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MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT Relatório Técnico de Vistoria Nº 664/ 2013 - NAT / AMBIENTAL INTERESSADO: CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CAOMACE OBJETO DA VISTORIA: SANEAMENTO BÁSICO MUNICÍPIO: MIRAÍMA OFÍCIO Nº: 285/2013/CAOMACE/PGJ/CE DATA DA VISTORIA: 25/09/2013 DATA DO RELATÓRIO: 16/10/2013 1 – DA SOLICITAÇÃO Em atendimento à solicitação do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente – CAOMACE, face às deliberações oriundas do encontro de Coordenadores Regionais de Promotorias de Justiça das Bacias Hidrográficas, bem como dos encaminhamentos da Reunião de Coordenadoria Regional da Bacia do Litoral , este Núcleo de Apoio Técnico - NAT realizou vistoria técnica no município de MIRAÍMA, para verificar através de coleta de informações e constatações in loco o atendimento dos aspectos que abrangem o SANEAMENTO BÁSICO local: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. 2 – DA BACIA HIDROGRÁFICA DO LITORAL A bacia do Litoral situa-se na porção noroeste do Estado, limitada ao sul e a oeste pela Bacia do rio Acaraú, a leste pela Bacia do rio Curu, e ao norte, pelo Oceano Atlântico. Tem como principal coletor de drenagem o rio Aracatiaçu, com 181 km de extensão. Outros cursos d’água de menores dimensões se dispõem paralelamente ao Aracatiaçu. Tratam-se dos rios Ara- catimirim, a oeste e do Cruxati, Mundaú e Trairi, a leste. Abrange área aproximada de 8.472,77Km2, o equivalente a 6% do território cearense. Esta bacia engloba total ou parcial- mente o território de 20 municípios, são eles: Acaraú (58,83%), Amontada, Irauçuba (71,22%), Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 1

RELATORIO DE VISTORIA Nº 026 - Ministério Público do … · tempo, a Lei oferece alternativas de regionalização ou formação de consórcios públicos. Dos quatro eixos do saneamento

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁPROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇANÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT

Relatório Técnico de VistoriaNº 664/ 2013 - NAT / AMBIENTAL

INTERESSADO: CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CAOMACE

OBJETO DA VISTORIA: SANEAMENTO BÁSICO

MUNICÍPIO: MIRAÍMA

OFÍCIO Nº: 285/2013/CAOMACE/PGJ/CE

DATA DA VISTORIA: 25/09/2013 DATA DO RELATÓRIO: 16/10/2013

1 – DA SOLICITAÇÃO

Em atendimento à solicitação do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente – CAOMACE, face às deliberações oriundas do encontro de Coordenadores Regionais de Promotorias de Justiça das Bacias Hidrográficas, bem como dos encaminhamentos da Reunião de Coordenadoria Regional da Bacia do Litoral, este Núcleo de Apoio Técnico - NAT realizou vistoria técnica no município de MIRAÍMA, para verificar através de coleta de informações e constatações in loco o atendimento dos aspectos que abrangem o SANEAMENTO BÁSICO local: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.

2 – DA BACIA HIDROGRÁFICA DO LITORAL

A bacia do Litoral situa-se na porção noroeste do Estado, limitada ao sul e a oeste pela Bacia do rio Acaraú, a leste pela Bacia do rio Curu, e ao norte, pelo Oceano Atlântico. Tem como principal coletor de drenagem o rio Aracatiaçu, com 181 km de extensão. Outros cursos d’água de menores dimensões se dispõem paralelamente ao Aracatiaçu. Tratam-se dos rios Ara-catimirim, a oeste e do Cruxati, Mundaú e Trairi, a leste. Abrange área aproximada de 8.472,77Km2, o equivalente a 6% do território cearense. Esta bacia engloba total ou parcial-mente o território de 20 municípios, são eles: Acaraú (58,83%), Amontada, Irauçuba (71,22%),

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Itapipoca, Itarema, Marco (7,28%), Miraíma, Morrinhos (41,38%), Paraípaba (21,69%), Santa-na do Acaraú (29,38%), Sobral (49,35%),Trairi, Tururu (83,77%), Umirim (9,62%) e Urubureta-ma.

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3 – DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO

Em 2007 é publicada a Lei Federal Nº 11.445/071, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico - como o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais urbanas - e institui a política nacional para o saneamento.

Com a publicação da Lei todas as prefeituras têm obrigação de elaborar seu Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB). O PMSB é um dos instrumentos da Política de Saneamento Básico do município. Essa Política deve ordenar os serviços públicos de saneamento considerando as funções de gestão para a prestação dos serviços, a regulação e fiscalização, o controle social, o sistema de informações, conforme o Decreto 7.217/2010.

Sem o PMSB, a partir de 2014, a Prefeitura não poderá receber recursos federais para projetos de saneamento básico. O documento, após aprovado, torna-se instrumento estratégico de planejamento e de gestão participativa, passando a ser a referência de desenvolvimento de cada município, estabelecidas as diretrizes para o saneamento básico e fixadas as metas de cobertura e atendimento com os serviços de água; coleta e tratamento do esgoto doméstico, limpeza urbana, coleta e destinação adequada do lixo urbano e drenagem e destino adequado das águas de chuva.

A lei 11.445/07 restabelece o papel do poder público local na participação do planejamento do setor, na tentativa de reduzir o distanciamento dos municípios em relação aos problemas de saneamento, delegados em sua maioria às empresas estaduais. Ao mesmo tempo, a Lei oferece alternativas de regionalização ou formação de consórcios públicos.

Dos quatro eixos do saneamento básico:

(a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;

(b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente;

(c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas;

1Decreto de Regulamentação nº 7.217, de 21 de junho de 2010

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(d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas.

3.1 - ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL

A água constitui-se em elemento essencial à vida. O acesso à água de boa qualidade e em quantidade adequada está diretamente ligado à saúde da população, contribuindo para reduzir a ocorrência de diversas doenças.

O serviço de abastecimento de água através de rede geral caracteriza-se pela retirada da água bruta da natureza, adequação de sua qualidade, transporte e fornecimento à população através de rede geral de distribuição. Há de se considerar, ainda, formas alternativas de abastecimento das populações (água proveniente de chafarizes, bicas, minas, poços particulares, carros-pipas, cisternas, etc.).

3.1.1- QUANTO AO ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL NO MUNICÍPIO DE MIRAÍMA

O órgão gestor é a CAGECE;

O manancial de captação é o açude São Pedro da Timbaúba;

A água bruta passa pelas seguintes etapas de tratamento: decantação, floculação, filtração, cloração e fluoretação; sendo realizados testes físico-químicos de: cor, turbidez, pH, cloro e flúor. Os testes microbiológicos são realizados duas vezes por semana em Itapipoca; nesta vistoria não foram apresentados os laudos dos testes físico-químicos e microbiológicos da água distribuída à população, não sendo possível avaliar sua qualidade.

Segundo o senhor Francisco Marcolino de Freitas Filho (Gestor de Núcleo) a ETA- Estação de Tratamento de Água está em processo de licenciamento;

De acordo com dados do IPECE referente ao ano de 2010, a taxa de cobertura de abastecimento d’água na zona urbana é de 99,52%; na vistoria não foi informado o número de ligações reais e ativas da sede do município.

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Ilustração 1: Reservatórios de água (RSE-02/cap. 100m³; RSE- 01/cap. 60m³).

Ilustração 2: Adição de polímero na água.

Ilustração 3: Laboratório para análise físico-química da água.

Ilustração 4: Sistema de fluoretação da água.

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As ilustrações de 1 a 6 são referentes à ETA- Estação de Tratamento de Água de Miraíma.

3.2 - ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Da água distribuída pelo sistema de abastecimento público e efetivamente utilizada nas atividades humanas, 80%, em média, é transformada em esgoto, o qual deve ser coletado e tratado antes de ser lançado no solo ou em corpos d’água.

As características físicas e químicas do esgoto sanitário variam em função dos usos da água e podem apresentar em sua composição, além de grande quantidade de matéria orgânica, microrganismos patogênicos e substâncias químicas tóxicas. Estes componentes precisam, portanto, ser coletados e tratados adequadamente, de forma que seja evitada a transmissão de doenças ao homem e minimizados os seus impactos sobre o meio ambiente.

O tratamento de esgoto adotado pode ser individual ou coletivo. Nas aglomerações urbanas é recomendável que exista um sistema coletivo de esgotamento, composto de rede de coleta e estação de tratamento para as águas residuárias. As soluções individuais são indicadas para o meio rural ou para áreas de baixa densidade habitacional. Em ambas as situações, a adoção do esgotamento sanitário poderá causar novos danos ao homem e ao meio ambiente, caso não seja planejado e implantado de acordo com as recomendações técnicas pertinentes.

Os projetos de esgotamento sanitário, quando corretamente executados, têm a finalidade de minimizar os efeitos do lançamento do esgoto in natura sobre o ambiente, caracterizando-se, assim, como um impacto positivo, possibilitando a redução dos índices de doenças e de perigo à saúde da população, a melhoria de qualidade das águas e o aumento dos benefícios dessas águas para os diversos usos.

Toda construção permanente urbana com condições de habitabilidade situada em via pública, beneficiada com redes públicas de abastecimento de água e/ou de esgotamento

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Ilustração 5: Filtros. Ilustração 6: Cilindros de cloro gasoso.

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sanitário deverá, obrigatoriamente, conectar-se a rede pública, de acordo com o disposto no art. 45 da Lei Federal no 11.445, de 5 de janeiro de 2007, respeitadas as exigências técnicas do prestador de serviços.

3.2.1- ESGOTAMENTO SANITÁRIO NA SEDE DO MUNICÍPIO DE MIRAÍMA

Conforme informações colhidas no escritório da CAGECE local, não há sistema de esgotamento sanitário gerido por está Companhia;

3.3 - LIMPEZA URBANA E MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

No estado do Ceará as desigualdades ficam por demais visíveis quando se analisam os serviços básicos de saneamento, sendo o tratamento dos resíduos sólidos um dos mais importantes, não só pela coleta , mas também, pelo destino dos mesmos.

No interior do Estado, principalmente, o lixo quando coletado não passa por nenhum processo seletivo, à exceção de oito municípios2. Parte desses detritos é depositada a pouca distância de locais com atividades agropecuárias, fora do perímetro urbano, ou próximo a rios, lagoas, poços ou nas proximidades de áreas de proteção ambiental. Em alguns municípios o lixo é queimado, o que também contribui para a degradação dos corpos hídricos e para a poluição ambiental.

Esta grave situação, não ocorre somente no Ceará ou no Nordeste, mas em todo o território nacional, possuindo uma magnitude alarmante. Mais de 80% dos municípios brasileiros vazam seus resíduos em locais a céu aberto, em cursos d’água ou em áreas ambientalmente protegidas, a maioria com a presença de catadores, entre eles crianças, explicitando os problemas sociais que a má gestão do lixo acarreta.

A degradação resultante da utilização dos lixões nesses municípios, a escassez de recursos financeiros e a necessidade premente de investimentos no setor, sugere a implantação de infraestrutura e um Sistema de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos capaz de atender a demanda, de forma permanente e sustentável.

O grande desafio é a estruturação da Política de Saneamento Básico, no seu integral conceito, buscando a universalização do acesso com qualidade. O desafio a ser enfrentado para atender às demandas deste programa, é a implantação do aterro sanitário para todos os municípios do Ceará, visando dar destinação adequada aos resíduos sólidos das cidades e da população difusa no meio rural.

2 Caucaia,Maracanaú,Pacatuba, Horizonte,Sobral, Nova Jaguaribara, Aquiraz e Camocim Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011

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A limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos considerados na Lei 11.445/07 são compostos pelas atividades de: coleta, transbordo e transporte dos resíduos; triagem para fins de reuso ou reciclagem; tratamento, incluindo compostagem, e disposição final dos resíduos. Refere-se também ao lixo originário da varrição, capina e poda de árvores em vias e logradouros públicos e outros serviços de limpeza pública urbana, relacionados no art. 3o da Lei.

3.3.1 – LIMPEZA URBANA E MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE MIRAÍMA

Segundo o senhor João Roseira da Silva, coordenador da limpeza urbana, a coleta dos resíduos é feita diariamente na sede do município e no distrito de Brotas, sendo utilizados três caminhões em Miraíma e um em Brotas. Não há coleta seletiva de materiais recicláveis e os resíduos urbanos tem como destino final o lixão, localizado a cerca de três quilômetros (3 km) da sede do município. O lixo hospitalar é queimado de forma bastante artesanal em um incinerador de alvenaria, localizado aos fundos do hospital da cidade. Não se observou nenhuma medida de controle de poluentes atmosféricos utilizada na combustão destes resíduos.

O município faz parte de um consórcio entre os municípios de Itapipoca, Amontada e Uruburetama, sendo que o aterro sanitário será construído em Itapipoca. Na vistoria foi apresentado o protocolo de Intenções do Consórcio Municipal para Aterro de Resíduos Sólidos com data de dezembro de 2010. Não foi apresentado PMSB - Plano de Municipal de Saneamento Básico.

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Ilustração 7: Lixão de Miraíma. Observa-se presença de catadores.

Ilustração 8: Lixão de Miraíma.

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3.4 - DRENAGEM E MANEJO DAS ÁGUAS PLUVIAIS URBANAS

No processo de assentamento dos agrupamentos populacionais, o sistema de drenagem se sobressai como um dos mais sensíveis dos problemas causados pela urbanização, tanto em razão das dificuldades de esgotamento das águas pluviais quanto em razão da interferência

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Ilustração 9: Material reciclável coletado pelos catadores.

Ilustração 10:Vista parcial do lixão. Presença de resíduos de granja.

Ilustração 11: Os resíduos de saúde são queimados neste incinerador de alvenaria.

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com os demais sistemas de infraestrutura, além de que, com retenção da água na qualidade de vida desta população.

O sistema de drenagem de um núcleo habitacional é o mais destacado no processo de expansão urbana, ou seja, o que mais facilmente comprova a sua ineficiência, imediatamente após as precipitações significativas, trazendo transtornos à população quando causa inundações e alagamentos. Além desses problemas gerados, também propicia o aparecimento de doenças como a leptospirose, diarreias, febre tifóide e a proliferação dos mosquitos anofelinos, que podem disseminar a malária. E, para isso tudo, essas águas deverão ser drenadas e como medida preventiva adotar-se um sistema de escoamento eficaz que possa sofrer adaptações, para atender a evolução urbanística, que aparece no decorrer do tempo.

Sob o ponto de vista sanitário, a drenagem visa principalmente:

desobstruir os cursos d’água dos igarapés e riachos, para eliminação dos criadouros (formação de lagoas) combatendo, por exemplo, a malária; e

a não propagação de algumas doenças de veiculação hídrica.A microdrenagem urbana é definida pelo sistema de condutos pluviais a nível de

loteamento ou de rede primária urbana, que propicia a ocupação do espaço urbano ou periurbano por uma forma artificial de assentamento, adaptando-se ao sistema de circulação viária. É formada de:

boca de lobo: dispositivos para captação de águas pluviais, localizados nas sarjetas; sarjetas: elemento de drenagem das vias públicas. A calha formada é a receptora das

águas pluviais que incidem sobre as vias públicas e que para elas escoam; poço de visita: dispositivos localizados em pontos convenientes do sistema de galerias

para permitirem mudança de direção, mudança de declividade, mudança de diâmetro e limpeza das canalizações;

tubo de ligações: são ligações destinadas a conduzir as águas pluviais captadas nas bocas de lobo para a galeria ou para os poços de visita; e

condutos: obras destinadas à condução das águas superficiais coletadas.

A macrodrenagem é um conjunto de obras que visam melhorar as condições de escoamento de forma a atenuar os problemas de erosões, assoreamento e inundações ao longo dos principais talvegues (fundo do vale). Ela é responsável pelo escoamento final das águas, a qual pode ser formada por canais naturais ou artificiais, galerias de grandes dimensões e estruturas auxiliares. A macrodrenagem de uma zona urbana corresponde à rede de drenagem natural preexistente nos terrenos antes da ocupação, sendo constituída pelos igarapés,córregos, riachos e rios localizados nos talvegues e valas. As obras de macrodrenagem consistem em:

retificação e/ou ampliação das seções de cursos naturais; construção de canais artificiais ou galerias de grandes dimensões;

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estruturas auxiliares para proteção contra erosões e assoreamento, travessias (obras de arte) e estações de bombeamento.

3.4.1 – DRENAGEM E MANEJO DAS ÁGUAS PLUVIAIS URBANAS NO MUNICÍPIO DE MIRAÍMA

O sistema de drenagem de águas pluviais, tem como destino final o Rio Aracatiaçu.

4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O município de Miraíma apesar de contar com uma taxa de cobertura dos serviços de abastecimento de água de 99,52% (fonte:IPECE), na zona urbana, a universalização dos demais serviços de saneamento básico, como esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos e drenagem urbana, permanece em níveis incipientes ou inexistentes.

O Município não apresentou o seu Plano Municipal de Saneamento Básico - PMSB, que deverá abranger os serviços de abastecimento de água, de esgotamento sanitário, de manejo de resíduos sólidos, de limpeza urbana e de manejo de águas pluviais.

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Ilustração 12: Esgoto a céu aberto. Ilustração 13: Canal de drenagem de águas pluviais escoava esgoto.

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5 - ANEXOS

- Lei Municipal nº 372/2010 – Que ratifica o protocolo de intenções do Consórcio Municipal para Aterro de Resíduos Sólidos – Unidade Itapipoca – COMARES – UIP.

_______________________________ __________________________________

Maria Ivanilde de Sena Lima Juliana Falcão Cavalcante

Técnica Ministerial Técnica Ministerial

Eng.ª Agrônoma – CREA/CE Nº 13.870 – D Geógrafa – CRE/CE Nº 47070

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