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RELATÓRIO DE ESTÁGIO Curso de Especialização Tecnológica
Acompanhamento de Crianças e Jovens
Ana Jessica Proença da Silva
Escola Superior de Educação Comunicação e Desporto
Instituto Politécnico da Guarda
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
ANA JESSICA PROENÇA DA SILVA
5007905
Relatório para a obtenção do grau do Curso de Especialização
Tecnológica em Acompanhamento de Crianças e Jovens
Setembro 2014
Escola Superior de Educação Comunicação e Desporto
Instituto Politécnico da Guarda
Curso de Especialização Tecnológica de Acompanhamento de Crianças e Jovens
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
Entidade: Hospital Sousa Martins da Guarda
Estagiária: Ana Jessica Proença da Silva
Docente Orientador: Professora Urbana Bolota Cordeiro
Supervisor: Enfermeira Chefe, Elisabete Ferreira
Setembro 2014
Lista de abreviaturas/Siglas
ANT – Associação Nacional dos Tuberculosos
AVC – Acidente Vascular Cerebral
CET – Curso de Especialização Tecnológica
CH – Criança Hospitalizada
EPE – Entidade Pública Empresarial
ESECD – Escola Superior de Educação Comunicação e Desporto
HSM – Hospital Sousa Martins
NEE – Necessidades Educativas especiais
UCI – Unidades de Cuidados Intensivos
UCIP – Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente
ULS – Unidade Local de Saúde
ULSG – Unidade Local de Saúde da Guarda
Dedicatória:
Dedico este trabalho, assim
como, todo o esforço para a sua
realização, a todos aqueles que sem
exceção, contribuíram para a realização
do mesmo, assim como para a minha
construção como Pessoa e como
profissional.
Agradecimentos
A planificação e exequibilidade do presente projeto não teria sido possível sem a
ajuda e colaboração de determinadas pessoas e entidades.
Expresso o meu agradecimento e gratidão:
à minha orientadora de estágio, Urbana Bolota, pela ajuda, apoio,
orientação, amizade, conhecimentos e valores partilhados.
à Enfermeira chefe do serviço de Pediatria, por toda a compreensão, apoio
e ajuda;
às restantes enfermeiras, auxiliares e educadoras do Hospital, que me
ajudaram na integração e apoiaram todas as atividades do projeto,
partilhando comigo saberes e experiências, criando um bom ambiente;
às docentes que ajudaram na realização e orientaram o meu projeto; à
docente Elisabete Brito, pelos conselhos dados, apoio e conhecimentos
transmitidos;
à orientadora de curso, docente Rosa Tracana pela total disponibilidade;
aos docentes de Expressões e Comunicação e Dinâmica de grupos, pelos
conhecimentos e atividades transmitidos na cadeira, que se tornaram úteis
para o presente Projeto;
à docente de Psicologia, Filomena Velho e mais uma vez, à docente
Urbana Bolota pelos conhecimentos transmitidos que ajudaram na
perceção e caracterização do público – alvo;
às colegas que se disponibilizaram para contribuir para enriquecimento do
Projeto, Patrícia Nunes e Andreia Lindeza;
aos acompanhantes das crianças hospitalizadas, pela total colaboração e
amizade perante a estagiária;
a todos os elementos externos ao projeto, destacando a minha família, pelo
apoio, ideias e orientação dadas.
A todos o meu bem-hajam!
1
Índice de ilustrações
Ilustração 1 - Distrito da Guarda ................................................................................ 15
Ilustração 2 - População da Guarda ........................................................................... 15
Ilustração 3 - Sanatório da Guarda ............................................................................ 18
Ilustração 4 - Corredor do serviço de Pediatria ........................................................ 21
Ilustração 5 - Pintura de caixas de ovos ......................................................................... 31
Ilustração 6 – Pintura de um coelho Fonte própria ......................................................... 32
Ilustração 7 - Exemplo de um desenho ........................................................................... 34
Ilustração 8 - Colorir desenhos ....................................................................................... 35
Ilustração 9 - Resultado final das bolas antisstress......................................................... 36
Ilustração 10 - Criança a criar os olhos da bola antisstress ............................................ 36
Ilustração 11 – Aguarela ................................................................................................. 37
Ilustração 12 - Ovelha de cotonetes ................................................................................ 39
Ilustração 13 - Teatro de Fantoches ................................................................................ 40
Ilustração 14 - Palhaça Parafusa e utente ....................................................................... 41
2
Índice Resumo ............................................................................................................................. 4
Introdução ......................................................................................................................... 5
1. Perfil do Técnico de Acompanhamento de Crianças e Jovens ................................. 7
2. Contextualização da problemática .......................................................................... 10
2.1. Teoria do Homúnculo .......................................................................................... 10
2.2. Direitos das crianças / Evolução do conceito ...................................................... 11
2.3. Pediatria ........................................................................................................... 12
2.4. Estágios do Desenvolvimento Cognitivo ......................................................... 14
3. Diagnóstico das necessidades ................................................................................. 15
3.1. Caraterização contextual do concelho ................................................................. 15
4. História do Hospital Sousa Martins ........................................................................ 17
5. Caraterização da instituição .................................................................................... 20
5.1. Infraestruturas ...................................................................................................... 20
5.3. Estado de conservação ..................................................................................... 21
5.4. Objetivos da instituição ................................................................................... 22
5.4.1. Finalidades e valores a transmitir ............................................................. 23
5.5. Recursos humanos da instituição ..................................................................... 24
5.6. Rotina hospitalar .............................................................................................. 24
6. Desenvolvimento do projeto ................................................................................... 26
6.1. Objetivos gerais e específicos.............................................................................. 26
7. Metodologia ............................................................................................................ 28
8. Cronograma das atividades ..................................................................................... 30
8.1. Descrição de cada atividade ............................................................................. 31
9. Planificação das atividades ..................................................................................... 42
9.1. Recursos Humanos, Materiais e Financeiros ................................................... 42
10. Avaliação das Atividades .................................................................................... 43
3
11. Resultados ............................................................................................................ 45
12. Conclusão ............................................................................................................ 46
13. Bibliografia .......................................................................................................... 47
14. Web Grafia .......................................................................................................... 48
Anexos ............................................................................................................................ 50
4
Resumo
O brincar é um direito de qualquer criança, inclusive, daquela que se encontra
internada, por algum tipo de doença, hospitalizada. O ambiente hospitalar, pelas suas
caraterísticas, transforma-se num impedimento para que a criança realize a sua atividade
mais peculiar: o brincar.
O Projeto: “Brincar com a criatividade”, é uma proposta que surgiu, no âmbito da
parceria de estágio da Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto do Instituto
Politécnico da Guarda com o Hospital Sousa Martins da Cidade da Guarda, iniciando-se
atividades a 14 de abril de 2014 e prolongando-se aos restantes meses, até ao seu término.
Nessa perspetiva, carateriza-se o Projeto brincar com a criatividade, ação
implementada em abril de 2014, como iniciativa de humanização hospitalar, que utiliza
o lúdico como recurso terapêutico, visando oferecer materiais de entretenimento e
educativos às crianças internadas, na Pediatria. Este proporciona às mesmas o direito a
brincar e a continuidade do seu desenvolvimento nas áreas física, afetiva, cognitiva,
pessoal e social. Favorece também uma melhoria na sua qualidade de vida, facilitando a
prática de uma equipa multidisciplinar.
O desenvolvimento das atividades propiciou situações de interação entre a
monitora do Projeto e os hospitalizados. As atividades propostas são de natureza
espontânea e permitem que crianças e jovens façam as suas escolhas, tanto de atividades
como jogos e brinquedos que desejam utilizar. Quanto às crianças e jovens efatados a
nível da locomoção, os monitores deslocam-se até aos leitos e proporcionam-lhes
situações e atividades lúdicas que atendam os seus interesses. Além destas, a literatura
infantil, também, é utilizada como um outro recurso viável, dentro do contexto com a
criatividade.
Os resultados alcançados revelam a importância das brincadeiras no ambiente
hospitalar, pois as tarefas desenvolvidas servem de recursos que tornam a permanência
do internado menos penosa. Por outro lado, tornam-se instrumentos que facilitam a cura,
em razão da diminuição do stress, da angústia e da tensão.
Palavras-chave: Criança hospitalizada, Criatividade, Pediatria, atividades.
5
Introdução
O relatório final enquadra-se no Curso de Especialização Tecnológica de
Acompanhamento a Crianças e Jovens, na escola Superior de Educação, Comunicação e
Desporto do Instituto Politécnico da Guarda.
O presente projeto desenvolveu-se na entidade do Hospital Sousa Martins da
cidade da Guarda, na unidade da Pediatria, tendo uma duração de 400 horas, teve inicio
a 14 de abril e terminou a 30 de julho, junto de crianças e jovens entre o primeiro ano de
vida, até aos 18 anos de idade.
O estágio tem como finalidade integrar dois contextos de formação: o espaço –
mundo do trabalho, assim como aplicar a informação às realidades locais, permitindo um
melhor conhecimento destas, visando aperfeiçoar as competências, atitudes e
conhecimentos que facilitam o acesso a uma carreira profissional.
O projeto – Brincar com a criatividade - surgiu através de estudos que salientam
a importância das atividades lúdicas para o desenvolvimento global e para o equilíbrio
emocional da criança hospitalizada.
O referido projeto tem como principal objetivo desenvolver, nas crianças e jovens,
a capacidade de fomentar a criatividade, mas também ajudá-los na separação em relação
às pessoas com as quais possui um vínculo afetivo e também na mudança de espaço físico
– de casa para o hospital, assim como sair da monotonia dos procedimentos terapêuticos
invasivos, dolorosos que causam medo e emoções de sofrimento.
Este projeto tem ainda uma relação de extrema proximidade com as expectativas
profissionais do formando. Toda a experiência que se adquire durante o período de estágio
proporcionará um maior conhecimento e experiência da área, o que tornará mais fácil a
decisão de um caminho a seguir. Mais especificamente em relação ao projeto, este mostra
essencialmente que futuramente gostaria que tivesse atividade profissional ligada com a
área de acompanhamento de crianças e jovens, sobretudo em relação à transmissão de
valores.
A avaliação do projeto será contínua e iniciar-se-á no princípio do estágio, em
abril, efetuando-se até ao seu fim, em julho. Esta avaliação poderá ser efetuada de diversas
formas, dependendo do método adotado pelos enfermeiros e pela monitora de estágio.
6
Todas as atividades serão bem avaliadas pela formanda, através de relatórios e matrizes
de observação.
Na primeira fase do meu projeto incidirei numa contextualização da problemática,
uma caracterização das crianças hospitalizadas. Na segunda fase, procederei com o
diagnóstico das necessidades, que consiste em caraterizar a instituição e a região onde se
encontra, além de caraterizar o respetivo público-alvo, efetuando uma hierarquização de
necessidades, pois só assim, se conseguirá um diagnóstico correto, de forma a criar e
desenvolver um bom projeto. Na terceira fase, realizarei a planificação do projeto a
desenvolver, e na quarta fase aprofundarei todas as atividades realizadas inserindo os
objetivos gerais e específicos de cada uma, os recursos necessários e a planificação
(calendarização, metodologia).
Por fim, elaborarei uma reflexão pessoal e crítica que incluirá uma avaliação de
todo o trabalho e de como foi desenvolvido, em cada uma das fases do projeto.
Caso se verifiquem alterações, serão feitas neste relatório com as devidas
justificações. Salientarei ainda as expetativas iniciais e os resultados finais, tal como as
novas aprendizagens adquiridas e as experiências, assim como as mais-valias para um
futuro profissional.
Em anexos incluirei as planificações das atividades, os relatórios correspondentes,
os Decretos-Lei, além de outros documentos relevantes.
Legislação: Resolução Nº 41, do Ministério da Justiça e do Conselho Nacional
dos Direitos da Criança e do Adolescente, de 1995.
7
1. Perfil do Técnico de Acompanhamento de Crianças e
Jovens
Segundo este perfil e as competências do nosso CET (ESECD, 2014), o Técnico
especialista em Acompanhamento de Crianças e Jovens é o profissional que, de forma
autónoma, ou integrado numa equipa, orienta, apoia e supervisiona crianças e jovens em
idade escolar, assentando em princípios deontológicos conducentes à valorização da
forma humana, à promoção da educação pessoal e social e à aquisição e desenvolvimento
de competências, salientando os seguintes:
“dominar saberes de natureza científica e práticas facilitadoras de uma
ação profissional integrada e participada;
compreender normas de funcionamento das instituições, com vista a uma
atuação pautada por princípios de rigor, de segurança e de qualidade;
promover e dinamizar, autónoma ou colaborativamente, projetos e
atividades socioeducativos, recreativos e de lazer, devidamente integrados
nas dinâmicas das instituições e dos contextos em que cada um exerce a
sua atividade profissional;
favorecer, nas crianças e nos jovens, a construção de disposições para
aprender e o desenvolvimento de atitudes e hábitos de trabalho, autónomo
e em grupo;
promover interações e relações de respeito mútuo com todos os membros
da instituição e com as famílias, nomeadamente no âmbito dos projetos de
vida e de formação de crianças e jovens;
manifestar capacidade relacional, de comunicação e de equilíbrio
emocional, promovendo um clima de convivência democrática;
assumir uma dimensão cívica e formativa inerente às exigências éticas e
deontológicas da sua atividade profissional;
realizar atividades complementares de ação pedagógica, com vista ao
desenvolvimento integral de grupos e/ou indivíduos;
promover o acompanhamento e a reinserção de crianças e jovens
institucionalizados;
participar em equipas pluridisciplinares que desenvolvam atividades, no
âmbito da Educação para a Saúde;
8
contribuir para uma efetiva comunicação intrainstitucional na relação com
o doente e seus familiares;
realizar atividades complementares de ação terapêutica, tendo em vista o
bem-estar na recuperação e na integração social plena do doente;
desenvolver atividades lúdico-terapêuticas nas Unidades de Saúde,
avaliando e registando a conduta e o desempenho global dos doentes, e
acompanhá-los em visitas de estudo relacionadas com a área ocupacional
e saídas de socialização.”
Podemos então dividir o seu perfil em quatro áreas, o técnico como pessoa, como
profissional, perante o trabalho e o técnico perante as pessoas:
“O Técnico como pessoa deve ter diversas caraterísticas: ser simples
(livre de preconceitos), auto consciente, confiante, alegre, corajoso,
sensato, humilde, simpático, exemplar, solidário, digno, equilibrado,
realista, ágil, paciente e compreensivo;
como profissional deve ser mediador, flexível, dialogante, negociador,
líder democrático, dinâmico, sociável, responsável, cumpridor,
empenhado, saber trabalhar em equipa, inovador e criativo;
perante o trabalho deve ser persistente (não deve recuar ao primeiro
problema); prudente (evitar atitudes precipitadas); facilitador
(mobilizador e optimizador de recursos, potencialidades e iniciador de
processos sociais); deve ter uma formação adequada (deve dominar as
técnicas necessárias a todas as fases que compõem o projeto: diagnóstico,
planificação, execução e avaliação), deve saber estar atento (bom
observador da realidade, saber diagnosticar as situações individuais,
familiares, grupais, sociais, comunitárias e institucionais), tem de ser
capaz de organizar e gerir, ser imparcial e abstrato, bem como deve estar
ciente da responsabilidade que é estar ao serviço dos outros;
perante o seu Público-alvo um Técnico de Apoio Psicossocial deve
promover a participação ativa, cívica e democrática de pessoas e grupos
rumo ao desenvolvimento pessoal e das comunidades; conhecer os
sujeitos e a sua realidade; criar e descobrir valores nos sujeitos; estimular
o grupo, conduzindo-o à sua autonomia e maturidade; o seu estilo deve
basear-se na cooperação e na igualdade, no respeitar o grupo e no ser
9
tolerante com as diferentes formas de pensar, sentir e agir. Deve saber
impulsionar a criatividade e a curiosidade para levar o grupo à
autoformação; estar próximo das pessoas e integrá-las; Consciencializar
o grupo de seu valor e potencialidades e tornar o grupo: lúcido, criativo,
objetivos, crítico, tolerante, ativo e aberto.“ ESECD; 2014
10
2. Contextualização da problemática
O público-alvo junto do qual se desenvolve o projeto é constituído por crianças
dos 1 aos 18 anos de idade. Para caraterizar esta faixa etária será de máxima importância
recorrer a determinados aspetos, segundo alguns autores. Também será feita uma
pesquisa sobre as crianças hospitalizadas, para assim saber como lidar e trabalhar com as
suas caraterísticas especiais e poder lutar pelos seus direitos e pelo seu bem estar físico e
emocional.
2.1. Teoria do Homúnculo
Em primeiro lugar, salienta-se a questão da evolução do conceito de criança. A
ideia de infância surge tardiamente e varia com o tempo, o espaço e a cultura.
Antigamente, até ao séc. XVIII, a ideia de infância não existia. Mais tarde, a
infância era uma fase da vida à qual não se dava grande importância, acabava por ser um
período de transição para a idade adulta que era realmente proveitosa.
A maioria das crianças não frequentava a escola, e as que o faziam tinham que
conciliá-la com o trabalho, no campo junto dos pais. Além disso, o ensino não era
valorizado, sendo as crianças consideradas “adultos em miniatura”, já que o seu trabalho
era fazer o que os adultos faziam, assim sendo, estamos perante a Teoria do Homúnculo
(1785), existente desde o séc. XII, na qual Jean Jacques Rousseau, abandonou a teoria,
no séc. XVIII,
Rousseau, é um marco essencial e chama à atenção para a infância como um
período da vida que é necessário estudar, pois apresenta caraterísticas próprias.
Paralelamente, houve uma grande evolução e muitas alterações verificando-se muitas
mudanças. Em primeiro lugar, existem leis que protegem as crianças de muitas situações,
como o trabalho infantil, e a frequência do ensino é obrigatória. Diversos autores e
psicólogos estudam a infância e delimitam etapas dentro dela, tornando-a, como já
preconiza Rousseau, fase da vida, uma época com caraterísticas muito próprias e bem
delimitadas. Cada fase exige cuidados e atenções específicas, bem como estímulos
diferentes. Assim sendo, ao contrário de antigamente, a infância exige brincadeira,
aprendizagem e sobretudo inocência e divertimento.
11
2.2. Direitos das crianças / Evolução do conceito
Tal como evoluiu o conceito de criança, os seus direitos também evoluíram, ao
longo do tempo. A questão dos direitos e proteção das crianças é ainda muito recente.
Apenas em 1924, se tornou uma preocupação pública, quando se enunciou a Declaração
de Genébra sobre os Direitos da Criança, reconhecendo a importância da cooperação
internacional para a melhoria das condições de vida das crianças em todos os países, em
particular nos em vias de desenvolvimento.
Faziam parte integral da declaração quatro artigos, que abordam em geral o direito
à não discriminação, à proteção pelos pais e por entidades sociais que estejam a cargo de
crianças, bem como o dever do Estado de fazer com que estas exigências sejam
cumpridas.
Alguns anos depois, este assunto voltou a tornar-se uma prioridade no seio da
Organização das Nações Unidas, quando sentiram a necessidade de, em 1959, adotarem
a Declaração dos Direitos da Criança, tendo como objetivos maioritários salvaguardar os
interesses das crianças de todo o mundo. Esta estava agora mais completa, contendo mais
seis artigos, que acrescentam o direito a terem oportunidades e facilidades que facultem
o seu desenvolvimento, direito a ter um nome e uma nacionalidade, direito à saúde e a
cuidados especiais, no caso de deficiência, direito à educação e à proteção contra a
negligência e outras formas de maus-tratos.
Nos anos seguintes, notou-se com mais afinco que as crianças eram um grupo
muito vulnerável, pela falta de maturidade física e intelectual, e que precisavam de estar
protegidas por leis antes e depois de nascerem. Surgiu então a Convenção dos Direitos da
Criança, em 1989, sendo este o documento mais aceite, no que diz respeito a direitos
humanos, sendo assinado por 192 países. Portugal ratificou a Convenção, em 21 de
Setembro de 1990. Convenção dos Direitos da Criança (1989)
A Convenção assenta em quatro pilares fundamentais que estão relacionados com
todos os outros direitos das crianças, e contém 54 artigos, que podem ser divididos em
quatro categorias de direitos: o direito à sobrevivência (ex. o direito a cuidados
adequados), o direito relativo ao desenvolvimento (ex. o direito à educação), o direito à
proteção (ex. o direito de ser protegida contra a exploração) e o direito de participação
(ex. o direito de exprimir a sua própria opinião).
12
Finalizando, pode inferir-se que para que todos estes direitos sejam cumpridos
deve haver um esforço mútuo e cooperação entre todos os países.
2.3. Pediatria
Em relação ao serviço de Pediatria, este também refere direitos, em relação às
crianças hospitalizadas, criados pela rede internacional dos Hospitais Promotores de
Saúde. Regulamento ULSG (2008)
Neste âmbito, a Convenção sobre os Direitos da Criança enuncia um quadro de
normas e princípios cívicos, políticos, económicos, sociais e culturais. Os direitos devem
ser protegidos, respeitados e cumpridos por todos os Estados Membros que a tenham
ratificado.
As crianças são um grupo vulnerável. A sua capacidade para se proteger é
inversamente proporcional à sua idade. Certos fatores podem aumentar a sua
vulnerabilidade como o nível socioeconómico, cultural e a acessibilidade aos cuidados de
saúde.
Contudo, surge a questão fundamental: Como é que os hospitais e outros serviços
de saúde podem contribuir?
Neste contexto surgem os aspetos essenciais a considerar:
os hospitais e outros serviços de saúde devem garantir o direito ao acesso de todas
as crianças sem discriminação;
os profissionais de saúde devem explicar à criança o seu estado de saúde, de modo
adequado à sua idade, maturidade e nível de compreensão;
a criança tem o direito a expressar a sua opinião e as suas preferências no
tratamento;
os profissionais de saúde devem ter formação e preparação para identificar
crianças vítimas de maus-tratos, abuso e/ou outras formas de violência;
os hospitais e serviços de saúde devem ter espaços adequados a todas as crianças
e proporcionar-lhes atividades educativas e de lazer;
os adolescentes têm o direito à procura de ajuda médica, respeitando a sua
privacidade e confidencialidade. Saúde M. d, (2009)
13
A avaliação do cumprimento destes direitos da criança no hospital e outros serviços
de saúde é geralmente realizada porque na maioria dos serviços de pediatria existe uma
grande sensibilidade para o acolhimento e gestão da situação clínica da criança. No
entanto, respeitar os direitos da criança pressupõe um reconhecimento constante, por
parte dos profissionais de saúde, da sua existência e do seu cumprimento, tal como um
compromisso dos conselhos de administração dos serviços de saúde.
Os hospitais e outros serviços de saúde podem avaliar o seu desempenho sobre a
promoção da saúde das crianças e adolescentes nos e pelos hospitais e serviços de saúde,
que pertencem à rede dos hospitais promotores de saúde, como sugere o Modelo e
Ferramenta de Autoavaliação sobre os direitos da criança hospitalizada (2009). Para o
aplicar, referem-se os seguintes passos:
expor o assunto ao conselho de administração e procurar obter o seu
consentimento e apoio ativo;
preparar o número de reuniões que forem necessárias para discutir os direitos
identificados na ferramenta;
convidar o maior e mais diverso número de profissionais possível e incluir,
além dos profissionais de saúde, pessoal administrativo, representantes de
organizações de doentes e/ou pais, educadores, gabinetes do utente, peritos
em direitos das crianças, entre outros;
envolver as crianças, jovens e famílias, pois o seu contributo é fundamental
para caraterizar a situação real do respeito dos seus direitos. As crianças mais
pequenas podem ser entrevistadas individualmente por educadores
especializados, enquanto os jovens e famílias podem participar nas discussões
dos profissionais ou formar um grupo único;
durante as discussões, procurar identificar as boas práticas existentes e as
falhas na prestação de cuidados, mas também as soluções possíveis para
melhorar o desempenho futuro;
analisar os resultados e distribuir as conclusões por todos os participantes.
Elaborar uma versão compreensível para as crianças e jovens.
A finalidade é a implementação de medidas e ações que garantam os direitos das
crianças nos serviços de saúde para uma melhoria resultante do contributo de todos.
14
2.4. Estágios do Desenvolvimento Cognitivo
Porém, neste contexto, é essencial e imprescindível conhecer as caraterísticas das
crianças nesta faixa etária. Segundo Piaget (1869), e o seu estudo realizado por meio da
observação dos seus filhos e o seu desenvolvimento cognitivo humano, este é dividido
em 4 estágios:
dos 0 aos 2 anos de idade, desenvolve-se o estádio do sensório-motor, no qual
a inteligência está nos sentidos e nas ações, sendo considerado o estádio da
inteligência pré-verbal. As crianças desenvolvem um reportório de
sentimentos, sensações, ações sobre o mundo em que vivem, bem como das
capacidades precetivas e sensoriais, como a visão, a audição, o tato, o paladar
e o olfato; Começam a compreender as primeiras adaptações como a
consciência corporal, as variações nas vocalidades, a repetição de ações que
chamam à atenção dos outros, a consciência sobre os objetos e as pessoas,
bem como a sua permanência, etc.
entre os 2 e os 6 anos de idade, iniciam o estádio pré-operacional, em que
desenvolvem a capacidade de se afastarem, saindo das suas perceções
imediatas e pensando conceitualmente, ganhando paulatinamente a
capacidade de pensar num objeto, através de outro objeto: o reconhecimento
no espelho, a imitação deferida, o brincar ao “faz de conta”, o desenhar, o
fixar-se nas caraterísticas visualmente mais notáveis das substâncias, o
realismo e o egocentrismo;
entre os 6 e os 12 anos, desenvolvem o estádio operacional, onde se adquire
a capacidade de raciocinar sobre o mundo de uma forma mais lógica e adulta,
como por exemplo aplicar os mesmos tipos de pensamento a novos tipos de
problemas;
na pré-adolescência, entram no estádio pós-operacional, em que a capacidade
de raciocinar sobre o mundo que o rodeia de forma mais lógica e adulta,
desenvolvendo uma lógica dedutiva e indutiva. Piaget (1869)
15
3. Diagnóstico das necessidades
3.1. Caraterização contextual do concelho
Segundo o Município da Guarda (2013), a
Guarda é uma cidade portuguesa com 42 541
habitantes, inserida no concelho homólogo com
712,1 km² de área e 42 541 habitantes, subdividido,
desde a reorganização administrativa de 2012/2013,
em 43 freguesias. O município é limitado, a nordeste,
pelo município de Pinhel, a leste, por Almeida, a
sudeste pelo Sabugal, a sul por Belmonte e
pela Covilhã, a oeste por Manteigas e por Gouveia e
a noroeste por Celorico da Beira. É ainda a capital
do distrito da Guarda que tem uma população
residente de 173 831 habitantes.
Situada no último contraforte Nordeste
da Serra da Estrela, a 1056 metros de altitude, é a
cidade mais alta de Portugal. Localiza-se na região
centro de Portugal e pertence à sub-região estatística da Beira Interior Norte. A Guarda é
conhecida como «A cidade dos 5 F's», Forte, Fraca, Fria, Fiel e Formosa.
Ilustração 2 - População da Guarda
Fonte: http://peliz.com/mapas.aspx
Ilustração 1 - Distrito da Guarda
Fonte: A Coletividade.
http://club.quomodo.com/a_comunidade_laica_equitat
iva/contactos/distrito_da_guarda.html
16
Toda a região é marcada pelo granito, pelo clima contrastado de montanha e pelo
seu ar puro e frio que permite a cura e manufatura de fumeiro e queijaria de altíssima
qualidade.
É também a partir desta região que se vertem as linhas de água subsidiárias das
maiores bacias hidrográficas que abastecem as três maiores cidades de Portugal: para a
bacia do Tejo que abastece Lisboa, para a Bacia do Mondego que abastece cidade
Coimbra e para a bacia do Douro que abastece o Porto. Existe mesmo na localidade de
Vale de Estrela (a 6 km da cidade da Guarda) um padrão que marca o ponto triplo onde
as três bacias hidrográficas se encontram.
Sabendo que é uma zona que historicamente tem sido aproveitada para a
mineração, havendo até algum folclore popular que afiança existir uma enorme jazida
de urânio sob a cidade, e que os Americanos, durante a Guerra Fria, sabendo deste facto
teriam proposto a Salazar mudar a cidade, pedra por pedra para outro local. Certo é o
facto de existir algum nível de radiação, especialmente em espaços fechados devido ao
gás radão.
17
4. História do Hospital Sousa Martins
A Unidade Local de Saúde da Guarda (ULSG), criada em outubro de 2010,
pretende “melhorar a qualidade do atendimento” aos 171 mil utentes do distrito,
integrando mais de dois mil funcionários. O Hospital Sousa Martins faz parte da ULS,
juntamente com o Hospital Nossa Senhora da Assunção (Seia) e com doze centros de
saúde do distrito da Guarda, à exceção de Aguiar da Beira e Vila Nova de Foz Côa.
O Hospital Sousa Martins, constitui uma Entidade Pública Empresarial (EPE) e
foi criado em 1901, época em que estava a cargo das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras
Portuguesas até 1973. Posteriormente, surge uma ampliação do mesmo com a construção
do sanatório da Guarda, a qual ficou a dever-se à Assistência Nacional aos Tuberculosos
(ANT), instituição que sob a presidência da rainha D. Amélia de Orleães, esposa de D.
Carlos (nome da avenida onde o hospital se encontra) conseguiu reunir os fundos
necessários e concretizar a construção e respetivo equipamento. As suas origens prendem-
se com a existência de um sanatório dedicado à cura da tuberculose, inaugurado a 18 de
Maio de 1907, pela Rainha D. Amélia.
O nome do Hospital é uma homenagem ao trabalho pioneiro de Sousa Martins,
antigo médico e professor catedrático, sobre a tuberculose e climoterapia, tendo-se
passado a designar assim em 1993.
O ar da Guarda, historicamente reconhecido pela particularidade e pureza, foi
distinguido pela Federação Europeia de Bioclimatismo em 2002, que atribuiu à cidade o
título de primeira "Cidade Bioclimática Ibérica". Além de ser uma cidade histórica e a
mais alta de Portugal, esta foi também pioneira na rádio local, sendo mesmo o Rádio
Altitude considerado, o primeiro rádio local de Portugal.
Muitas pessoas (provenientes de todo o país e mesmo do estrangeiro) subiam à
cidade mais alta de Portugal com o objetivo de usufruírem do clima de montanha,
praticando, assim, uma cura livre, não sendo seguidas ou apoiadas em cuidados médicos.
18
As deslocações para zonas propícias à terapêutica “de ares”, e a consequente
permanência, contribuíram para o aparecimento de hotéis e pensões, dado não haver, de
início, as indispensáveis e adequadas unidades de tratamento; situação que desencadeou
fortes preocupações nas entidades oficiais da época.
Em 1881, a
Sociedade de Geografia de
Lisboa, promoveu uma
Expedição Científica à
Serra da Estrela, sendo
integrada, entre outros,
pelo médico Sousa
Martins.
A iniciativa teve,
igualmente o mérito de
através dos esforços de
Sousa Martins, chamar à atenção dos meios científicos e clínicos de então, para as
condições que esta região oferecia para o tratamento da tuberculose.
Quatro anos volvidos, realizou-se o primeiro Congresso Português sobre
Tuberculose, onde Lopo de Carvalho (que viria a ser o primeiro Sub Diretor do Sanatório
Sousa Martins e “pai” de outro conceituado clínico) discursou sobre os processos
profiláticos usados na Guarda.
Este médico foi um dos mais fervorosos defensores da criação do Sanatório A
autoria do projeto dos edifícios pertence a Raul Lino.
O fluxo de tuberculosos superou, largamente, as previsões, fazendo com que os
pavilhões do Sanatório Sousa Martins se tornassem insuficientes perante a procura:
Pavilhão 1, designado também de Lopo de Carvalho e onde funciona atualmente a sede e
administração da ULS da Guarda, teve de ser aumentado um ano depois, duplicando a
sua capacidade.
Um novo pavilhão, que se juntou aos três já existentes, foi inaugurado em 31 de
Maio de 1953. Com este novo edifício, têm funcionado os principais serviços da Unidade
Local de Saúde da Guarda, Cardiologia, Pneumologia, Medicina Interna, Pediatria, etc.,
Ilustração 3 - Sanatório da Guarda
Fonte: Restos da Coleção
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2010_06_01_archive.html
19
o Sanatório Sousa Martins ganhou maior dimensão, assumindo-se, ainda mais, como uma
“povoação” auto suficiente, dentro da própria cidade. Após o 25 de Abril de 1974, o
Sanatório Sousa Martins entrou na fase final da sua existência. Em Novembro do ano
seguinte, foi integrado no Hospital Distrital da Guarda e após 68 anos de existência, esta
instituição de saúde conclui a sua eminente função social.
Recordamos que o antigo Sanatório Sousa Martins, na Guarda, foi classificado
como conjunto de interesse público, através de portaria da Portaria 39/2014, do Secretário
de Estado da Cultura. Nela é referido que a classificação do antigo Sanatório reflete os
critérios relativos ao “caráter matricial do bem, ao génio do respetivo criador, ao seu
interesse como testemunho notável de vivências ou factos históricos, ao seu valor estético,
técnico e material intrínseco, à sua conceção arquitetónica, urbanística e paisagística, à
sua extensão e ao que nela se reflete do ponto de vista de memória coletiva, e às
circunstâncias suscetíveis de acarretarem diminuição ou perda da perenidade ou da
integridade do bem”. Sequeira (2014)
20
5. Caraterização da instituição
O meu local de estágio foi o Hospital Sousa Martins, situado na região centro,
mais propriamente na cidade da Guarda. O seu tipo de organismo é o Serviço Nacional
de Saúde, localizado no Parque de Saúde da Guarda, na Avenida Rainha D.Amélia e é
constituído por diversos serviços: Bloco Operatório; Cardiologia; Cirurgia Homens;
Cirurgia Mulheres; Pneumologia; Psiquiatria; Medicina B; Medicina A; Ortopedia
Homens; Ortopedia Mulheres; Ginecologia; Obstetrícia; Otorrino / Oftalmologia;
Pediatria; Neonatologia; Unidade de Cuidados Intermédios (UCI) de Cardiologia;
Urgência Geral; Urgência Pediátrica; Bloco Central; Bloco Obstetrícia;
Broncofibroscopia; Eletrocardiografia; Esterilização; Fisioterapia; Hospital de Dia –
Oncologia; Laboratório; Neurologia; Raio-X; Unidade de Cuidados Intensivos
Polivalente (UCIP); UCI de Medicina; Unidade de Acidente Vascular Cerebral (AVC);
Consultas Externas (Dermatologia, Cirurgia Geral, Gastrenterologia, Ginecologia /
Obstetrícia, Medicina, Neurologia, Ortopedia, Otorrinolaringologia, Pneumologia,
Reumatologia e Oftalmologia); Serviços Farmacêuticos; Serviço de Sangue; Serviços
Administrativos; Direção Técnica e Apoio Técnico.
O Hospital Sousa Martins possui cerca de 350 camas e 900 funcionários que
trabalham para um objetivo comum; melhorar as condições de vida de cada doente.
A minha ação de estágio incidiu no serviço de Pediatria, com crianças desde 1 ano
aos 18 anos.
5.1. Infraestruturas
O serviço da Pediatria do HSM da Guarda, possui 4 quartos de grupo, com um
total de 215 camas. O quarto número 1 é utilizado para crianças, cuja faixa etária vai dos
2 meses - 3 anos. Nesse quarto, existe um pequeno espaço com algumas camas destinadas
às mães, visando a sua acomodação durante a noite.
O quarto número 3 tem 6 camas, normalmente utilizadas por utentes entre os 3 e
os 12 anos. Aí, observa-se um pequeno espaço, denominado zona de brincar, que possui
alguns brinquedos e jogos de entretenimento, como livros, puzzles, legos, etc., que é
também utilizado para trabalhos manuais e escolares. O quarto 4 está divido em 2, um
para rapazes e outro para raparigas, e ambos com 2 camas. Este quarto surgiu por se
21
pensar nos adolescentes, que entram na idade em que precisam de ter a sua privacidade.
Há também mais 1 quarto, chamado de quarto de isolamento, destinados a crianças com
patologia infeciosa, ou que necessite de isolamento por questões de imunidade diminuída.
Surgem 2 casas de banho para os utentes e 2 para trabalhadores, possuindo ainda
gabinetes para enfermeiros, além de todo o tipo de equipamento de medicamentos e
curativos. Cada quarto tem uma televisão.
5.3. Estado de conservação
Na minha opinião as salas, tanto do nível pré-primária, ou seja, a dos brinquedos,
como a nível escolar, são muito reduzidos e muito quentes no verão, pois uma das paredes
é toda envidraçada, batendo o sol, na maior parte do dia.
Os materiais estão em bom estado, mas a maior parte dos brinquedos adequam-se
a crianças com faixas etárias muito baixas e os mais velhos não têm grande escolha,
estando limitados à playstattion.
O nome do Hospital é uma homenagem ao trabalho pioneiro de Sousa Martins,
antigo médico e professor catedrático, sobre a tuberculose e climoterapia, tendo-se
passado a designar assim em 1993.
Curiosamente, os corredores
do serviço da Pediatria encontram-se
pintados, ilustrando imagens de
contos ou filmes infantis como: o
patinho feio; nemo; Winnie de Poo;
Hary Potter; os 3 porquinhos; Ruca; o
Rei leão; a Branca de Neve; o
Pinóquio; o Noddy; Simpsons; o
Homem Aranha; Mikey e Minnie; o
Sherk; a pequena sereia; Hobelix e
Asterix; os Super Herois; os carros; o
tio Donald, etc., visando alegrar as instalações. Estas foram elaboradas pela equipa
multidisciplinar da Pediatria em julho de 2007, que revela grande preocupação por uma
boa harmonia e boa estética desta unidade.
Ilustração 4 - Corredor do serviço de Pediatria
Fonte própria
22
Contudo, o hospital está em remodelação, e as instalações da Pediatria
futuramente, irão ser mudadas para outro local com melhores condições e mais espaço.
5.4. Objetivos da instituição
Segundo o Regulamento da ULSG (2001), a missão do Hospital Sousa Martins é
proporcionar serviços públicos de saúde que permitam a maior abrangência de cuidados
à população da sua área de influência e a todos os cidadãos em geral, num projeto
partilhado e global que vise a obtenção de Qualidade, Acessibilidade, Eficácia e
Eficiência, contribuindo também para um futuro sustentável.
Desenvolve-se assim, ensino e investigação de alta responsabilidade, pois integra
a Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior e colabora com as
Escolas Superiores de Enfermagem e Escolas Superiores de Tecnologias da Saúde e
diferentes estabelecimentos de ensino secundário, superior e universitário.
Constitui-se como uma referência na prestação de cuidados, na vivência
comunitária, na relação com os parceiros, na formação pré e pós graduada de novos
prestadores de cuidados e na área da investigação. ULSG (2001)
Tem como referencial comum o primado do cidadão, a conciliação das estratégias
de saúde (regionais e nacionais) e a otimização dos recursos disponíveis.
23
Deve prosseguir uma cultura orientadora de cuidados personalizados e de
excelência, tendo por objetivos:
(Saúde M. d., 2009)
5.4.1. Finalidades e valores a transmitir
A ULSG, EPE, foi criada a 1 de Outubro de 2008, por via da Legislação do
mesmo, e do Decreto-Lei nº183/2008 de 4 de Setembro, retificado pelo Decreto-Lei
12/2009 de 12 de Janeiro, pelo que em 31/12/2008, ainda não estava aprovado o
regulamento interno da U.L.S. da Guarda, EPE., onde se inclui a Política da ULS da
Guarda, EPE.
Enunciam-se porém os seguintes princípios e valores, pois no desenvolvimento da sua
1. Proporcionar à população abrangida o acesso aos cuidados e a satisfação das suas necessidades em saúde, com níveis de qualidade acrescidos;
2. Prestar cuidados de saúde de qualidade, em tempo oportuno, e em ambiente humanizado;
3. Desenvolver um nível de ensino das ciências médicas, de enfermagem, e das tecnologias da saúde, consentâneo com os padrões nacionais e internacionais;
4. Desenvolver a investigação clínica e científica, promovendo a afirmação da ciência e contribuindo para suportar iniciativas empresariais credíveis, nas áreas das tecnologias da saúde;
5. Eficácia, eficiência e oportunidade, num quadro de desenvolvimento económico e financeiro sustentável;
6. Cumprir os contratos programa e os planos de acção;
7. Desenvolver projectos de prestação de cuidados de saúde em ambulatório e ao domicílio, de saúde pública, familiar e escolar;
8. Desenvolver e fomentar a integração de cuidados de saúde, garantindo a complementaridade dos cuidados prestados aos cidadãos e promovendo sinergias entre os estabelecimentos hospitalares, centros e extensões de saúde, com vista à rentabilização e á melhoria dos cuidados de saúde prestados;
9. Criar dinâmicas de formação e investigação em que o conhecimento seja também um pólo de atracção de Recursos Humanos e desenvolver as acções de formação necessárias ao desempenho dos seus colaboradores, assegurando o seu desenvolvimento profissional.
10. Desenvolver funções de gestão partilhada e de infra-estruturas com capacidade de orientar e influenciar o sistema para garante da excelência pretendida;
24
atividade, a ULS Guarda, EPE e os seus colaboradores regem-se pelos seguintes
princípios:
• legalidade, Igualdade, Proporcionalidade, Colaboração e Boa fé;
• humanismo no relacionamento com os utentes e colegas de trabalho;
• respeito pela dignidade humana;
• qualidade nas prestações, com níveis de serviço e de resultados elevados;
Os Valores que orientam o comportamento e a atuação da ULS Guarda, EPE são:
• atitude centrada no doente e na promoção da saúde pública e da comunidade,
respeitando os valores do cidadão e da família;
• cultura de excelência técnica, científica e do conhecimento, como um valor a
prosseguir continuamente;
• responsabilidade Social, contribuindo para a otimização na utilização dos recursos
e da capacidade instalada;
• cultura interna de multidisciplinaridade e de bom relacionamento no trabalho.
5.5. Recursos humanos da instituição
Os elementos humanos que presidem e superintendem a hierarquia desta
instituição constituem a direção que inclui:
os médicos pediátricos
a enfermeira chefe – Elisabete Ferreira;
os restantes enfermeiros, divididos por turnos;
as auxiliares de limpeza;
a professora;
a educadora de infância;
o pessoal de cozinha.
5.6. Rotina hospitalar
A rotina do Hospital e principalmente do serviço de Pediatria é cíclica e constante. As
crianças costumam acordar por volta as 9h-10h para tomarem o pequeno-almoço – pão
com manteiga com chá, ou leite, Posteriormente é a hora do banho para aqueles que
25
quiserem. De seguida, têm uma hora de aulas com uma professora do hospital, docente
do 1º Ciclo do Ensino Básico, visando proceder ao acompanhamento das atividades
escolares dos alunos que se encontrem em Regime de Internamento Hospitalar neste
Serviço, apenas durante o ano letivo. Por volta do 12h30 é-lhes servido o almoço e das
14h30 às 16h00, é hora de visitas, a meio da tarde, às 16h30, servem o lanche e às 18h é
então novamente a hora de visitas e às 19h30 o jantar.
Normalmente, os médicos possuem aí o seu lugar, ou nas urgências, ou no seu
gabinete, localizado na consulta aberta. Os enfermeiros têm uma sala em que se reúnem
todos os dias, ao final da tarde. Os restantes procedem à limpeza e à distribuição da
alimentação, e também lhes é destinada uma sala. Uma educadora de infância, todos os
dias da semana acompanha, os utentes, tal como uma professora que se desloca ao
hospital todos os dias, durante o período da manhã.
26
6. Desenvolvimento do projeto
Como foi referido anteriormente, o brincar é um direito de qualquer criança,
inclusive, daquela que se encontra, por algum tipo de doença, hospitalizada. O ambiente
hospitalar, pelas suas caraterísticas, transforma-se num impedimento para que a criança
realize a sua atividade mais genuína: o brincar.
Variadas pesquisas e estudos exaltam a importância das atividades lúdicas para o
desenvolvimento global e para o equilíbrio emocional da criança. A partir de outubro de
1995, por meio da Resolução Nº 41 do Ministério da Justiça e do Conselho Nacional dos
Direitos da Criança e do Adolescente, ficou garantido que toda criança e adolescente
hospitalizado tem direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de
educação para a saúde, acompanhamento de currículo escolar, durante a permanência
hospitalar.
Neste âmbito, surgiu a ideia de criar o Projeto: “Brincar com a criatividade”, tendo
conhecimento das alterações, ocorridas repentinamente na vida da criança, quando de
repente é o hospitalizada, inferimos da importância e necessidade presente de projetos
que incluam uma assistência adequada e que visem, através de ações lúdicas, minimizar
os efeitos da hospitalização, prevenindo sofrimentos mentais (psicológicos).
Nesta perspetiva, carateriza-se o Projeto brincar com a criatividade, como uma
ação implementada em abril de 2014, como iniciativa de humanização hospitalar, que
utiliza o lúdico como recurso terapêutico, objetivando oferecer materiais de
entretenimento e educativos às crianças internadas na pediatria, a fim de combater a
monotonia dentro do hospital, pretendendo distrair as crianças e/ou jovens.
Consequentemente, proporciona-lhes o direito de brincar e a continuidade do seu
desenvolvimento nas áreas física, afetiva, cognitiva, pessoal e social, favorecendo
também uma melhoria da qualidade de vida dessas crianças, facilitando a prática da
equipa multidisciplinar.
6.1. Objetivos gerais e específicos
Destacamos como objetivos principais do projeto:
promover o bem esta das crianças e jovens, em situação hospitalar, tal
como o dos acompanhantes, prestando-lhes atenção e ajuda;
27
contribuir para um equilíbrio emocional e afetivo de todos;
proporcionar situações lúdicas, visando evitar a rotina hospitalar;
fomentar momentos de interação social;
ajudar a desenvolver as crianças em todas as suas dimensões;
partilhar emoções e sentimentos e promover interações de respeito mútuo;
suscitar nas crianças e jovens motivação e estímulos, gerando situações de
aprendizagem.
Objetivos específicos
Nesta sequência a projeto estabeleceu como objetivos fundamentais:
o resgatar o ânimo da criança por meio de brincadeiras, jogos e brinquedos,
contribuindo assim para o seu bem-estar e processo de recuperação;
o promover a sociabilização da criança internada, nesta situação peculiar,
valorizando sentimentos afetivos e a sensibilidade;
o fomentar uma maior integração entre as crianças e jovens e os seus familiares,
bem como enfermeiros e médicos.
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7. Metodologia
Fase 1 – Contextualização da Problemática
Antes de dar início ao meu projeto, tive de realizar a contextualização da
problemática, isto é, realizar pesquisas na Internet, e junto dos professores especializados
no assunto, para saber como lidar com as crianças e para estar preparada para a
implementação do meu projeto.
Remeti também, a pesquisas de trabalhos realizados, em Psicologia, Sociologia, Ética
e Moral, Crianças e Jovens em risco, NEE, bem como a informação facultada em
Comunicação e Dinâmica de Grupos e das restantes cadeiras.
Fase 2 – Diagnóstico das Necessidades
Numa segunda fase, realizei algumas análises de projetos já realizados e a decorrer
junto da população – alvo, observei direta e indiretamente o público e o local destinado,
utilizei algumas conversas informais, sobre o mesmo e tive em consideração os
testemunhos de profissionais da instituição e fora dela, para assim, ajustar certos pontos
do meu projeto, de acordo com as necessidades e as caraterísticas das Crianças e Jovens
Hospitalizadas.
Fase 3 – Processo/Execução
Para a realização e execução do meu projeto, tive o cuidado do criar grelhas de
planificação e relatórios (ANEXO I, II e III), para elaborar as avaliações de cada
atividade, pesquisei informações/atividades na Internet e em revistas da especialidade,
para por em prática no Hospital, recolhi materiais ao longo de todo o período de estágio,
para que não houvesse falha de mesmos. Realizei conversas constantes com as crianças
sobre cada atividade, para poder realizar as minhas reflexões criticas e avaliações, não
esquecendo do incentivo da reflexão acerca de todas as atividades e atitudes daí
resultantes.
Fase 4 – Avaliação
Para a avaliação de cada atividade, utilizei grelhas de avaliação (ANEXO II) –
formando e grupo alvo, tal como relatórios com espírito autocrítico e tendo em conta as
opiniões dos outros.
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8. Cronograma das atividades
Nas tabelas seguintes está descrita a calendarização das atividades realizadas ao
longo do período de estágio, não esquecendo que antes da sua realização houve um
período de integração no meio envolvente, levando assim algum tempo, para uma melhor
adaptação da rotina, das pessoas e das crianças.
É de salientar também, que todos os dias, me adaptei a crianças e encarregados de
educação, que saíam e entravam diariamente para a unidade de internamento da Pediatria.
16 de Abril Pintura de caixa de ovos
18 de Abril Criação de um coelho da Páscoa
15 de Maio Dia de jogos didáticos
26 de Maio Pintura
28 de Junho Pintura
9 de Julho Bolas antisstress
10 de Julho Aguarela
11 de Julho Leitura de Histórias
14 de Julho Ovelha com cotonetes
15 de Julho Teatro de Fantoches
16 de Julho Palhaça “parafuso”
18 de Julho Dia de Jogos didáticos
NOTA: Constantemente tentei ao máximo promover e distrair as crianças com alguns
jogos, como por exemplo o monopólio, que promovia o saber gerir o dinheiro e a
sustentabilidade do seu património, jogando também com cartas, ao UNO e realizando
puzzles, etc.
31
8.1. Descrição de cada atividade
16 de abril - Pintura de caixas de ovos
Em relação ao material utilizado referimos: caixas de ovos, ovos cozidos, tintas,
pinceis e recipientes.
A atividade consistiu na pintura da caixa de ovos e decoração da mesma. Para
terminar, realizou-se a cozedura dos ovos e pintaram os mesmos.
Objetivos:
desenvolver a criatividade;
promover a destreza manual;
fomentar técnicas de pintura;
descobrir cuidados a ter (neste
caso, para não partir os ovos).
Faixa etária: 9 aos 12 anos.
Duração: 2 horas.
Local: Quarto 4
Reflexão crítica: As crianças participaram ativamente, envolvendo-se e aprendendo
fazendo, “learning by doing”, tendo subjacente o construtivismo, pois a criança é o sujeito
da sua própria aprendizagem, agindo, manipulando, concretizando, experimentando e
confecionando, como preconiza não só Maria Montessori (1870) que fomenta a
aprendizagem pela manipulação.
Assim, desenvolveram também a destreza manual, e a sensibilidade,
experimentando novas sensações de frio e calor, além dos valores estéticos inerentes a
todas as atividades deste género.
Verificaram-se ainda aprendizagens por descoberta significativa como defende
Ausubel (1918), através da manipulação das tintas e respetiva pintura de ovos.
Ilustração 5 - Pintura de caixas de ovos
Fonte própria
32
18 de abril - Criação de um coelho
No que concerne ao material salientamos: os rolos de papel higiénico, os lápis de
pintura e a cola.
As crianças iniciaram com a pintura do rolo de papel. Recortaram as orelhas, os
braços e os pés. Para o seu termino, prosseguiram para a colagem dos mesmos, para assim
formar um coelho da pascoa.
Objetivos:
promover a criatividade;
desenvolver a motricidade fina.
Faixa etária: 8 aos 11 anos.
Duração: 2 horas.
Reflexão crítica: As crianças aderiram bem e com
bastante entusiamo. Realizaram sem dificuldade e com
motivação a tarefa que lhes propus. Por fim, usaram os
coelhos para enfeitar as suas mesinhas de cabeceira e
assim sentiu-se um clima diferente e a enunciar a Páscoa.
Neste contexto, tentei promover igualmente, o sentido estético, fomentando o
gosto pelo belo e levando-os a descobrirem novos enfeites e formas de os manipular.
Verificou-se assim, a aprendizagem pela descoberta significativa como preconiza David
Ausubel (1918) e pela manipulação como defende Maria Montessori (1870).
Sobressaiu o desenvolver da criatividade como refere Kami (1977), “poiésis “vs”
mimésis”, o que é essencial para o quebrar da rotina hospitalar e do bem estar geral da
criança, transformando-a a outras dimensões, através do promover e fomentar da
imaginação e libertando-a das suas limitações, nem que seja temporariamente.
Ilustração 6 – Pintura de um coelho
Fonte própria
33
15 de Maio – Diversidade de jogos
O material utilizado para este dia, foram os brinquedos da sala e os jogos, tendo
como objetivo fomentar a cooperação em grupo, promover amizades e distraí-los.
Neste âmbito, procedemos a uma diversidade de jogos, destacando:
o o jogo de cartas “UNO”;
o a playstattion, com jogos didáticos do “Simba e o Rei Leão”, com o objetivo de
aprender as letras do abecedário;
o o jogo “da corrente humana”, em que todos davam as mãos e se entrelaçavam
entre si, com o objetivo de conseguirem sair ainda todos com as mãos dadas;
o o jogo do “STOP”, desenvolvendo o raciocínio rápido, pois há que respeitar um
tempo limite para encontrar um nome, uma profissão, um fruto, uma cidade, uma
marca, uma planta, e um animal começado com uma letra escolhida do
abecedário;
o o jogo “dos laços”, em que todos em roda passavam um rolo de lã e o atavam ao
pulso, com o objetivo de cada um dizer o que para ele significava amizade;
o o jogo “do telefone” que consistia em passar uma palavra ou frase ao ouvido de
uma pessoa e essa passá-la como se fosse um segredo, constatando-se que no fim
a palavra ou frase já estava bastante diferente;
o cantigas com o objetivo de animar, de concentrar, para não entrarem em euforia;
o por fim o jogo, “da batata quente”.
Reflexão crítica: As crianças gostaram bastante deste dia, pois foi diferente e com muito
mais dinamismo, ação e animação, fomentando a cooperação e a interajuda, a troca de
ideias e opiniões e a interação social, como refere Vygotshy (1896), que propôs que o
desenvolvimento cognitivo se dá pelo meio da interação social, em que, no mínimo duas
pessoas estão envolvidas ativamente, trocando experiências e ideias, gerando novos
conhecimentos.
Neste contexto, houve muita dinâmica e empenho, suscitando-se um clima de
alegria e comunicação multilateral, como salienta Kolb (1984), houve uma partilha de
sugestões e foi notório o respeito pelas regras e normas, tendo em atenção o “outro”,
ajudando à compreensão e aceitação do “outro” e das suas diferenças, libertando do
egocentrismo e promovendo a abertura à alteridade.
34
26 de maio – Pintura
Para que as crianças pudessem fazer um desenho ao seu gosto e colori-lo,
necessitei de lápis de cor e de folhas brancas.
Objetivos:
estimular a criatividade;
promover a imaginação;
fomentar técnicas de pintura.
Duração: 40 minutos.
Faixa etária: 4 aos 12 anos.
Local: Quarto 3
Reflexão crítica: As crianças participaram ativamente e
com gosto pela realização da atividade, pois poderam
expressar-se através de um desenho ao seu gosto e imaginação.
O desenho, a expressão mais antiga da humanidade, utiliza-se como forma de
comunicação desde a pré-história, quando os primeiros homens, através de pequenas
figuras desenhadas nas rochas e nas paredes das cavernas, manifestavam as suas ideias e
pensamentos entre si. É nele que as crianças desenvolvem o pensamento artístico de uma
maneira particular, expondo as suas experiências. É assim que a criança amplia a
sensibilidade, a perceção, a reflexão, a imaginação, a criação, a expressão e a
comunicação, não esquecendo que facilita e faz evoluir a criança na psicomotricidade
fina, na leitura e na escrita, na confiança em si mesma, na exteriorização das suas
emoções, sentimentos e sensações, na comunicação com os demais e consigo mesma, na
criatividade, na formação da sua personalidade e na maturidade psicológica.
Para Iavelberg (2003), desenhar aumenta a sua participação na sociedade, pois
interage de maneira única com o meio cultural e possibilita o desenvolvimento de
competências, habilidades e conhecimentos, sem que o nosso consciente se aperceba.
Foi bastante notório a expressão da emoção e pensamento, por meio dos desenhos
realizados pelas crianças,
Ilustração 7 - Exemplo de um desenho
Fonte própria
35
28 de junho – colorir
A atividade consistiu em juntar as crianças hospitalizadas com idades
compreendidas entre os 2 e os 5 anos de idade, para colorirem um livro de desenhos,
tendo como objetivo a aprendizagem das técnicas de pintura e das cores.
Material:
lápis de cor;
desenhos.
Duração: 40 minutos.
Reflexão crítica: Esta atividade surgiu para
aliviar um pouco as mães e dar-lhes um tempo sem
preocupações e com descanso da guarda da filha.
As crianças reagiram com bastante entusiasmo,
esta atividade exercita os pequenos músculos das
mãos e serve como uma plataforma para ensinar o
reconhecimento das cores e outras habilidades básicas, como as técnicas de pintura, e
promove bastante a exploração criativa.
Para além do aspeto psicológico, desenhar também pode contribuir para o
desenvolvimento motor, pois a criança não só aprende como estimula a concentração.
Segundo Piaget (1869), a criança encontra-se no estágio pré-operacional e ganha
a capacidade de uma melhor interiorização dos conhecimentos, assim sendo, achei
bastante útil o ensinamento das técnicas e das cores.
Ilustração 8 - Colorir desenhos
Fonte própria
36
09 de julho – bolas anti stress
Para a realização desta atividade
foram necessários balões, farinha, um funil
e uma caneta de acetato. Cada criança
escolheram a cor do balão e de seguida, o
mesmo foi enchido de farinha com a ajuda
do funil. Para concluir, as crianças
desenharam os olhos, o nariz e a boca.
Objetivos:
promover a motricidade fina;
desenvolver o tato.
Faixa-etária: 6 aos 13 anos;
Duração: 2 horas;
Local: Quarto 3
Reflexão crítica: As crianças
acharam a ideia bastante criativa e
divertida, contudo a atividade
acabou por ser realizada também
junto das mães. Rasgar, recortar,
pintar, apalpar, etc, fomentam o
desenvolvimento infantil e a
criatividade, melhorando
consideravelmente a motricidade
fina. As bolas anti stress são
instrumentos que movimentados
entre as mãos podem contribuir para
exercitar a força e a agilidade, bem como a motricidade fina e a exercitação dos pequenos
músculos das mãos.
Ilustração 9 - Resultado final das bolas antisstress
Fonte própria
Ilustração 10 - Criança a criar os olhos da bola antisstress
Fonte própria
37
9 de junho – Aguarela
O material necessário para a realização de uma pintura com aguarela foi a água, folhas
brancas, um pincel e um recipiente. Esta atividade teve como principais objetivos,
promover a motricidade fina, estimular a imaginação e fomentar técnicas de pintura.
Duração: 1 hora;
Faixa-etária: 4 aos 11 anos;
Local: Quarto 3
Reflexão crítica: Foi com bastante
criatividade, que as crianças realizaram
esta atividade, pois mais uma vez,
expressaram as suas emoções e sentimentos
no desenho em papel.
Desenhar e pintar com uma grande
diversidade de cores, ajuda muito no
crescimento e no desenvolvimento da criatividade, imaginação, perceção e inteligência.
Os desenhos ficaram muito criativos, cada um á sua maneira, e todos se sentiram
realizados e com gosto pelo trabalho desenvolvido, acabando por os exporem no seu
quarto de hospital.
Ilustração 11 – Aguarela
Fonte própria
38
10 de julho – Histórias
Neste dia, estimulamos a concentração e a imaginação, lendo histórias infantis,
como “A princesa e a ervilha”, “A branca de neve”, “O lobo mau”, “A bela
adormecida”, “A cigarra e a formiga”, “A lebre e a tartaruga”, “A raposa e as uvas”,
“O Pinóquio”, “Cinderela”, entre outros, para crianças entre os 3 e os 13 anos de
idade.
Reflexão crítica: Com a leitura de vários livros infantis, estimulei bastante a
concentração, a imaginação, a inteligência, a capacidade verbal e a habilidade de
ouvir, desenvolveram o seu sentido crítico, aumentaram a variedade de experiências
e criaram alternativas de diversão e prazer para elas.
Foi notória a conversão fácil de palavras para ideias, pois a criança imagina o que
não viu e faz com que consiga mergulhas na situação emocional do personagem,
provando sensações como o perigo, o mistério, etc.
O objetivo mais facilmente conseguido foi notoriamente, a aprendizagem de
valores comuns, com as várias morais de cada história.
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14 de Julho – Ovelha com cotonetes
O material utilizado foi: cola, tesoura, cotonetes, caneta de acetato, papel e lápis
de cor.
As crianças cortaram as pontas dos cotonetes, para formar a lã da ovelha e duas
bolas de uma folha de papel, para o corpo e a cabeça. De seguida colaram os cotonetes e
pintaram o seu redor de forma criativa e colorida.
Os objetivos foram desenvolver a motricidade
fina, promover a criatividade e diversificar as técnicas de
pintura.
Faixa-etária: 5 aos 12 anos;
Duração: 1h30;
Reflexão crítica: As crianças gostaram bastante da ideia
e colaboraram com entusiasmo, cooperando e
interagindo facilmente, confrontando ideias e opiniões e
fomentando a interação social, como preconiza Kamin
(1977), desenvolvendo ainda a criatividade de “poiesis
vs mimesis”, como defende Rocha (1988).
Violet Oaklander (1989), destaca a importância da
colagem associada ao desenho, podendo ser utilizada não
só como expressão, mas também para integrar uma nova perceção sensorial.
Ilustração 12 - Ovelha de cotonetes
Fonte própria
40
15 de julho – Teatro de Fantoches
Para a realização desta atividades apenas foram precisos os bonecos que se
encontram na sala de brinquedos e o placar de teatro, que também se encontra na mesma.
Cada criança, ao seu gosto, escolhia um boneco e em grupo ou individualmente,
utilizavam a sua imaginação e inventavam uma pequena história, com o objetivo de
estimular não só a criatividade, mas também o improviso e a imaginação.
Faixa etária: 10 aos 15 anos;
Duração: 1hora;
Reflexão crítica: As crianças divertiram-se muito e conseguiram alargar bastante a sua
criatividade e imaginação, expressando e comunicando os seus sentimentos e emoções ao
interpretarem o papel da personagem, bem como ao saber ouvir e experienciar a resposta
do outro, como defende Rogers (1959).~
Assim, aperfeiçoaram, através da partilha de ideias e sentimentos o seu
vocabulário, enriquecendo-o e melhorando-o a sua expressão oral e mais tarde a escrita,
promovendo um correção linguística, com a construção de frases claras e com sequencial
lógico e consequentemente compreensível aos outros.
Ilustração 13 - Teatro de Fantoches
Fonte própria
41
16 de Julho e 09 de Setembro – Palhaça Parafusa
Seguindo a proposta da enfermeira
chefe, a estagiária vestiu-se de “palhaça” com o
objetivo de quebrar a monotonia e suscitar um
dia de bastante alegria e divertimento, para todo
o hospital, tentando ajudar a esquecer a dor e as
limitações.
Para a realização das atividades, foram
necessários balões de moldar, bomba de ar,
pinturas faciais, pinceis, água, um fato de
palhaço e uma mala.
A duração da mesma foi de 4 horas, e
abrangeu toda unidade de Pediatria, divertindo
todos, elaborando flores, cães e espadas com
balões para oferecer e efetuaram-se algumas
pinturas faciais não muito elaboradas.
Reflexão crítica: Esta atividade foi muito
importante para que eu percebesse que, por
vezes, temos que adaptar as diversas situações e ser flexível nas variadas formas de agir
de acordo com as pessoas com quem lidamos, pois tive de encarar a personagem perto de
crianças que já tinham uma ligação comigo. No geral, a atividade foi muito produtiva,
com muita criatividade e boa disposição.
Fiquei até bastante surpreendida, pois todos aderiram muito bem, com muita
partilha de sentimentos, reações, desabafos e brincadeira. Contudo, houve bastante
divertimento.
Ilustração 14 - Palhaça Parafusa e utente
Fonte própria
42
9. Planificação das atividades
Diariamente, tive presente os seguintes pontos, pois estes foram fundamentais
para que o meu projeto tivesse o fim desejado e a criança hospitalizada se sentisse bem:
motivar e esforçar-me com disponibilidade sempre que precisarem;
incentivar a restaurar confiança em si próprio valorizando o que ele gosta;
valorizar o esforço e interesse de cada um;
atribuir-lhes tarefas para que possam sentir-se uteis;
evitar utilizar a expressão “tenta esforçar-te”, ou outras semelhantes;
falar francamente sobre as suas dificuldades sem o fazer sentir incapaz, mas
auxiliando-o a superá-las;
respeitar o ritmo de cada criança;
certificar-me de que os trabalhos foram compreendidos e realizados com
ajuda;
dar “dicas” específicas de como pode aprender algo;
facultar explicações de “como fazer”, sempre que possível;
dar tempo necessário para que possa fazer as atividades com calma;
tentar sempre que possível distrair a criança hospitalizada;
9.1. Recursos Humanos, Materiais e Financeiros
Recursos Humanos
estagiária e as suas colegas;
educadora de infância da instituição;
professora da instituição;
auxiliares da instituição;
enfermeiros;
Recursos Materiais
impressora;
cola
folhas brancas;
tesoura;
43
lápis de cor e carvão, entre outros.
Recursos Financeiros:
Todos os materiais recolhidos para a realização das atividades foram comprados
pela estagiária.
10. Avaliação das Atividades
A avaliação do projeto realiza-se continuamente, ao longo de todo o processo,
através de auto e hetero avaliação, sendo subdivididas nas diferentes fases do projeto que
se seguem.
1ª e 2ª fase do projeto
As primeiras duas fases do projeto foram a Contextualização da Problemática e o
Diagnóstico das Necessidades (Tabela 2). Durante estas fases a avaliação foi feita de
forma semelhante. Em primeiro lugar, o objeto avaliado é a qualidade e pertinência da
informação recolhida. Este é avaliado pelo formando (autoavaliação), através do seu
espírito crítico em relação ao que vai elaborando e recolhendo (Tabela 1), pela monitora
de estágio e pelos professores orientadores, através do acompanhamento contínuo do
processo (hetero avaliação).
3ª fase do projeto
A terceira fase do projeto foi o Processo/Execução. Nesta fase, foram
desenvolvidas um conjunto de atividades, avaliadas de forma parecida. Esta foi efetuada
pelo formando, (através das grelhas de avaliação de atividades, das planificações e dos
relatórios), pelo grupo alvo (perceção do formando em relação à reação do grupo, a cada
atividade e através da grelha de avaliação do grupo alvo, preenchida pelo formando) e
também pelas restantes educadoras e auxiliares da instituição, (através de conversas
informais em que se trocam opiniões).
44
Tabelas de cronograma das atividades
Tabela 1 – Avaliação das atividades.
Fonte própria
1 2 3 4
Motivação X
Interesse X
Iniciativa X
Participação X
Nota: 1 – Insuficiente; 2- Suficiente; 3- Bom; 4 – Muito Bom
Cronograma Geral do Projeto
Tabela 2 - Cronograma Geral do Projeto.
Fonte Própria
Contextualização
da Problemática
Diagnóstico
das
Necessidades
Planificação
do projeto
Execução
do projeto
Avaliação Apresentaçã
o Final do
Projeto
Jan. X X
Mar. X
Abr. X X X
Mai. X X X X
Jun. X X X
Jul. X X
Set. X
45
11. Resultados
Refletindo criticamente sobre as reações das crianças e jovens, obtive os seguintes
resultados:
O projeto teve aprovação total do público participante.
De acordo com o levantamento realizado, os brinquedos, jogos e livros mais
solicitados pelas crianças foram:
Jogos: UNO, dominó, quebra-cabeças, Monopólio, Jogos de memória, Puzzles,
Playstation, etc.
Atividades: Todas as atividades práticas tiveram bastante adesão e entusiasmo;
Livros: A Bela adormecida, Cinderela, Branca de Neve, Os Três Porquinhos,
Capuchinho Vermelho, Tom e Jerry e outras Histórias Infantis.
Perante os itens, pode-se afirmar que o jogo, como recurso integrador, é
fundamental para despertar o interesse da criança. À medida que joga, a criança vai
conhecendo-se melhor, construindo interiormente o seu mundo e desenvolvendo
habilidades operatórias. Ela vai reconhecendo as suas possibilidades e desenvolvendo
cada vez mais, a autoconfiança.
Piaget, citado por Zacharias (1999), descreve quatro estruturas básicas de jogos
infantis: jogo de exercício, jogo simbólico/dramático, jogo de construção e jogo de regras.
A importância do jogo de regras, segundo o autor, dá-se quando a criança aprende a lidar
com a delimitação - no espaço, no tempo, no tipo de atividade válida -, com o que pode,
ou não fazer, garantindo, assim, uma certa regularidade que organiza a ação, tornando-a
orgânica.
Para as crianças hospitalizadas, esse reconhecimento da delimitação do espaço e
do tempo e o respeito às regras, quer seja através do jogo, quer dos livros infantis, torna-
se imprescindível, tendo em vista as restrições do tratamento que cada uma tem.
46
12. Conclusão
Tendo chegado ao fim do estágio, pude constatar que o Técnico de
Acompanhamento de Crianças e Jovens desenvolve o seu ato profissional, ao interpretar
e avaliar as prescrições que as crianças necessitam, seja em meio hospitalar ou
comunitário.
O estágio realizado na unidade de Pediatria, do Hospital Sousa Martins, atendeu
às minhas expetativas, no que diz respeito à diversidade de procedimentos que o campo
oferece, isto é, á facilidade em encontrar qualquer tipo de patologia na criança, ou até
mesmo personalidades bastante complexas. A recetividade da equipa, o ambiente
acolhedor, a boa e fácil interação com os familiares das crianças, oportunizaram a
sedimentação dos meus conhecimentos.
Tive a oportunidade de desenvolver diversos procedimentos, de acordo com o tipo
de criança com que lidava, ou com o tipo de patologia da mesma. Procurei otimizar o
tempo no desenvolver das atividades e conhecer bem a rotina hospitalar.
No decorrer do período de estágio foram vivenciados alguns desafios que
contribuíram para a minha formação académica, bem como para a evolução do meu
trabalho e empenho e o aumento de confiança, assim como a aquisição de flexibilidade e
compreensão, para com os outros. Entendo que os desafios, as críticas e os conselhos, que
surgiram, tiveram fundamental contribuição para a consolidação do meu conhecimento,
permitindo assim que eu refletisse sobre as diferentes situações e a melhor maneira de
conduzi-las.
Não considerei um estágio de fácil elaboração, pois tive de adquirir demasiada
autonomia para resolver problemas e tomar decisões, que em algumas situações não tive
auxilio, contudo a cooperação e a interajuda entre as estagiárias foram uma mais-valia.
Sendo assim, acho que tentei ao máximo o aproveitamento das oportunidades
disponíveis, explorei o campo o mais que pude, á procura de novas aprendizagens e
vivências, criei bastantes ligações com as mães das crianças, que acharam a minha
cooperação fundamental e acho que o meu projeto foi elementar para o bom ambiente
hospitalar, bem como o divertimento, para uma melhoria rápida das crianças.
47
13. Bibliografia
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52
Dia/hora Dia 16 de abril, ás 15h30
Local Quarto 3
Atividade Pintura de caixas de ovos
Material/recursos Caixas de ovos;
Ovos cozidos;
Tintas de acrílico;
Pinceis;
Recipiente;
Água.
Destinatários 9 aos 12 anos.
Objetivos Desenvolver a criatividade;
Promover as técnicas de pintura;
Fomentar o cuidado (neste caso, por não partir os ovos).
Descrição Pintura da caixa de ovos, pela criança, para decoração ao seu
gosto. Para culminar deve pintar os ovos e coloca-los dentro da
caixa.
Reflexão: As crianças reagiram bastante bem ao sugerir a atividade. Decorreu com
muito entusiasmo e dedicação.
54
Avaliação dos intervenientes (grupo alvo)
Indicadores
de motivação
Reduzido Razoável Bom Muito
bom
Excelente
Gosto pela
atividade
X
Iniciativa X
Participação X
Interesse X
Avaliação do formando
Indicadores
de motivação
Reduzido Razoável Bom Muito
bom
Excelente
Gosto pela
atividade
X
Iniciativa X
Participação X
Interesse X
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Palhaça “Parafuso”
Nº de participantes Todos
Localização e tempo Toda a pediatria.
4 horas.
Organização da atividade Materiais:
Balões de moldar;
Bomba de ar;
Pinturas faciais;
Pinceis;
Àgua;
Fato de palhaço;
Mala.
Descrição da actividade Através da sugestão da enfermeira chefe da unidade da
Pediatria, a estagiária vestiu-se de palhaça e animou o hospital,
fazendo moldagem de balões e pinturas faciais.
Objetivos: Sair da monotonia, Divertimento.
Avaliação Esta atividade foi muito importante para que eu percebesse que
por vezes temos que adaptar as diversas situações e formas de
agir de acordo com as pessoas com quem lidamos. No geral,
atividade foi bastante produtiva. Fiquei até bastante
surpreendida pois todos aderiram muito bem. Contudo houve
bastante divertimento.
58
Declaração Universal dos Direitos Das Crianças - UNICEF
20 de Novembro de 1959
AS CRIANÇAS TÊM DIREITOS
DIREITO À IGUALDADE, SEM DISTINÇÃO DE RAÇA RELIGIÃO OU
NACIONALIDADE
Princípio I
A criança desfrutará de todos os direitos enunciados nesta Declaração. Estes
direitos serão outorgados a todas as crianças, sem qualquer exceção, distinção ou
discriminação por motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de
outra natureza, nacionalidade ou origem social, posição econômica, nascimento ou outra
condição, seja inerente à própria criança ou à sua família.
DIREITO À ESPECIAL PROTEÇÃO PARA O SEU DESENVOLVIMENTO FÍSICO,
MENTAL E SOCIAL
Princípio II
A criança gozará de proteção especial e disporá de oportunidade e serviços, a
serem estabelecidos em lei por outros meios, de modo que possa desenvolver-se física,
mental, moral, espiritual e socialmente de forma saudável e normal, assim como em
condições de liberdade e dignidade. Ao promulgar leis com este fim, a consideração
fundamental a que se atenderá será o interesse superior da criança.
DIREITO A UM NOME E A UMA NACIONALIDADE
Princípio III
A criança tem direito, desde o seu nascimento, a um nome e a uma nacionalidade.
DIREITO À ALIMENTAÇÃO,MORADIA E ASSISTÊNCIA MÉDICA ADEQUADAS
PARA A CRIANÇA E A MÃE
59
Princípio IV
A criança deve gozar dos benefícios da previdência social. Terá direito a crescer
e desenvolver-se em boa saúde; para essa finalidade deverão ser proporcionados, tanto a
ela, quanto à sua mãe, cuidados especiais, incluindo-se a alimentação pré e pós-natal. A
criança terá direito a desfrutar de alimentação, moradia, lazer e serviços médicos
adequados.
DIREITO À EDUCAÇÃO E A CUIDADOS ESPECIAIS PARA A CRIANÇA FÍSICA
OU MENTALMENTE DEFICIENTE
Princípio V
A criança física ou mentalmente deficiente ou aquela que sofre da algum
impedimento social deve receber o tratamento, a educação e os cuidados especiais que
requeira o seu caso particular.
DIREITO AO AMOR E À COMPREENSÃO POR PARTE DOS PAIS E DA
SOCIEDADE
Princípio VI
A criança necessita de amor e compreensão, para o desenvolvimento pleno e
harmonioso de sua personalidade; sempre que possível, deverá crescer com o amparo e
sob a responsabilidade de seus pais, mas, em qualquer caso, em um ambiente de afeto e
segurança moral e material; salvo circunstâncias excecionais, não se deverá separar a
criança de tenra idade de sua mãe. A sociedade e as autoridades públicas terão a obrigação
de cuidar especialmente do menor abandonado ou daqueles que careçam de meios
adequados de subsistência. Convém que se concedam subsídios governamentais, ou de
outra espécie, para a manutenção dos filhos de famílias numerosas.
DIREITO À EDUCAÇÃO GRATUITA E AO LAZER INFANTIL
Princípio VII
60
A criança tem direito a receber educação escolar, a qual será gratuita e obrigatória,
ao menos nas etapas elementares. Dar-se-á à criança uma educação que favoreça sua
cultura geral e lhe permita - em condições de igualdade de oportunidades - desenvolver
suas aptidões e sua individualidade, seu senso de responsabilidade social e moral.
Chegando a ser um membro útil à sociedade.
O interesse superior da criança deverá ser o interesse diretor daqueles que têm a
responsabilidade por sua educação e orientação; tal responsabilidade incumbe, em
primeira instância, a seus pais.
A criança deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras os quais deverão estar
dirigidos para educação; a sociedade e as autoridades públicas se esforçarão para
promover o exercício deste direito.
DIREITO A SER SOCORRIDO EM PRIMEIRO LUGAR, EM CASO DE
CATÁSTROFES
Princípio VIII
A criança deve - em todas as circunstâncias - figurar entre os primeiros a receber
proteção e auxílio.
DIREITO A SER PROTEGIDO CONTRA O ABANDONO E A EXPLORAÇÃO NO
TRABALHO
Princípio IX
A criança deve ser protegida contra toda forma de abandono, crueldade e
exploração. Não será objeto de nenhum tipo de tráfico. Não se deverá permitir que a
criança trabalhe antes de uma idade mínima adequada; em caso algum será permitido que
a criança dedique-se, ou a ela se imponha, qualquer ocupação ou emprego que possa
prejudicar sua saúde ou sua educação, ou impedir seu desenvolvimento físico, mental ou
moral.
61
DIREITO A CRESCER DENTRO DE UM ESPÍRITO DE SOLIDARIEDADE,
COMPREENSÃO, AMIZADE E JUSTIÇA ENTRE OS POVOS
Princípio X
A criança deve ser protegida contra as práticas que possam fomentar a
discriminação racial, religiosa, ou de qualquer outra índole. Deve ser educada dentro de
um espírito de compreensão, tolerância, amizade entre os povos, paz e fraternidade
universais e com plena consciência de que deve consagrar as suas energias e aptidões ao
serviço de seus semelhantes.
O que são ?As crianças são um grupo vulnerável.
A sua capacidade para se proteger é inversamente proporcional à sua idade. Certos factores podem aumentar a sua vulnerabilidade, como o nível socioeconómico, cultural e a acessibilidade aos cuidados de saúde.
Porquê ?A Convenção sobre os Direitos da Criança enuncia um quadro de normas e princípios cívicos, políticos, económicos, sociais e culturais. Os direitos devem ser protegidos, respeitados e cumpridos por todos os Estados Membros que a tenham ratificado.
Como é que os hospitais e outros serviços de saúde podem contribuir?
Os hospitais e outros serviços de saúde devem garantir o direito ao acesso de todas as crianças sem discriminação;
Os profissionais de saúde devem explicar à criança o seu estado de saúde, de modo adequado à sua idade, maturidade e nível de compreensão;
A criança tem o direito a expressar a sua opinião e as suas preferências no tratamento;
Os profissionais de saúde devem ter formação e preparação para identificar crianças vítimas de maus-tratos, abuso e/ou outras formas de violência;
Os hospitais e serviços de saúde devem ter espaços adequados a todas as crianças e proporcionar-lhes actividades educativas e de lazer;
Os adolescentes têm direito à procura de ajuda médica, respeitando a sua privacidade e confidencialidade.
O RESPEITO DOS DIREITOS DA CRIANÇA NO HOSPITAL Uma Iniciativa da Rede Internacional dos Hospitais Promotores de Saúde
Porquê ?Na maioria dos serviços de pediatria existe uma grande sensibilidade para o acolhimento e gestão da situação clínica da criança.
No entanto, respeitar os direitos da criança pressupõe um reconhecimento constante, por parte dos profissionais de saúde, do seu cumprimento e um compromisso dos Conselhos de Administração dos serviços de saúde.
Avaliação do cumprimento dos direitos da criança no hospital e outros serviços de saúde
Como é que os hospitais e outros serviços de saúde podem avaliar o seu desempenho?
Expor o assunto ao Conselho de Administração e procurar obter o seu consentimento e apoio activo;
Preparar o número de reuniões que forem necessárias para discutir os direitos identificados na Ferramenta;
Convidar o maior e mais diverso número de profissionais possível e incluir, além dos profissionais de saúde, pessoal administrativo, representantes de organizações de doentes e/ou pais, educadores, gabinetes do utente, peritos em direitos das crianças, entre outros;
Envolver as crianças, jovens e famílias, pois o seu contributo é fundamental para caracterizar a situação real do respeito dos seus direitos. As crianças mais pequenas podem ser entrevistadas individualmente por educadores especializados, enquanto os jovens e famílias podem participar nas discussões dos profissionais ou formar um grupo único;
Durante as discussões, procurar identificar as boas práticas existentes e as falhas na prestação de cuidados, mas também as soluções possíveis para melhorar o desempenho futuro;
Analisar os resultados e distribuir as conclusões por todos os participantes. Elaborar uma versão compreensível para as crianças e jovens.
A Task Force sobre a Promoção da Saúde das Crianças e Adolescentes nos e pelos Hospitais e Serviços de Saúde, que pertence à Rede dos Hospitais Promotores de Saúde, sugere o Modelo e Ferramenta de Auto-avaliação sobre os direitos da criança hospitalizada.
Para o aplicar, sugere os seguintes passos:
A finalidade é a implementação de medidas e acções que garantam os direitos das crianças nos serviços de saúde para uma melhoria resultante do contributo de todos!
O papel do Alto Comissariado da Saúde
Contactos
Para mais informações
O Alto Comissariado da Saúde coordena, a nível nacional e internacional, a Task Force referente aos direitos das crianças em contextos de saúde. Em Portugal, este projecto é desenvolvido em parceria com o Instituto de Apoio à Criança.
Alto Comissariado da Saúde, Avenida, João Crisóstomo, nº 9 - 1º 1048-062 LISBOA
Convenção sobre os Direitos da Criança: www.unicef.pt
Carta da Criança Hospitalizada: www.spp.pt
Perdigão A. e Sotto-Mayor Pinto A., Guia dos Direitos da Criança, Instituto de Apoio à Criança, 2009
Modelo e Ferramenta de Auto-avaliação do respeito dos direitos da criança hospitalizada, Task Force sobre a Promoção da Saúde da Criança e do Adolescente nos e pelos Hospitais e Serviços de Saúde, 2009
O respeito dos direitos da criança no hospital: uma iniciativa da Rede Internacional de Hospitais Promotores da Saúde - Relatório Final sobre o processo de implementação do Modelo e Ferramenta de Auto-avaliação sobre o respeito dos direitos da criança hospitalizada, Task Force sobre a Promoção da Saúde da Criança e do Adolescente nos e pelos Hospitais e Serviços de Saúde, 2010.
Tel: 21 330 50 00email: [email protected]