________________________________________________________

Ano 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183

Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia

49

a) 2008 b) 2009

c) 2010 d) 2011

e) 2012

Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)

2010 (d) 2011 e (e) 2012

50

63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008

De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades

com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas

com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da

Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de

dengue

Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008

A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na

Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores

notificaccedilotildees em abril

51

Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4

com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se

hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis

explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2008

52

Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de

p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 073 050 - 108 0119

GINI 045 030 - 067 0001

CMI 374 249 - 559 lt0001

Prec I 099 098 - 100 0160

Prec O 100 099 - 101 0059

TD 156 106 -230 0023

TminP 107 095 - 121 0202

TminV 124 105 - 147 0009

TMO 123 105 - 144 0009

TMV 117 104 -133 0007

BR 097 066 - 145 0919

Prec P 099 099 - 100 0782

Prec V 100 099 -100 0984

RM 122 082 -182 0313

TMI 099 089 - 112 0977

TminI 102 094 - 112 0509

TminO 103 089 - 119 0684

TMP 103 094 -113 0487

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI

coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono

temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem

significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13

53

Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007

Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007

____________________________________________________________________________

A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de

GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de

dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil

(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da

populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI -09422 038 025 - 060

CMI 13098 37 242 - 566

Prec I -00185 098 096 - 099

Prec O 00121 101 100 - 102

TMV 02957 134 116 -154

Constante -96745

CMI

P lt 0001

TMV

P lt 0001

GINI

P lt 0001

Prec I

P= 0006

Prec O

P= 0003

54

vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais

favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue

tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com

menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo

comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um

risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse

valor

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +

02957(TMV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade

(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e

temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8

foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14

55

Legenda

_________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio

A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0)

Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem

permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana

para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso

verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm

0

02

04

06

08

1

12

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

()

Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)

a

b

c

d

A

B

D

C

56

maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio

mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem

apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a

notificaccedilatildeo

64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009

Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de

notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees

atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas

Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15

Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009

O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no

mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16

57

Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o

resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em

verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2009

58

Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores

de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

BR 288 190 - 437 lt0001

GINI 286 189-433 lt0001

Prec O 099 098- 099 00001

Prec P 100 100-101 00085

Prec V 099 099-100 00603

CMI 782 496- 1235 lt0001

TD 075 050 -112 01692

TminO 115 098 -134 00728

TminV 116 098-137 00665

TMO 112 097- 129 00979

TMV 117 101 -136 00279

Analf G 367 241 -559 lt0001

RM 403 263-616 lt0001

Prec I 099 098 -100 03264

TMI 101 090 - 112 08337

TminI 103 093 - 115 05150

TminP 099 088-111 09688

TMP 103 095 - 111 04249

59

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda

meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A

ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta

os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das

variaacuteveis explanatoacuterias

Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008

GINI

p lt 0001

Prec V

P= 00358

Analf G

P =00044

CMI

plt 0001

RM

P = 00008

60

Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008

_________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI 14027 406 230 - 716

RM 12552 350 168 - 728

Analf G 11075 302 141- 648

CMI 17819 594 358- 985

Prec V 00042 100 099 -100

Constante -37863

Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco

para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594

vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com

menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350

analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042

(PrecV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)

renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo

de interferir nos casos de dengue no Estado

61

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

__________________________________________________________________________

Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em

2009

000

020

040

060

080

100

120

0 200 400 600

Pro

bab

ilid

ade

(

)

Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)

a

b

c

d

A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima

da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

A

B

C

D

62

A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede

com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com

maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias

65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010

No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero

de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de

morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos

para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes

principalmente nas regiotildees norte e sul

Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010

63

Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado

superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na

Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na

primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono

tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise

Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2010

64

Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC

95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue

no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Prec V 099 099 - 1000 0103

CMI 5459 3847 - 7746 lt0001

TD 077 056 - 1069 0121

TminO 1143 1009 - 1296 0034

TminV 1178 1026- 1352 0020

TMO 108 099 -119 0069

TMP 1075 098 - 1178 0122

Analf G 2956 2122- 4119 lt0001

Gini 029 0211 - 041 lt0001

Prec I 099 0984 - 1002 0153

RM 3193 2288- 4455 lt0001

BR 2275 1641- 3152 lt0001

Prec P 099 099 -100 0532

Prec O 099 099 - 1002 0467

As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou

valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na

Figura 21

65

Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009

Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009

_____________________________________________________________________________

Variaacuteveis

explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)

CMI 15151 454 312-663

Analf G 13218 375 251-559

GINI -14487 023 015-035

Constante -07489

O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como

fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores

menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil

Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as

chances de apresentar casos de dengue

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)

ANALF G

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

66

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de

mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue

no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

_________________________________________________________________________

A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana

(1)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

F

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

67

Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da

mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a

probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a

90

66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011

Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602

municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas

as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano

Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011

Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril

e maio (Figura 24)

68

Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011

A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis

analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis

saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo

Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2011

Notificaccedilotildees por dengue em 2011

69

Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011 _________________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

AnalfG 367 254 - 532 lt0001

BR 288 2 - 413 lt0001

GINI 030 021- 044 lt0001

Prec I 101 099-102 0177

Prec O 099 099-100 0131

Prec P 099 099 -101 0043

Prec V 099 099 -100 lt0001

RM 417 287-606 lt0001

CMI 905 6 - 1363 lt0001

TD 080 056-114 0227

TminI 105 097- 113 0223

TminO 113 099-128 0051

TminP 115 103-128 0012

TMO 116 102-132 0020

TMP 104 097-112 0199

TMV 117 107-130 lt0001

Analf1 103 098-108 0162

Analf2 106 102 - 110 lt0001

Aacutegua 116 081-165 0395

DD 100 099-100 0827

Lixo 109 076-155 0622

TMI 098 090-107 0761

TminV 107 094-123 0275

Analf3 099 097-101 0463

70

A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na

Figura 25

Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente

RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias

Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 15301 461 289 - 735

GINI -14098 024 015 - 038

CMI 20253 757 486 - 1180

Constante -09603

Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator

de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o

analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo

461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil

ANALF G

p lt 0001

GINI

p lt 0001

CMI

p lt 0001

71

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

72

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

___________________________________________________________________________

Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

D

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

F

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

73

Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de

mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram

aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27

67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012

Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da

Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e

alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta

Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012

Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas

aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000

74

Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012

A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que

foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das

caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2012

Notificaccedilotildees por dengue em 2012

75

Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 235 158-350 lt0001

BR 237 160-351 lt0001

GINI 030 020-045 lt0001

Prec I 098 096-100 0209

RM 341 228-51 lt0001

CMI 606 397-923 lt0001

TD 076 052-111 01667

Tmin I 107 096-119 01823

Tmin O 119 101-141 00335

Tmin P 115 100-131 00417

Tmin V 125 102-152 00247

TMV 120 103-140 00144

Prec O 099 099-100 0608

Prec P 099 099-100 0583

Prec V 099 099-100 0516

TMI 103 093-113 0527

TMP 101 093-110 0709

O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo

76

geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo

Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30

Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011

Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011

_____________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 07539 212 129 - 348

GINI -13120 026 016 - 042

CMI 16465 518 33 - 814

Tmin V 02280 125 098 - 159

Constante -51829

O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior

desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As

demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura

ANALF G

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

TMV

p = 005

P

77

miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios

com valores menores que os descritos

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

78

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

_________________________________________________________________________

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012

A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de

desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e

analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por

dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de

notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se

de 40degC

000

020

040

060

080

100

120

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

Temperatura miacutenima no veratildeo

a

b

c

d

A

B

D

C

79

7 CONCLUSAtildeO

Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de

dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas

Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012

A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo

os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram

nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais

Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual

quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como

significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do

agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo

no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo

correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser

significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo

2012 ndash 2011

Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia

de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede

que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza

visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo

apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de

temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com

temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais

Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com

amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para

comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado

classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o

intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo

80

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85

ANEXOS

Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007

_____________________________________________________________

Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008

________________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 437727

GINI 0504

BR 47484

TD 7532

Analf G 13035

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 470625

GINI 0490

BR 39550

TD 6341

Analf G 11685

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

86

Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009

________________________________________________________________

Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010

_______________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 472850

GINI 0483

BR 40505

TD 5795

Analf G 11700

Analf 1 5390

Analf 2 12430

Analf 3 74670

DD 24070

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 461944

GINI 0490

BR 42673

TD 6255

Analf G 12095

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

87

Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011

___________________________________________________________________________

Variaacuteveis Valor de corte

RM 500751

GINI 0482

BR 35734

TD 5732

Analf G 1071

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

88

ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo

1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106

2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057

3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107

4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -

018

5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128

6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118

7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07

8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095

9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099

10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106

11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11

12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063

13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076

14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111

15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103

16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101

17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099

18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109

19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103

20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104

21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102

22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112

Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios

Page 17: Relação dos casos de dengue em Minas Gerais com as

17

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com

variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012

22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas

Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de

mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas

Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com

base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)

Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no

periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD)

Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os

casos de dengue em Minas Gerais

18

3 JUSTIFICATIVA

Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando

rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate

agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos

de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir

os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em

relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades

apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as

caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a

particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais

agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados

agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores

19

4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO

Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por

transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm

registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da

dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente

com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat

natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de

mosquitos Aedes sp

O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus

para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato

evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no

continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya

Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o

traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees

tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras

infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os

ciclos de urbanizaccedilatildeo

As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram

em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir

desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo

Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em

risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os

anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia

local

20

42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA

O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica

subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas

brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo

reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o

desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a

postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos

mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo

de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se

jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute

um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e

aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do

mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito

semanas

Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp

Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue

21

43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE

A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes

Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a

fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um

intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca

comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo

extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e

migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo

cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)

44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS

Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro

sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma

vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais

contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir

para as formas graves aumentam

A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as

consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs

os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue

hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da

doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees

dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias

A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas

inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou

quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele

hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica

pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os

sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo

surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode

levar agrave morte

22

45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE

Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem

adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como

o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a

erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes

de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees

Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o

controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria

O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se

acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta

reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos

estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a

resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas

O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e

evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de

situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A

participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os

domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros

46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL

A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A

compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de

combate mais eficaz

Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio

de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa

municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional

densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional

proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de

populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual

de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a

quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza

23

percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento

percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e

quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo

por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-

demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho

Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de

significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As

variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e

percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com

melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de

dengue na epidemia de 2002

No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -

SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e

agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e

anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de

instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres

analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em

quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos

niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue

foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o

periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu

um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total

apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis

socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos

Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash

SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo

sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica

definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis

selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios

percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo

nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo

percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes

com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior

completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de

24

chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre

trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-

miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade

porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as

variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um

agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel

observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias

e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da

estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram

chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto

niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel

meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de

moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o

coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De

modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro

unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou

correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue

47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A

DENGUE

Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura

(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a

dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As

variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e

umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o

risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na

Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro

e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio

Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido

a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo

foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas

25

maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti

no periacuteodo do outono

Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no

desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da

populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que

sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada

duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC

Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias

de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro

Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de

comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos

de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que

essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos

48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM

A DENGUE

As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e

dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos

de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define

sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de

saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a

proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como

indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis

socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo

Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo

geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se

acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor

controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as

mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo

encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)

Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE

(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o

26

rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego

que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo

procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a

reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo

de total desigualdade (ISHITANI et al2006)

Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero

de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar

um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da

populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de

sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento

baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a

qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida

A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi

incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito

proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior

facilidade

Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura

maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e

socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia

de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais

49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO

DE MINAS GERAIS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui

uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em

20734097 habitantes

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas

Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as

27

chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de

Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)

A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-

sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores

contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos

Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico

Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute

um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste

em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do

oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul

do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua

de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da

precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA

et al 2014)

Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de

2010 Fonte Reboita et al (2012)

28

5 MATERIAIS E MEacuteTODOS

A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)

que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e

avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores

ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado

de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e

socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de

notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas

Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por

dengue dos municiacutepios de Minas Gerais

Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de

regiotildees de alta incidecircncia de dengue

Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o

programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)

51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)

Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura

miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48

estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais

selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram

usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar

informaccedilotildees mais completas para esses anos

Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um

processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi

a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles

29

valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por

exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados

errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na

estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a

diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS

2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo

N= Q98 + 3 IQR (1)

onde Q98 eacute o percentil de 98

Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que

foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero

Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et

al 2012)

N= Q75 plusmn 3 IQR (2)

Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses

intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos

tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que

na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees

proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado

Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo

entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as

maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da

identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que

apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis

analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees

meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na

Tabela 1

Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram

menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto

eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo

meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse

30

coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo

meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva

e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram

falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo

considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento

foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo

31

Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1

Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo

___________________________________________________________________________

ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)

1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274

2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289

3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361

4 Arinos 83384 -1591 -4605 519

5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127

6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126

7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915

8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695

9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652

10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150

11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318

12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206

13 Curvelo 83536 1875 -4445 672

14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612

15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835

16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964

17 Formoso 83334 -1493 -4625 840

18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367

19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097

20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560

21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516

22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371

23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036

24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996

25 Juramento 83452 -1678 -4371 650

26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884

27 Machado 83683 -2166 -4591 87335

28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452

29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629

30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712

31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028

32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891

33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224

34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091

35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132

36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532

37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732

38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737

39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460

40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973

32

Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura

espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees

Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias

ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria

dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de

uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto

(ZIMERMANN et al 2012)

A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman

tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse

problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da

reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas

variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude

Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de

grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas

Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas

estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois

pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da

temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim

e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute

bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial

das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo

utilizar valores discrepantes

33

a) b)

c) d)

e)

Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)

veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual

34

ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e

longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na

reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)

Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do

Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x

1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo

(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o

preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA

2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com

dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096

35

Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da

estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e

do INMET (azul)

Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais

das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram

fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada

52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS

Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda

escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas

as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os

dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte

para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de

risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de

corte utilizados podem ser visualizados no anexo

As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um

banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os

resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os

significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2

36

Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos

dados

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo Variaacutevel Fonte

DD Densidade demograacutefica IBGE

Renda

GINI Iacutendice de GINI DATASUS

RM Renda meacutedia DATASUS

BR Baixa Renda DATASUS

TD Taxa de desemprego DATASUS

Sauacutede

CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS

Escolaridade

Analf G Analfabetismo Geral DATASUS

Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS

Analf 2

Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo

incompleto DATASUS

Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS

Saneamento baacutesico

Lixo Coleta de lixo IBGE

Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE

Variaacuteveis meteoroloacutegicas

TMP Temperatura maacutexima primavera INMET

TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET

TMO Temperatura maacutexima outono INMET

TMI Temperatura maacutexima inverno INMET

TminP Temperatura miacutenima primavera INMET

TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET

TminO Temperatura miacutenima outono INMET

TminI Temperatura miacutenima inverno INMET

Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET

Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET

Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET

Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET

37

Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas

__________________________________________________________________________________________

Coacutedigo da

Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo

RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1

gt mediana 0

GINI Se a desigualdade for gt mediana 1

mediana 0

BR Se a baixa renda for ge mediana 1

lt mediana 0

TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1

lt mediana 0

Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1

ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0

Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1

fundamental completo ou 2ordm ciclo

incompleto for mediana 0

Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0

2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1

DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1

mediana 0

CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1

lt 20 permil 0

53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E

CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA

Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas

Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de

2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por

ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de

morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de

morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)

38

x 100000 habitantes

(3)

( ) notificaccedilotildees

(4)

onde

Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada

CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes

(5)

Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio

possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com

municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0

Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais

Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado

utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do

Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas

do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)

39

Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________

54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS

O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam

a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de

MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas

devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as

cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama

Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute

da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo

Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de

desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso

esse trabalho foi realizado com 720 cidades

Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007

2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue

iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte

Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas

foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de

desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave

inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar

incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental

Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia

(por 100000 habitantes)

Baixa incidecircncia 100

Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300

Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300

40

completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O

motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010

56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA

A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma

variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa

duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes

atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem

se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os

dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os

valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)

( )

(6)

Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do

valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance

fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)

(

)

(7)

Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da

verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance

(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma

estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1

41

Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila

chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito

(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel

dependente fica representada pela foacutermula

( )

( )

(8)

Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM

(CDC 2008)

As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de

p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise

forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das

variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou

igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW

1989)

42

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA

611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM

MINAS GERAIS

Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no

inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e

no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de

Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das

explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para

leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa

umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de

monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno

com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do

continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo

43

a) b)

c) d)

e)

Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

44

612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA

MIacuteNIMA EM MG

Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo

variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma

regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de

MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais

frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de

10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a

predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em

todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a

22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo

mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste

apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no

veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de

Souza et al (2006)

45

a) b)

c) d)

e)

Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)

outono (d) primavera (e) meacutedia anual

46

613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS

MAacuteXIMAS EM MG

A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com

a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores

altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras

aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute

no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no

leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente

47

a) b)

c) d)

e)

Figura 9 - Temperatura maacutexima (o

C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)

primavera (e) meacutedia anual

48

62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG

As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser

visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo

central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos

mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se

tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees

No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a

classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD

Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais

___________________________________________________________________________

Ano 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183

Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia

49

a) 2008 b) 2009

c) 2010 d) 2011

e) 2012

Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)

2010 (d) 2011 e (e) 2012

50

63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008

De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades

com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas

com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da

Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de

dengue

Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008

A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na

Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores

notificaccedilotildees em abril

51

Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4

com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se

hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis

explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2008

52

Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de

p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -

2007 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 073 050 - 108 0119

GINI 045 030 - 067 0001

CMI 374 249 - 559 lt0001

Prec I 099 098 - 100 0160

Prec O 100 099 - 101 0059

TD 156 106 -230 0023

TminP 107 095 - 121 0202

TminV 124 105 - 147 0009

TMO 123 105 - 144 0009

TMV 117 104 -133 0007

BR 097 066 - 145 0919

Prec P 099 099 - 100 0782

Prec V 100 099 -100 0984

RM 122 082 -182 0313

TMI 099 089 - 112 0977

TminI 102 094 - 112 0509

TminO 103 089 - 119 0684

TMP 103 094 -113 0487

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI

coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono

temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem

significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13

53

Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007

Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007

____________________________________________________________________________

A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de

GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de

dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil

(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da

populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI -09422 038 025 - 060

CMI 13098 37 242 - 566

Prec I -00185 098 096 - 099

Prec O 00121 101 100 - 102

TMV 02957 134 116 -154

Constante -96745

CMI

P lt 0001

TMV

P lt 0001

GINI

P lt 0001

Prec I

P= 0006

Prec O

P= 0003

54

vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais

favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue

tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com

menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo

comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um

risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse

valor

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +

02957(TMV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade

(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e

temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8

foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14

55

Legenda

_________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio

A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1)

D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0)

Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008

As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem

permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana

para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso

verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm

0

02

04

06

08

1

12

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

()

Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)

a

b

c

d

A

B

D

C

56

maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio

mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem

apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a

notificaccedilatildeo

64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009

Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de

notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees

atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas

Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15

Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009

O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no

mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16

57

Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009

A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o

resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em

verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2009

58

Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores

de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -

2008 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

BR 288 190 - 437 lt0001

GINI 286 189-433 lt0001

Prec O 099 098- 099 00001

Prec P 100 100-101 00085

Prec V 099 099-100 00603

CMI 782 496- 1235 lt0001

TD 075 050 -112 01692

TminO 115 098 -134 00728

TminV 116 098-137 00665

TMO 112 097- 129 00979

TMV 117 101 -136 00279

Analf G 367 241 -559 lt0001

RM 403 263-616 lt0001

Prec I 099 098 -100 03264

TMI 101 090 - 112 08337

TminI 103 093 - 115 05150

TminP 099 088-111 09688

TMP 103 095 - 111 04249

59

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda

meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A

ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta

os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das

variaacuteveis explanatoacuterias

Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008

GINI

p lt 0001

Prec V

P= 00358

Analf G

P =00044

CMI

plt 0001

RM

P = 00008

60

Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008

_________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

GINI 14027 406 230 - 716

RM 12552 350 168 - 728

Analf G 11075 302 141- 648

CMI 17819 594 358- 985

Prec V 00042 100 099 -100

Constante -37863

Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco

para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594

vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com

menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350

analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042

(PrecV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)

renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo

de interferir nos casos de dengue no Estado

61

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

__________________________________________________________________________

Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em

2009

000

020

040

060

080

100

120

0 200 400 600

Pro

bab

ilid

ade

(

)

Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)

a

b

c

d

A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima

da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)

C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia

abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)

A

B

C

D

62

A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de

notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede

com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com

maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias

65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010

No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero

de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de

morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos

para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes

principalmente nas regiotildees norte e sul

Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010

63

Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado

superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na

Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na

primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono

tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise

Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

notificaccedilotildees

Notificaccedilotildees por dengue em 2010

64

Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC

95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue

no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Prec V 099 099 - 1000 0103

CMI 5459 3847 - 7746 lt0001

TD 077 056 - 1069 0121

TminO 1143 1009 - 1296 0034

TminV 1178 1026- 1352 0020

TMO 108 099 -119 0069

TMP 1075 098 - 1178 0122

Analf G 2956 2122- 4119 lt0001

Gini 029 0211 - 041 lt0001

Prec I 099 0984 - 1002 0153

RM 3193 2288- 4455 lt0001

BR 2275 1641- 3152 lt0001

Prec P 099 099 -100 0532

Prec O 099 099 - 1002 0467

As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou

valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na

Figura 21

65

Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009

Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009

_____________________________________________________________________________

Variaacuteveis

explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)

CMI 15151 454 312-663

Analf G 13218 375 251-559

GINI -14487 023 015-035

Constante -07489

O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como

fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores

menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil

Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as

chances de apresentar casos de dengue

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)

ANALF G

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

66

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de

mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue

no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios

_________________________________________________________________________

A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana

(1)

C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

F

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana

(0)

Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

67

Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da

mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a

probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a

90

66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011

Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602

municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas

as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano

Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011

Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril

e maio (Figura 24)

68

Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011

A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis

analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis

saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo

Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2011

Notificaccedilotildees por dengue em 2011

69

Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2011 _________________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

AnalfG 367 254 - 532 lt0001

BR 288 2 - 413 lt0001

GINI 030 021- 044 lt0001

Prec I 101 099-102 0177

Prec O 099 099-100 0131

Prec P 099 099 -101 0043

Prec V 099 099 -100 lt0001

RM 417 287-606 lt0001

CMI 905 6 - 1363 lt0001

TD 080 056-114 0227

TminI 105 097- 113 0223

TminO 113 099-128 0051

TminP 115 103-128 0012

TMO 116 102-132 0020

TMP 104 097-112 0199

TMV 117 107-130 lt0001

Analf1 103 098-108 0162

Analf2 106 102 - 110 lt0001

Aacutegua 116 081-165 0395

DD 100 099-100 0827

Lixo 109 076-155 0622

TMI 098 090-107 0761

TminV 107 094-123 0275

Analf3 099 097-101 0463

70

A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na

Figura 25

Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010

O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente

RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias

Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 15301 461 289 - 735

GINI -14098 024 015 - 038

CMI 20253 757 486 - 1180

Constante -09603

Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator

de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o

analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo

461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil

ANALF G

p lt 0001

GINI

p lt 0001

CMI

p lt 0001

71

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

72

Legenda

___________________________________________________________________________

Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

___________________________________________________________________________

Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade

infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

D

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

E

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)

F

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)

000

010

020

030

040

050

060

070

080

090

100

a b c d e f

Pro

bab

ilid

ade

Cenaacuterios

73

Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de

mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram

aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27

67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012

Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da

Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e

alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta

Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012

Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas

aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000

74

Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012

A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que

foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das

caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nuacutemero de casos

Casos 2012

Notificaccedilotildees por dengue em 2012

75

Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e

valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de

2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria RC IC (95) P

Analf G 235 158-350 lt0001

BR 237 160-351 lt0001

GINI 030 020-045 lt0001

Prec I 098 096-100 0209

RM 341 228-51 lt0001

CMI 606 397-923 lt0001

TD 076 052-111 01667

Tmin I 107 096-119 01823

Tmin O 119 101-141 00335

Tmin P 115 100-131 00417

Tmin V 125 102-152 00247

TMV 120 103-140 00144

Prec O 099 099-100 0608

Prec P 099 099-100 0583

Prec V 099 099-100 0516

TMI 103 093-113 0527

TMP 101 093-110 0709

O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de

2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo

76

geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo

Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30

Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011

Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo

de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011

_____________________________________________________________________________

Variaacutevel

explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)

Analf G 07539 212 129 - 348

GINI -13120 026 016 - 042

CMI 16465 518 33 - 814

Tmin V 02280 125 098 - 159

Constante -51829

O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior

desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As

demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura

ANALF G

p lt 0001

P

CMI

p lt 0001

P

GINI

p lt 0001

P

TMV

p = 005

P

77

miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios

com valores menores que os descritos

A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do

modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8

g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)

Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo

geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue

no Estado

78

Legenda

___________________________________________________________________________

Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo

_________________________________________________________________________

A

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

B

Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo

da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

C

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima

da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)

D

Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil

abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)

Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil

analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012

A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de

desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e

analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por

dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de

notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se

de 40degC

000

020

040

060

080

100

120

0 10 20 30 40 50

Pro

bab

ilid

ade

Temperatura miacutenima no veratildeo

a

b

c

d

A

B

D

C

79

7 CONCLUSAtildeO

Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de

dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas

Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012

A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo

os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram

nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais

Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual

quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como

significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do

agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo

no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo

correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser

significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo

2012 ndash 2011

Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia

de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede

que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza

visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo

apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de

temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com

temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais

Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com

amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para

comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado

classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o

intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo

80

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TEIXEIRA TRA MEDRONHO RAIndicador soacutecio demograacutefica e a epidemia de dengue

em 2002 no Estado do Rio de Janeiro Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v24 n9 p2160 ndash

2170 set 2008

84

TIMERMANA NUNES E LUZ K Dengue no Brasil doenccedila urbana Limay Editora

apoio Johnson e Johnson Satildeo Paulo 2012

UJAVARIS C A histoacuteria da humanidade contada pelos viacuterus Editora Contexto 2008

VERONESI R Doenccedilas Infecciosas e Parasitaacuterias Guanabara Koogan 8 ed Rio de

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WILKS D Statistical Methods in the Atmospheric Sciences Academic Press 2ordm ed p627

2006

WMO ndeg100 1983 Guide to Climatological Practices 2ordf EdSecretariat of the World

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YANG H M Epidemiologia da Transmissatildeo da Dengue Sociedade Brasileira de

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ZIMERMANN R H MORAES O L M TEICHRIEB C A PIVA E D ANABORV

Reduccedilatildeo de escala de dados de vento de modelos regionais para modelos de dispersatildeo

atmosfeacuterica Revista Brasileira de Meteorologia v27 n1 p23 - 30 ago 2012

85

ANEXOS

Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007

_____________________________________________________________

Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008

________________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 437727

GINI 0504

BR 47484

TD 7532

Analf G 13035

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 470625

GINI 0490

BR 39550

TD 6341

Analf G 11685

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

86

Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009

________________________________________________________________

Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010

_______________________________________________________________

Variaacutevel Valor de corte

RM 472850

GINI 0483

BR 40505

TD 5795

Analf G 11700

Analf 1 5390

Analf 2 12430

Analf 3 74670

DD 24070

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

Variaacutevel Valor de corte

RM 461944

GINI 0490

BR 42673

TD 6255

Analf G 12095

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

87

Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011

___________________________________________________________________________

Variaacuteveis Valor de corte

RM 500751

GINI 0482

BR 35734

TD 5732

Analf G 1071

CMI ge20 permil 1

lt 20 permil 0

88

ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo

1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106

2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057

3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107

4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -

018

5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128

6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118

7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07

8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095

9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099

10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106

11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11

12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063

13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076

14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111

15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103

16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101

17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099

18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109

19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103

20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104

21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102

22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112

Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios

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