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Relatório 4 – Derivados de celulose

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Relatório 4 – Derivados de celulose

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Autoria e Edição de Bain & Company 1ª Edição Abril 2014

Bain & Company Rua Olimpíadas, 205 - 12º andar 04551-000 - São Paulo - SP - Brasil Fone: (11) 3707-1200 Site: www.bain.com

Gas Energy Av. Presidente Vargas, 534 - 7° andar 20071-000 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Fone: (21) 3553-4370 Site: www.gasenergy.com.br

O conteúdo desta publicação é de exclusiva responsabilidade dos autores, não refletindo, necessariamente, a opinião do BNDES. É permitida a reprodução total ou

parcial dos artigos desta publicação, desde que citada a fonte.

Este trabalho foi realizado com recursos do Fundo de Estruturação de Projetos do BNDES (FEP), no âmbito da Chamada Pública BNDES/FEP No. 03/2011. Disponível com mais detalhes em <http://www.bndes.gov.br>.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Sumário

Derivados da celulose .......................................................................................................................... 4

1. Escopo ............................................................................................................................................ 4

2. Celulose solúvel ........................................................................................................................... 5

2.1. Condições da demanda ....................................................................................................... 5

2.2. Fatores de produção ............................................................................................................ 7

2.3. Características da indústria .............................................................................................. 10

3. Viscose ......................................................................................................................................... 14

3.1. Escopo e cadeia de valor ................................................................................................... 14

3.2. Condições da demanda ..................................................................................................... 16

3.3. Fatores de produção .......................................................................................................... 21

3.4. Características da indústria .............................................................................................. 25

3.5. Indústrias relacionadas ..................................................................................................... 29

4. Acetato de celulose .................................................................................................................... 30

4.1. Escopo e cadeia de valor ................................................................................................... 30

4.2. Condições da demanda ..................................................................................................... 31

4.3. Fatores de produção .......................................................................................................... 35

4.4. Características da indústria .............................................................................................. 38

4.5. Indústrias relacionadas ..................................................................................................... 41

5. Éteres de celulose ....................................................................................................................... 42

5.1. Escopo e cadeia de valor ................................................................................................... 42

5.2. Condições da demanda ..................................................................................................... 43

5.3. Fatores de produção .......................................................................................................... 46

5.4. Características da indústria .............................................................................................. 47

5.5. Indústrias relacionadas ..................................................................................................... 50

6. Diagnóstico, oportunidades e linhas de ação ......................................................................... 51

6.1. Celulose solúvel ................................................................................................................. 51

6.2. Viscose ................................................................................................................................. 52

6.3. Acetato de celulose ............................................................................................................ 53

6.4. Éteres de celulose ............................................................................................................... 55

Anexo 1: Subsegmentos de segunda prioridade ........................................................................... 57

REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA .................................................................................................. 59

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Derivados da celulose

1. Escopo

A celulose é um dos polímeros mais abundantes do planeta. Sua principal aplicação é na indústria de papel, que consome mais de 95% da produção global, de acordo com especialistas. O restante da produção se destina ao consumo como celulose solúvel, com maior grau de pureza1 e utilizada principalmente na indústria química. O escopo do presente Estudo é limitado aos derivados desta celulose solúvel.

A cadeia da celulose solúvel se inicia na madeira ou no línter de algodão,2 matérias-primas do segmento. A partir destas matérias-primas se produz a celulose solúvel, que pode ser grau viscose (commodity) ou alto-alfa (especialidade). A celulose solúvel é então utilizada por algumas cadeias consumidoras, sendo as principais: a viscose, os acetatos de celulose e os éteres de celulose; conforme ilustrado na Figura 1.

Figura 1: Cadeia de valor da celulose solúvel

1 A pureza da celulose solúvel é medida pela concentração de alfa-celulose na pasta de celulose. 2 Fibras de celulose que existem na superfície da semente do algodão.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

A fibra de viscose, aplicação que representou 74% do mercado global de celulose solúvel em 2012, é predominantemente usada na indústria têxtil. Já os acetatos de celulose são utilizados principalmente na indústria tabagista, enquanto os éteres de celulose possuem como principais indústrias consumidoras a farmacêutica, a alimentícia e a de cosméticos. A nitrocelulose é um insumo para a fabricação de tintas especiais e de explosivos e a celulose microcristalina possui mercados semelhantes aos dos éteres de celulose (farmacêutica, alimentícia e de cosméticos).

Este Estudo aborda, além da própria celulose solúvel, as cadeias de viscose, acetato de celulose e éteres de celulose, que representaram aproximadamente 90% das importações do segmento em 20123. As cadeias desses 3 derivados de celulose solúvel são analisadas em Capítulos específicos, enquanto as demais cadeias são descritas em menor nível de detalhe no Anexo 1.

2. Celulose solúvel

2.1. Condições da demanda

Mercado global

O mercado global de celulose solúvel foi de aproximadamente 5,5 bilhões de dólares em 2012, com 5,8 milhões de toneladas comercializadas (Figura 2). A celulose grau viscose correspondeu a 4,3 milhões de toneladas, enquanto a alto-alfa representou 1,5 milhão.

3 Aliceweb.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 2: Mercado global de celulose solúvel

Como pode ser observado na Figura 2, o crescimento histórico, de 2000 a 2012, da demanda de celulose solúvel foi distinto nas diferentes cadeias consumidoras. Entre as diferenças, vale ressaltar o crescimento mais acelerado da demanda por celulose para produção de viscose e a maior volatilidade dessa demanda. Essa volatilidade pode ser observada pela diferença nos crescimentos de 2000 a 2007 e de 2008 a 2012 e é explicada pela competição direta entre as fibras de viscose e algodão na indústria têxtil, conforme detalhado no Capítulo 3 – Viscose.

Espera-se que o aumento da demanda por celulose alto-alfa, consumida nas cadeias de acetato e éteres de celulose, se mantenha em nível semelhante ao crescimento histórico: 2% ao ano de 2012 a 2016 em acetatos de celulose4 e 4% ao ano de 2012 a 2017 em éteres de celulose.5 Para a celulose grau viscose, utilizada na cadeia da viscose, espera-se uma desaceleração entre 2012 e 2018, com crescimento anual aproximado de 4%6,7.

Mercado brasileiro e balança comercial

O Brasil está entre os 5 principais países produtores globais de celulose solúvel, porém o mercado local ainda é pouco desenvolvido. Em 2012, foram produzidas 466 mil toneladas no País, cerca de 8% do consumo global, das quais 398 mil toneladas foram destinadas à exportação, principalmente para a China (238 mil toneladas). Foram importadas 7 mil toneladas, de forma que o consumo aparente local foi de 73 mil toneladas (Figura 3). 4 Rayonier (2013). 5 MarketsAndMarkets (2012). 6 Assumindo-se crescimento do mercado de fibras de viscose alinhado ao crescimento da indústria têxtil, em peças de vestuário. 7 Euromonitor International (2014a).

Mercado global de celulose solúvel em 2012: US$5,5B

(*) Derivados diretos, relativos ao elo seguinte na cadeia de valor; CAGR = Compound Annual Growth Rate

Fonte: Aliceweb; BNDES (2013); Análise Bain / Gas Energy

Mercado global de celulose solúvel(milhões de toneladas)

4% 9%

Acetato de celuloseÉteres de celuloseOutros (Segunda prioridade)

Viscose

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Figura 3: Consumo aparente local de celulose solúvel

O consumo aparente local de celulose solúvel grau viscose foi de 19 mil toneladas em 2012, utilizadas na produção de fibras de viscose.8 O restante do consumo, 54 mil toneladas, foi relativo à celulose solúvel alto-alfa.

2.2. Fatores de produção

Matérias-primas

A principal matéria-prima da celulose solúvel é a madeira, que corresponde a aproximadamente 50% do custo variável, seguida de químicos, mão de obra, energia e outros9 (Figura 4).

8 Abrafas (2013). 9 A celulose solúvel produzida a partir do línter de algodão possui estrutura de custo diferente.

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Figura 4: Custo variável de produção da celulose solúvel

A eletricidade no Brasil é pouco competitiva, mas os players geram sua própria energia através da queima de resíduos do seu processo. A mão de obra, por sua vez, é mais competitiva no Brasil que nos principais países produtores, com exceção da China.

Os químicos utilizados no processo produtivo da celulose solúvel são sais de ácidos sulfurosos e soda cáustica, produtos importados pelo Brasil. De acordo com especialista da indústria, são commodities amplamente disponíveis no mercado global e de fácil obtenção, de forma que sua importação não compromete a competitividade local.

O Brasil detém ampla vantagem competitiva na produção de madeira em virtude da disponibilidade de terras cultiváveis e do clima, ambos com efeito positivo na maior produtividade local. Existem madeiras de fibras curtas e de fibras longas, e a produtividade das florestas brasileiras é superior à dos demais países em ambas (Figura 5).

• Outros materiais, com baixa relevância no custo total

• O custo da energia elétrica não é uma desvantagem competitiva na produção de celulose solúvel, pois as plantas são autossuficientes em energia1,2

• A mão de obra é competitiva quando comparada a 4 dos 5 principais produtores mundiais: Suécia, Canadá, Estados Unidos e África do Sul. O quarto player é a China

• Os químicos utilizados no processo são, principalmente, sais de ácidos sulfurosos e soda cáustica, de fácil obtenção no mercado global

• A madeira é o principal item de custo, correspondendo a 50% do custo variável. O Brasil possui grande vantagem competitiva nesta matéria-prima, seja pela disponibilidade de área para cultivo, seja pelo clima local. No Brasil, a idade média de corte do eucalipto é de 7 anos após o plantio, quando atinge cerca de 35 metros de altura. Em outras regiões do planeta, ele pode precisar de mais de 25 anos para atingir o mesmo ponto de corte.

Custo variável de produção da celulose solúvel(Dólares por tonelada)

(1) Player da indústria; (2) A queima de resíduos do processo, como a lignina, gera energia suficiente para o processo produtivoFonte: AliceWeb; Bahia Specialty Cellulose (s/d); BNDES (2013); Análise Bain / Gas Energy

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Figura 5: Produtividade das florestas

Em geral, a madeira de fibras curtas é obtida a partir do eucalipto nos países tropicais, enquanto a de fibra longa é obtida a partir do pínus nos países de clima temperado. Para as aplicações de celulose solúvel alto-alfa, o tamanho das fibras da madeira é um fator importante para as cadeias consumidoras, pois as tecnologias empregadas nessas cadeias são desenvolvidas ou adaptadas de acordo com o tipo de fibras (longa ou curta).

Para a produção de grãos de acetato, por exemplo, um player global afirmou que não pode utilizar em seu processo produtivo celulose solúvel produzida a partir de pínus. Da mesma forma, um player de nitrocelulose afirmou que em seu processo produtivo não é possível utilizar a celulose produzida a partir do eucalipto, exigindo o consumo de celulose de fibras longas ou de línter de algodão. No Brasil, o principal player produz celulose solúvel apenas a partir do eucalipto, limitando a disponibilidade de matéria-prima para players consumidores que não tiverem tecnologias adaptadas a esse tipo de celulose.

Produtividade das florestas(m3 por hectare por ano)

Nota: A fibra curta é obtida a partir do eucalipto e a fibra longa, do pínus. Apenas a Suécia utiliza bétula (fibra curta) e Picea abies (fibra longa)Fonte: Bracelpa (2014); UN Comtrade (2014); Análise Bain / Gas Energy

Principais países produtoresde celulose solúvelDemais países

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Rotas tecnológicas

Existem duas principais rotas tecnológicas para a produção da celulose solúvel: a rota sulfito e a rota pré-hidrólise Kraft (PHK). A primeira utiliza sais de sulfitos ou bissulfitos para extrair a lignina10 presente na madeira, aumentando a pureza de alfa-celulose11 na pasta de celulose. Por ser mais antiga, desenvolvida em 1854, é a rota dominante no mercado global.12 Porém, vale ressaltar que a rota sulfito só pode ser utilizada em alguns tipos de madeira, principalmente as de fibras longas.13

A rota PHK, que utiliza hidróxido de sódio e sulfeto de sódio para purificação da pasta de celulose, foi desenvolvida durante a Segunda Guerra Mundial. Ela pode ser utilizada em diversos tipos de madeira de fibras longas e curtas e permite atingir graus de pureza superiores à rota sulfito.14 Novas unidades produtivas de celulose solúvel estão adotando essa tecnologia, a qual já é utilizada na principal planta brasileira.

2.3. Características da indústria

Países produtores

A produção global de celulose solúvel é distribuída pelo mundo, sendo os principais países produtores a China, o Canadá, os Estados Unidos, a África do Sul, o Brasil e a Suécia.15 Estados Unidos e China lideram essa lista, enquanto o Brasil, apesar da competitividade da madeira local, é o 5º maior produtor.

A Ásia consome 73% da celulose solúvel produzida no mundo (Figura 6). Esse fato deve-se à concentração da produção têxtil na região, que inclui a produção de fibras e fios de viscose. Os maiores importadores dessa região são a China, com importação de 1,6 milhão de toneladas em 2012, seguida por Indonésia, Índia, Tailândia e Japão, com 432 mil, 202 mil, 143 mil e 128 mil toneladas, respectivamente.16

10 A lignina, assim como a celulose, é um polímero natural com características específicas. No mercado de celulose solúvel, a lignina é considerada uma impureza, devendo ser removida. 11 A pureza da celulose solúvel é medida pela concentração de alfa-celulose na pasta de celulose. 12 Andritz (2011). 13 Rayonier (2013). 14 Herbert Sixta (2006). 15 BNDES (2013). 16 UN Comtrade (2014).

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Figura 6: Capacidade produtiva e consumo aparente de celulose solúvel no mundo

Existe também grande fluxo intrarregional, principalmente na América do Norte e Europa. Na América do Norte, o Canadá exportou, em 2012, 151 mil toneladas de celulose solúvel para os Estados Unidos. Na Europa, foram 165 mil toneladas exportadas da Suécia para a Alemanha e 72 mil da França para a Alemanha, também em 2012.

Estratégia de atuação dos principais players

Os principais players de celulose solúvel do mundo são Sappi (África do Sul), Aditya Birla (Índia), Rayonier (Estados Unidos), Sateri (China) e Lenzing (Áustria) (Figura 7). Em geral, os players globais atuam apenas em um dos dois mercados de viscose solúvel, grau viscose ou alto-alfa. Uma exceção é a Sateri, que produz ambos os tipos de celulose a partir de sua planta localizada no Brasil.

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Figura 7: Capacidade produtiva de celulose solúvel por grau de pureza

As quatro principais produtoras de celulose solúvel grau viscose possuem integração com outras atividades. No caso da Sappi, existe integração na produção de celulose de papel, garantindo sinergia no suprimento de matéria-prima, nesse caso, o eucalipto. Os demais players globais são integrados a jusante, produzindo também fibras de viscose. A Lenzing e a Aditya Birla consomem toda a celulose solúvel que produzem e adquirem no mercado um volume adicional para suprir sua produção de fibras de viscose. Já a Sateri é autossuficiente em celulose grau viscose, vendendo seu excedente no mercado.

No mercado de celulose solúvel alto-alfa, os principais players são a Rayonier e a Tembec. A Rayonier atua exclusivamente no mercado de celulose solúvel, sendo integrada a montante para garantir o fornecimento de madeira. A Tembec, assim como a Sappi, atua no mercado de celulose de papel, além da celulose solúvel.

Em 2012, a capacidade global de celulose solúvel grau viscose era de 4,9 milhões de toneladas, diante de uma demanda de 4,3 milhões de toneladas, demonstrando excesso de capacidade. No caso da celulose alto-alfa, registrou-se uma capacidade produtiva de 1,6 milhão de toneladas diante de uma demanda de 1,5 milhão de toneladas.

No Brasil, o mercado de celulose solúvel é dominado pela Sateri, e existe previsão de entrada de um novo player nesse mercado: a Jari Celulose. Além desses, estão presentes também empresas com fábricas de pequeno porte.

Capacidade produtiva de celulose solúvel, por grau de pureza (milhões de toneladas, 2012)

(*) Capacidade produtiva superior a 100 mil toneladas por anoFonte: BNDES (2013); Análise Bain / Gas Energy

Integração com celulose de papel

Integração vertical com fibras de viscose

Sem informação sobre integração vertical

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A Sateri atua com o nome de sua controlada, a Bahia Specialty Cellulose (BSC), que é a principal produtora de celulose solúvel local. Com capacidade produtiva de 485 mil toneladas por ano, em 2012, a BSC possuía 7,5% da capacidade global. Destas 485 mil toneladas, aproximadamente 355 mil toneladas são relativas à celulose grau viscose, e 130 mil à alto-alfa.17

Em 2012, a empresa produziu 432 mil toneladas,18 das quais 143 mil foram destinadas à sua planta de fibras de viscose localizada na China, enquanto o restante foi vendido para outras empresas. Em 2014, a Sateri expandiu sua capacidade produtiva de fibras de viscose na China de 160 mil para 360 mil toneladas,19 indicando um possível crescimento das exportações do tipo matriz-filial nos próximos anos.

A Jari Celulose, empresa de capital nacional que atuava no ramo de celulose de papel, anunciou em 2012 que entraria no mercado de celulose solúvel. Para isso, converteria sua planta de celulose de papel em celulose solúvel, atingindo uma capacidade de 240 mil toneladas por ano.

As pequenas fábricas de celulose solúvel presentes no Brasil são normalmente resultado de integração a montante de players de derivados da celulose. Um exemplo é a Vicunha, que produz fibras de viscose. A empresa se integrou a montante para fabricar celulose solúvel a partir de línter de algodão e utilizá-la em seu processo produtivo têxtil.

Situação financeira dos principais players

Os players globais do segmento de celulose solúvel são empresas com receitas da ordem de bilhões ou centenas de milhões de dólares. A partir dos dados de 2012 (Figura 8), verifica-se que as divisões de celulose solúvel tendem a possuir receita anual entre 500 milhões e 1 bilhão de dólares. A margem dessas unidades também tem grande variância: enquanto a Tembec alcançou margem EBITDA20 de 14% em 2012, a Sateri obteve margem EBITDA de 40% no mesmo ano.

17 BNDES (2013). 18 Sateri (2012). 19 Risi (2014). 20 Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization (em português, lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 8: Situação financeira dos players de celulose solúvel

3. Viscose

3.1. Escopo e cadeia de valor

A viscose é uma fibra artificial fabricada a partir da celulose e utilizada na indústria têxtil. As fibras de viscose são a principal aplicação da celulose solúvel, com 73% do consumo desse insumo em 2011. Porém essas fibras são pouco representativas na indústria têxtil, correspondendo a aproximadamente 5% do mercado global têxtil em 2011 (Figura 9).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 9: Mercado global de celulose e da indústria têxtil

A indústria têxtil pode ser dividida de acordo com os tipos de fibras. Os dois principais grupos são os de fibras naturais e os de fibras químicas.

As fibras naturais são obtidas diretamente da natureza, sem a necessidade de processamento químico. O algodão é a principal fibra natural utilizada pelo homem, representando mais de 90% do consumo global dessas fibras em 2011.21

As fibras químicas são divididas entre artificiais (obtidas a partir de matérias-primas naturais) e sintéticas (obtidas a partir de rotas químicas). A viscose é a principal fibra artificial (existem também o acetato, Lyocell, etc.), enquanto as sintéticas incluem fibras de poliésteres, poliamidas, entre outras.

A cadeia de valor da indústria têxtil é composta por diversos elos produtivos. A partir da matéria-prima (celulose solúvel, no caso da viscose), são fabricadas as fibras. Com as fibras se produzem os fios e, com estes, as malhas e tecidos, que são encaminhados para os segmentos de vestuário, têxteis domiciliares ou vestimentas técnicas.22 O escopo deste capítulo são as fibras e os fios de viscose. A celulose solúvel é abordada como matéria-prima, e a indústria têxtil como mercado consumidor.

O preço médio da celulose solúvel no comércio exterior foi 0,95 dólar por quilo em 2012, enquanto o de fios de viscose foi 3,29 dólares. O processo produtivo é tal que 1 tonelada de celulose solúvel produz 0,92 tonelada de fios de viscose. Com isso, a agregação de valor entre esses elos é de aproximadamente 2,5 vezes (Figura 10).

21 BNDES (2013). 22 IEMI (2013).

Mercado global de celulose solúvel e da indústria têxtil(Milhões de toneladas, 2011)

(*) Inclui outras aplicações da celulose solúvelFonte: Aliceweb; IEMI (2013); BNDES (2013); Análise Bain / Gas Energy

CELULOSE INDÚSTRIA TÊXTIL

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Figura 10: Preços relativos na cadeia da viscose

3.2. Condições da demanda

Mercado global

O mercado global de fibras têxteis movimentou aproximadamente 80 milhões de toneladas em 201223, das quais cerca de 60% relativos a fibras sintéticas, 35% a fibras naturais e 5% a fibras artificiais. Nesse mesmo ano, o mercado global de fibras de viscose foi de 4,3 milhões de toneladas (Figura 11), representando aproximadamente 11 bilhões de dólares.24 O mercado global de fios de viscose, por sua vez, foi de 3,95 milhões de toneladas, que representaram aproximadamente 15 bilhões de dólares em 201225.

23 Euromonitor International (2014a) e BNDES (2013). 24 Aliceweb e BNDES (2013). 25 Aliceweb e BNDES (2013).

Preços relativos na cadeia da viscose(US$/kg de celulose solúvel; 2012)

(*) Free on boardFonte: Aliceweb; IEMI (2013); Abrafas (2013); BNDES (2013); Análise Bain / Gas Energy

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 11: Mercado global de fibras de viscose

Houve redução do mercado global de viscose nos anos de 2001 e 2008, demonstrando a pouca estabilidade desse mercado. Uma das causas foi o aumento do preço da celulose solúvel em comparação ao algodão, já que ambos são substitutos diretos na indústria têxtil.

Em 2008, os produtores de celulose solúvel elevaram o preço da celulose grau viscose, desvinculando-o do algodão (Figura 12). Com isso, os produtores de fios, que são diversificados e atuam utilizando diferentes tipos de fibras, mudaram seu mix de produção priorizando a fabricação de fios de algodão em detrimento dos de viscose. O resultado foi a diminuição da demanda global de viscose, de 3,2 milhões de toneladas, em 2007, para 2,8 milhões, em 2008 (Figura 11).

Mercado global de fibras de viscose(milhões de toneladas)

Fonte: Aliceweb; Abrafas (2013); BNDES (2013); Análise Bain / Gas Energy

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Figura 12: Preço da celulose solúvel e do algodão no mercado global

Em 2010 e 2011, houve outro aumento no preço da viscose, dessa vez decorrente do aumento no preço do algodão.26 Com os preços variando de forma conjunta, a participação das fibras de viscose na indústria têxtil não foi afetada, garantindo a manutenção do crescimento desse mercado entre 2010 e 2012.

A tendência de crescimento da demanda por fios e fibras de viscose é determinada pelo tamanho do mercado têxtil e pela participação da viscose nesse mercado. O mercado têxtil é influenciado pelo tamanho da população e pelo Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos países.27 Entre 2012 e 2018, é esperado um crescimento de 1% na população global28, enquanto o PIB per capita deve crescer a taxas de 2% no mesmo período.29 Nesse mesmo período o Euromonitor International estima um crescimento de 4,1% ao ano no mercado têxtil30.

A participação da viscose na indústria têxtil é dependente, principalmente, do preço relativo da celulose solúvel e do algodão. Como o preço depende da estratégia dos players globais, a participação da viscose no mercado têxtil futuro é de difícil previsão. Caso não haja grande variação no preço relativo, a tendência é de que a viscose ganhe mercado do algodão em função dos avanços tecnológicos e da conscientização sobre o melhor uso dos recursos naturais.

26 O preço do algodão subiu em função do aumento inesperado na demanda chinesa e da quebra de safras resultante de inundações na Austrália e no Paquistão. 27 BNDES (2013). 28 World Bank (2013). 29 ERS (2013). 30 Euromonitor International (2014a).

Fonte: Paper Advance (2013); Análise Bain / Gas Energy

Celulose solúvel(dólares por quilo)

Algodão(dólares por libra)

Gap entre preços

Preço da celulose solúvel e do algodão no mercado global

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O algodão, por ser uma fibra natural, não pode sofrer modificações sem perder sua propriedade têxtil. Por outro lado, fibras químicas (artificiais e sintéticas) são passíveis de melhorias, de forma que pode haver desenvolvimento tecnológico na criação de tecidos superiores. Avanços tecnológicos incluem, por exemplo, tecidos de fácil lavagem, de secagem rápida, roupas que não amassam, tecidos mais leves e mais resistentes, entre outros.

A vantagem da viscose em relação ao algodão, no uso de recursos naturais, está na utilização de água e de terras para produção de fibras. Enquanto a plantação de algodão exige aproximadamente 8,8 mil metros cúbicos de água por tonelada de fibras, a plantação de árvores para produção de fibras de viscose exige menos de 0,5 mil metros cúbicos31.

O mesmo ocorre em relação à utilização do solo, já que a produtividade do algodão por hectare é menor: de acordo com especialistas, é necessário 1 hectare por tonelada anual de fibras produzidas, enquanto a viscose exige menos de 0,7 hectare. Especialistas também afirmaram que o solo necessário para plantação de algodão é nobre. Nesse aspecto, o algodão disputa diretamente com os alimentos, que também requerem solo nobre para sua produção. As florestas de eucalipto e pínus, utilizadas para a produção do insumo da viscose, podem ser plantadas em terrenos com menor fertilidade e podem até ajudar a recuperar a qualidade do solo.

O crescimento do mercado têxtil e a vantagem tecnológica e ambiental da viscose contribuem para o crescimento de seu mercado global. O preço relativo, influenciado pelo preço do algodão e pelas estratégias de preço dos produtores de celulose solúvel grau celulose, podem influenciar essa tendência em ambos os sentidos.

Mercado brasileiro / balança comercial

No Brasil foram produzidas 19 mil toneladas de fibras de viscose em 2012, com importações de 7 mil toneladas e exportação de menos de mil toneladas. Dessa forma, o consumo aparente de fibras de viscose totalizou 26 mil toneladas em 2012 (Figura 13), representando menos de 1% do consumo mundial dessa fibra.

31 Haemmerle (2011).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 13: Consumo aparente local de fibras e fios de viscose

O consumo local de 26 mil toneladas de fibras de viscose foi utilizado na produção de 24 mil toneladas de fios de viscose em 2012. As importações somaram 104 mil toneladas de fios de viscose, sem exportação relevante. Com isso, o consumo aparente local de fios de viscose foi de 128 mil toneladas, sendo mais de 80% do volume suprido por importações.

As importações foram originárias principalmente dos países do Sudeste Asiático e da Turquia, tradicionais na produção têxtil e com maior competitividade na produção, como explicado nas seções 3.3 – Fatores de produção e 3.4 – Características da indústria.

Sofisticação da demanda

A demanda brasileira de viscose é pouco sofisticada quando comparada à dos demais países globais. Nos países sofisticados, em geral o consumidor busca roupas de maior qualidade, dando preferência às fibras químicas. Enquanto isso, de acordo com especialistas, no Brasil, os consumidores são influenciados pela moda, que prioriza tecidos tradicionais feitos principalmente de algodão. O resultado disso é um diferente mix da indústria têxtil no Brasil comparado ao mundial: brasileiros consomem mais fibras naturais, e nos demais países o consumo de fibras químicas é superior (Figura 14).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 14: Mercado têxtil no Brasil e no mundo, por tipo de fibras

3.3. Fatores de produção

Matérias-primas, rotas tecnológicas e custo de produção

O processo produtivo das fibras de viscose é conhecido em todo o mundo, porém seu domínio requer adaptações ao tipo de matéria-prima. A tecnologia utilizada para produzir fibras de viscose a partir de línter de algodão difere daquela utilizada na produção a partir da celulose de fibras do eucalipto ou do pínus.

No caso dos fios de viscose, o processo produtivo consiste na união de diversas fibras em máquinas de fiação convencionais, utilizando tecnologias amplamente difundidas.

A principal matéria-prima das fibras de viscose é a celulose solúvel grau viscose, que corresponde a aproximadamente 50% do custo variável de produção. Energia e mão de obra representam aproximadamente 30%, enquanto os demais custos, como químicos utilizados no processo, são responsáveis por 20% (Figura 15).

Na produção dos fios de viscose, a fibra é responsável por aproximadamente 70% do custo variável. Os demais 30% do custo variável são divididos em energia e mão de obra, que representam 20%, e outros custos, responsáveis por 10%.

Dessa forma, analisando-se os fatores de produção de ambos os elos, verifica-se que os três principais componentes do custo da cadeia da viscose são celulose solúvel, energia e mão de obra.

Fonte: Abrafas (2013); IEMI (2013); Análise Bain / Gas Energy

Mercado têxtil no Brasil e no mundo, por tipos de fibras (milhões de toneladas, 2011)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 15: Abertura do custo variável das fibras e fios de viscose

A celulose solúvel é amplamente disponível no Brasil e é produzida, principalmente, pela Sateri (93% da produção local32). A empresa não recebe incentivos para praticar preços internos inferiores aos praticados no mercado internacional (preço FOB33 somado aos custos de internação), de forma que a ampla disponibilidade local de celulose solúvel não se converte, necessariamente, em vantagem competitiva para a produção local de viscose. O custo da celulose grau viscose no mercado interno foi um dos fatores que incentivaram a Vicunha, único produtor de fibras de viscose do Brasil, a se integrar a montante ao comprar a planta de línter de algodão da empresa Buckeye em 2012, de acordo com especialista da indústria.

No Brasil, a eletricidade é menos competitiva que nos demais países produtores de fibras e fios de viscose, com exceção da Índia e da Turquia (Figura 16). A mão de obra brasileira ocupa uma posição de custo mediana, sendo mais competitiva que os principais produtores europeus e menos que os asiáticos (Figura 17).

No caso da fiação, player da indústria afirma que a produção local é menos eficiente que a produção no Sudeste Asiático. Segundo esse player, o custo de transformação (energia, mão de obra e outros), no elo de fiação da viscose, é 80% superior no Brasil: 1,10 dólar por quilograma de fio de viscose no Brasil vs. 0,60 dólar por quilo no Vietnã.

32 Sateri (2012). 33 Free on Board.

Fonte: Entrevista com especialista; Análise Bain / Gas Energy

Abertura do custo variável das fibras e fios de viscose

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 16: Custo da eletricidade industrial dos produtores de fibras e fios de viscose

Figura 17: Custo da mão de obra na indústria têxtil

Custo da eletricidade industrial (RS$/MWh, 2013)

(1) Outro: Indonésia (2) Outro: Áustria; (3) Outro: Tailândia (4) Países selecionados pelo estudo da FIRJAN; Fonte: Sistema FIRJAN (2013); UN Comtrade (2014); Análise Bain / Gas Energy

Demais países4

Principais exportadores de fibras de viscose3

Principais exportadores de fibras e fios de viscose1

Principais exportadores de fios de viscose2

(1) Países selecionados pelo estudo da Werner International Management ConsultantsFonte: Werner International Management Consultants (2012); UN Comtrade (2014); Análise Bain / Gas Energy

Custo da mão de obra na indústria têxtil (dólares por hora, 2011)

Demais países1

Principais exportadores de fibras de viscose

Principais exportadores de fibras e fios de viscose

Principais exportadores de fios de viscose

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Recursos humanos e equipe de gestão

Um especialista da indústria afirmou que não há problemas na contratação de recursos humanos com formação técnica para atuar na indústria têxtil, mas existe dificuldade na contratação de pessoas com formação superior. A dificuldade é resultante da localização da produção e da pouca atratividade da indústria para graduados.

As empresas têxteis estão concentradas no estado de São Paulo, com oportunidades reduzidas em outras localidades. Além disso, graduados em áreas tecnológicas, como engenharia, optam por seguir carreiras em empresas mais modernas, de forma que as oportunidades em indústrias tradicionais, como a têxtil, ficam em segundo plano.

A disponibilidade de equipes de gestão, por sua vez, não foi levantada como limitante no desenvolvimento desse segmento.

Infraestrutura

Um player da indústria local afirmou que a logística interna é um dos fatores que dificulta a exportação de fibras de acetato. Os custos logísticos que prejudicam a competitividade local são o transporte entre plantas e portos de exportação e os gastos relativos à utilização do porto e processos burocráticos.

Além disso, o frete internacional entre o Sudeste Asiático e a Turquia, o principal importador de fibras de viscose do mundo entre 2008 e 2012,34 é inferior ao frete a partir do Brasil, de acordo com players da indústria.

Capital para financiamento

O BNDES possui diversas linhas de financiamento para a indústria têxtil, como o BNDES Finem35, podendo ser aproveitadas nos elos de fibras e fios ou nos demais elos da cadeia consumidora.

Ambiente regulatório

A produção de fibras de viscose utiliza químicos que são agressivos à saúde humana, como o dissulfeto de carbono (CS2). O CS2 não é proibido, porém, existem regulações em diversos países, como os EUA, que limitam a concentração de dissulfeto de carbono no ambiente de trabalho36. Além disso, há normas para seu manuseio e armazenamento, a fim de reduzir os riscos de contaminação dos operários.37 No Brasil, existe uma ficha de informações de produto químico específica para o dissulfeto de carbono, que estabelece medidas preventivas e Equipamentos de Proteção Individual (EPI) recomendados.38

34 UN Comtrade (2014). 35 BNDES (s/d). 36 NIOSH (2013). 37 WHO (2002). 38 Cetesb (s/d).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

3.4. Características da indústria

Estratégia de atuação dos players no mundo

Os principais players de fibras de viscose são Lenzing, Aditya Birla e Sateri, todos integrados verticalmente com a produção de celulose solúvel (Figura 18). A Aditya Birla também é integrada a jusante, estando presente em todas as etapas até a venda das roupas confeccionadas. Esses três principais players de fibras de viscose possuem plantas de escala global concentradas no Sudeste Asiático, na Índia e na China.

Figura 18: Capacidade produtiva global de celulose solúvel grau viscose e fibras de viscose

O comércio exterior da cadeia de viscose está concentrado na Ásia, onde quatro países (China, Indonésia, Índia e Tailândia) foram responsáveis por aproximadamente 90% das exportações globais de fibras de viscose em 2012 (Figura 19). Tais países também constaram entre os principais produtores de fios de viscose, demonstrando a concentração da cadeia da viscose em poucos países. De acordo com especialistas, a vantagem competitiva desses países está, principalmente, nas plantas de grande escala e com integração vertical, além dos baixos custos de mão de obra.

Capacidade produtiva global de celulose solúvel grau viscose e fibras de viscose(Mil toneladas, 2012)

(*) Capacidade produtiva superior a 100 mil toneladas por anoFonte: BNDES (2013); Análise Bain / Gas Energy

Integração vertical com fibras de viscose

Sem informação sobre integração vertical

Não integrado

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 19: Países exportadores de fibras e fios de viscose

Existe também comércio relevante de fibras e fios de viscose entre países da Europa, principalmente Alemanha, Áustria e Turquia. Na Alemanha, a empresa Kelheim, especializada em viscoses especiais, produz e exporta fibras de viscose para aplicações de nichos que requerem fibras de alta qualidade.

Na Áustria, a Lenzing produz fibras de viscose e vende às empresas locais de fios, que atendem ao mercado local e exportam para outros países da União Europeia, aproveitando o benefício do acordo de livre-comércio.

Na Turquia, os players são beneficiados pela posição geográfica central e pela maior produtividade local. A localização da Turquia é vantajosa por haver frete barato tanto para a matéria-prima (na China, Índia e Sudeste Asiático) quanto para o mercado consumidor (na Europa). Com isso, garante economias logísticas que aumentam a competitividade local.

A elevada produtividade da Turquia é resultado da tradição do país na indústria têxtil, com indústrias consolidadas na produção têxtil a partir de outras fibras. As empresas que atuam no segmento de fios não são especializadas em viscose, produzindo também fios a partir de outros insumos, de forma que a experiência no restante da indústria têxtil também beneficia as fibras de viscose.

Além de serem diversificadas, as empresas de fios de viscose em todo o mundo são menores que as de fibras, resultando em um mercado global menos concentrado39.

39 IEMI (2013).

Países exportadores de fibras e fios de viscose(Mil toneladas, 2012)

Fonte: UN Comtrade (2014); Análise Bain / Gas Energy

Demais países

China, Índia e Sudeste Asiático

Turquia

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Estratégia de atuação dos players no Brasil

No Brasil, o único player de fibras de viscose é a Vicunha, integrada a jusante com fios, malhas e confecção. Também possui uma planta de celulose solúvel de línter de algodão, que durante um período abastecia sua produção de fibras de viscose. Em 2006, em virtude da melhor posição de custo da celulose de madeira em relação à do línter, a Vicunha adaptou seu processo produtivo e passou a utilizar apenas a celulose solúvel de madeira. Anos depois, para evitar a dependência no mercado da celulose de madeira, a empresa implementou uma tecnologia flexível que permite o uso de celulose solúvel tanto do eucalipto quanto do línter de algodão.

Em 2013, a Vicunha optou por paralisar sua planta de fibras de viscose, emitindo uma nota oficial que incluía os motivos do fechamento da unidade produtiva40. De acordo com um player da indústria, dentre os motivos se destacava o fim de medidas protecionistas, como o cancelamento da lista de exceções da tarifa externa, que aumentava o imposto de importação dos fios de viscose de 18% para 25%.

No elo dos fios de viscose, existem diversos players no Brasil, seguindo a mesma estrutura do mercado global. São empresas que normalmente atuam na fabricação de fios a partir de diferentes insumos, podendo alterar seu mix de produção conforme a dinâmica do mercado.

Situação financeira das empresas

Os três principais players globais de fibras de viscose possuem porte e estratégia de atuação diferentes. A Aditya Birla atua em diversos segmentos, sendo a viscose apenas parte de seu negócio. A Lenzing possui como core business as fibras de viscose, e a Sateri divide sua atuação entre celulose solúvel e fibras de viscose. Apesar disso, o desempenho do negócio de fibras de viscose foi semelhante nessas empresas em 2012, com EBITDA e PBIDT41 entre 16% e 18% (Figura 20).

Figura 20: Situação financeira dos players de fibras de viscose

40 Vicunha (2013). 41 Profit Before Interest, Depreciation and Taxes (em português, lucro antes dos juros, depreciação e impostos).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

A Vicunha, único player brasileiro, é voltada para os mercados consumidores - indústria têxtil. Seu negócio de fibras de viscose é pouco relevante no desempenho da empresa, sendo controlado desde 2009 por uma empresa subsidiária, a Fibracel, cujo resultado não é divulgado abertamente.42

Os players de fios de viscose, globais e locais, são empresas de menor porte. Um exemplo é a Swan Fiber, um dos maiores players de fios de viscose da China, que em 2012 teve uma receita de 137 milhões de dólares e EBITDA de -3,3%.43

Escala das plantas

A escala das plantas de fibras de viscose apresenta uma tendência de crescimento. A unidade produtiva da Vicunha, construída em 1956, em 2012 possuía capacidade produtiva de aproximadamente 45 mil toneladas por ano. Em 2007, a Lenzing construiu uma planta de 60 mil toneladas por ano, enquanto em 2013 foi concluída a última expansão em sua planta na Indonésia, que atingiu 320 mil toneladas por ano de capacidade (Figura 21).

Figura 21: Escala das plantas de fibras de viscose

No elo de fios de viscose, as plantas são menos intensivas em capital, com capacidade produtiva inferior. A chinesa Swan Fiber, um dos maiores players de fios de viscose da China, possui capacidade produtiva de 22 mil toneladas por ano44. No Brasil, a maior planta, da Alpina Têxtil, possui capacidade produtiva de 10 mil toneladas por ano, enquanto outras variam de 2 mil a 5 mil toneladas anuais, de acordo com player da indústria.

Sinergias e polos produtivos

A principal sinergia apontada por players da indústria é a criação de polos têxteis, minimizando os custos com fretes entre os diversos elos da cadeia.

42 Bovespa (2009). 43 S&P Capital IQ (2014). 44 Swan Fiber (s/d).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Barreiras de entrada a novos players no mercado local

As maiores barreiras de entrada a novos players de fibras de viscose no Brasil são o excesso de capacidade no mercado global, o pequeno mercado local e a pior posição de custo em comparação com os maiores produtores globais.

O mercado global de fibras de viscose possuía, em 2012, capacidade produtiva de 5 milhões de toneladas para um consumo de 4,3 milhões de toneladas. Apesar disso, existem diversos novos projetos anunciados, de forma que, no início de 2016, a capacidade produtiva poderá ser superior a 6 milhões de toneladas. Tal capacidade seria suficiente para atender ao mercado global até 2021, caso a taxa de crescimento da demanda de fibras de viscose esteja alinhada ao mercado têxtil, com tendência de crescimento global de 4,1% ao ano.

O pequeno mercado local de fibras de viscose é resultado da falta de competitividade dos produtores de fios de viscose, que resultou na redução da produção local desde 2008. Assim, como já mencionado neste relatório, mais de 80% da demanda local de fios de viscose de 2012 foi suprida por importações.

Os principais fatores de produção das fibras de viscose são eletricidade, mão de obra e celulose solúvel. Os dois primeiros têm custo superior no Brasil, quando comparados aos países do Sudeste Asiático. A celulose solúvel, apesar de estar disponível e ser competitiva localmente, não possui incentivos para ser fornecida ao mercado local com preço inferior ao do mercado global.

No elo dos fios de viscose, a principal barreira de entrada a novos players é a falta de competitividade dos fatores de produção, resultado de elevados custos de eletricidade e mão de obra.

Características dos clientes

Clientes das plantas de fibras de viscose são as empresas de fiação, que em geral atuam na fabricação de fios diversos, sendo a viscose apenas parte de seu negócio. No Brasil, existem 440 empresas de fiação, com capacidade produtiva média de 2,8 mil toneladas por ano45.

Os clientes das empresas de fios de viscose são as produtoras de malhas e tecidos. Assim como no caso da fiação, as empresas adquirem fios de diversos tipos e compõem os tecidos com a proporção desejada. No Brasil, existem 579 empresas de tecelagem e 764 de malharia, com capacidade média de 2,3 mil e 0,7 mil toneladas por ano, respectivamente.45

3.5. Indústrias relacionadas

O maquinário utilizado na indústria têxtil é padronizado ao redor do mundo. De acordo com especialistas, a produção global é concentrada em poucos players, localizados principalmente na Alemanha e na Itália. Com isso, novos investimentos no Brasil dependem de importação de maquinário.

45 IEMI (2013).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

4. Acetato de celulose

4.1. Escopo e cadeia de valor

Os acetatos de celulose são intermediários químicos produzidos a partir da acetilação da celulose solúvel. Podem ser utilizados na fabricação de diversos produtos, como tecidos, embalagens e filmes fotográficos, entre outros, mas atualmente sua principal utilização é na fabricação de filtros de cigarro.

A cadeia do acetato de celulose inicia na celulose solúvel alto-alfa, utilizada para produzir grãos de acetato de celulose. Esses grãos podem ser utilizados em diversas aplicações, dentre as quais se destaca a de fibras de acetato. As fibras de acetato, por sua vez, são usadas principalmente para a fabricação de filtros de cigarro (Figura 22).

Figura 22: Mercado global da cadeia do acetato de celulose

O escopo deste capítulo são os elos de grãos e fibras de acetato. A celulose solúvel é abordada como matéria-prima, e os filtros de cigarro como mercado consumidor.

O preço médio da celulose solúvel no comércio exterior do Brasil foi 0,95 dólar por quilo em 2012, enquanto o de grãos de acetato foi 2,85 dólares por quilo e o de fibras 5,85 dólares por quilo. Existem variações de volume no processo, decorrentes principalmente da acetilação da celulose solúvel, de forma que com 1 tonelada de celulose solúvel é possível produzir 1,62 tonelada de grãos de acetato. Dessa forma, a agregação de valor entre a celulose solúvel e os grãos de acetato é de aproximadamente 400%, enquanto entre os grãos e fibras de acetato é superior a 100% (Figura 23).

Mercado global da cadeia do acetato de celulose (Mil toneladas, 2012)

Nota: Uma tonelada de celulose solúvel produz aproximadamente 1,62 tonelada de grãos de acetato de celuloseFonte: Aliceweb; BNDES (2013); Abrafas (2013); Análise Bain / Gas Energy

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 23: Preços relativos na cadeia do acetato de celulose

4.2. Condições da demanda

Mercado global

Grãos de acetato

O mercado global de grãos de acetato de celulose movimentou 1,35 milhão de toneladas em 2012, representando aproximadamente 3,8 bilhões de dólares.46 O volume do mercado cresceu aproximadamente 3% entre 2000 e 2012 (Figura 24), com tendência de crescimento de aproximadamente 2% entre 2012 e 2016,47 influenciado principalmente pelo aumento na demanda de fibras e pelo surgimento de novas aplicações.

46 Aliceweb e BNDES (2013). 47 Rayonier (2013).

Preços relativos na cadeia dos acetatos de celulose(US$/kg de celulose solúvel; 2012)

Fonte: Aliceweb; Abrafas (2013); Daicel (s/d); BNDES (2013); Análise Bain / Gas Energy

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 24: Mercado global de grãos de acetato de celulose

Fibras de acetato

Aproximadamente 85% da demanda de grãos de acetato é destinada à fabricação de fibras de acetato, a qual representa um mercado de aproximadamente 7 bilhões de dólares.48 Sua principal aplicação é a fabricação de filtros para o mercado de cigarros. O mercado global de cigarros mostra duas tendências opostas: (i) declínio em países desenvolvidos e em alguns países em desenvolvimento, como o Brasil; e (ii) crescimento em países em desenvolvimento, localizados principalmente na Ásia.

No primeiro caso, a tendência de declínio do mercado de cigarros é causada principalmente pelas leis de restrições de locais de fumo, campanhas antitabagistas e alta carga tributária.49 Nos Estados Unidos, por exemplo, o número de cigarros consumidos caiu 5% ao ano entre 2008 e 2012, e a tendência é que se reduza em 3,3% ao ano entre 2012 e 2017.50

No segundo caso, o aumento da renda vem resultando em crescimento do consumo de cigarros.49 O número de cigarros consumidos na China, por exemplo, cresceu 3,7% ao ano entre 2008 e 2012, com tendência de crescimento de 2,3% entre 2012 e 2017.50

48 Aliceweb e BNDES (2013). 49 BNDES (2013). 50 Euromonitor International (2014c).

Mercado global de grãos de acetato de celulose(milhões de toneladas)

Fonte: Aliceweb; Abrafas (2013); BNDES (2013); Análise Bain / Gas Energy

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Como efeito dessas duas tendências opostas, espera-se que o mercado global de cigarros cresça aproximadamente 0,5% ao ano entre 2012 e 2017.50 É importante ressaltar que o mercado de filtros de cigarro não corresponde exatamente ao consumo de cigarros, apesar da forte correlação. Existem países que ainda consomem cigarros sem filtro, como a Índia. Em 2008, apenas 72% dos cigarros consumidos na Índia eram filtrados, número que cresceu para 99,1% em 2012 e deve atingir 99,7% em 2017.51

Novas aplicações

O outro determinante do crescimento do mercado de grãos de acetato de celulose é o desenvolvimento de novas aplicações. O apelo ambiental inerente aos acetatos de celulose, por serem de origem renovável, está incentivando sua utilização como substituto de petroquímicos. Um exemplo é o acetobutirato de celulose, produzido a partir de grãos de acetato, que poderia substituir alguns plásticos em aplicações de nicho.

O principal mercado de nicho apresentado por players foi o de embalagens de origem renovável. Empresas de produtos ecologicamente corretos podem optar por usar essas embalagens, aumentando o apelo renovável de seus produtos. Além das embalagens, outros produtos relatados que poderiam utilizar grãos de acetato de celulose são fraldas, curativos, armações de óculos e cápsulas de agroquímicos,52 entre outros.

O desenvolvimento de novos produtos ocorre em centros de pesquisa localizados em algumas regiões do mundo. Neste contexto, o Brasil é um dos líderes e dispõe de centros tecnológicos que são referência global em pesquisa envolvendo acetatos de celulose, de acordo com players da indústria.

Mercado brasileiro / balança comercial

Grãos de acetato

O consumo brasileiro de grãos de acetato de celulose totalizou 14,9 mil toneladas em 2012, suprido integralmente por importações. Não houve produção local ou exportação relevante nesse ano (Figura 25). A principal aplicação local dos grãos de acetato, assim como no mercado global, é na produção de fibras de acetato, detalhadas a seguir.

51 Euromonitor International (2014c). 52 Membranas envolvendo agroquímicos, que liberam os produtos gradualmente quando posicionadas no solo.

Page 34: Relatório 4 – Derivados de celulose

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 25: Consumo aparente local de grãos e fibras de acetato de celulose

Fibras de acetato

O consumo aparente local de fibras de acetato totalizou 9,4 mil toneladas em 2012. No mesmo ano, foram produzidas 15,3 mil toneladas, das quais aproximadamente 6 mil toneladas foram exportadas e 0,1 mil toneladas importadas.

Assim como no mundo, o consumo brasileiro de fibras de acetato está relacionado ao mercado local de filtros de cigarro, que possui dois principais drivers de tendência: o consumo local de cigarro e a penetração dos filtros no mercado dos cigarros. Além desses, o tamanho médio dos filtros de cigarro também influencia o consumo de fibras de acetato, na medida em que mais fibras são inseridas no mesmo filtro.

O consumo local de cigarros está alinhado ao dos países desenvolvidos, com uma tendência de redução do mercado. Entre 2008 e 2012, o número de cigarros consumidos no Brasil decresceu 2,4% ao ano, e a tendência entre 2012 e 2017 é de queda de 1% ao ano.53

A penetração dos filtros de cigarro no mercado brasileiro é praticamente total. Em 2008, 99,2% dos cigarros eram filtrados, número que cresceu para 99,4% em 2012 e deve atingir 99,6% em 2017.53

53 Euromonitor International (2014c).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

O último fator analisado é o tamanho médio dos filtros de cigarro. De acordo com especialistas, no Brasil, os filtros utilizados são menores que nos países desenvolvidos. Tradicionalmente o consumo brasileiro de cigarros segue tendências globais, de forma que é esperado um aumento de aproximadamente 5% no tamanho dos filtros utilizados no Brasil, de acordo com os participantes da indústria. Esse aumento resultaria em um crescimento em iguais proporções na demanda de fibras de acetato de celulose para uso nos filtros de cigarro.

4.3. Fatores de produção

Matérias-primas, rotas tecnológicas e custo de produção

O processo produtivo dos grãos de acetato de celulose é amplamente conhecido no cenário global e consiste em uma acetilação. A partir da celulose solúvel e do anidrido acético, são produzidos o acetato de celulose e o ácido acético. O acetato de celulose é lavado e secado, resultando no grão de acetato.54 O ácido acético, subproduto do processo, é encaminhado a uma unidade de reciclagem, onde é utilizado na produção de anidrido acético. As fábricas nacionais de ácido e anidrido acético, entretanto, foram descontinuadas devido a falta de competitividade55.

O processo de reciclagem do ácido acético minimiza o consumo desse insumo no processo produtivo. Por outro lado, por ser uma reciclagem intensiva em energia, a eletricidade se torna o principal componente de custo, representando aproximadamente 65% do custo variável de produção dos grãos de acetato. O restante do custo é relativo à celulose solúvel e outros custos (Figura 26).

54 Daicel (s/d). 55 Fonte: ABRAFAS (2014).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 26: Abertura do custo variável dos grãos de acetato de celulose

As fibras de acetato são produzidas a partir de misturas dos grãos de acetato com acetona,56 e a eletricidade também é o principal componente de custo. Somando-se o gasto energético na etapa produtiva dos grãos e das fibras, a representatividade da eletricidade no custo variável do produto é superior a 65%, de acordo com players. Vale ressaltar que, além da energia elétrica, o gás natural é outro insumo enérgico importante no processo produtivo.

A eletricidade é, portanto, o principal fator de produção dos grãos e fibras de acetato de celulose. No Brasil, o cenário identificado é de desvantagem em relação aos produtores globais. Os Estados Unidos, responsáveis por aproximadamente 70% das exportações globais de grãos de acetato e 38% das exportações de fibras de acetato em 2012,57 detêm ampla vantagem de custo no fornecimento de eletricidade (Figura 27).

56 Global Acetate Manufacturers Association (s/d). 57 UN Comtrade (2014).

Fonte: Entrevista com especialista; Análise Bain / Gas Energy

Abertura do custo variável dos grãos de acetato de celulose

Page 37: Relatório 4 – Derivados de celulose

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 27: Custo da eletricidade industrial dos exportadores de grãos e fibras de acetato

Outra questão relativa à eletricidade é o nível de serviço oferecido no Brasil. Um player da indústria relatou que interrupções no fornecimento de eletricidade resultam na paralisação temporária das unidades produtivas, provocando custos excedentes e redução da capacidade produtiva.

Recursos humanos e equipe de gestão

A disponibilidade de recursos humanos capacitados foi apontada por players da indústria como uma vantagem competitiva local. No Brasil, existem pesquisadores reconhecidos internacionalmente com linhas de pesquisa específicas para o desenvolvimento de novos produtos a partir dos acetatos de celulose. Além disso, parcerias entre universidades são frequentes e representam um importante meio de capacitação.

Infraestrutura

Grãos e fibras de acetato de celulose são produtos de baixa densidade, aumentando a relevância do custo com transporte. Players afirmaram que a infraestrutura logística disponível no Brasil não favorece as exportações, nem mesmo para os demais países da América do Sul.

Capital para financiamento

As empresas multinacionais que atuam no subsegmento dos acetatos de celulose disponibilizam linhas de crédito de baixo custo para suas filiais. No Brasil, players da indústria desconhecem linhas de financiamento locais específicas para esse subsegmento.

Custo da eletricidade industrial (RS$/MWh, 2013)

(1) Países selecionados pelo estudo da FIRJAN; Fonte: Sistema FIRJAN (2013); UN Comtrade (2014); Análise Bain / Gas Energy

Demais países1

Principais exportadores de grãos de acetato

Principais exportadores de grãos e fibras de acetato

Principais exportadores de fibras de acetato

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Ambiente regulatório

O processo produtivo dos grãos e fibras de acetato não causa impactos relevantes ao meio ambiente, minimizando o risco de regulação. Por outro lado, por serem produtos renováveis, regulações que incentivem o uso de produtos biodegradáveis e/ou de origem renovável podem contribuir para o desenvolvimento do mercado de novas aplicações dos grãos de acetato.

4.4. Características da indústria

Estratégia de atuação dos players no mundo

O maior player de grãos de acetato do mundo é a Celanese, seguido da Eastman, Solvay e Daicel, todos integradas verticalmente com a produção de fibras de acetato, de acordo com especialista da indústria. A oferta global de grãos e fibras é caracterizada por pequenas expansões de capacidade quando o consumo se aproxima da capacidade produtiva.

O principal exportador global de grãos e fibras de acetato é os Estados Unidos. No elo dos grãos, o país foi responsável por 70% das exportações globais em 2012, enquanto nas fibras sua representatividade foi de 38% (Figura 28). As exportações de grãos dos Estados Unidos foram destinadas a diversos países que fabricam e exportam fibras de acetato, como é o caso do Brasil.

Figura 28: Comércio exterior global de grãos e fibras de acetato de celulose

Grãos de acetato(Mil toneladas, 2012)

Nota: O valor total das importações e exportações não coincide em função da indisponibilidade de dados de alguns paísesFonte: UN Comtrade (2014); Análise Bain / Gas Energy

Demais países

Importadores de grãosque exportam fibras

Exportadores de grãos e fibras

Fibras de acetato(Mil toneladas, 2012)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Estratégia de atuação dos players no Brasil

No Brasil apenas a Solvay está presente no mercado de acetatos de celulose. Essa empresa tem uma planta local de fibras de acetato que, em 2012, possuía capacidade de 17,4 mil toneladas.58 Os grãos de acetato utilizados pela planta são supridos por importações do tipo matriz-filial provenientes dos Estados Unidos. Foram produzidas na planta local 15,3 mil toneladas em 2012, sendo 9,3 mil toneladas destinadas ao mercado interno e 6 mil toneladas exportadas, principalmente para a América do Sul.

Uma empresa local afirmou que a Solvay possuía também uma planta de grãos de acetato no Brasil,59 que foi fechada em 2001 em função do pequeno mercado local e da falta de competitividade para exportação.

Situação financeira das empresas

Os quatro players globais do subsegmento de acetato de celulose são empresas com faturamento anual superior a 1 bilhão de dólares e com atuação em diversos segmentos (Figura 29). Em 2012,60 as unidades de negócio que incorporam as operações de acetato de celulose representaram menos de 25% da receita total desses players, e o lucro operacional ficou acima de 18%.

Figura 29: Situação financeira das empresas de acetato de celulose

58 Abrafas (2013). 59 A planta era da Rhodia Acetow, que em 2001 ainda não era parte do grupo Solvay. 60 2013 para a Daicel.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Escala das plantas

A atual escala econômica de uma planta de grãos de acetato é de 60 mil toneladas por ano, com custo aproximado de 600 milhões de dólares e tempo de implementação de 2 anos, de acordo com players da indústria. No Brasil, o valor do investimento tende a ser superior, principalmente por causa dos custos de obras civis e da importação de máquinas e equipamentos especializados. Para plantas de fibras de acetato, players afirmaram que a escala, o investimento necessário e o tempo de construção são inferiores aos da planta de grãos.61

Sinergias e polos produtivos

A principal sinergia existente no subsegmento dos acetatos de celulose é a integração vertical dos grãos e fibras de acetato. Tal integração minimiza o custo de transporte do grão entre as plantas, tornando a operação mais competitiva. No caso específico dos grãos de acetato, também pode existir sinergia na criação de polos químicos que realizem processos de acetilação. Um exemplo relatado por players é a possibilidade de se fabricar Accoya62 em plantas próximas às de grãos de acetato, compartilhando etapas do processo produtivo de acetilação.

Barreiras de entrada a novos players no mercado local

A principal barreira de entrada no mercado local é o fluxo de importações matriz-filial praticado pela Solvay. Um novo entrante no elo de grãos de acetato poderia ter dificuldade de vender seu produto localmente para o único produtor local de fibras de acetato. Dessa forma, um novo player necessitaria de um prévio acordo de fornecimento com a Solvay para escoar parte de sua produção localmente, ou teria de exportar toda sua produção.

Características dos clientes

A integração vertical nos elos de grãos e fibras de acetato é comum, de forma que os clientes das empresas de grãos, em geral, são filiais da própria empresa. Esses players não são integrados a jusante, portanto as fibras de acetato são vendidas a clientes externos, que podem ser de diversos portes, desde multinacionais até pequenas empresas de nicho.

As multinacionais que adquirem fibras de acetato normalmente são fabricantes de cigarros com integração a montante, fabricando também os filtros de cigarro (Figura 30). Tais empresas, como a British American Tobacco (controladora da Souza Cruz), possuem linhas de produção integradas, que produzem o filtro e o inserem nos cigarros automaticamente.

Os players de nicho que adquirem fibras de acetato, normalmente, são especializados na produção de filtros de cigarro. Eles atuam nesse elo fornecendo filtros para pequenas fabricantes de cigarro que não têm escala para dispor de suas próprias plantas de filtros.

61 Dados não detalhados por players. 62 Madeira acetilada.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 30: Integração vertical na cadeia do acetato de celulose

4.5. Indústrias relacionadas

As indústrias relacionadas ao investimento em unidade produtiva são as de máquinas e equipamentos e a de construção civil.

O processo produtivo dos acetatos de celulose utiliza tanto equipamentos de tecnologia específica quanto máquinas convencionais. De acordo com players, os equipamentos específicos em geral são fabricados de forma centralizada, em plantas globais localizadas nos países desenvolvidos, de forma que não há alternativa de aquisição local.

As máquinas mais simples, por sua vez, são produzidas localmente. Apesar disso, em muitos casos, a alternativa mais barata é a aquisição do maquinário importado. Isso ocorre em função da maior eficiência dos processos de usinagem no exterior, que resulta em peças com maior qualidade e menor custo, de acordo com especialistas.

O impacto da construção civil influencia o tempo e custo do investimento. Players relataram dificuldade no cumprimento de prazos, além de maior custo com obras civis no Brasil quando comparado a outros países.

O maior custo nas obras civis e a necessidade de importar equipamentos tornam o valor do investimento pouco competitivo no Brasil. De acordo com players, uma planta de grãos de acetato de celulose no Brasil pode exigir o dobro do investimento de uma planta semelhante na China.

Fonte: Entrevista com especialistas; Análise Bain / Gas Energy

DERIVADOS DA CELULOSE MERCADO A JUSANTEINSUMO

Celulosesolúvel

Fibra de acetato

Filtro de cigarro

CigarroGrão de acetato

Integração vertical(Ex.: Solvay)

Players de nicho

Integração vertical(Ex.: Souza Cruz)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

5. Éteres de celulose

5.1. Escopo e cadeia de valor

Os éteres de celulose são caracterizados pela sua ampla variedade de especificações. São compostos químicos utilizados como aditivos em diversas aplicações nas indústrias alimentícia, farmacêutica e de cosméticos, entre outras. Existem 6 grupos de éteres de celulose que diferem entre si na estrutura química, com aplicações semelhantes mas que não são substituíveis entre si (Figura 31).

Figura 31: Mercado global de celulose solúvel e éteres de celulose

A cadeia de valor dos éteres de celulose inicia na celulose solúvel alto-alfa, a qual reage com químicos específicos para a produção dos éteres. Os éteres são então encaminhados à indústria consumidora.

O escopo deste capítulo é o elo produtivo dos éteres de celulose, que incluem produtos como: metilcelulose (MC), hidroxietilcelulose (HEC), carboximetilcelulose (CMC) e hidroxipropilmetilcelulose (MHPC). A celulose solúvel é tratada como matéria-prima, e as indústrias consumidoras são descritas para suas principais aplicações.

• Agente reológico

• Retentor de água

• Espessante

• Estabilizante

• Promotor de adesão

• Lubrificante

• Protetor coloidal

• Antissedimentante

• Formador de filme

• Modificador de viscosidade

• Inibidor de cristais de gelo

Fonte: Entrevista com especialista; BNDES (2013); MarketsAndMarkets (2012); Análise Bain / Gas Energy

Mercado global de celulose solúvel e éteres de celulose, por grupo (mil toneladas, 2012)

PROPRIEDADES

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

O preço médio da celulose solúvel no comércio exterior foi 0,95 dólar por quilo em 2012, enquanto o de carboximetilcelulose (CMC), um polímero utilizado na indústria farmacêutica e alimentícia, por exemplo, foi 2,77 dólares, e o dos demais éteres, 6,26 dólares.63 Existem variações de volume no processo, decorrentes, principalmente, da adição de químicos à celulose solúvel, de forma que com 1 tonelada de celulose solúvel são produzidas 1,52 tonelada de éteres de celulose.64 Com isso, considerando-se os preços de cada um dos componentes, verifica-se que a agregação de valor entre a celulose solúvel e a CMC é de aproximadamente 3,5 vezes, enquanto para os demais éteres é de 9 vezes (Figura 32).

Figura 32: Preços relativos na cadeia dos éteres de celulose

5.2. Condições da demanda

Mercado global

O mercado global de éteres de celulose movimentou 640 mil toneladas em 2012, com crescimento aproximado de 3,9% ao ano desde 2010. O valor do mercado foi de 2,8 bilhões de dólares em 2012, com crescimento de 8,9% ao ano entre 2010 e 2012. Suas principais aplicações são a indústria alimentícia, farmacêutica, de cosméticos e construção civil/tintas (Figura 33).

63 Aliceweb. 64 Lamberti (s/d).

Preços relativos na cadeia dos acetatos de celulose(US$/kg de celulose solúvel; 2012)

Fonte: Aliceweb; Abrafas (2013); Daicel (s/d); BNDES (2013); Análise Bain / Gas Energy

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 33: Mercado global de éteres de celulose, por aplicação

A tendência para o mercado global de éteres de celulose é de crescimento de aproximadamente 4% ao ano entre 2012 e 2017, alavancado pelo crescimento de seus principais mercados (Figura 34).

Figura 34: Tendência de crescimento dos mercados a jusante dos éteres de celulose no mundo

Esse crescimento ainda poderá ser alavancado pela utilização de éteres de celulose nas lamas de perfuração. Há tendência de crescimento aproximado de 10% ao ano das lamas de perfuração entre 2011 e 2021.65 A aplicação potencial dos éteres nesse mercado é como substituto da goma guar, cujas características são semelhantes à CMC.

65 Freedonia (2013).

• Aditivo de papéis

• Lama de perfuração

• Cimento

• Tinta de látex

• Corante têxtil

• Comprimidos

• Pasta de dente

• Xampu

• Maionese

• Sorvete

• Molho de salada

Fonte: Entrevista com especialista; MarketsAndMarkets (2012); Análise Bain / Gas Energy

Mercado global de éteres de celulose, por aplicação (mil toneladas)

EXEMPLOS DE APLICAÇÕES

Construção civil / tintas

Farmacêuticos / cosméticos

Indústria alimentícia

Outros

3,9% 4,0%

Alimentícia1 3,3% 2012-2017

Construção civil2 5,2% 2012-2020

Cosméticos3 5,2% 2013-2017

Farmacêuticos4 5,3% 2012-2017

Fonte: (1) Datamonitor (2014); (2) BNDES (2014); (3) Euromonitor International (2014b); (4) IMS Health (2013a)

INDÚSTRIA CAGR PERÍODO

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Tendências tecnológicas

O mercado global é caracterizado pelo acelerado desenvolvimento de novas formulações para atender às exigências específicas das indústrias consumidoras, tendo sido emitidas mais de 500 patentes de éteres de celulose entre 2007 e 2012.66 Os avanços estão relacionados à tecnologia de produto, já que, conforme as demandas dos clientes evoluem, novos éteres com propriedades específicas têm de ser formulados.

Mercado brasileiro / balança comercial

O mercado brasileiro de CMC consumiu aproximadamente 22 mil toneladas em 2012, com importação de 16 mil toneladas e exportação de 1,8 mil toneladas. A produção local, realizada a partir de uma única planta, foi estimada em 8 mil toneladas por ano entre 2008 e 201267 (Figura 35). A tendência para o mercado local de CMC é de crescimento de 6,5% ao ano entre 2012 e 2018.68

Figura 35: Consumo aparente local de éteres de celulose

O mercado local dos demais éteres foi de 16 mil toneladas em 2012, integralmente suprido por importações. O volume importado cresceu 14% ao ano entre 2008 e 2012, com produtos originários principalmente da Alemanha, Estados Unidos e China. A tendência de crescimento do mercado local dos demais éteres é de 8,7% ao ano entre 2012 e 2018,69 alavancado pelo aumento nos mercados a jusante (Figura 36).

66 MarketsAndMarkets (2012). 67 Estimativa de especialistas, sem confirmação do player local. 68 MarketsAndMarkets (2014). 69 MarketsAndMarkets (2014).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 36: Tendência de crescimento dos mercados a jusante dos éteres de celulose no Brasil

Sofisticação da demanda

Nos principais mercados a jusante, a demanda no Brasil é pouco sofisticada, o que acarreta também a pouca sofisticação da demanda local de éteres de celulose, de acordo com especialistas. Em alguns nichos de mercado, a demanda brasileira tende a ser mais sofisticada, como o de lamas de perfuração, em função das exigências de perfuração da camada do pré-sal.

5.3. Fatores de produção

Matérias-primas e rotas tecnológicas

Os éteres de celulose são fabricados a partir de reações químicas que envolvem duas etapas, a ativação da celulose solúvel e a fabricação dos éteres de celulose. A ativação independe do tipo de éter de celulose, e consiste na adição de soda cáustica à celulose solúvel, criando a alcalicelulose. A fabricação dos éteres de celulose, por sua vez, consiste na reação da alcalicelulose com outros produtos, que dependem do tipo de éter a ser fabricado. No caso da CMC, o reagente é o ácido monoclorocético, enquanto para a hidroxietilcelulose (HEC), por exemplo, são utilizados monoclorometano e óxido de eteno.

O processo produtivo dos éteres de celulose envolve reações simples, entretanto, o rigor das especificações nos produtos finais torna a tecnologia de processo uma barreira a novos entrantes. Essa tecnologia depende também do tipo de matéria-prima utilizado, de forma que a produção a partir da celulose solúvel brasileira é diferente da produção a partir da celulose de outra origem.

Ambiente regulatório

Os éteres de celulose são utilizados em produtos finais de consumo humano, como alimentos e cosméticos, cuja aprovação de uso depende da anuência de órgãos reguladores, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Outros fatores de produção

Não foram obtidas informações sobre o custo, a qualidade e a disponibilidade da infraestrutura, do capital para financiamento de novos investimentos, dos recursos humanos e da equipe de gestão para o subsegmento de éteres de celulose.

Alimentícia1 4,0% 2012-2017

Construção civil2 5,2% 2012-2020

Cosméticos3 8,9% 2013-2017

Farmacêuticos4 12,5% 2012-2017

INDÚSTRIA CAGR PERÍODO

Fonte: (1) Datamonitor (2014); (2) BNDES (2014); (3) Euromonitor International (2014b); (4) IMS Health (2013b)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

5.4. Características da indústria

Estratégia de atuação dos players no mundo

Os principais players de éteres de celulose no mundo são: Dow, Ashland e Shin-Etsu, que juntas corresponderam a aproximadamente 65% do mercado global em 2011 (Figura 37). Essas três empresas têm atuação diversificada, sendo os éteres de celulose apenas parte de seu negócio. Outras grandes empresas, como a Akzo Nobel, também estão presentes nesse mercado, porém com participação menor. O restante do mercado é fragmentado entre dezenas de players com atuação específica nesse segmento, como a chinesa RuiTai, que produz diversos tipos de éteres de celulose.70

Figura 37: Mercado global de éteres de celulose

O mercado global de éteres de celulose não apresenta um grau de integração vertical relevante, seja a montante, seja a jusante. Não existe nenhum grande player de celulose solúvel ou éteres de celulose que atue em ambos os elos da cadeia produtiva. Em relação aos seus mercados, como normalmente os éteres de celulose são apenas um dos diversos aditivos utilizados em seus produtos, as sinergias da integração vertical são pouco relevantes.71

Estratégia de atuação dos players no Brasil

O único player com produção no Brasil é a Denver Especialidades Químicas, do grupo Formitex. A empresa possui uma planta de CMC de aproximadamente 8 mil a 10 mil

70 MarketsAndMarkets (2012). 71 MarketsAndMarkets (2012).

Mercado global de éteres de celulose(Bilhões de dólares, 2011)

Fonte: MarketsAndMarkets (2012); Análise Bain / Gas Energy

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

toneladas de capacidade,72 produzindo CMC para diversos mercados, sobretudo o de tintas. A produção local é destinada principalmente ao mercado brasileiro, mas há exportação para os países da América do Sul.73 Apesar de não existir produção local dos demais éteres de celulose no País, a Dow Química já possuiu uma planta de HEC na Bahia, cujas atividades foram encerradas em 2008.74

Situação financeira das empresas

Os três principais players globais são empresas com faturamento bilionário em 2012. A Dow faturou 56 bilhões de dólares em 2012, enquanto a receita da Shin-Etsu foi de 10,9 bilhões e a da Ashland, de 8,2 bilhões (Figura 38). Nenhuma delas possui unidade de negócio específica para os éteres de celulose, o que dificulta a estimativa da margem de uma operação de éteres de celulose. Além disso, as empresas especializadas em éteres de celulose, como a Rui-Tai, em geral não possuem capital aberto.

Figura 38: Situação financeira dos players de éteres de celulose

Escala das plantas

As plantas produtivas dos éteres de celulose não têm flexibilidade de produção, de forma que cada tipo de éter (CMC, HEC, etc.) exige uma unidade própria. As plantas de éteres de celulose são de pequeno porte, com até algumas dezenas de toneladas de capacidade, no caso do CMC (Figura 39).

72 Especialista da indústria, sem confirmação do player. 73 Denver Especialidades Químicas (s/d). 74 Globo.com (2007).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 39: Escala das plantas de éteres de celulose

Sinergias e polos produtivos

Especialista da indústria afirmou que não existem ganhos significativos na inserção de plantas de éteres de celulose em polos produtivos. As plantas de éteres de celulose em geral são de pequena escala e específicas, operando de modo independente em relação a outras indústrias.

Barreiras de entrada a novos players no mercado local

O principal limitante à entrada de novos players no Brasil é a barreira tecnológica. Grande parte da produção brasileira de celulose solúvel é realizada a partir do eucalipto, que possui madeira de fibra curta, enquanto os players internacionais utilizam principalmente processos produtivos adaptados às fibras longas. O proveito da principal vantagem competitiva do Brasil (madeira) depende, portanto, do desenvolvimento de novas tecnologias por parte dos players ou da produção local de celulose solúvel de fibra longa.

A Denver, produtora local de CMC, já dispõe de processos bem desenvolvidos e adaptados à celulose local. O mercado de éteres de celulose exige produtos com especificações bem restritas, já que parte do mercado a jusante, principalmente nos segmentos farmacêutico, alimentício e de cosméticos, está sujeito à necessidade de registro nos órgãos reguladores. Com isso, a entrada de um novo player nesse mercado só ocorre após grandes investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) que permitam atingir a qualidade exigida pelos clientes. Dessa forma, o player local também está sujeito a uma barreira na diversificação de seu portfólio de produtos, e o gap tecnológico no Brasil fica, portanto, evidente (Figura 40).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 40: Gap tecnológico dos éteres de celulose no Brasil

Características dos clientes

Os clientes das empresas de éteres de celulose, seja CMC ou os demais éteres, são as fabricantes dos produtos finais dos diversos mercados consumidores (alimentos, cosméticos, medicamentos, construção civil, etc.). Em geral são empresas de grande porte, nas quais os éteres de celulose representam apenas um dos diversos componentes de custo. No caso das empresas de produtos para consumo humano (alimentos, cosméticos e medicamentos), as multinacionais exigem que os éteres estejam registrados nas agências reguladoras (Anvisa, Food and Drug Administration (FDA), etc.).

5.5. Indústrias relacionadas

De acordo com especialista, o maquinário necessário para a fabricação de éteres de celulose não é de alta tecnologia. Os principais tipos de equipamento necessários são os moinhos, cuja produção é local e não é complexa.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

6. Diagnóstico, oportunidades e linhas de ação

6.1. Celulose solúvel

O mercado global de celulose solúvel totalizou 5,5 bilhões de dólares em 2012, com aproximadamente 70% da produção concentrada em 5 países. Existe excesso de capacidade no mercado de celulose grau viscose, enquanto que a demanda de celulose alto-alfa está próxima à capacidade produtiva global.

O Brasil é o 5º maior produtor global de celulose solúvel, com aproximadamente 8% da capacidade produtiva global em 2012. A produção local de celulose solúvel é competitiva, especialmente em função da alta produtividade da madeira local. No Brasil, a plantação de eucalipto (fibra curta) é 2 vezes mais produtiva que na África do Sul, enquanto a plantação de pínus (fibra longa) é aproximadamente 4 vezes mais produtiva que nos EUA75.

O tipo de madeira (ou línter de algodão) utilizado para a fabricação da celulose solúvel influencia a especificação final do produto. Alguns players do mercado consumidor têm seu processo produtivo adaptado à utilização apenas de celulose solúvel de fibra longa, enquanto outros são especializados na utilização de celulose de fibra curta.

A produção de celulose solúvel no Brasil é realizada sobretudo a partir do eucalipto (fibra curta). A produção local, concentrada em apenas um tipo de matéria-prima, reduz as oportunidades nos mercados consumidores, visto que players que são adaptados à celulose solúvel de fibra longa encontrariam dificuldades no fornecimento local de matérias-primas.

Existe, portanto, uma questão técnica relativa à matéria-prima que limita o escoamento da celulose solúvel alto-alfa brasileira no mercado global e inibe o desenvolvimento da produção local dos derivados desse tipo de celulose.

A oportunidade no elo da celulose solúvel está na diversificação da produção local, produzindo também celulose solúvel de fibras longas por meio do investimento em novas unidades produtivas.

Linhas de ação:

Facilitar o acesso a terras para plantação de pínus: o modelo de negócio dos players globais de celulose solúvel inclui a integração vertical a montante, de forma que eles também são responsáveis pela plantação das árvores. Facilitar a concessão ou venda de terras para fins de plantação do pínus pode se tornar um atrativo para investimento em produção local.

Reduzir o custo do investimento: o investimento na produção de madeira e celulose solúvel tem um elevado período de payback, resultado da necessidade de maturação das florestas. Iniciativas que reduzam o custo do investimento, como linhas de crédito de longo prazo, podem aumentar a atratividade da produção no Brasil.

75 Países com segunda maior produtividade da madeira entre os 5 principais produtores globais de celulose solúvel.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Estimular o mercado consumidor local: a existência de um mercado local grande aumenta a atratividade do investimento, apesar de o Brasil ter potencial para ser exportador da celulose solúvel de pínus. Incentivos a investimentos nos subsegmentos dos derivados da celulose podem demonstrar o comprometimento do País para com o desenvolvimento do segmento.

6.2. Viscose

O mercado global de viscose em 2012 totalizou aproximadamente 11 bilhões de dólares no elo das fibras e 15 bilhões no elo dos fios de viscose, representando cerca de 5% do volume indústria têxtil global. Apesar de ser um mercado volátil, é esperado um crescimento em função do aumento da população mundial e da maior utilização de fibras de viscose em detrimento das demais.

Enquanto os mercados globais de fibras e fios de viscose cresceram, a produção de fios de viscose no Brasil passou de 32 mil toneladas em 2008 para 21 mil toneladas em 2012. A redução da produção local de fios de viscose prejudicou o elo a montante, levando ao fechamento da única planta de fibras de viscose do Brasil, em 2013.

No mesmo período, de 2008 a 2012, as importações de fios de viscose passaram de 50 mil para 104 mil toneladas, resultando em um déficit de 375 milhões de dólares na balança comercial de 2012 e demonstrando a baixa competitividade da cadeia local em relação aos principais países produtores.

A produção global da cadeia de viscose está concentrada na China, Índia, Sudeste Asiático e Turquia. Na China, Índia e Sudeste Asiático, a produção tanto de fibras quanto de fios de viscose ocorre em grande quantidade, beneficiada pela integração vertical entre os dois elos, pela grande escala das unidades produtivas e pelo baixo custo da mão de obra local.

Na Turquia, a produção é principalmente de fios de viscose, e a competitividade é assegurada pela maior produtividade local e pela localização centralizada do país, próximo às matérias-primas e aos mercados consumidores.

A oportunidade do segmento de viscose está na produção local de fibras de viscose integrada à produção de celulose solúvel. Essa integração aproveitaria a vantagem competitiva da madeira brasileira para aumentar a competitividade de toda a cadeia local de viscose.

Linhas de ação

Incentivar alianças estratégicas entre players de celulose solúvel e fibras de viscose: a competitividade da produção local de fibras de viscose depende do fornecimento de celulose solúvel a preços competitivos. Incentivos atrelados à obrigatoriedade de contratos de fornecimento ao mercado interno e à construção de uma nova planta de celulose solúvel, poderiam garantir maior competitividade a produção local de fibras de viscose. Tais incentivos poderiam ocorrer sob a forma de financiamentos, desoneração dos investimentos e concessão de terras para plantação, entre outros.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Aumentar a competitividade local das fibras de viscose: além da celulose solúvel, outros custos representativos na produção de fibras de viscose são: energia e mão de obra. Políticas que garantam maior acessibilidade e competitividade a tais fatores podem atrair investimentos para aumentar produção local.

Proteger o produtor local de fios de viscose contra dumping: em um primeiro momento, a produção local de fibras de viscose apresenta baixa competitividade no mercado global, visto que já existem players bem estabelecidos e com claras vantagens competitivas no exterior. Para garantir o desenvolvimento de um player local nesse elo, é necessário assegurar a existência de um mercado interno. Ações antidumping podem auxiliar a sobrevivência do elo local de fios de viscose.

6.3. Acetato de celulose

O mercado global de acetato de celulose em 2012 totalizou aproximadamente 3,8 bilhões de dólares no elo de grãos e cerca de 7 bilhões dólares no elo de fibras de acetato. A principal aplicação dos acetatos de celulose (grãos e fibras) é no mercado de cigarros, que apresenta tendência de crescimento de 0,5% ao ano entre 2012 e 2017. Novas aplicações para o uso de grãos de acetato de celulose estão sendo pesquisadas, porém, em 2012, tais mercados representaram menos de 7% do consumo global de grãos de acetato de celulose.

A cadeia do acetato no Brasil é caracterizada pela exportação de celulose solúvel, importação de grãos de acetato e produção local de fibras de acetato para suprimento do mercado local e para exportação. A descontinuidade na cadeia de produção local ocorre desde 2002, quando a única planta brasileira de grãos de acetato encerrou suas atividades. Desde então, o Brasil é importador de grãos de acetato, de forma que, em 2012, foram importadas 15 mil toneladas, representando um déficit de 43 milhões de dólares na balança comercial.

A principal barreira à produção de grãos de acetato no Brasil é a falta de competitividade para exportação, pois o tamanho da escala econômica de uma planta é superior à demanda local. Para exportar, o Brasil teria de ser mais competitivo com os custos da eletricidade, já que esse insumo representa aproximadamente 65% dos custos variáveis desse produto (grãos de acetato). O custo da eletricidade no Brasil, por exemplo, é superior ao custo nos EUA, responsável por 70% das exportações globais de grãos de acetato em 2012.

Importante também ressaltar a necessidade de ácido e anidrido acéticos a preços competitivos76.

A escala econômica de uma planta de grãos de acetato é de 60 mil toneladas por ano, aproximadamente 4 vezes o consumo aparente brasileiro. Como o consumo local de grãos é utilizado na produção de fibras de acetato, o aumento no mercado de grãos depende de maior produção de fibras.

76 Fonte: ABRAFAS (2014)

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Uma alternativa de crescimento para o mercado local de grãos de acetato é o surgimento de novas aplicações. Apesar de estarem em estágio inicial e serem pouco representativas no mercado global, o Brasil é um dos países pioneiros nesse campo de pesquisa, de forma que o mercado local pode se mostrar promissor em algumas aplicações.

A oportunidade do segmento de acetato de celulose está na produção local de grãos de acetato de celulose em uma planta de escala global, suprindo o mercado interno e exportando o excedente. Essa oportunidade depende de maior competitividade para exportação e de estímulo ao mercado interno.

O investimento necessário para essa oportunidade é de 600 milhões de dólares, custo aproximado de uma planta com capacidade de 60 mil toneladas por ano de grãos de acetato. Esse investimento resultaria na redução do déficit comercial em 43 milhões de dólares por ano77, já que não seria mais necessário importar grãos. Além disso, o excedente exportado geraria um superávit de 128 milhões de dólares.

A valoração da oportunidade deve considerar também o consumo de celulose da nova planta, reduzindo as exportações do insumo. Para a produção de 60 mil toneladas de grãos de acetato, são consumidas aproximadamente 37 mil toneladas de celulose solúvel, que reduziriam o superávit do segmento em 35 milhões de dólares. Dessa forma, o investimento em uma planta de grãos de acetato de celulose resultaria em um aumento de 136 milhões de dólares por ano na balança comercial brasileira, levando o elo dos grãos de acetato de celulose a ser superavitário (Figura 41).

Figura 41: Tamanho da oportunidade de investimento em grãos de acetato

77 Ano-base: 2012. Como não existe variação significativa no consumo local de grãos, o cenário pode ser aproximado para qualquer ano.

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A dificuldade desta oportunidade está na necessidade de exportar aproximadamente 75% da produção da planta em condições de competitividade global. Dessa forma, é necessário garantir a competitividade da produção e incentivar o desenvolvimento do mercado interno.

Linhas de ação

Garantir o fornecimento de eletricidade a custos competitivos: a eletricidade é o principal componente de custo do grão de acetato, e o maior país exportador global (EUA) detém ampla vantagem de custo nesse insumo. A atratividade desse investimento depende de um plano de investimento no setor elétrico local que transmita confiança ao investidor quanto a competitividade futura e sustentável do país nesse insumo.

Fomentar o desenvolvimento de novas aplicações para grãos: o fomento ao desenvolvimento de novas aplicações pode garantir o crescimento do mercado local, minimizando a necessidade de exportação de grãos de acetato. A disponibilização de linhas de crédito de capital de risco e o incentivo às parcerias entre empresas e universidades poderiam gerar resultados positivos nesse sentido.

6.4. Éteres de celulose

O mercado global de éteres de celulose totalizou 2,8 bilhões de dólares em 2012, com tendência de crescimento de aproximadamente 6% ao ano entre 2012 e 2017. Esse crescimento acelerado se deve a seus principais mercados consumidores: cosméticos, construção civil, alimentício e farmacêutico. Existe ainda a possibilidade de crescimento desse mercado em função do desenvolvimento de novas aplicações, como no caso das lamas de perfuração.

No Brasil, existe uma planta de CMC que supre parcialmente o mercado interno, sendo o restante importado. Não há produção local dos demais éteres e o mercado é integralmente suprido por importações. O crescimento do mercado interno, associado à insuficiência da produção local, resultou no aumento do déficit comercial desse subsegmento de 94 milhões de dólares, em 2008, para 144 milhões de dólares, em 2012.

A escassez de produção local de determinados éteres de celulose é causada pela existência de uma barreira tecnológica no processo produtivo. Por um lado, o player local de CMC não dispõe de conhecimento específico para a produção dos demais éteres. Por outro lado, os players globais desse subsegmento, apesar de serem detentores da tecnologia de produto, não possuem a tecnologia de processo necessária para fabricar os éteres de celulose a partir da celulose solúvel disponível no Brasil.

Desta forma, a oportunidade do segmento de éteres de celulose está no estímulo à diversificação do player local ou na atração de players globais para produzirem os éteres de celulose no Brasil.

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O risco dessa oportunidade é a incerteza no tempo necessário para o desenvolvimento das tecnologias economicamente viáveis. Existe também outro risco relativo à diversidade nos tipos de éteres. A ausência de flexibilidade produtiva acarreta a necessidade de diferentes plantas para suprir a demanda local por cada grupo de éteres. Em alguns casos, essa demanda poderá ser inferior à escala econômica, resultando em ociosidade ou na necessidade de exportar a produção que excede o mercado local.

Linhas de ação

Fomento a pesquisas orientadas a éteres de celulose: a disponibilização de linhas de financiamento para pesquisas relacionadas aos éteres de celulose pode acelerar o processo de adaptação das tecnologias de processo. Com prazos mais bem-definidos e curvas de aprendizado mais curtas, players globais ou locais poderiam demonstrar maior interesse em diversificar a produção brasileira de éteres de celulose.

Facilitar o processo de registro de novos produtos: o processo de aprovação de novos produtos é demorado e custoso no Brasil, de forma que alguns players globais, principalmente dos segmentos farmacêutico, alimentício e de cosméticos, optam por não fabricar nem vender no mercado brasileiro. A facilitação do registro de produtos para players com produção local pode estimular a demanda local e se tornar mais um incentivo ao investimento no Brasil.

Reduzir o custo do investimento: as plantas de éteres de celulose são intensivas em capital (investimento de aproximadamente 10 mil dólares para cada tonelada por ano de capacidade). Dessa forma, iniciativas que reduzam o custo do investimento no Brasil, como depreciação acelerada, podem aumentar a atratividade da produção local.

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Anexo 1: Subsegmentos de segunda prioridade

A classificação dos subsegmentos a seguir como segunda prioridade é resultado de evidências que indicam poucas ou limitadas oportunidades de impulsionar a balança comercial do segmento.

Este anexo contempla uma abordagem simplificada de tais subsegmentos, não apenas com o objetivo de caracterizar a situação geral desses setores no Brasil, mas também para demonstrar o motivo pela priorização definida.

Nitrocelulose

A nitrocelulose é um intermediário químico fabricado a partir da nitração da celulose solúvel. Sua principal aplicação é na fabricação de tintas especiais, e existem também aplicações de nicho, como explosivos e testes hospitalares.78 Nas tintas, em função de suas características de secagem rápida e granulação fina, a nitrocelulose é mais adequada em mercados específicos como os de tintas de impressão e repintura automotiva.79

O mercado global de nitrocelulose totalizou aproximadamente 220 mil toneladas em 2013,79 que representam aproximadamente 780 milhões de dólares.80 A nitrocelulose é um produto altamente regulado por sua explosividade.81 A explosividade resultou, por exemplo, no banimento de filmes fotográficos feitos de nitrocelulose em 1951 no Reino Unido,82 que foi seguido pelo restante do mundo nos anos seguintes.

Além disso, de acordo com especialistas, existe também regulação em função da necessidade de emprego de solventes que emitem compostos orgânicos voláteis (COV). As regulações relativas aos COVs e o surgimento de substitutos resultaram na redução do uso de tintas feitas de nitrocelulose, de forma que em 2012 menos de 10% das tintas de impressão utilizadas no mundo eram desse tipo.

No Brasil, o consumo aparente de nitrocelulose foi de aproximadamente 14 mil toneladas em 2013,83 representando um mercado de 50 milhões de dólares.83 O mercado local é predominantemente destinado às tintas e, de acordo com especialistas, em 2012, aproximadamente 60% das tintas de impressão usadas no Brasil eram à base de nitrocelulose. Apesar de não existir regulação sobre os COVs no Brasil, existem iniciativas que indicam o possível surgimento de regulações no País.84

78 Dow (s/d). 79 Nitro Química (2013). 80 Aliceweb. 81 Justice Laws Website (2011). 82 Health and Safety Executive (2013). 83 Nitro Química (2013) e Aliceweb. 84 Brasil (2009).

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A produção local foi predominantemente da Empresa Nitro Química Brasileira, cuja capacidade produtiva, em 2013, era de 38 mil toneladas por ano,85 possuindo a segunda maior planta do mundo, com 17% da capacidade global. Em 2013, o Brasil exportou 24 mil toneladas e importou 0,3 mil toneladas de nitrocelulose, resultando em um superávit de 82 milhões de dólares na balança comercial.

O subsegmento de nitrocelulose não foi detalhado no Estudo em virtude da forte posição de um player brasileiro no cenário global, além do risco de redução do mercado global e local pelo surgimento de novas regulações restritivas ao uso do produto.

Celulose microcristalina

A celulose microcristalina (microcrystalline cellulose – MCC) é um intermediário químico fabricado a partir da reação de celulose solúvel com ácidos minerais.86 É utilizada sobretudo nas indústrias farmacêutica, alimentícia e de cosméticos. Na indústria farmacêutica, a celulose microcristalina é empregada como um excipiente,87 enquanto nas demais indústrias ela é usada como um aditivo, conferindo características específicas aos produtos finais.

O mercado global de celulose microcristalina totalizou 56,1 mil toneladas em 2012,86 que representaram aproximadamente 238 milhões de dólares.88 O mercado global apresenta tendência de crescimento de 5% ao ano entre 2012 e 2017, principalmente em função do crescimento de seus mercados a jusante.

No Brasil, o consumo aparente de celulose microcristalina em 2012 foi de aproximadamente 5,3 mil toneladas, equivalente a 22,4 milhões de dólares.89 No mesmo ano, as importações e exportações do subsegmento foram de 2 mil e 5,8 mil toneladas, respectivamente, registrando um superávit de 6,4 milhões de dólares na balança comercial.90 O único produtor brasileiro é a Blanver Farmoquímica, com capacidade produtiva de 9 mil toneladas por ano em 2011,91 capaz de abastecer aproximadamente 17% do mercado global do mesmo ano.

O subsegmento de celulose microcristalina não foi detalhado no Estudo em virtude da forte posição de um player brasileiro no cenário global, além do pequeno tamanho do mercado global desse subsegmento quando comparado aos demais subsegmentos analisados.

85 Nitro Química (2013). 86 MarketsAndMarkets (2012). 87 Substâncias inativas, usadas para complementar a massa dos princípios ativos dos medicamentos. 88 MarketsAndMarkets (2012) e Aliceweb. 89 MarketsAndMarkets (2012), Abiquim (2011) e Aliceweb. 90 Aliceweb. 91 Abiquim (2011).

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