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Relatório Anual 2014 Pelotas, fevereiro de 2015 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: 1.1.Nome da Entidade: Núcleo de Atenção à Criança e ao Adolescente – NACA. 1.2.Nome do Presidente: Gisele Scobernatti 1.3.Assinatura do Presidente: 2. INTRODUÇÃO Começamos 2015 apresentando os resultados das ações desenvolvidas ao longo de 2014, ano que consolidou algumas mudanças, iniciadas em 2010, no que se refere as intervenções junto aos usuários. Diante do alto índice de desligamentos por abandono dos usuários do Serviço que recorren- temente caracterizaram as estatística do Núcleo, tem– se empreendido esforços teóricos e técnicos para reverter tal situação. Neste sentido questionar e refletir sobre como, a interlocução com as práticas judiciais dispara a questão sobre quem é o sujeito da nossa intervenção foi o norte para a desconstrução e reconstrução de novas possibilidades de intervenção que privilegiassem a busca por respostas a partir da escuta e da análise das trajetórias de vida das pessoas atendidas no NA- CA, interessando saber o que elas têm pra dizer de si e dos lugares por onde andam, demonstrar o que pensam e o que sentem sobre os resultados dos encaminhamentos às suas demandas. Esta mudança importante de perspectiva e de foco de atuação conduz as crianças, adolescentes e seus familiares à condição de usuários da nossa intervenção, de modo que a ênfase em processos avaliativos psi- cológicos individuais com o objetivo de instrumentalizar decisões judiciais, cedeu espaço para ações de cunho sócio-educativas e pedagógico objetivando a exploração e a compreensão dos significados presentes nas ações do sujeito, bem como dos grupos de sujeitos, buscando -se- lhes apreender o sentido que leva a determinadas direções de relacionamentos, conflitos e decisões com foco na construção de novas respostas. Toma parte neste cenário de mudanças o não mais acolhimento de Abusadores Sexuais em fase de inquérito policial, tal decisão resulta de um longo período de reflexão pela equipe que acabou ganhando con- tornos de conflito ético, uma vez que o resultado desta avaliação psicológica estava sendo utilizado para ins- trumentalizar as ações policiais, deste modo, o atendimento a este usuário está sendo reestruturado, devendo, voltar a serem acolhidos somente após finalizado o processo judicial. A inserção de artes marciais—Muay Tay nas atividades de crianças rompe com o estigma de que lu- tas promovem a violência e, propõe outros modos de lidar com ela, uma vez que conforme aponta Challoub (2011), este esporte têm em seus princípios básicos disciplina, hierarquia, educação, respeito, integridade, au- todomínio e força de vontade, princípios básicos que devem ser repassados a crianças. Além dos princípios morais, esses esportes auxiliam na autoestima, coordenação motora, noção de espaço, postura, respiração e alimentação. Enfim, 2014 apresentou-se como um ano para colocar em prática ações que há muito vinham sido gestadas e, mesmo que possam, num primeiro momento, causar estranheza ou inquietações evidenciam a boa receptividade e aceitação dos homens, mulheres, crianças, adolescentes e idosos que tomam parte nas ativida- des desenvolvida pelo NACA.

Relatório Anual 2014 - naca.org.br“RIO-ANUAL... · cia. A diminuição nas falsas denúncias deve ser vista como um avanço impor- tante, pois as consequências para as crianças

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Relatório Anual 2014 Pelotas, fevereiro de 2015

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

1.1.Nome da Entidade: Núcleo de Atenção à Criança e ao Adolescente – NACA.

1.2.Nome do Presidente: Gisele Scobernatti

1.3.Assinatura do Presidente:

2. INTRODUÇÃO Começamos 2015 apresentando os resultados das ações desenvolvidas ao longo de 2014,

ano que consolidou algumas mudanças, iniciadas em 2010, no que se refere as intervenções junto

aos usuários.

Diante do alto índice de desligamentos por abandono dos usuários do Serviço que recorren-

temente caracterizaram as estatística do Núcleo, tem– se empreendido esforços teóricos e técnicos

para reverter tal situação. Neste sentido questionar e refletir sobre como, a interlocução com as

práticas judiciais dispara a questão sobre quem é o sujeito da nossa intervenção foi o norte para a

desconstrução e reconstrução de novas possibilidades de intervenção que privilegiassem a busca

por respostas a partir da escuta e da análise das trajetórias de vida das pessoas atendidas no NA-

CA, interessando saber o que elas têm pra dizer de si e dos lugares por onde andam, demonstrar o

que pensam e o que sentem sobre os resultados dos encaminhamentos às suas demandas.

Esta mudança importante de perspectiva e de foco de atuação conduz as crianças, adolescentes e seus

familiares à condição de usuários da nossa intervenção, de modo que a ênfase em processos avaliativos psi-

cológicos individuais com o objetivo de instrumentalizar decisões judiciais, cedeu espaço para ações de cunho

sócio-educativas e pedagógico objetivando a exploração e a compreensão dos significados presentes nas ações

do sujeito, bem como dos grupos de sujeitos, buscando -se- lhes apreender o sentido que leva a determinadas

direções de relacionamentos, conflitos e decisões com foco na construção de novas respostas.

Toma parte neste cenário de mudanças o não mais acolhimento de Abusadores Sexuais em fase de

inquérito policial, tal decisão resulta de um longo período de reflexão pela equipe que acabou ganhando con-

tornos de conflito ético, uma vez que o resultado desta avaliação psicológica estava sendo utilizado para ins-

trumentalizar as ações policiais, deste modo, o atendimento a este usuário está sendo reestruturado, devendo,

voltar a serem acolhidos somente após finalizado o processo judicial.

A inserção de artes marciais—Muay Tay nas atividades de crianças rompe com o estigma de que lu-

tas promovem a violência e, propõe outros modos de lidar com ela, uma vez que conforme aponta Challoub

(2011), este esporte têm em seus princípios básicos disciplina, hierarquia, educação, respeito, integridade, au-

todomínio e força de vontade, princípios básicos que devem ser repassados a crianças. Além dos princípios

morais, esses esportes auxiliam na autoestima, coordenação motora, noção de espaço, postura, respiração e

alimentação.

Enfim, 2014 apresentou-se como um ano para colocar em prática ações que há muito vinham sido

gestadas e, mesmo que possam, num primeiro momento, causar estranheza ou inquietações evidenciam a boa

receptividade e aceitação dos homens, mulheres, crianças, adolescentes e idosos que tomam parte nas ativida-

des desenvolvida pelo NACA.

Tipos de AbusoTipos de AbusoTipos de Abuso

De janeiro à dezembro de 2014 foram atendidos 301 casos de violências notifica-dos nos serviços de Proteção à Criança e ao Adolescente, conforme especificado nos gráficos.

O gráfico aponta seis macro regiões do Município, a saber:

1. Fragata – Gotuzo, Guabiroba, Si-

mões Lopes, Vila Farroupilha.

2. Areal – Bom Jesus, Dunas, Obelis-

co, Jardim Europa, Cruzeiro e Humuara-

ma.

3. Três Vendas – Cohab Tablada,

Santos Dumont, Arco Iris, Sanga Funda, Py

Crespo, Santa Terezinha, Lindóia, Jacob Brod, Santa Rita, Jardim das Tradições,

Pestano, Getúlio Vargas, Sítio Floresta e Vila Princesa.

4. Centro – Loteamento Ceval.

5. Porto – Balsa, Navegantes, São Gonçalo, Fátima, Várzea

Mapeamento da Violência contra crianças e Adolescentes em Pelotas/2014Mapeamento da Violência contra crianças e Adolescentes em Pelotas/2014Mapeamento da Violência contra crianças e Adolescentes em Pelotas/2014

Em percentuaisEm percentuais

Ações PAEFI

Relatório Anual 2014 Página 2

A) ATENDIMENTOS

Dos 301 casos atendidos ao longo de

2014, 78 foram avaliados em anos anterio-

res, 109 abandonaram o atendimento mes-

mo antes da conclusão do processo de ava-

liação, resultando ,deste modo, num total

de 108 avaliações iniciadas e concluídas

em 2014 , cujos encaminhamentos apon-

tavam para as seguintes formas de abu-

sos:

Após avaliadas as situações acima notificadas, concluiu-se que :

Relatório Anual 2014 Página 3

Denúncias e Confirmações

Falsas DenúnciasFalsas Denúncias

De todos os casos avaliados ao longo de 2014, alguns foram confirmados

outros não; outras formas de abuso associados ao abuso notificado também ocor-

reu, assim como em algumas situações não confirmadas outros abusos figura-

ram como outras formas de violência e apenas UM tratava-se de FALSA DENÚN-

CIA.

A diminuição nas falsas denúncias deve ser vista como um avanço impor-

tante, pois as consequências para as crianças e os adolescentes neste tipo de si-

tuação são tão nocivas quanto a vitimização de fato quando chamadas a confir-

mar as denuncias e reproduzir discursos de um dos genitores .

Seguindo a tendência dos últimos cinco anos, observa-se um crescimento im-

portante do número de casos de abuso psicológico. Em relação a 2013, o percentu-

al de casos deste tipo de abuso aumentou de 20 para 24% em 2014.

Um número significativo de situações envolvendo esta forma de violência con-

tra crianças e adolescentes, refere-se a litígios conjugais em que pese a dificuldade

dos genitores de deixarem os filhos fora dos problemas do relacionamento, utili-

zando-os inclusive para atacarem-se mutuamente. Tais circunstâncias podem su-

gerir a presença de Síndrome de Alienação Parental (SAP)— o aumento deste tipo

de notificação ilustra tal realidade—contudo, a SAP um dos espectros do Abuso

Psicológico não pode ser confundida com problemas de relacionamento conjugal e

o mal gerenciamento da relação com os filhos; para o diagnóstico de SAP é neces-

sário muito mais do que litígios conjugais.

Abuso PsicológicoAbuso Psicológico

Relatório Anual 2014

Ano

Abuso Sexu-al

Abuso Físi-co

Abuso Psi-cológico

Negligência Exploração Sexual

2005 362 118 23 35 3 2006 1043 153 38 38 0 2007 992 66 12 59 11 2008 1098 117 28 83 13 2009 1201 125 58 79 9 2010 1048 233 181 75 4 2011 980 185 323 149 0 2012 866 146 291 63 0 2013 801 140 244 54 0 2014 821 162 314 133 0

Comparativo 10 anos

Relatório Anual 2014

A definição das faixas etárias foram estabeleci-

das pelo MDS. Cabe referir que quando registramos

crianças entre 0 à 6 anos, referimo-nos a crianças

entre 2 à 6 anos.

Historicamente a faixa compreendida entre 7 e

14 anos tem sido responsável pelo maior número de

atendimentos, registre-se contudo o aumento de víti-

mas do sexo masculino, nesta faixa e na de 15 à 18

anos. Comumente o maior número de casos acolhidos,

cujas vítimas eram do sexo masculino concentravam-

se na faixa entre 0 à 6. É dado observar que entre 0 e

6 e entre 15 e 18 anos não houve diferenças nos nú-

meros de vitimizações entre vítimas masculinas e fe-

mininas.

Gênero e Faixa EtáriaGênero e Faixa Etária

GêneroGênero

EscolaridadeEscolaridade RaçaRaça

Página 6 Relatório Anual 2014

que torna a inter-

venção bastante di-

fícil.

Estima-se que

as notificações se-

jam muito maiores

do que os dados a-

presentados por es-

te serviço que, de-

monstra apenas os

casos atendidos. A

falta de um sistema

que unifique todas

as notificações fei-

tas em Conselho

A problemáti-

ca da violência que

vitima crianças e

adolescentes é, em

geral, do tipo intra-

familiar e por esta

razão ganha contor-

nos de privado o

Tutelar, DPCA e Ministério Públi-

co é uma necessidade antiga,

pois o mesmo caso é muitas ve-

zes atendido em mais de um des-

tes órgãos.

É bastante provável que um

número considerável dos enca-

minhamentos feitos pelos órgãos

notificadores sequer cheguem ao

NACA. Como já dito, não há co-

mo mensurar ou quantificar

quanto dos encaminhamentos

feitos ao NACA, não chegam ao

serviço .

A intervenção em casos de violên-

cia deve garantir o atendimento às víti-

mas (medidas de proteção) atenção e ao

mesmo tempo a responsabilização dos

agressores, razão pela qual o critério de

ingresso obrigatoriamente envolve os ór-

gãos apontados no gráfico ao lado. So-

mente a partir da articulação com estes

órgão é possível que se estabeleçam me-

didas protetivas à criança e de responsa-

bilização dos agressores.

Deste modo, o aumento de encaminhamentos feitos pela Delegacia de Prote-

ção à Criança e ao Adolescente (DPCA) registrado nos últimos quatro anos, torna

mais viável que ocorra a responsabilização destes.

NotificaçãoNotificação

Página 7 Relatório Anual 2014

Há uma incidência

de pessoas que são enca-

minhadas, agendam o a-

tendimento, contudo não

comparecem para efetiva-

mente dar início ao trata-

mento, em 2014 foram 26

casos nesta situação, sen-

do 8 referentes a Delegacia

de Proteção à criança e ao

Adolescente (DPCA) e 18

correspondentes ao Con-

selho Tutelar, Ministério

Público e Juizado do da

Infância e da Juventude.

Das 75 famílias encami-

nhadas em 2014 PELA DP-

CA, 14 não compareceram

para agendar; de igual forma

9 famílias encaminhadas

pelo Juizado da Infância e

da Juventude e pelo Minis-

tério Público deixaram de

comparecer para agenda-

mento.

Dos 75 encaminhamentos

feitos pela DPCA, três casos não

foram acolhidos: 1 por tratar-se

de vítima com idade superior a

18 anos; 1 por residir em outro

município e um suspeito de co-

meter abuso sexual em data

posterior a interrupção dos aco-

lhimentos a esta demanda.

Dos 20 casos encaminhados

pela Justiça e MP quatro não

foram acolhidos: dois em razão

de residirem fora de Pelotas e

outros dois por tratar-se de soli-

citação de avaliação psicológica

de adultos.

Mesmo que a média mensal de novos casos tenha voltado

aos índices anteriores a 2013—16 novos casos/mês, ainda

assim, o número de atendimentos realizados em 2014 é

cerca de 15% maior que no ano anterior. Esta configura-

ção de dados pode ser explicada pela significativa diminui-

ção dos abandonos aos atendimentos.

O número de desligamentos por encaminhamentos continuam representando

outras demandas e/ou co- morbidades associadas, tais como :encaminhamentos

para avaliação psiquiátrica e neurológica; sala de recursos, escolas especiais, psico-

terapia individual, projetos e programas sociais, assistência judiciária, entre outras.

Com relação as famílias que haviam deixado os atendimentos e foram reinse-

ridas ao longo de 2014, não há diferença em relação a 2013 quando foram feitas

36 reinserções e 37 em 2014. Registre-se contudo que dessas, 100% haviam aban-

donado o serviço antes da conclusão da intervenção.

PerdasPerdas Casos não acolhidosCasos não acolhidos

Página 8 Relatório Anual 2014

Se considerar a referência da FGV cerca de 75% dos usuários do serviço encontram-

se na Classe E, se considerado o ano passado este percentual quase não se alterou, uma

vez que em 2013 aproximadamente 79% estavam inseridos nesta faixa. Nas demais fai-

xas também não houveram mudanças importantes. Deste modo reafirma-se uma ten-

dência recorrente de que cerca de 80% dos usuários do NACA vivem com renda mensal

equivalente a dois salários mínimos e meios (Classes E e D).

Tal realidade não pode servir para avalizar a ideia de que é entre os mais pobres que

há maior incidência de violência, necessário que se tenha em mente que ela é um fenô-

meno global, preocupa populações do mundo inteiro e tem sido considerado um proble-

ma sério a ser enfrentado pelas políticas públicas de saúde, segurança, cidadania, entre

outras; deve ser entendida como um fenômeno essencialmente democrático porquanto

“não se restringe às classes menos favorecidas social e economicamente, estando presen-

te em todas as classes sociais e econômicas” (JUNG, 2006, p.2).

Entretanto, mesmo que há algum tempo se venha rejeitando pressupostos que associem

pobreza e a violência, seja pela sua insuficiência explicativa, ou pelo seu potencial estig-

matizante, não há contudo, como negar que o tratamento ou encaminhamento dado por

ricos e pobres em situação de violência são bastante distintos.

Azevedo e Guerra (2005) argumentam que entre os ricos a violência contra a cri-

ança é ocultada para proteger a família, o agressor, o status, o patrimônio ou a criança

de possíveis estigmas. Os pobres, entretanto, utilizam mais os serviços públicos, buscam

reparar os danos da violência por meio do aparato público, diferentemente daqueles que,

via de regra, buscam a reparação em consultórios psicológicos privados, escritórios de

advocacia, entre outros (FERRARI, 2002).

Desta forma, tornam-se as ocorrências de violência entre os pobres mais visíveis, sendo

estes os responsáveis por considerável parte das estatísticas de abusos.

Inferior Superior Correspondência em

Salários Mínimos Classe E Zero 1085,OO 1,60

Classe D 1.085,00 1.734,00 1,60 à 2,55

Classe C 1.734,00 7.475,00 2,55 à 11,02

Classes B 7475,00 9.745,00 11,02 À 14,37

Classe A 9.745,00 Acima de 14,37

Definição das Classes Sociais, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV)¹.

Disponível em www.cps.fgv.br/cps/livroncm/ . Acesso em 25/de fevereiro de 2013, pesquisa publicada em 06 de março de 2012.

Renda Familiar Renda Familiar Comparativo NacionalComparativo Nacional

Página 9 Relatório Anual 2014

Em 2014 foram atendidos 17 crianças e

adolescentes em situação de Acolhimento ins-

titucional.

O acompanhamento sistemático desta

população revelou que crianças e adolescen-

tes abrigados sem vínculos familiares apre-

sentam menor evolução no tratamento.

Entende-se que esta realidade decorra das suas prioridades refletirem esta

condição, ou seja, para os adolescentes a prioridade é construir um projeto de vida

para pós abrigo e para as crianças menores o foco está na busca de uma família

substituta, razão pela qual o tratamento focalizado na violência - proposta do serviço

– não atende a realidade desta população, resultando um processo pouco efetivo.

Em 2010 os abandonos correspondiam a

88% dos desligamentos, 2011 representavam

85%, em 2012 correspondiam a 84% e em 2013 o

percentual de abandonos teve uma diminuição

mais significativa: 77% e 2014 consolida uma

tendência de redução dos abandonos, alcançando

73% .

Há alguns anos o número de desligamentos por abandonos—superior a 80%

- tem tomado espaço nas discussões da equipe e provocado reflexões acerca das re-

ais demandas dos usuários, o que resultou numa gradual e progressiva mudança

nas modalidades de atendimentos.

A questão mais pontual dessa mudança foi não mais responsabilizar os usuá-

rios pelos abandonos e reconhecer que a intervenção talvez não estivesse atenden-

do às suas demandas e, reciclar.

Observação: Todos os abandonos, altas, re-encaminhamentos e ou não comparecimentos são informados por escritos aos

órgãos notificadores .

Crianças, Adolescentes em ACOLHIMENTO INSTITUCIONALCrianças, Adolescentes em ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL

DesligamentosDesligamentos

Página 10 Relatório Anual 2014

Considera-se extrafamiliar quando o vitimizador é vizinho, amigo, profes-

sor, padrinho, colega de escola. Embora amigos, colegas, vizinhos... sejam cate-

gorizados como extrafamiliar, cumpre dizer que mantêm uma relação de confian-

ça com a vítima e sua família, não sendo “não familiar” à criança ou adoles-

cente.

Não Informado (NI) é quando os vitimizadores são desconhecidos da víti-

ma e/ou sua família ou ainda quando há uma suspeita de vitimização a partir de

um quadro sintomatológico, sem que se identifique o possível abusador.

O que se observa como aponta uma série de estudos, é que na violência contra

crianças e adolescentes, em geral os perpetradores de violência são conhecidos e

bastante próximos da vítima.

Até 2009 quando não se identificava o possível vitimizador se usava a ter-

minologia desconhecido o que pode dar uma falsa ideia de que um determinado

percentual possa ser um agressor desconhecido da vítima. O fato dele não ser

identificado, não significa que seja desconhecido.

O tempo médio de duração das famílias no serviço varia de caso a caso, con-

tudo verifica-se que as famílias que mantém regularidade nos atendimentos e não

interrompem antes que lhes seja dada alta, permanecem em média 2 anos. Ve -

rifica-se que as famílias que interrompem o tratamento antes do fim da proposta

terapêutica tendem mais a retornarem ao serviço.

VitimizadoresVitimizadores

Página 11 Relatório Anual 2014

Assim a partir de 2010 passou-se a

utilizar a nomenclatura Não informado (NI)

que correspondeu a 4% dos casos atendi-

dos em 2014.

Muitas vezes as escolas, hospitais,

UBS entre outros identificam sinais de viti-

mização e notificam, entretanto não lhes é

possível identificar quem é o autor dos abu-

sos, salvo uma manifestação clara da crian-

ça e/ou de sua família.

Pode ser considerado desconhecido quando a criança ou o adolescente são viti-

mados por alguém que são capazes de identificar, mas que no entanto não são seus

conhecidos. Este tipo de situação é comumente verificada em assaltos e estupros de

mulheres adultas atacadas em geral longe de seus lares.

Observação: Outros referem-se a padrinhos, madrinhas, professores, colegas de esco-

Se 2013 apresentávamos 31 homens e 1 mulher envolvidos em denúncia

de abuso sexual, como agentes perpetradores, em 2014 estes usuários tiveram

outra abordagem inicialmente pelo órgão notificador e posteriormente pelo pró-

prio Núcleo, a saber:

1) possivelmente pela mudança na titularidade da DPCA o número de sus-

peitos de ter cometido abuso sexual encaminhados pela Delegacia ao NACA para

avaliação ficou restrito a dois casos entre fevereiro e agosto de 2014;

2) Há alguns anos a equipe do Núcleo tem se questionado acerca do papel

da avaliação psicológica de autores de abusos sexuais em seus processos crimi-

nais; dizer se aquele sujeito, suspeito de ter cometido um crime, apresenta indi-

cativos que podem incriminá-lo, é contrário a ideia ou discurso de que o serviço

pretende ajudar estas pessoas

Da mesma forma que buscar indícios/provas para responsabilizar alguém

é função da polícia e do Ministério Público e julgar cabe ao magistrado, ao psicó-

logo cabe a função dar suporte as demandas emocionais da sua clientela, razão

pela qual, a partir de setembro de 2014 decidiu-se por não mais acolher estes

usuários em fase de inquérito policial, por entender que o direito constitucional

destes sujeitos de não “fazer provas contra si” fica comprometido com o uso do

laudo de avalição psicológica para amparar decisões de polícia e justiça.

Abusadores SexuaisAbusadores SexuaisAbusadores Sexuais

1. Grupos de Manejo – ação destinada a cri-

anças de ambos os sexos, vitimadas por to-

das as formas de violência, entre 3 e 6 anos . SEMANAL

A personalidade do ser humano se estrutura até por volta dos 7 anos de ida-

de, antes disso a criança está se construindo, razão pela qual a psicoterapia não faz

sentido, haja vistas que não há como “mudar” o que ainda não está “pronto’.

Contudo um número considerável de crianças é vitimado por violência, antes

dos 7 anos e acabam por revelar um quadro sintomatológico condizente com a si-

tuação de vitimização, sendo assim o serviço criou há alguns anos uma abordagem

que prevê ações de cunho psicopedagógicopsicopedagógico, visando auxiliar estas crianças a

“aprender” uma forma de viver e vincular sem violência, utilizando-se de recursos

lúdicos.

No dia 03 de abril, promoveu-se um encontro en-

tre as crianças desta faixa etária com a agente de trân-

sito Benhara de Castro Damero que discorreu sobre

“Educação para o Trânsito”.

2. Grupos de Convivência para adolescentes - ação destinada a adolescentes de ambos

os sexos, vitimados por todas as formas de violência, entre 12-13 e 14 anos e 15 à 18 anos

de idade. SEMANAL.

As atividades voltadas para este grupo foram pautadas em temas cotidianos, espe-

cíficos, atuais e de interesse do grupo, tais como: a) preconceitos: - racismo, homofobia en-

tre outros; b) violência que além da “roda de Conversa”, contou com a utilização de músi-

cas—na maioria RAP, que abordam o tema: c) mentira que utilizou-se dois contos para tratar a

questão. Cada assunto foi desenvolvido ao longo de cinco encontros .

C onvivência Intergeracional

Para este grupo de crianças foram ainda desenvolvidas ações de Convivência e Sociabilidade Ge-

racionais e Intergeracionais e fortalecimento de vínculos familiares, por meio da realização de encontros

mensais, conjuntos de Pais/cuidadores e filhos.

Página 14 Relatório Anual 2014

3. Grupos psicopedagógico de crianças - – ação destinada a

crianças de ambos os sexos, vitimadas por todas as formas

de violência, entre 7-8 e 10 anos e 10-11 à 12 anos de idade.

SEMANAL.

A partir de outubro de 2014, numa parceria com Cen-

tro de Treinamento Mota, estas crianças passaram a parti-cipar de um Grupo de Muay Tay (Boxe Tailandês).

No que se refere à orientação jurídi-

ca foram prestados 360 atendimentos

dessa natureza à vítimas de violência, su-

as famílias e abusadores sexuais . Entre

as questões de maior interesse dos usuá-

rios, destacam-se:

Poder familiar, Guarda, Revisão de Ali-

mentos, Execução de Alimento, defensoria

Pública, Inquérito Policial, ECA, Boletim

de ocorrência, Termo de compromisso,

Pensão Alimentícia, Habilitação para ca-

samento, Regimes de bens, Sucessão, Da-

no Moral, Regulamentação de Visitas, Di-

vórcio, Medida de Proteção, Responsabili-

zação do agressor, Contrato de locação e

comodato, União Estável (reconhecimento

e dissolução), Visita Assistida, Alienação

Parental, Cárcere Privado, Exame de Cor-

po delito, Depoimento sem dano, Procura-

ção por instrumento público, Reconheci-

mento de Paternidade, Exame de DNA,

Registro de nascimento, Formas de Abuso

(Enquadramento Legal), Orientação Previ-

denciária: Auxílio- Doença, Pensão por

morte, Benefício Assistencial, Direito Su-

cessório, Execução de não pagamento de

pensão, Sucessão, Doação, Usufruto, Re-

gistro civil, Termo de Responsabilidade

(emitido pelo Conselho Tutelar), Papel do

Ministério Público e Defensoria Pública,

Maus tratos, Acordo Judicial, Processo

Criminal, Noticia crime, Benefício Assis-

tencial – LOAS, aposentadoria por invali-

dez, auxílio- reclusão.

Durante essa atividade foi possível observar o trabalho de aspectos físicos, co-

mo coordenação motora e também de temas como cooperação, foco e respeito. Com

isso foi notável a melhora em algumas crianças em relação a respeito a regras, con-

trole de competitividade e interação com os pares.

Página 15 Relatório Anual 2014

Foram prestados 2.859 atendimentos a

familiares - referem-se a os pais e/ou cuida-

dores que são ou estão responsáveis pelas

crianças e adolescentes em atendimento,

irmãos de vítimas, e ainda agressores sexu-

ais e não sexuais entre outros e, estão in-

cluídos nas seguintes modalidades de aten-

dimentos: Grupos de orientação à pais;

Grupo de psicoterapia para mulheres vitimas; Grupo de psicoterapia para homens

cuidadores; Grupo de psicoterapia para abusadores sexuais adolescente e adultos

todos de frequencia semanal e Grupo de orientação jurídica que acontece mensal-

mente e sempre que houver demanda. Como já apontado o aumento de situações de abuso psicológico referem em su-

a maioria a litígios conjugais onde os genitores, em razão das suas dificuldades em

resolverem suas diferenças, acabam por envolver os filhos na conflitiva. Neste senti-

do em 2014 implantou-se o grupo de mediação de conflitos para essa parte da cli-

entela, cabendo aos profissionais a tarefa de facilitar a comunicação e promover a re-

flexão e a discussão acerca das suas dificuldades e a partir disso possam os cuidado-

res construir alternativas de convivência no sentido de garantir a proteção dos fi-

lhos, objetivo primeiro da intervenção.

Durante o mês de novembro, atendendo a demanda do grupo de Orientação à

Pais foi abordado, ao longo de quatro encontros, o tema “Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade—TDAH” , objetivando orientar e informar aos cuidadores

sobre: a) o que é a hiperatividade; b) como avalia-la?; c) Como lidar com crianças e

adolescentes com este transtorno?

Outras atividades desenvolvidas Outras atividades desenvolvidas

referentesreferentes aos Atendimentosaos Atendimentos

Página 16 Relatório Anual 2014

Foram realizados ainda 80 encaminhamentos de vítimas e suas famílias para programas, pro-

jetos e ou serviços das seguintes naturezas:

B)B)B) DEFESA E GARANTIA DE DIREITOS 2014DEFESA E GARANTIA DE DIREITOS 2014DEFESA E GARANTIA DE DIREITOS 2014

No ano de 2014, seguindo as orientações da ação sob o eixo prevenção foram

realizadas as seguintes atividades:

a) Escola de Cuidadores – Essa ação, embora seja a prestação de serviço aos u-

suários, tem uma função primeira de prevenir situações de violência e é, desti-

nada a cuidadores (pais e/ou responsáveis) em situação de conflito familiar,

dificuldade de manejo com a prole, configuradas como situações de risco para

a instalação da violência e, visa a garantia da Convivência familiar. Ao longo

do ano foram atendidos mensalmente uma média 9 cuidadores nesta modali-

dade.

Página 17 Relatório Anual 2014

b) Realização de palestras, capacitações , seminários e outros:

b.1.) Entrevistas à Rádio Cultura: Programa Falando de Mulher “Violência e Programa

Vida em Movimento “Abuso Infantil”;

b.2.) Palestra “Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual” I Seminário para o En-

frentamento ao Abuso e a Exploração Sexual—Dias Alusivo de Combate ao Abuso e a

Exploração Sexual;

b.3.) Palestra no I Seminário Escola Comunidade: estruturando relações com o tema

“Violência em casa: e a criança na escola?”. E.M.E.F. Almirante Rafael Brusque—

Colônia Z3;

b.4. )Palestra PPP—Enfermagem UFPEL;

b.5.)Seminário Saberes e Fazeres com a fala “Atuação do NACA” - UCPEL;

b.6) Seminário de apresentação da rede de atendimento—Ministério Público;

b.7.) Organização do Seminário “Mulheres e Homens na Perspectiva da Lei Maria da

Penha”;

b.7. Entrevista concedida a alunos do curso de Psicologia da UFPEL “ Ética da Psico-

logia em situações de Abuso Sexual”;

b.8.) Entrevista concedida a alunos do curso de Direito da UCPEL “Abuso Sexual In-

trafamiliar”;

b.9.) Entrevista concedida a alunos do curso de Serviço Social da UCPEL “Qual o pa-

pel do Assistente Social no NACA”.

Página 18 Relatório Anual 2014

Qualificação da Equipe Técnica do ServiçoQualificação da Equipe Técnica do ServiçoQualificação da Equipe Técnica do Serviço

As diretrizes da ação prevêem a qualificação permanente da equipe que atua

no atendimento das vítimas da violência. Esta orientação obviamente demonstra a

complexidade do atendimento, exigindo um serviço altamente qualificado , por es-

ta perspectiva, durante o ano de 2014 a equipe técnica participou das seguintes

atividades:

a) Reunião UFPEL Observatório de gênero;

b) Inauguração do Centro de Referência da Mulher Vítima de Violência;

c) Reunião no Centro de Referência Especializado de Assistência Social—

CREAS.: Discussão Projeto “Homens Violentos”;

d) Mesa Redonda na UFPEL: “Gênero e Saúde Mental e suas repercussões no

campo das práticas contemporâneas;

Participação no Seminário Mulheres e Homens na Perspectiva da Lei Maria da Pe-

nha”;

e) Audiência pública: Tema “A importância do Órgão Conselho Tutelar e o seu Pro-

cesso de Escolha—Eleições 2015”;

f) Reunião das Entidades Conveniadas—SCFV. Pauta: SISC, mutirão de Cadastro

Único;

g) Reunião CREAS para elaboração do Plano Sócio-educativo e avaliação do traba-

lho anual;

h) Conferência Plano Municipal para a Infância e Adolescência

i) Reunião “Prefeito Amigo da Criança”;

C.C.C. AssessoramentoAssessoramentoAssessoramento a) Produção e socialização de estudos e pesquisas que ampliem o conhecimen-Produção e socialização de estudos e pesquisas que ampliem o conhecimen-

to da sociedade e dos cidadãos :to da sociedade e dos cidadãos :

a.1) a.1) A Experiência de Psicólogos Vivida no Trabalho com Crianças e Adolescen-

tes Vítimas de Abuso Sexual: Um Processo de Transformação, de Mariani Terra

Blotta . Centro de Ciências da Vida e da Saúde Curso de Psicologia da Universi-

dade Católica de Pelotas. Trabalho de Conclusão de Curso Trabalho de Conclusão de Curso Trabalho de Conclusão de Curso

Página 19 Relatório Anual 2014

Estratégias previstas para a efetivação da particpação dos usuários em todas as etapas do plano: Estratégias previstas para a efetivação da particpação dos usuários em todas as etapas do plano: Estratégias previstas para a efetivação da particpação dos usuários em todas as etapas do plano: elaboração, execução, avaliação e monitoramentoelaboração, execução, avaliação e monitoramentoelaboração, execução, avaliação e monitoramento: A - ATENDIMENTO AOS USUÁRIOS

Mais participação dos usuários na definição de temas e assuntos de interesse a

serem tratados nos grupos o que pode ter repercutido numa participação mais efetiva

dos mesmos.

Mais participação na definição de propostas de oficinas diversas, destaque para

as demandas de natureza Jurídica para os adultos; os temas geradores para os

adolescentes e a inserção do Muay Tay para as crianças que, não apenas consolidou

uma asisduidade dos pequenos, como ganhou a simpatia dos pais, inicialmente

temerosos quanto a repercusão desta ação.

Outro destaque fica a cargo da participação masculina—Grupo de Homens A-

busadores— às propostas de atendimento, apresentadas. Em acordo com os dados

de pesquisas que apontam para as dificuldade dos homens em manterem uma rotina

de cuidados com a saúde, pensou-se na realização de uma oficina, para tratar a saú-

de do homem, ideia que teve excelente acolhida junto a eles, não apenas porque

prestou informações relevantes, mas porque pode acolher estes usuários, habitual-

mente segregados, de modo preocupado e respeitoso.

B B -- DEFESA E GARANTIA E DIREITOS DEFESA E GARANTIA E DIREITOS

Em 2014 a ênfase esteve voltada para o enfrentamento da Violência de Gêne-

ro, entendendo que esta violência é também nociva a crianças e adolescentes que

nascem e crescem em ambientes em que a violência contra as mulheres na relações

de intimidade são uma constante, neste sentido o NACA juntamente com o Centro de

Referência das Mulheres em situação de violência promoveu e organizou o Seminário

“Mulheres e Homens na Perspectiva da Lei Maria da Penha”, evento que além de mar-

car os 08 anos da promulgação da Lei Maria da Penha, objetivou ainda promover a

reflexão e o debate acerca da Violência Doméstica , incluindo neste cenário a inserção

do homem na rede de atendimentos, como mais uma possibilidade de enfrentamento

a esta forma de violência.

Serviço de Convivência e Fortalecimentos de Vínculos (SCFV)

Página 20 Relatório Anual 2014

1. OFICINA LÚDICA E DE EXPRESSÃO CORPORAL: voltada para crianças, cujo objetivo foi proporcionar momen-

tos de atividades lúdicas e de atividades físicas/corporais .

Tratou das seguintes questões: Integração com os cole-

gas de grupo; Respeito às diferenças; Trabalho em equipe; De-

senvolvimento de habilidades psicomotoras; Desenvolvimento da expressão corpo-

ral .

2. OFICINA INTEGRAÇÃO FAMILIAR: voltadas para pais/

responsáveis e seus filhos com o objetivo de integrar pais e filhos,

disponibilizar um espaço para trocas afetivas; aperfeiçoar os vínculos

familiares e exercitar novas possibilidades de relacionamento através

do lúdico. Tratou das seguintes questões: O brinquedo como um faci-

litador nas relações; Importância da cooperação e Integração famili-

ar.

A partir de maio de 2014 o Núcleo passou a desenvolver ações de Serviço de

Convivência e Fortalecimento dos Vínculos –SCFV, nas modalidades 0 à 6 e 7 à 14

anos, prevista a realização de 10 e 20 metas respectivamente, objetivando implan-

tar ações de cunho sócio assistencial e psicopedagógico desenvolvidas junto a crian-

ças e adolescentes, e de acordo com seu ciclo de vida; tem um caráter preventivo e

proativo, pautado na defesa e afirmação dos direitos e no desenvolvimento de capa-

cidades e potencialidades, com vistas ao alcance de alternativas emancipatórias pa-

ra o enfrentamento da vulnerabilidade social.

De 28/04 à 26/05 de 2014, foi realizada uma série de atividades vol-

tadas para pais/responsáveis, e seus filhos, em parceria com o Instituto Nossa Se-

nhora da Conceição que, disponibilizou o espaço físico. As atividades aconteceram no

formato de 3 OFICINAS , conforme demonstrado abaixo:

3. OFICINA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO FAMILIAR—voltada pa-

ra pais e/ou responsáveis do NACA e do Instituto Nossa Senhora da Conceição,

visando integrar a clientela; orientar sobre direitos e benefícios; informar sobre a

rede de assistência em Pelotas; auxiliar na i-

dentificação e organização do próprio orça-

mento e divulgar novas possibilidades de pla-

nejamento e resolução de conflitos familiares.

Tratou das seguintes questões: Levantamento

de dados (o que compõe a renda familiar, quais

serviços acessam e quais as dificuldades);

CAD-Único – AMJSS/ Departamento do Cadastro Social Da Proteção Social Bási-

ca; - Habitação – SMJSS/ Departamento do Cadastro Habitacional; CRAS São

Gonçalo – SMJSS/Pedagoga Heloísa Rodrigues e Assistente Social Ana Lúcia Cal-

deira; Cursos profissionalizantes – SMJSS/ Departamento Cadastro Social - Pro-

natec.

4. OFICINA JURÍDICA realizada entre 02 e 30 de Junho de 2014, em conjunto com o

Instituto Nossa Senhora da Conceição, e foram desenvolvidas atividades voltadas para familiares

das crianças e adolescentes atendidos por ambas Instituições, com o objetivo de informar, esclare-

cer e orientar acerca de questões jurídicas que pudessem “afetar” direta ou indiretamente os parti-

cipantes.

Esta ação, tratou dos seguintes temas: Órgãos Jurisdicionais Defensoria Pú-

blica (Estadual e Federal), Ministério Público (Estadual e Federal), Juizado da In-

fância e Juventude; Direito do Trabalho: Vinculo empregatício e consequências,

registro na carteira profissional, contrato de trabalho e rescisão; Direitos Individu-

ais previstos na Constituição Federal; Direito de Família: Poder familiar, separação

consensual e litigiosa, regulação de visitas, regime de casamento, pensão alimentí-

cia, união estável, reconhecimento e dissolução da união; Previdência Social: reco-

nhecimento de direitos, carência, auxilio doença, aposentadoria por invalidez e be-

neficio assistencial (LOAS) .

5. OFICINA DA SAÚDE realizada entre 04/06 a 16/07 de 2014 e, contou com

uma serie de ações voltadas para o Grupo de Homens Abusadores, cujo objetivo foi

clarificar e orientar questões referentes à Saúde e, tratou dos seguintes temas:

Palestrante: Dr. João Alfredo Silveira – Médico Cardiologista— “Doença do cora-ção”; Fatores de Risco; Infarto; Dor no Peito; Alimentação; Atividade Física; Hiper-

tensão.

Palestrante: Cristiane Pereira – Farmacêutica “Acesso a medicamentos”

Farmácia Municipal; Farmácia Popular; Cartão SUS e Postos de Saúde.

Palestrantes: Francielle Antunes e Luziana Moura – Enfermeiras “Tabagismo”

Medicamentos, Doenças; Sintomas da Abstinência; Aonde procurar ajuda.

7. OFICINA TUTORIA - voltada para adolescentes e realizada entre 03 de Mar-

ço a 07 de Abril de 2014 foi com o objetivo de organizar a metodologia de estudos e

incentivá-los a organizar a rotina e o material escolar. Esta ação tratou das seguin-

tes questões: Levantamento de dados a respeito da rotina; organização da semana e

dos horários de atividades; Construção de cartazes com horários e atividades sema-

nais.

6. OFICINA JURÍDICA realizada entre 12/03 e 23/04 de 2014, voltada para o

Grupo de Homens Abusadores cujo objetivo foi clarificar e orientar questões jurídi-

cas, vivenciadas pelos participantes com ênfase nas questões processuais e penais.

Esta ação tratou das seguintes questões: Processo Judicial, Crime, Dano Moral, In-

quérito Policial, Noticia Crime, Competência do Juiz, Competência do Ministério Pú-

blico, Indenização, Julgamento, Tribunal de Júri, Recurso, Sentenças, penas, Previ-

dência – Auxilio – doença, aposentadorias, Direito do Trabalho Reconhecimento de

Vínculo Trabalhista e suas consequências

8. OFICINA PREPARAÇÃO PARA O TRABALHO desenvolvida no período entre

02/06 à 23/06 de 2014; foram realizadas atividades voltadas para os adolescentes

com o objetivo de dar inicio as reflexões e planejamentos de futuro profissional,

conscientizá-los acerca de suas habilidades e aptidões, ampliar escolhas e conheci-

mentos em diferentes áreas laborais, bem como prepará-los para a procura de um

primeiro emprego. Esta ação tratou das seguintes questões: - Conscientizar ... Habilidade, aptidão

e desejos; Aptidões e suas áreas científicas; Desenvolvimento de Habilidades; - Dicas para um primei-

ro estágio; Como elaborar um currículo; Como se comportar numa entrevista de emprego.

9. OFICINA DE APROVEITAMENTO DE ALIMENTOS – Nem tudo

é lixo : voltada para familiares das crianças e adolescentes atendidos

pelo NACA, cujo o objetivo foi informar, esclarecer e ampliar conheci-

mentos acerca dos alimentos e seu valor nutricional. Tratou dos se-

guintes temas: Propriedades Nutricionais dos alimentos; Importância do Consumo

total dos alimentos (folhas, cascas, talos...); Noções Básicas sobre doenças transmiti-

das por alimentos; Higienização, conservação e armazenamento dos alimentos e Re-

ceitas de aproveitamento integral dos alimentos.

10. OFICINA JURÍDICA realizada entre 28/08 e 18/09 de 2014 foram desenvolvidas ativi-

dades voltadas para familiares das crianças e adolescentes atendidos pelo NACA, com o objeti-

vo de informar, esclarecer e orientar acerca de questões jurídicas que pudessem “afetar” direta

ou indiretamente os participantes.

Esta ação, tratou dos seguintes temas: Órgãos Jurisdicionais Defensoria Pública (Estadual e

Federal), Ministério Público (Estadual e Federal), Juizado da Infância e Juventude; Direito do Tra-

balho: Vinculo empregatício e consequências, registro na carteira profissional, contrato de trabalho

e rescisão; Direitos Individuais previstos na Constituição Federal; Direito de Família: Poder familiar,

separação consensual e litigiosa, regulação de visitas, regime de casamento, pensão alimentícia,

união estável, reconhecimento e dissolução da união; Previdência Social: reconhecimento de direi-

tos, carência, auxilio doença, aposentadoria por invalidez e beneficio assistencial (LOAS) .

Página 24 Relatório Anual 2014

De modo recorrente nos últimos anos, todo o investimento de energia e de

tempo tem se voltado para o desenvolvimento de ações que promovam uma maior

adesão dos usuários ao serviço, visando reduzir os índices superiores a 80% de

desligamento decorrente de abandonos, deste modo, alcançamos o final de 2014

cumprindo mais uma etapa neste sentido. Em cinco anos reduzimos os

abandonos de 88% em 2010 para 73% em 2014.

Este índices foram sendo gradual e progressivamente sendo alcançados,

mas notadamente 2014 configurou no ano em que esta redução nos índices de

evasão do serviço ganhou relevância. Atribuímos este resultado a um conjunto de

ações articuladas, destacamos alguns aspectos:

Promover uma escuta mais qualificada - muito mais do que orientar,

dizer o que fazer, dar instruções... a equipe passou a ouvir mais e falar menos;

Realização de Grupo de Acolhimento menos protocolares e mais

“acolhedores”, no sentido de levantamento de demandas;

Incremento das ações de cunho sócio educativo e/ou pedagógicas em

detrimento das ações psis, que parece que deram mais sentido às intervenções

produzidas pelo Núcleo na vida de seus usuários;

Redução da ênfase na avaliação psiólógica individual, mesmo que os

cuidadores e ou os órgão de aplicação de medidas protetivas possam ter certo

estranhemento na mudança de foco da intervenção, esta alteração permitiu que

as ações desenvolvidas fossem efetivamente voltadas aos usuários.

Análise dos Dados

Página 25 Relatório Anual 2014