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Relato de preparação para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata Guilherme Raicoski Comentário iniciais Prezados, é uma satisfação apresentar ao pessoal da Comunidade Instituto Rio Branco algu ns comentários sobre minha preparação que, felizmente, deu frutos no concurso de 2013. Sempre acreditei que os relatos de preparação dos aprovados são um meio complementar muito relevante para dar algum norte aos aspirantes à carreira diplomática. Como se sabe, o CACD é um concurso que apresenta desafios muito peculiares, como a dispersão de conhecimentos, a impossibilidade de condensar o conteúdo como um todo em apostilas gerais e a dificuldade de acesso a informações e a materiais fora do eixo Rio-São Paulo-Brasília. Acredito que esses desafios demandam do candidato uma postura diferente daquela comum nos demais concursos. Em muitos processos seletivos para outros cargos da burocracia estatal, a informação e o conteúdo são geralmente acessíveis e com alguma facilidade, comprados em dinheiro. O mesmo não ocorre no CACD. Enquanto os certames em geral possibilitam - em verdade, exigem - uma postura autocentrada e individualista na preparação, o CACD demanda uma postura cooperativa. Não deixa de ser sintomático que, em um concurso que visa à obtenção de cargo em instituição que preza os valores de solidariedade e interdependência, a preparação é otimizada quando o candidato crê na efetividade desses mesmos valores. Assim, os debates na comunidade do Instituto Rio Branco no Facebook , as trocas de artigos e de fichamentos e este diálogo indireto realizado por meio dos relatos de preparação de candidatos aprovados são manifestações necessárias desse espírito cooperativo, que serve a superar certas assimetrias e desafios que se impõem, sobretudo, aos candidatos fora dos grandes centros. Por essa razão, acho por bem começar este relato com um apelo àqueles que forem bem sucedidos nos próximos concursos para que mantenham essa tradição de confeccionar seus próprios relatos. Essa é uma tradição que vem desde muito antes de eu sequer cogitar a carreira diplomática como opção, e de cujas fontes eu me servi para dar os passos iniciais na minha preparação. Então, acho legal sempre ter isso em mente: dar um pouco de volta à comunidade de aspirantes à carreira diplomática, de modo a facilitar um pouco esse percurso tão difícil para aqueles que, enfim, serão nossos futuros colegas. Acho também relevante enfatizar a insuficiência e a parcialidade inerentes a este relato. Certamente não se trata de um “guia da aprovação” ou de um “mapa do caminho”, mas uma perspectiva individual e bastante específica sobre o concurso e a preparação. Cada candidato segue um percurso muito peculiar, e mesmo relatos completos, abrangentes e brilhantes como o do Bruno Rezende, primeiro colocado no CACD de 2011, são apenas uma visão possível do concurso. Daí, novamente, a importância de vários relatos, pois o confronto e a comparação dessas múltiplas parcialidades é que permitem ao candidato definir individualmente o seu planejamento, ao invés de meramente seguir um relato único como uma espécie de manual com uma estrutura obrigatória de planejamento ou um guia de bibliografias supostamente indispensáveis. Assim, neste relato , proponho apenas uma sugestão como efetivamente fundamental:

Relato de Preparac_a_o Para o Concurso de Admissa_o A_ Carreira de Diplomata - Guilherme Raicoski

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  • Relato de preparao para o Concurso de Admisso Carreira de Diplomata Guilherme Raicoski

    Comentrio iniciais

    Prezados, uma satisfao apresentar ao pessoal da Comunidade Instituto Rio Branco alguns comentrios sobre minha preparao que, felizmente, deu frutos no concurso de 2013.

    Sempre acreditei que os relatos de preparao dos aprovados so um meio complementar muito relevante para dar algum norte aos aspirantes carreira diplomtica. Como se sabe, o CACD um concurso que apresenta desafios muito peculiares, como a disperso de conhecimentos, a impossibilidade de condensar o contedo como um todo em apostilas gerais e a dificuldade de acesso a informaes e a materiais fora do eixo Rio-So Paulo-Braslia.

    Acredito que esses desafios demandam do candidato uma postura diferente daquela comum nos demais concursos. Em muitos processos seletivos para outros cargos da burocracia estatal, a informao e o contedo so geralmente acessveis e com alguma facilidade, comprados em dinheiro. O mesmo no ocorre no CACD. Enquanto os certames em geral possibilitam - em verdade, exigem - uma postura autocentrada e individualista na preparao, o CACD demanda uma postura cooperativa. No deixa de ser sintomtico que, em um concurso que visa obteno de cargo em instituio que preza os valores de solidariedade e interdependncia, a preparao otimizada quando o candidato cr na efetividade desses mesmos valores.

    Assim, os debates na comunidade do Instituto Rio Branco no Facebook, as trocas de artigos e de fichamentos e este dilogo indireto realizado por meio dos relatos de preparao de candidatos aprovados so manifestaes necessrias desse esprito cooperativo, que serve a superar certas assimetrias e desafios que se impem, sobretudo, aos candidatos fora dos grandes centros. Por essa razo, acho por bem comear este relato com um apelo queles que forem bem sucedidos nos prximos concursos para que mantenham essa tradio de confeccionar seus prprios relatos. Essa uma tradio que vem desde muito antes de eu sequer cogitar a carreira diplomtica como opo, e de cujas fontes eu me servi para dar os passos iniciais na minha preparao. Ento, acho legal sempre ter isso em mente: dar um pouco de volta comunidade de aspirantes carreira diplomtica, de modo a facilitar um pouco esse percurso to difcil para aqueles que, enfim, sero nossos futuros colegas.

    Acho tambm relevante enfatizar a insuficincia e a parcialidade inerentes a este relato. Certamente no se trata de um guia da aprovao ou de um mapa do caminho, mas uma perspectiva individual e bastante especfica sobre o concurso e a preparao. Cada candidato segue um percurso muito peculiar, e mesmo relatos completos, abrangentes e brilhantes como o do Bruno Rezende, primeiro colocado no CACD de 2011, so apenas uma viso possvel do concurso. Da, novamente, a importncia de vrios relatos, pois o confronto e a comparao dessas mltiplas parcialidades que permitem ao candidato definir individualmente o seu planejamento, ao invs de meramente seguir um relato nico como uma espcie de manual com uma estrutura obrigatria de planejamento ou um guia de bibliografias supostamente indispensveis. Assim, neste relato, proponho apenas uma sugesto como efetivamente fundamental:

  • submeter o que eu estou escrevendo aqui a um dilogo com suas prprias experincias de preparao, com outros relatos e com o conhecimento de colegas e de professores, rejeitando o que no se coadunar com sua viso prpria sobre o CACD e eventualmente encontrando alguma utilidade em um ou outro ponto. Alis, haja vista a assumida parcialidade deste relato, desde j peo desculpas pela extenso. Infelizmente, tendo prolixidade, e o texto acabou ficou mais longo do que eu gostaria.

    Por fim, um comentrio sobre o relato em si. Vou evitar tratar de questes pessoais, financeiras e motivacionais. Sei que so questes-chave para a preparao e, talvez, as principais fontes de angstia de muita gente. Fao isso porque sei que minha trajetria foi muito especfica, e tambm porque, enfim, certamente ser uma voz inspiradora no a minha praia. Prefiro me focar em esmiuar a estratgia de estudo que segui no ltimo ano e meio de preparao, em certos princpios que adotei para organizar meus estudos e meu planejamento, compartilhar algumas bibliografias e estratgias de seleo bibliogrfica que me foram teis, alm de expor minhas impresses a respeito de forma.

    Espero que os comentrios a seguir lhes sejam teis e que, de alguma maneira, contribuam para o xito em seus projetos!

    Guilherme RaicoskiDezembro de 2013

  • Impresses gerais sobre estratgias de planejamento de estudos

    Diante do vasto contedo cobrado no concurso, da segmentao desse conhecimento em diversas reas do conhecimento e das diferenas de cada prova e de cada fase do concurso, sempre achei importante ter um planejamento especfico de estudos. Em cerca de trs anos e meio de preparao, devo ter tentado dezenas deles, alguns sendo descartados aps uns poucos dias, outros durando mais. Essa experincia de tentativa e erro (e erro, e erro, e mais erro) serviu para encontrar certas estratgias que me serviram continuamente desde o fim da 4a fase de 2012, quando fiquei por volta da 70a colocao ao final do concurso.

    Sei que muitos candidatos no seguem nenhum mtodo, mas, para mim, as fases de estudo aleatrio sempre foram muito improdutivas e fontes de ansiedade, pois a falta de mtodo me dava a impresso de contedo infinito e de pouco ou nenhum avano no estudo dirio.

    A seguir, compartilharei quais foram os mtodos que melhor funcionaram para mim e, ao fim, apresentarei a grade de programao que segui desde meados de 2012, na qual os princpios a seguir so implementados na prtica:

    1) O edital e as provas anteriores so as referncias fundamentais

    Parece algo bvio, mas no . No meu primeiro ano e meio de preparao, no seria exagero afirmar que no olhei nenhuma vez o edital e que evitei o guia de estudos com as melhores respostas da 2a e 3a fase at passar no TPS pela primeira vez. Isso algo comum para muitos candidatos, e acredito que seja derivado da grande dependncia que temos dos cursinhos, sobretudo no incio da preparao, e da compreensvel preocupao com o TPS em detrimento das demais fases. O grandes nortes de estudo acabam sendo dois: os cadernos com anotaes das aulas e as dicas bibliogrficas mais disseminadas. Ao invs de atentarmos ao que efetivamente cobrado, sinto que acabamos viciando a nossa preparao com o retorno frequente a um punhado de obras e a anotaes de aula.

    Para mim, foi vantajoso orientar meus estudos a partir do que consta no edital, estudando cada ponto e partindo para o prximo depois de esgotar o anterior. Cabe, claro, a exceo para algumas matrias:

    - o edital de Portugus certamente no basta para orientar os estudos, embora no possa ser ignorado. Nesse caso, o ideal seguir o manual (ou manuais) de sua preferncia. Durante toda a preparao, usei exclusivamente o manual de Celso Cunha e Lindsey Cintra1, buscando eventualmente complementaes na Internet.

    - deve-se considerar que os pontos do edital em PI, Geografia e Economia devem ser complementados pela questes mais atuais do contexto internacional e brasileiro.

    - o edital de Direito d uma falsa aparncia de equilbrio entre Direito Interno e Direito Internacional Pblico, mas claro pela dinmica histrica do concurso que direito interno, apesar de ter alguma relevncia no TPS, tem peso muito inferior a DIP na 3a

    1 Nova Gramtica do Portugus Contemporneo.

  • fase. Na diviso de tempo de estudo, deve-se levar em conta que, dos 865 pontos em jogo no concurso, cerca de 3 pontos envolvero Direito Interno e mais de 100 envolvero DIP. Embora Direito Interno tenha tido papel relevante na 3a Fase de 2013 - vide as questes 3 e 4 da prova -, o aprofundamento nos estudos de DIP mantm-se muito mais relevante que o de Direito Interno.

    2) Estudo por temas e tpicos, no por obras

    Estudar por temas, para mim, sempre foi mais produtivo do que estudar por obras, por quatro razes.

    Em primeiro lugar, muito raro que uma obra especfica inclua todas as variveis e vises possveis a respeito de um determinado tema. E, claro, no so raras as obras muito ruins e/ou imprecisas.

    Em segundo lugar, as diferentes extenses e complexidades das obras fazem com que a nfase nas matrias seja desequilibrada. bastante comum, sobretudo no incio da preparao, que o estudo se concentre em obras consagradas, fato que acaba gerando uma nfase excessiva em temas de Histria do Brasil e questes histricas de Poltica Internacional em detrimento dos demais contedos, sobretudo lnguas. De sada, passa-se, talvez, duas semanas em um fichamento completo feito a mo do Histria da Poltica Exterior do Brasil, de Amado Cervo e Clodoalbo Bueno, seguida de mais duas semanas de fichamento da Histria do Brasil de Boris Fausto, e mais um bom tempo lendo Os Donos do Poder do Raymundo Faoro do incio ao fim. Essa a descrio dos meus primeiros momentos de preparao: mais de um ms de Histria do Brasil, e sequer um minuto para as demais matrias. Isso certamente prejudica o equilbrio na preparao e o desempenho nas provas. Ao deixar de estudar uma disciplina por semanas ou uma matria por meses, nos desacostumamos com a linguagem especfica dessa disciplina e esquecemos tpicos que j deveriam estar consolidados. Assim, no acredito que o mtodo de estudo mais eficaz envolva a leitura/fichamento de uma lista de bibliografias em sequncia linear, mas sim subordine as leituras aos temas e matrias em foco em determinado momento do programa de estudos.

    Em terceiro lugar, no sei quanto a vocs, mas eu acho muito cansativo ler obras densas sem parar, retomando-as dia a dia. Pensem, por exemplo, em Formao Econmica do Brasil, de Celso Furtado. uma obra cansativa, com linguagem densa, e que, na minha opinio, s deve ser lida aps se dominar conceitos bsicos de micro e de macroeconomia. O desempenho do estudo do final da obra, para mim, fatalmente era muito inferior que no incio. E, note-se, a segunda metade de Formao Econmica do Brasil muito mais relevante que a primeira para o CACD. Lembro tambm, por exemplo, de detalhes das primeiras pginas de Era das Revolues do Eric Hobsbawn, como a altura de soldados da Pomernia, mas no de detalhes da Era Napolenica descritos na mesma obra. Para mim, rodzio de obras e de temas renova o interesse e adia o cansao.

    Por fim, o estudo por temas permite um ataque multidimensional ao tema. Ao invs de estudar, por exemplo, ininterruptamente a chamada bblia vermelha2 e me dedicar en passant s 10 pginas que a obra dedica poltica externa de Eurico Gaspar Dutra, achava mais produtivo estudar a PEB de Dutra em uma rodada de estudos especfica, em que passaria pela bblia, pela obra Sessenta Anos de Poltica Externa, por artigos retirados do site Scielo, por textos clssicos na coleo Histria Geral da Civilizao Brasileira, melhores respostas dos Guias de Estudos para perguntas que trataram do tema etc. Pode-se comparar informaes entre uma obra e outra com a memria de leitura fresca, e se produzir um fichamento consolidado que condense todo esse conjunto

    2 Histria da Poltica Exterior do Brasil,

    de Amado Cervo e Clodoaldo Bueno.

  • de informaes, saturando o estudo de um tema em curto tempo ao invs de dispers-lo ao longo da preparao.

    3) Prioridade ao estudo permanente de idiomas

    As mudanas que ocorrem no concurso tendem a ser mais ou menos como ocorrem a reforma do Conselho de Segurana das Naes Unidas e as reformas estruturais no Brasil: ao invs de mudanas radicais em um s lance, elas ocorrem paulatinamente, de maneira orgnica no decorrer dos anos. Talvez a mudana mais sensvel nos ltimos anos tenha sido o retorno das vagas oferecidas aos patamares histricos de 30 por ano, e isso tem efeitos no desempenho no concurso. O principal efeito da reduo de 100 vagas para 30 vagas foi o aumento da importncia relativa do estudo de idiomas. Explico:

    Se vocs notarem as notas dos candidatos que ficaram nos 50 ou 60 primeiros lugares desde 2011, percebe-se uma certa homogeneidade nas notas em certas matrias, como Histria do Brasil, Poltica Internacional, Geografia e, mais notadamente em 2013, Economia e Direito. As bandas entre as quais as notas flutuam tendem a ser no muito grandes, como por volta de 70-75 em Histria do Brasil e PI, por exemplo. As flutuaes mais radicais ocorrem justamente nas matrias em que esto envolvidos os conhecimentos lingusticos: Segunda Fase, Ingls, Espanhol e Francs. Na minha opinio, o que realmente tem sido o fator diferencial entre uma excelente colocao e a aprovao tem sido o desempenho em lnguas.

    De acordo com essa percepo, que notei aps o desempenho pfio em 2012 que tive em Ingls e Espanhol e o abaixo da mdia na Segunda Fase e em Francs, decidi enfatizar o estudo de lnguas no decorrer da preparao. E para melhorar o desempenho em idiomas, parece-me fundamental uma revisita constante, de preferncia semanal, a todas as lnguas. Mais frente neste relato, na grade do meu plano de estudos, podem notar que, enquanto o estudo da maioria das matrias era quinzenal, o de idiomas era semanal. Isso porque, sem tal estmulo, perdemos as habilidades lingusticas e no temos o domnio e, sobretudo, a fluidez para escrever sobre temas complexos e sob presso em francs, espanhol, ingls ou portugus culto.

    Nesse contexto, no basta um bom conhecimento de cada lngua, mas um domnio suficiente para completar as atividades propostas nas provas de 3a e 4a fase no exguo tempo disponvel. E isso exige prtica.

    Ento, creio que, mais do que em quaisquer outras matrias, o estudo de idiomas para o CACD deve ser planejado, frequente e no ser deixado para a vspera. Em um contexto de 30 vagas - que no se sabe ainda por quanto tempo permanecer o paradigma -, desempenhos insuficientes em idiomas so o principal obstculo aprovao.

    No custa enfatizar, pois essa foi, talvez, minha principal concluso aps minha no aprovao no CACD 2012: o bom desempenho em idiomas o principal diferencial para alcanar a aprovao, pois o desempenho em lnguas entre os candidatos de alto nvel irregular e muito menos homogneo do que nas demais matrias. H, assim, maior espao para obter ganhos marginais que incrementem o desempenho total.

    4) Treino de todas as habilidades exigidas no concurso, sobretudo a escrita

    Sei que esse um conselho difcil de seguir para quem no conseguiu passar pelo TPS. Contudo, como as demais fases se do em curto espao de tempo, muito difcil desenvolver as habilidades de escrita e de organizao de contedo apenas aps a aprovao na 1a fase. Mais do que vomitar contedo nas provas discursivas, parece ser

  • mais relevante saber organizar esse contedo em um texto objetivo, coerente e organizado, com uma tese clara e argumentos especficos. Mais frente, apresentarei como exemplo a minha resposta questo 1 da prova de Histria do Brasil deste ano, em que, acredito, consegui fazer tal organizao com algum xito.

    Assim, creio que seja importante dividir o estudo a partir do que ser necessrio para a aprovao no CACD. Na minha sistematizao, seriam elas:

    - leitura e fichamento de contedos;- leitura e desenvolvimento de habilidades em idiomas;- resoluo de questes objetivas estilo CESPE/TPS;- produo de textos de 2a fase- produo de textos de 3a fase- produo de textos de 4a fase

    Acredito ter sido relevante para a melhora no meu desempenho revisitar essas habilidades sistematicamente em um determinado perodo de tempo, conforme, novamente, est exposto na minha grade de estudos. Esse estudo integral, creio, pode ser eficiente inclusive para aqueles que ainda no passaram no TPS, porque a escrita de questes instrumento importante para instrumentalizar de maneira ativa contedos adormecidos em nossa mente, com os quais, no raro, tivemos contato to somente por meio de uma atividade de leitura passiva.

    No creio, contudo, que a produo de textos de 3a fase deva fazer parte da rotina daqueles que esto iniciando a preparao para o CACD, pois simplesmente no h contedo disponvel para trabalhar a forma de expressar esse contedo. Nesse caso de incio de preparao, acho que no h muita vantagem em fazer exerccios discursivos de 3a fase antes de se completar uma volta completa por todos os contedos do edital.

    5) Efetuar um rodzio frequente de disciplinas

    Como j adiantei no ponto 2, acho muito cansativo ler uma obra especfica ou estudar apenas uma matrias durantes horas, dias e semanas a fio. O rodzio de disciplinas me pareceu importante para manter o interesse em meio mirade de contedos e evitar a atrofia de conhecimentos de outras matrias.

  • Grade de planejamento de estudos

    Tendo em mente os princpios acima, que defini como orientadores do meu planejamento de estudos, cheguei grade de estudos presente na prxima pgina. Essa grade corresponde a um regime de dedicao exclusiva ao concurso, com cerca de 8 horas dirias de estudos cronometradas. Para uma leitura mais clara do que ela significa, segue uma breve explicao abaixo:

    - O tempo de estudo era sempre cronometrado. Isso significa pausar o cronmetro quando fizesse uma pausa, um lanche ou atendesse o telefone, por exemplo. Assim, 5 horas lquidas de estudo duravam 7 ou 8 horas corridas, contando essas pausas;

    - Dividi o meu tempo de estudos em trs grandes blocos: (i) leituras e fichamentos; (ii) exerccios TPS; (iii) exerccios discursivos. Ao concluir cada bloquinho desses em cada matria, marcava o quadrado correspondente com um X;

    - A dinmica era a seguinte: dedicava-me durante 3 a 5 horas (dependendo da matria) a leituras e fichamentos, de acordo com o ponto em que estivesse no edital. Em seguida, fazia exerccios estilo TPS (caso a matria anterior fosse Histria Mundial, Direito, Economia, Portugus ou Ingls) por cerca de 1 hora. Depois, selecionava aleatoriamente uma questo de alguma prova de 3a ou 4a fase de anos anteriores e a fazia sem consulta, buscando fazer as questes de menor extenso em at 1 hora e as de maior extenso em at 1h15. Feito isso, passava matria seguinte e repetia essa dinmica. Ou seja: leitura HB exerccio 3a fase HB leitura Histria Geral exerccios TPS Histria Geral leitura PI exerccio 3a fase PI Leitura Direito Exerccios TPS Direito Exerccio 3a fase Direito etc.

    - Um exemplo para ficar mais claro: em uma segunda-feira, comearia por leituras e fichamentos de textos associados ao tema da vez no edital (por exemplo, 1.1 A configurao territorial da Amrica Portuguesa. 1.2 O Tratado de Madri e Alexandre de Gusmo) durante 5 horas cronometradas. Aps isso, partia direto para um exerccio discursivo, digamos, a questo 3 da prova de 2007. Sempre dava preferncia a fazer uma questo que tratasse de tema distinto ao que trabalhei na leitura e fichamento. Aps fazer a prova, comparava com a questo selecionada do Guia de Estudos e via quais foram minhas falhas e onde o desempenho foi bom. Terminado esse ciclo, estudaria 2 horas de Histria Mundial e faria 1 hora de exerccios TPS d Histria Mundial. Depois, 5 horas de PI, 1 hora de exerccio discursivo, e assim por diante. A minha expectativa era sempre completar um grande ciclo em um perodo de 10 a 14 dias, aps o qual eu voltaria primeira matria: Histria do Brasil.

    - No custa enfatizar, pois sei que confuso:-Estudo 5 horas de Histria do Brasil. Terminado, marco um X;- No estudo TPS de HB, e passo direto para um exerccio de 3a fase de Histria do Brasil. Terminado, marco um X;- Estudo 2 horas de Histria Mundial. Terminado, marco um X;- Fao uma hora de exerccios CESPE colhidos no site questes de concursos sobre Histria Mundia. Terminado, marco um X- Estudo 5 horas de Poltica Internacional. Terminado, marco um X;- No fao exerccios TPS de PI, e passo direto para exerccio discursivo de PI.

  • Terminado, marco X;- E assim por diante.

    - GT, presente na tabela exerccios discursivos, refere-se a atividades de meu grupo de estudos. Semanalmente, selecionvamos quatro temas presentes no edital do concurso, e cada um fazia um fichamento sobre o tema, que ento circulvamos entre ns.

    - Notem que eu no fazia exerccios TPS de Histria do Brasil, PI ou Geografia. A razo a escassez de oferta de exerccios desse tipo na Internet. H muito poucas questes de Histria do Brasil em outros concursos, as questes de PI versam pesadamente sobre atualidades, o que fazia das questes antigas pouco relevantes para a minha preparao, e as questes de Geografia estilo TPS so horrorosas, ano a ano, e so mais uma fonte de desinformao que de estudo. Ento, aps leituras de HB, PI ou Geografia, partia direto para o exerccio discursivo. Por isso as linhas tracejadas nos bloquinhos correspondentes a exerccios TPS dessas matrias na grade de estudos.

    - Nesse esquema, h uma exceo, como j comentei anteriormente, para lnguas. Buscava estudar ao menos 1h00 de Ingls, de Francs e de Espanhol semanalmente, alm de fazer alguns exerccios, seja de provas anteriores, seja passados por professores. O famoso esquema de ler notcias em lngua estrangeira diariamente nunca deu certo para mim. Eu no tinha a disciplina para tanto, no sentia grande avano ao fazer meras leituras de notcias e, enfim, tomava muito tempo em um cronograma bastante apertado. Ao final de duas semanas de estudo, portanto, enquanto a maioria dos bloquinhos teria apenas dois X (na primeira ou na segunda semana do ciclo de estudos), lnguas sempre teriam dois X (em toda semana do ciclo de estudos)

    - Um ltimo comentrio: esse o planejamento de estudos que segui at 2 semanas antes do TPS. Aps isso, a dinmica de estudos mudou, e foi bastante aleatria.

    Na pgina a seguir, consta a tabela, com marcaes correspondentes aos estudos de um ciclo feito entre 10 e 23 de junho. Se tiverem dvidas em relao tabela, no hesitem em me perguntar.

  • - Ciclo: 1 tpico de leitura -> 1 tpico de exerccios objetivos -> 1 tpico de discursivos -> 1 tpico de leitura -> 1 tpico de exerccios objetivos -> 1

    tpico de discursivos ->...

    - Leituras e atividades de idiomas, alm de atividades do grupo de estudos, feitas semanalmente; todo o resto, quinzenalmente

    - Tempo mximo do ciclo: 14 dias (incio segunda de manh da semana 1, final no domingo noite da semana 2).

    Matrias

    Matrias 10-16/06 17-23/06 24-30/06 20/04-05/05 01-07/07 08-14/07 15-21/07 22-28/07

    Leitura

    (5 horas HB,

    PI e 2a fase;

    2 horas

    Geografia e

    HM; 1h00

    hora

    idiomas; 3

    horas o

    restante)

    HB

    HM

    PI

    Direito

    Geografia

    Economia

    Portugus

    2a fase

    Ingls

    Francs

    Espanhol

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    Exerccios

    TPS

    (fazer

    apenas HM,

    Direito,

    Economia,

    Portugus e

    Ingls). 2

    horas de

    HB

    HM

    PI

    Direito

    Geografia

    Economia

    -----------------

    X

    -----------------

    -----------------

    -----------------

    -----------------

    X

    -----------------

    X

    -----------------

    -----------------

    -----------------

    -----------------

    -----------------

    -----------------

    -----------------

    -----------------

    -----------------

    -----------------

    -----------------

    -----------------

    -----------------

    -----------------

    -----------------

    -----------------

    -----------------

    -----------------

  • exerccios

    em

    portugus e

    em ingls;

    demais, 1

    hora

    Portugus

    Ingls X

    X

    X

    Exerccios

    discursivos

    (1-2 horas,

    exceto GT,

    que pode

    chegar a 4h,

    idioma,s em

    mdia 3h, e

    2a fase 6h)

    GT

    HB

    PI

    Direito

    Geografia

    Economia

    Ingls

    Francs

    Espanhol

    2a fase

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    Aulas Armstrong

    Vivian Muller

    -----------------

    X

    X

    X

    X

  • Contedo: Bibliografia e seleo bibliogrfica

    No h como fazer uma lista bibliogrfica fechada, principalmente em matrias baseadas pesadamente em atualidades, como Poltica Internacional. Nestas, a bibliografia dispersa, e penso que, mais que seguir uma lista fixa de obras obrigatrias, mais vantajoso elaborar estratgias de seleo bibliogrfica. A seguir, escrevi uma lista de obras que acredito terem sido relevantes para a minha formao, mas que nem de longe esgotam tudo que estudei.

    O esgotamento de contedo em algumas obras no possvel e, creio, nem desejvel. Acredito que a preparao para o CACD passa por duas fases. A primeira delas uma fase de homogeneizao, ou seja, o processo de conhecer ao menos os fundamentos de todo o contedo cobrado no concurso e de nivelamento com os, digamos, 300 candidatos mais competitivos do concurso. Nessa fase, concordo que existem algumas obras bsicas cuja leitura importante para alcanar o quanto antes o patamar de homogeneidade de preparao com candidatos competitivos. A segunda fase a de diferenciao, que no meu caso envolveu o aprofundamento e a busca do domnio dos contedos fundamentais, a nfase em leituras diferenciadas e na busca de um qu a mais. Essa parte mais dependente da estratgia de seleo bibliogrfica e da prtica da escrita, que vai alm das obras mais conhecidas e passa pela autonomia do candidato em buscar sua diferenciao.

    Como disse, a lista de obras a seguir e as estratgias de seleo bibliogrfica no chegam perto de contemplar a totalidade do que estudei, mesmo porque h uma srie de artigos, captulos, cadernos e aulas que li, bons e ruins, dos quais no me lembro aps 3 anos e meio de preparao. Mas acredito que o importante ajudar vocs a trilharem seus prprios caminhos, ento, segue minha contribuio, assumidamente parcial e incompleta.

    Parntesis: Fichar as leituras ou apenas ler?

    Um rpido comentrio em relao a fichamentos. Eu aderi a eles tardiamente, mas acredito terem sido importantes para a melhora no meu desempenho. Uma das mais notveis habilidades do nosso crebro a de esquecer, e a fixao de detalhes e de argumentos em estudos de contedos volumosos , para mim, desafiadora pela via passiva da mera leitura. Uma postura ativa, elaborando fichamentos, incrementou a minha fixao de conhecimentos. Ainda, h outras duas vantagens: em meio s provas, o fichamento o meio por excelncia de reviso, pois existe uma impossibilidade fsica de revisar todos os livros, artigos e captulos estudados; e, tambm, os fichamentos servem como moeda de barganha com outros candidatos, possibilitando a cooperao para obter mais trabalhos e agregar sua biblioteca. Ento, embora saiba que muitos candidatos e professores prefiram a mera leitura para cobrir mais contedo no mesmo espao de tempo, as trs vantagens citadas - fixao, fonte de reviso, moeda de barganha - me convenceram a adotar o fichamento.

    Desde j adianto que meu fichamento era por temas, no por obras. Ento, eu tinha um arquivo, digamos 'Era Vargas, ou Desarmamento e no proliferao, nomeados de acordo com os temas previstos no edital, em que eu fichava os diversos livros e artigos que lia. Na hora da reviso, eu tinha um arquivo consolidado sobre o tema com diversas perspectivas diferentes, e conseguia revisar, em poucas semanas, quase todo o contedo.

  • Histria do Brasil

    Em termos de aulas, apesar de conhecer parcialmente o trabalho de outros professores, acho difcil algum que conhea a prova de Histria do Brasil e o CACD to bem quanto o Joo Daniel, do Curso Clio. Tive seguidas experincias de aula com ele em cursos telepresenciais e online, do incio da preparao maratona de 3a fase. Acredito que a aula dele d excelentes subsdios em termos de contedo e de forma, ambos pilares interdependentes para as provas, e recomendo fortemente para aqueles dispostos a investir em aulas de cursinho. Um dos fatores que me possibilitou fazer aulas no Clio, alm da excelncia do professor em questo, foi o fato de ter obtido bolsas de 75% no concurso de bolsas que o Clio faz duas vezes por ano. Sempre busquei caprichar nessas provas para ter acesso a professores como o Joo Daniel, ento, acredito que ficar de olho nos editais do Bolso e se dedicar s provas vale muito a pena.

    Em termos de bibliografias, segue uma listagem que acho relevante. Reitero que no li essas obras em uma lista sequencial, mas a elas recorria na medida em que tivessem informaes concernentes ao tema que estudava no momento. Por isso, no raro meus estudos de Histria do Brasil eram feitos na Biblioteca Pblica do Paran, ou l antes passava para colher 2 ou 3 livros que tivessem ao menos um captulo sobre o tema que estudaria em casa.

    - Manual do Candidato FUNAG de Histria do Brasil: o mais recente manual foi elaborado pelo Joo Daniel, e , de longe, na minha opinio, o melhor manual do candidato lanado na histria do concurso, e o nico que realmente serve ao seu propsito: ser um texto-base de referncia para o CACD. A obra tem o equilbrio necessrio entre cinco perspectivas cobradas no concurso (Poltica Externa, Poltica, Economia, Sociedade e Cultura), com a nfase necessria na Poltica Externa (grosso modo, 3/4 do contedo cobrado no CACD), riqueza de detalhes, estilo elegante e agradvel de ler. Tive a oportunidade de ler quase toda a obra, mesmo ela tendo sido lanada durante o CACD 2013, e lamentei no ter tido em mos uma ferramenta to boa no incio da preparao. Se estivesse no incio da preparao, ou recomeando os estudos com vistas a 2014, usaria esse manual como texto-base, usando-o como a primeira referncia no estudo de determinado tema antes de partir para outras leituras. Est disponvel para download gratuito no site da FUNAG.

    - Manual do Candidato FUNAG de Histria do Brasil antigo: o manual de 2001, de autoria de Flvio de Campos, tem bons momentos, mas peca por ser bastante incompleto. No o usei como fonte de leitura e de fichamento, mas sim como fonte de referncia bibliogrfica. Em cada captulo do livro, esto discriminadas obras clssicas usadas na elaborao no manual. Quando ia estudar qualquer tema previsto no edital, antes consultava as bibliografias citadas no manual para ento busc-las em uma biblioteca ou na internet. Muitas das obras abaixo, alm de outras, foram encontradas justamente pelo recurso a essa obra, e uma boa estratgia de seleo bibliogrfica

    - Histria da Poltica Exterior do Brasil (Amado Cervo e Clodoalbo Bueno) : embora no mais seja mais fonte direta de questes, como o foi at 5 anos atrs, permanece como obra de cabeceira para os candidatos ao CACD. Consultei-a com frequncia, diversas vezes, e acredito que deve estar presente nos estudos temticos at governo Figueiredo (inclusive). A partir de Sarney, a obra no me agrada.

    - Sessenta anos de poltica externa brasileira (coordenadores Jos Albuquerque, Ricardo Seitenfus e Srgio Henrique Nabuco de Castro): enquanto o HPEB serve como fonte de

  • dados e conhecimentos especficos, os diversos artigos dessa obra trazem teses especficas e argumentos fundamentados. Gosto de todos os artigos do livro, e, embora no contemplem todas as dimenses da PEB ps-1930, sempre retornei a esses artigos quando estudava os temas que abordava.

    - Volumes 1, 2 e 3 da Coleo Histria do Brasil-Nao da Fundao Marpfre: cada volume conta com cinco artigos, tratando de poltica externa, poltica interna, economia, sociedade e cultura. A maioria dos artigos excelente, muitos deles elaborados por corretores da banca de Histria do Brasil no CACD, e questes tm sido retiradas das obras. Recomendo, sobretudo, os textos de poltica externa. No recomendo, contudo, o volume 4 da coleo: ele trata de um perodo muito vasto (1930-1964, ou seja, toda a Era Vargas e toda a Repblica Liberal), o que torna os artigos fatalmente menos aprofundados.

    - Colees Histria Geral da Civilizao Brasileira (organizada por Srgio Buarque de Hollanda e Boris Fausto): essas obras so clssicos que sempre senti um tanto esquecidos pelos demais candidatos ao CACD. Claro que alguns textos dessas obras contam com historiografias um tanto desatualizadas e alguns so simplesmente fracos, mas no geral, para mim, foram fontes sensacionais para o meu processo de diferenciao. Acredito ser vlido, no estudo de um tema, colher algum dos livros da coleo que tenha um artigo sobre o tema. So 25-30 pginas amareladas e empoeiradas que podem fazer a diferena.

    - Navegantes, bandeirantes e diplomatas, de Synesio Sampaio: a obra seminal para estudo da formao das fronteiras brasileiras. Fundamental para o estudo das fronteiras. A parte sobre navegantes no abordada no concurso, ento pode ser pulada.

    - Histria do Brasil, de Boris Fausto: foi a primeira obra que li para o concurso. Li uma vez, nunca mais voltei a ela, e sinto que no fez diferena. um excelente texto geral, mas devido nfase do concurso em poltica externa, acredito que o Manual Funag do Joo Daniel e demais textos acima so mais relevantes.

    - Obras temticas: Os Donos do Poder, De Raymundo Faoro; O Tempo Saquarema, de Ilmar Rohloff, A Construo da Ordem/Teatro das Sombras, de Jos Murilo de Carvalho, O Tempo de Capanema, de Simon Schwartzman, Cidadania no Brasil, de Jos Murilo de Carvalho; Soldados da Ptria, de Frank McCann; Ideias em movimento, de Angela Alonso: coloquei todos esses livros juntos porque so obras grandes, de centenas de pginas, que tratam de temas especficos, com historiografias bem especficas. Creio ter sido importante conhec-las, mas no ter lido algumas integralmente. Essas obras em geral defendem uma tese especfica, e o livro se destina a trazer dados e argumentos para subsidiar a defesa dessa tese. Ento, eu no recomendaria l-la integralmente, mas ao menos entrar em contato, ler a parte introdutria e a concluso e algumas partes do desenvolvimento, de modo a conhecer e instrumentalizar os argumentos disponveis.

    - Textos de Gerson Moura: os textos de Gerson Moura, em diversas obras, so sempre fonte privilegiada para uma viso lcida sobre a poltica externa brasileira.

    - Internet: no h como subestimar a relevncia da internet para buscar contedos. H sites, como o Scielo e do CPDOC da FGV, que trazem artigos especficos sobre temas do concurso, que podem fazer parte do conjunto de obras em um estudo temtico. No Google, embora o que se encontra deva ser considerado com cautela, no raro encontrei

  • informaes especficas e artigos valiosos, que ou esclareceram leituras anteriores ou trouzeram novos dados. Devo s buscas na internet, por exemplo, o bom desempenho na questo deste ano sobre o ISEB, pois eu tinha feito um fichamento consolidado sobre think-tanks da Repblica Liberal (ESG, ISEB, IBAD e IPES) com base em artigos achados na internet, por ter visto a relevncia dessas instituies para o desfecho de abril de 1964. Ento, quando estudar cada aspecto de um tema, sempre bom buscar mais coisas na internet, para alm dos livros e das anotaes de aula.

    - Artigos e obras recentes dos membros da banca do concurso: em 2012, cobrou-se questo de 3a fase que seria bem respondida com recurso a artigo de Francisco Doratioto no volume 2 da coleo Histria do Brasil-Nao; em 2013, tambm houve questo de 3a fase que seria bem respondida com artigo cientfico de Antnio Carlos Lessa. Ento, tem sido importante, para evitar surpresas, conhecer as obras mais recentes dos membros da banca de HB.

    - Mais: pode-se buscar obras clssicas de Histria do Brasil na Internet e nas referncias bibliogrficas dos dois manuais do candidato FUNAG. Na medida do que se julgar necessrio, h nesses meios referncias de obras importantes para cada tema, que podem ajud-los a consolidar a homogeneizao e buscar a diferenciao. Certamente eu poderia ficar lembrando de todos os fragmentos de texto de HB que li, mas acredito que no esse o propsito, afinal, no existe um s caminho para o Itamaraty. Acho que coloquei as obras gerais que foram mais importantes para mim, e a seleo bibliogrfica especfica de vocs pode seguir essa estratgia internet-referncias bibliogrficas-referncia ao edital.

    Poltica internacional

    Tive aulas com os professores Paulo Afonso, do Clio, e Thomaz Napoleo, do Curso Atlas. Cada um tem uma abordagem: enquanto o Paulo Afonso enfatiza aspectos estruturais e histricos da PI, o Thomaz faz abordagens de flego sobre questes mais atuais. Ambas so complementares e os dois professores so brilhantes para dizer o mnimo, mas me identifiquei mais com o estilo do Thomaz.

    Os meus estudos de Poltica Internacional foram provavelmente os mais fragmentados, e feitos quase que exclusivamente pelo computador. Meu mtodo era pegar um tema e dissecar todas as possveis dimenses desse tema.

    Por exemplo, em estudos do ponto do edital Poltica externa chinesa e relaes entre China e Brasil. Eu dividia em dois fichamentos, uma para poltica externa chinesa, outro para relaes China-Brasil. Eu caava informaes sobre os princpios da poltica externa chinesa no site do MRE chins e da embaixada da China no Brasil, em artigos buscados na internet, em anais de conferncias sobre a China da FUNAG, entrava no site do MDIC para levantes dados de comrcio... Enfim, seria impossvel discriminar todas as minhas fontes de estudo de PI. Ento, seguem as estratgias que orientavam a busca dessas fontes:

    - Busca de dados de comrcio no site do MDIC, do Banco Mundial e da OMC;- Busca, leitura e fichamento de fontes primrias, como tratados, memorandos de

    entendimento, declaraes presidenciais conjuntas, declaraes de cpula, temas discutidos em de Estado;

    - Buscar no site do MRE (na sala de imprensa) o que se discutiu sobre o tema nos ltimos 12-18 meses;

  • - Buscar no site da FUNAG obras especficas sobre o tema;-Buscar em sites de jornais nacionais e estrangeiros sobre informaes

    atualssimas, tendo as necessrias precaues de filtrar as informaes permeadas por parcialidades e partidarismos atravs do prisma da poltica externa brasileira.

    - Assistir ao canal do MRE no Youtube.

    As fontes acima sero fundamentalmente fontes de dados. Esses dados precisam ser amarrados por teses e estruturas argumentativas, que deve necessariamente refletir a viso da diplomacia brasileira. Ento, fundamental sempre ter em mente que os dados levantados pelas fontes acima devem ser amarrados pelos princpios da poltica externa brasileira. No saberia indicar obras especficas para tanto. Compreendi tais princpios aos poucos, com a leitura de discursos, de declaraes imprensa, de manifestos e de artigos e obras de diplomatas, que acabam trazendo em seu bojo essa estruturao argumentativa e axiolgica.

    Essas fontes de dados serviam para esclarecer os seguintes pontos:

    a) Em temas sobre pases e relaes bilaterais/birregionais (grosso modo, pontos 2 a 15 do edital)

    - Quais os princpios de poltica externa do pas/regio?- Quais os objetivos de poltica externa do pas/regio?- O que aconteceu de mais relevante nesse pas/regio nos ltimos anos?- Qual o histrico da relao do Brasil com esse pas/regio?- Quais os princpios que regem a relao do Brasil com esse pas/regio?- Quais os objetivos da relao do Brasil com esse pas/regio?- O que aconteceu de mais relevante na relao do Brasil com esse pas/regio nos ltimos anos?

    b) Em temas especficos (grosso modo, pontos 16 a 21 do edital)- Perspectiva e desenvolvimento histrico do tema;- Centralidade do tema na agenda internacional contempornea;- Relao desse tema com os princpios gerais da poltica externa brasileira (por

    exemplo, desenvolvimento, no ingerncia...);- Princpios especficos da poltica externa brasileira nesse tema (por exemplo, em

    mudana do clima: responsabilidades comuns porm diferenciadas, evitar a ultraconcentrao em medidas de mitigao, ...);

    - Posicionamentos e medidas concretas do Brasil sobre o tema;- O que aconteceu de mais relevante no tema nos ltimos anos;- Aes mais relevantes do Brasil no tema nos ltimos anos;

    Histria Mundial

    Parece-me importante modular o estudo das matrias de acordo com o seu peso relativo no concurso. Em suas diferentes fases, o concurso soma um total de 865 pontos em jogo. Destes, apenas 10, cerca de 1% do total de pontos do concurso, trata diretamente de Histria Mundial. De resto, Histria Mundial aparece como elemento acessrio em algumas questes de outras matrias.

    Mesmo que a matria tenha peso relativamente grande no TPS, aps os primeiros meses de preparao, sempre estudei Histria Mundial de modo muito coadjuvante,

  • esquecendo-a por meses e empreendendo uma reviso para o TPS a partir do momento que sasse o edital.

    No cronograma de estudos que inclu neste relato, Histria Mundial conta com um peso relativamente grande, mas isso porque ele envolve um perodo imediatamente pr-TPS. Entre agosto/2012 e maio/2013, no li uma linha de Histria Mundial. Naturalmente, no digo que esse o caminho que vocs devam seguir, afinal, como reiterei aqui alguma vezes, este relato no uma frmula incontornvel para passar no concurso. Mas, enfim, foi essa minha abordagem de Histria Mundial, bastante marginal em relao s outras matrias.

    Em termos de aulas, no destaco nenhum professor em particular. O centro dos meus estudos baseou-se em leituras.

    Em Histria Mundial, diferentemente das demais matrias, jamais fichei nada, justamente para economizar tempo diante do peso relativo pequeno da matria e da sua ultraconcentrao em termos mais genricos no TPS.

    Seguem algumas obras:

    - As Eras de Eric Hobsbawn: so histricas favoritas do concurso, mas no minhas. Li Era das Revolues integralmente e algumas partes de A Era do Capital e de Era dos Extremos. So textos brilhantes, riqussimos em informaes. Muitas informaes. Informaes demais. Talvez o recurso ao livro seja interessante para aprofundar alguns temas mais speros do edital, mas, ao menos para mim, ler os Eras me parece algo extremamento demorado e com elevados custos de oportunidade, considerando o peso de HM no concurso.

    - Histria da Civilizao Ocidental vol.1, de Burns: livro direto ao ponto, trabalhando, talvez, uns 70% do edital. Acho que o melhor livro para comear e para revisitar a ttulo de reviso para o concurso, complementado pelas duas fontes abaixo.

    - Novo Manual do candidato FUNAG Histria Mundial Contempornea, de Paulo Fagundes Visentini: Pessoalmente, acho um manual bastante bom! Foi a minha principal fonte de estudos de reviso no perodo pr-TPS, juntamente com o Histria da Civilizao Ocidental do Burns. Recomendo a leitura.

    - Wikipedia(sobretudo em lngua inglesa): a Wikipedia em ingls uma fonte espetacular de estudos para Histria Geral. Quando estudava os temas de Histria Geral, sempre ia ao Wikipedia em ingls ou em espanhol (para temas de histria latino-americana por exemplo) para aprofundar informaes e buscar detalhes. Mesmo que vez ou outra tenha alguma informao dissonante, uma fonte protagonista, que, creio, no deve ser descartada.

    Geografia

    Se h uma matria em que aulas de cursinho foram centrais para a minha preparao, foram as de Geografia. Tive aulas com os professores Thiago Rocha e - com mais frequncia - Joo Felipe, no Curso Clio Online e Telepresencial. O Thiago Rocha excelente, mas s tive aulas no incio do curso. Meu percurso com o Joo Felipe foi mais longo, e difcil economizar elogios. As aulas so completas, muito organizadas, repletas

  • de dados e de dicas de bibliografia. Nesse caso, minhas anotaes de aula do Thiago e do Joo Felipe foram principais fontes bibliogrficas e de reviso.

    J de sada alerto que o estudo que vocs faro em Geografia serve quase que exclusivamente para a Terceira Fase. A prova de geografia no TPS , ano aps ano, uma tragdia: imprevisvel, mal elaborada, adentrando com grave impreciso em outros campos que no a geografia. , sem dvida, a pior prova da Primeira Fase, no por ser difcil, mas por ser extremamente mal feita. Em termos de preparao para o TPS, eu abandonei por completo o estudo de geografia, por ser simplesmente intil diante da baixa qualidade das questes de Primeira Fase.

    No mais, seguem algumas dicas:

    - Obras de Milton Santos: o importante para a prova de geografia, creio, no seja ler e fichar as obras em sua inteireza, mas seus principais argumentos. Minha ttica com Milton Santos foi semelhante que considero mais adequada para as obras temticas de Histria do Brasil: ler algumas pginas, folhear os textos, tentar captar a linguagem e os argumentos usados. importante conhecer e saber usar o jargo miltonsants, baseado em dualidades como espaos fluidos e viscosos, luminosos e opacos, alm de Regio Concentrada, meio natural, meio tcnico, meio tcnico-cientfico-informacional e suas subdivises, definio de espao, rugosidades etc. Li integralmente a obra Brasil, Territrio e Sociedade no incio do sculo XXI, alguns pedaos de Por uma outra globalizao, e foi isso. O recurso a anotaes de aula e a guias de estudo foi mais relevante para aprender os conceitos.

    - Obras de Bertha Becker: jamais li nenhuma, mas a citei com desenvoltura em vrias provas. No se pode exagerar a relevncia dos estudos de Amaznia de Bertha Becker para a prova, vez que a perspectiva dela paradigma para a poltica de desenvolvimento e de conservao do espao amaznico desenvolvida e implementada pelo Poder Pblico brasileiro.

    - Geografia: pequena histria crtica, de Antonio Robert Moraes: membro histrico da banca de geografia e autor deste livro, que inclui basicamente tudo que necessrio saber sobre histria do pensamento geogrfico.

    - Demais obras: parece relevante conhecer ao menos a existncia e sobre o que falam certas obras centrais da geografia, com o fim de cit-las. Dou alguns exemplos:

    - Antropogeografia e Geografia Poltica: Friedrich Ratzel- O Espao Urbano e Geografia Conceitos e Temas: Roberto Lobato Corra- Leis da migrao: Ernst Ravestein- A teoria das fases de transio demogrfica, de Warren Thompson- Os conceitos de Geopoltica, tema cada vez mais central no concurso: buscar os estudos de Alfred Mahan, Halford Mackinder, Friedrich Ratzel.

    - Guias de estudo: os fichamentos das melhores questes de provas anteriores selecionadas no guia de estudos foram boa maneira para ver os conceitos que sempre aparecem e como esses conceitos fundamentais da geografia so usados no contexto de uma questo.

    - Internet: ferramenta muito importante para complementar as informaes obtidas pelos meios acima. Buscava autores, temas e conceitos na internet para comparar com as

  • anotaes e aprofund-las.

    - Fontes primrias: por fontes primrias, me refiro a relatrios, levantamentos, estatsticas e censos. Os sites do IBGE, da ONU e da burocracia nacional so fontes de diversas informaes, como por exemplo:

    - Balano Energtico Nacional- Censo 2010- REGIC 2007- Censo agropecurio 2006- Plano Nacional de Logstica e Transporte- Plano Safra da Agricultura Familiar- Relatrio sobre a Situao da Populao Mundial da ONU- Plano Amaznica Sustentvel- entre outros.Em cada tema especfico (energia, rodovias, meio ambiente) buscava documentos

    no site da burocracia federal que se relacionassem ao tema. Buscas no google, do tipo Amaznia plano Ministrio Meio Ambiente, hidroeletricidade brasil ibge, muitas vezes bastavam para encontrar muitos documentos e dados. Neste site, em particular, tem muita coisa: http://downloads.ibge.gov.br/downloads_estatisticas.htm

    Como h muita informao, deve-se selecion-la, e os relatrios devem ser lidos em sua parte substancial, porque costumam ser longos.

    Economia

    O contedo de Economia divide-se em quatro grandes partes: Microeconomia, Macroeconomia, Economia Internacional e Formao Econmica do Brasil. Para cada uma, adotei uma abordagem especfica:

    MicroeconomiaEstudei quase que exclusivamente pelo livro do Mankiw. Em alguns pontos,

    sobretudo Teoria do Consumidor, em que costumava patinar um pouco, recorri ao Pindick e a buscas na Internet (estas, sobretudo, para esclarecer pontos especficos como efeito-preo, efeito-renda e efeito-substituio, alm de definies mais sofisticadas sobre Bens de Giffen, por exemplo).

    Atualmente, Microeconomia tem peso bastante reduzido no concurso. bastante representativo no contexto do TPS, mas pouqussimo na Terceira Fase. Naturalmente, isso pode mudar, e fato que o bom desempenho em Microeconomia tem peso marginal relvante no TPS, pois grande parte dos candidatos vai bastante mal. No algo a ser ignorado, certamente, mas o estudo de Micro foi coadjuvante na minha rotina.

    MacroeconomiaBaseei meus estudos basicamente nas seguintes fontes:

    - Introduo economia, do Mankiw: bom para os conceitos bsicos e para a compreenso das relaes entre variveis macroeconmicas. Deve ser ponderado, contudo, que se trata de uma obra que tem como pano de fundo a economia dos Estados Unidos, o que faz do estudo apenas de Mankiw insuficiente para a Macroeconomia do CACD.

  • - Contabilidade Social - A Nova Referncia das Contas Nacionais, de Carmen Feij: o pessoal costuma estudar os captulos 3 e 5, baseados na antiga listagem de bibliografias oferecida pelo CESPE, mas eu estudei os captulos 1, 2, 5, 7 e incio do 9, na medida em que fossem relevantes para o tema que estudava no edital.

    - Dados e documentos dos sites do IPEA, MDIC, e Banco Central: por meio da internet, possvel ter acesso a documentos consolidados, a notas de imprensa e a estudos de conjuntura demonstrando como andam as diversas variveis macroeconmicas do Brasil e suas relaes, como cmbio, juros, dficit pblico, poltica fiscal, poltica monetria, dados de comrcio exterior, balano de pagamentos etc. Vale muito a pena circular pelos sites dessas trs instituies, de modo a trazer para a prtica brasileira os conceitos fundamentais de Macroeconomia.

    Em especfico, recomendo os links abaixo, embora no apenas eles:

    -Sala de imprensa do MDIC: http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/sala-imprensa/busca-noticias.php

    -Estatsticas de comrcio exterior do MDIC: http://www.desenvolvimento.gov.br//sitio/interna/interna.php?area=5&menu=566

    -FAQ do Banco Central do Brasil: o BCB tem um FAQ especfico acessvel diretamente pelo site do Banco Central. No desse FAQ que falo, mas de um outro que acessava pelo google. Digitem no Google, sem aspas, faq bcb pdf, e surgiro diversos resultados, com arquivos de .pdf tratando de diversos pontos do edital em linguagem simples, direta e abrangente. Um link direto este: http://migre.me/h8tYZ

    -Carta de Conjuntura do IPEA: traz o panorama econmico momentneo do Brasil e do mundo em linguagem sem rodeios e em todas as variveis: http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_alphacontent&view=alphacontent&Itemid=59

    Economia internacional

    - Mankiw : til para os conceitos bsicos e instrumentais - Sites acima- Relatrios da UNCTAD: http://unctad.org/en/Pages/Publications.aspx- World Trade Reports na OMC: no lia esses relatrio inteiramente. Lia o incio, o fim, e folheava o miolo e lia partes que julgava mais centrais para os fins do concurso: http://www.wto.org/english/res_e/reser_e/wtr_e.htm

    Formao econmica do Brasil

    - Anotaes do curso de FEB do professor Daniel Sousa, do Curso Clio: foram a base fundamental dos meus estudos. Eu considerava esse caderno como um megafichamento. Quando estudava os temas de FEB, comeava estudando por essas anotaes e depois as complementava com estudos em outras fontes, achadas fundamentalmente na internet.

    - Formao econmica do Brasil, de Celso Furtado: cai quase todo ano. importante conhecer essa obra intimamente a partir de sua parte IV.

  • - Artigos encontrados no google: quando queria aprofundar um tema especfico, simplismente jogava o tema no google e buscava algum artigo, dissertao de mestrado ou algo do tipo. Digamos, funding loan, tema explicado de maneira superficial com frequncia. Escrevo no google, sem aspas, funding loan pdf, e aparece um belssimo artigo do Marcelo de Paiva Abreu (autor do Ordem e Progresso, que jamais li) sobre os funding loans brasileiros: http://ppe.ipea.gov.br/index.php/ppe/article/view/142/77

    Direito

    Uma das principais fontes de estudo foram os cadernos de aula dos professores Ricardo Victalino e Guilherme Bystronski. Extremamente organizados e detalhados, so um excelente ponto de partida para o estudo tema a tema. Para Direito Interno, no usei nada alm das anotaes das aulas do Victalino. Para DIP, alm das aulas do Guilherme, recomendo ainda:

    - Manual de Direito Internacional de Valrio Mazzuoli: no costuma figurar entre os manuais indicados, mas foi o nico manual geral que usei. Gosto muito, porque bastante completo em comparao s demais obras nacionais, um trabalho de pesquisa de flego, alm de didtico e agradvel de ler. A obra, contudo, demanda cuidados. Trata-se de uma obra claramente militante, defendendo posies minoritrias na doutrina, mas que visam ao avano de certos aspectos do Direito Internacional, como o status diferenciado aos direitos humanos. Deve-se tomar cuidado com certos argumentos do autor, como a ideia de que a Declarao Universal de Direitos Humanos de 1948 jus cogens ou que tratados internacionais sobre direitos humanos equivalem Constituio, por no serem esses os entendimentos correntes.

    - Fichamento dos Guias de Estudos: Direito a prova em que as questes mais se repetem. Assim, conhecendo os argumentos usados nas provas, voc pode instrumentaliz-los no contexto de suas provas que tenham questes parecidas ou iguais. tambm uma maneira de conhecer a linguagem e a forma apreciadas pela banca.

    - Textos indicados no Curso de Aperfeioamento para Diplomatas do Instituto Rio Branco: bela descoberta derivada das aulas do Clio. Alguns textos so doutrinariamente ousados ao extremo, mas, no geral, costumam incluir temas previstos no edital de modo aprofundado e, no raro, foram clara inspirao de questes da 3a fase: http://www.institutoriobranco.mre.gov.br/pt-br/curso_de_aperfeicoamento_de_diplomatas_-_cad.xml

    - Sites do Mercosul, da OMC, da ONU, da Unio Europeia, do Conselho da Europa e da OEA / Comisso Interamericana/ Corte Interamericana de DH: principal fontes para estudo de estrututa institucional, histrico e funcionamentodessas instituies.

    - Textos de tratados e de legislao: sempre acho que fontes primrias so melhores que artigos sobre essas mesmas fontes primrias. Ento, eu lia e anotava os principais pontos dos tratados mais cobrados, como Convenes de Viena sobre Imunidades, Conveno sobre Direito dos Tratados, Tratado de Roma, Estatuto do Estrangeiro, CF/88 etc.

    - Artigos recentes dos membros da banca: importante ver quais so os temas de preferncia dos membros da banca. Antenor Madruga, um dos membros da banca, uma das maiores autoridades do pas em cooperao jurdica internacional, com uma srie de artigos publicados e encontrados facilmente na internet. No deveria ser surpresa o peso

  • desse tema na 3a fase deste ano.

    Portugus

    Meus estudos de Portugus eram feitos fundamentalmente pelo Celso Cunha e pela Internet. Aps algum tempo, o meu estudo se baseou em um retorno frequente a fichamentos dos temas que me causavam mais problemas (regras de uso de hfen, diferenas entre adjunto adnominal e complemento nominal, decorar figuras de linguagem, estrutura das palavras). Passei a estudar esses temas quinzenalmente, o que os tornou menos ridos.

    Mas acredito que, assim como em Ingls, a melhor maneira de estudar Portugus por exerccios. O site Questes de Concursos tm uma oferta imensa de provas, e sempre vale a pena fazer e refazer as provas anteriores de portugus e, aps isso, efetuar um levantamento dos erros.

    Lnguas

    A maneira mais eficiente de estudar lnguas durante minha preparao foi fazer exerccios estilo TPS (para ingls) e 3a/4a fase com frequncia, seja orientado por professores, seja individualmente.

    Para exerccios TPS, no apenas de lnguas, mas das demais matrias, a principal fonte foi o site Questes de Concursos (que, alis, foi tambm minha fonte privilegiada de exerccios para as demais matrias em que fazia exerccios estilo TPS). Eu no gostava de fazer as questes diretamente no site, mas de fazer o download de provas de ingls/histria mundial/portugus de diversos concursos e resolv-las integralmente antes de verificar gabaritos.

    Para exerccios 3a fase, fazia questes de provas anteriores sozinho (comparando depois com as melhores respostas), ou orientado por professores. Para ingls, gostava do curso de exerccios de redao estilo 3a fase do Curso Clio, mas acredito que consegui desmistificar a prova de maneira mais clara com as aulas do professor Rodrigo Armstrong. Digo isso, sobretudo, por perceber a relevncia de estratgias especficas de resoluo de prova e que, devido natureza da prova e do tempo, o ideal no complexificar em excesso os argumentos, palavras e estrutura, com uso obsessivo de palavras extravagantes decoradas na vspera. O importante fluidez, objetividade, coerncia e qualidade da linguagem. Em francs, fui orientado online pelo excelente professor Samir Hattabi. Em espanhol, disciplina da qual parti do zero, comecei com aulas particulares em Curitiba com a professora Patricia Rodrigues, e segui com exerccios online com a Nelly Gamboa para consolidar a redao.

    Em relao a estudos, nunca funcionaram para mim estratgias de fazer leituras de notcias diariamente, elaborar grandes listas de vocabulrio e coisas do gnero. Meu estudo de leituras era, basicamente, ler provas anteriores dos guias de estudo, revisar exerccios que fiz sozinho ou com orientao de professores e consultar dicionrios quando necessrio. Buscava, contudo, ler textos de outras matrias em ingls com frequncia, e, durante minhas rotinas de estudo, meu descanso era basicamente deitar na cama e assistir CNN. Quando ouvia uma palavra interessante, buscava no dicionrio, e esperava, de repente, us-la em algum exerccio eventualmente. O que eu fazia e achava particularmente til era fazer uma lista de correes e erros das atividades com cada professor. Escrevia o que tinha errado em determinado exerccio de determinado idioma, colocava a forma correta, a explicao para a incorreo e escrevia algumas frases treinando a forma correta da palavra/expresso que errei.

  • Segunda Fase

    A Segunda Fase sempre foi a fase que mais me assustou no concurso. Era um temor que, acredito, foi alimentado pelo incio da minha preparao para segunda fase em cursinhos. Ter recebido zeros, descontos imensos de gramtica, listagens de palavras supostamente proibidas, foi algo que atentou contra a minha confiana e que, sinceramente, no ajudou meu texto a evoluir.

    Depois de fazer a Segunda Fase em 2012, percebi que o rigor na correo da forma era muito menos idiossincrtica do que me fora passado. Os descontos e a exigncia da banca me pareceu ser muito mais em termos de qualidade de contedo. Ento, havia duas barreiras a superar: em primeiro lugar, o contedo; em segundo lugar, a excessiva cautela com a forma.

    O curso com a professora Vivian Muller me ajudou a superar as duas deficincias - embora no a insegurana, a herana maldita do incio da minha preparao. Embora eu saiba que muita gente tem desempenhos fantsticos sem preparao especfica de flego para a segunda fase, a melhor estratgia para superar minha insegurana com o desempenho da segunda fase foi melhorar meu contedo. A Vivian repassou uma profuso de bibliografias especficas, que busquei ler e fichar com grau de prioridade/tempo de dedicao semelhante ao que dedicava a Histria do Brasil e Poltica Internacional. Passei a acreditar que, ok, s a gramtica salva, mas que s o contedo aprova. Meu estudo envolveu, embora no somente, principalmente as seguintes obras:

    - O Romantismo e a ideia de Nao no Brasil, de Bernardo Ricupero

    - Literatura e sociedade, de Antonio Candido

    - Dispersa demanda, de Luiz Costa Lima (primeiro captulo)

    - Ideias em movimento, de Angela Alonso

    - Razes do Brasil, de Srgio Buarque de Hollanda

    - Redes de indignao e esperana, de Manuel Castells

    - Os trs tipos puros de dominao legtima, de Max Weber

    - A tica protestante e o esprito do capitalismo, de Max Weber

    - Legitimidade e outras questes internacionais, de Gelson Fonseca Jr.

    - Pesquisa na internet sobre os estudos de Zygmunt Bauman e Pierre Bourdieu

    Busquei ler as obras indicadas pela Vivian e buscar outras, sendo estas instrumentais para o meu processo de diferenciao, para que meu texto fosse, tanto quanto possvel, diferente em termos de contedo dos demais. Todo mundo cita Srgio Buarque, mas trabalhar Bauman, Weber ou Ilmar Rohloff algo mais raro, e, acreditava, poderia ser premiado pela banca conhecer e manejar o argumento desses autores.

    Nos aspectos de forma, que trabalharei a seguir, as explicaes da Vivian me serviram em basicamente todas as demais provas, aprofundando a impresso que eu j tinha de que a forma to ou mais vital que o contedo no CACD.

  • Forma: estratgias de resoluo de prova

    No CACD, creio que o contedo claramente se subordina forma. No interessa saber apenas mostrar que voc conhece o contedo, mas amarr-lo em um texto formalmente coerente. Ao meu ver, essa coerncia formal envolve os seguintes aspectos:

    - No apenas jogar os contedos na questo, mas organiz-los em uma tese que ser explicitada no incio da questo;

    - Usar os argumentos de autoridade e as citaes no como argumentos em si, mas como suporte para os seus prprios argumentos. Como diz o amigo Pedro Piacesi, tambm aprovado neste ano, o texto deve expressar a sua voz, e no tomar de emprstimo a voz de terceiros.

    - Amarrar o contedo com princpios, conceitos gerais, termos consagrados e jarges (estes no na Segunda Fase!) tpicos de cada matria.

    - Responder as questes de maneira equilibrada. No raro, uma pergunta incluir, na verdade, dois, trs ou quatro questionamentos. Se a questo de prova estiver perguntando, em verdade, trs elementos (por exemplo, a questo 2 de Histria do Brasil de 2013), deve-se dedicar o mesmo espao a cada um desses elementos.

    - Planejar a estrutura antecipadamente. impossvel fazer rascunhos na Terceira Fase, mas me parece essencial definir antecipadamente o que escrever, em um pequeno esquema a ser feito em 5 minutos.

    Para exemplificar mais ou menos como eu aplicava essas ideias acima em uma questo, coloco como exemplo minha questo 1 na prova de Histria do Brasil deste ano. Acho um bom exemplo porque acho que todos esses aspectos, acredito, esto presentes na questo, e porque consegui nota mxima nela. Abaixo, consta o scanner da questo e, a seguir, o modo como apliquei os pontos acima.

    Questo 1: Disserte sobre as relaes Brasil e Inglaterra no perodo de 1808 a 1831

  • Prova Escrita - Histria do Brasil - Questo 1

    https://www.security.cespe.unb.br/IRBR_13_DIPLOMACIA/Disc...

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  • Prova Escrita - Histria do Brasil - Questo 1

    https://www.security.cespe.unb.br/IRBR_13_DIPLOMACIA/Disc...

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  • Prova Escrita - Histria do Brasil - Questo 1

    https://www.security.cespe.unb.br/IRBR_13_DIPLOMACIA/Disc...

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  • Em relao aos pontos que eu buscava seguir ao fazer uma questo desse tipo, seguem os comentrios:

    - No apenas jogar os contedos na questo, mas organiz-los em uma tese que ser explicitada no incio da questo e Usar os argumentos de autoridade e as citaes no como argumentos em si, mas como suporte para os seus prprios argumentos.

    Achei importante no apenas falar quais foram os aspectos das relaes entre BR e Inglaterra no perodo (tratados desiguais, negociao da independncia, transmigrao da corte). Esses exemplos, para mim, deveriam servir a uma tese. O argumento que busquei usar que o que orientou as relaes entre BR e ING foi uma subordinao deliberada do interesse nacional por parte dos Bragana com o fim de manter a dinastia, e que isso ensejou um paradoxo: sacrificou-se o interesse nacional para manter a Coroa, mas as contradies geradas pela aceitao das relaes com a ING em termos pesadamente assimtricos foi a base para, justamente, desestabilizar a dinastia e levar as elites nacionais a retirarem o apoio a D. Pedro I. Os argumentos e os exemplo que apresento nos pargrafos sempre dialogavam com essa tese inicial, no estando soltos, mas servindo de suporte a essa tese.

    - Amarrar o contedo com princpios, conceitos gerais, termos consagrados e jarges (estes no na Segunda Fase!) tpicos de cada matria.

    Cada matria tem termos que cabem em quase toda questo. Nessa questo em particular, busquei usar expresses e conceitos como lgica de dependncia assimtrica, ensaios de autonomia, periferizao, entropia regencial, metrpole interiorizada, enfim, termos correntes em livros e artigos que tratam de histria das relaes exteriores. Em PI, parece-me importante usar termos frequentes em documentos diplomticos e discursos (articulador de consensos, ativa e altiva etc); em Direito e Economia, jarges tpicos da matria; em Geografia, os seminais conceitos de Milton Santos e Bertha Becker, alm dos conceitos e geopoltica (piv geogrfico, heartland...). So esses conceitos e princpios gerais que amarram a questo, dando unidade e ligando exemplos e eventos especficos a fenmenos e estudos mais gerais.

    - Responder as questes de maneira equilibrada. No raro, uma pergunta incluir, na verdade, dois, trs ou quatro questionamentos. Se a questo de prova estiver perguntando, em verdade, trs elementos (por exemplo, a questo 2 de Histria do Brasil de 2013), deve-se dedicar o mesmo espao a cada um desses elementos.

    Nessa questo, havia apenas uma pergunta., ento no apliquei esse princpio aqui. Contudo, se houvesse trs perguntas, eu faria uma diviso aritmtica do espao. Dedicaria cerca de 13 linhas introduo, 5 linhas concluso, e as 72 linhas restantes dividiria em trs, tentando dedicar cerca de 24 linhas para cada questionamento.

    - Planejar a estrutura antecipadamente. impossvel fazer rascunhos na Terceira Fase, mas me parece essencial definir antecipadamente o que escrever, em um pequeno esquema a ser feito em 5 minutos.

    Meu rabisco da estrutura era mais ou menos o seguinte:- TESE: subordinao do interesse nacional para manter a coroa de bragana

    (trabalhar isso em introduo de 10 a 15 linhas)- 1a parte (1808-1822): bloqueio, transmigrao, tratados desiguais (tarifas,

    extraterritorialidade, trfico), expedio militar contra Guiana. Ensaio de autonomia: intervenes na Cisplatina e abertura dos portos s naes amigas) ( 2 pargrafos, 15 a 20 linhas cada)

    - 2a parte (1822-1831): citar Amado Cervo e Clodoaldo Bueno (crtica aos termos

  • de negociao do reconhecimento), participao de mercenrios britnicos na guerra de independncia, interesse britnico na independncia x disposio de Dom Pedro em sacrificar interesse nacional, novos tratados desiguais (tarifas, trfico, no atrair colnias africanas, independncia enquanto concesso lusa), guerra da cisplatina ( 2 pargrafos, 15 a 20 linhas cada)

    - 3a parte: consequncias das relaes: paradoxo fundamental -> subordinou interesse nacional para manter Coroa, mas subordinao do interesse nacional contrariou elites internas e ensejou a instabilidade e queda de Dom Pedro (1 pargrafo, 15 a 20 linhas)

    Era basicamente assim: colocava a tese que orientaria a minha questo, apresentando-a aos poucos na introduo; dividia a questo em grandes blocos mais ou menos simtricos, em que trabalharia um perodo, os eventos que ocorreram e a ligao de tudo isso com a tese; colocava uma palavra/expresso em cada grande bloco que representa os eventos e exemplos que trabalharia em cada bloco. A partir da, minha questo estava basicamente pronta: era s seguir o roteiro e escrever

  • Consideraes finais

    Nessas cercas de 20 pginas, tentei resumir cerca de 3 anos e meio de estudos e o que sobrou, na minha opinio, de mais eficaz aps muitos avanos e recuos, muita tentativa e erro. Todo mundo que se prepara para o CACD passa por esse tipo de frustrao, e natural que percebamos as falhas com clareza apenas no final do percurso. No busquei aqui explicitar rigorosamente tudo que acho sobre o concurso (por essa razo, pouco falei sobre estratgias especficas de TPS ou de 4a fase, porque eu nunca tive uma estratgia especfica para alm da organizao de estudos), mesmo porque seria uma tarefa para a qual, atualmente, realmente falta tempo. A ideia foi colocar as concluses s quais cheguei ao longo da minha preparao e estratgias que, acredito, foram o que me fizeram melhorar e alcanar a aprovao, e claro que esses que considero pontos centrais da minha aprovao no envolvem a totalidade das variveis do concurso.

    Peo desculpas se algumas partes esto confusas e mal escritas - sei que a grade de estudos uma questo desafiadora, por exemplo -, mas acredito que seja tanto consequncia da inevitvel subjetividade da experincia de estudos quanto da pressa em terminar logo. Assim, busquem suprir as lacunas com seus prprios estudos, outros relatos, orientao de professores e bate-papo com outros candidatos, ou no hesitem em me contatar para tirar eventuais dvidas. No prometo uma resposta rpida, mas farei um esforo para tentar ajudar.

    Novamente, fao votos de que este relato lhes seja til na preparao para o CACD. Espero que consigam extrair alguma coisa de relavante e que essas 20 pginas no sejam perda de tempo no escasso cronograma que sei que todos seguem.

    Um abrao, e bons estudos!