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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA RELATÓRIO DA AULA DE CAMPO DA DISCIPLINA DE GEOLOGIA ECONOMICA I AERSON MOREIRA BARRETO JUNIOR MATEUS DE PAULA MIRANDA ALMIR SANTIAGO BEZERRA FORTALEZA JUNHO DE 2014

Relatório de Econômica i

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR

    CENTRO DE CINCIAS

    DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

    RELATRIO DA AULA DE CAMPO DA DISCIPLINA DE GEOLOGIA

    ECONOMICA I

    AERSON MOREIRA BARRETO JUNIOR

    MATEUS DE PAULA MIRANDA

    ALMIR SANTIAGO BEZERRA

    FORTALEZA

    JUNHO DE 2014

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    SUMRIO

    1 INTRODUO.............................................................................................................5

    2 CONTEXTO GEOLGICO........................................................................................9

    3 GEOLOGIA LOCAL .................................................................................................15

    CONCLUSO................................................................................................................25

    BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................26

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    1. INTRODUO

    1.1. Apresentao

    Este relatrio compe-se de uma sntese de todo o trabalho realizado durante as

    atividades de campo da disciplina de Geologia Econmica I. Tais atividades ocorreram

    entre os dias 26 e 30/05 em visita alguns afloramentos especficos onde foi possvel

    observar ocorrncias minerais e suas associaes litolgicas, estruturais e tectnicas, bem

    como algumas "minas cu aberto" nas quais se acompanhou todo o processo de extrao

    e beneficiamento do minrio de Fe. O roteiro foi dimensionado de uma forma que fosse

    possvel acompanhar a evoluo geolgica das reas visitadas, como a Sequncia

    Vulcano - Sedimentar da Bacia do Jaibaras, as Formaes Ferrferas Bandadas de

    Quiterianpolis, a Sequncia Metavulcano - Sedimentar da Serra das Pipocas e o

    Complexo Mfico-Ultramfico de Boa Viagem. Tais regies possuem uma evoluo

    geolgica propcia a ocorrncia de minerais de interesse econmico, com algumas feies

    e estruturas bem evidentes o que contribui bastante para o entendimento prtico do

    contedo visto em sala de aula.

    1.2. Objetivos

    O objetivo central dos trabalhos foi a compreenso, in loco, do contedo terico

    ministrado durante o curso da disciplina de Geologia Econmica. Os ambientes estudados

    guardavam uma histria geolgica que exige uma sistemtica de campo bem como uma

    bagagem terica para compreend-los. Tais atividades propiciam uma ampla

    compreenso acerca da gnese e evoluo de algumas ocorrncias minerais,

    potencializando assim o aprendizado. Da a necessidade das prticas de campo na

    formao de um bom Gelogo, principalmente em um ramo da geologia to complexo e

    holstico como a Geologia Econmica. Por fim, outro objetivo importante de se ressaltar

    foi visita a minas e lavras onde percebemos no s as caractersticas geolgicas, mas

    tambm, os processos de lavra assim como os materiais e mtodos utilizados para

    explorao desses recursos minerais.

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    1.3. Roteiro da Viagem

    No primeiro dia (26/05) a excurso saiu de Fortaleza com destino Sobral onde

    visitou-se a Sequncia Vulcano - Sedimentar no interior da Bacia do Jaibaras, bem como

    verificou-se uma ocorrncia de minrio de ferro na mesma regio. No segundo dia

    (27/05), ainda na Bacia do Jaibaras, verificou-se algumas rochas vulcnicas que ocorrem

    em forma de Domo Vulcnico bem como a sua associao com as rochas sedimentares

    encaixantes. No mesmo dia a excurso seguiu em direo Santa Quitria, onde visitou-

    se uma jazida de Skarn explorada pela empresa Cibra Minerao e Indstria LTDA. No

    terceiro dia (28/05) seguiu-se rumo Quiterianpolis onde no caminho verificou-se um

    afloramento de serpentinitos. Para encerrar o dia visitou-se Formaes Ferrferas

    Bandadas em uma mina explorada pela empresa chinesa Globest. No quarto dia (29/05)

    foi feito um perfil acompanhando a evoluo geolgica de uma Sequncia Metavulcano

    - Sedimentar na Serra das Pipocas. No quinto e ltimo dia (30/05) visitou-se o complexo

    Mfico - Ultramfico de Boa Viagem de onde seguiu-se para Fortaleza.

    1.4. Materiais e Mtodos

    O presente trabalho pode ser divido em 3 etapas, sendo uma etapa pr-campo,

    correspondendo as orientaes passadas em sala de aula, que serviram de base para o que

    posteriormente viria a ser visto por ns em campo.

    A segunda etapa constituiu-se da etapa de campo, onde, para a realizao da

    mesma foi necessrio o uso de ferramentas bsicas de mapeamento geolgico, sendo:

    caderneta, martelos, bssola, GPS, lupa, im e cido clordrico 10% para anlise de

    carbonatos. A etapa de campo se deu em cinco dias, ao longo dos quais foram feitas visitas

    em afloramentos de conhecimento do professor e realizada a construo de um perfil

    geolgico. J as visitas tcnicas s mineradoras serviram para compreender os processos

    de lavra e beneficiamento de minrios.

    A terceira etapa constituiu-se da etapa ps-campo, na qual foi elaborado esse

    trabalho, para tal foi necessrio os conhecimentos adquiridos em campo e em sala de aula.

    Foram feitas revises bibliogrficas, uso de fotos digitais e o uso de alguns softwares,

    como ArcGis e Inkscape, para a elaborao de imagens e do perfil.

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    Figura 1.1 Mapa de localizao e dos afloramentos visitados

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    2. CONTEXTO GEOLGICO

    2.1.Provncia Borborema

    A Provncia Borborema no nordeste do Brasil foi construda durante a orogenia

    do Brasiliano/Pan-africano, como resultado da convergncia e coliso final dos crtons

    So Luiz-Oeste frica e So Francisco-Congo, no amalgamento do contexto Oeste

    Gondwana. Possui uma extenso de aproximadamente 450.000 Km e abrange grande

    parte do Nordeste Oriental do Brasil. A Provncia Borborema (PB) do NE do Brasil

    compreende parte central de uma faixa orognica Pan Africana-Brasiliana que foi

    formada em consequncia da convergncia e coliso dos crtons So Lus - frica

    Ocidental e So Francisco-Congo-Kasai, no neoproterozico tardio. Novos resultados

    Sm/Nd e U/Pb da parte oriental desta provncia ajudam a definir a sua arquitetura interna

    bsica e a histria pr-colisional, com nfase particular na delineao dos terrenos

    cratnicos antigos, sua fragmentao no Mesoproterozico e sua coalescncia com o

    Gondwana Ocidental, durante a orogenia Pan-Africana-Brasiliana, h cerca de 600 Ma

    (Van Schmus et al. 1995).

    Fig. 2.1. Reconstruo do pr-drift do NE Brasil e NW Africano no alto Neoproterozico e

    baixo Paleozoico. Arthaud (2007)

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    A Provncia Borborema marcada pelo predomnio de rochas pr-cambrianas que

    registram a atuao de ciclos tectnicos distintos durante a sua histria evolutiva: i) ciclo

    Cariris Velho, importante evento acrescionrio e colisional na parte central desta

    provncia estrutural ("zona transversal" principalmente), registrado na passagem do

    Mesoproterozico para o Neoproterozico; ii) orognese Brasiliana-Pan-Africana

    desenvolvida a ca. de 600 Ma (Van Schmus et al. 1995).

    Com o desenvolvimento da orognese Brasiliana/Pan-Africana (Neoproterozico)

    desenvolveram-se extensas zonas de cisalhamento com trends preferenciais orientados

    NE-SW e E-W assim como um magmatismo grantico, o qual perfaz, em termos gerais,

    cerca de 30% de todo o conjunto territorial em apreo (Britto Neves 2003).

    A presena de extensas zonas de cisalhamento permitiu a delimitao da Provncia

    da Borborema em vrios domnios geotectnicos distintos, porm essa diviso s se deu

    devido ao avano da geologia isotpica, que atravs de mtodos como Sm-Nd em rocha

    total e U-Pb em zirco proporcionaram um melhor refino... A PB pode ser dividida em

    seis domnios geolgicos segundo (Van Schmus 2008): (1) domnio Sergipano; (2)

    domnio Pernambuco-Alagoas; (3) domnio Riacho do Pontal; (4) domnio Transversal;

    (5) domnios Cear e Rio Grande do Norte; (6) domnio Mdio Corea. A parte norte da

    PB corresponde a regio situada acima do lineamento Patos, constituda pelos domnios

    Rio Grande do Norte, Cear Central e Mdio Corea, a parte de maior interesse no que

    diz respeito a geologia do Estado do Cear.

    2.2. Domnio Cear Central (DCC)

    limitado a nordeste (NE) pelo lineamento Transbrasiliano-Kandi ou zona de

    cisalhamento Sobral Pedro II (ZCSP II), uma zona de cisalhamento dextral e possui

    orientao NE-SW, assim como a maioria das falhas do nordeste oriental do Brasil. um

    importante lineamento que se estende at a Provncia de Hoggar, no oeste Africano e a

    leste se estende at a Patagnia, dentro do territrio brasileiro ela ainda passa pela Faixa

    Brasiliana. O outro limite se posiciona a sudoeste (SW) e caracterizado pela Zona de

    Cisalhamento Senador Pompeu (ZCSP) (Fetter et al. 2003) ou pela Zona de Cisalhamento

    Jaguaribe (Arthaud 2007). A ZCSP est associada com a colocao dos pltons granticos

    Quixad-Quixeramobim e Senador Pompeu, enquanto a Zona de Cisalhamento Jaguaribe

    delineia uma faixa sigmoidal que se estende por quase todo o estado do Cear,

    denominada de Faixa Ors-Jaguaribe, da a importncia de tais descontinuidades como

    limites marcadores de domnios geotectnicos.

    Nesse trabalho, a evoluo geolgica do DCC juntamente com suas principais

    unidades geotectnicas sero descritas sobre a forma de subitens, a saber: (1)

    embasamento arqueano e paleoproterozico; (2) unidades metassedimentares; (3)

    Complexo Tamboril Santa Quitria; (4) magmatismo brasiliano (granitides) e (5) bacias

    eo-paleozicas. Resolveu-se tratar do AMSQ de forma separada e no em conjunto com

    o magmatismo brasiliano, nesse ltimo ser dada nfase nos granitides brasilianos.

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    Figura 2.3: Mapa simplificado da parte norte da Provncia Borborema. Zonas de cisalhamento:

    TBZ, Transbrasiliano( Sobral-Pedro II); TSZ, Taa; SISZ, Sabonete-Inhar; SPSZ, Senador

    Pompeu; OSZ, Ors; JSZ, Jaguaribe; PASZ, Portalegre; JCSZ, Joo Cmara; ASZ, Aiuba;

    FBSZ, Farias Brito; PSZ, Pato. RGF, falha Rio Groaras. Modificado de Arthaud (2007).

    2.2.1. Embasamento arqueano paleoproterozico

    Representado por parte do Complexo Cruzeta (CC), o ncleo Arqueano aflora na

    poro sudeste do DCC e est balizado a leste pela zona de cisalhamento Senador Pompeu

    e a oeste e a norte pelos gnaisses do embasamento Paleoproterozico. O complexo

    seccionado pela zona de cisalhamento Sabonete-Inhar, que o divide em duas unidades

    litolgicas distintas, intituladas unidades Mombaa a sudeste, e unidade Pedra Branca a

    noroeste, ambas de afinidade TTG.

    Com base em anlises isotpicas U-Pb e Sm-Nd, Fetter (1999) aponta uma

    assinatura juvenil para a Unidade Pedra Branca enquanto os litotipos da Unidade

    Mombaa apresentam indcios de retrabalhamento de fontes ligeiramente mais antigas.

    Similarmente, as idades de cristalizao indicam que a unidade Pedra Branca mais

    jovem (ca. 2,7 Ga) que a Unidade Mombaa (ca. 2,8 Ga). Entretanto, registro de crosta

    mais antiga, utilizando determinaes U-Pb SHRIMP em zirco de gnaisses tonalticos

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    localizados a sudoeste de Boa Viagem. As anlises indicaram idade de 3270 5 Ma e

    uma borda sobrecrescida datada em 2084 14 Ma.As rochas do embasamento que

    afloram na regio de Madalena at Chor so representadas por gnaisses, por vezes

    migmatticos, de composio diortica a tonaltica e por terrenos TTG.

    Agrupou-se estas rochas na Sute Metamrfica Algodes-Chor e

    constatou a existncia de uma associao de paragnaisses e anfibolitos intrudidos por

    ortognaisses de composio tonaltica a diortica. A partir de dados geocronolgicos (U-

    Pb e Sm-Nd), sugeriram para a regio um regime de sucessivas colagens de arcos de ilha

    em torno do ncleo Arqueano.

    Obteve-se em ortognaisses de composio quartzo-diortica a tonaltica, da

    regio de Madalena idades U-Pb em zirco de 2,1 Ga e idades-modelo (TDM) entre 2,3

    e 2,1 Ga, similares s idades em ortognaisses da mesma sute.

    Utilizando dados geoqumicos e geocronolgicos, constataram-se que os

    anfibolitos da sute Algodes possuem similaridades com plats ocenicos e basaltos

    gerados em ambientes de back-arc. Uma idade isocrnica Sm-Nd de ca. 2,23 Ga foi

    interpretada como a idade mnima do protlito, enquanto ortognaisses tonalticos

    forneceram a idade U-Pb em zirco de 2,13 Ga.

    Ocorre ainda no Domnio Cear Central uma srie de associaes

    gnissicas migmatticas, representativas do embasamento das supracrustais

    neoproterozicas agrupadas no Complexo Canind. Estas associaes compreendem

    ortognaisses de composio tonaltica a granodiortica, geralmente metamorfizados em

    fcies anfibolito de alta temperatura, com condies variveis de migmatizao. Idades

    U-Pb para essa associao situam-se entre 2,11 e 2,19 Ga com idades modelo TDM entre

    2,42 e 2,48 Ga. A contraparte sedimentar deste complexo composta por biotita gnaisses,

    granada-biotita gnaisses e localmente sillimanita-granada-biotita gnaisses e apresentam

    fontes com picos de zirco detrtico ao redor de 1,8 Ga e 2,1-2,2 Ga.

    2.2.2. Unidades metassedimentares

    As sequncias supracrustais do DCC ocorrem principalmente bordejando o arco

    magmtico de Santa Quitria (AMSQ). Estas sequncias apresentam, frequentemente,

    paragneses de alta presso e alta temperatura associada a uma tectnica de baixo ngulo.

    No mapa geolgico do estado do Cear estas unidades foram includas no Complexo ou

    Grupo Cear.

    O Complexo Cear caracterizado pela ocorrncia de rochas essencialmente

    metapelticas e metapsamticas, representadas por cianita-muscovita-biotita gnaisse,

    sillimanita-granada gnaisse, quartzitos, anfibolitos, mrmores, rochas clcio-silicticas e

    metariolitos.

    Estudos de provenincia em metapelitos e idades de cristalizao U-Pb em zirco

    obtidas em rochas metamficas intercaladas no Complexo Cear, sugerem que a

    sedimentao dessa unidade teve incio ao redor de 750 Ma a partir do rifteamento do

    embasamento arqueano/paleoproterozico. Obteve-se a idade U-Pb de 772 31 Ma em

    metariolito prximo localidade de Independncia. O mesmo autor sugere que os

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    sedimentos que deram origem s rochas metassedimentares do Complexo Cear foram

    depositados em uma bacia do tipo retroarco relacionada ao AMSQ.

    A distino entre os litotipos representados pelo Complexo Canind nem sempre

    fcil e variaes na provenincia dos detritos que compem ambos complexos podem

    indicar uma sobreposio de bacias mais jovens versus bacias mais antigas ou,

    alternativamente mudana das condies tectnicas que poderiam influenciar em

    variaes bruscas na provenincia dessas rochas.

    Englobou-se as rochas do Complexo Cear na sequncia Supracrustal Rio Curu-

    Itataia-Independncia, composta por gnaisses migmatticos aluminosos, rochas

    carbonticas e vulcnicas, com idades modelo T(DM) em torno de 2,4 Ga, indicando que

    fontes mais antigas contriburam para a deposio desta sequncia.

    Idades modelo T(DM) antigas tambm em torno de 2,25 Ga, mostrando que a

    contribuio do embasamento Paleoproterozico, como rea fonte para a gerao das

    rochas metassedimentares, dominante nesta sequncia.

    Ainda dentro do contexto das rochas supracrustais do DCC, o Grupo Novo

    Oriente, constitudo por metapelitos distais e metapsamitos proximais, vem sendo

    interpretado como parte de uma margem passiva com idade mxima de ca.1.3.

    2.2.3. Complexo Tamboril-Santa Quitria

    Essa unidade um grande complexo anattico-gneo com um tnue, baixo ngulo,

    camadas de rochas metassedimentares incluindo milonitos de alta temperatura. formado

    principalmente por diatexitos e metatexitos, preservando mega-enclaves de rochas clcio-

    silicticas e anfibolitos. Esses migmatitos foram intrudidos por grande volume de

    magmas tonalticos a granticos.

    As idades U-Pb em zirco dos granitides desse complexo variam entre 660 e 614

    Ma e 620 e 611 Ma. As idades modelo TDM so geralmente meso a neoproterozicas,

    com Nd (600) levemente negativos a positivos, variando entre -3 e +3. Com base nesses

    dados e em aspectos petrogrficos, sugeriram um ambiente de arco magmtico

    continental para essa unidade - AMSQ.

    Recentemente, propuseram ambiente colisional para grande parte das linhagens

    magmticas representadas pelo AMSQ. Os mesmos autores reportam uma idade Pb-Pb

    em zirco de 795 Ma em gnaisses granodiorticos na borda leste do complexo, sugerindo

    que possam representar a fase cordilherana (pr-colisional), ou mesmo registro de arcos

    intraocenicos associados orognese Pan-Africana/Brasiliana.

    A regio de ocorrncia do AMSQ est associada a um sistema de nappes, que

    afetou o embasamento e as rochas supracrustais, com vergncia predominante para SSE.

    A idade para o metamorfismo regional foi estabelecida ao redor de 600 Ma pelo mtodo

    U-Pb em monazita.

    A caracterizao de retroeclogitos e granada anfibolitos na borda leste deste arco

    nos arredores de Itataia e Pentecostes, respectivamente contribuiu para uma interpretao

    divergente em relao polaridade da zona de subduco que teria dado origem ao

    AMSQ. Com base nos retroeclogitos descritos, sugeriu-se o sentido NNW para o

    fechamento ocenico. Por outro lado, com base na posio atual do AMSQ e nas

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    anomalias gravimtricas positivas no extremo NW da PB, propuseram o sentido SE para

    o processo de subduco. Alguns autores corroboram com polaridade para SE devido

    descoberta de uma faixa N-S de rochas metamficas de alto grau (P~17.4 Kbar e T~750

    C) na borda oeste do AMSQ, o que no invalida a existncia de mais de uma zona de

    sutura neste domnio, com idades distintas.

    Adicionalmente, deve ser ressaltado a expressiva granitognese. O primeiro

    episdio (Tardi-Proterozico) representado pelas sutes Quixad-Quixeramobim, com

    idades UPb de 585 Ma. O segundo, e mais jovem episdio (Cambro-Ordoviciano),

    representado por uma srie de corpos, no qual se destacam os granitos Mucambo,

    Meruoca, Serra da Barriga, Pag, Serrote So Paulo e Complexo Anelar Quintas com

    idades U-Pb variando entre 535 e 480 Ma.

    2.2.4. Magmatismo brasiliano (granitides)

    A Provncia Borborema caracterizada pela ampla presena de magmatismo

    grantico do Neoproterozico. Na poro norte da provncia, esse magmatismo ainda

    continua sobre investigao. No entanto, algumas observaes podem ser feitas.

    De acordo com as dataes U-Pb, a maioria das intruses foram datadas com

    cristalizaes no intervalo de 0,62-0,63 Ga (Brito Neves et al. 2003).

    O magmatismo sin-Brasiliano compreende duas associaes granticas. Primeiramente,

    granitos tipo S resultam da fuso parcial de sequencias metassedimentares contemporneas com

    o espessamento da crosta: no geral, elas formam pequenas intruses, mais ou menos associados a

    processos de anatexia; apenas dois tipos de granitos tipo S intrudem entre a zona de cisalhamento

    Senador Pompeu e Ors. Esses corpos no foram datados apropriadamente, mas eles foram

    afetados por uma deformao de estado slido ao longo da zona de cisalhamento. A segunda

    associao que os granitos foram colocados no domnio transtensional da main ductile strike-

    slip shear zones. Dataes de U-Pb do zirco determinaro que os granitos intrudiro ao longo da

    zona de cisalhamento Senado Pompeu, indicam idades entorno de 0,58-0,59 Ga (Nogueira, 2004).

    2.3. Bacias Eo-Paleozicas

    As Bacias Eo-Paleozicas da provncia da Borborema ou bacias do estgio de

    transio da Plataforma Sul-Americana, so representadas pelas bacias do Jaibaras, So

    Julio, Cococi e Jaguarapi, sendo o grben do Jaibaras localizado no DCC e as demais

    bacias esto distribudas em outros domnios geotectnicos. Acredita-se que essas bacias

    tenham se formado em resposta a eventos distensivos que ocorreram por toda a provncia

    da Borborema, relacionados a fases tardias da orognese brasiliana, durante o Cambro-

    Ordoviciano e foram responsveis pela reativao de zonas de cisalhamento, a exemplo

    da ZCSP II e associado a essa reativao veio o alojamento de pltons granticos (ex.:

    Meruoca e Mucambo). Oliveira e Mohriak 2003, associam o rifteamento da bacia do

    Jaibaras aos estgios iniciais de preenchimento sedimentar da bacia do Parnaba. A Bacia

    do Jaibaras tambm marcada por importante associao metalogentica, so

    encontradas mineralizaes do tipo IOCG (Parente 1994).

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    3. GEOLOGIA LOCAL

    A descrio dos afloramentos foi feita levando em conta as discusses levantadas

    em campo, abordando os aspectos mineralgicos e genticos, as caractersticas

    econmicas, prospectivas e, quando possvel, as informaes sobre o processo de lavra e

    beneficiamento dos bens minerais. As coordenadas UTM apresentadas para os

    afloramentos, correspondem ao DATUM WGS 1984.

    3.1 Bacia do Jaibaras - Siltitos da Formao Pacuj

    A Bacia do Jaibaras data da transio Proterozico-Fanerozico e est relacionada

    ao fim da orognese Brasiliana/Pan Africana. Ela tem aproximadamente 20km de largura

    e 120km de extenso de direo NE-SW. Foi desenvolvida ao longo de uma grande zona

    de cisalhamento. A bacia preenchida por duas sequncia clsticas imaturas separadas

    por discordncia. A primeira sequncia caracterizada por brechas polimticas,

    conglomerados com clastos do embasamento, composto por rochas gnissicas,

    calcisilicticas, dentro de uma matriz suportada ferruginosa. Esses podem gradar para

    arenitos e pelitos depositados em corpos aquosos. Por sua vez os conglomerados da

    unidade superior so compostos por clastos de origem vulcnica inclusive clastos de

    rochas da unidade inferior.

    Os siltitos, vistos na primeira (UTM X 349901; Y 9597362) e terceira parada

    (UTM X 350027; Y 9600656) da excurso, formam a formao Pacuj da bacia do

    Jaibaras. Eles so formados justamente no fim do primeiro ciclo deposicional. Esses

    siltitos representam uma fase menos clstica da bacia e esto provavelmente relacionados

    ambientes lacustres. xidos e carbonato de ferro preenchem micro fraturas e so o

    principal causador da colorao avermelhado-amarronzada da rocha (Foto 3.1). Exibe

    uma foliao de direo NW - SW (250) e mergulho subvertical de 65 indicando

    proximidade com a zona de cisalhamento, ou seja, com a borda da bacia. J no segundo

    caso, apresenta composio mais arentica, assim como uma maior preservao estrutural

    e camadas mais horizontalizadas com relao ao primeiro caso (Foto 3.2).

    Foto 3.1 Siltito com colorao vermelha fortemen-

    te marcada pelo preenchimento de fraturas por xi-

    dos e carbonatos de cobre.

    Foto 3.2 Siltitos mais distais da zona de

    cisalhamento.

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    3.2 Bacia do Jaibaras - Basaltos da Sute Parapu

    Associadas a rochas sedimentares da Bacia do Jaibaras, ocorrem rochas

    vulcnicas intercaladas ou intrudidas. Essa rocha tem diferentes composies e marcam

    um expressivo vulcanismo bimodal. Estas esto agrupados na Sute Parapu.

    Um afloramento de basaltos dessa sute (UTM X 349859; Y 9600008), ocorre em

    blocos mtricos associados a uma estrutura de acebolamento tpica de rochas bsicas. A

    rocha de colorao entre cinza e marrom. Suas caractersticas so textura afantica com

    microfenocristais de plagioclsio alongados e sem orientao (Foto 3.3). marcante o

    aparecimento de vesculas e amgdalas milimtricas de formatos principalmente

    arredondados indicando uma que a cristalizao ocorreu esttica. Nesse afloramento as

    amgdalas so preenchidas principalmente por calcita, sulfetos e epidoto. Associada a

    essa rocha ocorrem clastos da Formao Pacuj. Esse material sedimentar caraterizado

    por uma granulao mais fina que a dos basaltos e por um aspecto mais macio. Estas

    feies so chamados de peperitos (Foto 3.4), rochas formadas pela mistura de elementos

    vulcnicos e sedimentares. Assim a Bacia do Jaibaras um exemplo de bacia cujo

    preenchimento sedimentar concomitante aos eventos magmticos.

    Foto 3.3 Destaque para mineralogia do basalto.

    Foto 3.4 Peperito, sendo a poro cinza o basalto,

    e a poro castanha os sedimentos.

    3.3 Bacia do Jaibaras - Riolitos da Sute Parapu

    O magmatismo bimodal da Bacia do Jaibaras evidenciado pela ocorrncia dos

    riolitos (UTM X 349848; Y 9601746) (Foto 3.5). Apresentam uma colorao marrom-

    avermelhada e estruturas de fluxo (Foto 3.6), que podem ser associadas a diferentes

    estgios de resfriamento.

    Por vezes, o material forma brechas com fragmentos autoclsticos, causada

    provavelmente por um resfriamento e solidificao mas rpida da poro superior do

    corpo gneo enquanto a parte inferior continua fluindo causando uma fragmentao da

    poro superior. Associadas a essas feies possvel notar bordas de alterao

    envolvendo esses autoclastos. Por vezes a rocha apresenta feies de alteraes

  • 17

    intempricas que lhe confere um aspecto cavernoso. Tambm possvel identificar nestas

    rochas as feies peperticas associadas aos sedimentos da Formao Pacuj.

    Foto 3.5 Aspecto geral do afloramento.

    Foto 3.6 Estruturas de fluxo do riolito.

    3.4 Magnetita do distrito de Mumbaba

    Ocorre em forma de blocos mtricos desagregados de magnetita macia de

    colorao preta (UTM X 351486; Y 9604914) (Foto 3.7 e 3.8). Possivelmente, a gnese

    dessa ocorrncia de ferro est relacionada com a intruso do granito Meruoca que

    forneceu calor e fluidos favorecendo um metamorfismo hidrotermal progradante, que

    remobilizou a slica e concentrou o ferro.

    Foto 3.7 Disposio geral do afloramento, em for-

    ma de grandes blocos.

    Foto 3.8 Detalhe para alto teor de magnetita.

    Restritamente, ocorrem alteraes relacionadas a fendas e preenchidas por

    malaquita. A presena de xidos e hidrxidos de ferro preenchendo fraturas em

    sedimentos da Formao Pacuj, a colorao avermelhada dos riolitos so indcios da

    provenincia do ferro. Tal ocorrncia fortalece a ideia de concentrao do ferro por

    processos hidrotermais. Associados a esses depsitos hidrotermais podem ocorrer, alm

    do minrio de ferro, depsitos de sulfetos, ouro ou cobre. A encaixante desta ocorrncia

    no ocorre in situ, entretanto, evidncias nos seixos e cascalhos nas proximidades do

    afloramento revelam rochas gnissicas.

  • 18

    3.5 Zona de Cisalhamento Sobral-Pedro II

    O afloramento, em corte de estrada, revela transversalmente a Zona de

    Cisalhamento Sobral - Pedro II, correspondente ao Lineamento Transbrasiliano no

    Domnio Cear Central (UTM X 349926; Y 9595808). Esta apresenta foliao

    predominante NE-SW, com presena de planos de milonitizao (Foto 3.9) e indicadores

    cinemticos como sigmoides em fenocristais de plagioclsio (Foto 3.10) num protlito

    gnissico, apresentando assim o carter dextral da Zona.

    Foto 3.9 Aspecto geral do afloramento. Nesta

    escala j possvel visualizar os indicadores

    cinemticos.

    Foto 3.10 Detalhe para indicadores cinemticos.

    3.6 Bacia do Jaibaras Dacitos da Sute Parapu

    Nas adjacncias de Sobral ocorre um domo vulcnico de composio dactica. O

    afloramento se d numa pedreira desativada (UTM 342265; Y 9592688). Na pedreira, em

    cortes verticais para jazimento como rocha ornamental, possvel identificar diversas

    estruturas de fluxo e mais restritamente corpos xenolticos da Formao Pacuj. O domo

    (Foto 3.11) reconhecvel apenas pelo seu conduto e por parte de um padro concntrico

    na foliao observvel em suas extremidades. O mesmo possui tambm estruturas

    indicativas de fluxo. No dacito ocorrem tambm pequenas fissuras preenchidas por

    carbonatos (Foto 3.12), revelando o carter clcio-alcalino da rocha.

  • 19

    Foto 3.11 Estrutura em domo. Foto 3.12 Preenchimento por calcita primria no Dacito.

    3.7 Bacia do Jaibaras - Brechas Vulcnicas e Formao Aprazvel

    Nas proximidades do domo dactico da Sute Parapu, ocorrem brechas

    vulcanoclsticas polimticas (Foto 3.13), com clastos subangulosos de rochas vulcnicas

    baslticas a dacticas. Os basaltos possuem cristais de plagioclsio formando ripas, tm

    textura amigdaloidal, sendo preenchidas por calcopirita, epidoto e clorita (Foto 3.14).

    Embora a matriz seja de difcil identificao acredita-se que a mesma seja composta de

    material vulcnico, uma vez que observam-se ripas de plagioclsio envoltos por

    agregados de material vtreo bastante recristalizado.

    Nas proximidades ocorrem blocos da Formao Aprazvel, compreendendo

    conglomerados polimticos com nveis de cascalho acompanhando a estratificao. A

    rocha contm clastos de rochas vulcnicas da Sute Parapu, de siltitos e de arenitos com

    tamanhos que variam desde seixos at mataces. A matriz arenosa grossa a muito

    grossa. Localmente observam-se ciclos de granodecrescncia ascendente e estratificaes

    cruzadas, assim como clastos imbricados, tpicos de canais fluviais.

    Foto 3.13 Aspecto geral do afloramento. Foto 3.14 Detalhe para a mineralogia do basalto.

  • 20

    3.8 Minrio de Ferro no municpio de Catunda

    A atividade de minerao do ferro, pela empresa sino-brasileira Cibra Minerao,

    realizada a partir da extrao de corpos enriquecidos em Fe oriundos da skarnitizao

    de mrmores dolomticos. Em forma de diques (Foto 3.15), como tambm nas pilhas de

    rejeito da mina possvel identificar blocos do corpo grantico, lcali-feldspato-granito,

    responsvel pelo intenso metassomatismo da rocha encaixante, caracterizando esta

    relao metamrfica como um endoskarn.

    Neste complexo de afloramentos (UTM X 367792; Y 9497250) possvel

    identificar estgios distintos de metamorfismo, sendo um metamorfismo isoqumico do

    mrmore dando origem as calcisilicticas (Foto 3.16) tambm ocorrentes em forma de

    blocos, e seguidamente o aporte de Si, Al e Fe que d origem ao skarn, sendo evidncia

    para este processo a ocorrncia de piroxnios e granadas ricas em Fe. Nos aportes finais

    desta fase, gerar-se-o a magnetita e os minerais retromrficos (Foto 3.17), como

    anfiblio (actinolita), epidoto, biotita, clorita, e sulfetos, podendo em alguns casos o odor

    do enxofre ser evidenciado devido oxidao dos sulfetos.

    Foto 3.15 Dique do lcali-feldspato-granito. Foto 3.16 Rocha calcissilictica intensamente

    deformada.

    Foto 3.17 Evidncia de forte epidotizao. Foto 3.18 - Minrio de ferro ocorrente em pores

    isoladas inseridas no skarn.

  • 21

    O minrio de ferro extrado ocorre devido ao hidrotermalismo da rocha

    hospedeira, e acompanhando este processo ocorrem as mineralizaes de Fe, ocorrendo

    em pores isoladas inseridas no skarn (Foto 3.18).

    3.9 Serpentinitos de Novo Oriente

    No municpio de Novo Oriente ocorrem rochas ultramficas de granulao grossa

    extremamente alteradas por processos hidrotermais, dando origem aos serpentinitos, ou

    talco-xistos (Foto 3.19). Neste afloramento (UTM X 309576; Y 9378624) ocorrem nveis

    de Fe inseridos nos serpentinitos devido serpentinizao dos minerais ferro-

    magnesianos originais. Estas rochas apresentam feies de estiramento fortemente

    marcadas, evidenciando a possibilidade de um controle estrutural por zonas de

    cisalhamento.

    Estas rochas dispem-se em corpos alctones possivelmente do tipo Alpino, que

    so fragmentos de rochas ultramficas inseridas atravs de suturas tectnicas em meio a

    rochas metassedimentares. Esta feio acaba por gerar um conjunto de morros e serrotes

    na regio, e este processo responsvel por sua intensa alterao. Esta, por sua vez,

    caracteriza-se pelos processos de serpentinizao e cloritizao, e sua natureza de

    granulao grossa evidenciada pela presena de megacristais de cromita. O topo destes

    corpos encontram-se mais alterados, apresentando feies laterticas, gerando assim o

    cenrio adequado para a gnese de depsitos de nquel latertico.

    A mineralogia desta rocha evidencia que sua natureza ultramfica tende a uma

    composio lherzoltica, devido presena de anfiblios fibrosos, talco, clorita, e um

    menor teor reduzido de serpentina. Mais restritamente ocorrem cromitas bordejadas por

    magnetita devido liberao de Fe da estrutura da primeira.

    Os processos originadores destes minerais de alterao so responsveis tambm

    pela liberao de slica, esta que naturalmente migra nos planos de foliao da rocha e

    eventualmente em planos de fratura (Foto 3.20).

    Foto 3.19 Aspecto geral do afloramento. Foto 3.20 Detalhe para lentes de quartzo como

    preenchimento intrafolial.

  • 22

    3.10 Grupo Novo Oriente - Itabirito de Quiterianpolis

    A rea de extrao de minrio de Fe da localidade de Pintada, em Quiterianpolis

    (UTM X 310735; Y 9364640), ocorre num contexto de contato do Complexo Tamboril-

    Santa Quitria (metatexitos e diatexitos) com a Unidade Canind do Complexo Cear

    (paragnaisses). Os teores de Fe nesta mineralizao chegam a 68%.

    O minrio de Fe desta unidade dominantemente hemattico, de habito fino e

    placoso, denominando-se o minrio como Itabirito. Este fator um diferencial para os

    minrios de Fe hidrotermais, dominantemente macios e magnetticos. Desta forma,

    pode-se conferir estes minrios como mistos de enriquecimento supergnico e

    hidrotermalismo, a partir do enriquecimento de BIFs atravs de falhas e fraturas

    sistemtica na regio.

    A empresa trabalha com beneficiamento do minrio de Fe antes da exportao

    (Foto 3.21 e 3.22), e para este processo necessria a separao do Fe atravs de

    maquinrios de ims . Impurezas minerais empobrecem os teores do minrio beneficiado,

    sendo os minerais aluminosos placosos os mais difceis de separar devido sua

    caracterstica aderente.

    Foto 3.21 Minrio de ferro j remobilizados para

    quebra e separao magntica.

    Foto 3.22 Maquinrio utilizado em todo o processo

    de beneficiamento do minrio.

    3.11 Complexo Cruzeta - Metapelitos e Anfibolitos

    Esta sequncia metavulcano-sedimentar est encaixada em gnaisses migmatticos

    do complexo Cruzeta datadas do Arqueano-Paleoproterozico. A zona de contato entre o

    complexo Cruzeta e a sequncia metavulcano-sedimentar caraterizada litologicamente

    por cianita-granada-xistos, tpicos de metamorfismo de alta-presso, gerados pelo

    cavalgamento que ocorre entre estas duas unidades. O afloramento em questo ocorre em

    UTM X 379185; Y 9397864. A sequncia caracterizada por anfibolitos metabasitos e

    metacherts capeadores. Esta sequncia apontar para uma sedimentao qumica que pode

    indicar mineralizaes em sulfetos de Cu e Zn associados a depsitos exalativos do tipo

    VMS.

  • 23

    3.12 Complexo Cruzeta - Komatiitos

    A nica ocorrncia conhecida de komatiitos do Cear situa-se prxima divisa

    Norte de Tau e Independncia (UTM X 375656; Y 9398600). Estas rochas

    metavulcnicas de natureza komatitica ocorrem na forma de sills ou derrames,

    intercaladas a metavulcnicas bsicas e/ou metavulcnicas intermedirias. Os komatiitos

    so rochas vulcnicas ultramficas ricas em MgO (20%-23% Mg) compostas por Olivina

    e piroxnio com potencial para alojar depsitos de sulfetos de Cu e Ni e ainda Au. Estas

    sequncias num todo so tpicas do Arqueano-Paleoproterozico.

    Fotos 3.23 e 3.24 Afloramento rochas de natureza komatitica intercalados por metavulcnicas mais

    diferenciadas.

    3.13 Unidade Canind Complexo Mfico-Ultramfico estratificado

    Esta ocorrncia representa uma cmara magmtica aberta, marcada por diferentes

    pulsos magmticos, isto , organiza-se em estratos, estes que variam razoavelmente de

    composio. O tpico 3.13 deste trabalho apresentar uma descrio mineralgica

    sequencial deste complexo, que pode ser conferido na Figura 3.13.1.

    Na extremidade NE, ocorrem meta-melano-gabros com granada, de granulao

    fina e tambm finamente estratificados, semelhantes a anfibolitos (Foto 3.25). Na sequn-

    cia, ocorrem meta-hornblenda-gabros de granulao mais grossa que o anterior, marcado

    pela presena de cristais de plagioclsio bem visveis marcando a lineao da rocha (Foto

    3.26). A seguir, passa a ocorrer Opx, apresentando assim um carter nortico da sequncia

    e caracterizando a ocorrncia como Metagabro-norito (Foto 3.27). Na transio para a

    prxima litologia possvel identificar brechas magmticas com fragmentos do meta-

    hornblenda-gabro insertos no metagabro-norito. Pode-se assumir que em complexos

    mfico-ultramficos esta feio caracteriza a zona de conduto. Na extremidade SW

    ocorrem metawebbsteritos (Foto 3.28), rochas que possuem uma equivalncia

    composicional entre Opx e Cpx, tambm ocorrendo hornblenda envolvendo-os.

  • 24

    Foto 3.25 Metamelanogabro finamente orientado,

    dando um aspecto semelhante a anfibolitos rocha.

    Foto 3.26 Meta-hornblenda-gabro de granulao

    mais grossa, com plagioclsios bem visveis.

    Foto 3.27 Detalhe de Opx no metagabro-norito. Foto 3.28 Metawebbsterito

    Figura 3.13.1 Perfil de Rochas mficas e ultramfica da Unidade Canind.

  • 25

    Concluso

    As atividades prestadas em campo referentes disciplina de Geologia Econmica,

    entendida como um complemento s temticas discutidas em sala de aula. importante

    conhecer a evoluo geolgica do estado do Cear e saber que terrenos so propcios

    ocorrncia de mineralizaes. Com as prticas de campo, fica ciente a importncia da boa

    descrio de afloramentos e uma discusso entre equipe de trabalho. Com os conceitos

    tericos aprendidos em sala de aula aplicados no campo os alunos podem abranger seus

    conhecimentos a respeito dos processos geolgicos, petrologias, e respectivas

    mineralizaes.

  • 26

    Bibliografia

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