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55 Relato social e Contabilidade Domingos da Silva Duarte Docente do ISCAP Domingos_duar [email protected] (Recebido em 28 de Dezembro de 2004; Aceite em 20 de Janeiro de 2006) Resumo O presente trabalho tem como objectivo principal explorar e identificar as ten- dências internacionais divulgadas pelos académicos, sobre a informação social relatada pelas empresas, conhecer as suas carências e os indicadores sociais de gestão que lhe estão associados. Também pretendemos comparar esse relato com as práticas empresariais utilizadas em Portugal e extrair delas as conclusões respectivas para diagnosticarmos o estado actual desse desenvol- vimento. Nessa análise desejamos conhecer os indicadores sociais divulgados e interpretar a sua extensão, tipologia e quantificação dos atributos que lhe es- tão associados. Nesse sentido realizamos um estudo descritivo, apoiados por um guião específico de análise, orientado para a informação de âmbito social divulgada nos Relatórios e Contas do ano 2000, por um grupo de 20 empresas portuguesas constituintes do índice PSI 20 da Bolsa de Valores nacional. Conclu- ímos que a informação e os indicadores sociais contidos nos seus documentos são reduzidos e estão dispersos por vários tipos e fontes, onde prevalece a in- formação tipo descritiva. Nessa informação as empresas respondem às exigên- cias dos normativos contabilísticos nacionais e acrescentam, voluntariamente, outros complementos informativos de âmbito social. Esta situação portuguesa é consistente com a generalidade das tendências e resultados internacionais já identificados por diferentes investigadores em seus estudos similares. Obser- vamos que algumas empresas utilizam indicadores sociais mais abrangentes para a sua gestão interna mas não os divulgam. Igualmente observamos que algumas empresas, objecto da nossa análise, já divulgam externamente con- teúdos de informação social mais inovadores e começam a corresponder às recomendações das Directrizes (2002) da GRI - Global Reporting Initiative, que promovem a divulgação de Relatórios de Sustentabilidade onde se apresente de forma integrada o desempenho financeiro, ambiental e social da empresa. Palavras-Chave: Relato social; Contabilidade dos recursos humanos; Valo- res sociais intangíveis; Balanço social; Responsabilidade social; Indicadores sociais de gestão. Contabilidade e Gestão, n.º 2, 55 - 89

Relato social e Contabilidade - Ordem Contabilistas · relato para os seus órgãos de gestão e também para os agentes econó-micos externos. O modelo actual de relato empresarial,

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Relato social e Contabilidade

Domingos da Silva DuarteDocente do ISCAP

[email protected]

(Recebido em 28 de Dezembro de 2004; Aceite em 20 de Janeiro de 2006)

Resumo

O presente trabalho tem como objectivo principal explorar e identificar as ten-dências internacionais divulgadas pelos académicos, sobre a informação social relatada pelas empresas, conhecer as suas carências e os indicadores sociais de gestão que lhe estão associados. Também pretendemos comparar esse relato com as práticas empresariais utilizadas em Portugal e extrair delas as conclusões respectivas para diagnosticarmos o estado actual desse desenvol-vimento. Nessa análise desejamos conhecer os indicadores sociais divulgados e interpretar a sua extensão, tipologia e quantificação dos atributos que lhe es-tão associados. Nesse sentido realizamos um estudo descritivo, apoiados por um guião específico de análise, orientado para a informação de âmbito social divulgada nos Relatórios e Contas do ano 2000, por um grupo de 20 empresas portuguesas constituintes do índice PSI 20 da Bolsa de Valores nacional. Conclu-ímos que a informação e os indicadores sociais contidos nos seus documentos são reduzidos e estão dispersos por vários tipos e fontes, onde prevalece a in-formação tipo descritiva. Nessa informação as empresas respondem às exigên-cias dos normativos contabilísticos nacionais e acrescentam, voluntariamente, outros complementos informativos de âmbito social. Esta situação portuguesa é consistente com a generalidade das tendências e resultados internacionais já identificados por diferentes investigadores em seus estudos similares. Obser-vamos que algumas empresas utilizam indicadores sociais mais abrangentes para a sua gestão interna mas não os divulgam. Igualmente observamos que algumas empresas, objecto da nossa análise, já divulgam externamente con-teúdos de informação social mais inovadores e começam a corresponder às recomendações das Directrizes (2002) da GRI - Global Reporting Initiative, que promovem a divulgação de Relatórios de Sustentabilidade onde se apresente de forma integrada o desempenho financeiro, ambiental e social da empresa.

Palavras-Chave: Relato social; Contabilidade dos recursos humanos; Valo-res sociais intangíveis; Balanço social; Responsabilidade social; Indicadores sociais de gestão.

Contabilidade e Gestão, n.º 2, 55 - 89

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Abstract

This study envisages to explore and identify international trends disse-minated by academics on social information as reported by companies. It seeks to deepen awareness on its scantiness and the associated manage-ment social indicators. This analysis aims at highlighting the disclosed social indicators and interpret their extent, typology and the measurement of all the associated features. Thence, we realised a descriptive study based on a specific content analysis, oriented toward social information as disclosed in the annual report of accounts, 2000, by a set of 20 portuguese companies belonging to the portuguese Stock Market’s PSI 20.

In this light, we conclude information and social indicators comprised in those documents are scarce and their sources are disperse and displayed in a descriptive manner. Thus, companies provide information responding to national accounting standards and offering, voluntarily, descriptive social information. And yet, the portuguese evidence seems to be consistent with the international trends and results as pinpointed by international academics and researchers. Although companies do not disclose social indicators, we observe that some of them do use more all-embracing ones in line with internal management. Likewise, some companies, which we analyse in this study, disclose more innovative social information contents and they do com-ply with the recommendations as established by the GRI - Global Reporting Initiative Guidelines, 2000, whose scope focuses upon the importance of disseminating sustainable reporting whilst shedding light upon the compa-nies’ financial, environmental and social performance.

Keywords: Social reporting; Human resources accounting; Intangible social values; Social balance; Social responsibility; Management social indicators.

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Justificação do tema

A sociedade moderna está envolvida por grandes e contínuas mudanças do âmbito económico, político, tecnológico, cultural e social com efeitos determinantes na continuidade das organizações empresariais. As empre-sas orientam toda a sua actividade para a criação de valor, elemento in-dispensável para a sua sobrevivência e também para a consecução do êxito da economia em geral, o qual é relatado no modelo tradicional da prestação de contas disponibilizado pela Contabilidade Financeira. Esse relato tende a ser restritivo para os respectivos utilizadores e parceiros sociais, internos e externos, porque omite informação de valores relevan-tes sobre o real desempenho empresarial, como sejam os seus valores sociais intangíveis, e que influenciam a comparabilidade entre os valores de mercado e o contabilístico da empresa. Nesses valores intangíveis in-cluem-se aqueles que estão associados ao desempenho dos Recursos Hu-manos (RH) da empresa e a sua capacidade para corresponder à missão social que lhes está adstrita onde é incluída a partilha de riqueza gerada, o desenvolvimento sustentado e a responsabilidade social inerente à sua actividade global.

Os estudos realizados por diferentes investigadores estrangeiros, desig-nadamente por Campos (1999), Peña (1999), Flamholtz (1999), Nafez e Kamal (2000), IESE - Instituto de Estudios Superiores de la Empresa (2000), ACCOUNTABILITY-Institut of Social and Ethical AccountAbility (2001) e IBASE - Instituto de Análises Sociais e Económicas (2001) evidenciam carências variadas de informação contabilística que não é relatada no modelo tradicio-nal da prestação de contas empresariais. Destas carências destacam-se a escassez de informação, dispersão e falta de modelo informativo adequado, registos de base contabilística insuficientes, indicadores inexpressivos com predomínio de informação descritiva, ausência de comparabilidade entre exercícios económicos sucessivos, registos de responsabilidade social pou-co abrangentes e divulgação externa muito restrita.

Neste contexto de carências pretendemos conhecer as actuais práticas

das empresas portuguesas, comparando-as com as tendências internacio-nais, e com o objectivo de identificar e caracterizar a extensão e atributos do Relato Social da sua actividade. Para o efeito realizou-se um estudo descri-tivo às contas anuais das empresas cotadas na Bolsa de Valores nacional, através duma amostra formada pelas sociedades que constituem o índice PSI 20.

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1.2. Objectivo do Tema

É nosso objectivo inferir sobre o estado actual das empresas portuguesas cotadas na Bolsa de Valores nacional, quanto ao seu relato social, por com-paração com as tendências internacionais observadas e identificadas na revisão bibliográfica, utilizando como amostra as empresas que constituem o referido índice PSI 20.

A estrutura informativa deste artigo inclui quatro partes principais: na pri-meira parte apresentamos a introdução do tema, sua justificação, proposi-ções e metodologia utilizada no estudo descritivo; na segunda parte é apre-sentado o desenvolvimento de contributos teóricos e práticos, recolhidos de diferentes investigadores, no âmbito da informação social e da contabilidade da empresa, onde prevalecem as tendências e carências de melhorias alu-sivas ao relato social, dos respectivos atributos e indicadores sociais, res-ponsabilidade social e ética da empresa; na terceira parte é desenvolvido o estudo descritivo realizado às contas anuais das referidas empresas do índice PSI 20 e seus resultados, comparados com as tendências internacio-nais entretanto conhecidas; e na parte final são apresentadas as principais conclusões derivadas deste trabalho de investigação.

2. CONTABILIDADE E INFORMAÇÃO SOCIAL DA EMPRESA

Neste capítulo identificaremos as críticas observadas por diferentes investigado-res sobre a prestação de contas da empresa resultantes de certas deficiências da Contabilidade Financeira, que omite informação social relevante sobre o desempe-nho dos respectivos recursos humanos (RH) e o relato social da sua actividade.

2.1. Enquadramento crítico ao actual modelo contabilístico

A sociedade moderna, a sua economia e as empresas estão envolvidas num progresso de sucessivas mudanças que reclamam informação empre-sarial de maior qualidade, abrangência e adequada aos diferentes estilos de gestão, dentro e fora da empresa. Essa informação surge, naturalmente, do trabalho desenvolvido pelo sistema contabilístico da empresa e respectivo relato para os seus órgãos de gestão e também para os agentes econó-micos externos. O modelo actual de relato empresarial, associado à sua prestação de contas, não está a incluir informação social interessante para dar satisfação aos actuais e potenciais utilizadores, nomeadamente para conhecer os valores e nível de desempenho dos seus trabalhadores bem como da sua responsabilidade social.

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Os parceiros sociais relacionados com a empresa necessitam de infor-mação suficiente e atempada para tomarem decisões fundamentadas e concordantes com a verdadeira actuação empresarial. Todavia, há valores relevantes na empresa que são omitidos pela Contabilidade tradicional, e então, é crescente o interesse de numerosos investigadores internacionais pela identificação de valores intangíveis empresariais susceptíveis de relato, onde se incluem os associados ao desempenho dos seus RH e respectivo impacto empresarial no âmbito interno e externo a ela mesma.

Como refere Campos (1999) foram desenvolvidos variados estudos sobre os valores intangíveis e em diferentes países, nomeadamente:

• Na Universidade de Nova Iorque em colaboração com a OCDE, para a emissão de informação;

• Na Dinamarca, Suécia, Estados Unidos e Canadá, com preocupações pela medição;

• Na Suécia e com a participação do governo, no sentido de as empresas incluírem informação sobre o seu pessoal nas demonstrações contabi-lísticas;

• O IASC, que aprovou a NIC 9 (1978) sobre Contabilidade das actividades de investigação e desenvolvimento, onde inclui o tema dos intangíveis, que teve posteriores ajustamentos e o seu texto definitivo surge com a IAS 38 versando os activos intangíveis (2004).

2.2. Contributos teóricos sobre o tema em análise

A noção contabilística de RH está associada aos valores sociais intangí-veis da empresa e inclui o Capital Humano (CH), o qual não é considerado no verdadeiro sentido físico mas sim na amplitude das suas competências, desde que aplicadas ao serviço da empresa para a criação de valor acres-centado.

O conhecimento e as habilidades das pessoas aplicados ao serviço de uma organização são factores críticos para o seu desenvolvimento, êxito e sobrevivência, como defendido por Drüker (1993).

A valorização monetária do CH, conforme Campos (1999), agrega variados valores tais como custos de recrutamento, selecção e formação, prestações da empresa ao trabalhador, prestações do trabalhador à empresa, prestações

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mútuas entre o trabalhador e a empresa e a valorização do trabalhador como pessoa independente na sua relação com a empresa. A valorização não mone-tária ou não financeira do CH é representada em modelos não contabilísticos como são exemplos o balanço social e o anexo às contas anuais.

A palavra “social”, no entender de Angulo e Zorita (1998), tem um con-teúdo muito amplo de acepções. Assim, a noção social está ligada a dis-tribuição, seja da riqueza criada e partilhada, seja do poder e distribuição das tarefas e responsabilidades. Aqui surge o conceito de responsabilidade social que, segundo aqueles autores (1998, p.19), significa «a obrigação moral que se adquire com o conjunto da sociedade como consequências dos possíveis erros ou falhas, constituindo-se esta como credora do que actuou com equívoco, o que tem a obrigação moral de reparar ou remediar os efeitos negativos produzidos com o seu erro, ou ao menos procurar não cometê-los no futuro.» Há assim um interesse público, que é definido pelo Código de Ética para o Profissional da Contabilidade e se identifica, segundo os referidos autores (1998, p.20) com o «bem estar colectivo da comunida-de de pessoas e instituições a que serve o perito contabilista.»

As actuais estruturas contabilísticas normalizadas não proporcionam res-postas adequadas às questões de desenvolvimento dos valores sociais e intangíveis nas empresas destinados aos processos de decisão. Nessas insuficiências contabilísticas incluem-se faltas de harmonização internacio-nal e factores restritivos de natureza legal, política, económica, cultural e profissional, que impedem o reconhecimento e prática dos referidos valores, como referido por Gadea (2001-p.1 7).

Nesses intangíveis está englobado o CH que, no entender de Stewart (1999, p.110), «representa a fonte de inovação... e o capital intelectual não é criado a partir de conjuntos discretos de capital humano, estrutural e de clientes mas, pelo contrário, pela interacção existente entre eles.»

As evidências empíricas demonstradas por alguns autores citados por Cañibano et al. (1999), tais como Barth e McNichols (1998), Sougiannis (1999), Lev (1998), indicam que a incapacidade para identificar, estimar e informar o valor dos intangíveis nas demonstrações financeiras, conduzem à subvalorização das empresas, dificultam a adopção de decisões eficientes e facilitam a aparição de ineficiências no mecanismo de formação de preços.

Segundo a AECA (2002), a informação empresarial dos intangíveis inclui o valor do Capital Intelectual (CI) que já mereceu conclusões do Projecto Meritum. Este projecto europeu de investigação tem a participação de seis

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países (Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Noruega e Suécia), a cola-boração de empresas, analistas financeiros, organizações contabilísticas, auditores, e ainda organismos internacionais como a OCDE e a Comissão Europeia e tem em vista a definição de Directrizes para a gestão e difusão de informação sobre os intangíveis. Essas Directrizes orientam-se para pro-porcionar «um marco de referência com validade geral para a identificação, medida e controlo dos intangíveis no seio da empresa e fornecer uma série de critérios úteis para a difusão da informação sobre aqueles intangíveis que constituem elementos determinantes da sua capacidade de criação de valor.» A necessidade de Directrizes, conforme AECA (2002, p.3), «resulta da perda de valor informativo das demonstrações financeiras e que têm grande impacto nas actividades das empresas e também nos mercados financei-ros, cuja falta de informação dos elementos intangíveis pode ser fonte de importantes prejuízos económicos, para os agentes que tomam decisões. No âmbito da gestão empresarial, o desconhecimento desses elementos na empresa pode dar lugar ao desaproveitamento de oportunidades de negó-cio, baseadas em recursos intangíveis em poder da empresa que passam despercebidos aos seus gestores.»

Na ausência de normativos adequados estão a surgir iniciativas volun-tárias para as empresas relatarem informação contabilística de âmbito so-cial, como por exemplo na Suécia onde foi apresentado o novo modelo de balanço do CI, da autoria de Edvinsson (1998, p. 166). Este autor estudou os valores ocultos constituintes do CI, onde se inclui o CH, e afirma que há limitações na sua medida, mas «é melhor estar aproximadamente correcto do que precisamente errado.» Então, este autor identifica (1998, p.31) o CH como «toda a capacidade, conhecimento, habilidade e experiência individu-ais dos empregados e gerentes.»

2.3. Contabilidade Social

A Contabilidade Social (CS) (Corporate Social Accounting), segundo a ACODI (2001, p.10), «representa a informação sobre o impacto social e ambiental das actividades de uma entidade para as pessoas que estão directamente associadas a ela como sejam empregados, clientes, fornece-dores, etc. ou para aquilo que de algum modo se encontra afectado pelas actividades da entidade, assim como o que permite uma valorização dos custos de cumprimento das regras especiais neste âmbito.»

Conforme Elliot e Elliot (2001), a CS inclui aspectos principais de informa-ção financeira e não financeira, derivada das acções económicas empresa-riais junto dos variados públicos. Interessa que essas acções estejam asso-

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ciadas aos efeitos positivos ou negativos no seio da comunidade em geral e resultem do estilo de gestão praticado na empresa. A informação relatada é dirigida às necessidades dos parceiros sociais internos, onde se incluem os gestores e trabalhadores, e aos utilizadores externos como investidores, credores, bancos, instituições governamentais locais e nacionais.

Entretanto, ressurge na Europa o interesse pelo desenvolvimento dos temas social e ambiental, acrescentando-lhes preocupações de auditoria social, diálogo com os parceiros sociais e relatórios comunitários, como salientado por Bebbington et al. (2000, p.3) . Segundo estes autores, mui-tos desses desenvolvimentos estão reflectidos ou resultam de apoios ins-titucionais, como por exemplo os regulamentos Eco-Management and Audit Scheme (EMAS) e EU Fifth Action Programme Towards Sustainability. Outros organismos têm participado nestas acções com iniciativas de Environmental Reporting Awards, a inauguração do Social Reporting Awards Scheme, envol-vendo o European Environmental Reporting Awards, o Institute for Social and Ethical Accountability (ISEA), o Centre for Social and Environmental Accoun-ting Research e o Social and Environmental Issues Committee.

2.4. Contabilidade dos Recursos Humanos (CRH)

A teoria do modelo de CRH foi muito desenvolvida nos anos 60, especial-mente por investigadores americanos, mas os esforços de aplicação ocorre-ram durante as décadas de 80 e 90, salientando-se então uma interessante contribuição de Flamholtz (1999), que nos anos 80 introduziu um modelo de CRH. A CRH tem merecido propostas variadas e procedentes de diversas entidades, nomeadamente associações profissionais e investigadores da matéria, como por exemplo a AAA (1973 e 1974) que definiu a CRH como sendo «o processo de identificação e medida de dados sobre RH e comunica-ção desta informação às partes interessadas.» Aparece também Flamholtz (1974) que definiu e considerou dois objectivos fundamentais da CRH, con-forme Campos (1999, p.127): «1 - Um fim fundamental da CRH é ajudar os gestores a utilizarem de forma efectiva e eficiente os recursos humanos de uma organização. A CRH está pensada para oferecer aos gestores a informa-ção necessária para adquirir, desenvolver, atribuir, conservar, utilizar, avaliar e retribuir aos RH. Desenvolve medidas de custo e valor das pessoas para uma organização, para as utilizar em diferentes decisões de gestão dos recursos humanos»; «2 - Outra finalidade da CRH é ajudar os investidores a obterem informação sobre os activos humanos de uma organização.»

Nessas preocupações incluem-se as de âmbito analítico-social, dirigidas para duas grandes áreas da gestão, nomeadamente a medida e a estraté-

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gia, com procedimentos contabilísticos adequados à análise e avaliação do desempenho dos RH. A gestão destes RH passa por uma criteriosa análise de desenvolvimentos contabilísticos e operações, que poderão ser visualiza-dos na figura seguinte.

Figura n.º 1 – Desenvolvimentos contabilísticos na gestão dos RH

2.5. Estudos empíricos realizados às contas anuais

As contas anuais das empresas, em diversos países, têm sido objecto de estudos de investigação por diferentes autores para confrontarem o relato de informação contabilística com a informação do âmbito social, procurando destacar o desempenho dos seus RH e inferir da utilidade dessa informação para os respectivos utilizadores.

A demonstração social da empresa (CSD - Corporate Social Disclosure) é objecto de diversas referências em estudos desenvolvidos por diferentes au-tores e com base em relatórios e contas anuais. Por exemplo, Nafez e Naser (2000, p.1) desenvolveram um estudo empírico sobre a demonstração social da empresa, com práticas utilizadas na Jordânia e tomaram, para esse efei-to, uma amostra de 143 empresas pertencentes a quatro grupos sectoriais diferentes e que representavam 83 por cento do total de empresas listadas no Amman Financial Market (AFM) dos países árabes, cujos valores de ca-pitalização bolsista excediam os seis biliões de dólares americanos. Nesse estudo os autores procuraram medir, por páginas, a extensão dos atributos

Gestão dos RHna empresa

Registar os factos

Medir os factos

Analisar e avaliar o

desempenho (com Indica-

dores sociais)Premiar /Remunerar/Promover

Reconhecer o bom

desempenho

Criar valores pessoais

e de grupo

Criar valor empresarial

Divulgar resultados

Escolher e aplicar

reajustamentos

Analisar o desempenho

deficiente

Identificar o desempenho

deficiente

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de âmbito social relatados nas respectivas contas anuais, e concluíram que a sua expressão era muito modesta porque o resultado obtido fixou-se numa média de 0,45 páginas por relatório anual. Nessa demonstração destaca-ram-se os atributos de Recursos Humanos e Envolvimento Comunitário cuja descrição se apresentava em modo genérico. Vários autores poderão ser destacados pelos seus trabalhos de investigação e preocupações associa-dos ao nosso tema, com objectivos específicos de desenvolvimento, nome-adamente os que enumeramos seguidamente.

Com o objectivo de observar a informação social nas contas anuais, tam-bém foram realizados em Espanha alguns estudos aos relatórios de varia-das empresas. Peña (1999) desenvolveu um estudo empírico baseado em cinco empresas espanholas de sectores económicos diferentes (química, te-lecomunicações, banca, seguros e adubos químicos), consideradas líderes no seu âmbito de acção, e de grande dimensão organizacional no tocante a número de trabalhadores e nível de facturação. Nesse estudo, o autor pretendia extrair o nível de informação social praticado e suportado em infor-mação contabilística destinada à gestão e controlo social com inclusão de indicadores sociais. A conclusão obtida por este autor foi que todas elas uti-lizam um alargado número de indicadores para controlar os aspectos sociais da empresa e, na maioria delas, incluem informação estatística e gráfica. A informação contabilística para a gestão e controlo social é praticada por todas as empresas mas diferem muito quanto ao conteúdo e finalidade e, por isso, aquele autor alerta para a carência de certa normalização.

Campos (1999) realizou um estudo empírico em Espanha com o objectivo de comprovar se a CRH é ou não útil à tomada de decisões de investimen-to aos utilizadores externos. A conclusão final, segundo a referida autora (1999, p. 677) foi que «apesar da baixa consideração de informação de recursos humanos no balanço e no anexo, em geral, existe uma atitude receptiva importante perante a informação dos recursos humanos para a valorização da empresa» e «...a percepção da influência de tais recursos no êxito empresarial é mais alta no caso das empresas intensivas.»

A AICPA (1994) realizou um estudo sobre a necessidade de informação dos utilizadores da contabilidade e recomenda a melhoria das demonstra-ções financeiras das empresas, fazendo referência à inclusão de informa-ção não financeira do tipo: indicadores mais relevantes sobre o futuro da empresa, determinados recursos que não estão nas demonstrações conta-bilísticas e que possam gerar cash-flows futuros, natureza das actividades que a empresa realiza e como os gestores focalizam as mesmas face à sua manutenção e crescimento do negócio.

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Sveiby (1997) propõe um modelo de informação baseado em variados indicadores não financeiros, destinados a facultar informação útil aos utili-zadores externos e evidenciar a competência, estabilidade e eficiência dos trabalhadores da empresa.

Algumas das propostas referidas anteriormente orientam-se para a capi-talização dos custos de recrutamento, selecção e formação, o que significa efectuar o respectivo registo como um investimento, portanto um activo, em vez do modo como são tratados actualmente, ou seja, considerando-os custos do exercício em que ocorrem.

Os RH, como referido por Bayona (1999, p.2), pertencem aos denomi-nados intangíveis de uma empresa, cujas características básicas são: co-nhecimento, destreza e habilidades, experiência, capacidade de adaptação, lealdade para com a empresa e capacidade de tomar decisões.

Outras discussões, no âmbito do relato, têm surgido e aparecem em va-riados livros e artigos sobre os temas de capital intelectual e gestão do conhecimento. Salienta-se o caso muito conhecido da Skandia, com o intan-gível CI, estudado, promovido e publicado (final dos anos 80) por Edvinsson, reconhecido como o “pai” da Contabilidade do Capital Intelectual, primeiro director empresarial do Capital Intelectual, que tem sido referência de relevo internacional neste âmbito de estudo.

Atendendo às dificuldades existentes, nomeadamente por falta de uma definição precisa e de um critério para o reconhecimento contabilístico dos RH e sua demonstração no actual modelo de contas anuais, poderão ser aventadas duas alternativas, defendidas por Dercksen (1996) e Johanson (1996), citados por Campos (1999, p.176):

• Elaboração de uma demonstração de RH, separada e independente das contas anuais;

• Utilização do anexo, para informar não só sobre a medida do CH, desde a perspectiva do valor mas também comunicando informação não financeira que apoie os utilizadores a formularem opinião sobre a potencialidade de criação de riqueza graças aos trabalhadores da empresa.

2.6. Indicadores sociais para a gestão e o relato externo

Os indicadores sociais, no entender de Carvalho (1999, p. 614) «são ins-trumentos que valorizam a responsabilidade social da entidade, onde se

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envolvem as necessidades dos grupos que participam na sua actividade, nomeadamente os trabalhadores.» Segundo aquele autor poderemos esta-belecer várias categorias de indicadores tendo em conta o grau de complexi-dade da estrutura dos mesmos, como sejam os indicadores primários, que são valores absolutos obtidos directamente do resultado de observações simples; indicadores secundários ou ratios que são resultantes da relação decorrente entre duas variáveis e as relações funcionais ou modelos.

Sveiby (1997) propõe uma série de indicadores não financeiros, destinados a facultar informação específica aos utilizadores externos e evidenciar a competên-cia, estabilidade e eficiência dos trabalhadores da empresa, destacando-se:

Tabela n.º 2. 1 – Indicadores não financeirosIndicadores Identificação

De competência

1 - Número de profissionais ou peritos na empresa2 - Número de anos na profissão3 - Nível de educação4 - Formação5 - Medidas sobre valores e atitudes

De eficiência

6 - Proporção de profissionais na empresa7 - Benefício por profissional8 - Valor acrescentado por empregado9 - Valor acrescentado por profissional

De estabilidade10 - Idade média11 - Antiguidade12 - Rácio de absentismo

Fonte: Campos, 1999, p 152-155, adaptado.

2.7. Responsabilidade social e ética da empresa

O conceito de valor da Responsabilidade Social da Empresa (RSE) está a ser utilizado como um novo paradigma da gestão empresarial. Este tema envolve académicos e profissionais para a integração voluntária de informação empre-sarial com o objectivo de responder a preocupações sociais e ambientais nas suas operações e actividades com os parceiros sociais. Essas práticas cativaram já a atenção de alguns países, nomeadamente anglo-saxónicos, e também a Comissão Europeia, com a edição do Livro Verde (2001). Esse livro surge com o objectivo de criar um debate sobre o modo de fomentar a RSE no âmbito europeu e internacional, orientada para conciliar a obtenção de benefícios empresariais, pela cadeia de geração de valores acrescentados, e o respeito pelos valores so-ciais e éticos da sociedade em geral. O respeito pelos valores empresariais, no âmbito da gestão das pessoas, tende a ser assumido como algo cada vez mais importante para os directivos das empresas na sua actividade de gestão. Esses valores aumentam a qualidade das relações de confiança com os parceiros so-ciais da empresa reflectindo-se na motivação dos colaboradores, na existência

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de um bom clima organizacional, boa imagem corporativa e tende a dar-lhe van-tagem competitiva por uma melhor aceitação da sociedade. Com essa prática, o relato social da empresa surge mais valioso e mais transparente e então, poderá determinar-lhe um intangível positivo importante. Caso contrário, isto é a não éti-ca, poderá desempenhar idêntico efeito mas com sentido negativo.

A actuação da empresa, nos seus deveres e direitos sociais, tem um carácter essencial e resulta do contrato social, de modelo informal entre a empresa e a sociedade, que gera impactos sociais relevantes. Nessas práticas, o controlo de gestão realizado pelos directivos será sustentado em mecanismos de medição e controlo, com recurso a indicadores de RSE e que sejam úteis para a comunidade financeira determinar a classificação creditícia da empresa e do seu rating.

A difusão da informação sobre o comportamento socialmente responsável das empresas deveria assentar em directrizes que garantam comparabilida-de, relevância e fiabilidade, como proposto por Global Reporting Initiative - GRI (2002), cuja iniciativa envolveu várias Organizações Não Governamentais (ONG) norte-americanas e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

O Institute of Social and Ethical Accountability, na sua norma AccountAbi-lity 1000 (AA1000), referenciado em AccountAbility (2001, p.2), promove a qualidade do relato da Contabilidade Social e sua auditoria, focaliza-se nas normas de contabilidade existentes e emergentes, nos processos de ges-tão e comunicação social, desempenho operacional e ética empresarial. As possíveis e principais aplicações desta norma orientam-se para a medida do desempenho, qualidade de gestão, recrutamento e retenção dos emprega-dos, envolvimento externo dos parceiros sociais, relacionamento, riscos de gestão, investidores, governo da sociedade e formação.

No capítulo seguinte iremos apresentar o estudo descritivo já referido, onde analisaremos os relatórios e contas reportados ao ano 2000, referen-tes às empresas constituintes do índice PSI 20, para medirmos a extensão e caracterização da informação social aí divulgadas.

3. RELATO SOCIAL DA EMPRESA: ESTUDO DESCRITIVO ÀS EMPRESAS DO ÍNDICE PSI 20

3.1. Introdução

Neste capítulo apresentamos o estudo descritivo e seus resultados, derivados da análise ao relato social divulgado por um grupo de empre-

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sas portuguesas cotadas na Bolsa de Valores nacional, que constituem o índice PSI 20, e as tomamos como amostra (Apêndice n.º 1). Baseamos a nossa análise na informação contida nos seus documentos de prestação de contas do exercício económico do ano 2000. Para esse efeito, orien-támo-nos pelas preocupações identificadas na revisão da literatura que reflectem a actual insuficiência informativa relatada pela Contabilidade tradicional.

3.2. Objectivos do estudo

O objectivo global deste nosso estudo descritivo é identificar os indica-dores sociais divulgados pelas empresas portuguesas, medir a extensão da Informação Social e caracterizar as melhores práticas de Relato Social, evidenciadas pelas empresas da nossa amostra nas suas Contas Anuais, e fazer a sua comparação com os resultados obtidos em idênticos estudos internacionais.

Como objectivos específicos propomo-nos seguir as preocupações emer-gentes da revisão da literatura, designadamente para:

a) Identificar a situação actual do normativo contabilístico português, so-bre o Relato orientado para os RH e ambiente social das empresas em geral;

b) Analisar a informação contabilística, com incidência nos RH das empre-sas seleccionadas para a nossa amostra e constante dos seus Relatos de elaboração obrigatória e reportados à data de Dezembro de 2000, através dos seus documentos principais: relatório e contas anuais e ba-lanço social;

c) Analisar outros complementos de informação social, de publicação não obrigatória, disponibilizados pelas empresas, via site institucional na In-ternet, boletins informativos internos, cartas da administração e outros documentos com reconhecido interesse social;

d) Identificar os conteúdos e fontes de informação, alusivos ao relato dos valores humanos e sociais das empresas em análise; e

e) Reconhecer os indicadores sociais de gestão, que estão a ser divulga-dos pelas referidas empresas e favoreçam a transparência e utilidade da informação social ao exterior, respeitantes aos seus valores humanos, políticas e práticas sociais.

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3.1. Amostra e sua caracterização

A amostra que seleccionámos é constituída pelo conjunto de 20 empre-sas (identificadas no Apêndice n.º 1), cotadas na Bolsa de Valores de Lisboa e Porto (BVLP) e constituintes do índice PSI 20 das cotações oficiais, em mercado contínuo. Estas empresas são nacionais e associadas também a outras internacionais, que representam diversas actividades económicas, incluindo: serviços financeiros, exploração de auto-estradas, produção de cimento, electricidade e pasta para papel, comércio variado e novas tecnolo-gias de informação e de comunicação. Tais empresas registam apreciáveis valores, no âmbito económico e social, as suas acções têm sido objecto de elevados movimentos bolsistas e as respectivas estruturas de RH registam, em modelo consolidado, quadros de pessoal com números expressivos pelo que as consideramos relevantes para os objectivos do nosso estudo.

3.2. Metodologia

A metodologia seguida para o nosso estudo descritivo começou pela se-lecção da amostra de empresas a analisar, já referidas anteriormente. A fase seguinte passou pela recolha dos respectivos relatórios e contas, publicados e reportados ao ano 2000, por contacto directo com as visadas empresas e também junto da BVLP, para os casos de não resposta ao nosso pedido. So-licitamos, igualmente, às mesmas empresas os respectivos BS, reportados a idêntico exercício económico mas só recebemos 13 BS, em modelo normali-zado e oficial, neles se incluindo algumas empresas da nossa amostra e ou-tras do respectivo perímetro de consolidação de contas. Recebemos também dois BS, em modelo interno e não normalizado, por especial deferência de duas empresas. Procuramos completar a nossa recolha dos BS normalizados das empresas faltosas, junto do Ministério do Trabalho e da Solidariedade - Departamento de Estatística do Trabalho, Emprego e Formação Profissional (MTS-DETEFP), mas foi-nos informado que os mesmos não estavam dispo-níveis ao público, por razões de «segredo estatístico». Apesar da amostra de BS, recolhida das empresas, ser reduzida observamos que a estrutura e conteúdos de informação social e de RH relatados são praticamente idênticos para todas as empresas. Por essa razão, estamos convictos de que as con-clusões da análise realizada aos BS disponíveis poderão revelar as melhores práticas de todo o universo de empresas.

A nossa análise orientou-se para os conteúdos constantes das fontes de informação consultadas, com o objectivo de identificarmos a extensão, atributos e frequência do respectivo relato social. Essas fontes são publica-

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das com carácter obrigatório, nomeadamente: Balanço, Demonstração dos Resultados, Anexo ao Balanço e à Demonstração dos Resultados, Relatório de Gestão ou do Conselho de Administração e Balanço Social. Acrescenta-mos outras fontes de informação, de publicação não obrigatória, nomeada-mente: site institucional na Internet; entrevistas pontuais a responsáveis da empresa e outros documentos internos da empresa (balanço social interno, revistas, boletins e cartas da administração aos accionistas).

Os conteúdos de informação social foram extraídos das fontes informati-vas anteriormente enumeradas, apoiadas por um guião de análise específico (Apêndice n.º 2) que criámos e codificamos segundo técnicas já praticadas na investigação contabilística, como evidenciado por Peña (1999, p.179) e Olivei-ra (2001, p.230). Para facilitar o nosso estudo de interpretação e análise dos conteúdos seleccionados, fixamos o seguinte critério de ponderação das res-postas obtidas, recorrendo ao indicador binário de sim (ponderador 1) ou não (ponderador 0). A informação social seleccionada foi classificada em quatro tipos diferentes: informação financeira (com valores monetários), informação quantificada (com valores não monetários), informação descritiva (sem quais-quer valores e só qualitativa) e informação omissa. A informação assim obtida foi analisada com recurso ao método da frequência estatística.

3.2.1. Fontes e tipo de informação social

Analisamos a frequência das respostas ao nosso guião de análise, deri-vadas da leitura realizada aos relatórios das empresas e comparadas com o universo de atributos (24 atributos) questionados nesse guião, obtivemos as seguintes resultados:

Tabela n.º 3-1 – Frequência das respostas ao guião de análiseFrequência de respostas (em %) Número de empresas com respostas ao guião

Até 25% de respostas 2 empresasMais de 25 e menos de 50% 7 empresasDe 50 a 75% 9 empresasMais de 75% 2 empresas

Assim, as maiores percentagens (acima de 50%) de respostas recolhidas, resultaram de onze empresas, isto é 55 por cento do seu universo.

As fontes de informação consultadas permitiram a construção da tabela 3.2. Aí registamos o número de relatos e respectivo peso percentual, face à amostra de empresas tratada. Sobre o BS, os tipos de informação estão comparados com a respectiva estrutura informativa do modelo oficial que apresenta 151 atributos, incluindo os principais e seus desdobramentos.

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Tabela n.º 3-2 – Fontes e tipo de informação social

Fontes e tipo de informação Financeira Quantificada Descritiva Omissa

N.º % N.º % N.º % N.º %

1 – Balanço 20 100 0 0 0 0 0 0

2 – Demonstração dos resultados 20 100 0 0 0 0 0 0

3 – Anexo ao Balanço e à Demonstração de Resultados

20 100 20 100 15 75 0 0

4 – Relatório de gestão/Conselho de Administração

7 35 17 85 18 90 1 5

5 – Mensagem do presidente na apresentação das contas

0 0 1 5 13 65 6 30

6 – Relatório dos auditores/certificação legal de contas

3 15 0 0 1 5 16 80

7 – Internet (site institucional) 2 10 6 30 8 40 4 20

8 – Revistas/boletins informativos internos 1 5 4 20 5 25 10 50

9 – Outras fontes (cartas aos accionistas, etc.) 0 0 1 5 1 5 19 95

10 – Balanço social 37 24 75 50 0 0 39 26

As percentagens aqui referidas foram determinadas relacionando o nú-mero de respostas obtidas, para cada tipo de informação, e o número de empresas analisadas.

As fontes identificadas nas linhas 1, 2, 3, 4 e 6 são de divulgação obri-gatória, enquanto as restantes 5, 7, 8 e 9 são de divulgação facultativa. A fonte identificada na linha 10 é de elaboração obrigatória mas tem divulgação restrita (não pública).

Salientamos que a informação relatada, do âmbito dos RH, globalmente:

• Está muito dispersa por variadas fontes;

• Tem grande variedade quanto à sua tipologia;

• No Balanço e Demonstração dos Resultados predomina alguma informa-ção do tipo financeira;

• No Anexo e Relatório de Gestão prevalecem relatos simultâneos e comple-mentares com diferentes tipos de informação, isto é, financeira, quantifi-cada e descritiva;

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• O BS contém indicadores de informação muito baseada em valores esta-tísticos e alguns outros com origem na contabilidade (valor acrescentado bruto, custos com o pessoal, higiene e segurança, formação profissional e protecção social complementar);

• Os conteúdos da informação descritiva são muito diversificados;

• Existe muita omissão de informação, seja por não tratamento adequado ou, existindo, as empresas optam pelo não relato e divulgação.

Em estudos realizados por Peña (1999, p.179 e 1999a, p.261), a um gru-po de empresas espanholas, este autor obteve idêntica conclusão. Então, concordamos com este autor, afirmando que é necessária uma normaliza-ção para este tipo de informação social, adequada às finalidades de cada empresa, de modo a que ela não seja unicamente orientada para o aspecto informativo mas que se converta num instrumento útil de gestão, económico e social, e esteja disponível para os órgãos internos da empresa, emprega-dos e outros utilizadores.

No âmbito de outro estudo realizado por Campos (1999, p.345), esta autora conclui que as empresas espanholas, nas suas contas anuais, incluem muito poucos dados sobre os RH e, quando o referem, tal informação está registada no Anexo às contas e é pouco relevante. Acrescenta, esta autora, que a valoração de uma empresa, por parte dos analistas financeiros é superior quando se baseia em demonstrações contabilísticas, com informação de RH, do que quando a sua base de análise é sobre as demonstrações contabilísticas tradicionais.

3.2.2. Atributos/elementos de análise seleccionados e conclusões parciais

Para o desenvolvimento do nosso estudo descritivo, seleccionámos um agregado de 24 atributos, que são a grande referência da nossa análise comparativa e foram seleccionados com base na revisão bibliográfica, os quais distribuímos por cinco grandes grupos, destacando-se:

a) Controlo de gestão dos RH, na dimensão social, e práticas utilizadas (in-clui quatro atributos);

b) Sistemas de gestão/incentivos praticados (inclui três atributos);

c) Indicadores sociais de gestão praticados (inclui dez indicadores);

d) Ambiente social da empresa (inclui seis atributos);

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e) Extensão do relato social da empresa (n.º de páginas escritas).

Da respectiva análise destacamos as conclusões parciais constantes das tabelas seguintes.

3.2.2.1. Controlo de gestão dos RH, na dimensão social, e práticas utilizadas

Neste âmbito de análise, registamos quatro atributos principais constan-tes da tabela 3.3.

Tabela 3-3 – Atributos do controlo de gestão dos RHAtributos / Elementos de análise Conclusões parciais

1 – Gestão de RH, incluem instrumen-tos de gestão modernos para ob-ter melhores resultados?

A maior parte das empresas (55%) omite esta informação e a informação divulgada é essencialmente descritiva.

2 – Práticas de auditoria na empresa, incluem os RH?

Registamos informação omissa em 70 por cento das empre-sas. As restantes (30%) informam da sua prática mas de forma muito descritiva e sucinta, essencialmente por via específica de diagnósticos ao respectivo clima social e organizacional.

3 – Variáveis estratégicas da empresa, incluem os RH?

A maioria das empresas (70%) divulga informação, enquanto 30 por cento das delas omitem tal informação. As empresas (60%) que divulgam esta informação fazem-no, essencialmen-te, do tipo descritiva porque somente as restantes (10%) o fazem do tipo financeira ou quantificada (não financeira).

4 – RH são considerados um inves-timento intangível (activo), ainda que não contabilizado assim?

60 por cento das empresas estudadas afirmam genericamen-te tal entendimento e manifestam-se em modo descritivo. As restantes empresas (40%) omitem este tipo de informação.

3.2.2.2. Sistemas de gestão / incentivos praticados

Neste âmbito de análise, destacamos três atributos:

Tabela 3-4 – Atributos dos sistemas de gestão

Atributos/Elementos de análise Conclusões parciais

5 – Práticas de remuneração participa-tiva por competências?

Grande parte das empresas (75%) relata, de forma descritiva, informação sobre remunerações por competências e 85 por cento das mesmas possui sistema de avaliação por competên-cias. Somente duas empresas referem, quanto a remuneração por competências, o tipo de informação financeira (5%) e quan-tificada (não financeira) (5%). De entre as mesmas empresas, 15 por cento omitem tal informação.

6 – Sistema de avaliação por compe-tências (avaliação do desempenho, progressões de carreira, etc.?

As conclusões são idênticas às do atributo 5.

7 – Sistema de sugestões, dos traba-lhadores para a empresa?

Verifica-se o inverso, ou seja, 80 por cento das empresas omitem esta informação e 20 por cento divulgam essa prática mas de forma descritiva.

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3.2.2.3. Indicadores sociais de gestão praticados

Neste âmbito de análise, registamos dez atributos:

Tabela 3-5 – Indicadores sociais de gestão(Tipo de informação, número de respostas e respectivo peso %)

Atributos/Elementos de análise Conclusões parciais

8 – Indicadores-chave de gestão, in-cluem os RH?

50 por cento das empresas relatam os RH nos seus indica-dores-chave de gestão, enquanto as restantes (50%) omitem esta informação.

9 – Indicadores de massa salarial e re-munerações?

A maioria das empresas (55%) relata indicadores por diferen-tes tipos, ou seja, com informação financeira (30%), com infor-mação quantificada (não financeira) (15%), e informação des-critiva (10%); As restantes (45%), omitem esta informação.

10 – Indicadores de movimentação e controlo das pessoas (idade, sexo, antiguidade, contratação, rotação, etc.)?

A grande maioria das empresas (70%) relata indicadores des-te atributo, essencialmente com informação tipo quantificada (65%) e alguma descritiva (5%); neste caso, 30 por cento das empresas omitem tal informação.

11 – Indicadores das competências das pessoas (análise do poten-cial, progressões nos escalões salariais, ?

Estes indicadores são muito omitidos (55%) e, dos relatados, salientam-se os de forma quantificada não financeira (25%), seguidos dos relatados em forma descritiva (20%).

12 – Indicadores de formação (cursos, cobertura de formação, custos, novas tecnologias, avaliação da formação, etc.)?

Estes indicadores são relatados pela grande maioria das em-presas (80%) do nosso estudo, contra 20 por cento das em-presas que omitem esta informação. Da informação relatada salienta-se a do tipo financeira (50%), seguida da informação tipo quantificada (30%).

13 – Indicadores de disfuncionalidades sociais (absentismo, qualidade de trabalho, segurança, conflitos sociais)?

A maior parte das empresas (55%) omite estes indicadores, e as restantes (45%) fazem-no, essencialmente, em tipo quan-tificado (30%) e em tipo descritivo (15%).

14 – Indicadores de custos analíticos de pessoal (custos globais, estrutura de custos, custos do trabalho, etc.) ?

A grande maioria das empresas (70%) omite esta informa-ção; as restantes (30%) relatam informação do tipo financeira (20%) e do tipo descritiva (10%).

15 – Indicador de produtividade por tra-balhador (vendas e resultados por trabalhador, etc.) ?

Este indicador é omitido por 50% das empresas; as restantes (50%) relatam indicadores pela seguinte ordem de grandeza: do tipo financeira (35%), descritiva (10%) e quantificada (5%).

16 – Indicador de distribuição de Resul-tado líquidos aos trabalhadores?

Este indicador é referido pela maioria (60%) das empresas, destacando-se por ordem de grandeza: informação do tipo financeira (40%) e do tipo quantificada (20%); as restantes empresas (40%) omitem esta informação.

17 – Indicadores de apoio social externo (cultura, desporto, saúde, etc.)?

Estes indicadores são relatados pela maioria das empresas e distribuídas por ordem de grandeza: informação do tipo des-critiva (35%), do tipo financeira (20%) e do tipo quantificada (5%); as restantes empresas (40%) omitem-na.

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3.2.2.4. Ambiente social da empresa

Das práticas realizadas, neste âmbito, referimos cinco atributos:

Tabela 3-6 – Atributos do ambiente social da empresa(Tipo de informação, número de respostas e respectivo peso %)

Atributos/Elementos de análise Conclusões parciais

18 – Responsabilidades de âmbito social da empresa (Pensões de reforma, complementos, confli-tos, etc.?)

A grande maioria das empresas (80%) relata informação sobre este atributo; 60% apresentam informação em tipo financeira; 20 por cento fazem-no em tipo descritiva e as 20 por cento restantes omitem esta informação.

19 – Código/Regras de ética/deonto-logia profissional?

A maioria das empresas (65%) omite informação sobre este atributo; somente 35 por cento o relatam e com informação do tipo descritiva.

20 – Informação social externa (tipo Gabinete de Apoio ao Investidor), para apoio aos investidores/ac-cionistas (via site na Internet, cartas, etc.)?

A quase totalidade (95%) das empresas relata informação so-bre este atributo, predominando o site na Internet e cartas da administração; somente 5 por cento omitem este tipo de informação.

21 – Funções/outros cargos sociais/alterações dos membros dos ór-gãos de gestão?

A grande maioria (80%) das empresas relata informação sobre este atributo e 20% das mesmas omitem esta informação.

22 – Políticas e práticas, no âmbito social e ambiental (estágios para possível emprego, intercâmbio empresa/escolas, bolsas de es-tudo, estudos ambientais, etc.)?

A maioria (60%) das empresas relata informação sobre este atributo e 40% delas omitem esta informação.

3.2.2.5. Extensão do relato social da empresa

No desenvolvimento da nossa análise aos relatórios e contas anuais das empresas em apreço quisemos observar a extensão da informação relata-da, de âmbito social e dos RH, pela quantidade de páginas e linhas escritas que lhes são dedicadas, bem como a sua localização nessas fontes informa-tivas. Essas linhas foram contadas com referência ao seu comprimento em modelo de texto A4 e medidas, ainda que incompletas, de texto.

Esta observação, sobre a extensão de linhas e páginas, poderá suscitar alguma crítica de rejeição visto que a informação mais interessante para o nosso estudo será naturalmente o conteúdo e a qualidade da mesma. Todavia, quisemos conhecer as práticas das empresas analisadas quanto ao seu relato, com mais ou menos desenvolvimento descritivo e, por isso, as medimos desse modo e também para permitir uma certa comparação com idênticos estudos desenvolvidos e citados por Nafez e Kamal (2000), sobre demonstrações sociais da empresa através dos respectivos relatórios e contas anuais. Então concluímos:

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– Todas as empresas incluem relato social e dos RH, o que é consistente com o estudo destes referidos autores que registaram igual valor;

– O relato social apresentado pelo Conselho de Administração (CA)/Direc-ção, surge numa grande parte (90%) das empresas e é superior ao obtido (69%) por aqueles autores;

– O relato sobre o social externo é realizado por apenas 25 por cento das empresas, contrariamente aos estudos daqueles autores que identifica-ram 80 por cento;

A média total de páginas, dedicadas pelas empresas sobre o social, é de 4.65 páginas e com a seguinte ordem decrescente de valores: RH, média de 3.78 páginas; social externo, média de 1.55 páginas; e ambiente, média de 1,22 páginas. Estes indicadores são muito superiores aos obtidos em idênticos estudos, um dos quais foi realizado por Nafez e Kamal (2000) e registou a média de 0.45 páginas, e um outro efectuado na Austrália cujo resultado foi de 0.57 páginas, conforme citado por estes autores.

A maior concentração de informação, no âmbito social, está localizada no relatório de gestão, registando aí uma média de 3.29 páginas; segue-se o anexo, com 1.6 páginas; a carta do presidente, com 0.3 páginas; e os rela-tórios dos auditores e do conselho fiscal, com valores residuais de algumas linhas de página. Os aludidos autores referem que o relatório de gestão é o mais utilizado pelas empresas dos seus estudos para o relato social, o que é consistente com as nossas conclusões, e citam também que esse relató-rio é o documento mais utilizado no Reino Unido onde as empresas incluem nele uma secção separada.

Acrescentamos, entretanto, uma avaliação do referido relato social, sus-tentada na quantidade de linhas escritas (em modelo A4). Na extensão des-se relato identificamos então 46 atributos e respectivo tipo de informação, que resumimos na tabela seguinte:

Tabela 3-7 – Extensão do relato social e dos RH (1 = informação relatada)

Atributos Financeira Quantificada Descritiva1 Mercado de trabalho 12 Recrutamento/selecção 13 Admissão 1 14 Formação 1 1 15 Formação “on line/Intranet” 1 16 Emprego 1 17 Desemprego 1 18 Quadro de pessoal (QP) 1 1

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Atributos Financeira Quantificada Descritiva9 Categorias profissionais 1 110 Avaliação/análise potencial 1 111 Remunerações 1 112 Salários 1 113 Custos com pessoal 1 114 Redimensionamento do QP 1 115 Valorização profissional/carreiras 1 116 Gestão de RH (SAP/outros) 117 Mérito/prémios/incentivos 1 1 118 Distribuição de resultados 1 1 119 Inovação/envolvimento 120 Pensões Reforma/responsabilidades 1 1 121 Saúde/doença 1 1 122 Segurança/higiene 1 1 123 Férias/subsídios férias a pagar 1 124 Agradecimentos ao pessoal 125 Objectivos estratégicos 126 Membros dos Corpos Sociais (CS) 127 Cargos/Membros Cons. Administ./fiscal 128 Posição accionista / membros dos CS 1 129 Governo da sociedade 1 1 130 Estágios/bolsas estudo/escolas 1 1 131 Código Deontológico/Ético 132 Ambiente 1 1 133 Missão/Valores 134 Produtividade 1 1 135 Comunidade/acção social externa 1 1 136 Gestão do risco 137 Curricula dos membros do CA 138 Débitos/créditos ao pessoal 1 139 Compra de acções da empresa 1 1 140 Indicadores sociais 1 1 141 Trabalho suplementar 1 142 Absentismo 1 143 Acidentes de trabalho 1 144 Apoio social interno 1 1 145 Clima Social/sindicatos/acordos trabalho 146 Regulamentos internos 1

Totais 19 27 46

É bem visível, nesta tabela, que predomina a informação tipo descritiva (100%) para todos os atributos, seguida da informação quantificada (58%) e, com menor frequência (40%) a informação do tipo financeira. Somente 12 atributos (26%) merecem relato mais desenvolvido e usando, simultanea-mente, os três tipos de informação.

Quanto à extensão do relato social registamos os seguintes valores, alusi-vos às linhas escritas por atributos principais (percentagem determinada rela-cionando o número de linhas por atributo com o total de linhas divulgadas):

Tabela 3-8 – Extensão do relato social (em linhas)Atributos N.º Linhas %

29 – Governo da Sociedade 1327 18,5928 – Posicionamento accionista dos membros sociais 1026 14,37 20 – Pensões de Reforma / Responsabilidades 745 10,44 27 – Cargos dos membros do CA / Direcção 681 9,54 26 – Membros dos corpos sociais 546 7,65 4 – Formação 284 3,98 32 – Ambiente 275 3,85

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Atributos N.º Linhas %17 – Mérito / Prémios / Incentivos 270 3,78 8 – Quadro de Pessoal 253 3,54 37 – Curricula dos membros do CA 196 2,75 13 – Custos com Pessoal 173 2,42 35 – Comunidade / Acção social 147 2,0621 – Saúde / doenças 139 1,95 25 – Objectivos estratégicos 117 1,64 11 – Remunerações 104 1,46 16 – Gestão dos RH (novos modelos) 97 1,36

Destacam-se, nesta tabela, os atributos 29, 28, 20, 27 e 26 que, global-mente, apresentam mais de 500 linhas de relato social.

Os atributos mais relatados pelas empresas foram os seguintes:

Tabela 3-9 – Atributos mais relatadosAtributos N.º Empresas %

8 – Quadro de pessoal 19 9513 – Custos com pessoal 19 9511 – Remunerações 18 9025 – Objectivos estratégicos 16 8024 – Agradecimentos ao pessoal 15 7520 – Pensões de reforma/responsabilidades 14 7028 – Posicionamento accionista dos membros do CA/Dir. 14 704 – Formação 14 7029 – Governo da Sociedade 12 60

Destacamos as três empresas com mais linhas escritas, em termos ab-solutos:

Tabela 3-10 – Empresas com mais linhas escritasEmpresa Sector económico N.º linhas escritas

CIMPOR Cimentos 1222BES Banca 986Portugal Telecom Telecomunicações 638

Por sector económico, salientam-se as empresas, com mais atributos re-latados:

Tabela 3-11 – Empresas com mais atributos relatadosSector económico Empresa Nº Atributos

Cimentos CIMPOR 33Banca BCP 27Auto-Estradas BRISA 27Electricidade EDP 27

As empresas seguintes registaram melhores médias de linhas por atribu-tos relatados:

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Tabela 3-12 – Empresas com melhores médias de linhas por atributosEmpresa Sector económico Média de linhas por atributos

BES Banca 52CIMPOR Cimentos 37PORTUGAL TELECOM Telecomunicações 35BPI Banca 35

Os sectores económicos, com melhores médias de linhas escritas, foram:

Tabela 3-13 - Sectores económicos com melhores médias de linhasSector Económico Média de linhas escritas

Produção de Cimento 685Banca/Intermediação financeira 640Produção de Electricidade 371

3.3. Diagnóstico da situação actual nas empresas analisadas

Da nossa análise global aos conteúdos informativos de âmbito social, divulga-dos actualmente pelas empresas da nossa amostra, destacamos a informação do âmbito social divulgada que inclui um grupo de atributos que é obrigatório e outro que é voluntário. A informação obrigatória corresponde aos normativos contabilísticos vigentes em Portugal, com expressão no Balanço, Demonstração dos Resultados e Anexo ao Balanço e à Demonstração dos Resultados, onde incluem indicadores de custos sobre remunerações aos empregados, formação, protecção social, responsabilidades por situações de reforma, distribuição de lu-cros e quadros de pessoal. Também é obrigatório que as empresas divulguem o seu balanço social mas para um público muito restrito, nomeadamente o Estado, sindicatos e associações patronais. Os conteúdos desse dito balanço social, que não tem características contabilísticas, são na sua quase totalidade de âmbito estatístico e alguns têm expressão monetária. Então, a sustentação contabilís-tica da informação divulgada neste balanço é muito reduzida e não é conhecida do público em geral. Num segundo grupo aparece a restante informação social de modo voluntário que inclui grande variedade de conteúdos e tipos de informa-ção, relatados em variadas fontes e com modelos diversificados, predominando isso no Anexo ao Balanço e à Demonstração dos Resultados e também no re-latório de gestão. O interesse qualitativo desses conteúdos respeita parte das necessidades de informação social identificadas por diferentes investigadores na revisão da literatura mas ainda é manifestamente reduzida, tanto nos seus conteúdos como na sua qualidade. Esses conteúdos informativos apresentam-se em grande parte sob a forma descritiva, secundados pela informação do tipo quantificada não monetária e em menor grandeza a informação do tipo financeira com expressão monetária. Destacamos como melhores empresas com relato social global divulgado, por ordem decrescente, o BCP (banca), a CIMPOR (pro-dução de cimento) e a EDP (produção de electricidade).

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Observamos, na nossa análise, que predomina a omissão de informação so-cial divulgada mas também identificamos algumas empresas que começam a evidenciar sinais para criarem informação e indicadores sociais mais inovadores e abrangentes para sua gestão interna. Alguns desses indicadores orientam-se para o nível de desempenho dos RH e da responsabilidade social, mas são apre-sentados sem preocupações de facilitar a sua divulgação e a comparabilidade temporal. Também identificamos algumas empresas que começam a correspon-der às recomendações das Directrizes (2002) da GRI - Global Reporting Initiative, que promovem a divulgação dos relatórios de sustentabilidade onde se apresente de forma integrada o desempenho empresarial, incluindo o financeiro, ambiental e social. De entre essas empresas contam-se já o BCP (actual MillenniumBCP), a Brisa, a Cimpor e a EDP que já iniciaram a divulgação desses relatórios, volunta-riamente, e em complemento dos seus relatórios e contas anuais.

As 20 empresas analisadas não constituem uma amostra significativa de todo o universo empresarial português pelo que as nossas conclusões não poderão ser tomadas como uma representação alargada do mesmo universo. Todavia, parece-nos que essas 20 empresas representam as melhores práti-cas, no âmbito do nosso tema de estudo. São empresas consideradas rele-vantes pela comunidade financeira nacional, dada a sua expressão económica e social evidenciadas e têm justificada a sua presença no índice PSI-20.

4. CONCLUSÕES

Vivemos, actualmente, num contexto empresarial e social turbulento, onde ocorrem mudanças sucessivas de âmbito económico, político, social, cultural e técnico. A revisão da literatura específica do nosso tema de estudo permitiu-nos enumerar variadas carências de informação empresarial sustentada pela Contabilidade. Nelas se incluem o modelo de relato social da empresa e o res-pectivo quadro de indicadores sociais de gestão que evidenciem o seu global desempenho social, derivado da respectiva actividade interna e externa.

A Contabilidade, neste âmbito social, tem o dever de assumir um papel mais activo e inovador, respeitar e tratar o factor humano como único e verdadeiro activo mais produtivo da empresa, cujo desempenho deve ser melhor analisado e relatado na prestação de contas. A informação desse relato empresarial tende a ser muito necessária aos seus variados utilizadores, internos e externos, para evidenciar o respectivo desempenho realizado e o previsível nível de risco futuro.

Nessas perspectivas surge a necessidade do maior respeito pelos valores sociais da empresa, da sua responsabilidade social, da ética empresarial, do

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desenvolvimento integrado social e humano. Com essas práticas a empresa poderá ser melhor agente de desenvolvimento e progresso social, tornando-se mais solidária, mais justa e mais transparente na sua actividade global.

A investigação internacional revela que, neste âmbito de preocupações, há um envolvimento crescente de variadas entidades, tais como académicas, insti-tuições públicas e privadas, associações profissionais de Contabilidade e orga-nismos normalizadores, empresas e outros públicos que reconhecem a urgência de soluções inovadoras adequadas à melhoria da prestação de contas empre-sariais onde seja incluída informação social e indicadores de desempenho dos seus RH. Essa informação já começa a despontar na prestação de contas de variadas empresas, como evidenciado em diversos estudos de investigação, mas surge de modo voluntário e ainda é considerada muito modesta.

A actual legislação contabilística portuguesa, sobre o âmbito social e dos RH, é bastante limitada e não responde às preocupações de globalização das economias e das sociedades modernas. O BS praticado em Portugal constitui um complemento de informação empresarial obrigatório mas des-tina-se, especialmente, a entidades oficiais e para efeitos estatísticos. A informação aí incluída não respeita o modelo contabilístico, tem reduzida informação de base contabilística, reporta a um só ano de actividade, a sua divulgação é muito restrita e não tem acesso público.

O Relato Social da Empresa (RSE) parece ser uma boa solução para com-pletar o seu tradicional relato financeiro e económico, onde deverá constar um quadro de indicadores sociais específicos para evidenciar o efectivo de-sempenho social, interno e externo da empresa. Esse RSE deverá constituir um novo anexo das contas anuais da empresa.

Para se melhorar a actual situação, no âmbito do nosso estudo, há ne-cessidade de romper obstáculos, sendo os mais importantes os relativos à cultura dos valores sociais que são determinantes para a missão social da empresa, de estilos de liderança e novos modos de pensar a gestão, neles envolvendo os grupos emissores de normas contabilísticas e também os próprios gestores empresariais.

Saliente-se, entretanto, que já há sinais positivos de mudança em certas em-presas porque criam informação e indicadores sociais mais inovadores e abran-gentes para sua gestão interna mas não os divulgam. Também algumas empre-sas começam a corresponder às recomendações das Directrizes (2002) da GRI - Global Reporting Initiative, que pretendem relatórios de sustentabilidade onde se apresente de forma integrada o seu desempenho financeiro, ambiental e social.

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As 20 empresas analisadas não constituem uma amostra significativa de todo o universo empresarial português pelo que as nossas conclusões não poderão ser tomadas como uma representação alargada do mesmo univer-so. Todavia, parece-nos que essas empresas representam as melhores prá-ticas, no âmbito do nosso tema de estudo, e são consideradas relevantes pela comunidade financeira nacional, dada a sua boa expressão económica e social que têm justificada a sua presença no índice PSI 20.

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APÊNDICE N.º 1

Listagem das empresas do Índice PSI 20

Listagem das empresas constituintes do índice PSI 20 e sua principal actividade

N.º ord.

Designação da empresaCódigo PSI 20

Principal Actividade Económica (CAE)

1 Banco Comercial Português, SA BCP 65 – Intermediação financeira

2 Banco Espírito Santo, SA BES 65 – Intermediação financeira

3Banco Português de Investimento, SGPS, SA

BPI 65 – Intermediação financeira

4 Brisa – Auto-Estradas de Portugal, SA BRIS 720 – Transportes, Comunicações e Serviços

5Cimpor – Cimentos de Portugal, SGPS, SA

CPR363 – Indústria de produtos minerais não metálicos

6 EDP – Electricidade de Portugal, SA EDP 730 – Produção e Distribuição

7IMPRESA – Sociedade Gestora de Participações Sociais, SA

IPR841 – Difusão de programas de televisão, edição de publicações e de outros meios audiovisuais

8 Jerónimo Martins, SGPS, SA JMT319 – Produção, Distribuição e Venda de géneros alimentícios

9 Modelo Continente – SGPS, SA MOC621 – Comércio a Retalho de base alimentar e especializado

10 Novabase, SGPS, SA NBA 720 – Operador de televisão interactiva

11 ParaRede, SGPS, SA PAD720 – Fornecedor de sistemas e tecnologias de informação

12Portucel – Empresa Produtora de Pasta e Papel, SA

PTI341 – Produção e comercialização de pasta, papel e seus derivados

13 Portugal Telecom, SGPS, SA PTC 730 – Exploração de redes telefónicas

14 PT Multimédia, SGPS, SA PTM730 – Televisão e Internet por subscrição, por cabo e satélite

15PT Multimédia.com – Serviços de Acesso à Internet, SGPS, SA

PTD 730 – Prestação de serviços através da Internet

16SAG – Soluções Automóvel Globais, SGPS, SA

SVA 626 – Comércio de automóveis

17 Semapa, SGPS, SA SEM363 – Indústria de produtos minerais não metálicos

18 SONAE, SGPS, SA SON 910 – Gestão de participações (SGPS)

19 SONAE.com, SGPS, SA SNC720 – Operador global de telecomunicações e Internet

20 Telecel - Comunicações Pessoais, SA TLE720 – Operador de serviços de telecomunicações e informação

20 Total de empresas da nossa amostra

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APÊNDICE N.º 2

Guião de análise social às empresas

Através das demonstrações contabilísticas elaboradas pelas empresas constituintes do Índice PSI-20, da Bolsa de Valores de Lisboa e Porto, no âmbito social e dos recursos humanos, reportadas ao ano 2000.

A – Identificação / caracterização das empresas, da nossa amostra 1 – Nome da empresa /Endereço electrónico

2 – Actividade principal / CAE

3 – Missão explícita da empresa

4 – Empresas subsidiárias/associadas (nacionais)

5 – Empresas associadas (internacionais)

6 – Quadro de pessoal (número médio de trabalhadores)

7 – Valor de mercado (VM)/Capitalização bolsista

8 – Valor contabilístico (VC)

9 – Rácio VM / VC

10 – N.º de empresas consolidadas/agrupadas

B – Fontes principais, de informação contabilística e social, no âmbito dos rh, incluídas na prestação de contas das empresas seleccionadas

Tipo de informação demonstrada (SIM=1;NÃO=0) ?

Fontes de informação Financeira. Quantificada Descritiva Omissa

1 – Balanço (conta 27 - acréscimos e diferimentos)?

2 – Demonstração dos resultados (con-forme POC)?

3 – Anexo ao Balanço e à Demonstração de Resultados?

4 – Relatório de gestão/conselho de administração?

5 – Mensagem da administração na apre-sentação das contas?

6 – Relatório dos auditores/certificação legal de contas?

7 – Relatório do Conselho Fiscal?

8 – Balanço social?

9 – Internet ?

10 – Revistas/Boletins informativos internos?

11 – Outras fontes (carta aos accionis-tas, etc.)?

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C – Informação contabilística e social da empresa, no âmbito dos seus recursos humanos (rh)Tipo de informação demonstrada (SIM=1;NÃO=0) ?

Atributos/elementos de análise Financeira. Quantific. Descritiva Omissa

Controlo de gestão dos RH, na dimensão social: práticas utilizadas

1 – Gestão de RH, incluem instrumentos de gestão mo-dernos para obter melhores resultados?

2 – Práticas de auditoria na empresa, incluem os RH?

3 – Variáveis estratégicas da empresa, incluem os RH?

4 – Os RH são considerados um investimento intangível (activo), ainda que não contabilizado como tal?

Sistemas de gestão/incentivos praticados:

5 – Práticas de remuneração participativa, por compe-tência?

6 – Sistema de avaliação por competências (avaliação do desempenho, progressões de carreira, etc.?

7 – Sistema de sugestões, dos trabalhadores para a empresa?

Indicadores sociais de gestão praticados:

8 – Indicadores-chave de gestão, incluem os RH?

9 – Indicadores de massa salarial e remunerações?

10 – Indicadores de movimentação e controlo das pes-soas (idade, sexo, antiguidade, contratação, rota-ção, etc.)?

11 – Indicadores das competências das pessoas (aná-lise do potencial, progressões nos escalões sala-riais?

12 – Indicadores de formação (cursos, cobertura de formação, custos, novas tecnologias, avaliação da formação, etc.)?

13 – Indicadores de disfuncionalidades sociais (absen-tismo, qualidade de trabalho, segurança, conflitos sociais)?

14 – Indicadores de custos analíticos de pessoal (cus-tos globais, estrutura de custos, custos do traba-lho, etc.)?

15 – Indicador de produtividade por trabalhador (vendas e resultados por trabalhador, etc.)?

16 – Indicador de distribuição de resultado líquidos aos trabalhadores?

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Atributos/elementos de análise Financeira. Quantific. Descritiva Omissa

17 – Indicadores de apoio social externo (cultura, des-porto, saúde, etc.)?

Ambiente social da empresa:

18 – Responsabilidades de âmbito social da empresa (pensões de reforma, complementos, conflitos, etc.?

19 – Código/regras de ética/deontologia profissional?

20 – Práticas de informação social externa (tipo Gabine-te de Apoio ao Investidor), para apoio aos investi-dores/accionistas (via Internet, cartas, etc.)?

21 – Funções/outros cargos sociais/alterações dos membros dos órgãos de gestão?

22 – Políticas e práticas, no âmbito social (estágios para possível emprego, intercâmbio empresa/escolas, etc.)?

23 – Extensão do relato social/RH, nos relatórios e con-tas anuais, e sua localização nos mesmos

Número de páginas dedicadas ao relato social/RH, nos relatórios e con-tas anuais das empresas, e sua localização nos mesmos:

Empresa Fontes de informação

Nº pág. RHNº pág.

AmbienteNº pág. Social

externoTotal

páginas

1-

2-

3-

4-

5-

6-

7-

8-

9-

10-

11-

12-

13-

14-

15-