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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES FÍSICAS E HIGIÊNICO- SANITÁRIAS DO MATADOURO FRIGORÍFICO MULTICARNES LOCALIZADO NA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA-CE

Relatório de inspeção em um frigorífico, disciplina de carnes

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Relatório de uma auditória feita em um frigorítico-abatedouro na região de Fortaleza-CE, para verificação de normas técnicas e legais de abate humanizado e segurança alimentar.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARCENTRO DE CINCIAS AGRRIASDEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOSCURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS

AVALIAO DAS CONDIES FSICAS E HIGINICO-SANITRIAS DO MATADOURO FRIGORFICO MULTICARNES LOCALIZADO NA REGIO METROPOLITANA DE FORTALEZA-CE

ALUNA: LUIZA SANTANA LEITE

INTRODUOUm produto de qualidade aquele que atende perfeitamente, de forma confivel, acessvel, segura, e no tempo certo, s necessidades do cliente. Quando o produto um alimento, como a carne bovina, por exemplo, e o cliente um consumidor moderno, e consequentemente, exigente e muito seletivo, pode-se adaptar essa definio de modo a incluir os conceitos de valor nutritivo, sanidade e caractersticas organolpticas (EMBRAPA, 1999).Costa (2002) fala que programas de qualidade de carne devem visar mais do que s a oferta de produtos seguros, nutritivos e saborosos, devem assumir tambm um compromisso com a produo sustentvel e a promoo do bem-estar humano e animal, assegurando satisfao do consumidor e renda ao produtor, sem causar danos ao ambiente. Neste sentido, faz-se necessrio o conhecimento sobre o comportamento e caractersticas do animal, para que assim possa ser evitada a obteno de produtos de qualidade duvidosa. A qualidade da carne afetada por muitos fatores. Segundo Costa et al (2000) o estudo da Etologia (comportamento do animal) e os cuidados durante o manejo pr-abate so fatores determinantes na qualidade do produto final. O manejo pr-abate inadequado comprometem o bem-estar animal e a qualidade das carcaas, podendo levar leses causadas por fatores, como estresse, contuses, ou aplicaes inadequadas de medicamentos (COSTA et al, 2000). De acordo com Brasil (2008), os abatedouros so estabelecimentos dotados de instalao adequada para a matana de quaisquer das espcies de aougue, visando o fornecimento de carne in natura ao comrcio interno, com ou sem dependncias para a industrializao; dispor obrigatoriamente, de instalao e aparelhagem para o aproveitamento completo e perfeito de todas as matrias-primas e preparo de subprodutos no comestveis. Mesmo sendo um grande produtor de carne, o Brasil apresenta grandes deficincias na operao de abate. Em Brasil (2005) encontramos que as condies higinico-sanitrias dos estabelecimentos processadores de carne, manipuladores, distribuidores e comerciais so fatores de destaque na determinao da aceitabilidade das carnes, pois estas oferecem condies favorveis para o crescimento de bactrias, que podem chegar ao produto pela inadequada manipulao. A inspeo sanitria de carnes realizada em estabelecimentos abatedouros desempenha atividades preventivas de mais alta relevncia para a sade pblica, pois afasta do mercado consumidor carnes imprprias para o consumo ou que possam ser potencialmente prejudiciais a sade humana (SANTOS et al, 2001). Pequenos e mdios estabelecimentos municipais de abate animal descumprem as determinaes vigentes na legislao, oferecendo ao consumidor perigos de natureza qumica, fsica e biolgica devido s pssimas condies operantes. Munidos da Norma n 94.554, de 7 de julho de 1987, o trabalho objetiva avaliar as condies operacionais e fsicas (construes, instalaes, equipamentos e utenslios) e higinico-sanitrias (das Boas Prticas: dos colaboradores, dos equipamentos, dos utenslios) do Matadouro e Frigorfico Multicarnes situado na regio metropolitana de Fortaleza, Cear.MATERIAS E MTODOSA Norma n 94.554, de 7 de julho de 1987, divida em cinco captulos que dispem das regularidades para o funcionamento de pequenos e mdios matadouros locais. A inspeo do Matadouro e Frigorifico Multicarnes foi realizada com auxlio de um check-list e na anlise de cada ponto pertinente da Norma n 94.554. O check-list utilizado era composto de 58 itens de verificao, divido em cinco captulos: implantao e reaparelhamento dos matadouros; funcionamento; inspeo antem mortem e post mortem da matana de emergncia; higiene e organizao e estrutura de Servio de Inspeo Veterinria. As opes de respostas para o preenchimento do check-list foram: Sim (conforme), No (no conforme), e alguns itens foram classificados como No observado e No aplicado. RESULTADOS E DISCUSSOCaptulo I - Da Implantao ou Reaparelhamento dos MatadourosNo captulo I da Norma n 94.554, de 7 de julho de 1987 foram julgados 22 itens, sendo 3 itens no observados, como podemos visualizar na Tabela 1. Obteve-se o resultado de 59% dos itens em desacordo com a legislao e 27% em conformidade, como se pode observar no Grfico 1. Isto representa que a infraestrutura e reaparelhamento do matadouro precisam de melhorias, para se adequem a legislao vigente. Dentre as caractersticas principais em desacordo podem ser citadas: o piso (item 6 da normativa) pois o mesmo apresentava buracos (Figura 1), o que dificulta o processo de lavagem e desinfeco; a pia deve ser acionada por meio de pedais, de acordo com dcimo segundo item da normativa, e o estabelecimento tambm deve possuir toalhas descartveis para a correta higienizao das mos, portanto, de acordo com as Figura 2 e 3, perceptvel a desconformidade do item; as janelas que de acordo com o vigsimo item da normativa, devem ser teladas para evitar a entrada de pragas, foram encontradas em desacordo por no apresentarem telas e em outra situao as telas estavam precisando de reparos, no exercendo a funo de proteo contra pragas. A desconformidade pode ser observada na Fig. 4.

Grfico 1 - Percentagem dos itens inspecionados no captulo IFigura 1 Piso com irregularidadesFigura 2 Pia com acionamento manual

Figura 4 Janelas em desconformidadeFigura 3 Ausncia de toalhas descartveis

Tabela 1 Check-list do Captulo I da Norma n 94.554, de 7 de julho de 1987

NORMASDE ACORDOOBSERVAES

SIMNO

1. Localizar-se em pontos distantes de fontes produtoras de odores desagradveis.X

2. Ser instalado, em centro de terreno, cercado, afastado dos limites das vias pblicas no mnimo 5m, permita transito de veculos.X

3. Dispor de abastecimento de gua potvel. 800 (oitocentos litros) por bovinoNo observado

4. Dispor de equipamentos e instalaes para a produo de vapor e/ou gua quente.X

5. Dispor de iluminao natural e artificial abundantes bem como de ventilao adequada e suficiente em todas as dependncias.X

6. Possuir piso de material impermevel e ligeiramente inclinado.X

7. Ter paredes lisas de material de cor clara, com os ngulos e cantos arredondados. Os parapeitos das janelas devem ser chanfrados.X

8. Possuir forro, que no acumule sujeira. Exceo: casos em que telhado proporcione vedao e assegure higienizao.X

9. Dispor de dependncia de uso exclusivo para recepo dos produtos no comestveis com paredes at o teto no se comunicando diretamente com as dependncias que manipulem produtos comestveis.X

10. Dispor de mesas com tampos de ao inoxidvel, para a manipulao dos produtos comestveis.X

11. Dispor de recipientes construdos de material impermevel e de superfcies lisas.X

Tabela 1 Check-list do Captulo I da Norma n 94.554, de 7 de julho de 1987

NORMASDE ACORDOOBSERVAES

SIMNO

13. Dispor de rede de esgoto, que evite o refluxo de odores e a entrada de animais, instalao para a reteno de gordura, resduos e corpos flutuantes e dispositivos para a depurao artificial das guas servidas.X

14. Dispor de esterilizadores fixos ou mveis para a esterilizao do instrumental de trabalho, providos de gua quente (mn. 85 C).X

15. Dispor de dependncias sanitrias e vestirios proporcionais aos operrios, com acesso indireto s dependncias industriais.No Observado

16. Dispor de p-direito disposio adequada dos equipamentos, principalmente da trilhagem area. Os bovinos dependurados permaneam com o focinho, distante no mn. 75cm do piso.X

17. Dispor de currais, pocilgas cobertas e/ou apriscos, como pisos pavimentados apresentando ligeiro caimento no sentido dos ralos, providos de bebedouros e pontos de gua, com presso suficiente, para facilitar a lavagem e desinfeco dessas instalaes e dos meios de transporte.X

18. Dispor de espaos e equipamentos para atordoamento, sangria, esfola, eviscerao, acabamento das carcaas e manipulao dos midos, que no permita contato das carcaas, j esfoladas, entre si, antes de terem sido inspecionadas.X

19. Prover a seo de midos, de separao fsica entre as reas de manipulao do aparelho gastrintestinal e das demais vsceras comestveis.X

20. Dispor de telas em todas as janelas e passagens para o exterior e proteo contra roedores.X

21. Dispor de depsito para guardar embalagens, recipientes, produtos de limpeza e materiais utilizados no matadouro.No Observado

22. Dispor de dependncia da administrao separada do matadouro e localizada entrada.X

Captulo II Do FuncionamentoO captulo II do Decreto n 94.554, de 7 de Julho de 1987 consta de 5 pontos dos quais 1 ponto teve avaliao no aplicada. Observa-se a dualidade entre os pontos conformes e os no observados na porcentagem de 33%, sendo que a soma estatstica dos pontos desconformes e no observados compreende exatamente metade da amostragem analisada. O abatedouro Multicarnes est dentro das especificaes vigentes na legislao sendo de qualquer modo necessria ateno, j que os pontos no observados podem ou no estar na conformidade.

Grfico 2- Percentagem dos itens inspecionados no captulo II

No contexto desconforme ao avaliar o item 25 observa-se que as carcaas e as vsceras deveriam estar devidamente identificadas e separadas para possvel condenao ao serem inspecionadas. No entanto, no momento da inspeo realizada nas vsceras torna-se impossvel a identificao e separao das peas provenientes. A Figura 5 evidenciam a no identificao das vsceras, tornando plausvel a no conformidade do referido ponto.

Figura 5 Vsceras

Tabela 2 Check-list do Captulo II da Norma n 94.554, de 7 de julho de 1987NORMASDE ACORDOOBSERVAES

SIMNO

23. Permitir o sacrifcio dos animais somente aps a prvia insensibilizao, seguida de imediata e completa sangria. O espao de tempo para a sangria nunca deve ser inferior a 3 (trs) minutos e esta deve ser sempre realizada com os animais suspensos pelos membros posteriores. A esfola s pode ser iniciada aps o trmino da operao de sangria.X

24. Depilar e raspar, obrigatoriamente, em seguida ao escaldamento em gua quente entre as temperaturas limites de 62 a 65 C (sessenta e dois a sessenta e cinco graus centgrados), durante 2 (dois) a 5 (cinco) minutos, toda carcaa de suno entregue ao consumo com a pele; aps a operao depilatria, a carcaa ser lavada, convenientemente, antes de eviscerada.No aplicado

25. Eviscerar, sob as vistas de funcionrio do servio de inspeo sanitria, em local que permita o pronto exame das vsceras, com identificao perfeita entre estas a cabea e carcaa do animal; sob pretexto algum pode ser retardada a eviscerao e para tanto no devem ficar animais dependurados nos trilhos nos intervalos de trabalho.X

26. Executar os trabalhos de eviscerao com todo o cuidado a fim de evitar que haja contaminao das carcaas provocada por operaes imperfeitas, devendo os servios de inspeo sanitria, em casos de contaminao por fezes e/ou contedo ruminal aplicar as medidas preconizadas no item 30X

27. Marcar a cabea do animal, quando esta for destacada, para permitir uma fcil identificao com a carcaa correspondente. O mesmo procedimento deve ser adotado com relao s vsceras, conforme Anexo.No observado

28. Proibir a prtica de insuflao de animais e de rgos parenquimatosos.No observado

Captulo 3 Da Inspeo ANTE-MORTEM e POST MORTEM e da Matana de EmergnciaO captulo III da norma n 94.554, de 7 de julho de 1987 consta de 6 pontos, onde na avaliao realizada 5 desses pontos foram observados e apenas 1 no apresentou conformidade segundo a legislao pertinente. O Grfico 3 permite uma visualizao dos dados avaliados e a partir dele observa-se que para esse captulo a maior parte dos pontos esta conforme com o que a legislao determina.

Grfico 3 - Percentagem dos itens inspecionados no captulo IIIA estatstica aponta que maior parte dos pontos observados est dentro da conformidade. Mesmo considerando a amostragem conforme, observa-se que os 17% no-conforme representam parte considervel, merecendo ateno e reparo principalmente se somada parte no observada.No contexto desconforme, observa-se que o item 29, que se refere inspeo ante-mortem, est em desacordo com a legislao. A inspeo ante-mortem tem as seguintes finalidades: a) exigir e verificar os certificados de vacinao e sanidade do gado; b) identificar o estado higinico-sanitrio dos animais, que auxilia, com os dados informativos, a tarefa de inspeo post-mortem; c) identificar e isolar os animais doentes ou suspeitos, antes do abate, bem como vacas com gestao adiantada e recm-paridas; d) verificar as condies higinicas dos currais e anexos (BRASIL, 1968; STEINER, 1983; GIL e DURO, 1985; SNIJDERS, 1988), devendo ento ser garantida e bem aplicada a fim de garantir que animal se dirija ao abate nas condies ideais.O banho de asperso objetiva limpar a pele para assegurar uma esfola higinica e reduzir a poeira, tendo em vista que a pele fica mida e, portanto, diminui a sujeira na sala de abate (STEINER, 1983). As condies utilizadas para o banho no foram satisfatrias quando se observa o volume de gua utilizada do abatedouro, como mostram a Figura 6, sendo que a adequao imediata faz-se de fundamental importncia para que se continue realizando a funo que se prope.Figura 6 Volume de gua ineficiente

Tabela 3 Check-list do Captulo III da Norma n 94.554, de 7 de julho de 1987NORMASDE ACORDOOBSERVAES

SIMNO

29. Cumprir, no que se refere inspeo "ante mortem", o disposto nos artigos 106 a 129 do Regulamento de Inspeo Industrial e Sanitria de Produtos de Origem Animal - RIISPOA (Decreto n 30.691 (2), de 29 de maro de 1952, alterado pelo Decreto n. 1.255 (3), de 25 de junho de 1962).X

30. Cumprir, no que se refere inspeo "post mortem" o disposto nos artigos 147 e 198 e 204 a 226 do RIISPOA.XOs artigos 198, 204 a 226 no se aplicam.

31. Cumprir, no que se refere matana de emergncia, o disposto nos artigos 130 a 134 do RIISPOA.X

32. Considerar, quando da inspeo de animais, carcaas e vsceras, previsto nos itens 29, 30 e 31, as limitaes do estabelecimento, admitindo-se o aproveitamento condicional de carcaas e/ou vsceras, apenas, nos casos em que houver condies apropriadas para tal.X

33. Destruir, no prprio matadouro, os materiais condenados oriundos da sala de matana, utilizando para tal forno crematrio ou outro meio apropriado. Quando se tratar de material com possvel aproveitamento condicional para alimentao animal, admite-se o tratamento por coco em gua fervente pelo tempo mnimo de 2 (duas) horas, de forma que o material fique completamente cozido em todas as suas partes. Em caso de dvida, proceder ao teste do suco rosado para verificao do cozimento completo. Permitir-se-, excepcionalmente, a retirada de materiais condenados para a industrializao fora do estabelecimento (graxaria industrial) desde que devidamente desnaturados com substncia devidamente aprovada para a finalidade e que o seu transporte seja efetuado em recipientes ou veculos estanques e especficos.No observado

34. Marcar as carcaas ou vsceras julgadas em Condies de consumo humano direto com os carimbos modelos 1 e 2 e as condenadas, aps descaracterizadas, com o carimbo modelo 3, conforme Anexo. A carimbagem deve ser efetuada por funcionrio de servio de inspeo sanitria. A tinta utilizada na carimbagem dever ser base de violeta de metila (corante), conforme a seguinte frmula: 10g (dez gramas) de violeta de metila em p, 500ml (quinhentos mililitros) de lcool absoluto de 450ml (quatrocentos e cinquenta mililitros) de glicerina lquida, deve ser observada a seguinte tcnica de preparao: dissolver a violeta de metila no lcool absoluto, aquecer de 45 a 50 C (quarenta e cinco a cinquenta graus centgrados) em banho-maria e adicionar a glicerina mistura lcool / corante, agitando sempre. A tinta deve ser guardada em frasco escuro com tampa esmerilhada e devidamente identificado.No observado

Captulo IV Da HigieneO captulo IV da norma n 94.554, de 7 de julho de 1987 consta de 19 pontos, dos quais, 74% no obedecem a legislao pertinente.

Grfico 4 - Percentagem dos itens inspecionados no captulo IVSegundo Roa (2000) a contaminao da carne ocorre por contato com a pele, plo, patas, contedo gastrintestinal, leite do bere, equipamentos, mos e roupas de operrios, gua utilizada para lavagem das carcaas, equipamentos e ar dos locais de abate e armazenamento. Podendo ocorrer em todas as operaes de abate, armazenamento e distribuio e sua intensidade depende da eficincia das medidas higinicas adotadas, da a importncia da constante adoo das BPFs como ferramenta de controle. Vrios pontos observados no abatedouro evidenciaram a no implantao de um programa de Boas Prticas o que torna plausvel a porcentagem obtida na aplicao do check-list.Na Figura 7, mostra sujeira e sangue no cho tornado evidente que o matadouro no mantm todas as suas dependncias em condies de higiene antes, durante e aps a realizao dos trabalhos contra partindo com o ponto 35.

Figura 7 - Sujidades Na Figura 8 torna-se possvel verificar que o item 37 da normativa no est sendo seguido pelo matadouro. De acordo com o decreto os equipamentos, carrinhos, tanques, caixas, bandejas, mesas e demais materiais e utenslios devem estar identificados, convenientemente, de modo a evitar qualquer confuso entre os destinados a produtos comestveis e os no comestveis, usando-se as denominaes "Comestveis", "No Comestveis" e "Condenados".

Figura 8 Caixas sem identificao

Durante a visita foi observada a presena de moscas, o que faz com que o item 39 seja no conforme. Para Pardi et al (1993) ces, gatos, ratos, camundongos, baratas, moscas e insetos em geral no devem ser encontrados no local de abate.A Figura 9 mostra a presena de objetos estranhos s dependncias, o que torna o item 42 como no conforme.

Figura 9 Objetos estranhos s dependncias.

A estrutura do estabelecimento pode ser observada a partir da Figura 10. Visualiza-se um piso acidentado, impedindo a limpeza e desinfeco eficaz da rea.

Figura 10 Piso acidentado. O item 44 da normativa relaciona-se a lavagem e desinfeco, a quantidade que for preciso, dos pisos e cercas dos currais, bretes de conteno, mangueiras, pocilgas, apriscos e outras instalaes prprias para guarda, pouso e conteno de animais vivos ou depsito de resduos industriais. Foi visualisado que o referido item encontra-se em no conformidade. Na normativa, o item 45 relata que deve ser feita inspeo e manuteno de limpeza nas caixas de sedimentao de resduos, ligadas e intercaladas as redes de esgoto. Na Figura 11 podemos ver que o matadouro est em desacordo, uma vez que as caixas de sedimentao no so vedadas e correm a cu aberto, espalhando odores extremamente desagradveis.

Figura 11 Caixa de sedimentao a cu aberto.

A Figura 12 mostra que os ganchos utilizados na suspenso dos animais, esto apresentando regies enferrujadas. Conforme Pardi et al (1993) o material de escolha para a construo de equipamentos e do instrumental em geral o ao inoxidvel, que embora resistentes oxidao e aos impactos mecnicos requer permanente cuidado em sua manuteno.

Figura 12 Ganchos enferrujados

Tabela 4 Check-list do Captulo IV da Norma n 94.554, de 7 de julho de 1987NORMASDE ACORDOOBSERVAES

SIMNO

35. Manter todas as dependncias dos matadouros em condies de higiene antes, durante e aps a realizao dos trabalhos.X

36. Exigir que os operrios lavem as mos antes de entrar no ambiente de trabalho, quando necessrio, durante a manipulao e sada dos sanitrios.X

38. Lavar e desinfectar os pisos e paredes, assim como o equipamento e utenslios usados no matadouro, diria e convenientemente. No caso de desinfeco, os desinfectantes empregados tm que ser previamente aprovados pelos Ministrios da Sade e da Agricultura.X

39. Manter os matadouros livres de moscas, mosquitos, baratas, ratos, camundongos e quaisquer outros insetos, alm de gatos, ces e outros animais, agindo-se cautelosamente quanto ao emprego de venenos cujo uso s permitido nas dependncias no destinadas manipulao ou depsito de produtos comestveis e mediante autorizao do servio de inspeo sanitria. No permitido para os fins deste item o emprego de produto biolgico.X

40. Exigir do pessoal que trabalha com produtos comestveis, desde a rea de sangria at a expedio, o uso de uniforme de cor branca, e limpa, inclusive, protetores de cabea (gorros ou capacetes) e botas.X

41. Exigir do pessoal que manipula produtos condenados, a desinfeco dos meios e instrumentos com anti-spticos apropriados.X

42. Proibir que o pessoal faa suas refeies nos locais de trabalho, bem como depositar produtos, objetos e material estranho finalidade da dependncia ou ainda guardar roupa de qualquer natureza. Tambm proibido fumar, cuspir ou escarrar em quaisquer dependncias de trabalho do matadouro.X

43. Determinar, todas as vezes que o servio de inspeo sanitria julgar necessrio, a substituio, raspagem, pinturas e reparos em pisos, paredes, tetos e equipamentosX

44. Lavar e desinfectar, tantas vezes quantas necessrias, os pisos e cercas dos currais, bretes de conteno, mangueiras, pocilgas, apriscos e outras instalaes prprias para guarda, pouso e conteno de animais vivos ou depsito de resduos industriais.X

45. Inspecionar e manter convenientemente limpas as caixas de sedimentao de resduos, ligadas e intercaladas rede de esgoto.X

46. Conservar, ao abrigo de contaminao de qualquer natureza, os produtos comestveis durante sua obteno, embarque e transporte.X

47. Vedar o emprego de vasilhames de cobre, lato, ferro estanhado, zinco, barro, madeira ou qualquer outro utenslio que por sua forma e composio possa causar prejuzo manipulao, estocagem e transportes de matrias-primas e de produtos usados na alimentao humana.X

48. Exigir que os operrios sejam portadores de carteira de sade fornecidas por autoridade oficial e renovadas, anualmente, declarando que os mesmos esto aptos a manipular produtos destinados alimentao humana. Nas localidades onde no haja servio oficial de sade pblica so aceitos atestados passados por mdicos particulares. A inspeo de sade exigida sempre que a autoridade sanitria do matadouro achar necessrio, para qualquer empregado do estabelecimento, seus dirigentes ou proprietrios, mesmo que exeram esporadicamente, atividades nas dependncias. do matadouro. Sempre que ficar comprovada a existncia de dermatoses ou quaisquer doenas infecto-contagiosas ou repugnantes em qualquer pessoa que exera 'atividades no matadouro, ser ela imediatamente afastada do trabalho, cabendo ao servio de inspeo sanitria comunicar o fato autoridade da sade pblica.No observado

49. Exigir que os padres de potabilidade da gua de abastecimento sejam aqueles constantes no artigo 62 do RIISPOA.No observado

50. Inspecionar, previamente, os continentes, quando destinados ao acondicionamento de produtos utilizados na alimentao humana, rejeitando as que forem julgadas sem condio de uso. De modo algum permitido o acondicionamento de matrias-primas ou produtos destinados alimentao humana em carrinhos, recipientes ou demais continentes que tenham servio a produtos no comestveis.X

51. Proibir a guarda de material estranho nos depsitos de produtos, nas salas de matana e seus anexos e na expedio.X

52. Proibir a utilizao de qualquer dependncia do matadouro como residncia.X

53. Higienizar, diariamente, os instrumentos de trabalho.X

54. Vedar a entrada de pessoas estranhas s atividades, salvo quando devidamente uniformizadas e autorizadas pela chefia do estabelecimento.X

Captulo V Da Organizao e Estrutura de Servio de Inspeo VeterinriaO captulo V dispe dos assuntos de Organizao e Servios veterinrios que soma um total de 4 pontos, dos quais nenhum apresentou no conformidade. A anlise estatstica, entretanto, apresentou um maior percentual de itens no observados (75%), o que causa dvidas, pois pontos no observados podem estar ou no conformes, o que pode demandar ateno quando se desejado implantar qualidade contnua.

Grfico 5 - Percentagem dos itens inspecionados no captulo VNo ponto 55 cita-se a ADAGRI como o orgo responsvel pela inspeo de abatedouros/matadouros do Estado do Cear que dentre inmeras funes exerce o poder de polcia sanitria.

Tabela 5 Check-list do Captulo V da norma n 94.554, de 7 de julho de 1987NORMASDE ACORDOOBSERVAES

SIMNO

55. Os Estados ou Municpios devem dispor de rgo prprio para a execuo de inspeo e fiscalizao dos matadouros destinados ao abate de animais de aougue.X

56. O organismo de que trata o item anterior deve atender s seguintes condies:a) dispor de pessoal tcnico, em nmero adequado, fI. realizao da inspeo sanitria "ante" e "post mortem" obedecendo a legislao vigente;b) submeter a treinamento seu pessoal tcnico de nvel superior (Mdico Veterinrio) e mdio (Auxiliar de Inspeo) sob a superviso do Ministrio da Agricultura; ec) dispor de meios para registro e compilao dos dados estatsticos referentes ao abate, condenao, produo e outros que porventura se tornem necessrios.No observado

57. O projeto de construo ou de reaparelhamento do matadouro deve ser aprovado pelo setor competente do Estado ou Municpio, observando o contido nas presentes normas e seus cdigos de obras e sanitrio.No observado

58. O funcionamento do estabelecimento depender de autorizao do rgo estadual ou municipal competente, o qual conceder o nmero de registro do estabelecimento, que ser utilizado nos carimbos de inspeo previstos no item 34 das presentes Normas.No observado

CONCLUSOAtravs da estatstica aplicada a inspeo realizada no Matadouro e Frigorfico Multicarnes podemos concluir que o estabelecimento est no conforme com a Norma n 94.554, de 7 de julho de 1987. Os dados referentes a no conformidade obtiveram a porcentagem de 49% contrastando com os 29% dos dados conformes, alm de apresentar um percentual de 22% de itens no observados. A percentagem no conforme foi endossada em grande parte pela estatstica relativa ao captulo IV onde 74% dos pontos se apresentavam em desconformidade. Os resultados obtidos demonstram a necessidade de implantar melhorias contnuas, visto que os itens mais bsicos das Boas Prticas no apresentavam concordncia com a legislao vigente, tornando invivel a produo de um alimento com segurana e qualidade.

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