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Relatório 4 – Poliésteres de alta tenacidade

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Page 1: Relatório 4 – Poliésteres de alta tenacidade

Relatório 4 – Poliésteres de alta tenacidade

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Autoria e Edição de Bain & Company 1ª Edição Abril 2014

Bain & Company Rua Olimpíadas, 205 - 12º andar 04551-000 - São Paulo - SP - Brasil Fone: (11) 3707-1200 Site: www.bain.com

Gas Energy Av. Presidente Vargas, 534 - 7° andar 20071-000 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Fone: (21) 3553-4370 Site: www.gasenergy.com.br

O conteúdo desta publicação é de exclusiva responsabilidade dos autores, não refletindo, necessariamente, a opinião do BNDES. É permitida a reprodução total ou

parcial dos artigos desta publicação, desde que citada a fonte.

Este trabalho foi realizado com recursos do Fundo de Estruturação de Projetos do BNDES (FEP), no âmbito da Chamada Pública BNDES/FEP No. 03/2011. Disponível com mais detalhes em <http://www.bndes.gov.br>.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Índice

1. Poliésteres de alta tenacidade ..................................................................................................... 4

2. Condições de demanda ............................................................................................................... 5

2.1. Mercado mundial de poliésteres de alta tenacidade ....................................................... 6

2.2. Mercado brasileiro de poliésteres de alta tenacidade ..................................................... 7

3. Fatores de produção .................................................................................................................... 9

3.1. Tecnologia ............................................................................................................................. 9

3.2. Matéria-prima ..................................................................................................................... 10

3.3. Ambiente regulatório ........................................................................................................ 10

3.4. Recursos humanos, infraestrutura e acesso a capital .................................................... 10

4. Dinâmica da indústria ............................................................................................................... 11

5. Indústrias relacionadas ............................................................................................................. 13

6. Diagnóstico ................................................................................................................................. 14

6.1. Linha de ação ...................................................................................................................... 15

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 16

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

1. Poliésteres de alta tenacidade

Este segmento aborda o poliéster (PET) de alta tenacidade, os fios industriais de poliéster e suas aplicações: telas para pneus e tecidos de alta tenacidade de poliéster. Na figura a seguir, é possível observar a cadeia do PET de alta tenacidade.

Figura 1: Cadeia de poliésteres de alta tenacidade

É importante destacar que, embora o polímero usado para produzir fios industriais (ou de alta tenacidade) seja diferente da resina PET utilizada para produzir garrafas e fios têxteis, as matérias-primas para os dois são idênticas, a saber: monoetilenoglicol (MEG) e ácido tereftálico purificado (PTA).

Outros produtos da cadeia do PET não foram abordados neste Relatório. Convém lembrar que:

• O MEG não foi priorizado em fase anterior deste Estudo; • O para-xileno e o PTA são tratados no Relatório “Aromáticos”; • A resina PET utilizada para produção de fios têxteis e garrafas não faz parte do escopo

do Estudo.

PET

Para-xileno

Outros segmentos priorizados Outros segmentos não priorizados Fora do escopo

PTA

Intermediários Polímero

Segmento de PET de alta tenacidade

Finais

MEGPET alta

tenacidadePIF (Polyester

Industrial Fibers)

Telas para pneus

Tecidos de altatenacidade

Aplicações

Garrafas

Têxtil

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

2. Condições de demanda

A figura a seguir detalha as principais aplicações dos fios de poliéster de alta tenacidade no mundo. É importante destacar que:

• Os fios usados para produção de telas para pneus radiais são do tipo HMLS (High Modulus Low Shrinkage), que possuem desempenho superior aos fios de alta tenacidade comuns e um custo mais elevado;

• Dentre os diversos tipos de cordas de poliéster de alta tenacidade, são produzidas cordas especiais para uso em aplicações offshore.

Figura 2: Principais aplicações de poliésteres de alta tenacidade – Mundo, 2012 (%)

No Brasil, a indústria de pneus é responsável por aproximadamente metade do consumo de fios industriais de poliéster. O setor offshore representa cerca de 10% da demanda e o restante se destina a diversas outras aplicações.

Na figura a seguir, o preço unitário de filamentos têxteis e industriais de PET é comparado ao de outros produtos, como poliamidas, produto que o PET pode substituir em algumas aplicações. O preço dos filamentos industriais de PET, entre 1,90 e 2,30 dólares por quilograma, é inferior ao preço dos filamentos de poliamidas e muito inferior ao preço da fibra de carbono.

Devido ao seu preço unitário inferior e ao seu baixo consumo no Brasil (40-50 kt anualmente), o poliéster de alta tenacidade foi abordado com menor profundidade em relação a outros segmentos deste Estudo.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 3: Comparação entre preços de PET e diferentes materiais (US$/kg, 2013)

2.1. Mercado mundial de poliésteres de alta tenacidade

O consumo mundial de fios têxteis de poliéster em 2013 foi de 29 Mt, enquanto o de fios industriais (de alta tenacidade) foi de apenas 2,1 Mt. Devido à sua principal aplicação, têxtil, o mercado global de poliéster é dominado por países asiáticos, principalmente pela China, que possui plantas de grande escala de resinas PET, e Índia.

Como descrito anteriormente, as matérias-primas para produzir tanto a resina PET commodity quanto a resina PET de alta tenacidade são as mesmas. Desta forma, normalmente os grandes players em filamentos têxteis de PET (países asiáticos) também atuam em filamentos industriais, aproveitando as sinergias existentes.

Nos fios HMLS, devido à maior exigência dos consumidores com a qualidade, ainda há grande presença de empresas de outras nacionalidades, como a coreana Hyosung. Estas conseguem competir com as empresas chinesas por terem qualidade reconhecida entre os grandes produtores mundiais de pneus. Mesmo nesse nicho, segundo especialistas, a tendência é que a China se desenvolva e desloque os competidores menos eficientes.

*Considera preços de PA na Ásia.Fonte: AliceWeb, ABRAFAS, análise Bain / Gas Energy

Comparação entre preços de PET e diferentes materiais (US$/kg, 2013)

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2.2. Mercado brasileiro de poliésteres de alta tenacidade

Segundo a ABRAFAS, o consumo aparente brasileiro de poliésteres de alta tenacidade1 foi de 44 kt em 2013, como pode ser observado na figura a seguir. Desta quantidade, 83% foram supridos por importações. O consumo aparente teve um crescimento médio anual de 6% ao longo dos últimos 10 anos. Este se deve não somente ao aumento da demanda por filamentos de alta tenacidade em geral (principalmente para a produção de pneus), mas também à cada vez maior substituição de poliamidas por poliésteres em aplicações industriais, devido a seu menor custo. Embora tenha ocorrido um aumento da demanda local, a produção nacional diminuiu a uma taxa média anual de 9% neste mesmo período, e, consequentemente, as importações cresceram a uma taxa anual média de 16%. Este fenômeno de redução da produção local também se verificou nos Estados Unidos e na Europa, enquanto a produção asiática se expandiu no período.

Figura 4: Mercado brasileiro de filamentos de PET de alta tenacidade (kt)

A figura a seguir apresenta a evolução da balança comercial brasileira dos produtos do segmento. Em todos os anos, o maior volume importado é de fios de alta tenacidade de PET, cuja importação líquida cresceu a uma taxa anual média de 18,3%, até atingir 28 kt em 2013. Os tecidos de alta tenacidade de PET são comercializados em menor volume e sua importação líquida cresceu a uma taxa anual média de 1,4% neste período. As telas para pneus foram exportadas até 2003, ano a partir do qual passaram a ser importadas. Essa mudança se deve à perda de competitividade dos produtores nacionais face ao produto importado. Entre 2005 e 2013, as importações líquidas do produto tiveram um crescimento anual médio de 25,9%, atingindo um volume de 8 kt em 2013.

1 Inclui filamentos, telas para pneus e tecidos

Fonte: AliceWeb, ABRAFAS, análise Bain / Gas Energy

Mercado brasileiro de filamentos de PET de alta tenacidade (kt)

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Figura 5: Evolução da balança comercial da cadeia do PET de alta tenacidade – Brasil (kt)

Perspectivas de crescimento do mercado brasileiro

Mercados consumidores

A produção do setor automobilístico teve um crescimento anual médio de 7,5% entre 2000 e 2012, e espera-se que ela cresça em média 4,9% ao ano até 2030. Esta projeção está detalhada no Relatório “Derivados do Butadieno e Isopreno”2.

Poliésteres de alta tenacidade

A figura a seguir apresenta o histórico e a projeção da oferta e demanda de filamentos de alta tenacidade de PET3. Especialistas projetam o crescimento médio anual da demanda em 4,5%, o que deverá levar a um consumo de 92 kt em 2030. Considerando que tal crescimento se mantenha, que não haja novos investimentos e que a planta da Kordsa, única empresa que produz tais filamentos no País, opere com 100% de sua capacidade, o déficit da balança comercial ainda chegaria a 75 kt no referido ano.

2 BNDES (2014) 3 Inclui filamentos, telas para pneus e tecidos

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

* CAGR 05-13Fonte: AliceWeb

Evolução da balança comercial da cadeia do PET de altatenacidade – Brasil (kt)

Import

açã

o

CAGR(00-13)

24,5%

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Figura 6: Oferta e demanda de filamentos de alta tenacidade de PET no Brasil (kt)

3. Fatores de produção

3.1. Tecnologia

A produção de filamentos industriais de poliéster usa polímeros de alta viscosidade, que possuem um custo mais elevado do que os outros grades de PET. Durante a fiação, o polímero é esticado para orientar suas moléculas, aumentando a tenacidade do produto final. Duas tecnologias são usadas atualmente:

• Tecnologia convencional: após a produção do polímero, este é resfriado. Ao se iniciar a etapa de fiação, este é derretido novamente. Esta tecnologia permite que algumas empresas comprem os chips do polímero industrial e atuem apenas na etapa da fiação, modelo adotado pela Kordsa no Brasil;

• Tecnologia continuous polimerization (CP): a polimerização e a fiação são feitas na mesma etapa, sem necessidade de resfriar o polímero. Desta forma, há uma grande economia de energia no processo produtivo, levando a um menor custo. As empresas que usam essa tecnologia devem partir do PTA e MEG para produzir os filamentos.

A maioria das plantas chinesas usa o processo de polimerização contínua, o que, aliado à sua maior escala, leva a uma melhor posição de custos.

2006

2012

2018

2024

2030

Projeção

BRASILOferta e demanda de filamentos de alta tenacidade de PET (kt)

*CAGR da demanda de filamentos de alta tenacidade de PET. Fonte: ABRAFAS, entrevistas com experts, análise Bain/Gas Energy

CAGR*(03-13)

6,4% 4,5%

CAGR*(13-30)

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Para os filamentos HMLS, usados como reforço em pneus, ainda não é possível usar a tecnologia CP, embora especialistas do setor acreditem que esta tecnologia poderá, dentro de alguns anos, ser utilizada também para essa aplicação.

3.2. Matéria-prima

As matérias-primas para o PET de alta tenacidade são PTA e MEG, as mesmas do polímero PET commodity.

PTA

O Brasil não possui atualmente capacidade produtiva de PTA. A Petroquímica Suape deverá produzir até 700 kt do produto por ano, sendo parte da produção consumida pela própria empresa, em sua produção de PET. Mesmo considerando a capacidade da Petroquímica Suape, o País deverá continuar a importar anualmente cerca de 350 kt de PTA.

MEG

A Oxiteno é a única fabricante de MEG no Brasil, com uma capacidade instalada de aproximadamente 300 kt por ano. Apesar disso, o nível de utilização desta capacidade é baixo e o País importa MEG. A competitividade neste produto também depende da disponibilidade de eteno a preços atrativos, tornando o Brasil menos competitivo quando comparado a países como os Estados Unidos, que satisfazem essa condição.

3.3. Ambiente regulatório

Atualmente, o Brasil não possui produção de chips industriais de PET (polímero industrial). Apesar disso, o produto é taxado na importação, por pertencer ao NCM 39076000, que inclui todos os grades de PET. Para mitigar esse problema, são concedidas cotas de importação livres de impostos a empresas do setor. Essas cotas são provisórias e devem ser aprovadas por diversos atores, como por exemplo a Petroquímica Suape. Por ter um foco maior em polímero para produção de garrafas e filamentos têxteis do que no grade industrial, a Petroquímica Suape não tem se oposto às cotas de importação, de até 15 kt anualmente.

Para permitir um tratamento diferenciado do grade industrial e do polímero commodity de forma permanente, seria necessário separar os códigos NCM desses produtos.

3.4. Recursos humanos, infraestrutura e acesso a capital

O Estudo não identificou fatos relativos aos recursos humanos, infraestrutura e acesso a capital que afetem de forma significativa o desenvolvimento do segmento no Brasil.

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4. Dinâmica da indústria

O mercado de filamentos industriais de PET era originalmente dominado por países com indústria têxtil avançada, como Estados Unidos, Japão e países europeus. Nos anos 1990, empresas da China, Índia, Coréia do Sul e de Taiwan entraram agressivamente nesse mercado, deslocando os players mais antigos.

Especialistas do setor acreditam que as poucas empresas americanas e europeias restantes devem sair desse mercado nos próximos anos. Apesar disso, no segmento de filamentos HMLS, há menor presença de empresas chinesas, devido à maior dificuldade no processo produtivo deste grade e à grande exigência dos consumidores com a qualidade do produto.

A figura a seguir apresenta a capacidade instalada de fios de alta tenacidade de PET por país. Mesmo a demanda mundial em 2013 tendo sido de 2,1 Mt, a capacidade anual instalada global é de 2,8 Mt, devido principalmente à China, que possui 1,8 Mt de capacidade anual, o que representa 65% do total mundial.

Figura 7: Capacidade instalada anual de fios de alta tenacidade de PET por país (2013, Mt)

Além de grande escala, as plantas chinesas também possuem as tecnologias mais modernas disponíveis no mundo e são cada vez mais integradas, normalmente até o PTA. Esses fatores levam a uma melhor posição de custos em comparação aos países desenvolvidos, fazendo com que estes sejam deslocados, principalmente na produção de polímero, para o qual a escala é fator fundamental.

Fonte: Entrevistas com experts, análise Bain / Gas Energy

Capacidade instalada anual de fios de alta tenacidade de PET por país (2013, Mt)

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A capacidade instalada das maiores plantas de filamentos industriais de PET pode ser vista na figura a seguir. Dentre as 10 maiores plantas do mundo, 5 são chinesas, e 16% da capacidade instalada mundial está concentrada nas duas maiores plantas chinesas. Especialistas afirmam que a escala mínima de novas plantas de fios de alta tenacidade deveria ser entre 40 kt e 50 kt por ano.

Figura 8: Capacidade instalada anual das 10 maiores plantas de fios de alta tenacidade de PET – Mundo (2013, kt)

Embora a capacidade mínima para atuar em filamentos industriais não seja muito elevada (entre 40 kt e 50 kt por ano), o mesmo não ocorre na etapa da polimerização. Os produtores de polímero industrial normalmente também produzem PET commodity, e possuem plantas de grande escala compartilhadas entre os dois produtos. Na figura a seguir, é apresentada a curva de capacidade mundial de polímero PET (incluindo todos os grades). O primeiro quartil de capacidade vai de 2000 kt até cerca de 250 kt anualmente, com plantas muito maiores do que as de filamentos de alta tenacidade, o que indica que a escala é uma barreira de entrada para atuar em polímero.

Fonte: Entrevistas com experts, análise Bain/GasEnergy

Capacidade instalada anual das 10 maiores plantas de fios de alta tenacidade de PET – Mundo (2013, kt)

Share dos 10 maiores players (%)

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Figura 9: Curva de capacidade anual de produção de PET – Mundo (kt)

No Brasil, a única empresa produtora de filamentos de alta tenacidade de PET é a Kordsa, que tem capacidade instalada anual de 17 kt do grade HMLS, produzido a partir de polímero importado. O País não possui atualmente capacidade de produção de chips industriais de PET.

A Mossi&Ghisolfi possui uma planta de PET commodity no Brasil, de 450 kt por ano, localizada no primeiro quartil de capacidade. A Ledervin também possui uma planta no País, no quarto quartil. Entrevistas com atores do setor indicam que a produção de polímero industrial não é o principal foco da Petroquímica Suape, que deverá começar a produzir PET nos próximos anos, com uma planta de aproximadamente 700 kt de capacidade instalada anual.

5. Indústrias relacionadas

As entrevistas com especialistas do setor não identificaram entraves em indústrias relacionadas que possam afetar a expansão da produção local desse segmento no Brasil.

Curva de capacidade anual de produção de PET - Mundo (kt)

Fonte: Nexant, análise Bain/Gas Energy

Quartil 1o Quartil 2o Quartil 3o Quartil 4o Quartil

Máx 2000 248 122 58

Min 248 122 58 1

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6. Diagnóstico

Caso a projeção de demanda por filamentos de alta tenacidade de PET se realize, o Brasil deverá importar 75 kt dos produtos do segmento em 2030. Considerando preços internacionais de 2013, isso equivale a um déficit de aproximadamente 146 milhões de dólares.

Foram considerados 3 cenários para a balança comercial brasileira em 2030:

1. Cenário futuro provável: considera a demanda projetada e a operação da Kordsa com um fator de utilização (FUT) de 100%;

2. Cenário expansão da fiação: considera que toda a demanda doméstica por filamentos de alta tenacidade de PET será produzida no País. Para tal, a demanda adicional por polímero de alta viscosidade seria importada;

3. Cenário expansão do polímero: considera que, além da expansão da produção de fios de alta tenacidade, todo o polímero seria produzido no País. Para tal, seria necessário importar a demanda adicional pelos intermediários PTA e MEG.

O déficit comercial em cada um dos cenários pode ser observado na figura a seguir. No cenário futuro provável, o déficit na balança comercial poderá ser de 146 milhões de dólares. Caso a fiação seja realizada no País, com polímero importado, esse déficit seria reduzido para 94 milhões de dólares, uma redução de 36%. O impacto de expandir a produção local de polímero de grade industrial seria menor, de 21 milhões de dólares, ou 14% do déficit inicial.

Figura 10: Cenários da balança comercial Brasil 2030 – Poliésteres de alta tenacidade (US$M)

Expansão da fiação

Expansão do polímero

Cenários da balança comercial Brasil 2030 – Poliésteres de alta tenacidade (US$M)

Def

icit

com

erci

al

1 2

Nota: Considera preços internacionais de 2013. Considera yield 1:1 na etapa da fiação.Fonte: ABRAFAS, entrevistas com experts, análise Bain/GasEnergy

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Conforme descrito anteriormente neste Relatório, a escala mínima de novas plantas de filamentos de alta tenacidade está entre 40 kt e 50 kt por ano, segundo especialistas do setor. Considerando a importação brasileira projetada em 2030, de 75 kt, deverá haver demanda suficiente para a instalação de uma planta de filamentos industriais de escala global. Além disso, grande parte da demanda brasileira é por fios HMLS, que possuem menor competição de grandes empresas chinesas.

As plantas de polímero industrial normalmente são compartilhadas com as de PET commodity, que tem grande escala. Para estas plantas, o limite inferior do segundo quartil é de cerca de 120 kt por ano. A importação brasileira de polímero industrial, mesmo considerando toda a produção de fios sendo feita no País, seria de apenas 75 kt. Dessa forma, a demanda apenas por filamentos industriais não justificaria a instalação de uma planta de escala global de polímero.

A produção de polímero industrial pela Petroquímica Suape poderia ser uma alternativa para suprir a demanda nacional. Entretanto, entrevistas com especialistas do setor indicam que o foco da Petroquímica Suape não está em produzir polímero industrial, mas sim na produção dos grades destinados à fabricação de embalagens e de filamentos têxteis. Estima-se que a necessidade de desenvolver as fiações locais seja, atualmente, o principal motivo que impede os players brasileiros destinarem parte de sua produção para o fim industrial.

Considerando esses fatores, a medida mais viável economicamente e com maior impacto na balança comercial brasileira em 2030 é a expansão da produção doméstica de fios de alta tenacidade de PET a partir de polímero industrial importado.

Para atrair investimentos em fiação e garantir a competitividade das indústrias consumidoras, a disponibilidade de matéria-prima (chips industriais) a preços competitivos é fundamental. A redução dos impostos de importação do polímero industrial de maneira duradoura poderia atrair investidores para a etapa da fiação, ao garantir que o preço praticado no mercado interno seja compatível com os preços internacionais.

6.1. Linha de ação

a) Garantir a disponibilidade de polímero industrial a preços competitivos i. Avaliar a redução permanente do imposto de importação do polímero industrial,

de forma a tornar o polímero industrial importado mais competitivo e atrair investimentos em fiação. Para tal, seria necessário separar os NCMs de polímero industrial e de PET commodity, para não impactar esta outra cadeia.

b) Incentivar a produção local na indústria de pneus, principal mercado de fios de poliéster

de alta tenacidade: i. Estabelecer um programa de qualidade e certificação local;

ii. Tornar efetivas as proteções fiscais para pneus, garantindo, assim, a justa competição entre os produtos importados e os locais.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAFAS – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE FIBRAS ARTIFICIAIS E SINTÉTICAS. Estatísticas Anuais. Disponível em: < http://www.abrafas.org.br/estatisticas/>.

BNDES – BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO. Potencial de Diversificação da Indústria Química Brasileira: Relatório 3 – Derivados do Butadieno e Isopreno, 2014. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Apoio_a_estudos_e_pesquisas/BNDES_FEP/prospeccao/chamada_industria_quimica.html>

MINISTÉRIO DE DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR. Aliceweb. Disponível em: < http://aliceweb.mdic.gov.br/>.

NEXANT. Annual PET Melt Phase Capacity In Brazil. Disponível em http://www.chemsystems.com/. Acessado em: 31.3.2014.