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 4 1. INTRODUÇÃO A Análise Experimental do Comportamento, como ciência psicológica, abarca em si os aspectos embasados em sua base epistemológica, o Behaviorismo, termo este inaugurado pelo americano John B. Watson. W atson, determina ndo a aná lise do compor tamento como ob jeto da psi col ogi a, proporcionou a essa ciência a consistência que os psicólogos da época vinham buscando – um objeto observável, mensurável, cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes condições e sujeitos. O maior baluarte des ta filosofia, B. F. Skinner, diz:  “Quanto mais o comportamento dos organismos for explicado com base nos estímulos, mais e mais se reduzirá o território ocu pado por explicações int erio res . A ‘vonta de’ bateu em retirada pela espinha dorsal, primeiro das partes inferiores e depois das partes superiores do cérebro, e finalmente, com o reflex o condi cionado, esca pou pela fronte. A cada estágio, parte do controle do organismo passou de uma entidade inferior hipotética para o meio ambiente exterior.” (Skinner, p.) Pa ra Sk in ner , entretant o, a rel ão estímul o-respos ta in ten cionada po r seus antecessores não delineava plenamente o comportamento humano, pois o homem “antecipa” uma resposta a fim de evocar um estímulo desejado. Usando suas palavras “os homens agem sobre o mundo modificando-o e são, por sua vez, modificados pelas consequências de sua ação.” (SKINNER, 1957/1992, p.1).  Assim, o Comportamento Operante, como relação resposta-estímulo, é a unidade básica de descrição e o ponto de partida para a Ciência do Comportamento. O ser humano é analisado a partir de sua integração com o ambiente, sendo tomado não só como produto, mas também produtor desta interação. Skinne r consid era va, porém, que comportament os ope ran tes car acte rísticos da espécie humana por serem mediados e não mecânicos, alterando, em primeira instância, outro ser humano:  “Entre ta nt o, a maio r pa rt e do te mp o um ho me m ag e indiretamente sobre o ambiente a partir do qual emergem as con seq uên cia s ult ima s de seu compor tamento. Seu pri meiro efeito é sobre outro homem. Ao invés de ir até um bebedouro,

Relatório Aec III

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Relatório Estagio Aec - Stresse e Vaishnavas

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  • 41. INTRODUO

    A Anlise Experimental do Comportamento, como cincia psicolgica, abarca em si os

    aspectos embasados em sua base epistemolgica, o Behaviorismo, termo este inaugurado pelo

    americano John B. Watson.

    Watson, determinando a anlise do comportamento como objeto da psicologia,

    proporcionou a essa cincia a consistncia que os psiclogos da poca vinham buscando um

    objeto observvel, mensurvel, cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes

    condies e sujeitos. O maior baluarte desta filosofia, B. F. Skinner, diz:

    Quanto mais o comportamento dos organismos for explicado

    com base nos estmulos, mais e mais se reduzir o territrio

    ocupado por explicaes interiores. A vontade bateu em

    retirada pela espinha dorsal, primeiro das partes inferiores e

    depois das partes superiores do crebro, e finalmente, com o

    reflexo condicionado, escapou pela fronte. A cada estgio,

    parte do controle do organismo passou de uma entidade inferior

    hipottica para o meio ambiente exterior. (Skinner, p.)

    Para Skinner, entretanto, a relao estmulo-resposta intencionada por seus

    antecessores no delineava plenamente o comportamento humano, pois o homem antecipa

    uma resposta a fim de evocar um estmulo desejado. Usando suas palavras os homens agem

    sobre o mundo modificando-o e so, por sua vez, modificados pelas consequncias de sua

    ao. (SKINNER, 1957/1992, p.1).

    Assim, o Comportamento Operante, como relao resposta-estmulo, a unidade

    bsica de descrio e o ponto de partida para a Cincia do Comportamento. O ser humano

    analisado a partir de sua integrao com o ambiente, sendo tomado no s como produto, mas

    tambm produtor desta interao.

    Skinner considerava, porm, que h comportamentos operantes caractersticos da

    espcie humana por serem mediados e no mecnicos, alterando, em primeira instncia, outro

    ser humano:

    Entretanto, a maior parte do tempo um homem age

    indiretamente sobre o ambiente a partir do qual emergem as

    consequncias ultimas de seu comportamento. Seu primeiro

    efeito sobre outro homem. Ao invs de ir at um bebedouro,

  • 5um homem sedento pode simplesmente pedir um como de gua

    isto , ele pode engajar-se em comportamento que produz um

    determinado tipo de padro sonoro que, por sua vez, induz

    algum a lhe trazer um copo de gua. (SKINNER,1957/1992,

    p.1)

    A este tipo de Comportamento, Skinner define como Comportamento Verbal, onde de

    acordo com Srio e Andery, seria definido como um comportamento operante que foi

    reforado pela mediao de outras pessoas que foram especialmente preparadas para reagir

    como mediadores. (SRIO et ANDERY, 2012, p. 138).

    Skinner classificou seis operantes verbais primrios: mando, tato, ecico, textual,

    transcrio e intraverbal. Destes, Serio e Andery definem que um operante verbal chamado

    de um mando quando a resposta verbal emitida sob controle de condies motivacionais

    especficas e operam em benefcio do falante, uma vez que produz como consequncia um

    reforador especfico. Frequentemente, so exemplos de mando respostas verbais

    tradicionalmente chamadas de ordens. J um operante verbal chamado de tato quando a

    resposta verbal emitida sob controle de um estmulo antecedente especfico no verbal e

    produz como consequncia um reforo condicionado generalizado ou um conjunto de

    estmulos reforadores distintos. (SRIO et ANDERY, 2012, p. 143, 144).

    O presente relatrio pretende demonstrar como os aspectos dos operantes verbais

    mando e tato podem ser analisados e mensurados a partir de uma obra literria, objetivando

    descrever as relaes funcionais possveis entre o comportamento verbal do falante com os

    estmulos discriminativos que o antecedem e as consequncias que o seguem, seguindo um

    padro metodolgico de experimentos baseados na obra A Anlise do Comportamento no

    Laboratrio Didtico de Matos e Tomanari.

  • 62. MTODO

    PARTICIPANTES: Foram extradas transcries da Obra O Primo Baslio do autor Ea de

    Queiroz, dilogos de duas personagens: mulheres caucasianas adultas, naturais de Lisboa,

    Portugal. A Primeira Participante (P1) tem aproximadamente 25 anos, completou o Liceu (2

    grau) no possui atividade de trabalho remunerado, casada, sem filhos. A Segunda

    Participante (P2) tem idade aproximada a 47 anos, no chegou a concluir o primeiro grau

    escolar porm alfabetizada. Trabalha como empregada domestica, em perodo integral para

    a primeira participante. solteira e sem filhos.

    EQUIPAMENTOS: Foi utilizado um exemplar da obra literria j mencionada, 7 edio

    editora tica 1982, e um computador notebook da marca Gigabyte, com os programas da

    Microsoft Word e Excel 2010.

    AMBIENTE: As atividades foram realizadas na sala 1012, do dcimo andar, do Centro

    Universitrio Nove de Julho, Campos Memorial da Amrica Latina.

    PROCEDIMENTO: Aps a leitura da obra acima referida, foram selecionados trechos de

    dilogos entre os participantes P1 e P2. Estes trechos foram selecionados e divididos entre 2

    situaes distintas:

    Situao 1: A primeira situao descreve a relao clssica entre uma empregada

    domstica e sua patroa. A atitude subserviente da parte da participante 2, em relao com a

    atitude mandatria da parte da participante 1.

    Situao 2: A participante 2 adquiri cartas que comprometem a participante 1,

    documentos estes que provam uma relao extraconjugal da participante 1 com seu primo

    (Primo Baslio), a relao demonstrada na Situao 1 alterada, mostrando que a participante

    1 passa a chantagear a participante 2, passando a ter vantagens diferentes das comuns na

    relao empregada-patroa.

    Em seguida os mesmos foram classificados em operantes verbais tatos e mandos,

    sendo finalmente listados em tabelas quantitativas e representados atravs de grficos

    estatsticos.

  • 73. DESCRIO

    Aps serem classificados os dados obtidos, em Comportamentos Verbais tatos ou

    mandos, foram gerados grficos analticos da incidncia de tais Comportamentos nas duas

    situaes retiradas da Obra, a saber:

    Figura 1:

    Figura 2:

    A figura 1 e 2 representa a anlise de tatos e mandos entre as personagens P1 e P2, sendo que

    a P1 emitiu 8 tatos e 41 mandos e a P2 emitiu 30 tatos e apenas um mando, manifestando

    assim que a P1 est no controle da situao e do ambiente e a P2 submissa P1.

  • 8Figura 3:

    Figura 4:

    A figura 3 e 4 representa a anlise de tatos e mandos entre as personagens P1 e P2 sendo que a

    P1 nesta situao emitiu 18 tatos e 20 mandos e a P2 emitiu 49 tatos e 57 mandos,

    manifestando Assim que a P2 assume o controle da situao e do ambiente, mudando a regra,

    e no momento a P1 se torna submissa P2.

  • 96. DISCUSSO E CONSIDERAES FINAIS

    Analisando os grficos gerados a partir da classificao de Comportamentos Verbais

    tatos e mandos gerados pelas participantes e comparando-os na Situao 1 com a Situao 2,

    podemos verificar uma mudana significativa no tipo comportamento verbal emitido pelas

    participantes.

    Constata-se que uma alterao no ambiente, e neste caso, a incidncia de um fator

    social que mudou a relao entre as participantes, altera drasticamente o tipo de resposta

    emitida pelos sujeitos, mudando a classificao do comportamento gerado em si, nessa

    relao.

    Conclumos, destarte, que o resultado da experincia exemplifica como que, nos

    Comportamentos Verbais, o elemento social um fator crucial na formao e classificao

    dos Comportamentos Verbais.

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    MATOS, M. A. & Tomanari, G. Y. A Anlise Experimental do Comportamento nolaboratrio didtico. So Paulo, Editora Manole, 2002.

    QUEIRS, E. O primo Baslio: texto integral / Ea de Queirs. 7.ed.-So Paulo: tica;1982

    (Srie Bom livro).

    SERIO, T. M. A. P. et al. Controle de estmulos e comportamento operante. So Paulo,

    EDUC 2012.

    SKINNER, B. F. Verbal Behavior. New York, Appleton-Century-Crofts, 1957.

    SKINNER, B. F. Cincia e Comportamento Humano. So Paulo, Martins Fontes 2003.

    WATSON, J. B. Psicologia: como os behavioristas a veem. Watson, 1913.