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O presente texto não segue o Acordo Ortográfico Relatório de Estágio Avaliação de ruído e determinação de medidas técnicas para a sua contenção FILIPE ACABADO SALGUEIRO 11/5/2014

Relatório de Estágio GALP(1)

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Page 1: Relatório de Estágio GALP(1)

O presente texto não segue o Acordo Ortográfico

Relatório de Estágio Avaliação de ruído e determinação de

medidas técnicas para a sua contenção

FILIPE ACABADO SALGUEIRO

11/5/2014

Page 2: Relatório de Estágio GALP(1)

2

RESUMO

Este relatório descreve as principais acções realizadas no âmbito do projecto de conclusão de

Curso de TSHST, Técnico Superior de Higiene do Trabalho, da TÜV Rheinland e integrado num

estágio curricular realizado na Refinaria de Sines da PETROGAL – Petróleos de Portugal, S.A..

Apresenta em primeiro lugar uma descrição muito geral da Refinaria de Sines, e enquadra a

acção a desenvolver no espaço da refinaria, no que concerne a Ambiente e Segurança,

caracterizando a organização e actividades. Integrado num programa mais amplo de estudo de

medidas técnicas de contenção de ruído na refinaria, incide especificamente na estação de

bombagem do pipeline da CLC Sines-Aveiras.

Propõe uma análise do ruído na sua componente de risco ambiental e profissional, as suas

propriedades enquanto fenómeno físico. São também apresentados, de acordo com as bases

teóricas do ruído, os fenómenos inerentes à sua mecânica ondulatória que permitem a

atenuação e mitigação.

São apresentados os resultados de medições de campo, bem como alguns dados relativos ao

ruído realizados a priori e cedidos pelo Gabinete de Higiene Industrial para efeitos de

complementarização do estudo, i.e., mapas de ruído, caracterizações de rotinas de trabalho.

Por fim são correlacionados os dados de ruído obtidos com a especificidade do equipamento e

os objectivos do programa de contenção, colocadas as considerações finais e sugestões em

termos de medidas técnicas aplicavéis, para mitigação do efeito do Ruído.

Page 3: Relatório de Estágio GALP(1)

3

Índice Página

1. Apresentação do projecto

1.1. Objectivos propostos ............................................................................................ 4

1.2. Área de estudo ....................................................................................................... 4

2. Refinaria de Sines

2.1. Enquadramento da refinaria ....................................................................................4

2.2. Actividades quanto a linha de produto .....................................................................6

2.3. Caracterização das unidades processuais ...................................................................7

2.4. Caracterização da movimentação .............................................................................8

3. Ambiente e Segurança

3.1. Introdução ..............................................................................................................8

3.2. Ruído Ocupacional ....................................................................................................9

3.3. Ruído Ambiental ...................................................................................................16

4. Medições de Ruído .................................................................................................18

5. Medidas técnicas de Controlo .................................................................................23

6. Discussão ............................................................................................................26

7. Conclusões ............................................................................................................27

8. Agradecimentos .....................................................................................................28

9. Bibliografia ............................................................................................................29

10. Anexos

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4

1 – Apresentação do Projecto

1.1-Objectivos Propostos

O presente trabalho, executado como projecto de final de curso de TSHST através da TUV

Rheinland, foi enquadrado como estágio curricular na Petrogal- Petróleos de Portugal S.A., nas

instalações da Refinaria de Sines, sob orientação e em colaboração com a Área de Segurança -

Higiene Industrial.

O estágio, regido pelas cláusulas sitas no contrato celebrado com a PETROGAL, S.A., foi

realizado no período compreendido entre os dias 1 de Outubro a 24 de Outubro de 2014, com

uma duração de 120 horas.

Tomando como temática o ruído enquanto factor de risco na actividade laboral, pretende

assim ser parte integrante de um programa de medidas técnicas e organizacionais aplicáveis a

postos de trabalho expostos a níveis de ruído superiores a 85dB.

1.2- Área de estudo

Para determinar medidas adequadas de controlo de ruído no âmbito da Higiene Industrial e do

Ambiente, importa conhecer o espaço envolvente, bem como ter bem definidas as fontes e as

formas de transmissão e propagação.

Ao analisar sector a sector as instalações da Refinaria, verificou-se que alguns apresentavam

fontes emissoras nos nivéis necessários de intervenção, mas com graus variavéis de corrupção

– tal foi o caso do sector das unidades processuais.

As inúmeras purgas e fugas de vapor, quer inerentes ao funcionamento normal do

equipamento em operação ou fruto de desgaste do mesmo, são uma constante que torna

impossivel uma leitura isolada e correcta do ruído na fonte.

Foi neste sentido que a escolha da área a intervencionar caiu no sector da Movimentação de

Produtos, mais especificamente na estação de bombas da CLC, ao arranque do pipeline Sines-

Aveiras.

2-Refinaria de Sines

2.1-Enquadramento da Refinaria

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A Refinaria de Sines da Galp Energia iniciou a a fase de operações em 1978, tendo sido

progressivamente reconfigurada e expandida até ao presente, ocupando uma área total de

350 hectares sita no concelho de Sines. O projecto inicial foi no entanto definido mais de 10

anos antes, tendo sido adiado devido à crise do petróleo em 1973 e à alteração política

ocorrida em Portugal em 1974. Só com a estabilização geopolítica do petróleo e da redefinição

das necessidades de refinação do País o projecto teve a sua concretização, beneficiando

bastante da disponibilidade de um corpo técnico altamente especializado proveniente do

Ultramar após a independência de Angola e Moçambique. Como a Refinaria de Sines teve

como pressuposto a utilização de crude proveniente de Angola, sendo por isso objecto de

algumas alterações no processo face às características disponibilizadas no mercado

internacional.

Tem um efectivo de cerca de 500 trabalhadores adstrictos à GALP Energia, para um total diário

de 1000, considerando os trabalhadores externos e visitantes.

Na actividade de processamento do petróleo bruto obtêm-se os seguintes produtos refinados:

Gasolinas;

Nafta química;

Combustivéis de aviação (JET);

Gasóleos;

Fuelóleos;

Enxofre;

Gases de petróleo liquefeitos (GPL – propano, propileno, butano, butileno);

Petróleos;

Betumes asfálticos;

Considerando-a por Zonas, é constituida genericamente por:

ZONA 1 (Unidades processuais)

Fabricação I

Fabricação II

Fabricação III

ZONA 2 (Utilidades)

Unidades Cogeração

Unidades de desmineralização

Turbinas

ZONA 3 (Movimentação)

Page 6: Relatório de Estágio GALP(1)

6

Armazenagem

Pré-tratamento de Efluentes

Enchimento de veículos cisterna

ZONA 4 (Serviços)

Manutenção e Planeamento

Administração

Serviços Sociais e Postos de Saúde Ocupacional

Figura 1 – Planta Geral da Refinaria de Sines

2.2- Actividades quanto a linha de produto

A actividade pode ser caracterizada em dois vectores:

Movimentação de produtos: Recepção de matérias-primas,

armazenagem, envio e ou transporte de produtos intermédios e

Page 7: Relatório de Estágio GALP(1)

7

finais e posterior expedição através de navio, pipeline, vagão e

carro- tanque;

Refinação: Processamento de hidrocarbonetos através de meios

físicos e químicos, visando obter produtos intermédios e finais;

Possuindo uma capacidade de processamento anual de 10,6 milhões de tonelades de petróleo

bruto, num total diário de 220 mil barris, é uma das maiores refinarias da Europa, abastecendo

a zona Centro do país e a capital, o que representa cerca de 60% das necessidades de

combustivel nacionais.

2.3–Unidades Processuais

Após cerca de cerca de 35 anos de actividade a Refinaria de Sines sofre uma profunda

transformação fazendo com que a Galp seja hoje uma das maiores empresas exportadoras de

Portugal com influência considerável no PIB, de tal modo que com a paragem do início de

2014, foi largamente referido pela comunicação social o efeito na economia nacional.

Com a entrada em funcionamento da Unidade de Hydrocracking, a refinaria conta neste

momento com 34 unidades processuais – as unidades de destilação (atmosférica ou de vácuo)

são complementadas pelas de conversão molecular (hydrocracker, visbreaker), que agem

sobre os produtos intermédios obtidos pelas primeiras, conseguindo-se desta forma obter um

melhor aproveitamento de cada barril de petróleo bruto e sobretudo um volume maior de

produtos mais leves e de acrescido valor comercial, sobretudo o JET.

Outras unidades de produção: a unidade de Alquilação, que produz o substituto do tetrametil

de chumbo (alquilado), as unidades de reformação por vapor o hidrogénio para o Hydrocracker

e para a dessulfuração. Da unidade de platforming (reformação catalítica) obtém-se

hidrogénio, agindo tambem no índice de octanas da gasolina, melhorando-o.

Suportando a actividade das unidades principais, contam-se ainda unidades de fracionamento,

tratamento de gases, merox e de tratamento para remoção de enxofre.

Trabalhando independentemente umas das outras, a configuração actual das unidades

processuais permite fazer variar a produção de componentes e produtos finais consoante a

necessidade do mercado, o que rentabiliza a sua actividade.

Resumindo a refinaria de Sines possui hoje mais Unidades que permitiram aumentar a

capacidade de produção e além disso a forma tradicional de interacção entre essas Unidades

foi alterada e tem hoje características flexíveis, respondendo às necessidades de mercado sem

aumentar a capacidade de armazenamento.

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8

2.4-Movimentação de produtos

A par da actividade de refinação, as instalações de armazenagem, com uma capacidade de 3,4

milhões de metros cúbicos, constituem a reserva estratégica de combustivel portuguesa,

assegurando o abastecimento mesmo que seja reduzida a importação de matéria-prima.

Deste volume total, cerca de metade, i.e, 1,7 milhões de metros cúbicos, corresponde a

produtos intermédios e finais e o restante a petróleo bruto.

Abastecida directamente através do Bulk Terminal (TGLS) do porto de águas profundas de

Sines, a refinaria está ainda ligada ao parque de armazenagem da CLC em Aveiras por um

pipeline sequencial multiproduto, que (juntamente com o transporte por vagão e autotanque),

assegurando assim o supracitado fornecimento de combustíveis à Zona Centro do País e à Área

Metropolitana de Lisboa.

3 – Ambiente e Segurança

3.1 – Introdução

A instalação de uma Unidade Industrial em qualquer local é objecto de uma série de estudos

associados ao impacte ambiental e às condições de segurança que introduz no equilíbrio

existente. Sendo uma Unidade de Grande Dimensão como é o caso de uma Refinaria, o

impacte introduzido é de um valor quase incomensurável e requer, desde os accionistas ao

director e logicamente com a participação de todos os actores da cadeia de valor, uma atitude

responsável e proactiva; daí que a Petrogal e em particular a Refinaria de Sines seja das mais

seguras da Europa e do mundo. Aos primeiros cabe proporcionar um projecto e o

planeamento da instalação de forma a minimizar os riscos de forma a rentabilizar o capital

investido de uma forma sustentável. Aos restantes actores, endogeneizar e fazer respeitar

todas as normas e regulamentos com base no conhecimento e tecnologia. Isto implica também

uma actuação nos fornecedores de serviços que trabalham no interior das instalações, seja em

operação seja durante as paragens, garantindo as boas prácticas de Segurança

Quanto ao impacte ambiental a afectação é de ordem química, física e social e deverá ser

minimizado através de sistemas de gestão que proporcionem uma melhoria contínua,

proporcionado pela evolução tecnológica; além disso o envelhecimento da Unidade Industrial

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insere novas disfunções que há que corrigir pelo menos para o estado inicial ou para outro

patamar de adaptação ambiental.

A Segurança das pessoas que operam dentro a Unidade Industrial é outro factor não menos

importante da harmonia com o bem-estar de quem lá trabalha. As doenças profissionais

causadas por disfunções deste tipo podem induzir perda de capacidades que aumentam o

risco de acidentes nos próprios equipamentos. Hoje os vectores da Qualidade são de âmbito

económico, social e ambiental, incluindo a segurança. O presente relatório será focado num

dos riscos que está sempre presente, o Ruído, que foi objecto principal do estágio que o autor

desta pequena dissertação descreve.

3.2 - Ruído Ocupacional

Entre os vários riscos laborais, o ruído surge como um dos mais habituais e no entanto, foi

também durante muito tempo um dos menos considerados. Tal pode ter ficado a dever-se ao

facto das suas consequências regra geral se apresentarem gradualmente, resultado de

exposições prolongadas, face ao carácter mais “espectacular” e imediatamente vísivel dos

acidentes de trabalho em ambiente industrial. Hoje existe já a consciência que o ruído

enquanto risco físico é responsável por doenças profissionais (perda de audição, que pode ser

irreversivel), diminuindo a capacidade de comunicação e interacção, tendo como

consequência normal a ocorrência de acidentes de trabalho não directamente relacionados. O

próprio stresse resultante da exposição prolongada ao ruído tem implicações fisiológicas,

podendo também enquadrar-se como agravante de risco psicossocial.

O Decreto-Lei 182/2006 de 6 de Setembro transpõe a Directiva nº2003/10/CE do Parlamento

Europeu e do Conselho para a ordem jurídica interna, estabelecendo as prescrições minimas

de segurança e saúde, fixando os valores limite de exposição diário, semanal e de acção. Fixa

também a eliminação ou redução do ruído excessivo como uma obrigação legal de

empregadores e trabalhadores.

A Agência Europeia para a Saúde e Segurança no Trabalho define ruído como “som

indesejável, cuja intensidade é medida em decibéis (dB)”.

O Regulamento Geral de Ruído, aprovado pelo DL nº9/2007 de 17 de Janeiro define fonte de

ruído como “..a acção, actividade permanente ou temporária, equipamento, estrutura ou infra-

estrutura que produza ruído nocivo ou incomodativo para quem habite ou permaneça em

locais onde se faça sentir o seu efeito;”

O som resulta de oscilações de pressão atmosférica, i.e., uma fonte sonora, ao vibrar, causa

variações de pressão no meio, com velocidade finita, sobrepostas à pressão ambiente. Pode

propagar-se em meios sólidos, liquídos ou gasosos, com diferentes velocidades. Fisicamente

Page 10: Relatório de Estágio GALP(1)

10

pode definir-se Ruído ou Som como um movimento das particulas de um meio elástico,

perceptível pelo ouvido humano.

Algumas caracteristicas importantes do som são:

Frequência (f) - dada pelo número de ciclos de oscilação por segundo, medida em

Hertz(Hz);

Comprimento de Onda - espaço ocupado por uma oscilação completa num dado

instante;

Período (T) - duração no tempo de cada oscilação (T);

Assim, os valores da frequência são inversamente proporcionais ao comprimento de onda e

período. As altas frequências produzem sons agudos e as baixas, sons graves. Quanto maior o

comprimento de onda, mais difícil é o isolamento sonoro.

O ouvido humano é capaz de identificar uma amplitude de oscilações de pressão

relativamente à pressão atmosférica. O limite superior é considerado o limiar de dor (para uma

variação de pressão entre 100 a 200 Pa) e o inferior o limite de audição (20µPa). Além destes

limites temos respectivamente os ultra e infra-sons.

Figura 2 –Correspondência entre nível e pressão sonora

[Fonte: http://www.prof2000.pt/users/eta/imagens/Escala%20dB.jpg]

Page 11: Relatório de Estágio GALP(1)

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Decibel é a unidade mais utilizada para medição do nivel sonoro, sendo este obtido pelo

logaritmo da pressão sonora (diferença entre pressão do local não perturbada e o valor

máximo ou mínimo da oscilação – medida em Pascal), que representa mais eficazmente a

sensibilidade da audição humana à intensidade sonora.

Obtém-se assim o nível de pressão sonora L(índice P):

𝐿𝑝 = 10 𝑙𝑜𝑔10

𝑃

𝑃02

2

= 20𝑙𝑜𝑔10

𝑃

𝑃0

(1)

Em que:

𝑃 é a pressão sonora em N/m2 (Pa);

𝑃0- 20𝜇𝑃𝑎(20 × 10−6𝑃𝑎) é a pressão sonora de referência;

A razão entre a potência sonora (W), em Watt, e a área (S) em m² indica a quantidade de

energia radiada por uma determinada fonte: é a intensidade sonora (I), medida em W/m².

𝐼 =𝑊

𝑆

(2)

Para determinar o nível de intensidade sonora:

𝐿𝐼 = 10 𝑙𝑜𝑔𝐼

𝐼0

(3)

I – Intensidade sonora

I0 – Intensidade sonora de referência

Oliveira Nunes providencia algumas fórmulas de cálculo no seu Manual Técnico1

A soma de N níveis de pressão sonora pode ser calculada por:

𝐿𝑝 = 20 𝑙𝑜𝑔10

√𝑃12 + 𝑃2

2+. . . +𝑃𝑁2

𝑃0= 20 𝑙𝑜𝑔10 (√10

𝐿𝑝110 + 10

𝐿𝑝210 + ⋯ + 10

𝐿𝑝𝑁10 )

(4)

1 OLIVEIRA NUNES, Fernando, “Segurança e Higiene no Trabalho – Manual Técnico”, pp170-175;

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12

Para determinar o valor médio de n níveis sonoros, que permitirá obter a intensidade por

bandas de oitavas (objecto de medição neste trabalho), tem-se assim:

𝐿𝐴𝑒𝑞,𝑇 = 10𝑙𝑔 [1

𝑛∑ 10

(𝐿𝐴𝑒𝑞,𝑡)𝑖

10

𝑛

𝑖=1]

(5)

Em que:

n é o número de medições;

(𝐿𝐴𝑒𝑞,𝑡)𝑖 é o valor do nível sonoro correspondente a medição i;

O ouvido humano tem uma capacidade de identificação de sons dentro de uma vasta gama de

frequências, dos 20Hz aos 20kHz, sendo mais sensível entre os 500 e os 6000Hz. Atendendo a

esta especificidade, bem como ao conhecimento que qualquer fonte sonora emite uma grande

quantidade de componentes de diferentes frequências, torna-se muito útil para uma análise

acústica objectiva agrupar as frequências por bandas. Neste sentido usam-se filtros de oitavas,

que isolam bandas de frequência.

Desta forma, os cálculos e medições são feitos para a frequência central através da média

geométrica dos limites inferior e superior de cada banda e os valores obtidos são considerados

representativos de todas as frequências dessa banda.

Frequência central (Hz)

Limites das bandas de frequências

Bandas de 1/3 de oitava

Bandas de oitavas

50 45-56

63 56-71 45-90

80 71-90

100 90-112

125 112-140 89-180

160 140-180

200 180-224

250 224-280 180-355

315 280-355

400 355-450

500 450-560 355-710

630 560-710

800 710-900

1000 900-1120 710-1400

1250 1120-1400

Page 13: Relatório de Estágio GALP(1)

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1600 1400-1800

2000 1800-2240 1400-2800

2500 2240-2800

3150 2800-3550

4000 3550-4500 2800-5600

5000 4500-5600

Tabela 1- Bandas de Frequência de 1/3 e de Oitavas

Para medições no local podem ser usadas ambas as bandas, para as realizadas em laboratório

apenas as bandas de 1/3 de oitava.

As medições de intensidade por banda de frequência serão de importância incontornável para

a vertente de Higiene Industrial descrita neste trabalho – verificando quais as bandas de

frequência de maior intensidade, poder-se-ão então determinar que medidas serão as mais

adequadas para reduzir os valores da intensidade até níveis aceitáveis.

Os ruídos podem ser classificados quanto à variação do nivel de intensidade com o tempo em

3 categorias:

Ruído continuo – variações de nivel desprezíveis (±3dB);

Ruído intermitente – variações consideráveis (˃3dB); ou seja, um ruído constante que pára e

reinicia alternadamente;

Ruído de Impacto – apresenta-se sob a forma de picos de intensidade com duração inferior a 1

segundo, a sua forma de onda caracteristica é descrita por uma amplitude e duração –

amplitude é medida no pico maximo, sendo a duração o tempo que ela leva para cair 20dB do

seu nivel normal e que é considerado o tipo mais nocivo para a audição.

Page 14: Relatório de Estágio GALP(1)

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Figura 3 – Ruído por nível de intensidade no tempo [Fonte: APA2]

Também relativamente ao espectro de frequências se classifica o ruído. Desta forma tem-se:

Ruído branco – ondas periódicas de igual energia em todas as frequências de 100Hz a 10kHz;

Ruído rosa – filtragem do ruido branco, semelhante comportamento de ondas, mas numa faixa

de frequências entre 500 e 4000Hz;

Ruído de conversação – outra filtragem do ruído branco, reduzindo ainda mais a amplitude de

frequências, de 500 a 2000Hz;

Ruído de banda estreita – definido como uma filtragem selectiva do ruído branco, por meio de

vários filtros electronicos activos, cada um deixando passar uma determinada banda centrada

na frequência do tom de teste.

Como fica patente, o ouvido humano possui uma sensibilidade muito específica em termos de

frequências e intensidades sonoras. Na medição de ruído são utilizados meios mecânicos para

escalar os dados obtidos e dessa maneira tentar emular essas caracteristicas.

Neste sentido, os sonómetros incorporam também escalas que fornecem leituras diferentes da

mesma pressão sonora medida designados por filtros de ponderação e descritos pelas letras A,

B, C e D.

Se as escalas C e D não são muito representativa dessa especificidade, por serem quase

directas na sua leitura, as duas primeiras fornecem já leituras muito próximas das obtidas pela

sensibilidade do ouvido humano, sendo a A mais usada em medições de avaliação de impacto

do ruído nas áreas de medicina no trabalho, higiene industrial e ambiente.

Ou seja, é através das medições obtidas pelo uso destes filtros que se obtêm os valores de

cálculo relativos ao impacto do ruído no local de trabalho e no ambiente.

O Decreto-Lei nº 182/2006 fixa assim a exposição pessoal diária [de um trabalhador] ao ruído

como “..o nível sonoro continuo equivalente, ponderado A, calculado para um período normal

de trabalho diário de oito horas, T(índice 0), que abrange todos os ruídos presentes no local de

trabalho, incluindo o ruído impulsivo, expresso em dB(A), dado pela expressão:

𝐿𝐸𝑥𝑝.8ℎ = 𝐿𝐴𝑒𝑞.𝑇𝑒+ 10𝑙𝑔 (

𝑇𝑒

𝑇0)

(6)

Em que:

𝐿𝐴𝑒𝑞.𝑇𝑒= 10𝑙𝑔 {

1

𝑇𝑒 ∫

[𝑝𝐴(𝑡)]2

[𝑝0]2

𝑡𝑒

0

} 𝑑𝑡

(7)

2 http://www.apambiente.pt/

Page 15: Relatório de Estágio GALP(1)

15

e:

𝑇𝑒 é a duração diária da exposição pessoal de um trabalhador ao ruído durante o trabalho;

𝑇0 é a duração de referência de oito horas (28 800 segundos);

𝑝𝐴(𝑡) é a pressão sonora instantânea ponderada A, expressa em Pascal (Pa), a que está

exposto um trabalhador;

𝑝0 é a pressão de referência 𝑝0 = 2 × 10−5𝑝𝑎𝑠𝑐𝑎𝑙;”

Assim é possível calcular o tempo máximo de exposição 𝐓𝐞 para uma determinada exposição

pessoal diária, L(índice EP,d):

𝑇𝑒 = 𝑇010𝐿𝐸𝑃,𝑑−𝐿𝐴𝑒𝑞,𝑑

10

(8)

O nível de pressão sonora de pico, L(índice Cpico), representando o valor máximo instantâneo

do nível de pressão sonora, ponderado C, permite determinar, junto com a média ponderada,

as classes de risco:

𝐿𝐶𝑝𝑖𝑐𝑜 = 10𝑙𝑔 (𝑝𝐶𝑝𝑖𝑐𝑜

𝑝0)

2

(9)

Em que:

𝑃𝐶𝑝𝑖𝑐𝑜 é o valor máximo da pressão sonora instantânea a que o trabalhador está exposto,

ponderado C, expresso em pascal;

Para a média semanal dos valores diários de exposição pessoal ao ruído para uma duração de

referência de 40 horas, tem-se:

�̅�𝐸𝑋.8ℎ = 10𝑙𝑔 [(1/5) ∑ 10(0,1𝐿𝐸𝑋.8ℎ)𝑘

𝑚

𝑘=1

]

(10)

Em que:

(𝐿𝐸𝑋.8ℎ)𝑘 representa os valores de 𝐿𝐸𝑋.8ℎ para cada um dos m dias de trabalho da semana

considerada;

A exposição pessoal diária efectiva, L(índice EX,8h,efect) já tendo em conta a atenuação

proporcionada pelos protectores auditivos, expressa em dB(A):

𝐿𝐸𝑋,8ℎ,𝑒𝑓𝑒𝑐𝑡 = 10𝑙𝑔 [(1/8) ∑ 𝑇𝑘

𝑘=𝑛

𝑘=110(0,1𝐿𝐴𝑒𝑞 ,𝑇𝐾 ,𝑒𝑓𝑒𝑐𝑡 )]

(11)

Page 16: Relatório de Estágio GALP(1)

16

Em que:

𝑇𝑘 éo tempo de exposição ao ruído K;

𝐿𝐴𝑒𝑞 ,𝑇𝐾 ,𝑒𝑓𝑒𝑐𝑡 é o nível sonoro continuo equivalente a que fica exposto o trabalhador equipado

com protectores auriculares; este valor é obtido subtraindo ao nível sonoro continuo

equivalente o valor de atenuação dado pelo fabricante dos auriculares;

O DL 182/2006 fixa os valores limites de exposição ( nível de exposição diária ou semanal e o

nível de pressão sonora de pico que não deve ser ultrapassado) em:

𝐿𝐸𝑋,8ℎ = �̅�𝑋,𝑜ℎ = 87𝑑𝐵(𝐴)

𝐿𝐶𝑝𝑖𝑐𝑜 = 140 𝑑𝐵(𝐶)𝑒𝑞𝑢𝑖𝑣𝑎𝑙𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎 200 𝑃𝑎

(12)

Sendo que na determinação da exposição do trabalhador deve ser tida em conta a atenuação

dos protectores.

Os valores limite inferior e superior de acção são considerados como “os níveis de exposição

diária ou semanal ou o nível de pressão de pico que em caso de ultrapassagem implicam a

tomada de medidas preventivas adequadas à redução do risco para a segurança e saúde dos

trabalhadores”.

Para o valor limite superior de acção e nivel de pressão de pico:

𝐿𝐸𝑋,8ℎ = �̅�𝐸𝑋,8ℎ = 85𝑑𝐵(𝐴) 𝑒 𝐿𝐶𝑝𝑖𝑐𝑜 = 137𝑑𝐵(𝐶)𝑒𝑞𝑢𝑖𝑣𝑎𝑙𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎 140 𝑃𝑎

Para o inferior:

𝐿𝐸𝑋.8ℎ = �̅�𝐸𝑋,8ℎ = 80𝑑𝐵(𝐴) 𝑒 𝐿𝐶𝑝𝑖𝑐𝑜 = 135𝑑𝐵(𝐶)𝑒𝑞𝑢𝑖𝑣𝑎𝑙𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎 112 𝑃𝑎

(13)

3.3-Ruído Ambiental

O ruído não é apenas encarado como factor de risco laboral. Nos ambientes urbanos, o ruído

ambiental é um factor responsável pelo decréscimo da qualidade de vida, saúde e bem-estar

da população, e havíamos já abordado anteriormente algumas consequências directas e

indirectas desta exposição a ruído.

Ainda que os principais responsáveis sejam os transportes, e.g. rodoviário, aéreo e ferroviário,

a indústria surge também como causa de disfunção ambiental.

O quadro legal relativo a Ruído Ambiente consiste nos Decretos-Lei nº 9/2007 de 17 de

Janeiro, que aprova o Regulamento Geral de Ruído (RGR), e nº 146/2006 de 31 de Julho, que

Page 17: Relatório de Estágio GALP(1)

17

transpõe a Directiva nº2002/49/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de Junho,

relativa à avaliação e gestão do ruído ambiente.

Esta Directiva fixa assim a definição de Ruído Ambiente como: “..som externo indesejado ou

prejudicial, criado por actividades humanas, incluindo o ruído emitido por meios de transporte,

tráfego rodoviário, ferroviário, aéreo e instalações utilizadas na actividade industrial..”

O ruído é tambem encarado como poluição, descrita na Directiva nº 96/61/CE do Conselho, de

24 de Setembro: “..a introdução directa ou indirecta, por acção humana, de substâncias,

vibrações ou ruído, no ar, na água ou no solo, susceptiveis de prejudicar a saúde humana ou a

qualidade do ambiente e de causar deteriorações dos bens materiais ou deterioração ou

entraves ao usufruto do ambiente ou a outras utilizações legítimas deste último..”.

O uso de indicadores de ruído nas medições servirá para atribuir uma escala física para a

descrição do ruído ambiente que tenha uma relação com um efeito prejudicial.

O Indicador de ruído dia-entardecer-noite (L (índice den)) é o mais associado ao incómodo

geral, representa o ruído ambiente exterior:

𝐿𝑑𝑒𝑛 = 10 𝑙𝑜𝑔 1

24[13 × 10

𝐿𝑑10 + 3 × 10

𝐿𝑒+510 + 8 × 10

𝐿𝑛+1010 ]

(14)

Em que:

𝑳𝒅 é o nível sonoro médio diurno L (índice d), ponderado A, associado ao ruído diurno;

𝑳𝒆 o nivel sonoro médio ao entardecer L (índice e), ponderado A, ao ruído no período do

entardecer;

𝑳𝒏 o nivel sonoro médio associado ao ruído nocturno L(índice n), ponderado A, determinados

nos seus periodos respectivos e representativos de um ano;

A determinação dos períodos de referência é dada pela Directiva 2002/49/CE com um

intervalo de variação para aplicação. Em Portugal o DL nº9/2007 estabelece que:

O período diurno corresponde a 13 horas, das 07:00 as 20:00;

O periodo do entardecer a 3 horas, das 20:00 as 23:00;

O período nocturno a 8 horas, das 23:00 às 07:00;

Os valores limite de exposição a ser respeitados, em função da zona:

Zonas mistas - não devem ficar expostas a ruído ambiente exterior expresso pelo indicador

L(índice den) superior a 65 dB(A) e pelo indicador L(índice n) superior a 55 dB(A);

Zonas sensíveis – não devem ficar expostas a ruído ambiente exterior expresso pelo indicador

L (índice den) superior a 55 dB(A) e pelo indicador L(índice n) superior a 45 dB(A);

Page 18: Relatório de Estágio GALP(1)

18

Ainda que o presente projecto se pretenda focar na componente do ruído associada à Higiene

Industrial e prevenção de riscos laborais, a escolha de métodos de controlo do ruído a usar

permitirá uma redução nos valores obtidos para estes indicadores.

Quando do projecto de uma nova Unidade Industrial (ou de uma infra-estrutura de alguma

dimensão) é obrigatório efectuar um estudo de impacte ambiental. A legislação contempla

normalmente todos os cenários previsíveis que possam introduzir disfunções ambientais. Por

isso, no caso do Complexo de Sines, toda a área industrial foi alvo de estudos que tiveram em

conta estes aspectos e que foram levados acabo pelo então Gabinete da Área de Sines. Toda

esta temática surgiu na década de setenta, tendo posteriormente sofrido as correcções mercê

das alterações legislativas. Tais correcções mais restritivas, provenientes da legislação Europeia

ou de directivas transpostas para a legislação Portuguesa, dão como necessário períodos de

adaptação.

Existem no entanto outros factores que se vieram a colocar recentemente quando da

ampliação da Refinaria de Sines que, como se referiu anteriormente, veio dar um contributo

importante no PIB Português. Entre a primeira fase da Refinaria e a sua ampliação foram

inseridas na zona toda uma série de novas unidades industriais, que introduziram disfunções

ambientais. A Petrogal teve pois de preencher os requisitos da legislação actual e a inserção de

mais factores antropogénicos. Acresce também o facto da Refinaria de Sines se ter

transformado numa das maiores da Europa. A GALP, empresa proprietária da Refinaria,

conhecedora profunda destes constrangimentos, teve uma política proactiva na resolução

deste novo cenário.

Transpondo este tema para outras Unidades Industrias, há que inserir nestes estudos não

apenas a área que está dentro do perímetro industrial, mas todos os factores externos que

podem desequilibrar o bom desempenho ambiental a que esta ligado, como a logística de que

está dependente, com tráfego anormal rodoviário e férreo. A Refinaria de Sines com a ligação

por pipeline à CLC, em Aveiras resolveu este problema.

4 - Medições de Ruído

Conforme referido na introdução inicial, uma parte importante do estágio a que se refere este

relatório tinha por objectivo fazer uma avaliação experimental com medições de ruído, de

forma a completar o presente estudo efectuado na Estação de Bombagem do pipeline Sines-

Aveiras, na Refinaria de Sines da Petrogal.

Page 19: Relatório de Estágio GALP(1)

19

Figura 4 - Ilustração da medição de ruído a 1 metro da fonte emissora (Foto do autor)

A medição dos valores foi feita em vários pontos em redor das fontes, com tomadas de valor a

uma altura e distância constantes das mesma,i.e., 1,5 e 1 metro. Consideraram-se assim 8

pontos de medição, para este efeito designados de PM106-112, de acordo com a configuração

de memória do aparelho utilizado: um sonómetro RION NA-27, com montagem em tripé.

Os PM106-108 são referentes à Bomba 1, os PM109-112 à Bomba 2.

O tempo de aquisição de valores foi considerado para 1 minuto, tendo sido esta escolha

fundamentada na tipologia de ruído presente: contínuo sem oscilação, devido ao

funcionamento regular das fontes.

Desta forma mediram-se o nível sonoro contínuo equivalente, ponderado A, e o nível de pico,

ponderado C. A obtenção destes dados permitiu a análise por bandas de oitavas – ver também

em anexo as tabelas de medição com os respectivos valores.

Page 20: Relatório de Estágio GALP(1)

20

Tabela 2 – Medições de Campo

Figura 5- Níveis sonoros dB(A) por bandas de oitavas (Bomba 1)

0

20

40

60

80

PM106

PM107

PM108

Ponto de Medição

Laeq dB(A) Lcpico

PM106 73,2 88,2

PM107 87,9 109,2

PM108 92,8 104,8

PM109 93,3 106,7

PM110 94,2 109,2

PM111 90,8 103,6

PM112 92,1 105,2

Page 21: Relatório de Estágio GALP(1)

21

Figura 6 – Níveis sonoros dB(A) por bandas de oitavas (Bomba 2)

Visualizando a distribuição dos níveis sonoros por bandas de frequência, torna-se patente que

a intervenção por medidas técnicas deve ser apropriada para os valores respeitantes à gama

de frequências entre os 250 e os 4000Hz.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

PM109

PM110

PM111

PM112

Page 22: Relatório de Estágio GALP(1)

22

A análise através do mapa de ruído torna fácil perceber a sua distribuição no espaço adjacente

à fonte:

Figura 7 – Mapa de ruído da estação de bombagem

A caracterização da fonte passa também pela análise dos circuitos de trabalho e dos valores de

exposição diária e de pico cf. fórmulas (6) e (9). Considerou-se a rotina diária como paradigma

para os valores de exposição semanal. Conhecendo os valores dos limites de acção, cf. (13),

Page 23: Relatório de Estágio GALP(1)

23

pode-se ver onde estes são ultrapassados e assim determinar as classes de risco relativas à

exposição ao ruído – ver análise de risco em anexo.

5-Medidas técnicas de controlo do ruido

A partir do trabalho experimental dever-se-ão seguir medidas correctivas ou de simples

melhoria para redução do ruído, mesmo que os valores estejam abaixo do limite admissível.

Este tipo de acção deve ter com objectivo uma melhoria contínua das condições sonoras locais

para benefício dos trabalhadores ou colaboradores. Outro aspecto a considerar relaciona-se

com o envelhecimento dos equipamentos, pois existirá uma tendência para uma degradação,

com o consequente aumento de ruído. Deste modo quando a avaliação seguinte, poderá haver

margem maior para eventuais correcções, para além de beneficiar as condições locais de

trabalho.

Para a redução do ruído deverão ser tomadas em consideração na determinação das medidas

técnicas.

Tendo em conta que os níveis de ruído observados são resultado do funcionamento regular do

equipamento, que o mesmo se encontra em permanente funcionamento e que qualquer

alteração no equipamento poria em paragem um processo essencial na movimentação de

produtos, optou-se por uma medida de redução na transmissão do som junto à fonte, que

torne desnecessário o uso de EPIs na zona adjacente.

Uma onda sonora não se propaga de igual forma em todo o seu espectro de frequências – as

baixas frequências são menos facilmente absorvidas que as altas, devido ao seu maior

comprimento de onda. Regra geral, para constituir um isolamento eficaz, um painel deve ter

largura superior ao comprimento de onda do som, daí a dificuldade em isolar baixas

frequências. Já o som de alta frequência é mais facilmente reflectido por barreiras rígidas,

perdendo grande parte da sua energia ao atravessar o painel.

A transmissão é a propriedade que permite ao som passar de um lado ao outro de uma

superficie, continuando a sua propagação. Ao embater numa barreira, o som faz com que ela

vibre, transformando-a também numa fonte sonora com geração de ruído na superfície

vibrante na outra face. Esta transmissão é afectada pela densidade e rigidez da barreira, ou

Page 24: Relatório de Estágio GALP(1)

24

seja, grosso modo, quanto mais rígida e densa for a barreira, mais atenuação sonora

proporcionará.

Tabela 3 – Atenuação sonora de vários materiais por espessura

Para a absorção sonora, propriedade que alguns materiais têm em não permitir a reflecção do

som, convertendo a energia sonora incidente em térmica por via de vibração do material,

importa considerar dois tipos de materiais:

Porosos, e.g., lã de rocha;

Ressonadores, e.g., placas perfuradas, gesso;

Na absorção contabiliza-se já o som dissipado por vibração bem como o transmitido, sendo

importante reter este aspecto.

A absorção total TA em Sabin (unidade que corresponde à absorção de 1m² de superfície

perfeitamente absorvente) que se pode obter numa divisão de n superfícies, para uma certa

frequência, é dada por:

𝑻𝑨 = ∑ 𝑺𝒊

𝒏

𝒊=𝟏

𝜶𝒊

(15)

Em que:

𝑆𝑖 - área da superfície i em m²

𝛼𝑖 – coeficiente de absorção da superfície i à frequência determinada

Material Espessura (cm) Atenuação (dB)

Vidro 0,4 a 0,5 28

Vidro 0,7 a 0,8 31

Chapa de Ferro 0,2 30

Cimento 5 31

Cimento 10 44

Gesso 5 42

Gesso 10 45

Page 25: Relatório de Estágio GALP(1)

25

O coeficiente de absorção sonora de um determinado material designa a sua capacidade de

isolamento acústico, em dB, e é obtido pela razão entre a energia sonora absorvida e a

incidente.

125Hz 250Hz 500HZ 1000z 2000Hz 4000Hz

Placa aglomerado cortiça em superficie rígida/2cm

0,01 0,04 0,07 0,4 0,7 0,8

Placa agl . Cortiça em sup. rígida/5cm

0,09 0,09 0,35 0,6 0,38 0,49

Espuma Poliuretano/2,5cm 0,16 0,25 0,45 0,84 0,97 0,87

Lã rocha em sup. rígida/5cm (40kg/m³)

0,26 0,63 0,96 1,00 1,00 0,92

Lã vidro em sup. Rígida/5cm (50kg/m³)

0,18 0,59 1,00 1,00 1,00 0,99

Tabela 4 –Coeficientes de absorção de vários materiais

Analisando os coeficientes de absorção comparativos entre vários materiais porosos e

ressonadores, fica patente que a distribuição dos valores por banda de frequência é mais

uniforme nas lãs minerais (vidro e rocha), sendo a absorção mais eficaz relativamente às

frequências compreendidas entre os 500 e os 4000Hz. Através dos gráficos 1 e 2, reconhece-

se que é neste intervalo de bandas de oitavas que é necessário intervir.

Ao encontrar um obstáculo, uma onda sonora irá propagar-se de forma diferente, com

subsequente atenuação: isto deve-se ao fenómeno da Difracção, característico da mecânica

ondulatória, i.e. a propriedade que uma onda tem de contornar obstáculos ou passar por um

orificio quando é parcialmente interrompida. Este efeito é mais facilmente observado nos

sons de baixa frequência.

Esta atenuação é calculada em função do número de Fresnel, a partir da diferença da

distância da fonte ao receptor (tendo em conta a altura da barreira) e a distância directa; o

valor da atenuação será tanto maior quanto mais alta for a barreira. Dessa forma, interessa

também que a barreira seja colocada o mais perto possível da fonte.

Page 26: Relatório de Estágio GALP(1)

26

O cálculo da reverberação não será abordado, em virtude do contínuo funcionamento do

equipamento da estação de bombagem descaracterizar assim a permanência do som após um

corte na sua emissão.

6 -Discussão

Atendendo à redução passível de ser obtida, para os valores em excesso respectivos às bandas

de oitavas de frequência consideradas, apresenta-se assim como a solução mais prática, de

baixo custo e elevada eficácia, o enclausuramento das bombas através de painéis acústicos.

Conhecendo as dificuldades em implementar medidas de redução de ruído que envolvam

alterações nas máquinas, esta medida técnica apresenta-se como uma alternativa de relativa

facilidade de implementação e baixo custo face aos benefícios que proporcionaria na redução

dos níveis de risco das rotinas de trabalho a este equipamento associados.

O enclausuramento poderia ser feito com uma estrutura de painéis encaixavéis num sistema

de calhas fixas, a montar imediatamente fora das plataformas anti-vibratórias de cada bomba.

Para permitir um fácil acesso para manutenção mecânica e leitura de manómetros, poderia

cada estrutura ter aberturas com portas igualmente revestidas.

Esta barreira, aberta em cima para possibilitar a circulação de ar para ventilação, poderia ter

na sua parte superior uma “aba” virada para interior da estrutura, colocada a 45°

relativamente ao painel vertical. A difracção assim obtida propagaria as ondas sonoras para

cima e não para o nível do solo i.e., este efeito seria de especial utilidade para a redução do

ruído ambiental nas imediações da refinaria, que foi um dos objectivos secundários deste

estudo.

Uma opção de elemento isolante poderia ser um composto entre materiais porosos e

ressonadores, colocados como revestimento interno dos painéis i.e., atendendo às

propriedades sonoras acima descritas, obter-se-iam assim resultados ainda mais significativos.

Esta solução compósita possibilitaria uma atenuação muito significativa tanto para as altas

como baixas frequências, permitindo também dispensar aos trabalhadores o uso de EPIs na

zona exterior à estrutura.

Potencialmente, esta medida poderia ser utilizada como solução-tipo para circunstâncias e

equipamentos similares.

Page 27: Relatório de Estágio GALP(1)

27

7 – Conclusões

Ao longo deste relatório descreve-se toda a metodologia seguida de aplicação das boas

práticas num “estudo de caso” nas instalações da Refinaria de Sines da Petrogal, mais

concretamente na Instalação de Bombagem que faz a ligação ao pipeline de transporte de

produtos acabados à CLC em Aveiras. Com base nas medições de ruído feitas em vários pontos

da instalação foram identificados os pontos críticos num mapa simples da instalação abordada.

Em face dos resultados apresentaram-se as medidas adequadas para mitigação do impacte das

fontes emissoras sobre os trabalhadores da Petrogal e de pessoal externo , empreiteiros ou

visitantes, bem como sobre os aglomerados populacionais circundantes. A solução mais

plausível será a colocação de painéis constituídos por materiais porosos e ressonadores,

cobrindo deste modo uma gama elevada de frequências sonoras, minimizando ou anulando a

utilização de Equipamentos Protectores nas zonas circundantes à Unidade de Bombagem.

De salientar ainda que a utilização de Painéis deve ser projectada e inserida de modo a que

não traga outros problemas de acessibilidade aos órgãos das bombas para inspecção, facto

que pode ser resolvido com sistemas amovíveis por uma única pessoa.

Page 28: Relatório de Estágio GALP(1)

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8 – Agradecimentos

Agradece-se em primeiro lugar à Refinaria de Sines a possibilidade concedida para o estágio do

autor deste relatório nas suas instalações industriais, permitindo o acesso a uma das maiores

Áreas Industriais da Europa.

Agradece-se ao Engº José Almeida a sugestão da temática deste projecto, que se revelou

desafiante e enriquecedora, e ao Engº Jorge Miguel Candeias a sua sempre presente

disponibilidade.

À Engª Gabriela Acabado, a sua prontidão e experiência na revisão de conteúdos e

estruturação do relatório.

Agradece-se a todos os colaboradores da Refinaria de Sines contactados no âmbito deste

trabalho, que de uma forma altruísta ajudaram a consubstanciar esta experiência num

ambiente industrial. Por último à TÜV Rheinland, que no âmbito do curso de TSHST, incluiu

como prova final este trabalho, possibilitando a aquisição de conhecimentos num contexto

aplicacional.

Page 29: Relatório de Estágio GALP(1)

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9 – Bibliografia

DUARTE OLIVEIRA NUNES, Fernando Manuel, “Segurança e Higiene do Trabalho – Manual

Técnico”, s.d., Edições Gustave Eiffel, Amadora;

FRADIQUE, Jorge, GUEDES, Margarida, LEITE, Maria João, MATOS, João, TAVARES, Luís, “Guia

prático para medições de ruído ambiente – no contexto do Regulamento Geral de Ruído tendo

em conta a NP ISO 1996”, 2011, Agência Portuguesa do Ambiente, Amadora;

MIGUEL, Alberto Sérgio, “Manual de Higiene e Segurança no Trabalho”, 1995, 3ª Edição, Porto

Editora, Porto;

Artigo consultado online:

GONÇALVES F.R. PINTO, António Manuel, “Programa de cálculo automático para

implementação das Normas 12354 na verificação do RGR em edifícios” – Dissertação para

obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil, 2011, Instituto Superior Técnico, disponível

em https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/, data de consulta a 09/10/2014;

Legislação

Decreto-Lei nº 146/2006 de 31 de Julho;

Declaração de Rectificação nº 57/2006 de 31 de Agosto;

Decreto-Lei nº 182/2006 de 6 de Setembro;

Decreto-Lei nº 9/2007 de 17 de Janeiro;

Decreto-Lei nº 278/2007 de 1 de Agosto;

Sites:

Agência Europeia para a Saúde e Segurança no Trabalho: https://osha.europa.eu/pt

Agência Portuguesa do Ambiente: http://www.apambiente.pt/

Page 30: Relatório de Estágio GALP(1)

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