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SAUN, Quadra 5, Lote C, Centro Empresarial CNC, Bloco C – Brasília/DF CEP 70.040-250 Tel.: (61) 3318-7900 / Fax: (61) 3318-7997 | [email protected] | www.dpu.gov.br RELATÓRIO DE VISTORIA EM ESTABELECIMENTO DE SAÚDE PAJ n° 2015/001-00048 Local: Hospital de Base do Distrito Federal Data: 19 de outubro de 2016 Duração: 09h20min – 13h30min Defensores Públicos Federais: Eduardo Nunes de Queiroz, Fabiana Bandeira de Faria e André da Silva Ordacgy I - APRESENTAÇÃO Trata-se de vistoria realizada pela Defensoria Pública da União do Distrito Federal, em parceria com o Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SINDIMÉDICO), Conselho Regional de Medicina (CRM-DF), Associação de Mulheres Mastectomizadas de Brasília (RECOMEÇAR) e Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brasília (RFCC-DF) com o objetivo de apurar a qualidade dos serviços de atenção à mulher com câncer de mama disponibilizados no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). A referida diligência remete ao Processo de Assistência Jurídica coletivo n° 2015/001-00048, que busca apurar a produtividade e suficiência dos equipamentos de oncologia da Rede Pública do Distrito Federal, e se insere no contexto de conscientização da importância do diagnóstico e tratamento precoce do câncer de mama promovido pela campanha do Outubro Rosa.

RELATÓRIO DE VISTORIA EM ESTABELECIMENTO DE SAÚDE · de postos de saúde em exames clínicos. ... (incorporado ao SISCAN) desde 2008, mas os dados de atendimento de ... (30 a 40d)

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RELATÓRIO DE VISTORIA EM ESTABELECIMENTO DE SAÚDE

PAJ n° 2015/001-00048 Local: Hospital de Base do Distrito Federal Data: 19 de outubro de 2016 Duração: 09h20min – 13h30min Defensores Públicos Federais: Eduardo Nunes de Queiroz, Fabiana Bandeira de Faria e André da Silva Ordacgy

I - APRESENTAÇÃO

Trata-se de vistoria realizada pela Defensoria Pública da

União do Distrito Federal, em parceria com o Sindicato dos Médicos do Distrito

Federal (SINDIMÉDICO), Conselho Regional de Medicina (CRM-DF), Associação

de Mulheres Mastectomizadas de Brasília (RECOMEÇAR) e Rede Feminina de

Combate ao Câncer de Brasília (RFCC-DF) com o objetivo de apurar a

qualidade dos serviços de atenção à mulher com câncer de mama

disponibilizados no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF).

A referida diligência remete ao Processo de Assistência

Jurídica coletivo n° 2015/001-00048, que busca apurar a produtividade e

suficiência dos equipamentos de oncologia da Rede Pública do Distrito Federal, e

se insere no contexto de conscientização da importância do diagnóstico e

tratamento precoce do câncer de mama promovido pela campanha do Outubro

Rosa.

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A escolha do Hospital de Base, acordada em reunião prévia

com as entidades parceiras, se justificou em razão de ser a unidade de saúde de

referência no tratamento de câncer de mama no Distrito Federal, e único Centro

de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) nesta Unidade

Federativa.

A diligência foi realizada sem comunicação prévia à

administração do nosocômio, de forma a assegurar a maior fidedignidade dos

fatos observados na ocasião.

II - DAS ETAPAS DA VISTORIA

A vistoria foi estruturada em visita às diversas unidades do

HBDF que lidam com a prestação de serviços à mulher portadora de câncer de

mama, e se desdobrou em entrevista com os profissionais responsáveis pelas

áreas e inspeção visual da estrutura física de tais unidades, conforme a seguir

exposto.

II.I - DIREÇÃO

Iniciando-se às 9h20min, os membros da equipe de vistoria

(DPU, SINDMÉDICO, CRM, RECOMEÇAR e RFCC-DF) compareceram à

direção do HBDF para informar o administrador do início da diligência, mediante

entrega do ofício de comunicação n° Nº 26 - DPU 2CATDF/OFDHTC 2CATDF.

O diretor do nosocômio, dr. Júlio César Ferreira Jr. recebeu

a equipe, e em conversa preliminar destacou os seguintes pontos:

- informou que o HBDF está descartando o único mamógrafo existente na unidade de Radiologia, que está obsoleto e sem funcionamento;

- em seu lugar, instalará em breve o modelo mais novo, sem uso, que está atualmente encaixotado no Hospital do Gama;

- ressaltou que o nosocômio padece de falta de materiais médicos e de recursos humanos, o que está além de seu limite de governança;

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- reconheceu que a principal carência, dentro dos serviços de seu CACON, encontram-se nas áreas de oncologia clínica e radioterapia;

- quanto às cirurgias oncológicas, esclareceu que as salas de cirurgia do HBDF padecem de falta de recursos humanos para formar equipes, mas que aparentemente não é o caso da mastologia, cuja unidade conta com sua própria equipe e, atualmente, as cirurgias relacionadas ao câncer de mama são realizadas com espera de 3 a 4 semanas, o que se mostra razoável, e apenas conta com 12 pacientes na fila de espera;

Nada mais havendo, encerrou-se a reunião e se deu o início

à vistoria propriamente dita.

II.II - UNIDADE DE MASTOLOGIA

A vistoria na unidade de Mastologia do HBDF se deu

mediante inspeção in loco da área de espera e de um dos consultórios de

atendimento, e por entrevista com a chefe da unidade, dra. Carolina Fuschino.

Em síntese, foi apurado:

- No ambulatório, são realizados uma média de 7 autópsias por dia nos seus 4 consultórios, estimando-se uma média de 100 biópias/mês;

- O ambulatório de triagem do HBDF agenda uma média de 25 consultas por semana. Contudo, são apenas atendidas pacientes com risco amarelo (dúvida de câncer) e vermelho (suspeita de câncer);

- Pacientes com risco menor não estão sendo diagnosticadas no tempo devido, apesar de procurarem oportunamente os postos de saúde, pois há uma imensa fila de espera para realização de mamografia na rede pública, de aproximadamente 9.000 pessoas, das quais aproximadamente 1.790 já se encontram em risco vermelho;

- Apurou-se que isso ocorre pelo fato de 10 dos 11 mamógrafos da rede pública do DF estarem quebrados (inclusive o do HBDF, em fase de desmonte), e atualmente só o mamógrafo da Central de Radiologia de Taguatinga (CRT) atende toda a demanda do SUS local;

- Também há grande espera para acesso a exames complementares para estadiamento dos tumores, que, segundo as profissionais entrevistadas, demora "séculos" para atendimento;

- Sugeriu-se que sejam requisitadas informações à central de regulação da SES/DF acerca das filas para as mamografias e demais exames, pois são todas reguladas pela Secretarias;

- Em razão dessa deficiência, as entidades de apoio às pacientes vêm auxiliando no encaminhamento de mulheres carentes a unidades da rede privadas que realizam mamografias a preços mais acessíveis (em torno de R$ 100,00). Contudo, essas mesmas entidades afirmam que os exames complementares à mamografia, também não fornecidos a contento pela Secretaria de Saúde (ex.: cintilografia), apresentam

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valores na rede privada que superam em muito a capacidade financeira das pacientes;

- Foi ainda destacado que a demanda representada pela fila de aproximadamente 9.000 mulheres que aguardam mamografia diz respeito apenas àquelas que já tiveram indícios detectados por médicos de postos de saúde em exames clínicos. Contudo, essa demanda não abrange todas aquelas mulheres acima de 49 anos que, por determinação do Ministério da Saúde, devem ter acesso a cada dois anos à mamografia preventiva. Tal contingente no Distrito Federal, segundo o representante do CRM que acompanhou a vistoria, dr. Alexandre Cavalca, representaria uma demanda real de 135.000 exames anuais, que, por força da deficiência na rede pública, não estão sendo realizados no DF, demanda esta que seria totalmente atendida caso os 11 mamógrafos estivessem em funcionamento;

- Quanto à informatização dos dados de atendimento, apurou-se que o HBDF alimenta o sistema SISMAMA do Ministério da Saúde (incorporado ao SISCAN) desde 2008, mas os dados de atendimento de mastologia estão pulverizados entre diversas unidades da rede pública do DF, não sendo possível afirmar se os dados do atendimento da especialidade no DF estão integralmente lançados naquele sistema federal;

- No tocante às cirurgias de reconstrução mamária, também realizadas pela mastologia, reconhece-se que há estoques baixos de próteses (Já faz um ano que a unidade não recebe próteses do SUS. Atualmente, existem apenas 38 disponíveis em estoque, fruto de doção privada, o que atenderia a uma demanda estimada em dois meses. O valor de cada unidade de prótese anatômica, pela tabela SUS, é de R$ 1.200,00), e há falta de expansores, que são utilizados no caso de falta de pele suficiente à reconstrução;

- Muito embora a unidade conte com 10 médicos, entendido como suficiente para sua atual demanda, registra-se reclamação quanto à falta de pessoal encarregado do acolhimento de pacientes, notadamente técnicos de enfermagem, o que prejudica a organização e a qualidade do atendimento;

- prazos médios para atendimento nas etapas da linha de cuidado no HBDF: primeira consulta (5d) biópsia (30 a 40d) resultado lançamento no "livro" para marcação de cirurgia (40d) cirurgia (prazo não informado) radioterapia e/ou quimioterapia.

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REGISTRO FOTOGRÁFICO

Foto 1. Consultórios de atendimento da Unidade de Mastologia do HBDF Foto 2. Entrada de consultório de

atendimento da Unidade Mastologia do HBDF

Foto 3. Interior de consultório de atendimento

Foto 4. Área de acolhimento de pacientes pela Rede Feminina de Combate ao Câncer, localizado no corredor de acesso aos consultórios de atendimento da Mastologia do HBDF

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II.III - UNIDADE DE RADIOLOGIA

A vistoria na unidade de Radiologia do HBDF se deu

mediante inspeção in loco do mamógrafo existente e conversa com a chefe da

unidade, dra. Lenilza Vieira Viana de Lucena. Em síntese, foi apurado:

- o único mamógrafo existente na unidade, instalado em 1985, está fora de uso desde outubro de 2014 (voltou a funcionar por apenas um mês em abril/2015, porém apresentou problemas, cessando definitivamente o seu uso em maio/2015), por interdição da Vigiliância Sanitária do DF, e também por força de falta de peças de reposição junto à empresa Siemens. Antes mesmo da suspensão do funcionamento, a máquina já apresentava deterioração da qualidade das imagens, que não apresentavam resolução suficiente aos diagnósticos;

- Reiterou-se que o fluxo de demandas por mamografia do HBDF é organizada pela central de regulação da SES/DF, que coordena a distribuição dos pedidos de exame tanto oriundos do nosocômio como das unidades de atenção básica;

- Há expectativa de instalação do equipamento de mamografia oriundo do Hospital do Gama, que é novo. Também é esperado que tal mamógrafo seja instalado acrescido de suporte para digitalização, necessário para uma maior praticidade e velocidade no manuseio dos exames;

- Pleiteia-se, além do equipamento que virá do Hospital do Gama, a compra de um outro mamógrafo mais moderno, com tecnologia de digitalização já incorporada ao aparelho;

- Quanto ao uso de tomógrafos, também necessários ao devido diagnóstico e tratamento de tumores, apurou-se que o HBDF possui dois aparelhos: um no ambulatório de radiologia, com demanda parte regulada pela SES/DF, parte destinada a internados; outro no pronto-socorro, focado apenas em emergências;

- Contudo, a falta de contratos de manutenção constantemente implica na indisponibilidade de um dos mamógrafos (exatamente o que foi constatado pela vistoria, visto que um deles estava fora de operação no momento), sendo que o do ambulatório ficou quebrado por cerca de um ano até ser reparado em maio;

- Só há contrato de manutenção para os equipamentos de raio-X. Para os tomógrafos, os contratos estão em fase de negociação com a Siemens;

- Atualmente, encontra-se quebrado o tomógrafo do pronto-socorro por falta de contrato de manutenção com a empresa Siemens, situação que perdura há 30 dias. Por essa razão, o tomógrafo do ambulatório vem sendo intensamente demandado pela emergência, o que prejudica o uso para a demanda regulada;

- A rede pública do DF, atualmente, fornece tomografias para a regulação em seis hospitais públicos: HBDF, Hospital de Sobradinho,

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Hospital de Taguatinga, Hospital Materno-Infantil, Hospital da Asa Norte e Hospital da Ceilândia;

- Contudo, além do problema enfrentado no HBDF, o HMIB atende só parcialmente as demandas, e o Hospital de Ceilândia está com restrições para atendimento;

- Por essas razões, estima-se a fila de espera em exames de tomografia na rede pública do DF, que estava em cerca de 11.000 em maio, já esteja em torno de 18.000 pacientes;

- Destacou-se que, com o funcionamento normal dos aparelhos (tomógrafos e mamógrafos), é possível a realização de 40 procedimentos/dia por aparelho no caso de equipe (2 técnicos) de 2 turnos, ou 52 procedimentos/dia em 3 turnos. Contudo, ressaltou-se que não há pessoal suficiente para lidar com a capacidade plena dos aparelhos;

- ao longo da vistoria, constatou-se também que a rede pública do DF não está realizando exames de ressonância magnética, carecendo da compra de bobinas para retomar o serviço, tampouco exames de cintilografia óssea.

REGISTRO FOTOGRÁFICO

Foto 5. Mamógrafo (sem uso desde out/2014)

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II.IV - UNIDADE DE MEDICINA NUCLEAR

Muito embora esteja fechada para atendimento por ordem

da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN desde o final de 2014, a

unidade de Medicina Nuclear do HBDF foi objeto de vistoria pela equipe em

razão da importância de diversos exames lá realizados para diagnóstico e

tratamento de câncer de mama. A diligência se deu com mediante inspeção in

loco das salas de equipamentos existentes e em fase de instalação e conversa

com a física técnica responsável pela unidade, Simone Lopes do Nascimento, e

com o Dr. Rodrigo Guimarães Furtado. Em síntese, foi apurado:

- Trata-se da única unidade de medicina nuclear da Secretaria de Saúde do GDF. No DF, há ainda unidades no Hospital Universitário de Brasília e o Hospital das Forças Armadas;

- A unidade se encontra fechada desde final de 2014 por falta de licença da CNEN, tendo em vista a falta de profissionais físicos e espaço adequado para atendimento aos pacientes;

- Em relação a essas pendências, a falta de pessoal já foi equacionada com a nomeação de uma física (Dra. Simone). Já a adequação do espaço aguarda obras de ampliação da unidade, sem previsão ainda de data de início das obras;

- O aparelho de PET-SCAN, adquirido em agosto de 2013, ainda se encontra encaixotado em um dos corredores do HBDF (18 caixas), sem maiores cuidados acerca do seu acondicionamento (necessidade de ambiente seco e refrigerado), correndo o risco de não funcionar quando for futuramente instalado;

- A sala em que será instalado o PET-SCAN está aguardando obra a ser conduzida pela NOVACAP, cujo projeto complementar deverá ser entregue até 10/12/2016. Após, será possível o início das obras, ainda sem perspectiva seja desse início, muito menos do seu término;

- Enquanto isso, o equipamento de PET-SCAN encontra-se em local sem qualquer refrigeração (ar-condicionado), essencial à proteção de materiais mais sensíveis do aparelho, e já fora da garantia dada pela fabricante (GE), que é de um ano após a compra;

- Além do PET-SCAN encaixotado, a unidade conta com 2 equipamentos de cintilografia, ambos sem funcionamento, mas ainda mantidos em 2 salas distintas com a devida refrigeração por ar-condicionado para evitar maiores danos;

- Um deles foi instalado em 2004, da marca Phillips, e está quebrado desde outubro de 2014 por falta de peças junto à fabricante, que considera o equipamento obsoleto. Contudo, os técnicos entrevistados

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Foto 7. Equipamento de cintilografia óssea – marca GE

afirmam que o mesmo ainda possui condições para restabelecer funcionamento útil aos diagnósticos;

- O outro, da marca GE, foi instalado no ano 2000, e está sem funcionar desde março de 2015, por força de falta de contrato de manutenção dos equipamentos de informática (computadores e placas específicas) necessários à sua operação. Mesmo com o restabelecimento dos computadores, os técnicos entrevistados ressaltaram a necessidade de testes preliminares para apurar se o período de inatividade não provocou danos à operação do maquinário;

- Caso estivessem funcionando, os equipamentos de cintilografia seriam capazes de realizar cerca de 800 exames/mês, dentro de um contexto de 3 turnos.

REGISTRO FOTOGRÁFICO

Foto 6. Entrada da Unidade de Medicina Nuclear

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Foto 8. Equipamento de cintilografia óssea – marca GE

Foto 10. Equipamento de cintilografia óssea – marca Philips

Foto 9. Equipamento de cintilografia óssea – marca Philips

Foto 11. Aparelho de PET-TC encaixotado no corredor que leva ao ambulatório do HBDF

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Foto 12. PET-TC (PET-SCAN) encaixotado

Foto 15. Panorama do corredor em que as caixas do PET-TC são mantidas, sem indícios de refrigeração especial para manutenção.

Foto 13. Detalhe da caixa do PET-TC com data provável da remessa à SES/DF (08/07/2013)

Foto 14. Outras caixas do equipamento PET-TC

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Foto 16. Detalhe de uma das caixas do PET-TC

Foto 18. Sala destinada à instalação do PET-TC (em obras)

Foto 17. Sala destinada à instalação do PET-TC, nas dependências da Unidade de Medicina Nuclear (em obras)

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II.V - UNIDADE DE ONCOLOGIA

A vistoria na unidade de Oncologia do HBDF se deu

mediante inspeção in loco, principalmente das áreas destinadas ao tratamento de

radioterapia dos pacientes, e mediante entrevista com o chefe da unidade, dr.

Marcélio Evangelista Ribeiro, e com a médica oncologista Dra. Maria Leticia

Pereira de Moraes. Em síntese, foi apurado:

- a unidade é dotada de 4 consultórios para oncologia clínica;

- os responsáveis pela unidade afirmaram que os procedimentos de quimioterapia estão ocorrendo sem atrasos, tendo em vista a regularidade no fornecimento dos fármacos e da existência de equipe suficientes (13 médicos, 5 enfermeiros e 3 técnicos de enfermagem) para realização de 40 sessões/dia;

- por outro lado, alertaram para o contexto de grande déficit na realização de procedimentos de radioterapia na rede pública de saúde do DF, o que vem ocasionando imensa demora no acesso a tal tratamento, com comprometimento quase diário da vida de pacientes oncológicos;

- a demanda era atendida até 2015, graças a convênios firmados hospitais da rede privada (Hospital Anchieta; Hospital Santa Lúcia; e Hospital Sírio Libanês – este último, continua auxiliando, pois atua mediante filantropia, mas apenas cerca de 10 pacientes/mês, em geral crianças e casos de próstata), que complementavam a estrutura insuficiente de equipamentos de radioterapia das unidades públicas do DF;

- contudo, a partir do segundo semestre de 2015, os contratos não foram renovados por resistência das entidades privadas, tendo em vista os débitos não quitados pela administração anterior do GDF;

- sem a complementação de atendimento oriunda da rede privada, a fila atual para realização de radioterapia pelo SUS no DF acumula mais de 1.200 pacientes em prioridade vermelha, com estimativa de espera de até 2 anos para atendimento;

- no tocante ao câncer de mama, tal espera é inviável, porquanto as sessões de radioterapia devem começar em até 6 meses após a retirada cirúrgica do tumor, sob pena de se tornar inútil para fins de cura terapêutica, assumindo apenas caráter paliativo, em fase já letal da doença;

- o contexto, segundo os próprios profissionais da unidade, é "desesperador", razão pela qual vêm buscando encaminhar seus pacientes para tratamento radioterápico em outras Unidades da Federação, notadamente Goiânia/GO (espera de apenas 2 meses), Barretos/SP (possui hospital do câncer) e Patos de Minas/MG (dispõe de CACON recém inaugurado);

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- contudo, os médicos não estão conseguindo realizar tal encaminhamento via Tratamento Fora de Domicílio (TFD), porquanto a SES/DF vem recusando a custear tal serviço à luz do equipamento já oferecido no DF;

- a rede pública do Distrito Federal conta com apenas três aparelhos de radioterapia: um acelerador linear no HUB, outro no HBDF e a chamada "bomba de cobalto" no mesmo Hospital de Base. Estimativas apontam que o número mínimo para a atual população do DF seriam de 6 máquinas para atender a demanda;

- a longo prazo, busca-se equacionar essa demanda com a instalação do acelerador linear disponibilizado pelo Ministério da Saúde para o Hospital de Taguatinga (HRT), que ainda enfrenta problemas burocráticos para início das obras da área em que será instalado. Além disso, há o pedido de inclusão de mais um acelerador linear para HBDF no âmbito do referido programa federal, para substituir a obsoleta "bomba de cobalto", e a construção do Hospital do Câncer do DF, ambos sem qualquer data ou estimativa para início de implantação;

- segundo informado, a fila atual para radioterapia é divulgada à população via internet (não foi informado o endereço). O cadastramento e registro de atendimento é feito via sistema TRAKCARE, que, segundo apurado, não gera dados estatísticos, sendo impossível ter noção exata da produtividade da rede de radioterapia, apenas estimativas;

- o acelerador linear do HUB é o único que realiza radioterapia para tumores de cabeça, pescoço e próstata, mas desde novembro de 2015 não vem admitindo pacientes da rede distrital em razão de fila de pacientes ainda não atendidos desde então;

- a principal demanda de radioterapia do HBDF é relacionada ao câncer de mama;

- os equipamentos do HBDF possuem atualmente a seguinte capacidade de produção, em 3 turnos: cobalto - 30 pacientes/dia; acelerador - 50 pacientes/dia;

- tal capacidade poderia aumentar para 50/dia (cobalto) e 80/dia (acelerador) caso houvesse contratação de físicos e radioterapeutas (2 de cada) e, principalmente, se houvesse devida contratação de manutenção preventiva das máquinas (trimestralmente), que são muito sensíveis e há receio de quebra em caso de intensa utilização;

- de fato, na ocasião da visita, o acelerador linear se encontrava com defeito, em razão da necessidade de troca de lâmpada específica. Em outra oportunidade, o mesmo equipamento ficou cerca de 3 semanas parado aguardando pagamento de visita isolada de empresa Siemens, que se deu ao custo estimado de R$ 4.000,00;

- foi informado que a Gerência de Câncer da SES/DF estaria finalizando a contratação de manutenção específica para as máquinas de radioterapia, separada dos equipamentos da radiologia, e que deverá ser concluída ainda em 2016. O chefe da unidade afirmou que empresas interessadas já compareceram ao HBDF para inspecionar as máquinas e definir a proposta de acompanhamento técnico;

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- a unidade apresenta seu próprio equipamento de radiografia, que está em fase de digitalização a ser concluída até o dia 20/10/2016, o que facilitará o manuseio e tramitação de seus resultados;

- foi apontado também grande carência nos exames por tomografia e falta de insumos, como por exemplo: isopor especial e ligas metálicas (o quilo da liga metálica custa R$ 180,00, e cada paciente necessita de cerca de 20 quilos para o tratamento);

- em visita à sala de controle, constatou-se que o acelerador linear atualmente conta com software com tecnologia 3D de última geração para sua operação, da empresa VARIAN, o que garante maior precisão no uso da radiação e menor risco de comprometimento de tecidos saudáveis;

- já o equipamento de cobalto, instalado na primeira metade dos anos 1980, ainda é largamente utilizado no tratamento do câncer de mama, mas apresenta deficiências na fonte de radiação e na mesa de repouso do paciente. Estima-se que uma atualização mínima do equipamento, que envolva a troca da fonte (peça disponível apenas no Canadá), custaria cerca de 600.000,00 dólares norte-americanos.

- enquanto não efetivada a compra do equipamento acelerador linear, o Físico José Carlos Feijo da Silva, que se encontrava na Unidade, sugeriu que se realize upgrade na máquina de cobalto, processo menos moroso - em torno de 30 dias. Já a instalação de um novo aparelho levaria de dois a três anos, motivo pelo qual o Físico entende que deve ser providenciado um novo aparelho, com instalação em outro espaço físico, sem que se desative o equipamento de cobalto, sob pena de se trazer graves prejuízos aos pacientes;

REGISTRO FOTOGRÁFICO

Foto 20. Painel de controle do Acelerador Linear

Foto 19. Aparelho de raio-X da Unidade de Oncologia

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Controle do Acerador Linear

Foto 24. “Bomba de cobalto”

Foto 21. Acelerador linear (em reparos)

Foto 22. Detalhe do acelerador linear (em reparos)

Foto 23. Painel de controle da “bomba de cobalto”

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II.VI - UNIDADE DE PATOLOGIA

Por orientação do dr. Alexandre Cavalca, do CRM-DF, a

equipe vistoriou também a unidade de Patologia do HBDF, no intuito de apurar as

condições para diagnóstico final de biópsias naquele nosocômio. Contudo, em

razão do horário em que se iniciou esta etapa da diligência (12h10min), não foi

possível localizar profissionais responsáveis pela área, tampouco realizar

inspeção mais aprofundada das instalações físicas da especialidade.

De qualquer forma, informações obtidas com estagiários do

local e confirmadas pela representante da Rede Feminina de Combate ao Câncer

de Brasília (RFCC-DF) atuante no hospital dão conta de que os reagentes

necessários à realização de exames imuno-histoquímicos estão esgotados há

mais de 2 meses na unidade, em razão de problemas no processo de compra

pela Secretaria de Saúde.

Foto 26. Detalhe do software de operação do acelerador linear Foto 25. “Bomba de cobalto”

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Sem a possibilidade de realização desses exames, é

impossível estabelecer um plano terapêutico de quimioterapia direcionado ao

tratamento de um tumor específico. Assim, o acesso da paciente de câncer de

mama limitado às três primeiras sessões de quimioterapia (intervalo de 21 dias

entre as sessões), que normalmente têm foco mais geral, pois o Ministério da

Saúde proíbe o uso de quimioterápicos mais específicos sem a prévia realização

do exame imuno-histoquímico.

Segundo a apurado com a mesma representante da RFCC-

DF, a entidade apoia as pacientes oferecendo opções acessíveis para realização

do exame na rede privada de saúde.

II.VII - CENTRO CIRÚRGICO

Tendo em vista as peculiaridades das instalações do centro

cirúrgico do HBDF, que envolvem exigências de esterilização e movimentação

constante de equipes e pacientes em situações de urgência, e ainda à luz das

notícias do acesso regular ao tratamento cirúrgico pelas pacientes de câncer de

mama naquele hospital, decidiu-se dispensar a vistoria in loco da unidade,

limitando-se a equipe a conversar com a chefe da unidade, dra. Marcia Cristina

da Rocha Amorim, e outros membros da especialidade.

A entrevista ocorreu no próprio gabinete do diretor do HBDF,

com sua presença, e já à guisa de conclusão dos trabalhos de vistoria. Na

ocasião, foi apurado:

- o centro cirúrgico conta com 16 salas, sendo que atualmente em torno de 10 se encontram em funcionamento;

- há fila pequena de pacientes de câncer de mama aguardando cirurgia, que é uma das menores das várias especialidades que concorrem para o uso do centro cirúrgico;

- todos os procedimentos relacionados ao câncer de mama (mastectomia, adenectomia, ressecação segmentar e reconstrução mamária) são realizados por equipes da própria unidade de Mastologia, que normalmente utiliza as instalações nas segundas e quintas-feiras;

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- havia um centro cirúrgico ligado ao atendimento ambulatorial do HBDF, mas foi fechado pela Vigilância Sanitária do DF;

- além do HBDF, as cirurgias relacionadas ao câncer de mama são realizadas por diversas unidades da rede pública de saúde do DF;

- a dispersão de locais de cirurgia impede a habilitação do CACON do HBDF junto ao Ministério da Saúde para remuneração dos procedimentos cirúrgicos lá realizados, que demandaria a concentração na unidade (Portaria MS nº 140/2013);

- contudo, tal especialização encontraria óbice no grande número de especialidades que disputam a estrutura do centro, o qual ainda padece de falta de pessoal para formação de novas equipes e carência de contratos de manutenção;

- de outro giro, a chefe do centro cirúrgico chamou a atenção para a situação da fila de espera para realização de cirurgias de câncer de próstata, que tem grande eficiência na cura, mas que dispõe de 600 a 700 paciente aguardando atendimento.

- o centro cirúrgico não trabalha em sua capacidade plena por falta de recursos humanos (instrumentador, anestesista, etc) e de espaço para tanto;

- a contratação de mais profissionais é obstada pela Lei de Responsabilidade Fiscal, segundo o Diretor do Hospital.

III - ENTREVISTAS COM PACIENTES DO HOSPITAL DE BASE DE BRASÍLIA

No intuito de aprofundar o conhecimento sobre o

funcionamento do serviço de atenção às pacientes com câncer de mama do

HBDF, a assessoria do gabinete deste Defensor Regional de Direitos Humanos,

que integrou a equipe de vistoria, realizou algumas entrevistas pessoais com

cidadãs atendidas naquele nosocômio. Os nomes foram preservados para

resguardar a intimidade das entrevistadas.

F.C.I.L., 51 anos: No momento da vistoria, a sra. F.C.I.L se encontrava no HBDF, e relatou que foi diagnosticada com de câncer de mama em 2015, e que iniciou seu tratamento no HBDF encaminhada pelo Posto de saúde do Cruzeiro. Também no HBDF realizou a cirurgia para a retirada do tumor e na mesma ocasião a reconstrução da mama. Os exames preparatórios para a cirurgia foram realizados às suas expensas, o que possibilitou a realização do procedimento cirúrgico, já que, segundo a sra. F.C.I.L, a demora para os obter pela Rede Pública de Saúde é de 3 a 5 meses. A paciente também informou que lhe foi indicado o tratamento de quimioterapia, e o de radioterapia após 60 dias de sua cirurgia. Afirmou

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que a quimioterapia foi realizada. Todavia, em razão da demora na marcação das sessões de radioterapia, ajuizou ação judicial para garantir seu atendimento com o auxílio da Defensoria Pública do DF. Ainda assim, acabou custeando com seus próprios recursos o tratamento radioterápico até o final. A quimioterapia tem sido realizada no HBDF. Por fim, a sra. F.C.I.L informou que os exames para acompanhamento do tratamento não estão sendo feitos no HBDF, que a encaminhou para o HRAN para realiza-los. V.M. de A., 73 anos: Também no momento da vistoria no HBDF, a equipe foi abordada pela filha da sra. V.M. de A., que se encontra a espera dos exames de mamografia, ecografia mamária e transvaginal. A sra. V.M. de A. não tem diagnóstico de câncer, mas por prescrição da equipe médica do HBDF necessita realizar mamografia a cada 6 meses. Todavia, já está há um ano na fila de espera da Rede Pública de Saúde, apesar de possuir pedido médico de urgência. Sem alternativa, a filha da paciente informou que os exames serão realizados na rede particular. S.M.F.F., 53 anos: Por fim, a sra. S.M.F.F relatou que sofre de câncer de colo do intestino, e que realizou cirurgia para a retirada do tumor em maio de 2016 no HBDF. Informou também que vem sendo submetida à quimioterapia no mencionado nosocômio, tratamento que foi disponibilizado com rapidez. Todavia, necessita repetir os exames de mamografia, ecografia e hemograma a cada 6 meses, mas vem enfrentando dificuldade de fazê-los no HBDF por falta de aparelho.

IV - CONCLUSÕES

Após a vistoria realizada, é possível chegar às seguintes

conclusões quanto aos serviços disponibilizados para atendimento e tratamento

das pacientes de câncer de mama no Hospital de Base do Distrito Federal:

1. Há um contexto de imensas dificuldades na

identificação precoce de tumores mamários pela rede pública de saúde do

Distrito Federal, primordialmente em razão da falta de equipamentos de

mamografia disponíveis para atendimento da demanda potencial nesta Unidade

da Federação, que se especula alcançar cerca de 135.000 exames/ano, frente à

capacidade atual de meros 7.500 exames/ano via SUS com o único

equipamento em operação no CRT;

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2. Em razão disso, o início do tratamento das pacientes

com câncer de mama no DF costuma a ocorrer em estágios mais avançados

da doença, quando o tumor já atinge dimensões aptas a constatação no exame

clínico pelo médico assistente, o que aumenta os riscos à vida e encarece os

custos de tratamento;

3. Além das dificuldades para detecção precoce, há uma

generalizada insuficiência no acesso a exames complementares para

devida identificação do tumor e correto direcionamento da proposta

terapêutica. Tomógrafos com filas superiores a dezena de milhares de pessoas,

falta de ressonância magnética, aparelhos de cintilografia desativados, PET-

SCAN encaixotado e carência de reagentes para exames imuno-histoquímicos

são alguns dos diversos entraves constatados, os quais impedem muitas

pacientes de sequer iniciar o combate efetivo aos tecidos afetados, aumentando

perigosamente o risco de irreversibilidade da doença;

4. Todos esses gargalos relacionados ao tempestivo acesso

a exames são indícios de que, mesmo os serviços que aparentemente estão em

situação normal de espera para atendimento (ex.: biópsias, quimioterapia,

cirurgias), assim o estão apenas em decorrência do déficit de diagnóstico da

patologia;

5. Ainda dentro dos problemas no acesso às linhas de

cuidado, talvez nenhum seja tão alarmante quanto as filas verificadas para o

tratamento de radioterapia. Tratam-se de pacientes que dispõem de curto prazo

para iniciar o tratamento, não mais de 6 meses, sob pena de virem a óbito ante a

propagação do câncer. Apesar desse perigo iminente, milhares são colocadas em

filas de espera de até 2 anos, e muitas delas iniciam a radioterapia já em

contexto irremediável, em caráter meramente paliativo. O contexto

desesperador é compartilhado inclusive pelos próprios médicos, que

confessaram não saber mais a quem recorrer ante a visão cotidiana de mulheres

falecendo por falta do adequado e tempestivo tratamento radioterápico;

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6. Durante a entrevista com todos os profissionais de saúde

que lidam com os gargalos acima narrados (exames diagnósticos e tratamento

radioterápico), evidenciou-se que a razão primordial desses problemas se liga

a deficiências de gestão da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito

Federal, especialmente no que se refere ao procedimento de compra de insumos

e de contratação de manutenção preventiva de equipamentos. Muitas críticas

foram feitas à organização desses processos pela Subsecretaria de Logística e

Infraestrutura de Saúde (SULIS/SES/DF), que vem se mostrando

excessivamente burocrática e, por isso, demorada para lidar com a dinâmica das

necessidades da rede pública de saúde;

7. Também restou claro que a desorganização da gestão

dos serviços relacionados ao câncer transcende (mas não isenta de culpa)

a atual gestão da SES/DF, como demonstram os exemplos luminares

relacionados à instalação do equipamento de PET-SCAN, encaixotado desde

2013, e a interdição da unidade de medicina nuclear pela CNEN, pendente desde

o final de 2014. Fora do ambiente do Hospital de Base, temos também a

indefinição quanto à instalação do novo acelerador linear no Hospital Regional de

Taguatinga, disponibilizado pelo Ministério da Saúde há mais de 2 anos sem

qualquer perspectiva de início de operação, e a persistência do impasse na

contratação da rede conveniada para atender a intolerável fila de espera para

radioterapia, desde final de 2015 sem notícia de avanços;

8. Já a carência de pessoal técnico para atender à

demanda, outro problema relacionado à falta de serviços suficientes à

população-alvo, aparentemente se liga a limitações de contratação de servidores

pelo Distrito Federal colocados pela Lei de Responsabilidade Fiscal, sendo

inclusive sugerido à Defensoria Pública da União a formalização de Termos de

Ajustamento de Conduta ou outros instrumentos de resolução de conflitos

coletivos (inclusive judiciais) como forma de burlar essa alegação;

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9. Finalmente, chama também a atenção o completo

desconhecimento, por todos os profissionais de saúde entrevistados

durante a vistoria, inclusive de maior hierarquia administrativa, de qualquer

iniciativa do Ministério da Saúde ou de outras instituições de saúde da

União para ajudar a reverter ou minorar o quadro dramático dos serviços de

atenção ao câncer no Distrito Federal, em aparente descumprimento de

competências insculpidas no art. 16, incisos III, "a", XII, XIII, XVII, da Lei nº

8.080/90 e, principalmente, da competência comum estatuída no art. 23, II, da

Constituição Federal. Mesmos as unidades de saúde federais instaladas no DF,

ou estão com severas restrições ao recebimento de pacientes de câncer de

mama da rede distrital (caso do HUB), ou sequer admitem o atendimento dessas

mulheres (caso do HFA);

10. Enfim, todas essas conclusões impõem que sejam

feitas recomendações de ajustes de gestão a todas as esferas de

administração envolvidas no caos instaurado no serviço de atenção à saúde da

mulher com câncer de mama no Distrito Federal, a seguir deduzidas.

V - RECOMENDAÇÕES

Ante as constatações e conclusões alcançadas na vistoria

realizadas no Hospital de Base do Distrito Federal em 19/10/2016, com o objetivo

de reverter as graves deficiências observadas nos serviços de atenção à saúde

da mulher com câncer de mama no Distrito Federal, e nos termos das funções

institucionais insculpidas no art. 4°, incisos II, VII e X, da Lei Complementar n°

80/94, RECOMENDAMOS:

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1. À DIREÇÃO DO HOSPITAL DE BASE DO DISTRITO

FEDERAL:

1.1. A designação de servidor (preferencialmente técnico de

enfermagem) para organizar o acolhimento do

ambulatório de mastologia desse nosocômio, visando

melhorar o atendimento às usuárias do serviço.

2. AO GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (POR SUA

SECRETARIA DE SAÚDE OU OUTRO ÓRGÃO

COMPETENTE):

2.1. A apresentação de plano de contratação de reparos e

manutenção preventiva dos equipamentos disponíveis na

rede pública distrital de saúde que compõem a linha de

cuidados à paciente com câncer de mama, notadamente: a)

dos mamógrafos; b) dos tomógrafos; c) das máquinas de

ressonância magnética do HBDF; d) dos equipamentos de

cintilografia do HBDF; e) dos aparelhos de radioterapia do

HBDF, com prazo de conclusão de até 120 dias;

2.2. A organização de processos de compra de insumos

necessários à linha de cuidados à paciente com câncer de

mama, notadamente a) reagentes para exame imuno-

histoquímico; b) materiais para realização de radioterapia

(ligas metálicas e isopores de manipulação); c) prótese

mamárias e extensores, com prazo de conclusão de até 120

dias;

2.3. Contratação emergencial de serviços privados de

radioterapia no Distrito Federal, para imediata redução da

fila de espera para o procedimento, ou ampliação

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emergencial do serviço de Tratamento Fora de Domicílio

para encaminhamento de pacientes desta fila a serviços

públicos de radioterapia de outros Estados, com início no

prazo máximo de 45 dias;

2.4. Finalização do projeto e apresentação do

cronograma das obras de reforma da área de

acolhimento do público da unidade de Medicina Nuclear

do HBDF, de forma a cumprir os requisitos à obtenção da

licença de operação junto à Comissão Nacional de Energia

Nuclear, com prazo máximo de conclusão de 120 dias;

2.5. Definição das pendências e fixação de cronograma

de atendimento das condicionantes à instalação do

equipamento de radioterapia previsto no plano de expansão

do Ministério da Saúde, notadamente no que se refere às

obras de proteção da sala em que será instalado no

Hospital Regional de Taguatinga, com prazo máximo de

conclusão de 120 dias;

2.6. Reiteração da recomendação relacionada à instalação

e colocação em uso do PET-SCAN (atualmente,

encaixotado em local inapropriado), que já foi inclusive

objeto de recomendação conjunta específica pela DPU,

MPF e MPDFT em maio/16 (conforme PAJ 2014/001-

03897).

3. AO MINISTÉRIO DA SAÚDE:

3.1. A realização de auditoria, por meio do Departamento

Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS) ou outro órgão

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federal integrante do Sistema Nacional de Auditoria do SUS

(SNA), nos serviços de saúde do Distrito Federal ligados

às especialidades de Radiologia, Medicina Nuclear e

Radioterapia, nos termos do art. 5º, inciso II, "c", do

Decreto nº 1.651/95;

3.2. A realização de auditoria, por meio do Departamento

Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS) ou outro órgão

federal integrante do Sistema Nacional de Auditoria do SUS

(SNA), para avaliação da adequação dos critérios de

eficiência dos processos de compra e contratação de

serviços de manutenção pela Subsecretaria de

Logística e Infraestrutura de Saúde do Distrito Federal

(SULIS/SES/DF), nos termos do art. 1º, inciso II, do Decreto

nº 1.651/95;.

Ressaltamos que as presentes RECOMENDAÇÕES

buscam evitar a judicialização das demandas apuradas ao longo da vistoria, e

baseiam-se na orientação deste Órgão de, nos termos do artigo 4º, II, da Lei

Complementar n° 80/94, “promover, prioritariamente, a solução extrajudicial dos

litígios, visando à composição entre as pessoas em conflito de interesses, por

meio de mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de composição e

administração de conflitos”.

Nesse intuito, requer-se manifestação acerca do

acolhimento de seu conteúdo, pelos órgãos destinatários (Direção do HBDF,

GDF e Ministério da Saúde), no prazo de 30 (trinta) dias, contados do

recebimento deste relatório.

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VI - REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES

Além das recomendações já realizadas neste relatório,

algumas informações colhidas ao longo da vistoria demandam a

complementação por outros dados, de posse de determinados agentes públicos,

para que se possa apurar a necessidade de recomendações adicionais ligadas à

ampliação da rede de atenção ao câncer de mama no Distrito Federal.

Assim, e com fulcro na prerrogativa insculpida no art. 44,

inciso X, da Lei Complementar nº 80/94, REQUISITAMOS AS SEGUINTES

INFORMAÇÕES, no prazo de 30 (trinta) dias para todos os entes:

1. À SECRETARIA DE SAÚDE:

1.1. Relatório atualizado de sua Central de Regulação

relativo às filas existentes para os serviços de

Radiologia, notadamente mamografia e tomografia, com

indicação de prazo de espera médio para atendimento;

1.2. Relatório atualizado da fila do serviço de

Radioterapia (via TRAKCARE ou outro meio de

organização), com indicação do número de pacientes,

qualificação da urgência (% de risco vermelho), e indicação

de prazo de espera médio para atendimento.

2. À SUPERINTENDÊNCIA DO HOSPITAL

UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA:

2.1. Indicação da estrutura física que compõe sua

Unidade de Diagnóstico por Imagem, notadamente no

que se referem ao número de equipamentos de

mamografia, tomografia e ressonância magnética, com

indicação de capacidade máxima de uso por máquina

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(procedimentos/mês) e número de procedimentos

realizados nos últimos 6 meses, por máquina;

2.2. Indicação da estrutura física que compõe sua

Unidade de Medicina Nuclear, notadamente no que se

refere ao número de equipamentos de cintilografia, sua

capacidade máxima de uso e procedimentos realizados nos

últimos 6 meses, por máquina;

2.3. Informações atualizadas sobre o acolhimento de

novos pacientes de radioterapia oriundos da rede

pública do DF e, caso negativo, a indicação do prazo e

pendências relacionadas ao restabelecimento da recepção

de tais paciente.

3. À DIREÇÃO DO HOSPITAL DA FORÇAS ARMADAS:

3.1. Indicação da estrutura física que compõe seu

Serviço de Diagnóstico por Imagem, notadamente no que

se referem ao número de equipamentos de mamografia,

tomografia e ressonância magnética, com indicação de

capacidade máxima de uso por máquina

(procedimentos/mês) e número de procedimentos

realizados nos últimos 6 meses, por máquina;

3.2. Indicação da estrutura física que compõe sua Clínica

de Medicina Nuclear, notadamente no que se refere ao

número de equipamentos de cintilografia e PET/CT, sua

capacidade máxima de uso por máquina

(procedimentos/mês) e o número de procedimentos

realizados nos últimos 6 meses, por máquina.

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4. À COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR:

4.1. Informações atualizadas sobre as pendências ainda

não sanadas para renovação da licença de operação da

Unidade de Medicina Nuclear do Hospital de Base do

Distrito Federal, com indicação de prazos dados à

Administração local para atendimento às suas

determinações;

4.2. Procedimentos porventura existentes nessa Comissão

relacionados à instalação de equipamento de PET-SCAN

(PET/CT) no Hospital de Base do Distrito Federal, com

indicação de eventuais pendências para autorização de

funcionamento.

5. AO MINISTÉRIO DA SAÚDE:

5.1. Informação do andamento dos procedimentos

relacionados à instalação do acelerador linear previsto

no Plano de Expansão de Radioterapia no Hospital

Regional de Taguatinga (HRT), com indicação de

eventuais pendências de responsabilidade do Governo do

Distrito Federal e de seus entes para continuidade da

implantação do serviço.

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VII - ENCAMINHAMENTOS

Ao cabo do presente relatório, e à luz das recomendações e

requisições efetuadas nos itens IV e V acima, ENCAMINHE-SE O PRESENTE

RELATÓRIO:

a) AO MINISTRO DA SAÚDE, para atendimento das

recomendações constantes no item IV, subitens 3.1 e 3.2

supra, e da requisição de informações constante no item V,

subitem 5.1;

b) AO GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL,

diretamente e ao seu Secretário de Estado de Saúde, para

atendimento das recomendações constantes no item IV,

subitens 2.1 a 2.6, e da requisição de informações

constante no item V, subitens 1.1 e 1.2;

c) AO DIRETOR DO HOSPITAL DE BASE DO DISTRITO

FEDERAL, para atendimento da recomendação constante

no item IV, subitem 1.1;

d) AO SUPERINTENDENTE DO HOSPITAL

UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA, para atendimento da

requisição de informações constante no item V, subitens 2.1

e 2.2;

e) AO DIRETOR DO HOSPITAL DAS FORÇAS

ARMADAS, para atendimento da requisição de informações

constantes no item V, subitens 3.1 e 3.2; e,

f) AO PRESIDENTE DA COMISSÃO NACIONAL DE

ENERGIA NUCLEAR, para atendimento da requisição de

informações constante no item V, subitem 4.1.

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Nada mais havendo, encerramos o presente relatório de

vistoria.

Brasília/DF, 3 de novembro de 2016.

EDUARDO NUNES DE QUEIROZ Defensor Público Federal

Defensor Regional de Direitos Humanos

FABIANA BANDEIRA DE FARIA Defensora Pública Federal

Defensora Regional de Direitos Humanos

ANDRÉ DA SILVA ORDACGY Defensor Público Federal