Author
dangque
View
218
Download
0
Embed Size (px)
1
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
FACULDADE DE VETERINÁRIA
RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA
GESTÃO EM PECUÁRIA DE CORTE
ACADÊMICO: GUILHERME SANGALI DIAS
ORIENTADOR: GUSTAVO MOGLIA DUTRA
ORIENTADOR ACADÊMICO: MARCIO NUNES CORRÊA
LOCAL: ASSESSORIA AGROPECUÁRIA MARCON S/C LTDA
PELOTAS, JANEIRO DE 2005
2
AGRADECIMENTOS
Á Deus que me agraciou em vir ao mundo no seio de minha família.
Aos meus queridos pais João e Édila, que conduziram a formação do meu
caráter pelos caminhos da honestidade e sempre mostraram que o melhor
caminho para conquistar meus objetivos é através do trabalho. Foram os “esteios”
de minha vida nos momentos de dificuldade e não pouparam esforços para que
eu realizasse este sonho.
Ao meu irmão Felipe, que além de uma relação de afeto e amizade foi um
grande companheiro nos momentos difíceis, muito obrigado.
A minha namorada Lúcia, que nos últimos três anos nunca deixou de
demonstrar carinho e respeito frente aos inúmeros compromissos acadêmicos e
sempre me apoiou nas tomadas de decisões.
Aos Médicos Veterinários e amigos Tarso Rosa Soares e Maurício Cuerda
Ferreira, que durante o período acadêmico foram de fundamental importância
para minha formação, meu sincero muito obrigado.
Ao Eng. Agrônomo, orientador de estágio e amigo Gustavo Moglia Dutra
que, com toda certeza, foi a pessoa que mais me influenciou nos últimos anos em
relação a postura que devo assumir como profissional. Seus conhecimentos e o
total comprometimento em relação ao resultado de seus clientes serviram como
fonte de inspiração para a realização deste trabalho. Muito obrigado.
ii
3
Ao professor, orientador acadêmico e amigo Dr. Márcio Nunes Corrêa por
toda a orientação para a realização deste e pela parceria dentro da faculdade,
meu muito obrigado.
Á Assessoria Agropecuária Marcon S/C Ltda, e todos os seus
colaboradores, pela acolhida e pelos conhecimentos repassados durante o
período de estágio, muito obrigado.
Aos poucos professores que apesar das dificuldades existentes nas
Universidades Federais, souberam respeitar seus alunos dentro da sala de aula e
de uma forma ou de outra, transmitiram seus conhecimentos e se
comprometeram com a formação de bons médicos veterinários.
A todos colegas, amigos e familiares que, nas mais simples atitudes, me
ajudaram a chegar ao fim dessa jornada.
iii
4
SUMÁRIO
Página 1. INTRODUÇÃO......................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
1.1. Descrição da Empresa ..................................Erro! Indicador não definido. a) Histórico ........................................................Erro! Indicador não definido. b) Tecnologias de Produção..............................Erro! Indicador não definido. c) Produtos e Processos. ..................................Erro! Indicador não definido. d) Organograma da Organização ......................Erro! Indicador não definido. e) Força de Trabalho .........................................Erro! Indicador não definido. g) Aspectos Relevantes.....................................Erro! Indicador não definido.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 2.1. Conceito de Qualidade ..................................Erro! Indicador não definido.
2.1.1. Processo .................................................Erro! Indicador não definido. 2.1.2. Problema.................................................Erro! Indicador não definido. 2.1.3. Ponto Crítico ...........................................Erro! Indicador não definido. 2.1.4. Ítem de Controle......................................Erro! Indicador não definido.
2.2. Rastreabilidade..............................................Erro! Indicador não definido. 3. ATIVIDADES REALIZADAS.....................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3.1. Diagnóstico Técnico Gerencial. .....................Erro! Indicador não definido. 3.2. Assessoria Pecuária ......................................Erro! Indicador não definido.
3.2.1. Orçamentação. .......................................Erro! Indicador não definido. 3.2.2. Implantação de Pastagens......................Erro! Indicador não definido.
3.2.2.1. Fluxograma de Atividades ................Erro! Indicador não definido. 3.2.3. Fechamento ciclo 2004 ...........................Erro! Indicador não definido.
3.3. Rastreabilidade..............................................Erro! Indicador não definido. 3.3.1. Pós-Rastreabilidade................................Erro! Indicador não definido.
3.4. Extensão Rural do Frigorífico Mercosul.........Erro! Indicador não definido. 3.4.1. Compra qualificada .................................Erro! Indicador não definido. 3.4.2. Incentivo a rastreabilidade ......................Erro! Indicador não definido. 3.4.3. Programa de qualificação de compradores.............Erro! Indicador não definido. 3.4.4. Fidelização de produtores.......................Erro! Indicador não definido. 3.4.5. Projeto difusão genética..........................Erro! Indicador não definido.
3.5. Outras atividades...........................................Erro! Indicador não definido. 3.5.1. Curso Sebrae Ideal .................................Erro! Indicador não definido. 3.5.2. Participação no grupo de trabalho da Indicação Geográfica........... Erro! Indicador não definido. 3.5.3. Seminário de Avaliação de Novilhos e Carcaças....Erro! Indicador não definido. 3.5.4. Elaboração de artigos .............................Erro! Indicador não definido.
4. DISCUSSÃO............................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 4.1. Diagnóstico....................................................Erro! Indicador não definido. 4.2. Assessoria Pecuária ......................................Erro! Indicador não definido. 4.3. Rastreabilidade..............................................Erro! Indicador não definido. 4.4. Extensão Rural do Frigorífico Mercosul.........Erro! Indicador não definido.
5. CONCLUSÃO ..........................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
iv
5
LISTA DE TABELAS
Página
TABELA 1 – Principais atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária realizado na Assessoria Agropecuária Marcon S/C LTDA.....................................................33
TABELA 2 – Inventário de áreas utilizadas pela Fazenda Santa Maria
dezembro/2003..................................................................................................34 TABELA 3 – Diferença de qualidade entre as carcaças do Rio Grande
do Sul e região Centro-Oeste em 2004. Fonte: Frigorífico Mercosul (2004) e Frigorífico Bertin (2004).......................................................................74
v
6
LISTA DE QUADROS
Página QUADRO 1. Composição da força de trabalho da Assessoria
Marcon, ciclo 2004.............................................................................................16
vi
7
LISTA DE FIGURAS
Página FIGURA 1 – Organograma Assessoria Marcon, ciclo 2004 - 2005-01-04............15 FIGURA 2 – Evolução do número de clientes Assessoria Marcon,
dezembro/2004..................................................................................................18 FIGURA 3 – Modelo do Macrofluxograma da Assessoria Agropecuária
Marcon utilizado para realização de diagnósticos de propriedade pecuária.....35 FIGURA 4 – Planilha de Vistoria utilizada na visita de campo a Fazenda
Santa Maria em dezembro de 2003...................................................................37 FIGURA 5 – Análise dos Processos Críticos (modelo utilizado na Fazenda
Santa Maria em dezembro de 2003).................................................................39 FIGURA 6 – Análise do Realizado Fazenda Santa Maria dezembro/2003..........42 FIGURA 7 – Laudo de diagnóstico técnico gerencial, realizado na propriedade
Santa Maria em dezembro de 2003 pela Assessoria Agropecuária Marcon.....44 FIGURA 8 – Planilha de Orçamento Fazenda Santa Maria 2004.........................46 FIGURA 9 – Fluxograma de Atividades Fazenda Santa Maria 2004....................48 FIGURA 10 –F.C.A. (Fato, Causa, Ação) utilizado na Fazenda Santa Maria
2004...................................................................................................................49 FIGURA 11 –Análise do Realizado Fazenda Santa Maria 2004...........................51 FIGURA 12 – Identificadores da Rastreabilidade (brinco e botton) set/2004........53 FIGURA 13 - Animal rastreado (brinco na orelha direita e botton na orelha
esquerda) set/2004............................................................................................54 FIGURA 14 - Animais Rastreados pela Assessoria Marcon set/2004...................55 FIGURA 15 - Esquema de recebimento e fiscalização para abate de animais
rastreados..........................................................................................................57 FIGURA 16 - Macrofluxo do Pós-Rastreabilidade. Assessoria Marcon
outubro/2004......................................................................................................58 FIGURA 17 - Diagnóstico de Animais Rastreados do Sistema Marcon................59 FIGURA 18 - Relatório de animais sem D.I.A. do Sistema Marcon.......................59 FIGURA 19 - Tabela de Compra qualificada. Frigorífico Mercosul dez/2004........61 FIGURA 20 - Impacto da compra Qualificada (animais abatidos gordura 3/mês)
frigorífico Mercosul setembro/2004....................................................................62 FIGURA 21 –Planilha de Fidelização do Frigorífico Mercosul, referente
ao primeiro trimestre de 2005............................................................................65 FIGURA 22 - Preços praticados em 2004. Diferença entre o preço médio do
estado (segundo Zero Hora) e as diferentes classificações do frigorífico Mercosul (animais rastreados e fidelizados)......................................................73
vii
8
LISTA DE ANEXOS
Página
ANEXO 1 – Notificação do Ministério da Agricultura direcionada ao diretor do frigorífico Mercosul no dia 28/10/2004..........................................79
ANEXO 2 – Carta comentando um artigo do Dr. Louis Pascal (SISBOV: considerações) enviada no dia 21/11/2004 e publicada no site www.beefpoint.com.br............................................................................80
ANEXO 3 – Artigo publicado no dia 01/12/2004 a convite do editorial do site Beefpoint (disponível em: http://www.beefpoint.com.br/bn/dicas/artigo.asp?nv=1&id_artigo= 21298&perM=12&perA=2004)...........................................................................82
viii
9
RESUMO
O Estágio Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na Assessoria Agropecuária Marcon S/C Ltda. Localizada em Bagé, RS, abrangendo o período de 10 de setembro a 10 de dezembro de 2004, totalizando 536 horas. O estágio foi focado na área de Administração Rural e Gestão pela Qualidade. Durante o período pôde-se participar das seguintes atividades: assessoria à propriedade, diagnósticos técnico gerencial, montagem do plano de ação, elaboração de itens de controle e rastreabilidade. Além do acompanhamento destas ferramentas de gestão em propriedades rurais, foi acompanhado todo o trabalho de assessoria que a empresa vem desenvolvendo junto ao Frigorífico Mercosul. A metodologia de trabalho desenvolvida pela empresa é totalmente inovadora no ramo da agropecuária e é baseada em resultados caracterizada por altos investimentos em treinamento dos colaboradores da empresa.
ix
10
1. INTRODUÇÃO
O estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado
na empresa Assessoria Agropecuária Marcon S/C Ltda. A empresa possui duas
unidades: uma localizada em Dom Pedrito – RS e outra localizada em Bagé – RS,
onde atuei no período de 10 de setembro a 10 de dezembro de 2004, totalizando
536 horas.
Teve como objetivo unir os conhecimentos teóricos, apresentados durante
o curso, à pratica solidificando e cumprindo requisito para formação profissional
em medicina veterinária.
A orientação das atividades do estágio ficou a cargo do Engenheiro
Agrônomo Gustavo Moglia Dutra, e a orientação acadêmica sob responsabilidade
do Médico Veterinário Márcio Nunes Correa, Professor da disciplina de Clínica de
Grandes animais I.
O estágio foi focado na área de Administração Rural – Gestão pela
Qualidade, compreendendo as principais atividades: assessoria pecuária,
assessoria ao frigorífico Mercosul e rastreabilidade.
A escolha da Assessoria Agropecuária Marcon S/C Ltda como local de
estágio, ocorreu em função de sua visão empresarial do sistema produtivo. Seus
investimentos são pesados em treinamento e focados principalmente em
11
ferramentas de gestão pela qualidade visando sempre o melhor resultado tanto da
empresa como de seus clientes internos e externos.
1.1. Descrição da Empresa
A Assessoria Agropecuária Marcon S/C Ltda. é uma sociedade de natureza
civil, por cotas de responsabilidade limitada, com fins lucrativos, de prestação de
serviços técnicos e econômicos nas áreas agronômica, veterinária e gerencial em
empreendimentos agropecuários.
a) Histórico - A Assessoria Agropecuária Marcon iniciou suas
atividades em 1990. Oferecia, inicialmente, serviços nas áreas de assistência
técnica, topografia e comercialização de fertilizantes.A partir de 1993, visando
melhor atender seus clientes, passou a oferecer serviços de Assessoria Rural.
Planejamento do Empreendimento, Gestão de Custos e Orçamentação compõem
a base desta nova fase da Empresa.
A Assessoria Agropecuária Marcon, em 1995, parte para o seu maior
desafio até então. Contratada pela COTRIJUÍ – Dom Pedrito para
assessoramento técnico e comercial, com responsabilidade técnica sobre os
defensivos, insumos, produção de sementes e das RAÇÕES VITA, a Empresa
busca um novo mercado pouco explorado. Nestes 9 anos muito contribuiu para o
sucesso da Unidade. Atualmente o seu sócio majoritário Felimar Marcon é o
gerente geral das unidades da Cotrijuí em Bagé e Dom Pedrito.
Sempre buscando QUALIDADE, participa desde 1996 do “Programa
Gaúcho de Qualidade e Produtividade”.
12
Em 2000, ano em que completou 10 anos de história, recebeu Diploma por
destaque do Sistema de Avaliação do PGQP, atingindo pontuação máxima,
firmando-se como uma das mais importantes empresas da área na região.
Nos anos seguintes continuou participando ativamente do PGQP,
qualificando sua equipe e disponibilizando avaliadores ao programa.
Em 2001 recebeu o Prêmio Talentos Empreendedores em nível estadual
no segmento Rural e em 2002 candidatou-se ao prêmio Qualidade RS sendo
condecorada com a Medalha de Bronze - Nível 2. No ano de 2004 conquistou o
Troféu Bronze do Prêmio Qualidade RS.
O sucesso de qualquer empreendimento está subordinado ao perfil do seu
líder e ao sistema de gestão. É justamente nesse aspecto que a empresa rural
brasileira apresenta uma de suas mais visíveis carências, prejudicando todo o
processo de modernização do setor agropecuário. Esta característica não é
atributo apenas de pequenas propriedades rurais, mas também prevalece entre
as médias e grandes propriedades rurais.
Na Assessoria Agropecuária Marcon, o sistema de gestão é levado a sério,
tanto que faz parte da missão e visão da empresa.
Visão
"Ser referência na região sul do Brasil e Uruguai, em sistema de gestão
pela qualidade no setor agropecuário até 2007".
Missão
“Prestação de serviços técnico-econômicos na agropecuária buscando
rentabilidade e satisfação de clientes externos e internos através de um sistema
13
de gestão pela qualidade, preservando o meio ambiente e contribuindo para o
desenvolvimento da comunidade ".
Valores
Eficiência
Praticar o que promovemos
Aperfeiçoamento contínuo
Comprometimento
Comportamento ético
Inovação
b) Tecnologias de Produção - Ferramentas gerenciais da Qualidade
Total; Sistemas de Diagnóstico, Planejamento e Controles desenvolvidos e/ou
adaptados exclusivos, compostos por planilhas de cálculo e banco de dados,
padronizados em sua essência e personalizados de acordo com a necessidade
do cliente; Topografia, Georreferenciamento e Gestão Ambiental; Técnicas de
preparo do solo, plantio, manejo de lavouras e pastagens, técnicas de manejo
pecuárias, buscadas em órgãos de pesquisa agropecuária, empresas fabricantes
de insumos, boletins técnicos, livros, entre outros; Software contábil e gerencial
de última geração; Controle de custos e Contabilidade Rural.
c) Produtos e Processos - Os principais produtos da empresa são
Informações de Mercado, Orientações Técnicas, Planejamento de Propriedades,
Contabilidade e Controle de Custos, Projetos Bancários, Licenciamento Ambiental
e Topografia, Rastreabilidade e Pós-rastreabilidade, Cursos e Treinamentos;
14
buscando sempre uma maior rentabilidade aos produtores rurais e empresas do
setor agropecuário.
d) Organograma da Organização - O Conselho de Cotistas são os
acionistas da empresa. É composto por seis sócios, com diferentes participações
no capital social. A Alta Direção é representada pelo Gerente Geral que é
responsável pelo sistema de gestão, o representante legal da empresa e o
responsável pelo acompanhamento e coordenação das atividades
administrativas. O Gerente do Administrativo é responsável pelas atividades da
equipe do administrativo. O gerente da Agrícola é responsável pelas atividades da
equipe da agrícola e o gerente da Pecuária é responsável pelas atividades da
equipe da pecuária (FIGURA 1). A empresa utiliza algumas empresas como
parceiras usando seus serviços através da contratação de profissionais liberais,
sem vínculo empregatício. A contabilidade é entregue a um contador, responsável
pela escrituração, declaração de imposto de renda e emissão de documentos
para pagamentos de impostos, taxas e folha de pagamento. Os serviços
topográficos são realizados com empresa especializada e com técnico agrícola
especializado na área. Os serviços de limpeza da empresa são realizados
também por fornecedores.
15
FIGURA 1 – Organograma Assessoria Marcon, ciclo 2004 – 2005 e) Força de Trabalho - Por ser uma empresa prestadora de serviços,
os principais requisitos da força de trabalho são conhecimentos atualizados,
informações confiáveis e colaboradores com perfil inovador e criativo. A empresa
conta com um total de 19 colaboradores distribuídos nos 3 setores da empresa:
Administrativo, Agrícola e pecuária (QUADRO 1).
A política da empresa na busca e seleção dos colaboradores está baseada
naqueles que melhor se adaptam ao perfil da empresa, para isso o trabalho tem
início na contratação para estágios, a partir daí o estudante começa a conhecer
as metodologias de trabalho. A empresa possui um perfil “jovem”, tendo a força
de trabalho uma média de 30,6 anos de idade.
Gerência
Organograma Assessoria Agropecuária MarconCiclo 2004-2005
Felimar
Dom Pedrito Bagé
Agrícola Pecuária Administrativo Pecuária
Administrativo Rafael Vaz
Agrícola
Rodrigo CristianoFontouraNilton Gustavo
Assistente Técnico Maros Obrakat
Assistente Técnico Dalla Rosa
Licenc. Ambiental Juliano - Gliciane
Cont. de Custos Rogério Margarete
Contabilidade Rogério Margarete
Topografia Juliano
Projetos Invest. Rogério
Projetos Pecuários Rogério
Novos Negócios Cristiano
Suporte Glauber - Thiago -
Rafael
16
Composição da Força de trabalho:
Setor Função Qtd Nível de Instrução Descrição Tempo de Atividade
Nome
Gerência Gerente 01 Superior Completo Eng. Agrônomo 19 Anos Felimar
Admin.
Encarregado
Controle de
Custos Contabilidade
Informática
Gestão Ambiental
Estagiário
Auxiliar
Jardinagem Limpeza
01
02
01
01
02
01
01
02
Superior Completo
Superior Completo 2º Grau Completo
Superior Completo Pós Grad.
3º Grau Incompleto
Superior Incompleto 2º Grau Completo
2º Grau Incompleto
2º Grau Completo
1º Grau Incompleto
Eng. Agrônomo
Economista
Análise de Sistemas Gestão
Empresarial
Adm. Rural
Programação
13 Anos
22 Anos 8 Anos
1 Ano
3 Anos
1 Ano 8 Meses
1,5 Anos
2 Anos
2 Anos
Nilton
Margarete
Rogério Xavier
Cristiano
Juliano
Gliciane Murilo
Tiago
Rafael
Nunalva Luiz
Agrícola Assessoria Assistência 03
2 Superior Completo
1 Estagiário
Eng. Agrônomo
Téc. Agr.
3 Anos 8 meses 6 meses
Rodrigo Bruno
Marcelo
Pecuária
Assessoria
Estagiário
04
1 Mestre
2 Superior Completo
3º Grau Incompleto
Veterinário
Msc.Eng. Agrônomo
Veterinário
Veterinário
9 Anos
4 Anos
1 ano
6 meses
Fontoura
Gustavo
Dalla Rosa
Guilherme
QUADRO 1. Composição da força de trabalho da Assessoria Marcon, ciclo 2004 f) Participação de Mercado - A participação regional na Assessoria
Agrícola e Pecuária nas unidades de Bagé e Dom Pedrito está em torno de
90.000 ha no mercado onde a concorrência é constituída basicamente por
17
técnicos autônomos que atendem um pequeno número de propriedades ou são
contratados exclusivamente por uma única propriedade/empresa. Neste cenário o
diferencial competitivo é a estrutura e a equipe que possibilita oferecer uma maior
gama de serviços abrangendo maior número de produtores e atendendo melhor
suas necessidades. Além disso, a empresa presta assessoria para as duas
principais agroindústrias da região, Frigorífico Mercosul e Cotrijuí – unidades Dom
Pedrito e Bagé.
Como forma de manter constantemente a atualização de conhecimento a
empresa busca a formação de parcerias a fim de trazer informações e novas
tecnologias para região. A empresa vem crescendo sua participação no mercado,
aumentando o número de clientes em 50% de 2001 para 2002, totalizando cerca
de 120 clientes em 2004, indicando que as diretrizes e estratégias estão bem
alinhadas com as necessidades dos clientes (FIGURA 2).
A empresa se destaca na área de Assessoria Agrícola que representa
50,36% da receita total da empresa. Outra importante participação está
relacionada com a elaboração de projetos bancários, onde a empresa possui uma
participação de 26% de área financiada e 90% de projetos de investimentos
agrícolas. A área de atuação focada em pecuária está relacionada com
assessoramento em implantação de pastagens e acompanhamento gerencial dos
sistemas de produção através do uso de ferramentas de qualidade.
Somente a filial de Bagé que iniciou suas atividades em setembro de 2004,
dispões de 9 clientes de assessoria pecuária distribuídos em 51.000 ha, uma
empresa multinacional de produtos veterinários (Novartis Saúde Animal) e um
frigorífico (Mercosul) onde atuam 1 técnicos (Eng. Agrônomo e 1 um estagiário de
Medicina Veterinária).
18
A empresa vem apostando há quatro anos na reestruturação do setor da
pecuária de corte. Detectando um cenário em 1999 em que um grande número de
propriedades rurais da região era carente de um modelo de gestão, partiu para
um projeto piloto pioneiro no Rio Grande do Sul de atuação nesta área. Este
programa destacou-se por atuar em pontos extremamente deficitários das
empresas (ou produtores rurais) que são principalmente: orçamentação,
gerenciamento e controle de custos de produção, utilizando-se métodos de
controle padronizados e ferramentas da qualidade total que foram implementadas
nas empresas rurais assistidas.
FIGURA 2 – Evolução do número de clientes Assessoria Marcon, dezembro/2004 g) Aspectos Relevantes - A empresa é administrada pelo Gerente
Geral e Chefias Setoriais que se reúnem semanalmente e tomam as principais
Evolução de clientes Assessoria Marcon
0
20
40
60
80
100
120
140
2001 2002 2003 2004
ano
clie
ntes
19
decisões de âmbito de gestão econômico-financeira e dos processos
organizacionais, tendo como sócio majoritário Felimar Marcon que ocupa o cargo
de gerência geral. As decisões diárias peculiares a cada setor são tomadas pelos
próprios gerentes, estas devem estar de acordo com as diretrizes básicas e
responsabilidades definidas no Planejamento Estratégico e Planos de Ação. A
seleção dos clientes é feita de acordo com a capacidade de operação levando
sempre em consideração o foco de atuação da empresa que é a busca constante
de serviço diferenciado e sistema de gestão pela qualidade no meio rural.
20
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Nos dias de hoje, segundo ANTUNES & ENGEL (1999), os conceitos de
Qualidade Total estão plenamente arraigados nas principais empresas de todo o
mundo. Somente no RS são avaliadas pelo programa gaúcho de qualidade e
produtividade (PGQP) mais de 7000 empresas dos mais variados segmentos (que
precisam atingir vários mercados diferentes, com diversas características).
A grande mudança do final do século é que médias e pequenas empresas
passem também a utilizar esses conceitos como parte fundamental da
administração do dia-a-dia dos seus negócios. As próprias pessoas como
“entidades” independentes devem passar a utilizar esses princípios, pois
Qualidade é sempre sinônimo de melhores resultados e, principalmente,
possibilidade de crescimento.
2.1. Conceito de Qualidade
Qualidade total é atender expectativas e expectativas, é exatamente o que
se quer, ou melhor, o que o cliente quer. Deve-se, portanto, ficar atento à idéia de
que um determinado produto ou serviço poderá ser bom para um determinado
cliente e ruim para outros (partindo-se exatamente do mesmo produto). Sendo
assim, por ser muito subjetivo, o conceito de qualidade deve ser bem estudado e
trabalhado, buscando sempre conhecer a fundo o que a maioria dos clientes quer,
21
o que eles realmente esperam do produto pelo qual estão pagando. Sejam os
clientes uma cooperativa, um frigorífico, uma grande indústria beneficiadora, o
produtor rural ou mesmo o consumidor final.
De acordo com o SEBRAE (1996), o mais importante quando se fala em
satisfazer necessidades dos clientes, é identificar o que é mais importante para
ele. De nada adianta fazer aquilo que se acha importante, tem-se a obrigação de
realizar aquilo que o cliente considera importante, do contrário, se estará
perdendo tempo e dinheiro.
A total satisfação dos clientes é a mola mestra da gestão pela qualidade,
meta na qual a empresa deve estar focada. Sendo assim os principais pontos a
destacar são: atendimento ao cliente; conhecimento de suas necessidades;
avaliação sistemática do seu sistema produtivo; parceria com o cliente; superação
de expectativas e comparação de desempenho (ANTUNES & ENGEL, 1999).
Assim como o atendimento das expectativas dos clientes resume o que
seja a qualidade total “da empresa para fora”, “da empresa para dentro” tem-se
que buscar, acima de tudo, posicionamento gerencial e doutrina de condução
do negócio.
Geralmente, as pessoas que desconhecem o que seja qualidade total
associam o conceito somente ao produto final. Essa idéia é válida para o
consumidor do produto, e irá valer para qualquer um enquanto consumidor de
produtos de terceiros. Mas na visão do produtor rural, a qualidade total deve ser
então associada diretamente a todo o processo de produção, ou seja, a forma
como o produto de qualidade será produzido. Se houver qualidade no processo
haverá como conseqüência natural resultados que nos permitem garantir à
qualidade no produto.
22
De acordo com SUFFER (2004) é fundamental entendermos não somente
o voz do cliente, mas igualmente a voz do processo.
CAMPOS (1994) menciona que para que o processo de produção possa
imprimir qualidade nos produtos, através da supressão dos erros, são
necessários que quatro pontos principais sejam respeitados:
• os seres humanos: são, com certeza, os pontos mais importantes na
implantação de sistemas de qualidade em uma empresa de qualquer tipo.
Devem conhecer e participar dos processos de produção e, principalmente,
estarem satisfeitos com a sua situação na empresa;
• as coisas: são as ferramentas, os meios para realizar-se os processos de
produção (tratores, implementos, ferramentas, insumos agrícolas,
medicamentos veterinários, etc.). Em um regime de qualidade total “as
coisas” não podem atrapalhar os seres humanos nas suas tarefas de
execução dos processos;
• as informações: é a cultura que deve ser passada aos seres humanos
para que possam executar os processos de produção da maneira correta.
Não podem e não devem ser grandes e mirabolantes idéias, geradas
através de milhares de encontros, reuniões, cartazes e avisos espalhados
por toda a empresa. As informações devem ser apenas corretas e sempre
disponíveis. A principal preocupação será os seres humanos, fazer com
que eles se sintam como partes importantes dos processos, logo se deve
ter em mente que informar apenas como fazer as coisas não basta. A
informação-chave, motivadora para todos, é sempre informar o porquê;
23
• as metas: são os objetivos que se quer alcançar, em cada parte dos
processos de produção e no negócio como um todo. As metas devem
sempre existir, para tudo o que se faz e para todos os que participam. São
as metas que fazem crescer, que pressionam para cima. Assim, no exato
momento em que uma determinada meta é atingida, uma nova meta, mais
elevada do que a anterior, deve ser imediatamente estabelecida. Logo, na
qualidade total, nunca vai se “chegar lá”, pois no exato momento em que
se chega, o “lá” deverá ser empurrado um pouco mais adiante.
Assim um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende
perfeitamente, de forma confiável, acessível, segura e no tempo certo às
necessidades reais do cliente (SUFFER, 2001). Na base de tudo está o conceito
de que é preciso realizá-las cada vez melhor e com a participação de todos: este
é o tripé conceitual do TQC (Total Quality Control), ou seja, qualidade total nada
mais é que focar as necessidades do cliente, fazer cada vez mais por ele e toda a
equipe estar comprometida com ele (CAMPOS, 1994).
2.1.1. Processo
É um conjunto de tarefas que geram um produto e um resultado, pelo qual
se pode caracterizar um responsável. Para se definir um processo é necessário,
em primeiro lugar, definir claramente o resultado que se quer atingir e em seguida
identificar as tarefas (inicial e final) que envolvem o processo e que afetam o
resultado.
É a forma como se deve trabalhar e agir, em cada uma das fases de
produção. Os processos devem ser claros, objetivos e documentados. Os
24
processos já existentes devem ser primeiro corrigidos para somente depois serem
aperfeiçoados (ANTUNES & ENGEL, 1999)
2.1.2. Problema
Segundo ANTUNES & ENGEL, (1999) problema é o resultado indesejável
de um processo. O único critério para a existência de um problema é o
responsável pelo processo estar ou não satisfeito com os resultados mostrados
pelos seus itens de controle. É o resultado indesejado do trabalho do ponto de
vista do cliente (QDD, 2004)
Para se garantir a qualidade é necessário dividir o negócio em pequenos
processos, designar um responsável para cada um deles, e deixar claro, para
este, o que precisa ser feito para atender os clientes. (QDD, 2004)
A resolução de problemas depende não somente de tomar a melhor
decisão, mas também da eficiência com que se coloca essa decisão em prática,
do monitoramento e do controle do sistema para se atingir as metas propostas no
planejamento. A administração faz uso de planejamento, implementação,
monitoramento e controle como ações básicas (BARIONI et al., 2002).
2.1.3. Ponto Crítico
Segundo (SUFFER, 2004) ponto crítico é tudo aquilo que é essencial para
se atingir algum resultado. Ex: No processo de entoure de novilhas o ponto crítico
é o peso e estado corporal destas para se atingir o resultado que é novilhas
prenhes.
25
Em Qualidade total, só se gerencia o que se pode medir e só medimos o
que consideramos crítico e ao mesmo tempo problema para se atingir as
metas. Esse procedimento de medir, comparar e tomar decisões chama-se: Item
de Controle.
2.1.4. Item de Controle
Itens de Controle (ICs) são números ligados ao resultado, eficaz para
medir a qualidade do processo. Esse número deve ser ligado a uma causa crítica
do processo (por exemplo, problemas importantes surgidos no dia a dia:
reclamação de cliente, acidentes). As ações corretivas decorrem do não
atingimento do valor proposto. (QDD, 2004).
Na maioria dos casos se tem verificado que o estabelecimento dos ICs
para os gerentes confere uma consistência na administração que facilita a
implantação das demais atividades. Isto se faz dividindo o negócio em pequenos
processos, designando um responsável para cada um e deixando bem claro o
que precisa ser feito para atender os clientes. (QDD, 2004)
O item de controle além de medir o desempenho de cada um, é uma
ferramenta de extrema importância para a motivação da equipe, uma vez que o
maior fator de motivação das pessoas é a obtenção de resultados, e mais do que
isto, cada um tem que levantar os seus próprios dados com freqüência.
O plano de ação é também utilizado como uma ferramenta de
acompanhamento ou item de controle. Primeiramente deve-se definir a primeira e
a última tarefa e a seguir descrever as demais atividades afins.
26
Para gerenciar é necessário método. Método significa o caminho para se
atingir um resultado. Este caminho compreende ações, cronograma e
responsáveis. Verifica-se se as ações estão sendo cumpridas conforme o
planejamento e se os resultados estão sendo atingidos. Em caso de desvios em
relação o plano, toma-se ações corretivas que podem ser treinamento de
pessoas, a modificação do plano ou colocação de mais recursos. Essas
verificações devem ser conduzidas através de reuniões formais, padronizadas e
com objetivos definidos (QDD, 2004)
Um aspecto importante de uma administração efetiva envolve a análise
cuidadosa de linhas alternativas de ação e, finalmente, uma escolha baseada em
uma análise adequada dos efeitos, diretos e indiretos, de cada uma das
alternativas. Essencialmente, o planejamento administrativo consiste em decisões
básicas, visando a seguir linhas especificas de ação selecionadas dentre diversas
possibilidades (GLENN, 1972).
A crescente informatização da sociedade moderna, inclusive no meio rural,
tem criado grandes oportunidades para armazenar e veicular dados, informações
e conhecimento que podem ser utilizados para auxiliar a tomada de decisões.
Sistemas de apoio a tomada de decisões devem, entretanto, fazer inteligente uso
de tais dados e informações nos seus diversos contextos de uso (BARIONI et al.,
2002).
A tomada de decisões é importante na administração de qualquer
atividade, conforme KAY (1996), pois a administração é o processo de decisão no
qual os recursos são alocados a um número de alternativas de produção de modo
a atingir as metas e objetivos em mente. A ação em uma variável pode
27
desencadear mudanças em diversos processos, o que requer análises complexas
e abrangentes para previsão acurada de seus resultados.
O problema da decisão surge, em primeiro plano, devido à inexistência de
certeza sobre os resultados das alternativas existentes. A certeza sobre o futuro é
impossível de ser obtida no contexto administrativo e, portanto, qualquer decisão
envolve risco. O acesso à informação pode, entretanto, evidenciar cursos de ação
promissores e, portanto, aumentar a eficiência na tomada de decisões. A análise
de decisão envolve, portanto, o processamento de dados de forma a destacar
cursos de ação que apresentem maior probabilidade de sucesso (BARIONI et al.,
2002).
Um dos fatores que contribuem para o bom andamento do trabalho no
processo de qualidade total é a gerência participativa onde há incentivo à
manifestação de idéias e opiniões, compartilhamento de informações e
participação de todos nas decisões.
Segundo (ANTUNES & ENGEL, 1999) gerenciar é liderar as pessoas para
atingir metas e liderar é mobilizar esforços, atribuir responsabilidades, delegar
competências, motivar, debater, ouvir sugestões, compartilhar os objetivos,
informar, transformar grupos em equipes.
A delegação bem conduzida motiva o subordinado, pois ele passa a
gerenciar uma parte da empresa. Quando a pessoa tem autoridade sobre o
processo que está sob sua responsabilidade, ela usa seu conhecimento com sua
própria iniciativa, produzindo resultados excepcionais (QDD, 2004).
Para SUFFER (2001) gerenciar é atingir metas, e quem estabelece as
metas é o mercado. Para atingir metas todos devem estar organizados em
processos atuando sobre causas, ou seja, todos buscam melhorar os resultados
28
em todas dimensões da qualidade (qualidade, custo e entrega) para todos os
públicos.
ANTUNES & ENGEL (1999), sustentam que a definição de propósitos
através de processos de planejamento participativo, integrado e baseado em
dados corretos e abrangentes determina comprometimento, confiança,
alinhamento e convergência de ações como persistência, continuidade, coerência
nas atitudes e práticas; planejamento estratégico; alinhamento; convergência de
ações. O mesmo autor menciona que o tempo de mudanças em que se vive exige
um aperfeiçoamento contínuo, devido o avanço tecnológico, a renovação dos
costumes e do comportamento. Novas oportunidades de negócios são disputadas
por acirrada concorrência, com isto temos que estar sempre atentos para
melhorias, inovações, fixação de novas metas, uso de novas tecnologias e
utilizando indicadores de desempenho. Pois a empresa deve ser vista como um
grande processo que tem como finalidade (missão) atender as necessidades dos
seus clientes, através da produção de serviços, gerados a partir de insumos
recebidos de seus fornecedores e beneficiado, através de seus recursos humanos
e tecnológicos.
Defeitos podem e devem ser medidos para localizar a principal causa do
problema e planejar ações corretivas. Pois o custo de prevenir erros é sempre
menor que o de corrigi-los, com isto não devemos se conformar com o erro; ter a
definição do certo e atitudes preventivas.
Para FERRAZ (2002), a intensificação do processo produtivo não significa
necessariamente altos investimentos ou mudanças drásticas no sistema
produtivo, mas sim, maior organização e controle dos componentes da produção,
visando principalmente, o retorno do capital investido e maximização econômica.
29
ANTUNES & ENGEL (1999), explicam os motivos que levam as empresas
e entidades a tomarem decisões e realizarem investimentos que, na maioria das
vezes, oferecem retorno em longo prazo são:
• Demanda por qualidade de vida: esta é demanda básica e fundamental
de sociedades mais desenvolvidas e de funcionários mais qualificados.
Funcionários mais qualificados, mais bem formados são premissas básicas
para programas de qualidade total, ou seja, qualidade exige funcionários
treinados, que por sua vez exigem qualidade de vida, que para ocorrer
depende de programas de qualidade e assim por diante.
• Mudanças do cliente: os clientes e o mercado como um todo, tornam-se
cada vez mais exigentes, mais conscientes de sua força junto aos
produtores e fornecedores. Sentindo essa pressão, as empresas buscam
atender e reagir. No caso do Agronegócio onde, na maioria das vezes, os
produtores não enfrentam o contato direto com os clientes, essa pressão
vem dos intermediários, tais como: as agroindústrias, as cooperativas e os
distribuidores. Mas mesmo no Agronegócio onde se diz que a distância dos
produtores e aos consumidores é maior do que em outros setores da
economia, a força do cliente não deve ser menosprezada.
• Aumento na competição: a competição e a luta por mercados cada vez
mais disputados atingiram também o setor primário, com isto não basta
apenas produzir, mas sim, é necessário produzir melhor e mais
eficientemente do que aqueles com os quais se compete.
• Novas dimensões competitivas: a globalização dos mercados trouxe
novos paradigmas para as empresas, sendo que a oferta de produtos a
preços competitivos não mais garante a sobrevivência da empresa. Sendo
30
assim a qualidade e diferenciação dos produtos passaram a ter um papel
fundamental neste novo conceito de mercado.
• Inversão da relação oferta x demanda: não existem mais consumidores
para tudo o que produzimos e para qualquer tipo de produto. O mercado
consome somente aquilo que realmente deseja, precisa ou lhe agrada. Ou
seja, em muitos casos, devido a capacidade de superprodução de muitos
setores a lei da oferta e da procura foi praticamente revogada. Existe um
excesso de oferta e, por isso, somente as empresas que cativarem seus
clientes com algo a mais conseguirão sobreviver.
2.2. Rastreabilidade
A carne bovina é tida pelo consumidor como o alimento mais passível de
contaminações, assim ele “procura” cada vez mais a certificação de sua qualidade
(CHAMMA, 2002)
Numa análise feita por FAVERET FILHO & DE PAULA (1997), ainda traduz
o que observamos hoje no setor de carne bovina no país. A nossa pecuária de
corte pode ser analisada a partir de duas características básicas: diversidade e
descoordenação. A diversidade se traduz em sistemas de criação, raças,
condições sanitárias e formas de comercialização, enquanto há descoordenação
e instabilidade nos relacionamentos entre criadores, frigoríficos, atacadistas e
varejistas.
É possível, ainda, classificar o “nível de qualidade” dos sistemas baseados
no relacionamento entre os agentes da cadeia. Sendo assim, os sistemas de
“melhor qualidade” apresentam contratos e planos de longo prazo, e
caracterizam-se pela troca de informações e planejamento coordenado dos
31
agentes, enquanto os de “menor qualidade” caracterizam-se pelas relações
oportunistas entre os agentes (RIES & AMBROSINI, 2003).
O processo de rastreabilidade e certificação buscam integrar cada vez
mais toda a cadeia de suprimentos e produção visando aumentar e garantir a
qualidade dos produtos gerados. A troca de informações de forma eficiente do
produtor rural até o consumidor final é o principal fator de integração da cadeia
produtiva (RIES & AMBROSINI, 2003).
Para ser competitivo é necessário que sua oferta seja distinta de seus
concorrentes (NEVES, 2001).
O consumidor está disposto a pagar pelo produto que julga mais seguro,
pelo que tenha as qualidades que busca, que atenda às necessidades mais
específicas do seu cotidiano, ou que vá de encontro aos seus valores e crenças
(RIES & AMBROSINI, 2003).
GOLDBERG (apud, Neves, 2000), já afirmava que “as commodities
estavam acabando”. Segundo NEVES (2000), isso decorre da mudança de
comportamento dos consumidores, “que estão fazendo com que, cada vez mais,
empresas comecem a praticar estratégias de marketing denominadas de
segmentação de mercados, seleção de mercados-alvo e diferenciação da oferta”.
A diferenciação do produto pode ser obtida através de atributos físicos
percebíveis ou de processos certificados.
Segundo PIGATTO et al. (1999), vivenciamos um cenário de relações
“oportunistas”, ou seja, de descoordenação. Em geral os produtores não são
remunerados por matérias-primas distintas. A produção de carne de qualidade
passa por uma maior integração entre produtores, frigoríficos e varejo.
32
Entretanto para o sucesso de iniciativas coletivas é preciso planejamento prévio e
comprometimento dos agentes, assumindo uma postura de “coordenação” em
torno da idéia, em busca de competitividade para a cadeia à longo prazo. Assim
as ações devem ser coordenadas, indo de encontro aos anseios do mercado, o
que indica que o fluxo de informações deve ser idêntico ao fluxo econômico da
cadeia (BOWERSOX & CLOSS, 2001).
Disponibilizar e gerar informações sobre o produto, todo o caminho
percorrido desde a produção até o ponto de venda, os cuidados, os
procedimentos, o diferencial, deve ser tarefa de todos envolvidos na cadeia. A
rastreabilidade é o primeiro passo neste sentido, pois permite resgatar o histórico
do produto (RIES & AMBROSINI, 2003).
33
3. ATIVIDADES REALIZADAS
TABELA 1 - Principais Atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária realizado na Assessoria Agropecuária Marcon S/C LTDA.
TIPO DE ATIVIDADE Quantidade (%)
Diagnósticos Técnicos Gerências e Plano de Ação 5
Extensão Rural do Frigorífico Mercosul 5
Assessoria Pecuária 30
Rastreabilidade 5
Pós-rastreabilidade 35
Outras atividades 20
Total 100
Durante o período de estágio tive a oportunidade de acompanhar 7
propriedades rurais totalizando cerca de 28.000 ha, onde se realizaram atividades
de diagnóstico e assessoria pecuária. Cada propriedade com sua identidade
caracterizada pelo perfil de seu proprietário e com objetivos distintos. Umas com
alta rentabilidade gerenciadas por proprietários agressivos preconizando
investimentos elevados. Outras com rentabilidade nem tão altas, mas justificadas
34
por outros motivos como satisfação pessoal ou falta de capital para investimento
(mas com gradativa capitalização ano após ano).
Para relatar de forma mais didática escolhi a propriedade que tive maior
atuação e principalmente que pude acompanhar o trabalho desde o acerto do
contrato com o produtor, para detalhar as atividades também realizadas nas
demais. Vale ressaltar que a metodologia da Marcon é padronizada.
Fazenda Santa Maria
A Marcon iniciou suas atividades junto a esta propriedade em dezembro de
2003. Localizada no município de Aceguá - RS em uma região caracterizada por
campos de alta fertilidade, possui uma área total de 782 ha sendo 400 ha próprios
e 382 ha arredados, divididos em 70 ha de lavoura de arroz e 610 ha de
superfície pastoril aproveitável e 60 ha de pastagem cultivada (TABELA 2). Nesta
foi realizado o diagnóstico técnico gerencial, montagem do orçamento com itens
de controle, formação e manejo de pastagens cultivadas.
TABELA 2 – Inventário de áreas utilizadas pela Fazenda Santa Maria dezembro/2003
Descrição Área (ha) Área (%)
Lavoura Arroz 70 9
Pastagens de inverno 60 7.7
Campo Nativo 610 78
Superfície inaproveitável 42 5.3
Total 782 100
35
3.1. Diagnóstico Técnico Gerencial.
O diagnóstico técnico gerencial tem como principal objetivo identificar
oportunidades de melhorias que impactem no desempenho da organização,
através do cruzamento e alinhamento dos principais processos críticos e
resultados esperados pelo produtor.
Antes de iniciar um Diagnóstico é necessário planejar suas etapas para
que no transcorrer do trabalho não ocorram falhas, seguindo as etapas
representadas no macrofluxograma padrão da Marcon (FIGURA 3).
FIGURA 3 - Modelo do Macrofluxograma da Assessoria Agropecuária Marcon utilizado para realização de diagnósticos de propriedade pecuária.
FLUXO MACROFLUXO DIAGNÓSTICO LEMBRETESmarcar com antecedênciaregionalizar os diagnósticos
Pontos fortes itens marcados na coluna 1 da planilha de campoPontos fortes itens marcados na coluna 3 da planilha de campo
MARCAR VISITA
preencher planilha de processos críticos
matriz de correlação
DIAGNÓSTICO
ENTREGA DO DIAGNÓSTICO AO PRODUTOR
PLANO DE AÇÃO
LEVANTAMENTO DE PROCESSOS CRÍTICOS
DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES
DEFINIÇÃO DE PONTOS FORTES E FRACOS
VISITA DE CAMPO eliminar dúvidas e observar principais manejos
planilha de coleta de dados e de campo( não esquecer de levar as planilhas de levantamento de dados e planilha de campo) COLETA DE INFORMAÇÕES
36
Primeiramente é feito junto ao produtor e ou técnico responsável pela
propriedade a coleta dos dados técnicos e financeiros assim como o
levantamento dos principais resultados que o produtor busca em seu
empreendimento para que o técnico possa conhecer as atividades praticadas na
propriedade, visualizando a propriedade em números e também auxiliar na
vistoria de campo. Na seqüência é feita a vistoria de campo seguindo o modelo
padronizado de vistoria da Marcon (FIGURA 4). A planilha de vistoria é
preenchida durante a visita a campo, levando-se em conta os dados fornecido
pelo produtor ou responsável na ficha de levantamento de dados, assim como as
conclusões a campo. É nesta hora que o técnico deve sanar as duvidas que
surgiram durante o levantamento de dados.
A forma de preenchimento desta planilha facilitará a visualização dos
pontos fortes e pontos de melhoria da propriedade. Está planilha deverá ser
preenchida da seguinte forma:
1- Pontos fortes da Propriedade (BOM)
2- Pontos de melhoria (MÉDIO)
3- Pontos fracos, grande potencial de melhorias (INSATISFATÓRIO)
37
FIGURA 4 - Planilha de Vistoria utilizada na visita de campo a Fazenda Santa Maria em dezembro de 2003
1 2 3critério 1critério 2critério 3critério 1critério 2
(número de vacas prenhes) critério 3critério 1critério 2
(terneiros sadios) critério 3critério 1critério 2
(GMD do terneiro) critério 3critério 1critério 2
(Condição corporal ) critério 3DESMAME critério 1
critério 2critério 3
RECRIA DE MACHOS critério 1critério 2critério 3
RECRIA DE FÊMEAS critério 1critério 2critério 3critério 1critério 2
( % animais conformes) critério 3VENDA DE TOUROS critério 1
critério 2critério 3
TERMINAÇÃO/VENDA critério 1critério 2
(escala de abate) critério 3critério 1critério 2critério 3critério 1critério 2critério 3critério 1critério 2critério 3critério 1critério 2critério 3critério 1
GERENCIAMENTO
DISPONIBILIDADE FORRAG.
PASTAGENS / SUPLEMENTAÇÃO
RECURSOS HUMANOS
INSTALAÇÕES/MÁQUINAS
(agrega valor)
COMPRA DE P/ INVERNAR
(% animais com GMD compatível ao sist. Prod.)
(% animais com GMD compatível ao sist. Prod.)
(% terneiros mortos pós desmame)
ACASALAMENTO
LACTAÇÃO
PARIÇÃO
GESTAÇÃO
MANEJO SANITÁRIO
PROCESSOS CRÍTICOSAVALIAÇÃO
38
Com o resultado da visita de campo é formatada a planilha de processos
críticos. É neste momento que o técnico começa visualizar os principais pontos de
atuação alinhados sempre com o resultado que a propriedade exige e deve definir
os principais. Após a visita de campo da propriedade é necessário definir os
resultados desejáveis.
Exemplo: Propriedade de ciclo completo com venda de novilhos, vacas de
invernar e reprodutores, que visa melhorar a taxa de natalidade, ganho de peso,
condição corporal e desfrute (FIGURA 5).
1) Estabelecer o grau de importância para cada um dos resultados
como no exemplo condição corporal 40%, Ganho de peso 30%, taxa de
natalidade 20% e desfrute 10%, totalizando 100 pontos.
2) Marcar com um X todo o processo Crítico que interfere no resultado.
3) Circular todos os processos que além de críticos são problemas
4) Na ultima coluna fazer o somatório dos processos que ao mesmo
tempo são críticos e problema.
39
FIGURA 5 - Análise dos Processo Críticos (modelo utilizado na Fazenda Santa Maria em dezembro de 2003)
RESULTADOS
Taxa
de
Nat
alid
ade
Gan
ho d
e P
eso
Con
diçã
o C
orpo
ral
Des
frute
L ISTA DE PROCESSOS 20 30 40 10 SOMAMANEJO SANITÁRIO
GESTAÇÃO
PARIÇÃO
LACTAÇÃO
ACASALAMENTO
DESMAME
RECRIA DE FÊMEAS
RECRIA DE MACHOS
TERMINAÇÃO / VENDA
VENDA DE TOUROS
COMERCIALIZAÇÃO
INSTALAÇÕES E MÁQUINAS
RECURSOS HUMANOS
PASTAGENS E SUPLEMENTOS
DISPONIBILIDADE FORRAGEIRA
GERENCIAMENTO
x x xx
x xx x
x
xx x x xx x
x x x
x x
x
40x
x x
x x x
x xx x x
x x x xx
60
40
30
100
x
x
x x x
x x
x x x x
X
I P
X
X
X X XX
XX
X
40
A coleta, organização e avaliação de dados referentes aos custos e
entradas de valores monetários de um determinado setor e/ou da empresa rural é
fundamental, pois permite diagnosticar a situação financeira da estrutura ou,
ainda, serem analisados determinados setores, podendo avaliar se os resultados
são favoráveis ou não para o processo produtivo da empresa (FIGURA 6).
Foi realizada, dentro do processo de diagnóstico, a análise financeira da
propriedade Santa Maria do ciclo 2003.
41
Despesas:
�������� ����� �������� ����� ����
�������
� �������� ���� ����� ���� ��� ���
����� ���� ����� ���� ��� ��
� ������ �� ������� �� ��� �
� ������ � ������� �� ��� �
� ������� ��� ������� �� ��� �
� ��� ��� ��� ��� ��� ��
������� ��� � ���� ��� ��� ��
������ �� ������ ��� ��� ��
� ���� ���� ����� ��� ��� ��
�� ������ ��� ���� � ��� �
�� ������ �� ���� �� ��� ��
� ��� ��� �� ��� ��� ��
�� ��� ��� ���� ��� ��� ��
�� ������ �� ���� �� ��� ��
�� �������� ���� ������� ��� ��� ��
�� ���� �� ���� �� ��� ��
� ������� ��� ������� ��� ��� ��
� ������ ���� ������� ���� ��� ���
�� ��� ��� ��� ��� ��� ��
� ��� ��� ��� ��� ��� ��
��������� ����� �������� �� �� �� ���
� ��� ��� ��� ������ ��� ��� ��
���� �� ����� �� ��� ��
� ��� ��� ��� ��� ��� ��
� ����� ��� ����� �� ��� ��
� ��� ��� ��� ��� ��� ��
� ������ ��� ����� ��� ��� ��
�������� ���� �� ���� ��� ��� ��
��� ��� ��� ��� ��� ��
��� ��� ��� ��� ��� ��
� ��� ��� ��� ��� ��� ��
�� ��� ��� ��� ��� ��� ��
�� ���� ��� ���� ��� ��� ��
����� ��� ����� ��� ��� ��
��������� �� �� ��� ���� ����� ���
Cus
tos
Var
iáve
is
������������������������
��� ������!"��� #�����#��#�
���#��$��
�������!���%����&�#���
���'���#(� �%����&�#���
���'���#(� �%��(�#)� ��
*#���)#�������
+����%�������� �
,����-���
�����%������
,��%�����.����#�/�#��
*������0����)��#1�2���
3�1�0�4���0�5� �
6&�#���������(#!��
��-�����0����#��������0�����)
� #�����!/�����)#����#��
�"�0%�07'���6(�����
��(#����8������� 9
�&�#�#!"��%����#��#�
:������'# #%�%�
�"�0%�07'���*#;��8%����)������9
Inve
stim
ento
s
�����%��
���������#�� �������
+�(���#�������������#�
��)<��
7������+�(���#������
7������*#;��
TOTAL DE DESPESAS:
Total Custos Variáveis
Total Custos Fixos
Total Investimentos
Cus
tos
Fixo
s +����������5�;��
,�� �'���
6�)��-��
��������#����)�-����)#�
=�����*#���)#�������
42
FIGURA 6 - Análise do Realizado Fazenda Santa Maria dezembro/2003
Com essa análise financeira podemos nos orientar de que forma vem
sendo conduzida a propriedade. Podemos identificar o quanto cada rubrica
impacta no resultado final e podemos compará-lo com outros clientes, ou melhor,
somente comparamos internamente com clientes que se adota a mesma
metodologia. Estes números são fundamentais para a construção do orçamento
uma vez que é muito importante termos uma baliza da estacionalidade dos
processos que geram principalmente despesas. Em relação a receitas é
fundamental identificarmos componentes como o peso médio de animais abatidos
assim como a projeção de mercado.
�! !"�#$%
�������� ����� �������� ����� ����
�������
5����#��� R$ ��� ��� ��� ��� ��� ��
>�(# <�� R$ ������� �� ���� ��� ��� ��
>�(# <���4��%�� R$ �������� ���� ������� ���� ��� � �
.�)���4��%�� R$ ����� ��� ���� ��� ��� ��
5����� R$ ��� ��� ��� ��� ��� ��
�(#��� R$ ����� ��� ������ ��� ��� ��
�-�?)� �� R$ � ������� ��� �������� ��� ��� ���
���������*����-�#���R$ ��� ��� ��� ��� ��� ��
*���#)� ���� ��� ��� ��� ��� ��� ��*#���)#�������
)����#�R$ �������� ��� ������� ���� ��� ��
��������� � �� �� ������ ����� ���
Var. em R$ Estoque Inicial (UA) Estoque Final (UA)
2.927
57.861 74,0 16.140,2 20,6 -0,8
19,2%
666,6 668,7
TOTAL DE RECEITAS:
��&��'(�(����)��*
��+,�����
+����%�������� �
-��(�./�����!+��0,�
43
Depois de cumpridas as etapas de coleta de dados, parte-se para a
elaboração do laudo de diagnóstico (FIGURA 7) que será entregue ao produtor.
Os pontos a manter são os pontos fortes da propriedade (itens da coluna 1 na
planilha de vistoria de campo), os pontos fracos são os pontos de melhorias (itens
da coluna 3 na planilha de vistoria de campo).
A prioridade é definida pela analise dos processos críticos e os 2 principais
(sugestão) são os processos que serão trabalhados primeiramente na
propriedade. E nunca esquecendo que o diagnóstico de uma empresa deve ser
iniciado pela análise da estratégia do negócio.
O empreendedor deve ter claro:
• Em que nicho de mercado quer buscar o seu resultado;
• Que pacote de valor oferecerá a seus clientes, superior à sua concorrência;
• Em que processos, em conseqüência, ele precisa ser muito bom;
44
FIGURA 7 - Laudo de diagnóstico técnico gerencial, realizado na propriedade Santa Maria em dezembro de 2003 pela Assessoria Agropecuária Marcon.
3.2. Assessoria Pecuária
Com o laudo de diagnóstico pronto, partimos para a elaboração do plano
de ação para o próximo ciclo (2004). Baseado na metodologia foram focados dois
pontos críticos para se trabalhar: Orçamentação (previsão de receitas e despesas
EMPRESA
DATA DA VISITA
10/12/03
TIPO DE EXPLORAÇÃO ÁREA TOTAL (ha)
782
IDADE DE ABATE OU VENDA LOTAÇÃO MÉDIA (UA/ha) SUPERFÍCIE PASTORIL
24 - 36 meses 0,97 610IDADE DO 1 ENTORE TAXA DE NATALIDADE (%)
Prioridade
PRODUTOR
Faz. Santa MariaMUNICÍPIO
Aceguá RS
Recria/Terminação
Pontos a Manter Pontos a ManterGenética Subdivisão das áreas (cerca elétrica)Mineralização OrganizaçãoControle sanitário Dimencionmento de cada sistema de produçãoRoçadas MaquiárioIdade de AbateQualidade Mão de Obra
Pontos a Melhorar Através de
+++ Gestão a vista Montagem de fluxo de caixa e orçamentação anual do empreendimento com acompanhamento MENSAL
++ Método de implantação das pastagens Contratação de Assessoria Técnico-econômica
++ Manejo das pastagens e campo nativo Planejamento forrageiro (estratégia de fornecimento (cat e períodos))
LAUDO DE DIAGNÓSTICO TÉCNICO-GERENCIAL
45
alinhadas com a velocidade dos processos antigos e dos pontos de melhorias
identificados no diagnóstico) e gestão à vista (criar sistema de visualização
principalmente das tarefas relacionadas à formação e manejo de pastagens para
todos os colaboradores); Implementação e manejo de pastagens.
Foi verificado nesta propriedade valor bem elevado de amortização de
dívidas, ocasionadas por aquisição de campo e renovação do maquinário
(moderfrota) em anos anteriores, mas estas estão controladas e são classificadas
como investimento.
3.2.1. Orçamentação.
O fluxo de caixa de uma empresa deve conter detalhamentos que
permitam a adequada análise das informações contidas. Um fluxo de caixa não
adequadamente estruturado leva a empresa a não entender, não analisar e não
decidir adequadamente sobre sua liquidez, sendo assim, todo o processo de
tomada de decisões fica prejudicado e o sucesso financeiro da empresa fica
seriamente comprometido (LEITE et al., 1995).
O sistema de gestão a vista começou a ser implementado com a
conscientização do proprietário e com o auxílio na organização dos gastos em
rubricas. Esse sistema permite o acompanhamento mês a mês das despesas e
receitas, visualizando, através do previsto, o resultado do final do ciclo.
Para tal é importante que se faça um bom planejamento e uma previsão de
todos os gastos que a propriedade vai ter ao longo do ano. É realizada também
uma previsão de todas as receitas. Uma vez concluída esta etapa, é analisado e
“concensado” o resultado previsto, junto ao proprietário (FIGURA 8).
46
A análise mensal propicia ao produtor a visualização dos resultados antes
mesmo que eles ocorram, aumentando, assim, a previsibilidade do negócio. Isto
propicia que se tenha 12 atuações corretivas ao longo do ano, focadas no
resultado previsto no plano de metas.
.
:
FIGURA 8 - Planilha de Orçamento Fazenda Santa Maria 2004
Este é um modelo de planilha de orçamento com sinaleira, onde existe uma
faixa de normalidade mensal (à esquerda) e outra anual (à direita) que
dependendo do nível de acerto que se está obtendo com o cliente esta pode ser
maior ou menor. As cores significam:
• Verde: Bom, o número está dentro da faixa estipulada;
• Amarelo: Alerta, o número ainda não está fora da faixa, mas está quase
extrapolando esta;
38.284 13.867 42.182 127.073 64.240 -14.028 5.937 -14.778 -528 -7.678 -2.118 -3.992 174.205
33.477 13.956 20.071 74.175 0 0 0 0 0 0 0 0 168.734orçado orçado orçado orçado orçado orçado orçado orçado orçado orçado orçado orçado orçado
real real real real real real real real real real real real real
Sinal 3+ 3� jan/03 fev/03 mar/03 abr/03 mai/03 jun/03 jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03 Total LI LS
����� ������ ����� ������ �� � ���� � ����� ����� ����� ����� ������
17.485 44.226 37.861 89.780 ����� �
��� � � � � � � � � � � � � ��� �
51.800 0 0 0 ������
17.200 12.000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 29.200
19.100 14.230 0 0 ������
2.100 2.100 2.100 2.100 2.100 2.100 2.100 2.100 2.100 2.100 2.100 2.100 25.200
3.350 880 2.450 2.175 ������
336 336 336 336 336 336 336 336 336 336 336 480 4.176
345 345 365 358 �� �
300 300 300 300 300 360 360 360 300 300 240 240 3.660
0 330 330 370 �� ��
300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 300 3.600
0 0 430 0 �����
1.100 1.100 1.100 1.100 1.100 1.100 1.100 1.100 1.100 1.050 1.050 980 12.980
1.345 1.160 1.235 1.130 ��� ��
�� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� ��
870 0 130 635 �� ��
Cus
tos
Var
iáve
is
��+,����� �� � �� �
Controle orçamentário � %
Item de Controle
Rec
eita
s �Receitas da
Pecuária@
Receitas agrícolas
@
�� � � ��
�� � � ��
� Pastagens 0
�Produtos
veterinários0
� Alimentação 0
�� �� � ��
�� �� � ��
�� �� � ��
�Suplementação
animais 0 �� �� � ��
Manutenção
veículos0 �� �� � ��
Combustíveis
veículos0 �� �� � ��
�Manutenção
máquinas0 �� �� � ��
47
• Vermelho: Ruim, o número ultrapassou a faixa de normalidade, que pode
ser tanto o limite inferior como o limite superior.
3.2.2. Implantação de Pastagens
Conforme diagnosticado, havia a necessidade de aumentar as receitas da
propriedade. Para isso a melhor maneira seria aumentar o número de cabeças
abatidas/ano e para isso seria necessário estabelecer uma área maior de
pastagens. Aumentou-se a área de pastagem para 117 ha onde se renovou os
antigos 60 ha, e se implantou mais 57 ha (FIGURA 9). O manejo da pastagem
também foi revisto visando otimizar o uso desta.
No acompanhamento a esta propriedade pude verificar a importância da
análise de cenário antes de elaborar o plano estratégico anual. Através do
profundo conhecimento do mercado é que se delineará a melhor estratégia e se
garantirá o melhor resultado da atividade.
3.2.2.1. Fluxograma de Atividades
48
FIGURA 9 - Fluxograma de Atividades Fazenda Santa Maria 2004
O Fluxograma é elaborado junto ao planejamento anual e tem como
objetivo informar as operações que serão realizadas, em que local será realizado,
o período, o responsável e a recomendação.
Cada vez que se ultrapassa o período de realização de uma tarefa, é
avaliado se ela ocorreu ou não, o responsável pela tarefa pinta a cor verde para
positivo e vermelho para negativo. Tanto no orçamento como no fluxograma, toda
vez que ocorre a cor vermelha preenche-se um FCA (Fato, Causa, Ação). Este
tem por objetivo registrar as ocorrências que se realizaram de forma diferente do
planejado (FIGURA 10). Os registros do FCA são muito importantes para a
elaboração do próximo plano (próximo ano), pois permite visualizarmos onde
erramos e em que processos poderemos efetuar melhorias.
ÁREA RECOMENDAÇÃOJan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez HA (COMO)
Dessec. de past. inv. - 1 aplicação X past. fundo 20 1 kg/ha wg ou 2,5 litro glifosato
Dessec. de past. inv. - 1 aplicação X campo novo 36 2 kg/ha wg
parcagem X past. frente 34Lotação alta de animais, grade leve após saída de animais. Obs: deixar campo rapado
Sem. De forrageiras de inverno X past. frente 34 30 kg azevem / 6 kg de cornichão
Preparo de solo/ for. De inverno X past. fundo 20Passar grade leve 20 dias após aplicação de herbicida
Sem. De forrageiras de inverno X past. fundo 20 30 kg/ha de azevem
Sem. De forrageiras de inverno X campo novo 3630 kg azevem, 6 kg cornichão, 7 kg trevo vermelho
Adubação de pastagens inverno X past. fundo 20100 kg/ha map ou dap 30 - 40 dias após germinação
Adubação de pastagens inverno X campo novo 36150 kg/ha map 30 - 40 dias após germinação
Adubação de pastagens inverno X past. frente 34150 kg/ha map 30 - 40 dias após germinação
Aplicação de uréia past inverno - 1 X X campo novo 3650 ka/ha ureia Obs: A aplicação de uréia ainda a confirmar
Adubação de pastagens inverno X Levante 27 100kg map/ ha
QUANDO FAZER POTREIRO (ONDE)ATIVIDADES (o que)
49
FCA
FIGURA 10 - F.C.A. (Fato, Causa, Ação) utilizado na Fazenda Santa Maria 2004
3.2.3. Fechamento ciclo 2004
Chegado o fim do ciclo é hora de analisarmos os resultados, fazer
correções, analisar o cenário e promover melhorias para começar a montagem do
próximo plano de ação.
O ciclo de 2004 se caracterizou por um ano muito difícil para o setor devido
à queda do preço do boi e do arroz, pois ambos não estavam previstos para
acontecer neste ano. Mesmo com esse erro na previsão podemos salientar a
importância da orçamentação neste primeiro ano de trabalho, e os resultados
obtidos foram muito positivos (FIGURA 11), e a pesquisa de satisfação com o
cliente comprovou isto.
�A� *��� ����� �!"� ��, B��B%
Fev gasto fora do previsto compra de animais não prevista nenhuma
Mar receita abaixo do previsto não houve venda de novilhos vender proximo mês Pedro / Abr
Mar resultado acima do previsto despesas abaixo do previsto reorçar S Gustavo
Mar despesas pastagens abaixo parcelamento pg wg p/ junho pagar proximo mês Pedro
Mar prod vet acima previsto pg de parcela de Fev nenhuma
Mar mão-de-obra abaixo do prev. atraso na colheita contratar proximo mês Pedro
Mar manut.veiculo abaixo do prev. não foi realizada revisão fazer mês seguinte Pedro
Mar manut. máq abaixo do prev. pg. parcelado p/ abril e maio nenhuma
Mar outros invest. acima do prev compra de esmirilhadeira nova nenhuma
Mar financiamentos acima prev necessidade de fluxo de caixa reorçar S Gustavo
50
1!$2!$#$%
�������� ����� �������� ����� ����
�������
� ������ ��� ������ �� ��� ��
��� �� �� ������ � ��� ��
� ���� ��� �� ��� ��� ��
� ������ �� � ��� ��� ��� ��
� ������ �� ����� �� ��� ��
� ����� �� �� ��� � ��� ��
��� �� ��� ���� �� ��� ��
��� ���� �� ������� ��� ��� ��
� ��� ��� ��� ��� ��� ��
C ������ ���� ����� ��� ��� �
C ������� �� ��� ��� ��� ��� ��
C ��� ��� � ��� ��� ��� ��
C ������ ��� ��� ��� ��� ��
C �������� ����� � �� ��� ��� ��� ��
C ��� ��� ��� ��� ��� ��
C ������� ��� � ��� ��� ��
C ������ �� �� ��� ��� ��� ��� ���
C ����� ��� � ��� ��� ��
C ������� �� ��� �� ��� ��
C ������ ��� ������ ��� ��� ��
��������� ����� � ������� ����� ��� ���
C ���� �� ��� ������ � ��� ��
C � ��� ��� ����� �� ��� ��
C ������ �� ���� ��� ��� ��
C �� ��� ��� ���� ��� ��� ��
C ��� ��� ��� ��� ��� ��
C ���� �� ���� ��� ��� ��
�������� ���� ������ ��� ��� ��
C ��� ��� ��� ��� ��� ��
C ��� ��� ��� ��� ��� ��
C ���� ��� �� ��� ��� ��
C ��� ��� ��� ��� ��� ��
C ������ ��� � � �� ��� ��� ��
�������� ���� ������� ���� ��� ��
��������� ����� ����� ��� ����� ���
Cus
tos
Var
iáve
is
�"�0%�07'���6(�����
� #�����!"�
��� ������!"��� #�����#��#�
������%��(�#)� ��
�������/&�#������+�� �������
+����#��!"�����#�#)#�
��-�����0����#��������0�����)
+����%�������� �
,����-���
,��%�����.����#�/�#��
������������������������
���'�(�#)� ��
���'���&�#���
�����%������
D�������%#(�����
=������������#1�!$��
6&�#���������(#!��
��(#����8������� 9
�&�#�#!"��%����#��#�
���#������*�����
�"�0%�07'���*#;��8%����)������9
Inve
stim
ento
s �����%��
.�?)� ��
:����%�������������#1��
�����-�������!�%��
7������+�(���#������
7�����
TOTAL DE DESPESAS:
Total Custos Variáveis
Total Custos Fixos
Total Investimentos
Cus
tos
Fixo
s +����������5�;��
���#��A�)#��5E)�#)�04����)#�
6�)��-���8*-��9
,�� �'���
3�10�4���0�5�
51
FIGURA 11 - Análise do Realizado Fazenda Santa Maria 2004.
O plano 2005 ainda não foi montado, mas já possui alguns itens a serem
melhorados como a coleta do balancete mensal para que se possa ser mais ágil a
análise gerencial e por conseqüência, ser mais eficaz nas correções das
previsões futuras. Pretende-se aumentar, em pelo menos, 50% o número de
cabeças abatidas sobre a mesma área de pastagem, utilizando um correto
manejo de adubação, suplementação energética e entrada na pastagem com
animais mais pesados que será facilitado, por ainda um bom momento, para
reposição.
�! !"�#$%
�������� ����� �������� ����� ����
�������
5����#��� R$ ��� ��� ��� ��� ��� ��
>�(# <�� R$ �������� ��� ������ ��� ��� ���
>�(# <���4��%�� R$ ����� �� ��� ��� ��� ���� ��� ���
.�)���4��%�� R$ �������� ���� ������� ��� ��� �
5����� R$ ��� ��� �� ���� ��� ��� ��
�(#��� R$ � ������ �� ���� �� ��� ��� ��
�-�?)� �� R$ ����� �� �� ������� ��� ��� ���
���������*����-�#���
R$ ��� ��� ��� ��� ��� ��
*���#)� ���� ������� ��� ��� ��� ��� ��
�#���)#������� R$ ����� �� ��� � ����� �� ��� ���
��������� � ��� �������� ����� ���
Var. em R$ Estoque Inicial (UA) Estoque Final (UA)
83.615
89.609 114,6 1.666,1 2,1 -1,0
15,6%
532,9 591,0
TOTAL DE RECEITAS:
��&��'(�(����)��*
��+,�����
+����%�������� �
-��(�./�����!+��0,�
52
3.3. Rastreabilidade
A Assessoria Agropecuária Marcon teve papel fundamental na difusão da
rastreabilidade no Rio Grande do Sul. Desde o início deste processo esteve junto
com o frigorífico Mercosul fomentando e levando informações ao produtor rural.
Atualmente a empresa registrou o número de 52.500 cabeças rastreadas e
estima-se chegar a 62.000 até o final de 2004 (FIGURAS 12,13 e 14).
O cenário da pecuária de corte do Rio Grande do Sul enfrenta sérios
problemas relacionados ao mercado. A concorrência desleal da carne do Brasil-
central, que se credita de ICMS ao entrar no estado, da informalidade e dos
problemas políticos relacionados com a sanidade e o baixo poder aquisitivo da
população, não nos deixam muita escolha quando se fala em valorização do
produto a não ser a exportação, e para exportar é fundamental que o animal
esteja rastreado corretamente.
Na verdade a exportação não é má idéia, porém ficamos limitados à cotas
reduzidas, exigências relacionadas à sanidade, padrão, constância e segurança
alimentar. Neste contexto a principal dificuldade encontrada na rastreabilidade é a
total falta de informação de todos os segmentos da cadeia produtiva.
Desde janeiro de 2002 até hoje, ocorreram muitas mudanças no que se
refere ao SISBOV e suas regulamentações. De lá pra cá todas as alterações nos
prazos e, recentemente a queda da obrigatoriedade, foram fatores importantes
que barraram a implementação do programa de rastreabilidade no território
nacional.
O mercado mundial de carnes está cada vez mais exigente. Hoje não
podemos mais oferecer o novilho que nós queremos produzir, e sim o novilho que
o mercado quer comprar. Temos que definir bem qual é o nicho de mercado que
53
queremos atuar e cumprir com todas as exigências do cliente, do contrário ele nos
abandona. Se ao invés de vendermos um contrafilé a R$ 32,00 (mercado interno)
optarmos por vender um a R$ 52,00 (Comunidade Européia), temos que nos
habilitar e cumprir todas as exigências que esse cliente, em particular, exige de
nosso produto.
FIGURA 12 - Identificadores da Rastreabilidade (brinco e botton) set/2004
54
FIGURA 13 - Animal rastreado (brinco na orelha direita e botton na orelha esquerda) set/2004
55
FIGURA 14 - Animais Rastreados pela Assessoria Marcon set/2004
3.3.1. Pós-Rastreabilidade
Pude implementar, junto com meu orientador, um projeto no qual
estávamos trabalhando desde o início do ano: o Pós-rastreabilidade. Este novo
produto que começamos a oferecer aos clientes da Marcon no início de setembro
tem por objetivo facilitar e assegurar a bonificação da rastreabilidade junto ao
frigorífico na venda de animais rastreados.
Através do profundo conhecimento das dificuldades que o produtor
enfrenta em organizar e enviar os Documentos de Identificação Animal junto com
os animais destinados ao abate e os processos de fiscalização do S.I.F. dentro do
frigorífico, é que formatamos nosso plano de ação. Tive a oportunidade de
56
participar efetivamente durante o processo de implementação, onde através de
várias revisões efetivamos os ajustes necessários para o perfeito funcionamento
deste sistema.
Segundo o Ministério da Agricultura, através da notificação do dia 28 de
outubro de 2004 (ANEXO 1), todo animal rastreado ao chegar ao frigorífico deve
estar devidamente acompanhado de sua GTA (Guia de Trânsito Animal) emitida
pela Inspetoria Veterinária, e ao desembarcar os animais rastreados devem
possuir GTA distinta dos não rastreados, ou seja, não podem pertencer à mesma
GTA. Junto com os animais também deve chegar ao frigorífico o D.I.A.
(Documento de Identificação Animal) correspondente. Os animais rastreados não
podem permanecer no mesmo curral dos não rastreados e devem ser abatidos
em separado. Na linha de abate um fiscal do S.I.F. realiza a coleta de 10% do
total de identificadores (brincos) e realiza a conferência desses animais no
sistema (SISBOV) e confere seus D.I.A.s. e permanecerão arquivados por no
mínimo 5 anos (FIGURA 15). Se apenas um animal não estiver corretamente
rastreado todo o lote perde o status de rastreado.
57
FIGURA 15 - Esquema de recebimento e fiscalização para abate de animais rastreados .
Com esse serviço podemos, de maneira padronizada, auxiliar os
produtores a garantir que todos seus animais estejam acompanhados de seus
D.I.A. no dia em que forem abatidos (conforme o macrofluxo do pós-
rastreabilidade, FIGURA 16) e dessa forma garantir a bonificação e a satisfação
dos nossos clientes.
FrigoríficoS.I.F.
S.I.F
Produtores
Retirada GTA
Recebimento do gado
Conferência / arquivo
Frigorífico
Baixa no sistema
58
FIGURA 16 - Macrofluxo do Pós-Rastreabilidade. Assessoria Marcon outubro/2004
O mais interessante em todo este processo é que 100% dos clientes não
possuíam todos os D.I.A.s e que somente com esta nova metodologia fomos
capazes de identificar e corrigir este problema através de um diagnóstico da
situação (FIGURA 17). Desta forma somos capazes de emitir um relatório
identificar os “animais problema” e partir para a resolução deste erro (FIGURA
18).
MACRO FLUXO RESPONSÁVEL Como / QuandoMACRO FLUXO RESPONSÁVEL Como / Quando
Entrega de D.I.A. PRODUTOR Produtor entrega / enviaEntrega de D.I.A. PRODUTOR Produtor entrega / envia
Retirada / Baixa sistema MARCON Vendas ou transferênciasRetirada / Baixa sistema MARCON Vendas ou transferências
Cadastro MARCON Individualmente todasCadastro MARCON Individualmente todas
N
MARCON Identificar o que faltabaixar mortos, buscar vivos
Consulta A qualquer momentoPRODUTORConsulta A qualquer momentoPRODUTOR
DiagnósticoDiagnóstico
MARCON Emissão de relatórioS MARCON Emissão de relatórioMARCON Emissão de relatórioS
Organização / Armazenamento MARCON Metodologia: escritório ou
propriedade
Organização / Armazenamento MARCON Metodologia: escritório ou
propriedade
59
FIGURA 17 - Diagnóstico de Animais Rastreados do Sistema Marcon
FIGURA 18 - Relatório de animais sem D.I.A. do Sistema Marcon
60
Hoje todo o produtor que realiza rastreabilidade através da Assessoria
Marcon, leva junto o serviço de suporte e controle desses animais até o fim de
sua existência.
3.4. Extensão Rural do Frigorífico Mercosul
Através da gerência de extensão rural do frigorífico Mercosul a Assessoria
Agropecuária Marcon foi capaz de implementar vários programas que visam
aproximar e promover uma relação mais justa entre produtor e frigorífico, e
através deles fomentar o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva. Isto se
evidencia pelo fato do gradativo aumento da qualidade do produto final que é,
nada mais nada menos, fruto deste trabalho que iniciou-se em 2002 e
desenvolve-se até hoje.
Tive oportunidade de conhecer melhor como funciona o mercado da carne,
participei de palestras e reuniões de planos e metas dentro do frigorífico.
3.4.1. Compra qualificada
A compra qualificada busca premiar os produtores que produzem animais
de qualidade com bom acabamento de gordura, peso de carcaça, conformação e
idade. As carcaças são classificadas em 5 classes (FIGURA 19) onde cada uma
possui uma valorização de acordo com a remuneração do mercado consumidor.
61
FIGURA 19 - Tabela de Compra qualificada. Frigorífico Mercosul dez/2004
Esta nova forma de compra teve inicio em janeiro de 2003, tendo como
principais resultados:
• incremento em 90,32,% na qualidade do gado abatido, em relação ao
período anterior, que mudou definitivamente o tipo de gado e
conseqüentemente de seus fornecedores (FIGURA 20).
• Diferenciação de renda para o produtor na ordem de 12 milhões de reais
somente no último trimestre de 2004.
62
FIGURA 20 - Impacto da compra Qualificada (animais abatidos gordura 3/mês) frigorífico
Mercosul setembro/2004.
3.4.2. Incentivo a rastreabilidade
O Mercosul, sendo o principal frigorífico exportador para o Mercado
Comum Europeu, em atividade no RS, objetivou através deste programa,
enquadrar-se aos critérios exigidos na atualidade, pelo mercado externo. Sendo
assim, por muito tempo desenvolveu algumas formas de incentivo, para que os
produtores aderissem a rastreabilidade, como:
• pagamento de dois terços do cadastro anual do produtor no S.I.R.B.;
• pagamento de metade do valor da rastreabilidade e do brincos;
• desconto dos custos, a cargo do produtor, na ocasião do abate, referentes
apenas aos animais abatidos, ficando os demais, que permaneceram na
propriedade, sem custo imediato ao produtor;
• garantia de pagamento diferenciado para todos os animais rastreados de
R$ 0,10 por Kg. de carcaça fria.
40
50
60
70
80
90
100
JA N FEV MA R A BR MA I JUN JUL A GO SET OUT NOV DEZ
2002 2003 2004
63
Hoje os incentivos flutuam conforme as situações de mercado, mas por um
longo período em 2004 o diferencial de um animal rastreado de 240kg de carcaça
para um não rastreado chegou a estar em torno de R$ 140,00.
3.4.3. Programa de qualificação de compradores
Este programa tem por objetivo aperfeiçoar os compradores do Mercosul,
transformando-os em intermediários e prestadores de serviços. Todo o
“Comprador Mercosul” deve ser ou ter a seu cargo um técnico credenciado, apto
a fazer a rastreabilidade dos animais a serem encaminhados ao abate.
Através da superação das metas propostas pelo setor de extensão rural, se
evidenciou uma crescente qualificação dos compradores do frigorífico,
aumentando, com isso, o comprometimento de realizar um bom trabalho junto aos
fornecedores, ou seja, os produtores rurais..
3.4.4. Fidelização de produtores
Tem por finalidade, aproximar cada vez mais o produtor da indústria, e
juntos assumirem o comprometimento de abastecer com constância o mercado
consumidor. O programa consiste na entrega por parte do fornecedor do
Mercosul, de uma planilha de previsão de abates, relativo a três meses (FIGURA
21). Todo o produtor que cumprir pelo menos 80% da sua previsão mensal, terá
direito a bonificação de 2% sobre o valor total de suas vendas previstas neste
período, desde que os animais “planilhados” sejam rastreados e vendidos à
64
rendimento e que as planilhas preenchidas sejam entregues até o dia 20 do mês
que antecede o trimestre.
Contabilizou-se em 2004 um acerto de 78% na previsão dos abates
garantido por 280 propriedades. Esse programa foi amplamente difundido no Rio
Grande do Sul onde realizaram-se 87 palestras em sindicatos rurais e em outros
eventos, além da divulgação no site do frigorífico e através informativos. O retorno
econômico para o produtor foi na ordem de 3 milhões de reais relativo a 360 mil
cabeças abatidas, sobre o total 437 mil abatidas pelo frigorífico no ano de 2004.
Outro fator importante foi a segurança em manter um volume de trabalho
que evite oscilação no quadro de colaboradores, garantindo a longevidade da
empresa e demanda crescente de empregos diretos.
65
PRODUTOR (Nome Legível):ENDEREÇO (para correspondência):CIDADE: CEP:TELEFONE: CPF:E-MAIL:
MÊS1ªSEMANA 2ªSEMANA 3ªSEMANA 4ªSEMANA TOTAL
BOISVACAS DATA PROVÁVELTOTAL
MÊS1ªSEMANA 2ªSEMANA 3ªSEMANA 4ªSEMANA TOTAL
BOISVACAS DATA PROVÁVELTOTAL
MÊS1ªSEMANA 2ªSEMANA 3ªSEMANA 4ªSEMANA TOTAL
BOISVACAS DATA PROVÁVELTOTAL
OBS.: -Os animais planilhados deverão estar rastreados e vendidos a rendimento. -As planilhas deverão ser entregues no máximo até o dia 20 do mês anterior ao trimestre planilhado. -O produtor receberá, sobre todos os animais com acabamento 3ou mais, 2% de fidelização, apartir de 80% de acerto e até 100% do previsto. - A planilha não garante o abate, portanto deverão ser informadas as datas para que possamos emitir as ordens de compra e garantir o abate.
as planilhas originais com as assinaturas (não serão marcadas planilhas de fax)Estas deverão ser entregues por correio ou diretamente pelo produtor / comprador.
ALTERAÇÃO DE PLANILHA: devem ser feitas numa planilha em branco como estae entregues ao frigorífico no máximo até duas semanas antes da previsão, com as devidasassinaturas. Da mesma forma que as planilhas, só aceitaremos as alterações originais.
(Nome Legível)ASS. PRODUTOR:……………………………………………………………….
mar/05
ATENÇÃO: É obrigatório o preenchimento de todos os dados do produtor e enviar
SE PREENCHIDA A MÃO FAVOR ESCREVER COM LETRAS LEGÍVEIS.
PLANILHA DE FIDELIZAÇÃO
FRIGORÍFICO MERCOSUL LTDA.
jan/05
fev/05
FIGURA 21 – Planilha de Fidelização do Frigorífico Mercosul, referente ao primeiro trimestre de 2005.
66
3.4.5. Projeto difusão genética
Iniciou em julho de 2003, o fornecimento de touros de raças britânica,
àqueles fornecedores que necessitam de incremento genético e padronização
racial em suas propriedades e não dispõe de recursos na época necessária. Até
dezembro de 2004 foi disponibilizado para os produtores 600 touros (equivalente
a 1,4 milhão de reais). A meta é alcançar até o final de 2005 mais de 1500 touros
(equivalente a 3,5 milhões de reais), fomentando o crescimento da cadeia
produtiva em torno de 185 milhões de reais, com reflexo direto na produção de
terneiros para os próximos 5 anos.
3.5. Outras atividades
3.5.1. Curso Sebrae Ideal
Foi realizado do dia 27/09/04 até 20/12/04 dividido em 12 módulos
totalizando 96 horas. Este curso tem por objetivo incentivar e capacitar a
formação de lideranças.
3.5.2. Participação no grupo de trabalho da Indicação
Geográfica
Hoje respondo como membro da empresa neste projeto, que visa a
obtenção do selo de indicação geográfica da região demarcada em áreas
pertencentes aos municípios de Bagé, Dom Pedrito, Aceguá, Candiota, Hulha
Negra e Pedras Altas. Ao todo foram realizadas várias reuniões para discutir os
aspectos técnicos e culturais do projeto assim como uma visita de estudo à região
do Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves, RS (única região do país com este
67
selo) a fim de visualizar os resultados e encurtar os caminhos através da
experiência na implantação que eles já vivenciaram. Participam deste grupo o
Sebrae, Farsul, Senar, Frigorífico Mercosul, UFRGS, EMBRAPA e produtores
rurais da região.
3.5.3. Seminário de Avaliação de Novilhos e Carcaças
Realizou-se nos dias 1,2 e 3 de dezembro no parque de exposições Assis
Brasil em Esteio, promovido pela ABA (Associação Brasileira de Angus). Foi
Ministrado pelo Dr. Roger Hunsley (Consultor de Produção Animal na área de
Manejo Genético e Análise de Rebanhos em Omaha, Nebraska) e contou com a
participação dos palestrantes Júlio Barcellos, Albino Luchiari filho e Luiz Alberto
Fries.
3.5.4. Elaboração de artigos
Foram publicados no site do Beefpoint (www.beefpoint.com.br) e jornal
Folha da Cidade em Dom Pedrito (ANEXO 2 e 3).
68
4. DISCUSSÃO
4.1. Diagnóstico
De acordo com o trabalho desenvolvido tenho a convicção de que o
diagnóstico é uma ferramenta gerencial de grande valia dentro de qualquer
propriedade rural, principalmente pelo fato de se identificar o resultados dos
processos. A tendência de todo técnico ao diagnosticar uma propriedade é se
deter na parte técnica e mais do que isto, nos itens que ele mais gosta e ou sabe
fazer. Hoje em dia a maioria das tecnologias são extremamente eficientes, porém
elas devem ser encaradas como ferramentas e como tal podem ser
extremamente útil em uma organização e extremamente desaconselhada em
outra. Portanto, no momento em que analisamos o processo como um todo,
poderemos definir a viabilidade do resultado e caso negativo ai sim partir para
identificação de fatores que estão causando este problema. Uma vez detectado o
problema é fundamental que atuemos sob as suas causas sob pena deste voltar a
acontecer.
A coleta de informações confiáveis como os dados do estabelecimento e o
resultado esperado pelo produtor, aliado ao perfil do líder (proprietário) é
fundamental para a construção do resultado do diagnóstico.
69
Ficou bem claro durante o estágio a importância da utilização por completo
desta ferramenta, que deveria ser o ponto de partida para qualquer trabalho de
assessoria, uma vez que somente se poderá mudar qualquer negócio se tivermos
a capacidade de enxergar as principais oportunidades de melhorias e o estágio
em que a empresa se encontra.
4.2. Assessoria Pecuária
O modelo de assessoria a empreendimento pecuário trabalhado durante o
estagio é extremamente inovador e permite principalmente que o produtor
visualize o resultado do seu ciclo de produção antes mesmo que ele aconteça. O
plano anual é baseado nas oportunidades de melhorias definidas no diagnóstico e
após desdobradas em planos de ação é orçada de forma a permitir não só a
visualização do resultado final como a do fluxo de caixa.
Ficou bem claro que o orçamento somente é valido se o sistema for
gerenciado em cima do mesmo e as metas de final de ciclo bloqueadas, de forma
que crie balizas para efetiva tomada de decisões. Estas deverão ser mensais,
assim como o “reorçamento” das previsões.
Outro fator que me chamou muito a atenção é que em sistemas de gestão
utilizando ferramentas de qualidade, o erro da previsão (para menos ou para
mais) é igualmente prejudicial. Um resultado que ultrapasse a previsão (ex:
faturamento bruto total) pode se tornar extremamente desfavorável se não for
identificado a sua causa visto que a organização não irá aprender com este e
provavelmente não repita no próximo ciclo. Sempre que um item de controle do
orçamento saia fora da faixa limite de previsão ele deverá ser identificado e no
próximo ano pelo menos trabalhado de forma mais eficiente.
70
A previsibilidade é o grande fator de sucesso para qualquer empresa. De
Acordo com ANTUNES & ENGEL (1999), defeitos podem e devem ser medidos
para localizar a principal causa do problema e planejar ações corretivas. Pois o
custo de prevenir erros é sempre menor que o de corrigi-los, com isto não
devemos se conformar com o erro; ter a definição do certo e atitudes preventivas.
Tanto empresas que erram para mais como as que erram para menos não
possuem total domínio sobre seus processos sejam eles gerenciais com técnico.
A implementação de um sistema de gestão numa propriedade rural deve
ser monitorada pelos resultados obtidos. Em apenas um ano de trabalho
podemos observar um incremento significativo na rentabilidade da propriedade
Santa Maria, e mais, marcou o início de um processo de mudança na cabeça das
pessoas que trabalham nesta empresa rural. Essa “mudança” se caracteriza pelo
hábito de enxergar as coisas de uma forma mais crítica e se perguntar várias
vezes se aquela é a melhor maneira de executar aquela tarefa, e com o decorrer
do tempo possa-se aperfeiçoar e promover melhorias, visando ser cada vez mais
eficiente em cada tarefa e em tempo compatível.
Ë importante destacar que para a implantação de um sistema de gestão é
fundamental que o produtor esteja perfeitamente sensibilizado pelo método, ávido
por mudança, persistente e duro durante a implantação. Os resultados muitas
vezes são lentos, porém devem ser extremamente sólidos de forma a incorporar-
se na cultura do negócio. Dentro da cultura da Marcon, é condição de negócio
que o cliente tenha este perfil, desta forma a garantia de resultado é viabilizada.
71
4.3. Rastreabilidade
Não se discute mais a importância da rastreabilidade para o mercado. O
desafio é conquistar a adesão de todos os pecuaristas e isto só acontecerá
quando estes forem capazes de identificar o real benefício desta ferramenta para
a imagem de nosso produto perante o consumidor final.
A queda da obrigatoriedade, tão festejada, pela maioria dos pecuaristas de
todo o Brasil, é uma grande prova da total falta de foco da cadeia produtiva e
evidencia a falta de informação do homem-do-campo, que não consegue
enxergar um palmo o cenário que está logo ali adiante do frigorífico e é o que
paga a conta de toda a cadeia. Isto causa o chamado nivelamento por baixo, ou
seja, ao invés das medidas serem tomadas em relação aos produtores de
vanguarda e que estão dando certo de forma que a cadeia caminhe na direção
deste patamar, não, é justamente no nível mais baixo de produtores, os
ineficientes, que compõem uma grande parcela dos produtores rurais de nosso
país que nossos governantes se baseiam para formatar as leis e diretrizes que
comandam o país. Agindo desta forma, estamos simplesmente, esbarrando no
atraso e na falta de visão de mercado que são as principais responsáveis pela
falta de competitividade do setor.
Se não conseguirmos estabelecer controles que certifiquem atributos
específicos que o consumidor final valoriza, não conseguiremos manter as “portas
abertas” do mercado para nossos produtos. E para isso precisamos cumprir esses
requisitos com seriedade, para que possamos garantir uma relação de longo
prazo com nossos clientes.
72
4.4. Extensão Rural do Frigorífico Mercosul
O departamento de extensão rural do frigorífico Mercosul foi o responsável,
talvez, pelos maiores avanços na comercialização de carne bovina no estado do
Rio Grande do sul nos últimos anos. Alavancou definitivamente o crescimento da
empresa que passou de um abate anual em 2002 de 180 mil cabeças para 437
mil em 2004, além de incrementar praticamente 100% na qualidade da matéria-
prima.
Nem sempre o que o produtor rural deseja produzir é aquilo que o mercado
demanda. O principal objetivo da extensão rural do frigorífico Mercosul é repassar
as informações do mercado para o produtor e, dentro do possível, auxiliá-lo a
fornecer o produto que o consumidor final procura.
Através da compra qualificada pôde-se direcionar os melhores preços para
as melhores carcaças (principais clientes) e, assim, obter um relação mais justa
com os fornecedores do frigorífico, ou seja, o produtor rural (FIGURA 22).
Com o incentivo a rastreabilidade o frigorífico teve papel fundamental para
a implementação desta, onde inicialmente havia muitas barreiras e a mais difícil
de ser ultrapassada era a falta de informação e a completa desmotivação do setor
que sempre se manteve alheio ao mercado e sempre preferiu se envolver ao
invés de se comprometer com a cadeia produtiva.
73
FIGURA 22 - Preços praticados em 2004. Diferença entre o preço médio do estado
(segundo Zero Hora) e as diferentes classificações do frigorífico Mercosul (animais rastreados e fidelizados).
Uma das principais dificuldades na comercialização de carne é a falta de
volume de animais de qualidade. Hoje não há a certeza que irá se obter o número
de animais necessários para cumprir os contratos. Isso foi amenizado pelo
Programa de Fidelidade, porém ainda falta muito para obtermos um grande
número de animais padronizados, o que facilitaria o fechamento de contratos de
longo prazo, que remuneram a garantia de entrega no prazo correto.
Apesar de todo esse trabalho em busca de qualidade e padronização,
contamos com apenas 18% de animais de qualidade exportação (peso de
carcaça, acabamento e maturidade) sobre o total abatido em 2004, isto é muito
pouco se compararmos com o Centro-Oeste onde os índices ultrapassam 90%
(TABELA 3).
3
3 ,2
3 ,4
3 ,6
3 ,8
4
4 ,2
JA N F E V M A R A B R M A I JUN JUL A G O
PREÇO Z ERO HO RA CL A S S E 1 CL A S S E 2 PREMIUM HIL TO N / EX PO RTA ÇÃ O
74
A partir do momento que se desossam cortes mais pesados, há um
acréscimo no rendimento de desossa e por conseqüência há uma queda no custo
do boi. Quanto mais alto for o padrão do gado, menos tipos de produtos se tem
para vender, conseqüentemente se consegue abastecer melhor os mercados
consumidores.
Carcaças (%) Rio Grande do Sul Região Centro-Oeste
Até 4 dentes 17 % 64 %
Peso 15 a 20 @ 30 % 94 %
Acabamento (min. 3mm) 90 % 97 %
TABELA 3 – Diferença de qualidade entre as carcaças do Rio Grande do Sul e região
Centro-Oeste em 2004. Fonte: Frigorífico Mercosul (2004) e Frigorífico Bertin (2004)
Toda a rede frigorífica nacional tem apresentado nítida evolução em seus
processos e equipamentos, em que o principal objetivo é não depreciar a
qualidade da carne nos processos que envolvem o abate à comercialização,
porém ela não pode sanar um problema que está além de seu alcance que é
produzir uma matéria-prima de qualidade, que é de responsabilidade do produtor
rural. Atualmente está claro que quem exporta é o produtor.
Enquanto não nos organizarmos como cadeia produtiva em que cada elo
faça a parte que lhe compete e caminhe no rumo de um objetivo comum, nunca
iremos nos diferenciar em qualidade frente a nossos concorrentes no mercado
mundial de carne.
75
5. CONCLUSÃO
O estagio curricular desenvolvido na Assessoria Marcon foi fundamental
para atingir os objetivos propostos além de me colocar definitivamente no
mercado de trabalho. Hoje tenho a convicção que as ferramentas estudadas e
acompanhadas durante o estágio me acompanharão durante toda a minha
carreira independente do local que eu trabalhe.
O mundo é dinâmico e evolutivo, somente através do profundo
conhecimento do mercado é que se pode direcionar o trabalho á nível de
propriedade.
Há uma enorme dificuldade em atuar no elo mais fraco da cadeia produtiva,
que é o produtor rural. Hoje o que mais se enxerga são produtores desorientados
atuando como falsos técnicos (fazem pastagens, programas sanitários, etc).
Independente do que se faça, ter metodologia é fundamental. Não é
necessário construir um plano perfeito na primeira vez, mas sim um plano simples
que possa ser avaliado e melhorado até se tornar um bom plano, e para isto
acontecer é necessário que se tenha método compatível.
76
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, L., ENGEL,A. Qualidade total na agropecuária. Guaíba, Ed Agropecuária. 1999. 114p.
BARIONI, L.G; VELOSO, R.F; JÚNIOR, G.B.M. Modelos de Tomada de Decisões para Produtores de Ovinos e Bovinos de Corte. In: Simpósio internacional de produção animal. Santa Maria - RS, Anais... UFSM - RS, 2002.
BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística Empresarial. São Paulo: Atlas. 2001. 594p.
CHAMMA, M.E. Criação de Marcas para Fidelizar o Consumidor. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE RAÇAS ZABUÍNAS, Anais... Uberaba, 2002. P. 238-239
CAMPOS, V. F., Gerenciamento da Rotina. Rio de Janeiro, Ed. Bloch, 1994. 56p.
FAVERET FILHO, P.; DE PAULA, L. S. R. A Cadeia da Carne bovina: o Novo Ambiente Competitivo. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 6: 1997 P.12-25
FERRAZ, J. V. Intensificação da Bovinocultura de Corte. Tecnologia de gestão pecuária. Ano 1, n. 7, 2002. P. 22 – 23
FRIGORÍFICO MERCOSUL., Banco de dados do Frigoríficos Mercosul, 2004. GLENN, A.W.. Orçamento empresarial: planejamento e controle do lucro. Ed.
Atlas S.A., v. 01, São Paulo. 1972. KAY, J. Fundamentos do sucesso empresarial: como as estratégias de
negócios agregam valor. Rio de Janeiro: Campus, 1996, 160 p. LEITE, C.A.N; DA COSTA, F.A.M.; RIBEIRO, S.M.L.V.. Curso de administração
rural. Módulo 04 - Planejamento da Empresa Rural. Brasília: UFV/ABEAS, 1995. 56 p.
MARCON. Manual 1˚ Treinamento Diagnóstico de Propriedades, Assessoria Agropecuária Marcon, Bagé 2004 29 p.
NEVES, M. F. Marketing e Canais de Distribuição de Commodities. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE POLÍTICA ECONÔMICA, 13. Anais... Universidade Federal de Viçosa, 2000. 70 p.
NEVES, M. F. Redes Agroalimentares & Marketing da Carne Bovina em 2010. Revista Preços Agrícolas. São Paulo, 2001.
PIGATTO, G.; SILVA, A. L.; SOUZA, H. M. Alianças Mercadológicas: a busca da Coordenação na Cadeia de Gado de Corte Brasileira. In: WORKSHOP
77
BRASILEIRO DE GESTÃO DE SISTEMAS AGROALIMENTARES, 2., Anais... Ribeirão Preto: PENSA/FEA/USP, 1999.
QDD, Curso de qualidade total. Quality Inn, Dom Pedrito, 2004. 34 p. RIES, L. R., AMBROSINI, L. B.; Rastreabilidade e Certificação, Planejar Brasil:
Porto Alegre, 2003 130 p. SEBRAE, Brainstorming. Brasília, 1996. (Impresso) SUFFER, C.J., Os itens de controle dos gerentes. In: Curso de qualidade total.
Dom Pedrito: Quality Inn, 2001. 80 p. SUFFER, C.J., Os itens de controle dos gerentes. In: Curso de qualidade total.
Dom Pedrito: Quality Inn, 2004. 130 p.
78
7. ANEXOS
79
ANEXO 1 – Notificação do Ministério da Agricultura direcionada ao diretor do frigorífico Mercosul no dia 28/10/2004.
80
ANEXO 2 – Carta comentando um artigo do Dr. Louis Pascal (SISBOV: considerações) enviada no dia 21/11/2004 e publicada no site www.beefpoint.com.br
C a r ta s d o L e i to r - O utr a s C a r ta s S IS B O V : c o ns i d e r a ç õ e s G ui l he r m e D i a s 2 1 / 1 1 / 2 0 0 4
C o nc o r d o p l e na m e nte c o m o a r ti go d o s r . L o ui s P a s c a l . H o je o p r o d uto r r ur a l , e m gr a nd e m a i o r i a , e s tá e nxe r ga nd o a r a s tr e a b i l i d a d e c o m o ne gó c io , um a fo r m a d e ga nha r d inhe i r o . A s c o n tr a m e d id a s ( tã o c o m e m o r a d a s ) q ue a C N A im p ô s a o p r o c e s s o d e r a s tr e a b i l i d a d e , a q ue d a d a o b r i ga to r i e d a d e e a fa l ta d e v i s ã o a l o go p r a zo p o d e r ã o a tr a p a l ha r e m m ui to o no s s o p r o j e to d e e xp o r ta ç ã o . N a v e r d a d e ho j e p a r a s e c o nq ui s ta r no v o s m e r c a d o s , nã o b a s ta m a i s te r q ua l i d a d e e s i m te r c o nfi a b i l i d a d e na in fo r m a ç ã o , tr a ns p a r ê nc i a e c r e d i b i l i d a d e junto à s i ns ti tu i ç õ e s i n te r na c i o na i s . A c e r ti fi c a ç ã o d e b o a s p r á ti c a s d e p r o d uç ã o , s e gur a nç a a l im e nta r , r e s p o ns a b i l i d a d e s o c i a l e p r inc i p a l m e nte o s c u id a d o s c o m o m e i o a m b i e n te , ho j e s ã o tã o i m p o r ta n te s q ua nto a im a ge m e a q ua l id a d e i ne r e nte a o p r o d u to . U m e xe m p lo d i s s o é o no s s o v i z inho U r ugua i . E m b o r a s e u m a io r c l i e n te nã o s e j a tã o e x ige nte q ua nto à r a s tr e a b i l i d a d e , j á e s tá tr a ta nd o d e a p e r fe i ç o a r s e u s i s te m a e i nv e s tind o num a m b i c i o s o p r o j e to d e i d e nti fi c a ç ã o ind i v i d ua l p o r r a d io fr e q uê nc ia . E s te e s fo r ç o c o m c e r te za nã o s e r á e m v ã o , p o i s o U r ugua i é s inô n im o d e s e gur a nç a a l im e nta r e e s te p r o j e to i nd ic a q ue e l e s e s tã o p r e o c up a d o s c o m o futur o e e m m a nte r e s s a i m a ge m p e r a nte o m und o . S e r á q ue e s ta m o s m ui to d i s ta n te s d e ta l r e a l i d a d e ? Q ua nd o s e r á q ue o p e c ua r i s ta b r a s i l e i r o i r á l e v a n ta r o s o lho s e e nxe r ga r o c e ná r io q ue e s tá l o go a l i a tr á s d o fr i go r í fi c o ? E nq ua nto nã o p e ns a r m o s e m to m a r m e d id a s q ue i r ã o no s b e ne fi c i a r à l o go p r a zo , nã o i r e m o s no s d i fe r e nc ia r j unto a no s s o s c l i e n te s e c o m c e r te za e s ta r e m o s c o nd e na d o s a p a r ti c ip a r d e m e r c a d o s d e s e gund a c l a s s e .
G u ilhe rm e D ia s
A s s e s s o r i a A gr o p e c uá r i a M a r c o n B a gé R io G r a nd e d o S u l
A r ti go r e l a c io na d o : S IS B O V : c o ns i d e r a ç õ e s
81
� ���� ������� �� �� � ���� �� ���� � �
Sistemas de gestão pela qualidade em agropecuária 01/12/2004
�������� ��� � ����� � ������ � ��� � � ���� ��� ���� ����������� ���� � � ������� � �������������� ���������������������� ���� ����� �� �������������������� ������������������������ �������������� ��� ������ ��������������� ���� � ������ �������� � �� ��� ����� � ������������� ���������� ������ � ��������� ����� � � � ������ �� � ����� �� ������� � ���� � � ������� �� �����!���"���������������������������������#���������������������!�$��������%����� � � ������������� � ��� ��������� ������������ � �� � ����� �������� � � � �������� ������������ �� ��&��� �� � ��� '� � �������� $� ����� � ��� ��� ����&�� ��������� � � ������ �� ������� ���"� ��� ������ �������������������� ������ ������� � ����%� �����(������ ��%�������� � ��� ������������� �� ���� �������� ������ �� � ������� ��� �����)��!��*������ � ��� ����� ��� �����������%��� ������������ �� ��������� ��������������������� ������ � ��� ������� �� ����������� ��� ������ +�&�� �%�� ������ ����� �� � ������������������������������ ����������
��,������ �� � ������� � ���������� ��� �������� �#�������������������� ��(�������������"���� � �� � �� � ������������� � ��� ������ ��� � ������)�� � #� ���� � ������������������ ������� ���� ��� ������)��%�� ��� ���������� � � ��(����� �������������� �� � ������� �� � �-�������%����� ��������� � ��� ��%�� �������)��� �� � ������� � ��� ��� �������� .���������� ���� � ���������/������������� ��� � � � 0����� � ������� � ��� ������ ����������� ��� ������ � �� ��������� ���� ��� ���������� �%�� �������� �� �������������� ������ �%�� �%� � �����������������)����!� � � ��������� #� � ������1� �����#� � �� � �������� ��� ���#�� ��� ��������� �� ��������)��� ���#��������������� ����� ���������%���,������������#����� ������������#��� � �������� �� � ������������� �2� ���"� ��� ������ ���)��� ��� � ���� �� �������1� �������������
82
�������������������"����3������4,�5��������3��������6���������7879����#���:�6���1�;<�'9=�>7=8�$����1���������?���������������������@������1�AAA���������������������
ANEXO 3 – Artigo publicado no dia 01/12/2004 à convite do editorial do site Beef Point
(disponível em: http://www.beefpoint.com.br/bn/dicas/artigo.asp?nv=1&id_artigo=21298&perM=12&perA=2004).
�
��+�&�������������%�����"�������������������������������������������:+������������������������������&����������������������2�����B�������������)���������������������%������������.��������������������������������������/������"��������������������������������� �������������������������%�������������������������������������#����������������������������������������2������������������������"������������������(������������2�#��������������������������������������C������#������������������������%�����������������������������������"�������������������������������������������������������)�������������2�����������������%��.�����������/����������������������������������������������������������������(�������������������������������������#���������������������������������������������������������"�����������������������)������������������������������%������������������������������%������������(���������������������1������������������������������.�������������������/������������"������#��������������%��������������������������������������������2�������������������������������������������#�������������������������������������������������2��������������������������������1���������������������������������(������������������������������������������#�����������������������������������%�������������"������������������������������������������������������������������DDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDD
83
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................10
1.1. Descrição da Empresa ...............................................................................11 a) Histórico. ....................................................................................................11 b) Tecnologias de Produção...........................................................................13 c) Produtos e Processos ................................................................................13 d) Organograma da Organização ...................................................................14 e) Força de Trabalho ......................................................................................15 f) Participação de Mercado............................................................................16 g) Aspectos Relevantes..................................................................................18
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................20 2.1. Conceito de Qualidade ...............................................................................20
2.1.1. Processo ..............................................................................................23 2.1.2. Problema..............................................................................................24 2.1.3. Ponto Crítico ........................................................................................24 2.1.4. Item de Controle...................................................................................25
2.2. Rastreabilidade...........................................................................................30 3. ATIVIDADES REALIZADAS..............................................................................33
3.1. Diagnóstico Técnico Gerencial. ..................................................................35 3.2. Assessoria Pecuária ...................................................................................44
3.2.1. Orçamentação. ....................................................................................45 3.2.2. Implantação de Pastagens...................................................................47 3.2.3. Fechamento ciclo 2004 ........................................................................49
3.3. Rastreabilidade...........................................................................................52 3.3.1. Pós-Rastreabilidade.............................................................................55
3.4. Extensão Rural do Frigorífico Mercosul......................................................60 3.4.1. Compra qualificada ..............................................................................60 3.4.2. Incentivo a rastreabilidade ...................................................................62 3.4.3. Programa de qualificação de compradores..........................................63 3.4.4. Fidelização de produtores....................................................................63 3.4.5. Projeto difusão genética.......................................................................66
3.5. Outras atividades........................................................................................66 3.5.1. Curso Sebrae Ideal ..............................................................................66 3.5.2. Participação no grupo de trabalho da Indicação Geográfica................66 3.5.3. Seminário de Avaliação de Novilhos e Carcaças.................................67 3.5.4. Elaboração de artigos ..........................................................................67
4. DISCUSSÃO.....................................................................................................68 4.1. Diagnóstico.................................................................................................68 4.2. Assessoria Pecuária ...................................................................................69 4.3. Rastreabilidade...........................................................................................71 4.4. Extensão Rural do Frigorífico Mercosul......................................................72
5. CONCLUSÃO ...................................................................................................75 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................76