Quando descobri o Lúpus na minha vida, passei a não me reconhecer mais, achei que nunca voltaria a ter a minha vida de volta. Lúpus é uma doença autoimune, muitas vezes agressiva, que me fez engordar 20 quilos, com dificuldade para andar e dores incapacitantes... No meio dessa caminhada de dor, descobri que precisava me transformar em uma nova Karla. Passei a lutar pelos direitos dos pacientes com Lúpus e fundei o projeto social Anjos da Rua, no qual mulheres como eu (com a necessidade de se reinventar) aprendem a terapia pessoal através da arte em tecido, com a transformação de uma camisa social em roupas de criança, transformando a vida e aprendendo que tudo pode ser modificado para melhor. É necessário aceitação e desconstrução. Hoje, atendo mulheres em situação de violência, doenças crônicas, vulnerabilidade social... Venci meus medos e vivo cada dia de uma vez! Tenho certeza de que todas podem conseguir, só precisamos do primeiro passo.

KARLA BASBAUM BARCELLOSIdade: 45 anosProfissão: Jornalista

Um dia estas mulheres decidiram que estava na hora de mudar as suas vidas. E tudo que elas precisavam se encontrava dentro delas próprias. Só que algumas ainda não sabiam disso. Mas as circunstâncias fizeram com que essas mulheres mergulhassem dentro de si mesmas e mudassem completamente suas jornadas. Aqui você vai encontrar histórias emocionantes de superação, de reinvenção, de coragem, amor e, sobretudo, dignidade. Todas elas são fonte de inspiração para muitas outras mulheres, que só precisam dar o primeiro passo para ocupar seus espaços e cobrar o respeito que merecem.

Relato das Mulheres

Há 10 anos tentei engravidar, fiz tratamentos e nada... Até que em 2014, através da adoção, realizei o meu grande sonho de ser mãe: recebi meu primeiro filho, Matheus. Alguns meses depois, descobri que estava grávida, um milagre em minha vida. Era outro menino, mas, por vontade do destino, tive que me internar, quase perdi meu bebê e, aos 6 meses de gestação, Miguel nasceu! Viveu apenas 28 dias. Metade de mim se foi...Mas Deus me renovou: não demorou muito, o juiz me ligou pra avisar que Kauã, irmão biológico do meu primeiro filho, também ia pra adoção. Do luto à luta, me rendi a esse amor e o adotei também. Achei que estivesse completa, mas, na audiência de finalização do processo, quem está lá? Lorenzo! Com apenas 17 dias de vida e irmão de Matheus e Kauã. Meu coração pariu de novo! Estava completa, com meus três filhos unidos no amor. Mas aí veio a surpresa: após 2 meses, descubro que estava grávida. De imediato, fiquei louca, desesperada, como daria conta de 4 bebês? Mas dei, estou dando... E sou a mãe mais feliz deste universo!Hoje, eu sou a mãe do Matheus, meu anjo Miguel no céu, Kauã, Lorenzo e Lavínia!Mudamos do Rio para Niterói, para criar nossos filhos aqui e escrever uma nova história!

JULIANA DE SOUZA SILVA Idade: 33 anosProfissão: Do lar

Em novembro de 2016, descobri um câncer e, juntamente com essa notícia, soube que estava com um mês de gravidez. Em 2017, fiz várias sessões de quimioterapia durante a gestação. Em 08 de maio de 2017, tive minha filha com 33 semanas, cheia de saúde e, após o nascimento dela, dei continuidade ao meu tratamento. Em setembro desse mesmo ano, fiz o meu transplante de medula autólogo e sigo em remissão. Tudo deu certo e nunca perdi o meu sorriso. A minha filha veio para me dar força. Superamos tudo juntas e ainda estamos superando a cada dia. Minha experiência serviu para dar esperanças a outras mulheres e estímulo para que se reinventem a cada dia. Além de se sentirem mais lindas mesmo perdendo cabelo. Sigo feliz nessa caminhada que chamamos de vida e firme e forte para enfrentar o que for preciso.

FABIANA VIEIRA RIBEIRO MULLERIdade: 34 anosProfissão: Empresária

Aos 15 anos, sofri um acidente de carro e perdi os dentes da frente na raiz. Só quem já passou por isso sabe o trauma e a rejeição que acarreta. Trabalhar vira missão impossível. E como reconstruir a arcada dentária sem dinheiro?Virar camelô foi a alternativa: vendia óculos em dias de sol e sombrinha em dias de chuva. Mas, cada vez que a fiscalização fazia batida, levava meu sorriso para mais longe.Trabalhei como babá, balconista e vendedora, sempre me perguntando qual seria o meu destino. Um dia, minha mãe se desentendeu com o cabeleireiro e pediu que eu a produzisse.Após terminar sua maquiagem e testar uma escova pela primeira vez, minha mãe me envolveu em um abraço afetuoso, agradecida por se sentir mais bonita. Esse gesto teve um grande significado e revelou a minha vocação.Ao embelezar minha primeira noiva, recebi um novo e emocionado abraço que recriou a satisfação sentida por minha mãe.Percebi, naquele momento, que eu tinha potencial para, com meu trabalho, melhorar a autoestima das pessoas. Afinal, quem melhor do que eu para ter consciência de quanto um problema estético atrapalha a nossa vida?A partir dali, usei o pó compacto, a sombra, o babyliss e o batom para gerar felicidade nas pessoas. Motivada, busquei me aprimorar em cursos renomados e viajei em busca de técnicas modernas e produtos de primeira linha.A especialização na produção de noivas já me proporcionou experiências em diversos lugares do Brasil e da Europa, inclusive Paris – um sonho de menina! Hoje, sou diretora do Aloan Beauty Group, um conceito de beleza para eventos corporativos de grande porte, e sou requisitada para dar palestras e cursos no país e no exterior.Depois de tudo que passei, posso dizer com um grande sorriso: fui de camelô a maquiadora em Paris!

HALOAN FIGUEIREDO LOPESNome artístico: AloanIdade: 38 anosProfissão: Maquiadora e estilista de cabelos

ELAINE SILVA RANGELIdade: 35 anosProfissão: Diarista

Eu sou filha de pais que nunca foram casados, fui criada por minha vó e, quando me tornei adolescente, fui morar na casa de uma amiga. Casei com 19 anos e, aos 20 e 22 anos, tive meus dois filhos. Estava grávida de seis meses do meu segundo filho quando fui abandonada. Quando ele fez um ano e dois meses, me casei novamente. Mas, por 9 anos, sofri violência doméstica, o que me deixou marcas até hoje. Decidi dar um basta nessa situação: separei e, como estava desempregada na época, fui trabalhar como faxineira, mesmo com uma lesão na coluna.Antes de tudo acontecer, tinha estudado música por vários anos e cheguei a dar aulas em um projeto, mas tive que abandonar esse sonho para cuidar dos meus filhos. Cuidei deles sozinha, sem pensão, sem benefícios sociais, apenas com o meu trabalho. Agora, estou lutando para montar meu próprio negócio e levo a minha vida com toda a liberdade e respeito que Deus me concedeu. Hoje, sou uma mulher livre de tudo que me faz mal. Agressão nunca mais!