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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBAacute
MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E
RECURSOS HIacuteDRICOS
MARIA AMEacuteLIA A ALVES
Relaccedilatildeo dos casos de dengue em Minas Gerais com as variaacuteveis
meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas
Itajubaacute ndash MG
2015
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBAacute
MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E
RECURSOS HIacuteDRICOS
MARIA AMEacuteLIA A ALVES
Relaccedilatildeo dos casos de dengue em Minas Gerais com as variaacuteveis
meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas
Dissertaccedilatildeo submetida ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo de Meio
Ambiente e Recursos Hiacutedricos como parte dos requisitos para
obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Meio Ambiente e Recursos
Hiacutedricos
Aacuterea de concentraccedilatildeo Meio Ambiente e Recursos Hiacutedricos
Orientadora Profordf Drordf Michelle Reboita
Coorientador Prof Dr Luiz Felipe Silva
Itajubaacute ndash MG
2015
3
DEDICATOacuteRIA
A Deus por me permitir concluir esta etapa e manter- me perseverante nessa jornada
Aos meus pais Sebastiatildeo (em memoacuteria) e minha matildee Maria Bernadete
A pessoa que me deu coragem para prosseguir minha filha Joyce
Ao apoio da pessoa especial que tenho ao meu lado meu namorado Maacutercio
Ao meu primo Esmeraldo
4
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo a Deus por sua presenccedila em minha vida manifestada nas pessoas que foram
tatildeo importantes na realizaccedilatildeo desse trabalho e por essa oportunidade de conclusatildeo do
mestrado
A minha filha Joyce pelo seu amor incondicional que me fortalece e que me deu
coragem para que eu natildeo desistisse
A minha orientadora Profordf Drordf Michelle Reboita por conduzir-me com carinho
dedicaccedilatildeo e incentivo
Ao Professor Luiz Felipe Silva pela atenccedilatildeo amizade e disponibilidade em esclarecer
minhas duacutevidas
Ao meu primo Esmeraldo que em busca de novas conquistas para si abriu um novo
caminho para mim
Ao meu namorado Maacutercio pelo apoio em minha jornada ateacute aqui e pela felicidade de
tecirc-lo ao meu lado
A minha matildee Bernadete por ser essa mulher maravilhosa e admiraacutevel que sempre me
daacute forccedilas nos momentos difiacuteceis
Agradeccedilo tambeacutem aos amigos Reginaldo Thiago Carla Cristina Mendes Andreacuteia
Vitorino Dona Ronilda e demais amigas de curso que me proporcionaram tanta alegria
durante esses anos
Obrigada a todos que me apoiaram e que entraram em minha vida pela graccedila de Deus
e mantiveram o sorriso em meu rosto
A CAPES pela bolsa de estudos pois sem este recurso financeiro natildeo seria possiacutevel
dedicar-me exclusivamente ao desenvolvimento dessa pesquisa
A todos meus sinceros agradecimentos
5
Natildeo haacute ceacuteu sem tempestade nem caminhos sem acidentes Natildeo tenha medo da vida tenha
medo de natildeo vivecirc-la intensamente
Augusto Cury
6
RESUMO
ALVES M A A Relaccedilatildeo dos casos de dengue em Minas Gerais com as variaacuteveis
meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas 2015 87- f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio Ambiente e
Recursos Hiacutedricos)-Universidade Federal de Itajubaacute 2015
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes aegypti que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue no
Brasil Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo Portanto o objetivo desse trabalho eacute avaliar a relaccedilatildeo de algumas
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas em diferentes municiacutepios de Minas Gerais no
periacuteodo de 2008 a 2012 com as notificaccedilotildees de dengue Foram coletadas informaccedilotildees sobre as
variaacuteveis meteoroloacutegicas precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e miacutenima do banco de dados do
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) sauacutede renda e escolaridade obtidas do
Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) as notificaccedilotildees por dengue do Sistema
de informaccedilotildees e agravos de notificaccedilotildees (SINAN) saneamento baacutesico e densidade
demograacutefica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Para esse estudo foram
realizadas anaacutelises multivariadas com o auxiacutelio do software Epi-Info 351 TM visando
identificar os melhores modelos para as notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais com o valor
de p lt 005 fundamentado no teste da razatildeo da maacutexima verossimilhanccedila Foi observado
atraveacutes da regressatildeo logiacutestica multivariada que trecircs variaacuteveis mostram-se frequentes nos anos
analisados e satildeo desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda (iacutendice de GINI) poucos
investimentos em sauacutede (CMI) e analfabetismo da populaccedilatildeo Outras variaacuteveis tambeacutem foram
importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e temperatura maacutexima
no veratildeo na regressatildeo de 2008 ndash 2007 renda meacutedia e precipitaccedilatildeo no veratildeo em 2009 ndash 2008
e a variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo em 2012 ndash 2011 Foi observado ainda que
municiacutepios com desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda com baixo investimento em sauacutede e
baixa escolaridade da populaccedilatildeo geral encontram-se expostos a maior forccedila de agravo de
notificaccedilatildeo quando comparados a condiccedilotildees mais favoraacuteveis Os dados obtidos com esse
trabalho revelam a necessidade na melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo com maiores
investimentos em sauacutede educaccedilatildeo e em medidas de combate agrave pobreza para reduzir a
desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda de forma que maiores investimentos em infraestrutura
e educaccedilatildeo e maior comprometimento da populaccedilatildeo para a erradicaccedilatildeo do inseto podem
auxiliar a reduccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo por dengue
Palavras-chave Epidemiologia ambiental Temperatura Precipitaccedilatildeo Renda Regressatildeo
logiacutestica
7
ABSTRACT
ALVES M A ARelationship of dengue cases in Minas Gerais with weather and
socioeconomic variables 201587f Dissertation (Masters in Environment and Water
Resources) Federal -University of Itajubaacute 2015
Dengue is a viral disease of tropical and subtropical regions that occurs due to temperature
and precipitation conditions necessary for the development of the mosquito Aedes aegypti
which is the intermediate host responsible for the transmission of dengue in Brazil Although
the environmental conditions are important for the replication of the virus and development of
Aedes aegypti the socioeconomic characteristics are also essential in the transmission of
dengue being linked to the way of life and the implementation of prevention methods
Therefore the aim of this study is to evaluate the relationship of some meteorological and
socioeconomic variables in different municipalities of Minas Gerais from 2008 to 2012 with
dengue notifications Information regarding meteorological variables were collected
precipitation maximum and minimum temperatures of the National Institute database of
Meteorology (INMET) health income and education obtained from the SUS Department of
Information (DATASUS) notifications by dengue information system and notifications of
injuries (SINAN) sanitation and population density of the Brazilian Institute of Geography
and Statistics (IBGE) For this study multivariate analyzes were performed with the Epi-Info
TM 351 software to identify the best models for dengue notifications in Minas Gerais with
the value of p lt005 based on maximum likelihood test of reason It was observed by
multivariate logistic regression three variables that show up frequently in the analyzed years
and are inequality in income distribution (Gini index) few investments in health (CMI) and
illiteracy of the population Other variables were also important such as precipitation in
winter precipitation in autumn and maximum temperature in summer the regression 2008 -
2007 middle-income and precipitation in summer in 2009 - 2008 and the variable minimum
temperature in the summer in 2012 - 2011 It was observed also that municipalities with
unequal distribution of income with low investment in health and low education of the
general population are exposed to greater notice of grievance strength when compared the
most favorable conditions The data obtained from this study reveal the need to improve the
populations quality of life with greater investments in health education and anti-poverty
measures to reduce inequality in income distribution so that greater investment in
infrastructure and education and greater involvement of the population to eradicate the insect
can help to reduce dengue notification strength
Keywords Environmental epidemiology Temperature Precipitation Income Logistic
regression
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti 20
Figura 2 Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul 27
Figura 3 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo
30
Figura 4 Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de
Cressman de 1998 a 2012
33
Figura 5 ldquoSeacuteries temporais da meacutedia mensal da temperatura miacutenima em
Janauacuteba latitude 15deg 48rsquo 13rdquo e longitude 43deg 19rsquo 3rdquo (a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo
43rdquo e longitude 44deg 59rsquo 59rdquo (b) no periacuteodo de 1998 a 2012
34
Figura 6 Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados
de estaccedilotildees de INMET da estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg
59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 na reanaacutelise ERA ndash Interim
35
Figura 7 Precipitaccedilatildeo em Minas Gerais 1998 a 2012 (INMET 40 estaccedilotildees + 43
pontos do GPCC)
43
Figura 8 Temperatura Miacutenima em MG 1998 a 2012 Fonte (INMET 40
estaccedilotildees + 57 pontos ERA Int)
45
Figura 9 Temperatura Maacutexima em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (INMET 40
estaccedilotildees + 57 pontos ERAInt)
47
Figura 10 Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos
de (a) 2008 (b) 2009 (c) 2010 (d) 2011 e (e) 2012
49
Figura 11 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepios de
Minas Gerais em 2008
50
Figura 12 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008 51
Figura 13 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2008 -2007
53
Figura 14 Estimativa da razatildeo de chance baseada nos valores de iacutendice de
GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre
os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
55
Figura 15 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais em 2009
56
9
Figura 16 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009 57
Figura 17 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2009- 2008
59
Figura 18 Estimativa da probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GNI
coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo geral e
precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2009
61
Figura 19 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais 2010
62
Figura 20 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010 63
Figura 21 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2010 - 2009
65
Figura 22 Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue
em Minas Gerais em 2010
66
Figura 23 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais em 2011
67
Figura 24 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 68
Figura 25 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2011-2010
70
Figura 26 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 71
Figura 27 Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre os casos de
dengue em Minas Gerais em 2011
72
Figura 28 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas
Gerais em 2012
73
Figura 29 Casos de notificaccedilatildeo por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012 74
Figura 30 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2012 ndash 2011
76
Figura 31 Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral e temperatura miacutenima no
veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2012
78
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo
PNCD 39
Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo 31
Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus
coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36
Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37
Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 52
Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53
Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 58
Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60
Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance
(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010
ndash 2009 64
Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65
Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011
69
Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
12
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
70
Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -
2011 75
Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76
13
LISTA DE SIGLAS
Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica
GINI Iacutendice de GINI
RM Renda meacutedia
BR Baixa Renda
TD Taxa de desemprego
CMI Coeficiente de mortalidade infantil
Analf G Analfabetismo Geral
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto
Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais
Lixo Coleta de lixo
Aacutegua Abastecimento de aacutegua
TMP Temperatura maacutexima primavera
TMV Temperatura maacutexima veratildeo
TMO Temperatura maacutexima outono
TMI Temperatura maacutexima inverno
TminP Temperatura miacutenima primavera
TminV Temperatura miacutenima veratildeo
TminO Temperatura miacutenima outono
TminI Temperatura miacutenima inverno
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo
Prec O Precipitaccedilatildeo outono
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno
ID Identificaccedilatildeo
14
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO16
2 OBJETIVOS17
21 Objetivo geral 17
22 Objetivos especiacuteficos 17
3 JUSTIFICATIVA18
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19
41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19
42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20
43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21
44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21
45 Accedilotildees de controle da dengue 22
46 Estudos da dengue no Brasil 22
47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24
48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25
49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28
51 Dados meteoroloacutegicos 28
52 Dados socioeconocircmicos 35
53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e
classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37
54 Organizaccedilatildeo dos dados 39
56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42
61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42
611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42
612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44
613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46
62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48
15
63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50
64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56
65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62
66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67
67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273
7 CONCLUSAtildeO79
REFEREcircNCIAS80
ANEXO A85
ANEXO B85
ANEXO C86
ANEXO D86
ANEXO E87
ANEXO F88
16
1 INTRODUCcedilAtildeO
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de
outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya
No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue
eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1
DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o
RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e
uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)
Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre
20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue
Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que
pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a
33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no
desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser
ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC
Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero
de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute
uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros
casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue
no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as
notificaccedilotildees por dengue no Estado
Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo
17
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas
Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de
mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas
Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com
base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)
Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no
periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue
(PNCD)
Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os
casos de dengue em Minas Gerais
18
3 JUSTIFICATIVA
Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando
rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate
agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos
de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir
os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em
relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades
apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as
caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a
particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais
agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados
agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores
19
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO
Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por
transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm
registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da
dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente
com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat
natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de
mosquitos Aedes sp
O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus
para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato
evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no
continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya
Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o
traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees
tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras
infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os
ciclos de urbanizaccedilatildeo
As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram
em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir
desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo
Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em
risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os
anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia
local
20
42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA
O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica
subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas
brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo
reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o
desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a
postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos
mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo
de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se
jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute
um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e
aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do
mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito
semanas
Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp
Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue
21
43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE
A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes
Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a
fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um
intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca
comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo
extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e
migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo
cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)
44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro
sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma
vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais
contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir
para as formas graves aumentam
A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as
consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs
os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue
hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da
doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees
dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias
A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas
inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou
quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele
hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica
pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os
sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo
surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode
levar agrave morte
22
45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE
Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem
adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como
o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a
erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes
de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees
Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o
controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria
O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se
acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta
reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos
estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a
resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas
O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e
evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de
situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A
participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os
domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros
46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL
A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A
compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de
combate mais eficaz
Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio
de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa
municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional
densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional
proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de
populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual
de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a
quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza
23
percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento
percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e
quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo
por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-
demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho
Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de
significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As
variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e
percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com
melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de
dengue na epidemia de 2002
No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -
SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e
agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e
anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de
instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres
analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em
quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos
niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue
foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o
periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu
um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total
apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis
socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos
Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash
SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo
sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica
definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis
selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios
percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo
nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo
percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes
com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior
completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de
24
chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre
trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-
miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade
porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as
variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um
agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel
observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias
e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da
estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram
chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto
niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel
meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de
moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o
coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De
modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro
unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou
correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue
47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A
DENGUE
Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura
(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a
dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As
variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e
umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o
risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na
Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro
e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio
Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido
a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo
foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas
25
maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti
no periacuteodo do outono
Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no
desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da
populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que
sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada
duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC
Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias
de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro
Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de
comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos
de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que
essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos
48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM
A DENGUE
As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e
dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos
de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define
sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de
saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a
proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como
indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis
socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo
Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo
geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se
acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor
controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as
mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo
encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)
Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE
(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o
26
rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego
que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo
procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a
reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo
de total desigualdade (ISHITANI et al2006)
Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero
de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar
um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da
populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de
sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento
baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a
qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida
A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi
incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito
proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior
facilidade
Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura
maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e
socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia
de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais
49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui
uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em
20734097 habitantes
Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas
Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as
27
chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de
Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)
A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-
sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores
contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos
Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico
Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute
um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste
em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do
oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul
do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua
de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da
precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA
et al 2014)
Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de
2010 Fonte Reboita et al (2012)
28
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)
que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e
avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores
ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado
de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e
socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de
notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas
Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por
dengue dos municiacutepios de Minas Gerais
Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de
regiotildees de alta incidecircncia de dengue
Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o
programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)
51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)
Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura
miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48
estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais
selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram
usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar
informaccedilotildees mais completas para esses anos
Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um
processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi
a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles
29
valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por
exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados
errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na
estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a
diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS
2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo
N= Q98 + 3 IQR (1)
onde Q98 eacute o percentil de 98
Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que
foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero
Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et
al 2012)
N= Q75 plusmn 3 IQR (2)
Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses
intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos
tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que
na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees
proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado
Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo
entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as
maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da
identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que
apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis
analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees
meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na
Tabela 1
Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram
menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto
eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo
meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse
30
coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva
e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram
falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo
considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento
foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)
Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo
31
Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1
Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo
___________________________________________________________________________
ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)
1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274
2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289
3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361
4 Arinos 83384 -1591 -4605 519
5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127
6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126
7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915
8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695
9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652
10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150
11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318
12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206
13 Curvelo 83536 1875 -4445 672
14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612
15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835
16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964
17 Formoso 83334 -1493 -4625 840
18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367
19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097
20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560
21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516
22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371
23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036
24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996
25 Juramento 83452 -1678 -4371 650
26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884
27 Machado 83683 -2166 -4591 87335
28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452
29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629
30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712
31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028
32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891
33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224
34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091
35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132
36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532
37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732
38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737
39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460
40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973
32
Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura
espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees
Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias
ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria
dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de
uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto
(ZIMERMANN et al 2012)
A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman
tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse
problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da
reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas
variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude
Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de
grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas
Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas
estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois
pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da
temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim
e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute
bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial
das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo
utilizar valores discrepantes
33
a) b)
c) d)
e)
Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)
veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual
34
ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e
longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na
reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)
Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do
Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x
1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo
(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o
preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA
2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com
dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096
35
Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da
estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e
do INMET (azul)
Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais
das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram
fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada
52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS
Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda
escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas
as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os
dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte
para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de
risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de
corte utilizados podem ser visualizados no anexo
As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um
banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os
resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os
significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2
36
Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos
dados
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo Variaacutevel Fonte
DD Densidade demograacutefica IBGE
Renda
GINI Iacutendice de GINI DATASUS
RM Renda meacutedia DATASUS
BR Baixa Renda DATASUS
TD Taxa de desemprego DATASUS
Sauacutede
CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS
Escolaridade
Analf G Analfabetismo Geral DATASUS
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS
Analf 2
Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo
incompleto DATASUS
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS
Saneamento baacutesico
Lixo Coleta de lixo IBGE
Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE
Variaacuteveis meteoroloacutegicas
TMP Temperatura maacutexima primavera INMET
TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET
TMO Temperatura maacutexima outono INMET
TMI Temperatura maacutexima inverno INMET
TminP Temperatura miacutenima primavera INMET
TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET
TminO Temperatura miacutenima outono INMET
TminI Temperatura miacutenima inverno INMET
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET
Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET
37
Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo da
Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo
RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1
gt mediana 0
GINI Se a desigualdade for gt mediana 1
mediana 0
BR Se a baixa renda for ge mediana 1
lt mediana 0
TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1
ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0
Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1
fundamental completo ou 2ordm ciclo
incompleto for mediana 0
Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0
2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1
DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1
mediana 0
CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1
lt 20 permil 0
53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA
Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas
Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de
2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por
ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de
morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de
morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)
38
x 100000 habitantes
(3)
( ) notificaccedilotildees
(4)
onde
Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada
CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes
(5)
Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio
possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com
municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0
Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais
Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado
utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do
Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas
do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)
39
Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________
54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS
O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam
a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de
MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas
devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as
cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama
Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute
da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo
Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de
desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso
esse trabalho foi realizado com 720 cidades
Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas
e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007
2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue
iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte
Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas
foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de
desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave
inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar
incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental
Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia
(por 100000 habitantes)
Baixa incidecircncia 100
Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300
Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300
40
completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O
motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010
56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA
A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma
variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa
duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes
atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem
se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os
dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os
valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)
( )
(6)
Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do
valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance
fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)
(
)
(7)
Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da
verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance
(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma
estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1
41
Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila
chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito
(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel
dependente fica representada pela foacutermula
( )
( )
(8)
Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM
(CDC 2008)
As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de
p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise
forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das
variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou
igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW
1989)
42
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA
611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM
MINAS GERAIS
Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no
inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e
no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de
Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das
explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para
leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa
umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de
monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno
com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do
continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo
43
a) b)
c) d)
e)
Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
44
612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA
MIacuteNIMA EM MG
Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo
variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma
regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de
MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais
frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de
10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a
predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em
todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a
22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo
mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste
apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no
veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de
Souza et al (2006)
45
a) b)
c) d)
e)
Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
46
613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS
MAacuteXIMAS EM MG
A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com
a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores
altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras
aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute
no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no
leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente
47
a) b)
c) d)
e)
Figura 9 - Temperatura maacutexima (o
C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)
primavera (e) meacutedia anual
48
62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG
As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser
visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo
central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos
mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se
tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees
No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a
classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD
Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais
___________________________________________________________________________
Ano 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183
Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia
49
a) 2008 b) 2009
c) 2010 d) 2011
e) 2012
Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)
2010 (d) 2011 e (e) 2012
50
63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008
De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades
com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas
com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da
Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de
dengue
Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008
A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na
Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores
notificaccedilotildees em abril
51
Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4
com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se
hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis
explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2008
52
Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de
p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 073 050 - 108 0119
GINI 045 030 - 067 0001
CMI 374 249 - 559 lt0001
Prec I 099 098 - 100 0160
Prec O 100 099 - 101 0059
TD 156 106 -230 0023
TminP 107 095 - 121 0202
TminV 124 105 - 147 0009
TMO 123 105 - 144 0009
TMV 117 104 -133 0007
BR 097 066 - 145 0919
Prec P 099 099 - 100 0782
Prec V 100 099 -100 0984
RM 122 082 -182 0313
TMI 099 089 - 112 0977
TminI 102 094 - 112 0509
TminO 103 089 - 119 0684
TMP 103 094 -113 0487
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI
coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono
temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem
significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13
53
Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007
Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007
____________________________________________________________________________
A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de
GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de
dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil
(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da
populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI -09422 038 025 - 060
CMI 13098 37 242 - 566
Prec I -00185 098 096 - 099
Prec O 00121 101 100 - 102
TMV 02957 134 116 -154
Constante -96745
CMI
P lt 0001
TMV
P lt 0001
GINI
P lt 0001
Prec I
P= 0006
Prec O
P= 0003
54
vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais
favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue
tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com
menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo
comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um
risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse
valor
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +
02957(TMV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade
(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e
temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8
foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14
55
Legenda
_________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio
A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0)
Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem
permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana
para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso
verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm
0
02
04
06
08
1
12
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
()
Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)
a
b
c
d
A
B
D
C
56
maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio
mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem
apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a
notificaccedilatildeo
64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009
Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de
notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees
atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas
Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15
Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009
O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no
mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16
57
Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o
resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em
verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2009
58
Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores
de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
BR 288 190 - 437 lt0001
GINI 286 189-433 lt0001
Prec O 099 098- 099 00001
Prec P 100 100-101 00085
Prec V 099 099-100 00603
CMI 782 496- 1235 lt0001
TD 075 050 -112 01692
TminO 115 098 -134 00728
TminV 116 098-137 00665
TMO 112 097- 129 00979
TMV 117 101 -136 00279
Analf G 367 241 -559 lt0001
RM 403 263-616 lt0001
Prec I 099 098 -100 03264
TMI 101 090 - 112 08337
TminI 103 093 - 115 05150
TminP 099 088-111 09688
TMP 103 095 - 111 04249
59
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda
meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A
ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta
os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das
variaacuteveis explanatoacuterias
Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008
GINI
p lt 0001
Prec V
P= 00358
Analf G
P =00044
CMI
plt 0001
RM
P = 00008
60
Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008
_________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI 14027 406 230 - 716
RM 12552 350 168 - 728
Analf G 11075 302 141- 648
CMI 17819 594 358- 985
Prec V 00042 100 099 -100
Constante -37863
Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco
para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594
vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com
menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350
analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042
(PrecV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)
renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo
de interferir nos casos de dengue no Estado
61
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
__________________________________________________________________________
Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em
2009
000
020
040
060
080
100
120
0 200 400 600
Pro
bab
ilid
ade
(
)
Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)
a
b
c
d
A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima
da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
A
B
C
D
62
A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede
com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com
maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias
65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010
No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero
de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de
morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos
para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes
principalmente nas regiotildees norte e sul
Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010
63
Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado
superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na
Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na
primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono
tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise
Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2010
64
Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC
95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue
no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Prec V 099 099 - 1000 0103
CMI 5459 3847 - 7746 lt0001
TD 077 056 - 1069 0121
TminO 1143 1009 - 1296 0034
TminV 1178 1026- 1352 0020
TMO 108 099 -119 0069
TMP 1075 098 - 1178 0122
Analf G 2956 2122- 4119 lt0001
Gini 029 0211 - 041 lt0001
Prec I 099 0984 - 1002 0153
RM 3193 2288- 4455 lt0001
BR 2275 1641- 3152 lt0001
Prec P 099 099 -100 0532
Prec O 099 099 - 1002 0467
As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou
valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na
Figura 21
65
Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009
Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009
_____________________________________________________________________________
Variaacuteveis
explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)
CMI 15151 454 312-663
Analf G 13218 375 251-559
GINI -14487 023 015-035
Constante -07489
O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como
fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores
menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil
Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as
chances de apresentar casos de dengue
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)
ANALF G
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
66
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de
mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue
no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
_________________________________________________________________________
A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana
(1)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
F
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
67
Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da
mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a
probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a
90
66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011
Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602
municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas
as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano
Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011
Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril
e maio (Figura 24)
68
Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011
A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis
analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis
saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo
Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2011
Notificaccedilotildees por dengue em 2011
69
Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011 _________________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
AnalfG 367 254 - 532 lt0001
BR 288 2 - 413 lt0001
GINI 030 021- 044 lt0001
Prec I 101 099-102 0177
Prec O 099 099-100 0131
Prec P 099 099 -101 0043
Prec V 099 099 -100 lt0001
RM 417 287-606 lt0001
CMI 905 6 - 1363 lt0001
TD 080 056-114 0227
TminI 105 097- 113 0223
TminO 113 099-128 0051
TminP 115 103-128 0012
TMO 116 102-132 0020
TMP 104 097-112 0199
TMV 117 107-130 lt0001
Analf1 103 098-108 0162
Analf2 106 102 - 110 lt0001
Aacutegua 116 081-165 0395
DD 100 099-100 0827
Lixo 109 076-155 0622
TMI 098 090-107 0761
TminV 107 094-123 0275
Analf3 099 097-101 0463
70
A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na
Figura 25
Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente
RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias
Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 15301 461 289 - 735
GINI -14098 024 015 - 038
CMI 20253 757 486 - 1180
Constante -09603
Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator
de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o
analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo
461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil
ANALF G
p lt 0001
GINI
p lt 0001
CMI
p lt 0001
71
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
72
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
___________________________________________________________________________
Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
D
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
F
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
73
Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de
mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram
aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27
67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012
Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da
Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e
alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta
Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012
Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas
aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000
74
Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012
A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que
foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das
caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2012
Notificaccedilotildees por dengue em 2012
75
Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 235 158-350 lt0001
BR 237 160-351 lt0001
GINI 030 020-045 lt0001
Prec I 098 096-100 0209
RM 341 228-51 lt0001
CMI 606 397-923 lt0001
TD 076 052-111 01667
Tmin I 107 096-119 01823
Tmin O 119 101-141 00335
Tmin P 115 100-131 00417
Tmin V 125 102-152 00247
TMV 120 103-140 00144
Prec O 099 099-100 0608
Prec P 099 099-100 0583
Prec V 099 099-100 0516
TMI 103 093-113 0527
TMP 101 093-110 0709
O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo
76
geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo
Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30
Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011
Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011
_____________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 07539 212 129 - 348
GINI -13120 026 016 - 042
CMI 16465 518 33 - 814
Tmin V 02280 125 098 - 159
Constante -51829
O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior
desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As
demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura
ANALF G
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
TMV
p = 005
P
77
miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios
com valores menores que os descritos
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
78
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
_________________________________________________________________________
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012
A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de
desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e
analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por
dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de
notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se
de 40degC
000
020
040
060
080
100
120
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
Temperatura miacutenima no veratildeo
a
b
c
d
A
B
D
C
79
7 CONCLUSAtildeO
Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de
dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas
Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012
A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo
os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram
nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais
Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual
quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como
significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do
agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo
no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo
correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser
significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo
2012 ndash 2011
Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia
de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede
que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza
visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo
apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de
temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com
temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais
Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com
amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para
comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado
classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o
intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo
80
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ANEXOS
Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007
_____________________________________________________________
Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008
________________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 437727
GINI 0504
BR 47484
TD 7532
Analf G 13035
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 470625
GINI 0490
BR 39550
TD 6341
Analf G 11685
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
86
Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009
________________________________________________________________
Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010
_______________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 472850
GINI 0483
BR 40505
TD 5795
Analf G 11700
Analf 1 5390
Analf 2 12430
Analf 3 74670
DD 24070
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 461944
GINI 0490
BR 42673
TD 6255
Analf G 12095
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
87
Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011
___________________________________________________________________________
Variaacuteveis Valor de corte
RM 500751
GINI 0482
BR 35734
TD 5732
Analf G 1071
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
88
ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo
1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106
2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057
3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107
4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -
018
5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128
6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118
7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07
8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095
9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099
10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106
11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11
12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063
13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076
14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111
15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103
16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101
17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099
18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109
19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103
20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104
21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102
22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112
Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBAacute
MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E
RECURSOS HIacuteDRICOS
MARIA AMEacuteLIA A ALVES
Relaccedilatildeo dos casos de dengue em Minas Gerais com as variaacuteveis
meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas
Dissertaccedilatildeo submetida ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo de Meio
Ambiente e Recursos Hiacutedricos como parte dos requisitos para
obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Meio Ambiente e Recursos
Hiacutedricos
Aacuterea de concentraccedilatildeo Meio Ambiente e Recursos Hiacutedricos
Orientadora Profordf Drordf Michelle Reboita
Coorientador Prof Dr Luiz Felipe Silva
Itajubaacute ndash MG
2015
3
DEDICATOacuteRIA
A Deus por me permitir concluir esta etapa e manter- me perseverante nessa jornada
Aos meus pais Sebastiatildeo (em memoacuteria) e minha matildee Maria Bernadete
A pessoa que me deu coragem para prosseguir minha filha Joyce
Ao apoio da pessoa especial que tenho ao meu lado meu namorado Maacutercio
Ao meu primo Esmeraldo
4
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo a Deus por sua presenccedila em minha vida manifestada nas pessoas que foram
tatildeo importantes na realizaccedilatildeo desse trabalho e por essa oportunidade de conclusatildeo do
mestrado
A minha filha Joyce pelo seu amor incondicional que me fortalece e que me deu
coragem para que eu natildeo desistisse
A minha orientadora Profordf Drordf Michelle Reboita por conduzir-me com carinho
dedicaccedilatildeo e incentivo
Ao Professor Luiz Felipe Silva pela atenccedilatildeo amizade e disponibilidade em esclarecer
minhas duacutevidas
Ao meu primo Esmeraldo que em busca de novas conquistas para si abriu um novo
caminho para mim
Ao meu namorado Maacutercio pelo apoio em minha jornada ateacute aqui e pela felicidade de
tecirc-lo ao meu lado
A minha matildee Bernadete por ser essa mulher maravilhosa e admiraacutevel que sempre me
daacute forccedilas nos momentos difiacuteceis
Agradeccedilo tambeacutem aos amigos Reginaldo Thiago Carla Cristina Mendes Andreacuteia
Vitorino Dona Ronilda e demais amigas de curso que me proporcionaram tanta alegria
durante esses anos
Obrigada a todos que me apoiaram e que entraram em minha vida pela graccedila de Deus
e mantiveram o sorriso em meu rosto
A CAPES pela bolsa de estudos pois sem este recurso financeiro natildeo seria possiacutevel
dedicar-me exclusivamente ao desenvolvimento dessa pesquisa
A todos meus sinceros agradecimentos
5
Natildeo haacute ceacuteu sem tempestade nem caminhos sem acidentes Natildeo tenha medo da vida tenha
medo de natildeo vivecirc-la intensamente
Augusto Cury
6
RESUMO
ALVES M A A Relaccedilatildeo dos casos de dengue em Minas Gerais com as variaacuteveis
meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas 2015 87- f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio Ambiente e
Recursos Hiacutedricos)-Universidade Federal de Itajubaacute 2015
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes aegypti que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue no
Brasil Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo Portanto o objetivo desse trabalho eacute avaliar a relaccedilatildeo de algumas
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas em diferentes municiacutepios de Minas Gerais no
periacuteodo de 2008 a 2012 com as notificaccedilotildees de dengue Foram coletadas informaccedilotildees sobre as
variaacuteveis meteoroloacutegicas precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e miacutenima do banco de dados do
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) sauacutede renda e escolaridade obtidas do
Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) as notificaccedilotildees por dengue do Sistema
de informaccedilotildees e agravos de notificaccedilotildees (SINAN) saneamento baacutesico e densidade
demograacutefica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Para esse estudo foram
realizadas anaacutelises multivariadas com o auxiacutelio do software Epi-Info 351 TM visando
identificar os melhores modelos para as notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais com o valor
de p lt 005 fundamentado no teste da razatildeo da maacutexima verossimilhanccedila Foi observado
atraveacutes da regressatildeo logiacutestica multivariada que trecircs variaacuteveis mostram-se frequentes nos anos
analisados e satildeo desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda (iacutendice de GINI) poucos
investimentos em sauacutede (CMI) e analfabetismo da populaccedilatildeo Outras variaacuteveis tambeacutem foram
importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e temperatura maacutexima
no veratildeo na regressatildeo de 2008 ndash 2007 renda meacutedia e precipitaccedilatildeo no veratildeo em 2009 ndash 2008
e a variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo em 2012 ndash 2011 Foi observado ainda que
municiacutepios com desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda com baixo investimento em sauacutede e
baixa escolaridade da populaccedilatildeo geral encontram-se expostos a maior forccedila de agravo de
notificaccedilatildeo quando comparados a condiccedilotildees mais favoraacuteveis Os dados obtidos com esse
trabalho revelam a necessidade na melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo com maiores
investimentos em sauacutede educaccedilatildeo e em medidas de combate agrave pobreza para reduzir a
desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda de forma que maiores investimentos em infraestrutura
e educaccedilatildeo e maior comprometimento da populaccedilatildeo para a erradicaccedilatildeo do inseto podem
auxiliar a reduccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo por dengue
Palavras-chave Epidemiologia ambiental Temperatura Precipitaccedilatildeo Renda Regressatildeo
logiacutestica
7
ABSTRACT
ALVES M A ARelationship of dengue cases in Minas Gerais with weather and
socioeconomic variables 201587f Dissertation (Masters in Environment and Water
Resources) Federal -University of Itajubaacute 2015
Dengue is a viral disease of tropical and subtropical regions that occurs due to temperature
and precipitation conditions necessary for the development of the mosquito Aedes aegypti
which is the intermediate host responsible for the transmission of dengue in Brazil Although
the environmental conditions are important for the replication of the virus and development of
Aedes aegypti the socioeconomic characteristics are also essential in the transmission of
dengue being linked to the way of life and the implementation of prevention methods
Therefore the aim of this study is to evaluate the relationship of some meteorological and
socioeconomic variables in different municipalities of Minas Gerais from 2008 to 2012 with
dengue notifications Information regarding meteorological variables were collected
precipitation maximum and minimum temperatures of the National Institute database of
Meteorology (INMET) health income and education obtained from the SUS Department of
Information (DATASUS) notifications by dengue information system and notifications of
injuries (SINAN) sanitation and population density of the Brazilian Institute of Geography
and Statistics (IBGE) For this study multivariate analyzes were performed with the Epi-Info
TM 351 software to identify the best models for dengue notifications in Minas Gerais with
the value of p lt005 based on maximum likelihood test of reason It was observed by
multivariate logistic regression three variables that show up frequently in the analyzed years
and are inequality in income distribution (Gini index) few investments in health (CMI) and
illiteracy of the population Other variables were also important such as precipitation in
winter precipitation in autumn and maximum temperature in summer the regression 2008 -
2007 middle-income and precipitation in summer in 2009 - 2008 and the variable minimum
temperature in the summer in 2012 - 2011 It was observed also that municipalities with
unequal distribution of income with low investment in health and low education of the
general population are exposed to greater notice of grievance strength when compared the
most favorable conditions The data obtained from this study reveal the need to improve the
populations quality of life with greater investments in health education and anti-poverty
measures to reduce inequality in income distribution so that greater investment in
infrastructure and education and greater involvement of the population to eradicate the insect
can help to reduce dengue notification strength
Keywords Environmental epidemiology Temperature Precipitation Income Logistic
regression
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti 20
Figura 2 Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul 27
Figura 3 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo
30
Figura 4 Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de
Cressman de 1998 a 2012
33
Figura 5 ldquoSeacuteries temporais da meacutedia mensal da temperatura miacutenima em
Janauacuteba latitude 15deg 48rsquo 13rdquo e longitude 43deg 19rsquo 3rdquo (a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo
43rdquo e longitude 44deg 59rsquo 59rdquo (b) no periacuteodo de 1998 a 2012
34
Figura 6 Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados
de estaccedilotildees de INMET da estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg
59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 na reanaacutelise ERA ndash Interim
35
Figura 7 Precipitaccedilatildeo em Minas Gerais 1998 a 2012 (INMET 40 estaccedilotildees + 43
pontos do GPCC)
43
Figura 8 Temperatura Miacutenima em MG 1998 a 2012 Fonte (INMET 40
estaccedilotildees + 57 pontos ERA Int)
45
Figura 9 Temperatura Maacutexima em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (INMET 40
estaccedilotildees + 57 pontos ERAInt)
47
Figura 10 Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos
de (a) 2008 (b) 2009 (c) 2010 (d) 2011 e (e) 2012
49
Figura 11 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepios de
Minas Gerais em 2008
50
Figura 12 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008 51
Figura 13 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2008 -2007
53
Figura 14 Estimativa da razatildeo de chance baseada nos valores de iacutendice de
GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre
os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
55
Figura 15 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais em 2009
56
9
Figura 16 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009 57
Figura 17 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2009- 2008
59
Figura 18 Estimativa da probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GNI
coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo geral e
precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2009
61
Figura 19 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais 2010
62
Figura 20 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010 63
Figura 21 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2010 - 2009
65
Figura 22 Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue
em Minas Gerais em 2010
66
Figura 23 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais em 2011
67
Figura 24 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 68
Figura 25 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2011-2010
70
Figura 26 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 71
Figura 27 Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre os casos de
dengue em Minas Gerais em 2011
72
Figura 28 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas
Gerais em 2012
73
Figura 29 Casos de notificaccedilatildeo por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012 74
Figura 30 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2012 ndash 2011
76
Figura 31 Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral e temperatura miacutenima no
veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2012
78
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo
PNCD 39
Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo 31
Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus
coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36
Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37
Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 52
Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53
Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 58
Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60
Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance
(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010
ndash 2009 64
Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65
Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011
69
Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
12
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
70
Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -
2011 75
Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76
13
LISTA DE SIGLAS
Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica
GINI Iacutendice de GINI
RM Renda meacutedia
BR Baixa Renda
TD Taxa de desemprego
CMI Coeficiente de mortalidade infantil
Analf G Analfabetismo Geral
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto
Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais
Lixo Coleta de lixo
Aacutegua Abastecimento de aacutegua
TMP Temperatura maacutexima primavera
TMV Temperatura maacutexima veratildeo
TMO Temperatura maacutexima outono
TMI Temperatura maacutexima inverno
TminP Temperatura miacutenima primavera
TminV Temperatura miacutenima veratildeo
TminO Temperatura miacutenima outono
TminI Temperatura miacutenima inverno
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo
Prec O Precipitaccedilatildeo outono
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno
ID Identificaccedilatildeo
14
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO16
2 OBJETIVOS17
21 Objetivo geral 17
22 Objetivos especiacuteficos 17
3 JUSTIFICATIVA18
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19
41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19
42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20
43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21
44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21
45 Accedilotildees de controle da dengue 22
46 Estudos da dengue no Brasil 22
47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24
48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25
49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28
51 Dados meteoroloacutegicos 28
52 Dados socioeconocircmicos 35
53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e
classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37
54 Organizaccedilatildeo dos dados 39
56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42
61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42
611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42
612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44
613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46
62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48
15
63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50
64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56
65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62
66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67
67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273
7 CONCLUSAtildeO79
REFEREcircNCIAS80
ANEXO A85
ANEXO B85
ANEXO C86
ANEXO D86
ANEXO E87
ANEXO F88
16
1 INTRODUCcedilAtildeO
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de
outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya
No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue
eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1
DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o
RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e
uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)
Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre
20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue
Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que
pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a
33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no
desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser
ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC
Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero
de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute
uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros
casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue
no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as
notificaccedilotildees por dengue no Estado
Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo
17
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas
Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de
mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas
Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com
base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)
Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no
periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue
(PNCD)
Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os
casos de dengue em Minas Gerais
18
3 JUSTIFICATIVA
Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando
rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate
agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos
de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir
os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em
relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades
apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as
caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a
particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais
agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados
agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores
19
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO
Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por
transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm
registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da
dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente
com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat
natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de
mosquitos Aedes sp
O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus
para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato
evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no
continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya
Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o
traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees
tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras
infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os
ciclos de urbanizaccedilatildeo
As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram
em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir
desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo
Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em
risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os
anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia
local
20
42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA
O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica
subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas
brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo
reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o
desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a
postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos
mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo
de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se
jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute
um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e
aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do
mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito
semanas
Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp
Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue
21
43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE
A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes
Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a
fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um
intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca
comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo
extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e
migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo
cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)
44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro
sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma
vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais
contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir
para as formas graves aumentam
A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as
consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs
os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue
hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da
doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees
dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias
A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas
inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou
quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele
hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica
pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os
sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo
surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode
levar agrave morte
22
45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE
Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem
adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como
o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a
erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes
de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees
Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o
controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria
O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se
acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta
reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos
estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a
resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas
O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e
evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de
situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A
participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os
domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros
46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL
A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A
compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de
combate mais eficaz
Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio
de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa
municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional
densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional
proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de
populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual
de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a
quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza
23
percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento
percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e
quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo
por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-
demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho
Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de
significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As
variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e
percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com
melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de
dengue na epidemia de 2002
No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -
SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e
agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e
anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de
instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres
analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em
quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos
niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue
foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o
periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu
um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total
apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis
socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos
Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash
SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo
sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica
definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis
selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios
percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo
nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo
percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes
com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior
completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de
24
chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre
trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-
miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade
porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as
variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um
agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel
observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias
e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da
estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram
chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto
niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel
meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de
moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o
coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De
modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro
unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou
correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue
47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A
DENGUE
Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura
(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a
dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As
variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e
umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o
risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na
Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro
e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio
Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido
a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo
foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas
25
maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti
no periacuteodo do outono
Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no
desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da
populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que
sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada
duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC
Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias
de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro
Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de
comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos
de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que
essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos
48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM
A DENGUE
As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e
dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos
de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define
sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de
saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a
proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como
indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis
socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo
Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo
geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se
acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor
controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as
mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo
encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)
Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE
(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o
26
rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego
que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo
procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a
reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo
de total desigualdade (ISHITANI et al2006)
Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero
de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar
um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da
populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de
sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento
baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a
qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida
A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi
incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito
proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior
facilidade
Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura
maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e
socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia
de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais
49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui
uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em
20734097 habitantes
Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas
Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as
27
chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de
Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)
A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-
sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores
contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos
Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico
Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute
um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste
em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do
oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul
do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua
de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da
precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA
et al 2014)
Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de
2010 Fonte Reboita et al (2012)
28
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)
que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e
avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores
ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado
de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e
socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de
notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas
Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por
dengue dos municiacutepios de Minas Gerais
Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de
regiotildees de alta incidecircncia de dengue
Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o
programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)
51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)
Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura
miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48
estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais
selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram
usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar
informaccedilotildees mais completas para esses anos
Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um
processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi
a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles
29
valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por
exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados
errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na
estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a
diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS
2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo
N= Q98 + 3 IQR (1)
onde Q98 eacute o percentil de 98
Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que
foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero
Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et
al 2012)
N= Q75 plusmn 3 IQR (2)
Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses
intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos
tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que
na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees
proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado
Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo
entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as
maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da
identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que
apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis
analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees
meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na
Tabela 1
Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram
menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto
eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo
meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse
30
coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva
e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram
falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo
considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento
foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)
Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo
31
Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1
Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo
___________________________________________________________________________
ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)
1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274
2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289
3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361
4 Arinos 83384 -1591 -4605 519
5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127
6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126
7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915
8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695
9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652
10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150
11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318
12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206
13 Curvelo 83536 1875 -4445 672
14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612
15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835
16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964
17 Formoso 83334 -1493 -4625 840
18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367
19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097
20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560
21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516
22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371
23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036
24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996
25 Juramento 83452 -1678 -4371 650
26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884
27 Machado 83683 -2166 -4591 87335
28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452
29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629
30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712
31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028
32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891
33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224
34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091
35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132
36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532
37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732
38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737
39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460
40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973
32
Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura
espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees
Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias
ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria
dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de
uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto
(ZIMERMANN et al 2012)
A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman
tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse
problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da
reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas
variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude
Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de
grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas
Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas
estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois
pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da
temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim
e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute
bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial
das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo
utilizar valores discrepantes
33
a) b)
c) d)
e)
Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)
veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual
34
ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e
longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na
reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)
Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do
Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x
1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo
(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o
preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA
2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com
dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096
35
Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da
estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e
do INMET (azul)
Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais
das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram
fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada
52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS
Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda
escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas
as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os
dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte
para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de
risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de
corte utilizados podem ser visualizados no anexo
As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um
banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os
resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os
significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2
36
Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos
dados
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo Variaacutevel Fonte
DD Densidade demograacutefica IBGE
Renda
GINI Iacutendice de GINI DATASUS
RM Renda meacutedia DATASUS
BR Baixa Renda DATASUS
TD Taxa de desemprego DATASUS
Sauacutede
CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS
Escolaridade
Analf G Analfabetismo Geral DATASUS
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS
Analf 2
Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo
incompleto DATASUS
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS
Saneamento baacutesico
Lixo Coleta de lixo IBGE
Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE
Variaacuteveis meteoroloacutegicas
TMP Temperatura maacutexima primavera INMET
TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET
TMO Temperatura maacutexima outono INMET
TMI Temperatura maacutexima inverno INMET
TminP Temperatura miacutenima primavera INMET
TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET
TminO Temperatura miacutenima outono INMET
TminI Temperatura miacutenima inverno INMET
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET
Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET
37
Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo da
Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo
RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1
gt mediana 0
GINI Se a desigualdade for gt mediana 1
mediana 0
BR Se a baixa renda for ge mediana 1
lt mediana 0
TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1
ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0
Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1
fundamental completo ou 2ordm ciclo
incompleto for mediana 0
Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0
2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1
DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1
mediana 0
CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1
lt 20 permil 0
53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA
Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas
Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de
2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por
ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de
morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de
morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)
38
x 100000 habitantes
(3)
( ) notificaccedilotildees
(4)
onde
Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada
CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes
(5)
Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio
possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com
municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0
Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais
Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado
utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do
Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas
do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)
39
Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________
54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS
O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam
a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de
MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas
devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as
cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama
Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute
da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo
Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de
desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso
esse trabalho foi realizado com 720 cidades
Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas
e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007
2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue
iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte
Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas
foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de
desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave
inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar
incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental
Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia
(por 100000 habitantes)
Baixa incidecircncia 100
Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300
Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300
40
completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O
motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010
56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA
A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma
variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa
duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes
atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem
se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os
dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os
valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)
( )
(6)
Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do
valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance
fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)
(
)
(7)
Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da
verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance
(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma
estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1
41
Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila
chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito
(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel
dependente fica representada pela foacutermula
( )
( )
(8)
Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM
(CDC 2008)
As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de
p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise
forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das
variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou
igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW
1989)
42
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA
611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM
MINAS GERAIS
Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no
inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e
no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de
Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das
explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para
leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa
umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de
monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno
com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do
continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo
43
a) b)
c) d)
e)
Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
44
612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA
MIacuteNIMA EM MG
Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo
variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma
regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de
MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais
frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de
10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a
predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em
todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a
22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo
mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste
apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no
veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de
Souza et al (2006)
45
a) b)
c) d)
e)
Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
46
613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS
MAacuteXIMAS EM MG
A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com
a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores
altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras
aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute
no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no
leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente
47
a) b)
c) d)
e)
Figura 9 - Temperatura maacutexima (o
C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)
primavera (e) meacutedia anual
48
62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG
As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser
visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo
central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos
mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se
tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees
No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a
classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD
Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais
___________________________________________________________________________
Ano 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183
Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia
49
a) 2008 b) 2009
c) 2010 d) 2011
e) 2012
Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)
2010 (d) 2011 e (e) 2012
50
63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008
De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades
com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas
com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da
Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de
dengue
Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008
A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na
Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores
notificaccedilotildees em abril
51
Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4
com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se
hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis
explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2008
52
Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de
p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 073 050 - 108 0119
GINI 045 030 - 067 0001
CMI 374 249 - 559 lt0001
Prec I 099 098 - 100 0160
Prec O 100 099 - 101 0059
TD 156 106 -230 0023
TminP 107 095 - 121 0202
TminV 124 105 - 147 0009
TMO 123 105 - 144 0009
TMV 117 104 -133 0007
BR 097 066 - 145 0919
Prec P 099 099 - 100 0782
Prec V 100 099 -100 0984
RM 122 082 -182 0313
TMI 099 089 - 112 0977
TminI 102 094 - 112 0509
TminO 103 089 - 119 0684
TMP 103 094 -113 0487
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI
coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono
temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem
significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13
53
Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007
Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007
____________________________________________________________________________
A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de
GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de
dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil
(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da
populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI -09422 038 025 - 060
CMI 13098 37 242 - 566
Prec I -00185 098 096 - 099
Prec O 00121 101 100 - 102
TMV 02957 134 116 -154
Constante -96745
CMI
P lt 0001
TMV
P lt 0001
GINI
P lt 0001
Prec I
P= 0006
Prec O
P= 0003
54
vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais
favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue
tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com
menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo
comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um
risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse
valor
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +
02957(TMV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade
(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e
temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8
foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14
55
Legenda
_________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio
A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0)
Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem
permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana
para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso
verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm
0
02
04
06
08
1
12
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
()
Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)
a
b
c
d
A
B
D
C
56
maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio
mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem
apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a
notificaccedilatildeo
64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009
Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de
notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees
atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas
Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15
Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009
O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no
mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16
57
Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o
resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em
verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2009
58
Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores
de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
BR 288 190 - 437 lt0001
GINI 286 189-433 lt0001
Prec O 099 098- 099 00001
Prec P 100 100-101 00085
Prec V 099 099-100 00603
CMI 782 496- 1235 lt0001
TD 075 050 -112 01692
TminO 115 098 -134 00728
TminV 116 098-137 00665
TMO 112 097- 129 00979
TMV 117 101 -136 00279
Analf G 367 241 -559 lt0001
RM 403 263-616 lt0001
Prec I 099 098 -100 03264
TMI 101 090 - 112 08337
TminI 103 093 - 115 05150
TminP 099 088-111 09688
TMP 103 095 - 111 04249
59
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda
meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A
ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta
os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das
variaacuteveis explanatoacuterias
Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008
GINI
p lt 0001
Prec V
P= 00358
Analf G
P =00044
CMI
plt 0001
RM
P = 00008
60
Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008
_________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI 14027 406 230 - 716
RM 12552 350 168 - 728
Analf G 11075 302 141- 648
CMI 17819 594 358- 985
Prec V 00042 100 099 -100
Constante -37863
Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco
para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594
vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com
menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350
analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042
(PrecV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)
renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo
de interferir nos casos de dengue no Estado
61
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
__________________________________________________________________________
Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em
2009
000
020
040
060
080
100
120
0 200 400 600
Pro
bab
ilid
ade
(
)
Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)
a
b
c
d
A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima
da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
A
B
C
D
62
A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede
com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com
maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias
65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010
No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero
de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de
morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos
para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes
principalmente nas regiotildees norte e sul
Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010
63
Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado
superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na
Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na
primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono
tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise
Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2010
64
Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC
95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue
no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Prec V 099 099 - 1000 0103
CMI 5459 3847 - 7746 lt0001
TD 077 056 - 1069 0121
TminO 1143 1009 - 1296 0034
TminV 1178 1026- 1352 0020
TMO 108 099 -119 0069
TMP 1075 098 - 1178 0122
Analf G 2956 2122- 4119 lt0001
Gini 029 0211 - 041 lt0001
Prec I 099 0984 - 1002 0153
RM 3193 2288- 4455 lt0001
BR 2275 1641- 3152 lt0001
Prec P 099 099 -100 0532
Prec O 099 099 - 1002 0467
As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou
valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na
Figura 21
65
Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009
Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009
_____________________________________________________________________________
Variaacuteveis
explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)
CMI 15151 454 312-663
Analf G 13218 375 251-559
GINI -14487 023 015-035
Constante -07489
O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como
fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores
menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil
Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as
chances de apresentar casos de dengue
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)
ANALF G
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
66
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de
mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue
no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
_________________________________________________________________________
A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana
(1)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
F
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
67
Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da
mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a
probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a
90
66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011
Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602
municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas
as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano
Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011
Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril
e maio (Figura 24)
68
Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011
A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis
analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis
saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo
Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2011
Notificaccedilotildees por dengue em 2011
69
Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011 _________________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
AnalfG 367 254 - 532 lt0001
BR 288 2 - 413 lt0001
GINI 030 021- 044 lt0001
Prec I 101 099-102 0177
Prec O 099 099-100 0131
Prec P 099 099 -101 0043
Prec V 099 099 -100 lt0001
RM 417 287-606 lt0001
CMI 905 6 - 1363 lt0001
TD 080 056-114 0227
TminI 105 097- 113 0223
TminO 113 099-128 0051
TminP 115 103-128 0012
TMO 116 102-132 0020
TMP 104 097-112 0199
TMV 117 107-130 lt0001
Analf1 103 098-108 0162
Analf2 106 102 - 110 lt0001
Aacutegua 116 081-165 0395
DD 100 099-100 0827
Lixo 109 076-155 0622
TMI 098 090-107 0761
TminV 107 094-123 0275
Analf3 099 097-101 0463
70
A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na
Figura 25
Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente
RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias
Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 15301 461 289 - 735
GINI -14098 024 015 - 038
CMI 20253 757 486 - 1180
Constante -09603
Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator
de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o
analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo
461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil
ANALF G
p lt 0001
GINI
p lt 0001
CMI
p lt 0001
71
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
72
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
___________________________________________________________________________
Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
D
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
F
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
73
Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de
mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram
aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27
67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012
Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da
Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e
alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta
Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012
Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas
aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000
74
Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012
A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que
foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das
caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2012
Notificaccedilotildees por dengue em 2012
75
Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 235 158-350 lt0001
BR 237 160-351 lt0001
GINI 030 020-045 lt0001
Prec I 098 096-100 0209
RM 341 228-51 lt0001
CMI 606 397-923 lt0001
TD 076 052-111 01667
Tmin I 107 096-119 01823
Tmin O 119 101-141 00335
Tmin P 115 100-131 00417
Tmin V 125 102-152 00247
TMV 120 103-140 00144
Prec O 099 099-100 0608
Prec P 099 099-100 0583
Prec V 099 099-100 0516
TMI 103 093-113 0527
TMP 101 093-110 0709
O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo
76
geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo
Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30
Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011
Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011
_____________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 07539 212 129 - 348
GINI -13120 026 016 - 042
CMI 16465 518 33 - 814
Tmin V 02280 125 098 - 159
Constante -51829
O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior
desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As
demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura
ANALF G
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
TMV
p = 005
P
77
miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios
com valores menores que os descritos
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
78
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
_________________________________________________________________________
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012
A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de
desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e
analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por
dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de
notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se
de 40degC
000
020
040
060
080
100
120
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
Temperatura miacutenima no veratildeo
a
b
c
d
A
B
D
C
79
7 CONCLUSAtildeO
Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de
dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas
Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012
A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo
os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram
nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais
Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual
quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como
significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do
agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo
no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo
correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser
significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo
2012 ndash 2011
Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia
de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede
que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza
visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo
apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de
temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com
temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais
Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com
amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para
comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado
classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o
intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo
80
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85
ANEXOS
Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007
_____________________________________________________________
Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008
________________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 437727
GINI 0504
BR 47484
TD 7532
Analf G 13035
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 470625
GINI 0490
BR 39550
TD 6341
Analf G 11685
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
86
Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009
________________________________________________________________
Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010
_______________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 472850
GINI 0483
BR 40505
TD 5795
Analf G 11700
Analf 1 5390
Analf 2 12430
Analf 3 74670
DD 24070
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 461944
GINI 0490
BR 42673
TD 6255
Analf G 12095
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
87
Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011
___________________________________________________________________________
Variaacuteveis Valor de corte
RM 500751
GINI 0482
BR 35734
TD 5732
Analf G 1071
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
88
ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo
1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106
2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057
3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107
4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -
018
5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128
6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118
7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07
8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095
9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099
10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106
11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11
12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063
13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076
14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111
15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103
16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101
17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099
18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109
19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103
20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104
21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102
22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112
Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios
3
DEDICATOacuteRIA
A Deus por me permitir concluir esta etapa e manter- me perseverante nessa jornada
Aos meus pais Sebastiatildeo (em memoacuteria) e minha matildee Maria Bernadete
A pessoa que me deu coragem para prosseguir minha filha Joyce
Ao apoio da pessoa especial que tenho ao meu lado meu namorado Maacutercio
Ao meu primo Esmeraldo
4
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo a Deus por sua presenccedila em minha vida manifestada nas pessoas que foram
tatildeo importantes na realizaccedilatildeo desse trabalho e por essa oportunidade de conclusatildeo do
mestrado
A minha filha Joyce pelo seu amor incondicional que me fortalece e que me deu
coragem para que eu natildeo desistisse
A minha orientadora Profordf Drordf Michelle Reboita por conduzir-me com carinho
dedicaccedilatildeo e incentivo
Ao Professor Luiz Felipe Silva pela atenccedilatildeo amizade e disponibilidade em esclarecer
minhas duacutevidas
Ao meu primo Esmeraldo que em busca de novas conquistas para si abriu um novo
caminho para mim
Ao meu namorado Maacutercio pelo apoio em minha jornada ateacute aqui e pela felicidade de
tecirc-lo ao meu lado
A minha matildee Bernadete por ser essa mulher maravilhosa e admiraacutevel que sempre me
daacute forccedilas nos momentos difiacuteceis
Agradeccedilo tambeacutem aos amigos Reginaldo Thiago Carla Cristina Mendes Andreacuteia
Vitorino Dona Ronilda e demais amigas de curso que me proporcionaram tanta alegria
durante esses anos
Obrigada a todos que me apoiaram e que entraram em minha vida pela graccedila de Deus
e mantiveram o sorriso em meu rosto
A CAPES pela bolsa de estudos pois sem este recurso financeiro natildeo seria possiacutevel
dedicar-me exclusivamente ao desenvolvimento dessa pesquisa
A todos meus sinceros agradecimentos
5
Natildeo haacute ceacuteu sem tempestade nem caminhos sem acidentes Natildeo tenha medo da vida tenha
medo de natildeo vivecirc-la intensamente
Augusto Cury
6
RESUMO
ALVES M A A Relaccedilatildeo dos casos de dengue em Minas Gerais com as variaacuteveis
meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas 2015 87- f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio Ambiente e
Recursos Hiacutedricos)-Universidade Federal de Itajubaacute 2015
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes aegypti que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue no
Brasil Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo Portanto o objetivo desse trabalho eacute avaliar a relaccedilatildeo de algumas
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas em diferentes municiacutepios de Minas Gerais no
periacuteodo de 2008 a 2012 com as notificaccedilotildees de dengue Foram coletadas informaccedilotildees sobre as
variaacuteveis meteoroloacutegicas precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e miacutenima do banco de dados do
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) sauacutede renda e escolaridade obtidas do
Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) as notificaccedilotildees por dengue do Sistema
de informaccedilotildees e agravos de notificaccedilotildees (SINAN) saneamento baacutesico e densidade
demograacutefica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Para esse estudo foram
realizadas anaacutelises multivariadas com o auxiacutelio do software Epi-Info 351 TM visando
identificar os melhores modelos para as notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais com o valor
de p lt 005 fundamentado no teste da razatildeo da maacutexima verossimilhanccedila Foi observado
atraveacutes da regressatildeo logiacutestica multivariada que trecircs variaacuteveis mostram-se frequentes nos anos
analisados e satildeo desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda (iacutendice de GINI) poucos
investimentos em sauacutede (CMI) e analfabetismo da populaccedilatildeo Outras variaacuteveis tambeacutem foram
importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e temperatura maacutexima
no veratildeo na regressatildeo de 2008 ndash 2007 renda meacutedia e precipitaccedilatildeo no veratildeo em 2009 ndash 2008
e a variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo em 2012 ndash 2011 Foi observado ainda que
municiacutepios com desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda com baixo investimento em sauacutede e
baixa escolaridade da populaccedilatildeo geral encontram-se expostos a maior forccedila de agravo de
notificaccedilatildeo quando comparados a condiccedilotildees mais favoraacuteveis Os dados obtidos com esse
trabalho revelam a necessidade na melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo com maiores
investimentos em sauacutede educaccedilatildeo e em medidas de combate agrave pobreza para reduzir a
desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda de forma que maiores investimentos em infraestrutura
e educaccedilatildeo e maior comprometimento da populaccedilatildeo para a erradicaccedilatildeo do inseto podem
auxiliar a reduccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo por dengue
Palavras-chave Epidemiologia ambiental Temperatura Precipitaccedilatildeo Renda Regressatildeo
logiacutestica
7
ABSTRACT
ALVES M A ARelationship of dengue cases in Minas Gerais with weather and
socioeconomic variables 201587f Dissertation (Masters in Environment and Water
Resources) Federal -University of Itajubaacute 2015
Dengue is a viral disease of tropical and subtropical regions that occurs due to temperature
and precipitation conditions necessary for the development of the mosquito Aedes aegypti
which is the intermediate host responsible for the transmission of dengue in Brazil Although
the environmental conditions are important for the replication of the virus and development of
Aedes aegypti the socioeconomic characteristics are also essential in the transmission of
dengue being linked to the way of life and the implementation of prevention methods
Therefore the aim of this study is to evaluate the relationship of some meteorological and
socioeconomic variables in different municipalities of Minas Gerais from 2008 to 2012 with
dengue notifications Information regarding meteorological variables were collected
precipitation maximum and minimum temperatures of the National Institute database of
Meteorology (INMET) health income and education obtained from the SUS Department of
Information (DATASUS) notifications by dengue information system and notifications of
injuries (SINAN) sanitation and population density of the Brazilian Institute of Geography
and Statistics (IBGE) For this study multivariate analyzes were performed with the Epi-Info
TM 351 software to identify the best models for dengue notifications in Minas Gerais with
the value of p lt005 based on maximum likelihood test of reason It was observed by
multivariate logistic regression three variables that show up frequently in the analyzed years
and are inequality in income distribution (Gini index) few investments in health (CMI) and
illiteracy of the population Other variables were also important such as precipitation in
winter precipitation in autumn and maximum temperature in summer the regression 2008 -
2007 middle-income and precipitation in summer in 2009 - 2008 and the variable minimum
temperature in the summer in 2012 - 2011 It was observed also that municipalities with
unequal distribution of income with low investment in health and low education of the
general population are exposed to greater notice of grievance strength when compared the
most favorable conditions The data obtained from this study reveal the need to improve the
populations quality of life with greater investments in health education and anti-poverty
measures to reduce inequality in income distribution so that greater investment in
infrastructure and education and greater involvement of the population to eradicate the insect
can help to reduce dengue notification strength
Keywords Environmental epidemiology Temperature Precipitation Income Logistic
regression
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti 20
Figura 2 Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul 27
Figura 3 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo
30
Figura 4 Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de
Cressman de 1998 a 2012
33
Figura 5 ldquoSeacuteries temporais da meacutedia mensal da temperatura miacutenima em
Janauacuteba latitude 15deg 48rsquo 13rdquo e longitude 43deg 19rsquo 3rdquo (a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo
43rdquo e longitude 44deg 59rsquo 59rdquo (b) no periacuteodo de 1998 a 2012
34
Figura 6 Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados
de estaccedilotildees de INMET da estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg
59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 na reanaacutelise ERA ndash Interim
35
Figura 7 Precipitaccedilatildeo em Minas Gerais 1998 a 2012 (INMET 40 estaccedilotildees + 43
pontos do GPCC)
43
Figura 8 Temperatura Miacutenima em MG 1998 a 2012 Fonte (INMET 40
estaccedilotildees + 57 pontos ERA Int)
45
Figura 9 Temperatura Maacutexima em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (INMET 40
estaccedilotildees + 57 pontos ERAInt)
47
Figura 10 Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos
de (a) 2008 (b) 2009 (c) 2010 (d) 2011 e (e) 2012
49
Figura 11 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepios de
Minas Gerais em 2008
50
Figura 12 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008 51
Figura 13 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2008 -2007
53
Figura 14 Estimativa da razatildeo de chance baseada nos valores de iacutendice de
GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre
os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
55
Figura 15 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais em 2009
56
9
Figura 16 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009 57
Figura 17 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2009- 2008
59
Figura 18 Estimativa da probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GNI
coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo geral e
precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2009
61
Figura 19 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais 2010
62
Figura 20 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010 63
Figura 21 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2010 - 2009
65
Figura 22 Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue
em Minas Gerais em 2010
66
Figura 23 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais em 2011
67
Figura 24 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 68
Figura 25 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2011-2010
70
Figura 26 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 71
Figura 27 Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre os casos de
dengue em Minas Gerais em 2011
72
Figura 28 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas
Gerais em 2012
73
Figura 29 Casos de notificaccedilatildeo por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012 74
Figura 30 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2012 ndash 2011
76
Figura 31 Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral e temperatura miacutenima no
veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2012
78
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo
PNCD 39
Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo 31
Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus
coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36
Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37
Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 52
Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53
Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 58
Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60
Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance
(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010
ndash 2009 64
Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65
Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011
69
Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
12
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
70
Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -
2011 75
Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76
13
LISTA DE SIGLAS
Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica
GINI Iacutendice de GINI
RM Renda meacutedia
BR Baixa Renda
TD Taxa de desemprego
CMI Coeficiente de mortalidade infantil
Analf G Analfabetismo Geral
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto
Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais
Lixo Coleta de lixo
Aacutegua Abastecimento de aacutegua
TMP Temperatura maacutexima primavera
TMV Temperatura maacutexima veratildeo
TMO Temperatura maacutexima outono
TMI Temperatura maacutexima inverno
TminP Temperatura miacutenima primavera
TminV Temperatura miacutenima veratildeo
TminO Temperatura miacutenima outono
TminI Temperatura miacutenima inverno
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo
Prec O Precipitaccedilatildeo outono
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno
ID Identificaccedilatildeo
14
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO16
2 OBJETIVOS17
21 Objetivo geral 17
22 Objetivos especiacuteficos 17
3 JUSTIFICATIVA18
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19
41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19
42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20
43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21
44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21
45 Accedilotildees de controle da dengue 22
46 Estudos da dengue no Brasil 22
47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24
48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25
49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28
51 Dados meteoroloacutegicos 28
52 Dados socioeconocircmicos 35
53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e
classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37
54 Organizaccedilatildeo dos dados 39
56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42
61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42
611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42
612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44
613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46
62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48
15
63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50
64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56
65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62
66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67
67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273
7 CONCLUSAtildeO79
REFEREcircNCIAS80
ANEXO A85
ANEXO B85
ANEXO C86
ANEXO D86
ANEXO E87
ANEXO F88
16
1 INTRODUCcedilAtildeO
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de
outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya
No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue
eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1
DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o
RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e
uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)
Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre
20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue
Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que
pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a
33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no
desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser
ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC
Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero
de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute
uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros
casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue
no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as
notificaccedilotildees por dengue no Estado
Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo
17
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas
Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de
mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas
Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com
base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)
Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no
periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue
(PNCD)
Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os
casos de dengue em Minas Gerais
18
3 JUSTIFICATIVA
Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando
rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate
agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos
de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir
os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em
relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades
apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as
caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a
particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais
agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados
agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores
19
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO
Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por
transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm
registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da
dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente
com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat
natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de
mosquitos Aedes sp
O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus
para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato
evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no
continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya
Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o
traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees
tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras
infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os
ciclos de urbanizaccedilatildeo
As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram
em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir
desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo
Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em
risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os
anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia
local
20
42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA
O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica
subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas
brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo
reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o
desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a
postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos
mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo
de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se
jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute
um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e
aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do
mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito
semanas
Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp
Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue
21
43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE
A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes
Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a
fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um
intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca
comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo
extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e
migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo
cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)
44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro
sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma
vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais
contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir
para as formas graves aumentam
A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as
consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs
os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue
hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da
doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees
dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias
A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas
inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou
quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele
hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica
pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os
sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo
surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode
levar agrave morte
22
45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE
Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem
adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como
o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a
erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes
de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees
Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o
controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria
O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se
acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta
reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos
estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a
resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas
O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e
evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de
situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A
participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os
domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros
46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL
A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A
compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de
combate mais eficaz
Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio
de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa
municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional
densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional
proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de
populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual
de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a
quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza
23
percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento
percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e
quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo
por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-
demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho
Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de
significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As
variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e
percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com
melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de
dengue na epidemia de 2002
No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -
SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e
agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e
anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de
instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres
analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em
quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos
niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue
foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o
periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu
um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total
apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis
socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos
Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash
SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo
sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica
definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis
selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios
percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo
nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo
percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes
com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior
completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de
24
chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre
trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-
miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade
porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as
variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um
agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel
observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias
e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da
estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram
chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto
niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel
meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de
moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o
coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De
modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro
unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou
correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue
47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A
DENGUE
Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura
(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a
dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As
variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e
umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o
risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na
Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro
e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio
Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido
a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo
foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas
25
maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti
no periacuteodo do outono
Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no
desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da
populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que
sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada
duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC
Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias
de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro
Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de
comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos
de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que
essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos
48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM
A DENGUE
As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e
dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos
de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define
sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de
saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a
proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como
indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis
socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo
Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo
geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se
acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor
controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as
mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo
encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)
Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE
(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o
26
rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego
que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo
procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a
reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo
de total desigualdade (ISHITANI et al2006)
Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero
de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar
um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da
populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de
sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento
baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a
qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida
A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi
incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito
proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior
facilidade
Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura
maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e
socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia
de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais
49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui
uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em
20734097 habitantes
Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas
Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as
27
chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de
Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)
A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-
sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores
contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos
Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico
Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute
um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste
em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do
oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul
do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua
de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da
precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA
et al 2014)
Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de
2010 Fonte Reboita et al (2012)
28
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)
que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e
avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores
ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado
de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e
socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de
notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas
Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por
dengue dos municiacutepios de Minas Gerais
Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de
regiotildees de alta incidecircncia de dengue
Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o
programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)
51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)
Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura
miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48
estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais
selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram
usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar
informaccedilotildees mais completas para esses anos
Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um
processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi
a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles
29
valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por
exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados
errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na
estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a
diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS
2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo
N= Q98 + 3 IQR (1)
onde Q98 eacute o percentil de 98
Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que
foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero
Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et
al 2012)
N= Q75 plusmn 3 IQR (2)
Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses
intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos
tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que
na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees
proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado
Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo
entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as
maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da
identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que
apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis
analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees
meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na
Tabela 1
Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram
menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto
eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo
meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse
30
coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva
e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram
falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo
considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento
foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)
Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo
31
Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1
Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo
___________________________________________________________________________
ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)
1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274
2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289
3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361
4 Arinos 83384 -1591 -4605 519
5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127
6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126
7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915
8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695
9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652
10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150
11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318
12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206
13 Curvelo 83536 1875 -4445 672
14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612
15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835
16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964
17 Formoso 83334 -1493 -4625 840
18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367
19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097
20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560
21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516
22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371
23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036
24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996
25 Juramento 83452 -1678 -4371 650
26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884
27 Machado 83683 -2166 -4591 87335
28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452
29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629
30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712
31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028
32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891
33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224
34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091
35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132
36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532
37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732
38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737
39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460
40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973
32
Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura
espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees
Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias
ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria
dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de
uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto
(ZIMERMANN et al 2012)
A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman
tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse
problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da
reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas
variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude
Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de
grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas
Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas
estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois
pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da
temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim
e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute
bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial
das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo
utilizar valores discrepantes
33
a) b)
c) d)
e)
Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)
veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual
34
ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e
longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na
reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)
Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do
Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x
1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo
(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o
preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA
2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com
dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096
35
Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da
estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e
do INMET (azul)
Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais
das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram
fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada
52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS
Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda
escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas
as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os
dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte
para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de
risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de
corte utilizados podem ser visualizados no anexo
As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um
banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os
resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os
significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2
36
Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos
dados
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo Variaacutevel Fonte
DD Densidade demograacutefica IBGE
Renda
GINI Iacutendice de GINI DATASUS
RM Renda meacutedia DATASUS
BR Baixa Renda DATASUS
TD Taxa de desemprego DATASUS
Sauacutede
CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS
Escolaridade
Analf G Analfabetismo Geral DATASUS
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS
Analf 2
Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo
incompleto DATASUS
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS
Saneamento baacutesico
Lixo Coleta de lixo IBGE
Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE
Variaacuteveis meteoroloacutegicas
TMP Temperatura maacutexima primavera INMET
TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET
TMO Temperatura maacutexima outono INMET
TMI Temperatura maacutexima inverno INMET
TminP Temperatura miacutenima primavera INMET
TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET
TminO Temperatura miacutenima outono INMET
TminI Temperatura miacutenima inverno INMET
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET
Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET
37
Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo da
Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo
RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1
gt mediana 0
GINI Se a desigualdade for gt mediana 1
mediana 0
BR Se a baixa renda for ge mediana 1
lt mediana 0
TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1
ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0
Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1
fundamental completo ou 2ordm ciclo
incompleto for mediana 0
Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0
2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1
DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1
mediana 0
CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1
lt 20 permil 0
53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA
Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas
Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de
2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por
ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de
morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de
morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)
38
x 100000 habitantes
(3)
( ) notificaccedilotildees
(4)
onde
Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada
CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes
(5)
Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio
possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com
municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0
Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais
Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado
utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do
Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas
do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)
39
Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________
54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS
O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam
a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de
MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas
devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as
cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama
Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute
da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo
Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de
desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso
esse trabalho foi realizado com 720 cidades
Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas
e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007
2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue
iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte
Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas
foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de
desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave
inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar
incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental
Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia
(por 100000 habitantes)
Baixa incidecircncia 100
Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300
Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300
40
completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O
motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010
56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA
A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma
variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa
duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes
atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem
se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os
dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os
valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)
( )
(6)
Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do
valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance
fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)
(
)
(7)
Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da
verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance
(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma
estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1
41
Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila
chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito
(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel
dependente fica representada pela foacutermula
( )
( )
(8)
Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM
(CDC 2008)
As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de
p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise
forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das
variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou
igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW
1989)
42
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA
611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM
MINAS GERAIS
Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no
inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e
no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de
Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das
explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para
leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa
umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de
monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno
com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do
continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo
43
a) b)
c) d)
e)
Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
44
612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA
MIacuteNIMA EM MG
Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo
variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma
regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de
MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais
frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de
10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a
predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em
todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a
22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo
mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste
apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no
veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de
Souza et al (2006)
45
a) b)
c) d)
e)
Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
46
613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS
MAacuteXIMAS EM MG
A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com
a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores
altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras
aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute
no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no
leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente
47
a) b)
c) d)
e)
Figura 9 - Temperatura maacutexima (o
C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)
primavera (e) meacutedia anual
48
62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG
As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser
visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo
central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos
mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se
tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees
No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a
classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD
Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais
___________________________________________________________________________
Ano 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183
Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia
49
a) 2008 b) 2009
c) 2010 d) 2011
e) 2012
Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)
2010 (d) 2011 e (e) 2012
50
63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008
De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades
com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas
com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da
Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de
dengue
Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008
A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na
Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores
notificaccedilotildees em abril
51
Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4
com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se
hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis
explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2008
52
Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de
p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 073 050 - 108 0119
GINI 045 030 - 067 0001
CMI 374 249 - 559 lt0001
Prec I 099 098 - 100 0160
Prec O 100 099 - 101 0059
TD 156 106 -230 0023
TminP 107 095 - 121 0202
TminV 124 105 - 147 0009
TMO 123 105 - 144 0009
TMV 117 104 -133 0007
BR 097 066 - 145 0919
Prec P 099 099 - 100 0782
Prec V 100 099 -100 0984
RM 122 082 -182 0313
TMI 099 089 - 112 0977
TminI 102 094 - 112 0509
TminO 103 089 - 119 0684
TMP 103 094 -113 0487
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI
coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono
temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem
significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13
53
Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007
Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007
____________________________________________________________________________
A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de
GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de
dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil
(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da
populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI -09422 038 025 - 060
CMI 13098 37 242 - 566
Prec I -00185 098 096 - 099
Prec O 00121 101 100 - 102
TMV 02957 134 116 -154
Constante -96745
CMI
P lt 0001
TMV
P lt 0001
GINI
P lt 0001
Prec I
P= 0006
Prec O
P= 0003
54
vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais
favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue
tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com
menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo
comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um
risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse
valor
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +
02957(TMV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade
(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e
temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8
foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14
55
Legenda
_________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio
A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0)
Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem
permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana
para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso
verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm
0
02
04
06
08
1
12
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
()
Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)
a
b
c
d
A
B
D
C
56
maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio
mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem
apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a
notificaccedilatildeo
64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009
Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de
notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees
atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas
Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15
Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009
O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no
mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16
57
Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o
resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em
verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2009
58
Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores
de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
BR 288 190 - 437 lt0001
GINI 286 189-433 lt0001
Prec O 099 098- 099 00001
Prec P 100 100-101 00085
Prec V 099 099-100 00603
CMI 782 496- 1235 lt0001
TD 075 050 -112 01692
TminO 115 098 -134 00728
TminV 116 098-137 00665
TMO 112 097- 129 00979
TMV 117 101 -136 00279
Analf G 367 241 -559 lt0001
RM 403 263-616 lt0001
Prec I 099 098 -100 03264
TMI 101 090 - 112 08337
TminI 103 093 - 115 05150
TminP 099 088-111 09688
TMP 103 095 - 111 04249
59
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda
meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A
ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta
os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das
variaacuteveis explanatoacuterias
Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008
GINI
p lt 0001
Prec V
P= 00358
Analf G
P =00044
CMI
plt 0001
RM
P = 00008
60
Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008
_________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI 14027 406 230 - 716
RM 12552 350 168 - 728
Analf G 11075 302 141- 648
CMI 17819 594 358- 985
Prec V 00042 100 099 -100
Constante -37863
Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco
para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594
vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com
menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350
analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042
(PrecV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)
renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo
de interferir nos casos de dengue no Estado
61
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
__________________________________________________________________________
Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em
2009
000
020
040
060
080
100
120
0 200 400 600
Pro
bab
ilid
ade
(
)
Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)
a
b
c
d
A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima
da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
A
B
C
D
62
A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede
com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com
maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias
65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010
No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero
de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de
morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos
para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes
principalmente nas regiotildees norte e sul
Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010
63
Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado
superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na
Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na
primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono
tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise
Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2010
64
Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC
95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue
no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Prec V 099 099 - 1000 0103
CMI 5459 3847 - 7746 lt0001
TD 077 056 - 1069 0121
TminO 1143 1009 - 1296 0034
TminV 1178 1026- 1352 0020
TMO 108 099 -119 0069
TMP 1075 098 - 1178 0122
Analf G 2956 2122- 4119 lt0001
Gini 029 0211 - 041 lt0001
Prec I 099 0984 - 1002 0153
RM 3193 2288- 4455 lt0001
BR 2275 1641- 3152 lt0001
Prec P 099 099 -100 0532
Prec O 099 099 - 1002 0467
As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou
valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na
Figura 21
65
Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009
Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009
_____________________________________________________________________________
Variaacuteveis
explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)
CMI 15151 454 312-663
Analf G 13218 375 251-559
GINI -14487 023 015-035
Constante -07489
O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como
fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores
menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil
Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as
chances de apresentar casos de dengue
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)
ANALF G
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
66
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de
mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue
no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
_________________________________________________________________________
A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana
(1)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
F
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
67
Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da
mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a
probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a
90
66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011
Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602
municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas
as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano
Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011
Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril
e maio (Figura 24)
68
Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011
A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis
analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis
saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo
Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2011
Notificaccedilotildees por dengue em 2011
69
Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011 _________________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
AnalfG 367 254 - 532 lt0001
BR 288 2 - 413 lt0001
GINI 030 021- 044 lt0001
Prec I 101 099-102 0177
Prec O 099 099-100 0131
Prec P 099 099 -101 0043
Prec V 099 099 -100 lt0001
RM 417 287-606 lt0001
CMI 905 6 - 1363 lt0001
TD 080 056-114 0227
TminI 105 097- 113 0223
TminO 113 099-128 0051
TminP 115 103-128 0012
TMO 116 102-132 0020
TMP 104 097-112 0199
TMV 117 107-130 lt0001
Analf1 103 098-108 0162
Analf2 106 102 - 110 lt0001
Aacutegua 116 081-165 0395
DD 100 099-100 0827
Lixo 109 076-155 0622
TMI 098 090-107 0761
TminV 107 094-123 0275
Analf3 099 097-101 0463
70
A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na
Figura 25
Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente
RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias
Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 15301 461 289 - 735
GINI -14098 024 015 - 038
CMI 20253 757 486 - 1180
Constante -09603
Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator
de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o
analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo
461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil
ANALF G
p lt 0001
GINI
p lt 0001
CMI
p lt 0001
71
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
72
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
___________________________________________________________________________
Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
D
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
F
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
73
Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de
mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram
aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27
67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012
Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da
Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e
alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta
Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012
Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas
aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000
74
Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012
A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que
foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das
caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2012
Notificaccedilotildees por dengue em 2012
75
Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 235 158-350 lt0001
BR 237 160-351 lt0001
GINI 030 020-045 lt0001
Prec I 098 096-100 0209
RM 341 228-51 lt0001
CMI 606 397-923 lt0001
TD 076 052-111 01667
Tmin I 107 096-119 01823
Tmin O 119 101-141 00335
Tmin P 115 100-131 00417
Tmin V 125 102-152 00247
TMV 120 103-140 00144
Prec O 099 099-100 0608
Prec P 099 099-100 0583
Prec V 099 099-100 0516
TMI 103 093-113 0527
TMP 101 093-110 0709
O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo
76
geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo
Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30
Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011
Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011
_____________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 07539 212 129 - 348
GINI -13120 026 016 - 042
CMI 16465 518 33 - 814
Tmin V 02280 125 098 - 159
Constante -51829
O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior
desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As
demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura
ANALF G
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
TMV
p = 005
P
77
miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios
com valores menores que os descritos
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
78
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
_________________________________________________________________________
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012
A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de
desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e
analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por
dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de
notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se
de 40degC
000
020
040
060
080
100
120
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
Temperatura miacutenima no veratildeo
a
b
c
d
A
B
D
C
79
7 CONCLUSAtildeO
Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de
dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas
Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012
A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo
os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram
nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais
Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual
quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como
significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do
agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo
no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo
correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser
significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo
2012 ndash 2011
Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia
de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede
que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza
visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo
apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de
temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com
temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais
Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com
amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para
comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado
classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o
intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo
80
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85
ANEXOS
Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007
_____________________________________________________________
Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008
________________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 437727
GINI 0504
BR 47484
TD 7532
Analf G 13035
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 470625
GINI 0490
BR 39550
TD 6341
Analf G 11685
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
86
Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009
________________________________________________________________
Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010
_______________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 472850
GINI 0483
BR 40505
TD 5795
Analf G 11700
Analf 1 5390
Analf 2 12430
Analf 3 74670
DD 24070
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 461944
GINI 0490
BR 42673
TD 6255
Analf G 12095
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
87
Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011
___________________________________________________________________________
Variaacuteveis Valor de corte
RM 500751
GINI 0482
BR 35734
TD 5732
Analf G 1071
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
88
ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo
1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106
2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057
3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107
4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -
018
5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128
6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118
7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07
8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095
9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099
10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106
11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11
12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063
13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076
14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111
15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103
16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101
17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099
18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109
19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103
20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104
21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102
22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112
Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios
4
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo a Deus por sua presenccedila em minha vida manifestada nas pessoas que foram
tatildeo importantes na realizaccedilatildeo desse trabalho e por essa oportunidade de conclusatildeo do
mestrado
A minha filha Joyce pelo seu amor incondicional que me fortalece e que me deu
coragem para que eu natildeo desistisse
A minha orientadora Profordf Drordf Michelle Reboita por conduzir-me com carinho
dedicaccedilatildeo e incentivo
Ao Professor Luiz Felipe Silva pela atenccedilatildeo amizade e disponibilidade em esclarecer
minhas duacutevidas
Ao meu primo Esmeraldo que em busca de novas conquistas para si abriu um novo
caminho para mim
Ao meu namorado Maacutercio pelo apoio em minha jornada ateacute aqui e pela felicidade de
tecirc-lo ao meu lado
A minha matildee Bernadete por ser essa mulher maravilhosa e admiraacutevel que sempre me
daacute forccedilas nos momentos difiacuteceis
Agradeccedilo tambeacutem aos amigos Reginaldo Thiago Carla Cristina Mendes Andreacuteia
Vitorino Dona Ronilda e demais amigas de curso que me proporcionaram tanta alegria
durante esses anos
Obrigada a todos que me apoiaram e que entraram em minha vida pela graccedila de Deus
e mantiveram o sorriso em meu rosto
A CAPES pela bolsa de estudos pois sem este recurso financeiro natildeo seria possiacutevel
dedicar-me exclusivamente ao desenvolvimento dessa pesquisa
A todos meus sinceros agradecimentos
5
Natildeo haacute ceacuteu sem tempestade nem caminhos sem acidentes Natildeo tenha medo da vida tenha
medo de natildeo vivecirc-la intensamente
Augusto Cury
6
RESUMO
ALVES M A A Relaccedilatildeo dos casos de dengue em Minas Gerais com as variaacuteveis
meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas 2015 87- f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio Ambiente e
Recursos Hiacutedricos)-Universidade Federal de Itajubaacute 2015
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes aegypti que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue no
Brasil Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo Portanto o objetivo desse trabalho eacute avaliar a relaccedilatildeo de algumas
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas em diferentes municiacutepios de Minas Gerais no
periacuteodo de 2008 a 2012 com as notificaccedilotildees de dengue Foram coletadas informaccedilotildees sobre as
variaacuteveis meteoroloacutegicas precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e miacutenima do banco de dados do
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) sauacutede renda e escolaridade obtidas do
Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) as notificaccedilotildees por dengue do Sistema
de informaccedilotildees e agravos de notificaccedilotildees (SINAN) saneamento baacutesico e densidade
demograacutefica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Para esse estudo foram
realizadas anaacutelises multivariadas com o auxiacutelio do software Epi-Info 351 TM visando
identificar os melhores modelos para as notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais com o valor
de p lt 005 fundamentado no teste da razatildeo da maacutexima verossimilhanccedila Foi observado
atraveacutes da regressatildeo logiacutestica multivariada que trecircs variaacuteveis mostram-se frequentes nos anos
analisados e satildeo desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda (iacutendice de GINI) poucos
investimentos em sauacutede (CMI) e analfabetismo da populaccedilatildeo Outras variaacuteveis tambeacutem foram
importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e temperatura maacutexima
no veratildeo na regressatildeo de 2008 ndash 2007 renda meacutedia e precipitaccedilatildeo no veratildeo em 2009 ndash 2008
e a variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo em 2012 ndash 2011 Foi observado ainda que
municiacutepios com desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda com baixo investimento em sauacutede e
baixa escolaridade da populaccedilatildeo geral encontram-se expostos a maior forccedila de agravo de
notificaccedilatildeo quando comparados a condiccedilotildees mais favoraacuteveis Os dados obtidos com esse
trabalho revelam a necessidade na melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo com maiores
investimentos em sauacutede educaccedilatildeo e em medidas de combate agrave pobreza para reduzir a
desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda de forma que maiores investimentos em infraestrutura
e educaccedilatildeo e maior comprometimento da populaccedilatildeo para a erradicaccedilatildeo do inseto podem
auxiliar a reduccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo por dengue
Palavras-chave Epidemiologia ambiental Temperatura Precipitaccedilatildeo Renda Regressatildeo
logiacutestica
7
ABSTRACT
ALVES M A ARelationship of dengue cases in Minas Gerais with weather and
socioeconomic variables 201587f Dissertation (Masters in Environment and Water
Resources) Federal -University of Itajubaacute 2015
Dengue is a viral disease of tropical and subtropical regions that occurs due to temperature
and precipitation conditions necessary for the development of the mosquito Aedes aegypti
which is the intermediate host responsible for the transmission of dengue in Brazil Although
the environmental conditions are important for the replication of the virus and development of
Aedes aegypti the socioeconomic characteristics are also essential in the transmission of
dengue being linked to the way of life and the implementation of prevention methods
Therefore the aim of this study is to evaluate the relationship of some meteorological and
socioeconomic variables in different municipalities of Minas Gerais from 2008 to 2012 with
dengue notifications Information regarding meteorological variables were collected
precipitation maximum and minimum temperatures of the National Institute database of
Meteorology (INMET) health income and education obtained from the SUS Department of
Information (DATASUS) notifications by dengue information system and notifications of
injuries (SINAN) sanitation and population density of the Brazilian Institute of Geography
and Statistics (IBGE) For this study multivariate analyzes were performed with the Epi-Info
TM 351 software to identify the best models for dengue notifications in Minas Gerais with
the value of p lt005 based on maximum likelihood test of reason It was observed by
multivariate logistic regression three variables that show up frequently in the analyzed years
and are inequality in income distribution (Gini index) few investments in health (CMI) and
illiteracy of the population Other variables were also important such as precipitation in
winter precipitation in autumn and maximum temperature in summer the regression 2008 -
2007 middle-income and precipitation in summer in 2009 - 2008 and the variable minimum
temperature in the summer in 2012 - 2011 It was observed also that municipalities with
unequal distribution of income with low investment in health and low education of the
general population are exposed to greater notice of grievance strength when compared the
most favorable conditions The data obtained from this study reveal the need to improve the
populations quality of life with greater investments in health education and anti-poverty
measures to reduce inequality in income distribution so that greater investment in
infrastructure and education and greater involvement of the population to eradicate the insect
can help to reduce dengue notification strength
Keywords Environmental epidemiology Temperature Precipitation Income Logistic
regression
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti 20
Figura 2 Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul 27
Figura 3 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo
30
Figura 4 Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de
Cressman de 1998 a 2012
33
Figura 5 ldquoSeacuteries temporais da meacutedia mensal da temperatura miacutenima em
Janauacuteba latitude 15deg 48rsquo 13rdquo e longitude 43deg 19rsquo 3rdquo (a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo
43rdquo e longitude 44deg 59rsquo 59rdquo (b) no periacuteodo de 1998 a 2012
34
Figura 6 Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados
de estaccedilotildees de INMET da estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg
59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 na reanaacutelise ERA ndash Interim
35
Figura 7 Precipitaccedilatildeo em Minas Gerais 1998 a 2012 (INMET 40 estaccedilotildees + 43
pontos do GPCC)
43
Figura 8 Temperatura Miacutenima em MG 1998 a 2012 Fonte (INMET 40
estaccedilotildees + 57 pontos ERA Int)
45
Figura 9 Temperatura Maacutexima em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (INMET 40
estaccedilotildees + 57 pontos ERAInt)
47
Figura 10 Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos
de (a) 2008 (b) 2009 (c) 2010 (d) 2011 e (e) 2012
49
Figura 11 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepios de
Minas Gerais em 2008
50
Figura 12 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008 51
Figura 13 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2008 -2007
53
Figura 14 Estimativa da razatildeo de chance baseada nos valores de iacutendice de
GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre
os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
55
Figura 15 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais em 2009
56
9
Figura 16 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009 57
Figura 17 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2009- 2008
59
Figura 18 Estimativa da probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GNI
coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo geral e
precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2009
61
Figura 19 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais 2010
62
Figura 20 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010 63
Figura 21 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2010 - 2009
65
Figura 22 Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue
em Minas Gerais em 2010
66
Figura 23 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais em 2011
67
Figura 24 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 68
Figura 25 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2011-2010
70
Figura 26 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 71
Figura 27 Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre os casos de
dengue em Minas Gerais em 2011
72
Figura 28 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas
Gerais em 2012
73
Figura 29 Casos de notificaccedilatildeo por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012 74
Figura 30 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2012 ndash 2011
76
Figura 31 Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral e temperatura miacutenima no
veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2012
78
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo
PNCD 39
Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo 31
Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus
coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36
Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37
Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 52
Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53
Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 58
Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60
Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance
(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010
ndash 2009 64
Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65
Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011
69
Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
12
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
70
Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -
2011 75
Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76
13
LISTA DE SIGLAS
Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica
GINI Iacutendice de GINI
RM Renda meacutedia
BR Baixa Renda
TD Taxa de desemprego
CMI Coeficiente de mortalidade infantil
Analf G Analfabetismo Geral
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto
Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais
Lixo Coleta de lixo
Aacutegua Abastecimento de aacutegua
TMP Temperatura maacutexima primavera
TMV Temperatura maacutexima veratildeo
TMO Temperatura maacutexima outono
TMI Temperatura maacutexima inverno
TminP Temperatura miacutenima primavera
TminV Temperatura miacutenima veratildeo
TminO Temperatura miacutenima outono
TminI Temperatura miacutenima inverno
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo
Prec O Precipitaccedilatildeo outono
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno
ID Identificaccedilatildeo
14
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO16
2 OBJETIVOS17
21 Objetivo geral 17
22 Objetivos especiacuteficos 17
3 JUSTIFICATIVA18
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19
41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19
42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20
43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21
44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21
45 Accedilotildees de controle da dengue 22
46 Estudos da dengue no Brasil 22
47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24
48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25
49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28
51 Dados meteoroloacutegicos 28
52 Dados socioeconocircmicos 35
53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e
classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37
54 Organizaccedilatildeo dos dados 39
56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42
61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42
611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42
612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44
613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46
62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48
15
63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50
64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56
65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62
66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67
67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273
7 CONCLUSAtildeO79
REFEREcircNCIAS80
ANEXO A85
ANEXO B85
ANEXO C86
ANEXO D86
ANEXO E87
ANEXO F88
16
1 INTRODUCcedilAtildeO
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de
outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya
No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue
eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1
DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o
RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e
uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)
Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre
20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue
Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que
pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a
33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no
desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser
ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC
Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero
de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute
uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros
casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue
no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as
notificaccedilotildees por dengue no Estado
Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo
17
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas
Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de
mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas
Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com
base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)
Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no
periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue
(PNCD)
Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os
casos de dengue em Minas Gerais
18
3 JUSTIFICATIVA
Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando
rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate
agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos
de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir
os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em
relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades
apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as
caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a
particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais
agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados
agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores
19
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO
Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por
transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm
registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da
dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente
com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat
natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de
mosquitos Aedes sp
O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus
para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato
evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no
continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya
Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o
traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees
tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras
infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os
ciclos de urbanizaccedilatildeo
As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram
em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir
desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo
Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em
risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os
anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia
local
20
42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA
O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica
subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas
brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo
reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o
desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a
postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos
mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo
de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se
jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute
um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e
aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do
mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito
semanas
Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp
Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue
21
43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE
A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes
Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a
fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um
intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca
comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo
extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e
migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo
cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)
44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro
sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma
vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais
contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir
para as formas graves aumentam
A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as
consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs
os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue
hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da
doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees
dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias
A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas
inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou
quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele
hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica
pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os
sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo
surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode
levar agrave morte
22
45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE
Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem
adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como
o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a
erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes
de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees
Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o
controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria
O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se
acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta
reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos
estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a
resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas
O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e
evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de
situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A
participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os
domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros
46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL
A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A
compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de
combate mais eficaz
Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio
de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa
municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional
densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional
proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de
populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual
de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a
quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza
23
percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento
percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e
quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo
por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-
demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho
Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de
significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As
variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e
percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com
melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de
dengue na epidemia de 2002
No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -
SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e
agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e
anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de
instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres
analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em
quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos
niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue
foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o
periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu
um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total
apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis
socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos
Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash
SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo
sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica
definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis
selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios
percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo
nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo
percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes
com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior
completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de
24
chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre
trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-
miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade
porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as
variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um
agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel
observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias
e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da
estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram
chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto
niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel
meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de
moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o
coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De
modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro
unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou
correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue
47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A
DENGUE
Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura
(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a
dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As
variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e
umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o
risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na
Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro
e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio
Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido
a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo
foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas
25
maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti
no periacuteodo do outono
Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no
desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da
populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que
sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada
duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC
Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias
de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro
Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de
comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos
de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que
essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos
48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM
A DENGUE
As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e
dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos
de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define
sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de
saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a
proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como
indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis
socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo
Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo
geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se
acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor
controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as
mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo
encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)
Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE
(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o
26
rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego
que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo
procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a
reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo
de total desigualdade (ISHITANI et al2006)
Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero
de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar
um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da
populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de
sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento
baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a
qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida
A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi
incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito
proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior
facilidade
Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura
maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e
socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia
de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais
49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui
uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em
20734097 habitantes
Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas
Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as
27
chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de
Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)
A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-
sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores
contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos
Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico
Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute
um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste
em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do
oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul
do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua
de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da
precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA
et al 2014)
Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de
2010 Fonte Reboita et al (2012)
28
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)
que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e
avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores
ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado
de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e
socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de
notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas
Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por
dengue dos municiacutepios de Minas Gerais
Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de
regiotildees de alta incidecircncia de dengue
Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o
programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)
51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)
Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura
miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48
estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais
selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram
usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar
informaccedilotildees mais completas para esses anos
Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um
processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi
a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles
29
valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por
exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados
errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na
estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a
diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS
2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo
N= Q98 + 3 IQR (1)
onde Q98 eacute o percentil de 98
Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que
foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero
Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et
al 2012)
N= Q75 plusmn 3 IQR (2)
Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses
intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos
tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que
na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees
proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado
Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo
entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as
maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da
identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que
apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis
analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees
meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na
Tabela 1
Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram
menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto
eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo
meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse
30
coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva
e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram
falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo
considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento
foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)
Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo
31
Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1
Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo
___________________________________________________________________________
ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)
1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274
2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289
3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361
4 Arinos 83384 -1591 -4605 519
5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127
6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126
7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915
8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695
9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652
10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150
11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318
12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206
13 Curvelo 83536 1875 -4445 672
14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612
15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835
16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964
17 Formoso 83334 -1493 -4625 840
18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367
19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097
20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560
21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516
22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371
23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036
24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996
25 Juramento 83452 -1678 -4371 650
26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884
27 Machado 83683 -2166 -4591 87335
28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452
29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629
30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712
31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028
32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891
33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224
34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091
35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132
36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532
37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732
38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737
39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460
40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973
32
Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura
espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees
Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias
ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria
dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de
uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto
(ZIMERMANN et al 2012)
A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman
tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse
problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da
reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas
variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude
Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de
grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas
Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas
estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois
pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da
temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim
e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute
bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial
das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo
utilizar valores discrepantes
33
a) b)
c) d)
e)
Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)
veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual
34
ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e
longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na
reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)
Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do
Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x
1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo
(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o
preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA
2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com
dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096
35
Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da
estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e
do INMET (azul)
Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais
das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram
fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada
52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS
Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda
escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas
as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os
dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte
para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de
risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de
corte utilizados podem ser visualizados no anexo
As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um
banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os
resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os
significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2
36
Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos
dados
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo Variaacutevel Fonte
DD Densidade demograacutefica IBGE
Renda
GINI Iacutendice de GINI DATASUS
RM Renda meacutedia DATASUS
BR Baixa Renda DATASUS
TD Taxa de desemprego DATASUS
Sauacutede
CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS
Escolaridade
Analf G Analfabetismo Geral DATASUS
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS
Analf 2
Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo
incompleto DATASUS
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS
Saneamento baacutesico
Lixo Coleta de lixo IBGE
Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE
Variaacuteveis meteoroloacutegicas
TMP Temperatura maacutexima primavera INMET
TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET
TMO Temperatura maacutexima outono INMET
TMI Temperatura maacutexima inverno INMET
TminP Temperatura miacutenima primavera INMET
TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET
TminO Temperatura miacutenima outono INMET
TminI Temperatura miacutenima inverno INMET
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET
Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET
37
Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo da
Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo
RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1
gt mediana 0
GINI Se a desigualdade for gt mediana 1
mediana 0
BR Se a baixa renda for ge mediana 1
lt mediana 0
TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1
ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0
Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1
fundamental completo ou 2ordm ciclo
incompleto for mediana 0
Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0
2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1
DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1
mediana 0
CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1
lt 20 permil 0
53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA
Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas
Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de
2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por
ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de
morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de
morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)
38
x 100000 habitantes
(3)
( ) notificaccedilotildees
(4)
onde
Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada
CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes
(5)
Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio
possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com
municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0
Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais
Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado
utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do
Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas
do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)
39
Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________
54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS
O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam
a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de
MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas
devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as
cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama
Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute
da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo
Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de
desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso
esse trabalho foi realizado com 720 cidades
Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas
e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007
2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue
iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte
Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas
foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de
desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave
inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar
incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental
Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia
(por 100000 habitantes)
Baixa incidecircncia 100
Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300
Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300
40
completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O
motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010
56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA
A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma
variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa
duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes
atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem
se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os
dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os
valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)
( )
(6)
Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do
valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance
fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)
(
)
(7)
Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da
verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance
(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma
estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1
41
Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila
chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito
(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel
dependente fica representada pela foacutermula
( )
( )
(8)
Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM
(CDC 2008)
As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de
p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise
forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das
variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou
igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW
1989)
42
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA
611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM
MINAS GERAIS
Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no
inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e
no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de
Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das
explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para
leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa
umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de
monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno
com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do
continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo
43
a) b)
c) d)
e)
Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
44
612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA
MIacuteNIMA EM MG
Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo
variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma
regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de
MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais
frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de
10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a
predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em
todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a
22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo
mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste
apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no
veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de
Souza et al (2006)
45
a) b)
c) d)
e)
Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
46
613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS
MAacuteXIMAS EM MG
A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com
a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores
altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras
aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute
no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no
leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente
47
a) b)
c) d)
e)
Figura 9 - Temperatura maacutexima (o
C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)
primavera (e) meacutedia anual
48
62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG
As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser
visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo
central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos
mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se
tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees
No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a
classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD
Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais
___________________________________________________________________________
Ano 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183
Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia
49
a) 2008 b) 2009
c) 2010 d) 2011
e) 2012
Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)
2010 (d) 2011 e (e) 2012
50
63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008
De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades
com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas
com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da
Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de
dengue
Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008
A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na
Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores
notificaccedilotildees em abril
51
Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4
com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se
hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis
explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2008
52
Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de
p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 073 050 - 108 0119
GINI 045 030 - 067 0001
CMI 374 249 - 559 lt0001
Prec I 099 098 - 100 0160
Prec O 100 099 - 101 0059
TD 156 106 -230 0023
TminP 107 095 - 121 0202
TminV 124 105 - 147 0009
TMO 123 105 - 144 0009
TMV 117 104 -133 0007
BR 097 066 - 145 0919
Prec P 099 099 - 100 0782
Prec V 100 099 -100 0984
RM 122 082 -182 0313
TMI 099 089 - 112 0977
TminI 102 094 - 112 0509
TminO 103 089 - 119 0684
TMP 103 094 -113 0487
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI
coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono
temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem
significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13
53
Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007
Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007
____________________________________________________________________________
A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de
GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de
dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil
(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da
populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI -09422 038 025 - 060
CMI 13098 37 242 - 566
Prec I -00185 098 096 - 099
Prec O 00121 101 100 - 102
TMV 02957 134 116 -154
Constante -96745
CMI
P lt 0001
TMV
P lt 0001
GINI
P lt 0001
Prec I
P= 0006
Prec O
P= 0003
54
vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais
favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue
tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com
menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo
comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um
risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse
valor
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +
02957(TMV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade
(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e
temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8
foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14
55
Legenda
_________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio
A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0)
Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem
permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana
para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso
verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm
0
02
04
06
08
1
12
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
()
Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)
a
b
c
d
A
B
D
C
56
maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio
mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem
apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a
notificaccedilatildeo
64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009
Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de
notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees
atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas
Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15
Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009
O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no
mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16
57
Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o
resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em
verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2009
58
Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores
de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
BR 288 190 - 437 lt0001
GINI 286 189-433 lt0001
Prec O 099 098- 099 00001
Prec P 100 100-101 00085
Prec V 099 099-100 00603
CMI 782 496- 1235 lt0001
TD 075 050 -112 01692
TminO 115 098 -134 00728
TminV 116 098-137 00665
TMO 112 097- 129 00979
TMV 117 101 -136 00279
Analf G 367 241 -559 lt0001
RM 403 263-616 lt0001
Prec I 099 098 -100 03264
TMI 101 090 - 112 08337
TminI 103 093 - 115 05150
TminP 099 088-111 09688
TMP 103 095 - 111 04249
59
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda
meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A
ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta
os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das
variaacuteveis explanatoacuterias
Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008
GINI
p lt 0001
Prec V
P= 00358
Analf G
P =00044
CMI
plt 0001
RM
P = 00008
60
Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008
_________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI 14027 406 230 - 716
RM 12552 350 168 - 728
Analf G 11075 302 141- 648
CMI 17819 594 358- 985
Prec V 00042 100 099 -100
Constante -37863
Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco
para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594
vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com
menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350
analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042
(PrecV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)
renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo
de interferir nos casos de dengue no Estado
61
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
__________________________________________________________________________
Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em
2009
000
020
040
060
080
100
120
0 200 400 600
Pro
bab
ilid
ade
(
)
Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)
a
b
c
d
A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima
da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
A
B
C
D
62
A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede
com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com
maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias
65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010
No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero
de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de
morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos
para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes
principalmente nas regiotildees norte e sul
Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010
63
Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado
superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na
Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na
primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono
tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise
Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2010
64
Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC
95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue
no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Prec V 099 099 - 1000 0103
CMI 5459 3847 - 7746 lt0001
TD 077 056 - 1069 0121
TminO 1143 1009 - 1296 0034
TminV 1178 1026- 1352 0020
TMO 108 099 -119 0069
TMP 1075 098 - 1178 0122
Analf G 2956 2122- 4119 lt0001
Gini 029 0211 - 041 lt0001
Prec I 099 0984 - 1002 0153
RM 3193 2288- 4455 lt0001
BR 2275 1641- 3152 lt0001
Prec P 099 099 -100 0532
Prec O 099 099 - 1002 0467
As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou
valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na
Figura 21
65
Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009
Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009
_____________________________________________________________________________
Variaacuteveis
explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)
CMI 15151 454 312-663
Analf G 13218 375 251-559
GINI -14487 023 015-035
Constante -07489
O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como
fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores
menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil
Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as
chances de apresentar casos de dengue
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)
ANALF G
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
66
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de
mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue
no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
_________________________________________________________________________
A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana
(1)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
F
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
67
Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da
mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a
probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a
90
66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011
Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602
municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas
as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano
Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011
Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril
e maio (Figura 24)
68
Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011
A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis
analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis
saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo
Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2011
Notificaccedilotildees por dengue em 2011
69
Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011 _________________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
AnalfG 367 254 - 532 lt0001
BR 288 2 - 413 lt0001
GINI 030 021- 044 lt0001
Prec I 101 099-102 0177
Prec O 099 099-100 0131
Prec P 099 099 -101 0043
Prec V 099 099 -100 lt0001
RM 417 287-606 lt0001
CMI 905 6 - 1363 lt0001
TD 080 056-114 0227
TminI 105 097- 113 0223
TminO 113 099-128 0051
TminP 115 103-128 0012
TMO 116 102-132 0020
TMP 104 097-112 0199
TMV 117 107-130 lt0001
Analf1 103 098-108 0162
Analf2 106 102 - 110 lt0001
Aacutegua 116 081-165 0395
DD 100 099-100 0827
Lixo 109 076-155 0622
TMI 098 090-107 0761
TminV 107 094-123 0275
Analf3 099 097-101 0463
70
A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na
Figura 25
Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente
RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias
Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 15301 461 289 - 735
GINI -14098 024 015 - 038
CMI 20253 757 486 - 1180
Constante -09603
Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator
de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o
analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo
461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil
ANALF G
p lt 0001
GINI
p lt 0001
CMI
p lt 0001
71
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
72
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
___________________________________________________________________________
Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
D
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
F
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
73
Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de
mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram
aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27
67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012
Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da
Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e
alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta
Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012
Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas
aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000
74
Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012
A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que
foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das
caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2012
Notificaccedilotildees por dengue em 2012
75
Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 235 158-350 lt0001
BR 237 160-351 lt0001
GINI 030 020-045 lt0001
Prec I 098 096-100 0209
RM 341 228-51 lt0001
CMI 606 397-923 lt0001
TD 076 052-111 01667
Tmin I 107 096-119 01823
Tmin O 119 101-141 00335
Tmin P 115 100-131 00417
Tmin V 125 102-152 00247
TMV 120 103-140 00144
Prec O 099 099-100 0608
Prec P 099 099-100 0583
Prec V 099 099-100 0516
TMI 103 093-113 0527
TMP 101 093-110 0709
O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo
76
geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo
Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30
Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011
Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011
_____________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 07539 212 129 - 348
GINI -13120 026 016 - 042
CMI 16465 518 33 - 814
Tmin V 02280 125 098 - 159
Constante -51829
O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior
desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As
demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura
ANALF G
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
TMV
p = 005
P
77
miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios
com valores menores que os descritos
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
78
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
_________________________________________________________________________
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012
A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de
desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e
analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por
dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de
notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se
de 40degC
000
020
040
060
080
100
120
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
Temperatura miacutenima no veratildeo
a
b
c
d
A
B
D
C
79
7 CONCLUSAtildeO
Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de
dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas
Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012
A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo
os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram
nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais
Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual
quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como
significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do
agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo
no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo
correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser
significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo
2012 ndash 2011
Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia
de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede
que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza
visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo
apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de
temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com
temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais
Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com
amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para
comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado
classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o
intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo
80
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ANEXOS
Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007
_____________________________________________________________
Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008
________________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 437727
GINI 0504
BR 47484
TD 7532
Analf G 13035
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 470625
GINI 0490
BR 39550
TD 6341
Analf G 11685
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
86
Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009
________________________________________________________________
Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010
_______________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 472850
GINI 0483
BR 40505
TD 5795
Analf G 11700
Analf 1 5390
Analf 2 12430
Analf 3 74670
DD 24070
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 461944
GINI 0490
BR 42673
TD 6255
Analf G 12095
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
87
Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011
___________________________________________________________________________
Variaacuteveis Valor de corte
RM 500751
GINI 0482
BR 35734
TD 5732
Analf G 1071
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
88
ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo
1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106
2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057
3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107
4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -
018
5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128
6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118
7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07
8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095
9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099
10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106
11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11
12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063
13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076
14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111
15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103
16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101
17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099
18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109
19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103
20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104
21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102
22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112
Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios
5
Natildeo haacute ceacuteu sem tempestade nem caminhos sem acidentes Natildeo tenha medo da vida tenha
medo de natildeo vivecirc-la intensamente
Augusto Cury
6
RESUMO
ALVES M A A Relaccedilatildeo dos casos de dengue em Minas Gerais com as variaacuteveis
meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas 2015 87- f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio Ambiente e
Recursos Hiacutedricos)-Universidade Federal de Itajubaacute 2015
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes aegypti que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue no
Brasil Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo Portanto o objetivo desse trabalho eacute avaliar a relaccedilatildeo de algumas
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas em diferentes municiacutepios de Minas Gerais no
periacuteodo de 2008 a 2012 com as notificaccedilotildees de dengue Foram coletadas informaccedilotildees sobre as
variaacuteveis meteoroloacutegicas precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e miacutenima do banco de dados do
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) sauacutede renda e escolaridade obtidas do
Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) as notificaccedilotildees por dengue do Sistema
de informaccedilotildees e agravos de notificaccedilotildees (SINAN) saneamento baacutesico e densidade
demograacutefica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Para esse estudo foram
realizadas anaacutelises multivariadas com o auxiacutelio do software Epi-Info 351 TM visando
identificar os melhores modelos para as notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais com o valor
de p lt 005 fundamentado no teste da razatildeo da maacutexima verossimilhanccedila Foi observado
atraveacutes da regressatildeo logiacutestica multivariada que trecircs variaacuteveis mostram-se frequentes nos anos
analisados e satildeo desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda (iacutendice de GINI) poucos
investimentos em sauacutede (CMI) e analfabetismo da populaccedilatildeo Outras variaacuteveis tambeacutem foram
importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e temperatura maacutexima
no veratildeo na regressatildeo de 2008 ndash 2007 renda meacutedia e precipitaccedilatildeo no veratildeo em 2009 ndash 2008
e a variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo em 2012 ndash 2011 Foi observado ainda que
municiacutepios com desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda com baixo investimento em sauacutede e
baixa escolaridade da populaccedilatildeo geral encontram-se expostos a maior forccedila de agravo de
notificaccedilatildeo quando comparados a condiccedilotildees mais favoraacuteveis Os dados obtidos com esse
trabalho revelam a necessidade na melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo com maiores
investimentos em sauacutede educaccedilatildeo e em medidas de combate agrave pobreza para reduzir a
desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda de forma que maiores investimentos em infraestrutura
e educaccedilatildeo e maior comprometimento da populaccedilatildeo para a erradicaccedilatildeo do inseto podem
auxiliar a reduccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo por dengue
Palavras-chave Epidemiologia ambiental Temperatura Precipitaccedilatildeo Renda Regressatildeo
logiacutestica
7
ABSTRACT
ALVES M A ARelationship of dengue cases in Minas Gerais with weather and
socioeconomic variables 201587f Dissertation (Masters in Environment and Water
Resources) Federal -University of Itajubaacute 2015
Dengue is a viral disease of tropical and subtropical regions that occurs due to temperature
and precipitation conditions necessary for the development of the mosquito Aedes aegypti
which is the intermediate host responsible for the transmission of dengue in Brazil Although
the environmental conditions are important for the replication of the virus and development of
Aedes aegypti the socioeconomic characteristics are also essential in the transmission of
dengue being linked to the way of life and the implementation of prevention methods
Therefore the aim of this study is to evaluate the relationship of some meteorological and
socioeconomic variables in different municipalities of Minas Gerais from 2008 to 2012 with
dengue notifications Information regarding meteorological variables were collected
precipitation maximum and minimum temperatures of the National Institute database of
Meteorology (INMET) health income and education obtained from the SUS Department of
Information (DATASUS) notifications by dengue information system and notifications of
injuries (SINAN) sanitation and population density of the Brazilian Institute of Geography
and Statistics (IBGE) For this study multivariate analyzes were performed with the Epi-Info
TM 351 software to identify the best models for dengue notifications in Minas Gerais with
the value of p lt005 based on maximum likelihood test of reason It was observed by
multivariate logistic regression three variables that show up frequently in the analyzed years
and are inequality in income distribution (Gini index) few investments in health (CMI) and
illiteracy of the population Other variables were also important such as precipitation in
winter precipitation in autumn and maximum temperature in summer the regression 2008 -
2007 middle-income and precipitation in summer in 2009 - 2008 and the variable minimum
temperature in the summer in 2012 - 2011 It was observed also that municipalities with
unequal distribution of income with low investment in health and low education of the
general population are exposed to greater notice of grievance strength when compared the
most favorable conditions The data obtained from this study reveal the need to improve the
populations quality of life with greater investments in health education and anti-poverty
measures to reduce inequality in income distribution so that greater investment in
infrastructure and education and greater involvement of the population to eradicate the insect
can help to reduce dengue notification strength
Keywords Environmental epidemiology Temperature Precipitation Income Logistic
regression
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti 20
Figura 2 Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul 27
Figura 3 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo
30
Figura 4 Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de
Cressman de 1998 a 2012
33
Figura 5 ldquoSeacuteries temporais da meacutedia mensal da temperatura miacutenima em
Janauacuteba latitude 15deg 48rsquo 13rdquo e longitude 43deg 19rsquo 3rdquo (a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo
43rdquo e longitude 44deg 59rsquo 59rdquo (b) no periacuteodo de 1998 a 2012
34
Figura 6 Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados
de estaccedilotildees de INMET da estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg
59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 na reanaacutelise ERA ndash Interim
35
Figura 7 Precipitaccedilatildeo em Minas Gerais 1998 a 2012 (INMET 40 estaccedilotildees + 43
pontos do GPCC)
43
Figura 8 Temperatura Miacutenima em MG 1998 a 2012 Fonte (INMET 40
estaccedilotildees + 57 pontos ERA Int)
45
Figura 9 Temperatura Maacutexima em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (INMET 40
estaccedilotildees + 57 pontos ERAInt)
47
Figura 10 Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos
de (a) 2008 (b) 2009 (c) 2010 (d) 2011 e (e) 2012
49
Figura 11 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepios de
Minas Gerais em 2008
50
Figura 12 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008 51
Figura 13 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2008 -2007
53
Figura 14 Estimativa da razatildeo de chance baseada nos valores de iacutendice de
GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre
os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
55
Figura 15 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais em 2009
56
9
Figura 16 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009 57
Figura 17 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2009- 2008
59
Figura 18 Estimativa da probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GNI
coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo geral e
precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2009
61
Figura 19 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais 2010
62
Figura 20 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010 63
Figura 21 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2010 - 2009
65
Figura 22 Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue
em Minas Gerais em 2010
66
Figura 23 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais em 2011
67
Figura 24 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 68
Figura 25 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2011-2010
70
Figura 26 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 71
Figura 27 Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre os casos de
dengue em Minas Gerais em 2011
72
Figura 28 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas
Gerais em 2012
73
Figura 29 Casos de notificaccedilatildeo por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012 74
Figura 30 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2012 ndash 2011
76
Figura 31 Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral e temperatura miacutenima no
veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2012
78
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo
PNCD 39
Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo 31
Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus
coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36
Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37
Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 52
Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53
Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 58
Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60
Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance
(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010
ndash 2009 64
Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65
Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011
69
Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
12
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
70
Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -
2011 75
Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76
13
LISTA DE SIGLAS
Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica
GINI Iacutendice de GINI
RM Renda meacutedia
BR Baixa Renda
TD Taxa de desemprego
CMI Coeficiente de mortalidade infantil
Analf G Analfabetismo Geral
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto
Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais
Lixo Coleta de lixo
Aacutegua Abastecimento de aacutegua
TMP Temperatura maacutexima primavera
TMV Temperatura maacutexima veratildeo
TMO Temperatura maacutexima outono
TMI Temperatura maacutexima inverno
TminP Temperatura miacutenima primavera
TminV Temperatura miacutenima veratildeo
TminO Temperatura miacutenima outono
TminI Temperatura miacutenima inverno
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo
Prec O Precipitaccedilatildeo outono
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno
ID Identificaccedilatildeo
14
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO16
2 OBJETIVOS17
21 Objetivo geral 17
22 Objetivos especiacuteficos 17
3 JUSTIFICATIVA18
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19
41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19
42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20
43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21
44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21
45 Accedilotildees de controle da dengue 22
46 Estudos da dengue no Brasil 22
47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24
48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25
49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28
51 Dados meteoroloacutegicos 28
52 Dados socioeconocircmicos 35
53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e
classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37
54 Organizaccedilatildeo dos dados 39
56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42
61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42
611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42
612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44
613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46
62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48
15
63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50
64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56
65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62
66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67
67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273
7 CONCLUSAtildeO79
REFEREcircNCIAS80
ANEXO A85
ANEXO B85
ANEXO C86
ANEXO D86
ANEXO E87
ANEXO F88
16
1 INTRODUCcedilAtildeO
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de
outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya
No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue
eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1
DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o
RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e
uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)
Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre
20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue
Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que
pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a
33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no
desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser
ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC
Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero
de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute
uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros
casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue
no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as
notificaccedilotildees por dengue no Estado
Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo
17
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas
Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de
mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas
Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com
base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)
Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no
periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue
(PNCD)
Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os
casos de dengue em Minas Gerais
18
3 JUSTIFICATIVA
Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando
rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate
agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos
de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir
os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em
relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades
apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as
caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a
particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais
agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados
agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores
19
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO
Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por
transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm
registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da
dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente
com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat
natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de
mosquitos Aedes sp
O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus
para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato
evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no
continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya
Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o
traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees
tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras
infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os
ciclos de urbanizaccedilatildeo
As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram
em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir
desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo
Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em
risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os
anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia
local
20
42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA
O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica
subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas
brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo
reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o
desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a
postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos
mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo
de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se
jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute
um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e
aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do
mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito
semanas
Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp
Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue
21
43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE
A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes
Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a
fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um
intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca
comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo
extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e
migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo
cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)
44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro
sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma
vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais
contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir
para as formas graves aumentam
A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as
consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs
os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue
hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da
doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees
dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias
A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas
inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou
quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele
hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica
pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os
sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo
surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode
levar agrave morte
22
45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE
Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem
adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como
o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a
erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes
de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees
Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o
controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria
O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se
acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta
reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos
estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a
resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas
O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e
evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de
situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A
participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os
domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros
46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL
A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A
compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de
combate mais eficaz
Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio
de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa
municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional
densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional
proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de
populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual
de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a
quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza
23
percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento
percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e
quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo
por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-
demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho
Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de
significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As
variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e
percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com
melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de
dengue na epidemia de 2002
No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -
SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e
agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e
anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de
instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres
analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em
quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos
niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue
foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o
periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu
um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total
apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis
socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos
Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash
SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo
sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica
definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis
selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios
percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo
nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo
percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes
com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior
completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de
24
chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre
trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-
miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade
porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as
variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um
agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel
observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias
e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da
estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram
chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto
niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel
meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de
moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o
coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De
modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro
unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou
correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue
47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A
DENGUE
Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura
(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a
dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As
variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e
umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o
risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na
Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro
e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio
Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido
a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo
foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas
25
maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti
no periacuteodo do outono
Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no
desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da
populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que
sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada
duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC
Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias
de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro
Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de
comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos
de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que
essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos
48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM
A DENGUE
As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e
dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos
de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define
sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de
saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a
proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como
indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis
socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo
Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo
geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se
acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor
controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as
mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo
encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)
Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE
(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o
26
rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego
que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo
procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a
reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo
de total desigualdade (ISHITANI et al2006)
Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero
de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar
um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da
populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de
sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento
baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a
qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida
A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi
incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito
proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior
facilidade
Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura
maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e
socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia
de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais
49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui
uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em
20734097 habitantes
Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas
Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as
27
chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de
Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)
A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-
sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores
contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos
Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico
Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute
um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste
em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do
oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul
do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua
de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da
precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA
et al 2014)
Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de
2010 Fonte Reboita et al (2012)
28
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)
que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e
avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores
ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado
de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e
socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de
notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas
Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por
dengue dos municiacutepios de Minas Gerais
Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de
regiotildees de alta incidecircncia de dengue
Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o
programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)
51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)
Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura
miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48
estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais
selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram
usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar
informaccedilotildees mais completas para esses anos
Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um
processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi
a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles
29
valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por
exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados
errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na
estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a
diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS
2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo
N= Q98 + 3 IQR (1)
onde Q98 eacute o percentil de 98
Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que
foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero
Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et
al 2012)
N= Q75 plusmn 3 IQR (2)
Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses
intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos
tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que
na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees
proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado
Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo
entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as
maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da
identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que
apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis
analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees
meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na
Tabela 1
Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram
menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto
eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo
meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse
30
coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva
e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram
falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo
considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento
foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)
Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo
31
Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1
Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo
___________________________________________________________________________
ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)
1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274
2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289
3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361
4 Arinos 83384 -1591 -4605 519
5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127
6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126
7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915
8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695
9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652
10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150
11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318
12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206
13 Curvelo 83536 1875 -4445 672
14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612
15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835
16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964
17 Formoso 83334 -1493 -4625 840
18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367
19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097
20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560
21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516
22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371
23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036
24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996
25 Juramento 83452 -1678 -4371 650
26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884
27 Machado 83683 -2166 -4591 87335
28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452
29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629
30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712
31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028
32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891
33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224
34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091
35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132
36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532
37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732
38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737
39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460
40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973
32
Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura
espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees
Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias
ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria
dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de
uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto
(ZIMERMANN et al 2012)
A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman
tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse
problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da
reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas
variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude
Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de
grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas
Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas
estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois
pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da
temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim
e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute
bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial
das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo
utilizar valores discrepantes
33
a) b)
c) d)
e)
Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)
veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual
34
ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e
longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na
reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)
Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do
Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x
1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo
(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o
preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA
2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com
dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096
35
Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da
estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e
do INMET (azul)
Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais
das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram
fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada
52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS
Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda
escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas
as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os
dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte
para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de
risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de
corte utilizados podem ser visualizados no anexo
As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um
banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os
resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os
significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2
36
Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos
dados
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo Variaacutevel Fonte
DD Densidade demograacutefica IBGE
Renda
GINI Iacutendice de GINI DATASUS
RM Renda meacutedia DATASUS
BR Baixa Renda DATASUS
TD Taxa de desemprego DATASUS
Sauacutede
CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS
Escolaridade
Analf G Analfabetismo Geral DATASUS
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS
Analf 2
Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo
incompleto DATASUS
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS
Saneamento baacutesico
Lixo Coleta de lixo IBGE
Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE
Variaacuteveis meteoroloacutegicas
TMP Temperatura maacutexima primavera INMET
TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET
TMO Temperatura maacutexima outono INMET
TMI Temperatura maacutexima inverno INMET
TminP Temperatura miacutenima primavera INMET
TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET
TminO Temperatura miacutenima outono INMET
TminI Temperatura miacutenima inverno INMET
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET
Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET
37
Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo da
Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo
RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1
gt mediana 0
GINI Se a desigualdade for gt mediana 1
mediana 0
BR Se a baixa renda for ge mediana 1
lt mediana 0
TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1
ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0
Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1
fundamental completo ou 2ordm ciclo
incompleto for mediana 0
Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0
2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1
DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1
mediana 0
CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1
lt 20 permil 0
53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA
Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas
Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de
2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por
ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de
morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de
morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)
38
x 100000 habitantes
(3)
( ) notificaccedilotildees
(4)
onde
Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada
CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes
(5)
Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio
possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com
municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0
Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais
Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado
utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do
Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas
do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)
39
Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________
54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS
O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam
a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de
MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas
devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as
cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama
Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute
da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo
Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de
desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso
esse trabalho foi realizado com 720 cidades
Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas
e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007
2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue
iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte
Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas
foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de
desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave
inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar
incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental
Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia
(por 100000 habitantes)
Baixa incidecircncia 100
Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300
Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300
40
completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O
motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010
56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA
A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma
variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa
duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes
atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem
se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os
dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os
valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)
( )
(6)
Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do
valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance
fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)
(
)
(7)
Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da
verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance
(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma
estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1
41
Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila
chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito
(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel
dependente fica representada pela foacutermula
( )
( )
(8)
Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM
(CDC 2008)
As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de
p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise
forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das
variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou
igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW
1989)
42
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA
611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM
MINAS GERAIS
Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no
inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e
no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de
Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das
explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para
leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa
umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de
monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno
com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do
continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo
43
a) b)
c) d)
e)
Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
44
612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA
MIacuteNIMA EM MG
Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo
variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma
regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de
MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais
frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de
10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a
predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em
todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a
22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo
mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste
apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no
veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de
Souza et al (2006)
45
a) b)
c) d)
e)
Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
46
613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS
MAacuteXIMAS EM MG
A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com
a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores
altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras
aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute
no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no
leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente
47
a) b)
c) d)
e)
Figura 9 - Temperatura maacutexima (o
C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)
primavera (e) meacutedia anual
48
62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG
As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser
visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo
central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos
mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se
tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees
No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a
classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD
Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais
___________________________________________________________________________
Ano 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183
Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia
49
a) 2008 b) 2009
c) 2010 d) 2011
e) 2012
Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)
2010 (d) 2011 e (e) 2012
50
63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008
De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades
com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas
com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da
Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de
dengue
Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008
A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na
Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores
notificaccedilotildees em abril
51
Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4
com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se
hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis
explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2008
52
Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de
p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 073 050 - 108 0119
GINI 045 030 - 067 0001
CMI 374 249 - 559 lt0001
Prec I 099 098 - 100 0160
Prec O 100 099 - 101 0059
TD 156 106 -230 0023
TminP 107 095 - 121 0202
TminV 124 105 - 147 0009
TMO 123 105 - 144 0009
TMV 117 104 -133 0007
BR 097 066 - 145 0919
Prec P 099 099 - 100 0782
Prec V 100 099 -100 0984
RM 122 082 -182 0313
TMI 099 089 - 112 0977
TminI 102 094 - 112 0509
TminO 103 089 - 119 0684
TMP 103 094 -113 0487
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI
coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono
temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem
significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13
53
Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007
Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007
____________________________________________________________________________
A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de
GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de
dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil
(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da
populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI -09422 038 025 - 060
CMI 13098 37 242 - 566
Prec I -00185 098 096 - 099
Prec O 00121 101 100 - 102
TMV 02957 134 116 -154
Constante -96745
CMI
P lt 0001
TMV
P lt 0001
GINI
P lt 0001
Prec I
P= 0006
Prec O
P= 0003
54
vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais
favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue
tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com
menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo
comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um
risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse
valor
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +
02957(TMV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade
(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e
temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8
foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14
55
Legenda
_________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio
A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0)
Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem
permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana
para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso
verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm
0
02
04
06
08
1
12
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
()
Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)
a
b
c
d
A
B
D
C
56
maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio
mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem
apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a
notificaccedilatildeo
64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009
Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de
notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees
atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas
Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15
Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009
O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no
mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16
57
Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o
resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em
verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2009
58
Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores
de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
BR 288 190 - 437 lt0001
GINI 286 189-433 lt0001
Prec O 099 098- 099 00001
Prec P 100 100-101 00085
Prec V 099 099-100 00603
CMI 782 496- 1235 lt0001
TD 075 050 -112 01692
TminO 115 098 -134 00728
TminV 116 098-137 00665
TMO 112 097- 129 00979
TMV 117 101 -136 00279
Analf G 367 241 -559 lt0001
RM 403 263-616 lt0001
Prec I 099 098 -100 03264
TMI 101 090 - 112 08337
TminI 103 093 - 115 05150
TminP 099 088-111 09688
TMP 103 095 - 111 04249
59
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda
meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A
ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta
os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das
variaacuteveis explanatoacuterias
Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008
GINI
p lt 0001
Prec V
P= 00358
Analf G
P =00044
CMI
plt 0001
RM
P = 00008
60
Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008
_________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI 14027 406 230 - 716
RM 12552 350 168 - 728
Analf G 11075 302 141- 648
CMI 17819 594 358- 985
Prec V 00042 100 099 -100
Constante -37863
Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco
para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594
vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com
menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350
analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042
(PrecV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)
renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo
de interferir nos casos de dengue no Estado
61
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
__________________________________________________________________________
Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em
2009
000
020
040
060
080
100
120
0 200 400 600
Pro
bab
ilid
ade
(
)
Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)
a
b
c
d
A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima
da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
A
B
C
D
62
A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede
com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com
maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias
65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010
No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero
de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de
morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos
para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes
principalmente nas regiotildees norte e sul
Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010
63
Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado
superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na
Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na
primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono
tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise
Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2010
64
Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC
95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue
no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Prec V 099 099 - 1000 0103
CMI 5459 3847 - 7746 lt0001
TD 077 056 - 1069 0121
TminO 1143 1009 - 1296 0034
TminV 1178 1026- 1352 0020
TMO 108 099 -119 0069
TMP 1075 098 - 1178 0122
Analf G 2956 2122- 4119 lt0001
Gini 029 0211 - 041 lt0001
Prec I 099 0984 - 1002 0153
RM 3193 2288- 4455 lt0001
BR 2275 1641- 3152 lt0001
Prec P 099 099 -100 0532
Prec O 099 099 - 1002 0467
As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou
valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na
Figura 21
65
Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009
Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009
_____________________________________________________________________________
Variaacuteveis
explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)
CMI 15151 454 312-663
Analf G 13218 375 251-559
GINI -14487 023 015-035
Constante -07489
O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como
fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores
menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil
Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as
chances de apresentar casos de dengue
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)
ANALF G
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
66
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de
mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue
no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
_________________________________________________________________________
A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana
(1)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
F
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
67
Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da
mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a
probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a
90
66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011
Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602
municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas
as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano
Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011
Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril
e maio (Figura 24)
68
Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011
A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis
analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis
saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo
Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2011
Notificaccedilotildees por dengue em 2011
69
Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011 _________________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
AnalfG 367 254 - 532 lt0001
BR 288 2 - 413 lt0001
GINI 030 021- 044 lt0001
Prec I 101 099-102 0177
Prec O 099 099-100 0131
Prec P 099 099 -101 0043
Prec V 099 099 -100 lt0001
RM 417 287-606 lt0001
CMI 905 6 - 1363 lt0001
TD 080 056-114 0227
TminI 105 097- 113 0223
TminO 113 099-128 0051
TminP 115 103-128 0012
TMO 116 102-132 0020
TMP 104 097-112 0199
TMV 117 107-130 lt0001
Analf1 103 098-108 0162
Analf2 106 102 - 110 lt0001
Aacutegua 116 081-165 0395
DD 100 099-100 0827
Lixo 109 076-155 0622
TMI 098 090-107 0761
TminV 107 094-123 0275
Analf3 099 097-101 0463
70
A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na
Figura 25
Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente
RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias
Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 15301 461 289 - 735
GINI -14098 024 015 - 038
CMI 20253 757 486 - 1180
Constante -09603
Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator
de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o
analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo
461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil
ANALF G
p lt 0001
GINI
p lt 0001
CMI
p lt 0001
71
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
72
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
___________________________________________________________________________
Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
D
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
F
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
73
Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de
mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram
aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27
67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012
Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da
Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e
alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta
Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012
Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas
aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000
74
Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012
A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que
foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das
caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2012
Notificaccedilotildees por dengue em 2012
75
Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 235 158-350 lt0001
BR 237 160-351 lt0001
GINI 030 020-045 lt0001
Prec I 098 096-100 0209
RM 341 228-51 lt0001
CMI 606 397-923 lt0001
TD 076 052-111 01667
Tmin I 107 096-119 01823
Tmin O 119 101-141 00335
Tmin P 115 100-131 00417
Tmin V 125 102-152 00247
TMV 120 103-140 00144
Prec O 099 099-100 0608
Prec P 099 099-100 0583
Prec V 099 099-100 0516
TMI 103 093-113 0527
TMP 101 093-110 0709
O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo
76
geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo
Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30
Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011
Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011
_____________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 07539 212 129 - 348
GINI -13120 026 016 - 042
CMI 16465 518 33 - 814
Tmin V 02280 125 098 - 159
Constante -51829
O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior
desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As
demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura
ANALF G
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
TMV
p = 005
P
77
miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios
com valores menores que os descritos
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
78
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
_________________________________________________________________________
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012
A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de
desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e
analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por
dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de
notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se
de 40degC
000
020
040
060
080
100
120
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
Temperatura miacutenima no veratildeo
a
b
c
d
A
B
D
C
79
7 CONCLUSAtildeO
Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de
dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas
Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012
A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo
os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram
nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais
Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual
quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como
significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do
agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo
no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo
correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser
significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo
2012 ndash 2011
Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia
de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede
que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza
visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo
apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de
temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com
temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais
Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com
amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para
comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado
classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o
intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo
80
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ANEXOS
Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007
_____________________________________________________________
Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008
________________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 437727
GINI 0504
BR 47484
TD 7532
Analf G 13035
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 470625
GINI 0490
BR 39550
TD 6341
Analf G 11685
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
86
Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009
________________________________________________________________
Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010
_______________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 472850
GINI 0483
BR 40505
TD 5795
Analf G 11700
Analf 1 5390
Analf 2 12430
Analf 3 74670
DD 24070
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 461944
GINI 0490
BR 42673
TD 6255
Analf G 12095
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
87
Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011
___________________________________________________________________________
Variaacuteveis Valor de corte
RM 500751
GINI 0482
BR 35734
TD 5732
Analf G 1071
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
88
ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo
1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106
2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057
3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107
4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -
018
5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128
6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118
7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07
8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095
9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099
10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106
11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11
12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063
13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076
14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111
15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103
16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101
17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099
18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109
19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103
20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104
21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102
22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112
Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios
6
RESUMO
ALVES M A A Relaccedilatildeo dos casos de dengue em Minas Gerais com as variaacuteveis
meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas 2015 87- f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Meio Ambiente e
Recursos Hiacutedricos)-Universidade Federal de Itajubaacute 2015
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes aegypti que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue no
Brasil Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo Portanto o objetivo desse trabalho eacute avaliar a relaccedilatildeo de algumas
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas em diferentes municiacutepios de Minas Gerais no
periacuteodo de 2008 a 2012 com as notificaccedilotildees de dengue Foram coletadas informaccedilotildees sobre as
variaacuteveis meteoroloacutegicas precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e miacutenima do banco de dados do
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) sauacutede renda e escolaridade obtidas do
Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) as notificaccedilotildees por dengue do Sistema
de informaccedilotildees e agravos de notificaccedilotildees (SINAN) saneamento baacutesico e densidade
demograacutefica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Para esse estudo foram
realizadas anaacutelises multivariadas com o auxiacutelio do software Epi-Info 351 TM visando
identificar os melhores modelos para as notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais com o valor
de p lt 005 fundamentado no teste da razatildeo da maacutexima verossimilhanccedila Foi observado
atraveacutes da regressatildeo logiacutestica multivariada que trecircs variaacuteveis mostram-se frequentes nos anos
analisados e satildeo desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda (iacutendice de GINI) poucos
investimentos em sauacutede (CMI) e analfabetismo da populaccedilatildeo Outras variaacuteveis tambeacutem foram
importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e temperatura maacutexima
no veratildeo na regressatildeo de 2008 ndash 2007 renda meacutedia e precipitaccedilatildeo no veratildeo em 2009 ndash 2008
e a variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo em 2012 ndash 2011 Foi observado ainda que
municiacutepios com desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda com baixo investimento em sauacutede e
baixa escolaridade da populaccedilatildeo geral encontram-se expostos a maior forccedila de agravo de
notificaccedilatildeo quando comparados a condiccedilotildees mais favoraacuteveis Os dados obtidos com esse
trabalho revelam a necessidade na melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo com maiores
investimentos em sauacutede educaccedilatildeo e em medidas de combate agrave pobreza para reduzir a
desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda de forma que maiores investimentos em infraestrutura
e educaccedilatildeo e maior comprometimento da populaccedilatildeo para a erradicaccedilatildeo do inseto podem
auxiliar a reduccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo por dengue
Palavras-chave Epidemiologia ambiental Temperatura Precipitaccedilatildeo Renda Regressatildeo
logiacutestica
7
ABSTRACT
ALVES M A ARelationship of dengue cases in Minas Gerais with weather and
socioeconomic variables 201587f Dissertation (Masters in Environment and Water
Resources) Federal -University of Itajubaacute 2015
Dengue is a viral disease of tropical and subtropical regions that occurs due to temperature
and precipitation conditions necessary for the development of the mosquito Aedes aegypti
which is the intermediate host responsible for the transmission of dengue in Brazil Although
the environmental conditions are important for the replication of the virus and development of
Aedes aegypti the socioeconomic characteristics are also essential in the transmission of
dengue being linked to the way of life and the implementation of prevention methods
Therefore the aim of this study is to evaluate the relationship of some meteorological and
socioeconomic variables in different municipalities of Minas Gerais from 2008 to 2012 with
dengue notifications Information regarding meteorological variables were collected
precipitation maximum and minimum temperatures of the National Institute database of
Meteorology (INMET) health income and education obtained from the SUS Department of
Information (DATASUS) notifications by dengue information system and notifications of
injuries (SINAN) sanitation and population density of the Brazilian Institute of Geography
and Statistics (IBGE) For this study multivariate analyzes were performed with the Epi-Info
TM 351 software to identify the best models for dengue notifications in Minas Gerais with
the value of p lt005 based on maximum likelihood test of reason It was observed by
multivariate logistic regression three variables that show up frequently in the analyzed years
and are inequality in income distribution (Gini index) few investments in health (CMI) and
illiteracy of the population Other variables were also important such as precipitation in
winter precipitation in autumn and maximum temperature in summer the regression 2008 -
2007 middle-income and precipitation in summer in 2009 - 2008 and the variable minimum
temperature in the summer in 2012 - 2011 It was observed also that municipalities with
unequal distribution of income with low investment in health and low education of the
general population are exposed to greater notice of grievance strength when compared the
most favorable conditions The data obtained from this study reveal the need to improve the
populations quality of life with greater investments in health education and anti-poverty
measures to reduce inequality in income distribution so that greater investment in
infrastructure and education and greater involvement of the population to eradicate the insect
can help to reduce dengue notification strength
Keywords Environmental epidemiology Temperature Precipitation Income Logistic
regression
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti 20
Figura 2 Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul 27
Figura 3 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo
30
Figura 4 Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de
Cressman de 1998 a 2012
33
Figura 5 ldquoSeacuteries temporais da meacutedia mensal da temperatura miacutenima em
Janauacuteba latitude 15deg 48rsquo 13rdquo e longitude 43deg 19rsquo 3rdquo (a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo
43rdquo e longitude 44deg 59rsquo 59rdquo (b) no periacuteodo de 1998 a 2012
34
Figura 6 Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados
de estaccedilotildees de INMET da estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg
59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 na reanaacutelise ERA ndash Interim
35
Figura 7 Precipitaccedilatildeo em Minas Gerais 1998 a 2012 (INMET 40 estaccedilotildees + 43
pontos do GPCC)
43
Figura 8 Temperatura Miacutenima em MG 1998 a 2012 Fonte (INMET 40
estaccedilotildees + 57 pontos ERA Int)
45
Figura 9 Temperatura Maacutexima em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (INMET 40
estaccedilotildees + 57 pontos ERAInt)
47
Figura 10 Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos
de (a) 2008 (b) 2009 (c) 2010 (d) 2011 e (e) 2012
49
Figura 11 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepios de
Minas Gerais em 2008
50
Figura 12 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008 51
Figura 13 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2008 -2007
53
Figura 14 Estimativa da razatildeo de chance baseada nos valores de iacutendice de
GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre
os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
55
Figura 15 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais em 2009
56
9
Figura 16 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009 57
Figura 17 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2009- 2008
59
Figura 18 Estimativa da probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GNI
coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo geral e
precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2009
61
Figura 19 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais 2010
62
Figura 20 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010 63
Figura 21 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2010 - 2009
65
Figura 22 Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue
em Minas Gerais em 2010
66
Figura 23 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais em 2011
67
Figura 24 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 68
Figura 25 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2011-2010
70
Figura 26 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 71
Figura 27 Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre os casos de
dengue em Minas Gerais em 2011
72
Figura 28 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas
Gerais em 2012
73
Figura 29 Casos de notificaccedilatildeo por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012 74
Figura 30 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2012 ndash 2011
76
Figura 31 Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral e temperatura miacutenima no
veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2012
78
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo
PNCD 39
Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo 31
Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus
coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36
Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37
Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 52
Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53
Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 58
Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60
Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance
(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010
ndash 2009 64
Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65
Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011
69
Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
12
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
70
Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -
2011 75
Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76
13
LISTA DE SIGLAS
Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica
GINI Iacutendice de GINI
RM Renda meacutedia
BR Baixa Renda
TD Taxa de desemprego
CMI Coeficiente de mortalidade infantil
Analf G Analfabetismo Geral
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto
Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais
Lixo Coleta de lixo
Aacutegua Abastecimento de aacutegua
TMP Temperatura maacutexima primavera
TMV Temperatura maacutexima veratildeo
TMO Temperatura maacutexima outono
TMI Temperatura maacutexima inverno
TminP Temperatura miacutenima primavera
TminV Temperatura miacutenima veratildeo
TminO Temperatura miacutenima outono
TminI Temperatura miacutenima inverno
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo
Prec O Precipitaccedilatildeo outono
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno
ID Identificaccedilatildeo
14
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO16
2 OBJETIVOS17
21 Objetivo geral 17
22 Objetivos especiacuteficos 17
3 JUSTIFICATIVA18
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19
41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19
42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20
43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21
44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21
45 Accedilotildees de controle da dengue 22
46 Estudos da dengue no Brasil 22
47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24
48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25
49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28
51 Dados meteoroloacutegicos 28
52 Dados socioeconocircmicos 35
53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e
classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37
54 Organizaccedilatildeo dos dados 39
56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42
61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42
611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42
612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44
613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46
62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48
15
63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50
64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56
65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62
66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67
67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273
7 CONCLUSAtildeO79
REFEREcircNCIAS80
ANEXO A85
ANEXO B85
ANEXO C86
ANEXO D86
ANEXO E87
ANEXO F88
16
1 INTRODUCcedilAtildeO
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de
outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya
No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue
eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1
DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o
RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e
uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)
Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre
20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue
Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que
pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a
33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no
desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser
ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC
Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero
de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute
uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros
casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue
no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as
notificaccedilotildees por dengue no Estado
Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo
17
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas
Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de
mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas
Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com
base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)
Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no
periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue
(PNCD)
Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os
casos de dengue em Minas Gerais
18
3 JUSTIFICATIVA
Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando
rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate
agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos
de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir
os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em
relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades
apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as
caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a
particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais
agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados
agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores
19
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO
Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por
transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm
registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da
dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente
com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat
natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de
mosquitos Aedes sp
O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus
para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato
evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no
continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya
Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o
traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees
tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras
infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os
ciclos de urbanizaccedilatildeo
As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram
em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir
desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo
Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em
risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os
anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia
local
20
42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA
O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica
subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas
brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo
reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o
desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a
postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos
mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo
de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se
jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute
um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e
aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do
mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito
semanas
Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp
Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue
21
43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE
A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes
Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a
fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um
intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca
comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo
extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e
migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo
cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)
44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro
sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma
vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais
contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir
para as formas graves aumentam
A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as
consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs
os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue
hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da
doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees
dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias
A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas
inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou
quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele
hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica
pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os
sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo
surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode
levar agrave morte
22
45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE
Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem
adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como
o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a
erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes
de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees
Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o
controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria
O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se
acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta
reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos
estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a
resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas
O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e
evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de
situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A
participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os
domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros
46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL
A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A
compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de
combate mais eficaz
Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio
de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa
municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional
densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional
proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de
populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual
de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a
quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza
23
percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento
percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e
quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo
por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-
demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho
Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de
significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As
variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e
percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com
melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de
dengue na epidemia de 2002
No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -
SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e
agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e
anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de
instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres
analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em
quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos
niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue
foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o
periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu
um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total
apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis
socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos
Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash
SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo
sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica
definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis
selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios
percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo
nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo
percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes
com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior
completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de
24
chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre
trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-
miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade
porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as
variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um
agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel
observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias
e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da
estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram
chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto
niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel
meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de
moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o
coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De
modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro
unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou
correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue
47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A
DENGUE
Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura
(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a
dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As
variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e
umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o
risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na
Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro
e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio
Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido
a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo
foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas
25
maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti
no periacuteodo do outono
Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no
desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da
populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que
sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada
duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC
Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias
de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro
Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de
comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos
de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que
essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos
48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM
A DENGUE
As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e
dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos
de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define
sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de
saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a
proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como
indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis
socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo
Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo
geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se
acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor
controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as
mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo
encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)
Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE
(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o
26
rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego
que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo
procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a
reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo
de total desigualdade (ISHITANI et al2006)
Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero
de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar
um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da
populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de
sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento
baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a
qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida
A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi
incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito
proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior
facilidade
Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura
maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e
socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia
de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais
49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui
uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em
20734097 habitantes
Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas
Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as
27
chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de
Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)
A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-
sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores
contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos
Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico
Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute
um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste
em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do
oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul
do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua
de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da
precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA
et al 2014)
Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de
2010 Fonte Reboita et al (2012)
28
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)
que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e
avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores
ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado
de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e
socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de
notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas
Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por
dengue dos municiacutepios de Minas Gerais
Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de
regiotildees de alta incidecircncia de dengue
Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o
programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)
51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)
Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura
miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48
estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais
selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram
usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar
informaccedilotildees mais completas para esses anos
Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um
processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi
a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles
29
valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por
exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados
errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na
estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a
diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS
2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo
N= Q98 + 3 IQR (1)
onde Q98 eacute o percentil de 98
Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que
foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero
Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et
al 2012)
N= Q75 plusmn 3 IQR (2)
Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses
intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos
tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que
na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees
proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado
Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo
entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as
maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da
identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que
apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis
analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees
meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na
Tabela 1
Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram
menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto
eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo
meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse
30
coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva
e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram
falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo
considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento
foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)
Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo
31
Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1
Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo
___________________________________________________________________________
ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)
1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274
2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289
3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361
4 Arinos 83384 -1591 -4605 519
5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127
6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126
7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915
8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695
9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652
10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150
11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318
12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206
13 Curvelo 83536 1875 -4445 672
14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612
15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835
16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964
17 Formoso 83334 -1493 -4625 840
18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367
19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097
20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560
21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516
22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371
23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036
24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996
25 Juramento 83452 -1678 -4371 650
26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884
27 Machado 83683 -2166 -4591 87335
28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452
29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629
30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712
31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028
32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891
33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224
34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091
35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132
36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532
37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732
38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737
39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460
40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973
32
Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura
espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees
Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias
ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria
dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de
uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto
(ZIMERMANN et al 2012)
A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman
tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse
problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da
reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas
variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude
Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de
grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas
Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas
estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois
pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da
temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim
e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute
bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial
das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo
utilizar valores discrepantes
33
a) b)
c) d)
e)
Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)
veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual
34
ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e
longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na
reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)
Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do
Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x
1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo
(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o
preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA
2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com
dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096
35
Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da
estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e
do INMET (azul)
Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais
das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram
fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada
52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS
Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda
escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas
as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os
dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte
para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de
risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de
corte utilizados podem ser visualizados no anexo
As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um
banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os
resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os
significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2
36
Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos
dados
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo Variaacutevel Fonte
DD Densidade demograacutefica IBGE
Renda
GINI Iacutendice de GINI DATASUS
RM Renda meacutedia DATASUS
BR Baixa Renda DATASUS
TD Taxa de desemprego DATASUS
Sauacutede
CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS
Escolaridade
Analf G Analfabetismo Geral DATASUS
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS
Analf 2
Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo
incompleto DATASUS
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS
Saneamento baacutesico
Lixo Coleta de lixo IBGE
Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE
Variaacuteveis meteoroloacutegicas
TMP Temperatura maacutexima primavera INMET
TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET
TMO Temperatura maacutexima outono INMET
TMI Temperatura maacutexima inverno INMET
TminP Temperatura miacutenima primavera INMET
TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET
TminO Temperatura miacutenima outono INMET
TminI Temperatura miacutenima inverno INMET
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET
Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET
37
Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo da
Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo
RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1
gt mediana 0
GINI Se a desigualdade for gt mediana 1
mediana 0
BR Se a baixa renda for ge mediana 1
lt mediana 0
TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1
ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0
Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1
fundamental completo ou 2ordm ciclo
incompleto for mediana 0
Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0
2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1
DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1
mediana 0
CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1
lt 20 permil 0
53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA
Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas
Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de
2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por
ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de
morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de
morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)
38
x 100000 habitantes
(3)
( ) notificaccedilotildees
(4)
onde
Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada
CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes
(5)
Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio
possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com
municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0
Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais
Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado
utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do
Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas
do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)
39
Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________
54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS
O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam
a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de
MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas
devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as
cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama
Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute
da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo
Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de
desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso
esse trabalho foi realizado com 720 cidades
Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas
e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007
2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue
iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte
Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas
foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de
desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave
inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar
incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental
Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia
(por 100000 habitantes)
Baixa incidecircncia 100
Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300
Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300
40
completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O
motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010
56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA
A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma
variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa
duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes
atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem
se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os
dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os
valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)
( )
(6)
Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do
valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance
fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)
(
)
(7)
Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da
verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance
(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma
estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1
41
Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila
chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito
(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel
dependente fica representada pela foacutermula
( )
( )
(8)
Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM
(CDC 2008)
As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de
p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise
forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das
variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou
igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW
1989)
42
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA
611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM
MINAS GERAIS
Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no
inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e
no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de
Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das
explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para
leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa
umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de
monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno
com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do
continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo
43
a) b)
c) d)
e)
Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
44
612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA
MIacuteNIMA EM MG
Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo
variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma
regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de
MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais
frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de
10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a
predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em
todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a
22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo
mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste
apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no
veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de
Souza et al (2006)
45
a) b)
c) d)
e)
Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
46
613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS
MAacuteXIMAS EM MG
A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com
a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores
altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras
aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute
no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no
leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente
47
a) b)
c) d)
e)
Figura 9 - Temperatura maacutexima (o
C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)
primavera (e) meacutedia anual
48
62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG
As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser
visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo
central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos
mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se
tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees
No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a
classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD
Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais
___________________________________________________________________________
Ano 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183
Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia
49
a) 2008 b) 2009
c) 2010 d) 2011
e) 2012
Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)
2010 (d) 2011 e (e) 2012
50
63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008
De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades
com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas
com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da
Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de
dengue
Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008
A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na
Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores
notificaccedilotildees em abril
51
Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4
com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se
hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis
explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2008
52
Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de
p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 073 050 - 108 0119
GINI 045 030 - 067 0001
CMI 374 249 - 559 lt0001
Prec I 099 098 - 100 0160
Prec O 100 099 - 101 0059
TD 156 106 -230 0023
TminP 107 095 - 121 0202
TminV 124 105 - 147 0009
TMO 123 105 - 144 0009
TMV 117 104 -133 0007
BR 097 066 - 145 0919
Prec P 099 099 - 100 0782
Prec V 100 099 -100 0984
RM 122 082 -182 0313
TMI 099 089 - 112 0977
TminI 102 094 - 112 0509
TminO 103 089 - 119 0684
TMP 103 094 -113 0487
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI
coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono
temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem
significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13
53
Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007
Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007
____________________________________________________________________________
A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de
GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de
dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil
(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da
populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI -09422 038 025 - 060
CMI 13098 37 242 - 566
Prec I -00185 098 096 - 099
Prec O 00121 101 100 - 102
TMV 02957 134 116 -154
Constante -96745
CMI
P lt 0001
TMV
P lt 0001
GINI
P lt 0001
Prec I
P= 0006
Prec O
P= 0003
54
vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais
favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue
tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com
menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo
comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um
risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse
valor
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +
02957(TMV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade
(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e
temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8
foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14
55
Legenda
_________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio
A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0)
Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem
permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana
para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso
verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm
0
02
04
06
08
1
12
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
()
Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)
a
b
c
d
A
B
D
C
56
maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio
mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem
apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a
notificaccedilatildeo
64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009
Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de
notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees
atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas
Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15
Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009
O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no
mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16
57
Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o
resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em
verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2009
58
Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores
de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
BR 288 190 - 437 lt0001
GINI 286 189-433 lt0001
Prec O 099 098- 099 00001
Prec P 100 100-101 00085
Prec V 099 099-100 00603
CMI 782 496- 1235 lt0001
TD 075 050 -112 01692
TminO 115 098 -134 00728
TminV 116 098-137 00665
TMO 112 097- 129 00979
TMV 117 101 -136 00279
Analf G 367 241 -559 lt0001
RM 403 263-616 lt0001
Prec I 099 098 -100 03264
TMI 101 090 - 112 08337
TminI 103 093 - 115 05150
TminP 099 088-111 09688
TMP 103 095 - 111 04249
59
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda
meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A
ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta
os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das
variaacuteveis explanatoacuterias
Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008
GINI
p lt 0001
Prec V
P= 00358
Analf G
P =00044
CMI
plt 0001
RM
P = 00008
60
Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008
_________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI 14027 406 230 - 716
RM 12552 350 168 - 728
Analf G 11075 302 141- 648
CMI 17819 594 358- 985
Prec V 00042 100 099 -100
Constante -37863
Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco
para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594
vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com
menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350
analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042
(PrecV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)
renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo
de interferir nos casos de dengue no Estado
61
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
__________________________________________________________________________
Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em
2009
000
020
040
060
080
100
120
0 200 400 600
Pro
bab
ilid
ade
(
)
Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)
a
b
c
d
A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima
da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
A
B
C
D
62
A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede
com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com
maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias
65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010
No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero
de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de
morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos
para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes
principalmente nas regiotildees norte e sul
Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010
63
Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado
superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na
Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na
primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono
tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise
Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2010
64
Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC
95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue
no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Prec V 099 099 - 1000 0103
CMI 5459 3847 - 7746 lt0001
TD 077 056 - 1069 0121
TminO 1143 1009 - 1296 0034
TminV 1178 1026- 1352 0020
TMO 108 099 -119 0069
TMP 1075 098 - 1178 0122
Analf G 2956 2122- 4119 lt0001
Gini 029 0211 - 041 lt0001
Prec I 099 0984 - 1002 0153
RM 3193 2288- 4455 lt0001
BR 2275 1641- 3152 lt0001
Prec P 099 099 -100 0532
Prec O 099 099 - 1002 0467
As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou
valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na
Figura 21
65
Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009
Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009
_____________________________________________________________________________
Variaacuteveis
explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)
CMI 15151 454 312-663
Analf G 13218 375 251-559
GINI -14487 023 015-035
Constante -07489
O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como
fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores
menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil
Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as
chances de apresentar casos de dengue
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)
ANALF G
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
66
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de
mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue
no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
_________________________________________________________________________
A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana
(1)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
F
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
67
Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da
mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a
probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a
90
66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011
Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602
municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas
as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano
Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011
Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril
e maio (Figura 24)
68
Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011
A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis
analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis
saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo
Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2011
Notificaccedilotildees por dengue em 2011
69
Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011 _________________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
AnalfG 367 254 - 532 lt0001
BR 288 2 - 413 lt0001
GINI 030 021- 044 lt0001
Prec I 101 099-102 0177
Prec O 099 099-100 0131
Prec P 099 099 -101 0043
Prec V 099 099 -100 lt0001
RM 417 287-606 lt0001
CMI 905 6 - 1363 lt0001
TD 080 056-114 0227
TminI 105 097- 113 0223
TminO 113 099-128 0051
TminP 115 103-128 0012
TMO 116 102-132 0020
TMP 104 097-112 0199
TMV 117 107-130 lt0001
Analf1 103 098-108 0162
Analf2 106 102 - 110 lt0001
Aacutegua 116 081-165 0395
DD 100 099-100 0827
Lixo 109 076-155 0622
TMI 098 090-107 0761
TminV 107 094-123 0275
Analf3 099 097-101 0463
70
A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na
Figura 25
Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente
RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias
Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 15301 461 289 - 735
GINI -14098 024 015 - 038
CMI 20253 757 486 - 1180
Constante -09603
Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator
de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o
analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo
461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil
ANALF G
p lt 0001
GINI
p lt 0001
CMI
p lt 0001
71
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
72
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
___________________________________________________________________________
Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
D
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
F
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
73
Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de
mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram
aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27
67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012
Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da
Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e
alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta
Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012
Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas
aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000
74
Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012
A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que
foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das
caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2012
Notificaccedilotildees por dengue em 2012
75
Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 235 158-350 lt0001
BR 237 160-351 lt0001
GINI 030 020-045 lt0001
Prec I 098 096-100 0209
RM 341 228-51 lt0001
CMI 606 397-923 lt0001
TD 076 052-111 01667
Tmin I 107 096-119 01823
Tmin O 119 101-141 00335
Tmin P 115 100-131 00417
Tmin V 125 102-152 00247
TMV 120 103-140 00144
Prec O 099 099-100 0608
Prec P 099 099-100 0583
Prec V 099 099-100 0516
TMI 103 093-113 0527
TMP 101 093-110 0709
O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo
76
geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo
Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30
Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011
Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011
_____________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 07539 212 129 - 348
GINI -13120 026 016 - 042
CMI 16465 518 33 - 814
Tmin V 02280 125 098 - 159
Constante -51829
O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior
desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As
demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura
ANALF G
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
TMV
p = 005
P
77
miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios
com valores menores que os descritos
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
78
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
_________________________________________________________________________
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012
A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de
desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e
analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por
dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de
notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se
de 40degC
000
020
040
060
080
100
120
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
Temperatura miacutenima no veratildeo
a
b
c
d
A
B
D
C
79
7 CONCLUSAtildeO
Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de
dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas
Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012
A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo
os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram
nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais
Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual
quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como
significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do
agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo
no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo
correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser
significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo
2012 ndash 2011
Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia
de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede
que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza
visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo
apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de
temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com
temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais
Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com
amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para
comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado
classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o
intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo
80
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85
ANEXOS
Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007
_____________________________________________________________
Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008
________________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 437727
GINI 0504
BR 47484
TD 7532
Analf G 13035
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 470625
GINI 0490
BR 39550
TD 6341
Analf G 11685
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
86
Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009
________________________________________________________________
Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010
_______________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 472850
GINI 0483
BR 40505
TD 5795
Analf G 11700
Analf 1 5390
Analf 2 12430
Analf 3 74670
DD 24070
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 461944
GINI 0490
BR 42673
TD 6255
Analf G 12095
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
87
Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011
___________________________________________________________________________
Variaacuteveis Valor de corte
RM 500751
GINI 0482
BR 35734
TD 5732
Analf G 1071
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
88
ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo
1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106
2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057
3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107
4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -
018
5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128
6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118
7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07
8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095
9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099
10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106
11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11
12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063
13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076
14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111
15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103
16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101
17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099
18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109
19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103
20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104
21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102
22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112
Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios
7
ABSTRACT
ALVES M A ARelationship of dengue cases in Minas Gerais with weather and
socioeconomic variables 201587f Dissertation (Masters in Environment and Water
Resources) Federal -University of Itajubaacute 2015
Dengue is a viral disease of tropical and subtropical regions that occurs due to temperature
and precipitation conditions necessary for the development of the mosquito Aedes aegypti
which is the intermediate host responsible for the transmission of dengue in Brazil Although
the environmental conditions are important for the replication of the virus and development of
Aedes aegypti the socioeconomic characteristics are also essential in the transmission of
dengue being linked to the way of life and the implementation of prevention methods
Therefore the aim of this study is to evaluate the relationship of some meteorological and
socioeconomic variables in different municipalities of Minas Gerais from 2008 to 2012 with
dengue notifications Information regarding meteorological variables were collected
precipitation maximum and minimum temperatures of the National Institute database of
Meteorology (INMET) health income and education obtained from the SUS Department of
Information (DATASUS) notifications by dengue information system and notifications of
injuries (SINAN) sanitation and population density of the Brazilian Institute of Geography
and Statistics (IBGE) For this study multivariate analyzes were performed with the Epi-Info
TM 351 software to identify the best models for dengue notifications in Minas Gerais with
the value of p lt005 based on maximum likelihood test of reason It was observed by
multivariate logistic regression three variables that show up frequently in the analyzed years
and are inequality in income distribution (Gini index) few investments in health (CMI) and
illiteracy of the population Other variables were also important such as precipitation in
winter precipitation in autumn and maximum temperature in summer the regression 2008 -
2007 middle-income and precipitation in summer in 2009 - 2008 and the variable minimum
temperature in the summer in 2012 - 2011 It was observed also that municipalities with
unequal distribution of income with low investment in health and low education of the
general population are exposed to greater notice of grievance strength when compared the
most favorable conditions The data obtained from this study reveal the need to improve the
populations quality of life with greater investments in health education and anti-poverty
measures to reduce inequality in income distribution so that greater investment in
infrastructure and education and greater involvement of the population to eradicate the insect
can help to reduce dengue notification strength
Keywords Environmental epidemiology Temperature Precipitation Income Logistic
regression
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti 20
Figura 2 Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul 27
Figura 3 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo
30
Figura 4 Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de
Cressman de 1998 a 2012
33
Figura 5 ldquoSeacuteries temporais da meacutedia mensal da temperatura miacutenima em
Janauacuteba latitude 15deg 48rsquo 13rdquo e longitude 43deg 19rsquo 3rdquo (a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo
43rdquo e longitude 44deg 59rsquo 59rdquo (b) no periacuteodo de 1998 a 2012
34
Figura 6 Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados
de estaccedilotildees de INMET da estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg
59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 na reanaacutelise ERA ndash Interim
35
Figura 7 Precipitaccedilatildeo em Minas Gerais 1998 a 2012 (INMET 40 estaccedilotildees + 43
pontos do GPCC)
43
Figura 8 Temperatura Miacutenima em MG 1998 a 2012 Fonte (INMET 40
estaccedilotildees + 57 pontos ERA Int)
45
Figura 9 Temperatura Maacutexima em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (INMET 40
estaccedilotildees + 57 pontos ERAInt)
47
Figura 10 Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos
de (a) 2008 (b) 2009 (c) 2010 (d) 2011 e (e) 2012
49
Figura 11 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepios de
Minas Gerais em 2008
50
Figura 12 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008 51
Figura 13 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2008 -2007
53
Figura 14 Estimativa da razatildeo de chance baseada nos valores de iacutendice de
GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre
os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
55
Figura 15 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais em 2009
56
9
Figura 16 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009 57
Figura 17 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2009- 2008
59
Figura 18 Estimativa da probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GNI
coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo geral e
precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2009
61
Figura 19 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais 2010
62
Figura 20 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010 63
Figura 21 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2010 - 2009
65
Figura 22 Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue
em Minas Gerais em 2010
66
Figura 23 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais em 2011
67
Figura 24 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 68
Figura 25 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2011-2010
70
Figura 26 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 71
Figura 27 Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre os casos de
dengue em Minas Gerais em 2011
72
Figura 28 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas
Gerais em 2012
73
Figura 29 Casos de notificaccedilatildeo por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012 74
Figura 30 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2012 ndash 2011
76
Figura 31 Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral e temperatura miacutenima no
veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2012
78
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo
PNCD 39
Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo 31
Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus
coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36
Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37
Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 52
Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53
Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 58
Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60
Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance
(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010
ndash 2009 64
Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65
Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011
69
Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
12
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
70
Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -
2011 75
Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76
13
LISTA DE SIGLAS
Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica
GINI Iacutendice de GINI
RM Renda meacutedia
BR Baixa Renda
TD Taxa de desemprego
CMI Coeficiente de mortalidade infantil
Analf G Analfabetismo Geral
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto
Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais
Lixo Coleta de lixo
Aacutegua Abastecimento de aacutegua
TMP Temperatura maacutexima primavera
TMV Temperatura maacutexima veratildeo
TMO Temperatura maacutexima outono
TMI Temperatura maacutexima inverno
TminP Temperatura miacutenima primavera
TminV Temperatura miacutenima veratildeo
TminO Temperatura miacutenima outono
TminI Temperatura miacutenima inverno
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo
Prec O Precipitaccedilatildeo outono
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno
ID Identificaccedilatildeo
14
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO16
2 OBJETIVOS17
21 Objetivo geral 17
22 Objetivos especiacuteficos 17
3 JUSTIFICATIVA18
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19
41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19
42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20
43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21
44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21
45 Accedilotildees de controle da dengue 22
46 Estudos da dengue no Brasil 22
47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24
48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25
49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28
51 Dados meteoroloacutegicos 28
52 Dados socioeconocircmicos 35
53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e
classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37
54 Organizaccedilatildeo dos dados 39
56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42
61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42
611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42
612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44
613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46
62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48
15
63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50
64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56
65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62
66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67
67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273
7 CONCLUSAtildeO79
REFEREcircNCIAS80
ANEXO A85
ANEXO B85
ANEXO C86
ANEXO D86
ANEXO E87
ANEXO F88
16
1 INTRODUCcedilAtildeO
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de
outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya
No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue
eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1
DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o
RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e
uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)
Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre
20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue
Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que
pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a
33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no
desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser
ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC
Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero
de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute
uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros
casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue
no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as
notificaccedilotildees por dengue no Estado
Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo
17
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas
Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de
mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas
Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com
base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)
Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no
periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue
(PNCD)
Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os
casos de dengue em Minas Gerais
18
3 JUSTIFICATIVA
Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando
rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate
agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos
de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir
os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em
relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades
apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as
caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a
particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais
agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados
agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores
19
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO
Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por
transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm
registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da
dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente
com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat
natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de
mosquitos Aedes sp
O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus
para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato
evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no
continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya
Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o
traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees
tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras
infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os
ciclos de urbanizaccedilatildeo
As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram
em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir
desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo
Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em
risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os
anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia
local
20
42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA
O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica
subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas
brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo
reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o
desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a
postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos
mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo
de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se
jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute
um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e
aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do
mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito
semanas
Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp
Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue
21
43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE
A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes
Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a
fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um
intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca
comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo
extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e
migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo
cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)
44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro
sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma
vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais
contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir
para as formas graves aumentam
A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as
consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs
os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue
hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da
doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees
dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias
A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas
inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou
quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele
hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica
pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os
sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo
surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode
levar agrave morte
22
45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE
Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem
adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como
o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a
erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes
de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees
Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o
controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria
O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se
acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta
reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos
estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a
resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas
O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e
evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de
situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A
participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os
domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros
46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL
A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A
compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de
combate mais eficaz
Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio
de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa
municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional
densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional
proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de
populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual
de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a
quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza
23
percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento
percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e
quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo
por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-
demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho
Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de
significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As
variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e
percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com
melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de
dengue na epidemia de 2002
No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -
SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e
agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e
anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de
instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres
analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em
quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos
niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue
foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o
periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu
um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total
apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis
socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos
Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash
SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo
sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica
definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis
selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios
percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo
nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo
percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes
com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior
completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de
24
chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre
trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-
miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade
porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as
variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um
agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel
observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias
e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da
estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram
chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto
niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel
meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de
moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o
coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De
modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro
unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou
correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue
47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A
DENGUE
Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura
(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a
dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As
variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e
umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o
risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na
Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro
e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio
Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido
a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo
foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas
25
maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti
no periacuteodo do outono
Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no
desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da
populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que
sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada
duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC
Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias
de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro
Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de
comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos
de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que
essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos
48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM
A DENGUE
As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e
dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos
de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define
sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de
saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a
proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como
indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis
socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo
Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo
geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se
acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor
controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as
mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo
encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)
Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE
(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o
26
rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego
que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo
procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a
reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo
de total desigualdade (ISHITANI et al2006)
Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero
de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar
um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da
populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de
sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento
baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a
qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida
A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi
incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito
proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior
facilidade
Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura
maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e
socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia
de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais
49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui
uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em
20734097 habitantes
Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas
Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as
27
chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de
Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)
A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-
sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores
contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos
Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico
Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute
um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste
em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do
oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul
do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua
de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da
precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA
et al 2014)
Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de
2010 Fonte Reboita et al (2012)
28
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)
que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e
avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores
ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado
de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e
socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de
notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas
Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por
dengue dos municiacutepios de Minas Gerais
Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de
regiotildees de alta incidecircncia de dengue
Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o
programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)
51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)
Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura
miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48
estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais
selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram
usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar
informaccedilotildees mais completas para esses anos
Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um
processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi
a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles
29
valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por
exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados
errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na
estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a
diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS
2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo
N= Q98 + 3 IQR (1)
onde Q98 eacute o percentil de 98
Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que
foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero
Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et
al 2012)
N= Q75 plusmn 3 IQR (2)
Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses
intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos
tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que
na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees
proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado
Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo
entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as
maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da
identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que
apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis
analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees
meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na
Tabela 1
Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram
menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto
eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo
meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse
30
coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva
e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram
falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo
considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento
foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)
Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo
31
Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1
Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo
___________________________________________________________________________
ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)
1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274
2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289
3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361
4 Arinos 83384 -1591 -4605 519
5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127
6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126
7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915
8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695
9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652
10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150
11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318
12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206
13 Curvelo 83536 1875 -4445 672
14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612
15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835
16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964
17 Formoso 83334 -1493 -4625 840
18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367
19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097
20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560
21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516
22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371
23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036
24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996
25 Juramento 83452 -1678 -4371 650
26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884
27 Machado 83683 -2166 -4591 87335
28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452
29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629
30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712
31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028
32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891
33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224
34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091
35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132
36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532
37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732
38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737
39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460
40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973
32
Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura
espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees
Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias
ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria
dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de
uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto
(ZIMERMANN et al 2012)
A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman
tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse
problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da
reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas
variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude
Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de
grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas
Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas
estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois
pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da
temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim
e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute
bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial
das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo
utilizar valores discrepantes
33
a) b)
c) d)
e)
Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)
veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual
34
ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e
longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na
reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)
Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do
Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x
1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo
(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o
preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA
2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com
dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096
35
Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da
estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e
do INMET (azul)
Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais
das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram
fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada
52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS
Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda
escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas
as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os
dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte
para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de
risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de
corte utilizados podem ser visualizados no anexo
As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um
banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os
resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os
significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2
36
Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos
dados
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo Variaacutevel Fonte
DD Densidade demograacutefica IBGE
Renda
GINI Iacutendice de GINI DATASUS
RM Renda meacutedia DATASUS
BR Baixa Renda DATASUS
TD Taxa de desemprego DATASUS
Sauacutede
CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS
Escolaridade
Analf G Analfabetismo Geral DATASUS
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS
Analf 2
Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo
incompleto DATASUS
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS
Saneamento baacutesico
Lixo Coleta de lixo IBGE
Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE
Variaacuteveis meteoroloacutegicas
TMP Temperatura maacutexima primavera INMET
TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET
TMO Temperatura maacutexima outono INMET
TMI Temperatura maacutexima inverno INMET
TminP Temperatura miacutenima primavera INMET
TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET
TminO Temperatura miacutenima outono INMET
TminI Temperatura miacutenima inverno INMET
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET
Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET
37
Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo da
Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo
RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1
gt mediana 0
GINI Se a desigualdade for gt mediana 1
mediana 0
BR Se a baixa renda for ge mediana 1
lt mediana 0
TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1
ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0
Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1
fundamental completo ou 2ordm ciclo
incompleto for mediana 0
Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0
2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1
DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1
mediana 0
CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1
lt 20 permil 0
53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA
Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas
Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de
2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por
ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de
morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de
morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)
38
x 100000 habitantes
(3)
( ) notificaccedilotildees
(4)
onde
Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada
CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes
(5)
Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio
possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com
municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0
Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais
Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado
utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do
Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas
do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)
39
Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________
54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS
O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam
a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de
MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas
devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as
cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama
Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute
da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo
Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de
desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso
esse trabalho foi realizado com 720 cidades
Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas
e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007
2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue
iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte
Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas
foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de
desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave
inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar
incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental
Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia
(por 100000 habitantes)
Baixa incidecircncia 100
Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300
Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300
40
completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O
motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010
56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA
A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma
variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa
duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes
atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem
se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os
dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os
valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)
( )
(6)
Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do
valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance
fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)
(
)
(7)
Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da
verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance
(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma
estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1
41
Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila
chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito
(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel
dependente fica representada pela foacutermula
( )
( )
(8)
Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM
(CDC 2008)
As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de
p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise
forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das
variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou
igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW
1989)
42
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA
611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM
MINAS GERAIS
Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no
inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e
no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de
Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das
explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para
leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa
umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de
monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno
com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do
continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo
43
a) b)
c) d)
e)
Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
44
612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA
MIacuteNIMA EM MG
Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo
variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma
regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de
MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais
frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de
10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a
predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em
todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a
22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo
mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste
apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no
veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de
Souza et al (2006)
45
a) b)
c) d)
e)
Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
46
613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS
MAacuteXIMAS EM MG
A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com
a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores
altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras
aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute
no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no
leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente
47
a) b)
c) d)
e)
Figura 9 - Temperatura maacutexima (o
C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)
primavera (e) meacutedia anual
48
62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG
As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser
visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo
central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos
mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se
tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees
No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a
classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD
Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais
___________________________________________________________________________
Ano 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183
Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia
49
a) 2008 b) 2009
c) 2010 d) 2011
e) 2012
Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)
2010 (d) 2011 e (e) 2012
50
63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008
De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades
com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas
com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da
Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de
dengue
Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008
A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na
Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores
notificaccedilotildees em abril
51
Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4
com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se
hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis
explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2008
52
Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de
p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 073 050 - 108 0119
GINI 045 030 - 067 0001
CMI 374 249 - 559 lt0001
Prec I 099 098 - 100 0160
Prec O 100 099 - 101 0059
TD 156 106 -230 0023
TminP 107 095 - 121 0202
TminV 124 105 - 147 0009
TMO 123 105 - 144 0009
TMV 117 104 -133 0007
BR 097 066 - 145 0919
Prec P 099 099 - 100 0782
Prec V 100 099 -100 0984
RM 122 082 -182 0313
TMI 099 089 - 112 0977
TminI 102 094 - 112 0509
TminO 103 089 - 119 0684
TMP 103 094 -113 0487
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI
coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono
temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem
significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13
53
Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007
Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007
____________________________________________________________________________
A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de
GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de
dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil
(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da
populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI -09422 038 025 - 060
CMI 13098 37 242 - 566
Prec I -00185 098 096 - 099
Prec O 00121 101 100 - 102
TMV 02957 134 116 -154
Constante -96745
CMI
P lt 0001
TMV
P lt 0001
GINI
P lt 0001
Prec I
P= 0006
Prec O
P= 0003
54
vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais
favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue
tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com
menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo
comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um
risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse
valor
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +
02957(TMV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade
(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e
temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8
foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14
55
Legenda
_________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio
A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0)
Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem
permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana
para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso
verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm
0
02
04
06
08
1
12
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
()
Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)
a
b
c
d
A
B
D
C
56
maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio
mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem
apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a
notificaccedilatildeo
64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009
Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de
notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees
atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas
Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15
Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009
O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no
mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16
57
Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o
resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em
verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2009
58
Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores
de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
BR 288 190 - 437 lt0001
GINI 286 189-433 lt0001
Prec O 099 098- 099 00001
Prec P 100 100-101 00085
Prec V 099 099-100 00603
CMI 782 496- 1235 lt0001
TD 075 050 -112 01692
TminO 115 098 -134 00728
TminV 116 098-137 00665
TMO 112 097- 129 00979
TMV 117 101 -136 00279
Analf G 367 241 -559 lt0001
RM 403 263-616 lt0001
Prec I 099 098 -100 03264
TMI 101 090 - 112 08337
TminI 103 093 - 115 05150
TminP 099 088-111 09688
TMP 103 095 - 111 04249
59
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda
meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A
ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta
os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das
variaacuteveis explanatoacuterias
Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008
GINI
p lt 0001
Prec V
P= 00358
Analf G
P =00044
CMI
plt 0001
RM
P = 00008
60
Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008
_________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI 14027 406 230 - 716
RM 12552 350 168 - 728
Analf G 11075 302 141- 648
CMI 17819 594 358- 985
Prec V 00042 100 099 -100
Constante -37863
Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco
para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594
vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com
menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350
analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042
(PrecV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)
renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo
de interferir nos casos de dengue no Estado
61
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
__________________________________________________________________________
Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em
2009
000
020
040
060
080
100
120
0 200 400 600
Pro
bab
ilid
ade
(
)
Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)
a
b
c
d
A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima
da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
A
B
C
D
62
A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede
com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com
maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias
65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010
No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero
de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de
morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos
para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes
principalmente nas regiotildees norte e sul
Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010
63
Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado
superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na
Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na
primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono
tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise
Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2010
64
Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC
95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue
no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Prec V 099 099 - 1000 0103
CMI 5459 3847 - 7746 lt0001
TD 077 056 - 1069 0121
TminO 1143 1009 - 1296 0034
TminV 1178 1026- 1352 0020
TMO 108 099 -119 0069
TMP 1075 098 - 1178 0122
Analf G 2956 2122- 4119 lt0001
Gini 029 0211 - 041 lt0001
Prec I 099 0984 - 1002 0153
RM 3193 2288- 4455 lt0001
BR 2275 1641- 3152 lt0001
Prec P 099 099 -100 0532
Prec O 099 099 - 1002 0467
As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou
valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na
Figura 21
65
Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009
Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009
_____________________________________________________________________________
Variaacuteveis
explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)
CMI 15151 454 312-663
Analf G 13218 375 251-559
GINI -14487 023 015-035
Constante -07489
O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como
fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores
menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil
Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as
chances de apresentar casos de dengue
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)
ANALF G
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
66
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de
mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue
no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
_________________________________________________________________________
A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana
(1)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
F
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
67
Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da
mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a
probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a
90
66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011
Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602
municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas
as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano
Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011
Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril
e maio (Figura 24)
68
Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011
A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis
analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis
saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo
Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2011
Notificaccedilotildees por dengue em 2011
69
Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011 _________________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
AnalfG 367 254 - 532 lt0001
BR 288 2 - 413 lt0001
GINI 030 021- 044 lt0001
Prec I 101 099-102 0177
Prec O 099 099-100 0131
Prec P 099 099 -101 0043
Prec V 099 099 -100 lt0001
RM 417 287-606 lt0001
CMI 905 6 - 1363 lt0001
TD 080 056-114 0227
TminI 105 097- 113 0223
TminO 113 099-128 0051
TminP 115 103-128 0012
TMO 116 102-132 0020
TMP 104 097-112 0199
TMV 117 107-130 lt0001
Analf1 103 098-108 0162
Analf2 106 102 - 110 lt0001
Aacutegua 116 081-165 0395
DD 100 099-100 0827
Lixo 109 076-155 0622
TMI 098 090-107 0761
TminV 107 094-123 0275
Analf3 099 097-101 0463
70
A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na
Figura 25
Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente
RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias
Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 15301 461 289 - 735
GINI -14098 024 015 - 038
CMI 20253 757 486 - 1180
Constante -09603
Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator
de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o
analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo
461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil
ANALF G
p lt 0001
GINI
p lt 0001
CMI
p lt 0001
71
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
72
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
___________________________________________________________________________
Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
D
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
F
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
73
Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de
mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram
aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27
67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012
Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da
Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e
alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta
Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012
Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas
aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000
74
Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012
A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que
foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das
caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2012
Notificaccedilotildees por dengue em 2012
75
Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 235 158-350 lt0001
BR 237 160-351 lt0001
GINI 030 020-045 lt0001
Prec I 098 096-100 0209
RM 341 228-51 lt0001
CMI 606 397-923 lt0001
TD 076 052-111 01667
Tmin I 107 096-119 01823
Tmin O 119 101-141 00335
Tmin P 115 100-131 00417
Tmin V 125 102-152 00247
TMV 120 103-140 00144
Prec O 099 099-100 0608
Prec P 099 099-100 0583
Prec V 099 099-100 0516
TMI 103 093-113 0527
TMP 101 093-110 0709
O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo
76
geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo
Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30
Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011
Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011
_____________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 07539 212 129 - 348
GINI -13120 026 016 - 042
CMI 16465 518 33 - 814
Tmin V 02280 125 098 - 159
Constante -51829
O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior
desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As
demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura
ANALF G
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
TMV
p = 005
P
77
miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios
com valores menores que os descritos
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
78
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
_________________________________________________________________________
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012
A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de
desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e
analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por
dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de
notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se
de 40degC
000
020
040
060
080
100
120
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
Temperatura miacutenima no veratildeo
a
b
c
d
A
B
D
C
79
7 CONCLUSAtildeO
Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de
dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas
Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012
A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo
os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram
nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais
Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual
quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como
significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do
agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo
no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo
correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser
significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo
2012 ndash 2011
Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia
de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede
que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza
visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo
apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de
temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com
temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais
Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com
amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para
comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado
classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o
intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo
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ANEXOS
Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007
_____________________________________________________________
Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008
________________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 437727
GINI 0504
BR 47484
TD 7532
Analf G 13035
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 470625
GINI 0490
BR 39550
TD 6341
Analf G 11685
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
86
Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009
________________________________________________________________
Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010
_______________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 472850
GINI 0483
BR 40505
TD 5795
Analf G 11700
Analf 1 5390
Analf 2 12430
Analf 3 74670
DD 24070
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 461944
GINI 0490
BR 42673
TD 6255
Analf G 12095
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
87
Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011
___________________________________________________________________________
Variaacuteveis Valor de corte
RM 500751
GINI 0482
BR 35734
TD 5732
Analf G 1071
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
88
ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo
1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106
2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057
3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107
4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -
018
5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128
6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118
7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07
8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095
9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099
10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106
11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11
12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063
13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076
14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111
15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103
16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101
17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099
18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109
19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103
20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104
21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102
22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112
Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti 20
Figura 2 Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul 27
Figura 3 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo
30
Figura 4 Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de
Cressman de 1998 a 2012
33
Figura 5 ldquoSeacuteries temporais da meacutedia mensal da temperatura miacutenima em
Janauacuteba latitude 15deg 48rsquo 13rdquo e longitude 43deg 19rsquo 3rdquo (a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo
43rdquo e longitude 44deg 59rsquo 59rdquo (b) no periacuteodo de 1998 a 2012
34
Figura 6 Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados
de estaccedilotildees de INMET da estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg
59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 na reanaacutelise ERA ndash Interim
35
Figura 7 Precipitaccedilatildeo em Minas Gerais 1998 a 2012 (INMET 40 estaccedilotildees + 43
pontos do GPCC)
43
Figura 8 Temperatura Miacutenima em MG 1998 a 2012 Fonte (INMET 40
estaccedilotildees + 57 pontos ERA Int)
45
Figura 9 Temperatura Maacutexima em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (INMET 40
estaccedilotildees + 57 pontos ERAInt)
47
Figura 10 Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos
de (a) 2008 (b) 2009 (c) 2010 (d) 2011 e (e) 2012
49
Figura 11 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepios de
Minas Gerais em 2008
50
Figura 12 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008 51
Figura 13 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2008 -2007
53
Figura 14 Estimativa da razatildeo de chance baseada nos valores de iacutendice de
GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre
os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
55
Figura 15 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais em 2009
56
9
Figura 16 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009 57
Figura 17 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2009- 2008
59
Figura 18 Estimativa da probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GNI
coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo geral e
precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2009
61
Figura 19 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais 2010
62
Figura 20 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010 63
Figura 21 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2010 - 2009
65
Figura 22 Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue
em Minas Gerais em 2010
66
Figura 23 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais em 2011
67
Figura 24 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 68
Figura 25 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2011-2010
70
Figura 26 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 71
Figura 27 Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre os casos de
dengue em Minas Gerais em 2011
72
Figura 28 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas
Gerais em 2012
73
Figura 29 Casos de notificaccedilatildeo por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012 74
Figura 30 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2012 ndash 2011
76
Figura 31 Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral e temperatura miacutenima no
veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2012
78
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo
PNCD 39
Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo 31
Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus
coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36
Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37
Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 52
Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53
Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 58
Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60
Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance
(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010
ndash 2009 64
Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65
Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011
69
Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
12
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
70
Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -
2011 75
Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76
13
LISTA DE SIGLAS
Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica
GINI Iacutendice de GINI
RM Renda meacutedia
BR Baixa Renda
TD Taxa de desemprego
CMI Coeficiente de mortalidade infantil
Analf G Analfabetismo Geral
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto
Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais
Lixo Coleta de lixo
Aacutegua Abastecimento de aacutegua
TMP Temperatura maacutexima primavera
TMV Temperatura maacutexima veratildeo
TMO Temperatura maacutexima outono
TMI Temperatura maacutexima inverno
TminP Temperatura miacutenima primavera
TminV Temperatura miacutenima veratildeo
TminO Temperatura miacutenima outono
TminI Temperatura miacutenima inverno
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo
Prec O Precipitaccedilatildeo outono
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno
ID Identificaccedilatildeo
14
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO16
2 OBJETIVOS17
21 Objetivo geral 17
22 Objetivos especiacuteficos 17
3 JUSTIFICATIVA18
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19
41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19
42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20
43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21
44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21
45 Accedilotildees de controle da dengue 22
46 Estudos da dengue no Brasil 22
47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24
48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25
49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28
51 Dados meteoroloacutegicos 28
52 Dados socioeconocircmicos 35
53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e
classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37
54 Organizaccedilatildeo dos dados 39
56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42
61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42
611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42
612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44
613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46
62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48
15
63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50
64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56
65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62
66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67
67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273
7 CONCLUSAtildeO79
REFEREcircNCIAS80
ANEXO A85
ANEXO B85
ANEXO C86
ANEXO D86
ANEXO E87
ANEXO F88
16
1 INTRODUCcedilAtildeO
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de
outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya
No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue
eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1
DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o
RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e
uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)
Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre
20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue
Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que
pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a
33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no
desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser
ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC
Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero
de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute
uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros
casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue
no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as
notificaccedilotildees por dengue no Estado
Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo
17
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas
Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de
mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas
Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com
base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)
Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no
periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue
(PNCD)
Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os
casos de dengue em Minas Gerais
18
3 JUSTIFICATIVA
Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando
rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate
agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos
de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir
os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em
relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades
apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as
caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a
particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais
agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados
agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores
19
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO
Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por
transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm
registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da
dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente
com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat
natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de
mosquitos Aedes sp
O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus
para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato
evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no
continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya
Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o
traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees
tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras
infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os
ciclos de urbanizaccedilatildeo
As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram
em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir
desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo
Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em
risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os
anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia
local
20
42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA
O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica
subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas
brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo
reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o
desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a
postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos
mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo
de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se
jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute
um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e
aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do
mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito
semanas
Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp
Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue
21
43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE
A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes
Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a
fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um
intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca
comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo
extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e
migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo
cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)
44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro
sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma
vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais
contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir
para as formas graves aumentam
A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as
consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs
os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue
hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da
doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees
dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias
A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas
inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou
quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele
hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica
pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os
sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo
surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode
levar agrave morte
22
45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE
Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem
adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como
o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a
erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes
de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees
Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o
controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria
O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se
acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta
reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos
estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a
resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas
O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e
evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de
situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A
participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os
domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros
46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL
A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A
compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de
combate mais eficaz
Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio
de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa
municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional
densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional
proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de
populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual
de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a
quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza
23
percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento
percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e
quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo
por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-
demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho
Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de
significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As
variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e
percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com
melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de
dengue na epidemia de 2002
No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -
SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e
agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e
anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de
instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres
analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em
quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos
niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue
foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o
periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu
um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total
apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis
socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos
Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash
SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo
sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica
definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis
selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios
percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo
nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo
percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes
com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior
completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de
24
chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre
trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-
miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade
porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as
variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um
agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel
observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias
e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da
estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram
chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto
niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel
meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de
moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o
coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De
modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro
unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou
correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue
47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A
DENGUE
Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura
(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a
dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As
variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e
umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o
risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na
Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro
e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio
Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido
a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo
foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas
25
maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti
no periacuteodo do outono
Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no
desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da
populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que
sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada
duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC
Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias
de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro
Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de
comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos
de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que
essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos
48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM
A DENGUE
As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e
dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos
de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define
sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de
saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a
proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como
indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis
socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo
Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo
geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se
acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor
controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as
mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo
encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)
Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE
(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o
26
rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego
que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo
procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a
reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo
de total desigualdade (ISHITANI et al2006)
Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero
de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar
um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da
populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de
sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento
baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a
qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida
A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi
incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito
proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior
facilidade
Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura
maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e
socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia
de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais
49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui
uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em
20734097 habitantes
Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas
Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as
27
chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de
Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)
A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-
sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores
contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos
Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico
Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute
um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste
em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do
oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul
do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua
de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da
precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA
et al 2014)
Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de
2010 Fonte Reboita et al (2012)
28
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)
que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e
avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores
ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado
de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e
socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de
notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas
Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por
dengue dos municiacutepios de Minas Gerais
Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de
regiotildees de alta incidecircncia de dengue
Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o
programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)
51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)
Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura
miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48
estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais
selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram
usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar
informaccedilotildees mais completas para esses anos
Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um
processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi
a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles
29
valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por
exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados
errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na
estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a
diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS
2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo
N= Q98 + 3 IQR (1)
onde Q98 eacute o percentil de 98
Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que
foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero
Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et
al 2012)
N= Q75 plusmn 3 IQR (2)
Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses
intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos
tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que
na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees
proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado
Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo
entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as
maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da
identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que
apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis
analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees
meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na
Tabela 1
Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram
menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto
eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo
meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse
30
coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva
e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram
falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo
considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento
foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)
Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo
31
Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1
Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo
___________________________________________________________________________
ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)
1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274
2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289
3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361
4 Arinos 83384 -1591 -4605 519
5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127
6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126
7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915
8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695
9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652
10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150
11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318
12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206
13 Curvelo 83536 1875 -4445 672
14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612
15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835
16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964
17 Formoso 83334 -1493 -4625 840
18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367
19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097
20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560
21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516
22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371
23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036
24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996
25 Juramento 83452 -1678 -4371 650
26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884
27 Machado 83683 -2166 -4591 87335
28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452
29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629
30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712
31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028
32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891
33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224
34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091
35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132
36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532
37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732
38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737
39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460
40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973
32
Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura
espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees
Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias
ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria
dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de
uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto
(ZIMERMANN et al 2012)
A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman
tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse
problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da
reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas
variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude
Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de
grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas
Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas
estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois
pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da
temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim
e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute
bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial
das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo
utilizar valores discrepantes
33
a) b)
c) d)
e)
Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)
veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual
34
ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e
longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na
reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)
Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do
Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x
1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo
(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o
preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA
2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com
dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096
35
Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da
estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e
do INMET (azul)
Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais
das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram
fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada
52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS
Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda
escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas
as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os
dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte
para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de
risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de
corte utilizados podem ser visualizados no anexo
As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um
banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os
resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os
significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2
36
Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos
dados
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo Variaacutevel Fonte
DD Densidade demograacutefica IBGE
Renda
GINI Iacutendice de GINI DATASUS
RM Renda meacutedia DATASUS
BR Baixa Renda DATASUS
TD Taxa de desemprego DATASUS
Sauacutede
CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS
Escolaridade
Analf G Analfabetismo Geral DATASUS
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS
Analf 2
Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo
incompleto DATASUS
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS
Saneamento baacutesico
Lixo Coleta de lixo IBGE
Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE
Variaacuteveis meteoroloacutegicas
TMP Temperatura maacutexima primavera INMET
TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET
TMO Temperatura maacutexima outono INMET
TMI Temperatura maacutexima inverno INMET
TminP Temperatura miacutenima primavera INMET
TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET
TminO Temperatura miacutenima outono INMET
TminI Temperatura miacutenima inverno INMET
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET
Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET
37
Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo da
Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo
RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1
gt mediana 0
GINI Se a desigualdade for gt mediana 1
mediana 0
BR Se a baixa renda for ge mediana 1
lt mediana 0
TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1
ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0
Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1
fundamental completo ou 2ordm ciclo
incompleto for mediana 0
Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0
2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1
DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1
mediana 0
CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1
lt 20 permil 0
53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA
Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas
Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de
2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por
ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de
morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de
morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)
38
x 100000 habitantes
(3)
( ) notificaccedilotildees
(4)
onde
Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada
CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes
(5)
Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio
possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com
municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0
Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais
Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado
utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do
Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas
do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)
39
Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________
54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS
O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam
a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de
MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas
devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as
cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama
Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute
da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo
Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de
desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso
esse trabalho foi realizado com 720 cidades
Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas
e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007
2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue
iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte
Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas
foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de
desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave
inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar
incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental
Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia
(por 100000 habitantes)
Baixa incidecircncia 100
Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300
Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300
40
completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O
motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010
56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA
A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma
variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa
duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes
atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem
se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os
dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os
valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)
( )
(6)
Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do
valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance
fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)
(
)
(7)
Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da
verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance
(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma
estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1
41
Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila
chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito
(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel
dependente fica representada pela foacutermula
( )
( )
(8)
Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM
(CDC 2008)
As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de
p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise
forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das
variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou
igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW
1989)
42
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA
611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM
MINAS GERAIS
Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no
inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e
no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de
Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das
explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para
leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa
umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de
monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno
com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do
continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo
43
a) b)
c) d)
e)
Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
44
612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA
MIacuteNIMA EM MG
Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo
variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma
regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de
MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais
frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de
10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a
predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em
todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a
22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo
mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste
apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no
veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de
Souza et al (2006)
45
a) b)
c) d)
e)
Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
46
613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS
MAacuteXIMAS EM MG
A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com
a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores
altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras
aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute
no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no
leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente
47
a) b)
c) d)
e)
Figura 9 - Temperatura maacutexima (o
C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)
primavera (e) meacutedia anual
48
62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG
As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser
visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo
central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos
mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se
tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees
No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a
classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD
Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais
___________________________________________________________________________
Ano 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183
Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia
49
a) 2008 b) 2009
c) 2010 d) 2011
e) 2012
Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)
2010 (d) 2011 e (e) 2012
50
63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008
De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades
com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas
com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da
Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de
dengue
Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008
A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na
Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores
notificaccedilotildees em abril
51
Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4
com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se
hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis
explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2008
52
Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de
p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 073 050 - 108 0119
GINI 045 030 - 067 0001
CMI 374 249 - 559 lt0001
Prec I 099 098 - 100 0160
Prec O 100 099 - 101 0059
TD 156 106 -230 0023
TminP 107 095 - 121 0202
TminV 124 105 - 147 0009
TMO 123 105 - 144 0009
TMV 117 104 -133 0007
BR 097 066 - 145 0919
Prec P 099 099 - 100 0782
Prec V 100 099 -100 0984
RM 122 082 -182 0313
TMI 099 089 - 112 0977
TminI 102 094 - 112 0509
TminO 103 089 - 119 0684
TMP 103 094 -113 0487
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI
coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono
temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem
significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13
53
Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007
Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007
____________________________________________________________________________
A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de
GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de
dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil
(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da
populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI -09422 038 025 - 060
CMI 13098 37 242 - 566
Prec I -00185 098 096 - 099
Prec O 00121 101 100 - 102
TMV 02957 134 116 -154
Constante -96745
CMI
P lt 0001
TMV
P lt 0001
GINI
P lt 0001
Prec I
P= 0006
Prec O
P= 0003
54
vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais
favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue
tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com
menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo
comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um
risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse
valor
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +
02957(TMV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade
(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e
temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8
foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14
55
Legenda
_________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio
A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0)
Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem
permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana
para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso
verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm
0
02
04
06
08
1
12
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
()
Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)
a
b
c
d
A
B
D
C
56
maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio
mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem
apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a
notificaccedilatildeo
64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009
Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de
notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees
atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas
Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15
Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009
O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no
mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16
57
Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o
resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em
verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2009
58
Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores
de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
BR 288 190 - 437 lt0001
GINI 286 189-433 lt0001
Prec O 099 098- 099 00001
Prec P 100 100-101 00085
Prec V 099 099-100 00603
CMI 782 496- 1235 lt0001
TD 075 050 -112 01692
TminO 115 098 -134 00728
TminV 116 098-137 00665
TMO 112 097- 129 00979
TMV 117 101 -136 00279
Analf G 367 241 -559 lt0001
RM 403 263-616 lt0001
Prec I 099 098 -100 03264
TMI 101 090 - 112 08337
TminI 103 093 - 115 05150
TminP 099 088-111 09688
TMP 103 095 - 111 04249
59
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda
meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A
ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta
os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das
variaacuteveis explanatoacuterias
Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008
GINI
p lt 0001
Prec V
P= 00358
Analf G
P =00044
CMI
plt 0001
RM
P = 00008
60
Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008
_________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI 14027 406 230 - 716
RM 12552 350 168 - 728
Analf G 11075 302 141- 648
CMI 17819 594 358- 985
Prec V 00042 100 099 -100
Constante -37863
Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco
para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594
vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com
menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350
analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042
(PrecV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)
renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo
de interferir nos casos de dengue no Estado
61
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
__________________________________________________________________________
Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em
2009
000
020
040
060
080
100
120
0 200 400 600
Pro
bab
ilid
ade
(
)
Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)
a
b
c
d
A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima
da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
A
B
C
D
62
A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede
com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com
maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias
65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010
No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero
de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de
morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos
para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes
principalmente nas regiotildees norte e sul
Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010
63
Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado
superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na
Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na
primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono
tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise
Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2010
64
Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC
95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue
no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Prec V 099 099 - 1000 0103
CMI 5459 3847 - 7746 lt0001
TD 077 056 - 1069 0121
TminO 1143 1009 - 1296 0034
TminV 1178 1026- 1352 0020
TMO 108 099 -119 0069
TMP 1075 098 - 1178 0122
Analf G 2956 2122- 4119 lt0001
Gini 029 0211 - 041 lt0001
Prec I 099 0984 - 1002 0153
RM 3193 2288- 4455 lt0001
BR 2275 1641- 3152 lt0001
Prec P 099 099 -100 0532
Prec O 099 099 - 1002 0467
As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou
valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na
Figura 21
65
Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009
Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009
_____________________________________________________________________________
Variaacuteveis
explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)
CMI 15151 454 312-663
Analf G 13218 375 251-559
GINI -14487 023 015-035
Constante -07489
O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como
fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores
menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil
Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as
chances de apresentar casos de dengue
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)
ANALF G
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
66
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de
mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue
no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
_________________________________________________________________________
A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana
(1)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
F
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
67
Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da
mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a
probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a
90
66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011
Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602
municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas
as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano
Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011
Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril
e maio (Figura 24)
68
Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011
A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis
analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis
saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo
Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2011
Notificaccedilotildees por dengue em 2011
69
Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011 _________________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
AnalfG 367 254 - 532 lt0001
BR 288 2 - 413 lt0001
GINI 030 021- 044 lt0001
Prec I 101 099-102 0177
Prec O 099 099-100 0131
Prec P 099 099 -101 0043
Prec V 099 099 -100 lt0001
RM 417 287-606 lt0001
CMI 905 6 - 1363 lt0001
TD 080 056-114 0227
TminI 105 097- 113 0223
TminO 113 099-128 0051
TminP 115 103-128 0012
TMO 116 102-132 0020
TMP 104 097-112 0199
TMV 117 107-130 lt0001
Analf1 103 098-108 0162
Analf2 106 102 - 110 lt0001
Aacutegua 116 081-165 0395
DD 100 099-100 0827
Lixo 109 076-155 0622
TMI 098 090-107 0761
TminV 107 094-123 0275
Analf3 099 097-101 0463
70
A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na
Figura 25
Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente
RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias
Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 15301 461 289 - 735
GINI -14098 024 015 - 038
CMI 20253 757 486 - 1180
Constante -09603
Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator
de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o
analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo
461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil
ANALF G
p lt 0001
GINI
p lt 0001
CMI
p lt 0001
71
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
72
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
___________________________________________________________________________
Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
D
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
F
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
73
Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de
mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram
aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27
67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012
Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da
Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e
alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta
Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012
Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas
aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000
74
Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012
A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que
foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das
caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2012
Notificaccedilotildees por dengue em 2012
75
Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 235 158-350 lt0001
BR 237 160-351 lt0001
GINI 030 020-045 lt0001
Prec I 098 096-100 0209
RM 341 228-51 lt0001
CMI 606 397-923 lt0001
TD 076 052-111 01667
Tmin I 107 096-119 01823
Tmin O 119 101-141 00335
Tmin P 115 100-131 00417
Tmin V 125 102-152 00247
TMV 120 103-140 00144
Prec O 099 099-100 0608
Prec P 099 099-100 0583
Prec V 099 099-100 0516
TMI 103 093-113 0527
TMP 101 093-110 0709
O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo
76
geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo
Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30
Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011
Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011
_____________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 07539 212 129 - 348
GINI -13120 026 016 - 042
CMI 16465 518 33 - 814
Tmin V 02280 125 098 - 159
Constante -51829
O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior
desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As
demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura
ANALF G
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
TMV
p = 005
P
77
miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios
com valores menores que os descritos
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
78
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
_________________________________________________________________________
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012
A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de
desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e
analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por
dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de
notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se
de 40degC
000
020
040
060
080
100
120
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
Temperatura miacutenima no veratildeo
a
b
c
d
A
B
D
C
79
7 CONCLUSAtildeO
Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de
dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas
Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012
A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo
os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram
nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais
Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual
quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como
significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do
agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo
no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo
correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser
significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo
2012 ndash 2011
Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia
de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede
que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza
visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo
apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de
temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com
temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais
Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com
amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para
comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado
classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o
intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo
80
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85
ANEXOS
Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007
_____________________________________________________________
Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008
________________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 437727
GINI 0504
BR 47484
TD 7532
Analf G 13035
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 470625
GINI 0490
BR 39550
TD 6341
Analf G 11685
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
86
Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009
________________________________________________________________
Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010
_______________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 472850
GINI 0483
BR 40505
TD 5795
Analf G 11700
Analf 1 5390
Analf 2 12430
Analf 3 74670
DD 24070
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 461944
GINI 0490
BR 42673
TD 6255
Analf G 12095
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
87
Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011
___________________________________________________________________________
Variaacuteveis Valor de corte
RM 500751
GINI 0482
BR 35734
TD 5732
Analf G 1071
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
88
ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo
1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106
2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057
3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107
4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -
018
5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128
6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118
7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07
8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095
9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099
10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106
11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11
12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063
13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076
14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111
15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103
16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101
17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099
18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109
19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103
20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104
21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102
22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112
Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios
9
Figura 16 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009 57
Figura 17 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2009- 2008
59
Figura 18 Estimativa da probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GNI
coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo geral e
precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2009
61
Figura 19 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais 2010
62
Figura 20 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010 63
Figura 21 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2010 - 2009
65
Figura 22 Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue
em Minas Gerais em 2010
66
Figura 23 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de
Minas Gerais em 2011
67
Figura 24 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 68
Figura 25 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2011-2010
70
Figura 26 Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011 71
Figura 27 Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral sobre os casos de
dengue em Minas Gerais em 2011
72
Figura 28 Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas
Gerais em 2012
73
Figura 29 Casos de notificaccedilatildeo por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012 74
Figura 30 Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias
significativas para o ano de 2012 ndash 2011
76
Figura 31 Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI
coeficiente de mortalidade infantil analfabetismo geral e temperatura miacutenima no
veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2012
78
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo
PNCD 39
Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo 31
Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus
coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36
Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37
Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 52
Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53
Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 58
Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60
Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance
(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010
ndash 2009 64
Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65
Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011
69
Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
12
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
70
Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -
2011 75
Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76
13
LISTA DE SIGLAS
Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica
GINI Iacutendice de GINI
RM Renda meacutedia
BR Baixa Renda
TD Taxa de desemprego
CMI Coeficiente de mortalidade infantil
Analf G Analfabetismo Geral
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto
Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais
Lixo Coleta de lixo
Aacutegua Abastecimento de aacutegua
TMP Temperatura maacutexima primavera
TMV Temperatura maacutexima veratildeo
TMO Temperatura maacutexima outono
TMI Temperatura maacutexima inverno
TminP Temperatura miacutenima primavera
TminV Temperatura miacutenima veratildeo
TminO Temperatura miacutenima outono
TminI Temperatura miacutenima inverno
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo
Prec O Precipitaccedilatildeo outono
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno
ID Identificaccedilatildeo
14
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO16
2 OBJETIVOS17
21 Objetivo geral 17
22 Objetivos especiacuteficos 17
3 JUSTIFICATIVA18
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19
41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19
42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20
43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21
44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21
45 Accedilotildees de controle da dengue 22
46 Estudos da dengue no Brasil 22
47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24
48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25
49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28
51 Dados meteoroloacutegicos 28
52 Dados socioeconocircmicos 35
53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e
classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37
54 Organizaccedilatildeo dos dados 39
56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42
61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42
611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42
612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44
613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46
62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48
15
63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50
64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56
65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62
66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67
67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273
7 CONCLUSAtildeO79
REFEREcircNCIAS80
ANEXO A85
ANEXO B85
ANEXO C86
ANEXO D86
ANEXO E87
ANEXO F88
16
1 INTRODUCcedilAtildeO
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de
outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya
No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue
eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1
DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o
RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e
uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)
Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre
20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue
Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que
pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a
33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no
desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser
ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC
Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero
de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute
uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros
casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue
no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as
notificaccedilotildees por dengue no Estado
Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo
17
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas
Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de
mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas
Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com
base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)
Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no
periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue
(PNCD)
Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os
casos de dengue em Minas Gerais
18
3 JUSTIFICATIVA
Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando
rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate
agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos
de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir
os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em
relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades
apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as
caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a
particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais
agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados
agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores
19
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO
Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por
transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm
registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da
dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente
com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat
natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de
mosquitos Aedes sp
O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus
para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato
evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no
continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya
Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o
traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees
tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras
infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os
ciclos de urbanizaccedilatildeo
As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram
em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir
desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo
Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em
risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os
anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia
local
20
42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA
O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica
subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas
brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo
reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o
desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a
postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos
mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo
de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se
jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute
um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e
aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do
mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito
semanas
Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp
Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue
21
43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE
A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes
Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a
fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um
intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca
comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo
extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e
migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo
cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)
44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro
sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma
vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais
contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir
para as formas graves aumentam
A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as
consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs
os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue
hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da
doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees
dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias
A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas
inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou
quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele
hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica
pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os
sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo
surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode
levar agrave morte
22
45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE
Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem
adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como
o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a
erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes
de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees
Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o
controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria
O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se
acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta
reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos
estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a
resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas
O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e
evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de
situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A
participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os
domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros
46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL
A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A
compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de
combate mais eficaz
Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio
de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa
municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional
densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional
proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de
populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual
de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a
quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza
23
percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento
percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e
quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo
por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-
demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho
Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de
significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As
variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e
percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com
melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de
dengue na epidemia de 2002
No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -
SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e
agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e
anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de
instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres
analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em
quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos
niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue
foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o
periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu
um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total
apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis
socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos
Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash
SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo
sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica
definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis
selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios
percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo
nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo
percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes
com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior
completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de
24
chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre
trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-
miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade
porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as
variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um
agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel
observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias
e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da
estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram
chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto
niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel
meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de
moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o
coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De
modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro
unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou
correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue
47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A
DENGUE
Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura
(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a
dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As
variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e
umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o
risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na
Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro
e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio
Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido
a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo
foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas
25
maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti
no periacuteodo do outono
Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no
desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da
populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que
sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada
duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC
Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias
de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro
Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de
comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos
de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que
essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos
48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM
A DENGUE
As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e
dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos
de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define
sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de
saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a
proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como
indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis
socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo
Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo
geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se
acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor
controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as
mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo
encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)
Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE
(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o
26
rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego
que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo
procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a
reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo
de total desigualdade (ISHITANI et al2006)
Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero
de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar
um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da
populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de
sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento
baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a
qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida
A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi
incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito
proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior
facilidade
Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura
maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e
socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia
de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais
49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui
uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em
20734097 habitantes
Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas
Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as
27
chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de
Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)
A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-
sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores
contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos
Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico
Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute
um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste
em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do
oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul
do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua
de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da
precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA
et al 2014)
Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de
2010 Fonte Reboita et al (2012)
28
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)
que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e
avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores
ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado
de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e
socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de
notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas
Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por
dengue dos municiacutepios de Minas Gerais
Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de
regiotildees de alta incidecircncia de dengue
Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o
programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)
51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)
Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura
miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48
estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais
selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram
usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar
informaccedilotildees mais completas para esses anos
Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um
processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi
a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles
29
valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por
exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados
errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na
estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a
diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS
2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo
N= Q98 + 3 IQR (1)
onde Q98 eacute o percentil de 98
Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que
foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero
Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et
al 2012)
N= Q75 plusmn 3 IQR (2)
Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses
intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos
tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que
na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees
proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado
Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo
entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as
maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da
identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que
apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis
analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees
meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na
Tabela 1
Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram
menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto
eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo
meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse
30
coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva
e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram
falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo
considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento
foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)
Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo
31
Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1
Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo
___________________________________________________________________________
ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)
1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274
2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289
3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361
4 Arinos 83384 -1591 -4605 519
5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127
6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126
7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915
8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695
9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652
10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150
11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318
12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206
13 Curvelo 83536 1875 -4445 672
14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612
15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835
16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964
17 Formoso 83334 -1493 -4625 840
18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367
19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097
20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560
21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516
22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371
23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036
24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996
25 Juramento 83452 -1678 -4371 650
26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884
27 Machado 83683 -2166 -4591 87335
28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452
29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629
30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712
31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028
32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891
33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224
34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091
35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132
36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532
37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732
38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737
39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460
40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973
32
Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura
espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees
Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias
ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria
dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de
uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto
(ZIMERMANN et al 2012)
A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman
tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse
problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da
reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas
variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude
Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de
grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas
Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas
estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois
pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da
temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim
e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute
bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial
das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo
utilizar valores discrepantes
33
a) b)
c) d)
e)
Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)
veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual
34
ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e
longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na
reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)
Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do
Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x
1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo
(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o
preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA
2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com
dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096
35
Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da
estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e
do INMET (azul)
Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais
das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram
fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada
52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS
Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda
escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas
as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os
dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte
para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de
risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de
corte utilizados podem ser visualizados no anexo
As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um
banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os
resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os
significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2
36
Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos
dados
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo Variaacutevel Fonte
DD Densidade demograacutefica IBGE
Renda
GINI Iacutendice de GINI DATASUS
RM Renda meacutedia DATASUS
BR Baixa Renda DATASUS
TD Taxa de desemprego DATASUS
Sauacutede
CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS
Escolaridade
Analf G Analfabetismo Geral DATASUS
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS
Analf 2
Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo
incompleto DATASUS
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS
Saneamento baacutesico
Lixo Coleta de lixo IBGE
Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE
Variaacuteveis meteoroloacutegicas
TMP Temperatura maacutexima primavera INMET
TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET
TMO Temperatura maacutexima outono INMET
TMI Temperatura maacutexima inverno INMET
TminP Temperatura miacutenima primavera INMET
TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET
TminO Temperatura miacutenima outono INMET
TminI Temperatura miacutenima inverno INMET
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET
Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET
37
Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo da
Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo
RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1
gt mediana 0
GINI Se a desigualdade for gt mediana 1
mediana 0
BR Se a baixa renda for ge mediana 1
lt mediana 0
TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1
ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0
Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1
fundamental completo ou 2ordm ciclo
incompleto for mediana 0
Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0
2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1
DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1
mediana 0
CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1
lt 20 permil 0
53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA
Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas
Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de
2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por
ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de
morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de
morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)
38
x 100000 habitantes
(3)
( ) notificaccedilotildees
(4)
onde
Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada
CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes
(5)
Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio
possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com
municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0
Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais
Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado
utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do
Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas
do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)
39
Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________
54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS
O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam
a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de
MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas
devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as
cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama
Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute
da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo
Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de
desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso
esse trabalho foi realizado com 720 cidades
Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas
e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007
2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue
iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte
Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas
foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de
desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave
inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar
incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental
Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia
(por 100000 habitantes)
Baixa incidecircncia 100
Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300
Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300
40
completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O
motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010
56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA
A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma
variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa
duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes
atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem
se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os
dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os
valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)
( )
(6)
Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do
valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance
fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)
(
)
(7)
Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da
verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance
(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma
estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1
41
Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila
chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito
(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel
dependente fica representada pela foacutermula
( )
( )
(8)
Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM
(CDC 2008)
As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de
p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise
forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das
variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou
igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW
1989)
42
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA
611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM
MINAS GERAIS
Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no
inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e
no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de
Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das
explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para
leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa
umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de
monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno
com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do
continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo
43
a) b)
c) d)
e)
Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
44
612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA
MIacuteNIMA EM MG
Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo
variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma
regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de
MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais
frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de
10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a
predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em
todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a
22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo
mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste
apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no
veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de
Souza et al (2006)
45
a) b)
c) d)
e)
Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
46
613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS
MAacuteXIMAS EM MG
A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com
a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores
altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras
aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute
no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no
leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente
47
a) b)
c) d)
e)
Figura 9 - Temperatura maacutexima (o
C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)
primavera (e) meacutedia anual
48
62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG
As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser
visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo
central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos
mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se
tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees
No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a
classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD
Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais
___________________________________________________________________________
Ano 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183
Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia
49
a) 2008 b) 2009
c) 2010 d) 2011
e) 2012
Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)
2010 (d) 2011 e (e) 2012
50
63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008
De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades
com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas
com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da
Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de
dengue
Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008
A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na
Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores
notificaccedilotildees em abril
51
Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4
com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se
hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis
explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2008
52
Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de
p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 073 050 - 108 0119
GINI 045 030 - 067 0001
CMI 374 249 - 559 lt0001
Prec I 099 098 - 100 0160
Prec O 100 099 - 101 0059
TD 156 106 -230 0023
TminP 107 095 - 121 0202
TminV 124 105 - 147 0009
TMO 123 105 - 144 0009
TMV 117 104 -133 0007
BR 097 066 - 145 0919
Prec P 099 099 - 100 0782
Prec V 100 099 -100 0984
RM 122 082 -182 0313
TMI 099 089 - 112 0977
TminI 102 094 - 112 0509
TminO 103 089 - 119 0684
TMP 103 094 -113 0487
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI
coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono
temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem
significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13
53
Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007
Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007
____________________________________________________________________________
A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de
GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de
dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil
(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da
populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI -09422 038 025 - 060
CMI 13098 37 242 - 566
Prec I -00185 098 096 - 099
Prec O 00121 101 100 - 102
TMV 02957 134 116 -154
Constante -96745
CMI
P lt 0001
TMV
P lt 0001
GINI
P lt 0001
Prec I
P= 0006
Prec O
P= 0003
54
vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais
favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue
tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com
menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo
comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um
risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse
valor
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +
02957(TMV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade
(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e
temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8
foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14
55
Legenda
_________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio
A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0)
Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem
permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana
para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso
verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm
0
02
04
06
08
1
12
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
()
Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)
a
b
c
d
A
B
D
C
56
maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio
mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem
apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a
notificaccedilatildeo
64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009
Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de
notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees
atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas
Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15
Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009
O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no
mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16
57
Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o
resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em
verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2009
58
Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores
de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
BR 288 190 - 437 lt0001
GINI 286 189-433 lt0001
Prec O 099 098- 099 00001
Prec P 100 100-101 00085
Prec V 099 099-100 00603
CMI 782 496- 1235 lt0001
TD 075 050 -112 01692
TminO 115 098 -134 00728
TminV 116 098-137 00665
TMO 112 097- 129 00979
TMV 117 101 -136 00279
Analf G 367 241 -559 lt0001
RM 403 263-616 lt0001
Prec I 099 098 -100 03264
TMI 101 090 - 112 08337
TminI 103 093 - 115 05150
TminP 099 088-111 09688
TMP 103 095 - 111 04249
59
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda
meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A
ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta
os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das
variaacuteveis explanatoacuterias
Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008
GINI
p lt 0001
Prec V
P= 00358
Analf G
P =00044
CMI
plt 0001
RM
P = 00008
60
Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008
_________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI 14027 406 230 - 716
RM 12552 350 168 - 728
Analf G 11075 302 141- 648
CMI 17819 594 358- 985
Prec V 00042 100 099 -100
Constante -37863
Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco
para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594
vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com
menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350
analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042
(PrecV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)
renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo
de interferir nos casos de dengue no Estado
61
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
__________________________________________________________________________
Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em
2009
000
020
040
060
080
100
120
0 200 400 600
Pro
bab
ilid
ade
(
)
Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)
a
b
c
d
A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima
da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
A
B
C
D
62
A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede
com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com
maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias
65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010
No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero
de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de
morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos
para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes
principalmente nas regiotildees norte e sul
Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010
63
Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado
superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na
Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na
primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono
tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise
Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2010
64
Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC
95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue
no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Prec V 099 099 - 1000 0103
CMI 5459 3847 - 7746 lt0001
TD 077 056 - 1069 0121
TminO 1143 1009 - 1296 0034
TminV 1178 1026- 1352 0020
TMO 108 099 -119 0069
TMP 1075 098 - 1178 0122
Analf G 2956 2122- 4119 lt0001
Gini 029 0211 - 041 lt0001
Prec I 099 0984 - 1002 0153
RM 3193 2288- 4455 lt0001
BR 2275 1641- 3152 lt0001
Prec P 099 099 -100 0532
Prec O 099 099 - 1002 0467
As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou
valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na
Figura 21
65
Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009
Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009
_____________________________________________________________________________
Variaacuteveis
explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)
CMI 15151 454 312-663
Analf G 13218 375 251-559
GINI -14487 023 015-035
Constante -07489
O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como
fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores
menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil
Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as
chances de apresentar casos de dengue
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)
ANALF G
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
66
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de
mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue
no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
_________________________________________________________________________
A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana
(1)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
F
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
67
Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da
mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a
probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a
90
66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011
Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602
municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas
as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano
Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011
Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril
e maio (Figura 24)
68
Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011
A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis
analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis
saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo
Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2011
Notificaccedilotildees por dengue em 2011
69
Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011 _________________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
AnalfG 367 254 - 532 lt0001
BR 288 2 - 413 lt0001
GINI 030 021- 044 lt0001
Prec I 101 099-102 0177
Prec O 099 099-100 0131
Prec P 099 099 -101 0043
Prec V 099 099 -100 lt0001
RM 417 287-606 lt0001
CMI 905 6 - 1363 lt0001
TD 080 056-114 0227
TminI 105 097- 113 0223
TminO 113 099-128 0051
TminP 115 103-128 0012
TMO 116 102-132 0020
TMP 104 097-112 0199
TMV 117 107-130 lt0001
Analf1 103 098-108 0162
Analf2 106 102 - 110 lt0001
Aacutegua 116 081-165 0395
DD 100 099-100 0827
Lixo 109 076-155 0622
TMI 098 090-107 0761
TminV 107 094-123 0275
Analf3 099 097-101 0463
70
A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na
Figura 25
Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente
RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias
Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 15301 461 289 - 735
GINI -14098 024 015 - 038
CMI 20253 757 486 - 1180
Constante -09603
Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator
de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o
analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo
461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil
ANALF G
p lt 0001
GINI
p lt 0001
CMI
p lt 0001
71
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
72
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
___________________________________________________________________________
Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
D
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
F
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
73
Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de
mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram
aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27
67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012
Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da
Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e
alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta
Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012
Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas
aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000
74
Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012
A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que
foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das
caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2012
Notificaccedilotildees por dengue em 2012
75
Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 235 158-350 lt0001
BR 237 160-351 lt0001
GINI 030 020-045 lt0001
Prec I 098 096-100 0209
RM 341 228-51 lt0001
CMI 606 397-923 lt0001
TD 076 052-111 01667
Tmin I 107 096-119 01823
Tmin O 119 101-141 00335
Tmin P 115 100-131 00417
Tmin V 125 102-152 00247
TMV 120 103-140 00144
Prec O 099 099-100 0608
Prec P 099 099-100 0583
Prec V 099 099-100 0516
TMI 103 093-113 0527
TMP 101 093-110 0709
O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo
76
geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo
Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30
Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011
Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011
_____________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 07539 212 129 - 348
GINI -13120 026 016 - 042
CMI 16465 518 33 - 814
Tmin V 02280 125 098 - 159
Constante -51829
O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior
desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As
demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura
ANALF G
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
TMV
p = 005
P
77
miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios
com valores menores que os descritos
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
78
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
_________________________________________________________________________
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012
A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de
desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e
analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por
dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de
notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se
de 40degC
000
020
040
060
080
100
120
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
Temperatura miacutenima no veratildeo
a
b
c
d
A
B
D
C
79
7 CONCLUSAtildeO
Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de
dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas
Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012
A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo
os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram
nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais
Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual
quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como
significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do
agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo
no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo
correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser
significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo
2012 ndash 2011
Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia
de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede
que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza
visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo
apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de
temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com
temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais
Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com
amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para
comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado
classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o
intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo
80
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ANEXOS
Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007
_____________________________________________________________
Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008
________________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 437727
GINI 0504
BR 47484
TD 7532
Analf G 13035
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 470625
GINI 0490
BR 39550
TD 6341
Analf G 11685
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
86
Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009
________________________________________________________________
Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010
_______________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 472850
GINI 0483
BR 40505
TD 5795
Analf G 11700
Analf 1 5390
Analf 2 12430
Analf 3 74670
DD 24070
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 461944
GINI 0490
BR 42673
TD 6255
Analf G 12095
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
87
Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011
___________________________________________________________________________
Variaacuteveis Valor de corte
RM 500751
GINI 0482
BR 35734
TD 5732
Analf G 1071
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
88
ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo
1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106
2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057
3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107
4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -
018
5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128
6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118
7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07
8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095
9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099
10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106
11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11
12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063
13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076
14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111
15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103
16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101
17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099
18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109
19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103
20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104
21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102
22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112
Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo
PNCD 39
Quadro 2 Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais 48
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo 31
Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus
coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36
Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37
Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 52
Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53
Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 58
Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60
Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance
(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010
ndash 2009 64
Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65
Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011
69
Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
12
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
70
Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -
2011 75
Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76
13
LISTA DE SIGLAS
Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica
GINI Iacutendice de GINI
RM Renda meacutedia
BR Baixa Renda
TD Taxa de desemprego
CMI Coeficiente de mortalidade infantil
Analf G Analfabetismo Geral
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto
Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais
Lixo Coleta de lixo
Aacutegua Abastecimento de aacutegua
TMP Temperatura maacutexima primavera
TMV Temperatura maacutexima veratildeo
TMO Temperatura maacutexima outono
TMI Temperatura maacutexima inverno
TminP Temperatura miacutenima primavera
TminV Temperatura miacutenima veratildeo
TminO Temperatura miacutenima outono
TminI Temperatura miacutenima inverno
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo
Prec O Precipitaccedilatildeo outono
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno
ID Identificaccedilatildeo
14
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO16
2 OBJETIVOS17
21 Objetivo geral 17
22 Objetivos especiacuteficos 17
3 JUSTIFICATIVA18
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19
41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19
42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20
43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21
44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21
45 Accedilotildees de controle da dengue 22
46 Estudos da dengue no Brasil 22
47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24
48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25
49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28
51 Dados meteoroloacutegicos 28
52 Dados socioeconocircmicos 35
53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e
classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37
54 Organizaccedilatildeo dos dados 39
56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42
61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42
611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42
612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44
613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46
62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48
15
63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50
64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56
65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62
66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67
67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273
7 CONCLUSAtildeO79
REFEREcircNCIAS80
ANEXO A85
ANEXO B85
ANEXO C86
ANEXO D86
ANEXO E87
ANEXO F88
16
1 INTRODUCcedilAtildeO
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de
outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya
No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue
eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1
DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o
RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e
uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)
Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre
20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue
Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que
pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a
33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no
desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser
ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC
Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero
de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute
uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros
casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue
no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as
notificaccedilotildees por dengue no Estado
Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo
17
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas
Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de
mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas
Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com
base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)
Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no
periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue
(PNCD)
Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os
casos de dengue em Minas Gerais
18
3 JUSTIFICATIVA
Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando
rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate
agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos
de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir
os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em
relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades
apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as
caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a
particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais
agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados
agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores
19
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO
Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por
transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm
registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da
dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente
com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat
natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de
mosquitos Aedes sp
O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus
para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato
evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no
continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya
Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o
traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees
tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras
infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os
ciclos de urbanizaccedilatildeo
As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram
em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir
desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo
Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em
risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os
anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia
local
20
42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA
O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica
subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas
brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo
reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o
desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a
postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos
mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo
de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se
jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute
um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e
aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do
mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito
semanas
Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp
Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue
21
43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE
A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes
Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a
fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um
intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca
comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo
extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e
migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo
cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)
44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro
sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma
vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais
contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir
para as formas graves aumentam
A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as
consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs
os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue
hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da
doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees
dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias
A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas
inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou
quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele
hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica
pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os
sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo
surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode
levar agrave morte
22
45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE
Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem
adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como
o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a
erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes
de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees
Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o
controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria
O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se
acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta
reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos
estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a
resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas
O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e
evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de
situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A
participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os
domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros
46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL
A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A
compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de
combate mais eficaz
Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio
de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa
municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional
densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional
proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de
populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual
de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a
quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza
23
percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento
percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e
quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo
por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-
demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho
Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de
significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As
variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e
percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com
melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de
dengue na epidemia de 2002
No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -
SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e
agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e
anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de
instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres
analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em
quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos
niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue
foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o
periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu
um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total
apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis
socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos
Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash
SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo
sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica
definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis
selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios
percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo
nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo
percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes
com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior
completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de
24
chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre
trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-
miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade
porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as
variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um
agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel
observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias
e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da
estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram
chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto
niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel
meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de
moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o
coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De
modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro
unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou
correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue
47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A
DENGUE
Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura
(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a
dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As
variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e
umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o
risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na
Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro
e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio
Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido
a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo
foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas
25
maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti
no periacuteodo do outono
Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no
desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da
populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que
sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada
duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC
Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias
de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro
Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de
comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos
de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que
essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos
48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM
A DENGUE
As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e
dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos
de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define
sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de
saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a
proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como
indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis
socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo
Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo
geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se
acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor
controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as
mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo
encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)
Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE
(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o
26
rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego
que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo
procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a
reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo
de total desigualdade (ISHITANI et al2006)
Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero
de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar
um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da
populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de
sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento
baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a
qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida
A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi
incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito
proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior
facilidade
Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura
maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e
socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia
de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais
49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui
uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em
20734097 habitantes
Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas
Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as
27
chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de
Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)
A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-
sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores
contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos
Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico
Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute
um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste
em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do
oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul
do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua
de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da
precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA
et al 2014)
Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de
2010 Fonte Reboita et al (2012)
28
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)
que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e
avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores
ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado
de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e
socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de
notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas
Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por
dengue dos municiacutepios de Minas Gerais
Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de
regiotildees de alta incidecircncia de dengue
Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o
programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)
51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)
Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura
miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48
estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais
selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram
usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar
informaccedilotildees mais completas para esses anos
Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um
processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi
a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles
29
valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por
exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados
errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na
estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a
diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS
2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo
N= Q98 + 3 IQR (1)
onde Q98 eacute o percentil de 98
Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que
foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero
Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et
al 2012)
N= Q75 plusmn 3 IQR (2)
Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses
intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos
tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que
na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees
proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado
Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo
entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as
maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da
identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que
apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis
analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees
meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na
Tabela 1
Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram
menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto
eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo
meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse
30
coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva
e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram
falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo
considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento
foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)
Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo
31
Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1
Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo
___________________________________________________________________________
ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)
1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274
2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289
3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361
4 Arinos 83384 -1591 -4605 519
5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127
6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126
7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915
8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695
9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652
10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150
11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318
12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206
13 Curvelo 83536 1875 -4445 672
14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612
15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835
16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964
17 Formoso 83334 -1493 -4625 840
18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367
19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097
20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560
21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516
22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371
23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036
24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996
25 Juramento 83452 -1678 -4371 650
26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884
27 Machado 83683 -2166 -4591 87335
28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452
29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629
30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712
31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028
32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891
33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224
34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091
35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132
36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532
37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732
38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737
39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460
40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973
32
Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura
espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees
Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias
ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria
dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de
uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto
(ZIMERMANN et al 2012)
A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman
tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse
problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da
reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas
variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude
Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de
grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas
Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas
estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois
pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da
temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim
e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute
bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial
das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo
utilizar valores discrepantes
33
a) b)
c) d)
e)
Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)
veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual
34
ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e
longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na
reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)
Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do
Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x
1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo
(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o
preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA
2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com
dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096
35
Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da
estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e
do INMET (azul)
Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais
das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram
fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada
52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS
Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda
escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas
as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os
dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte
para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de
risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de
corte utilizados podem ser visualizados no anexo
As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um
banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os
resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os
significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2
36
Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos
dados
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo Variaacutevel Fonte
DD Densidade demograacutefica IBGE
Renda
GINI Iacutendice de GINI DATASUS
RM Renda meacutedia DATASUS
BR Baixa Renda DATASUS
TD Taxa de desemprego DATASUS
Sauacutede
CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS
Escolaridade
Analf G Analfabetismo Geral DATASUS
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS
Analf 2
Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo
incompleto DATASUS
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS
Saneamento baacutesico
Lixo Coleta de lixo IBGE
Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE
Variaacuteveis meteoroloacutegicas
TMP Temperatura maacutexima primavera INMET
TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET
TMO Temperatura maacutexima outono INMET
TMI Temperatura maacutexima inverno INMET
TminP Temperatura miacutenima primavera INMET
TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET
TminO Temperatura miacutenima outono INMET
TminI Temperatura miacutenima inverno INMET
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET
Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET
37
Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo da
Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo
RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1
gt mediana 0
GINI Se a desigualdade for gt mediana 1
mediana 0
BR Se a baixa renda for ge mediana 1
lt mediana 0
TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1
ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0
Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1
fundamental completo ou 2ordm ciclo
incompleto for mediana 0
Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0
2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1
DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1
mediana 0
CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1
lt 20 permil 0
53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA
Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas
Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de
2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por
ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de
morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de
morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)
38
x 100000 habitantes
(3)
( ) notificaccedilotildees
(4)
onde
Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada
CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes
(5)
Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio
possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com
municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0
Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais
Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado
utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do
Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas
do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)
39
Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________
54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS
O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam
a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de
MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas
devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as
cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama
Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute
da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo
Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de
desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso
esse trabalho foi realizado com 720 cidades
Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas
e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007
2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue
iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte
Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas
foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de
desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave
inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar
incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental
Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia
(por 100000 habitantes)
Baixa incidecircncia 100
Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300
Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300
40
completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O
motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010
56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA
A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma
variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa
duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes
atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem
se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os
dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os
valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)
( )
(6)
Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do
valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance
fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)
(
)
(7)
Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da
verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance
(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma
estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1
41
Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila
chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito
(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel
dependente fica representada pela foacutermula
( )
( )
(8)
Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM
(CDC 2008)
As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de
p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise
forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das
variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou
igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW
1989)
42
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA
611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM
MINAS GERAIS
Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no
inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e
no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de
Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das
explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para
leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa
umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de
monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno
com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do
continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo
43
a) b)
c) d)
e)
Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
44
612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA
MIacuteNIMA EM MG
Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo
variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma
regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de
MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais
frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de
10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a
predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em
todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a
22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo
mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste
apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no
veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de
Souza et al (2006)
45
a) b)
c) d)
e)
Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
46
613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS
MAacuteXIMAS EM MG
A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com
a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores
altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras
aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute
no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no
leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente
47
a) b)
c) d)
e)
Figura 9 - Temperatura maacutexima (o
C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)
primavera (e) meacutedia anual
48
62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG
As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser
visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo
central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos
mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se
tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees
No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a
classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD
Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais
___________________________________________________________________________
Ano 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183
Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia
49
a) 2008 b) 2009
c) 2010 d) 2011
e) 2012
Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)
2010 (d) 2011 e (e) 2012
50
63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008
De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades
com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas
com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da
Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de
dengue
Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008
A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na
Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores
notificaccedilotildees em abril
51
Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4
com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se
hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis
explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2008
52
Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de
p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 073 050 - 108 0119
GINI 045 030 - 067 0001
CMI 374 249 - 559 lt0001
Prec I 099 098 - 100 0160
Prec O 100 099 - 101 0059
TD 156 106 -230 0023
TminP 107 095 - 121 0202
TminV 124 105 - 147 0009
TMO 123 105 - 144 0009
TMV 117 104 -133 0007
BR 097 066 - 145 0919
Prec P 099 099 - 100 0782
Prec V 100 099 -100 0984
RM 122 082 -182 0313
TMI 099 089 - 112 0977
TminI 102 094 - 112 0509
TminO 103 089 - 119 0684
TMP 103 094 -113 0487
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI
coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono
temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem
significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13
53
Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007
Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007
____________________________________________________________________________
A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de
GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de
dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil
(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da
populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI -09422 038 025 - 060
CMI 13098 37 242 - 566
Prec I -00185 098 096 - 099
Prec O 00121 101 100 - 102
TMV 02957 134 116 -154
Constante -96745
CMI
P lt 0001
TMV
P lt 0001
GINI
P lt 0001
Prec I
P= 0006
Prec O
P= 0003
54
vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais
favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue
tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com
menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo
comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um
risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse
valor
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +
02957(TMV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade
(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e
temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8
foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14
55
Legenda
_________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio
A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0)
Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem
permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana
para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso
verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm
0
02
04
06
08
1
12
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
()
Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)
a
b
c
d
A
B
D
C
56
maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio
mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem
apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a
notificaccedilatildeo
64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009
Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de
notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees
atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas
Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15
Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009
O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no
mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16
57
Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o
resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em
verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2009
58
Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores
de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
BR 288 190 - 437 lt0001
GINI 286 189-433 lt0001
Prec O 099 098- 099 00001
Prec P 100 100-101 00085
Prec V 099 099-100 00603
CMI 782 496- 1235 lt0001
TD 075 050 -112 01692
TminO 115 098 -134 00728
TminV 116 098-137 00665
TMO 112 097- 129 00979
TMV 117 101 -136 00279
Analf G 367 241 -559 lt0001
RM 403 263-616 lt0001
Prec I 099 098 -100 03264
TMI 101 090 - 112 08337
TminI 103 093 - 115 05150
TminP 099 088-111 09688
TMP 103 095 - 111 04249
59
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda
meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A
ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta
os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das
variaacuteveis explanatoacuterias
Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008
GINI
p lt 0001
Prec V
P= 00358
Analf G
P =00044
CMI
plt 0001
RM
P = 00008
60
Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008
_________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI 14027 406 230 - 716
RM 12552 350 168 - 728
Analf G 11075 302 141- 648
CMI 17819 594 358- 985
Prec V 00042 100 099 -100
Constante -37863
Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco
para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594
vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com
menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350
analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042
(PrecV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)
renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo
de interferir nos casos de dengue no Estado
61
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
__________________________________________________________________________
Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em
2009
000
020
040
060
080
100
120
0 200 400 600
Pro
bab
ilid
ade
(
)
Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)
a
b
c
d
A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima
da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
A
B
C
D
62
A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede
com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com
maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias
65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010
No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero
de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de
morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos
para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes
principalmente nas regiotildees norte e sul
Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010
63
Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado
superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na
Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na
primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono
tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise
Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2010
64
Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC
95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue
no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Prec V 099 099 - 1000 0103
CMI 5459 3847 - 7746 lt0001
TD 077 056 - 1069 0121
TminO 1143 1009 - 1296 0034
TminV 1178 1026- 1352 0020
TMO 108 099 -119 0069
TMP 1075 098 - 1178 0122
Analf G 2956 2122- 4119 lt0001
Gini 029 0211 - 041 lt0001
Prec I 099 0984 - 1002 0153
RM 3193 2288- 4455 lt0001
BR 2275 1641- 3152 lt0001
Prec P 099 099 -100 0532
Prec O 099 099 - 1002 0467
As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou
valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na
Figura 21
65
Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009
Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009
_____________________________________________________________________________
Variaacuteveis
explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)
CMI 15151 454 312-663
Analf G 13218 375 251-559
GINI -14487 023 015-035
Constante -07489
O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como
fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores
menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil
Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as
chances de apresentar casos de dengue
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)
ANALF G
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
66
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de
mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue
no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
_________________________________________________________________________
A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana
(1)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
F
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
67
Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da
mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a
probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a
90
66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011
Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602
municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas
as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano
Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011
Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril
e maio (Figura 24)
68
Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011
A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis
analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis
saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo
Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2011
Notificaccedilotildees por dengue em 2011
69
Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011 _________________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
AnalfG 367 254 - 532 lt0001
BR 288 2 - 413 lt0001
GINI 030 021- 044 lt0001
Prec I 101 099-102 0177
Prec O 099 099-100 0131
Prec P 099 099 -101 0043
Prec V 099 099 -100 lt0001
RM 417 287-606 lt0001
CMI 905 6 - 1363 lt0001
TD 080 056-114 0227
TminI 105 097- 113 0223
TminO 113 099-128 0051
TminP 115 103-128 0012
TMO 116 102-132 0020
TMP 104 097-112 0199
TMV 117 107-130 lt0001
Analf1 103 098-108 0162
Analf2 106 102 - 110 lt0001
Aacutegua 116 081-165 0395
DD 100 099-100 0827
Lixo 109 076-155 0622
TMI 098 090-107 0761
TminV 107 094-123 0275
Analf3 099 097-101 0463
70
A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na
Figura 25
Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente
RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias
Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 15301 461 289 - 735
GINI -14098 024 015 - 038
CMI 20253 757 486 - 1180
Constante -09603
Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator
de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o
analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo
461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil
ANALF G
p lt 0001
GINI
p lt 0001
CMI
p lt 0001
71
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
72
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
___________________________________________________________________________
Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
D
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
F
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
73
Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de
mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram
aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27
67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012
Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da
Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e
alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta
Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012
Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas
aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000
74
Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012
A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que
foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das
caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2012
Notificaccedilotildees por dengue em 2012
75
Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 235 158-350 lt0001
BR 237 160-351 lt0001
GINI 030 020-045 lt0001
Prec I 098 096-100 0209
RM 341 228-51 lt0001
CMI 606 397-923 lt0001
TD 076 052-111 01667
Tmin I 107 096-119 01823
Tmin O 119 101-141 00335
Tmin P 115 100-131 00417
Tmin V 125 102-152 00247
TMV 120 103-140 00144
Prec O 099 099-100 0608
Prec P 099 099-100 0583
Prec V 099 099-100 0516
TMI 103 093-113 0527
TMP 101 093-110 0709
O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo
76
geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo
Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30
Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011
Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011
_____________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 07539 212 129 - 348
GINI -13120 026 016 - 042
CMI 16465 518 33 - 814
Tmin V 02280 125 098 - 159
Constante -51829
O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior
desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As
demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura
ANALF G
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
TMV
p = 005
P
77
miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios
com valores menores que os descritos
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
78
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
_________________________________________________________________________
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012
A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de
desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e
analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por
dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de
notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se
de 40degC
000
020
040
060
080
100
120
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
Temperatura miacutenima no veratildeo
a
b
c
d
A
B
D
C
79
7 CONCLUSAtildeO
Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de
dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas
Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012
A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo
os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram
nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais
Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual
quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como
significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do
agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo
no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo
correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser
significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo
2012 ndash 2011
Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia
de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede
que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza
visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo
apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de
temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com
temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais
Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com
amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para
comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado
classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o
intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo
80
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ANEXOS
Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007
_____________________________________________________________
Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008
________________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 437727
GINI 0504
BR 47484
TD 7532
Analf G 13035
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 470625
GINI 0490
BR 39550
TD 6341
Analf G 11685
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
86
Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009
________________________________________________________________
Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010
_______________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 472850
GINI 0483
BR 40505
TD 5795
Analf G 11700
Analf 1 5390
Analf 2 12430
Analf 3 74670
DD 24070
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 461944
GINI 0490
BR 42673
TD 6255
Analf G 12095
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
87
Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011
___________________________________________________________________________
Variaacuteveis Valor de corte
RM 500751
GINI 0482
BR 35734
TD 5732
Analf G 1071
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
88
ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo
1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106
2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057
3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107
4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -
018
5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128
6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118
7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07
8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095
9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099
10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106
11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11
12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063
13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076
14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111
15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103
16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101
17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099
18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109
19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103
20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104
21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102
22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112
Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET)
utilizadas no estudo 31
Tabela 2 Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus
coacutedigos e fonte de coleta dos dados 36
Tabela 3 Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas 37
Tabela 4 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 52
Tabela 5 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007 53
Tabela 6 Apresenta a anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo
de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de
variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 58
Tabela 7 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008 60
Tabela 8 Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance
(RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para notificaccedilotildees por dengue no ano de 2010
ndash 2009 64
Tabela 9 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009 65
Tabela 10 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011
69
Tabela 11 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
12
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
70
Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -
2011 75
Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76
13
LISTA DE SIGLAS
Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica
GINI Iacutendice de GINI
RM Renda meacutedia
BR Baixa Renda
TD Taxa de desemprego
CMI Coeficiente de mortalidade infantil
Analf G Analfabetismo Geral
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto
Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais
Lixo Coleta de lixo
Aacutegua Abastecimento de aacutegua
TMP Temperatura maacutexima primavera
TMV Temperatura maacutexima veratildeo
TMO Temperatura maacutexima outono
TMI Temperatura maacutexima inverno
TminP Temperatura miacutenima primavera
TminV Temperatura miacutenima veratildeo
TminO Temperatura miacutenima outono
TminI Temperatura miacutenima inverno
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo
Prec O Precipitaccedilatildeo outono
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno
ID Identificaccedilatildeo
14
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO16
2 OBJETIVOS17
21 Objetivo geral 17
22 Objetivos especiacuteficos 17
3 JUSTIFICATIVA18
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19
41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19
42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20
43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21
44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21
45 Accedilotildees de controle da dengue 22
46 Estudos da dengue no Brasil 22
47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24
48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25
49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28
51 Dados meteoroloacutegicos 28
52 Dados socioeconocircmicos 35
53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e
classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37
54 Organizaccedilatildeo dos dados 39
56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42
61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42
611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42
612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44
613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46
62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48
15
63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50
64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56
65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62
66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67
67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273
7 CONCLUSAtildeO79
REFEREcircNCIAS80
ANEXO A85
ANEXO B85
ANEXO C86
ANEXO D86
ANEXO E87
ANEXO F88
16
1 INTRODUCcedilAtildeO
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de
outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya
No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue
eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1
DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o
RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e
uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)
Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre
20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue
Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que
pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a
33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no
desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser
ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC
Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero
de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute
uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros
casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue
no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as
notificaccedilotildees por dengue no Estado
Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo
17
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas
Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de
mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas
Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com
base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)
Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no
periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue
(PNCD)
Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os
casos de dengue em Minas Gerais
18
3 JUSTIFICATIVA
Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando
rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate
agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos
de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir
os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em
relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades
apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as
caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a
particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais
agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados
agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores
19
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO
Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por
transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm
registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da
dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente
com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat
natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de
mosquitos Aedes sp
O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus
para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato
evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no
continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya
Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o
traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees
tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras
infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os
ciclos de urbanizaccedilatildeo
As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram
em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir
desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo
Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em
risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os
anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia
local
20
42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA
O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica
subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas
brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo
reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o
desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a
postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos
mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo
de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se
jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute
um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e
aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do
mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito
semanas
Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp
Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue
21
43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE
A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes
Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a
fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um
intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca
comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo
extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e
migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo
cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)
44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro
sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma
vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais
contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir
para as formas graves aumentam
A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as
consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs
os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue
hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da
doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees
dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias
A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas
inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou
quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele
hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica
pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os
sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo
surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode
levar agrave morte
22
45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE
Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem
adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como
o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a
erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes
de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees
Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o
controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria
O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se
acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta
reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos
estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a
resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas
O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e
evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de
situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A
participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os
domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros
46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL
A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A
compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de
combate mais eficaz
Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio
de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa
municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional
densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional
proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de
populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual
de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a
quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza
23
percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento
percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e
quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo
por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-
demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho
Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de
significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As
variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e
percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com
melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de
dengue na epidemia de 2002
No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -
SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e
agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e
anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de
instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres
analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em
quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos
niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue
foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o
periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu
um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total
apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis
socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos
Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash
SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo
sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica
definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis
selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios
percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo
nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo
percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes
com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior
completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de
24
chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre
trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-
miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade
porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as
variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um
agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel
observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias
e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da
estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram
chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto
niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel
meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de
moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o
coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De
modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro
unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou
correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue
47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A
DENGUE
Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura
(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a
dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As
variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e
umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o
risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na
Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro
e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio
Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido
a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo
foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas
25
maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti
no periacuteodo do outono
Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no
desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da
populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que
sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada
duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC
Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias
de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro
Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de
comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos
de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que
essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos
48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM
A DENGUE
As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e
dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos
de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define
sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de
saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a
proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como
indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis
socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo
Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo
geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se
acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor
controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as
mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo
encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)
Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE
(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o
26
rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego
que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo
procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a
reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo
de total desigualdade (ISHITANI et al2006)
Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero
de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar
um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da
populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de
sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento
baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a
qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida
A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi
incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito
proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior
facilidade
Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura
maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e
socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia
de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais
49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui
uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em
20734097 habitantes
Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas
Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as
27
chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de
Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)
A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-
sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores
contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos
Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico
Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute
um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste
em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do
oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul
do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua
de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da
precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA
et al 2014)
Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de
2010 Fonte Reboita et al (2012)
28
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)
que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e
avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores
ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado
de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e
socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de
notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas
Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por
dengue dos municiacutepios de Minas Gerais
Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de
regiotildees de alta incidecircncia de dengue
Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o
programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)
51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)
Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura
miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48
estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais
selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram
usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar
informaccedilotildees mais completas para esses anos
Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um
processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi
a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles
29
valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por
exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados
errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na
estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a
diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS
2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo
N= Q98 + 3 IQR (1)
onde Q98 eacute o percentil de 98
Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que
foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero
Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et
al 2012)
N= Q75 plusmn 3 IQR (2)
Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses
intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos
tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que
na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees
proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado
Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo
entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as
maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da
identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que
apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis
analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees
meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na
Tabela 1
Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram
menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto
eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo
meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse
30
coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva
e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram
falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo
considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento
foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)
Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo
31
Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1
Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo
___________________________________________________________________________
ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)
1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274
2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289
3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361
4 Arinos 83384 -1591 -4605 519
5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127
6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126
7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915
8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695
9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652
10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150
11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318
12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206
13 Curvelo 83536 1875 -4445 672
14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612
15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835
16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964
17 Formoso 83334 -1493 -4625 840
18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367
19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097
20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560
21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516
22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371
23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036
24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996
25 Juramento 83452 -1678 -4371 650
26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884
27 Machado 83683 -2166 -4591 87335
28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452
29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629
30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712
31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028
32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891
33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224
34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091
35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132
36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532
37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732
38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737
39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460
40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973
32
Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura
espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees
Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias
ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria
dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de
uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto
(ZIMERMANN et al 2012)
A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman
tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse
problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da
reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas
variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude
Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de
grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas
Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas
estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois
pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da
temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim
e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute
bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial
das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo
utilizar valores discrepantes
33
a) b)
c) d)
e)
Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)
veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual
34
ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e
longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na
reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)
Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do
Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x
1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo
(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o
preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA
2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com
dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096
35
Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da
estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e
do INMET (azul)
Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais
das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram
fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada
52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS
Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda
escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas
as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os
dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte
para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de
risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de
corte utilizados podem ser visualizados no anexo
As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um
banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os
resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os
significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2
36
Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos
dados
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo Variaacutevel Fonte
DD Densidade demograacutefica IBGE
Renda
GINI Iacutendice de GINI DATASUS
RM Renda meacutedia DATASUS
BR Baixa Renda DATASUS
TD Taxa de desemprego DATASUS
Sauacutede
CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS
Escolaridade
Analf G Analfabetismo Geral DATASUS
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS
Analf 2
Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo
incompleto DATASUS
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS
Saneamento baacutesico
Lixo Coleta de lixo IBGE
Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE
Variaacuteveis meteoroloacutegicas
TMP Temperatura maacutexima primavera INMET
TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET
TMO Temperatura maacutexima outono INMET
TMI Temperatura maacutexima inverno INMET
TminP Temperatura miacutenima primavera INMET
TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET
TminO Temperatura miacutenima outono INMET
TminI Temperatura miacutenima inverno INMET
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET
Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET
37
Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo da
Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo
RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1
gt mediana 0
GINI Se a desigualdade for gt mediana 1
mediana 0
BR Se a baixa renda for ge mediana 1
lt mediana 0
TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1
ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0
Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1
fundamental completo ou 2ordm ciclo
incompleto for mediana 0
Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0
2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1
DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1
mediana 0
CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1
lt 20 permil 0
53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA
Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas
Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de
2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por
ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de
morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de
morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)
38
x 100000 habitantes
(3)
( ) notificaccedilotildees
(4)
onde
Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada
CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes
(5)
Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio
possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com
municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0
Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais
Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado
utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do
Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas
do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)
39
Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________
54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS
O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam
a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de
MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas
devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as
cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama
Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute
da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo
Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de
desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso
esse trabalho foi realizado com 720 cidades
Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas
e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007
2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue
iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte
Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas
foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de
desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave
inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar
incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental
Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia
(por 100000 habitantes)
Baixa incidecircncia 100
Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300
Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300
40
completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O
motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010
56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA
A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma
variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa
duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes
atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem
se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os
dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os
valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)
( )
(6)
Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do
valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance
fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)
(
)
(7)
Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da
verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance
(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma
estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1
41
Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila
chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito
(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel
dependente fica representada pela foacutermula
( )
( )
(8)
Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM
(CDC 2008)
As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de
p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise
forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das
variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou
igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW
1989)
42
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA
611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM
MINAS GERAIS
Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no
inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e
no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de
Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das
explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para
leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa
umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de
monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno
com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do
continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo
43
a) b)
c) d)
e)
Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
44
612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA
MIacuteNIMA EM MG
Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo
variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma
regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de
MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais
frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de
10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a
predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em
todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a
22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo
mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste
apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no
veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de
Souza et al (2006)
45
a) b)
c) d)
e)
Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
46
613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS
MAacuteXIMAS EM MG
A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com
a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores
altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras
aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute
no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no
leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente
47
a) b)
c) d)
e)
Figura 9 - Temperatura maacutexima (o
C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)
primavera (e) meacutedia anual
48
62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG
As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser
visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo
central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos
mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se
tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees
No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a
classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD
Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais
___________________________________________________________________________
Ano 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183
Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia
49
a) 2008 b) 2009
c) 2010 d) 2011
e) 2012
Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)
2010 (d) 2011 e (e) 2012
50
63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008
De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades
com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas
com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da
Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de
dengue
Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008
A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na
Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores
notificaccedilotildees em abril
51
Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4
com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se
hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis
explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2008
52
Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de
p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 073 050 - 108 0119
GINI 045 030 - 067 0001
CMI 374 249 - 559 lt0001
Prec I 099 098 - 100 0160
Prec O 100 099 - 101 0059
TD 156 106 -230 0023
TminP 107 095 - 121 0202
TminV 124 105 - 147 0009
TMO 123 105 - 144 0009
TMV 117 104 -133 0007
BR 097 066 - 145 0919
Prec P 099 099 - 100 0782
Prec V 100 099 -100 0984
RM 122 082 -182 0313
TMI 099 089 - 112 0977
TminI 102 094 - 112 0509
TminO 103 089 - 119 0684
TMP 103 094 -113 0487
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI
coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono
temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem
significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13
53
Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007
Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007
____________________________________________________________________________
A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de
GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de
dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil
(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da
populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI -09422 038 025 - 060
CMI 13098 37 242 - 566
Prec I -00185 098 096 - 099
Prec O 00121 101 100 - 102
TMV 02957 134 116 -154
Constante -96745
CMI
P lt 0001
TMV
P lt 0001
GINI
P lt 0001
Prec I
P= 0006
Prec O
P= 0003
54
vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais
favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue
tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com
menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo
comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um
risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse
valor
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +
02957(TMV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade
(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e
temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8
foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14
55
Legenda
_________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio
A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0)
Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem
permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana
para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso
verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm
0
02
04
06
08
1
12
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
()
Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)
a
b
c
d
A
B
D
C
56
maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio
mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem
apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a
notificaccedilatildeo
64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009
Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de
notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees
atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas
Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15
Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009
O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no
mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16
57
Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o
resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em
verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2009
58
Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores
de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
BR 288 190 - 437 lt0001
GINI 286 189-433 lt0001
Prec O 099 098- 099 00001
Prec P 100 100-101 00085
Prec V 099 099-100 00603
CMI 782 496- 1235 lt0001
TD 075 050 -112 01692
TminO 115 098 -134 00728
TminV 116 098-137 00665
TMO 112 097- 129 00979
TMV 117 101 -136 00279
Analf G 367 241 -559 lt0001
RM 403 263-616 lt0001
Prec I 099 098 -100 03264
TMI 101 090 - 112 08337
TminI 103 093 - 115 05150
TminP 099 088-111 09688
TMP 103 095 - 111 04249
59
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda
meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A
ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta
os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das
variaacuteveis explanatoacuterias
Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008
GINI
p lt 0001
Prec V
P= 00358
Analf G
P =00044
CMI
plt 0001
RM
P = 00008
60
Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008
_________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI 14027 406 230 - 716
RM 12552 350 168 - 728
Analf G 11075 302 141- 648
CMI 17819 594 358- 985
Prec V 00042 100 099 -100
Constante -37863
Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco
para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594
vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com
menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350
analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042
(PrecV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)
renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo
de interferir nos casos de dengue no Estado
61
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
__________________________________________________________________________
Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em
2009
000
020
040
060
080
100
120
0 200 400 600
Pro
bab
ilid
ade
(
)
Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)
a
b
c
d
A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima
da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
A
B
C
D
62
A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede
com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com
maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias
65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010
No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero
de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de
morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos
para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes
principalmente nas regiotildees norte e sul
Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010
63
Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado
superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na
Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na
primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono
tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise
Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2010
64
Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC
95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue
no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Prec V 099 099 - 1000 0103
CMI 5459 3847 - 7746 lt0001
TD 077 056 - 1069 0121
TminO 1143 1009 - 1296 0034
TminV 1178 1026- 1352 0020
TMO 108 099 -119 0069
TMP 1075 098 - 1178 0122
Analf G 2956 2122- 4119 lt0001
Gini 029 0211 - 041 lt0001
Prec I 099 0984 - 1002 0153
RM 3193 2288- 4455 lt0001
BR 2275 1641- 3152 lt0001
Prec P 099 099 -100 0532
Prec O 099 099 - 1002 0467
As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou
valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na
Figura 21
65
Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009
Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009
_____________________________________________________________________________
Variaacuteveis
explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)
CMI 15151 454 312-663
Analf G 13218 375 251-559
GINI -14487 023 015-035
Constante -07489
O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como
fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores
menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil
Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as
chances de apresentar casos de dengue
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)
ANALF G
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
66
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de
mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue
no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
_________________________________________________________________________
A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana
(1)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
F
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
67
Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da
mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a
probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a
90
66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011
Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602
municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas
as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano
Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011
Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril
e maio (Figura 24)
68
Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011
A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis
analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis
saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo
Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2011
Notificaccedilotildees por dengue em 2011
69
Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011 _________________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
AnalfG 367 254 - 532 lt0001
BR 288 2 - 413 lt0001
GINI 030 021- 044 lt0001
Prec I 101 099-102 0177
Prec O 099 099-100 0131
Prec P 099 099 -101 0043
Prec V 099 099 -100 lt0001
RM 417 287-606 lt0001
CMI 905 6 - 1363 lt0001
TD 080 056-114 0227
TminI 105 097- 113 0223
TminO 113 099-128 0051
TminP 115 103-128 0012
TMO 116 102-132 0020
TMP 104 097-112 0199
TMV 117 107-130 lt0001
Analf1 103 098-108 0162
Analf2 106 102 - 110 lt0001
Aacutegua 116 081-165 0395
DD 100 099-100 0827
Lixo 109 076-155 0622
TMI 098 090-107 0761
TminV 107 094-123 0275
Analf3 099 097-101 0463
70
A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na
Figura 25
Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente
RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias
Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 15301 461 289 - 735
GINI -14098 024 015 - 038
CMI 20253 757 486 - 1180
Constante -09603
Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator
de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o
analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo
461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil
ANALF G
p lt 0001
GINI
p lt 0001
CMI
p lt 0001
71
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
72
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
___________________________________________________________________________
Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
D
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
F
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
73
Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de
mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram
aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27
67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012
Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da
Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e
alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta
Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012
Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas
aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000
74
Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012
A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que
foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das
caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2012
Notificaccedilotildees por dengue em 2012
75
Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 235 158-350 lt0001
BR 237 160-351 lt0001
GINI 030 020-045 lt0001
Prec I 098 096-100 0209
RM 341 228-51 lt0001
CMI 606 397-923 lt0001
TD 076 052-111 01667
Tmin I 107 096-119 01823
Tmin O 119 101-141 00335
Tmin P 115 100-131 00417
Tmin V 125 102-152 00247
TMV 120 103-140 00144
Prec O 099 099-100 0608
Prec P 099 099-100 0583
Prec V 099 099-100 0516
TMI 103 093-113 0527
TMP 101 093-110 0709
O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo
76
geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo
Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30
Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011
Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011
_____________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 07539 212 129 - 348
GINI -13120 026 016 - 042
CMI 16465 518 33 - 814
Tmin V 02280 125 098 - 159
Constante -51829
O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior
desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As
demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura
ANALF G
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
TMV
p = 005
P
77
miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios
com valores menores que os descritos
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
78
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
_________________________________________________________________________
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012
A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de
desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e
analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por
dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de
notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se
de 40degC
000
020
040
060
080
100
120
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
Temperatura miacutenima no veratildeo
a
b
c
d
A
B
D
C
79
7 CONCLUSAtildeO
Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de
dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas
Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012
A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo
os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram
nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais
Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual
quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como
significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do
agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo
no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo
correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser
significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo
2012 ndash 2011
Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia
de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede
que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza
visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo
apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de
temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com
temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais
Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com
amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para
comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado
classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o
intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo
80
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ANEXOS
Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007
_____________________________________________________________
Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008
________________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 437727
GINI 0504
BR 47484
TD 7532
Analf G 13035
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 470625
GINI 0490
BR 39550
TD 6341
Analf G 11685
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
86
Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009
________________________________________________________________
Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010
_______________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 472850
GINI 0483
BR 40505
TD 5795
Analf G 11700
Analf 1 5390
Analf 2 12430
Analf 3 74670
DD 24070
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 461944
GINI 0490
BR 42673
TD 6255
Analf G 12095
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
87
Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011
___________________________________________________________________________
Variaacuteveis Valor de corte
RM 500751
GINI 0482
BR 35734
TD 5732
Analf G 1071
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
88
ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo
1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106
2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057
3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107
4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -
018
5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128
6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118
7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07
8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095
9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099
10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106
11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11
12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063
13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076
14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111
15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103
16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101
17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099
18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109
19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103
20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104
21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102
22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112
Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios
12
razotildees chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
70
Tabela 12 Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC)
intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os
efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2012 -
2011 75
Tabela 13 Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes
razatildeo de chance (RC) e intervalo de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis
explanatoacuterias para o ano de 2012-2011 76
13
LISTA DE SIGLAS
Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica
GINI Iacutendice de GINI
RM Renda meacutedia
BR Baixa Renda
TD Taxa de desemprego
CMI Coeficiente de mortalidade infantil
Analf G Analfabetismo Geral
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto
Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais
Lixo Coleta de lixo
Aacutegua Abastecimento de aacutegua
TMP Temperatura maacutexima primavera
TMV Temperatura maacutexima veratildeo
TMO Temperatura maacutexima outono
TMI Temperatura maacutexima inverno
TminP Temperatura miacutenima primavera
TminV Temperatura miacutenima veratildeo
TminO Temperatura miacutenima outono
TminI Temperatura miacutenima inverno
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo
Prec O Precipitaccedilatildeo outono
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno
ID Identificaccedilatildeo
14
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO16
2 OBJETIVOS17
21 Objetivo geral 17
22 Objetivos especiacuteficos 17
3 JUSTIFICATIVA18
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19
41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19
42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20
43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21
44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21
45 Accedilotildees de controle da dengue 22
46 Estudos da dengue no Brasil 22
47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24
48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25
49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28
51 Dados meteoroloacutegicos 28
52 Dados socioeconocircmicos 35
53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e
classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37
54 Organizaccedilatildeo dos dados 39
56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42
61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42
611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42
612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44
613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46
62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48
15
63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50
64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56
65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62
66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67
67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273
7 CONCLUSAtildeO79
REFEREcircNCIAS80
ANEXO A85
ANEXO B85
ANEXO C86
ANEXO D86
ANEXO E87
ANEXO F88
16
1 INTRODUCcedilAtildeO
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de
outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya
No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue
eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1
DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o
RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e
uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)
Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre
20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue
Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que
pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a
33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no
desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser
ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC
Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero
de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute
uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros
casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue
no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as
notificaccedilotildees por dengue no Estado
Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo
17
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas
Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de
mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas
Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com
base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)
Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no
periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue
(PNCD)
Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os
casos de dengue em Minas Gerais
18
3 JUSTIFICATIVA
Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando
rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate
agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos
de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir
os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em
relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades
apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as
caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a
particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais
agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados
agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores
19
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO
Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por
transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm
registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da
dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente
com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat
natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de
mosquitos Aedes sp
O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus
para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato
evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no
continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya
Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o
traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees
tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras
infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os
ciclos de urbanizaccedilatildeo
As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram
em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir
desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo
Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em
risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os
anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia
local
20
42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA
O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica
subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas
brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo
reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o
desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a
postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos
mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo
de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se
jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute
um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e
aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do
mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito
semanas
Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp
Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue
21
43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE
A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes
Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a
fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um
intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca
comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo
extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e
migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo
cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)
44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro
sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma
vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais
contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir
para as formas graves aumentam
A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as
consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs
os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue
hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da
doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees
dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias
A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas
inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou
quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele
hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica
pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os
sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo
surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode
levar agrave morte
22
45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE
Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem
adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como
o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a
erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes
de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees
Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o
controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria
O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se
acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta
reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos
estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a
resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas
O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e
evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de
situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A
participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os
domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros
46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL
A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A
compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de
combate mais eficaz
Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio
de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa
municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional
densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional
proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de
populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual
de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a
quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza
23
percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento
percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e
quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo
por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-
demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho
Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de
significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As
variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e
percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com
melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de
dengue na epidemia de 2002
No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -
SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e
agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e
anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de
instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres
analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em
quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos
niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue
foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o
periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu
um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total
apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis
socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos
Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash
SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo
sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica
definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis
selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios
percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo
nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo
percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes
com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior
completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de
24
chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre
trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-
miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade
porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as
variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um
agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel
observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias
e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da
estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram
chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto
niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel
meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de
moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o
coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De
modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro
unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou
correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue
47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A
DENGUE
Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura
(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a
dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As
variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e
umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o
risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na
Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro
e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio
Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido
a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo
foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas
25
maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti
no periacuteodo do outono
Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no
desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da
populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que
sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada
duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC
Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias
de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro
Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de
comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos
de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que
essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos
48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM
A DENGUE
As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e
dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos
de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define
sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de
saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a
proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como
indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis
socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo
Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo
geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se
acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor
controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as
mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo
encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)
Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE
(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o
26
rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego
que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo
procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a
reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo
de total desigualdade (ISHITANI et al2006)
Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero
de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar
um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da
populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de
sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento
baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a
qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida
A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi
incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito
proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior
facilidade
Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura
maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e
socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia
de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais
49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui
uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em
20734097 habitantes
Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas
Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as
27
chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de
Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)
A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-
sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores
contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos
Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico
Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute
um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste
em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do
oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul
do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua
de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da
precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA
et al 2014)
Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de
2010 Fonte Reboita et al (2012)
28
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)
que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e
avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores
ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado
de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e
socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de
notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas
Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por
dengue dos municiacutepios de Minas Gerais
Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de
regiotildees de alta incidecircncia de dengue
Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o
programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)
51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)
Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura
miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48
estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais
selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram
usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar
informaccedilotildees mais completas para esses anos
Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um
processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi
a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles
29
valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por
exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados
errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na
estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a
diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS
2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo
N= Q98 + 3 IQR (1)
onde Q98 eacute o percentil de 98
Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que
foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero
Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et
al 2012)
N= Q75 plusmn 3 IQR (2)
Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses
intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos
tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que
na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees
proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado
Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo
entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as
maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da
identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que
apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis
analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees
meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na
Tabela 1
Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram
menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto
eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo
meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse
30
coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva
e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram
falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo
considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento
foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)
Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo
31
Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1
Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo
___________________________________________________________________________
ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)
1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274
2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289
3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361
4 Arinos 83384 -1591 -4605 519
5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127
6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126
7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915
8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695
9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652
10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150
11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318
12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206
13 Curvelo 83536 1875 -4445 672
14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612
15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835
16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964
17 Formoso 83334 -1493 -4625 840
18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367
19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097
20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560
21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516
22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371
23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036
24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996
25 Juramento 83452 -1678 -4371 650
26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884
27 Machado 83683 -2166 -4591 87335
28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452
29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629
30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712
31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028
32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891
33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224
34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091
35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132
36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532
37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732
38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737
39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460
40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973
32
Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura
espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees
Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias
ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria
dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de
uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto
(ZIMERMANN et al 2012)
A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman
tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse
problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da
reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas
variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude
Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de
grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas
Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas
estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois
pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da
temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim
e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute
bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial
das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo
utilizar valores discrepantes
33
a) b)
c) d)
e)
Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)
veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual
34
ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e
longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na
reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)
Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do
Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x
1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo
(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o
preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA
2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com
dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096
35
Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da
estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e
do INMET (azul)
Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais
das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram
fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada
52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS
Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda
escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas
as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os
dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte
para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de
risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de
corte utilizados podem ser visualizados no anexo
As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um
banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os
resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os
significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2
36
Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos
dados
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo Variaacutevel Fonte
DD Densidade demograacutefica IBGE
Renda
GINI Iacutendice de GINI DATASUS
RM Renda meacutedia DATASUS
BR Baixa Renda DATASUS
TD Taxa de desemprego DATASUS
Sauacutede
CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS
Escolaridade
Analf G Analfabetismo Geral DATASUS
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS
Analf 2
Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo
incompleto DATASUS
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS
Saneamento baacutesico
Lixo Coleta de lixo IBGE
Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE
Variaacuteveis meteoroloacutegicas
TMP Temperatura maacutexima primavera INMET
TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET
TMO Temperatura maacutexima outono INMET
TMI Temperatura maacutexima inverno INMET
TminP Temperatura miacutenima primavera INMET
TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET
TminO Temperatura miacutenima outono INMET
TminI Temperatura miacutenima inverno INMET
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET
Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET
37
Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo da
Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo
RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1
gt mediana 0
GINI Se a desigualdade for gt mediana 1
mediana 0
BR Se a baixa renda for ge mediana 1
lt mediana 0
TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1
ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0
Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1
fundamental completo ou 2ordm ciclo
incompleto for mediana 0
Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0
2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1
DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1
mediana 0
CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1
lt 20 permil 0
53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA
Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas
Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de
2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por
ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de
morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de
morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)
38
x 100000 habitantes
(3)
( ) notificaccedilotildees
(4)
onde
Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada
CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes
(5)
Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio
possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com
municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0
Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais
Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado
utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do
Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas
do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)
39
Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________
54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS
O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam
a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de
MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas
devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as
cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama
Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute
da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo
Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de
desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso
esse trabalho foi realizado com 720 cidades
Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas
e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007
2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue
iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte
Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas
foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de
desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave
inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar
incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental
Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia
(por 100000 habitantes)
Baixa incidecircncia 100
Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300
Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300
40
completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O
motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010
56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA
A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma
variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa
duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes
atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem
se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os
dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os
valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)
( )
(6)
Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do
valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance
fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)
(
)
(7)
Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da
verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance
(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma
estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1
41
Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila
chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito
(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel
dependente fica representada pela foacutermula
( )
( )
(8)
Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM
(CDC 2008)
As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de
p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise
forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das
variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou
igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW
1989)
42
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA
611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM
MINAS GERAIS
Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no
inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e
no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de
Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das
explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para
leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa
umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de
monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno
com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do
continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo
43
a) b)
c) d)
e)
Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
44
612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA
MIacuteNIMA EM MG
Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo
variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma
regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de
MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais
frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de
10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a
predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em
todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a
22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo
mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste
apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no
veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de
Souza et al (2006)
45
a) b)
c) d)
e)
Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
46
613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS
MAacuteXIMAS EM MG
A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com
a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores
altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras
aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute
no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no
leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente
47
a) b)
c) d)
e)
Figura 9 - Temperatura maacutexima (o
C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)
primavera (e) meacutedia anual
48
62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG
As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser
visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo
central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos
mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se
tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees
No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a
classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD
Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais
___________________________________________________________________________
Ano 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183
Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia
49
a) 2008 b) 2009
c) 2010 d) 2011
e) 2012
Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)
2010 (d) 2011 e (e) 2012
50
63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008
De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades
com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas
com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da
Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de
dengue
Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008
A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na
Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores
notificaccedilotildees em abril
51
Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4
com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se
hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis
explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2008
52
Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de
p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 073 050 - 108 0119
GINI 045 030 - 067 0001
CMI 374 249 - 559 lt0001
Prec I 099 098 - 100 0160
Prec O 100 099 - 101 0059
TD 156 106 -230 0023
TminP 107 095 - 121 0202
TminV 124 105 - 147 0009
TMO 123 105 - 144 0009
TMV 117 104 -133 0007
BR 097 066 - 145 0919
Prec P 099 099 - 100 0782
Prec V 100 099 -100 0984
RM 122 082 -182 0313
TMI 099 089 - 112 0977
TminI 102 094 - 112 0509
TminO 103 089 - 119 0684
TMP 103 094 -113 0487
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI
coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono
temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem
significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13
53
Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007
Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007
____________________________________________________________________________
A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de
GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de
dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil
(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da
populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI -09422 038 025 - 060
CMI 13098 37 242 - 566
Prec I -00185 098 096 - 099
Prec O 00121 101 100 - 102
TMV 02957 134 116 -154
Constante -96745
CMI
P lt 0001
TMV
P lt 0001
GINI
P lt 0001
Prec I
P= 0006
Prec O
P= 0003
54
vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais
favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue
tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com
menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo
comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um
risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse
valor
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +
02957(TMV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade
(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e
temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8
foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14
55
Legenda
_________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio
A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0)
Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem
permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana
para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso
verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm
0
02
04
06
08
1
12
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
()
Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)
a
b
c
d
A
B
D
C
56
maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio
mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem
apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a
notificaccedilatildeo
64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009
Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de
notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees
atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas
Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15
Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009
O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no
mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16
57
Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o
resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em
verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2009
58
Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores
de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
BR 288 190 - 437 lt0001
GINI 286 189-433 lt0001
Prec O 099 098- 099 00001
Prec P 100 100-101 00085
Prec V 099 099-100 00603
CMI 782 496- 1235 lt0001
TD 075 050 -112 01692
TminO 115 098 -134 00728
TminV 116 098-137 00665
TMO 112 097- 129 00979
TMV 117 101 -136 00279
Analf G 367 241 -559 lt0001
RM 403 263-616 lt0001
Prec I 099 098 -100 03264
TMI 101 090 - 112 08337
TminI 103 093 - 115 05150
TminP 099 088-111 09688
TMP 103 095 - 111 04249
59
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda
meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A
ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta
os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das
variaacuteveis explanatoacuterias
Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008
GINI
p lt 0001
Prec V
P= 00358
Analf G
P =00044
CMI
plt 0001
RM
P = 00008
60
Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008
_________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI 14027 406 230 - 716
RM 12552 350 168 - 728
Analf G 11075 302 141- 648
CMI 17819 594 358- 985
Prec V 00042 100 099 -100
Constante -37863
Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco
para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594
vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com
menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350
analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042
(PrecV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)
renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo
de interferir nos casos de dengue no Estado
61
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
__________________________________________________________________________
Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em
2009
000
020
040
060
080
100
120
0 200 400 600
Pro
bab
ilid
ade
(
)
Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)
a
b
c
d
A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima
da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
A
B
C
D
62
A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede
com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com
maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias
65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010
No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero
de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de
morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos
para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes
principalmente nas regiotildees norte e sul
Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010
63
Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado
superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na
Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na
primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono
tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise
Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2010
64
Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC
95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue
no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Prec V 099 099 - 1000 0103
CMI 5459 3847 - 7746 lt0001
TD 077 056 - 1069 0121
TminO 1143 1009 - 1296 0034
TminV 1178 1026- 1352 0020
TMO 108 099 -119 0069
TMP 1075 098 - 1178 0122
Analf G 2956 2122- 4119 lt0001
Gini 029 0211 - 041 lt0001
Prec I 099 0984 - 1002 0153
RM 3193 2288- 4455 lt0001
BR 2275 1641- 3152 lt0001
Prec P 099 099 -100 0532
Prec O 099 099 - 1002 0467
As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou
valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na
Figura 21
65
Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009
Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009
_____________________________________________________________________________
Variaacuteveis
explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)
CMI 15151 454 312-663
Analf G 13218 375 251-559
GINI -14487 023 015-035
Constante -07489
O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como
fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores
menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil
Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as
chances de apresentar casos de dengue
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)
ANALF G
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
66
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de
mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue
no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
_________________________________________________________________________
A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana
(1)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
F
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
67
Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da
mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a
probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a
90
66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011
Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602
municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas
as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano
Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011
Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril
e maio (Figura 24)
68
Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011
A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis
analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis
saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo
Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2011
Notificaccedilotildees por dengue em 2011
69
Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011 _________________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
AnalfG 367 254 - 532 lt0001
BR 288 2 - 413 lt0001
GINI 030 021- 044 lt0001
Prec I 101 099-102 0177
Prec O 099 099-100 0131
Prec P 099 099 -101 0043
Prec V 099 099 -100 lt0001
RM 417 287-606 lt0001
CMI 905 6 - 1363 lt0001
TD 080 056-114 0227
TminI 105 097- 113 0223
TminO 113 099-128 0051
TminP 115 103-128 0012
TMO 116 102-132 0020
TMP 104 097-112 0199
TMV 117 107-130 lt0001
Analf1 103 098-108 0162
Analf2 106 102 - 110 lt0001
Aacutegua 116 081-165 0395
DD 100 099-100 0827
Lixo 109 076-155 0622
TMI 098 090-107 0761
TminV 107 094-123 0275
Analf3 099 097-101 0463
70
A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na
Figura 25
Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente
RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias
Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 15301 461 289 - 735
GINI -14098 024 015 - 038
CMI 20253 757 486 - 1180
Constante -09603
Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator
de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o
analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo
461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil
ANALF G
p lt 0001
GINI
p lt 0001
CMI
p lt 0001
71
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
72
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
___________________________________________________________________________
Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
D
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
F
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
73
Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de
mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram
aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27
67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012
Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da
Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e
alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta
Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012
Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas
aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000
74
Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012
A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que
foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das
caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2012
Notificaccedilotildees por dengue em 2012
75
Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 235 158-350 lt0001
BR 237 160-351 lt0001
GINI 030 020-045 lt0001
Prec I 098 096-100 0209
RM 341 228-51 lt0001
CMI 606 397-923 lt0001
TD 076 052-111 01667
Tmin I 107 096-119 01823
Tmin O 119 101-141 00335
Tmin P 115 100-131 00417
Tmin V 125 102-152 00247
TMV 120 103-140 00144
Prec O 099 099-100 0608
Prec P 099 099-100 0583
Prec V 099 099-100 0516
TMI 103 093-113 0527
TMP 101 093-110 0709
O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo
76
geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo
Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30
Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011
Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011
_____________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 07539 212 129 - 348
GINI -13120 026 016 - 042
CMI 16465 518 33 - 814
Tmin V 02280 125 098 - 159
Constante -51829
O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior
desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As
demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura
ANALF G
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
TMV
p = 005
P
77
miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios
com valores menores que os descritos
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
78
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
_________________________________________________________________________
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012
A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de
desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e
analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por
dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de
notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se
de 40degC
000
020
040
060
080
100
120
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
Temperatura miacutenima no veratildeo
a
b
c
d
A
B
D
C
79
7 CONCLUSAtildeO
Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de
dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas
Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012
A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo
os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram
nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais
Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual
quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como
significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do
agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo
no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo
correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser
significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo
2012 ndash 2011
Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia
de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede
que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza
visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo
apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de
temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com
temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais
Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com
amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para
comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado
classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o
intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo
80
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85
ANEXOS
Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007
_____________________________________________________________
Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008
________________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 437727
GINI 0504
BR 47484
TD 7532
Analf G 13035
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 470625
GINI 0490
BR 39550
TD 6341
Analf G 11685
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
86
Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009
________________________________________________________________
Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010
_______________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 472850
GINI 0483
BR 40505
TD 5795
Analf G 11700
Analf 1 5390
Analf 2 12430
Analf 3 74670
DD 24070
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 461944
GINI 0490
BR 42673
TD 6255
Analf G 12095
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
87
Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011
___________________________________________________________________________
Variaacuteveis Valor de corte
RM 500751
GINI 0482
BR 35734
TD 5732
Analf G 1071
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
88
ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo
1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106
2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057
3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107
4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -
018
5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128
6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118
7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07
8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095
9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099
10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106
11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11
12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063
13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076
14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111
15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103
16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101
17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099
18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109
19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103
20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104
21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102
22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112
Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios
13
LISTA DE SIGLAS
Abreviatura Significado DD Densidade demograacutefica
GINI Iacutendice de GINI
RM Renda meacutedia
BR Baixa Renda
TD Taxa de desemprego
CMI Coeficiente de mortalidade infantil
Analf G Analfabetismo Geral
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto
Analf 2 Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo incompleto
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais
Lixo Coleta de lixo
Aacutegua Abastecimento de aacutegua
TMP Temperatura maacutexima primavera
TMV Temperatura maacutexima veratildeo
TMO Temperatura maacutexima outono
TMI Temperatura maacutexima inverno
TminP Temperatura miacutenima primavera
TminV Temperatura miacutenima veratildeo
TminO Temperatura miacutenima outono
TminI Temperatura miacutenima inverno
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo
Prec O Precipitaccedilatildeo outono
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno
ID Identificaccedilatildeo
14
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO16
2 OBJETIVOS17
21 Objetivo geral 17
22 Objetivos especiacuteficos 17
3 JUSTIFICATIVA18
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19
41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19
42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20
43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21
44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21
45 Accedilotildees de controle da dengue 22
46 Estudos da dengue no Brasil 22
47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24
48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25
49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28
51 Dados meteoroloacutegicos 28
52 Dados socioeconocircmicos 35
53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e
classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37
54 Organizaccedilatildeo dos dados 39
56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42
61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42
611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42
612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44
613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46
62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48
15
63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50
64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56
65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62
66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67
67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273
7 CONCLUSAtildeO79
REFEREcircNCIAS80
ANEXO A85
ANEXO B85
ANEXO C86
ANEXO D86
ANEXO E87
ANEXO F88
16
1 INTRODUCcedilAtildeO
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de
outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya
No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue
eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1
DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o
RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e
uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)
Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre
20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue
Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que
pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a
33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no
desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser
ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC
Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero
de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute
uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros
casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue
no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as
notificaccedilotildees por dengue no Estado
Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo
17
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas
Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de
mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas
Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com
base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)
Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no
periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue
(PNCD)
Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os
casos de dengue em Minas Gerais
18
3 JUSTIFICATIVA
Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando
rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate
agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos
de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir
os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em
relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades
apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as
caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a
particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais
agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados
agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores
19
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO
Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por
transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm
registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da
dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente
com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat
natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de
mosquitos Aedes sp
O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus
para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato
evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no
continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya
Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o
traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees
tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras
infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os
ciclos de urbanizaccedilatildeo
As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram
em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir
desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo
Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em
risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os
anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia
local
20
42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA
O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica
subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas
brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo
reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o
desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a
postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos
mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo
de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se
jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute
um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e
aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do
mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito
semanas
Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp
Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue
21
43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE
A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes
Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a
fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um
intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca
comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo
extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e
migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo
cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)
44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro
sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma
vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais
contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir
para as formas graves aumentam
A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as
consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs
os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue
hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da
doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees
dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias
A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas
inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou
quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele
hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica
pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os
sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo
surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode
levar agrave morte
22
45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE
Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem
adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como
o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a
erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes
de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees
Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o
controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria
O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se
acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta
reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos
estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a
resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas
O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e
evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de
situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A
participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os
domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros
46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL
A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A
compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de
combate mais eficaz
Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio
de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa
municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional
densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional
proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de
populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual
de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a
quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza
23
percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento
percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e
quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo
por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-
demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho
Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de
significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As
variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e
percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com
melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de
dengue na epidemia de 2002
No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -
SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e
agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e
anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de
instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres
analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em
quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos
niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue
foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o
periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu
um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total
apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis
socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos
Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash
SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo
sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica
definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis
selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios
percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo
nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo
percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes
com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior
completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de
24
chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre
trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-
miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade
porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as
variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um
agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel
observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias
e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da
estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram
chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto
niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel
meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de
moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o
coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De
modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro
unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou
correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue
47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A
DENGUE
Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura
(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a
dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As
variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e
umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o
risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na
Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro
e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio
Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido
a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo
foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas
25
maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti
no periacuteodo do outono
Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no
desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da
populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que
sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada
duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC
Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias
de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro
Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de
comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos
de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que
essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos
48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM
A DENGUE
As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e
dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos
de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define
sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de
saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a
proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como
indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis
socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo
Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo
geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se
acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor
controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as
mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo
encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)
Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE
(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o
26
rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego
que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo
procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a
reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo
de total desigualdade (ISHITANI et al2006)
Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero
de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar
um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da
populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de
sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento
baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a
qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida
A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi
incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito
proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior
facilidade
Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura
maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e
socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia
de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais
49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui
uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em
20734097 habitantes
Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas
Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as
27
chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de
Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)
A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-
sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores
contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos
Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico
Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute
um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste
em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do
oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul
do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua
de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da
precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA
et al 2014)
Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de
2010 Fonte Reboita et al (2012)
28
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)
que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e
avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores
ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado
de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e
socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de
notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas
Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por
dengue dos municiacutepios de Minas Gerais
Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de
regiotildees de alta incidecircncia de dengue
Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o
programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)
51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)
Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura
miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48
estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais
selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram
usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar
informaccedilotildees mais completas para esses anos
Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um
processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi
a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles
29
valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por
exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados
errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na
estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a
diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS
2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo
N= Q98 + 3 IQR (1)
onde Q98 eacute o percentil de 98
Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que
foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero
Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et
al 2012)
N= Q75 plusmn 3 IQR (2)
Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses
intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos
tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que
na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees
proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado
Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo
entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as
maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da
identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que
apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis
analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees
meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na
Tabela 1
Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram
menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto
eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo
meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse
30
coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva
e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram
falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo
considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento
foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)
Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo
31
Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1
Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo
___________________________________________________________________________
ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)
1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274
2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289
3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361
4 Arinos 83384 -1591 -4605 519
5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127
6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126
7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915
8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695
9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652
10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150
11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318
12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206
13 Curvelo 83536 1875 -4445 672
14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612
15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835
16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964
17 Formoso 83334 -1493 -4625 840
18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367
19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097
20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560
21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516
22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371
23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036
24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996
25 Juramento 83452 -1678 -4371 650
26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884
27 Machado 83683 -2166 -4591 87335
28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452
29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629
30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712
31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028
32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891
33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224
34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091
35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132
36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532
37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732
38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737
39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460
40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973
32
Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura
espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees
Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias
ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria
dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de
uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto
(ZIMERMANN et al 2012)
A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman
tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse
problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da
reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas
variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude
Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de
grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas
Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas
estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois
pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da
temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim
e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute
bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial
das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo
utilizar valores discrepantes
33
a) b)
c) d)
e)
Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)
veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual
34
ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e
longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na
reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)
Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do
Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x
1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo
(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o
preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA
2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com
dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096
35
Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da
estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e
do INMET (azul)
Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais
das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram
fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada
52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS
Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda
escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas
as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os
dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte
para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de
risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de
corte utilizados podem ser visualizados no anexo
As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um
banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os
resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os
significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2
36
Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos
dados
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo Variaacutevel Fonte
DD Densidade demograacutefica IBGE
Renda
GINI Iacutendice de GINI DATASUS
RM Renda meacutedia DATASUS
BR Baixa Renda DATASUS
TD Taxa de desemprego DATASUS
Sauacutede
CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS
Escolaridade
Analf G Analfabetismo Geral DATASUS
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS
Analf 2
Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo
incompleto DATASUS
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS
Saneamento baacutesico
Lixo Coleta de lixo IBGE
Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE
Variaacuteveis meteoroloacutegicas
TMP Temperatura maacutexima primavera INMET
TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET
TMO Temperatura maacutexima outono INMET
TMI Temperatura maacutexima inverno INMET
TminP Temperatura miacutenima primavera INMET
TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET
TminO Temperatura miacutenima outono INMET
TminI Temperatura miacutenima inverno INMET
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET
Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET
37
Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo da
Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo
RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1
gt mediana 0
GINI Se a desigualdade for gt mediana 1
mediana 0
BR Se a baixa renda for ge mediana 1
lt mediana 0
TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1
ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0
Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1
fundamental completo ou 2ordm ciclo
incompleto for mediana 0
Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0
2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1
DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1
mediana 0
CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1
lt 20 permil 0
53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA
Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas
Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de
2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por
ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de
morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de
morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)
38
x 100000 habitantes
(3)
( ) notificaccedilotildees
(4)
onde
Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada
CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes
(5)
Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio
possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com
municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0
Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais
Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado
utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do
Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas
do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)
39
Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________
54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS
O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam
a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de
MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas
devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as
cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama
Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute
da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo
Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de
desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso
esse trabalho foi realizado com 720 cidades
Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas
e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007
2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue
iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte
Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas
foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de
desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave
inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar
incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental
Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia
(por 100000 habitantes)
Baixa incidecircncia 100
Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300
Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300
40
completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O
motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010
56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA
A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma
variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa
duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes
atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem
se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os
dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os
valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)
( )
(6)
Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do
valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance
fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)
(
)
(7)
Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da
verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance
(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma
estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1
41
Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila
chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito
(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel
dependente fica representada pela foacutermula
( )
( )
(8)
Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM
(CDC 2008)
As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de
p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise
forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das
variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou
igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW
1989)
42
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA
611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM
MINAS GERAIS
Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no
inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e
no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de
Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das
explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para
leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa
umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de
monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno
com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do
continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo
43
a) b)
c) d)
e)
Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
44
612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA
MIacuteNIMA EM MG
Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo
variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma
regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de
MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais
frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de
10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a
predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em
todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a
22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo
mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste
apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no
veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de
Souza et al (2006)
45
a) b)
c) d)
e)
Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
46
613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS
MAacuteXIMAS EM MG
A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com
a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores
altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras
aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute
no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no
leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente
47
a) b)
c) d)
e)
Figura 9 - Temperatura maacutexima (o
C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)
primavera (e) meacutedia anual
48
62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG
As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser
visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo
central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos
mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se
tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees
No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a
classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD
Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais
___________________________________________________________________________
Ano 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183
Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia
49
a) 2008 b) 2009
c) 2010 d) 2011
e) 2012
Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)
2010 (d) 2011 e (e) 2012
50
63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008
De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades
com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas
com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da
Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de
dengue
Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008
A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na
Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores
notificaccedilotildees em abril
51
Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4
com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se
hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis
explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2008
52
Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de
p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 073 050 - 108 0119
GINI 045 030 - 067 0001
CMI 374 249 - 559 lt0001
Prec I 099 098 - 100 0160
Prec O 100 099 - 101 0059
TD 156 106 -230 0023
TminP 107 095 - 121 0202
TminV 124 105 - 147 0009
TMO 123 105 - 144 0009
TMV 117 104 -133 0007
BR 097 066 - 145 0919
Prec P 099 099 - 100 0782
Prec V 100 099 -100 0984
RM 122 082 -182 0313
TMI 099 089 - 112 0977
TminI 102 094 - 112 0509
TminO 103 089 - 119 0684
TMP 103 094 -113 0487
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI
coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono
temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem
significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13
53
Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007
Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007
____________________________________________________________________________
A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de
GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de
dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil
(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da
populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI -09422 038 025 - 060
CMI 13098 37 242 - 566
Prec I -00185 098 096 - 099
Prec O 00121 101 100 - 102
TMV 02957 134 116 -154
Constante -96745
CMI
P lt 0001
TMV
P lt 0001
GINI
P lt 0001
Prec I
P= 0006
Prec O
P= 0003
54
vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais
favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue
tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com
menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo
comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um
risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse
valor
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +
02957(TMV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade
(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e
temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8
foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14
55
Legenda
_________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio
A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0)
Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem
permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana
para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso
verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm
0
02
04
06
08
1
12
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
()
Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)
a
b
c
d
A
B
D
C
56
maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio
mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem
apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a
notificaccedilatildeo
64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009
Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de
notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees
atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas
Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15
Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009
O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no
mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16
57
Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o
resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em
verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2009
58
Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores
de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
BR 288 190 - 437 lt0001
GINI 286 189-433 lt0001
Prec O 099 098- 099 00001
Prec P 100 100-101 00085
Prec V 099 099-100 00603
CMI 782 496- 1235 lt0001
TD 075 050 -112 01692
TminO 115 098 -134 00728
TminV 116 098-137 00665
TMO 112 097- 129 00979
TMV 117 101 -136 00279
Analf G 367 241 -559 lt0001
RM 403 263-616 lt0001
Prec I 099 098 -100 03264
TMI 101 090 - 112 08337
TminI 103 093 - 115 05150
TminP 099 088-111 09688
TMP 103 095 - 111 04249
59
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda
meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A
ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta
os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das
variaacuteveis explanatoacuterias
Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008
GINI
p lt 0001
Prec V
P= 00358
Analf G
P =00044
CMI
plt 0001
RM
P = 00008
60
Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008
_________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI 14027 406 230 - 716
RM 12552 350 168 - 728
Analf G 11075 302 141- 648
CMI 17819 594 358- 985
Prec V 00042 100 099 -100
Constante -37863
Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco
para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594
vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com
menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350
analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042
(PrecV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)
renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo
de interferir nos casos de dengue no Estado
61
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
__________________________________________________________________________
Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em
2009
000
020
040
060
080
100
120
0 200 400 600
Pro
bab
ilid
ade
(
)
Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)
a
b
c
d
A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima
da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
A
B
C
D
62
A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede
com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com
maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias
65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010
No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero
de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de
morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos
para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes
principalmente nas regiotildees norte e sul
Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010
63
Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado
superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na
Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na
primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono
tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise
Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2010
64
Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC
95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue
no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Prec V 099 099 - 1000 0103
CMI 5459 3847 - 7746 lt0001
TD 077 056 - 1069 0121
TminO 1143 1009 - 1296 0034
TminV 1178 1026- 1352 0020
TMO 108 099 -119 0069
TMP 1075 098 - 1178 0122
Analf G 2956 2122- 4119 lt0001
Gini 029 0211 - 041 lt0001
Prec I 099 0984 - 1002 0153
RM 3193 2288- 4455 lt0001
BR 2275 1641- 3152 lt0001
Prec P 099 099 -100 0532
Prec O 099 099 - 1002 0467
As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou
valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na
Figura 21
65
Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009
Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009
_____________________________________________________________________________
Variaacuteveis
explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)
CMI 15151 454 312-663
Analf G 13218 375 251-559
GINI -14487 023 015-035
Constante -07489
O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como
fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores
menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil
Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as
chances de apresentar casos de dengue
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)
ANALF G
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
66
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de
mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue
no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
_________________________________________________________________________
A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana
(1)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
F
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
67
Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da
mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a
probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a
90
66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011
Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602
municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas
as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano
Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011
Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril
e maio (Figura 24)
68
Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011
A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis
analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis
saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo
Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2011
Notificaccedilotildees por dengue em 2011
69
Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011 _________________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
AnalfG 367 254 - 532 lt0001
BR 288 2 - 413 lt0001
GINI 030 021- 044 lt0001
Prec I 101 099-102 0177
Prec O 099 099-100 0131
Prec P 099 099 -101 0043
Prec V 099 099 -100 lt0001
RM 417 287-606 lt0001
CMI 905 6 - 1363 lt0001
TD 080 056-114 0227
TminI 105 097- 113 0223
TminO 113 099-128 0051
TminP 115 103-128 0012
TMO 116 102-132 0020
TMP 104 097-112 0199
TMV 117 107-130 lt0001
Analf1 103 098-108 0162
Analf2 106 102 - 110 lt0001
Aacutegua 116 081-165 0395
DD 100 099-100 0827
Lixo 109 076-155 0622
TMI 098 090-107 0761
TminV 107 094-123 0275
Analf3 099 097-101 0463
70
A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na
Figura 25
Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente
RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias
Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 15301 461 289 - 735
GINI -14098 024 015 - 038
CMI 20253 757 486 - 1180
Constante -09603
Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator
de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o
analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo
461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil
ANALF G
p lt 0001
GINI
p lt 0001
CMI
p lt 0001
71
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
72
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
___________________________________________________________________________
Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
D
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
F
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
73
Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de
mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram
aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27
67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012
Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da
Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e
alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta
Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012
Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas
aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000
74
Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012
A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que
foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das
caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2012
Notificaccedilotildees por dengue em 2012
75
Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 235 158-350 lt0001
BR 237 160-351 lt0001
GINI 030 020-045 lt0001
Prec I 098 096-100 0209
RM 341 228-51 lt0001
CMI 606 397-923 lt0001
TD 076 052-111 01667
Tmin I 107 096-119 01823
Tmin O 119 101-141 00335
Tmin P 115 100-131 00417
Tmin V 125 102-152 00247
TMV 120 103-140 00144
Prec O 099 099-100 0608
Prec P 099 099-100 0583
Prec V 099 099-100 0516
TMI 103 093-113 0527
TMP 101 093-110 0709
O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo
76
geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo
Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30
Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011
Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011
_____________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 07539 212 129 - 348
GINI -13120 026 016 - 042
CMI 16465 518 33 - 814
Tmin V 02280 125 098 - 159
Constante -51829
O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior
desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As
demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura
ANALF G
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
TMV
p = 005
P
77
miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios
com valores menores que os descritos
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
78
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
_________________________________________________________________________
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012
A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de
desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e
analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por
dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de
notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se
de 40degC
000
020
040
060
080
100
120
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
Temperatura miacutenima no veratildeo
a
b
c
d
A
B
D
C
79
7 CONCLUSAtildeO
Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de
dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas
Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012
A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo
os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram
nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais
Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual
quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como
significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do
agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo
no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo
correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser
significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo
2012 ndash 2011
Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia
de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede
que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza
visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo
apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de
temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com
temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais
Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com
amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para
comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado
classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o
intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo
80
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85
ANEXOS
Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007
_____________________________________________________________
Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008
________________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 437727
GINI 0504
BR 47484
TD 7532
Analf G 13035
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 470625
GINI 0490
BR 39550
TD 6341
Analf G 11685
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
86
Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009
________________________________________________________________
Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010
_______________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 472850
GINI 0483
BR 40505
TD 5795
Analf G 11700
Analf 1 5390
Analf 2 12430
Analf 3 74670
DD 24070
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 461944
GINI 0490
BR 42673
TD 6255
Analf G 12095
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
87
Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011
___________________________________________________________________________
Variaacuteveis Valor de corte
RM 500751
GINI 0482
BR 35734
TD 5732
Analf G 1071
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
88
ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo
1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106
2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057
3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107
4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -
018
5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128
6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118
7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07
8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095
9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099
10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106
11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11
12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063
13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076
14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111
15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103
16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101
17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099
18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109
19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103
20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104
21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102
22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112
Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios
14
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO16
2 OBJETIVOS17
21 Objetivo geral 17
22 Objetivos especiacuteficos 17
3 JUSTIFICATIVA18
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA19
41 Distribuiccedilatildeo da dengue no mundo 19
42 Aedes aegypti e seu ciclo de vida 20
43 Ciclo de transmissatildeo da dengue 21
44 Manifestaccedilotildees cliacutenicas 21
45 Accedilotildees de controle da dengue 22
46 Estudos da dengue no Brasil 22
47 Variaacuteveis meteoroloacutegicas associadas com a dengue24
48 Variaacuteveis socioeconocircmicas associadas com a dengue 25
49 Caracteriacutesticas da precipitaccedilatildeo do estado de Minas Gerais 26
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS28
51 Dados meteoroloacutegicos 28
52 Dados socioeconocircmicos 35
53 Caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e
classificaccedilatildeo dos valores de incidecircncia 37
54 Organizaccedilatildeo dos dados 39
56 Regressatildeo logiacutestica multivariada 40
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO42
61 Precipitaccedilatildeo e temperatura 42
611 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das chuvas em Minas Gerais42
612 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas miacutenimas em MG44
613 Distribuiccedilatildeo sazonal e espacial das temperaturas maacuteximas em MG46
62 Regiotildees de alta incidecircncia de dengue em MG 48
15
63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50
64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56
65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62
66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67
67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273
7 CONCLUSAtildeO79
REFEREcircNCIAS80
ANEXO A85
ANEXO B85
ANEXO C86
ANEXO D86
ANEXO E87
ANEXO F88
16
1 INTRODUCcedilAtildeO
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de
outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya
No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue
eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1
DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o
RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e
uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)
Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre
20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue
Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que
pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a
33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no
desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser
ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC
Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero
de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute
uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros
casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue
no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as
notificaccedilotildees por dengue no Estado
Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo
17
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas
Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de
mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas
Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com
base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)
Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no
periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue
(PNCD)
Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os
casos de dengue em Minas Gerais
18
3 JUSTIFICATIVA
Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando
rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate
agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos
de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir
os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em
relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades
apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as
caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a
particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais
agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados
agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores
19
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO
Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por
transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm
registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da
dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente
com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat
natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de
mosquitos Aedes sp
O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus
para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato
evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no
continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya
Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o
traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees
tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras
infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os
ciclos de urbanizaccedilatildeo
As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram
em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir
desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo
Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em
risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os
anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia
local
20
42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA
O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica
subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas
brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo
reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o
desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a
postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos
mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo
de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se
jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute
um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e
aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do
mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito
semanas
Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp
Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue
21
43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE
A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes
Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a
fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um
intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca
comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo
extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e
migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo
cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)
44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro
sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma
vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais
contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir
para as formas graves aumentam
A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as
consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs
os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue
hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da
doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees
dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias
A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas
inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou
quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele
hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica
pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os
sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo
surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode
levar agrave morte
22
45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE
Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem
adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como
o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a
erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes
de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees
Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o
controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria
O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se
acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta
reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos
estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a
resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas
O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e
evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de
situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A
participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os
domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros
46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL
A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A
compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de
combate mais eficaz
Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio
de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa
municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional
densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional
proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de
populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual
de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a
quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza
23
percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento
percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e
quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo
por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-
demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho
Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de
significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As
variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e
percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com
melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de
dengue na epidemia de 2002
No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -
SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e
agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e
anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de
instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres
analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em
quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos
niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue
foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o
periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu
um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total
apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis
socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos
Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash
SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo
sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica
definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis
selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios
percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo
nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo
percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes
com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior
completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de
24
chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre
trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-
miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade
porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as
variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um
agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel
observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias
e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da
estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram
chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto
niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel
meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de
moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o
coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De
modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro
unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou
correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue
47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A
DENGUE
Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura
(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a
dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As
variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e
umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o
risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na
Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro
e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio
Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido
a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo
foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas
25
maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti
no periacuteodo do outono
Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no
desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da
populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que
sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada
duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC
Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias
de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro
Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de
comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos
de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que
essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos
48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM
A DENGUE
As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e
dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos
de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define
sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de
saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a
proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como
indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis
socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo
Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo
geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se
acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor
controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as
mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo
encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)
Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE
(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o
26
rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego
que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo
procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a
reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo
de total desigualdade (ISHITANI et al2006)
Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero
de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar
um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da
populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de
sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento
baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a
qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida
A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi
incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito
proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior
facilidade
Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura
maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e
socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia
de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais
49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui
uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em
20734097 habitantes
Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas
Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as
27
chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de
Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)
A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-
sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores
contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos
Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico
Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute
um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste
em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do
oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul
do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua
de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da
precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA
et al 2014)
Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de
2010 Fonte Reboita et al (2012)
28
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)
que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e
avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores
ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado
de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e
socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de
notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas
Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por
dengue dos municiacutepios de Minas Gerais
Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de
regiotildees de alta incidecircncia de dengue
Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o
programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)
51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)
Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura
miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48
estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais
selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram
usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar
informaccedilotildees mais completas para esses anos
Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um
processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi
a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles
29
valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por
exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados
errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na
estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a
diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS
2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo
N= Q98 + 3 IQR (1)
onde Q98 eacute o percentil de 98
Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que
foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero
Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et
al 2012)
N= Q75 plusmn 3 IQR (2)
Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses
intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos
tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que
na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees
proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado
Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo
entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as
maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da
identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que
apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis
analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees
meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na
Tabela 1
Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram
menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto
eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo
meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse
30
coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva
e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram
falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo
considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento
foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)
Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo
31
Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1
Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo
___________________________________________________________________________
ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)
1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274
2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289
3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361
4 Arinos 83384 -1591 -4605 519
5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127
6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126
7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915
8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695
9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652
10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150
11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318
12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206
13 Curvelo 83536 1875 -4445 672
14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612
15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835
16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964
17 Formoso 83334 -1493 -4625 840
18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367
19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097
20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560
21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516
22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371
23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036
24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996
25 Juramento 83452 -1678 -4371 650
26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884
27 Machado 83683 -2166 -4591 87335
28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452
29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629
30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712
31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028
32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891
33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224
34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091
35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132
36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532
37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732
38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737
39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460
40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973
32
Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura
espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees
Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias
ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria
dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de
uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto
(ZIMERMANN et al 2012)
A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman
tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse
problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da
reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas
variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude
Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de
grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas
Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas
estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois
pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da
temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim
e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute
bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial
das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo
utilizar valores discrepantes
33
a) b)
c) d)
e)
Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)
veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual
34
ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e
longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na
reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)
Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do
Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x
1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo
(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o
preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA
2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com
dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096
35
Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da
estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e
do INMET (azul)
Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais
das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram
fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada
52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS
Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda
escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas
as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os
dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte
para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de
risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de
corte utilizados podem ser visualizados no anexo
As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um
banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os
resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os
significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2
36
Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos
dados
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo Variaacutevel Fonte
DD Densidade demograacutefica IBGE
Renda
GINI Iacutendice de GINI DATASUS
RM Renda meacutedia DATASUS
BR Baixa Renda DATASUS
TD Taxa de desemprego DATASUS
Sauacutede
CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS
Escolaridade
Analf G Analfabetismo Geral DATASUS
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS
Analf 2
Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo
incompleto DATASUS
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS
Saneamento baacutesico
Lixo Coleta de lixo IBGE
Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE
Variaacuteveis meteoroloacutegicas
TMP Temperatura maacutexima primavera INMET
TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET
TMO Temperatura maacutexima outono INMET
TMI Temperatura maacutexima inverno INMET
TminP Temperatura miacutenima primavera INMET
TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET
TminO Temperatura miacutenima outono INMET
TminI Temperatura miacutenima inverno INMET
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET
Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET
37
Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo da
Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo
RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1
gt mediana 0
GINI Se a desigualdade for gt mediana 1
mediana 0
BR Se a baixa renda for ge mediana 1
lt mediana 0
TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1
ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0
Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1
fundamental completo ou 2ordm ciclo
incompleto for mediana 0
Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0
2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1
DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1
mediana 0
CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1
lt 20 permil 0
53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA
Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas
Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de
2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por
ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de
morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de
morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)
38
x 100000 habitantes
(3)
( ) notificaccedilotildees
(4)
onde
Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada
CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes
(5)
Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio
possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com
municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0
Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais
Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado
utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do
Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas
do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)
39
Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________
54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS
O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam
a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de
MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas
devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as
cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama
Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute
da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo
Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de
desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso
esse trabalho foi realizado com 720 cidades
Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas
e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007
2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue
iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte
Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas
foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de
desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave
inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar
incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental
Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia
(por 100000 habitantes)
Baixa incidecircncia 100
Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300
Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300
40
completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O
motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010
56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA
A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma
variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa
duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes
atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem
se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os
dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os
valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)
( )
(6)
Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do
valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance
fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)
(
)
(7)
Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da
verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance
(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma
estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1
41
Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila
chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito
(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel
dependente fica representada pela foacutermula
( )
( )
(8)
Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM
(CDC 2008)
As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de
p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise
forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das
variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou
igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW
1989)
42
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA
611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM
MINAS GERAIS
Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no
inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e
no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de
Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das
explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para
leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa
umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de
monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno
com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do
continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo
43
a) b)
c) d)
e)
Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
44
612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA
MIacuteNIMA EM MG
Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo
variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma
regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de
MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais
frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de
10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a
predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em
todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a
22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo
mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste
apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no
veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de
Souza et al (2006)
45
a) b)
c) d)
e)
Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
46
613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS
MAacuteXIMAS EM MG
A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com
a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores
altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras
aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute
no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no
leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente
47
a) b)
c) d)
e)
Figura 9 - Temperatura maacutexima (o
C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)
primavera (e) meacutedia anual
48
62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG
As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser
visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo
central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos
mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se
tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees
No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a
classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD
Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais
___________________________________________________________________________
Ano 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183
Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia
49
a) 2008 b) 2009
c) 2010 d) 2011
e) 2012
Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)
2010 (d) 2011 e (e) 2012
50
63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008
De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades
com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas
com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da
Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de
dengue
Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008
A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na
Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores
notificaccedilotildees em abril
51
Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4
com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se
hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis
explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2008
52
Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de
p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 073 050 - 108 0119
GINI 045 030 - 067 0001
CMI 374 249 - 559 lt0001
Prec I 099 098 - 100 0160
Prec O 100 099 - 101 0059
TD 156 106 -230 0023
TminP 107 095 - 121 0202
TminV 124 105 - 147 0009
TMO 123 105 - 144 0009
TMV 117 104 -133 0007
BR 097 066 - 145 0919
Prec P 099 099 - 100 0782
Prec V 100 099 -100 0984
RM 122 082 -182 0313
TMI 099 089 - 112 0977
TminI 102 094 - 112 0509
TminO 103 089 - 119 0684
TMP 103 094 -113 0487
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI
coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono
temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem
significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13
53
Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007
Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007
____________________________________________________________________________
A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de
GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de
dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil
(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da
populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI -09422 038 025 - 060
CMI 13098 37 242 - 566
Prec I -00185 098 096 - 099
Prec O 00121 101 100 - 102
TMV 02957 134 116 -154
Constante -96745
CMI
P lt 0001
TMV
P lt 0001
GINI
P lt 0001
Prec I
P= 0006
Prec O
P= 0003
54
vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais
favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue
tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com
menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo
comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um
risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse
valor
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +
02957(TMV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade
(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e
temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8
foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14
55
Legenda
_________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio
A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0)
Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem
permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana
para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso
verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm
0
02
04
06
08
1
12
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
()
Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)
a
b
c
d
A
B
D
C
56
maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio
mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem
apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a
notificaccedilatildeo
64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009
Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de
notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees
atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas
Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15
Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009
O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no
mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16
57
Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o
resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em
verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2009
58
Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores
de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
BR 288 190 - 437 lt0001
GINI 286 189-433 lt0001
Prec O 099 098- 099 00001
Prec P 100 100-101 00085
Prec V 099 099-100 00603
CMI 782 496- 1235 lt0001
TD 075 050 -112 01692
TminO 115 098 -134 00728
TminV 116 098-137 00665
TMO 112 097- 129 00979
TMV 117 101 -136 00279
Analf G 367 241 -559 lt0001
RM 403 263-616 lt0001
Prec I 099 098 -100 03264
TMI 101 090 - 112 08337
TminI 103 093 - 115 05150
TminP 099 088-111 09688
TMP 103 095 - 111 04249
59
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda
meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A
ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta
os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das
variaacuteveis explanatoacuterias
Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008
GINI
p lt 0001
Prec V
P= 00358
Analf G
P =00044
CMI
plt 0001
RM
P = 00008
60
Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008
_________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI 14027 406 230 - 716
RM 12552 350 168 - 728
Analf G 11075 302 141- 648
CMI 17819 594 358- 985
Prec V 00042 100 099 -100
Constante -37863
Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco
para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594
vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com
menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350
analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042
(PrecV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)
renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo
de interferir nos casos de dengue no Estado
61
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
__________________________________________________________________________
Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em
2009
000
020
040
060
080
100
120
0 200 400 600
Pro
bab
ilid
ade
(
)
Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)
a
b
c
d
A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima
da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
A
B
C
D
62
A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede
com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com
maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias
65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010
No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero
de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de
morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos
para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes
principalmente nas regiotildees norte e sul
Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010
63
Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado
superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na
Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na
primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono
tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise
Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2010
64
Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC
95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue
no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Prec V 099 099 - 1000 0103
CMI 5459 3847 - 7746 lt0001
TD 077 056 - 1069 0121
TminO 1143 1009 - 1296 0034
TminV 1178 1026- 1352 0020
TMO 108 099 -119 0069
TMP 1075 098 - 1178 0122
Analf G 2956 2122- 4119 lt0001
Gini 029 0211 - 041 lt0001
Prec I 099 0984 - 1002 0153
RM 3193 2288- 4455 lt0001
BR 2275 1641- 3152 lt0001
Prec P 099 099 -100 0532
Prec O 099 099 - 1002 0467
As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou
valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na
Figura 21
65
Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009
Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009
_____________________________________________________________________________
Variaacuteveis
explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)
CMI 15151 454 312-663
Analf G 13218 375 251-559
GINI -14487 023 015-035
Constante -07489
O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como
fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores
menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil
Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as
chances de apresentar casos de dengue
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)
ANALF G
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
66
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de
mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue
no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
_________________________________________________________________________
A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana
(1)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
F
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
67
Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da
mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a
probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a
90
66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011
Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602
municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas
as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano
Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011
Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril
e maio (Figura 24)
68
Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011
A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis
analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis
saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo
Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2011
Notificaccedilotildees por dengue em 2011
69
Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011 _________________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
AnalfG 367 254 - 532 lt0001
BR 288 2 - 413 lt0001
GINI 030 021- 044 lt0001
Prec I 101 099-102 0177
Prec O 099 099-100 0131
Prec P 099 099 -101 0043
Prec V 099 099 -100 lt0001
RM 417 287-606 lt0001
CMI 905 6 - 1363 lt0001
TD 080 056-114 0227
TminI 105 097- 113 0223
TminO 113 099-128 0051
TminP 115 103-128 0012
TMO 116 102-132 0020
TMP 104 097-112 0199
TMV 117 107-130 lt0001
Analf1 103 098-108 0162
Analf2 106 102 - 110 lt0001
Aacutegua 116 081-165 0395
DD 100 099-100 0827
Lixo 109 076-155 0622
TMI 098 090-107 0761
TminV 107 094-123 0275
Analf3 099 097-101 0463
70
A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na
Figura 25
Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente
RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias
Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 15301 461 289 - 735
GINI -14098 024 015 - 038
CMI 20253 757 486 - 1180
Constante -09603
Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator
de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o
analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo
461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil
ANALF G
p lt 0001
GINI
p lt 0001
CMI
p lt 0001
71
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
72
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
___________________________________________________________________________
Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
D
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
F
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
73
Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de
mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram
aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27
67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012
Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da
Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e
alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta
Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012
Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas
aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000
74
Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012
A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que
foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das
caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2012
Notificaccedilotildees por dengue em 2012
75
Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 235 158-350 lt0001
BR 237 160-351 lt0001
GINI 030 020-045 lt0001
Prec I 098 096-100 0209
RM 341 228-51 lt0001
CMI 606 397-923 lt0001
TD 076 052-111 01667
Tmin I 107 096-119 01823
Tmin O 119 101-141 00335
Tmin P 115 100-131 00417
Tmin V 125 102-152 00247
TMV 120 103-140 00144
Prec O 099 099-100 0608
Prec P 099 099-100 0583
Prec V 099 099-100 0516
TMI 103 093-113 0527
TMP 101 093-110 0709
O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo
76
geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo
Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30
Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011
Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011
_____________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 07539 212 129 - 348
GINI -13120 026 016 - 042
CMI 16465 518 33 - 814
Tmin V 02280 125 098 - 159
Constante -51829
O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior
desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As
demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura
ANALF G
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
TMV
p = 005
P
77
miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios
com valores menores que os descritos
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
78
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
_________________________________________________________________________
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012
A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de
desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e
analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por
dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de
notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se
de 40degC
000
020
040
060
080
100
120
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
Temperatura miacutenima no veratildeo
a
b
c
d
A
B
D
C
79
7 CONCLUSAtildeO
Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de
dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas
Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012
A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo
os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram
nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais
Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual
quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como
significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do
agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo
no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo
correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser
significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo
2012 ndash 2011
Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia
de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede
que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza
visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo
apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de
temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com
temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais
Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com
amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para
comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado
classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o
intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo
80
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84
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85
ANEXOS
Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007
_____________________________________________________________
Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008
________________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 437727
GINI 0504
BR 47484
TD 7532
Analf G 13035
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 470625
GINI 0490
BR 39550
TD 6341
Analf G 11685
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
86
Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009
________________________________________________________________
Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010
_______________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 472850
GINI 0483
BR 40505
TD 5795
Analf G 11700
Analf 1 5390
Analf 2 12430
Analf 3 74670
DD 24070
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 461944
GINI 0490
BR 42673
TD 6255
Analf G 12095
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
87
Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011
___________________________________________________________________________
Variaacuteveis Valor de corte
RM 500751
GINI 0482
BR 35734
TD 5732
Analf G 1071
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
88
ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo
1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106
2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057
3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107
4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -
018
5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128
6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118
7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07
8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095
9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099
10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106
11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11
12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063
13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076
14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111
15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103
16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101
17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099
18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109
19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103
20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104
21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102
22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112
Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios
15
63 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2008 50
64 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2009 56
65 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2010 62
66 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 2011 67
67 Anaacutelise das notificaccedilotildees por dengue do ano de 201273
7 CONCLUSAtildeO79
REFEREcircNCIAS80
ANEXO A85
ANEXO B85
ANEXO C86
ANEXO D86
ANEXO E87
ANEXO F88
16
1 INTRODUCcedilAtildeO
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de
outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya
No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue
eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1
DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o
RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e
uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)
Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre
20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue
Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que
pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a
33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no
desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser
ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC
Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero
de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute
uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros
casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue
no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as
notificaccedilotildees por dengue no Estado
Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo
17
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas
Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de
mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas
Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com
base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)
Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no
periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue
(PNCD)
Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os
casos de dengue em Minas Gerais
18
3 JUSTIFICATIVA
Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando
rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate
agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos
de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir
os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em
relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades
apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as
caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a
particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais
agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados
agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores
19
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO
Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por
transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm
registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da
dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente
com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat
natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de
mosquitos Aedes sp
O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus
para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato
evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no
continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya
Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o
traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees
tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras
infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os
ciclos de urbanizaccedilatildeo
As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram
em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir
desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo
Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em
risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os
anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia
local
20
42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA
O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica
subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas
brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo
reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o
desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a
postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos
mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo
de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se
jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute
um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e
aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do
mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito
semanas
Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp
Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue
21
43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE
A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes
Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a
fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um
intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca
comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo
extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e
migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo
cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)
44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro
sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma
vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais
contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir
para as formas graves aumentam
A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as
consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs
os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue
hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da
doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees
dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias
A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas
inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou
quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele
hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica
pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os
sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo
surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode
levar agrave morte
22
45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE
Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem
adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como
o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a
erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes
de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees
Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o
controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria
O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se
acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta
reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos
estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a
resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas
O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e
evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de
situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A
participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os
domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros
46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL
A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A
compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de
combate mais eficaz
Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio
de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa
municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional
densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional
proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de
populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual
de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a
quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza
23
percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento
percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e
quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo
por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-
demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho
Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de
significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As
variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e
percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com
melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de
dengue na epidemia de 2002
No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -
SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e
agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e
anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de
instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres
analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em
quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos
niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue
foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o
periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu
um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total
apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis
socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos
Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash
SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo
sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica
definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis
selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios
percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo
nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo
percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes
com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior
completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de
24
chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre
trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-
miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade
porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as
variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um
agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel
observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias
e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da
estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram
chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto
niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel
meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de
moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o
coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De
modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro
unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou
correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue
47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A
DENGUE
Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura
(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a
dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As
variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e
umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o
risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na
Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro
e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio
Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido
a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo
foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas
25
maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti
no periacuteodo do outono
Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no
desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da
populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que
sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada
duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC
Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias
de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro
Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de
comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos
de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que
essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos
48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM
A DENGUE
As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e
dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos
de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define
sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de
saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a
proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como
indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis
socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo
Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo
geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se
acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor
controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as
mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo
encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)
Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE
(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o
26
rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego
que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo
procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a
reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo
de total desigualdade (ISHITANI et al2006)
Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero
de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar
um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da
populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de
sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento
baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a
qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida
A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi
incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito
proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior
facilidade
Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura
maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e
socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia
de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais
49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui
uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em
20734097 habitantes
Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas
Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as
27
chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de
Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)
A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-
sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores
contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos
Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico
Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute
um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste
em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do
oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul
do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua
de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da
precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA
et al 2014)
Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de
2010 Fonte Reboita et al (2012)
28
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)
que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e
avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores
ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado
de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e
socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de
notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas
Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por
dengue dos municiacutepios de Minas Gerais
Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de
regiotildees de alta incidecircncia de dengue
Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o
programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)
51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)
Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura
miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48
estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais
selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram
usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar
informaccedilotildees mais completas para esses anos
Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um
processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi
a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles
29
valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por
exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados
errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na
estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a
diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS
2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo
N= Q98 + 3 IQR (1)
onde Q98 eacute o percentil de 98
Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que
foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero
Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et
al 2012)
N= Q75 plusmn 3 IQR (2)
Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses
intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos
tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que
na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees
proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado
Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo
entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as
maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da
identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que
apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis
analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees
meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na
Tabela 1
Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram
menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto
eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo
meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse
30
coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva
e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram
falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo
considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento
foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)
Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo
31
Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1
Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo
___________________________________________________________________________
ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)
1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274
2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289
3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361
4 Arinos 83384 -1591 -4605 519
5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127
6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126
7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915
8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695
9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652
10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150
11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318
12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206
13 Curvelo 83536 1875 -4445 672
14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612
15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835
16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964
17 Formoso 83334 -1493 -4625 840
18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367
19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097
20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560
21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516
22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371
23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036
24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996
25 Juramento 83452 -1678 -4371 650
26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884
27 Machado 83683 -2166 -4591 87335
28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452
29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629
30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712
31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028
32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891
33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224
34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091
35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132
36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532
37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732
38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737
39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460
40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973
32
Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura
espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees
Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias
ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria
dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de
uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto
(ZIMERMANN et al 2012)
A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman
tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse
problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da
reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas
variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude
Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de
grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas
Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas
estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois
pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da
temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim
e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute
bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial
das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo
utilizar valores discrepantes
33
a) b)
c) d)
e)
Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)
veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual
34
ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e
longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na
reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)
Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do
Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x
1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo
(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o
preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA
2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com
dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096
35
Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da
estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e
do INMET (azul)
Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais
das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram
fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada
52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS
Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda
escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas
as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os
dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte
para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de
risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de
corte utilizados podem ser visualizados no anexo
As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um
banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os
resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os
significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2
36
Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos
dados
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo Variaacutevel Fonte
DD Densidade demograacutefica IBGE
Renda
GINI Iacutendice de GINI DATASUS
RM Renda meacutedia DATASUS
BR Baixa Renda DATASUS
TD Taxa de desemprego DATASUS
Sauacutede
CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS
Escolaridade
Analf G Analfabetismo Geral DATASUS
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS
Analf 2
Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo
incompleto DATASUS
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS
Saneamento baacutesico
Lixo Coleta de lixo IBGE
Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE
Variaacuteveis meteoroloacutegicas
TMP Temperatura maacutexima primavera INMET
TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET
TMO Temperatura maacutexima outono INMET
TMI Temperatura maacutexima inverno INMET
TminP Temperatura miacutenima primavera INMET
TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET
TminO Temperatura miacutenima outono INMET
TminI Temperatura miacutenima inverno INMET
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET
Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET
37
Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo da
Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo
RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1
gt mediana 0
GINI Se a desigualdade for gt mediana 1
mediana 0
BR Se a baixa renda for ge mediana 1
lt mediana 0
TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1
ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0
Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1
fundamental completo ou 2ordm ciclo
incompleto for mediana 0
Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0
2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1
DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1
mediana 0
CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1
lt 20 permil 0
53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA
Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas
Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de
2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por
ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de
morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de
morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)
38
x 100000 habitantes
(3)
( ) notificaccedilotildees
(4)
onde
Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada
CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes
(5)
Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio
possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com
municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0
Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais
Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado
utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do
Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas
do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)
39
Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________
54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS
O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam
a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de
MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas
devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as
cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama
Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute
da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo
Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de
desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso
esse trabalho foi realizado com 720 cidades
Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas
e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007
2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue
iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte
Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas
foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de
desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave
inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar
incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental
Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia
(por 100000 habitantes)
Baixa incidecircncia 100
Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300
Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300
40
completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O
motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010
56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA
A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma
variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa
duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes
atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem
se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os
dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os
valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)
( )
(6)
Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do
valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance
fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)
(
)
(7)
Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da
verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance
(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma
estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1
41
Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila
chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito
(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel
dependente fica representada pela foacutermula
( )
( )
(8)
Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM
(CDC 2008)
As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de
p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise
forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das
variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou
igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW
1989)
42
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA
611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM
MINAS GERAIS
Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no
inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e
no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de
Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das
explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para
leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa
umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de
monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno
com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do
continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo
43
a) b)
c) d)
e)
Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
44
612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA
MIacuteNIMA EM MG
Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo
variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma
regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de
MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais
frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de
10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a
predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em
todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a
22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo
mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste
apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no
veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de
Souza et al (2006)
45
a) b)
c) d)
e)
Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
46
613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS
MAacuteXIMAS EM MG
A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com
a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores
altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras
aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute
no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no
leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente
47
a) b)
c) d)
e)
Figura 9 - Temperatura maacutexima (o
C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)
primavera (e) meacutedia anual
48
62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG
As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser
visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo
central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos
mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se
tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees
No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a
classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD
Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais
___________________________________________________________________________
Ano 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183
Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia
49
a) 2008 b) 2009
c) 2010 d) 2011
e) 2012
Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)
2010 (d) 2011 e (e) 2012
50
63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008
De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades
com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas
com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da
Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de
dengue
Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008
A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na
Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores
notificaccedilotildees em abril
51
Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4
com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se
hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis
explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2008
52
Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de
p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 073 050 - 108 0119
GINI 045 030 - 067 0001
CMI 374 249 - 559 lt0001
Prec I 099 098 - 100 0160
Prec O 100 099 - 101 0059
TD 156 106 -230 0023
TminP 107 095 - 121 0202
TminV 124 105 - 147 0009
TMO 123 105 - 144 0009
TMV 117 104 -133 0007
BR 097 066 - 145 0919
Prec P 099 099 - 100 0782
Prec V 100 099 -100 0984
RM 122 082 -182 0313
TMI 099 089 - 112 0977
TminI 102 094 - 112 0509
TminO 103 089 - 119 0684
TMP 103 094 -113 0487
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI
coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono
temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem
significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13
53
Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007
Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007
____________________________________________________________________________
A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de
GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de
dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil
(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da
populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI -09422 038 025 - 060
CMI 13098 37 242 - 566
Prec I -00185 098 096 - 099
Prec O 00121 101 100 - 102
TMV 02957 134 116 -154
Constante -96745
CMI
P lt 0001
TMV
P lt 0001
GINI
P lt 0001
Prec I
P= 0006
Prec O
P= 0003
54
vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais
favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue
tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com
menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo
comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um
risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse
valor
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +
02957(TMV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade
(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e
temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8
foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14
55
Legenda
_________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio
A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0)
Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem
permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana
para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso
verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm
0
02
04
06
08
1
12
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
()
Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)
a
b
c
d
A
B
D
C
56
maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio
mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem
apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a
notificaccedilatildeo
64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009
Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de
notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees
atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas
Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15
Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009
O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no
mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16
57
Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o
resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em
verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2009
58
Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores
de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
BR 288 190 - 437 lt0001
GINI 286 189-433 lt0001
Prec O 099 098- 099 00001
Prec P 100 100-101 00085
Prec V 099 099-100 00603
CMI 782 496- 1235 lt0001
TD 075 050 -112 01692
TminO 115 098 -134 00728
TminV 116 098-137 00665
TMO 112 097- 129 00979
TMV 117 101 -136 00279
Analf G 367 241 -559 lt0001
RM 403 263-616 lt0001
Prec I 099 098 -100 03264
TMI 101 090 - 112 08337
TminI 103 093 - 115 05150
TminP 099 088-111 09688
TMP 103 095 - 111 04249
59
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda
meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A
ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta
os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das
variaacuteveis explanatoacuterias
Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008
GINI
p lt 0001
Prec V
P= 00358
Analf G
P =00044
CMI
plt 0001
RM
P = 00008
60
Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008
_________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI 14027 406 230 - 716
RM 12552 350 168 - 728
Analf G 11075 302 141- 648
CMI 17819 594 358- 985
Prec V 00042 100 099 -100
Constante -37863
Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco
para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594
vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com
menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350
analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042
(PrecV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)
renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo
de interferir nos casos de dengue no Estado
61
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
__________________________________________________________________________
Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em
2009
000
020
040
060
080
100
120
0 200 400 600
Pro
bab
ilid
ade
(
)
Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)
a
b
c
d
A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima
da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
A
B
C
D
62
A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede
com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com
maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias
65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010
No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero
de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de
morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos
para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes
principalmente nas regiotildees norte e sul
Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010
63
Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado
superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na
Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na
primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono
tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise
Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2010
64
Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC
95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue
no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Prec V 099 099 - 1000 0103
CMI 5459 3847 - 7746 lt0001
TD 077 056 - 1069 0121
TminO 1143 1009 - 1296 0034
TminV 1178 1026- 1352 0020
TMO 108 099 -119 0069
TMP 1075 098 - 1178 0122
Analf G 2956 2122- 4119 lt0001
Gini 029 0211 - 041 lt0001
Prec I 099 0984 - 1002 0153
RM 3193 2288- 4455 lt0001
BR 2275 1641- 3152 lt0001
Prec P 099 099 -100 0532
Prec O 099 099 - 1002 0467
As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou
valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na
Figura 21
65
Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009
Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009
_____________________________________________________________________________
Variaacuteveis
explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)
CMI 15151 454 312-663
Analf G 13218 375 251-559
GINI -14487 023 015-035
Constante -07489
O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como
fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores
menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil
Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as
chances de apresentar casos de dengue
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)
ANALF G
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
66
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de
mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue
no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
_________________________________________________________________________
A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana
(1)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
F
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
67
Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da
mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a
probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a
90
66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011
Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602
municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas
as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano
Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011
Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril
e maio (Figura 24)
68
Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011
A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis
analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis
saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo
Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2011
Notificaccedilotildees por dengue em 2011
69
Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011 _________________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
AnalfG 367 254 - 532 lt0001
BR 288 2 - 413 lt0001
GINI 030 021- 044 lt0001
Prec I 101 099-102 0177
Prec O 099 099-100 0131
Prec P 099 099 -101 0043
Prec V 099 099 -100 lt0001
RM 417 287-606 lt0001
CMI 905 6 - 1363 lt0001
TD 080 056-114 0227
TminI 105 097- 113 0223
TminO 113 099-128 0051
TminP 115 103-128 0012
TMO 116 102-132 0020
TMP 104 097-112 0199
TMV 117 107-130 lt0001
Analf1 103 098-108 0162
Analf2 106 102 - 110 lt0001
Aacutegua 116 081-165 0395
DD 100 099-100 0827
Lixo 109 076-155 0622
TMI 098 090-107 0761
TminV 107 094-123 0275
Analf3 099 097-101 0463
70
A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na
Figura 25
Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente
RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias
Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 15301 461 289 - 735
GINI -14098 024 015 - 038
CMI 20253 757 486 - 1180
Constante -09603
Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator
de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o
analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo
461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil
ANALF G
p lt 0001
GINI
p lt 0001
CMI
p lt 0001
71
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
72
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
___________________________________________________________________________
Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
D
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
F
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
73
Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de
mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram
aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27
67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012
Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da
Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e
alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta
Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012
Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas
aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000
74
Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012
A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que
foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das
caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2012
Notificaccedilotildees por dengue em 2012
75
Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 235 158-350 lt0001
BR 237 160-351 lt0001
GINI 030 020-045 lt0001
Prec I 098 096-100 0209
RM 341 228-51 lt0001
CMI 606 397-923 lt0001
TD 076 052-111 01667
Tmin I 107 096-119 01823
Tmin O 119 101-141 00335
Tmin P 115 100-131 00417
Tmin V 125 102-152 00247
TMV 120 103-140 00144
Prec O 099 099-100 0608
Prec P 099 099-100 0583
Prec V 099 099-100 0516
TMI 103 093-113 0527
TMP 101 093-110 0709
O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo
76
geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo
Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30
Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011
Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011
_____________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 07539 212 129 - 348
GINI -13120 026 016 - 042
CMI 16465 518 33 - 814
Tmin V 02280 125 098 - 159
Constante -51829
O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior
desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As
demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura
ANALF G
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
TMV
p = 005
P
77
miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios
com valores menores que os descritos
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
78
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
_________________________________________________________________________
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012
A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de
desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e
analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por
dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de
notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se
de 40degC
000
020
040
060
080
100
120
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
Temperatura miacutenima no veratildeo
a
b
c
d
A
B
D
C
79
7 CONCLUSAtildeO
Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de
dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas
Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012
A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo
os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram
nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais
Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual
quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como
significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do
agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo
no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo
correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser
significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo
2012 ndash 2011
Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia
de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede
que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza
visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo
apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de
temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com
temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais
Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com
amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para
comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado
classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o
intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo
80
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85
ANEXOS
Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007
_____________________________________________________________
Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008
________________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 437727
GINI 0504
BR 47484
TD 7532
Analf G 13035
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 470625
GINI 0490
BR 39550
TD 6341
Analf G 11685
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
86
Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009
________________________________________________________________
Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010
_______________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 472850
GINI 0483
BR 40505
TD 5795
Analf G 11700
Analf 1 5390
Analf 2 12430
Analf 3 74670
DD 24070
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 461944
GINI 0490
BR 42673
TD 6255
Analf G 12095
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
87
Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011
___________________________________________________________________________
Variaacuteveis Valor de corte
RM 500751
GINI 0482
BR 35734
TD 5732
Analf G 1071
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
88
ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo
1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106
2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057
3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107
4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -
018
5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128
6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118
7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07
8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095
9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099
10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106
11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11
12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063
13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076
14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111
15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103
16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101
17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099
18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109
19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103
20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104
21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102
22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112
Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios
16
1 INTRODUCcedilAtildeO
A dengue eacute uma doenccedila viral de regiotildees tropicais e subtropicais que ocorre devido agraves
condiccedilotildees de temperatura e precipitaccedilatildeo necessaacuterias para o desenvolvimento do mosquito
Aedes sp que eacute o hospedeiro intermediaacuterio responsaacutevel pela transmissatildeo da dengue e de
outras doenccedilas como febre amarela e chikungunya
No Brasil o transmissor eacute o mosquito Aedes aegypti esse agente etioloacutegico da dengue
eacute um arboviacuterus da famiacutelia flaviviridae que apresenta quatro sorotipos diferentes DEN-1
DEN-2 DEN-3 e DEN-4 sendo o viacuterus um retroviacuterus por possuir como material geneacutetico o
RNA O viacuterus da dengue apresenta duas fases uma extriacutenseca (que ocorre no mosquito) e
uma intriacutenseca (no homem) segundo Timerman Luz e Nunes (2012)
Segundo Consoli e Oliveira (1994) o aedes aegypti adapta-se em temperaturas entre
20deg a 46deg o que torno os paiacuteses tropicais e subtropicais suscetiacuteveis ao viacuterus da dengue
Temperaturas altas interferem no ciclo do mosquito acelerando o seu desenvolvimento que
pode durar em meacutedia 14 dias em temperaturas de 22deg a 25degC e 8 dias em temperaturas 30degC a
33degC para que o mosquito torne-se adulto Aleacutem das temperaturas altas interferirem no
desenvolvimento do inseto ela tambeacutem aumenta sua atividade hematoacutefaga que pode ser
ampliada em ateacute duas vezes mais em temperatura de 32degC
Segundo Promprou et al (2005) a precipitaccedilatildeo estaacute associada ao aumento do nuacutemero
de insetos jaacute que aumenta os locais disponiacuteveis para a reproduccedilatildeo Segundo Costa (2011) haacute
uma relaccedilatildeo entre a precipitaccedilatildeo e aumento de casos de dengue nos periacuteodo mais chuvosos
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) Minas Gerais apresentou seus primeiros
casos de dengue nos dois primeiros anos da deacutecada de 90 quando as notificaccedilotildees por dengue
no Brasil concentraram-se nas regiotildees Sudeste e Nordeste apoacutes esses anos satildeo frequentes as
notificaccedilotildees por dengue no Estado
Embora as condiccedilotildees ambientais sejam importantes para a replicaccedilatildeo do viacuterus e
desenvolvimento do Aedes aegypti as caracteriacutesticas socioeconocircmicas tambeacutem satildeo
imprescindiacuteveis na transmissatildeo da dengue por estarem ligadas ao modo de vida e a aplicaccedilatildeo
das formas de prevenccedilatildeo
17
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas
Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de
mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas
Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com
base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)
Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no
periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue
(PNCD)
Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os
casos de dengue em Minas Gerais
18
3 JUSTIFICATIVA
Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando
rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate
agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos
de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir
os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em
relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades
apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as
caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a
particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais
agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados
agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores
19
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO
Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por
transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm
registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da
dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente
com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat
natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de
mosquitos Aedes sp
O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus
para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato
evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no
continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya
Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o
traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees
tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras
infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os
ciclos de urbanizaccedilatildeo
As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram
em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir
desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo
Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em
risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os
anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia
local
20
42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA
O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica
subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas
brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo
reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o
desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a
postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos
mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo
de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se
jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute
um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e
aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do
mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito
semanas
Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp
Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue
21
43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE
A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes
Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a
fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um
intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca
comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo
extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e
migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo
cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)
44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro
sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma
vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais
contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir
para as formas graves aumentam
A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as
consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs
os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue
hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da
doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees
dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias
A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas
inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou
quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele
hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica
pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os
sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo
surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode
levar agrave morte
22
45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE
Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem
adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como
o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a
erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes
de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees
Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o
controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria
O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se
acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta
reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos
estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a
resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas
O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e
evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de
situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A
participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os
domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros
46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL
A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A
compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de
combate mais eficaz
Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio
de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa
municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional
densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional
proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de
populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual
de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a
quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza
23
percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento
percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e
quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo
por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-
demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho
Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de
significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As
variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e
percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com
melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de
dengue na epidemia de 2002
No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -
SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e
agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e
anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de
instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres
analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em
quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos
niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue
foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o
periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu
um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total
apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis
socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos
Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash
SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo
sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica
definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis
selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios
percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo
nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo
percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes
com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior
completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de
24
chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre
trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-
miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade
porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as
variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um
agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel
observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias
e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da
estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram
chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto
niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel
meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de
moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o
coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De
modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro
unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou
correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue
47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A
DENGUE
Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura
(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a
dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As
variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e
umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o
risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na
Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro
e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio
Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido
a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo
foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas
25
maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti
no periacuteodo do outono
Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no
desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da
populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que
sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada
duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC
Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias
de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro
Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de
comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos
de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que
essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos
48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM
A DENGUE
As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e
dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos
de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define
sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de
saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a
proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como
indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis
socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo
Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo
geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se
acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor
controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as
mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo
encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)
Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE
(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o
26
rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego
que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo
procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a
reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo
de total desigualdade (ISHITANI et al2006)
Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero
de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar
um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da
populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de
sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento
baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a
qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida
A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi
incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito
proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior
facilidade
Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura
maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e
socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia
de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais
49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui
uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em
20734097 habitantes
Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas
Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as
27
chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de
Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)
A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-
sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores
contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos
Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico
Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute
um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste
em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do
oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul
do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua
de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da
precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA
et al 2014)
Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de
2010 Fonte Reboita et al (2012)
28
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)
que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e
avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores
ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado
de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e
socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de
notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas
Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por
dengue dos municiacutepios de Minas Gerais
Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de
regiotildees de alta incidecircncia de dengue
Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o
programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)
51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)
Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura
miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48
estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais
selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram
usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar
informaccedilotildees mais completas para esses anos
Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um
processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi
a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles
29
valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por
exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados
errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na
estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a
diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS
2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo
N= Q98 + 3 IQR (1)
onde Q98 eacute o percentil de 98
Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que
foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero
Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et
al 2012)
N= Q75 plusmn 3 IQR (2)
Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses
intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos
tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que
na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees
proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado
Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo
entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as
maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da
identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que
apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis
analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees
meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na
Tabela 1
Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram
menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto
eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo
meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse
30
coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva
e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram
falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo
considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento
foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)
Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo
31
Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1
Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo
___________________________________________________________________________
ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)
1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274
2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289
3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361
4 Arinos 83384 -1591 -4605 519
5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127
6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126
7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915
8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695
9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652
10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150
11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318
12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206
13 Curvelo 83536 1875 -4445 672
14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612
15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835
16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964
17 Formoso 83334 -1493 -4625 840
18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367
19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097
20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560
21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516
22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371
23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036
24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996
25 Juramento 83452 -1678 -4371 650
26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884
27 Machado 83683 -2166 -4591 87335
28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452
29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629
30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712
31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028
32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891
33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224
34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091
35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132
36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532
37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732
38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737
39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460
40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973
32
Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura
espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees
Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias
ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria
dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de
uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto
(ZIMERMANN et al 2012)
A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman
tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse
problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da
reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas
variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude
Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de
grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas
Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas
estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois
pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da
temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim
e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute
bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial
das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo
utilizar valores discrepantes
33
a) b)
c) d)
e)
Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)
veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual
34
ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e
longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na
reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)
Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do
Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x
1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo
(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o
preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA
2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com
dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096
35
Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da
estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e
do INMET (azul)
Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais
das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram
fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada
52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS
Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda
escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas
as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os
dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte
para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de
risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de
corte utilizados podem ser visualizados no anexo
As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um
banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os
resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os
significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2
36
Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos
dados
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo Variaacutevel Fonte
DD Densidade demograacutefica IBGE
Renda
GINI Iacutendice de GINI DATASUS
RM Renda meacutedia DATASUS
BR Baixa Renda DATASUS
TD Taxa de desemprego DATASUS
Sauacutede
CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS
Escolaridade
Analf G Analfabetismo Geral DATASUS
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS
Analf 2
Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo
incompleto DATASUS
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS
Saneamento baacutesico
Lixo Coleta de lixo IBGE
Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE
Variaacuteveis meteoroloacutegicas
TMP Temperatura maacutexima primavera INMET
TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET
TMO Temperatura maacutexima outono INMET
TMI Temperatura maacutexima inverno INMET
TminP Temperatura miacutenima primavera INMET
TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET
TminO Temperatura miacutenima outono INMET
TminI Temperatura miacutenima inverno INMET
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET
Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET
37
Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo da
Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo
RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1
gt mediana 0
GINI Se a desigualdade for gt mediana 1
mediana 0
BR Se a baixa renda for ge mediana 1
lt mediana 0
TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1
ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0
Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1
fundamental completo ou 2ordm ciclo
incompleto for mediana 0
Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0
2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1
DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1
mediana 0
CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1
lt 20 permil 0
53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA
Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas
Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de
2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por
ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de
morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de
morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)
38
x 100000 habitantes
(3)
( ) notificaccedilotildees
(4)
onde
Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada
CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes
(5)
Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio
possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com
municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0
Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais
Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado
utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do
Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas
do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)
39
Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________
54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS
O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam
a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de
MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas
devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as
cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama
Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute
da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo
Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de
desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso
esse trabalho foi realizado com 720 cidades
Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas
e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007
2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue
iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte
Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas
foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de
desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave
inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar
incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental
Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia
(por 100000 habitantes)
Baixa incidecircncia 100
Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300
Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300
40
completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O
motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010
56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA
A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma
variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa
duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes
atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem
se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os
dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os
valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)
( )
(6)
Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do
valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance
fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)
(
)
(7)
Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da
verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance
(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma
estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1
41
Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila
chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito
(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel
dependente fica representada pela foacutermula
( )
( )
(8)
Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM
(CDC 2008)
As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de
p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise
forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das
variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou
igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW
1989)
42
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA
611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM
MINAS GERAIS
Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no
inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e
no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de
Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das
explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para
leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa
umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de
monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno
com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do
continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo
43
a) b)
c) d)
e)
Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
44
612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA
MIacuteNIMA EM MG
Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo
variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma
regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de
MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais
frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de
10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a
predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em
todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a
22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo
mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste
apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no
veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de
Souza et al (2006)
45
a) b)
c) d)
e)
Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
46
613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS
MAacuteXIMAS EM MG
A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com
a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores
altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras
aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute
no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no
leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente
47
a) b)
c) d)
e)
Figura 9 - Temperatura maacutexima (o
C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)
primavera (e) meacutedia anual
48
62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG
As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser
visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo
central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos
mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se
tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees
No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a
classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD
Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais
___________________________________________________________________________
Ano 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183
Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia
49
a) 2008 b) 2009
c) 2010 d) 2011
e) 2012
Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)
2010 (d) 2011 e (e) 2012
50
63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008
De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades
com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas
com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da
Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de
dengue
Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008
A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na
Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores
notificaccedilotildees em abril
51
Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4
com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se
hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis
explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2008
52
Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de
p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 073 050 - 108 0119
GINI 045 030 - 067 0001
CMI 374 249 - 559 lt0001
Prec I 099 098 - 100 0160
Prec O 100 099 - 101 0059
TD 156 106 -230 0023
TminP 107 095 - 121 0202
TminV 124 105 - 147 0009
TMO 123 105 - 144 0009
TMV 117 104 -133 0007
BR 097 066 - 145 0919
Prec P 099 099 - 100 0782
Prec V 100 099 -100 0984
RM 122 082 -182 0313
TMI 099 089 - 112 0977
TminI 102 094 - 112 0509
TminO 103 089 - 119 0684
TMP 103 094 -113 0487
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI
coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono
temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem
significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13
53
Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007
Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007
____________________________________________________________________________
A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de
GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de
dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil
(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da
populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI -09422 038 025 - 060
CMI 13098 37 242 - 566
Prec I -00185 098 096 - 099
Prec O 00121 101 100 - 102
TMV 02957 134 116 -154
Constante -96745
CMI
P lt 0001
TMV
P lt 0001
GINI
P lt 0001
Prec I
P= 0006
Prec O
P= 0003
54
vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais
favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue
tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com
menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo
comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um
risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse
valor
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +
02957(TMV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade
(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e
temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8
foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14
55
Legenda
_________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio
A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0)
Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem
permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana
para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso
verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm
0
02
04
06
08
1
12
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
()
Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)
a
b
c
d
A
B
D
C
56
maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio
mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem
apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a
notificaccedilatildeo
64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009
Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de
notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees
atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas
Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15
Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009
O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no
mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16
57
Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o
resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em
verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2009
58
Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores
de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
BR 288 190 - 437 lt0001
GINI 286 189-433 lt0001
Prec O 099 098- 099 00001
Prec P 100 100-101 00085
Prec V 099 099-100 00603
CMI 782 496- 1235 lt0001
TD 075 050 -112 01692
TminO 115 098 -134 00728
TminV 116 098-137 00665
TMO 112 097- 129 00979
TMV 117 101 -136 00279
Analf G 367 241 -559 lt0001
RM 403 263-616 lt0001
Prec I 099 098 -100 03264
TMI 101 090 - 112 08337
TminI 103 093 - 115 05150
TminP 099 088-111 09688
TMP 103 095 - 111 04249
59
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda
meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A
ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta
os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das
variaacuteveis explanatoacuterias
Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008
GINI
p lt 0001
Prec V
P= 00358
Analf G
P =00044
CMI
plt 0001
RM
P = 00008
60
Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008
_________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI 14027 406 230 - 716
RM 12552 350 168 - 728
Analf G 11075 302 141- 648
CMI 17819 594 358- 985
Prec V 00042 100 099 -100
Constante -37863
Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco
para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594
vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com
menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350
analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042
(PrecV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)
renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo
de interferir nos casos de dengue no Estado
61
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
__________________________________________________________________________
Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em
2009
000
020
040
060
080
100
120
0 200 400 600
Pro
bab
ilid
ade
(
)
Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)
a
b
c
d
A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima
da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
A
B
C
D
62
A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede
com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com
maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias
65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010
No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero
de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de
morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos
para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes
principalmente nas regiotildees norte e sul
Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010
63
Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado
superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na
Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na
primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono
tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise
Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2010
64
Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC
95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue
no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Prec V 099 099 - 1000 0103
CMI 5459 3847 - 7746 lt0001
TD 077 056 - 1069 0121
TminO 1143 1009 - 1296 0034
TminV 1178 1026- 1352 0020
TMO 108 099 -119 0069
TMP 1075 098 - 1178 0122
Analf G 2956 2122- 4119 lt0001
Gini 029 0211 - 041 lt0001
Prec I 099 0984 - 1002 0153
RM 3193 2288- 4455 lt0001
BR 2275 1641- 3152 lt0001
Prec P 099 099 -100 0532
Prec O 099 099 - 1002 0467
As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou
valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na
Figura 21
65
Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009
Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009
_____________________________________________________________________________
Variaacuteveis
explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)
CMI 15151 454 312-663
Analf G 13218 375 251-559
GINI -14487 023 015-035
Constante -07489
O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como
fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores
menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil
Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as
chances de apresentar casos de dengue
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)
ANALF G
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
66
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de
mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue
no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
_________________________________________________________________________
A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana
(1)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
F
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
67
Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da
mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a
probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a
90
66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011
Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602
municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas
as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano
Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011
Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril
e maio (Figura 24)
68
Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011
A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis
analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis
saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo
Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2011
Notificaccedilotildees por dengue em 2011
69
Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011 _________________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
AnalfG 367 254 - 532 lt0001
BR 288 2 - 413 lt0001
GINI 030 021- 044 lt0001
Prec I 101 099-102 0177
Prec O 099 099-100 0131
Prec P 099 099 -101 0043
Prec V 099 099 -100 lt0001
RM 417 287-606 lt0001
CMI 905 6 - 1363 lt0001
TD 080 056-114 0227
TminI 105 097- 113 0223
TminO 113 099-128 0051
TminP 115 103-128 0012
TMO 116 102-132 0020
TMP 104 097-112 0199
TMV 117 107-130 lt0001
Analf1 103 098-108 0162
Analf2 106 102 - 110 lt0001
Aacutegua 116 081-165 0395
DD 100 099-100 0827
Lixo 109 076-155 0622
TMI 098 090-107 0761
TminV 107 094-123 0275
Analf3 099 097-101 0463
70
A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na
Figura 25
Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente
RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias
Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 15301 461 289 - 735
GINI -14098 024 015 - 038
CMI 20253 757 486 - 1180
Constante -09603
Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator
de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o
analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo
461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil
ANALF G
p lt 0001
GINI
p lt 0001
CMI
p lt 0001
71
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
72
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
___________________________________________________________________________
Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
D
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
F
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
73
Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de
mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram
aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27
67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012
Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da
Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e
alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta
Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012
Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas
aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000
74
Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012
A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que
foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das
caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2012
Notificaccedilotildees por dengue em 2012
75
Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 235 158-350 lt0001
BR 237 160-351 lt0001
GINI 030 020-045 lt0001
Prec I 098 096-100 0209
RM 341 228-51 lt0001
CMI 606 397-923 lt0001
TD 076 052-111 01667
Tmin I 107 096-119 01823
Tmin O 119 101-141 00335
Tmin P 115 100-131 00417
Tmin V 125 102-152 00247
TMV 120 103-140 00144
Prec O 099 099-100 0608
Prec P 099 099-100 0583
Prec V 099 099-100 0516
TMI 103 093-113 0527
TMP 101 093-110 0709
O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo
76
geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo
Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30
Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011
Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011
_____________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 07539 212 129 - 348
GINI -13120 026 016 - 042
CMI 16465 518 33 - 814
Tmin V 02280 125 098 - 159
Constante -51829
O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior
desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As
demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura
ANALF G
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
TMV
p = 005
P
77
miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios
com valores menores que os descritos
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
78
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
_________________________________________________________________________
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012
A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de
desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e
analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por
dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de
notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se
de 40degC
000
020
040
060
080
100
120
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
Temperatura miacutenima no veratildeo
a
b
c
d
A
B
D
C
79
7 CONCLUSAtildeO
Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de
dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas
Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012
A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo
os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram
nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais
Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual
quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como
significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do
agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo
no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo
correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser
significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo
2012 ndash 2011
Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia
de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede
que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza
visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo
apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de
temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com
temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais
Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com
amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para
comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado
classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o
intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo
80
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85
ANEXOS
Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007
_____________________________________________________________
Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008
________________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 437727
GINI 0504
BR 47484
TD 7532
Analf G 13035
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 470625
GINI 0490
BR 39550
TD 6341
Analf G 11685
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
86
Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009
________________________________________________________________
Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010
_______________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 472850
GINI 0483
BR 40505
TD 5795
Analf G 11700
Analf 1 5390
Analf 2 12430
Analf 3 74670
DD 24070
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 461944
GINI 0490
BR 42673
TD 6255
Analf G 12095
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
87
Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011
___________________________________________________________________________
Variaacuteveis Valor de corte
RM 500751
GINI 0482
BR 35734
TD 5732
Analf G 1071
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
88
ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo
1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106
2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057
3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107
4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -
018
5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128
6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118
7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07
8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095
9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099
10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106
11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11
12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063
13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076
14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111
15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103
16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101
17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099
18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109
19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103
20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104
21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102
22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112
Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios
17
2 OBJETIVOS
21 OBJETIVO GERAL
Identificar a associaccedilatildeo de ocorrecircncia da dengue nas cidades de Minas Gerais com
variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas no periacuteodo de 2008 a 2012
22 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS
Produzir mapas de temperatura maacutexima miacutenima e precipitaccedilatildeo para o estado de Minas
Gerais com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a fim de
mostrar a distribuiccedilatildeo espacial e temporal dessas variaacuteveis atmosfeacutericas
Determinar a ocorrecircncia espacial de dengue em MG no periacuteodo de 2008 a 2012 com
base nos valores de Razatildeo de Morbidade Padronizada (RMP)
Determinar espacialmente as regiotildees com alta incidecircncia de dengue em MG no
periacuteodo de 2008 a 2012 de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue
(PNCD)
Identificar as variaacuteveis meteoroloacutegicas e socioeconocircmicas mais significativas para os
casos de dengue em Minas Gerais
18
3 JUSTIFICATIVA
Segundo Timerman Nunes e Luz (2012) o Aedes aegypti vem se espalhando
rapidamente no Brasil desde meados da deacutecada de 1980 Isso mostra que as accedilotildees de combate
agrave dengue natildeo estatildeo sendo suficientes para controlar o vetor Mesmo com o esforccedilo dos oacutergatildeos
de sauacutede puacuteblica algumas cidades de Minas Gerais tecircm apresentado dificuldades em reduzir
os casos de dengue ou porque a populaccedilatildeo mal informada natildeo modifica seus haacutebitos em
relaccedilatildeo aos cuidados com a formaccedilatildeo de possiacuteveis criadouros ou porque certas cidades
apresentam algumas caracteriacutesticas que dificultam esse processo Nesse trabalho as
caracteriacutesticas locais de setecentos e vinte municiacutepios foram analisadas para entender a
particularidade do estado de Minas Gerais buscando descobrir quais satildeo os principais
agravantes para tamanha dificuldade no combate ao vetor que podem tanto estar associados
agraves condiccedilotildees sociais dessas populaccedilotildees ou agraves condiccedilotildees ambientais ou ambos os fatores
19
4 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
41 HISTOacuteRICO DA DENGUE NO MUNDO
Segundo Ujvari (2008) os colonizadores do seacuteculo XVIII foram os responsaacuteveis por
transportar a dengue do Velho Mundo para o continente americano poreacutem natildeo se tecircm
registros histoacutericos de que as epidemias daquela eacutepoca tenham sido causadas pelo viacuterus da
dengue jaacute que seus sintomas satildeo muito parecidos com o de outras doenccedilas Provavelmente
com o desmatamento para abertura de povoados o viacuterus da dengue passou do seu habitat
natural para o ambiente urbano desses povoados permanecendo ateacute hoje pela transmissatildeo de
mosquitos Aedes sp
O desenvolvimento do comeacutercio e a migraccedilatildeo de pessoas acabaram levando o viacuterus
para cidades e metroacutepoles que foram se desenvolvendo com o passar do tempo fato
evidenciado no continente asiaacutetico onde de forma casual o viacuterus foi se manifestando no
continente transmitido pelo Aedes albopictus e outros mosquitos do subgecircnero Stegomya
Acredita-se que o Aedes aegypti tenha sido trazido para o Novo Mundo durante o
traacutefico de escravos nos seacuteculos XVII XVIII e XIX e espalhou-se por todas as regiotildees
tropicais adaptando-se bem ao ambiente urbano e ao sangue humano As primeiras
infestaccedilotildees ocorreram em regiotildees proacuteximas aos portos e em seguida foram acompanhando os
ciclos de urbanizaccedilatildeo
As primeiras grandes epidemias com sintomas semelhantes ao da dengue ocorreram
em trecircs continentes Aacutefrica Aacutesia e Ameacuterica do Norte nos anos de 1779 e 1780 A partir
desses anos inuacutemeras epidemias foram relatadas em muitas partes do mundo
Atualmente segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a dengue coloca em
risco a vida de 25 bilhotildees de pessoas que moram em paiacuteses tropicais e subtropicais todos os
anos infectando entre 50 a 100 milhotildees de pessoas causando prejuiacutezos agrave sauacutede e a economia
local
20
42 AEDES AEGYPTI E SEU CICLO DE VIDA
O Aedes aegypti o mosquito transmissor da dengue no Brasil originaacuterio da Aacutefrica
subsaariana pode ser facilmente identificado por ser um mosquito preto com manchas
brancas Segundo Veronesi (1991) esse mosquito eacute um holometaacutebolo isto eacute apresenta ciclo
reprodutivo indireto formado por ovo larva pupa e mosquito adulto Figura 1 Para o
desenvolvimento do ciclo reprodutivo a fecircmea do Aedes aegypti necessita de aacutegua para a
postura dos ovos que satildeo depositados em linha drsquoaacutegua (limite entre a aacutegua e o ar) Esses ovos
mudam para o estaacutegio larvaacuterio em dois ou trecircs dias em condiccedilotildees favoraacuteveis jaacute em situaccedilatildeo
de escassez hiacutedrica os ovos podem dissecar e morrer ou podem ficar em estado de latecircncia se
jaacute tiverem cumprido parte do seu desenvolvimento podendo permanecer no ambiente por ateacute
um ano Da eclosatildeo dos ovos surgem as larvas que durante cinco dias alimentam-se e
aumentam de tamanho passando para o estaacutegio de pupa e animal adulto O acasalamento do
mosquito acontece no primeiro ou segundo dia de vida que dura em torno de seis a oito
semanas
Figura 1 ndash Ciclo de vida do mosquito Aedes sp
Fonte wwwcombateadenguecombrmosquito-da-dengue
21
43 CICLO DE TRANSMISSAtildeO DA DENGUE
A dengue eacute transmitida ao homem durante o periacuteodo de reproduccedilatildeo da fecircmea do Aedes
Aegypti que necessita de sangue para a postura dos ovos Ao ingerir sangue contaminado a
fecircmea passa a transmitir a doenccedila (YANG 2003) O viacuterus da dengue possui dois ciclos um
intriacutenseco (que ocorre no homem) e um extriacutenseco (que ocorre no mosquito) A fase intriacutenseca
comeccedila um dia antes do aparecimento dos sintomas ateacute o sexto dia da doenccedila O periacuteodo
extriacutenseco dura em torno de seis a oito dias e corresponde a fase de duplicaccedilatildeo do viacuterus e
migraccedilatildeo dele para as glacircndulas salivares A transmissatildeo do viacuterus eacute por toda a vida podendo
cada mosquito infectar ateacute trezentas pessoas(CANTANE et al 2013)
44 MANIFESTACcedilOtildeES CLIacuteNICAS
Segundo Teixeira Barreto e Guerra (1999) o viacuterus da dengue apresenta quatro
sorotipos diferentes de maneira que se pode contrair dengue por apenas quatro vezes Uma
vez infectado por um dos sorotipos o organismo humano adquire imunidade e natildeo iraacute mais
contrair a doenccedila com aquele sorotipo poreacutem ao adquirir outro as chances da doenccedila evoluir
para as formas graves aumentam
A maioria das pessoas contrai o viacuterus sem apresentar nenhum sintoma satildeo as
consideradas assintomaacuteticas jaacute aquelas que apresentam os sintomas satildeo sintomaacuteticas Satildeo trecircs
os tipos de sintomas que satildeo iguais para os quatro sorotipos dengue claacutessica dengue
hemorraacutegica e siacutendrome do choque da dengue A dengue claacutessica eacute a forma mais branda da
doenccedila sendo seus sintomas febre alta (39deg a 40deg) cansaccedilo dor de cabeccedila e nas articulaccedilotildees
dor atraacutes dos olhos enjoo vermelhidatildeo no corpo e coceira com duraccedilatildeo de trecircs a sete dias
A dengue hemorraacutegica eacute mais comum em uma segunda ou terceira infecccedilatildeo Os sintomas
inicialmente satildeo muito parecidos com os sintomas da dengue claacutessica poreacutem no terceiro ou
quarto dia surgem manchas vermelhas causadas pela ruptura de pequenos vasos da pele
hemorragia gastrintestinal e nas mucosas tonturas e queda de pressatildeo A dengue hemorraacutegica
pode ser fatal A siacutendrome do choque da dengue eacute a forma mais perigosa da doenccedila Os
sintomas satildeo queda ou ausecircncia de pressatildeo arterial palidez perda de consciecircncia podendo
surgir complicaccedilotildees como alteraccedilotildees neuroloacutegicas insuficiecircncia hepaacutetica entre outros e pode
levar agrave morte
22
45 ACcedilOtildeES DE CONTROLE DA DENGUE
Segundo Timerman Luz e Nunes (2012) o mosquito Aedes aegypti estaacute bem
adaptado ao modo de vida das populaccedilotildees humanas o que torna difiacutecil sua erradicaccedilatildeo Como
o mosquito apresenta um alto poder de morbidade e ainda natildeo existe uma vacina eficaz a
erradicaccedilatildeo da dengue eacute quase impossiacutevel entatildeo os oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica buscam atraveacutes
de medidas preventivas controlar as populaccedilotildees dos mosquitos reduzindo as infestaccedilotildees
Vaacuterios meacutetodos estatildeo sendo utilizados como por exemplo os mosquitos transgecircnicos para o
controle do vetor manejo ambiental e participaccedilatildeo comunitaacuteria
O meacutetodo do mosquito transgecircnico corresponde a insetos machos que ao se
acasalarem com as fecircmeas produzem descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta
reduzindo assim a populaccedilatildeo do Aedes aegypti Segundo Teixeira et al (1999) esses insetos
estatildeo sendo criados para serem utilizados em algumas regiotildees do Brasil onde foi observada a
resistecircncia dos mosquitos aos inseticidas e larvisidas
O controle do vetor busca eliminar as formas larvais do mosquito nos criadouros e
evitar que novos criadouros sejam formados O manejo ambiental permite que em casos de
situaccedilatildeo extrema inseticidas possam ser utilizados para combater as formas alada A
participaccedilatildeo comunitaacuteria baseia-se em informar a populaccedilatildeo da necessidade de manter os
domiciacutelios e peridomiciacutelios sem criadouros
46 ESTUDOS DA DENGUE NO BRASIL
A dengue eacute uma doenccedila ligada agraves caracteriacutesticas ambientais e sociais da populaccedilatildeo A
compreensatildeo entre os casos de dengue e esses fatores pode ajudar a desenvolver estrateacutegias de
combate mais eficaz
Teixeira e Medronho (2008) analisaram a distribuiccedilatildeo de epidemias de dengue no Rio
de Janeiro em 2002 e sua relaccedilatildeo com vinte e cinco variaacuteveis soacutecio-demograacuteficas em noventa
municiacutepios de tal Estado As variaacuteveis estudadas foram taxa de crescimento populacional
densidade demograacutefica expectativa de vida ao nascer taxa de crescimento populacional
proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada percentual de
populaccedilatildeo com esgotamento sanitaacuterio percentual de populaccedilatildeo com coleta de lixo percentual
de populaccedilatildeo sem aacutegua canalizada taxa de analfabetismo percentual de crianccedilas de sete a
quatorze anos fora da escola produto interno bruto (PIB) per capita percentual de pobreza
23
percentual de indigecircncia iacutendice de GINI razatildeo de dependecircncia iacutendice de envelhecimento
percentual de aacuterea degradada percentual de aacutereas urbanas quantidade de crianccedilas entre dez e
quatorze anos O meacutetodo utilizado foi anaacutelise estatiacutestica espacial para verificar a correlaccedilatildeo
por meio do iacutendice Global de Moran e anaacutelise exploratoacuteria do desfecho e das variaacuteveis soacutecio-
demograacuteficas e modelagem estatiacutestica para busca do melhor modelo explicativo do desfecho
Das 25 variaacuteveis 13 apresentaram correlaccedilatildeo com as epidemias de dengue com niacutevel de
significacircncia de 5 e foram analisadas pelo modelo de regressatildeo linear multivariada As
variaacuteveis proporccedilatildeo de populaccedilatildeo urbana percentual de populaccedilatildeo com aacutegua canalizada e
percentual de cobertura do programa de sauacutede da famiacutelia (PSF) foram as variaacuteveis com
melhor ajuste no modelo explicando 302 da variabilidade das taxas de incidecircncia de
dengue na epidemia de 2002
No trabalho de Mondini e Neto (2007) realizado na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Preto -
SP os casos de dengue foram coletados no periacuteodo de setembro de 1990 a agosto de 2002 e
agrupados segundo setores censitaacuterios urbanos Os dados socioeconocircmicos meacutedia de renda e
anos de instruccedilatildeo das pessoas responsaacuteveis pelos domiciacutelios meacutedia de renda e anos de
instruccedilatildeo das mulheres responsaacuteveis pelos domiciacutelios proporccedilatildeo de pessoas e de mulheres
analfabetas e proporccedilatildeo de domiciacutelios com cinco ou mais moradores foram agrupados em
quartis Os valores mais altos dessas variaacuteveis foram considerados niacutevel 1 os mais baixos
niacutevel 4 e os dados intermediaacuterios foram os niacuteveis 2 e 3 Com as notificaccedilotildees por dengue
foram calculados os coeficientes de incidecircncia por ano e por quadriecircnio considerando-se o
periacuteodo entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte A anaacutelise das variaacuteveis produziu
um fator socioeconocircmico incluindo todas as variaacuteveis que explicaram 87 da variaccedilatildeo total
apenas no ano de 1994-1995 havendo uma ausecircncia de associaccedilatildeo das variaacuteveis
socioeconocircmicas para os outros anos indicando a necessidade de mais estudos
Nos estudos de Costa e Natal (1998) tambeacutem realizados em Satildeo Jose do Rio Preto ndash
SP foi analisado o ano de 1995 durante uma epidemia que ocorreu no primeiro semestre pelo
sorotipo l O meacutetodo empregado foi um estudo ecoloacutegico de anaacutelise da aacuterea geograacutefica
definida com variaacuteveis consideradas como fator de risco para dengue As variaacuteveis
selecionadas foram abastecimento de aacutegua ligaccedilotildees sanitaacuterias em rede geral nos domiciacutelios
percentagem de domiciacutelios de propriedade do chefe da famiacutelia domiciacutelios com coleta de lixo
nuacutemero meacutedio de moradores por domiciacutelio nuacutemero meacutedio de moradores por cocircmodo
percentagem de chefes analfabetos ou ateacute com um ano de instruccedilatildeo percentagem de chefes
com segundo grau completo e superior incompleto percentagem de chefes com curso superior
completo percentagem de chefes com renda menor que um salaacuterio-miacutenimo percentagem de
24
chefes com renda entre um e trecircs salaacuterios-miacutenimos percentagem de chefes com renda entre
trecircs e cinco salaacuterios-miacutenimos e percentagem de chefes com renda entre cinco e dez salaacuterios-
miacutenimos O agrupamento dessas variaacuteveis natildeo foi possiacutevel para todos os bairros da cidade
porque foram agrupados setores muitos diferentes em condiccedilotildees de habitaccedilatildeo Como as
variaacuteveis renda e grau de escolaridade foram significativas tentou-se elaborar um
agrupamento utilizando somente essas variaacuteveis Com uma visita de campo foi possiacutevel
observar que natildeo havia discrepacircncia significativa entre o padratildeo de construccedilatildeo das residecircncias
e o niacutevel socioeconocircmico do grupo entatildeo se analisou os niacuteveis de incidecircncia e da
estratificaccedilatildeo de risco de dengue na cidade Os dados foram divididos em quartis que foram
chamados de unidades A Unidade 1 compotildee-se de uma populaccedilatildeo com renda maior com alto
niacutevel de escolaridade e com oacutetima moradia A Unidade 2 com renda intermediaacuteria niacutevel
meacutedio de escolaridade e moradia simples com bons acabamentos A Unidade 3 composta de
moradores de baixa escolaridade e renda A anaacutelise dos dados na Unidade 3 apresentou o
coeficiente de incidecircncia de dengue 1 4 vezes maior quando comparado com a Unidade 2 De
modo que as epidemias tiveram variaccedilatildeo de incidecircncia na cidade do Rio Preto Das quatro
unidades a que teve maior incidecircncia de dengue foi a Unidade 3 onde se observou
correspondecircncia entre maior adensamento populacional e maior incidecircncia de dengue
47 VARIAacuteVEIS METEOROLOacuteGICAS ASSOCIADAS COM A
DENGUE
Sousa (2012) em seu estudo na Baixada Santista (sudeste do Brasil) e Cingapura
(Sudeste Asiaacutetico) analisou uma seacuterie temporal para 8 anos periacuteodo de janeiro de 2000 a
dezembro de 2007 correlacionando a dengue a variaacuteveis climaacuteticas para essas cidades As
variaacuteveis climaacuteticas utilizadas foram temperaturas maacuteximas e miacutenimas precipitaccedilatildeo e
umidade relativa do ar maacutexima e miacutenima Comparou-se o aumento de casos de dengue com o
risco relativo da ocorrecircncia da doenccedila por influecircncia das variaacuteveis climaacuteticas estudadas Na
Baixada Santista a precipitaccedilatildeo e a temperatura obtiveram seus maiores valores em dezembro
e janeiro (veratildeo) e os casos de dengue aumentaram no outono nos meses de marccedilo e maio
Em Cingapura nos meses de marccedilo e maio observou-se aumenta dos casos de dengue devido
a diminuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo e aumento da temperatura A temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo
foi o fator que mais influenciou no aumento de casos na Baixada Santista as temperaturas
25
maacuteximas e miacutenimas juntamente com a precipitaccedilatildeo propiciaram a atuaccedilatildeo do Aedes aegypti
no periacuteodo do outono
Conforme Consoli e Oliveira (1994) a temperatura influecircncia de forma direta no
desenvolvimento e alimentaccedilatildeo dos insetos A temperatura maacutexima interfere no tamanho da
populaccedilatildeo no periacuteodo de maturaccedilatildeo e na atividade hematoacutefaga do Aedes aegypti que
sobrevive em temperaturas entre 20degC a 46degC e tem sua capacidade hematoacutefaga ampliada
duas vezes mais quando presente na temperatura de 32degC
Em estudos realizados no Rio de Janeiro Cacircmara et al (2009) analisaram as meacutedias
de temperatura maacutexima miacutenima e pluviosidade para cinco bairros do Rio de Janeiro Centro
Alto da Boa Vista Santa Cruz Jacarepaguaacute e Bangu para os anos de (1986 a 2003) atraveacutes de
comparaccedilotildees com o teste t a temperatura miacutenima foi a uacutenica variaacutevel significativa Nos anos
de epidemia as temperaturas miacutenimas foram mais altas que nos outros anos sugerindo que
essas temperaturas foram um fator importante para o surgimento dos casos
48 VARIAacuteVEIS SOCIOECONOcircMICAS ASSOCIADAS COM
A DENGUE
As condiccedilotildees socioambientais encontradas no Brasil favorecem a proliferaccedilatildeo e
dispersatildeo do Aedes aegypti Segundo Buss (2000) a ideia de sauacutede puacuteblica envolve dois tipos
de compromisso o de colocar a sauacutede como prioridade e a intervenccedilatildeo nos fatores que define
sauacutede e doenccedila As formas de organizaccedilatildeo dos centros urbanos juntamente com a falta de
saneamento baacutesico e a falta de planejamento refletem no ambiente criando condiccedilotildees para a
proliferaccedilatildeo do inseto sendo esses fatores tambeacutem considerados pelo IBGE (2012) como
indicadores de desenvolvimento sustentaacutevel A seguir segue uma descriccedilatildeo de variaacuteveis
socioeconocircmicas utilizadas no presente estudo
Para o analfabetismo foi considerada separadamente a escolaridade da populaccedilatildeo
geral e das mulheres jaacute que para uma populaccedilatildeo se desenvolver a educaccedilatildeo precisa tornar-se
acessiacutevel a todos e segundo o IBGE (2012) para as mulheres a educaccedilatildeo proporciona melhor
controle na taxa de natalidade e melhores condiccedilotildees de sauacutede para seus filhos Aleacutem disso as
mulheres satildeo responsaacuteveis na maioria das vezes pelos cuidados com o lar locais onde satildeo
encontrados a maioria dos criadouros do mosquito (LENZI e COURA 2004)
Para renda foram utilizados como indicadores (a) baixa renda que segundo o IBGE
(2010) eacute o rendimento mensal de ateacute frac14 de salaacuterio miacutenimo por pessoa (b) renda meacutedia que eacute o
26
rendimento meacutedio mensal da populaccedilatildeo acima de 10 anos de idade (c) a taxa de desemprego
que segundo o IBGE estaacute associada com pessoas disponiacuteveis para trabalhar e que estatildeo
procurando emprego mas natildeo estatildeo conseguindo e (d) o iacutendice de GINI que analisa a
reparticcedilatildeo da riqueza considerando 0 uma situaccedilatildeo de total igualdade financeira e 1 situaccedilatildeo
de total desigualdade (ISHITANI et al2006)
Para indicar condiccedilotildees de sauacutede o coeficiente de mortalidade infantil que eacute o nuacutemero
de oacutebitos de menores de um ano de idade expresso por mil nascidos vivos antes de completar
um ano de idade foi estudada o que expressa agraves condiccedilotildees socioeconocircmicas e ambientais da
populaccedilatildeo estando associada ao rendimento familiar escolaridade das matildees recursos de
sauacutede disponibilidade de vacinas contra doenccedilas infantis disponibilidade de saneamento
baacutesico dentre outros A mortalidade infantil eacute um indicador importante por ser sensiacutevel a
qualquer accedilatildeo que possa melhorar as condiccedilotildees de vida
A densidade demograacutefica (nuacutemero de indiviacuteduos por quilocircmetro quadrado) foi
incluiacuteda no estudo porque os casos de dengue tendem a aumentar em domiciacutelios muito
proacuteximos facilitando a transmissatildeo do viacuterus pelo mosquito que encontra alimento com maior
facilidade
Para as condiccedilotildees meteoroloacutegicas foram incluiacutedas no estudo as variaacuteveis temperatura
maacutexima temperatura miacutenima e precipitaccedilatildeo Com base nas variaacuteveis meteoroloacutegicas e
socioeconocircmicas citadas este trabalho busca compreender a importacircncia delas na ocorrecircncia
de notificaccedilotildees de dengue em Minas Gerais
49 CARACTERIacuteSTICAS DA PRECIPITACcedilAtildeO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Minas Gerais possui
uma aacuterea de 586522122 kmsup2 dividida em 853 municiacutepios com uma populaccedilatildeo estimada em
20734097 habitantes
Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas climaacuteticas Reboita et al (2010) mencionam que Minas
Gerais estaacute inserida num regime de monccedilatildeo veratildeo chuvoso e inverno seco No veratildeo as
27
chuvas estatildeo associadas principalmente com a atividade convectiva local e com a Zona de
Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS)
A ZCAS (Figura 2) eacute uma banda de nebulosidade que se estende no sentido noroeste-
sudoeste da Amazocircnia ao oceano Atlacircntico Sudoeste (KOUSKY 1988) Vaacuterios fatores
contribuem para a formaccedilatildeo da ZCAS como a presenccedila de jatos de baixos niacuteveis a leste dos
Andes (ventos com velocidade superior a 12 mssup1) e o transporte de umidade do Atlacircntico
Sudoeste pelo setor oeste do Anticiclone Subtropical do Atlacircntico Sul (ASAS) Jaacute o ASAS eacute
um sistema de alta pressatildeo semi-permanente que no veratildeo encontra-se deslocado para leste
em relaccedilatildeo ao inverno favorecendo a entrada de umidade no continente proveniente do
oceano No inverno com o setor oeste do ASAS atuando sobre parte das regiotildees sudeste e sul
do Brasil os ventos uacutemidos do oceano e a atividade convectiva satildeo enfraquecidos o que atua
de forma negativa para a ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo No inverno a maior parte da
precipitaccedilatildeo que ocorre no sul de Minas Gerais eacute devido agrave passagem de frentes frias (SILVA
et al 2014)
Figura 2 - Exemplo de um episoacutedio de Zona de Convergecircncia do Atlacircntico Sul (ZCAS) no dia 02 de marccedilo de
2010 Fonte Reboita et al (2012)
28
5 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A abordagem epidemioloacutegica desse trabalho foi o estudo ecoloacutegico (ou de correlaccedilatildeo)
que se caracteriza por observar grupos de pessoas ou populaccedilotildees de uma aacuterea definida e
avaliar possiacuteveis condiccedilotildees que possam interferir na sauacutede da populaccedilatildeo considerando fatores
ambientais e sociais Foram obtidos dados de notificaccedilotildees por dengue da populaccedilatildeo do estado
de Minas Gerais juntamente com suas caracteriacutesticas ambientais (meteoroloacutegicas) e
socioeconocircmicas Essas informaccedilotildees foram obtidas pelo Sistema de informaccedilotildees e agravos de
notificaccedilotildees (SINAN) Departamento de Informaccedilotildees do SUS (DATASUS) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
Para a realizaccedilatildeo desse estudo foram feitas
Coleta de dados ambientais (meteoroloacutegicos) socioeconocircmicos e notificaccedilotildees por
dengue dos municiacutepios de Minas Gerais
Produccedilatildeo dos mapas com os valores de razatildeo de morbidade padronizada (RMP) e de
regiotildees de alta incidecircncia de dengue
Realizaccedilatildeo da teacutecnica de regressatildeo logiacutestica multivariada natildeo condicional utilizando o
programa Epi-Info 351 TM (CDC 2008)
51 DADOS AMBIENTAIS (METEOROLOacuteGICOS)
Foram utilizados dados mensais de precipitaccedilatildeo temperatura maacutexima e temperatura
miacutenima do estado de Minas Gerais obtidos do INMET Inicialmente foram selecionadas 48
estaccedilotildees meteoroloacutegicas distribuiacutedas por todo o estado de MG O periacuteodo das seacuteries temporais
selecionado foi de 1998 a 2012 No entanto para a regressatildeo logiacutestica multivariada foram
usados apenas os anos de 2007 a 2012 devido ao banco de dados do SINAN apresentar
informaccedilotildees mais completas para esses anos
Apoacutes a conclusatildeo da etapa da obtenccedilatildeo dos dados meteoroloacutegicos foi aplicado um
processo de controle de qualidade conforme diretrizes da WMO (1983) O primeiro passo foi
a identificaccedilatildeo de dados errocircneos (outliers) nas seacuteries temporais Dados errocircneos satildeo aqueles
29
valores que uma determinada variaacutevel natildeo pode assumir na regiatildeo de interesse como por
exemplo temperatura maacutexima mensal de 70degC Para a identificaccedilatildeo de possiacuteveis dados
errocircneos nas seacuteries temporais Sugahara et al (2012) sugere a criaccedilatildeo de limiares baseados na
estatiacutestica da Variaccedilatildeo Interquartil (Interquartile Range IQR) O IQR eacute simplesmente a
diferenccedila entre os quartis superior (Q75) e inferior (Q25) de uma seacuterie de dados (WILKS
2006) Para a precipitaccedilatildeo o limiar superior foi definido pela equaccedilatildeo
N= Q98 + 3 IQR (1)
onde Q98 eacute o percentil de 98
Embora pudesse ser estipulado um limiar inferior para a precipitaccedilatildeo uma vez que
foram utilizados dados mensais deixou-se o estudo menos restritivo utilizando o limiar zero
Jaacute para as temperaturas do ar foram criados limiares superiores e inferiores (SUGAHARA et
al 2012)
N= Q75 plusmn 3 IQR (2)
Nesse caso os possiacuteveis valores errocircneos se localizam acima ou abaixo desses
intervalos apresentados na Equaccedilatildeo 2 Neste estudo natildeo foram identificados dados errocircneos
tanto de precipitaccedilatildeo quanto de temperatura maacutexima e miacutenima Eacute importante mencionar que
na ocorrecircncia de valor que exceda tais limiares deve-se comparar o dado com o de estaccedilotildees
proacuteximas Se pelo menos uma estaccedilatildeo mostrar caso similar o dado natildeo deve ser descartado
Outra anaacutelise realizada para identificar dados errocircneos nas temperaturas foi a comparaccedilatildeo
entre as maacuteximas e as miacutenimas onde as temperaturas miacutenimas natildeo devem ser superiores as
maacuteximas Nessa anaacutelise tambeacutem natildeo foram encontrados erros O passo seguinte consistiu da
identificaccedilatildeo de dados faltantes nas seacuteries temporais Aquelas estaccedilotildees meteoroloacutegicas que
apresentaram falhas superiores a 20 do total de seus dados em uma das trecircs variaacuteveis
analisadas foram excluiacutedas do estudo Nessa anaacutelise foram excluiacutedas oito estaccedilotildees
meteoroloacutegicas restando quarenta A localizaccedilatildeo das estaccedilotildees meteoroloacutegicas eacute mostrada na
Tabela 1
Para o preenchimento das falhas das quarenta estaccedilotildees meteoroloacutegicas que tiveram
menos de 20 de falhas foram utilizados os dados de estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas isto
eacute se havia falha na temperatura maacutexima em um dado mecircs procurou-se a estaccedilatildeo
meteoroloacutegica mais proacutexima dessa e calculou-se o coeficiente de correlaccedilatildeo temporal Se esse
30
coeficiente foi maior ou igual a 06 preencheu-se a falha da variaacutevel com o dado da estaccedilatildeo
meteoroloacutegica vizinha Esse procedimento eacute similar ao usado por Minuzzi et al(2010) e Silva
e Reboita (2014) Em alguns casos as estaccedilotildees meteoroloacutegicas vizinhas tambeacutem apresentaram
falhas no mesmo mecircs e ano Nesse caso computou-se a meacutedia daquele mecircs em cada estaccedilatildeo
considerando-se todos os anos da seacuterie temporal e preencheu-se a falha Esse procedimento
foi similar ao realizado por Krusche et al (2002)
Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG utilizadas no estudo
31
Os nomes das cidades e sua localizaccedilatildeo encontram-se na Tabela 1
Tabela 1 ndash Localizaccedilatildeo das 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas de MG fonte (INMET) utilizadas no estudo
___________________________________________________________________________
ID Cidade Coacutedigo Latitude(deg) Longitude(deg) Altitude(m)
1 Aimoreacutes 83595 -1949 -4107 8274
2 Aracuai 83442 -1683 -4205 289
3 Araxaacute 83579 -1960 -4693 102361
4 Arinos 83384 -1591 -4605 519
5 Bambuiacute 83582 -2003 -4600 66127
6 Barbacena 83689 -2125 -4376 1126
7 Belo Horizonte 83587 -1993 -4393 915
8 Bom Despacho 83533 -1971 -4536 695
9 C do Mato Dentro 83589 -1901 -4343 652
10 Caldas (Pde Caldas) 83681 -2191 -4638 1150
11 Caparatildeo 83639 -2051 -4190 84318
12 Capinoacutepolis 83514 -1871 -4955 6206
13 Curvelo 83536 1875 -4445 672
14 Diamantina 83538 -1823 -4364 129612
15 Divinoacutepolis 83635 -2016 -4486 78835
16 Espinosa 83338 -1491 -4285 56964
17 Formoso 83334 -1493 -4625 840
18 Frutal 83574 -2003 -4893 54367
19 Itamarandiba 83488 -1785 -4285 1097
20 Ituiutaba 83521 -1896 -4951 560
21 Janauacuteba 83395 -1578 -433 516
22 Januaacuterio 83386 -1545 -4436 47371
23 Joatildeo Pinheiro 83481 -1770 -4616 76036
24 Juiz de Fora 83692 -2176 -4335 93996
25 Juramento 83452 -1678 -4371 650
26 Lavras 83687 -2175 -4500 91884
27 Machado 83683 -2166 -4591 87335
28 Mocambinho 83389 -1508 -4401 452
29 Montes Claros 83437 -1668 -4383 64629
30 Paracatu 83479 -1723 -4688 712
31 Patos de Minas 83531 -1851 -4643 94028
32 Pedra Azul 83393 -1600 -4128 64891
33 Pirapora 83483 -1735 -4491 50224
34 Pompeu 83570 -1921 -4500 69091
35 Salinas 83441 -1616 -4230 47132
36 Satildeo Lourenccedilo 83736 -2210 -4501 9532
37 Sete Lagoas 83586 -1946 -4425 732
38 Uberaba 83577 -1973 -4795 737
39 Unaiacute 83428 -1636 -4655 460
40 Viccedilosa 83642 -2075 -4285 68973
32
Como 40 estaccedilotildees meteoroloacutegicas natildeo foram suficientes para fazer uma cobertura
espacial de dados em MG optou-se por interpolar espacialmente os dados dessas estaccedilotildees
Para isso foi utilizado o meacutetodo de Cressman (1959) Nesse meacutetodo satildeo calculadas meacutedias
ponderadas determinando o valor da variaacutevel em cada ponto de grade como sendo somatoacuteria
dos valores ponderados localizados a certa distacircncia de tal ponto Quanto mais proacuteximo de
uma estaccedilatildeo estiver do ponto de grade maior seraacute a sua influecircncia no valor desse ponto
(ZIMERMANN et al 2012)
A Figura 4 mostra que a interpolaccedilatildeo espacial dos dados com o meacutetodo de Cressman
tambeacutem natildeo foi suficiente para cobrir espacialmente o estado de MG Para contornar esse
problema foram utilizados dados de pontos de grade de temperatura maacutexima e miacutenima da
reanaacutelise ERA-Interim (DEE et al 2011) nas localizaccedilotildees com falhas espaciais dessas
variaacuteveis Essa reanaacutelise possui resoluccedilatildeo horizontal de 075o de latitude por longitude
Entretanto antes da utilizaccedilatildeo da reanaacutelise foi efetuada uma comparaccedilatildeo entre pontos de
grade e dados medidos em estaccedilotildees meteoroloacutegicas
Vaacuterios pontos de grade da reanaacutelise foram comparados com dados medidos nas
estaccedilotildees meteoroloacutegicas A tiacutetulo de exemplo satildeo apresentadas as comparaccedilotildees em dois
pontos extremos de MG Janauacuteba no norte e Lavras no sul do Estado para o caso da
temperatura miacutenima (Figura 5) Nessas duas localidades as seacuteries temporais da ERA-Interim
e do INMET apresentaram correlaccedilatildeo acima de 09 indicando que a variabilidade temporal eacute
bem representada pela reanaacutelise o que justifica a sua utilizaccedilatildeo para o preenchimento espacial
das falhas Aleacutem disso foi realizada uma verificaccedilatildeo da magnitude dos dados para natildeo
utilizar valores discrepantes
33
a) b)
c) d)
e)
Figura 4 ndash Dados de temperatura miacutenima com a interpolaccedilatildeo pelo meacutetodo de Cressman de 1998 a 2012 (a)
veratildeo (b) inverno (c) outono (d) primavera e (e) meacutedia anual
34
ldquoFigura 5 - Seacuteries temporais das meacutedias mensais da temperatura miacutenima em Janauacuteba latitude 15deg48rsquo13rdquo e
longitude 43deg19rsquo3rdquo(a) e Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo(b)no periacuteodo de 1998 a 2012 na
reanaacutelise ERA-Interim (vermelho) e do INMET (azul)
Para sanar o problema das falhas espaciais da precipitaccedilatildeo foram utilizados dados do
Global Climatology Precipitation Centre (GPCC) que possuem resoluccedilatildeo horizontal de 1ordm x
1ordm de latitude por longitude (SCHNIDER et al 2014) O meacutetodo de ldquoanaacutelises de observaccedilatildeordquo
(dados interpolados em pontos de grade) tem sido utilizado por diferentes autores para o
preenchimento de falhas da precipitaccedilatildeo (NASCIMENTO et al 2010 SILVA e REBOITA
2014) A Figura 8 mostra a comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com
dados de estaccedilatildeo do INMET de Lavras A correlaccedilatildeo entre os dados eacute de 096
35
Figura 6 ndash Comparaccedilatildeo de dados mensais de precipitaccedilatildeo do GPCC com dados de estaccedilotildees de INMET da
estaccedilatildeo de Lavras latitude 21deg 14rsquo 43rdquoe longitude 44deg 59rsquo 59rdquo no periacuteodo de 1998 a 2012 GPCC (vermelho) e
do INMET (azul)
Com os procedimentos descritos foi possiacutevel a obtenccedilatildeo das seacuteries temporais mensais
das variaacuteveis meteoroloacutegicas para vaacuterios municiacutepios de MG Posteriormente tais seacuteries foram
fragmentadas por estaccedilotildees do ano para uma anaacutelise univariada
52 DADOS SOCIOECONOcircMICOS
Para os dados socioeconocircmicos foram coletadas informaccedilotildees sobre sauacutede renda
escolaridade saneamento baacutesico e densidade demograacutefica Na Tabela 2 podem ser observadas
as variaacuteveis utilizadas no estudo juntamente com os coacutedigos atribuiacutedos a tais variaacuteveis Os
dados destas variaacuteveis foram coletados por ano e a mediana foi utilizada como ponto de corte
para a categorizaccedilatildeo das variaacuteveis em 0 e 1 sendo (0) um fator de proteccedilatildeo e (1) um fator de
risco para o surgimento de novos casos de dengue de acordo com a Tabela 3 os valores de
corte utilizados podem ser visualizados no anexo
As variaacuteveis socioeconocircmicas com as caracteriacutesticas dos municiacutepios compuseram um
banco de dados onde todas as cidades foram analisadas em conjunto (anexo F) para que os
resultados obtidos fossem do estado de Minas Gerais e natildeo dos municiacutepios separadamente Os
significados das variaacuteveis podem ser visualizados na Tabela 2
36
Tabela 2 ndash Variaacuteveis explanatoacuterias (ambientais e socioeconocircmicas) com seus coacutedigos e fonte de coleta dos
dados
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo Variaacutevel Fonte
DD Densidade demograacutefica IBGE
Renda
GINI Iacutendice de GINI DATASUS
RM Renda meacutedia DATASUS
BR Baixa Renda DATASUS
TD Taxa de desemprego DATASUS
Sauacutede
CMI Coeficiente de mortalidade infantil DATASUS
Escolaridade
Analf G Analfabetismo Geral DATASUS
Analf 1 Mulheres sem instruccedilatildeo1ordm ciclo fundamental incompleto DATASUS
Analf 2
Mulheres com 1ordm ciclo fundamental completo2ordm ciclo
incompleto DATASUS
Analf 3 Mulheres com 2ordm ciclo fundamental completo ou mais DATASUS
Saneamento baacutesico
Lixo Coleta de lixo IBGE
Aacutegua Abastecimento de aacutegua IBGE
Variaacuteveis meteoroloacutegicas
TMP Temperatura maacutexima primavera INMET
TMV Temperatura maacutexima veratildeo INMET
TMO Temperatura maacutexima outono INMET
TMI Temperatura maacutexima inverno INMET
TminP Temperatura miacutenima primavera INMET
TminV Temperatura miacutenima veratildeo INMET
TminO Temperatura miacutenima outono INMET
TminI Temperatura miacutenima inverno INMET
Prec P Precipitaccedilatildeo primavera INMET
Prec V Precipitaccedilatildeo veratildeo INMET
Prec O Precipitaccedilatildeo outono INMET
Prec I Precipitaccedilatildeo inverno INMET
37
Tabela 3 ndash Categorizaccedilatildeo das variaacuteveis socioeconocircmicas
__________________________________________________________________________________________
Coacutedigo da
Variaacutevel Categorizaccedilatildeo Codificaccedilatildeo
RM Se a renda meacutedia da populaccedilatildeo for mediana 1
gt mediana 0
GINI Se a desigualdade for gt mediana 1
mediana 0
BR Se a baixa renda for ge mediana 1
lt mediana 0
TD Se a taxa de desemprego for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf G Se o analfabetismo da populaccedilatildeo for ge mediana 1
lt mediana 0
Analf 1 Se a quantidade de Mulheres sem instruccedilatildeo gt mediana 1
ou 1ordm ciclo fundamental incompleto for mediana 0
Analf 2 Se a quantidade de Mulheres com 1ordm ciclo gt mediana 1
fundamental completo ou 2ordm ciclo
incompleto for mediana 0
Analf 3 Se a quantidade de Mulheres com gt mediana 0
2ordm ciclo fundamental completo ou mais for mediana 1
DD Se a densidade demograacutefica for gt mediana 1
mediana 0
CMI Se mortalidade infantil for gt 20 permil 1
lt 20 permil 0
53 CAacuteLCULOS DA RAZAtildeO DE MORBIDADE PADRONIZADA (RMP) E
CLASSIFICACcedilAtildeO DOS VALORES DE INCIDEcircNCIA
Foram obtidos os dados de notificaccedilotildees por dengue para cada municiacutepio de Minas
Gerais e como o banco de dados do SINAN abrange um nuacutemero maior de cidades a partir de
2008 esse trabalho restringiu-se aos anos de 2008 a 2012 As notificaccedilotildees foram coletas por
ano independente da estaccedilatildeo do ano Com esses dados foram calculados os ldquocoeficientes de
morbidaderdquo (Equaccedilatildeo 3) ldquoo nuacutemero ldquoesperadordquo (Ie) de notificaccedilotildees (Equaccedilatildeo 4) e a razatildeo de
morbidade padronizada (RMP) (Equaccedilatildeo 5)
38
x 100000 habitantes
(3)
( ) notificaccedilotildees
(4)
onde
Pop i j = Populaccedilatildeo no ano i da cidade j na seacuterie histoacuterica estudada
CI = Coeficiente de notificaccedilotildees por 100 mil habitantes
(5)
Um valor de RMP superior agrave unidade ou maior do que ldquo1rdquo representa que o municiacutepio
possui uma forccedila maior de apresentar notificaccedilotildees por dengue quando comparado com
municiacutepios com valores de RMP proacuteximos de 0
Com os valores de RMP foram construiacutedos mapas anuais do estado de Minas Gerais
Tambeacutem foram produzidos mapas das regiotildees de alta incidecircncia de dengue no Estado
utilizando a Equaccedilatildeo 3 A classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue do
Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) foi empregada para caracterizar as aacutereas
do paiacutes de acordo com a taxa de incidecircncia baixa meacutedia e alta (Quadro 1)
39
Quadro 1 ndash Classificaccedilatildeo de valores das taxas de incidecircncia de dengue segundo PNCD ___________________________________________________________________________
54 ORGANIZACcedilAtildeO DOS DADOS
O banco de dados do SINAN apresenta em seu cadastro 739 municiacutepios que informam
a presenccedila ou ausecircncia de casos de dengue anualmente de forma que 114 cidades das 853 de
MG natildeo puderam ser estudadas Das 739 presentes na lista do SINAN 18 foram excluiacutedas
devido agrave dificuldade na obtenccedilatildeo de dados ambientais de temperatura e precipitaccedilatildeo sendo as
cidades de Carneirinho Comendador Gomes Fronteira Frutal Itamogi Itapagipe Iturama
Limeira do Oeste Pirajuba Planura Satildeo Domingo das Dores Satildeo Francisco Sales Satildeo Joseacute
da Lapa Satildeo Sebastiatildeo do Paraiacuteso Satildeo Thomaacutes do Aquino Satildeo Thomeacute das Letras Sarzedo
Uniatildeo de Minas e a cidade de Doresoacutepolis por natildeo apresentar informaccedilotildees sobre taxa de
desemprego para o ano de 2000 o que impossibilitou a estimativa para essa variaacutevel Por isso
esse trabalho foi realizado com 720 cidades
Todos os anos de notificaccedilatildeo foram estudados com as caracteriacutesticas socioeconocircmicas
e ambientais do ano anterior de forma que foram notificaccedilotildees de 2008 com variaacuteveis 2007
2009 ndash 2008 2010 ndash 2009 2011 ndash 2010 e 2012 ndash 2011 devido agraves notificaccedilotildees de dengue
iniciarem em dezembro de um ano e se estenderem para o ano seguinte
Para os anos de 2008 2009 2010 e 2012 as variaacuteveis socioeconocircmicas utilizadas
foram iacutendice GINI coeficiente de mortalidade infantil renda meacutedia analfabetismo taxa de
desemprego baixa renda Jaacute para o ano de 2011 aleacutem das variaacuteveis descritas foi possiacutevel agrave
inclusatildeo de outras mulheres sem instruccedilatildeo ou com o 1deg ciclo fundamental escolar
incompleto mulheres com o 1deg ciclo completo e 2deg ciclo incompleto 2deg ciclo fundamental
Classificaccedilatildeo da aacuterea Valor de referecircncia da taxa de incidecircncia
(por 100000 habitantes)
Baixa incidecircncia 100
Aacuterea de meacutedia incidecircncia Entre 100 a 300
Aacuterea de alta incidecircncia Superiores a 300
40
completo ou mais taxa de abastecimento de aacutegua coleta de lixo e densidade demograacutefica O
motivo para isso foi a disponibilidade destas informaccedilotildees no censo de 2010
56 REGRESSAtildeO LOGIacuteSTICA MULTIVARIADA
A regressatildeo logiacutestica multivariada eacute uma teacutecnica que permite analisar a relaccedilatildeo de uma
variaacutevel dependente (RMP por dengue) com vaacuterias variaacuteveis independentes Ela representa
duas possibilidades do evento estar ou natildeo relacionado com as variaacuteveis independentes
atraveacutes de uma variaacutevel binaacuteria com valores de 0 e 1 Assim todos os valores previstos devem
se limitar a esse intervalo Para que os valores fiquem restritos nesse intervalo converte-se os
dados a uma probabilidade da razatildeo de desigualdade (Equaccedilatildeo 6) que permite que todos os
valores fiquem entre o intervalo de 0 e 1 segundo Hair et al (2009)
( )
(6)
Assim eacute possiacutevel estimar os coeficientes para as variaacuteveis independentes atraveacutes do
valor logito ou log da variaacutevel dependente que calcula o odds ratio que eacute a razatildeo de chance
fornecida pela equaccedilatildeo segundo Hair et al (2009)
(
)
(7)
Cada coeficiente eacute estimado a partir de um conjunto de dados pelo meacutetodo da
verossimilhanccedila que fornece uma estimativa do logaritmo natural (In) da razatildeo de chance
(RC) ajustando-se para todas as outras variaacuteveis incluiacutedas no modelo podendo-se fazer uma
estimativa direta da RC por meio do coeficiente β1
41
Essa estimaccedilatildeo eacute dada pelo valor de -2 vezes o logaritmo do valor da verossimilhanccedila
chamado de -2 log verossimilhanccedila O valor miacutenimo para -2log eacute 0 sendo um ajuste perfeito
(verossimilhanccedila = 1 e -2 log eacute entatildeo 0) Assim a probabilidade da ocorrecircncia da variaacutevel
dependente fica representada pela foacutermula
( )
( )
(8)
Para estimar o modelo multivariado foi utilizado o programa do Epi-Info 351 TM
(CDC 2008)
As variaacuteveis identificadas como significativas na anaacutelise univariada com valor de
p lt 025 foram incluiacutedas no modelo utilizando o meacutetodo progressivo passo a passo (stepwise
forward) que incluiu as variaacuteveis independentes uma de cada vez A permanecircncia das
variaacuteveis para a definiccedilatildeo do modelo mais bem ajustado obedeceu ao criteacuterio de p menor ou
igual 005 fundamentado no teste da maacutexima verossimilhanccedila (HOSMER E LEMESHOW
1989)
42
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
61 PRECIPITACcedilAtildeO E TEMPERATURA
611 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS CHUVAS EM
MINAS GERAIS
Os setores leste oeste e sul de MG (Figura 7) satildeo mais chuvosos no veratildeo e menos no
inverno No veratildeo a meacutedia da precipitaccedilatildeo eacute de 350 a 700 (dependendo do setor do estado) e
no inverno a meacutedia varia de 25 a 150 mm Estes resultados satildeo similares aos dos estudos de
Reboita et al (2012) Padilha e Satyamurty (2004) e Silva e Reboita (2013) Uma das
explicaccedilotildees para o veratildeo ser a estaccedilatildeo do ano mais chuvosa eacute o deslocamento do ASAS para
leste de sua posiccedilatildeo climatoloacutegica favorecendo a entrada de umidade no continente essa
umidade associada a outros processos como a atividade convectiva local e o sistema de
monccedilatildeo beneficia o estado de Minas Gerais com maiores precipitaccedilotildees Jaacute durante o inverno
com o enfraquecimento desses sistemas e o deslocamento do ASAS para proacuteximo do
continente produzem condiccedilotildees desfavoraacuteveis para a precipitaccedilatildeo
43
a) b)
c) d)
e)
Figura 7 ndash Precipitaccedilatildeo (mm) em Minas Gerais no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
44
612 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DA TEMPERATURA
MIacuteNIMA EM MG
Minas Gerais como ocupa uma grande aacuterea cobre diferentes latitudes e possui relevo
variado Essas duas caracteriacutesticas influenciam o clima local Quanto maior a altitude de uma
regiatildeo menor seraacute sua temperatura jaacute que o ar fica menos denso Nos setores sul e central de
MG a altitude varia de 500 a mais de 1200 metros em algumas aacutereas o que as torna mais
frias ao longo de todas as estaccedilotildees do ano e apresentando no inverno temperaturas miacutenimas de
10deg a 14degC e no veratildeo de 18deg a 20degC (Figura 8) Nas regiotildees norte e leste haacute a
predominacircncia de aacutereas com altitude de 200 a 500 m e as temperaturas satildeo mais quentes em
todo o ano quando comparadas com as regiotildees sul e central temperaturas ficam entre 18deg a
22degC no veratildeo e 14deg a 18degC no inverno Vale lembrar que o setor norte do Estado eacute a regiatildeo
mais tropical sendo portanto mais influenciado pelo aquecimento solar A porccedilatildeo oeste
apresenta a altitude entre 200 a 800 m e possui temperatura miacutenima entre 20deg a 22deg C no
veratildeo e e de 14deg a 18deg C no inverno resultados esses que corroboram com os trabalhos de
Souza et al (2006)
45
a) b)
c) d)
e)
Figura 8 - Temperatura miacutenima (degC) em MG no periacuteodo de 1998 a 2012 sendo (a) veratildeo (b) inverno (c)
outono (d) primavera (e) meacutedia anual
46
613 DISTRIBUICcedilAtildeO SAZONAL E ESPACIAL DAS TEMPERATURAS
MAacuteXIMAS EM MG
A temperatura maacutexima em MG (Figura 9) tambeacutem apresenta variaccedilotildees de acordo com
a altitude e latitude As regiotildees sul e central do Estado satildeo as que apresentam as maiores
altitudes o que torna a temperatura mais amena no veratildeo quando comparada com as outras
aacutereas O sul e o centro de MG apresentam no veratildeo 26deg a 30deg C e no inverno 24deg a 28degC Jaacute
no norte do Estado as temperaturas no veratildeo satildeo de 29deg a 33degC e no inverno 26deg a 32degC e no
leste de 30deg a 34degC no veratildeo e 26deg a 28degC no inverno respectivamente
47
a) b)
c) d)
e)
Figura 9 - Temperatura maacutexima (o
C) em MG periacuteodo de 1998 a 2012 (a) veratildeo (b) inverno (c) outono (d)
primavera (e) meacutedia anual
48
62 REGIOtildeES DE ALTA INCIDEcircNCIA DE DENGUE EM MG
As regiotildees de alta incidecircncia de dengue no estado de Minas Gerais podem ser
visualizadas na Figura 10 onde se destacam as regiotildees leste e oeste e algumas aacutereas da regiatildeo
central como as principais regiotildees com valores de incidecircncia elevados fato demostrado nos
mapas de 2008 2009 2011 e 2012 poreacutem no ano de 2010 essas aacutereas expandiram-se
tambeacutem para o norte e noroeste intensificando a ocorrecircncia em todas essas regiotildees
No Quadro 2 encontra-se a taxa de incidecircncia de dengue calculado pela equaccedilatildeo 3 e a
classificaccedilatildeo da taxa de incidecircncia de dengue para MG de acordo com o PNCD
Quadro 2 ndash Classificaccedilatildeo da incidecircncia da dengue no estado de Minas Gerais
___________________________________________________________________________
Ano 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa incidecircncia 303 352 1173 196 183
Classificaccedilatildeo Alta Alta Alta Meacutedia Meacutedia
49
a) 2008 b) 2009
c) 2010 d) 2011
e) 2012
Figura 10 ndash Municiacutepios de Minas Gerais com alta incidecircncia de dengue nos anos de (a) 2008 (b) 2009 (c)
2010 (d) 2011 e (e) 2012
50
63 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2008
De acordo com os dados obtidos pelo SINAN no ano de 2008 houve 422 cidades
com notificaccedilotildees de dengue As regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais satildeo aquelas
com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios notificados de acordo com os valores de RMP da
Figura 11 onde as aacutereas brancas do mapa representam municiacutepios silenciosos sem casos de
dengue
Figura 11 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue nos municiacutepio de Minas Gerais em 2008
A distribuiccedilatildeo dos casos notificados de dengue por mecircs pode ser visualizada na
Figura 12 Os casos de dengue expressam-se com maior intensidade no outono e com maiores
notificaccedilotildees em abril
51
Figura 12 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2008
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2008 pode ser observada na Tabela 4
com o resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se
hachuradas em verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis
explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2008
52
Tabela 4 ndash Anaacutelise univariada apresenta as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores de
p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2008 -
2007 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 073 050 - 108 0119
GINI 045 030 - 067 0001
CMI 374 249 - 559 lt0001
Prec I 099 098 - 100 0160
Prec O 100 099 - 101 0059
TD 156 106 -230 0023
TminP 107 095 - 121 0202
TminV 124 105 - 147 0009
TMO 123 105 - 144 0009
TMV 117 104 -133 0007
BR 097 066 - 145 0919
Prec P 099 099 - 100 0782
Prec V 100 099 -100 0984
RM 122 082 -182 0313
TMI 099 089 - 112 0977
TminI 102 094 - 112 0509
TminO 103 089 - 119 0684
TMP 103 094 -113 0487
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2008 apresentou o valor de p lt 0001 que conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias iacutendice GINI
coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono
temperatura maacutexima no veratildeo As demais variaacuteveis foram retiradas por natildeo serem
significativas para o modelo As etapas de inclusatildeo estatildeo representadas na Figura 13
53
Figura 13 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2008 -2007
Tabela 5 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2008 ndash 2007
____________________________________________________________________________
A observaccedilatildeo dos valores da razatildeo de chance (RC) da Tabela 5 revela que o iacutendice de
GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo com chance de 038 vezes de apresentar casos de
dengue em comparaccedilatildeo aos inferiores do valor citado O coeficiente de mortalidade infantil
(CMI) eacute uma variaacutevel muito sensiacutevel a accedilotildees que possam melhorar a qualidade de vida da
populaccedilatildeo muitos municiacutepios apresentam valor de CMI acima de 20 por 100000 nascidos
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI -09422 038 025 - 060
CMI 13098 37 242 - 566
Prec I -00185 098 096 - 099
Prec O 00121 101 100 - 102
TMV 02957 134 116 -154
Constante -96745
CMI
P lt 0001
TMV
P lt 0001
GINI
P lt 0001
Prec I
P= 0006
Prec O
P= 0003
54
vivos apresentam chance de 370 vezes em comparaccedilatildeo a municiacutepios em situaccedilotildees mais
favoraacuteveis Precipitaccedilatildeo no inverno eacute um fator de proteccedilatildeo para as notificaccedilotildees por dengue
tendo 098 vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados haacute anos com
menor precipitaccedilatildeo nesse periacuteodo A precipitaccedilatildeo no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo
comportam-se como uma situaccedilatildeo de risco sendo a temperatura maacutexima corresponde a um
risco de 134 vezes com chance de notificaccedilotildees em comparaccedilatildeo a valores inferiores a esse
valor
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representado pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -96745 + (-09422)(GINI) + 13098(CMI) +(-00185)(Prec I) + 00121(Prec O) +
02957(TMV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis desigualdade
(GINI) coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no inverno precipitaccedilatildeo no outono e
temperatura maacutexima no veratildeo interferiram nos casos de dengue no Estado Com a equaccedilatildeo 8
foi possiacutevel produzir diferentes cenaacuterios Figura 14
55
Legenda
_________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo do cenaacuterio
A Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
B Desigualdade acima da mediana (1) e coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1)
D Desigualdade abaixo da mediana (0) e coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0)
Figura 14 ndash Estimativa da razatildeo de chance baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil e temperatura maacutexima no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2008
As estimativas na Figura 14 demonstram que haacute probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo de dengue com o aumento da temperatura maacutexima de veratildeo A estimativa tambeacutem
permite observar que municiacutepios com coeficientes de mortalidade infantil acima da mediana
para o ano analisado tecircm uma maior probabilidade de notificaccedilatildeo do agravo Aleacutem disso
verifica-se que municiacutepios considerados menos desiguais expressos pelo iacutendice de GINI tecircm
0
02
04
06
08
1
12
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
()
Temperatura maacutexima no veratildeo (degC)
a
b
c
d
A
B
D
C
56
maior forccedila de notificaccedilatildeo evidenciado na curva A Inicialmente pode parecer contraditoacuterio
mas a justificativa de maior notificaccedilatildeo reside na hipoacutetese de que estes municiacutepios devem
apresentar uma estrutura mais consistente sobretudo na aacuterea da sauacutede para favorecer a
notificaccedilatildeo
64 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2009
Em 2009 foram 385 cidades com notificaccedilotildees por dengue As maiores forccedilas de
notificaccedilotildees do agravo expresso pelo valor de RMP ocorreram em diferentes regiotildees
atingindo o maior nuacutemero de municiacutepios nas regiotildees leste central oeste e norte de Minas
Gerais baseado nos caacutelculos da razatildeo de morbidade padronizada na Figura 15
Figura 15 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2009
O outono foi o periacuteodo com maior nuacutemero de notificaccedilotildees atingindo 15000 casos no
mecircs de marccedilo e pouco mais de 13000 em abril observado na Figura 16
57
Figura 16 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2009
A anaacutelise univariada dos casos de dengue em 2009 pode ser observada na Tabela 6 com o
resultado para todas as variaacuteveis e as que foram significativas encontram-se hachuradas em
verde com os valores de RC IC (95) e valor de p das variaacuteveis explanatoacuterias
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2009
58
Tabela 6 ndashResultado da anaacutelise univariada as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e valores
de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de 2009 -
2008 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
BR 288 190 - 437 lt0001
GINI 286 189-433 lt0001
Prec O 099 098- 099 00001
Prec P 100 100-101 00085
Prec V 099 099-100 00603
CMI 782 496- 1235 lt0001
TD 075 050 -112 01692
TminO 115 098 -134 00728
TminV 116 098-137 00665
TMO 112 097- 129 00979
TMV 117 101 -136 00279
Analf G 367 241 -559 lt0001
RM 403 263-616 lt0001
Prec I 099 098 -100 03264
TMI 101 090 - 112 08337
TminI 103 093 - 115 05150
TminP 099 088-111 09688
TMP 103 095 - 111 04249
59
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2009-2008 apresentou o valor de p lt 0001 e conteacutem as variaacuteveis explanatoacuterias GINI renda
meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo A
ordem de inclusatildeo no modelo multivariada encontra-se na Figura 17 Jaacute a Tabela 7 apresenta
os resultados obtidos da anaacutelise multivariada com os valores de coeficiente RC e IC 95 das
variaacuteveis explanatoacuterias
Figura 17 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2009 ndash 2008
GINI
p lt 0001
Prec V
P= 00358
Analf G
P =00044
CMI
plt 0001
RM
P = 00008
60
Tabela 7 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2009 ndash 2008
_________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
GINI 14027 406 230 - 716
RM 12552 350 168 - 728
Analf G 11075 302 141- 648
CMI 17819 594 358- 985
Prec V 00042 100 099 -100
Constante -37863
Todas as variaacuteveis ajustadas para o modelo corresponderam a uma situaccedilatildeo de risco
para o surgimento de casos de dengue o coeficiente de mortalidade infantil representou 594
vezes a chance de apresentar casos de dengue quando comparados com municiacutepios com
menores iacutendices de mortalidade O GINI representa 406 vezes renda meacutedia com 350
analfabetismo geral 302 e a precipitaccedilatildeo no veratildeo 100
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -37863 + 14027(GINI) + 12552 (RM) + 11075 (Analf G) + 17819 (CMI) + 00042
(PrecV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade da desigualdade (GINI)
renda meacutedia analfabetismo geral coeficiente de mortalidade infantil precipitaccedilatildeo no veratildeo
de interferir nos casos de dengue no Estado
61
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
__________________________________________________________________________
Figura 18 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil renda meacutedia analfabetismo geral e precipitaccedilatildeo no veratildeo sobre os casos de dengue em Minas Gerais em
2009
000
020
040
060
080
100
120
0 200 400 600
Pro
bab
ilid
ade
(
)
Precipitaccedilatildeo no veratildeo (mm)
a
b
c
d
A Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia acima
da mediana (1) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
B Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral acima da mediana (1)
C Coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana (1) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
D Coeficiente de mortalidade infantil abaixo da mediana (0) renda meacutedia
abaixo da mediana (0) e analfabetismo geral abaixo da mediana (0)
A
B
C
D
62
A Figura 18 apresenta a estimativa da probabilidade da elevaccedilatildeo da forccedila de
notificaccedilatildeo em situaccedilotildees da curva ldquoArdquo de alta desigualdade baixos investimentos em sauacutede
com renda meacutedia abaixo da mediana e com uma populaccedilatildeo com pouca escolaridade com
maior probabilidade de agravo das notificaccedilotildees quando comparado agrave situaccedilotildees contraacuterias
65 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2010
No ano de 2010 houve 602 cidades com notificaccedilotildees sendo o ano com maior nuacutemero
de cidades com dengue entre os anos estudados A distribuiccedilatildeo de valores de razatildeo de
morbidade padronizada Figura 19 mostra que os municiacutepios que se encontravam silenciosos
para notificaccedilotildees de dengue em 2008 e 2009 em 2010 apresentaram valores relevantes
principalmente nas regiotildees norte e sul
Figura 19 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais 2010
63
Na Figura 20 eacute possiacutevel observar que o nuacutemero de pessoas infectadas no Estado
superou os valores dos anos anteriores A anaacutelise univariada de 2010 pode ser visualizada na
Tabela 8 para as variaacuteveis significativas onde as variaacuteveis temperatura miacutenima na
primavera temperatura miacutenima e maacutexima no inverno temperatura maacutexima no outono
tiveram uma das caselas com valor nulo impossibilitando a anaacutelise
Figura 20 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2010
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
notificaccedilotildees
Notificaccedilotildees por dengue em 2010
64
Tabela 8 ndash Apresenta o resultado da anaacutelise univariada das razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC
95) e valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias para as notificaccedilotildees por dengue
no ano de 2010 - 2009 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Prec V 099 099 - 1000 0103
CMI 5459 3847 - 7746 lt0001
TD 077 056 - 1069 0121
TminO 1143 1009 - 1296 0034
TminV 1178 1026- 1352 0020
TMO 108 099 -119 0069
TMP 1075 098 - 1178 0122
Analf G 2956 2122- 4119 lt0001
Gini 029 0211 - 041 lt0001
Prec I 099 0984 - 1002 0153
RM 3193 2288- 4455 lt0001
BR 2275 1641- 3152 lt0001
Prec P 099 099 -100 0532
Prec O 099 099 - 1002 0467
As variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
foram as variaacuteveis que melhor se ajustaram ao modelo multivariado Tabela 9 que apresentou
valor de p lt 0001 A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo pode ser visualizada na
Figura 21
65
Figura 21 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2010 -2009
Tabela 9 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2010 ndash 2009
_____________________________________________________________________________
Variaacuteveis
explanatoacuterias Coeficiente RC IC (95)
CMI 15151 454 312-663
Analf G 13218 375 251-559
GINI -14487 023 015-035
Constante -07489
O coeficiente de mortalidade infantil e o analfabetismo geral mostraram-se como
fatores de risco para o surgimento de casos de dengue quando comparado com valores
menores que 375 para o analfabetismo geral e 454 para o coeficiente de mortalidade infantil
Jaacute o iacutendice de GINI foi um fator de proteccedilatildeo para esse ano diminuindo em 023 vezes as
chances de apresentar casos de dengue
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -07489 + 15151 (CMI) + 13218 (Analf G) + (-14487)(GINI)
ANALF G
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
66
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis coeficiente de
mortalidade infantil analfabetismo geral e iacutendice de GINI de interferir nos casos de dengue
no Estado e calcular probabilidades em outras situaccedilotildees
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Descriccedilatildeo dos cenaacuterios
_________________________________________________________________________
A Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana
(1)
C Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
acima da mediana (1) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
F
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e o analfabetismo da populaccedilatildeo abaixo da mediana
(0)
Figura 22 ndash Estimativa de probabilidade baseada nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre casos de dengue em Minas Gerais em 2010
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
67
Na estimativa mostrada na Figura 22 em situaccedilotildees de desigualdade abaixo da
mediana coeficiente de mortalidade acima da mediana e analfabetismo acima da mediana a
probabilidade de elevaccedilatildeo da forccedila de notificaccedilatildeo de dengue aumenta em valores proacuteximos a
90
66 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2011
Em 2011 houve uma reduccedilatildeo dos muniacutecipios com dengue passando de 602
municiacutepios em 2010 para 499 em 2011 A Figura 23 mostra que alguns municiacutepios de todas
as regiotildees mostraram-se silenciosos para a dengue nesse ano
Figura 23 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2011
Os casos de dengue expressaram-se com maior intensidade nos meses de marccedilo abril
e maio (Figura 24)
68
Figura 24 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2011
A anaacutelise univariada pode ser visualizada na Tabela 10 onde aleacutem das variaacuteveis
analisadas nos anos 2008 2009 2010 e 2012 foi possiacutevel a inclusatildeo de outras variaacuteveis
saneamento baacutesico densidade demograacutefica e escolaridade das mulheres disponibilizadas pelo
Censo de 2010 levando a uma anaacutelise mais detalhada
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2011
Notificaccedilotildees por dengue em 2011
69
Tabela 10 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2011 _________________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
AnalfG 367 254 - 532 lt0001
BR 288 2 - 413 lt0001
GINI 030 021- 044 lt0001
Prec I 101 099-102 0177
Prec O 099 099-100 0131
Prec P 099 099 -101 0043
Prec V 099 099 -100 lt0001
RM 417 287-606 lt0001
CMI 905 6 - 1363 lt0001
TD 080 056-114 0227
TminI 105 097- 113 0223
TminO 113 099-128 0051
TminP 115 103-128 0012
TMO 116 102-132 0020
TMP 104 097-112 0199
TMV 117 107-130 lt0001
Analf1 103 098-108 0162
Analf2 106 102 - 110 lt0001
Aacutegua 116 081-165 0395
DD 100 099-100 0827
Lixo 109 076-155 0622
TMI 098 090-107 0761
TminV 107 094-123 0275
Analf3 099 097-101 0463
70
A ordem de inclusatildeo das variaacuteveis no modelo multivariado pode ser visualizada na
Figura 25
Figura 25 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2011 ndash 2010
O modelo multivariado de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2011 apresentou as variaacuteveis analfabetismo geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil com valor de p lt 0001 demonstrados na Tabela 11 com os valores de coeficiente
RC e IC 95 das variaacuteveis explanatoacuterias
Tabela 11 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razotildees chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2011 ndash 2010
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 15301 461 289 - 735
GINI -14098 024 015 - 038
CMI 20253 757 486 - 1180
Constante -09603
Na anaacutelise multivariada da Tabela 11 o iacutendice de GINI apresentou-se como um fator
de proteccedilatildeo de 024 vezes quando comparado com valores maiores enquanto que o
analfabetismo geral e o coeficiente de mortalidade infantil corresponderam a um risco sendo
461 vezes para o analfabetismo e 757 vezes para o coeficiente de mortalidade infantil
ANALF G
p lt 0001
GINI
p lt 0001
CMI
p lt 0001
71
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -09603 + 15301(Analf G) + (-14098)(GINI) + 20253(CMI)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representa a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
72
Legenda
___________________________________________________________________________
Coluna Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
___________________________________________________________________________
Figura 27 ndash Estimativa da probabilidade baseado nos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade
infantil analfabetismo geral sobre os casos de dengue em Minas Gerais em 2011
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana (0) e analfabetismos acima da mediana (1)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
D
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
E
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana (1) e analfabetismos acima da mediana (1)
F
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismos abaixo da mediana (0)
000
010
020
030
040
050
060
070
080
090
100
a b c d e f
Pro
bab
ilid
ade
Cenaacuterios
73
Municiacutepios com condiccedilotildees de desigualdade abaixo da mediana coeficiente de
mortalidade infantil acima da mediana e analfabetismos acima da mediana demonstram
aumento na forccedila de notificaccedilotildees Figura 27
67 ANAacuteLISE DAS NOTIFICACcedilOtildeES POR DENGUE DO ANO DE 2012
Houve 424 municiacutepios com notificaccedilotildees por dengue segundo os valores de RMP da
Figura 28 as regiotildees com maior concentraccedilatildeo de municiacutepios foram leste central e oeste e
alguns municiacutepios do sul mostraram-se como alta ocorrecircncia de dengue e com RMP alta
Figura 28 ndash Distribuiccedilatildeo de valores de RMP por dengue dos municiacutepios de Minas Gerais em 2012
Segundo a Figura 29 em 2012 foi o ano com menores iacutendices de pessoas infectadas
aproximadamente 20850 enquanto que em 2010 esses valores estatildeo proacuteximos a 201000
74
Figura 29 ndash Casos de notificaccedilotildees por mecircs do estado de Minas Gerais em 2012
A tabela 12 apresenta os resultados obtidos da anaacutelise univariada para as variaacuteveis que
foram significantes poreacutem a variaacutevel temperatura maacutexima no outono apresentou uma das
caselas com valor nulo natildeo podendo ser calculado o seu valor
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nuacutemero de casos
Casos 2012
Notificaccedilotildees por dengue em 2012
75
Tabela 12 ndash Anaacutelise univariada apresentando as razotildees de chance (RC) intervalo de confianccedila (IC 95) e
valores de p ndash verossimilhanccedila para os efeitos de variaacuteveis explanatoacuterias e as notificaccedilotildees por dengue no ano de
2012 - 2011 ______________________________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria RC IC (95) P
Analf G 235 158-350 lt0001
BR 237 160-351 lt0001
GINI 030 020-045 lt0001
Prec I 098 096-100 0209
RM 341 228-51 lt0001
CMI 606 397-923 lt0001
TD 076 052-111 01667
Tmin I 107 096-119 01823
Tmin O 119 101-141 00335
Tmin P 115 100-131 00417
Tmin V 125 102-152 00247
TMV 120 103-140 00144
Prec O 099 099-100 0608
Prec P 099 099-100 0583
Prec V 099 099-100 0516
TMI 103 093-113 0527
TMP 101 093-110 0709
O modelo multivariada de melhor ajuste para as notificaccedilotildees por dengue para o ano de
2012 apresentou o valor de p lt 0001 contendo as variaacuteveis explanatoacuterias analfabetismo
76
geral iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil e temperatura maacutexima no veratildeo
Tabela 13 As variaacuteveis foram incluiacutedas seguindo a ordem da Figura 30
Figura 30 ndash Etapas de inclusatildeo no modelo das variaacuteveis explanatoacuterias significativas para o ano de 2012 ndash 2011
Tabela 13 ndash Resultados da anaacutelise multivariada com os valores dos coeficientes razatildeo chance (RC) e intervalo
de confianccedila (IC 95) das variaacuteveis explanatoacuterias para o ano de 2012 ndash 2011
_____________________________________________________________________________
Variaacutevel
explanatoacuteria Coeficiente RC IC (95)
Analf G 07539 212 129 - 348
GINI -13120 026 016 - 042
CMI 16465 518 33 - 814
Tmin V 02280 125 098 - 159
Constante -51829
O iacutendice de GINI mostrou-se como um fator de proteccedilatildeo onde municiacutepios com maior
desigualdade tem chances de 026 vezes de diminuir a forccedila de agravo de notificaccedilotildees As
demais variaacuteveis mortalidade infantil com 518 analfabetismo geral com 212 e temperatura
ANALF G
p lt 0001
P
CMI
p lt 0001
P
GINI
p lt 0001
P
TMV
p = 005
P
77
miacutenima no veratildeo com 125 apresentaram-se como um risco em comparaccedilatildeo a municiacutepios
com valores menores que os descritos
A probabilidade da ocorrecircncia de dengue em funccedilatildeo das variaacuteveis independentes do
modelo ajustado eacute representada pela Equaccedilatildeo 8
g(x) = -51829 + 07539(Analf G) + (-1312) (GINI) + 16465(CMI) + 0228(TminV)
Com essa equaccedilatildeo eacute possiacutevel representar a probabilidade das variaacuteveis analfabetismo
geral iacutendice de GINI e coeficiente de mortalidade infantil de interferir nos casos de dengue
no Estado
78
Legenda
___________________________________________________________________________
Curva Caracteriacutesticas da exposiccedilatildeo
_________________________________________________________________________
A
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
B
Desigualdade acima da mediana (1) coeficiente de mortalidade infantil abaixo
da mediana(0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
C
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil acima
da mediana(1) e analfabetismo acima da mediana (1)
D
Desigualdade abaixo da mediana (0) coeficiente de mortalidade infantil
abaixo da mediana (0) e analfabetismo abaixo da mediana (0)
Figura 31 ndash Estimativa da probabilidade dos valores de iacutendice de GINI coeficiente de mortalidade infantil
analfabetismo geral e temperatura miacutenima no veratildeo sobre casos caso de dengue em Minas Gerais em 2012
A estimativa representada na Figura 31 relacionada aos municiacutepios em situaccedilatildeo de
desigualdade abaixo da mediana coeficiente de mortalidade infantil acima da mediana e
analfabetismo acima da mediana demonstram um crescente potencial de notificaccedilotildees por
dengue que varia com o aumento da temperatura miacutenima no veratildeo elevando a forccedila de
notificaccedilotildees a valores proacuteximos de 1em todos os cenaacuterios quando a temperatura aproxima-se
de 40degC
000
020
040
060
080
100
120
0 10 20 30 40 50
Pro
bab
ilid
ade
Temperatura miacutenima no veratildeo
a
b
c
d
A
B
D
C
79
7 CONCLUSAtildeO
Este estudo teve como objetivo investigar a associaccedilatildeo entre os casos notificados de
dengue e as variaacuteveis econocircmicas sociais e ambientais de municiacutepios do estado de Minas
Gerais no periacuteodo de 2008 a 2012
A elevaccedilatildeo das notificaccedilotildees mensais de dengue no Estado se inicia no veratildeo atingindo
os maiores valores nos meses do outono As taxas de incidecircncia mais elevadas se concentram
nas regiotildees leste central e oeste de Minas Gerais
Pocircde ser observado que as variaacuteveis socioeconocircmicas distribuiccedilatildeo de renda desigual
quadro de sauacutede deficiente e baixa escolaridade da populaccedilatildeo se mantiveram como
significativas por toda a seacuterie estudada demonstrando ldquoforccedilardquo para a notificaccedilatildeo de casos do
agravo Outras variaacuteveis foram importantes como a precipitaccedilatildeo no inverno a precipitaccedilatildeo
no outono e a temperatura maacutexima no veratildeo para o periacuteodo de 2008 ndash 2007 No periacuteodo
correspondente a 2009 ndash 2008 a renda meacutedia e a precipitaccedilatildeo no veratildeo demonstraram ser
significativas A variaacutevel temperatura miacutenima no veratildeo demonstrou ser importante no periacuteodo
2012 ndash 2011
Os resultados desta pesquisa apontaram alguns caminhos para reduccedilatildeo da incidecircncia
de dengue Estas vias passam por transformaccedilotildees essenciais no cenaacuterio da educaccedilatildeo e sauacutede
que objetivem a melhoria dos indicadores associados a medidas de combate agrave pobreza
visando agrave reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo da renda Embora o modelo estatiacutestico natildeo
apresente a temperatura como importante em todos os anos analisados os mapas de
temperatura e de razatildeo de morbidade por dengue revelam uma relaccedilatildeo entre as regiotildees com
temperatura baixa e reduccedilatildeo no nuacutemero de notificaccedilotildees por dengue nesses locais
Por fim sugere-se como trabalhos futuros que o mesmo meacutetodo seja empregado com
amostras setorizadas isto eacute divididas por regiotildees do Estado de Minas Gerais para
comparaccedilatildeo com o presente estudo aleacutem disso pode-se analisar as regiotildees do Estado
classificadas segundo o PNCD com mapas de vegetaccedilatildeo e relevo de Minas Gerais com o
intuito de observar a relaccedilatildeo dos casos de dengue com a vegetaccedilatildeo e o relevo
80
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ZIMERMANN R H MORAES O L M TEICHRIEB C A PIVA E D ANABORV
Reduccedilatildeo de escala de dados de vento de modelos regionais para modelos de dispersatildeo
atmosfeacuterica Revista Brasileira de Meteorologia v27 n1 p23 - 30 ago 2012
85
ANEXOS
Anexo A Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2007
_____________________________________________________________
Anexo B Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2008
________________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 437727
GINI 0504
BR 47484
TD 7532
Analf G 13035
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 470625
GINI 0490
BR 39550
TD 6341
Analf G 11685
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
86
Anexo C Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2009
________________________________________________________________
Anexo D Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2010
_______________________________________________________________
Variaacutevel Valor de corte
RM 472850
GINI 0483
BR 40505
TD 5795
Analf G 11700
Analf 1 5390
Analf 2 12430
Analf 3 74670
DD 24070
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
Variaacutevel Valor de corte
RM 461944
GINI 0490
BR 42673
TD 6255
Analf G 12095
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
87
Anexo E Valores de corte pelos valores da mediana das variaacuteveis socioeconocircmicas de 2011
___________________________________________________________________________
Variaacuteveis Valor de corte
RM 500751
GINI 0482
BR 35734
TD 5732
Analf G 1071
CMI ge20 permil 1
lt 20 permil 0
88
ID RMP 2011 TMV TMO TMI TMP TMV TMO TMI TMP TminV TminO TminI TminP Prec V Prec O Prec I Prec P Gini CMI RM analf PPC TD BR aacutegua Lixo
1 0 32 30 30 32 32 30 30 32 20 19 12 19 264 187 3 210 0 1 0 0 0 0 0 03 106
2 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 292 183 7 235 0 1 1 1 1 0 1 02 057
3 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 19 13 18 340 171 0 356 1 1 1 1 1 1 1 02 107
4 1 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 15 20 314 185 7 212 0 0 1 1 1 0 1 01 -
018
5 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 219 147 11 236 0 1 1 1 1 0 1 01 128
6 1 33 32 32 33 33 32 32 33 21 20 14 19 406 175 7 283 1 1 0 0 0 0 0 03 118
7 0 35 31 27 31 35 31 27 31 22 21 17 20 85 224 26 228 0 0 1 1 1 1 1 0 07
8 0 36 36 31 32 36 36 31 32 24 24 17 22 113 87 23 286 0 0 0 1 0 1 1 0 095
9 1 31 29 26 28 31 29 26 28 19 17 11 17 358 213 29 240 1 0 0 1 0 0 0 02 099
10 0 34 30 27 30 34 30 27 30 21 20 15 19 350 254 18 256 0 1 0 0 0 1 0 03 106
11 0 30 29 27 28 30 29 27 28 19 17 9 16 322 135 17 127 0 0 0 0 0 1 0 03 11
12 0 34 31 27 31 34 31 27 31 21 21 17 20 48 216 35 238 0 1 1 1 1 1 1 02 063
13 0 30 29 29 32 30 29 29 32 19 18 12 17 317 175 6 170 1 1 0 0 0 0 0 02 076
14 0 30 28 24 26 30 28 24 26 19 18 10 17 303 217 17 330 1 1 1 1 1 0 1 02 111
15 0 32 29 26 30 32 29 26 30 20 19 14 19 337 169 0 320 1 1 1 1 0 1 1 02 103
16 0 28 27 26 28 28 27 26 28 18 16 9 15 347 153 23 173 1 0 0 0 0 0 0 02 101
17 0 31 29 26 28 31 29 26 28 20 18 13 17 353 267 27 247 0 1 0 0 1 0 1 03 099
18 1 33 29 27 31 33 29 27 31 21 20 14 19 360 201 3 247 1 1 1 1 1 1 1 01 109
19 1 32 30 29 31 32 30 29 31 19 19 13 19 304 158 6 218 1 1 1 0 0 0 0 02 103
20 0 37 33 28 33 37 33 28 33 22 22 17 22 167 216 6 187 0 0 1 1 1 1 1 02 104
21 0 34 30 27 32 34 30 27 32 21 20 18 21 264 195 14 225 1 0 0 0 0 0 0 03 102
22 1 32 29 26 27 32 29 26 27 20 18 13 17 364 280 28 238 1 1 1 0 1 0 1 03 112
Anexo F Organizaccedilatildeo dos dados para regressatildeo logiacutestica de 22 municiacutepios