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Projeto de Turismo Rural Solidário: promovendo
desenvolvimento comunitário sustentável na
comunidade de Morro Agudo em Santo Antônio
da Patrulha - RS
Porto Alegre, 01 de março de 2010.
ECOPOLISECOPOLISGRUPO INTERDISCIPLINAR
1. INTRODUÇÃO
O município de Santo Antônio da Patrulha é um dos quatro primeiros
municípios do Rio Grande do Sul, e está localizado na Região Metropolitana do
Estado. Pertencente ao COREDE Metropolitano Delta do Jacuí (Figura 1), cuja
população atual compreende mais de 03 (três) milhões de pessoas. O município
apresenta uma taxa de crescimento populacional que varia de 0 a 1,5% (Figura 2),
sendo sua população atual de 37. 910 habitantes, onde 41,1% estão situados na
zona rural e 58,9% na zona urbana (IBGE, 2006).
Figura 1: COREDEs Fonte: D.O., 2008; Elaboração: SEPLAG/DEPLAN, 2008
Figura 2 : Santo Antônio da Patrulha na Região Metropolitana d e Porto Alegre e as respectivas Taxas de Crescimento da Região Fonte: IBGE, 2000
Cabe salientar ainda que junto com o COREDE Serra se constitui no
COREDE de maior densidade populacional (Figura 3).
Figura 3 : Densidade Demográfica por COREDE Fonte: IBGE/Contagem da População 2007; Elaboração: SEPLAG/DEPLAN, 2008
Dessa forma, uma característica marcante do espaço local é a permanência
de um relevante contingente populacional situado na área rural do município. Em
sua organização está subdividido em seis distritos em uma área territorial de 1.049
km², estando sua sede a 57 metros do nível do mar. A comunidade de Morro Agudo,
alvo do presente trabalho, está situada no terceiro distrito do Município de Santo
Antonio da Patrulha denominado Catanduva Grande, mais precisamente à 16 km da
sua sede. Encontra-se entre as bacias dos Rios dos Sinos e Gravataí, assim se
tornando um ponto estratégico no desenvolvimento de trabalhos ambientais,
principalmente no que diz respeito à preservação dos recursos hídricos e do uso
sustentável dos recursos naturais.
Figura 4: Distritos municipais de Santo Antônio da Patrulha Fonte: Prefeitura Municipal de Santo Antônio da Patrulha
Conforme pode-se visualizar nas figuras acima, os limites municipais são: ao
norte com Rolante, Riozinho, ao Sul com Viamão e Capivari, a Leste com Osório e
Caraá. No oeste com Taquara, Glorinha e Gravataí. Distante 76 km de Porto Alegre
via BR290 e Rs 030 e pela RS 474 ligação com a serra gaúcha. Em virtude do
município estar próximo à serra, mar e a região Metropolitana torna-se relevante a
busca pela valorização do turismo1, principalmente o rural pelas características
marcantes que possuí, belezas naturais em seu relevo, lagoa (Figura 5) e na
proximidade às nascentes do Rio dos Sinos e do Rio Gravataí.
Figura 5: Paisagem da Lagoa em Santo Antônio da Patrulha Fonte: Secretaria de Turismo de Santo Antônio da Patrulha
Estas peculiaridades fazem com que este município, com grande influência
açoriana e africana, mais tarde acrescida a etnia alemã possuam um enorme
potencial ao desenvolvimento do turismo cultural e religioso com ênfase à
gastronomia e folclore.
Diante desta perspectiva do espaço (rural) local, cabe salientar que:
O meio rural é entendido... como um espaço suporte de relações sociais específicas, que se constroem, se reproduzem ou se redefinem sobre este mesmo espaço e que, portanto, o conformam enquanto um singular espaço de vida. Para compreendê-lo, é preciso considerar sua dinâmica social interna, isto é, aquela que resulta da maior ou menor intensidade e complexidade da vida local e, por outro lado, as formas de sua inserção em uma dinâmica social “externa”... A vida social é assim, o resultado do entrelaçamento de relações sociais que atravessam o espaço local, atribuindo-lhe
1 Hoje, há uma certa tendência em ampliarmos o conceito de turismo, uma vez que deve ser visto como uma atividade econômica e como uma atividade humana. Ao se apoiar em dois grandes pilares (o motivo da viagem e a viagem em si), constitui-se como um importante ponto de ruptura epistemológica com as anteriores formas de antever o turismo - a percepção estrita de turismo enquanto viagem recreativa ou de lazer substitui-se por uma visão abrangente, na qual deve ser considerada uma multiplicidade de motivações pessoais, possíveis na gênese dos movimentos humanos... (CASTROGIOVANNI, 2009, p. 60).
significados e integrando-o a redes de relações que se estendem por espaços sociais mais amplos e dentre as quais podem ser identificadas: as relações de parentesco e de vizinhança, que são a base da vida social local e cujo conteúdo é dado pelas necessidade do trabalho e da produção e pelas práticas de lazer e da vida religiosa; as relações de parentesco e amizade que se estendem em um espaço mais amplo, para além do espaço local e que frequentemente têm origem nos processos de migração de membros da família e de vizinhos, para áreas mais distantes; as relações “externas”... que se constituem no interior dos próprios espaços rurais e que o modificam profundamente, tanto no que se refere aos aspectos físicos da paisagem, quanto às relações sociais locais... (WANDERLEY, 2009, p. 297 - 298).
Na paisagem2 que retrata a colonização local, muitos são os fatores que
retratam traços culturais destas etnias. Uma forma de retratadas estes traços está na
culinária e na grande produção de derivados da cana-de-açúcar (Figura 6).
Figura 6: Produtos derivados da Cana de Açúcar de Santo Antôn io da Patrulha Fonte: Secretaria de Turismo de Santo Antônio da Patrulha
Dessa forma, pode-se visualizar o quão próximo se processa no âmbito local a
relação espaço (rural) e a tradição agro-alimentar. De acordo com o jornal Pessoas e
Lugares (2006, p. 3):
...a gastronomia é um dos aspectos de distinção das particularidades dos espaços sociais rurais já que confeccionar e saborear alimentos é um acto de cultura e de sociabilidade Com efeito, todos sabemos e sentimos o quanto, no âmbito das relações humanas e sociais, a gastronomia assume um papel significativo e fundamental e não se restringe apenas a satisfação de necessidades biológicas do ser humano, mas envolve um conjunto de significados relacionados com as nossas crenças, emoções e, mesmo,
2 Na Geografia ocidental contemporânea paisagem é entendida como produto visual de interações entre elementos naturais e sociais que, por ocupar um espaço, pode ser cartografada em escala macro ou de detalhe, e classificada de acordo com um método ou elemento que a compõe. Paisagem não é o mesmo que espaço, mas parte dele; algo como um parâmetro ou medida multidimensional de análise espacial (MAXIMILIANO, 2004, p. 83).
estados de alma... Assim, estando o reconhecimento e promoção da gastronomia tradicional ligada directamente a identidade cultural das zonas rurais, tem-se vindo a valorizar e dar visibilidade aos pratos e receituários confeccionados com base em produtos endógenos e tradicionais, reconhecendo-se que a associação das suas particularidades aos calendários agrícolas, aos ciclos de festividade, aos eventos religiosos, entre outros, não é mais do que um dos muitos sinais da vida, dinâmica e diversidade cultural das comunidades locais.
Cabe salientar que na comunidade de Morro Agudo o processo de produção
destes produtos ocorre através de transformação da forma tradicional, tipicamente
denominada “rústica”. Os engenhos ainda possuem a tração animal como força
empregada, tanto no cultivo como no beneficiamento de seus produtos (Figura 7).
Figura 7: Produtos derivados da Cana de Açúcar de Santo Antôn io da Patrulha Fonte: Trabalho de Campo 2009
Outro fator cultural que cabe ressaltar é o “Terço Capelão”, rezado por
descendentes de africanos de forma cantada, uma peculiaridade especifica
encontrada na comunidade, única na região. Neste sentido Silveira (2009, p. 73)
destaca que:
...o turismo no espaço rural é também uma atividade qu e reúne várias práticas produtivas associadas ao meio onde se insere, e/ou serviços prestados neste meio , em que se destacam: processamento caseiro de alimentos; restaurante de comidas típicas; lanchonete; spas e pousadas rurais; venda direta de produtos agrícolas ao consumidor; colheita no pomar; visita às atividades de produção agropecuária (ordenha, plantio, colheita, tratos culturais, viveiros de mudas, horta, sistemas de produção sem agrotóxicos, sistemas florestais, criações de animais exóticos; visita às unidades de processamento de alimentos in natura (sucos, conservas, queijos, embutidos, etc.); visita a artesãos, oficinas e cooperativas; cursos/aulas culinária (pães, bolos, roscas, etc.); atividades de lazer (passeios de barco, passeios a cavalo, passeios de trator, de carreta, de charrete, de trenzinho, de carro de boi, playground, pesque pague); artesanato; fazendas-escola; apiário; rodas d´água; destilaria; zoológico; arquitetura típica, igrejas e museus, etc. (GRIFO DO AUTOR).
A potencialidade em turismo nesta comunidade, inicialmente foi explorada de
forma privada em um empreendimento com características a exploração de pontos
comunitários já existentes. Este empreendimento denominado Sítio da Tia Lícia
(Figura 8), mesmo enquanto propriedade privada, articulava-se com a comunidade
de uma forma geral, desde a exploração de paisagens naturais, como também um
ponto de comercialização da produção das famílias daquela comunidade. Porém, de
acordo com declarações locais, da forma pela qual o mesmo se apresentava
articulado, a comunidade era privada de apropriar-se dos benefícios trazidos por
esta atividade econômica, pois o mesmo concentrava-se num único
empreendimento.
Figura 8: Sítio Tia Lícia - atual sede da Associação de Turis mo Rural Solidário Morro Agudo Fonte: Trabalho de Campo 2009
Nesse intuito, num trabalho recentemente realizado pelo Projeto Brasil Local
para o fomento de ações de economia solidária, emergiu a necessidade de realizar
um trabalho associado ao Turismo Rural Comunitário, pois, a partir destas iniciativas
tornou-se possível fomentar a organização local. Assim, em março de 2007 foi
constituída a Associação na comunidade de Morro Agudo, então denominada
Associação de Turismo Rural Solidário Morro Agudo.
Ao abordar tal concepção de iniciativas turísticas, torna-se necessária a
conceituação do que se compreende por Turismo de Base Comunitária:
...Turismo de Base Comunitária - TBC... busca consolidar o turismo no país, com sustentabilidade econômica, social, ambiental e cultural, e revela que outros olhares e práticas em turismo são possíveis, com a oferta de produtos e serviços turísticos baseados no associativismo/cooperativismo, na valorização da cultura local e, principalmente, no protagonismo das comunidades locais (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2009).
Não obstante, destaca-se que o turismo têm no município, uma série de
atrativos que vão além das belezas naturais e dos produtos derivados da Cana de
Açúcar, pois já existem iniciativas que contemplam o artesanato na fibra de
bananeira e palha de milho, e a cerâmica, além da diversidade cultural já citada
anteriormente e cada vez mais tem-se valorizado, não somente a zona urbana, mas
sobretudo na zona rural, onde as tradições tem permanecido ao longo de muitas
gerações. Neste contexto, foi constituída a rota turística da Rota da Cachaça e
Rapadura3 (Figura 9).
Figura 9: Figura ilustrativa da Rota da Cachaça e da Rapadura de Santo Antônio da Patrulha Fonte: Folder de divulgação da Secretaria de Turismo de Santo Antônio da Patrulha
3 A Rota da Cachaça e da Rapadura foi lançada em agosto de 2003 e surgiu a partir do Programa Nacional de Serviço Turístico Organizado - PRESTO DO SEBRAE que fazia parte o Poder Público, Entidades e Empreendedores que vendo que o carro chefe do Município era a Cachaça, Rapadura e o Sonho depois de muitas análises concluiu que seria importante para o desenvolvimento turístico do município a organização da Rota, analisando a vocação turística associado à cadeia produtiva da cana-de-açúcar. A rota levou quase um ano para ser organizada com a ajuda do SEBRAE, EMATER e a Prefeitura e suas secretárias de Obras, Agricultura e Cultura fizeram um trabalho tanto para saber quem irá participar, quanto no traçado do roteiro e qualificação da mão de obra local e também na divulgação e sinalização (SECRETARIA DE TURISMO DO MUNICÍPIO DE SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA, 2004).
Além disso, a partir de iniciativas do poder público e agentes privados, outros
atrativos têm surgido no município de Santo Antônio da Patrulha, como trilhas,
caminhadas, e festividades em particular, onde os produtos locais são expostos e
difundidos, valorizando a tradição local em torno da produção de derivados da cana
de açúcar e homenageando os produtores e empreendedores locais que
contemplam com estas ações a valorização das comunidades rurais locais.
Outro aspecto de grande relevância e essencial a concepção de turismo rural
voltado ao desenvolvimento comunitário sustentável se encontra na necessidade de
contemplar todos os segmentos, atores, paisagens e estruturas envolvidas no
espaço enfocado, sobretudo em virtude da diversidade de potenciais locais e uma
diversidade de fatores que podem vir a somar iniciativas e com isso, agregar
potenciais ao turismo rural no âmbito do município.
Um modelo de desenvolvimento, tanto agrícola, quanto global para ser
sustentável, deve permitir e considerar a diversidade cultural, natural e biológica,
deve respeitar a autonomia dos povos, e se preocupar com o acesso aos fatores
indispensáveis à sustentabilidade, como por exemplo, recursos naturais (terra),
políticas públicas, etc. São essas algumas das premissas que orientam a concepção
e perspectiva de execução deste projeto.
Destarte, o que vem se observando já há alguns anos no âmbito do turismo, em várias partes do mundo, perfaz a mesma tendência, a de configurar uma demanda voltada a segmentos que reportam o turista a lugares com natureza, cultura e atividades específicas, sobretudo na Europa, onde estes elementos vem assumindo a ponteira da atividade, ganhando visibilidade ao olhar do turista, o que reflete, portanto, diretamente na sua demanda.
O surgimento dessa nova demanda turística - bem como a transformação da noção desenvolvimento - é conseqüência de uma mudança de valores, que ocorre não só no Brasil, como em várias outras partes do mundo. Uma mudança cultural que tem entre os aspectos mais visíveis o surgimento de uma consciência ecológica em escala planetária; reivindicação de identidades locais... (ALVES, 2006, p. 13).
Outros autores chamam a atenção ainda para outros aspectos complementares e não excludentes a esta observação referentes às demandas turísticas sustentáveis, de forma a tornar esta concepção mais clara e abrangente,
de forma a apontar a relevância da questão ecológico-ambiental no contexto dos debates recentes em torno do turismo rural.
De fato, a noção de progresso, que foi do século 18 ao 20 sucessivamente associada as idéias de perfeição, evolução, crescimento, não é mais hoje nem automática nem unicamente aplicada a uma seqüência histórica, generalizável para todos os povos e sociedades... As “crises” ambiental, econômica e social colocam em cheque esta noção generalizadora e progressiva do progresso. Essas crises e a evolução social das sociedades “modernas” no século 20 esgotaram a força mobilizadora desta idéia... Se a noção de progresso se extinguirá no futuro próximo, não se sabe. O que se pode afirmar é que esta noção e outras que por ventura vierem a substituí-la, como o desenvolvimento sustentável, por exemplo, ocuparão doravante um lugar estratégico na análise e no debate social, porque elas articulam - ou tentam articular - duas dimensões do saber científico, ou seja, a natureza e a sociedade.... (ALMEIDA, 1997, p. 35).
Diante desta acepção, algumas questões que contemplam a presente
pesquisa enquanto indagações norteadoras são: Como se desenha o atual quadro
socioeconômico do meio rural da Comunidade do Morro Agudo em Santo Antônio da
Patrulha/RS? Quais são as particularidades deste espaço? De que forma poder-se-á
desenvolver o turismo rural de base comunitária? Quais são as perspectivas
sustentáveis norteadoras da implantação da atividade turística diante da realidade
local existente?
Neste contexto, a presente pesquisa busca enfocar o turismo rural solidário
na comunidade Morro Agudo no município de Santo Antônio da Patrulha/RS,
enfocando a busca pelo desenvolvimento comunitário sustentável.
RESULTADOS E DIAGNÓSTICOS: REFLEXÕES, LIMITES E POSSIBILIDADES
DE INICIATIVAS (TURÍSTICAS) DE BASE COMUNITÁRIA E SUSTENTÁVEIS
Inicialmente, tal qual proposta do presente trabalho, foram visualizadas uma
série de questões, das quais, em grande parte, estavam centradas indagações
referentes à atividade turística e iniciativas voltadas a esta atividade
socioeconômica. Porém, para muito além de enfrentar desafios frente a esta
atividade, foram observados outras problemáticas no espaço que caracterizam de
forma clara o que consensualmente tem sido abordo como “Novo Rural”.
A este fenômeno então denominado “Novo Rural”, ao qual muitos autores
reportam-se e que tem em José Graziano da Silva o seu pioneiro, é composto
basicamente de três grandes grupos conforme apontam Del Grossi e Graziano da
Silva (2002, p. 5):
1. Uma agropecuária moderna, baseada em commodities e intimamente ligada às agroindústrias; 2. Um conjunto de atividades não-agrícolas, ligadas à moradia, ao lazer e a várias atividades industriais e de prestação de serviços; 3. Um conjunto de “novas” atividades agropecuárias, localizadas em nichos especiais de mercados.
Diante desta concepção de “novidades” no mundo rural, voltando os olhares
para o espaço em questão, ou seja, a comunidade do Morro Agudo. Nesta
comunidade foi possível verificar que os itens 1 e 3 (agropecuária moderna e nichos
especiais de mercados) inexistem na localidade; evidenciando-se apenas o segundo
elemento, que confere a observação de conjunto de atividades não-agrícolas
(conforme demonstra o gráfico 1), ligadas à moradia e a prestação de serviços,
tendo o item lazer (anteriormente contemplado no sítio da Tia Lícia) atualmente
pouca inferência sobre as atividades dos atores locais.
0
10
20
30
40
50
60
70
Dedicação integral
da família na
atividade produtiva
Não produz/não
informou
Apenas parte da
família
Exclusividade na
atividade por
períodos
número
percentual
Gráfico 1: Ocupação da população da comunidade Morro Agudo Fonte: Trabalho de Campo 2009
Através do gráfico exposto verificou-se que 25% da população local não está
envolvida em quaisquer atividades agrícolas em contraposição a menos de 10% que
se dedica integralmente com todo o núcleo familiar a atividade produtiva e 5% que
têm dedicação a atividade agrícola por períodos; estes períodos declarados pelos
últimos, correspondem a períodos de sazonalidade em seus empregos ou ainda a
períodos de férias em suas ocupações remuneradas.
Outro elemento visualizado com o gráfico demonstra que, na maioria das
vezes, parte da família possui ocupação na atividade agrícola, este percentual
apesar de contar com pouco mais de 60% dos casos, não evidencia a situação
agrícola local. Este percentual mesmo se constituindo em mais da metade do
universo da pesquisa, quando verificado em que medida o mesmo se efetiva em
produção agrícola, visualiza-se pequenas proporções em termos de produção, onde
a maioria é voltada ao auto-consumo e com pequena diversidade de gênero
alimentícios.
Cabe destacar ainda que este percentual de indivíduos da família que se
encontra envolvida com a produção está relacionado ao gênero feminino; ou seja, as
mulheres da comunidade, que em grande maioria não possuem trabalho externo a
propriedade rural. Assim, as mesmas cultivam pequenas plantações concomitante
as atividades do lar, como hortas e/ou plantações, muitas das quais são conjugadas
com a comunidade.
Em relação às ocupações remuneradas, cerca de 80% dos entrevistados
declarou possuir emprego formal no espaço urbano. Quanto aos indivíduos
ocupados exclusivamente (integralmente ou por períodos) na atividade agrícola
apresentou apenas cerca de 15% da população local, ficando a caro de
aposentados e pensionista o restante deste percentual. Quanto à ocupação da
população envolvida com ocupações formais no espaço urbano, quando indagada
sobre seus locais de trabalho, as mesmas declararam atuar no setor de serviços de
Santo Antônio da Patrulha e/ou municípios próximos da região metropolitana de
Porto Alegre; dentre as quais a Concessionária da Rodovia Porto Alegre-Osório –
CONCEPA fora uma das mais citadas; outras opções ainda ficam a cargo das
indústrias, onde se verifica a existência de empresas terceirizadas de grandes
marcas de sandálias e sapatos; sendo que nenhum habitante declarou ocupação
não-agrícola realizada no próprio espaço rural.
Assim, pode-se observar que a expressão de que o “conjunto de atividades
não-agrícolas” já não é capaz de expressar o cidadão urbano ou rural, tampouco a
sua residência necessariamente coincida com a realidade observada no espaço
local (GRAZIANO DA SILVA, 2002).
Porém, para além do debate acerca da manifestação do “Novo Rural” em um
dado espaço, compreender as ocupações rurais não agrícolas e o porquê das
mesmas é de grande relevância à medida que contribui a compreensão do contexto
local; pois:
Algumas vezes, o emprego não agrícola é uma saída para a agricultura improdutiva mais do que uma resposta à expansão da agricultura. Nesse caso, diz o autor os trabalhadores estão sendo empurrados para o setor não-agrícola e não puxados pela dinâmica de oportunidades dos setores não-agrícolas (GRAZIANO DA SILVA, 2002, p. 111).
As constatações obtidas quanto ao destino da produção agrícola a exemplo
da abordagem referente à atividade laboral, demonstrou baixa produção agrícola e
demonstrou que mesmo o pequeno grupo de trabalhadores agrícolas, as
quantidades comercializadas, tanto com pessoas físicas, quanto com pessoas
jurídicas não ultrapassam 10% do universo pesquisado. Cabendo ainda uma
ressalva, todos os produtores que comercializam a sua produção com pessoas
jurídicas também o fazem com pessoas físicas4.
Abaixo se encontra o gráfico 2 demonstrando os resultados alcançados
quando enfatizada a produção agrícola e seu destino na comunidade Morro Agudo
em Santo Antônio da Patrulha.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Peq. quantidades
eventualmente na
propriedade; auto
consumo
Não produz Comercializa com
pessoa física
Comercializa com
pessoa jurídica
número
percentual
Gráfico 2: A produção agrícola e seu destino na comunidade Mor ro Agudo Fonte: Trabalho de Campo 2009
Dessa forma, a paisagem que se verificou na comunidade de Morro Agudo
foi de um rural que apresenta na atualidade acanhada produção rural e pouca
ênfase na atividade agrícola. Este indicador por si só é insuficiente para caracterizar
dificuldades econômicas na comunidade, sobretudo dado o grande contingente de
moradores locais que possuem ocupações externas a comunidade rural local.
Porém, as condições das habitações, acesso a alguns serviços públicos5, aliados as
declarações de muitos integrantes da população local que afirmaram possuir renda
em torno de um salário mínimo em sua ocupação principal para suprir as
necessidades de sua família de quatro indivíduos em média.
4 Dos percentuais referentes à produção agrícola e seu destino, o entrevistado poderia assinalar mais de uma alternativa. Portanto, alguns agricultores por exemplo, indicaram comercializar tanto com pessoa física quanto com pessoa jurídica em pequenas quantidades. Assim, o mesmo fora enquadrado na primeira, terceira e quarta categoria da classificação. 5 Chiarini (2009, p. 219) ao abordar o acesso a serviços públicos e pobreza no Rio Grande do Sul afirma que: “...é possível que políticas públicas espacialmente localizadas sejam aplicadas de forma a minimizar a pobreza nessas regiões. Dentre as maneiras possíveis, tem-se, por exemplo, o aumento ao acesso a serviços públicos...”.
Um fato importante a destacar parece ser a realidade agrária local, uma vez
que os indivíduos têm possibilidades de auferir decisões sobre a propriedade rural,
bem como em relação às atividades a serem desenvolvidas sobre as mesmas. Tão
logo, não caberia em tal situação, a problemática da especulação fundiária, muitas
vezes praticadas no espaço agrário brasileiro, e outras explicações calcadas em
externalidades agrárias também não se evidenciam na comunidade enfocada.
Tabela 1: Relação propriedade e trabalho agrícola
Relação de trabalho agrícola Relação propriedade/Situação da propriedade Não
declarada Apenas parte
da família Integral de todos
os membros Por períodos, de
forma complementar Em relação à propriedade
Não declarada 4 4 0 0
Própria 12 35 6 5 Própria e Arrendada 0 2 0 0 Própria, Arrendada
e Parceiro 0 1 0 0
Própria e Meeiro 0 1 0 0 Arrendada 0 2 0 0 Parceiro 0 1 1 0 Meeiro 0 1 0 0 Posseiro 0 1 0 0 Posseiro e Outra 1 0 0 0 Outra(s) 2 5 2 0
Fonte: Trabalho de Campo 2009
Efetuando relações entre a questão da atividade agrícola e a
pretensão/intenção de iniciar alguma iniciativa turística no espaço local, as respostas
oscilaram em torno de pouco mais de 50% do universo da amostra. Deste
percentual, destaca-se que aqueles mais relacionados de forma integral a atividade
agrícola não apresentaram interesse, apenas em relação à possibilidade de
produtos agroindustriais, assim como aqueles que atuam por períodos na atividade.
Quanto ao restante do percentual, daqueles em que parte da família atua na
atividade agrícola, igualmente o percentual oscilou em torno de 50% (vide tabela 1).
Porém, destaca-se neste caso que os informantes procuraram inserir os integrantes
da família já envolvidos na atividade agrícola, como as mulheres e/ou filhos mais
novos que ainda não possuem ocupações remuneradas no espaço urbano.
Tabela 2: Intenção em empreender alguma iniciativa turística na comunidade Morro Agudo e sua relação com a atividade agrícola
Pessoas da família que atuam na Atividade Agrícola Pretensões em relação a iniciativas voltadas a atividade
turística Não
declarada Apenas parte
da família Integral de todos os
membros
Por períodos, de forma
complementar Teria alguma pretensão específica em relação a empreender
Sim 12 29 3
4
algum estabelecimento voltado ao turismo
Não 7 24 6 1
Fonte: Trabalho de Campo 2009
Dessa forma, observa-se que a possibilidade de inserção (considerando a
intenção e perspectivas das famílias) na atividade turística, em sua oferta na
comunidade, apresenta divisão entre aqueles que gostariam de participar desta
atividade e aqueles que não pretendem, ao menos num primeiro momento. Entre as
argumentações daqueles que não manifestaram interesse, encontra-se basicamente
três motivos: (1) o fato de que os mesmos não possuem condições financeiras de
efetivar alguma ação neste sentido; (2) a idade elevada do núcleo familiar que reside
no local (geralmente um núcleo familiar composto por aposentados) e, (3) o grande
contingente de núcleos familiares onde os membros trabalham em locais distantes
do Morro Agudo e com isso não teriam disponibilidade de tempo. Porém, destacou-
se nas respostas as perspectivas positivas que os indivíduos afirmaram quanto ao
aspecto positivo que a atividade turística traria à comunidade como um todo.
Contudo, cabe destacar que a relação afirmativa X negativa se apresenta
favorável aqueles que tem como objetivo a disponibilidade em oferecer algum
produto e/ou serviço turístico conforme pode-se visualizar no gráfico 3.
Gráfico 3: Disponibilidade em oferecer algum produto ou serviç o turístico Fonte: Trabalho de Campo 2009
Contudo, cabe destacar que a relação afirmativa versus negativa se
apresenta favorável aqueles que tem como objetivo a disponibilidade em oferecer
algum produto e/ou serviço turístico conforme pode-se visualizar no gráfico 3. Frente
a realidades como esta, é importante nos reportarmos a observação de
Castrogiovanni (2009, p. 61):
Durante muito tempo, no entanto, o turismo existia a partir de um caráter economicista. Parecia ser a salvação para todas as economias em processo de estagnação. Esse caráter economicista com que o turismo já foi muito interpretado tende a assumir, ainda, em muitas situações, o desejo pela oferta do turismo rural. A ele é atribuída a salvação do campo, em muitas situações. Não podemos negar que o turismo rural pode ser mais uma das possibilidades do campo, mas não é admissível vê-lo como a tábua de salvação, numa ótica apenas econômica...
Tão logo, parece ser adequada a constituição de tal iniciativa a partir de
iniciativas locais. Nesse sentido, ressalta-se o conceito de desenvolvimento local,
que ademais algumas distinções específicas de autores, escolas teóricas e/ou
vertentes ideológicas contempla algumas características comumente peculiares:
Desenvolvimento local é um processo endógeno registrado em pequenas unidades territoriais e agrupamentos humanos capaz de promover o dinamismo econômico e a melhoria da qualidade de vida da população. Representa uma singular transformação nas bases econômicas e na organização social em nível local, resultante da mobilização das energias da sociedade, explorando as suas capacidades e potencialidades específicas (BUARQUE, 1999, p. 23).
Neste sentido, toda e qualquer abordagem de desenvolvimento local carece
da compreensão de que o desenvolvimento local envolve fatores sociais, culturais e
políticos que não se regulam exclusivamente pelo sistema de mercado. O
crescimento econômico é uma variável de grande relevância, contudo, insuficiente
para ensejar o desenvolvimento local. O desenvolvimento local deve sim, ser
compreendido e considerado como o conjunto de atividades culturais, econômicas,
políticas e sociais – vistas sob ótica intersetorial e trans-escalar – que participam de
um projeto de transformação consciente da realidade local. Neste projeto de
transformação social, há significativo grau de interdependência entre os diversos
segmentos que compõem a sociedade (âmbitos político, legal, educacional,
econômico, ambiental, tecnológico e cultural) e os agentes presentes em diferentes
escalas econômicas e políticas (do local ao global). É fundamental pensar o
desenvolvimento local enquanto projeto integrado no mercado, mas não somente: o
desenvolvimento local é também fruto de outras relações no âmbito do espaço a
qual encontram-se situadas, tais quais conflitos, competições, cooperações e
reciprocidade entre agentes, interesses e projetos de distintas naturezas, sejam elas
social, política e/ou cultural (Milani, 2007).
Outros autores ainda, como Barquero (2001) expressam a dimensão política
de desenvolvimento local contemporânea, onde as análises apontam para
manifestações do fenômeno na forma pela qual o mesmo é pensado, projetado,
operacionalizado e colocado em ação por um ou mais agentes públicos, bem como
em muitos casos juntamente a setores privados do espaço em questão articulados
com o mesmo ou com as ações do poder público.
No decorrer das últimas décadas, ocorreu uma significativa mudança na política de desenvolvimento... De forma progressiva, vêm perdendo força as assim chamadas políticas de “cima para baixo”, seguidas pelas administrações centrais do Estado e que buscam promover a redistribuição espacial da atividade econômica e a redução das diferenças regionais nos níveis de renda per capita. Ao mesmo tempo, vem ganhando ímpeto a abordagem conhecida como de “baixo para cima”... Para tanto, adotaram medidas visando ao aproveitamento do potencial de desenvolvimento existente no território (recursos humanos, capacidade empresarial e cultura produtiva e tecnológica) e passaram a enfrentar os dilemas colocados pela reestruturação produtiva (crescimento do desemprego e mudança estrutural) (BARQUERO, 2001, p. 181).
O que seria então a constituição de iniciativas comunitárias, ou de “baixo para
cima” como destaca o autor acima? Como estas relações se processariam na
comunidade do Morro Agudo de forma sustentável no âmbito do turismo rural? Ao
serem indagados quanto aos potenciais da sua propriedade e/ou da comunidade de
Morro Agudo, apareceram muitos aspectos relevantes conforme observa-se no
gráfico 4.
0123456789
número
percentual
Gráfico 4: Potenciais turísticos indicados pela comunidade do Morro Agudo Fonte: Trabalho de Campo 2009
Conforme demonstra o gráfico 4, existe uma diversidade de aspectos
valorizados pelos habitantes da comunidade local, em cada uma das propriedades,
porém, não existe consenso quanto a algum atrativo em específico. Porém, todos os
aspectos citados parecem convergir para a beleza da paisagem, seja citando a
própria paisagem ou vista panorâmica, os morros ou então através de espécies de
árvores ou flores locais.
Assim, as distintas paisagens locais, através de seus distintos potenciais
devem ser um aspecto norteador de iniciativas de turismo rural no espaço local,
porém, apenas esta iniciativa pode não ser suficiente para fomentar potenciais que
concretizem de forma sustentável6 ao longo do tempo tal atividade, além de
possivelmente não acarretar maiores benefícios a comunidade além da valorização
do espaço e do capital social ali existente. Deve-se explorar a atividade turística
(desde que respeitando os limites locais e seus interesses) enquanto atividade
propulsora da diversificação no meio rural, de forma a não resumi-lo como atividade
6 Termo aqui empregado não como aspecto voltado a sustentabilidade ambiental ou voltada aos recursos naturais locais. Destarte, apenas empregado enquanto termo que buscou designar atividade que tenha sequência ao longo do tempo, dando segmento aos aspectos positivos (e procurando prever, minimizar e retardar aspectos negativos) que o mesmo é capaz de proporcionar.
capaz de gerar um único benefício para a população e para o meio rural, uma vez
que somam-se a estes outros inúmeros potenciais a serem gerados pelo ¨efeito em
cadeia¨ proporcionado por este ramo de atividade do setor terciário ou de serviços.
...O turismo rural explora e “capitaliza” o meio rural ou natural que, de outra
forma, não agrega valor econômico, só aquele diretamente relacionado à produção
agrícola ou à pecuária; estimula a aquisição de produtos artesanais e daqueles
relacionados com as atividades do meio rural como lamparinas, ferramentas,
objetos de decoração; ao atrair fluxos de pessoas de outros espaços econômicos, o
turismo rural estimula o consumo nas áreas onde ocorre, desencadeando o
tradicional efeito multiplicador da atividade turística (RUSCHMANN, 2004, p. 65).
Ao efetuar estas relações com base nas iniciativas já existentes de turismo
rural, anteriormente centradas no projeto PRESTO7, buscou-se levantar junto a
comunidade a identidade desta rota em relação à comunidade do Morro Agudo.
Porém, os resultados muito além de demonstrar escassa relação para com a
comunidade, a maioria (72%) afirmou desconhecer à mesma conforme demonstra o
gráfico 5. Já entre os indivíduos que afirmaram conhecer a mesma, identificou-se o
reconhecimento desta rota unicamente com a festividade existente em Santo
Antônio da Patrulha que possui a mesma nomenclatura.
Gráfico 5: Conhecimento da Rota da Cachaça e da Rapadura pela comunidade do Morro Agudo Fonte: Trabalho de Campo 2009 7 O projeto PRESTO (Programa Nacional de Serviço Turístico Organizado) do SEBRAE foi lançado em agosto de 2003 fazendo parte de ações do Poder Público, Entidades e Empreendedores que buscavam apresentar os produtos municipais: a Cachaça, a Rapadura e o Sonho, que posteriormente culminaram na organização da Rota da Cachaça e da Rapadura com o objetivo de potencializar os atrativos turísticos locais, enaltecendo a vocação produtiva associada à cana-de-açúcar. A rota levou quase um ano para ser organizada com a ajuda do SEBRAE, EMATER e a Prefeitura e suas secretárias de Obras, Agricultura e Cultura. Estas ações buscaram reconhecer quais atores locais iriam participar, bem como concentraram esforços em “traçado do roteiro turístico”. Além destes aspectos, cabe salientar a busca pela qualificação da mão de obra local, a divulgação e a sinalização da mesma (SECRETARIA DE TURISMO DE SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA).
Mesmo diante desta realidade, a maioria (cerca de 64% do universo da
pesquisa) afirmou estar disposto a fazer parte da Rota da Cachaça e da Rapadura,
demonstrando expectativas referentes ao roteiro e o potencial do mesmo em atrair
turistas ao espaço local.
Tabela 3: Disposição em fazer parte da Rota da Cachaça e da R apadura
Estaria disposto a fazer parte da Rota da Cachaça e da Rapadura
TOTAL Não informou Sim Não
Quantidade Quantidade % Quantidade % Quantidade %
86 3 3,5 55 63,9 28 32,6
Fonte: Trabalho de Campo 2009
Porém, refletindo em esta relação de disposição em participar da Rota da
Cachaça e da rapadura corresponde em sua maior parcela (78% do universo da
pesquisa) a expectativa que os habitantes locais apresentam em relação a iniciativas
turísticas em oposição às experiências concretas, pois apenas 22% dos
entrevistados responderam afirmativamente a experiência de já ter recebido turistas
na comunidade (sem haver homogeneidade na forma como os mesmos se
efetuaram a visita) conforme se pode observar na tabela 4 abaixo.
Tabela 4: Recepção de visitantes
Que tipo de público visitou o local
Não recebeu visitação
Visitantes individuais
Famílias Grupos de Excursão Outros
Quantidade % Quantidade % Quantidade % Quantidade % Quantidade %
67 78 7 8 3 3,5 5 5,8 4 4,7
Fonte: Trabalho de Campo 2009 Esta afirmação é confirmada a partir das indagações referentes à quais são
os fatores atrativos da rota e qual é a opinião pessoal sobre a mesma, onde em
ambos os questionamentos, os entrevistados não responderam (tabela 5).
Tabela 5: Fatores atrativos da rota e a opinião da comunidade
Quais são os fatores atrativos da Rota
Alternativas Não sabe/
Não respondeu Unicamente os produtos
Os produtos e as paisagens Outro(s)
Quantidade Quantidade Quantidade Quantidade Não sabe/ Não respondeu 63 0 0 0
Positiva 1 1 16 2
Qual a sua opinião sobre a Rota
Indiferente 0 0 2 1
Fonte: Trabalho de Campo 2009
Outro aspecto que merece atenção é a relação entre comunidade e Poder
Público, pois a visão desta segunda aparece na percepção da população de forma
desacreditada, tanto no que tange a questões agrícolas (tabela 6), quanto em outras
ações, inclusive iniciativas no âmbito do turismo (tabela 7). Portanto, a população
local não vislumbra nas iniciativas turísticas melhorias advindas dos órgãos públicos
locais.
Tabela 6: Ações do Poder Público em relação à Agropecuária Como considera as ações do Poder Público em relação à Agropecuária
Não sabe/ Não respondeu
Ótima/Boa Razoável Ruim/Péssima
Quantidade % Quantidade % Quantidade % Quantidade % 18 20,9 8 9,3 17 19,8 43 50
Fonte: Trabalho de Campo 2009
Tabela 7: Ações do Poder Público em função do Turismo Existem ações do Poder Público em função do Turismo
Não sabe/ Não respondeu Sim Não
Quantidade % Quantidade % Quantidade % 44 51 7 8 35 41
Fonte: Trabalho de Campo 2009
De posse destes dados procurar-se-á, na próxima sessão, enfatizar as
constatações obtidas na presente pesquisa, sem esquecer os referenciais sob as
quais a mesma procurou contemplar o turismo no espaço rural da comunidade do
Morro Agudo. Ressalta-se que, conforme Tulik (2003, p. 32): “...Turismo Rural...
consiste no aproveitamento turístico do conjunto de componentes existentes no
espaço rural, incluindo aqueles basicamente rurais e culturais (principalmente o
patrimônio arquitetônico) e também, elementos da natureza”.
Procurar-se-á, igualmente, enfatizar o aspecto central em que se constituem
as particularidades da comunidade. Assim, é relevante a identificação de um
caminho para o desenvolvimento auto-sustentado, de caráter endógeno, com
capacidade para contribuir com o processo de acumulação de capital (econômico e
social), que se constitua em relações sócio econômicas externas e internas,
reduzindo assim os custos locais e que possa gerar potenciais calcados nas
potencialidades locais. Para tanto, farão parte da análise o papel dos atores
econômicos públicos e privados do município de Santo Antônio da Patrulha8
(BARQUERO, 2001), conforme figura 10.
Figura 10. Relações do Turismo Rural no contexto local: a comu nidade, a iniciativa privada e o Poder Público
Por fim, cabe salientar o potencial de empreendimentos já existentes no
município de Santo Antônio da Patrulha, tal quais o Parque da Guarda
(empreendimento turístico existente na Rota da Cachaça), empreendimento que
conta anualmente com um número mínimo de visitantes (número citado pelos
proprietários) de 14.000 pessoas e que atualmente têm buscado ampliar as suas
ações neste campo. Tão logo, salienta-se o potencial em buscar inserir estes
visitantes locais ao público alvo de turismo rural no âmbito da comunidade de Morro
Agudo, onde a inserção de demandantes se apresenta como uma carência.
8 Esta análise está embasada na figura/esquema abaixo apresentada.
INICIATIVA
PRIVADA
TURISMO RURAL
Fomento, investimento,
interesse. Retorno,
carências a serem
sanadas e benefícios para
outras atividades locais
PODER PÚBLICO
COMUNIDADE
Relações com a
atividade e impactos
da mesma (direto
e/ou indireto)
Inserção (ou potencial)
do empreendimento na
atividade. Potencial de
sinergias entre
empreendimentos
Assim, as conclusões obtidas através da presente pesquisa visa abordar a
realidade através dos resultados alcançados e discuti-los à luz das literaturas que se
relacionem aos objetivos enfocados na presente pesquisa, ou seja, o turismo rural
solidário na comunidade Morro Agudo no município de Santo Antônio da
Patrulha/RS.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Inicialmente cabe salientar a expressão de Wandscheer (2009, p. 118) que
afirma que: “O espaço rural brasileiro há algum tempo vem demonstrando novas
perspectivas em seus espaços, de forma a contemplar, não apenas as atividades
agrícolas, como também, novas atividades, tais quais as não-agrícolas...”
Neste sentido, a comunidade denominada Morro Agudo em Santo Antônio
da Patrulha parece concretizar-se no mais claro exemplo de tal perspectiva, onde o
rural contempla ocupações distintas do espaço, onde a moradia representa a
principal função do mesmo. Portanto, esta função atribuída a este espaço rural não
mais coincide com as práticas agrícolas que anteriormente determinavam as
delimitações do que se compreendia como “rural”. A partir desta concepção, tem-se
que visualizar “...a compreensão dos contornos, das especificidades e das
representações deste espaço rural, entendido, ao mesmo tempo, como espaço
físico... lugar onde se vive... e lugar onde se vê e se vive o mundo... (WANDERLEY,
2009, p. 204)”.
A “concepção” de mundo rural observada na comunidade de Morro Agudo
expressando um local rural de moradia, onde a atividade agrícola existe em
pequenos espaços e já não contempla o sustento das famílias, e assiste a oferta da
mão-de-obra dos moradores locais em empresas (setor secundário) ou prestadoras
de serviço do espaço urbano (setor terciário) de Santo Antônio da Patrulha e/ou
proximidades (na região metropolitana de Porto Alegre) constitui-se na realidade
comumente observada na pesquisa (em contraposição ao que se esperava, ou seja,
a predominância do setor primário no espaço rural em questão).
Porém, as consequências desta realidade acabaram por desestruturar a
produção local, reduzindo a produção para auto-consumo e ampliando a
dependência local, de forma que, se antes da alocação da mão-de-obra local nas
ocupações do espaço urbano a remuneração pelos produtos agrícolas eram baixas,
após estas mudanças na ocupação da população rural, a dependência amplia-se e
se torna rotineiro na comunidade.
Diante desta acepção, de forma geral, o prospecto atual aponta para a
necessidade de ações estruturantes no âmbito local, tendo em vista a geração de
condições para futuras iniciativas no que concerne à implementação do Turismo
Rural. Ao serem realizadas tais ações, avalia-se a possibilidade de que as atividades
turísticas possam ocorrer de formas pontuais e planejadas.
Na comunidade de Morro Agudo, a partir das análises realizadas, constatou-
se que há necessidade da “reinvenção” do rural; esta efetuada a partir da
recuperação dos valores, práticas e costumes históricos da comunidade. Esta
alternativa é enfatizada por Yázigi (2001, p. 218) ao afirmar que: “...não há outra
solução senão contrabalançar a perda de ambientes com criatividade”. A esta
criatividade leia-se reconstruir ou revitalizar os anteriores potenciais locais, como
gastronomia, festividades, religiosidade, dentre outros potenciais.
A respeito das ações estruturantes, aqui mencionadas, observa-se,
primeiramente, a prioridade na retomada da atividade agrícola, inicialmente para
ampliar o abastecimento da própria comunidade, para então a posteriori, retomar a
culinária local e a incorporação de outros produtos agrícolas característicos de Santo
Antônio da Patrulha, atividades que podem vir a agregar alternativas produtivas e
valor aos produtos. Neste sentido, a assertiva de Graziano da Silva (2002, p. 110)
parece responder as necessidades verificadas, pois: “...se o objetivo perseguido for
o de aumentar a produção de alimentos e matérias-primas, devemos pensar em
uma política agrícola envolvendo crédito rural, preços mínimos, extensão rural...”.
Neste sentido, a constatação da pesquisa é que a comunidade de Morro
Agudo deve ser auxiliada e assistida por técnicos da Secretaria Municipal de
Agricultura, bem como da EMATER/ASCAR - RS, passando a fazer parte de ações
que visem à produção rural e a permanência da população no campo. Cabe
destacar que estas ações devem ser elaboradas juntamente com a comunidade,
resgatando seus saberes e potenciais, portanto construídas “de baixo para cima”; de
modo diferenciado em relação a outros espaços rurais, que certamente apresentam
outras demandas e realidades distintas das dificuldades visualizadas neste espaço
rural. Estas ações, parecem ter grande potenciais em ações como: artesanato,
fitoterápicos, atos religiosos (proporcionados enquanto aspecto relacionado a cultura
local) e pratos tradicionais (que podem ou não envolver históricos de religiosidade).
Assim, constata-se que na comunidade de Morro Agudo que toda e qualquer
ação a ser instaurada no âmbito local, seja de turismo rural ou outra iniciativa de
oferta de serviços, deve valorizar primeiramente a produção agrícola local,
enfocando e respeitando a identidade a tradição rural local, fomentando ações que
contemplem esta demanda. Outro aspecto relevante neste sentido se refere à
valorização da comunidade e sua relação de pertencimento ao espaço rural,
iniciativa que amplia a aspiração à retomada do rural enquanto espaço de vida e que
posteriormente, através de maior atenção à atividade agrícola e agroindustrial é
capaz de agregar valor à atividade desenvolvida, seja ela turística ou outra(s)
quaisquer. Do contrário, as iniciativas no âmbito local, muito pouco ou nada gerariam
de benefícios econômicos e, portanto, sem sustentabilidade no longo prazo. Uma
vez que a atividade não poderia demandar mão-de-obra sem remuneração,
tampouco poderia retirar indivíduos atualmente ocupados com empregos
remunerados no espaço urbano, sem oferecer quaisquer retornos financeiros em
contrapartida.
Quanto aos empreendimentos situados neste espaço, verifica-se a
necessidade de ampliar a produção de produtos finais ou então de produtos com
algum valor agregado, pois a agregação de valor à matéria prima dentro da
propriedade parece ser um aspecto central à permanência e ampliação da
rentabilidade dos estabelecimentos. Caso não ocorra esta ampliação, os produtos
seguirão tendo pequenos rendimentos pelos produtos derivados da cana de açúcar,
produção atualmente centrada no melado; produto que têm apresentado retornos
marginais ao produtor e, com isso, desmotivando a ampliação da produção, bem
como os investimentos em infra estrutura, por vezes inclusive se tornando inviável
ao produtor como se observa na pesquisa.
Outro aspecto importante a ressaltar no âmbito do turismo rural de base
comunitária no âmbito local corresponde à “busca” pelos visitantes, dentre os quais,
os atuais turistas do Parque da Guarda parecem ser grandes potenciais, uma vez
que a Associação de Turismo Rural Solidário (situada no sítio da Tia Lícia)
apresenta atrativos diferenciados e complementares àqueles do Parque e também
podem buscar a no mesmo a divulgação do empreendimento.
Os diálogos entre os atores locais e os agentes públicos e privados também
foram outros aspectos observados na pesquisa, pois parece não haver interlocução
entre os atores locais, os atores privados e o poder público; nem sequer no aspecto
que parece nortear as ações das políticas públicas atualmente, ou seja, a
produtividade em torno das atividades agroindustriais da cana de açúcar, produção
de “grande porte” no âmbito local que “divulga” e leva os produtos do município de
Santo Antônio da Patrulha a grandes mercados como a Região Sudeste do Brasil,
mas que muito pouco têm investido no espaço local. No caso do Morro Agudo, os
poucos empreendimentos existentes, se encontram sem potencial para
investimentos e os demais externos a comunidade (muitos dos quais em situação
semelhante) não vêem a comunidade local como espaço para efetivar investimentos
e ações.
Portanto, as ações de Turismo Rural de base comunitária devem ser
desenvolvidas de forma pontual, com visitas previamente agendadas, tal qual
ocorreu num passado recente com as visitas no Sítio da Tia Lícia. Para isso a
interlocução com alguma(s) agências de viagem (tal como havia anteriormente) e
articulações da Secretaria de Turismo Municipal, aliada a divulgação em espaços
como a internet são meios pelos quais estas propostas podem ter início e se
desenvolverem com o passar do tempo.
O funcionamento das iniciativas pontuais pode seguir parâmetros
semelhantes a outras experiências exitosas que envolvem a participação
comunitária, como os Caminhos Pomeranos em São Lourenço do Sul, para somente
então, após concretizada enquanto espaço turístico (e se de interesse comunitário)
partir para a oferta de turismo que demande maior dedicação de tempo e maior
freqüência de turistas. Neste sentido, as mulheres se constituem em atores
fundamentais a estas iniciativas, pois apresentam maior vivência no espaço local no
dia-a-dia e vislumbram a atividade turística como oportunidade de ocupação e
geração de renda a família, além do interesse em receber pessoas e apresentar os
potenciais locais e as características e peculiaridades culturais.
Quanto aos elementos culturais, o terço capelão é na atualidade, juntamente
com os aspectos naturais da paisagem (citados pela população local) os atrativos de
maior potencial para a apresentação aos indivíduos passiveis de se tornarem
turistas do local. Quanto ao primeiro, o terço capelão, a execução da reza já é na
atualidade um evento concreto no que tange a oferta turística, necessitando apenas
de ajustes no entorno da capela onde a mesma é feita para acomodar os visitantes
sem maiores prejuízos a esta prática social. Já o segundo por sua vez, ou seja, as
paisagens, os indivíduos locais que para além do interesse, incorporarem ações
concretas para a implementação da atividade turística devem montar algum(ns)
roteiro(s) turísticos, procurando na medida do possível apresentar o local e seu
histórico, sem esquecer de oferecer produtos e serviços complementares de sejam
capazes de gerar não apenas ocupação, mas renda aos atores envolvidos no
processo.
Por fim, e de forma complementar, observa-se a necessidade de trabalhar a
auto-estima local, uma vez que toda a comunidade parece não ter clareza dos
potencias que possui em torno das atividades agrícolas e mesmo não-agrícolas
(como na possibilidade do Turismo Rural), assim como não possuem estrutura para
partir para iniciativas diferentes dos quais atualmente desempenham, ou seja, mão-
de-obra voltada para atividades no espaço urbano.
Dessa forma, estruturar o espaço local, iniciando pela produção rural e
partindo para a valorização da produção e cultura local, seguida de iniciativas que
contemplem o consumo (de produtos ou serviços) parecem ser iniciativas de grande
potencial no âmbito da comunidade do Morro Agudo. Iniciativas estas que podem
inclusive vir a acrescer possibilidades a atual rota da Cachaça e da Rapadura que
apresentam pouca diversificação em seus atrativos e se encontram centrados em
espaços restritos do município de Santo Antônio da Patrulha. Destaca-se ainda
neste sentido, a pouca integração da rota da Cachaça e da Rapadura a totalidade do
espaço municipal9, aspecto que representa oportunidade de inserção do Morro
Agudo, sobretudo na continuidade da rota da Rapadura, que tem seu trecho final
limitando-se com a delimitação física do Morro Agudo.
9 Esta realidade se dá sobretudo dado o fato de possuir histórico peculiar na história do Rio Grande do Sul e diferentes etnias em sua composição, o que representa práticas diversificadas que poderiam agregar-se as mesmas em suas atividades e oferta turística.
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