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Justiniano Proença Filho Relato de Caso: Síndrome da Dilatação Proventricular em Ararinha verde (Ara severa) e Marianinha de Cabeça Preta (Pionites melanocephala) São Paulo 2009

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Justiniano Proença Filho

Relato de Caso: Síndrome da Dilatação Proventricular em

Ararinha verde (Ara severa) e Marianinha de Cabeça Preta

(Pionites melanocephala)

São Paulo

2009

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Centro Universitário da FMU

Justiniano Proença Filho

Relato de Caso: Síndrome da Dilatação Proventricular em

Ararinha verde (Ara severa) e Marianinha de Cabeça Preta

(Pionites melanocephala)

São Paulo

2009

Justiniano Proença Filho

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Relato de Caso: Síndrome da Dilatação Proventricular em

Ararinha verde (Ara severa) e Marianinha de Cabeça Preta

(Pionites melanocephala)

_______________________________________________

Profª PhD. Cynthia Maria Carpigiani Teixeira

FMU- Orientadora

_______________________________________________

M.V André Grespan

Wildvet Clinica Veterinária

_______________________________________________

M.V Alessandro Ferraz Abdo Bijjeni

Exotic Pets Clinica Veterinária

Trabalho apresentado como tese de conclusão

de curso, do curso de Medicina Veterinária, sob

orientação da Profª Dra Cynthia Maria

Carpigiani Teixeira

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Dedico não só este trabalho mas

todo meu futuro aos meus pais que são a

base da minha carreira como médico

veterinário, sem eles nada disto seria

possível.

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Agradeço a professora Cynthia pela paciência,

atenção, orientação e dedicação dada a este

trabalho, aos colegas André, Alessandro e

Arabeli por todos os conselhos durante este

relato, e agradeço a todos os colegas e

amigos que conquistei durante a faculdade por

tornarem estes cinco anos e meio tão

especial. E a minha namorada Juliana por ter

aparecido nesta fase final e tornado ela muito

mais gostosa e leve. Por fim agradeço aos

meus animais de estimação que me

mostraram ao longo da vida o valor que estas

criaturas têm para formação do caráter de um

homem.

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Resumo

Neste trabalho foram estudadas duas aves que apresentaram sintomas clínicos de

síndrome da dilatação proventricular. Durante o período de estudo foram avaliados

os métodos de tratamento e as possíveis causas etiológicas da doença, foi avaliada

também a eficácia do uso do interferon nestas duas aves e a suspeita de infecção

por bornavírus, não se sabe até hoje a etiologia exata desta doença, porém novos

estudos estão relacionando o bornavirus como agente causador, mas ainda não há

evidencias suficientes para que seja possível tal afirmação.

Palavras – chave: dilatação proventricular, interferon, bornavirus, SDP.

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Abstract

In this work it was studied a couple of birds that showed clinical symptoms of

proventricular dilatation disease. During the studies period it was valued the means

of treatment and the possible etiological causes of the disease, It was also valued the

efficacy of the use of interferon on those two birds and also the suspect of infection of

the bornavirus, It isn’t known the exact etiology of this disease, however new studies

connect the bornavirus as causer agent, but there are no sufficient evidences to do

such affirmation

Key words: proventricular dilatation, interferon, bornavirus, PDD

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Lista de Figuras

Figura 1: Esquema do Trato Gastrointestinal das aves.........................................p.10

Paciente da espécie ararinha verde (Ara severa) ..................................................p.14

Figura 3: Exame radiográfico (ara severa)..............................................................p.15

Figura 4: Exame radiográfico da ararinha verde (Ara severa) ...............................p.16

Figura 5: Marianinha de cabeça preta (Pionites melanocephala)...........................p.19

Figura 6: Exame radiográfico simples.....................................................................p.20

Figura 7: Exame radiográfico contrastado para avaliação ....................................p.21

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Sumário

1. Introdução ....................................................................................................... p.10

2 Relato de Caso................................................................................................. p.14

3 Discussões........................................................................................................ p.23

4 Conclusões........................................................................................................ p.24

5 Referencias....................................................................................................... p. 25

6. Anexos............................................................................................................. p. 26

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1.INTRODUÇÃO.

O trato gastrointestinal das aves passou por múltiplas mudanças durante a

evolução para se tornar uma estrutura fisiologicamente e anatomicamente única

quando comparada às outras ordens animais. O sistema desenvolveu-se para poder

tirar proveito de características físicas e químicas de uma ampla variedade de

alimentos. Para este fato as aves desenvolveram um bico leve e o ventrículo

muscular que substitui os ossos pesados da maxila, mandíbula e estruturas

dentárias, características comuns entre repteis e mamíferos. O trato gastrointestinal

é composto pelo bico, esôfago, ingluvio (papo), Proventrículo, ventrículo (moela),

intestino, ceco, reto e cloaca (HARRISON; LIGHTFOOT; 2006).

Figura 1: Esquema do Trato Gastrointestinal das aves.

Fonte: http://www.wcs.org/media/image/image-973183673.gif

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O bico é o substituto das aves para dentes e lábios, forma a entrada da

cavidade oral, tendo como função prender e processar os alimentos serve também

para escalar e para outras funções comportamentais. É composto pela maxila,

mandíbula, a rinoteca e a gnatoteca estas são compostas por queratina, possuem

ao invés de palato a coana que conecta a cavidade oral e nasal. (HARRISON;

LIGHTFOOT; 2006)

A língua é originada da orofaringe e tem como função manipular e ajudar na

deglutição. O esôfago é um tubo de paredes finas que conduz o alimento da

orofaringe ao proventrículo, a parede do esôfago é composta pela mucosa,

submucosa, túnica muscular e camada serosa. (HARRISON; LIGHTFOOT; 2006)

O ingluvio ou papo é uma distensão do esôfago que tem como função armazenar o

alimento geralmente se mantém no lado direito do pescoço. O estomago das aves

consistem em duas estruturas distintas a primeira é o Proventrículo e a segunda é o

ventrículo ou moela. (HARRISON; LIGHTFOOT; 2006)

O Proventrículo tem em seu epitélio dois tipos glandulares principais que compõem

a parede do mesmo, a primeira as glândulas tubulares secretam mouco, a segunda

as glândulas gástricas, secretam pepsina e acido hidroclorídrico. O proventrículo

possui paredes finas, já o ventrículo possui paredes musculares grossas e fortes tem

como função quebrar o alimento mecanicamente o intestino é o local principal para a

digestão enzimática e absorção de nutrientes. O pâncreas é tri lobular na maioria

das espécies. Contem enzimas parecida com os mamíferos como a amilase, lípase

e tripsina. Cloaca uma estrutura de três câmaras que é responsável pela deposição

final dos produtos da digestão, atos reprodutivos e excreção da urina. (HARRISON;

LIGHTFOOT; 2006)

1.1. SÍNDROME DA DILATAÇÃO PROVENTRICULAR.

A síndrome da Dilatação Proventrícular, (SDP) é uma doença progressiva,

variavelmente contagiosa e freqüentemente fatal em psitacídeos relatada

primeiramente durante um surto entre araras nos anos setenta. Tem distribuição

mundial, e são conhecidas mais de cinqüenta espécies já afetadas (BERHANE, et

al; 2001), seus sinais clínicos incluem depressão, perda de peso progressiva,

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regurgitação intermitente, presença de alimento não digerido nas fezes e sinais

neurológicos, tais como, tremores, ataxia e convulsões (BERHANE, et al.; 2001;

RINDER, et al.; 2009).

Podem ocorrer ainda poliúria e polidipsia, algumas aves mantêm apetite

excelente, mas continuam a perder peso. Pode ocorrer ainda uma diarréia no final

da doença, geralmente como resultado de uma enterite bacteriana ou fúngica

secundaria (RUPLEY; 1999).

A patologia clinica pode revelar uma leucocitose, hipoglicemia,

hipoproteinemia, anemia e elevação dos níveis de CK. A radiologia é útil para

identificar uma dilatação proventricular, freqüentemente exige-se uma radiologia de

contraste para identificar positivamente uma dilatação proventricular e um retardo do

esvaziamento gástrico (RUPLEY; 1999).

A Síndrome da Dilatação Proventricular afeta primeiramente, o sistema

nervoso autônomo do trato digestório superior e médio, incluído esôfago, ingluvio,

Proventrículo, ventrículo, e duodeno. (KISTLER, et a;l. 2008).

Muitos estudos levantam a possibilidade que a SDP pode ser causada por

uma infecção viral. Relatos descrevem partículas virais de tamanhos variados em

tecidos de aves com SDP levaram a suposição que a doença poderia ser causada

pelo Paramixovirus, entretanto dados sorológicos têm mostrado que aves com SDP

possuíam poucos anticorpos para Paramixovirus sorotipos 1-4, 6 e 7, assim como o

vírus da herpes, poliomavírus e o vírus da encefalite aviária. (KISTLER, et al; 2008).

Rupturas espontâneas do Proventrículo e ventrículo são freqüentemente

encontrados em necropsias de animais acometidos pela doença. Encontram-se

também infiltrados linfocitários em nervos periféricos e centrais, emaciação,

distensão proventricular, ventricular ou ingluvial. A musculatura ventricular pode

aprestentar se esbranquiçada (RUPLEY; 1999).

O Bornavírus pertence à família dos RNA vírus, sendo um agente causador

da encefalite e meningoencefalites cujos principais reservatórios são os cavalos e as

ovelhas, apesar de relatos de transmissão artificial em muitas espécies, há pouca

informação sobre infecções em aves ocorridas de forma natural (KISTLER et al.

2008; HONKAVUORI, et al; 2008).

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O Bornavírus pode infectar a maioria dos animais endotérmicos , incluindo

humanos, infecções geralmente direcionam a persistência do vírus no sistema

nervoso central e pode causar meningoencefalites severas, e doenças neurológicas

graves (HALLENSLEBEN; STAEHELI; 1999)

O seqüenciamento de três partes diferentes do genoma viral possibilitou a

descoberta de ao menos cinco genótipos de bornavírus aviário, entretanto somente

65% (sessenta e cinco por cento) do genoma do bornavírus aviário correspondem às

referências do bornavírus clássico. (RINDER, et al; 2009).

1.2 INTERFERON

Interferona ou interferão ou interferon é um agente antiviral natural que é

sintetizado em resposta a maioria das infecções virais. Estudos mostraram que

células primarias do cérebro de coelhos a interferon exógeno preveniram a infecção

por bornavírus, enquanto que em células pulmonares de ratos o tratamento com

interferon não teve ação inibitória. Entretanto o fraco desempenho em tratar células

já infectadas demonstrou que o alvo exclusivo do interferon era a fase de replicação

do bornavírus. (HALLENSLEBEN; STAEHELI; 1999).

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2. RELATO DE CASO

2.1 CASO: Ara severa.

Figura 2: Paciente da espécie ararinha verde (Ara severa)

Fonte: arquivo pessoal

2.1.1 Exame clinico.

O paciente é uma ararinha verde (Ara severa) levada pelo proprietário no dia

quatro de março de 2009, Relatando perda de peso, diminuição de apetite e com

fezes com alimento não digerido. A ave alimentava-se de sementes e frutas, peso

corporal de 225 (duzentos e vinte e cinco) gramas. Apresentava perda de

musculatura peitoral evidenciando a quilha esternal à palpação, não apresentando

presença anormal de bactérias em exame coproparasitológico. Foi enviado para

laboratório amostra de sangue para realização de hemograma (Anexo1) e exame

bioquímico (Anexo 2). Como resultado verificou-se um aumento de

Creatinofosfoquinase (CK) e uma leucocitose por heterofilia e presença de linfócitos

reativos. Foi realizado também um exame radiológico contrastado (figuras 3 e 4),

evidenciando um aumento do proventrículo. Assim sendo, foi recomendada a

internação imediata da ave para tratamento intensivo, com a suspeita diagnóstica de

síndrome de dilatação proventricular.

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Figura 3: Exame radiográfico (Ara severa) vista latero-lateral com contraste

radiográfico.

Fonte: M.V Gabriel Mott

Área demarca aumento do Proventrículo

da ave.

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2.1.2 Diagnóstico.

Com os resultados dos exames radiológicos e exames séricos foi possível

sugerir que o animal sofre de síndrome de dilatação proventricular, nota se um

aumento considerável no proventrículo e o aumento no nível de CK além de uma

leucocitose que também é característico da síndrome.

2.1.3 Tratamento e Evolução.

Foi utilizado para tratamento Interferon α-2. Com dose de 30 unidades

internacionais (UI) uma vez ao dia durante os primeiros cinco dias, 30 UI duas vezes

por semana durante duas semanas e 30 UI uma vez por semana por mais duas

semanas, (CARPENTER, 2005), Celocoxib 250mg(Celebra®) com dose de 10mg/kg

a cada 12h, Legalon (Silimarina 50 mg em 5 ml) com dose de 150mg/kg a cada 12h,

e sucralfato (Sucrafilm® 2 gramas)com dose de 25mg/kg a cada 12h durante os

primeiros trinta dias

A paciente apresentou melhoras nas primeiras duas semanas, obteve ganho

de peso recebendo alta no dia dezessete de março, com recomendação para

Figura 4: Exame radiográfico da ararinha verde (Ara severa) vista Ventro

Dorsal com contraste radiográfico.

Fonte: M.V Gabriel Mott

Área demarca aumento do

Proventrículo da ave.

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retorno para a aplicação do interferon nas próximas semanas. Entretanto após 14

dias (primeiro de abril), o paciente retornou para a clinica com queixa de perda de

peso e ausência de apetite.

Foi receitado então enrofloxacina 5% (cinco por cento)30 mg/kg a cada 12

horas e Metronidazol (Flagyl®) 40 mg/ml 10mg/kg a cada 12 horas para prevenir

possíveis infecções secundarias.

Novamente o paciente demonstrou ganho de peso e apetite, registrando após

7 dias (oito de abril), 230 (duzentos e trinta) gramas. No exame radiológico realizado

no dia seguinte (09 de abril), ainda apresentou aumento do Proventrículo (figura 5).

Com isso, foi decidido realizar mesmo protocolo terapêutico por mais dez

dias.

Já que o animal não apresentou qualquer melhora, continuou perdendo peso,

no dia dezesseis de abril foi iniciado a aplicação de óleo de ozônio 0,2 ml através de

sonda até o ingluvio uma vez ao dia durante cinco dias junto com o protocolo

adotado.

Após vinte dias da primeira aplicação do óleo de ozônio foi registrado um

ganho de peso discreto no paciente.

O paciente recebeu alta médica com cento e oitenta e seis gramas, no dia

doze de maio, porém se alimentando bem e registrando ganho de peso com relação

aos registrados anteriormente já sem presença de alimento não digerido nas fezes.

Não foi realizado outro exame radiológico no animal. A ave retornou a clinica no dia

primeiro de junho (53 dias após o ultimo acompanhamento) o proprietário

apresentou como queixa principal, a perda de peso e falta de apetite, foi receitado

então a continuidade com o Celocoxib e aplicações de óleo de ozônio até

recomendações posteriores.

2.1.4 Prognóstico.

Apesar de liberada do tratamento intensivo o prognóstico desta ave é

reservado devido ao histórico de doença avançada, da perda de peso severa que a

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ave sofreu durante o tratamento e devido ao histórico da ave durante todo o

tratamento.

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2.2 Caso 2. Pionites melanocephala.

Figura 5: Marianinha de cabeça preta (Pionites

melanocephala)

Fonte http://www.kakatoo.com.br/Marianinha%20CP%2002.JPG

2.2.1 Exame Clínico

Paciente é uma marianinha de cabeça preta (Pionites melanocephala) fêmea

de aproximadamente um ano de idade deu entrada na clinica Wildvet no dia quatro

de março de 2009 com evidências de sementes não digeridas nas fezes e sem

apetite, e pesando 152 (cento e cinqüenta e duas) gramas, foram então requisitados

exames radiológicos, hemograma e exame de bioquímica sérica. Não houve

possibilidade neste caso de exame radiológico contrastado, animal possui um

contactante que não apresentou sintomas.

No exame físico animal apresentava pouca massa muscular à palpação,

quilha esternal evidenciada devido à caquexia, foi realizado exame microscópico das

fezes, porém não foi encontrado nada relevante, foi enviada amostra de sangue para

realização de hemograma e avaliação bioquímica foram requisitados também

exames radiológicos (Figura 6).

Os Resultados dos exames mostraram um aumento dos níveis de CK nos

exames bioquímicos e leucocitose. Apesar de a radiografia ser sem contraste pode

se notar um aumento da silhueta do Proventrículo sendo sugestiva então a suspeita

de dilatação proventricular.

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.

Figura 6: Exame radiográfico simples

Fonte M.V Gabriel Mott

2.2.2 Diagnóstico

Os resultados obtidos nos exames complementares tais como as evidencias

de aumento do Proventrículo e o aumento nos níveis de CK, e leucocitose

juntamente com as evidencias dos exames físicos sugerem que o animal esteja

sofrendo de síndrome de dilatação proventricular causada por infecção viral, com

agente mais provável segundo os relatos sendo o bornavírus; devido à ausência de

outras evidencias patológicas houve exclusão de outras suspeitas.

2.2.3 Tratamento e Evolução

Foi recomendado de inicio a internação para tratamento intensivo e

observação do animal. Foi utilizado para tratamento Interferon α-2. 30 unidades

internacionais (UI) uma vez ao dia durante os primeiros cinco dias, 30 UI duas vezes

por semana durante duas semanas e 30 UI uma vez por semana por mais duas

semanas, (CARPENTER, 2005), Celocoxib 250 mg (Celebra®) (uma cápsula diluída

Aumento de volume sugerindo

Dilatação do Proventrículo.

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em 11 ml de soro fisiológico) 10mg/kg, Legalon (Silimarina 50 mg em cinco ml)

150mg/kg a cada 12h, e sucralfato (Sucrafilm® 2 gramas) 25mg/kg a cada 12h,

durante os primeiros trinta dias.

Animal apresentou se no segundo dia de internação o peso de 137 gramas,

porém apresentou melhora considerável durante as primeiras duas semanas sendo

possível o retorno para o proprietário, sendo recomendado o retorno a clinica para

continuação do tratamento e que fosse dada continuidade nas medicações que já

estavam sendo aplicadas diariamente.

Animal não apresentou perda de peso nos retornos. Não foi notado perda de

apetite após alta da internação no dia oito de abril. Ao termino do tratamento com

interferon, realizou se novo exame radiográfico que mostrou diminuição da silhueta

do proventrículo, com este resultado pode se conferir alta médica ao animal e fim do

tratamento.

Figura 7: Exame radiográfico contrastado em decúbito ventro dorsal para

avaliação

Fonte M.V Gabriel Mott

Proventrículo com tamanho

normal.

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2.2.4 Prognóstico

O prognóstico inicial deste caso foi reservado, porém a resposta do paciente

foi bastante satisfatória, a ave voltou a ganhar peso durante o tratamento e este

peso se manteve após o termino, a radiografia mostrou regressão da inflamação do

Proventrículo

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3. Discussões

No caso 1 a ave não apresentou resultados satisfatórios apesar de melhora, a

ave mantém-se em um prognóstico de reservado a mal, devido a constante

oscilação de seu peso corpóreo.

Entretanto no caso dois a ave se manteve em boas condições após o

tratamento, os sintomas desapareceram e pode se notar uma regressão do tamanho

do próventrículo, o que nos mostra um bom estado de saúde do animal, permitindo

que afirmemos que o protocolo adotado teve resultados satisfatórios neste caso em

particular.

No caso 2 a ave mostrou boa recuperação, manteve-se estável durante o

tratamento e não demonstrou possuir ainda os sintomas que a levaram à clínica, por

outro lado, a ave do caso 1 não demonstrou boa recuperação, apresentou

momentos de melhora e pouco depois os sinais da doença se manifestavam,

demonstrou apetite caprichoso, nos exames clínicos não demonstrou melhora, e não

demonstrou perda do aumento do Proventrículo no exame radiográfico.

No caso 2 o prognóstico inicial mostrou se reservado, porém a evolução

clinica da ave possibilitou um prolongamento da expectativa de vida do animal, e seu

estado de saúde após o tratamento nos sugere possível controle da síndrome,

contudo no caso 1 a evolução clinica não foi satisfatória, talvez por conta de talvez o

tratamento não ser adequado para a espécie em questão, ou pela idade já adulta da

ave, ou ainda por ela já ter sido apresentada em um estado avançado da doença.

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4. Conclusões

Podemos por fim afirmar que neste relato o interferon mostrou se eficaz

somente um dos dois casos estudados, entretanto devido a falta de laboratórios

especializados não podemos concluir que o bornavírus é o agente causador desta

enfermidade nestas aves, para que isto fosse possível deveria ser realizado

classificação por PCR para o bornavírus (RINDER; et al. 2009)

Concluímos também que a avaliação final com relação ao paciente do caso 2

é de que o animal hoje desfruta de plena saúde, mas deve se manter a atenção com

relação ao seu estado por conta de possível reinfecção, e que o paciente do caso 1

infelizmente não possui prognóstico favorável, seu estado de saúde atual não nos dá

boas esperanças e até o termino deste relato sua condição não demonstrou ser

satisfatória.

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5. Referências

Berhane, Y. Perifheal neuritis in psittacine birds with proventricular

dilatation disease. Avian Pathology vol. 30 No. 5 2001 Canada. Disponível em <

http://pdfserve.informaworld.com/349949__713651304.pdf > acessado em 04 abr.

2009

Carpenter, J.W. Exotic Animal Formulary. 3ª Ed. Missouri Elsevier Saunders

c2005 564 p. Bibliografia Comentada: p. 176.

Christopher, R. et al. Histologic evaluation of the crop for diagnosis of

proventricular dialtation syndrome in psittacine birds. Department of Veterinary

Pathology, College of Veterinary Medicine, University of Georgia 1996. Disponível

em < http://jvdi.org/cgi/reprint/8/1/76.pdf > acessado em 31 mar. 2009

Doneley, RJT; Miller, RI; Fanning, TE. Proventricular dilatation disease: an

emerging exotic disease of parrots in Australia. Australian Veterinary Journal Vol.

85 No. 3 Austrália 2007.

Grund, C.H; et al. Avian Paramyxovius Serotype 1 Isolates from the

Spinal Cord of Parrots Display a Very Low Virulence. J. Vet. Med 2002

Alemanha. Disponível em < www.blackwell.de/synergy > . Acessado em 04 abr.

2009

Harrison, G. Lightfoot, T. Clinical Avian Medicine. Volume 1. 1ª Ed. Florida:

Spix Publishing 2006 450 p. Bibliografia comentada: p. 411- 416.

Honkavuori, K. S. Novel Borna Virus in Psittacine Birds with

Proventricular Dilatation Disease. Emerging Infectius Diseases vol.14 No. 12 2008

Disponível em < http://www.cdc.gov/eid/content/14/12/1883.htm > acessado em 31

mar. 2009.

Kistler , A.L et al. Recovery of divergent avian bornaviruses from cases of

proventricular dilatation disease: identification of a candidate etiologic agent.

Virology Journal 2008. Disponível em <http://www.virologyj.com/content/5/1/88>

Acesso em 1 abr. 2009.

Rinder, M; et al. Broad tissue and cell tropismo f avian bornavirus in

parrots with proventricular dilatation disease. Journal of Virology 2009 Alemanha.

Disponível em < jvi.asm.org via Sistema Integrado de Bibliotecas –USP > acessado

em 1 abril 2009

Rupley, A.E. Manual de Clinica Aviária. 1ª Ed São Paulo Editora Roca Ltda.

c1999 (Tradução por Paulo Marcos Agria). 582 p. Bibliografia Comentada p.304-305.

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6. Anexos.

Anexo 1 - Hemograma do Caso 1 Paciente Ararinha Verde (Ara severa)

realizado pelo laboratório LAB&VET sob responsabilidade da Medica Veterinária

Beatriz Rocha

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Anexo 2 - Exame bioquímico do Caso 1 Paciente Ararinha Verde (Ara severa),

realizado no laboratório LAB&VET sob responsabilidade da Médica Veterinária

Fernanda Nicoletti

Page 28: Relato de Caso: Síndrome da Dilatação Proventricular em ...arquivo.fmu.br/prodisc/medvet/jpf.pdf · contraste para identificar positivamente uma dilatação proventricular e um

28

Anexo 3 - Hemograma do Caso 1 Paciente Marianinha de Cabeça Preta (Pionites

melanocephala) realizado pelo laboratório LAB&VET sob responsabilidade da

Medica Veterinária Luciana Langraffe

Page 29: Relato de Caso: Síndrome da Dilatação Proventricular em ...arquivo.fmu.br/prodisc/medvet/jpf.pdf · contraste para identificar positivamente uma dilatação proventricular e um

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Anexo 4 - Exame bioquímico do Caso 2 Paciente Marianinha de Cabeça Preta

(Pionites melanocephala), realizado no laboratório LAB&VET sob responsabilidade

da Médica Veterinária Fernanda Nicoletti