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Relatório 6 – Ambiente fiscal

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Page 1: Relatório 6 – Ambiente fiscal

Relatório 6 – Ambiente fiscal

Page 2: Relatório 6 – Ambiente fiscal

Autoria e Edição de Bain & Company 1ª Edição Setembro 2014

Bain & Company Rua Olimpíadas, 205 - 12º andar 04551-000 - São Paulo - SP - Brasil Fone: (11) 3707-1200 Site: www.bain.com

Gas Energy Av. Presidente Vargas, 534 - 7° andar 20071-000 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Fone: (21) 3553-4370 Site: www.gasenergy.com.br

O conteúdo desta publicação é de exclusiva responsabilidade dos autores, não refletindo, necessariamente, a opinião do BNDES. É permitida a reprodução total ou

parcial dos artigos desta publicação, desde que citada a fonte.

Este trabalho foi realizado com recursos do Fundo de Estruturação de Projetos do BNDES (FEP), no âmbito da Chamada Pública BNDES/FEP No. 03/2011. Disponível com mais detalhes em <http://www.bndes.gov.br>.

Page 3: Relatório 6 – Ambiente fiscal

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Sumário

1. Escopo ............................................................................................................................................ 4

2. Desafios fiscais para a indústria química ................................................................................. 5

3. Proposta para aprimoramento das políticas públicas fiscais ................................................. 7

3.1. Reforma tributária ................................................................................................................ 7

3.1.1. Imposto sobre o Valor Agregado ................................................................................... 7

3.1.2. REINTEGRA ..................................................................................................................... 7

3.1.3. ICMS e incentivos fiscais estaduais ............................................................................... 8

3.1.4. Linha de ação .................................................................................................................... 9

3.2. Incentivos para a Indústria Química ................................................................................. 9

3.2.1. Desoneração da matéria-prima de 1ª e 2ª geração petroquímica ............................ 10

3.2.2. Regime Especial de Incentivos ao Investimento na Indústria Química

(REPEQUIM) .................................................................................................................................. 10

3.2.3. Regime Especial da Indústria Química para Inovação ............................................. 10

3.2.4. Linhas de ação ................................................................................................................ 10

3.3. Regime Aduaneiro Especial de Drawback ....................................................................... 11

3.3.1. Linha de ação .................................................................................................................. 11

3.4. Isonomia competitiva ........................................................................................................ 12

3.4.1. Tarifa Externa Comum .................................................................................................. 12

3.4.2. Linha de ação .................................................................................................................. 13

4. Conclusão .................................................................................................................................... 13

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................................... 15

Anexos ................................................................................................................................................. 17

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

1. Escopo

A indústria química brasileira perdeu competitividade ao longo dos últimos 20 anos, resultando em uma balança comercial deficitária. Como observado na Figura 1, o déficit em 1991 era de US$ 1,5 bilhão e cresceu para US$ 27,8 bilhões em 2012. Esse déficit tem-se elevado de forma mais acelerada nos últimos anos: entre 2006 e 2012 cresceu 22% ao ano.

O aumento do déficit é mais elevado nos segmentos da indústria química com maior valor agregado, motivado pela concentração nos segmentos de commodities, pela descontinuação da produção local de alguns produtos, pela perda de competitividade do custo da matéria-prima no país e pela elevada carga tributária local.1

Figura 1: Balança comercial da indústria química (US$ B)

Portanto, a adoção de novas políticas fiscais para aumentar a competitividade da indústria nacional frente a competidores internacionais é primordial. Tais políticas visam garantir a isonomia fiscal dos produtos brasileiros e estrangeiros.

Um exemplo positivo de política fiscal, já detalhado no Relatório de Inovação e Tecnologia é a Lei do Bem que objetiva incentivar investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D&I) no país, tendo beneficiado 787empresas em 20122.

Os relatórios dos segmentos de foco primário mostraram a importância das políticas fiscais para garantir novos investimentos e a viabilidade e competitividade de alguns segmentos para produção local.

1 Plano Brasil Maior. Proposta de desoneração de matérias-primas para a Indústria Química 2 Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

2. Desafios fiscais para a indústria química

Os relatórios do presente estudo identificaram linhas de ação em políticas fiscais como uma das alavancas de crescimento de cada segmento analisado.

As Figuras 2 e 3 sintetizam as linhas de ação propostas e indicam as possíveis políticas fiscais a serem detalhadas a seguir.

O REINTEGRA, as mudanças no ICMS, o Regime Especial para a Indústria Química (REIQ) e o Drawback são medidas para desoneração da indústria, enquanto o imposto de importação visa defender a indústria nacional por meio de aprimoramentos na Tarifa Externa Comum (TEC).

Figura 2: Linhas de ação fiscais dos segmentos de foco primário

SEGMENTO LINHAS DE AÇÃO DOS SEGMENTOS DE FOCO PRIMÁRIO REI

NTE

GR

A

ICM

S

DES

ON

ERA

ÇÃ

O M

P

REP

EQU

IM/R

EIQ

DR

AW

BA

CK

ISO

NO

MIA

CO

MP

ETIT

IVA

OU

TRO

S

Desoneração do gás propelente para desodorantes aerossóios

(enquadramento na categoria tributária correspondente a matéria-

prima)

X

Avaliação de nova desoneração na folha de pagamento X

Aditivos alimentíciosDesoneração da matéria-prima nas rotas sintéticas para produção de

metioninaX

Escalada tributária para garantir isonomia fiscal entre os insumos (2%

versus 14%)X

Oferta de isenção fiscal, por período limitado, do imposto de

importação de FAMEX

Oferta de incentivos fiscais para pesquisa e desenvolvimento (P&D)

de novos tensoativosX

Benefícios fiscais para instalação de plantas industrias para produção

de tensoativos para E&P por empresas estratégicasX

Redução das tributações incidentes sobre bases de fluidos de

perfuração provenientes da rota oleoquímicaX

Incentivos fiscais para a instalação de plantas de formulação pelos

prestadores globais de serviços em petróleo e gás.X

Químicos para couro Regime de drawback sem prejuízo aos produtores locais X

Aromáticos

Avaliação da equalização das alíquotas de ICMS cobradas na produção

e nas importações, ou aumentar a fiscalização a fim de reduzir a

sonegação de imposto nas importações

X

Poliamidas especiais

Redução da tributação ou a criação de outros incentivos para a

produção nacional de fios e outros produtos acabados, em que há

grande agregação de valor

X X

Avaliação da redução tributária ou outros incentivos para carros de

baixo consumo ou elétricosX

Redução de impostos na importação do precursor (matéria prima

para produção de fibra de carbono). Para tal deve-se criar NCM

dedicado ao PAN precursor

X

Redução de impostos dos investimentos em capacidade X

Cosméticos

Tensoativos

Químicos para E&P

Fibras de carbono

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

Figura 3: Linhas de ação fiscais dos segmentos de foco primário

SEGMENTO LINHAS DE AÇÃO DOS SEGMENTOS DE FOCO PRIMÁRIO REI

NTE

GR

A

ICM

S

DES

ON

ERA

ÇÃ

O M

P

REP

EQU

IM/R

EIQ

DR

AW

BA

CK

ISO

NO

MIA

CO

MP

ETIT

IVA

OU

TRO

S

Avaliação da redução permanente do imposto de importação do

polímero industrial, de forma a tornar o polímero industrial

importado mais competitivo e atrair investimentos em fiação

X X

Redução permanente do imposto de importação da caprolactama X X

Estudo da redução de impostos nas matérias-primas produzidas no

Brasil na cadeia da PA6,6 (HMDA e ácido adípico)X

Estudo da redução da tarifa de importação no polímero X X

Prorrogação do período de alíquotas reduzidas de PIS/Cofins em

benzeno, tolueno e propeno e/ou desoneração de outras matérias-

primas

X X

Desoneração de investimento em plantas produtivas X

Ações anti-dumping para proteção do mercado X

Desoneração das matérias-primas básicas X X

Aumento da efetividade para proteções fiscais a pneus X

Derivados de

celuloseAções anti-dumping para proteção dos produtores locais X

Oleoquímicos Incentivos fiscais a polos oleoquímicos X

Manutenção do imposto de importação de siloxano em 2%, ou

redução para 0% enquanto não houver produção localX

Garantia de manutenção da isenção de alíquota de importação e a

redução dos custos de internação relativos à infraestrutura e

burocracia portuária

X

Desoneração de investimentos em máquinas X

Butadieno, isopreno

e derivados

Derivados de silício

Poliesteres de alta

tenacidade

Poliuretanos

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3. Proposta para aprimoramento das políticas públicas fiscais

3.1. Reforma tributária

3.1.1. Imposto sobre o Valor Agregado

Desde 1993, foram inúmeras as iniciativas para simplificar o sistema tributário vigente. Diante das diversas dificuldades associadas à aprovação de uma ampla reforma tributária, a instituição do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) Federal demonstra ser tanto a mais eficaz, como a mais desafiadora dentre as possíveis.

O maior desafio na instituição de uma IVA Federal prende-se à multifacetada capacidade política necessária para fundir a grande quantidade de tributos relacionados à adição de valor em atividades empresarias no país: Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), Imposto sobre produtos industrializados (IPI), Programa de Integração Social e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP), Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e Simples.

Uma das principais barreiras a ser superada prende-se à resistência dos estados, que em alguns casos, perderiam arrecadação, assim como sua autonomia para tributar ou conceder subsídios para aração de investimentos, motivos, aliás, para as graves distorções encontradas no sistema tributário atual. Uma solução possível para a perda de arrecadação seria a constituição de um fundo federal que proporcionasse compensações temporárias às perdas incorridas pelos estados da federação.

Além disso, haveria a necessidade de ajuste da alíquota para minimizar o impacto da queda de arrecadação pela introdução do novo imposto, pois, para se manter o nível de arrecadação total dos tributos que deixariam de existir, a alíquota do IVA Federal teria que ser fixada em um valor muito elevado, decisão que, certamente, induziria à sonegação, por mais aparelhada que fosse a fiscalização.

3.1.2. REINTEGRA

O Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (REINTEGRA) instituiu o benefício para compensar impostos, por exemplo ICMS, que não são compensados na exportação de produtos da indústria química. Empresas brasileiras que exportam produtos industrializados podem restituir até 3% da receita decorrente da exportação dos bens produzidos no Brasil. A restituição pode ser feita por meio de crédito para pagamento de impostos (PIS/PASEP e Cofins) e ressarcimento em espécie3, e deve obedecer a uma lista de produtos beneficiados de acordo com a tabela de incidência de impostos sobre produtos importados (TIPI).

3 O ressarcimento dos valores só pode ser requerido após o fechamento do trimestre calendário quando ocorre o processamento dos créditos do REINTEGRA e a devolução pode ser em espécie, ou crédito para compensação de impostos (COFINS e PIS/PASESP).

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

O REINTEGRA aplicável até o fim de 2013 estabelecia a alíquota de restituição de 3%. Em 2014, o regime especial voltou permanentemente, apesar de a Portaria para o programa ainda não ter sido publicada, fixando a alíquota de 0,3%4 pelo Poder Executivo, que poderia variar entre 0,1% e 3%. Além disso, impôs um limite na quantidade de insumos importados de 40%, mensurada pelo custo de tais insumos5.

Segundo especialistas, algumas mudanças são necessárias no regime, falta a inclusão de coque de petróleo calcinado na lista de produtos beneficiados e o prazo para ressarcimento dos créditos é considerado longo.

3.1.3. ICMS e incentivos fiscais estaduais

Tema recorrente na discussão de uma reforma tributária, o ICMS tem como principal desafio manter a isonomia fiscal. O tema requer a revisão do imposto em três tipos de operação, interestadual para produtos importados, interestadual para produtos nacionais e internos no mesmo estado.

O imposto pelo transporte interestadual de produtos importados influenciou a chamada “Guerra dos Portos”. Estados como Santa Catarina, Goiás e Espírito Santo ofereciam descontos no ICMS, com o objetivo de atrair a entrada de produtos importados pelos seus portos e a instalação da empresa produtora. Com o desconto não autorizado pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), portos com infraestrutura inferior atraíam a importação e obtinham vantagem competitiva sobre as empresas do Estado de destino. No entanto, em 2013, foi aprovada a Resolução nº13, unificando o ICMS interestadual de produtos importados em 4%6.

Permanece, no entanto, a vantagem competitiva em relação às empresas nacionais. A unificação da alíquota é aplicável apenas a produtos importados, sendo os nacionais ainda sujeitos às alíquotas de 7% ou 12% no transporte interestadual. Há, ainda, o ICMS para operação dentro do mesmo Estado, com alíquota média de 18%7.

O Convênio nº 70, assinado recentemente por 21 estados, constitui-se em importante avanço na redução das imperfeições verificadas na tributação das operações interestaduais, tendo como origem a concessão de benefícios fiscais baseados no ICMS. O principal foco do Convênio diz respeito à regularização dos incentivos e benefícios fiscais e financeiros, vinculados ao ICMS, autorizados ou concedidos pelos estados, sem a aprovação prévia do CONFAZ.

O processo de regularização se dará pela publicação pelos estados de todos os atos normativos relativos à concessão dos benefícios, bem como do compromisso de registrá-los no CONFAZ mediante envio da documentação correspondente. E o Anexo Único estabelece a redução do ICMS nas operações interestaduais, no valor de 1% a cada ano, até atingir 4%, em 31/12/2021. Mesmo com algumas exceções definidas com base na norma principal, em todas as situações ocorrem reduções nas alíquotas do ICMS. 4 EXAME. < http://exame.abril.com.br/economia/noticias/mantega-anuncia-reintegra-permanente-e-outras-medidas> .Acessado em 04/08/2014 5 Custo dos produtos importados – soma do valor aduaneiro, imposto de importação, AFRMM 6 Resolução nº13 de 2012 7 Fonte: Secretaria da Fazenda.<http://www.fazenda.sp.gov.br/oquee/oq_icms.shtm>. Acessado em 12/08/2014

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No entanto, a eficácia do Convênio depende de complementos legais ainda não aprovados.

3.1.4. Linha de ação

O modelo de IVA Federal prevê fundir os impostos sobre o valor agregado e reduzir seu peso na arrecadação total, substituindo o ICMS, IPI, PIS/PASEP, Cofins e Simples por um imposto único8:

• Incidente sobre o consumo de bens e serviços nacionais e importados. • Incidente sobre o valor adicionado de todos os setores, sem exceção (com a

possibilidade de um valor adicionado presumido nos pequenos serviços) • Competência da Federação, com receita compartilhada pelos Estados, União e Distrito

Federal (DF) • Não incidente sobre investimentos e exportações • Não se aplicando o conceito de comércio interestadual

A adoção de um modelo de IVA Federal por meio de uma ampla reforma tributária, considerada fundamental para políticas fiscais adequadas não apenas para a indústria química, é uma clara prioridade. Entretanto, devido à complexidade do tema, outras linhas de ação complementares são propostas:

• REINTEGRA: Aprovação de Portaria que regulamenta a restituição do Programa o Votar a Medida Provisória 651/2014

• ICMS: Aprovação de medidas para eficácia do Convênio nº70 o Senado Federal: editar uma resolução que estabeleça a redução gradual da alíquota

do ICMS nas operações interestaduais, conforme definido no Anexo ao Convênio o Congresso Nacional: aprovar uma Emenda Constitucional que estabeleça os

critérios de repartição do ICMS nas operações interestaduais entre o estado de origem e o estado de destino, em se tratando de situações que apresentem o consumidor final não contribuinte do imposto

o Congresso Nacional: aprovar uma Lei Complementar que institua e discipline os fundos federativos, propostos no Convênio, tendo como origem recursos da União, a saber: � Auxílio aos estados, Distrito Federal e respectivos municípios para compensar

eventuais perdas de arrecadação de ICMS, decorrentes das novas sistemáticas tributárias

� Desenvolvimento regional

3.2. Incentivos para a Indústria Química

O Conselho de Competitividade da Indústria Química, do Plano Brasil Maior, propôs três incentivos destinados a melhorar a competitividade da indústria química, a seguir descritos.

8ZOCKUN, M. Tributação e despesas públicas: uma proposta de reforma. O Brasil do Século XXI. 2011.

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3.2.1. Desoneração da matéria-prima de 1ª e 2ª geração petroquímica

A Lei 12.859/2013 desonerou a matéria-prima petroquímica de primeira e segunda geração por meio de créditos em descontos no PIS/PASESP e COFINS para os insumos produzidos em centrais petroquímicas de 1ª e 2ª gerações. No entanto, ela prevê o retorno progressivo dos impostos até 2018.

3.2.2. Regime Especial de Incentivos ao Investimento na Indústria Química (REPEQUIM)

Os novos investimentos que a indústria química tem perspectiva de realizar ganharão vigor com um ambiente econômico propício à produção local. O Regime Especial de Incentivos ao Investimento na Indústria Química (REPEQUIM) objetiva melhorar estas condições.

O Conselho de Competitividade da Indústria Química propôs a desoneração de investimentos no setor, por meio da suspensão da aplicação de IPI e das Contribuições para o PIS/PASEP e COFINS aos bens e serviços adquiridos em novos projetos de investimento.

O REPEQUIM exige contrapartidas da pessoa jurídica titular do projeto, sendo obrigatório um investimento mínimo em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e um percentual mínimo de conteúdo local em relação ao valor global do projeto.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) seria o responsável pela análise e aprovação dos “Projetos de Investimentos” passíveis do incentivo, com sua habilitação efetuada pela Receita Federal do Brasil.

O REPEQUIM não foi aprovado e sua discussão foi descontinuada.

3.2.3. Regime Especial da Indústria Química para Inovação

O Regime Especial da Indústria Química para Inovação (REIQ – Inovação) objetiva criar condições favoráveis à indústria e incentivar investimentos em pesquisa e desenvolvimento para produção e comercialização de produtos químicos de origem renovável. Detalhado no Plano Brasil Maior, o REIQ – Inovação compreende um crédito presumido das Contribuições para o PIS/PASEP e Cofins correspondentes às alíquotas aplicáveis no mercado interno em relação à saída dos produtos incentivados das empresas produtoras de químicos de renováveis.

O incentivo estaria condicionado a um investimento adicional anual em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de 4% para usufruir de 100% dos créditos; 3%, para 80%; e 2%, para 60%.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) seria o responsável pela análise e aprovação dos “Projetos de Inovação” passíveis do benefício, e a habilitação seria feita pela Receita Federal do Brasil.

No entanto, a discussão do REIQ – Inovação foi descontinuada.

3.2.4. Linhas de ação

• Prorrogação da desoneração da matéria-prima de 1ª e 2ª geração petroquímica por 10 anos • Aprovação do REPEQUIM e do REIQ – Inovação

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

3.3. Regime Aduaneiro Especial de Drawback

O regime aduaneiro especial de drawback, instituído em 1966, pelo Decreto de Lei nº 37, de 21/11/1966, consiste na suspensão ou eliminação de tributos incidentes sobre insumos importados para utilização em produto a ser exportado. O mecanismo funciona como um incentivo às exportações, pois reduz os custos de produção de produtos exportáveis, tornando-os mais competitivos no mercado internacional. No Brasil, 21%9 das exportações de 2013 foram feitas pelo regime de Drawback. Os produtos manufaturados foram os maiores beneficiados, com 29% das exportações sendo por esse regime, representando 53% do total de exportações por drawback.

Existem três modalidades de drawback: isenção, suspensão e restituição de tributos. A primeira modalidade consiste na isenção dos tributos incidentes na importação de mercadoria, em quantidade e qualidade equivalentes, destinada à reposição de outra importada anteriormente, com pagamento de tributos, e utilizada na industrialização de produto exportado, a aprovação é responsabilidade do Banco do Brasil. A segunda, de suspensão dos tributos incidentes na importação de mercadoria a ser utilizada na industrialização de produto que deverá ser exportado, tem sua aprovação efetuada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A terceira trata da restituição de tributos pagos na importação de insumo utilizados em produtos exportados, sendo pouco utilizada.

O art. 59 da Lei 10.833/2003 foi a base do Drawback Verde-Amarelo que criou condições isonômicas para fornecedores locais de empresas que preferiam adquirir insumos no exterior para suas operações exportação, em função de vantagens fiscais.

Em 2011, foi regulamentado o Drawback Integrado de Isenção e Suspensão que permite a concessão do incentivo tanto aos insumos importados, quanto àqueles adquiridos no mercado interno. Existe ainda o Drawback Intermediário, a empresa beneficiária importa ou compra os insumos no mercado interno, industrializa e fornece produto intermediário a outra empresa no Brasil, essa o utilizará em novo processo industrial e exportará o produto final.

De acordo com especialistas entrevistados, o Drawback é um regime que beneficia as empresas, e que obteve um grande progresso com a aprovação do Drawback Verde-Amarelo. No entanto, existem alguns pontos a melhorar.

O ICMS, imposto estadual incidente no transporte de mercadorias, é novamente um ponto de conflito. Apesar de os insumos de produção nacional e os importados obterem a mesma isenção de IPI, PIS/PASEP e Cofins, as alíquotas de ICMS aplicadas são diferentes, impactando na isonomia fiscal dos insumos. Além disso, de acordo com especialistas, a comprovação da exportação de produto com o insumo subsidiado pelas empresas intermediárias é burocrática.

3.3.1. Linha de ação

A garantia de isonomia fiscal, ameaçada pela diferença de alíquotas do ICMS, pode ser solucionada com a implementação do IVA Federal descrito no subcapítulo 3.1.

9 LANDAU. M. Regime aduaneiro especial de drawback. MDIC. 2013.

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Ademais a desburocratização do processo de comprovação da exportação pela empresa intermediária é um ponto de atenção.

3.4. Isonomia competitiva

3.4.1. Tarifa Externa Comum

Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (LETEC)

A partir de 1995, como previsto no Tratado de Assunção, os quatro Estados Partes do Mercosul adotaram a Tarifa Externa Comum (TEC), baseada na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), definindo tarifas incidentes nas importações originárias de países não pertencentes ao bloco.

Segundo as diretrizes estabelecidas, a TEC deve incentivar a competitividades de seus Estados Partes e seus níveis tarifários devem contribuir para evitar a formação de oligopólios ou de reservas de mercado. A aprovação incluiu também mecanismos de ajuste das tarifas nacionais, por meio de Listas de Exceções, com prazos definidos para convergência aos níveis da TEC.

A Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (LETEC) permitiu a adoção de alíquotas diferentes por cada Estado Parte do Mercosul. Assim, com base no que está disposto na Decisão CMC nº 58/10, o Brasil está autorizado a manter uma lista de 100 NCMs como exceções à TEC. O número de NCMs permitido ao Brasil é muito diferente dos demais Estados Partes, como o Uruguai com direto a 225 NCMs e o Paraguai, a 649 NCMs10.

A revisão da lista deve ser feita a cada seis meses. Os Estados Partes poderão alterar até 20% dos códigos NCMs. De acordo com especialistas, a alteração da lista pode ocorrer com base em pleitos enviados à Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) por empresas privadas ou decisões do MDIC. Os pleitos são analisados pelo Grupo Técnico sobre Alterações Temporárias da Tarifa Externa Comum (GTA-TEC). No entanto, ainda, de acordo com especialistas entrevistados, o GTA-TEC não consegue analisar todos os pedidos no prazo, atrasando a atualização da lista.

Os principais entraves identificados são o prazo para alteração da lista e o limite de 100 NCMs.

Decisão CMC11 nº 39/11 e CMC nº 25/12

Em decorrência da crise econômica internacional, fabricantes estrangeiros aumentaram a venda de produtos para países com maior crescimento, ameaçando a competitividade da indústria nacional. Cenário este agravado por países asiáticos, que praticam dumping cambial, mantendo suas moedas artificialmente desvalorizadas. A Decisão CMC nº 39/11 surgiu como uma lista adicional de exceção à TEC, aplicada apenas para elevação da tarifa e definida como ações pontuais no âmbito tarifário por razões de desequilíbrios comerciais derivados da conjuntura econômica internacional. Assim os Estados Partes do Mercosul

10MDIC. Decisão CMC no 58/10 11 Decisão Conselho Mercado Comum

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

podem elevar de forma transitória as alíquotas de 100 códigos NCMs do imposto de importação acima da TEC. A medida vigorou até outubro de 2013 no Brasil e não houve renovação.

Ainda como medida antidumping, a Decisão CMC nº 25/12 aumentou de 100 para 200 NCMs a lista de elevação da TEC, entrando em vigor no Mercosul simultaneamente com a revogação da Decisão CMC nº 39/11 e não foi regulamentada no Brasil.

Defesa para novos investimentos

De acordo com especialistas, novos investimentos na área química são realizados em plantas de escala global, quando o mercado interno de um país pode ocupar cerca de 50% de sua capacidade, com a produção excedente sendo dirigida ao mercado internacional.

Atualmente, a LETEC não possui um mecanismo de rápida modificação, incentivando o retardo ou mesmo o deslocamento dos investimentos no país.

3.4.2. Linha de ação

• Aumento do número de NCMs que integram a LETEC • Reativação da Lista Brasileira de Elevações à TEC estabelecida pela Resolução

CAMEX 70/12 e amparada pela Decisão CMC 39/11 o Proteger os 19 produtos químicos contidos na lista

• Regulamentação da Decisão CMC 25/12 o Proteger os 44 produtos químicos contidos na lista

• Estabelecimento de um modelo “FastTrack” de elevação da TEC para casos de início da produção regional

o Elevar a TEC até o patamar dos níveis tarifários consolidados da Organização Mundial do Comércio (OMC)12 pelo prazo de 5 anos, a partir do momento em que o empreendimento entrar em operação, com queda progressiva a partir do 6º ano até atingir a alíquota devida da TEC

4. Conclusão

O crescente déficit da balança comercial da indústria química brasileira, como observado na Figura 1, é reflexo da perda de sua competitividade nos últimos anos, originada em múltiplos fatores. A reversão desse quadro depende de diversas ações, entre elas as que garantam uma maior isonomia fiscal e competitiva dos produtores nacionais com os estrangeiros.

O Brasil também necessita de uma ampla reforma tributária que unifique e simplifique os impostos incidentes no país, no entanto, a adoção de um modelo de Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) Federal é uma medida muito complexa e discutida há mais de 20 anos com

12 LISTA III – Concessões tarifárias do Brasil na OMC

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

diversos desafios, principalmente em relação à unificação do ICMS e à negociação com os Estados.

Figura 4: Linhas de ação de políticas fiscais

Existem outras oportunidades de melhoria das políticas fiscais identificadas como visto na Figura 4. O REINTEGRA, por exemplo, incentiva a produção local e a exportação por meio da desoneração do PIS/PASEP e Cofins, e o Convênio nº 70 que visa diminuir os conflitos existentes com o ICMS.

Regimes de incentivos específicos para a indústria química já foram discutidos e são considerados medidas importantes, como a desoneração dos investimentos, matéria-prima e incentivo à inovação.

Além disso, existem medidas que visam garantir a isonomia competitiva com a proteção à produção brasileira como elevação da TEC e incentivo à exportação por meio do Drawback.

As oportunidades identificadas de melhoria das políticas fiscais para a indústria química, com a ciência de que uma ampla reforma tributária é necessária, são importantes para viabilizar as ações propostas nos relatórios dos segmentos priorizados e alavancar a produção nacional com o aumento da competitividade brasileira em segmentos de maior valor agregado.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 6

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ANPEC. <http://www.anpec.org.br/revista/vol12/vol12n3p517_551.pdf> Acessado em 20/08/2014

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Anexos

Anexo 1 – Responsáveis pelas linhas de ação propostas