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1 Relatório Psicologia Cognitiva I. Mestrado Integrado em Psicologia Ano Lectivo 2015/16 A SENSIBILIDADE DAS VÁRIAS PARTES DO NOSSO CORPO Docente Professor Doutor Csongor Juhos Discentes: 23473 – Francisca Rato 24214 – Núria Trigo 24261 – Joana Pinguinha 24389 – Inês Jerónimo

Relatório Final

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Page 1: Relatório Final

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Relatório

Psicologia Cognitiva I.

Mestrado Integrado em Psicologia

Ano Lectivo 2015/16

A SENSIBILIDADE DAS VÁRIAS PARTES DO NOSSO CORPO

Docente

Professor Doutor Csongor Juhos

Discentes:

23473 – Francisca Rato

24214 – Núria Trigo

24261 – Joana Pinguinha

24389 – Inês Jerónimo

24390 – Tânia Venâncio

Turma 4

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ÍNDICE

ENQUADRAMENTO TEÓRICO.......................................................................................................3

Variável Independente e Variável Dependente.......................................................................4

Operacionalização da Variável Independente e da Variável Dependente........................4

MÉTODO..............................................................................................................................................5

Amostra...........................................................................................................................................5

Material.............................................................................................................................................5

Procedimento.................................................................................................................................5

RESULTADO.......................................................................................................................................6

DISCUSSÃO........................................................................................................................................7

REFERÊNCIAS...................................................................................................................................9

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ENQUADRAMENTO TEÓRICO

O conhecimento do mundo é uma condição necessária à sobrevivência dos seres

vivos. É com o conhecimento que adquirimos a capacidade de distinção de tudo o que nos

rodeia, por exemplo, a distinção entre um crocodilo e um tronco de uma árvore referido por

Gleitman, no seu livro Psicologia (1999). Para desenvolver esta capacidade, a utilização dos

sentidos é fundamental.

Saber qual a origem do nosso conhecimento sempre foi questionado, o que remete

para os filósofos da antiguidade. Segundo os empiristas, o conhecimento é adquirido pela

experiência. Porém, os nativistas, defendiam que o conhecimento tem origem no cérebro

humano. Do ponto de vista empírico, grande parte da realidade que conhecemos,

construímos com base nas nossas sensações. Locke considerava que eram as sensações,

as responsáveis pela construção do nosso conhecimento, (Gleitman, 1999).

A sensação consiste na reação a uma ação física produzida por um estímulo externo

ou interno, que ativa as áreas primárias do córtex cerebral e desencadeia uma resposta.

Diferentes zonas do corpo têm diferentes sensibilidades mas pode-se prever que o

nível de sensibilidade também varia de individuo para individuo como sugerido por Muller.

“Diferenças de qualidade das nossas experiências sensoriais refletem diferenças em

processos neuronais.”

O ser humano tem cinco sentidos que o ajudam a descobrir e a experimentar novas

sensações todos os dias, mas neste trabalho vamos centrar-nos no tato.

O órgão responsável pelo tato é a pele. Este é o maior órgão do corpo humano, que

ao contrário de outros órgãos responsáveis pelos sentidos, cobre todo o nosso corpo. Este

órgão é caracterizado por ter diferentes terminações nervosas, para diferentes tipos de

sensações dérmicas, permitindo-nos distinguir pressão de calor, frio ou dor. Por estas

razões, o tacto é considerado o mais completo dos nossos sentidos.

O que iremos tentar provar também na nossa experiência, é que quantos mais

recetores sensoriais estiverem presentes em determinada zona do corpo, maior será a sua

sensibilidade.

Os recetores e terminações nervosas presentes em toda a superfície da pele são

responsáveis pela nossa perceção de estímulos externos. Existem seis tipos diferentes de

recetores: Mecanoreceptores corpúsculos de Meissner, mecanoreceptores discos de

Merkel, termoreceptores Ruffini, termoreceptores corpúsculo de Krauser, o órgão terminal

piloso e finalmente, as terminações nervosas livres (nociceptores).

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Para o nosso estudo salientam-se os recetores do tipo mecanoreceptor que detetam

a pressão e o tato. São estes que irão responder ao teste realizado na nossa experiência:

discriminação de dois pontos.

O problema colocado é: “será que partes diferentes do nosso corpo têm

sensibilidades diferentes?”. Através de um exame de discriminação de dois pontos,

colocámos a seguinte hipótese: “diferentes partes do nosso corpo correspondem a

sensibilidades diferentes”.

Variável Independente: diferentes zonas do corpo humano

Variável Dependente: sensibilidade

Operacionalização da Variável Independente: Esta variável tem seis níveis diferentes. Cada nível corresponde a uma parte do corpo, (ombro, ponta do dedo indicador, lábio superior, costas, barriga e testa). O experimentador tocou com uma ou duas pontas do clip para testar a sensibilidade das diferentes partes do corpo.

Operacionalização da Variável Dependente: Esta variável foi testada através da frequência de respostas corretas dadas pelo sujeito.

Tendo em conta a variável dependente (sensibilidade) e a variável independente

(diferentes zonas do corpo humano: lábio superior, dedo indicador, testa, ombro, barriga e

costas), a experiência consiste em relacionar ambas as variáveis, a fim de concluir se a

hipótese colocada se confirma ou não.

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MÉTODO

AmostraA amostra era constituída por trinta e seis alunos com idades compreendidas entre

os 18 e 20 anos, da turma 4, do primeiro ano do curso de Mestrado Integrado de Psicologia

do Instituto Universitário do ISPA (Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e

da Vida). A experiência foi realizada no âmbito da cadeira de Psicologia Cognitiva I e

coordenada pelo Professor Doutor Csongor Juhos.

MaterialPara esta experiência foi usado um clip dobrado em forma de U de modo a ter 2

centímetros de distância entre as pontas.

Procedimento Foi solicitado aos alunos da turma que formassem grupos de 3 pessoas no máximo,

onde cada um deles tinha um papel: sujeito, experimentador e observador. Todos os

participantes desempenharam as três funções à vez.

As zonas do corpo selecionadas para este estudo: ombro, ponta do dedo indicador,

testa, costas, barriga e lábio superior, foram testadas pelo experimentador que pressionava

levemente a pele do sujeito com as pontas do clip.

O experimentador tinha de alterrnar entre pressionar com uma, ou com as duas

pontas do clip em simultâneo. A ordem podia ser ao critério do experimentador, mas tinha

obrigatoriamente que pressionar duas vezes com duas pontas e duas vezes com uma só

ponta, em cada parte do corpo.

Seguidamente o sujeito teria de dizer, de olhos fechados, se sentia que estava a ser

tocado por uma ou duas pontas do clip. Errava quando era tocado por duas pontas do clip e

mencionava apenas uma e o mesmo para quando tocado apenas por uma ponta e referia

que sentia duas.

Quantas mais vezes acertasse no número de pontas com que tinha sido tocado,

maior era o nível de sensibilidade considerado naquela parte do corpo.

O observador registou numa tabelas as vezes que o sujeito acertou.

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RESULTADO

O número de vezes que cada sujeito acertou foi registado. De seguida, foram

somadas as respostas corretas dos três sujeitos e cada grupo revelou os seus valores,

originando a seguinte tabela:

TABELA 1

Tabela 1 - Número de acertos em função das partes do corpo

Como se pode verificar na tabela 1 os resultados correspondem ao número de

respostas correctas em cada zona do corpo. Os valores foram organizados de 0 a 12, onde

0 é o número mínimo de respostas certas e 12 o número máximo de respostas certas.

Verificou-se que o dedo indicador e o lábio superior foram as zonas do corpo com um

maior número de respostas corretas (139 acertos de 144 possíveis no total), revelando

assim um maior nível de sensibilidade comparativamente às outras quatro zonas testadas.

Já o ombro e as costas foram as zonas com menos sensibilidade registada (74 e 85 acertos

respetivamente, num total de 144 acertos possíveis).

Grupos Ombro Dedo

indicador

Costas Barriga Testa Lábio

superior

Total

1 5 12 5 4 11 12 49

2 2 12 6 6 6 12 44

3 8 11 9 9 12 12 61

4 7 12 6 5 9 12 56

5 4 12 5 5 10 11 47

6 7 12 8 7 10 12 56

7 6 12 6 9 6 12 51

8 11 11 6 9 6 11 54

9 5 12 7 6 8 11 49

10 5 9 7 7 8 10 46

11 8 12 9 10 10 12 64

12 6 12 11 9 12 12 62

Total 74 139 85 86 108 139

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DISCUSSÃO

Realizámos esta experiência com a finalidade de testar a sensibilidade em partes

distintas do corpo humano.

Os resultados obtidos sustentam a nossa hipótese de que partes diferentes do nosso

corpo possuem sensibilidades diferentes.

Observámos que das seis partes corporais testadas, o dedo indicador e o lábio

superior obtiveram níveis mais elevados de sensibilidade, o que significa a existência de um

maior número de mecanoreceptores. Já os resultados do ombro, das costas e da barriga,

demonstraram os níveis mais baixos de sensibilidade e, consequentemente, menor número

de mecanoreceptores.

Apesar das disputas entre nativistas e empiristas o processo que vai desde o

estímulo à descodificação do mesmo ocorre de forma idêntica independentemente das

teorias consideradas.

Como já referido, a pele possui recetores específicos (recetores sensoriais)

adaptados a cada estímulo. Este grande órgão é constituído por células recetoras que

quando sujeitas a um estímulo externo traduzem esse mesmo estímulo num impulso

nervoso. Esse impulso nervoso desperta outros neurónios (neurónios sensoriais) que

transportam os impulsos até ao sistema nervoso central onde são interpretados e

respondidos pelas áreas de projeção sensorial localizadas nas regiões do córtex cerebral

(Gleitman, H. 1999, p. 206).

Esta resposta varia de sujeito para sujeito e depende muito da quantidade de

recetores sensoriais em cada zona da pele (fator físico) mas também da experiência do

sujeito (fator psicológico).

Para além da quantidade elevada de mecanoreceptores na ponta do dedo e no lábio

superior, o facto de esses recetores possuírem pequenos campos recetivos também

influência a nossa sensibilidade (Bear, M.F., Connors, B.W. e Paradiso, M.A., 2002, p. 402).

Na verdade, é importante para o ser humano que as pontas dos dedos possuam

muitos recetores sensoriais porque é com eles que agarramos as coisas e as conhecemos.

Mais importante ainda, estes recetores são essenciais para pessoas invisuais serem

capazes de aprender e ler em braile. O mesmo para os lábios, essenciais numa das nossas

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primeiras experiências sensoriais, a amamentação (alimentação), assim como em

demonstrações de afeto (o beijo).

Aquando da realização desta experiência, não conseguimos garantir nem controlar

eventuais fatores que possam ter influenciado as respostas de cada sujeito. Fatores como a

temperatura, a disposição da sala onde foi realizada a experiência, alimentação, cansaço e

temperatura de cada clip podem ter influenciado os sujeitos da nossa experiência. A nossa

amostra é de pequena dimensão e portanto não deverá ser generalizada mas sim usada

para complementar outros estudos.

Para concluir, nesta experiência percebemos a importância dos nossos recetores

sensoriais, e da influência que a nossa experiência pessoal pode ter no desenvolvimento

das nossas sensações. É importante referir que, os testes de discriminação de dois pontos,

podem ser importantes para descriminar uma anomalia na sensibilidade de determinada

zona do corpo.

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REFERÊNCIAS

Bear, M.F., Connors, B.W. e Paradiso, M.A. (2002). Neurociências: Desvendando o Sistema

Nervoso. (2ª edição). Porto Alegre: Artmed Editora.

Gleitman, H. (1999). Psicologia (4ª edição). Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.