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Relatório 3 – Defensivos agrícolas

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Relatório 3 – Defensivos agrícolas

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Autoria e Edição de Bain & Company 1ª Edição Fevereiro 2014

Bain & Company Rua Olimpíadas, 205 - 12º andar 04551-000 - São Paulo - SP - Brasil Fone: (11) 3707-1200 Site: www.bain.com

Gas Energy Av. Presidente Vargas, 534 - 7° andar 20071-000 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Fone: (21) 3553-4370 Site: www.gasenergy.com.br

O conteúdo desta publicação é de exclusiva responsabilidade dos autores, não refletindo, necessariamente, a opinião do BNDES. É permitida a reprodução total ou

parcial dos artigos desta publicação, desde que citada a fonte.

Este trabalho foi realizado com recursos do Fundo de Estruturação de Projetos do BNDES (FEP), no âmbito da Chamada Pública BNDES/FEP No. 03/2011. Disponível com mais detalhes em <http://www.bndes.gov.br>.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

Índice

Defensivos agrícolas ............................................................................................................................ 4

1. Escopo ............................................................................................................................................ 4

2. Condições de demanda ............................................................................................................... 4

2.1. A relevância do Brasil no mercado global de defensivos ............................................... 4

2.2. Tendências de comportamento da demanda ................................................................... 8

2.3. Grau de sofisticação da demanda local ........................................................................... 13

2.4. Balança comercial do segmento de defensivos agrícolas ............................................. 14

3. Fatores de produção .................................................................................................................. 17

3.1. Matéria-prima e a cadeia produtiva ................................................................................ 17

3.2. Tecnologias e suas tendências .......................................................................................... 19

3.3. Acesso à tecnologia ............................................................................................................ 24

3.4. Ambiente regulatório ........................................................................................................ 25

3.5. Disponibilidade de recursos humanos e qualificação dos profissionais .................... 26

3.6. Disponibilidade e custo de capital ................................................................................... 27

4. Dinâmica da indústria ............................................................................................................... 27

4.1. Estratégia de atuação dos players ..................................................................................... 28

4.2. As importações matriz-filial ............................................................................................. 32

4.3. Acesso aos mercados interno e externo .......................................................................... 33

4.4. Escala das plantas e localização ....................................................................................... 34

5. Indústrias relacionadas ............................................................................................................. 37

6. Diagnóstico ................................................................................................................................. 37

6.1. Linha de ação ...................................................................................................................... 39

6.2. Detalhamento das potenciais oportunidades de investimento ................................... 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 47

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Defensivos agrícolas

1. Escopo

Defensivos agrícolas são produtos químicos, físicos ou biológicos utilizados no controle de seres vivos considerados nocivos ao homem, sua criação e suas plantações. São também conhecidos por pesticidas, praguicidas, agroquímicos ou produtos fitossanitários. Entre os defensivos agrícolas são encontrados produtos que controlam plantas invasoras (herbicidas), insetos (inseticidas), fungos (fungicidas), bactérias (bactericidas), ácaros (acaricidas) e ratos (rodenticidas).

O segmento, selecionado para detalhamento na fase anterior deste Estudo, abrange os defensivos químicos mais relevantes do ponto de vista de mercado (inseticidas, fungicidas e herbicidas) e tem como principais características: o alto volume financeiro de importações (maior volume entre os segmentos no escopo do Estudo), a relevância do mercado brasileiro no cenário global (o Brasil apresenta o maior mercado de defensivos do mundo) e tendências favoráveis de aumento de demanda, provenientes principalmente do crescimento da população e da elevação do consumo per capita de produtos agrícolas em países emergentes.

Essas características justificam a análise detalhada do segmento, com ênfase nas oportunidades de negócio e nas barreiras que impedem o fortalecimento da produção local de defensivos agrícolas.

2. Condições de demanda

2.1. A relevância do Brasil no mercado global de defensivos

O agronegócio representa cerca de 22% do PIB do País e alcançou, em 2013, a cifra de 100 bilhões de dólares em exportações1.

1 Outlook FIESP 2023 – Projeções para o agronegócio brasileiro.

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Quando comparado aos demais países, o Brasil destaca-se na produção e exportação de diversos produtos agrícolas, como: soja, cana-de-açúcar, café e laranja. Desta forma, o agronegócio é um dos setores mais importantes da economia nacional e é responsável por mais de 30% dos empregos gerados no País2. Além da geração de empregos, as regiões agrícolas no Brasil obtiveram maior crescimento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) quando comparadas às regiões não-agrícolas3, evidenciando a importância do setor para o desenvolvimento nacional.

Em torno desse segmento atuam indústrias altamente competitivas, que investem em pesquisa, desenvolvimento e inovação para atender às necessidades de uma produção agropecuária cada dia mais dinâmica e exigente - do ponto de vista ambiental, de segurança e qualidade dos alimentos e da contínua necessidade de oferecer soluções para que o produtor possa continuar apresentando ganhos sucessivos de produtividade e competitividade.

O setor agrícola brasileiro é um grande mercado para a indústria mundial de defensivos agrícolas. Em 2012, o mercado4 mundial de defensivos agrícolas faturou aproximadamente 47,4 bilhões de dólares5. O mercado brasileiro representou cerca de 20% deste montante, o equivalente a aproximadamente 9,7 bilhões de dólares 6, e foi suprido principalmente por produtores globais, como mostra a Figura 1.

2 MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) e IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 3 O estudo apresentou que, nos municípios agrícolas, entre 1970 a 2010, o IDH cresceu 69%, passando de 0,424 para 0,718. Nas regiões não agrícolas, o crescimento foi de 57%, passando de 0,458 para 0,717. Fonte: Globo Rural/Kleffmann, 2014. 4 O mercado de defensivos agrícolas é composto por produtos técnicos (princípio ativo em altas concentrações) e produtos formulados (mistura do princípio ativo com solventes e outros compostos que aumentam a eficácia da aplicação). 5 Relatório “AgriService” da consultoria Phillips McDougall. 6 SINDAG (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola).

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Figura 1: Mercado mundial e projeção da demanda

A grande relevância do mercado brasileiro de defensivos pode ser explicada pela extensão da área plantada no País (que corresponde atualmente a 5% da área plantada mundial7) e pelo volume de defensivos utilizado por área plantada (ex.: nas culturas de soja e cana, o Brasil apresenta uma utilização de defensivos 2 e 3 vezes maiores que a média global, respectivamente8). É importante ressaltar que quando se analisa a quantidade de defensivos utilizada por quilograma de produto agrícola produzido, o Brasil é um dos países mais eficientes do mundo utilizando 6 vezes menos defensivos por quilograma que a França e 10 vezes menos que o Japão, por exemplo9.

Algumas particularidades do País, como as características climáticas, a existência de uma grande variedade de pragas, o mix de culturas, o número de safras por ano e, em alguns casos, o mau uso por parte dos agricultores, podem explicar a diferença nos volumes de defensivos utilizados por área plantada no Brasil e no mundo.

Além disto, as condições climáticas, que influenciam fortemente a produtividade agrícola do País, também contribuem para a proliferação de pragas e pestes nas lavouras10. O clima tropical, que apresenta fortes variações climáticas ao longo do ano torna o controle de pragas no Brasil desafiador. No resto do mundo, a maior parte das áreas de plantio está em regiões de clima temperado, as quais apresentam condições climáticas que tornam o controle de pragas e pestes mais simples. Essa diferença climática explica, em parte, o maior consumo de defensivos no País, quando comparado com o consumo médio mundial.

7 Análise Bain / Gas Energy 8 Entrevistas com especialistas da indústria 9 Entrevistas com especialistas da indústria 10 Entrevistas com especialistas da indústria

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Além das diferenças climáticas, é importante notar que as diferentes culturas agrícolas demandam diferentes defensivos e em diferentes quantidades. Sendo assim, o mix de culturas por país também é um fator importante para explicar diferenças de consumo de defensivos entre os países.

A Figura 2 representa uma visão geral do mercado de defensivos classificado por função – Inseticidas, Fungicidas, Herbicidas e Outros11 – e por cultura demandante – cereais, soja, cana, milho, etc. Nota-se que no Brasil as principais culturas consumidoras de defensivos são soja, cana, algodão e milho, enquanto no mundo as culturas mais relevantes no uso de defensivos são cereais, milho e frutas.

Figura 2: Mercado brasileiro e mundial de defensivos por classe e tipo de cultura

Entre 2006 e 2012, a participação do Brasil no mercado global de defensivos agrícolas aumentou significativamente, como mostra a Figura 1. Este aumento é função do crescimento mais acelerado do mercado local em relação ao resto do mundo (16,1% versus 7,6% ao ano, respectivamente) que foi impulsionado, principalmente, pelo crescimento recente na área plantada das grandes culturas brasileiras (ex.: soja que cresceu 5,8% ao ano de 2009 a 2012) e pela utilização cada vez maior de defensivos mais sofisticados12.

11 O item “Outros” compreende tanto produtos não classificados por esse Consórcio, quantos outros produtos que não são Inseticidas, Fungicidas ou Herbicidas, por exemplo, os produtos classificados como Acaricidas. 12 Entrevistas com especialistas da indústria; Phillips McDougall, 2013.

MERCADO MUNDIAL

Visão geral do mercado brasileiroUS$B, % (2012)

MERCADO BRASILEIRO

Fontes: Relatório Phillips McDougall, 2013

Visão geral do mercado mundialUS$B, % (2012)

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2.2. Tendências de comportamento da demanda

Mundo

Para analisar a demanda por agroquímicos é importante, primeiramente, destacar três grandes movimentos que devem impactar a demanda mundial por produtos agrícolas:

• Aumento da população - o crescimento populacional, sobretudo nos países em desenvolvimento, gera uma pressão na demanda por alimentos;

• Elevação da renda da população - a tendência de aumento do PIB global influencia positivamente o consumo de proteínas, como carnes e laticínios, e também traz uma elevação do consumo de produtos agrícolas demandados pelos segmentos produtores de proteínas (ex. pecuária, suinocultura, avicultura);

• Aumento da demanda por biocombustíveis 13 - a tendência de aumento desta demanda é decorrente do aumento do preço do petróleo, de regulamentações mais rígidas e da consciência ambiental da população - pressiona a demanda por algumas commodities agrícolas, como soja e cana-de-açúcar.

Para fazer frente a essa crescente demanda por produtos agrícolas, são esperados dois movimentos: aumento da área plantada e crescimento da produção agrícola por hectare. De um lado, a área plantada deve se expandir para zonas antes não exploradas, como regiões degradadas ou não agricultáveis que necessitam de maiores investimentos para chegar a níveis de produção satisfatórios. Por outro lado, a produtividade das lavouras deve aumentar com o auxílio de novas tecnologias e técnicas de cultivo. Ambos os movimentos geram um aumento da demanda por defensivos.

A Figura 3 mostra a evolução desses dois movimentos desde os anos 60. Pode-se observar que nos últimos anos, o impacto da produtividade tende a ser maior que o impacto gerado pelo aumento da área plantada.

13 Entrevistas com especialistas Bain.

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Figura 3: Fontes de aumento da produção agrícola global

A busca por aumento de produtividade continuará sendo a principal alavanca para aumento da produção e pode seguir cinco linhas principais de melhoria: sementes, fertilizantes, defensivos agrícolas, máquinas e equipamentos, e irrigação. Enquanto investimentos em fertilizantes, máquinas e equipamentos, e irrigação têm menor impacto na demanda de defensivos, investimentos em sementes modificadas possuem impacto direto. Sementes modificadas impactam a demanda por defensivos tanto de forma positiva quanto de forma negativa, conforme abordado a seguir.

Culturas transgênicas tendem a aumentar a demanda por agroquímicos nos casos em que é desenvolvida na planta uma maior resistência ao defensivo. Com isso é possível aplicar um novo defensivo ou um defensivo em maior quantidade sem impactar o desenvolvimento da planta (ex.: plantas resistentes ao glifosato). Nos casos em que a modificação genética cria uma resistência à praga, a demanda por agroquímicos tende a diminuir por reduzir a necessidade de sua aplicação. Neste caso, no entanto, a resistência à praga pode ser apenas temporária, uma vez que as pragas estão em constante evolução.

Atores relevantes da indústria afirmam que os transgênicos não representam uma ameaça ao mercado de defensivos agrícolas devido à complementaridade entre os produtos (defensivos e sementes geneticamente modificadas). Também é importante ressaltar que mesmo em culturas com alto índice de utilização de sementes transgênicas, como a soja no Brasil e o milho nos EUA, existe uma perspectiva de aumento do uso de defensivos – reforçando que defensivos e sementes transgênicas, em muitos casos, são complementares e não substitutos14.

14 Entrevistas com especialistas Bain e com players globais de defensivos.

1965

1970

1975

1980

1985

1990

1995

2000

2005

2010

Fontes: OECD, FAOSTAT, FAPRI, USDA, Análise Bain

Desde meados dos anos 90, melhorias de produtividade têm superado o impacto do aumento da área plantada em mais de 2x

GLOBAL

OFERTA

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Avaliando o histórico do mercado desde a introdução dos transgênicos, na década de 90, o mercado combinado de sementes e de defensivos agrícolas passou por três fases: declínio de valor real, volatilidade e crescimento moderado; como mostra a Figura 4. Na fase 1, observa-se uma redução na demanda por alguns herbicidas e inseticidas específicos devido ao aumento do uso de sementes transgênicas. Na fase 2, percebe-se uma volatilidade do mercado devido, principalmente, à variação dos preços dos commodities agrícolas15 . Em seguida, na fase 3, observa-se um crescimento moderado do mercado, puxado principalmente pela necessidade de aumento de produtividade e pelo crescimento dos mercados em países Asiáticos.

Figura 4: Mercado global de defensivos e sementes

Na busca pelo aumento da produtividade, observa-se também uma mudança no comportamento da demanda. Agricultores de vários países têm cada vez mais exigido soluções integradas para suas lavouras. Por exemplo, observa-se uma tendência de compra conjunta de defensivos e sementes geneticamente modificadas16.

Brasil

Assim como no cenário mundial, o crescimento da produção agrícola nacional para responder ao aumento da demanda global por produtos agrícolas seguirá dois caminhos: expansão da área cultivada e aumento de produtividade. Ambos os caminhos terão impacto

15 Segundo especialistas o aumento dos preços das commodities agrícolas pode elevar o preço médio unitário dos agroquímicos devido à migração da demanda para defensivos mais sofisticados.

16 Entrevistas com players globais de defensivos e especialistas dessa indústria.

Volatilidade

Fonte: Phillips McDougall; relatórios de analistas; entrevistas com especialistas

CAGR (96-06)+2%

CAGR (06-11)+9%

Cresc. (11-12)+5%

Introdução dos transgênicos

Crescimentomoderado

Declínio do valor real

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no crescimento na demanda por defensivos, estimada em uma faixa de 3 a 4% ao ano entre 2012 e 201717 por especialistas da indústria.

As áreas destinadas às principais culturas brasileiras apresentam perspectivas diversas de crescimento para o período de 2012 a 2022. Enquanto a área para o cultivo do café deve permanecer constante, as áreas destinadas às culturas de cana-de-açúcar, milho e soja devem crescer em torno de 2% a 3% ao ano. Destaque para o cultivo do algodão, cuja área plantada deve crescer acima dos 7% ao ano. A Figura 5 mostra a perspectiva de crescimento da área plantada no País até 2022.

Figura 5: Área plantada por cultura no Brasil

Combinando os dados de área plantada das principais culturas do País com as projeções de crescimento destas áreas e com a utilização de defensivos por cultura (por área), obtém-se uma visão de atratividade por cultura (Figura 6). Soja e cana-de-açúcar são culturas de grande relevância que continuam em crescimento e estão no radar da indústria. Além destes mercados, observa-se que o mercado de defensivos destinado à cultura do algodão tem potencial bastante atrativo. Este potencial é decorrente da maior perspectiva de crescimento de área cultivada associada a uma maior necessidade de defensivos por área plantada (dentre as principais culturas produzidas no País a do algodão é mais sensível a pragas).

17 Entrevistas com players globais de defensivos e especialistas dessa indústria.

Outros

3,4%

2,0%

Área plantada por culturaMha, (2009-2022)

Café

Algodão

Soja

Milho

Milho (inv.)

Cana

Fontes: Análise Bain / Gas Energy

BRASIL

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Figura 6: Áreas Plantadas das Principais Culturas Brasileiras

Na busca pelo aumento de produtividade agrícola é esperado que ocorra uma migração para defensivos mais eficazes no Brasil, tanto para defensivos já existentes como para defensivos ainda em desenvolvimento.

Outra possível linha de investimento na busca pelo aumento de produtividade e com impacto na demanda de defensivos é nas sementes modificadas. No entanto, espera-se um impacto limitado do investimento em sementes modificadas na demanda por defensivos em função de dois fatores: (i) a complementaridade entre as culturas conforme já abordado neste Estudo e (ii) o estágio avançado de adoção de sementes transgênicas na agricultura brasileira.

Outros fatores podem afetar a dinâmica do mercado brasileiro de defensivos agrícolas: o surgimento de novas pragas; o desenvolvimento de novas tecnologias; e a queda de patentes (e consequente crescimento do mercado de genéricos). Estes fatores têm impacto tanto no volume quanto no preço.

Em 2010, por exemplo, observa-se a redução da participação dos herbicidas no mercado local (Figura 7) em função, principalmente, da redução de preço do Glifosato18.

18 Entrevistas com participantes da indústria.

Principais culturas brasileiras e seu mercado de defensivosUS$B, % (2012)

Crescimento futuro da área plantada (% p.a. 12’-22’)

Área plantada atual (Mha, 2012)

Legenda

Mercado defensivos

(2012)US$ 1,25B

Moderado Alto

Mo

dera

do

Alt

o

Fontes: Relatório Phillips McDougall, 2013; Análise Bain / Gas Energy

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Figura 7: Evolução do mercado brasileiro de defensivos

2.3. Grau de sofisticação da demanda local

Relevante no mundo e com necessidades específicas, o agronegócio brasileiro é formado por empresas exigentes, que constantemente buscam aperfeiçoar suas técnicas de cultivo e aumentar a produtividade de suas colheitas. Por meio de entrevistas com os principais players de defensivos no Brasil e no mundo, o Consórcio buscou identificar o grau de sofisticação da demanda local.

Percebe-se que o agricultor brasileiro é considerado bastante exigente, acima da média global, e em suas decisões de compra costuma contemplar atributos que vão além do preço do produto, como orientações sobre técnicas de aplicação e escolha do produto19 mais adequado.

Parte do aumento da produtividade agrícola brasileira observado nos últimos anos deve-se a uma evolução do padrão de consumo dos grandes agricultores locais que, cada vez mais, utilizam defensivos agrícolas de forma racional e otimizada. Observa-se uma crescente exigência de suporte na aplicação, garantias ao agricultor e maior cuidado ambiental. Por exemplo, nos últimos anos um avançado sistema de recuperação de embalagens de agroquímicos foi implementado no Brasil20.

19 Entrevistas realizadas com players globais da indústria de defensivos agrícolas. 20 Entrevista realizada com player local da indústria de defensivos agrícolas.

Evolução do mercado brasileiro de defensivosUS$B, % (2009 - 2012)

Fontes: Relatório Phillips McDougall, 2013; SINDAG; Análise Bain / Gas Energy

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A elevação da sofisticação da demanda local também pode ser observada nos pequenos produtores. Estes pequenos produtores vêm se organizando cada vez mais em cooperativas, configuração que permite o aprofundamento de seus conhecimentos sobre o agronegócio e o aumento do seu poder de barganha, exigindo mais das empresas produtoras de defensivos21.

Pressionadas por uma demanda exigente e atraídas por um mercado relevante, as empresas globais de defensivos preocupam-se em montar estruturas de desenvolvimento de tecnologia de aplicação e formulação no Brasil. Essa estratégia visa não só conquistar uma maior participação no mercado local, mas também desenvolver know how de processo e de produto, que podem ser aplicados posteriormente em outras regiões do mundo.

2.4. Balança comercial do segmento de defensivos agrícolas

Embora relevante e com boas perspectivas de crescimento, o mercado de defensivos agrícolas brasileiro é suprido principalmente por produtos importados. A Figura 8 mostra que aproximadamente 56% (5,4 bilhões de dólares) desse mercado em 2012 foi atendido por importações, número que vem crescendo gradativamente nos últimos anos. Em 2008, a participação das importações no mercado local foi de aproximadamente 51%22.

Figura 8: Mercado brasileiro e a importação de agroquímicos no Brasil

21 Entrevistas realizadas com players globais da indústria de defensivos agrícolas. 22 SINDAG (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola). AliceWeb. Phillips McDougall, 2013.

Mercado e importação de agroquímicos no BrasilUS$B (2012)

Fontes: AliceWeb; Relatório Phillips McDougall, 2013; Análise Bain / Gas Energy

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O mercado e as importações de defensivos podem ser segmentados de acordo com lógicas distintas. Por exemplo, se levada em conta a propriedade intelectual, os produtos podem ser segmentados em Patenteados23 (aproximadamente 0,9 bilhões de dólares importados em 2012) ou Genéricos (aproximadamente 4,5 bilhões de dólares importados em 2012). Se consideradas as etapas mais importantes da cadeia produtiva, os produtos podem ser classificados como Técnicos (aproximadamente 3,0 bilhões de dólares importados em 2012) ou Formulados (aproximadamente 2,4 bilhões de dólares importados em 2012).

Se consideradas as principais funcionalidades, os produtos podem ser agrupados em Inseticidas (aproximadamente 2,1 bilhões de dólares importados em 2012), Fungicidas (aproximadamente 1,4 bilhões de dólares importados em 2012), Herbicidas (aproximadamente 1,3 bilhões de dólares importados em 2012) e Outro24 (aproximadamente 0,6 bilhões de dólares importados em 2012), como mostra a Figura 10.

As etapas mais importantes da cadeia produtiva diferem principalmente no conhecimento tecnológico envolvido. A obtenção dos produtos técnicos ocorre através de processos de síntese química, que são mais intensivos em conhecimento tecnológico e em capital. Já a obtenção de produtos formulados (formulação) ocorre, na grande maioria dos casos, sem a ocorrência de reações químicas e é menos intensiva em tecnologia e capital. A formulação, no entanto, exige maior conhecimento das necessidades dos clientes quanto à aplicação dos produtos.

Como pode ser observado na Figura 9, a importação de produtos formulados vem crescendo em ritmo mais acelerado que a importação de produtos técnicos (17% versus 7% ao ano entre 2008 e 2012), sinalizando um enfraquecimento também da indústria de formulação local.

O crescimento das importações de produtos formulados pode estar relacionado também às diferenças existentes nas alíquotas de importação de defensivos agrícolas. Os NCMs25 de produtos formulados geralmente possuem impostos de importação maiores do que aqueles incidentes nos NCMs de produtos técnicos (14% contra 2%). Porém, quando analisadas as importações brasileiras de defensivos nos últimos 5 anos, percebe-se que mais de 70%26 dos defensivos são importados por meio de NCMs denominados “Outros”. Para esses casos, a lógica de tributação é inversa: impostos de importação dos produtos formulados geralmente são menores do que aqueles incidentes nos produtos técnicos (0% contra 2%).

23 Produtos importados com patentes vigentes no Brasil segundo análise do SIQUIM-UFRJ: Metoxifenozida, Isoxadifen-Etil, Piraclostrobin, Tembotriona, Flubendiamida, Protioconazol, Aminopiralide e Clorantraniliprol 24 O item “Outros” compreende tanto produtos não classificados por esse Consórcio, quanto outros produtos que não são Inseticidas, Fungicidas ou Herbicidas, por exemplo, os produtos classificados como Acaricidas. 25 Nomenclatura para classificação e agrupamento de mercadorias adotada pelos países do Mercosul. 26 Em valor financeiro.

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Figura 9: Importação de produtos técnicos e formulados no Brasil

Sob o ponto de vista de funcionalidade (Figura 10), verifica-se uma maior importação de inseticidas, seguidos pelos fungicidas e herbicidas.

Figura 10: Participação relativa dos principais defensivos importados

Fontes: Relatório Phillips McDougall, 2013; Análise Bain / Gas Energy

Importação de produtos técnicos e formulados no BrasilUS$B (2008-2012)

BRASIL

Formulado

Legenda

Técnico

Fontes: Relatório Phillips McDougall, 2013; Análise Bain / Gas Energy

Importação nacional de agroquímicosUS$B (2012)

BRASILCADEIA

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Os inseticidas importados mais consumidos são os da família dos neonicotinóides (onde figura o líder Tiametoxame, 341 milhões de dólares em 2012) – utilizado nas culturas de soja, milho, algodão, cana-de-açúcar e café - e os da família dos piretróides (como a lambda-cialotrina, 244 milhões de dólares em 2012) – utilizado nas culturas de soja, milho, algodão e cana-de-açúcar.

Os fungicidas com maior valor de importação no Brasil pertencem à família das Estrobilurinas (liderada pelo Azoxistrobin, 362 milhões de dólares em 2012 e pelo Pyraclostrobin, 278 milhões de dólares em 2012) – utilizados nas culturas de soja, algodão, batatas e cereais - e à família dos Triazóis (como o Cyproconazol, 92 milhões de dólares em 2012) - para soja e algodão.

A respeito dos herbicidas, existem vários grupos relevantes. Os que predominam nas importações brasileiras são os aminoácidos (Glifosato, com 225 milhões de dólares em 2012) utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja e milho, e o ácido 2,4-D e seus derivados, utilizados em um grande número de culturas.

3. Fatores de produção

Evoluções do mercado acabam pressionando as empresas de defensivos agrícolas a desenvolverem novas tecnologias de produto e de processo. Enquanto o mercado exige novos produtos ou modificações dos produtos existentes, seja pelo aumento da sofisticação da demanda ou pelo surgimento de novas pragas, as autoridades regulatórias buscam constantemente prevenir danos à saúde humana e reduzir o impacto ambiental, tanto na produção quanto na utilização dos agroquímicos.

A fim de identificar as principais causas do elevado percentual de importações para atender o mercado brasileiro de defensivos agrícolas, foram avaliadas as condições dos fatores de produção local. Esses fatores foram organizados em 6 blocos:

1) Matéria-prima e cadeia produtiva; 2) Tecnologia e suas tendências; 3) Acesso à tecnologia; 4) Ambiente regulatório; 5) Disponibilidade de recursos humanos e qualificação dos profissionais; 6) Disponibilidade e custo de capital.

3.1. Matéria-prima e a cadeia produtiva

A cadeia produtiva dos defensivos possui três etapas principais: (i) intermediários de síntese; (ii) produto técnico e (iii) produto formulado. As principais matérias-primas necessárias

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para obtenção dos intermediários de síntese são os aromáticos e as olefinas, que estão disponíveis no Brasil em condições competitivas de oferta e preço27.

Entretanto, a maioria dos intermediários de síntese (ou, de química fina) necessários para a fabricação do produto técnico não está disponível no Brasil. Grande parte da oferta destes intermediários, que, em geral não é específica para a fabricação de defensivos, está concentrada em plantas, normalmente antigas, na Europa e nos Estados Unidos. Mais recentemente, novas plantas foram construídas por empresas localizadas na Índia e na China, dentro de uma estratégia de integração vertical para trás, o que contribuiu para que estes países se tornassem importantes exportadores de defensivos, principalmente genéricos, assim como de intermediários de sínteses.

O mesmo caso acontece com as principais matérias-primas dos produtos formulados, que são os princípios ativos em altas concentrações (produtos técnicos). A produção local destes produtos é quase que inexistente e as importações também muito concentradas nos EUA e na China.

A Figura 11 mostra a relevância na China e dos EUA nas importações brasileiras.

Figura 11: Países de origem das importações brasileiras de produtos técnicos e formulados

Iniciativas para a estruturação da química fina no Brasil já existiram no passado, inclusive para a síntese de princípios ativos de defensivos agrícolas. Entretanto tais experiências revelaram que a produção de intermediários de síntese depende o acesso ao mercado para os produtos finais. Dessa forma, o desenvolvimento da formulação ou da fabricação do produto técnico no Brasil é condição precedente para a produção de intermediários para a química fina.

27 Entrevistas com especialistas da indústria química.

Fonte: Sindicato nacional da indústria de produtos para defesa agrícola – SINDAG; Análise Bain / Gas Energy

Países de origem das importações brasileiras de produtos técnicos e formuladoskTon; 2012

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3.2. Tecnologias e suas tendências

As tecnologias de processo associadas à produção de defensivos podem ser divididas em tecnologia de síntese (processo para obtenção do princípio ativo isolado e em altas concentrações, também chamado de produto técnico) e tecnologia de formulação (processo para obtenção do produto final que consiste na mistura do princípio ativo com solventes e outros compostos que aumentam a eficácia da aplicação).

Tecnologias de síntese

Os processos químicos da tecnologia de síntese geralmente envolvem reações da química orgânica e ocorrem, normalmente, por meio de reações sucessivas e com processos conhecidos. Apesar do amplo conhecimento dos processos químicos, a obtenção de resultados adequados nessas reações é, na realidade, um grande desafio.

Além de reações típicas como nitração, aminação, hidrogenação (seletiva ou não), transesterificação, fosgenação, condensação aldólica, cloração (halogenação), clorinólise e destilação reativa, a síntese envolve também etapas de operações unitárias que podem ser complexas como cristalização, filtração e destilação. Conforme já descrito, por mais que os processos e etapas em questão sejam conhecidos, a obtenção da molécula esperada está sujeita a utilização de condições de reação específicas e de catalisadores mais eficientes, informações que nem sempre estão bem especificadas nas patentes.

Além das etapas propriamente ditas, um aspecto importante é o sequenciamento dessas etapas durante o processo. O sequenciamento é fundamental para que não sejam produzidos intermediários simultâneos sem utilização comercial. Um exemplo muito simples seria a nitração clássica do clorobenzeno (rota inicial para defensivos mais antigos), que produz os isômeros para e orto. O isômero orto tem aplicação muito limitada, o que implica na necessidade de desenvolvimento de aplicações ou de rotas alternativas, ou até mesmo de sistemas de descarte. O sequenciamento também representa um desafio, uma vez que nem sempre é patenteado e, portanto, seu conhecimento só pode ser obtido por desenvolvimento ou transferência de tecnologia.

A dificuldade na utilização de condições de reação específicas, de catalisadores mais eficientes e do correto sequenciamento dos processos químicos resultam em imprecisões no processo de síntese e consequentemente na obtenção de isômeros e coprodutos não desejados em volumes acima do esperado. São necessárias, portanto, etapas de purificação e separação que em muitos casos são complexas e de alto custo.

Os desafios descritos anteriormente são os principais motivos que justificam um número tão grande de defensivos “off-patent propietários”, ou seja, de defensivos não mais cobertos por patentes mas que ainda possuem 90% de seu mercado dominado pelos titulares das patentes vencidas. Os detentores da tecnologia, nesses casos, podem controlar o mercado de intermediários e optar por comercializá-los (normalmente a preços altos) ou limitar o acesso aos mesmos28.

Tecnologias de formulação

28 Entrevistas com especialistas da indústria de defensivos agrícolas.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

A tecnologia de formulação é, acima de tudo, uma tecnologia de produto. O processo envolvido é relevante no sentido de garantir a qualidade, assegurar a rastreabilidade da produção e evitar contaminações de qualquer ordem (inclusive ambientais), mas é predominantemente associado a transformações físicas simples, como misturas.

A tecnologia de produto requer um profundo conhecimento agronômico e das necessidades dos clientes e das culturas. Este conhecimento depende de uma estrutura comercial forte e regionalizada que permita a interação com os clientes para que as fórmulas desenvolvidas em laboratório atendam às necessidades dos mesmos (ex.: aumento da produtividade e redução do custo de aplicação)

As misturas que ocorrem no processo de formulação adicionam ao produto técnico (ou princípio ativo - defensivo puro com concentrações superiores geralmente a 95%) outros compostos químicos que permitem a atuação mais eficaz do produto como, por exemplo: solventes para facilitar a diluição, molhantes para melhorar a aderência às folhas e surfactantes para dispersar o defensivo no solvente.

A tecnologia de processo, como já mencionado, está relacionada predominantemente a transformações físicas. Essas transformações ocorrem em instalações industriais que contêm essencialmente três linhas de produção independentes: uma para preparação de fórmulas líquidas (mistura, envase e paletização), uma para preparação de fórmulas sólidas em pó (também com mistura, ensacamento e paletização) e outra para líquidos em que se faz necessária uma reação química simples para obtenção de um sal, um éster ou uma amina (ex.: a produção de glifosato formulado).

É importante ressaltar que nas unidades industriais de formulação existem necessariamente linhas separadas para inseticidas e herbicidas para evitar contaminações cruzadas. Uma formulação de ação herbicida pode conter mais de um herbicida, por exemplo, mas não pode conter nenhum inseticida (nem mesmo como traços).

Tendências tecnológicas

A tendência atual para o desenvolvimento de novas moléculas é de declínio devido ao alto custo de P&D requerido. Por outro lado, verifica-se o aumento da resistência das pragas aos defensivos e o aparecimento de novas pragas, o que estimula o desenvolvimento de soluções em três principais linhas de desenvolvimento tecnológico:

a) Modificação genética de sementes para aumento da resistência ao ataque de pragas e a defensivos (atividade que empresas como a Monsanto e Syngenta já realizam, mas com resistência de ambientalistas);

b) Uso dos chamados defensivos biológicos como, por exemplo, insetos “inofensivos” que atacam outros insetos ou pragas destruidores das plantações (que também possuem resistências devido ao risco ambiental);

c) Modificação da estrutura molecular de defensivos existentes, utilizando recursos tecnológicos avançados;

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

Com relação à primeira linha de desenvolvimento (modificação genética de sementes), observa-se que players globais desse setor têm aumentado significativamente seus investimentos em P&D relacionados ao segmento de sementes geneticamente modificadas29.

Com relação à segunda linha (defensivos biológicos) é possível observar que os grandes players globais estão investindo cada vez mais no desenvolvimento desse tipo de produto. As líderes de mercado Syngenta, Bayer e BASF adquiriram em 2012 empresas focadas na pesquisa de defensivos biológicos com o intuito de fortalecer sua unidade de negócios e desenvolver novos produtos.

A terceira linha de desenvolvimento tecnológico (modificação de defensivos existentes) deverá ocorrer principalmente devido à alta complexidade e à elevada necessidade de capital para o desenvolvimento de novas moléculas. O desenvolvimento dessas novas moléculas é geralmente realizado por grandes players globais, que possuem condições para assumir altos riscos e arcar com grandes investimentos: estima-se que o custo para desenvolvimento de uma nova molécula seja da ordem de 250 milhões de dólares30.

Observa-se, portanto, uma forte tendência de modificação dos defensivos já existentes, como já está ocorrendo com o Glifosato 4 ou os novos derivados do 2,4-D. Essas modificações podem ser opções de diversificação tecnológica mais acessíveis a empresas de menor porte.

Além disso, o número de lançamentos de novos defensivos no mercado mundial vem caindo ano após ano, como mostra a Figura 12. Também vale ressaltar que esse número (média de 7 produtos por ano, nos últimos 3 anos) é relativamente baixo quando comparado à quantidade de produtos existentes no mercado mundial (aproximadamente 600 produtos31), o que indica uma baixa renovação do portfólio de produtos.

Observa-se também, que o esforço para desenvolver novos produtos para commodities agrícolas é cada vez mais baixo, particularmente em relação aos herbicidas. Nas grandes culturas, como a da soja e do milho, as pragas são cada vez mais imunes aos produtos, dificultando o desenvolvimento de novos defensivos que sejam mais eficazes. Percebe-se que os produtos lançados recentemente são destinados principalmente às culturas de maior valor agregado, como frutas, legumes e verduras32.

29 Entrevistas com especialistas da indústria. 30 Estimativa SINDAG (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola). 31 Phillips McDougall, 2013. 32 Phillips McDougall, 2013.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

Figura 12: Desenvolvimento de novas moléculas

O desenvolvimento de novas moléculas, portanto, não será uma tendência tão forte quanto o desenvolvimento de modificações em moléculas existentes, que continuarão acontecendo principalmente para reduzir a toxidade dos produtos e melhorar seus desempenhos.

Contudo, o espaço de modificação de moléculas existentes tende a ser mais reduzido para moléculas lançadas a partir do final dos anos 80 (moléculas mais “novas”). De fato, essas moléculas foram testadas com maior rigidez quanto à agressividade ao meio ambiente e à saúde humana do que moléculas mais “antigas”, mostrando também uma menor chance de proibição futura das mesmas. Para as moléculas “novas” há, portanto, menor espaço de manobra em modificações que não gerem produtos com impacto ambiental e/ou à saúde humana aceitáveis pelos órgãos controladores. A Figura 13 mostra as datas de lançamento dos principais produtos importados pelo Brasil.

1950

-196

0

1960

-197

0

1970

-198

0

1980

-199

0

1990

-200

0

2000

-201

0

2010

-Hoje

Fontes: Relatório Phillips McDougall, 2013; Análise Bain / Gas Energy

Número médio de novas moléculas desenvolvidasProdutos por ano

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

Figura 13: Data de lançamento dos principais produtos importados

Finalmente, outra tendência tecnológica é o de “retirada” de determinadas famílias de produtos com tecnologia defasada. De fato, regulamentações que impactam o mercado de defensivos têm se tornado cada vez mais restritivas quanto ao uso de determinadas famílias de produtos. Um exemplo é a proibição de alguns produtos, como fungicidas mercuriais e inseticidas organoclorados, como o DDT, o BHC e correlatos.

No Brasil, 14 princípios ativos foram colocados para reavaliação de toxicidade em 2008 e até o momento 5 já tiveram seus processos concluídos. Por exemplo, o Endosulfan (defensivo utilizado nas lavouras de café e soja e que pode causar distúrbios hormonais e aumentar o risco de câncer), proibido na Europa em meados dos anos 90, foi totalmente banido das lavouras brasileiras em Julho de 201333.

Em suma, a dinâmica tecnológica do segmento de defensivos agrícolas torna a inovação um fator-chave de sucesso para as empresas atuantes. O atendimento de demandas cada vez mais sofisticadas dos clientes, os desafios relacionados ao desenvolvimento e modificação de produtos e tecnologias de processo, e o ambiente regulatório cada vez mais restritivo exigem que os produtores de defensivos agrícolas atuem fortemente em inovação como alavanca de diferenciação e, em alguns casos, sobrevivência no mercado.

33 Entrevistas com especialistas da indústria de defensivos agrícolas.

Difenoconazole 1989 2Tebuconazole 1988 17Ciproconazole 1988 3Fluazinam 1988 3Cletodim 1987 2Clomazone 1986 6Bifentrin 1986 3Abamectin 1985 10Fluroxipir 1985 0Clorimuron 1985 9Hidróxido de Cobre 1985 4Lambdacialotrin 1984 8Flutriafol 1984 9Metsulfurom Metil 1984 5Fomesafen 1982 1Carbosulfan 1979 1Deltametrina 1977 2Tiodicarbe 1977 2Procimidone 1977 1Profenofós 1975 1S-metolaclor 1975 2Diflubenzuron 1975 6Metolaclor 1975 2Hexazinone 1974 11Tebuthiuron 1974 5Carbendazim 1973 19Glifosato 1972 27

PRODUTO LANÇAMENTO

Clorantraniliprole 2008 1Flubendiamide 2007 1Tembotriona 2007 1Aminopiralide 2006 1Protioconazole 2004 1Amicarbazone 2004 1Piraclostrobin 2002 1Picoxistrobin 2001 2Mesotrione 2001 1Trifloxistrobin 2000 1Metoxifenozide 1999 1Novalurom 1999 2Diclosulam 1998 1Carfentrazone 1997 1Sulfentrazone 1996 1Isoxaflutole 1996 1Acetamiprid 1996 2Spinosade 1995 2Piritiobaque-sodico 1995 1Fludioxonil 1994 1Isoxadifen-Etil 1994 0Flumioxazin 1993 1Fipronil 1993 5Epoxiconazole 1993 3Lufenuron 1993 2Zeta-cipermetrina 1992 1Tetraconazole 1991 3Diafentiuron 1991 1

PRODUTO LANÇAMENTO

# EMPRESAS COM

REGISTRO NO BRASIL*0-1

0 a

nos

10-2

0 a

nos

20-3

0 a

nos

30-4

0 a

nos

* O registro se refere à autorização para produção local Fontes: Relatório Phillips McDougall, 2013; AliceWeb; AGROFIT; Análise Bain / Gas Energy

# EMPRESAS COM

REGISTRO NO BRASIL*

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

No Brasil, investimentos em pesquisa e inovação relacionados ao desenvolvimento de tecnologia de aplicação e formulação de defensivos vêm sendo realizados, pelos principais players globais, como: Syngenta, Bayer, BASF e DuPont, que possuem centros de pesquisa no País. Além disso, entre 2010 e 2011, Syngenta e BASF firmaram parcerias de pesquisa com a Embrapa. Entretanto, investimentos relacionados ao desenvolvimento de novas moléculas são, geralmente, realizados nos países em que os grandes players globais estão sediados, usualmente localização de seus respectivos principais e mais desenvolvidos centros de P&D.

3.3. Acesso à tecnologia

O desafio tecnológico da indústria da química fina não reside somente na síntese em si, mas também na purificação ou na eliminação de contaminantes indesejáveis que afetam a qualidade ou mesmo a especificação do produto final.

O acesso à tecnologia para a realização da síntese, especialmente para novos entrantes, pode ser difícil. Isso fica evidente ao se verificar que muitos defensivos já não mais protegidos por patentes (produtos “off-patent proprietários”) continuam a ser fabricados apenas pelo titular da patente vencida. Nestes casos, a produção do defensivo permanece restrita aos detentores da tecnologia.

Mesmo para esses defensivos genéricos, a síntese pode ser complexa e requerer a aquisição de tecnologia ou a formação de alianças estratégicas. Mais uma vez, há uma interdependência entre os defensivos que têm oportunidade de serem sintetizados e aqueles para os quais é possível desenvolver/adquirir tecnologia de processo.

De todo modo, para a fabricação de alguns produtos a única alternativa é negociar o licenciamento com terceiros. Para as empresas brasileiras, a associação tecnológica com algumas das majors mundiais do setor para obter estas licenças é possível, como ocorre na China, onde muitas das novas plantas são joint-ventures entre as majors e as empresas locais. Apenas é necessário entender que as condições políticas e comerciais existentes no País em questão são muito diferentes das que existem atualmente no Brasil.

Uma alternativa é a negociação do licenciamento com novos participantes no mercado mundial, em geral, atuantes na Índia e na China. Dado o desejo destas empresas em ganhar participação no mercado brasileiro, a negociação pode ser facilitada.

Em suma, a oportunidade de entrada de novas empresas na atividade de síntese de defensivos é um processo com limitações, devido à dificuldade de acesso às tecnologias. As oportunidades de investimento, sobretudo de produtos tecnologicamente mais avançados, ficarão provavelmente restritas às atuais empresas líderes mundiais (Syngenta, Basf, Bayer, Dow, etc.), que já atuam no Brasil. Entretanto, pode haver aproximação entre o Brasil e outros países como a China e a Índia, que já iniciaram o desenvolvimento da sua indústria de química fina.

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3.4. Ambiente regulatório

O processo de registro de novas moléculas ou de formulações agroquímicas no Brasil é demorado (aprovação de um registro pode levar de 4 a 5 anos), complexo (processo deve passar por três órgãos governamentais34 diferentes) e envolve custos elevados (aprovação de uma molécula nova chega a custar 1 milhão de reais35).

De maneira geral, o processo consiste em enviar para os três órgãos responsáveis 36 requerimentos e dossiês técnicos específicos para cada um dos quatro tipos de registros possíveis.

Após o recebimento dos requerimentos, esses órgãos avaliam o material e emitem seus pareceres para que o MAPA consolide e emita ou não o registro solicitado. A Figura 14 mostra o processo de maneira simplificada37.

Figura 14: Processo de registro no Brasil

34 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). 35 Entrevistas com especialistas da indústria de defensivos agrícolas. 36 MAPA, IBAMA e ANVISA. 37Os processos das Filas 1, 2 e 3 têm diferenças relevantes no tipo de dossiê requerido e nos pareceres emitidos. No entanto, a lógica e as etapas de seus processos de registro são muito semelhantes e, portanto, para fins de simplificação, optou-se pela ilustração consolidada.

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O enquadramento nas quatro filas mostradas na Figura 14 é determinado pelo tipo de registro que se deseja:

• Fila 1: destina-se a obtenção de registro para produtos técnicos novos, definidos pelo Decreto 4.074/2002 como “produtos obtidos diretamente das matérias-primas por processo químico, físico ou biológico, destinado à obtenção de produtos formulados ou de pré-misturas e cuja composição contenha teor definido de ingrediente ativo e impurezas, podendo conter estabilizantes e produtos relacionados, tais como isômeros. Destinado exclusivamente a uso industrial”;

• Fila 2: destina-se a obtenção de registro para produtos técnicos equivalentes, ou seja, a obtenção de licenças para produtos que sejam comprovadamente iguais a outros produtos que já obtiveram seu registro através da Fila 1;

• Fila 3: destina-se a obtenção de registro para produtos formulados, definidos pelo Decreto 4.074/2002 como “agroquímico ou afim obtido a partir de produto técnico ou de pré-mistura, por intermédio de processo físico, ou diretamente de matérias-primas por meio de processos físicos, químicos ou biológicos. Destinado exclusivamente para comercialização e uso em ambientes agrícolas, sendo vedado seu uso em ambientes urbanos ou domissanitários”;

• Fila 4: destina-se a obtenção de alteração de um registro já obtido pelas Filas 1, 2 ou 3. As alterações podem dizer respeito a mudanças de embalagem, rótulos, processo produtivo, solventes e localização da unidade fabril, além de inclusões de formuladores ou fabricantes.

Vale ressaltar, entretanto, que diversos órgãos do governo têm investido esforços para melhorar o processo de registro de defensivos no Brasil. Em 2002, por exemplo, foi criado o Comitê Técnico de Assessoramento de Agrotóxicos (CTA), que tem racionalizado e conciliado procedimentos técnico-científicos e administrativos nos processos de registro de agrotóxicos. O CTA propõe a incorporação de tecnologia de ponta nos processos de análise, controle e fiscalização de agrotóxicos. A coordenação do CTA é rotativa entre ministérios e órgãos responsáveis pela concessão do registro: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), ANVISA e IBAMA.

3.5. Disponibilidade de recursos humanos e qualificação dos profissionais

O tema da disponibilidade e qualificação de técnicos e especialistas (engenheiros, químicos, agrônomos etc.) foi abordado em entrevistas com executivos de duas das maiores empresas mundiais produtoras de defensivos, com atuação forte no Brasil e que dispõem de centros de P&D locais. O consenso é de que não há dificuldades no recrutamento local de pessoal qualificado e que este não será um aspecto limitante para o aumento da produção local de defensivos agrícolas.

Além do pessoal técnico, também não foi notada nas entrevistas qualquer restrição à capacidade de gestão local. O Consórcio também teve a oportunidade de visitar e entrevistar formuladores nacionais de porte, constatando a existência de padrões de fabricação de alto nível de qualidade.

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3.6. Disponibilidade e custo de capital

Ao se observar a estratégia utilizada por diversas empresas nacionais para atender às vendas sazonais, percebe-se uma preferência pelo investimento em capacidade de produção acima da demanda média, pois assim picos sazonais de demanda são atendidos sem a necessidade de criação de estoques.

Outra característica importante deste segmento é a necessidade de capital de giro para sustentar a operação, dado que os pagamentos ocorrem, normalmente, após 8 meses da entrega do produto (posterior ao período de safra).

Para contornar a falta de disponibilidade de capital, players menores sacrificam suas margens e frequentemente vendem sua produção para concorrentes maiores, que têm condições de financiar o consumidor final. Sendo assim, a necessidade de elevado capital de giro parece ser uma barreira de entrada para os players de pequeno porte, mas não para os players globais. Cabe também ressaltar a participação de traders no setor agrícola, que fornecem insumos de produção a produtores com menor capacidade de financiamento em troca da produção futura de grãos dos mesmos.

Vale ressaltar que as condições de mercado tornam o ambiente pouco propício para a venda direta – apenas 20% do total. Canais de revenda são os mais utilizados, com aproximadamente 45% das vendas, embora vendas através de cooperativas também tenham uma representatividade relevante, com 35% do mercado, segundo estimativas de um player nacional. Segundo este mesmo player, existe uma baixa inadimplência, em torno de 3%, no mercado de defensivos agrícolas.

4. Dinâmica da indústria

Foi realizada uma revisão sobre os principais players de defensivos agrícolas com atuação no País. O mercado é dominado por grandes corporações globais como a BASF, a Bayer e a Syngenta e complementado por players locais, com porte bastante inferior em relação aos internacionais.

A atuação desses players pode ser dividida de acordo com o tipo de produto que eles comercializam (produtos patenteados e/ou genéricos) e também de acordo com as etapas realizadas (síntese e/ou formulação e/ou distribuição). A melhor compreensão desses pontos será abordada em três seções:

• Estratégia e atuação dos players: descrição das principais empresas no mercado, com sua posição financeira, seus maiores mercados de atuação e estratégias de crescimento;

• As importações matriz-filial: detalhamento da relevância das importações intra-companhias como forma de diferencial competitivo;

• Acesso aos mercados interno e externo: descrição das barreiras e formas de acesso aos mercados;

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

• Escala das plantas e localização: descrição do investimento, escala de produção e análise de localização.

4.1. Estratégia de atuação dos players

Analisando os players do mercado brasileiro, enxerga-se a ampla participação das empresas globais e a baixa participação dos players nacionais, como Nortox e Ourofino, que têm conseguido algum peso e representatividade no setor recentemente. A relevância do mercado brasileiro de agroquímicos atraiu para o País todos os grandes players mundiais de defensivos agrícolas. Porém, vale ressaltar que a produção (síntese) local vem diminuindo consistentemente38 há alguns anos e atualmente é quase inexistente.

A Figura 15 mostra os principais players atuantes no mercado brasileiro de defensivos agrícolas39.

Figura 15: Principais formuladores e distribuidores locais

A Figura 16 mostra uma visão consolidada dos cinco principais players globais atuantes no Brasil e de duas empresas locais.

38 O detalhamento da redução da produção local de defensivos, é abordado com mais profundidade no item 5 (Diagnóstico) deste capítulo.

39 SINDAG (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola).

Agrovant Cheminova FMC Ouro Fino Cross LinkArysta Chemtura Iharabras Rotam HelmAtanor Consagro Luxembourg Sipcam UPL PilarquimBasf Cropchem Milenia Sumitomo SinonBayer Dow Monsanto SyngentaBequisa Du Pont Nufarm TamincoCCAB Agro DVA Agro Nortox UPL

Formuladoras

Fontes: Relatório Phillips McDougall, 2013; SINDAG; AliceWeb; Análise Bain / Gas Energy

Distribuidoras

Principais players formuladores e distribuidores locaisDados de 2012

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Figura 16: Visão consolidada dos players atuantes no Brasil

Considerando o mercado local de defensivos agrícolas, percebe-se que as receitas dos grandes players globais são muito maiores que as vendas dos principais produtores locais. Alguns fatores contribuem para essas diferenças de participação no mercado de defensivos:

1. Escala global: os players globais, em geral, possuem escala suficiente para ter síntese e formulação integradas e eficientes, além de uma maior capacidade de investimento em P&D. Esse investimento resulta no desenvolvimento de novos produtos (e consequentemente na obtenção de patentes) e aumento da eficácia de produtos já existentes (que caracteriza um importante diferencial competitivo), além da manutenção de um amplo portfólio capaz de cobrir diversas culturas em diversas regiões do mundo.

2. Expertise e poder de barganha em negociações: os players globais são bem articulados, utilizam-se frequentemente de fusões e aquisições para cobrir lacunas ou aumentar seus portfólios de produtos, e detêm maior experiência dos processos regulatórios, o que aumenta as chances de sucesso na aprovação de novos produtos e reduz o tempo gasto para a introdução desses no mercado.

Além disso, vale destacar que a maioria dos grandes players globais de defensivos agrícolas é de empresas diversificadas que atuam em uma ampla gama de segmentos químicos. A Figura 17 mostra a estratégia de diversificação dos maiores players internacionais de defensivos e seus respectivos crescimentos de receita. No último ano, todas as empresas que possuem seus negócios focados em agribusiness (defensivos, sementes, etc.) apresentaram crescimento de receita. Mesmo empresas não focadas em agribusiness, e que apresentaram queda na receita total, obtiveram crescimento de faturamento nas unidades de negócios de defensivos.

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Figura 17: Diversificação dos players globais

A diversificação de negócios dos players globais implica também em estratégias de atuação diferentes. Monsanto, Syngenta e DuPont possuem estratégias parecidas:

• A Monsanto, além da operação em defensivos (principalmente herbicidas), é pioneira no desenvolvimento de biotecnologia e líder global no mercado de sementes, o que impulsiona sua estratégia de venda cruzada de defensivos e sementes;

• A Syngenta é a líder global do segmento de defensivos com um vasto portfolio de produtos, além disso, também possui estrutura integrada na comercialização de sementes (terceira maior do segmento);

• A DuPont é a segunda maior empresa no mercado global de sementes, concorrendo diretamente com a Monsanto nas vendas cruzadas, mas posicionada como uma alternativa mais barata.

Bayer e Dow, outros dois grandes players do mercado, são mais focados em defensivos agrícolas e possuem uma pequena, mas crescente, presença no mercado de sementes, com foco também na modificação genética. Enquanto a Bayer possui um sólido pipeline e amplo portfólio, a Dow é mais focada na produção de herbicidas.

A relevância da FMC no mercado brasileiro (empresa com o quarto maior faturamento) chama bastante atenção quando comparada com sua relevância no mundo (décimo maior faturamento). Isso se deve, não só à estratégia de acordos (como por exemplo, o acordo com a empresa italiana Isagro em 2006, para distribuição do fungicida “Tetraconazol” no mercado brasileiro), mas também ao portfólio de produtos focado em inseticidas (principal classe de defensivos do mercado brasileiro) para soja, cana, algodão e milho (principais culturas brasileiras).

Players focados no agribusiness (agroquímicos, sementes, etc.)

Players diversificados / integradosNota: “Performance”- exemplos produtos: resinas, materiais para aplicação em automóveis, pigmentos, polímeros, coatings etc.Fontes: Relatório Phillips McDougall; relatórios empresas; análise Bain

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

A FMC é focada em acordos de formulação e comercialização (principalmente de genéricos). Em 2006, a FMC vendeu para a Bayer sua principal unidade de P&D e focou suas atividades na obtenção de licenças e acordos para formulação e comercialização de produtos desenvolvidos por outras grandes empresas, como Dow, BASF, Nufarm e Monsanto.

A maior parte dos players globais de defensivos já possui centros de P&D no Brasil, visando principalmente o desenvolvimento da formulação e da aplicação de defensivos para as principais culturas nas quais o Brasil é líder mundial.

Todas as líderes de mercado atuantes no Brasil já efetuaram sínteses químicas localmente, algumas destinadas a mercados globais. Várias destas empresas indicaram que seria possível sintetizar defensivos agrícolas no Brasil se as condições regulatórias fossem equacionadas e se algumas questões de competitividade pudessem ser resolvidas 40 . A percepção obtida pelo Consórcio é de que a empresa formuladora que anunciar projetos de síntese no Brasil desencadeará um movimento nesse sentido, fazendo com que outras empresas também considerem essa possibilidade para a preservação das suas participações de mercado. A Figura 18 mostra um resumo dos indicadores financeiros mais relevantes de seis grandes produtores 41 globais de defensivos, nos quais o segmento de defensivos e sementes representa mais da metade do faturamento.

Figura 18: Indicadores financeiros de alguns produtores de defensivos

40 Entrevistas com players globais de defensivos agrícolas. 41 Foram retiradas da amostra as empresas DuPont, Basf, Bayer e Dow, pois a unidade de defensivos dessas empresas representa menos de 50% do faturamento e, portanto, outros fatores desconhecidos podem afetar e distorcer a análise. Empresas locais têm capital fechado e as informações não estão disponíveis para o mercado.

Nota:Os indicadores financeiros referem-se a operação consolidada das empresas que possum mais do que 50% do faturamento provenientes de defensivos e sementesFonte: Capital IQ; Bloomberg; Reportes anuais das empresas; Análise Bain / Gas Energy

Receita(US$M, 2012) 3.748 13.504 14.202 1.607 2.835 2.243

Cresc. Receita(CAGR (07-12) 4,7% 4,4% 5,1% 16,4% 2,8% -0,1%

EBIT (%, 2012) 19,7% 23,8% 18,0% 14,5% 9,9% 6,8%

P/E(2012) 20,9 23,5 21,4 10,8 16,9 24,5

Indicadores financeiros das principais empresas produtoras de defensivosROIC (%, 2012)

Produtor de genéricos

Legenda

MUNDO

Produtor de patenteados

NÃO EXAUSTIVO

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

4.2. As importações matriz-filial

No momento atual, fica claro que todas as empresas globalizadas adotaram como estratégia usufruir das vantagens das importações do tipo “matriz-filial” na base do seu negócio, como mostra a Figura 19.

Se não for introduzido um fator que desequilibre o status quo, muito provavelmente as grandes empresas continuarão com as operações “matriz-filial”, adicionando valor na cadeia por meio da formulação e comercialização. Também é transparente a importação cruzada de produtos entre os grandes produtores mundiais.

Figura 19: Fluxos de importação de defensivos

Em um mercado de aproximadamente 10 bilhões de dólares, existe, certamente, uma disputa forte pelo market share, mas há também acordos para formulação e distribuição de defensivos formulados entre os concorrentes. Tais acordos acabam por ser limitados devido às dificuldades de registro dessas operações na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), prejudicando tanto as empresas com limitação na capacidade de formulação, como as empresas com capacidade ociosa.

Uma análise detalhada das importações deixa razoavelmente evidente que existem acordos de comercialização de princípios ativos entre as principais empresas. Mesmo com acordos bem estabelecidos, a concorrência entre elas acaba melhorando o desempenho no setor, estimulando o investimento em P&D e o serviço de assistência aos clientes.

Fonte: Sindicato nacional da indústria de produtos para defesa agrícola – SINDAG; Análise Bain / Gas Energy

Matriz-Filial

Legenda

Outras importações

Fluxos de importação de defensivosMilhões de kg/l; 2012

Page 33: Relatório 3 – Defensivos agrícolas

33

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

4.3. Acesso aos mercados interno e externo

As barreiras de entrada para um novo entrante no mercado nacional são grandes e se concentram principalmente na obtenção de novos registros (tempo aproximado de 4 a 5 anos; custo aproximado de R$ 1 milhão por produto), na obtenção de tecnologias e no desenvolvimento de canais e força de vendas. Essas barreiras e o acesso aos mercados interno e externo podem ser compreendidos a partir de 2 óticas distintas:

• Acesso ao mercado interno e externo por empresas estrangeiras com interesse em se instalar no Brasil: para acelerar a entrada no mercado e reduzir o volume do investimento inicial, o acesso ao mercado interno pode ser feito através de formuladores instalados no País. Esses formuladores possuem capacidade produtiva instalada, conhecimento do mercado local e acesso aos canais de distribuição. O acesso ao mercado externo através de plantas de produção locais não é praticado de forma consistente pelas multinacionais instaladas no Brasil, mas o potencial para a criação de uma plataforma de exportação no País foi mencionado em entrevistas com especialistas do setor devido à posição geográfica e a relevância do mercado interno. A posição geográfica favorece o atendimento do mercado sul-americano e permite a tropicalização de produtos para utilização em regiões com climas semelhantes como grande parte da África. O tamanho do mercado interno viabiliza a escala produtiva necessária para instalação de plantas globais no País.

• Acesso ao mercado interno e externo por empresas nacionais: o acesso ao mercado interno pode se dar através de um investimento em capacidade produtiva ancorado em associações com players globais que garantam uma demanda mínima. O fortalecimento das empresas nacionais já atuantes no mercado interno deve ocorrer por meio do aumento das formulações próprias e também de novas associações, seguido do início de atividades de síntese. Para acessar o mercado externo, um produtor de capital nacional e novo entrante com limitada experiência internacional, pode atuar de duas maneiras: (i) associação ou parceria com um produtor mundial que tenha interesse em distribuir parte da produção ou (ii) negociação prévia com um trader que assegure os canais de exportação.

Uma barreira de entrada que deve ser considerada tanto por novos entrantes nacionais quanto internacionais diz respeito à necessidade de oferecer um portfólio diversificado de produtos aos clientes. Essa necessidade decorre da demanda por soluções integradas que atendam as diferentes necessidades dos agricultores. Novos entrantes com portfólios menos diversificados possuem maior dificuldade no atendimento ao mercado de grandes agricultores, pois estes buscam soluções integradas diretamente dos produtores de defensivos42. Esta barreira não é tão restritiva no acesso ao mercado de pequenos e médios agricultores uma vez que existem revendedores que oferecem soluções integradas com produtos de diferentes fabricantes.

42 Entrevistas com especialistas em defensivos agrícolas.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

4.4. Escala das plantas e localização

Complementando o entendimento da dinâmica da indústria, foram avaliados:

• Escala de produção e investimento: discussão das escalas eficientes de formulação e de síntese de defensivos;

• Localização da planta: propostas de localização das plantas de síntese aproveitando sinergias com formuladoras de porte e da proximidade dos centros de matéria-prima e consumo.

Escala de produção e investimento

A escala econômica dos investimentos em química fina é sempre um conceito discutível, pois a estrutura de custos de produção não é tão clara como na química de base.

A escala econômica das plantas de formulação depende do tipo de produto que será produzido. Ao redor do mundo, essas plantas têm, em média, capacidade de 150 mil toneladas por ano e estima-se que o tempo de implantação de uma planta de formulação seja de 2 anos43. Não existem informações disponíveis sobre o valor dos investimentos44.

Considerando-se a etapa de síntese de defensivos, a escala econômica de produção pode não ser um fator decisivo se as plantas de síntese estiverem integradas às plantas de formulação. Nesse caso, é necessário também que essa integração garanta ganhos de sinergia suficientes para cobrir as diferenças de custo da aquisição do produto técnico importado. É importante ressaltar que o Consórcio não vê como oportunidade plantas de síntese não integradas.

No caso de integração (formulação e síntese), a capacidade produtiva da planta irá depender essencialmente da estratégia adotada pela Empresa. Para defensivos genéricos, é possível considerar plantas multipropósito com capacidades da ordem de 10 a 20 mil toneladas45 de produtos sintetizados. Já para produtos “off-patent proprietários” ou patenteados, seria possível considerar capacidades bem menores (em plantas multipropósito ou não), em função, principalmente, da maior margem que estes produtos possibilitam.

É importante ressaltar que a integração com a formulação minimiza a necessidade de uma “escala econômica de produção” para a síntese, uma vez que a estrutura de formulação já existente, principalmente a comercial (com acesso ao mercado e com serviço de vendas já estabelecido), pode ser compartilhada, reduzindo a necessidade de grande parte do investimento.

43 Entrevistas com players globais de defensivos e com formulador nacional. 44 O último investimento no Brasil publicado foi o da BASF em 2010, na planta de Guaratinguetá-SP. O valor anunciado para uma expansão de 88 mil toneladas (de 200 para 288 mil toneladas) foi de 50 milhões de euros. 45 O produto final da síntese é muito mais concentrado do que o produto final da formulação e, por essa razão, as capacidades de produção na etapa de síntese são menores.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

Ainda vale ressaltar que as plantas de defensivos poderão ser multipropósito ou dedicadas, ambas em bateladas. Assim, o porte fica dependente do número de defensivos que puder ser fabricado e dos ciclos de operação. A produção de defensivos como o Glifosato em plantas contínuas de grande porte é uma exceção.

A escala econômica é apenas um parâmetro dentro de um grupo, que influencia o EVTE46 e talvez não seja o mais relevante nesse tipo de indústria.

Outro aspecto estratégico influencia a definição da capacidade de produção de defensivos: a possibilidade de exportação. O mercado sul-americano talvez seja mais facilmente acessível, mas o internacional (Europa, Estados Unidos, África etc.) dificilmente será atingido por um player local caso não existam parcerias com empresas globais, que normalmente já possuem estruturas de distribuição e vendas bem desenvolvidas ao redor do mundo.

Localização da planta

As principais sinergias a considerar para a localização de uma planta de síntese são as seguintes:

• Integração com unidades de formulação de porte, para redução de custos de produção (por exemplo, reduzir etapa de secagem) e custos fixos (utilizando instalações já existentes).

• Localização centralizada em relação ao maior mercado de agronegócio para otimizar custos comerciais e de distribuição.

É importante destacar que a disponibilidade de matéria-prima na região é um fator favorável, mas não mandatório. Será suficiente que se disponha de infraestrutura logística adequada para o suprimento (proximidade de portos, aeroportos, terminais alfandegados, rodovias etc.), como mostra a Figura 20.

46 EVTE – Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

Figura 20: Possível localização de um polo agroquímico

Transporte não é um fator de alta relevância na estrutura de custo dos defensivos. A importância da infraestrutura e da logística neste segmento está relacionada com o cumprimento dos prazos de entrega, principalmente durante os picos de demanda.

Um dos principais gargalos na cadeia logística tem sido o tempo de desembaraço das mercadorias importadas pela Receita Federal. Para agilizar este processo, algumas empresas começaram a operar através de armazéns alfandegados, onde os trâmites ocorrem, em geral, de maneira mais rápida. Porém, embora reduza o tempo médio para a entrega dos produtos, esta prática aumenta o custo logístico, já que o transporte entre o porto e o armazém alfandegado é realizado por transportadoras especializadas e credenciadas pela Receita, e consequentemente, mais caras que as demais.

Outro gargalo é a necessidade de adequação, ampliação e construção de novos armazéns para agrotóxicos, apontada pela ANDAV 47 . As empresas distribuidoras de defensivos necessitam atender a um amplo quadro de exigências, tais como normas, orientações técnicas, registros e licenciamentos. O atendimento a estas exigências e o melhoramento das operações atuais dependem da adequação e ampliação da infraestrutura existente.

47 ANDAV: Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (representa mais de 1.200 distribuidores).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

5. Indústrias relacionadas

Baseado em entrevistas com especialistas da indústria de defensivos, o Consórcio percebe que os fornecedores locais dessa indústria possuem um bom nível de desenvolvimento e confiabilidade.

Segundo afirma o gerente industrial de um relevante player local, com vasta experiência em empresas de engenharia de projetos para indústria de defensivos, existem opções de empresas nacionais bem qualificadas e prontas para absorver as demandas de bens de capital, como reatores e outros equipamentos auxiliares ao processo de síntese. A indústria de materiais de embalagem como os transformados plásticos e impressos gráficos são bem desenvolvidas localmente. Somente as máquinas embaladoras e algumas embalagens (do tipo hidrossolúvel) atualmente são importadas, principalmente devido à falta de produtos fabricados localmente.

A indústria de equipamentos de aplicação dos defensivos nas lavouras também é bem desenvolvida no País.

6. Diagnóstico

Por meio da avaliação das condições dos diversos fatores de produção, identificou-se que atualmente o maior desafio para o crescimento da produção local de defensivos agrícolas é a falta de atratividade do ambiente regulatório. Essa opinião é compartilhada pelos principais participantes da indústria de defensivos entrevistados durante o Estudo.

A complexidade e a demora na obtenção do registro criam, muitas vezes, uma forte barreira de entrada no mercado nacional. É possível citar dois exemplos de produtos que possuem competitividade e produção local afetadas pela ineficiência do sistema de registro. São eles:

• Tiametoxame: maior valor de importação dentre os inseticidas (aproximadamente 340 milhões de dólares em 2012), 35% de crescimento das importações ao ano (de 2009 a 2012), somente uma empresa detentora do registro48 no Brasil e 16 empresas com processos para obtenção do registro em andamento49. A patente deste produto expirou em Julho de 2013;

• Sulfentrazona: terceiro maior valor de importação dentre os herbicidas (aproximadamente 100 milhões de dólares em 2012), 40% de crescimento das importações ao ano (de 2009 a 2012), somente uma empresa detentora do registro no Brasil e 6 empresas com processos para obtenção do registro em andamento. A patente deste produto expirou em Dezembro de 2001;

48 Conforme sistema AGROFIT do Ministério da Agricultura 49 Processos na fila ou em andamento de acordo com a ANVISA

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

Alguns players globais afirmam que suas matrizes no exterior têm interesse em diversificar e instalar plantas nas quatro regiões do mundo, mas que o Brasil não é escolhido já há algum tempo dado à insegurança regulatória e aos riscos associados à propriedade intelectual dos produtos durante o processo de registro.

É possível resumir os principais entraves do atual processo de registro em quatro blocos.

Entrave 1 – Prazos e custo

No Brasil, o prazo para a obtenção do registro de uma molécula de defensivos é muito longo. (conforme já descrito, empresas aguardam de 4 a 5 anos para aprovação dos seus processos de registro).

Já em países vizinhos (como Argentina, Venezuela e Paraguai), o tempo médio para o processamento dos registros varia de 2 a 2,5 anos e o custo também tende a ser bem menor. Nesses países, não há exigência de alguns estudos e análises laboratoriais, que podem ser substituídos por referências bibliográficas e estudos contidos na literatura técnica especializada.

Nos Estados Unidos e na Europa, o prazo médio para obtenção do registro varia de 2 a 2,5 anos e os custos incorridos nesse processo também são menores, estimados em R$ 500 mil pelos especialistas da indústria entrevistados, como mostra a Figura 21.

Figura 21: Processo de registro no Mundo

Entrave 2 – Excesso de rigor e burocracia

A regulamentação do setor exige que qualquer alteração mínima no processo produtivo, como, por exemplo, a substituição da embalagem ou do solvente utilizado no processo de fabricação, seja comunicada e aprovada pela ANVISA. Caso isso não ocorra, existe um alto risco de interdição da fabricação dos produtos em questão pelos órgãos reguladores.

• Brasil 14-5

Anos

• União Européia

0,52-2,5anos

• Estados Unidos

• Argentina

0,2-0,52-2,5anos

• Venezuela

• Paraguai

DOSSIÊ PADRÃO

Químico• Composição

• Perfil de Impureza

Eficácia e resíduo

• Compatibilidade

• Persistência

Segurança e toxicidade

• Aguda, crônica

• Exposição

Metabolismo• Composição

• Perfil de Impureza

Industrial• Poluição

• Controle de efluentes

Avaliação de Risco

• Impactoambiental

PROCESSO DE REGISTRO NO MUNDO

Alto Médio Baixo

Países/RegiõesNível da

regulaçãoComplexida

deGasto

Custo(R$M)*

Tempo*

(*) Média dos processos de registro de novos produtos e registros subsequentes estimados pelos atores da indústriaFontes: ANVISA; MAPA; Entrevistas com experts; Registration of crop protection products, BASF;Análise Bain / Gas Energy

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

Além disso, participantes da indústria apontam que questões ideológicas potencializam o rigor do processo. Segundo estes participantes, há dificuldade dos órgãos envolvidos em separar ciência de ideologia. Algumas correntes ideológicas dão ênfase excessiva nos impactos negativos dos defensivos e, com isso, julgam o aspecto científico de forma parcial, atrasando a evolução tecnológica do setor. Essa evolução tecnológica implicaria não apenas no ganho de produtividade como na redução do impacto ambiental.

Entrave 3 – Acesso ao mercado externo

A obtenção do Registro para Exportação de Agrotóxicos (REX) - registro que qualifica uma determinada empresa para exportar seus produtos - e a liberação dos produtos para embarque internacional também enfrentam processos complexos e demorados.

Há exemplos de fiscalizações rígidas e burocráticas por conta dos órgãos reguladores nacionais, mesmo quando as exigências no país de destino da exportação são mais brandas.

Entrave 4 – Falta de isonomia com produtos importados

Por fim, a fiscalização aplicada aos produtos importados não tem a mesma rigidez que a aplicada aos produtos nacionais. As análises e testes realizados pela ANVISA nos produtos importados são feitos apenas em amostras do produto final, e não no processo de fabricação como um todo.

Por uma questão logística, as plantas produtivas no exterior não são fiscalizadas, ação que ocorre com muito rigor nas plantas locais e aumenta consideravelmente os custos dos fabricantes locais frente aos produtores de países que não possuem a mesma rigidez na fiscalização.

6.1. Linha de ação

O Consórcio acredita que as medidas capazes de contribuir para a solução dos entraves identificados passam por: priorização de determinados pleitos na fila de registro e isenção do processo de registro para modificações menores em produtos previamente registrados. Essas e outras medidas, como as listadas a seguir, serão detalhadas em Relatórios subsequentes desse Estudo.

a) Possibilitar a obtenção de registros a partir de uma notificação, nos casos de alterações de reduzido impacto ambiental para a saúde humana e para o agronegócio;

b) Otimizar a gestão da fila; c) Aumentar a capacidade de processamento de pedidos; d) Simplificar os processos de registros para os produtos destinados à exportação; e) Garantir isonomia entre os produtores locais e internacionais, principalmente em

relação às inspeções dos órgãos anuentes nas unidades de produção locais e internacionais que exportam para o Brasil.

Page 40: Relatório 3 – Defensivos agrícolas

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

6.2. Detalhamento das potenciais oportunidades de investimento

O Consórcio identificou três principais oportunidades, de curto e médio prazo no segmento de defensivos, que serão detalhadas a seguir:

1. Formulação de produtos patenteados 2. Formulação de produtos genéricos 3. Síntese de produtos genéricos

Após resolver ou amenizar os problemas regulatórios que dificultam o desenvolvimento da produção local de defensivos agrícolas, o Consórcio acredita ser possível a implementação das três oportunidades complementares. Essas iniciativas apresentam uma grande oportunidade50 potencial, podendo reduzir consideravelmente as importações atuais (5,4 bilhões de dólares) de defensivos agrícolas.

Formulação de produtos patenteados

A oportunidade existente na formulação de produtos patenteados consiste basicamente em incentivar:

(i) Players globais a instalar ou expandir plantas multipropósito de formulação preferencialmente na região centro-sul do País ou

(ii) Incentivar players nacionais a formular produtos para os players globais por meio de acordos.

As plantas devem ser focadas na tropicalização e melhoria das formulações atuais de famílias como as estrobilurinas e neonicotinóides (maiores volumes importados) ou daquelas utilizadas principalmente nas culturas de cana-de-açúcar, de soja, de milho ou de algodão. A formulação de defensivos no Brasil traz diversas vantagens às empresas. A proximidade com o mercado consumidor, além de reduzir o custo de transporte do produto, pode diminuir o tempo de entrega e facilitar o entendimento e o atendimento das necessidades do cliente. Para países de clima tropical, como o Brasil, o prazo de entrega é um fator relevante, dado que os agricultores são constantemente surpreendidos por novas pragas51. Além disso, o melhor entendimento das necessidades do cliente é fundamental para o desenvolvimento de novos produtos ou adequação dos já existentes.

Outro ponto a considerar é a alta sofisticação do agricultor brasileiro, que conhece bem os produtos que compra e, muitas vezes, valoriza a força da marca. Neste cenário, a qualidade e os diferenciais tecnológicos dos produtos patenteados são atrativos para o consumidor final.

50 A quantificação detalhada desta oportunidade será abordada no próximo relatório. 51 Por exemplo, o surgimento recente da lagarta Helicoverpa.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

Especialistas e participantes do setor concordam com esta afirmação. Durante as entrevistas, o Diretor de Relações Institucionais de um grande player global detentor de plantas no Brasil afirmou que “Os agricultores brasileiros são os melhores do mundo. Muito bem preparados, com conhecimento técnico e capitalizados. Investem muito em tecnologia e conhecem o que estão comprando, sabem os preços que são aplicados lá fora e estão dispostos a negociar”. A mesma observação foi mencionada pelo Chefe Geral de Produtos e Mercados da Embrapa: “O agricultor brasileiro é muito informado e exigente, além de ter bom conhecimento tecnológico”. Além disso, o valor agregado dos produtos patenteados é ainda maior que o de produtos genéricos. Produtores de patenteados operam, em média, com margens EBIT52 entre 18 a 25% e ROIC53 de aproximadamente 20%, enquanto produtores de genéricos possuem margens EBIT de 5 a 15% e ROIC de 9%54.

Formulação de produtos genéricos

Similar à oportunidade descrita anteriormente, a formulação de produtos genéricos consiste basicamente em incentivar players locais ou globais a instalar plantas multipropósito de formulação55 voltadas à produção de defensivos com patentes vencidas ou a vencer de famílias como as estrobilurinas e neonicotinóides (maiores volumes importados) ou outras famílias utilizadas nas culturas de cana-de-açúcar, soja, algodão ou milho.

Os produtos genéricos têm conquistado cada vez mais participação no mercado e atualmente representam 55% dos produtos comercializados no mundo56. Observa-se na Figura 22 que, entre 2007 e 2012, o crescimento médio desses produtos foi 5,2% ao ano, contra o crescimento de apenas 2,3% dos produtos patenteados e redução de 0,7% em produtos “off-patent proprietários” (produtos com patentes já vencidas, porém com mercado ainda dominado pelo desenvolvedor da molécula). Grande parte desta diferença de crescimento versus os crescimentos dos demais segmentos é explicada por três fatores: (i) menor preço do produto genérico; (ii) redução no número de lançamento de produtos patenteados pelas empresas desenvolvedoras e (iii) queda recente da proteção das patentes de produtos relevantes, como a do Glifosato, no ano 2000.

52Earnings before interest and taxes. 53Return on invested capital. 54 Entrevistas com players globais de defensivos agrícolas. 55 Com escala aproximada de 50-100 mil toneladas por ano 56 Análise Bain / Gas Energy com base no sistema AliceWeb.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

Figura 22: Evolução das fatias de mercado de produtos genéricos e patenteados

Outro aspecto importante, ao se comparar a produção de genéricos versus patenteados, é a menor necessidade de investimento no primeiro caso, principalmente no que diz respeito ao P&D. Na média, investe-se em P&D cerca de 2,6% da receita para a produção de genéricos e 9,4% da receita para a produção de patenteados, como indica a Figura 23.

Figura 23: Investimento médio em P&D no mundo

MUNDOMarket share global por tipo de propriedade intelectual(1998-2012)

CAGR Receita

(07’-12’)

5,2%

2,3%-0,7%

Fontes: Relatório Phillips McDougall, 2013

Dup

ont

Baye

r

BASF

Syng

enta

MUNDO

Fonte: Relatórios anuais das empresas; Análise Bain / Gas Energy

Investimento em P&D no mundo (somente agribusiness)(% da receita de agribusiness, US$B, 2012)

PATENTES GENÉRICOS

Chem

inov

aUP

L

Nuf

arm

MAI

Investimento em P&D no mundo (somente agribusiness)(% da receita de agribusiness, US$B, 2012)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

A oportunidade na formulação de genéricos é ainda mais clara quando se observa a proteção das patentes dos principais produtos importados. A Figura 24 mostra que 85% dos principais produtos importados pelo Brasil não possuem patentes vigentes em território nacional. Portanto, esses defensivos poderiam ser produzidos e comercializados por qualquer player que tenha interesse, conhecimento e capital.

Figura 24: Importação nacional de agroquímicos e situação patentearia

Dentre os produtos sem patentes vigentes, alguns se destacam como boas oportunidades não só pelo seu tamanho e crescimento recente, mas também pelo reduzido número de empresas detentoras do registro57 para sua produção e pelo também reduzido número de empresas na fila58 para obtenção do registro. Alguns exemplos destes produtos são:

• Carbosulfan: inseticida com importações em 2012 no valor de aproximadamente 67 milhões de dólares, crescimento recente das importações de 74% ao ano (de 2009 a 2012), apenas uma empresa com registro para produção no País e nenhuma na fila para obtenção de registros;

• Carfentrazone etil: herbicida com importações em 2012 no valor de aproximadamente 30 milhões de dólares, crescimento recente das importações de 26% ao ano (de 2009 a 2012), apenas uma empresa com registro para produção no País e a mesma empresa na fila para obtenção de mais registros;

• Procimidone: fungicida com importações em 2012 no valor de aproximadamente 30 milhões de dólares, crescimento recente das importações de 40% ao ano (de 2009 a 2012), apenas uma empresa com registro para produção no País e outra na fila para obtenção de registros;

57 Conforme sistema AGROFIT do Ministério da Agricultura 58 Processos na fila ou em andamento de acordo com a ANVISA

Nota: O item “Outros”, compreende tanto produtos não classificados por esse Consórcio, quanto outros produtos que não são Inseticidas, Fungicidas ou Herbicidas, por exemplo, os produtos classificados como Acaricidas.

Fonte: Relatório Phillips McDougall, 2013; Aliceweb; SIQUIM; Análise Bain / Gas Energy

Importação nacional de agroquímicos e situação patentária(US$B, 2012)

BRASILPRODUTO

Expiram em 3 anos (Brasil)

Expiram em 10 anos (Brasil)

1 produtor (Mundo)

Legenda

Vários produtores (Mundo)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

Por fim, outro indício favorável à entrada de novos players na formulação local de genéricos é o fato de que várias plantas de players globais instaladas no Brasil já operam na capacidade máxima. Portanto, para defender suas participações no mercado local, esses players possuem interesse em formar parcerias com outras empresas que atuam localmente.

Síntese de produtos genéricos

A oportunidade existente na síntese de produtos genéricos consiste basicamente em incentivar players locais ou globais a instalar plantas com escala global, dedicadas ou multipropósito, buscando a verticalização da cadeia, a agregação de valor e a mudança do status quo desse segmento.

Essas plantas devem ser voltadas à realização das etapas de síntese (compatíveis com a disponibilidade de intermediários e/ou insumos) de defensivos para consumo doméstico e exportação, preferencialmente com patentes a vencer nos próximos cinco anos, como, por exemplo, o Piraclostrobin, ou que sejam utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho ou algodão. Essa oportunidade é defendida mesmo que, inicialmente, seja possível apenas a execução das etapas finais da síntese para que, posteriormente, à medida que seja justificado economicamente, ocorra a integração na direção das etapas iniciais da síntese.

A esse respeito, pode existir uma sinergia importante com a produção de defensivos de uma mesma família química ou que compartilhem processos de síntese semelhantes. Como na maioria dos casos a produção é feita em bateladas e em equipamentos multipropósito, a similaridade de processos representa uma oportunidade de alcance de economias de escopo e, portanto, redução dos custos de produção e de investimentos.

Outra sinergia importante ocorre quando a síntese é realizada localmente, integrada com a formulação. Nesse caso, é possível otimizar algumas etapas do processo produtivo, reduzir processamentos intermediários e, consequentemente, melhorar a posição de custo do produto final. Estima-se que este movimento pode incrementar a margem de lucro das empresas de defensivos em até 15 pontos percentuais59, devido, por exemplo, à eliminação de processos de secagem do produto sintetizado e à otimização logística.

É ainda importante ressaltar que, para as empresas globais sediadas no Brasil, a produção (síntese) local permitiria atender demandas não previstas, o que não é fácil via importação matriz-filial, uma vez que se torna necessário reservar a capacidade das suas plantas globais com grande antecedência.

59 Entrevistas com especialistas da indústria de defensivos agrícolas.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

Outro ponto de destaque a ser mencionado refere-se ao fato de que a etapa de síntese, por demandar tecnologias mais avançadas, concentra as maiores margens de lucro da cadeia de valor dos defensivos agrícolas. Além disso, produtos com patentes a vencer no curto prazo certamente permitirão a comercialização com margens ainda maiores nos primeiros anos60, estimulando potencialmente o foco em defensivos em situação de patentes a vencer. Em contrapartida, essa estratégia poderá requerer a associação ou licenciamento de tecnologias, ações que podem ser de difícil execução para empresas locais.

Com relação aos produtos com patentes a vencer, oito produtos relevantes devem ter suas patentes expiradas nos próximos 10 anos, cenário que reforça a oportunidade de síntese de genéricos no País, como mostra a Figura 25. O Piraclostrobin, que representa o terceiro maior valor financeiro de importação de defensivos em 2012, terá a patente expirada em 2015.

Figura 25: Situação das patentes de defensivos no Brasil

Ao analisar os produtos na fila de registro de defensivos na ANVISA, é possível perceber que nenhum dos 3 produtos que terão suas patentes expiradas nos próximos 5 anos, teve seu registro solicitado61 por empresas diferentes das atuais produtoras. O detalhamento da fila pode ser verificado na Figura 26.

60A redução das margens de lucro não é instantânea após a queda da patente, já que a queda nos preços (que na média é de 30-40%, segundo entrevistas com participantes do setor) está condicionada ao número de players que comercializarão o produto em questão. 61 Registros podem ser obtidos e amostras podem ser produzidas por terceiros mesmo para produtos com patentes vigentes, desde que a finalidade seja somente pesquisa e experimentação e que não envolva a comercialização, de acordo com o Artigo 43 da Lei Nº 9.279, de 14 de Maio de 1996.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

Figura 26: Pedidos de registro dos produtos com patentes a vencer

Os 4 produtos com maior quantidade de registros na fila da ANVISA são: os herbicidas - Glifosato e Diuron, e os fungicidas – Tebuconazol e Clorotalonil, cada um com mais de 40 registros diferentes.

O Consórcio entende que para a oportunidade em questão ser concretizada, é importante ser dado um primeiro passo de demonstração de quebra do estado de acomodação que se encontra o setor, possivelmente por uma empresa nacional, ainda que em parceria com empresa estrangeira.

No Brasil, existem empresas bem geridas, qualificadas e interessadas em retomar as atividades de síntese local de produtos genéricos, especialmente através de parcerias. Percebe-se que há uma preferência por produzir localmente apenas as últimas etapas da cadeia produtiva e por continuar importando os intermediários das primeiras etapas da reação. Alguns participantes da indústria acreditam que a instalação de uma nova planta de síntese de produtos genéricos no Brasil deveria incentivar outros players a retomarem as atividades de síntese no País ou ingressarem no segmento.

Por fim, vale ressaltar que o desenvolvimento de cada uma das três oportunidades descritas anteriormente deverá servir também para impulsionar, a longo prazo, uma quarta oportunidade, a síntese local de produtos patenteados, por meio da criação de um ambiente mais atrativo e da retomada de confiança dos players internacionais (detentores das patentes) no Brasil, que poderão transformar o país em uma plataforma de produção global.

Piraclostrobin US$ 278M BASF Não há BASF Sim

Metoxifenozida US$ 19M Dow Não há Dow Sim

Isoxadifen-Etil US$ 14M Bayer Não há Não há Não

Clorantraniliprol US$ 211M Du Pont Não há Du Pont Sim

Flubendiamida US$ 174M Bayer Não há Bayer Sim

Protioconazol US$ 41M Bayer Não há Bayer Sim

Tembotriona US$ 17M Bayer Não há Bayer Sim

Aminopiralide US$ 10M Dow Não há Dow Sim

Exp

ira e

m

5 a

no

sExp

ira e

m

10

an

os

(*) A fila de registro da ANVISA pode ser dividida na etapa de triagem (análise de documentos iniciais e definição de prioridades) e a análise/processamento da solicitação propriamente dita

Fontes: Aliceweb; SIQUIM; ANVISA; Análise Bain / Gas Energy

PRODUTO IMPORT. (12’) PROPRIET. TRIAGEM ANÁLISE CONCLUÍDO

FILA*

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 3

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANVISA - Manual de Procedimentos para Análise Toxicológica de Produtos Agrotóxicos, seus componentes e afins, 2013

ANVISA - Situação dos pleitos de registro, 2013

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CIS – ChemicalInfo, Directory of World Chemical Producers, 2013

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