78
RELATÓRIO DE ESTÁGIO. CASUÍSTICA DE UMA UNIDADE DE CUIDADOS CONTINUADOS DE LONGA DURAÇÃO E MANUTENÇÃO. CARACTERIZAÇÃO DOS UTENTES E AVALIAÇÃO DO RISCO DE DESENVOLVIMENTO DE ÚLCERAS DE PRESSÃO Marco Paulo Correia Barata Relatório de Estágio realizado na Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração e Manutenção Santa Maria Maior de Miranda do Douro, apresentado à Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Bragança para obtenção do grau de Mestre em Cuidados Continuados Bragança, novembro de 2012

Relatorio de Estagio Modelo

Embed Size (px)

DESCRIPTION

relatorio de estagio enfermagem

Citation preview

  • RELATRIO DE ESTGIO. CASUSTICA DE UMA UNIDADE DE CUIDADOS CONTINUADOS DE LONGA DURAO E

    MANUTENO. CARACTERIZAO DOS UTENTES E AVALIAO DO RISCO DE DESENVOLVIMENTO DE LCERAS

    DE PRESSO

    Marco Paulo Correia Barata

    Relatrio de Estgio realizado na Unidade de Cuidados Continuados de Longa Durao e Manuteno Santa Maria Maior de Miranda do Douro, apresentado Escola Superior

    de Sade do Instituto Politcnico de Bragana para obteno do grau de Mestre em Cuidados Continuados

    Bragana, novembro de 2012

  • 2

    RELATRIO DE ESTGIO. CASUSTICA DE UMA UNIDADE DE CUIDADOS CONTINUADOS DE LONGA DURAO E

    MANUTENO. CARACTERIZAO DOS UTENTES E AVALIAO DO RISCO DE DESENVOLVIMENTO DE LCERAS

    DE PRESSO

    Marco Paulo Correia Barata

    Relatrio de Estgio realizado na Unidade de Cuidados Continuados de Longa Durao e Manuteno Santa Maria Maior de Miranda do Douro, apresentado Escola Superior

    de Sade de Bragana para obteno do grau de Mestre em Cuidados Continuados

    Orientado por Professor Doutor Leonel So Romo Preto Coorientado por Mestre Paula Eduarda Lopes Martins

    Bragana, novembro de 2012

  • I

    RESUMO

    Este trabalho apresenta o relatrio de estgio e trabalho de projeto realizado entre maro e julho do ano de 2011, numa unidade de cuidados continuados de longa durao e manuteno.

    Ao longo do texto descrevemos a forma como os objetivos inicialmente propostos foram concretizados. De uma forma resumida o estgio permitiu o conhecimento da unidade, a integrao na equipe interdisciplinar, oportunidades ao nvel da formao e a melhoria e desenvolvimento de competncias ao nvel da investigao.

    Neste ltimo aspeto realizmos pesquisa com o objetivo de estratificar o risco de aparecimento de lceras por presso tendo em conta a totalidade dos doentes internados na unidade desde a sua abertura at atualidade. Conclumos que os doentes apresentam maioritariamente idades superiores a 79 anos, na sua maioria so do sexo feminino e tm como patologia de base AVC. Com uma mdia de dias de internamento dentro dos prazos legais, quase metade dos utentes teve alta como destino. A incidncia de mortalidade foi de 28,2%. Tais caractersticas associadas s problemticas atuais de dependncia conduzem a um maior risco do aparecimento das lceras por presso. O valor de Braden na admisso do utente naquela unidade foi, em mdia, 13,30 pontos, valor associado a risco de desenvolver lcera por presso. Encontrmos 43,7% de utentes com risco elevado. Para o risco moderado obtivemos uma percentagem de 41,5%. Por outro lado, no apresentavam risco de desenvolver lcera apenas 10,4% dos utentes da amostra.

  • II

    RESUMEN

    Este documento presenta el informe de trabajo de prcticas clnicas y el proyecto llevado a cabo entre marzo y julio de 2011, en una unidad de cuidados a largo plazo y de mantenimiento.

    A lo largo del texto se describe la forma como los objetivos inicialmente propuestos fueron alcanzados. En resumen: las prcticas nos han permitido conocer la realidad de

    la unidad, integrar el equipo multidisciplinario, y desarrollar mejores habilidades en investigacin.

    En este ltimo aspecto se realiz una pesquisa con el objetivo de determinar la existencia del riesgo de desarrollar lceras por presin consultando los registros relevantes de todos los pacientes ingresados en la unidad desde su creacin hasta la actualidad. Llegamos a la conclusin de que los pacientes tienen mayoritariamente ms de 79 aos, son mujeres, tienen el accidente cerebrovascular como enfermedad subyacente. Casi la mitad de los pacientes fueron dados de alta con una estancia media hospitalaria dentro de los plazos legales. La caracterstica de envejecimiento de esta poblacin asociado con problemas de dependencias actuales, por enfermedad, conducen a un mayor riesgo de desarrollo de las lceras por presin, ya que el valor de la admisin del Braden en la unidad es, en promedio 13,30 y se refiere a riesgo de desarrollo de lceras. Se encontr un 43,7% de los usuarios con alto riesgo. Para el riesgo moderado se obtuvo un porcentaje del 41,5%. Por otro lado, no mostraron ningn riesgo de desarrollar lceras 10,4% de los pacientes.

  • III

    Pensamento

    Toda a nossa vida uma primavera, porque temos em ns a verdade que no envelhece e essa verdade anima toda a nossa caminhada.

    So Cirilo de Alexandria

  • IV

    Agradecimentos

    Um relatrio nunca totalmente pessoal, para a realizao do mesmo outras pessoas contribuem com ideias, pensamentos e sugestes. A estas pessoas gostaria de agradecer o seu valioso contributo. Em primeiro lugar ao Professor Doutor Leonel Preto, pela orientao e

    acompanhamento cientfico do trabalho; Enfermeira Mestre Paula Martins pelos conhecimentos transmitidos e disponibilidade demonstrada ao longo do estgio. A sua presena constante, amizade e interesse tornaram-se elementos facilitadores da aprendizagem e foram um incentivo constante na persecuo dos objetivos iniciais; minha famlia pelo seu apoio sem reservas; Aos profissionais da Unidade de Cuidados Continuados de Miranda do Douro, pelo papel relevante que desempenharam na minha integrao na equipe interdisciplinar e pela ajuda no processo de pesquisa, designadamente na recolha de informao. A todos os professores do curso de Mestrado em Cuidados Continuados da Escola Superior de Sade do Instituto Politcnico de Bragana.

  • V

    SIGLAS E ABREVIATURAS

    ARSN- Administrao Regional de Sade do Norte, IP AVC- Acidente Vascular Cerebral CDSS Bragana- Centro Distrital de Segurana Social de Bragana ECL- Equipa Coordenadora Local ESSa/IPB- Escola Superior de Sade de Bragana RNCCI- Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados SNS- Servio Nacional de Sade UCCI- Unidade Cuidados Continuados Integrados UCCLDMMD- Unidade de Cuidados Continuados de Longa Durao e Manuteno de Miranda do Douro UMCCI- Unidade de Misso para os Cuidados Continuados Integrados UP- lceras de presso % - Percentagem - Euros

    DP- Desvio padro gl- Grau de liberdade N ou n- Nmero

    p- Significncia estatstica ou valor de prova t- Teste t de student para amostras independentes

  • VI

    NDCE GERAL

    INTRODUO ............................................................................................................................ 9 1- CONTEXTUALIZAO DO LOCAL DE ESTAGIO ..................................................... 11

    1.1 - ORGANIZAO ........................................................................................................... 14 1.2 - IMPLEMENTAO ...................................................................................................... 15 1.3- REA GEOGRFICA DE INFLUNCIA DA UNIDADE ........................................... 16

    2 - REGULAMENTO INTERNO DA UCCMD ........................................................................ 18

    3 ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS .................................................................................. 19

    3.1 - INTEGRAO NA EQUIPA DE ENFERMAGEM ..................................................... 19 3.2 CARACTERIZAO DA POPULAO DA UNIDADE .......................................... 22 3.3 ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS COM OS UTENTES ........................................ 28

    3.4 REUNIES INTERDISCIPLINARES .......................................................................... 29 3.5 - FORMAES PROMOVIDAS INTRA E EXTRA UNIDADE .................................. 30 3.6 PROJETO DE ESTUDO................................................................................................ 32

    4 - REFLEXO CRTICA ......................................................................................................... 45 5 CONCLUSO ...................................................................................................................... 47 6 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................. 49

    ANEXOS ................................................................................................................................ 52

    ANEXO 1- Autorizaes ........................................................................................................ 53

    ANEXO 2- Plano de ao de formao .................................................................................. 55

    ANEXO 3- Participao na organizao de jornadas ............................................................. 58 ANEXO 4- Cronograma de atividades ................................................................................... 61

    ANEXO 5- Regulamento interno da Unidade de Longa Durao e Manuteno ................... 63

  • VII

    INDICE DE GRFICOS

    Grfico 1- Sexo dos utentes ............................................................................................ 22 Grfico 2- Distribuio dos utentes tendo em conta a idade .......................................... 22 Grfico 3- Utentes distribudos de acordo com o estado civil ........................................ 23 Grfico 4- Representao grfica das qualificaes profissionais dos utentes ............... 23 Grfico 5- Utentes distribudos de acordo com a sua rea de residncia ....................... 24 Grfico 6- Doentes distribudos de acordo com a presena de cuidadores informais

    capazes de lhes prestar cuidados ............................................................................. 24 Grfico 7- Utentes distribudos segundo as tipologias de internamento "Longa durao"

    e "Descanso do cuidador" ........................................................................................ 25 Grfico 8- Representao grfica dos resultados encontrados para a questo "Aquando

    do internamento o utente chegou acompanhado unidade" ................................... 25 Grfico 9- Provenincia dos utentes internados na unidade ........................................... 26 Grfico 10- Utentes distribudos segundo as respostas sociais e os seus destinos aps a

    alta clnica ................................................................................................................ 27

  • VIII

    INDICE DE TABELAS

    Pg.

    Tabela 1- Utentes distribudos por sexo ......................................................................... 35 Tabela 2- Estatsticas descritivas da varivel idade ........................................................ 36 Tabela 3- Mdias da idade de acordo com o sexo dos participantes .............................. 37 Tabela 4- Estatsticas descritivas para a varivel dias de internamento ......................... 38 Tabela 5- Patologias subjacentes necessidade de internamento .................................. 39 Tabela 6- Destino dos utentes ......................................................................................... 39 Tabela 7- Taxas de mortalidade por patologia especfica ............................................... 40 Tabela 8- Estatsticas descritivas obtidas para a pontuao da Escala de Braden .......... 41 Tabela 9- Classificao dos doentes participantes no estudo segundo a Escala de risco

    de lcera de presso de Braden ............................................................................... 41 Tabela 10- Anlise descritiva da escala de Braden ......................................................... 42

  • 9

    INTRODUO

    No mbito do primeiro curso de Mestrado em Cuidados Continuados da Escola Superior de Sade do Instituto Politcnico de Bragana (ESSa/IPB) foi-me proposto a elaborao de um projeto de estgio e respetivo relatrio cientfico, uma vez que optei por realizar estgio curricular numa Unidade de Cuidados Continuados Integrados (UCCI). A minha opo pelo estgio deveu-se ao facto de esta modalidade me ter parecido a mais adequada em termos de aplicabilidade prtica dos conhecimentos tericos adquiridos durante as unidades curriculares do curso de mestrado. Por outro lado, sendo licenciado em enfermagem ainda com escassa experincia profissional (que se restringe ao desempenho de funes num lar de idosos), o contexto estgio apresentava a possibilidade de desenvolver essa mesma experincia na prtica clnica especfica. Com o estgio pretendia tambm compreender melhor a realidade da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), como estrutura de misso relativamente recente nos cuidados de sade em Portugal, e a sua interligao com os centros de sade, hospitais e outros servios de prestao de cuidados de sade.

    O estgio curricular do Mestrado de Cuidados Continuados desenvolveu-se de acordo com cronograma inicial e decorreu no perodo de 17 de Fevereiro de 2011 a 23 de Julho de 2011 na Unidade de Cuidados Continuados de Longa Durao e Manuteno Santa Maria Maior de Miranda do Douro (UCCLDMMD), tendo-se desenvolvido s quintas, sextas e sbados, nos turnos da manh, at perfazer a carga horria total de 540 horas, conforme o plano da unidade curricular.

    O objetivo inicial de conhecer as prticas clnicas e a metodologia de trabalho da equipe multidisciplinar, permitiu desenvolver gradualmente uma conscincia reflexiva sobre o processo de aprendizagem que visou conhecer essa mesma realidade.

    Assim, durante o perodo em que me desloquei Unidade de Cuidados Continuados de Miranda do Douro, verifiquei que o estgio foi de encontro s minhas expectativas, e sanou dvidas que continuariam a existir se no conseguisse constat-las e ultrapass-las atravs de vivncias e contacto direto com a dinmica de uma Unidade de Cuidados Continuados de Longa Durao e Manuteno.

  • 10

    Dentro do contexto estgio desenhei e desenvolvi um projeto de estudo que levei a cabo com base em consultas nos processos dos utentes, aps autorizao prvia do Senhor Provedor da Santa Casa da Misericrdia de Miranda do Douro. Com estas consultas percebi como se organizavam os processos individuais dos utentes, compreendi melhor o estado biopsicossocial dos idosos ao momento internados na unidade. Finalmente recolhi dados para a investigao que apresento neste relatrio.

    Com a realizao do estgio pretendi atingir os seguintes objetivos especficos que passo a enumerar:

    Conhecer a RNCCI e caracterizar a Unidade de Cuidados Continuados de Longa Durao e Manuteno de Miranda do Douro, para assim entender o perfil dos utentes internados;

    Integrar a equipa da unidade acompanhando todo o processo de internamento dos utentes, desde o momento da admisso ao processo de alta;

    Contribuir para um crescimento pessoal e profissional; atravs da partilha de conhecimentos e experincias com a equipe de sade;

    Melhorar e desenvolver competncias ao nvel da investigao, por um lado atravs do envolvimento em projetos que o servio estivesse a desenvolver; e por outro atravs da realizao de um trabalho de investigao, que apresento neste relatrio e que teve como objetivos estudar a casustica da unidade, desde a sua abertura at atualidade, e determinar do risco de desenvolvimento de lceras por presso;

    Efetuar uma crtica acerca do estgio realizado e respetiva apresentao da reflexo e medidas de correo. Este relatrio encontra-se estruturado da seguinte forma: inicialmente

    contextualiza o local de estgio ao nvel do espao fsico, da organizao e funcionamento, de acordo com o seu regulamento interno. Estes captulos iniciais (Captulo 1 e Captulo 2) reportam-se descrio da Unidade de modo a dar resposta ao objetivo de conhec-la e caracteriz-la. Numa segunda parte descrevo as competncias desenvolvidas, as atividades realizadas e respetiva anlise crtica. Apresento seguidamente os resultados da investigao sob a forma de artigo cientfico, tal como recomendado pelas normas de elaborao de relatrios de estgio e trabalhos de projetos da ESSa/IPB. Por ltimo apresento as concluses.

  • 11

    1- CONTEXTUALIZAO DO LOCAL DE ESTAGIO

    A RNCCI (Rede Nacional de Cuidados Continuados) foi criada em 2006, com vista a colmatar uma importante lacuna nos cuidados de sade em Portugal.

    Nas sociedades contemporneas, devido em parte entrada da mulher no mercado de trabalho, as redes de entreajuda familiar e relaes intergeracionais alteraram-se profundamente no que diz respeito ao cuidar de pessoas envelhecidas. Paralelamente a esta alterao nas dinmicas familiares a esperana de vida tem vindo a aumentar significativamente nas ltimas dcadas.

    Assim sendo a RNCCI veio criar um elo de ligao e uma estrutura de retaguarda entre os hospitais de agudos e a envolvente familiar; possibilitando ao utente a possibilidade de continuar a receber cuidados de sade com vista recuperao e posterior incluso social e familiar, com melhores nveis da funcionalidade e qualidade de vida.

    A Rede, embora com algumas limitaes, por no se encontrar ainda completamente implantada em todo o territrio nacional, veio trazer terceira idade uma srie de benefcios, pois esta populao especfica apresenta, decorrente do envelhecimento ou de processos patolgicos, muitas limitaes na realizao das suas atividades de vida diria (AVD). Nos idosos possvel verificar uma mudana no perfil das patologias, com peso crescente para as doenas crnicas e degenerativas e tambm observar alteraes na estruturas familiares e nas redes informais de apoio.

    Aps internamento por agudizao de uma patologia degenerativa ou crnica, muitos idosos necessitam, aps alta, de cuidados continuados 24 horas por dia a nvel de enfermagem. As unidades de Cuidados Continuados de Longa Durao e Manuteno oferecem uma grande variedade de servios designadamente consulta e controlo fisitrico peridico, terapia ocupacional, animao sociocultural, servios mdicos presenciais pelo menos uma vez por semana, com reviso semanal do plano teraputico e reviso mensal do plano de manuteno e reabilitao, servios de reabilitao dirios, de ajuda interao entre o utilizador e a famlia, e servios de desenvolvimento de atividades ldico-ocupacionais.

  • 12

    Neste contexto, as unidades de internamento de longa durao e manuteno possuem um conjunto de profissionais qualificados organizados em equipa interdisciplinar nas reas da sade e ao social. A natureza dos cuidados prestados, destinam-se fundamentalmente criao de um ambiente teraputico participativo, seguro e integrativo, com vista manuteno de aptides conducentes conservao/ reabilitao dos melhores nveis possveis de autonomia e independncia. Esta filosofia por mim constatada na unidade onde realizei estgio contrasta com a que subjaz da existente num lar de 3 idade; o tipo de instituio de apoio a idosos em que desenvolvi experincia profissional como enfermeiro.

    Em conformidade com o que foi referido anteriormente, optei pela vertente estgio com trabalho de projeto, e sugeri que o meu local de estgio fosse nesta Unidade a fim de poder desenvolver a minha aprendizagem num contexto iminentemente prtico inteirando-me das instalaes fsicas, dos recursos humanos, do perfil de utentes referenciados e toda a dinmica institucional.

    Esta tipologia de unidades deve apresentar uma estrutura orgnica, conforme o estabelecido pelo Decreto-Lei n. 101/2006, de 06 de Junho de 2006. Nele esto expostas as linhas diretrizes da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, e as reas funcionais das Unidades de Internamento de Longa Durao e Manuteno.

    Entende-se por reas funcionais o conjunto de espaos fsicos, articulados entre si, necessrios realizao de determinadas funes especficas, por forma a possibilitar um funcionamento de qualidade, designadamente, acesso/ recepo, rea de internamento com zona de convvio contgua, reas de prestao de cuidados, nomeadamente, de tratamento e de reabilitao, reas de apoio s reas tcnicas e de convvio, servios de direo e servios tcnicos, reas de apoio geral, instalaes de pessoal.

    Assim sendo passo a descrever o espao fsico que encontrei. Em anexo a este relatrio exponho o da UCCLDMMD, o qual traduz todas as normas, regras, procedimentos e protocolos existentes.

    O servio da Unidade de Cuidados Continuados Santa Maria Maior de Miranda do Douro constitudo por 4 pisos unidos por escadas e um elevador.

  • 13

    No piso 0 existe:

    Uma sala de reunies;

    Armazm de material;

    Sala de retiro espiritual;

    Bar do pessoal;

    Capela;

    No piso 1 existe:

    Dois vestirios de servio;

    Lavandaria;

    Copa;

    Sala de refeies;

    Hall;

    Sala de Fisioterapia;

    Dois armazns em que um serve de dispensa de material de higiene pessoal e outro onde se realiza a esterilizao do material de uso corrente;

    Uma sala de recolha de material de ajudas tcnicas; Gabinete do Animador Sociocultural;

    Sala de depsito de cadveres;

    2 Gabinetes Mdicos;

    2 Casas de banhos de servio;

    1 Sala de sujos.

    No piso 2 existe:

    4 Quartos em que 1 deles privativo e possuindo, todos eles, casa de banho privativa adequada s necessidades especiais dos utentes;

    1 Arquivo morto;

    1 Gabinete do Tcnico de Servio Social;

    1 Sala de reunies;

    1 Biblioteca;

  • 14

    1 Hall de entrada, aonde se encontra a receo da unidade com um administrativo de segunda a sexta;

    2 Casas de banho de servio;

    1 Acesso ao Elevador.

    No piso 3 existe:

    8 Quartos, dos quais 2 so privativos; 2 Gabinetes de Enfermagem;

    1 Sala de banhos;

    1 Sala de tratamento;

    1 Espao para aprovisionamento;

    1 Salo/Refeitrio para aos utentes.

    1.1 - ORGANIZAO A Unidade de Internamento de Longa Durao e Manuteno visa garantir cuidados integrados, individualizados e humanizados de manuteno de aptides e de apoio social.

    A Unidade de Internamento de Longa Durao e Manuteno organiza-se como:

    Servio autnomo, em espao prprio;

    Servio integrado numa estrutura existente, desde que esta garanta as condies necessrias ao desenvolvimento desta tipologia de resposta.

    Para cada doente admitido na Unidade de Internamento de Longa Durao e Manuteno deve ser constitudo um processo que integre os componentes administrativos, sociais e clnicos.

    Relativamente aos componentes administrativos verificamos o seguinte:

    Identificao e residncia do doente;

    Identificao, residncia e telefone de familiar ou outra pessoa a contactar em caso de necessidade;

  • 15

    Identificao da entidade referenciadora;

    Identificao do mdico assistente e respetivos contactos;

    Data de incio e fim da prestao de servios.

    Dentro dos componentes sociais e clnicos encontramos o: diagnstico das necessidades clnicas e sociais, o plano individual de interveno, expressando os cuidados a prestar de acordo com os objetivos a atingir, o registo sistemtico dos cuidados prestados por cada elemento interventor, datado e rubricado e a avaliao semanal e eventual aferio do plano individual de interveno, assim como a nota de alta. . O funcionamento da Unidade de Internamento de Longa Durao e Manuteno processa-se de acordo com regras que se encontram descritas em regulamento interno (que anexamos a este relatrio)

    1.2 - IMPLEMENTAO

    A implementao desta tipologia de unidades est sujeita a uma srie princpios, as quais passo a descrever:

    As Unidades de Internamento de Longa Durao e Manuteno devero situar-se em instalaes prprias, podendo ser considerada a reconverso e adaptao de instalaes j existentes.

    O nmero das Unidade de Internamento de Longa Durao e Manuteno a contratualizar, , em primeira linha, estimado em funo das caractersticas sociodemogrficas da zona de implementao.

    O local para implementao destas Unidades de Internamento de Longa Durao e Manuteno deve obedecer aos seguintes requisitos: ter acessibilidades, ser implantado em zona de boa salubridade, longe de estruturas ou infraestruturas que provoquem rudo, vibraes, cheiros, fumos ou outros poluentes considerados perigosos para a sade pblica e que perturbem, ou interfiram, no quotidiano dos utilizadores, estar inserido na comunidade de modo a permitir a integrao social dos utilizadores.

  • 16

    No que diz respeito avaliao, esta resulta de um processo interno de avaliao sistemtica, devidamente documentado e de um processo externo de avaliao peridica, qualitativa, segundo critrios definidos pela Unidade de Misso para os Cuidados Continuados Integrados (UMCCI).

    1.3- REA GEOGRFICA DE INFLUNCIA DA UNIDADE

    Embora a unidade onde desenvolvemos o nosso estgio possa receber utentes referenciados de outras regies, a rea geogrfica principal qual a mesma d resposta o distrito de Bragana. Importa assim, de forma breve, caracterizar esta regio, para melhor entendermos os utentes no seu contexto e os recursos da comunidade.

    O Distrito de Bragana o quinto mais extenso de Portugal, ocupando uma rea de 6.608 Km2. Situa-se no Nordeste do pas, estando limitado a Norte e a Este pela Espanha (Provncias de Ourense, Zamora e Salamanca), a Sul pelos distritos da Guarda e Viseu e a Oeste pelo distrito de Vila Real. constitudo por doze Concelhos e tem como sede a cidade de Bragana. O distrito pode ser dividido em duas regies distintas: a Norte, as regies de maior altitude constituem a chamada Terra Fria Transmontana, ou Alto Trs-os-Montes. A Sul, fica a Terra Quente Transmontana, de clima mais suave, marcada pelo vale do rio Douro e dos seus afluentes. Em termos de acessibilidades, a rede viria do distrito conta apenas com uma via estruturante, o IP4 (que faz a ligao Porto-Quintanilha atravessando todo o distrito), sendo servido fundamentalmente por estradas nacionais e municipais. Neste momento, aguarda-se a converso do IP4 em autoestrada e a concluso da construo do IP2 e do IC5, que sem dvida renovariam a face do sistema rodovirio do distrito. A regio no dispe de rede ferroviria, aguardando-se a construo da linha de TGV (Comboio de Alta Velocidade) no trajeto Galiza-Madrid, que cruza a regio transfronteiria da Sanbria, a qual tambm pode beneficiar bastante a regio.

    Segundo um documento do Ministrio da Sade, por ns consultado, prev-se que cerca de 11 a 15% da populao com mais de 65 anos de uma qualquer rea

  • 17

    geogrfica ter necessidades de cuidados continuados de sade (Ministrio da Sade, 2007).

    Segundo os dados preliminares dos Censos 2011 habitam no distrito cerca de 136459 pessoas, tendo a regio perdido populao relativamente aos Censos anteriores. Especificamente para o Concelho de Miranda do Douro nele habitam 7482 pessoas, maioritariamente mulheres (N=3810), sem qualquer grau de instruo (N= 810) ou possuindo apenas o 1 Ciclo (N=2265). Segundo o mesmo relatrio a populao idosa (com 65 anos ou mais) aumentou cerca de 19,4% no territrio nacional (Instituto Nacional de Estatstica, 2011).

  • 18

    2 - REGULAMENTO INTERNO DA UCCMD

    As UCCI regem-se por normas prprias e adequadas a cada tipologia de unidade, no esquecendo a sua localizao, a sua populao alvo e a estrutura fsica. Na instituio onde realizamos o estgio existe um Regulamento Interno, pelo que achamos importante incluir o mesmo neste trabalho, uma vez que este documento reveste-se de capital importncia, na medida que com base nele que so estabelecidas as rotinas, direitos e deveres dos profissionais dentro da instituio, levando a que haja uma uniformidade na prestao de cuidados.

    Apresento em anexo a este relatrio o Regulamento Interno da Unidade. Ao longo do estgio pude constatar que o regulamento era cumprido pelos

    profissionais da instituio tanto a nvel de recursos humanos, horrios, assim como na prestao de cuidados. Verifiquei tambm que a unidade se encontra bem situada geograficamente, com bons acessos, possuindo amplas instalaes, equipadas com tudo o necessrio para o correto funcionamento da instituio.

  • 19

    3 ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS

    Neste captulo descrevemos as atividades realizadas de acordo com o projeto de estgio elaborado previamente ao incio do mesmo e tendo em conta os objetivos inicialmente propostos.

    Comeo por descrever a integrao na equipa de sade, caraterizo a populao de utentes da unidade, descrevo as reunies da equipe interdisciplinar e dou a conhecer as oportunidades que surgiram ao nvel da formao.

    3.1 - INTEGRAO NA EQUIPA DE ENFERMAGEM

    Neste subcaptulo descrevo a maneira como se desenrolou o processo e integrao na equipe de sade, de forma a dar resposta a um dos objetivos por mim inicialmente propostos.

    No primeiro dia do estgio foi-me feita uma visita guiada, por parte da senhora enfermeira responsvel, e fui sendo apresentado a todos colaboradores da instituio, os quais se viriam a tornar verdadeiros agentes de integrao e aprendizagem ao longo do estgio. O processo de integrao na equipe de trabalho foi excelente, deixando vista um ambiente de colaborao, disponibilidade e, desde logo, propcio participao nas atividades teraputicas desta unidade. Foram-me dadas informaes sobre o seu funcionamento, as rotinas, as teraputicas e atividades que se poderiam realizar com os utentes.

    O processo de integrao na equipa de prestao de cuidados contribuiu para perceber como so acolhidos os utentes; como se realiza a avaliao e identificao dos problemas/necessidades major; quais os procedimentos durante o tratamento e tambm com se prepara, de uma forma personalizada, a alta do utente, em colaborao com a retaguarda familiar.

    Para que o acolhimento seja prximo do ideal cumprido escrupulosamente o seguinte Protocolo de Admisso de Utentes da Unidade de Cuidados Continuados de Longa Durao de Miranda do Douro, o qual passo a descrever:

  • 20

    chegada do utente, devem, sempre que possvel, estar presentes o tcnico de servio social, o enfermeiro responsvel, e uma auxiliar, para que logo chegada, os utentes e suas famlias, possam ter contacto com a maior diversidade de profissionais que a unidade coloca ao seu dispor. importante tambm promover, o mais cedo possvel, o contacto do utente e famlia com o conjunto de profissionais da unidade (Fisioterapeuta, Terapeuta Ocupacional, Psicloga, Administrativos, etc.).

    O contacto inicial de extrema importncia, no s em termos humanos, mas tambm com vista ao conhecimento do espao fsico das instalaes. pois fundamental haver disponibilidade para mostrar famlia, e sempre que possvel ao utente, as instalaes que estaro ao seu dispor durante a sua estadia na unidade, com objetivo de proporcionar-lhe uma bom acolhimento e integrao.

    A instalao e acomodao do utente no respetivo quarto da responsabilidade do pessoal de enfermagem e auxiliar, que procuraro, neste primeiro contacto realizar uma primeira avaliao dos cuidados que o utente requer.

    Durante o perodo admisso, instalao e acomodao do utente, o tcnico de servio social rene com os familiares recolhendo toda informao que considere necessria e pertinente. D-se incio a um trabalho de preparao da famlia para uma futura alta do utente, seja para o domiclio, seja para uma outra resposta social adequada. Procura-se tambm potenciar a participao da famlia envolvendo-a no processo teraputico.

    Terminado o processo de instalao do utente, a famlia conduzida ao quarto deste concedendo-lhes alguns momentos de privacidade, para que em conjunto possam iniciar a adaptao a esta nova realidade.

    Neste primeiro contacto o pessoal de enfermagem recolhe informaes necessrias ao planeamento dos cuidados usando a metodologia cientfica do processo de enfermagem.

    Se o utente no vier acompanhado aquando da admisso, agendada para as 48 horas seguintes uma reunio com o cuidador/responsvel de internamento. So registadas as expectativas para o internamento na UCCI e entregue o guia de acolhimento. O processo de admisso numa unidade da Rede dever verificar-se em observncia preferncia e ao critrio de proximidade da rea de domiclio do utente. A Rede baseia-se no respeito [pelo princpio de] () proximidade da

  • 21

    prestao dos cuidados, atravs da potenciao de servios comunitrios de proximidade (Decreto-Lei n. 101/2006, 6 de Junho).

    Numa forma de dar cumprimento a este pressuposto foram admitidos alguns utentes que necessitavam de cuidados Paliativos e que s vieram para esta instituio por motivos de proximidade da sua residncia.

    Ultrapassados estes procedimentos, considera-se concludo o processo de admisso.

    Este estgio veio proporcionar um conhecimento e crescimento pessoal, na

    perspetiva profissional e tambm na melhor forma de contornar todos os obstculos que surgiram.

    No subcaptulo seguinte caracterizo a populao da unidade nas variveis sociodemogrficas, para melhor compreender o perfil dos utentes e com a finalidade de dar comprimento a um dos objetivos do estgio.

  • 22

    3.2 CARACTERIZAO DA POPULAO DA UNIDADE

    Desde a sua abertura a 2 de dezembro de 2008 at 23 de julho de 2011 estiveram internados na Unidade de Longa Durao e Manuteno de Santa Maria Maior de Miranda do Douro 135 utentes dos quais 73 eram do sexo feminino e 62 do sexo masculino, como podemos visualizar no grfico 1.

    Grfico 1- Sexo dos utentes

    Quanto distribuio dos utentes tendo em conta a idade, conclumos que esta populao apresentava uma mdia de idades inserida na classe etria de 76-85 sendo que corresponde a uma mdia aproximada de 79 anos de idade.

    Grfico 2- Distribuio dos utentes tendo em conta a idade

  • 23

    Quanto distribuio dos utentes de acordo com o estado civil, observamos que a maior percentagem de utentes (44,3%) so vivos. Verificou-se tambm que 41,8% eram casados ou viviam em unio de facto.

    Grfico 3- Utentes distribudos de acordo com o estado civil

    Quanto s qualificaes profissionais verificamos que a maioria dos utentes (94,2%), apresenta baixo nvel de escolaridade. Podemos concluir que a maioria da populao oriunda de zonas rurais o que ajuda a perceber o baixo nvel de qualificao profissional.

    Grfico 4- Representao grfica das qualificaes profissionais dos utentes

  • 24

    No contexto da rea de residncia, verificamos que a maioria dos utentes (53,3%) provm do concelho de Miranda do Douro. Constatamos assim que a Unidade de Cuidados Continuados de Longa Durao uma mais-valia para esta rea geogrfica ao dar respostas a situaes de dependncia que, de outro modo, teriam de ser procuradas em zonas mais longnquas.

    Grfico 5- Utentes distribudos de acordo com a sua rea de residncia

    Apreciando a distribuio dos utentes (Grfico 6), de acordo com a presena de cuidadores informais capazes de lhes prestar cuidados, verificamos que a maioria destes utentes (90,16%) tinham suporte de cuidadores informais.

    Grfico 6- Doentes distribudos de acordo com a presena de cuidadores informais capazes de lhes prestar cuidados

  • 25

    Relativamente tipologia de internamento, verifica-se pelo grfico seguinte, que 80,33% dos utentes foram referenciados para internamento na Unidade de Longa Durao, em contrapartida 19,67% dos utentes foram referenciados para descanso do cuidador.

    Grfico 7- Utentes distribudos segundo as tipologias de internamento "Longa durao" e "Descanso do cuidador"

    Verifica-se (Grfico 8) que aquando da sua admisso 61,48% dos utentes chegam a esta instituio acompanhados por familiar/cuidador.

    Grfico 8- Representao grfica dos resultados encontrados para a questo "Aquando do internamento o utente chegou acompanhado unidade"

  • 26

    Relativamente provenincia dos utentes para a unidade, observa-se que 54,9% dos utentes vm de unidades hospitalares.

    Grfico 9- Provenincia dos utentes internados na unidade

    Relativamente s respostas sociais de destino dos utentes aps a alta, de salientar que 48,4% no obtiveram uma resposta a nvel social nem por parte da rede, mas tambm no regressaram ao domiclio. Sublinhamos contudo o facto de neste conjunto de utentes estarem includos os que faleceram, os que por uma situao de agudizao clnica foram transferidos para um hospital de agudos com internamento prolongado, originando perda de vaga na unidade, e finalmente todos aqueles que conseguiram uma vaga num centro de dia. Da ter-lhe sido atribudo a nomenclatura de no aplicvel.

  • Grfico 10- Utentes distribudos segundo as respostas sociais e os seus destinos

    27

    Utentes distribudos segundo as respostas sociais e os seus destinos aps a alta clnica

    Utentes distribudos segundo as respostas sociais e os seus destinos

  • 28

    3.3 ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS COM OS UTENTES

    Das diversas atividades desenvolvidas ao longo do estgio so de salientar algumas das quais os utentes mais colaboraram.

    Uma das primeiras atividades que procurei dinamizar e incrementar foi o jogo de cartas. Sendo este jogo conhecido pela maioria dos idosos, este facto permitiu estabelecer uma maior relao de proximidade entre eles. Para alm de promover a socializao, com esta atividade pretendia-se tambm trabalhar a memria recente, o raciocnio lgico e a concentrao, ao nvel cognitivo.

    Uma outra atividade que incrementei foi o jogo das cantarinhas. Para alm da aspeto ldico em si esta atividade tinha como principal objetivo trabalhar a flexibilidade articular e a coordenao dos movimentos do membro superior. As cantarinhas um jogo que muito parecido ao Bowling. Tambm apresenta bastantes semelhanas com o fito e o jogo dos paus dois jogos tradicionais nesta zona do nordeste transmontano. Nesta atividade podiam participar todos os idosos internados, quer fossem autnomos, que dependentes para a marcha, j que apenas requerida alguma fora de braos independentemente de outras limitaes fsicas Aps prepararmos o espao fsico na sala de convvio posicionvamos as cantarinhas que serviam como pinos para que cada utente atirasse a bola e tentasse deitar abaixo o maior nmero de elementos. Inicialmente foi um jogo que teve pouca adeso mas com o desenrolar do estgio e das relaes humanas no final todos participavam menos evidentemente, os acamados.

    Abordei cada utente na sua individualidade com o intuito de perceber qual a sua expectativa relativamente s atividades num futuro prximo. Assim sendo constatei que algumas atividades ldicas e de asseio pessoal eram o desejo mais solicitado por parte do utente (pintar as unhas, aparar o bigode, ler o jornal, etc).

    Consegui atravs de entrevistas informais criar uma atividade que consistia no dilogo sobre um tema (ou histria de vida) que a pessoa mais gostasse de abordar, foi uma forma que encontrei para criar empatia suficiente com o utente no sentido de aprender o mximo acerca deles, perceber quais os momentos mais felizes da sua vida e suas expectativas relativamente da unidade. Com esta atividade foi

  • 29

    para mim percetvel que a memria para factos passados est bem mais preservada na maioria dos idosos, do que a memria para factos recentes do dia-a-dia.

    Uma outra atividade incrementada foi desenvolvida tendo em conta alguns materiais disponveis pela terapia ocupacional e recorrendo a outros materiais mais simples e acessveis. Referimo-nos pintura. Esta atividade visou proporcionar ao idoso a possibilidade de se exprimir atravs das artes plsticas e dos trabalhos manuais, teve como principal objetivo trabalhar a perceo e a coordenao motora fina. Assim, aps o lanche encaminhava alguns utentes sala de expresso plstica, onde estes poderiam realizar vrias atividades nomeadamente, pinturas, trabalhos manuais, visionar alguns filmes, atividades estas que se podiam estender at hora do jantar.

    A partir de certa altura, quando as condies climatricas o permitiam, em conjunto com a fisioterapeuta e o profissional de enfermagem da unidade, realizmos uma atividade que por todos os utentes foi bem aceite: as caminhadas. Aps o pequeno-almoo dirigimo-nos com eles at ao largo em frente ao edifcio da unidade num percurso que respeitava a segurana, a tolerncia ao esforo e o estado dos utentes. Estes encontravam sempre algum conhecido que os abordava, falando sobre a sua aldeia, famlia e amigos, o que contribua para a estimulao cognitiva do utente.

    3.4 REUNIES INTERDISCIPLINARES

    Um dos pressupostos legislados para a RNCCI como forma orientadora para a realizao e elaborao dos objetivos de interveno teraputica, o Plano Individual de Interveno. Na definio do Plano de Interveno, preconizado pela equipa multidisciplinar, so definidos objetivos realistas, mensurveis e com prazos curtos para os problemas apresentados.

    Durante o meu estgio, foi-me dada a possibilidade de assistir s reunies interdisciplinares. Durante este perodo pelo menos duas vezes por ms foram realizadas nesta Unidade reunies em que a todos os colaboradores foram pedidas medidas de interveno adequadas ao utente que no momento estava a ser avaliado, com o respetivo objetivo a atingir, e qual o seu perodo de ao. Seguidamente foi comunicado qual o profissional incumbido para ser o gestor de caso.

  • 30

    Esporadicamente surgiam situaes clinicas e familiares complicadas, nestas situaes eram discutidos quais os procedimentos eticamente mais corretos e menos malficos para o utente/famlia, ficando desde logo bem clarificados.

    A nvel de enfermagem os planos de cuidados e respetivos objetivos eram reavaliados, em que o seu gestor de caso esclarecia a atual situao do utente, mediante isto todo o processo era reformulado de acordo com as novas necessidades, se existentes.

    Pude constatar de que em todo o processo que envolvia o utente, o gestor de caso foi um profissional indispensvel, na medida em que conseguiu fomentar a comunicao e facilitar o desenrolar do plano de interveno. Este profissional tambm tinha como misso a atualizao em tempo real no aplicativo informtico disponibilizado pela RNCCI, para a respetiva atualizao, alguma intercorrncia que possa ter surgido e todas as intervenes que sofreram alteraes.

    O registo mdico era atualizado e registada qualquer alterao, sendo tambm preparadas as propostas para a alta ou transferncia do utente mediante a sua situao. Se o doente teve uma recuperao significativa poderia beneficiar de uma Unidade de Mdia durao, ou ento j no necessita de cuidados de enfermagem 24 horas por dia e assim sendo juntamente com o cuidador j poderia regressar ao seu domiclio.

    3.5 - FORMAES PROMOVIDAS INTRA E EXTRA UNIDADE

    Nesta instituio e neste perodo surgiram grandes oportunidades no mbito da formao contnua em servio.

    Com efeito colaborei como formador numa ao de formao subordinada ao tema Sndrome de Burnout. Apresento em anexo a este trabalho o planeamento dessa sesso de formao com os objetivos delineados, os contedos especficos abordados a as metodologias utilizadas.

    A nvel extra-unidade tambm contribumos em duas ocasies: Fomos co-autores de um poster apresentado ao I Congresso de Cuidados Continuados em Freixo de Espada Cinta subordinado ao tema : Incidncia de Infees no perodo de 01/10/2009 a 31/03/2010 na Unidade de Cuidados Continuados de Longa Durao e Manuteno de Miranda do Douro.

  • 31

    Colabormos ainda na organizao das I Jornadas de Portas Abertas da Unidade de Cuidados Continuados de Longa Durao e Manuteno de Miranda do Douro, sesso de esclarecimento aberto comunidade que se realizou no dia 3 de Junho de 2011 no Auditrio Municipal de Miranda do Douro.

  • 32

    3.6 PROJETO DE ESTUDO

    Dando comprimento a um dos objetivos, este estgio permitiu a execuo de um projeto de investigao, o qual passo a apresentar, em formato de artigo cientfico, conforme recomendado pelo regulamento de estgios da ESSa/IPB. ____________________________________________________________________

    Caracterizao dos utentes e avaliao do risco de desenvolvimento de lceras por presso, numa unidade de cuidados continuados de longa durao e

    manuteno

    Marco Paulo Barata* * Mestrando em Cuidados Continuados ESSa/IPB

    Resumo

    Objetivos: Determinar o risco de desenvolvimento de lceras por presso. Mtodos: Foram estudados 135 utentes internados na Unidade de Cuidados Continuados de Miranda do Douro, 73 do sexo feminino e 62 do sexo masculino com uma mdia de idade de 79,54 anos. Foi aplicada a escala de Braden a todos os utentes.

    Resultados: Predomnio de utentes do sexo feminino, 54,1%. Os utentes do estudo apresentam uma idade mdia de 79,54 anos. Em termos de tempo de internamento a mdia encontrada foi de 139,70 dias, estando perfeitamente enquadrados dentro dos dias de internamento estipulados pela legislao que rege esta tipologia de Unidade, (que foi definida por 180 dias no mximo). Concluses: O estudo demonstra que os utentes internados na unidade de Cuidados Continuados de Miranda do Douro apresentam maioritariamente: idades superiores a 79 anos, so do sexo feminino, tm como patologia de base AVC, quase metade tiveram alta como destino e com uma mdia de internamento dentro dos prazos legais. Tais caractersticas associadas s problemticas atuais de dependncia conduzem a um maior risco do aparecimento das lceras de presso (UP), visto que o valor de Braden na admisso do utente naquela Unidade em mdia 13,30 que refere um risco moderado. Palavras-chave: Escala de Braden, lcera de presso, utente.

  • 33

    Abstract

    Objectives: To determine the existence of developing pressure ulcers risk. Methods: It were studied 135 admitted patients to the Continuous Care Unit of Miranda do Douro, 73 of female gender and 62 of male gender, with a mean age of 79.54 years. It was applied the Braden Scale to all patients. Results: Predominance of female patients, 54.1%; patients in study had a mean age of 79.54 years; average length of stay in this unit, was found to be 139.70 days, being this fact perfectly framed with the provided days defined by the governmental law that rules this type of care unit (being 180 days the maximum). Conclusions: The study shows that patients admitted to the Continuous Care unit of Miranda do Douro mostly present: ages over 79 years, belong to the female gender, their main underlying disease is stroke, almost half were discharged within the provided days defined for this kind of care. Such parameters connected to the new physical condition of severe dependence leads to an increasing risk of developing pressure ulcers. This fact is confirmed by the value of Braden scale in the moment of admission, being in this unit, in average terms, of 13.30, referring to a moderate risk. Keywords: Braden Scale, pressure ulcers, patient.

    Introduo

    A lcera por presso uma rea localizada de morte celular que tende a surgir quando o tecido comprimido entre uma proeminncia ssea e uma superfcie dura por um perodo de tempo (Orsted, Ohura, & Harding, 2010).

    lcera de presso pode tambm ser definida como uma rea de dano localizado na pele e estruturas subjacentes devido a presso ou frico e/ou combinao destes (Orsted, Ohura, & Harding, 2010).

    As lceras por presso so leses cutneas que se produzem em consequncia de uma falta de irrigao sangunea da pele que reveste uma salincia ssea, nas zonas em que esta foi pressionada contra uma qualquer superfcie ou objeto rgido,

  • 34

    (cama, cadeira de rodas, um molde, uma tala) durante um certo perodo de tempo. (Orsted, Ohura, & Harding, 2010)

    Outro termo frequentemente usado lceras de decbito. Recomenda-se a adoo do termo lcera de presso, j que o termo decbito refere-se a deitado, mas as lceras de presso podem desenvolver-se em qualquer posio (sentado, de p).

    Nesta tipologia de unidade os utente que a procuram so indivduos com elevados graus de dependncia, com pluripatologias associadas, e por vezes com uma cultura de alimentao bastante.

    Estima-se que a maioria das lceras de presso sejam evitveis atravs da identificao precoce do risco de desenvolvimento das mesmas, j que uma precoce estratificao do risco contribui para a adoo de medidas adequadas e atempadas de preveno. (Rocha, Miranda, & Andrade, 2006). O conhecimento da etiologia e fatores de risco associados ao desenvolvimento de lceras de presso so a chave para o sucesso das estratgias de preveno; o seu registo e caracterizao so fundamentais para a monitorizao adequada dos cuidados prestados aos doentes, uma vez que permitem estabelecer corretamente medidas de tratamento e melhorias nos cuidados aos doentes.

    Para prevenir o aparecimento de UP deve-se proceder a uma observao sistematizada do doente tendo em ateno os fatores de risco internos e externos, e a estratificao do risco atravs de instrumentos clinicamente validados.

    Material e mtodos

    Trata-se de um estudo transversal retrospetivo, de natureza quantitativa, com o objetivo de caracterizar a populao de utentes de uma Unidade de Longa Durao em variveis sociodemogrficas e clnicas e avaliar o risco que esses utentes apresentavam para o desenvolvimento de UP. Recolheu-se uma amostra de 135 doentes internados numa Unidade de Cuidados Continuados de Longa Durao desde a sua abertura (dezembro de 2008) at 23 de julho de 2011.

    A amostra em estudo coincide com a populao total, j que no se estabeleceram critrios de incluso.

  • 35

    Os dados recolhidos so de natureza secundria (consulta de registos anteriores em arquivo). Os aspetos ticos foram respeitados na metodologia de colheita de dados. No recolhemos informaes que pudessem identificar positivamente os utentes, como nome ou nmero de processo.

    Para avaliao do risco de UP utilizou-se a Escala de Braden (Bergstrom, Braden, Laguzza, & Holman, 1987).. Tal instrumento permite a previso do risco de desenvolvimento de lceras de presso, mediante a observao, registo e pontuao de seis dimenses presentes no doente (Percepo sensorial, Humidade, Atividade, Mobilidade, Nutrio, Frico e foras de deslizamento). Quanto mais baixa a pontuao, maior ser o potencial para desenvolver uma lcera de presso.

    A Escala de Braden referida pela literatura como tendo uma boa sensibilidade e especificidade para avaliao de doentes em risco de desenvolver lcera (Lyder & Ayello, 2008).

    Resultados

    Como podemos observar na Tabela 1, a populao alvo da investigao compreendeu 135 utentes, dos quais 73 eram mulheres e 62 eram homens.

    Tabela 1- Utentes distribudos por sexo

    N %

    Feminino 73 54,1

    Masculino 62 45,9

    Total 135 100,0

    Na Tabela 2 so expostas as estatsticas descritivas para a varivel idade. Observa-se que as idades dos utentes variaram desde um valora mnimo de 42 anos

  • 36

    at um valor mximo de 100 anos. Relativamente a esta varivel, os utentes apresentavam uma idade mdia muito prxima dos 80 anos. Constata-se atravs da distribuio em percentis que 25% dos utentes do estudo apresentavam mais de 86 anos. Este valor traduz uma populao bastante envelhecida.

    Constatamos que a idade mdia encontrada no nosso estudo (79,5 anos) mais elevada do que a referida nos relatrios da Rede Nacional de Cuidados Continuados. Com efeito, o relatrio de monitorizao do desenvolvimento da atividade da RNCCI at ao final do terceiro trimestre de 2008, apresentou uma mdia de idades de 71,3 anos (Relatrio Anual RNCCI, 2008). Importa contudo mencionar que a Rede presta cuidados a uma percentagem importante de pessoas geralmente mais novas, muitas vezes abaixo dos 50 anos de idade, em unidades de cuidados paliativos, cuja tipologia no existia na unidade onde realizmos o nosso Estgio.

    Tabela 2- Estatsticas descritivas da varivel idade

    Idade N Vlido

    N 135 135 Amplitude 58 Valor mnimo 42 Valor mximo 100 Mdia 79,54 Mediana 81 Desvio padro 10,80 Varincia 116,64 Percentil 25 74 Percentil 50 81 Percentil 75 86

    Abaixo expomos o histograma que obtivemos tendo em considerao a idade dos utentes internados. A representao grfica confirma a leitura realizada a partir das descritivas da varivel, designadamente o valor da mdia e desvio padro. Observamos tambm frequncias absolutas mais elevadas nos grupos etrios a partir dos 70 anos de idade. Este ltimo facto traduz-se numa distribuio assimtrica

  • 37

    esquerda com os valores da mediana a superarem os valores alcanados para a mdia.

    Grfico 11- Histograma obtido para a varivel idade

    Relativamente forma como a mdia de idades dos pacientes varia de acordo com o sexo (Tabela 3), constatamos que as mulheres apresentam uma idade mdia prxima dos 81 anos, enquanto que os homens obtiveram uma mdia prxima dos 78 anos. Estas diferenas observadas nas mdias no so contudo estatisticamente significativas (t=1,831; gl= 133; p= 0,07).

    Tabela 3- Mdias da idade de acordo com o sexo dos participantes

    N Mdia Desvio Padro

    Feminino 73 81,10 10,813

    Masculino 62 77,71 10,579

    Apresentamos na Tabela 4 os resultados estatsticos por ns obtidos para a questo Nmero de dias de internamento. Verificamos a grande amplitude da varivel em anlise. Traduzindo-se como valor mnimo para os dias de internamento foi de apenas um dia; enquanto o valor mximo foi obtido nos 952 dias. Em mdia os doentes permaneceram internados 139 dias; com uma grande variabilidade de

  • 38

    observaes em torno deste valor mdio, como verificamos pelo valor do desvio padro (182 dias).

    Tabela 4- Estatsticas descritivas para a varivel dias de internamento

    Dias de internamento N Vlido N 135 135 Amplitude 951 Valor mnimo 1 Valor mximo 952 Mediana 65 Mdia 139,70 Desvio padro 182,16 Varincia 33183,87

    Na tabela 5 expe-se os motivos de internamento na UCCLDMMD. Em relao aos dados verificamos que estes foram colhidos tendo em conta o diagnstico principal, podendo esse diagnstico coexistir com outros diagnsticos ou problemas secundrios. Verificamos que so referenciados para a unidade essencialmente utentes com doenas vasculares, com grande incidncia para o AVC (em 45,9% dos casos), logo seguido de outras patologias (18,5%) onde inclumos a senilidade e outras doenas degenerativas, as endcrino-metablica como a diabetes mellitus descompensada, os problemas cutneos, com especial incidncia para as lceras de presso etc

    As doenas cardio-respiratrias foram responsveis por 12,6% dos internamentos. As patologias ortopdicas, sobretudo a fratura da anca foram responsveis por 5,2% dos casos de internamento. Finalmente, destacamos as patologias neoplsicas como responsveis por 8,1% dos casos referenciados. Muito embora esta tipologia tradicionalmente no faa parte de unidades com caractersticas semelhantes quela onde decorreu o Estgio; a presena de

  • 39

    profissionais com formao especfica na rea, problemas de proximidade utente/famlia; ajudam a explicar o internamento destes doentes terminais.

    Tabela 5- Patologias subjacentes necessidade de internamento

    N % AVC 62 45,9

    Neoplasia 11 8,1 Ortopdica 7 5,2 Neurolgica 13 9,6 Doenas Cardio-respiratrias 17 12,6 Outras 25 18,5

    Total 135 100,0

    Na tabela seguinte apresentada a casustica da unidade desde a sua entrada em funcionamento, em dezembro de 2008, at data da colheita de dados por ns realizada, para este trabalho, em julho de 2011. Nessa altura estavam internados 21 pacientes, igual ao nmero de leitos que a instituio disponibiliza. No espao temporal aproximado de dois anos passaram pela unidade um total de 135 utentes, observando-se uma taxa de mortalidade de 28,1% durante o perodo em anlise. Foram transferidos (8,1%) ou tiveram alta (48,1%) a maioria dos utentes.

    Tabela 6- Destino dos utentes

    N % Alta 65 48,1

    bitos 38 28,1 Transferncia 11 8,1 Internados data da realizao do estudo 21 15,6

    Total 135 100,0

  • 40

    Para uma melhor compreenso dos dados, estes foram sendo organizados por patologias especficas (Tabela 7). Da sua anlise constatamos que nas patologias neoplsicas a taxa de mortalidade atingiu os 63,6%. As doenas neurolgicas (24,2%) e o Acidente Vascular Cerebral (24,2%) foram responsveis por percentagens significativas de bitos. As patologias onde verificamos menores taxas de mortalidade foram as do foro ortopdico e traumatolgico (14,3%). Podemos concluir atravs destes dados que a populao se encontra envelhecida e fragilizada apresentando patologias crnico-degenerativas associadas a incapacidades funcionais.

    Tabela 7- Taxas de mortalidade por patologia especfica

    Utentes por patologia bitos por patologia Taxas de Mortalidade

    por patologia* N % N % AVC 62 45,9 15 39,5 24,2% Neoplasia 11 8,1 7 18,4 63,6% Ortopdica 7 5,2 1 2,6 14,3% Neurolgica 13 9,6 6 15,8 46,1%

    Cardio-respiratrias 17 12,6 4 10,5 23,5%

    Outras 25 18,5 5 13,2 20,0% Totais 135 100,0 38 100,0

    * Em percentagem e tendo em conta bitos e utentes por cada patologia especfica

    A tabela subsequente apresenta as estatsticas descritivas obtidas relativamente Escala de Braden (Bergstrom, Braden, Laguzza, & Holman, 1987). O valor mdio obtido na Escala de Braden, para os 135 pacientes foi 13,00 (DP = 2,77). Segundo o sexo, foi de 13,66 (DP = 3,02), para pessoas do sexo masculino, e 12,93 (DP = 2,51), para o sexo feminino; sem diferenas de estatsticas significativas entre sexos (p= 0,128).

    Salientamos o facto de 75% dos utentes terem tipo 15 pontos ou menos no referido instrumento. A literatura saliente o facto de scores abaixo de 16 pontos na escala de Braden, indicarem risco de desenvolver lcera de presso.

  • 41

    Tabela 8- Estatsticas descritivas obtidas para a pontuao da Escala de Braden

    Braden (numrico) N vlido N 135 135 Amplitude 14 Valor mnimo 8 Valor mximo 22 Mdia 13,00 Trimdia a 5% 13,11 Desvio padro 2,770 Varincia 7,675 Percentil 25 12 Percentil 50 13 Percentil 75 15

    Na tabela seguinte apresentamos os participantes do estudo distribudos agora de acordo com as categorias de risco de desenvolver lcera de presso, a partir das pontuaes obtidas na Escala de Braden. A tabela ressalta a significativa percentagem de doentes com risco elevado (43,7%) ou moderado (41,5%) para o desenvolvimento de lcera.

    Tabela 9- Classificao dos doentes participantes no estudo segundo a Escala de risco de lcera de presso de Braden

    N % Risco elevado 59 43,7

    Risco moderado 56 41,5 Risco mnimo 6 4,4 Sem risco 14 10,4

    Total 135 100,0

  • 42

    Tabela 10- Anlise descritiva da escala de Braden

    Braden (numrico) N vlido N 135 135 Amplitude 14 Valor mnimo 8 Valor mximo 22 Mdia 13,30 Desvio padro 2,733 Varincia 7,467

    Discusso e concluses

    A avaliao do risco de desenvolvimento de lceras de presso em instituies que prestam cuidados de longa durao e manuteno importante j que permite, a este nvel, planear os cuidados aos utentes, e gerir os equipamentos de preveno de acordo com as mais recentes evidncias e diretrizes cientficas. A literatura tem vindo a destacar o facto das lceras de presso, em doentes internados em instituies cuidadoras de idosos, serem consideradas como um indicador da qualidade de cuidados, e um evento muito prejudicial sade global do utente. Para alm disso as UP representam custos econmicos elevados em sade, e segundo alguns autores ocupam o terceiro lugar em gastos em sade, s ultrapassado pelo tratamento do cancro e cirurgia cardaca (Schoonhoven, et al., 2002).

    A populao alvo deste estudo foram todos os utentes internados na Unidade de Longa Durao e Manuteno de Santa Maria Maior de Miranda do Douro desde a sua abertura at atualidade (Julho de 2011). Para avaliao do risco de desenvolvimento de UP foram utilizados os valores da Escala de Braden de acordo com os registos clnicos dos doentes aquando da admisso na unidade. A referida escala, (desenvolvida na sua verso inicial por Barbara Braden e Nancy Bergstrom) tem vindo a ser frequentemente usada quer na investigao quer na prtica dos cuidados nos ltimos 20 anos. recomendada pela Direo Geral da Sade (DGS) como ferramenta clinicamente validada para avaliao do risco de UP.

  • 43

    Do total de utentes estudados (n=135) constatamos que a maioria (54,1%) pertence ao sexo feminino. Os resultados que encontrmos para a avarivel sexo esto em linha com o esperado j que os censos de 2011 para a populao portuguesa nos mostra um crescimento da populao com idades superiores a 65 anos de idade; e, concretamente, para o concelho de Miranda do Douro, numa populao residente de 7482 indivduos, a mesma fonte refere-nos que cerca de 51% so mulheres.

    As caractersticas inerentes ao processo de envelhecimento e a presena de patologias e dependncia fazem com que as UP ocorram com frequncia na populao geritrica. Relativamente idade salientamos o facto de a idade mdia dos utentes do nosso estudo (79,5 anos) ser mais elevada do que apresentada pelos relatrios da Rede Nacional de Cuidados Continuados (71,3 anos). Uma provvel explicao para esta discrepncia tem a ver com o facto de a rede prestar cuidados a uma percentagem importante de pessoas geralmente mais novas em tipologias que no existem na unidade onde realizmos o nosso Estgio.

    Os resultados mostraram que, em mdia, os doentes permaneceram internados 139 dias; com uma grande variabilidade de observaes em torno deste valor mdio (139182 dias).

    Para a unidade onde realizmos o estudo so referenciados utentes com diversas patologias. Salientamos o Acidente Vascular Cerebral, patologia responsvel por cerca de 46% de todos os internamentos. J que a rede tem como um dos seus principais objetivos a prestao de cuidados a pessoas que se encontrem numa situao de dependncia, estes resultados esto em linha com o esperado j que o AVC uma patologia incapacitante restringindo a capacidade de realizao de atividades de vida diria, com limitao que se expressam aos nveis motor, sensitivo e sensorial.

    A RNCCI publica regularmente estudos que ajudam a perceber os resultados que encontramos, na medida em que destacam a patologia cardiovascular, em particular a doena cerebral aguda mal definida (AVC) como a patologia mais prevalente no maior nmero de utentes referenciados. Foi verificado que o Acidente Vascular Cerebral foi responsvel por 32% das causas de entrada na Rede durante o

  • 44

    primeiro semestre de 2008 (Relatrio 1 Semestre 2008 RNCCI, 2008); atingindo valores de 42% no final do ano em anlise (Relatrio Anual RNCCI, 2008).

    Em aproximadamente dois anos, espao temporal deste estudo, ingressaram na unidade 135 utentes. Observmos uma taxa de mortalidade na ordem dos 28%, mas uma percentagem muito significativa de utentes (48,1%) teve alta da unidade.

    O risco de desenvolvimento de UP, foi avaliado atravs da escala de risco de Braden. No processo de aplicao de uma escala de risco deve-se assegurar que os profissionais dispem de conhecimentos, competncias, tempo e recursos materiais de modo a atuar adequadamente (Furtado, Flanagan, & Pina, 2001). nossa opinio que a equipe de enfermagem da unidade onde o estudo foi desenvolvido tem muita experincia na aplicao deste instrumento especfico, j que o mesmo uma ferramenta de trabalho usada com muita frequncia na prtica clnica.

    Obtivemos um valor mdio de 13 pontos (DP = 2,77 pontos) para a Escala de Braden, sem diferenas de estatsticas significativas entre sexos. Tendo em conta os valores de corte para a escala. A literatura saliente o facto de scores abaixo de 16 pontos na escala de Braden, indicarem risco de desenvolver lcera de presso. Um estudo realizado nos finais da dcada de setenta, encontrou uma prevalncia de 38% de lceras, em pacientes admitidos numa unidade de reabilitao e que apresentavam pontuaes inferiores a 16 pontos na Escala de Braden (Pieper & Weiland, 1997).

    Encontrmos 43,7% de utentes com risco elevado de desenvolver UP. Para o risco moderado obtivemos uma percentagem de 41,5%. Por outro lado, no apresentavam risco de UP apenas 10,4 dos utentes da amostra. Conclumos que avaliao do risco de desenvolver lceras por presso uma componente chave da preveno em utentes internados em cuidados continuados. A avaliao permite identificar utentes mais suscetveis ao desenvolvimento deste tipo de feridas, e adequar os cuidados s necessidades particulares desses utentes.

    Nos utentes com risco moderado e alto de desenvolver UP, e segundo a maioria dos fluxogramas de medidas de preveno, deve realizar-se inspeo diria da pele em reas de alto risco; correo dos fatores de risco; reposicionamentos no leito no mnimo de 2 em 2 horas, mobilizaes e levantes precoces e reposicionamentos na cadeira.

  • 45

    4 - REFLEXO CRTICA

    Embora a minha experiencia profissional no seja muito vasta, no me foi difcil reconhecer que a UCCMD uma instituio muito diferente do lar de idosos onde desenvolvi a minha prtica profissional. A unidades de longa durao foram criadas com o objetivo de proporcional melhor qualidade de vida a indivduos com limitaes da funcionalidade e modo a manter e/ou recuperar a independncia para a realizao das AVD Apercebi-me que no so tratados como velhos mas como seres humanos que esto longe de quem gostariam mas no os pode cuidar.

    de salientar que estas Unidades tm como misso assegurar um conjunto de cuidados de sade e/ou apoio social, promovendo a autonomia e melhorando a funcionalidade da pessoa em situao de dependncia, atravs de um processo ativo e contnuo de reabilitao, readaptao e reinsero familiar e social, prestando mais e melhores cuidados de sade, em tempo til, humanizados e numa perspetiva de solidariedade social.

    O enfermeiro inserido profissionalmente numa instituio de apoio a idosos tem responsabilidades na preveno da doena e promoo e restabelecimento da sade dos utentes.

    Assim sendo temos um papel importante, exercendo funes aos nveis:

    Da formao das ajudantes e dos prprios utentes; Da organizao no que se refere rea da sade:

    Da gesto de stocks de matria de consumo clinico e farmacolgico;

    Da articulao/encaminhamento com outros tcnicos intra e extra

    instituio;

    Do apoio e esclarecimento de dvidas aos doentes, seus familiares e amigos;

    Da realizao das tcnicas inerentes prpria profisso. Como anteriormente referido, outro dos nossos papis, relaciona-se com a

    formao das ajudantes de lar. So estas profissionais quem mais tempo passa junto dos utentes, prestando-lhes cuidados, como os de higiene e conforto. Assim, cabe ao enfermeiro facultar-lhes formao a diversos nveis (individualizada, em grupo, e/ou

  • 46

    em contexto de trabalho) de forma a uma prestao de cuidados de qualidade, os quais trazem grandes benefcios para o bem-estar de quem cuidamos mas o papel que desempenhamos na relao com o prprio utente o que mais nos satisfaz profissional e pessoalmente.

    Embora numa unidade de Cuidados Continuados se faa o que se faz num lar de terceira idade, as intervenes vo mais alm: tentando fazer com que o utente se sinta como se estive-se no seu habitat rodeado de tudo aquilo que necessita e gosta.

    Nesta instituio o enfermeiro para alm de todas as responsabilidades profissionais tambm tem a seu cargo por vezes situaes difceis e urgentes para decidir, como por exemplo uma extubao nasogstrica, neste caso o enfermeiro tenta antes de tudo que o utente tolere a alimentao e tem a rdua tarefa de decidir se entuba ou no, se o utente assim realmente queria uma vez que ainda na prtica no existe testamento vital.

    Este tipo de situao num lar no acontece pois a autonomia do enfermeiro est bastante mais limitada. Numa grande parte dos cuidados vital que os enfermeiros possam gerir a avaliao, planeamento, implementao e avaliao deste cuidado. Isso ir garantir que ele realizado com um padro adequado e que qualquer alterao na condio de um paciente notada e posta em prtica. Isso faz parte da enfermagem e define o dever para o qual todos ns somos responsveis seria mais fcil se a equipe em todos os nveis compartilha-se o mesmo conceito do que ser um enfermeiro.

  • 47

    5 CONCLUSO

    Com este relatrio pretendi apresentar de forma sistematizada as vivncias experienciadas ao logo do estgio que realizei numa unidade de cuidados continuados de longa durao. Ao longo do estgio penso ter atingido a maioria dos objetivos inicialmente propostos. Neste relatrio descrevo a unidade e o modo como decorreu a integrao na equipe de sade, dando assim comprimento a um dos objetivos iniciais. Descrevo ainda os procedimentos na admisso dos utentes, os principais objetivos durante o processo de internamento e a preparao para a alta.

    Tive oportunidade de me envolver em projetos que a unidade estava a desenvolver e descrevi-os ao longo do texto, apresento ainda investigao pessoal relativa casustica do servio, desde o momento da sua abertura (em dezembro de 2008) at atualidade (julho de 2011). Dando igualmente comprimento a um dos objetivos iniciais dou a conhecer investigao realizada na temtica Avaliao do risco de desenvolvimento de lceras de presso que incidiu tambm sobre a populao total de utentes que foram referenciados para a unidade e que nela estiveram internados. Para a elaborao deste trabalho, foi necessrio recolher vrias informaes, tanto atravs de pesquisa bibliogrfica como recolha de dados existentes no arquivo da unidade. Neste processo contei com a colaborao da equipe de sade.

    Perante a anlise dos dados, torna-se relevante a elaborao de uma sntese das principais concluses:

    A amostra em estudo foi constituda por 135 utentes, 54,1% do sexo feminino e 45,9% do sexo masculino.

    As idades dos utentes variaram entre os 76 e 85 anos de idade, o que nos traduz numa mdia aproximada a 80 anos.

    A maioria dos utentes possua um baixo nvel de escolaridade.

    Verificmos que 73% possuem baixa qualificao profissional.

    Relativamente residncia conclumos que 53% so oriundos do concelho Miranda do Douro.

    Constata-se que a maioria dos utentes tem suporte familiar versus cuidador.

  • 48

    Relativamente provenincia, conclumos que 54,9% vm de una unidade hospitalar de agudos.

    Neste tipo de unidade o mximo de dias de internamento est legislado para 180 dias. Na unidade onde decorreu o estgio essa mdia ficou nos 140 dias, cumprindo assim a legislao em vigor.

    No que diz respeito sua referenciao 80,3% vm para Longa Durao.

    No que se refere aos resultados segundo a escala de Braden 46,7% so admitidos com risco moderado de aparecimento das lceras de presso.

    No que diz respeito s patologias apresentadas, a mais prevalente (45,9%) foi o AVC.

    Das restantes patologias, encontrmos 12,6% de utentes com Doenas Cardiorrespiratrias, 9,6% com Neurolgicas e 5,2% com Ortopdicas.

    de salientar que nesta tipologia de Unidade apaream 11 casos 8,1% de Neoplasias, que foram referenciadas por motivos de proximidade e dessa forma no enviados para uma Unidade de Cuidados Paliativos.

    Relativamente ao estado do internamento num total de 135 utentes, 21 utentes (15,6%) estavam internados a 23 de Julho de 2011.

    Dos restantes 65 utentes tiveram alta 48,1%, 38 faleceram 28,1% e 11 foram transferidos para outro tipo de unidade (8,1%).

    Este estgio veio complementar a fase terica do mestrado que frequentamos, na medida em que tivemos oportunidade de conhecer o funcionamento de uma Unidade de Cuidados Continuados. Finalmente o estgio contribuiu para o crescimento pessoal e profissional, o qual tambm constitua objetivo inicialmente delineado.

  • 49

    6 BIBLIOGRAFIA

    Bergstrom, N., Braden, B., Laguzza, A., & Holman, V. (1987). The Braden Scale for Predicting Pressure Sore Risk. Nursing Research, 204-262.

    Carvalho, E. (2009). Cuidados de Enfermagem na Terceira Idade. I Encontro Psicogeritrico Do Porto (pp. 1-8). Porto: Hospital So Joo.

    Colliere, M. (2003). Cuidar.... A Primeira arte da vida. Loures: Lusocincia.

    Costa, M. (2005). O idoso, a doena e o hospital - O inpacto do internamento hospitalar no Estado Funcional e Psicologico das Pessoas Idosas. loures: Lusocincia.

    Decreto- Lei n 101 de 6 de Junho. Dirio da Repblica n 109, Srie I-A

    Dirio da Republica n 94, 1 Srie. (14 de 05 de 2010). Resoluao do Conselho de Ministros n 37/2010.

    Direo Geral da Sade. (2008). Avaliao do risco para a ulcera de presso - Escala de risco de Braden. Circular Informativa, n35.

    Direo Geral da Sade. (2011). Escala de Braden: verso adulto e pedirtrica (Braden Q) orientao n 17/2011.

    Duque, H. e. (2009). lceras de Presso: Uma abordagem estratgica. Coimbra: formao e sade, Lda.

    Enfermeiros, C. I. (2005). Classificao Internacional para a Prtica de Enfermagem. Genebra: Conselho Internacional dos Enfermeiros.

    Ferreira, P. e. (2007). Risco de desenvolvimento de lceras de Presso: implementao nacional da escala de Braden. Loures: Lusocincia.

    Fortin, M. (2003). O Processo de Investigao - Da Concepo Realizao. Loures: Lusocincia.

    Fortin, M. (2009). Fundamentos e Etapas do Processo de Investigao. loures: Lusocincia.

    Furtado, K. e. (2001). Preveno e Tratamento das lceras de Presso. coimbra: Formasau.

    Furtado, K., Flanagan, M., & Pina, E. (2001). Preveno e Tratamento de lceras. Dossier sinais vitais N5.

  • 50

    Gouveia, J., & Miguns, C. (2009). Impresso um Instrumento para a Preveno de lceras de Presso. revista Nursing N 245.

    Helena, J. (2002). Humor nos cuidados de Enfermagem. Vivncias de doentes e enfermeiros. Loures: Cidade Solidaria.

    Instituto Nacional de Estatstica. (2011). Censos 2011. Resultados Provisrios (Edio 2011 ed.). Lisboa.

    Lyder, C., & Ayello, E. (2008). Pressure Ulcers: A Patient Safety Issue. In R. Hughes, Patient Safety and Quality: An Evidence-Based Handbook for Nurses. Agency for Healthcare Research and Quality (US).

    Ministrio da Sade. (2007). Cuidados Continuados Integrados Nos Cuidados de Sade Primrios. Carteira de Servios. (M. d. Sade, Ed.) Obtido em 2 de Maio de 2012, de http://www.mcsp.min-saude.pt/Imgs/content/page_46/Cuidados%20Continuados%20nos%20CSP.pdf

    Morrison, M. (2004). preveno e Tratamento de lceras de Presso. Loures: Lusocincia.

    Panel, E. P. (1998). Pressure Ulcer Prevention Guidelines. Obtido em 12 de Setembro de 2011, de www.epuap.org/glprevention.html

    Orsted, H., Ohura, T., & Harding, K. (2010). Pressure ulcer prevention. Pressure, shear, friction and microclimate in context. International Review, 1-25.

    Pieper, B., & Weiland, M. (1997). Pressure ulcer prevention within 72 hours of admission in a rehabilitation setting. Ostomy Wound Manage, 43, N 8, 14-25.

    Relatrio 1 Semestre 2008 RNCCI. (2008). Relatrio semestral de monitorizao do desenvolvimento da RNCCI em 2008. Obtido em 25-10-2011, a partir de: http://www.min-saude.pt/NR/rdonlyres/309047D7-97A0-447E-8162-CCC1B8DACF3F/0/RELATORIO_SEMESTRAL_RNCCI_2008.pdf.

    Relatrio Anual RNCCI. (2008). Relatrio de monitorizao do desenvolvimento da actividade da RNCCI em 2008. Obtido em 25-10-2011, a partir de: http://www.min-saude.pt/NR/rdonlyres/74D13AA5-6D60-4207-934B-E83A175E0581/0/RelatorioAnualRNCCI2008130409.pdf.

    Rice, R. (2004). Prtica de Enfermagem nos Cuidados Domiciliarios - Conceitos e Aplicaes. Loures: Lusocincia.

    Rocha, J., Miranda, M., & Andrade, M. (2006). Abordagem teraputica das lceras de presso: intervenes baseadas na evidncia. Acta Med Port, 19, 29:38.

  • 51

    Ministrio da Sade. (2008). Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. Obtido em 5 de Setembro de 2011, de http://www.rncci.min-saude.pt/SiteCollectionDocuments/RNCCI_nova_resposta_no_sistema_de_saude_12_12_08.pdf

    Schoonhoven, L., Haalboom, J., Bousema, M., Algra, A., Grobbee, D., & Grypdonck, M. (2002). Prospective cohort study of routine use of risk assessment scales for prediction of pressure ulcers. BMJ, 797-9.

    Squirre, A. (2005). sade e Bem-star para Pessoas Idosas - Fundamentos bsicos para a prtica. Loures: Lusocincia.

    Torra, I., & Joan, E. (1997). Valorar el Riesgo de Presentar Ulceras por Pression: Escala de Braden. Revista de Enfermeria N 224.

  • 52

    ANEXOS

  • 53

    ANEXO 1- Autorizaes

  • 54

  • 55

    ANEXO 2- Plano de ao de formao

  • 56

  • 57

  • 58

    ANEXO 3- Participao na organizao de jornadas

  • 59

  • 60

  • 61

    ANEXO 4- Cronograma de atividades

  • 62

    CRONOGRAMA

    Actividades 2011 Fev Maro Abril Maio Junho Julho

    Caracterizar a populaao de utentes que entraram na Unidade de Cuidados Continuados de Longa Durao e Manuteno de Miranda do Douro, ate data da entrada no estgio e a populao actual ao longo da durao do mesmo.

    Integrar a equipa desta unidade acompanhando todo o processo no momento da admisso, acompanhamento e encaminhamento da alta e sua famlia

    Contribuir para um crescimento pessoal e profissional com toda a equipa integrante nos cuidados atravs da ligao das Unidades de Cuidados de Sade Primrios com as Unidades de Cuidados Continuados neste caso a de Miranda do Douro.

    Realizar um projecto de investigao atraves da analise das escalas e Barthel entrada e saida do utente para uma melhor compreenso da importancia da reabilitao nestes utentes.

    Efectuar uma crtica acerca do estgio realizado e respectiva apresentao da reflexo e medidas de correco

  • 63

    ANEXO 5- Regulamento interno da Unidade de Longa Durao e Manuteno

  • 64

    Denominao A Unidade de Cuidados Continuados Integrados da Santa Casa da

    Misericrdia de Longa Durao (UCCI) um estabelecimento integrado na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (Rede) e exerce a sua atividade em articulao com os outros servios, sectores e organismos que integram a Rede, no mbito do Decreto-Lei n. 101/2006, de 6 de Junho, e do Acordo estabelecido com a Administrao Regional de Sade do Norte, IP (ARSN) e o Centro Distrital de Segurana Social de Bragana (CDSS Bragana).

    A UCCI uma valncia da Santa Casa da Misericrdia de Miranda do Douro e no tem personalidade jurdica autnoma.

    Misso, viso, valores e objetivos A UCCI um estabelecimento do sector social integrado na Rede Nacional

    de Cuidados Continuados Integrados, adiante designada apenas por Rede, que presta cuidados continuados de sade a pessoas que, independentemente da idade, se encontrem em situao de dependncia temporria ou permanente;

    A UCCI tem como objeto fundamental contribuir, numa perspetiva integrada para o processo ativo e contnuo de recuperao e manuteno global dos seus utentes, prestando mais e melhores cuidados de sade, em tempo til, com humanidade e numa perspetiva de solidariedade social, de harmonia com o esprito tradicional constante do Compromisso da Misericrdia.

    A UCCI observa, no desenvolvimento da sua atividade e administrao, os seguintes princpios e valores:

    Da humanizao dos cuidados garantia do respeito pela dignidade humana, nomeadamente no que concerne ao direito dos utentes sua privacidade, confidencialidade

    Expondo agora o guia de acolhimento existente e exposto na recepo para esclarecimento e conhecimento de todos em que consta o seguinte: da informao clnica, preservao da sua identidade, no discriminao e ao cabal esclarecimento dos utentes sobre a sua situao de sade, para que possam decidir de forma livre e consciente sobre a concretizao do que lhes proposto;

  • 65

    Da tica assistencial observncia dos valores ticos e deontolgicos que enquadram o exerccio da atividade dos diferentes grupos profissionais;

    Da qualidade e eficincia articula o objetivo de elevado nvel de qualidade e racionalidade tcnica com a promoo da racionalidade econmica e da eficincia;

    Do envolvimento da famlia facilita, incentiva e apoia a participao da famlia, elemento determinante da relao humanizada, na definio e desenvolvimento do plano individual de cuidados do utente;

    Da continuidade e proximidade de cuidados resposta s necessidades de cuidados numa perspetiva articulada de interveno em Rede, mantendo, sempre que possvel, os utentes dentro do seu enquadramento social e comunitrio;

    Do rigor e transparncia relacionamento rigoroso e transparente com todos os interlocutores, consolidando assim a credibilidade institucional;

    Da responsabilizao promoo de uma cultura de responsabilizao, comprometendo dirigentes, profissionais de sade e demais colaboradores que desempenhem funes na UCCI, no sentido de um escrupuloso cumprimento das normas, regras e procedimentos definidos;

    Da multidisciplinaridade e interdisciplinaridade assuno do trabalho de equipa como um dos pilares fundamentais para a melhoria contnua da qualidade e obteno de ganhos em sade.

    rgo e estrutura em geral Enumerao e natureza dos rgos

    A UCCI tem como rgos um Conselho Diretivo e um Conselho Tcnico.

    Pessoal dirigente Os titulares dos rgos da UCCI so nomeados e destitudos, nos termos

    gerais, pela Mesa Administrativa da Misericrdia.

  • 66

    Conselho diretivo O Conselho Diretivo constitudo obrigatoriamente pelo Provedor, ou algum

    elemento nomeado por este, pelo Diretor Tcnico e Diretor Clnico. No caso de o Diretor Tcnico acumular com o Diretor Clnico, haver lugar

    nomeao de um terceiro elemento, preferencialmente o responsvel da rea de Enfermagem ou rea Social.

    Competncias e responsabilidades do Concelho diretivo Compete ao Conselho Diretivo assegurar a gesto das atividades da UCCI na

    sua globalidade, sendo responsvel nomeadamente por:

    Fazer cumprir as disposies legais e regulamentares aplicveis, bem como os procedimentos e as orientaes tcnico-normativas emanadas dos servios e entidades competentes;

    Planear, dirigir, coordenar e controlar a atividade dos diversos sectores da UCCI, sem prejuzo das competncias prprias da Mesa Administrativa da Misericrdia;

    Estabelecer uma estreita e permanente articulao entre a UCCI e as Equipas Coordenadoras Local e Regional da Rede, mandatando para o efeito uma equipa que incluir obrigatoriamente pelo menos um dos seus membros;

    Validar as normas de funcionamento da UCCI para posterior aprovao pela Mesa Administrativa da Misericrdia;

    Diligenciar no sentido da elaborao do Guia de Acolhimento ao Utente e criar mecanismos que assegurem a sua entrega a todos utentes ou seus familiares;

    Definir os nveis de responsabilidade de todo o pessoal e respetivas funes;

    Implementar uma poltica de formao contnua para todos os colaboradores da UCCI, diagnosticando periodicamente as necessidades formativas, com vista elaborao de um plano de formao anual e posterior avaliao do seu impacto;

    Definir procedimentos de controlo interno na UCCI;

  • 67

    Zelar pelo efetivo controlo da infeo hospitalar e pela correta gesto de resduos, de acordo com a legislao aplicvel;

    Responsabilizar os diversos sectores da UCCI pelos meios postos sua disposio face aos resultados atingidos;

    Assegurar que os colaboradores se encontram devidamente identificados;

    Exercer as demais competncias que lhe sejam delegadas pela Mesa Administrativa da Misericrdia.

    O Conselho Diretivo responde perante a Mesa Administrativa da Misericrdia pela qualidade dos servios de sade prestados e pela utilizao dos recursos disponibilizados.

    O Conselho Diretivo pode delegar poderes nos seus membros, definindo em ata as condies e limites de tal delegao.

    Diretor tcnico O Diretor Tcnico nomeado pela Mesa Administrativa da Misericrdia, no

    exerccio das suas funes, o Diretor Tcnico pode ser coadjuvado por um adjunto, que o substitua nas suas faltas e impedimentos, devendo a escolha efetuada ser aprovada pela Mesa Administrativa e divulgada internamente na UCCI.

    Competncias e responsabilidades do Diretor Tcnico Ao Diretor tcnico compete, em geral:

    Promover a melhoria contnua dos cuidados e servios prestados, coordenando o planeamento e a avaliao de processos, resultados e satisfao quanto atividade da unidade;

    Estabelecer o modelo de gesto tcnica adequado ao bom funcionamento da unidade;

    Coordenar e prestar superviso aos profissionais da unidade, designadamente atravs da realizao de reunies tcnicas;

    Definir as funes e responsabilidades de cada profissional, bem como as respetivas substituies em caso de ausncia;

    Implementar um programa de formao adequado unidade e facultar o acesso de todos os profissionais frequncia de aes

  • 68

    de formao, inicial e contnua, bem como desenvolver um programa de integrao dos profissionais em incio de funes na unidade.

    Tomar medidas no sentido da admisso de pessoal de enfermagem e do pessoal auxiliar, considerando o interesse institucional;

    Proceder avaliao anual do desempenho do pessoal sob sua direo;

    Promover a formao, atualizao e valorizao pessoal do pessoal auxiliar;

    Assegurar a implementao do plano assistencial definido pela equipa multidisciplinar, para cada um dos utentes;

    Acompanhar e avaliar sistematicamente o exerccio da atividade dos profissionais.

    Diretor Clnico O Diretor Clnico nomeado pela Mesa Administrativa da Misericrdia,

    no que compete ao exerccio das suas funes, o Diretor Clnico pode ser coadjuvado por um adjunto, devendo a escolha efetuada ser aprovada pela Mesa Administrativa e divulgada internamente na UCCI.

    Competncias e responsabilidades do Diretor Clnico Compete, em geral, ao Diretor Clnico:

    Dirigir a ao mdica;

    Coordenar toda a assistncia prestada aos doentes;

    Assegurar o funcionamento harmnico dos servios assistenciais da UCCI;

    Garantir a qualidade, correo e prontido dos cuidados de sade. Cabe, em especial, ao Diretor Clnico:

    Compatibilizar, do ponto de vista tcnico, em articulao com o Enfermeiro Responsvel, os planos de ao apresentados pelas diferentes Unidades envolvidas na prestao de cuidados, com vista sua incluso no Plano de Ao global da UCCI;

  • 69

    Fomentar a ligao, articulao e colaborao entre a ao mdica e a ao de outros profissionais de sade, de forma a maximizar os resultados, atendendo aos recursos disponveis;

    Detetar eventuais pontos de estrangulamento no plano assistencial global da UCCI, propondo, em tempo til, a implementao de medidas corretivas adequadas;

    Resolver os conflitos de natureza tcnica e as dvidas sobre deontologia mdica que lhe sejam presentes;

    Promover os princpios da qualidade tcnica, da eficcia e da eficincia;

    Estabelecer com a equipa multidisciplinar da UCCI o plano assistencial de cada Utente e acompanhar a implementao do mesmo durante o internamento;

    Garantir o registo de toda a informao referente ao Utente no processo clnico individual e a sua disponibilizao no mbito do Acordo.

    Enfermeiro responsvel O Enfermeiro Responsvel nomeado pela Mesa Administrativa da

    Misericrdia. No exerccio das suas funes, o Enfermeiro Responsvel pode ser

    coadjuvado por um adjunto, devendo a escolha efetuada ser aprovada pela Mesa Administrativa e divulgada internamente na UCCI.

    Competncias e responsabilidades do Enfermeiro responsvel Compete, em geral, ao Enfermeiro Responsvel orientar e coordenar a

    atividade dos profissionais da UCCI, garantindo a qualidade dos cuidados prestados. Cabe, em especial, ao Enfermeiro Responsvel tomar todas as medidas

    necessrias no sentido de:

    Compatibilizar, do ponto de vista tcnico, em articulao com a Direo Clnica, os Planos de Ao;

  • 70

    Propor ao Diretor Tcnico a admisso do pessoal de enfermagem e do pessoal auxiliar, considerando o interesse institucional, e participar no processo de recrutamento e seleo;

    Proceder avaliao anual do desempenho do pessoal sob a sua direo;

    Promover a formao, atualizao e valorizao profissional dos Enfermeiros e do pessoal auxiliar;

    Assegurar a implementao do plano assistencial definido pela equipa multidisciplinar para cada um dos utentes;

    Garantir a efetivao do registo de todos os cuidados prestados ao Utente e outra informao relevante;

    Acompanhar e avaliar sistematicamente o exerccio da atividade dos profissionais.

    Conselho tcnico O Conselho Tcnico presidido por um dos seus membros, escolhido por

    cooptao, e tem a seguinte composio:

    Diretor Tcnico;

    Diretor Clnico;

    Enfermeiro Chefe;

    Psiclogo;

    Assistente Social;

    Competncias do Conselho tcnico Compete ao Conselho Tcnico:

    Atuar como rgo consultivo e de interligao entre os diversos servios da UCCI;

    Dar parecer sobre os assuntos que lhe sejam apresentados; Propor aes que visem a melhoria cont