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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CAMPUS NOVA IGUAÇU CURSO DE PSICOLOGIA Gláucia Lima de Magalhães Theophilo RELATÓRIO DE FUNDAMENTOS DA NEUROANATOMIA 1

Relatorio Final - Neuroanatomia

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Page 1: Relatorio Final - Neuroanatomia

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CAMPUS NOVA IGUAÇU

CURSO DE PSICOLOGIA

Gláucia Lima de Magalhães Theophilo

RELATÓRIO DE FUNDAMENTOS DA NEUROANATOMIA

Nova Iguaçu

2011

1

Page 2: Relatorio Final - Neuroanatomia

Gláucia Lima de Magalhães Theophilo

RELATÓRIO DE FUNDAMENTOS DA NEUROANATOMIA

Relatório da disciplina de

Fundamentos de Neuroanotomia, Prof°

Cristiano Cosme Nascimento Franco de

Sá para obtenção de nota parcial de AV3.

Nova Iguaçu

2011

2

Page 3: Relatorio Final - Neuroanatomia

SUMÁRIO

Pág.

Princípios de Funcionamento do Sistema Nervoso ...................................... 07

Neurônios ...................................................................................................... 10

Placa Motora ................................................................................................. 13

Sinapses e Neurotransmissores ................................................................... 14

Medula Espinal ............................................................................................. 19

Desenvolvimento do Sistema Nervoso ......................................................... 21

Coluna Vertebral – Estrutura Óssea ............................................................. 24

Disco Intervertebral ....................................................................................... 30

Ossos do Crânio ........................................................................................... 32

Meninges ...................................................................................................... 35

Vias Ascendentes e Descendentes na Medula Espinal ............................... 37

Planos Anatômicos ....................................................................................... 39

Plasticidade Neural ....................................................................................... 40

Sistema Nervoso 42

Central ................................................................................................. 43

Periférico ............................................................................................. 43

Tronco Encefálico ......................................................................................... 46

Bulbo .................................................................................................... 46

Ponte .................................................................................................... 47

Mesencéfalo ......................................................................................... 48

Cerebelo ....................................................................................................... 49

Vias Motoras Cerebelares ............................................................................ 52

Diancéfalo ..................................................................................................... 57

Tálamo .................................................................................................. 57

Epitálamo .............................................................................................. 58

Subtálamo ............................................................................................ 59

Hipotálamo ........................................................................................... 59

Telencéfalo ................................................................................................... 63

Sulcos e Giros ...................................................................................... 64

Lobos .................................................................................................... 64

Hipocampo ........................................................................................... 67

3

Page 4: Relatorio Final - Neuroanatomia

Córtex Olfativo ..................................................................................... 68

Neocórtex ............................................................................................ 68

Sistema Endócrino ........................................................................................ 71

Hipófise ................................................................................................. 72

Hipotálamo ........................................................................................... 73

Tireóide ................................................................................................. 74

Suprarrenais ......................................................................................... 74

Paratireóides ........................................................................................ 74

Pâncreas .............................................................................................. 75

Gônadas ............................................................................................... 75

Sistema Nervoso Somático e Sistema Nervoso Visceral ............................. 76

Sistema Nervoso Autônomo ......................................................................... 78

Simpático .............................................................................................. 79

Parassimpático ..................................................................................... 80

Sistema Límbico e Comportamento Emocional ............................................ 84

Nervos Cranianos ......................................................................................... 88

Nervos Raquidianos ..................................................................................... 91

Córtex Somestésico ...................................................................................... 92

==================

4

Page 5: Relatorio Final - Neuroanatomia

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Pág.

Ilustração 01 – Esquema de Arco Reflexo .................................................... 09

Ilustração 02 – Esquema de Neurônio .......................................................... 12

Ilustração 03 – Esquema de Placa Motora ................................................... 13

Ilustração 04 – Sinapse Quimica .................................................................. 18

Ilustração 05 – Corte da Medula Espinal ...................................................... 20

Ilustração 06 – Esquema de Tubo Neural .................................................... 23

Ilustração 07 – Somitos ................................................................................ 23

Ilustração 08 – Dermátomos ......................................................................... 23

Ilustração 09 – Coluna Vertebral .................................................................. 26

Ilustração 10 – 1ª Vértebra Cervical – Atlas ................................................. 27

Ilustração 11 – 2ª Vértebra Cervical – Axís .................................................. 27

Ilustração 12 – 5ª Vértebra Cervical (Vista Superior) ................................... 27

Ilustração 13 – 5ª Vértebra Torácica (Vista Superior e Lateral) ................... 28

Ilustração 14 – 4ª Vértebra Lombar (Vista Superior) .................................... 28

Ilustração 15 – 5ª Vértebra Lombar (Vista Anterior) ..................................... 28

Ilustração 16 – Sacro (Vista Posterior) ......................................................... 29

Ilustração 17 – Sacro (Vista Anterior) ........................................................... 29

Ilustração 18 – Cóccix (Vista Anterior e Posterior) ....................................... 29

Ilustração 19 – Cauda Equina ....................................................................... 31

Ilustração 20 – Esquema de Disco Intervertebral ......................................... 31

Ilustração 21 – Esquema de Hérnia de Disco ............................................... 31

Ilustração 22 – Ossos do Crânio ................................................................... 33

Ilustração 23 – Suturas Coronal, Sagital e Lambdóidea ............................... 34

Ilustração 24 – Sutura Escamosa ................................................................. 34

Ilustração 25 – Esquema de Meninges na Medula Espinal e Cerebral......... 36

Ilustração 26 – Esquema de Tratos e Fascículos ......................................... 38

Ilustração 27 – Esquema de Vias Ascendentes e Descendentes ................ 38

Ilustração 28 – Planos Anatômicos ............................................................... 39

Ilustração 29 – Esquema de Regeneração de Axônio .................................. 41

Ilustração 30 – Divisão Esquemática do Sistema Nervoso .......................... 45

Ilustração 31 – Tronco Encefálico (Vista Anterior) ........................................ 48

5

Page 6: Relatorio Final - Neuroanatomia

Ilustração 32 – Tronco Encefálico (Vista Posterior) ...................................... 48

Ilustração 33 – Esquema de Arquicerebelo, Paleocerebelo e Neocerebelo . 51

Ilustração 34 – Estruturas do Cerebelo ........................................................ 51

Ilustração 35 – Trato Córtico-Ponto-Cerebelar ............................................. 54

Ilustração 36 – Via Dento-Tálamo-Cortical ................................................... 54

Ilustração 37 – Via Córtico-Espinhal ............................................................ 55

Ilustração 38 – Via Espino-Cerebelar ........................................................... 55

Ilustração 39 – Via Interpósito-Tálamo-Cortical ........................................... 56

Ilustração 40 – Via Rubro-Espinhal .............................................................. 56

Ilustração 41 – Diancéfalo: Tálamo e Hipotálamo ........................................ 62

Ilustração 42 – Hemisférios Cerebrais ......................................................... 69

Ilustração 43 – Lobos ................................................................................... 70

Ilustração 44 – Hipocampo, Córtex Olfativo e Neocórtex ............................. 70

Ilustração 45 – Sistema Endócrino ............................................................... 75

Ilustração 46 – Esquema do Sistema Nervoso Somático e Visceral ............ 77

Ilustração 47 – Sistema Nervoso Autônomo Simpático e Parassimpático .. 83

Ilustração 48 – Circuito de Papez e Giro do Cíngulo.................................... 87

Ilustração 49 – Nervos Cranianos ................................................................ 90

Ilustração 50 – Nervo Trigêmeo (Oftálmico, Maxilar e Mandibular) .............. 90

Ilustração 51 – Nervos Raquidianos ............................................................. 91

Ilustração 52 – Via do Córtex Somatossensorial .......................................... 95

Ilustração 53 – Homúnculo Somestésico....................................................... 95

==============

6

Page 7: Relatorio Final - Neuroanatomia

Princípios de Funcionamento do Sistema Nervoso

O sistema nervoso é um conjunto de órgãos formados por um mesmo tipo de

tecido; este sistema tem a função de realizar a adaptação e interação do organismo

ao meio. O sistema nervoso recebe milhares de unidades de informação dos

diferentes órgãos sensoriais e determina a resposta a ser efetuada pelo organismo a

esses estímulos ambientais. De igual modo, recebe informações sobre o próprio

funcionamento e estado do organismo.

Formado por bilhões de células nervosas, o nosso Sistema Nervoso funciona

como uma grande rede de comunicações, em que as mensagens têm a forma de

sinais químicos e elétricos num movimento incessante pelo corpo.

Nossa medula espinhal tem a forma de um cordão com aproximadamente 40

cm de comprimento. Ocupa o canal vertebral funcionando como centro nervoso de

atos involuntários e, também, como veículo condutor de impulsos nervosos. Da

medula partem 31 pares de nervos que se ramificam. Por meio dessa rede de

nervos, a medula se conecta com as várias partes do corpo, recebendo mensagens

de vários pontos e enviando-as para o cérebro e recebendo mensagens do cérebro

e transmitindo-as para as várias partes do corpo.

O tecido nervoso é formado por células nervosas, os neurônios. A célula

nervosa é uma célula de forma estrelada, dotada de numerosos prolongamentos, o

que representa uma vantagem na condução dos impulsos do sistema nervoso. Para

exercerem tais funções, contam com três propriedades fundamentais: a irritabilidade,

a condutibilidade e a motilidade.

Irritabilidade (também denominada excitabilidade) é a capacidade que permite

a uma célula responder a estímulos, sejam eles internos ou externos.

Condutibilidade é a capacidade das células nervosas de condução do

estímulo por toda a sua extensão em grande velocidade e em um curto espaço de

tempo. Esse fenômeno deve-se à propriedade de condutibilidade, própria dos

neurônios.

Motilidade é a capacidade de gerar uma resposta e está ligada aos

movimentos dos músculos, dos órgãos, contração dos vasos sanguíneos, etc.

O tecido nervoso conduz estímulos (impulsos nervosos) que serão dirigidos

da seguinte forma:

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Page 8: Relatorio Final - Neuroanatomia

Estímulos sensitivos - da periferia do organismo para os centros nervosos

superiores através dos neurônios sensitivos que percebem o estimulo.

Estímulos motores - dos centros nervosos para a periferia do organismo

através dos neurônios motores que geram a resposta.

A todo estímulo sensitivo corresponderá sempre uma resposta motora, e este

mecanismo é denominado arco reflexo (Figura 01). O arco reflexo mais simples é

formado por:

Receptor - Recebe estímulo (ex: calor excessivo)

Condutor sensitivo (aferente) - Conduz o estímulo

Centro nervoso - Elabora a resposta (ex: afastar a mão para evitar

queimadura)

Condutor motor (eferente) - Leva o estímulo

Efetor - Executa a resposta (ex: retirada da mão da fonte do calor).

Curiosidades:

Um exemplo de substancia que é considerada um estímulo ao entrar em

contato com a pele ou qualquer outro tipo de tecido dos mamíferos é a

CAPSAICINA. O composto químico capsaicina é o componente ativo das pimentas.

É irritante para os mamíferos, incluindo os humanos, e produz uma sensação de

queimação em qualquer tecido que entre em contato. A capsaicina está presente em

grandes quantidades nas sementes e frutos carnosos das plantas do gênero

Capsicum. As sementes das plantas Capsicum, entretanto são predominantemente

dispersadas por pássaros, nos quais a capsaicina age como analgésico ao invés de

irritar. As sementes das pimentas passam através do trato digestivo dos pássaros

sem sofrer danos, enquanto as consumidas por mamíferos não germinam de modo

algum.

Experiência norte-americana mostra que substância presente na pimenta

(Capsaicina) é capaz de gerar efeito anestésico sem perdas de movimento.

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Page 9: Relatorio Final - Neuroanatomia

Figura 01 - Arco reflexo

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Page 10: Relatorio Final - Neuroanatomia

Neurônios

Cada neurônio, como toda célula, é formado por um núcleo, o citoplasma e a

membrana plasmática. No núcleo estão todas as informações genéticas que

controlam as funções da célula, e também o nucléolo, que informa o grau de

atividade da célula. Estas partes formam seu corpo celular e, além dela, cada

neurônio contém um ou mais dendritos, que são segmentos receptores e um axônio,

que é um prolongamento longo que atua como condutor do impulso nervoso. Todos

os axônios têm um início (cone de implantação), um meio (o axônio propriamente

dito) e um fim (terminal axonal ou botão terminal). O terminal axonal é o local onde o

axônio entra em contato com outros neurônios e/ou outras células e passa a

informação (impulso nervoso) para eles.

De acordo com suas funções na condução dos impulsos, os neurônios podem

ser classificados em:

Neurônios receptores ou sensitivos (aferentes): são os que recebem

estímulos sensoriais e conduzem o impulso nervoso ao sistema nervoso

central.

Neurônios motores ou efetuadores (eferentes): transmitem os impulsos

motores (respostas ao estímulo).

Neurônios associativos ou interneurônios: estabelecem ligações entre os

neurônios receptores e os neurônios motores.

De acordo com o número de suas ramificações, existem três tipos básicos de

neurônios:

Neurônios Multipolares: são os mais comuns, com muitos dendritos e um

axônio.

Neurônios Bipolares: têm um dendrito e um axônio.

Neurônios Pseudounipolares: são também chamados células em T, pois

sai do corpo celular apenas uma ramificação que se bifurca em um dendrito

e um axônio.

Neurônios Unipolares: são raros e possuem um só axônio e nenhum

dendrito.

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Page 11: Relatorio Final - Neuroanatomia

A conexão de passagem do impulso nervoso de um neurônio para a célula

adjacente chama-se Sinapse. Na comunicação entre os neurônios é liberado um

neurotransmissor de um neurônio sensitivo para um motor, que o ativará através de

seus próprios receptores, dando continuidade ao processo.

Os axônios necessitam de um isolante elétrico ao seu redor a fim de evitar

“curtos circuitos”. Esse isolante é chamado de Bainha de Mielina, que é produzida

por células auxiliares aos neurônios chamadas de Células da Glia.

São várias células da Glia que enviam prolongamentos e se enrolam em

espiral por toda a extensão do axônio, até seu destino final. Este processo é

chamado de Mielinização.

O Sistema Nervoso é dividido em: Sistema Nervoso Central (SNC), que é

formado pelo encéfalo e pela medula espinal, constituindo uma unidade funcional, e

o Sistema Nervoso Periférico (SNP), formado pelos nervos que emergem do

encéfalo e da medula, os nervos cranianos e espinais, respectivamente. As células

da glia que se encontram dentro do sistema nervoso central são chamadas de

Oligodentrócitos e são milhões.

Saindo da medula espinal formam-se diversos nervos que são chamados de

nervos espinais ou raquidianos. Cada nervo que se liga a medula em determinada

altura enerva a região próxima a esta altura. Cada nervo deste é conectado a vários

axônios e as células da glia que se encontram no sistema nervoso periférico e os

mielinizam são chamadas de Células de Schwann. Cada célula de Schwann só

mieliniza um único axônio através de um envolvimento mais amplo (abraço). No

decorrer de cada axônio várias células de Schwann o mielinizam.

Num acidente periférico as células de Schwann auxiliam na regeneração dos

axônios, porém, em um acidente que afete o sistema nervoso central, os

oligodentrócitos em vez de ajudar, acabam por prejudicar na recuperação destes

neurônios.

A bainha de mielina não é uma estrutura compacta e uniforme, ela possui

sulcos chamados de Nó de Ranvier que ajudam a acelerar a condução elétrica. Isto

se dá porque a atividade elétrica possui o chamado potencial saltatório, ou seja,

percorre o axônio em saltos, e os nós de Ranvier proporcionam uma estrutura que

acelera estes saltos elétricos (Figura 02).

As células da glia, sejam oligodentrócitos ou células de Schwann, precisam

ser bastante elásticas. Para favorecer isso a alimentação dos seres humanos deve

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Page 12: Relatorio Final - Neuroanatomia

ser rica em óleos poli-insaturados, que possuem uma alta concentração de ômega 6

e 3, substâncias que auxiliam na formação de uma bainha de mielina mais maleável.

Figura 02 - Esquema de Neurônios

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Page 13: Relatorio Final - Neuroanatomia

Placa Motora

A todo estímulo sensitivo corresponderá sempre uma resposta motora, e este

mecanismo é denominado arco reflexo, onde estão envolvidos somente dois

neurônios, um sensitivo e outro motor. Este neurônio motor, que se encontra no

interior da medula espinal, possui um axônio que vai até a fibra muscular. Ao final

deste axônio existe um terminal que se chama Botão Sináptico. Esta conexão entre

as células musculares e o botão sináptico de um neurônio motor é chamada de

Placa motora (Figura 03).

No interior deste botão sináptico há grãos microscópicos chamados de

grânulos ou vesículas e dentro deles está armazenado um neurotransmissor

denominado de Acetilcolina (Ach) que causará a contração muscular. Este processo

é chamado de Exocitose.

Em uma comunicação sináptica, seja entre neurônios ou entre neurônio e

músculo, é fundamental a presença de neurotransmissores e receptores. Desta

forma, a eficiência da contração muscular vai depender tanto da quantidade de

neurotransmissores emitida quanto da produção de receptores.

Existem diversos tipos de neurotransmissores, mas cada um com suas

funções específicas e características diferenciadas, agindo separadamente ou de

forma integrada. Alguns exemplos de neurotransmissores são: dopamina, endorfinas

e encefalinas, serotonina, GABA e glutamato.

Figura 03 - Esquema de Placa motora

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Page 14: Relatorio Final - Neuroanatomia

Sinapses e Neurotransmissores

Para o normal funcionamento do SNC é necessário que as células que o

constituem, os neurónios, se comuniquem entre si, isto é, transmitam o seu potencial

de ação. Essa comunicação faz-se através de estruturas designadas por sinapses.

Todas as nossas sensações, sentimentos, pensamentos, respostas motoras e

emocionais, a aprendizagem e a memória, a ação das drogas psico-ativas, as

causas das doenças mentais, e qualquer outra função ou disfunção do cérebro

humano não poderiam ser compreendidas sem o conhecimento do fascinante

processo de comunicação entre as células nervosas (neurônios). Os neurônios

precisam continuamente coletar informações sobre o estado interno do organismo e

de seu ambiente externo, avaliar essas informações e coordenar atividades

apropriadas à situação e às necessidades atuais da pessoa.

Como os neurônios processam essas informações? Isso ocorre

essencialmente graças aos impulsos nervosos. Um impulso nervoso é a transmissão

de um sinal codificado de um estímulo dado ao longo da membrana do neurônio, a

partir de seu ponto de aplicação. Os impulsos nervosos podem passar de uma célula

a outra, criando assim uma cadeia de informação dentro de uma rede de neurônios.

Dois tipos de fenômenos estão envolvidos no processamento do impulso

nervoso: os elétricos e os químicos. Os eventos elétricos propagam o sinal dentro de

um neurônio, e os eventos químicos transmitem o sinal de neurônio a outro ou para

uma célula muscular. O processo químico de interação entre os neurônios e entre os

neurônios e células efetoras acontecem na terminação do neurônio, em uma

estrutura chamada sinapse. Aproximando-se do dendrito de outra célula (mas sem

continuidade material entre ambas as células), o axônio libera substâncias químicas

chamadas neurotransmissores, que ligam-se aos receptores químicos do neurônio

seguinte e promove mudanças excitatórias ou inibitórias em sua membrana (Figura

04).

Portanto, os neurotransmissores possibilitam que os impulsos nervosos de

uma célula influencie os impulsos nervosos de outro, permitindo assim que as

células do cérebro "conversem entre si", por assim dizer. O corpo humano

desenvolveu um grande número desses mensageiros químicos para facilitar a

comunicação interna e a transmissão de sinais dentro do cérebro.

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Page 15: Relatorio Final - Neuroanatomia

Quando tudo funciona adequadamente, as comunicações internas acontecem

sem que sequer tomemos consciência delas. Uma compreensão da transmissão

sináptica é a chave para a o entendimento das operações básicas do sistema

nervoso a nível celular. O sistema nervoso controla e coordena as funções corporais

e permite que o corpo responda, e aja sobre o meio ambiente. A transmissão

sináptica é o processo chave na ação interativa do sistema nervoso

Sinapse: O ponto de encontro entre neurônios

Dado que os neurônios formam uma rede de atividades elétricas, eles de

algum modo têm que estar interconectados. Quando um sinal nervoso, ou impulso,

alcança o fim de seu axônio, ele viajou como um potencial de ação ou pulso de

eletricidade. Entretanto, não há continuidade celular entre um neurônio e o seguinte;

existe um espaço chamado sinapse. As membranas das células emissoras e

receptoras estão separadas entre si pelo espaço sináptico, preenchido por um fluido.

O sinal não pode ultrapassar eletricamente esse espaço. Assim, substâncias

químicas especias, chamadas neurotransmissores, desempenham esse papel. Elas

são liberadas pela membrana emissora pré-sináptica e se difundem através do

espaço para os receptores da membrana do neurônio receptor pós-sináptico. A

ligação dos neurotransmissores para esses receptores tem como efeito permitir que

íons (partículas carregadas) fluam para dentro e para fora da célula receptora.

A direção normal do fluxo de informação é do axônio terminal para o neurônio

alvo, assim o axônio terminal é chamado de pré-sináptico (conduz a informação para

a sinapse) e o neurônio alvo é chamado de pós-sináptico (conduz a informação a

partir da sinapse).

A sinapse típica, e a mais frequente, é aquela na qual o axônio de um

neurônio se conecta ao segundo neurônio através do estabelecimento de contatos

normalmente de um de seus dendritos ou com o corpo celular. Existem duas

maneiras pelas quais isso pode acontecer: as sinapses elétricas e as sinapses

químicas.

A maioria das sinapses dos mamíferos são sinapses químicas, mas existe

uma forma simples de sinapse elétrica que permite a transferência direta da corrente

iônica de uma célula para a célula seguinte. As sinapses elétricas ocorrem em locais

especializados chamados junções. Elas formam canais que permitem que os ions

passem diretamente do citoplasma de uma célula para o citoplasma da outra. A

transmissão nas sinapses elétricas é muito rápida; assim, um potencial de ação no

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Page 16: Relatorio Final - Neuroanatomia

neurônio pré-sináptico, pode produzir quase que instantaneamente um potencial de

ação no neurônio pós-sináptico. Sinapses elétricas no sistema nervoso central de

mamíferos são encontradas principalmente em locais especiais onde funções

normais exigem que a atividade dos neurônios vizinhos seja altamente sincronizada.

Embora as junções sejam relativamente raras entre os neurônios de mamíferos

adultos, eles são muito comuns em uma grande variedade de células não neurais,

inclusive as células do músculo liso cardíaco, células epiteliais, algumas células

glandulares, glia, etc.

Na sinapse química o sinal de entrada é transmitido quando um neurônio

libera um neurotransmissor na fenda sináptica, o qual é detectado pelo segundo

neurônio através da ativação de receptores situados do lado oposto ao sítio de

liberação. Os neurotransmissores são substâncias químicas produzidas pelos

neurônios e utilizadas por eles para transmitir sinais para outros neurônios ou para

células não-neuronais (por exemplo, células do músculo esquelético, miocárdio,

células da glândula pineal) que eles inervam. A ligação química do neurotransmissor

aos receptores causa uma série de mudanças fisiológicas no segundo neurônio que

constituem o sinal. Normalmente a liberação do primeiro neurônio (chamado pré-

sináptico) é causado por uma série de eventos intracelulares evocados por uma

despolarização de sua membrana, e quase que invariavelmente quando um

potencial de ação é gerado.

Sinapses excitatórias causam uma mudança elétrica excitatória no potencial

pós-sináptico Isso acontece quando o efeito líquido da liberação do transmissor é

para despolarizar a membrana, levando-o a um valor mais próximo do limiar elétrico

para disparar um potencial de ação. Esse efeito é tipicamente mediado pela abertura

dos canais da membrana, tipos de poros que atravessam as membranas celulares

para os íons cálcio e potássio. As sinapses inibitórias causam um potencial pós-

sináptico inibitório porque o efeito líquido da liberação do transmissor é para

hiperpolarizar a membrana, tornando mais difícil alcançar o potencial de limiar

elétrico. Esse tipo de sinapse inibitória funciona graças à abertura de diferentes

canais de ions na membranas: tipicamente os canais cloreto (Cl-) ou potássio (K+).

Uma única célula nervosa normalmente tem centenas ou milhares de

sinapses químicas excitatórias e inibitórias que chegam em seus dendritos ou corpo

celular. As sinapses químicas excitatórias e inibitórias somam-se de modo que a

curva resultante podem inclinar-se para uma despolarização líquida ou uma

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Page 17: Relatorio Final - Neuroanatomia

hiperpolarização. Se a despolarização líquida alcançar o valor limiar, a célula pós-

sináptica dispara potenciais de ação.

As sinapses no sistema nervoso central variam. Diferentes tipos de sinapses

podem ser diferenciados pelo critério de qual parte do neurônio é pós-sináptico em

relação ao axônio teminal. Se a membrana pós-sináptica está em um dendrito, a

sinapse é chamada axo-dendrítica. Se a membrana pós-sinpática está no corpo

celular, a sinapse é chamada axo-somática. Em alguns casos a membrana pós-

sináptica está em um outro axônio, e essas sinapses são chamadas axo-axônicas.

Em determinados neurônios especializados, os dendritos formam, na realidade,

sinapses entre si, essas são as chamadas sinapses dendro-dendríticas.

Neurotransmissores: Mensageiros do Cérebro

Quimicamente, os neurotransmissores são moléculas relativamente pequenas

e simples. Diferentes tipos de células secretam diferentes neurotransmisores. Cada

substância química cerebral funciona em áreas bastante espalhadas, mas muito

específicas do cérebro e podem ter efeitos diferentes dependendo do local de

ativação. Cerca de 60 neurotransmissores foram identificados e podem ser

classificados, em geral em uma das quatro categorias.

Colinas: das quais a acetilcolina é a mais importante;

Aminas Biogênicas: a serotonina, a histamina, e as catecolaminas - a

dopamina e a norepinefrina

Aminoácidos: o glutamato e o aspartato são os transmissores excitatórios

bem conhecidos, enquanto que o ácido gama-aminobutírico (GABA), a

glicina e a taurine são neurotransmissores inibidores.

Neuropeptídeos: esses são formados por cadeias mais longas de

aminoácidos (como uma pequena molécula de proteína). Sabe-se que mais

de 50 deles ocorrem no cérebro e muitos deles têm sido implicados na

modulação ou na transmissão de informação neural.

Principais Neurotransmissores e suas funções:

Dopamina - Controla níveis de estimulação e controle motor em muitas

partes do cérebro. Quando os níveis estão extremamente baixos na

doença de Parkinson, os pacientes são incapazes de se mover

volutáriamente. Presume-se que o LSD e outras drogas alucinógenas ajam

no sistema da dopamina.

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Page 18: Relatorio Final - Neuroanatomia

Serotonina - Esse é um neurotransmissor que é incrementado por muitos

antidepressivos tais com o Prozac, e assim tornou-se conhecido como o

'neurotransmissor do 'bem-estar'. ' Ela tem um profundo efeito no humor,

na ansiedade e na agressão.

Acetilcolina (ACh) - A acetilcolina controla a atividade de áreas cerebrais

relaciondas à atenção, aprendizagem e memória. Pessoas que sofrem da

doença de Alzheimer apresentam tipicamente baixos níveis de ACTH no

córtex cerebral, e as drogas que aumentam sua ação podem melhorar a

memória em tais pacientes.

Noradrenalina - Principalmente uma substância química que induz a

excitação física e mental e bom humor. A produção é centrada na área do

cérebro chamada de locus coreuleus, que é um dos muitos candidatos ao

chamado centro de "prazer" do cérebro. A medicina comprovou que a

norepinefrina é uma mediadora dos batimentos cardíacos, pressão

sanguínea, a taxa de conversão de glicogênio (glucose) para energia,

assim como outros benefícios físicos.

Glutamato - O principal neurotransmissor excitante do cérebro, vital para

estabelecer os vínculos entre os neurônios que são a base da

aprendizagem e da memória a longo prazo.

Encefalinas e Endorfinas - Essas substâncias são opiáceos que, como as

drogas heroína e morfina, modulam a dor, reduzem o estresse, etc. Elas

podem estar envolvidas nos mecanismos de dependência física.

Figura 04 – Sinapse Química

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Page 19: Relatorio Final - Neuroanatomia

Medula Espinal

A medula espinal é a porção alongada do sistema nervoso central, que se

inicia logo abaixo do bulbo atravessando o canal das vértebras, estendendo-se até a

primeira ou segunda vértebra lombar, atingindo entre 44 e 46 cm de comprimento.

Da ponta da medula sai um filamento terminal, que vai até o cóccix. A medula

espinhal tem a forma de um cordão arredondado e dela se originam 31 pares de

nervos espinhais. (Figura 05).

A medula possui uma parte chamada de substância branca, que é constituída

principalmente por fibras mielínicas onde os axônios se encontram em vias

ascendentes ou descendentes para os centros superiores ou inferiores. Também

possui uma parte denominada de substância cinzenta onde não há mielina, e

apresenta a forma da letra H, e lá estão localizados os neurônios motores.

A medula espinal tem a função de: conduzir impulsos nervosos das regiões

do corpo até o encéfalo, produzir impulsos e coordenar atividades musculares e

reflexos.

Os ossos da coluna vertebral se encaixam de tal maneira que haja uma

flexibilidade, mas, que também mantenha a estabilidade da medula. A coluna

vertebral se divide em: cervical, torácica, lombar, sacral e coccígea. Entre uma

vértebra e outra, com exceção da região sacral e o cóccix, sai um ramo ou raiz

nervosa para cada lado do corpo, que é chamado de nervo espinal ou raquidiano.

Na medula espinal, ao redor de cada neurônio, estão situadas células da glia,

cuja função além da produção da bainha de mielina, é a de agir no controle do

ambiente, proteção, alimentação e outras necessidades da célula.

Existem vasos sanguíneos capilares no interior da medula espinal que levam,

via sangue, oxigênio e nutrição a este ambiente. Ao redor destes vasos capilares há

células da glia que não deixam passar qualquer substância nociva do sangue para o

neurônio. Elas possuem um terminal que se liga ao vaso sanguíneo e outro para o

neurônio, filtrando o que deve ou não chegar ao neurônio. Estes terminais que

fazem o intercâmbio entre o capilar e o neurônio são chamados de Astrócitos.

Um axônio, dependendo do nível de estimulação em cada indivíduo, pode

gerar diversos outros prolongamentos se conectando a neurônios diferenciados.

Quanto mais estímulos, maior a formação de sinapses químicas.

19

Page 20: Relatorio Final - Neuroanatomia

Há um neurônio com um formato aproximado de pera que se chama Piriforme

ou Neurônio de Purkinje, que está presente no cerebelo. Já os neurônios específicos

do córtex cerebral, que possuem um formato triangular, são chamados de Neurônios

Piramidais.

Figura 05 - Corte da Medula Espinal

20

Page 21: Relatorio Final - Neuroanatomia

Formação do Sistema Nervoso (Embriologia)

Um novo ser se inicia de uma interação genética, onde há uma união de

gametas com 50% originários do pai (sexo masculino) e 50% da mãe (sexo

feminino). A cada ciclo menstrual a mulher libera um óvulo que contém material

genético. A união deste óvulo com um espermatozoide, também repleto de material

genético, forma uma nova célula, uma nova vida. Este momento é chamado de

fecundação, e a nova célula chama-se ovo ou zigoto. A partir daí ocorrerão diversas

divisões celulares até se formar um novo e completo indivíduo.

O Processo da Fecundação e Ciclo Menstrual pode ser assim organizado:

1º Dia do Ciclo Menstrual - Desce a menstruação.

14º Dia do Ciclo Menstrual – Ovulação (liberação do óvulo). Caso não haja

fecundação continua o ciclo menstrual normalmente até a descida da próxima

menstruação no 28º Dia.

1º Dia / Fecundação - Se houver encontro deste óvulo liberado com um

espermatozoide origina-se a fecundação e este passa a ser o 1º dia do novo

processo.

7º Dia (após a Fecundação) – Depois da fecundação o zigoto vai procurar se

prender a parede do útero, este processo é denominado de Nidação. Nesta época é

possível que a mulher tenha uma falsa menstruação, pois o zigoto, ao escavar a

parede uterina para se fixar, pode causar um pequeno sangramento com o

rompimento de algum vaso sanguíneo. Neste período o zigoto é uma estrutura de

células que lembra uma bola de futebol, ou seja, as células se agrupam formando

uma estrutura esférica microscópica com gomos externos e, em um dos seus polos,

há uma massa interior composta de células-tronco embrionárias. Essas células

podem se transformar posteriormente em qualquer tipo de célula ou tecido, sejam

ossos, pele, órgãos, cartilagem, músculos, veias, etc.

14º Dia (após a Fecundação) – Esta massa de células esférica se organiza

então numa estrutura laminar composta por dois grupos de células, uma em cima e

outra embaixo. As células começam então a reconhecer a sua posição espacial e

forma-se uma espécie de linha, que dará origem a coluna vertebral, chamada de

linha primitiva. Esta linha gera, em consequência, uma orientação inicial de

lateralidade entre direito e esquerdo. Neste período forma-se também a dobra

21

Page 22: Relatorio Final - Neuroanatomia

cefálica, que é um conjunto maior de células reunidas na região anterior, com

crescimento acentuado e orientação, a fim de formar, posteriormente, a zona cranial

e cerebral. Junto com essas organizações, na região posterior, esta se formando

também uma estrutura caudal. Todas estas orientações são transmitidas

geneticamente, ou seja, a partir da liberação de substâncias químicas que orientam

as células a se posicionarem e se alinharem de uma determinada forma ou em

outra, conforme as necessidades do corpo do organismo em desenvolvimento.

Neste momento inicial o zigoto ainda está dividido em duas metades e será o

crescimento e formação do sistema nervoso que induzirá ao futuro fechamento do

corpo. Nessa linha primitiva surge a formação de um tubo interior, chamado de tubo

neural (Figura 06). Ele começa aberto e vai gradativamente se fechando.

21º Dia (após a Fecundação) – Após a fusão do tubo neural, a estrutura antes

plana, começa a ser mais organizada.

28º Dia (após a Fecundação) – Nesta época o fechamento do tubo neural já

se concluiu dando uma ideia remota e disforme do organismo em formação. O tubo

neural se estende desde a cauda neural até a região cefálica, onde há uma maior

concentração de células. Apesar de já se encontrar totalmente fechado, o tubo

neural ainda não está maduro. Começa a ocorrer o surgimento de divisões e

protuberâncias por todo o tubo neural, que são chamadas de somitos (Figura 07).

Posteriormente estas estruturas darão origem às vértebras da coluna e as raízes

nervosas ligadas à medula espinal. Serão os somitos que irão gerar a organização

de cada raiz nervosa que depois, no indivíduo já formado (a partir de oito semanas

de fecundação), vão inervar determinada área cutânea e passam a se chamar

dermátomos (derme=pele / átomos=divisão). Essa inervação dos dermátomos se

estende por todo o corpo e faz a relação da coluna vertebral com uma altura e parte

do corpo, por exemplo, Vértebras: C3 - pescoço, C4 – ombro, T4 e T5 – mamilos,

T10 – umbigo (Figura 08).

8 Semanas (após a Fecundação) – O zigoto recebe uma nova denominação,

passando a ser chamado de feto. Já possui uma organização e estruturação bem

melhor, com a existência de neurônios sensitivos e motores, ossos do crânio em

desenvolvimento, órgãos se formando e membros se expandindo, por exemplo.

22

Page 23: Relatorio Final - Neuroanatomia

Figura 06 -. Tubo neural inicialmente aberto Figura 07 - Somitos

Figura 08 - Dermátomos

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Page 24: Relatorio Final - Neuroanatomia

Coluna Vertebral - Estrutura Óssea

A coluna vertebral é constituída pela superposição de uma série de ossos

isolados denominados vértebras. Superiormente, se articula com o osso occipital

(crânio); inferiormente, articula-se com o osso do quadril (Ilíaco). A coluna vertebral

é dividida em quatro regiões: Cervical, Torácica, Lombar e Sacro - Coccígea.

São 07 vértebras cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e cerca de 4

coccígeas.

Estruturas das Vértebras

Estas estruturas descritas a seguir são encontradas em quase todas as

vértebras (com exceção da 1ª e da 2ª vértebras cervicais) e servem como meio de

diferenciação destas com os demais ossos do esqueleto.

Todas as vértebras apresentam 08 elementos básicos:

Corpo: É a maior parte da vértebra. É único e mediano e está voltado

para frente (anterior e ventral).é representado por um segmento cilindro,

apresentando uma face superior e outra inferior. Função: Sustentação.

Arco Vertebral – O conjunto contendo um forame vertebral por onde

passa a medula espinal e sete processos vertebrais (espinhosos, transversos e

articulares).

Processo Espinhoso: É a parte do arco vertebral que se situa

medialmente e posteriormente, ou seja, na parte de trás da vértebra (posterior e

dorsal) e é ligeiramente voltado para baixo. Função: Movimentação.

Processos Transversos: São 02 prolongamento laterais, direito e

esquerdo, que se projetam transversalmente de cada lado do ponto de união do

pedículo com a lâmina e possuem superfícies articulares. Função:

Movimentação.

Processos Articulares: São em número de quatro, dois superiores e

dois inferiores. São saliências que se destinam à articulação das vértebras

entre si. Função: Obstrução.

Lâminas: São duas lâminas, uma direita e outra esquerda, que ligam

o processo espinhoso ao processo transverso. Função: Proteção.

Pedículos: São partes mais estreitadas, que ligam o processo

transverso ao corpo vertebral. Função: Proteção.

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Page 25: Relatorio Final - Neuroanatomia

Forame Vertebral: Situado posteriormente ao corpo e limitado lateral

e posteriormente pelo arco vertebral, ou seja, está no meio de cada vértebra e

é um orifício por onde passa a medula espinal. Função: Proteção

Dependendo da localização da vértebra na coluna, a disposição e estrutura

óssea da vértebra são diferentes. Por exemplo: A primeira vértebra (C1) é chamada

de Atlas. Ela não possui corpo vertebral e nem processo espinhoso, mas possui

forame transversário. No seu arco vertebral há uma articulação chamada Fóvea do

Dente que tem um encaixe perfeito com um dente da 2ª vértebra. Já a segunda

vértebra (C2) é chamada de Axis. Ela também não possui corpo vertebral, mas tem

uma estrutura que lembra um dente, que fica para cima e para frente, e é

responsável pela mobilidade da cabeça, agindo como um pivô.

O forame magno se encontra no osso inferior do crânio e ao seu redor está

localizada a articulação que se encaixa na primeira vértebra, através dele a cavidade

craniana se comunica com o canal vertebral e passa a medula espinal.

Os forames transversários são orifícios laterais que existem nas vértebras

cervicais (em ambos os lados) que deixam passar uma artéria para a região

cerebral. Na coluna cervical, exceto na última vértebra, há uma ligeira bifurcação no

processo espinhoso (Bífido).

Nas vértebras torácicas o processo espinhoso é mais afilado e os processos

transversos possuem articulações (superfícies articulares) para encaixe e conexão

com os ossos da costela que formam o tórax. Estas articulações são chamadas de

Fóvea Costal.

A vértebra lombar possui um corpo vertebral maior a fim de suportar melhor o

peso do corpo e seu processo espinhoso não é tão afilado.

O corpo da vértebra lombar vai se encaixar e apoiar na parte superior do

Sacro, numa estrutura denominada de Base. Além dela o sacro possui outra região

mais alongada e curvada, situada na parte inferior e próxima ao cóccix, que se

chama ápice. No ápice existem diversos forames, se dividindo para frente e para

trás, que servem para passar a inervação dos membros inferiores. Também no

sacro existe um canal central denominado de Canal Sacral por onde passa a Cauda

Equina (A medula espinal só vai até a altura da vértebra L1; abaixo dela existe um

conjunto de raízes nervosas centrais, chamada de Cauda Equina – onde há

somente a camada da meninge chamada dura-máter e o espaço subaracnóideo –

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Page 26: Relatorio Final - Neuroanatomia

que se unem e se conectam a medula espinal a partir da vértebra L2). Há ainda a

Crista Sacral Mediana que se localiza na parte posterior do sacro. A princípio as

vértebras sacrais não estão unidas e só começam a se fundir a partir dos 16 anos

até os 30, quando o indivíduo perde esta articulação e as vértebras se curvam para

frente.

(Seguem figuras ilustrativas e especificações da coluna vertebral e principais

vértebras – Figuras 09 a 18).

Figura 09 – Coluna Vertebral

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Page 27: Relatorio Final - Neuroanatomia

Primeira Vértebra Cervical - Vista Superior

Figura 10 - 1ª Vértebra Cervical – Atlas – Vista Superior

01 – Processo transverso / 02 - Forame transversário / 03 – Tubérculo / posterior / 04 - Arco

posterior / 05 - Arco anterior / 06 - Tubérculo anterior / 07 - Fóvea do dente / 08 – Face articular

superior / 09 – Forame vertebral

Segunda Vértebra Cervical - Vista Póstero - Superior

Figura 11 - 2ª Vértebra Cervical – Áxis – Vista Póstero-Superior01 –Corpo vertebral 02 – Processo transverso / 03 – Forame transversário / 04 – Processo

espinhoso bífido /05 –Processo articular superior /06 –Arco vertebral 07 –Forame vertebral /08 –Dente

Quinta Vértebra Cervical

Figura 12 – 5ª Vértebra Cervical – Vista Superior

01 – Corpo da vértebra / 02 – Tubérculo anterior do processo transverso / 03 – Tubérculo posterior do

processo transverso / 04 – Processo articular superior / 05 – Forame transversário / 06 – Processo

espinhoso bífido / 07 – Lâmina / 08 – Forame vertebral

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Page 28: Relatorio Final - Neuroanatomia

Vértebra Torácica

Figuras 13 – Características Estruturais tendo como exemplo a 5ª Vértebra Torácica

Vista Superior e Lateral

01 – Corpo da vértebra / 02 – Processo transverso / 03 – Fóvea costal do processo transverso / 04 –

Processo espinhoso / 05 – Processo articular superior / 06 – Forame vertebral / 07 – Pedículo

Vértebra Lombar

Figuras 14 - 4ª Vértebra Lombar - Vista Superior Figura 15 – 5ª Vértebra Lombar - Vista Anterior

01 – Corpo da vértebra / 02 – Processo transverso / 03 – Forame vertebral / 04 – Processo espinhoso

/ 05 – Processo mamilar / 06 – Processo articular superior / 07 – Pedículo

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Page 29: Relatorio Final - Neuroanatomia

Osso Sacro

Face Dorsal

Figura 16 - Sacro - Vista Posterior01 – Canal sacral / 02 – Processo articular superior / 03 – Crista sacral mediana / 04 – Crista sacral

medial / 05 – Crista sacral lateral / 06 – Corno sacral / 07 – Hiato sacral

Face Pélvica

Figura 17 - Sacro - Vista Anterior01 – Promontório / 02 – Asa do sacro / 03 – Parte lateral / 04 – Forame sacral / 05 – Vértebras sacrais

/ 06 – Linhas transversas /

Cóccix

Fusão de 3 a 5 vértebras e apresenta a base voltada para cima e o ápice para baixo. O cóccix apresenta algumas estruturas: Cornos Coccígeos / Processos Transversos Rudimentares /

Processos Articulares Rudimentares / Corpos

Figura 18 – Cóccix – Vista Anterior e Posterior

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Page 30: Relatorio Final - Neuroanatomia

Disco Intervertebral

No início da formação do sistema nervoso todos os ossos da coluna e a

medula espinal estão do mesmo tamanho numa posição paralela entre as raízes

nervosas e a altura das vértebras. E continuam neste crescimento nivelado e

correspondente até o 4º mês de gestação. Daí em diante os ossos vertebrais

possuem um crescimento mais acelerado que do que a medula (que interrompe seu

crescimento), gerando uma angulação das raízes nervosas e a necessidade do

surgimento da cauda equina a fim de realizar as devidas conexões nervosas com a

medula (Figura 19).

A coluna vertebral possui entre uma vértebra e outra uma formação que age

como amortecedor e que é repleta de fibras e colágeno. Esta estrutura é chamada

de Disco Intervertebral. Cada disco, dependendo do esforço físico e do decorrer do

tempo, podem enfraquecer e se romper. A região central de cada disco, chamada de

núcleo pulposo, é mais fluida e cercada por anéis fibrosos que, após compressão

excessiva pode gerar uma hérnia (escape do núcleo pulposo), chamada de hérnia

de disco, afetando uma raiz nervosa específica. A partir da região e da altura da dor,

os médicos podem ter noção da vértebra afetada (Figuras 20 e 21). Em cada altura

há um arco reflexo e também informações sensitivas e motoras em movimentos

ascendentes e descendentes. Dependendo do tipo de acidente e até mesmo se há

ou não rompimento da medula espinal, pode haver a interrupção dessas

informações sensitivas. Apesar do rompimento total da medula o arco reflexo

continua funcionando, no entanto, a transmissão da informação não ocorre,

impedindo movimentos e sensibilidade.

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Page 31: Relatorio Final - Neuroanatomia

Figura 19 – Cauda Equina

Figuras 20 e 21 - Esquemas dos discos intervertebrais e hérnia de disco

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Page 32: Relatorio Final - Neuroanatomia

Ossos do Crânio

Os ossos do crânio são unidos firmemente para proteger o encéfalo que fica

situado na parte mais alta do corpo humano, sustentado pela coluna cervical, tendo

um formato oval e levemente maior na parte posterior do que na frontal. O esqueleto

do crânio pode ser dividido em 02 partes distintas: Calvária e Assoalho. A calvária é

a parte superior do crânio e é composta pelos ossos Frontal (01), Parietal (02) –

direito e esquerdo e Occipital (01). O assoalho é a base do crânio e é formado pelos

ossos Temporal (02) – direito e esquerdo, Esfenóide (01) e Etmóide (01). Na face

humana ainda há um total de 14 ossos, sendo 06 pares e 02 ímpares, como, por

exemplo, o osso Zigomático, que possuem forma achatada e quadrangular,

formando as “maçãs do rosto” (Figura 22).

Ossos da Calvária

O osso Frontal encontra-se na parte anterior e superior do crânio. Os ossos

parietais, um de cada lado do crânio, tem uma forma quadrangular e constituem as

paredes laterais superiores do crânio. O osso occipital se encontra situado na parte

posterior do crânio, formando parte de sua base e possui no centro o forame magno

e, ao redor deste, na parte inferior e exterior, uma formação óssea chamada de

côndilo occipital que apresenta forma oval e se articula com a 1ª vértebra cervical.

Ossos do Assoalho

Os ossos temporais formam as laterais do crânio (ínfero-lateralmente),

possuem forma irregular e contém parte do canal auditivo, ouvido médio e interno. O

osso Esfenóide é um osso ímpar que se encontra situado na linha média da base do

crânio, apresentando a forma de um “morcego”. O osso Etmóide é leve e esponjoso,

de reduzida dimensão, encontra-se na parte anterior do crânio, a frente do esfenoide

e entre as duas órbitas formando parte da parede superior da cavidade nasal.

Suturas do Crânio

Uma sutura craniana é uma junção imóvel entre ossos do crânio. Antes do

nascimento estas suturas são flexíveis e os ossos do crânio do feto também o são,

ou seja, podem se expandir para acompanhar a expansão cerebral. Também é fato

que o crânio ser maleável permite a movimentação do feto através do canal vaginal

durante o parto. Mesmo após o nascimento, estas suturas continuam flexíveis e vão

perdendo a flexibilidade ao longo do tempo. Aproximadamente entre 02 ou 03 anos

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Page 33: Relatorio Final - Neuroanatomia

de idade, como o tamanho do cérebro não se altera muito mais até à fase adulta, a

estrutura craniana torna-se rígida.

As principais suturas craniais são: Coronal (01), Sagital (01), Lambdóidea

(01), Escamosa (02) e Frontal (01). A sutura coronal localiza-se na parte superior do

crânio entre o osso frontal e os parietais, a sutura sagital entre os 02 ossos parietais,

a sutura lambdóidea entre os ossos parietais e o occipital, as suturas escamosas,

direita e esquerda, entre o osso parietal e o temporal na parte lateral do crânio e a

sutura frontal une as duas metades do osso frontal do crânio se calcificando de tal

forma que faz a esta sutura desaparecer por volta dos 8 anos de idade; existe ainda

a sutura metópica, que é a parte remanescente da sutura frontal que permanece em

cerca de apenas 8% da população (Figuras 23 e 24).

Figura 22 – Ossos do Crânio

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Page 34: Relatorio Final - Neuroanatomia

Figura 23 – Suturas Coronal, Sagital e Lambdóidea

Figura 24 – Sutura Escamosa

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Page 35: Relatorio Final - Neuroanatomia

Meninges

As meninges são três delicadas membranas que revestem e protegem o

Sistema Nervoso Central, ou seja, o encéfalo e a medula espinal. Estas membranas

são: Pia-Máter, Aracnóide e Dura-Máter. A Dura-máter é a meninge mais superficial,

espessa e resistente, formada por tecido conjuntivo muito rico em fibras colágenas,

contendo nervos e vasos, sendo ricamente inervada. A Aracnóide é uma membrana

muito delgada justaposta à dura-máter e se separa da pia-máter pelo espaço

subaracnóide que contém um líquido aquoso, límpido, cristalino, e inodoro, cuja

função é proteger o SNC amortecendo contra choques, chamado de Líquor ou

líquido cerebroespinal (LCR); considera-se também como pertencendo à aracnóide

as delicadas trabéculas, que são estruturas que atravessam o espaço subaracnóide

para se ligar a pia-máter e se parecem com teias de aranha, donde vem o nome

aracnóide. A Pia-máter é a mais fina e interna das meninges que se adere

intimamente à superfícia do encéfalo e da medula, recendo em sua porção mais

profunda numerosos prolongamentos dos astrócitos do tecido nervoso (Figura 25).

Entre as meninges e o forame vertebral existe um vão chamado de Espaço

Peridural, que é repleto de tecido conjuntivo e adiposo, tendo a função de amortecer

e proteger a medula, impedindo que ela se encoste diretamente na vértebra. No

entanto, no crânio, em virtude da aderência da dura-máter aos ossos, não existe

este espaço como no caso da medula.

A infecção das meninges tem o nome de meningite, podendo ser causada por

vírus, fungos ou bactérias. Para confirmação do diagnóstico é necessário um exame

chamado de pulsão lombar, que é a retirada e análise do líquor para detectar se há

ou não infecção.

Através da administração de medicamentos obtemos anestesia de apenas

algumas áreas do corpo, é a chamada Anestesia Regional. O anestésico pode ser

injetado em 02 regiões diferentes, ou no espaço peridural ou no espaço

subaracnóide. As diferenças entre raqui e peridural, são as quantidades totais de

anestésicos, o local onde cada anestésico é administrado e o tipo de agulha

utilizada. Ambas têm vantagens e desvantagens.

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Page 36: Relatorio Final - Neuroanatomia

Figura 25 – Meninges

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Page 37: Relatorio Final - Neuroanatomia

Vias Ascendentes e Descendentes na Medula Espinal

A raiz nervosa posterior é o local por onde as informações sensitivas entram

na medula, e a raiz nervosa anterior é o local por onde a informação motora sai da

medula espinal. Estas duas raízes nervosas se unem numa estrutura chamada de

glânglio vertebral, sendo onde os corpos celulares dos neurônios sensitivos ficam

localizados, remetendo seu axônio até o interior da medula. Após a entrada na

medula o axônio se bifurca. O ramo principal permanece na medula, liberando os

neurotransmissores que se responsabilizam pela resposta do arco-reflexo. O ramo

colateral se insere numa estrutura chamada de Trato ou Fascícula, que é um

caminho por onde as informações sobem até o encéfalo, ou descem dele, em

movimentos ascendentes e descendentes através dos axônios. Estes Tratos ou

Fascículos ficam localizados na substância branca da medula espinal.

Para que as informações de tato, por exemplo, atinjam o encéfalo existem

duas vias distintas: Fásciculo Gracial, responsável por estímulos da metade da

coluna vertebral para baixo, e a Fascículo Cuneiforme, responsável por estímulos da

metade da coluna para cima. Estes fascículos, nas informações de tato, sobem pelo

mesmo lado do corpo onde ocorreu o estímulo até a altura do forame magno onde

trocam de lado para alcançar o encéfalo adequadamente. Já para as informações de

dor existe uma via chamada de Espinotalâmica ou Espino-tálamo, do outro lado da

medula que então remete a informação acima até chegar ao encéfalo, ou seja, a

informação de dor troca de lado imediatamente na altura de onde se recebeu o

estímulo para só depois ascender.

Existem ainda diversos outros tratos e fascículos no interior da substância

branca da medula, cada qual com sua função específica, a fim de organizar estas

vias ascendentes e descendentes (Figuras 26 e 27).

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Page 38: Relatorio Final - Neuroanatomia

Figura 26 – Tratos e Fascículos

Figura 27 – Vias Ascendentes e Descendentes

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Page 39: Relatorio Final - Neuroanatomia

Planos Anatômicos

A posição anatômica é uma convenção adotada em anatomia para descrever

as posições espaciais dos órgãos, ossos e demais componentes do corpo humano.

Na posição anatômica, o corpo estudado deve ficar ereto (de pé), calcanhares

unidos, com os olhos voltados para o horizonte, os pés também apontados para

frente e perpendiculares ao restante do corpo, braços estendidos e aplicados ao

tronco e com as palmas das mãos voltadas para frente (os dedos estendidos e

unidos). O corpo humano na posição anatômica pode ser dividido conceitualmente

em planos.

O plano sagital (ou mediano) é um plano vertical que passa através do eixo

mais longo que cruza o corpo, dos pés até a cabeça; este plano separa o corpo em

lados direito e esquerdo. O plano coronal é também um plano vertical que passa

pelo eixo maior (dos pés à cabeça), mas é perpendicular ao plano mediano,

separando a frente do corpo (plano frontal), ou ventre, da parte de trás (plano

posterior), ou dorso. O plano transverso, horizontal ou axial atravessa o eixo menor

do corpo, do dorso até o ventre, isto é, da posição posterior para a anterior. Divide a

estrutura atravessada em porções superior e inferior (Figura 28).

Figura 28 – Planos Anatômicos

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Page 40: Relatorio Final - Neuroanatomia

Plasticidade Neural

A plasticidade neural é a propriedade do sistema nervoso que permite o

desenvolvimento de alterações estruturais em resposta à experiência, e como

adaptação a condições mutantes e a estímulos repetidos.

Explicando: o sistema nervoso, em seu desenvolvimento, cada vez mais

necessita de neurônios realizando conexões com outros neurônios. Para que o

axônio de um neurônio cresça e se ramifique na direção exata, é preciso que outros

neurônios anteriores, já formados, guiem o caminho para este axônio se conectar.

Isto ocorre com a liberação, pelos neurônios já existentes, de uma substância

química chamada Fator de Crescimento Neuronal - NGF - que atraem o referido

axônio. O Fator de Crescimento Neural é uma proteína responsável por estimular o

desenvolvimento e garantir a sobrevivências das células neurais do sistema nervoso

central e periférico.

O nome desta capacidade do axônio se desenvolver somente na direção do

NGF é a Plasticidade Neural. Se por acaso um neurônio qualquer estiver enviando

seu axônio para uma região desnecessária, a área que realmente precisa desta

conexão libera NGF e o axônio o segue indo para a direção específica, Certamente

existem diversos outros fatores que influenciam neste crescimento e

desenvolvimento de axônios numa rede de conexão neural, mas a eficiência e

utilidade da plasticidade neural no sistema nervoso são indiscutíveis, principalmente

no que se refere à regeneração no Sistema Nervoso Periférico.

No sistema nervoso periférico existem células chamadas de Macrófagos que

são responsáveis pela limpeza de restos de outras células mortas e também por

auxiliar na defesa contra agentes estranhos. Num acidente periférico, por exemplo,

onde há rompimento ou corte de um axônio com as fibras musculares,

primeiramente as células macrófagos limpam o local e, em consequência, as células

de Schawnn da região afetada auxiliam no desenvolvimento de um novo axônio

entre o neurônio e o músculo (Figura 29). A substância que auxilia e acelera o

crescimento de conexões neurais até o músculo é a Laminina, pois aumenta a

plasticidade neural na região a fim de gerar regeneração. Raios laser também

estimulam os macrófagos e, consequentemente também ajudam nesta recuperação.

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Page 41: Relatorio Final - Neuroanatomia

Já no sistema nervoso central, os oligodendrócitos e os astrócitos, células

auxiliares aos neurônios, atrapalham nesta regeneração dos axônios, ou seja, há

uma baixa plasticidade neural no SNC, pois há diversos fatores prejudiciais a este

processo regenerativo. Por isso, acidentes que afetem o SNC são mais difíceis em

sua recuperação da região afetada.

Figura 29 – Esquema de regeneração do axônio

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Page 42: Relatorio Final - Neuroanatomia

Sistema Nervoso

O sistema nervoso é dividido anatomicamente em sistema nervoso central e

sistema nervoso periférico. O primeiro encontra-se protegido pelo arcabouço ósseo,

formado pela coluna vertebral e o crânio, sendo constituído de encéfalo (cérebro,

cerebelo e tronco encefálico) e medula espinhal; enquanto que o segundo é

composto pelos nervos e gânglios nervosos.

O SNC recebe, analisa e integra informações. É o local onde ocorre a tomada

de decisões e o envio de ordens. O SNP carrega informações dos órgãos sensoriais

para o sistema nervoso central e do sistema nervoso central para os órgãos efetores

(músculos e glândulas).

O SNP divide-se quanto a sua função em SNP Somático e SNP Visceral /

Autônomo. Na divisão fisiológica, o sistema nervoso somático corresponde a

integração entre o organismo e o meio externo, para isso esse sistema é composto

por uma porção aferente, relacionada aos impulsos gerados a partir de estímulos do

ambiente, e uma eferente, responsável pela transmissão à musculatura esquelética,

promovendo a execução da movimentação voluntária.

O sistema nervoso visceral é o responsável pela homeostase do organismo,

funcionando de maneira inconsciente e involuntária, sendo constituído de via

aferente, onde transitam os impulsos originados das vísceras (visceroceptores), e a

via eferente, que é a porção por onde os comandos dos centros nervosos enviam

para os seus alvos, glândulas, músculo liso ou cardíaco. É importante destacar que

essa porção eferente do sistema nervoso visceral é também chamado de sistema

nervoso autônomo, o qual é subdividido em simpático e parassimpático.

Funções do Sistema Nervoso

Função Sensitiva e Sensorial: As diversas informações relativas ao corpo e

a seu ambiente chegam até os centros nervosos, onde são reagrupadas,

associadas, classificadas e arquivadas;

Função motora: comando dos músculos, órgãos, secreção glandulares,

digestivas etc.

Função: as idéias, as funções intelectuais, pensamentos e emoções são

gerados e a memória é formada e armazenada.

42

Page 43: Relatorio Final - Neuroanatomia

Sistema Nervoso Central

O SNC divide-se em encéfalo e medula. O encéfalo corresponde ao:

Telencéfalo (Hemisférios Cerebrais),

Diencéfalo (Tálamo e Hipotálamo),

Cerebelo e

Tronco Cefálico, que se subdivide em:

Bulbo, situado caudalmente,

Mesencéfalo, situado cranialmente e

Ponte, situada entre ambos.

O encéfalo se aloja no interior do crânio, e a medula espinal no interior de um

canal existente na coluna vertebral. O encéfalo e a medula são formados por células

da glia, por corpos celulares de neurônios e por feixes de dendritos e axônios.

No SNC, existem as chamadas substâncias cinzenta e branca. A substância

cinzenta é formada pelos corpos dos neurônios e a branca, por seus

prolongamentos. Com exceção do bulbo e da medula, a substância cinzenta ocorre

mais externamente e a substância branca, mais internamente.

A camada mais externa do encéfalo tem cor cinzenta e é formada

principalmente por corpos celulares de neurônios. Já a região encefálica mais

interna tem cor branca e é constituída principalmente por fibras nervosas (dendritos

e axônios). A cor branca se deve a bainha de mielina que reveste as fibras.

Na medula espinal, a disposição das substâncias cinzenta e branca se inverte

em relação ao encéfalo; a camada cinzenta é interna e a branca, externa.

Os órgãos do SNC são protegidos por estruturas esqueléticas (caixa

craniana, protegendo o encéfalo; e coluna vertebral, protegendo a medula - também

denominada raqui) e por membranas denominadas meninges.

Sistema Nervoso Periférico

O Sistema Nervoso Periférico é constituído pelos nervos e gânglios nervosos

e sua função é conectar o sistema nervoso central às diversas partes do corpo

humano.

Nervos são feixes de fibras nervosas envoltas por uma capa de tecido

conjuntivo. Nos nervos há vasos sanguíneos, responsáveis pela nutrição das fibras

nervosas. As fibras presentes nos nervos podem ser tanto dendritos como axônios

que conduzem, respectivamente, impulsos nervosos das diversas regiões do corpo

ao sistema nervoso central e vice-versa.

43

Page 44: Relatorio Final - Neuroanatomia

As fibras nervosas, formadas pelos prolongamentos dos neurônios (dendritos

ou axônios) e seus envoltórios, organizam-se em feixes. Cada feixe forma um nervo.

Cada fibra nervosa é envolvida por uma camada conjuntiva denominada endoneuro.

Cada feixe é envolvido por uma bainha conjuntiva denominada perineuro. Vários

feixes agrupados paralelamente formam um nervo. O nervo também é envolvido por

uma bainha de tecido conjuntivo chamada epineuro.  Em nosso corpo existe um

número muito grande de nervos. Seu conjunto forma a rede nervosa.

Os nervos que levam informações da periferia do corpo para o SNC são os

nervos sensoriais (nervos aferentes ou nervos sensitivos), que são formados por

prolongamentos de neurônios sensoriais (centrípetos). Aqueles que transmitem

impulsos do SNC para os músculos ou glândulas são nervos motores ou eferentes,

feixe de axônios de neurônios motores (centrífugos). Existem ainda os nervos

mistos, formados por axônios de neurônios sensoriais e por neurônios motores.

Gânglios nervosos são aglomerados de corpos celulares de neurônios

localizados fora do sistema nervoso central. Os gânglios aparecem como pequenas

dilatações em certos nervos.

Quando partem do encéfalo, os nervos são chamados de cranianos; quando

partem da medula espinhal denominam-se raquidianos.

Com base na sua estrutura e função, o sistema nervoso periférico pode ainda

subdividir-se em duas partes: o sistema nervoso somático oude vida de relação e o

sistema nervoso autônomo ou de vida vegetativa.

As ações voluntárias resultam da contração de músculos estriados

esqueléticos, que estão sob o controle do sistema nervoso periférico voluntário ou

somático. Já as ações involuntárias resultam da contração das musculaturas lisa e

cardíaca, controladas pelo sistema nervoso periférico autônomo, também chamado

involuntário ou visceral.

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Page 45: Relatorio Final - Neuroanatomia

Figura 30 – Divisão do Sistema Nervoso

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Page 46: Relatorio Final - Neuroanatomia

Tronco Encefálico

O tronco encefálico é uma estrutura do sistema nervoso que se limita:

posteriormente com o cerebelo, do qual é separado pelo quarto ventrículo,

inferiormente com a medula espinal da qual é separado pelo forame. O tronco

encefálico apresenta na sua estrutura diversos corpos neuronais agrupados em

núcleos, e que servem de passagem para inúmeras fibras mielínicas que também

estão agrupadas em fascículos e tratos. É formado por 03 estruturas: mesencéfalo,

ponte e bulbo e conecta-se com os 10 pares de nervos cranianos típicos. Ele possui

três funções gerais: (1) recebe informações sensitivas de estruturas cranianas e

controla os músculos da cabeça; (2) contém circuitos nervosos que transmitem

informações da medula espinal até outras regiões encefálicas e, em direção

contrária, do encéfalo para a medula; (3) auxilia na regulação da atenção. Além

destas 03 funções gerais, as várias divisões do tronco encefálico desempenham

funções motoras e sensitivas específicas (Figuras 31 e 32).

Bulbo Cerebral

O bulbo participa na coordenação de diversos movimentos corporais e possui

importantes centros nervosos. Localizado abaixo da ponte, controla importantes

funções do nosso organismo, entre elas: a respiração, o ritmo dos batimentos

cardíacos e certos atos reflexos (como a deglutição, o vômito, a tosse e o piscar dos

olhos). É formado por: na face ventral: nesta face se encontra o sulco mediano do

bulbo, que representa continuação do sulco da medula. Nas porções mais

superiores desta face se encontram duas dilatações chamadas pirâmides e nas

porções inferiores, existe uma área chamada decussação das pirâmides, que é o

local onde ocorre o cruzamento de fibras relacionadas a impulsos nervosos motores;

na face lateral: lateral à pirâmide há uma estrutura chamada oliva, que contém um

grupo de neurônios formando uma região pregueada denominada de núcleo olivar e

que se relaciona com o cerebelo, estando responsável pelo aprendizado e eficiência

motora; na face dorsal: representa continuação direta da medula. Entre o sulco

mediano posterior e o sulco intermédio posteriores se encontra o fascículo grácil e

entre o sulco intermédio e o lateral posterior se encontra o fascículo cuneiforme.

Existe ainda um pequeno canal parcialmente obliterado chamado canal central do

bulbo.

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Page 47: Relatorio Final - Neuroanatomia

Ponte (Protuberância)

A ponte é constituída principalmente por fibras nervosas mielinizadas que

ligam o córtex cerebral ao cerebelo, acima do bulbo. Na sua face ventral apresenta

toda sua estrutura percorrida por sulcos horizontais formando as estrias transversais

da ponte, essas estrias agrupam-se nas porções mais laterais formando dois

grossos feixes de substância branca chamados pedúnculos cerebelares. Como o

próprio nome indica, a ponte serve de passagem de impulsos nervosos que vão ao

cérebro. Ela também está relacionada com reflexos associados às emoções, como o

riso e as lágrimas. Na ponte estão localizados, também, os núcleos pontínos, onde

há um conjunto de neurônios que mandam fibras que cruzam para o outro lado a fim

de realizar conexão com o cerebelo (fibra transversa que se dá pela presença de

axônios que cruzam).

Mesencéfalo

O mesencéfalo é responsável por certos reflexos. É a porção mais alta do

tronco encefálico e é dividido em duas porções por uma estreita fenda chamada

aqueduto cerebral: uma região anterior chamada pedúnculo cerebral e uma posterior

chamada teto do mesencéfalo. Na superfície dos pedúnculos cerebrais existem dois

sulcos, se traçarmos um corte tangenciando esses sulcos se encontra uma região

chamada substância negra, que é um conjunto de neurônios de cor escura que

produzem melanina, e outra região um pouco posterior chamada núcleo rubro, que é

um grupo de neurônios com uma quantidade maior de vasos sanguíneos. A

substância negra possui neurônios que produzem um neurotransmissor chamado

dopamina, que é importante no controle fino dos movimentos. Já o núcleo rubro

encontra-se em conexão com a oliva, que por sua vez está conectada ao cerebelo,

demonstrando as diversas relações e conexões existentes entre as várias partes e

regiões do tronco encefálico. Na parte superior do mesencéfalo se encontra 04

pequenas dilatações separadas entre si por um sulco em formato de cruz, que são

os colículos superiores e inferiores. Os superiores participam da via óptica, ou seja,

controlam os olhos através do movimento sacádico. Já os inferiores participam da

via auditiva através de uma relação com o sistema vestibular do ouvido interno,

responsável pelo equilíbrio do corpo. Acima destes colículos repousa a glândula

pineal, que libera um hormônio chamado melatonina que regula o processo do sono.

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Page 48: Relatorio Final - Neuroanatomia

Figura 31 – Tronco Encefálico (Vista Anterior)

Figura 32 - Tronco Encefálico (Vista Posterior)

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Page 49: Relatorio Final - Neuroanatomia

Cerebelo

O cerebelo, órgão do sistema nervoso, deriva da parte dorsal do metencéfalo

e fica situado dorsalmente ao bulbo e à ponte logo acima do forame magno. O

cerebelo está ligado ao tronco encefálico por três grossos feixes de fibras chamados

pedúnculos cerebelares, que possuem uma cor mais clara e fazem conexão com o

tronco encefálico. Na região inferior do cerebelo (uma de cada lado) existem

protuberâncias que lembram as amígdalas e são chamadas de tonsilas. Podemos

dividir o cerebelo em 3 partes distintas: Arquicerebelo, Paleocerebelo e Neocerebelo

(Figura 33).

Ao redor, na parte inferior do pedúnculo cerebelar, há uma pequena pequena

e fina área, uma protuberância mediana, chamada de nódulo. Seguindo para as

extremidades temos outra saliência lateral que se chama flóculo. Nódulo e Flóculo,

em conjunto, formam uma estrutura nomeada de Arquicerebelo (que significa

cerebelo mais antigo) e está relacionado à manutenção do equilíbrio do corpo. Nos

animais vertebrados primitivos, como a lampréia por exemplo, que não possuem

membros e tem movimentos ondulatórios, o cerebelo coordena a atividade muscular

e assim mantem o equilíbrio. Para isto, recebe impulsos vindos dos canais

semicirculares localizados na parte vestibular do ouvido interno. O cerebelo que se

desenvolve nesta fase da evolução das espécies é o dito arquicerebelo ou cerebelo

vestibular.

O cerebelo possui uma região central e mediana chamada vérmis (no latim

vérmix), mais dilatada na face superior, enquanto que na face inferior do cerebelo, o

vérmis afunda-se numa depressão. De cima para baixo temos as seguintes

estruturas: culmem (acima do pedúnculo cerebelar) e úvula (abaixo do pedúnculo

cerebelar). O cerebelo também possui divisões como se fossem fissuras que o

dividem em lóbulos. Existem diversos lóbulos no cerebelo, sendo um deles o lóbulo

quadrangular, numa posição superior e lateral ao vermis. O lóbulo quadrangular

juntamente com estas estruturas do vérmis, culmem e úvula, formam o

Paleocerebelo (que significa cerebelo velho ou antigo). Esses receptores originam

impulsos proprioceptivos, que informam sobre o grau de contração dos músculos,

permitindo que o cerebelo controle o tônus muscular e mantenha uma postura

adequada. Interessante observar que algumas pessoas caem ou se desequilibram e

49

Page 50: Relatorio Final - Neuroanatomia

logo retomam o equilíbrio, justamente porque essa estrutura que comanda ação

propriocepção inconsciente é automática. Pessoas que praticam a dança, esportes,

etc ativam mais o paleocerebelo, deixando-o mais eficiente.

Os demais lóbulos do cerebelo compõem o Neocerebelo, responsável pela

capacidade de usar os membros para movimentos delicados e assimétricos, como

tocar bateria, dirigir, trabalhar com arte, entre outros. Somente animais mais

evoluídos cientificamente possuem esses lóbulos mais desenvolvidos. No caso do

homem o neocerebelo se desenvolveu junto com o córtex cerebral.

Ao realizarmos um corte no cerebelo, a região externa ou cortical é chamada

de Córtex Cerebelar, enquanto que a região interna ou medular é chamada de

Medula Cerebelar. No córtex há neurônios chamados de Piriforme, pois possuem

uma forma que lembra uma pera. Na medula Cerebelar estão localizadas 2

estruturas distintas e importantes para o controle motor do corpo, são elas: Núcleo

Interpósito e Núcleo Denteado (Figura 34).

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Page 51: Relatorio Final - Neuroanatomia

Figura 33 – Esquema de Arquicerebelo, Paleocerebelo e Neocerebelo

Medula Córtex Núcleo Interpósito Núcleo Denteado

Figura 34– Cerebelo: Estruturas

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Page 52: Relatorio Final - Neuroanatomia

Vias Motoras Cerebelares

O cerebelo Localiza-se logo abaixo do cérebro e sua principal função é:

coordenar os movimentos comandados pelo cérebro, garantindo uma perfeita

harmonia entre eles, fornecer o tônus muscular, isto é, regular o grau de contração

do músculo em repouso e manter o equilíbrio do corpo, graças às suas ligações com

os canais semicirculares do ouvido interno. Para realizar todas estas funções e

outras funções paralelas como auxílio na aprendizagem e memória, são necessárias

vias e tratos que conectam diferentes áreas e seus neurônios, são elas:

Via Córtico-Ponto-Cerebelar (Via Aferente) – Responsável pelo

Planejamento Motor – Várias informações, de diferentes tipos, estão chegando

ao mesmo tempo ao córtex e antes do movimento acontecer há um

planejamento. No córtex há um neurônio responsável por esta função, ele se

conecta a um grupo de neurônios na ponte, cruza para o outro lado e remete a

informação para o cerebelo (Figura 35).

Via Dento-Tálamo-Cortical (Via Eferente) – Responsável pelo Plano Motor –

Após o planejamento o cerebelo informa ao córtex dados específicos sobre a

posição do corpo e equilíbrio. Dentro do cerebelo há um neurônio que vai se

conectar a uma região (também no interior do cerebelo) chamada de Núcleo

Denteado, ativando uma série de neurônios e enviando a informação através do

tálamo até alcançar o córtex (Figura 36).

Via Córtico-Espinhal ou Via Piramidal (Via Eferente) – Responsável pela

Execução do Movimento – Numa outra área do córtex, responsável pela

execução do movimento, um neurônio que possui um longo axônio é ativado.

Este axônio vai até as pirâmides, cruza na Decussação das pirâmides e se

encaminha para a medula espinal, se conectando ao neurônio motor

correspondente a altura do movimento desejado conforme os Miótomos

(correspondência entre coleção de fibras nervosas ligadas aos músculos

inervadas pelo axônio motor que está dentro de cada nervo segmentar -raiz

nervosa) (Figura 37).

Via Espino-Cerebelar (Via Aferente) – Responsável pelo Ajuste do

Movimento – No momento inicial do movimento o cerebelo não interfere, no

entanto, logo depois é necessário que ele realize ajustes na contração muscular

52

Page 53: Relatorio Final - Neuroanatomia

conforme a necessidade. As informações sensitivas são medidas pelos

receptores musculares chamados Fuso Neuro Muscular, e pelos receptores dos

tendões através do Órgão Tendinoso. Então o neurônio sensitivo recebe estas

informações sobre força e velocidade necessárias, levando-as até o cerebelo

(Figura 38).

Via Interpósito-Tálamo-Cortical (Via Eferente) – Responsável pela Correção

do Movimento – O cerebelo então regulará a movimento através de um

neurônio em seu interior que vai se conectar a outro grupo de neurônios

(também no interior do cerebelo) chamado Núcleo Interpósito. Daí se

direcionando até o tálamo e de lá ao córtex, informando as devidas correções

necessárias (Figura 39).

Via Rubro-Espinal (Via Eferente) – Responsável pelo Auxílio na Correção

do Movimento – No mesencéfalo há uma região chamada de Núcleo Rubro,

que também se conecta as Olivas, que auxilia na eficiência motora. O cerebelo,

além de remeter informações para o córtex, também manda-as para o núcleo

rubro, de lá elas partem para a medula espinal. O grupo de neurônios do

cerebelo que remetem esta informação através da via rubro-espinal, apesar de

diferentes dos que remetem via interpósito-tálamo-cortical, também estão

localizados no interior do núcleo interpósito do cerebelo (Figura 40).

53

Page 54: Relatorio Final - Neuroanatomia

Esquemas de Vias Motoras Cerebelares

Legenda:

CórtexCerebeloMesencéfaloPonteBulboMedula Espinhal

TRATO CÓRTICO – PONTO – CEREBELAR (Aferente)

Responsável pelo Planejamento Motor (Figura 35 – Esquema)

VIA DENTO-TÁLAMO-CORTICAL (Eferente)

Responsável pelo Plano Motor (Figura 36 – Esquema)

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Tálamo

Núcleo

Denteado

Page 55: Relatorio Final - Neuroanatomia

VIA CORTICO-ESPINHAL (Eferente)

Responsável pela Execução do Movimento (Figura 37 – Esquema)

VIA ESPINO–CEREBELAR (Aferente)

Responsável pelo Ajuste do Movimento (Figura 38 – Esquema)

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Decussação

da Pirâmide

Neurônio

Motor

Músculo

Neurônio

Sensitivo

Músculos e

Tendões

Page 56: Relatorio Final - Neuroanatomia

VIA INTERPÓSITO-TÁLAMO-CORTICAL (Eferente)

Responsável pela Correção do Movimento (Figura 39 – Esquema)

VIA RUBRO-ESPINHAL (Eferente)

Responsável pelo Auxílio na Correção do Movimento (Figura 40 – Esquema)

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Tálamo

Núcleo

Interpósito

Núcleo

Rubro

Page 57: Relatorio Final - Neuroanatomia

Diancéfalo

Representa apenas 20% do cérebro e localiza-se em uma porção central e

inferior de tal forma que só pode ser visualizado quando observamos a face inferior

do cérebro ou fazemos um corte sagital no mesmo.

O Aqueduto Cerebral desemboca numa cavidade superior que se chama 3º

Ventrículo. Superior ao 3º Ventrículo existe uma estrutura que parece uma foice

chamada de Corpo Caloso, onde os 02 hemisférios do córtex cerebral se ligam.

Todas as estruturas do diencéfalo dispõem-se em torno do terceiro ventrículo e as

principais são: tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo (Figura 39).

Tálamo

Os tálamos são duas grandes massas de substância cinzenta que ocupam a

porção dorsolateral do diencéfalo tendo formato ovóide e em geral mantendo uma

comunicação através de uma pequena ponte de substância cinzenta chamada

aderência intertalâmica. O tálamo limita-se inferiormente com o hipotálamo e o limite

medial é o terceiro ventrículo. Todas as mensagens sensoriais, com exceção das

provenientes dos receptores do olfato, passam pelo tálamo antes de atingir o córtex

cerebral.

O tálamo é essencial para o funcionamento do sistema nervoso central. Ele

atua como estação retransmissora de impulsos nervosos para o córtex cerebral. Ele

é responsável pela condução dos impulsos às regiões apropriadas do cérebro onde

eles devem ser processados.

Superiormente ao tálamo há uma fina camada de substância branca

denominada estrato zonal e lateralmente encontramos a lâmina medular externa. A

lâmina medular interna divide os núcleos talâmicos em medial e lateral formando um

Y subdividindo o tálamo em três porções: parte anterior, parte medial e lateral.

Parte Anterior: contém os núcleos talâmicos anteriores que estabelecem

relações com os giros do cíngulo, sendo responsáveis pelo comportamento

emocional e memória recente.

Parte Medial: contém os núcleos que recebem fibras do sistema reticular

ativador ascendente e faz sinapses com a área de associação pré-frontal.

Parte Lateral: seus núcleos são divididos em camada dorsal e ventral.

Camada dorsal de núcleos talâmicos realizam conexões entre o tálamo e o lobo

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Page 58: Relatorio Final - Neuroanatomia

parietal, occipital, temporal e com o giro do cíngulo. Camada ventral de núcleos

talâmicos recebem fibras de diversas partes projetando-se para o tálamo, para áreas

motoras corticais, para a área sensitiva e informando também sobre a sensibilidade

da cabeça e do pescoço.

Dentre as funções do tálamo devemos destacar:

a) Os núcleos talâmicos são interconectados;

b) As informações sensoriais aferem ao tálamo (exceção a olfatória) sendo

integradas e o padrão resultante é então informado ao córtex.

c) Após a remoção do córtex o tálamo consegue ainda identificar sensações

grosseiras, pouco detalhadas, logo, o córtex cerebral é fundamental para

interpretação da sensação talâmica.

d) Os núcleos talâmicos ventro-lateral e ventro-anterior possuem conexões

com os núcleos da base participando da execução do movimento voluntário.

e) O núcleo dorsomedial tem conexões com o lobo frontal e com o

hipotálamo.

f) Os núcleos intralaminares são conectados com a formação reticular

controlando nível global de atividade do córtex cerebral (nível de consciência).

As lesões no tálamo estão relacionadas a alterações na sensibilidade,

modificando impulsos aferentes que chegam ao córtex, mas tem que passar

obrigatoriamente pelo tálamo. O tálamo além de interferir com a sensibilidade,

também interfere com a motricidade voluntária, com o comportamento emocional

(relaciona-se com o sistema límbico via giro do cíngulo e área pré-frontal).

Dor talâmica - pode ocorrer durante a recuperação de um acidente vascular

isquêmico que tenha acometido o tálamo, há uma hiper-reação talâmica à dor,

hiperalgesia. A sensação dolorosa é sentida na porção contralateral do corpo

podendo ser desencadeada por fenômenos não dolorosos (alodinia), não

respondendo a analgésicos comuns.

Epitálamo

O epitálamo constitui-se numa série de estruturas presentes na parte superior

e posterior do diencéfalo. As estruturas a serem consideradas: glândula pineal,

núcleo das habênulas, comissura das habênulas, estrias medulares e comissura

posterior. O epitálamo esta em íntima ligação com o sistema límbico, logo, com o

comportamento emocional.

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Page 59: Relatorio Final - Neuroanatomia

O núcleo das habênulas é responsável por conexões com o mesencéfalo e

com o fascículo retroflexo. Já a glândula pineal (porção endócrina do epitálamo)

possui células próprias denominadas pinealócitos, secretoras de melatonina

(formada a partir da serotonina).

Subtálamo

O subtálamo está localizado lateralmente à cápsula interna e medialmente ao

hipotálamo. Possui extensões de estruturas mesencefálicas como o núcleo rubro, a

formação reticular e a substância negra (em conjunto denominadas zona incerta do

subtálamo) além de estruturas próprias como os núcleos subtalâmicos. Estes

núcleos subtalâmicos fazem conexões bidirecionais com o globo pálido via pálido-

subtálamo-palidal (responsável pela motricidade somática).

Hipotálamo

O hipotálamo, também constituído por substância cinzenta, é o principal

centro integrador das atividades dos órgãos viscerais, sendo um dos principais

responsáveis pela homeostase corporal. Ele faz ligação entre o sistema nervoso e o

sistema endócrino, atuando na ativação de diversas glândulas endócrinas. Tem

amplas conexões com as demais áreas do prosencéfalo e com o mesencéfalo.

Aceita-se que o hipotálamo desempenha, ainda, um papel nas emoções.

Especificamente, as partes laterais parecem envolvidas com o prazer e a raiva,

enquanto que a porção mediana parece mais ligada à aversão, ao desprazer e à

tendência ao riso (gargalhada) incontrolável. De um modo geral, contudo, a

participação do hipotálamo é menor na gênese (“criação”) do que na expressão

(manifestações sintomáticas) dos estados emocionais.

No hipotálamo temos:

• Quiasma óptico: representa a fusão dos dois nervos ópticos no qual vai

ocorrer o cruzamento da metade medial das fibras do nervo óptico enquanto as

fibras laterais seguem sem cruzar.

• Corpos Mamilares: são duas pequenas dilatações em formato de mama

existentes à frente da fossa interpeduncular.

As áreas do hipotálamo como hipotálamo lateral, ventromedial e

periventricular estão relacionados com a sensação de sede, fome, agressividade,

tanto produção dessas sensações quanto sensação de saciedade. A área

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Page 60: Relatorio Final - Neuroanatomia

periventricular está relacionada com sensação de medo e punição. A atividade

sexual é estimulada principalmente pelas regiões anteriores e posteriores.

O hipotálamo é formado por diversos núcleos (acúmulos de neurônios)

dividindo o hipotálamo em lateral e medial. A zona medial do hipotálamo é composta

(no sentido anterior para posterior): núcleo pré-óptico; núcleo anterior; núcleo supra-

quiasmático; núcleo paraventricular; núcleo dorsomedial; núcleo ventromedial;

núcleo arqueado e núcleo posterior. A zona lateral é composta pelo núcleo pré-

óptico, núcleo supraquiasmático, núcleo supra-óptico, núcleo lateral, núcleo túbero-

mamilar e núcleos tuberosos laterais. Alguns destes núcleos, como percebido na

descrição acima, compõem as duas zonas.

Aferências Hipotalâmicas: aferências somáticas e viscerais, aferências

visuais, olfato, aferências auditivas, e diversas fibras. Eferências Hipotalâmicas:

fibras descendentes para o tronco encefálico e para medula espinhal. O hipotálamo

conecta-se com núcleos dos pares de nervos cranianos III, VII, IX e X.

O hipotálamo pode ser resumido da seguinte forma - conecta-se com o

sistema límbico sendo responsável pelo comportamento emocional ligando-se ao

hipocampo, corpo amigdalóide e área septal. Há conexão com a área pré-frontal,

conexões viscerais (eferência: simpático e parassimpático // aferência: núcleo do

tracto solitário), conexões com a hipófise (somente eferencia) além de conexões

monoaminérgicas (noradrenalina, serotonina e adrenalina).

Neurofisiologia:

Controle do sistema nervoso autônomo: hipotálamo anterior correlaciona-se

com o sistema nervoso parassimpático; hipotálamo posterior correlaciona-se como

sistema nervoso simpático. Regulação cardiovascular: alteração da pressão arterial

e freqüência cardíaca

Controle da temperatura: a temperatura do sangue que passa pelo hipotálamo

através dos termorreceptores periféricos e pelo hipotálamo anterior regula a

atividade dos neurônios, aumentando assim a atividade e temperatura. O hipotálamo

anterior é responsável pela perda de calor (lesões neste centro desencadeiam

hipertermia - febre central). Já o hipotálamo posterior é o responsável pela

conservação do calor (lesões neste centro causam hipotermia).

Comportamento emocional: a área pré-frontal e o sistema límbico são os

responsáveis por estes comportamentos.

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Page 61: Relatorio Final - Neuroanatomia

Regulação do sono: a parte posterior do hipotálamo relaciona-se com o

sistema reticular ativador ascendente (sistema "on-off" do sistema nervoso). Lesões

neste centro causam encefalite letárgica.

Regulação da Ingestão de Alimentos: o hipotálamo lateral é o responsável

pela obtenção de alimento - sensação de fome. Já o hipotálamo ventromedial é o

responsável pela perda de fome, centro anoréxico. Lesões no hipotálamo lateral

originam inanição enquanto que lesão no hipotálamo ventromedial desencadeia

obesidade central.

Ingestão de água: realizada pelo hipotálamo lateral (centro da sede).

Regulação hídrica: controla a água corporal através da sensação de sede e perda

de água pela urina.

Regulação da diurese: regulada pelos núcleos supra-ópticos (secretor de

ADH) e núcleos paraventriculares.

Ritmos circadianos: parece que o núcleo supra-quiasmático é o responsável

pela regulação das secreções hormonais, que por sua vez, seguem os ritmos

circadianos. Genes relógios mostram-se os responsáveis pelo "time" destas

secreções. Contração uterina e ejeção de leite: o hipotálamo produz ocitocina, que

controla essas duas atividades.

Regulação hipotálamo-hipofisária: Controle hipotalâmico: o hipotálamo

estimula a hipófise secretar hormônios. O hipotálamo conecta-se a neuro-hipófise

via eminência média (região infundibular) através de axônios que partem dos

núcleos hipotalâmicos (supra-óptico e paraventricular) conduzindo secreções

através de neurofisinas para a neuro-hipófise. Estas neurofisinas dão uma

característica hiperintensa em imagens de ressonância magnética ponderadas em

T1. A perda da hiperintensidade da neuro-hipófise é sugestiva de diabetes insípidus.

Núcleo supraquiasmático

O núcleo supraquiasmático (por vezes abreviado NSQ) é um centro primário

de regulação dos ritmos circadianos mediante a estimulação da secreção de

melatonina pela glândula pineal.

Trata-se de um grupo de neurônios do hipotálamo medial (sua parte central).

A destruição desta estrutura leva à ausência completa de ritmos regulares nos

mamíferos. Por outro lado, se as células dos núcleos supraquiasmáticos são

cultivadas in vitro, são capazes de manter seu próprio ritmo na ausência de sinais

61

Page 62: Relatorio Final - Neuroanatomia

externos. Portanto, o núcleo supraquiasmático ajusta o "relógio interno" ou

endógeno, que regula os ritmos circadianos.

O núcleo supraquiasmático recebe informação da luz do meio ambiente

através dos olhos, já que a retina contém não apenas fotorreceptores típicos, que

nos permitem distinguir formas e cores, mas também células ganglionares com um

pigmento chamado melanopsina. Através do trato retinohipotalámico, a melanopsina

leva informação ao núcleo supraquiasmático. Este, por sua vez, recebe a informação

sobre a luminosidade externa, a interpreta e a envia ao gânglio cervical superior, o

qual redireciona o sinal para a glândula pineal. Em resposta ao estímulo, essa

glândula secreta o hormônio melatonina, cujos níveis são baixos durante o dia e

aumentam à noite.

Figura 41 – Diancéfalo: Tálamo e Hipotálamo

62

Page 63: Relatorio Final - Neuroanatomia

Telencéfalo

O encéfalo humano contém cerca de 35 bilhões de neurônios e pesa

aproximadamente 1,4 kg. O telencéfalo ou cérebro é dividido em dois hemisférios

cerebrais bastante desenvolvidos. Nestes, situam-se as sedes da memória e dos

nervos sensitivos e motores. Entre os hemisférios, estão os ventrículos cerebrais

(ventrículos laterais e terceiro ventrículo); contamos ainda com um quarto ventrículo,

localizado mais abaixo, ao nível do tronco encefálico. São reservatórios do líquido

céfalo-raquidiano, (líqüor), participando na nutrição, proteção e excreção do sistema

nervoso. 

O córtex cerebral é a fina camada de substância cinzenta que reveste o

centro branco medular do cérebro. Trata-se de uma das partes mais importantes do

Sistema Nervoso. No córtex chegam impulsos provenientes de todas as vias

sensitivas que aí se tornam conscientes e são interpretados. Dele saem os impulsos

nervosos que iniciam e comandam os movimentos voluntários e com ele estão

relacionados os fenômenos psíquicos. Durante a evolução, a extensão e

complexidade do córtex aumentaram progressivamente, atingindo maior

desenvolvimento na espécie humana, o que pode ser correlacionado com o grande

desenvolvimento das funções intelectuais desta espécie.

A classificação anatômica baseia-se na divisão do cérebro em sulcos, giros e

lobos. Constitui, juntamente com outras estruturas, o chamado telencéfalo. O

telencéfalo é dividido externamente em lobos frontal, parietal, temporal, occipital e,

se abrirmos o frontal e o temporal, teremos o quinto lobo, que é a ínsula. Porém, a

divisão em lobos não corresponde a uma divisão funcional ou estrutural, pois em um

mesmo lobo temos áreas corticais de funções e estruturas muito diferentes.

De todos os sulcos e giros os que são 100% presentes são: fissura Silviana

na porção lateral, sulco colateral na porção basal, sulco do caloso e sulco parieto-

occipital na porção medial interhemisférica. O estudo dos sulcos é de fundamental

importância pelo fato de que 2/3 das porções do córtex estão dentro desses sulcos.

Em seu desenvolvimento, o córtex ganha diversos sulcos para permitir que o

cérebro esteja suficientemente compacto para caber na calota craniana, que não

acompanha o seu crescimento. Por isso, no cérebro adulto, apenas 1/3 de sua

superfície fica "exposta", o restante permanece por entre os sulcos.

63

Page 64: Relatorio Final - Neuroanatomia

O Cérebro apresenta um profundo sulco que chega até o corpo caloso e o

divide em dois hemisférios simétricos, esquerdo e direito (Figura 42). Os hemisférios

cerebrais não são totalmente separados pela fissura longitudinal do cérebro e

possuem como um meio de união entre eles o corpo caloso, que é uma larga faixa

de fibras comissurais localizada no assoalho da fissura longitudinal do cérebro. Além

disso, os hemisférios possuem duas cavidades, os ventrículos laterais direito e

esquerdo, que se comunicam com o III ventrículo através dos forames

interventriculares. Cada hemisfério possui 3 pólos e 3 faces: polos frontal, occipital e

temporal e faces súpero-lateral, medial e inferior (ou base do cérebro).

Sulcos e Giros

Os sulcos delimitam os giros e sua existência permite um aumento de

superfície sem que ocorra um grande aumento no volume cerebral. Os sulcos mais

importantes são os seguintes:

• sulco lateral: divide-se em ascendente, anterior e posterior. Separa o lobo

temporal, que está abaixo, do lobo frontal e do parietal, que está acima.

• sulco central: separa o lobo frontal do parietal. É ladeado por dois giros: os

giros pré-central e pós-central. A parte anterior ao sulco central relaciona-se com a

motricidade e a parte posterior com a sensibilidade.

Lobos

O telencéfalo é dividido em 5 lobos: frontal, parietal, occipital, temporal e a

ínsula, sendo que esta última não se relaciona diretamente com nenhum osso e

situa-se profundamente no sulco lateral (Figura 43).

Face súpero-lateral: Nela estão representados os cinco lobos cerebrais:

Lobo frontal - nele existem 3 sulcos: pré-central, frontal superior e frontal

inferior. Entre os sulcos pré-central e central localiza-se o giro pré-central,

principal área motora do cérebro. No giro frontal inferior esquerdo localiza-se

o centro cortical da palavra falada, também denominado de giro de Broca.

Lobo temporal - apresenta 2 principais sulcos: sulco temporal superior e sulco

inferior. O centro cortical da audição localiza-se no giro temporal transverso,

situado na porção posterior do assoalho localizado entre os lábios do sulco

lateral.

Lobos parietal e occipital - apresentam 2 sulcos principais: sulcos pós-central

e intraparietal. Entre os sulcos central e pós-central localiza-se o giro pós-

64

Page 65: Relatorio Final - Neuroanatomia

central, correspondente a uma das mais importantes áreas sensitivas do

córtex: a área somestésica.

Ínsula - localiza-se no fundo de uma ampla fossa situada entre os lábios do

sulco lateral. É o menor de todos, pois cresce menos durante o

desenvolvimento. Possui uma forma cônica e seu ápice é denominado de

límen da ínsula.

Face medial - É visualizada no corte sagital mediano. Apresenta estruturas que

podem ser didaticamente divididas em 3 grandes grupos:

Corpo Caloso, Fórnix e Septo Pelúcido:

o o corpo caloso é formado por um grande número de fibras mielínicas

que cruzam o plano sagital mediano. É composto por: tronco, esplênio

e joelho. Afila-se para formar o rostro que continua em uma fina lâmina,

a lâmina rostral, até a comisura anterior. Entre a comissura anterior e o

quiasma óptico está a lâmina terminal, outra estrutura que une os

hemisférios e constitui o limite anterior do III ventrículo.

o o fórnix está localizado abaixo do esplênio do corpo caloso e se

arqueia em direção à comissura anterior. É composto de: corpo (une as

extremidades), colunas (anteriores e terminam no corpo mamilar) e

pernas (posteriores). A comissura do fórnix localiza-se no ponto em

que as pernas se afastam

o o septo pelúcido está entre o corpo caloso e o fórnix. É composto de

duas camadas de tecido conjuntivo que delimitam a cavidade do septo

pelúcido. O septo pelúcio separa os dois ventrículos laterais.

Lobo occipital - apresenta 2 sulcos importantes: o sulco calcarino, em cujos

lábios localiza-se o centro cortical da visão, e sulco parieto-occipital, que

separa o lobo occipital do lobo parietal. Entre o sulco parieto-occipital e o

calcarino localiza-se o cunéus.

Lobos frontal e parietal - existem 2 sulcos que passam do lobo frontal para o

lobo parietal: o sulco do corpo caloso e sulco do giro do cíngulo. No lóbulo

paracentral, delimitado pelo sulco paracentral e o sulco do giro do cíngulo

juntamente com seu ramo marginal, localizam-se, em sua parte anterior e

posterior respectivamente, as áreas motora e sensitiva relacionadas com a

perna e o pé. A área septal é um dos centros do prazer e está localizada

65

Page 66: Relatorio Final - Neuroanatomia

abaixo do rostro do corpo caloso e adiante da comissura anterior à lâmina

terminal.

Face Inferior - A face inferior é dividida em duas partes: uma parte pertencente

ao lobo frontal e outra, muito maior, pertencente ao lobo temporal.

Face pertencente ao lobo temporal - A face inferior do lobo temporal possui 3

sulcos: sulcos occípito-temporal, colateral e do hipocampo. O úncus é a

porção do giro para-hipocampal que se curva em torno do sulco do

hipocampo. O sulco do hipocampo separa o giro para-hipocampal do úncus.

Úncus, giro para-hipocampal, istmo do giro do cíngulo e giro do cíngulo

constituem uma formação contínua que circunda as estruturas inter-

hemisféricas. Esta formação pode ser considerada como um lobo

independente, o lobo límbico, relacionado com o comportamento emocional e

o controle do sistema nervoso autônomo.

Face pertencente ao lobo frontal - A face inferior do lobo frontal apresenta um

único sulco importante, o sulco olfatório, sendo que medialmente a este está

localizado o giro reto. O resto da face inferior é ocupada pelos giros e sulcos

orbitários. As estruturas da face inferior são as seguintes: bulbo olfatório, o

qual recebe os filamentos que atravessam os pequenos orifícios da lâmina

crivosa do osso etmóide, constituindo o nervo olfatório; tracto olfatório; trígono

olfatório, delimitado pelas estrias olfatórias medial e lateral.

Os avanços da neurociência nos últimos vinte anos permitem saber um pouco

mais sobre o funcionamento do cérebro humano, que é como uma máquina

extremamente complexa dotada de um circuito de conexões entre distintos grupos

de neurônios.

Cada uma das áreas do córtex cerebral controla uma atividade específica. O

córtex cerebral está dividido em mais de quarenta áreas funcionalmente distintas,

sendo a maioria pertencente ao chamado neocórtex. Ainda há o hipocampo e o

córtex olfativo (Figura 44).

Hipocampo: região do córtex que está dobrada sobre si e possui apenas três

camadas celulares; localiza-se medialmente ao ventrículo lateral.

Córtex olfativo: localizado ventral e lateralmente ao hipocampo; apresenta

duas ou três camadas celulares.

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Page 67: Relatorio Final - Neuroanatomia

Neocórtex: córtex mais complexo; separa-se do córtex olfativo mediante um

sulco chamado fissura rinal; apresenta muitas camadas celulares e várias

áreas sensoriais e motoras. As áreas motoras estão intimamente envolvidas

com o controle do movimento voluntário.

Hipocampo

O Hipocampo é uma estrutura localizada nos lobos temporais do cérebro

humano, considerada a principal sede da memória e importante componente do

Sistema Límbico. Além disso é relacionado com a sensação espacial.

Esta estrutura parece ser muito importante para converter a memória a curto

prazo em memória a longo prazo. A mágica que transforma informações em

memória acontece em duas regiões do cérebro ao mesmo tempo: o Hipocampo

(bem no centro do cérebro, na altura dos lobos temporais) e o córtex frontal (a

massa cinzenta que reveste a fronte do cérebro). Cada vez que uma pessoa se

lembra de algo, essas áreas sofrem um aumento de metabolismo e,

consequentemente, do fluxo sanguíneo. O Hipocampo atua em interação com a

amígdala e está mais envolvida no registo e decifração dos padrões perceptuais do

que nas reações emocionais.

Algumas anormalidades biológicas quantificáveis têm sido localizadas no

Hipocampo na esquizofrenia. Alterações na transmissão mediada por glutamato nos

receptores sensíveis a dopamina no Hipocampo têm sido implicadas na

fisiopatologia da doença. Há hipóteses de que, na esquizofrenia, a transmissão

glutamatérgica esteja alterada no interior do Hipocampo e nas suas eferências. Eles

analisaram o tecido hipocampal em autópsias de pacientes com esquizofrenia e de

indivíduos saudáveis.

O Hipocampo exerce importantes funções relacionadas ao comportamento e

à memória. Pessoas submetidas à remoção bilateral dos hipocampos conseguem

acessar a memória aprendida, mas não conseguem aprender qualquer informação

nova. Desta forma, lesões no hipocampo impedem a pessoa de construir novas

memórias e a pessoa tem a sensação de viver num lugar estranho onde tudo o que

experimenta simplesmente se desvanece, mesmo que as memórias mais antigas

anteriores à lesão permaneçam intactas.

Essa área também está integrada à tomada de decisões, pois quando o

Hipocampo interpreta um sinal neuronal como importante, provavelmente essa

informação será armazenada na memória.

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Page 68: Relatorio Final - Neuroanatomia

Recentemente demonstrou-se a relação do Hipocampo com o sistema

imunológico, identificando que sua integridade é fundamental para a normalidade da

resposta imune.

Córtex Olfativo

Definição

Um grupo de áreas corticais do cérebro que recebem estímulos sensoriais do

bulbo olfatório via trato olfatório, inclui o córtex piriforme e partes do tubérculo

olfativo, a amígdala, córtex entorrinal e, e é provavelmente preocupado com a

avaliação subjetiva dos estímulos olfativos

Função:

Consciência de Odores

Identificação de odores

Recebe informações sensoriais do bulbo olfatório

Localização:

O córtex olfativo está localizado dentro do medial dos lobos temporais .

Neocórtex

Neocórtex, "novo córtex" ou o "córtex mais recente" é a denominação que

recebem todas as áreas mais evoluidas do córtex. Recebe este nome pois no

processo evolutivo é a região do cérebro mais recentemente evoluída. Estas áreas

constituem a "capa" neural que recobre os lóbulos pré-frontais e, em especial, os

lobos frontais dos mamíferos. É a porção anatomicamente mais complexa do córtex.

Separa-se do córtex olfativo por meio de um sulco denominado fissura rinal. Possui

diversas camadas celulares e diversas áreas envolvidas com as atividasdes

motoras, intimamente envolvidas com o controle dos movimentos voluntários, e

funções sensoriais. O neocórtex se encontra muito desenvolvidos nos primatas e

destaca-se seu desenvolvimento no Homo sapiens sapiens

O neocórtex consiste na matéria avermelhada que circunda a matéria azulada

mais profunda do cerebelo. Ainda que o neocórtex seja liso nos ratos e alguns

outros pequenos mamíferos, este tem profundos sulcos e rugas nos primatas e

outros mamíferos. Estas dobras servem para aumentar a área do neocórtex. Nos

humanos é de aproximadamente o 76 % do volume do cérebro. O neocórtex

feminino contém aproximadamente 19 bilhões de neurônios enquanto o neocórtex

masculino contém 23 bilhões. Se desconhece o efeito, se é que existe algum, que

resulta desta diferença.

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Page 69: Relatorio Final - Neuroanatomia

Os humanos o possuem, em sua atual configuração, há não mais de 1 milhão

de anos. É uma fina cobertura que recobre a zona externa do cérebro e apresenta

uma grande quantidade de sulcos; tem uma espessura de uns 2 mm e está dividido

em seis camadas. Se estendido no plano teria o tamanho de um guardanapo e é

esta camada que nos proporciona todas as recordações, conhecimentos,

habilidades e experiências acumuladas graças a seus 30 bilhões de neurônios.

A estrutura do córtex é relativamente uniforme. Consiste em seis capas

horizontais segregadas pela célula tipo, neuronal de entrada, ou célula densa. Os

neurônios estão dispostas nas estruturas chamadas colunas neocorticais. Estes são

continuidades do neocórtex. Cada coluna responde tipicamente a um estímulo

sensorial que representa uma certa parte do corpo ou a região da audição ou da

visão. Estas colunas são similares e podem ser consideradas como unidades

repetidoras das funções básicas do neocórtex. Nos humanos, o neocórtex consiste

em aproximadamente meio milhão destas colunas, cada uma das quais contém

aproximadamente 60 mil neurônios.

Figura 42 – Hemisférios Cerebrais

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Page 70: Relatorio Final - Neuroanatomia

Figura 43 – Lobos frontal, parietal, occipital, temporal

Figura 44 – Hipocampo, Neocórtex e Córtex Olfativo

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Page 71: Relatorio Final - Neuroanatomia

Sistema Endócrino

Dá-se o nome de sistema endócrino ao conjunto de glândulas que

apresentam como atividade característica a produção de secreções denominadas

hormônios, que são lançados na corrente sangüínea e irão atuar em outra parte do

organismo produzindo efeitos do tipo indução ou inibição em órgão específico do

corpo, controlando ou auxiliando o controle de sua função. Os órgãos que têm sua

função controlada e/ou regulada pelos hormônios são denominados órgãos-alvo.

As principais funções das glândulas endócrinas são: secreções de

substâncias (hormônios) que atuam sobre célula alvo e regulação do organismo

(homeostase). O sistema endócrino atua sobre: crescimento e desenvolvimento,

reprodução, regulação da disponibilidade energética, manutenção do meio interno,

modulação do comportamento e sistema de controle das atividades metabólicas

(junto com o nervoso).

Os tecidos epiteliais de secreção ou epitélios glandulares formam as

glândulas, que podem ser uni ou pluricelulares. As glândulas pluricelulares não são

apenas aglomeradas de células que desempenham as mesmas funções básicas,

elas são, na verdade, órgãos definidos com arquitetura ordenada envolvida por uma

cápsula conjuntiva dividindo-as em lobos. Vasos sanguíneos e nervos penetram nas

glândulas, fornecendo alimento e estímulo nervoso para as suas funções.

Os hormônios influenciam praticamente todas as funções dos demais

sistemas corporais. Frequentemente o sistema endócrino interage com o sistema

nervoso, formando mecanismos reguladores bastante precisos. O sistema nervoso

pode fornecer ao endócrino a informação sobre o meio externo, ao passo que o

sistema endócrino regula a resposta interna do organismo a esta informação. Dessa

forma, o sistema endócrino, juntamente com o sistema nervoso, atuam na

coordenação e regulação das funções corporais.

Alguns dos principais órgãos produtores de hormônios no ser humano são: a

hipófise, o hipotálamo, a tireoide, as paratireoides, as suprarrenais, o pâncreas e as

gônadas (Figura 45).

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Page 72: Relatorio Final - Neuroanatomia

Hipófise

Também chamada de glândula pituitária, situa-se na base do encéfalo, em

uma cavidade do osso esfenoide. Nos seres humanos tem o tamanho aproximado

de um grão de ervilha e possui duas partes: o lobo anterior (ou adenohipófise) e o

lobo posterior (ou neurohipófise). Como já observado o hipotálamo conecta-se com

a hipófise por duas vias distintas: conecta-se a neurohipófise por vias neurais e com

a adenohipófise por via vascular.

A conexão com a neuro-hipófise ocorre por axônios que partem dos núcleos

hipotalâmicos levando, através de carregadores denominados neurofisinas, suas

secreções. O núcleo supra-óptico é produtor, predominantemente, de ADH

(hormônio anti-diurético); o núcleo paraventricular, predominantemente, produz

ocitocina (responsável por contrações uterinas e reflexos de ejeção do leite).

Além de exercerem efeitos sobre órgãos não-endócrinos, alguns hormônios,

produzidos pela hipófise são denominados trópicos (ou tróficos) porque atuam sobre

outras glândulas endócrinas, comandando a secreção de outros hormônios. São

eles:

Tireotrópicos: atuam sobre a glândula endócrina tireóide.

Adrenocorticotrópicos: atuam sobre o córtex da glândula endócrina

adrenal (supra-renal)

Gonadotrópicos: atuam sobre as gônadas masculinas e femininas.

Somatotrófico: atua no crescimento, promovendo o alongamento dos

ossos e estimulando a síntese de proteínas e o desenvolvimento da massa

muscular. Também aumenta a utilização de gorduras e inibe a captação de glicose

plasmática pelas células, aumentando a concentração de glicose no sangue (inibe a

produção de insulina pelo pâncreas, predispondo ao diabetes).

Quanto aos hormônios liberados pelo hipotálamo que atuam na hipófise

podemos destacar esquematicamente:

Hormônio liberador do hormônio do crescimento - GHRH - atuam nas

células somatotróficas hipofisárias estimulando a liberação de GH (hormônio do

crescimento).

Hormônio inibidor do hormônio do crescimento - GHIH (somatostatina)

- atuam nas células somatotróficas hipofisárias inibindo a liberação de GH.

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Page 73: Relatorio Final - Neuroanatomia

Hormônio liberador de prolactina (PRH) - atuam nas células

lactotróficas da hipófise estimulando a liberação de prolactina (PRL).

Hormônio inibidor da prolactrina (PIH ou Dopamina) - atuam nas

células lactotróficas da hipófise inibindo a liberação de prolactina.

Hormônio liberador de corticotrofinas (CRH) - atuam nas células

adrenocorticotróficas da hipófise estimulando a liberação de ACTH.

Hormônio liberador de tireotrofinas (TRH) - atuam nas células

tireotróficas e lactotróficas da hipófise estimulando tanto a liberação de TSH como

de PRL.

Hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) - atuam nas células

gonadotróficas da hipófise estimulando a liberação de FSH (hormônio folículo-

estimulante) e LH (hormônio luteinizante).

Hipotálamo

Localizado no cérebro diretamente acima da hipófise, é conhecido por exercer

controle sobre ela por meios de conexões neurais e substâncias semelhantes a

hormônios chamados fatores desencadeadores (ou de liberação) que atuam sobre a

adeno-hipófise, estimulando ou inibindo suas secreções. Produz hormônios que são

armazenados e secretados pela neuro-hipófise o meio pelo qual o sistema nervoso

controla o comportamento sexual via sistema endócrino.

O hipotálamo está intimamente relacionado com a hipófise no comando das

atividades. Ele controla a secreção hipofisária, produz ocitocina e hormônio

antidiurético, que são armazenados pela hipófise.

O hipotálamo estimula a glândula hipófise a liberar os hormônios

gonadotróficos (FSH e LH), que atuam sobre as gônadas, estimulando a liberação

de hormônios gonadais na corrente sanguínea. Na mulher a glândula-alvo do

hormônio gonadotrófico é o ovário; no homem, são os testículos. Os hormônios

gonadais são detectados pela pituitária e pelo hipotálamo, inibindo a liberação de

mais hormônio pituitário, por feed-back.

Como a hipófise secreta hormônios que controlam outras glândulas e está

subordinada, por sua vez, ao sistema nervoso, pode-se dizer que o sistema

endócrino é subordinado ao nervoso e que o hipotálamo é o mediador entre esses

dois sistemas.

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Page 74: Relatorio Final - Neuroanatomia

O hipotálamo também produz outros fatores de liberação que atuam sobre a

adenohipófise, estimulando ou inibindo suas secreções. Produz também os

hormônios ocitocina e ADH (antidiurético), armazenados e secretados pela

neurohipófise.

Tireoide

A tireoide é uma das maiores glândulas endócrinas do nosso organismo.

Localiza-se no pescoço, estando apoiada sobre as cartilagens da laringe e da

traqueia. Ela apresenta dois lobos que ficam localizados no pescoço e produz

hormônios, especialmente tiroxina (T4) e triiodotironina (T3), que são responsáveis

por regular o metabolismo, afetam o aumento e a taxa funcional de muitos outros

sistemas do corpo, aumentam a velocidade dos processos de oxidação e de

liberação de energia nas células do corpo, elevando a taxa metabólica e a geração

de calor. Estimulam ainda a produção de RNA e a síntese de proteínas, estando

relacionados ao crescimento, maturação e desenvolvimento. Além desses

hormônios a tireóide também produz o hormônio calcitonina que tem um importante

papel na homeostase do cálcio.

Suprarrenais

A glândula suprarrenal possui um formato triangular, envolvida por uma

cápsula fibrosa, localizada acima do rim. É dividida em duas partes independentes –

medula e córtex - secretoras de hormônios diferentes, comportando-se como duas

glândulas. O córtex secreta três tipos de hormônios: os glicocorticóides, os

mineralocorticóides e os androgênicos. A Medula é importante na ativação dos

mecanismos de defesa do organismo diante de condições de emergência e produz

os hormônios chamados de adrenalina e noradrenalina

Sua principal função é converter as proteínas e gorduras em glicose, assim

diminuindo a captação de glicose pelas células, aumentando a utilização de

gorduras. Essa glândula também realiza a síntese e libera os hormonas

corticosteróides (atua no equilíbrio de íons e água e no metabolismo) e as

catecolaminas (compostos químicos que podem ser liberados em situações de

stress) como o cortisol e a adrenalina.

Paratireoides

Constituídas geralmente por quatro massas celulares, as paratireóides

medem, em média, cerca de 6 mm de altura por 3 a 4 mm de largura e apresentam

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Page 75: Relatorio Final - Neuroanatomia

o aspecto de discos ovais achatados. Localizam-se junto à tireóide. Seu hormônio -

o paratormônio - é necessário para o metabolismo do cálcio.

Pâncreas

O pâncreas é uma glândula do sistema digestivo e endócrino. Ele pode ser

tanto exócrino com o papel de secretar suco gástrico, que também contém enzimas

digestivas quanto endócrino em que ele produz muitos hormônios importantes como

insulina, glucagon e somatostatina.

Gônadas

As gônadas são órgãos que produzem as células sexuais, os gametas, tanto

feminino no caso da mulher, como masculino no caso do homem, necessários para

sua reprodução.

Figura 45 – Sistema Endócrino

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Page 76: Relatorio Final - Neuroanatomia

Sistema Nervoso Somático e Sistema Nervoso Visceral

Com base na sua estrutura e função, o sistema nervoso periférico pode

subdividir-se em duas partes: o sistema nervoso somático (ou de vida de relação) e

o sistema nervoso autônomo (ou de vida vegetativa).

O SNP Voluntário ou Somático tem por função reagir a estímulos

provenientes do ambiente externo. Ele é constituído por fibras motoras que

conduzem impulsos do sistema nervoso central aos músculos esqueléticos. O corpo

celular de uma fibra motora do SNP voluntário fica localizado dentro do SNC e o

axônio vai diretamente do encéfalo ou da medula até o órgão que inerva. O sistema

nervoso somático é composto por neurônios que estão submetidos ao controle

consciente para gerar ações motoras voluntárias. Transmite a informação

proveniente dos órgãos dos sentidos ao sistema nervoso central e transporta

mensagens do sistema nervoso central para os músculos que permitem mover o

esqueleto, estando implicado nos movimentos corporais. É responsável pelo

controle dos movimentos musculares voluntários como os movimentos do dedos dos

pés, dos olhos, dos braços. Os movimentos dos músculos, com as suas contrações

e distensões, permitem a execução de movimentos visíveis da cabeça, do tronco e

dos membros, se forem músculos esqueléticos; e proporcionam os movimentos de

contração e de distensão das vísceras e dos órgãos internos, se forem músculos

lisos.

O SNP Visceral funciona independentemente de nossa vontade e tem por

função regular o ambiente interno do corpo, controlando a atividade dos sistemas

digestório, cardiovascular, excretor e endócrino, é aquele que se relaciona com a

inervação e com o controle das vísceras. O componente aferente conduz os

impulsos nervosos originados em receptores das vísceras a áreas específicas do

sistema nervoso.

O componente eferente leva os impulsos originados em certos centros

nervosos até as vísceras. Este componente eferente é também denominado de

Sistema Nervoso Autônomo e divide-se em Simpático e Parassimpático (Figura 46).

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Page 77: Relatorio Final - Neuroanatomia

Figura 46 – Esquema do Sistema Nervoso Somático e Visceral

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Page 78: Relatorio Final - Neuroanatomia

Sistema Nervoso Autônomo

O SNP Autônomo, como o próprio nome diz, funciona independentemente de

nossa vontade e tem por função regular o ambiente interno do corpo, controlando a

atividade dos sistemas digestório, cardiovascular, excretor e endócrino. Ele contém

fibras nervosas que conduzem impulsos do sistema nervoso central aos músculos

lisos das vísceras e à musculatura do coração.

Um nervo motor do SNP autônomo difere de um nervo motor do SNP

voluntário pelo fato de conter dois tipos de neurônios, um neurônio pré-ganglionar e

outro pós-ganglionar. O corpo celular do neurônio pré-ganglionar fica localizado

dentro do SNC e seu axônio vai até um gânglio, onde o impulso nervoso é

transmitido sinapticamente ao neurônio pós-ganglionar. O corpo celular do neurônio

pós-ganglionar fica no interior do gânglio nervoso e seu axônio conduz o estímulo

nervoso até o órgão efetuador, que pode ser um músculo liso ou cardíaco.

O sistema nervoso autônomo compõe-se de três partes:

Dois ramos nervosos situados ao lado da coluna vertebral. Esses

ramos são formados por pequenas dilatações denominadas gânglios, num total de

23 pares.

Um conjunto de nervos que liga os gânglios nervosos aos diversos

órgãos de nutrição, como o estômago, o coração e os pulmões.

Um conjunto de nervos comunicantes que ligam os gânglios aos nervos

raquidianos, fazendo com que o sistema autônomo não seja totalmente

independente do sistema nervoso cefalorraquidiano.  

O sistema nervoso autônomo está relacionado às funções do corpo que

mantêm o organismo vivo, no entanto não se exerce controle direto sobre elas.

Exemplo: salivação, sono, batimentos cardíacos, frequência respiratória, etc.

Existem impressões do ciclo biológico que chegam ao hipotálamo e o

marcam, assim como as informações básicas do corpo, sendo processadas por ele

que realiza a coordenação de todas as atividades essências a sobrevivência. No

entanto, ao mesmo tempo em que o hipotálamo regula de forma autônoma a

sobrevivência, também se relaciona com influências emocionais. Exemplo: azia

quando se está muito nervoso. Ou seja, existe um ciclo básico a ser respeitado pelo

corpo, mas o aspecto emocional pode influenciar neste controle do hipotálamo sobre

estes ciclos vitais.

78

Page 79: Relatorio Final - Neuroanatomia

Com o tempo o centro hipotalâmico vai se desenvolvendo e amadurecendo,

relacionando as emoções e as ações com o momento exato de realizar cada

atividade. Exemplo: micção, ereção, excreção, etc.

O sistema nervoso autônomo é dividido (como se fosse uma balança, um lado

sempre contrabalançando as atividades da outra parte) em: Simpático e

Parassimpático (Figura 47). De modo geral, esses dois sistemas têm funções

contrárias (antagônicas). Um corrige os excessos do outro. Por exemplo, se o

sistema simpático acelera demasiadamente as batidas do coração, o sistema

parassimpático entra em ação, diminuindo o ritmo cardíaco. Se o sistema simpático

acelera o trabalho do estômago e dos intestinos, o parassimpático entra em ação

para diminuir as contrações desses órgãos.

Uma das principais diferenças entre os nervos simpáticos e parassimpáticos é

que as fibras pós-ganglionares dos dois sistemas normalmente secretam diferentes

hormônios. O hormônio secretado pelos neurônios pós-ganglionares do sistema

nervoso parassimpático é a acetilcolina, razão pela qual esses neurônios são

chamados colinérgicos. Os neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso

simpático secretam principalmente noradrenalina, razão por que a maioria deles é

chamada neurônios adrenérgicos. As fibras adrenérgicas ligam o sistema nervoso

central à glândula supra-renal, promovendo aumento da secreção de adrenalina,

hormônio que produz a resposta de "luta ou fuga" em situações de stress.

A acetilcolina e a noradrenalina têm a capacidade de excitar alguns órgãos e

inibir outros, de maneira antagônica.

Sistema Nervoso Autônomo Simpático

O sistema nervoso autônomo simpático está relacionado a ações de luta e

fuga, e libera dois tipos de hormônios: Noradrenalina e Adrenalina.

No hipotálamo existe um neurônio que realizará o controle simpático e cujo

axônio vai até a medula espinal. Lá, entre a altura das vértebras T1 e L2, ele se

conectará com o neurônio motor visceral correspondente ao órgão que deseja

alcançar. Este neurônio motor se liga a outro neurônio que está próximo a medula

espinal, localizado nos Gânglios Para-Vertebrais. Por sua vez, este se ligará

diretamente a víscera, onde libera um hormônio chamado de noradrenalina,

causando a ação desejada.

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Page 80: Relatorio Final - Neuroanatomia

Existe uma única exceção nesta organização entre o hipotálamo e os órgãos.

É a glândula endócrina suprarrenal que recebe adrenalina diretamente do neurônio

motor visceral, sem intermediário.

O SNP autônomo simpático, de modo geral, estimula ações que mobilizam

energia, permitindo ao organismo responder a situações de estresse. Por exemplo, o

sistema simpático é responsável pela aceleração dos batimentos cardíacos, pelo

aumento da pressão arterial, da concentração de açúcar no sangue e pela ativação

do metabolismo geral do corpo.

Em geral, quando os centros simpáticos cerebrais se tornam excitados,

estimulam, simultaneamente, quase todos os nervos simpáticos, preparando o corpo

para a atividade.

Além do mecanismo da descarga em massa do sistema simpático, algumas

condições fisiológicas podem estimular partes localizadas desse sistema. Duas das

condições são as seguintes:

Reflexos calóricos: o calor aplicado à pele determina um reflexo que

passa através da medula espinhal e volta a ela, dilatando os vasos sangüíneos

cutâneos. Também o aquecimento do sangue que passa através do centro de

controle térmico do hipotálamo aumenta o grau de vasodilatação superficial, sem

alterar os vasos profundos.

Exercícios: durante o exercício físico, o metabolismo aumentado nos

músculos tem um efeito local de dilatação dos vasos sangüíneos musculares;

porém, ao mesmo tempo, o sistema simpático tem efeito vasoconstritor para a

maioria das outras regiões do corpo. A vasodilatação muscular permite que o

sangue flua facilmente através dos músculos, enquanto a vasoconstrição diminui o

fluxo sangüíneo em todas as regiões do corpo, exceto no coração e no cérebro.

Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático

O sistema nervoso autônomo parassimpático está relacionado a ações de

alimentação, e libera o hormônio chamado de Acetilcolina (Ach). Ele estimula

principalmente atividades relaxantes, como as reduções do ritmo cardíaco e da

pressão arterial, entre outras.

No hipotálamo existe outro neurônio que realizará o controle parassimpático e

cujo axônio vai até um neurônio determinado localizado no tronco encefálico

(próximo à ponte e ao bulbo). Este neurônio se conecta as raízes nervosas do tronco

encefálico e diretamente ao órgão, liberando a acetilcolina.

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Page 81: Relatorio Final - Neuroanatomia

No sistema nervoso autônomo parassimpático também existe uma exceção

na sua forma de organização. Existe um neurônio que sai do hipotálamo e que vai

até a medula, na altura das vértebras sacrais S2, S3 e S4. Ele se conecta a um

neurônio desta região e este, então, se liga aos órgãos localizados na pélvis (bexiga,

ânus, vagina, vesícula, próstata e pênis), liberando a acetilcolina, afim de realizar

ação desejada.

Quadro comparativo das atividades realizadas pelo Sistema Nervoso

Autônomo Simpático e Parassimpático.

Órgão

Efeito da estimulação Simpática

Luta/Fuga/Stress – Noradrenalina e Adrenalina

Efeito da estimulação Parassimpática

Alimentação - Acetilcolina

Olho: pupilaMúsculo ciliar

Dilatadanenhum

ContraídaExcitado

Glândulas gastrointestinaisvasoconstrição

Estimulação de secreção

Glândulas sudoríparas sudação Nenhum

Coração: músculo (miocárdio)Coronárias

Atividade aumentadaVasodilataçãoAumenta a frequência cardíaca

Diminuição da atividadeConstriçãoDiminui a frequência cardíaca

Vasos sanguíneos sistêmicos:AbdominalMúsculoPele

ConstriçãoDilataçãoConstrição ou dilatação

NenhumNenhumNenhum

Pulmões: brônquiosVasos sangüíneos

DilataçãoConstrição moderada Bronco-dilatação

ConstriçãoNenhumBronco-constrição

Tubo digestivo: luzEsfíncteres

Diminuição do tônus e da peristalseAumento do tônusRedução da salivação, secreção e motilidade gástrica e intestinal.(*) Em níveis altos de estresse a motilidade intestinal aumenta, no entanto, as fezes ficam com uma consistência pastosa (excesso de água)

Aumento do tônus e do peristaltismoDiminuição do tônusAumento da salivação, secreção e motilidade gástrica e intestinal.

Fígado Liberação de glicose Nenhum

RimDiminuição da produção de urina

Nenhum

Bexiga: corpoEsfíncter

InibiçãoExcitaçãoRedução da micção(*) Como no sistema digestório,

Excitação Aumento da micçãoInibição

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Page 82: Relatorio Final - Neuroanatomia

em caso de estresse, passa-se a urinar frequentemente, independente da bexiga estar cheia ou não.

Sistema ReprodutorNo Sistema Reprodutor o SNA Simpático e Parassimpático realizam ações complementares e não opostas.

Ejaculação(responsável pela contração das glândulas da vesícula seminal e próstata, para induzir a passagem dos espermatozoides pelo canal).

Vasodilatação do pênis, clitóris e grandes lábios vaginais

Ato sexual masculino Ejaculação Ereção

Glicose sangüínea Aumento Nenhum

Metabolismo basal Aumento em até 50% Nenhum

Atividade mental Aumento Nenhum

Secreção da medula supra-renal (adrenalina)

Aumento Nenhum

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Page 83: Relatorio Final - Neuroanatomia

Figura 47 – Sistema Nervoso Autônomo Simpático e Parassimpático

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Page 84: Relatorio Final - Neuroanatomia

Sistema Limbico e Comportamento Emocional

O sistema límbico tem formato de anel cortical e é um conjunto de estruturas

do cérebro que são responsáveis primordialmente por controlar as emoções e

secundariamente participa das funções de aprendizado e memória, podendo

também participar do sistema endócrino. Localiza-se na parte medial do cérebro dos

mamíferos.

O sistema límbico é composto por algumas estruturas que são essenciais no

controle relativo às emoções; temos como estruturas principais:

Hipotálamo: Essa estrutura tem o tamanho menor que um grão ervilha, assim

pode-se dizer que esta estrutura representa menos de 1% do tamanho total do

cérebro. O hipotálamo é responsável por diversas funções importantes como:

regulagem do sono, pela libido, controla o apetite e também controla a temperatura

corporal; quando a temperatura aumenta o hipotálamo age na dilatação dos

capilares para o resfriamento sanguíneo. Ele também age juntamente a hipófise,

ajudando no sistema endócrino.

Corpos mamilares: Está intimamente relacionado ao hipotálamo. Os corpos

mamilares são responsáveis por regularem os reflexos alimentares da alimentação,

como por exemplo, a deglutição e ao ver um alimento suculento o ato de lamber os

lábios.

Tálamo: O tálamo representa uma espécie de duas massas ovais, onde cada

uma delas se localiza nos dois hemisférios do cérebro. O tálamo é responsável por

quatro sentidos: tato, paladar, visão e audição e também é responsável pelas

sensações de dor, quente ou frio e a pressão do ambiente. Apenas os sinais do

olfato são enviados diretamente ao córtex cerebral sem ter que serem “filtrados” pelo

tálamo.

Giro cingulado: Se localiza na porção mediana do cérebro e faz parte do

tálamo. A estimulação dessa parte pode causar alucinações, alterações na emoção.

Essa região é responsável pelos odores e a visão. Em animais selvagens se houver

a retirada deste giro, através de uma cirurgia, a domesticação é mais fácil e rápida.

Amígdala: Essa parte do cérebro possui cerca de dois centímetros de

diâmetro. O cérebro é composto por duas amígdalas, onde cada uma se localiza em

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Page 85: Relatorio Final - Neuroanatomia

um lobo temporal. É nesta região onde é identificado quando há perigo, medo e

ansiedade. As amígdalas também são responsáveis por memórias emocionais.

Hipocampo: Esta estrutura está localizada no lobo temporal, é responsável

pela memória recente. Quando uma pessoa se lembra de algo, aumenta

significadamente o metabolismo desta estrutura, resultando no aumento do fluxo

sanguíneo.

Há no córtex cerebral um local responsável pela tomada de consciência das

emoções que sentimos. Sabe-se hoje que as áreas relacionadas com os processos

emocionais ocupam distintos territórios do cérebro. A base cortical, denominada de

giro para-hipocampal é a porta de entrada das informações que irão chegar ao

hipotálamo Estas.diversas regiões do córtex se conectam com o hipocampo que as

transmitirá ao hipotálamo, através de uma via ou circuito chamado de Fórnix. Do

hipotálamo as informações vão para o corpo mamilar, passam pelo tálamo e são

retransmitidas para um córtex especial (acima do corpo caloso) região cortical mais

profunda chamada Giro do cíngulo. È uma via em forma de arco. Depois essas vias

retornam para o hipocampo, fechando um circulo.

Este circuito formado pelo hipocampo, fórnix, hipotálamo, tálamo e giro do

cíngulo formam o chamado Circuito de Papez, principal responsável pelo controle

emocional nos seres humanos O Circuito de Papez, é uma região do cérebro que,

acredita-se, está relacionada à emoção e também à memória recente, já que sua

lesão tem relação com amnésia anterógrada. (Figura 48).

Em 1937, o neuro-anatomista James Papez demonstrou que a emoção não é

função de centros cerebrais específicos e sim de um circuito, envolvendo quatro

estruturas básicas, interconectadas por feixes nervosos: o hipotálamo com seus

corpos mamilares, o núcleo anterior do tálamo, o giro cingulado e o hipocampo. Este

circuito, o circuito de Papez, atuando harmonicamente, é responsável pelo

mecanismo de elaboração das funções centrais das emoções (afetos), bem como de

suas expressões periféricas (sintomas). Ele foi o cientista que deu nome a este

circuito. Segundo suas descobertas, quando cortamos as conexões deste circuito e

deixarmos somente o hipotálamo funcionando pode-se domesticar completamente

uma pessoa no campo emocional, anulando, por exemplo, um comportamento

agressivo. Descobriu ainda outras consequências da interrupção destas conexões

como agnosia visual, isto é, ausência de medo; tendência oral e tendência

hipersexual. Segundo Papez, mensagens sensoriais com conteúdo emocional que

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Page 86: Relatorio Final - Neuroanatomia

chegavam ao tálamo seriam direcionadas ao córtex (ramo "racional") e ao

hipotálamo (ramo "emotivo"). Para tanto, propôs uma série de conexões do

hipotálamo ao tálamo anterior, e deste, ao córtex cingulado. As experiências

emocionais, portanto, ocorreriam quando o córtex cingulado integrasse as

informações provenientes do hipotálamo com as informações provindas do córtex

sensitivo. Uma via eferente do giro do cíngulo ao hipocampo e ao hipotálamo

permitiria o controle central das respostas emocionais

Nessa região do hipocampo foram feitos ainda alguns experimentos e foi

constatado que quando essa região é estimulada são acionadas memórias que

trazem medo ou prazer. Agressividade, para fuga ou luta, também é acionada

mediante o estímulo do hipocampo.

Essas regiões são controladas por uma região frontal. A região frontal foi a

que mais se desenvolveu no ser humano no aspecto evolutivo (córtex frontal). Esse

córtex frontal regula a sociabilidade, mas também é regulada por hormônios.

Existe uma região no córtex pré frontal, chamada de área septal que está

próxima ao circuito de papez. Se cortarmos a conexão surge uma síndrome

chamada hiper agressividade septal. Alguns neurotransmissores vão ter muita

importância nesse comportamento emocional. No excesso de dopamina, por

exemplo, ocorre uma hiperatividade emocional, comportamento impulsivo. Por outro

lado, se a dopamina estiver muito baixa, ocorre uma hipoatividade emocional. Com o

hormônio tireoidiano em baixa ocorre uma tendência depressiva. O ideal é o

controle, equilíbrio dos hormônios no organismo. Outro neurotransmissor importante

é a serotonina. Ela regula o sistema comportamental emocional. Se o nível de

serotonina no organismo estiver alto temos uma ótima regulação emocional,

sensação de saciedade, satisfação. Um alimento que favorece o aumento do nível

de seronotina no organismo por ser rico em um aminoácido chamado triptonafo é o

chocolate 70%. Se o nível de serotonina está baixo ocorre mais fome.

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Page 87: Relatorio Final - Neuroanatomia

Figura 48 – Circuito de Papez e Giro do Cíngulo

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Page 88: Relatorio Final - Neuroanatomia

Nervos Cranianos

Do encéfalo partem doze pares de nervos cranianos. Três deles são

exclusivamente sensoriais, cinco são motores e os quatro restantes são mistos.

Assim como na coluna vertebral temos nervos que emergem pelos forames levando

informações sensitivas e motoras (nervos aferentes e eferentes) temos também

nervos especiais que emergem por forames no crânio (Figura 49).

O nervo olfatório é um nervo exclusivamente sensitivo, cujas fibras conduzem

impulsos olfatórios. O nervo óptico é um nervo exclusivamente sensitivo, cujas fibras

conduzem impulsos visuais. Cada nervo óptico une-se com o do lado oposto, eles

cruzam próximo ao hipotálamo e parece um “x”. Estes dois nervos vão direto para o

encéfalo, na região cortical. Os outros dez estão todos no tronco cerebral, saindo na

ponte, bulbo ou mesencéfalo. Isto indica que as informações estão se processando

no tronco cerebral. O nervo oculomotor, o troclear e o abducente estão relacionados

com a mesma função que é movimentar os olhos, são os movimentos oculares. O

nervo trigêmeo é um nervo sensitivo localizado na cabeça, ele possui três

ramificações, pois está relacionado com três regiões por onde chegam as

informações de dor. (Figura 50).

O nervo facial é um nervo que está relacionado com as glândulas que temos

no crânio, salivares e lagrimais. Estas ao coordenados por este nervo. O nervo

Vestíbulo-coclear recebe este nome porque vestíbulo refere-se ao local do ouvido

interno relacionado ao equilíbrio e coclear refere-se a audição. A doença chamada

labirintite ocorre por afetação desse nervo. O nervo Glossofaríngeo está inervando a

língua e a região posterior que é a faringe. Glosso significa língua. Este nervo leva

informações sensitivas (sonestésica) tato, dor, queimação, mas também conduz

uma informação sensitiva especial que é a gustativa. O nervo vago e o acessório

trabalham interligados e estão relacionados com informações aferentes e eferentes

viscerais. Todas as informações relativas as vísceras que estão no tórax e abdômem

chegam ao sistema nervoso por estes nervos como por exemplo a chegada do

alimentos ao estômago. A regulação da pressão arterial também é função do nervo

vago. O hipoglosso (hipo = baixo, glosso = lígua, isto é parte baixa da língua) tem

função motora no processo de degustação.

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Page 89: Relatorio Final - Neuroanatomia

 Nervo Craniano Tipo Função

Olfatório sensitiva Percepção do olfato.

Óptico sensitiva Percepção visual.

Oculomotor motoraControle da movimentação do globo ocular, da pupila e do cristalino.

Troclear motora Controle da movimentação do globo ocular.

Trigêmeo mista

Controle dos movimentos da mastigação (ramo motor);Percepções sensoriais da face, seios da face e dentes (ramo sensorial).

Abducente motora Controle da movimentação do globo ocular.

Facial mista

Controle dos músculos faciais – mímica facial (ramo motor);Percepção gustativa no terço anterior da língua (ramo sensorial).

Vestíbulo-Coclear sensitivaPercepção postural originária do labirinto (ramo vestibular);Percepção auditiva (ramo coclear).

Glossofaríngeo mistaPercepção gustativa no terço posterior da língua, percepções sensoriais da faringe, laringe e palato.

Vago mistaPercepções sensoriais da orelha, faringe, laringe, tórax e vísceras. Inervação das vísceras torácicas e abdominais.

Acessório motoraControle motor da faringe, laringe, palato, dos músculos esternoclidomastóideo e trapézio.

Hipoglosso motoraControle dos músculos da faringe, da laringe e da língua.

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Page 90: Relatorio Final - Neuroanatomia

Figura 49 - Nervos Cranianos

Figura 50 - NervoTrigêmeo (Oftálmico, Maxilar e Mandibular)

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Page 91: Relatorio Final - Neuroanatomia

Nervos Raquidianos

Os 31 pares de nervos raquidianos que saem da medula relacionam-se com

os músculos esqueléticos. Eles se formam a partir de duas raízes que saem

lateralmente da medula: a raiz posterior ou dorsal, que é sensitiva, e a raiz anterior

ou ventral, que é motora. Essas raízes se unem logo após saírem da medula. Desse

modo, os nervos raquidianos são todos mistos.

Os corpos dos neurônios que formam as fibras sensitivas dos nervos

sensitivos situam-se próximo à medula, porém fora dela, reunindo-se em estruturas

especiais chamadas gânglios espinhais. Os corpos celulares dos neurônios que

formam as fibras motoras localizam-se na medula. De acordo com as regiões da

coluna vertebral, os 31 pares de nervos raquidianos distribuem-se da seguinte

forma: oito pares de nervos cervicais; doze pares de nervos dorsais; cinco pares de

nervos lombares e seis pares de nervos sagrados ou sacrais (Figura 51).

Figura 51 – Nervos Raquidianos

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Page 92: Relatorio Final - Neuroanatomia

Córtex Somestésico

O cérebro tem uma representação do próprio corpo. A maioria das aferências

somestésicas da metade do nosso corpo chega ao tálamo e projeta-se no córtex

somestésico primário (S1) do giro pós-central contralateral. No córtex somestésico

primário há um mapa corporal completo chamado homúnculo sensorial. Essa

representação não é proporcional: a face e os dedos das mãos possuem a principal

representação em relação a outras partes do corpo refletindo a densidade de

receptores distribuídos pelo corpo. Assim determinadas regiões do corpo

apresentam maior resolução espacial, ou seja, maior sensibilidade e maior precisão

para identificar o estimulo. A sensibilidade tátil é a que tem melhor precisão.

O córtex somestésico possui 4 subáreas distintas que processam aspectos

específicos da modalidade somestésicar:

Subárea 3a - propriocepção,

Subárea 3b - tato e

Subáreas 1 e 2 - o processamento imediato das informações táteis e

combinação com a propriocepção proporcionando a interpretação espacial

dos objetos examinados com as mãos.

Quando ocorre lesão no córtex somestésico surgem dificuldades para

discriminar textura, tamanho e formas dos objetos.

Ter a sensibilidade (= aesthesia) sobre as diferentes partes do corpo (= soma)

significa estar dotado do sentido chamado somestesia. Esse sentido tem receptores

sensoriais distribuídos não só na cabeça, mas em todas as partes do corpo. Pode

ser reconhecido através das 4 submodalidades somestésicas: dor, tato, temperatura

e pressão.

A pele é que protege o corpo do ambiente externo funcionando como se fosse

uma capa à prova de água, resistente, flexível, ainda por cima, lavável. Além disso,

é o maior órgão sensorial do nosso corpo: através dela detectamos o mais leve

toque das patas de um inseto ao caloroso aperto de mão. Sabemos se o ambiente

está quente ou frio e se um determinado estímulo físico ou químico está para causar

uma lesão. Combinando todas essas sensações, podemos examinar as

características de um objeto: sem vê-lo, podemos enfiar a mão dentro do bolso e

distinguir uma chave de uma moeda.

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Page 93: Relatorio Final - Neuroanatomia

Os olhos, as orelhas e o nariz detectam estímulos sensoriais à distância, mas

a pele, como órgão sensorial precisa interagir diretamente com a fonte de estímulo.

Podemos ver e ouvir uma pessoa à distância, cheirar o seu perfume, mas o contato

direto estabelecido com ela, através do aperto de mão ou de um abraço, parece

proporcionar-nos a certeza incontestável da sua presença.

O sentido do tato corresponde a capacidade que temos de perceber as

características dos objetos que tocam a nossa pele como o abraço, o vento, a

vibração de um motor, etc. Há vários tipos de receptores sensoriais mecânicos de

forma que o nosso cérebro pode reconhecer a textura e a forma de um objeto,

quando o manipulamos com as mãos ou com a língua. Assim, os estímulos

mecânicos suaves como um roçar de uma pena são detectados por receptores

superficiais; já a sensação de pressão sobre a pele, pela estimulação de receptores

mais profundos. Finalmente, a sensação de vibração é causada por receptores

sensíveis a estímulos repetitivos e rápidos.

Há dois tipos de pele: com e sem pelos (como os lábios, as palmas das mãos

e planta dos pés). A tabela abaixo mostra os tipos de receptores cutâneos, os tipos

de estímulos e as sensações que percebemos.

Nome do receptor Estimulo Sensação

Corpúsculo de Meissner Vibração (20-40 Hz) Toque rápido

Terminações do Folículo

pilosoDeslocamento do pelo

movimento,

direção

Terminações de Ruffini Desconhecida Desconhecida

Corpúsculo de Krause Pressão Pressão

Corpúsculo de Pacini Vibração (150-300 Hz) Vibração

Terminações livresEstímulos mecânicos, térmicos e químicos

intensosDor

Corpúsculo de Merkel Endentação estável Toque, Pressão

Há receptores que respondem apenas a estímulos passageiros (Pacini e de

Meissner), ou seja, só quando o estimulo está sendo aplicado ou removido ou

variando constantemente. Esses são conhecidos como receptores de adaptação

rápida, pois se o estimulo perdurar, teremos a sensação de que o estimulo está

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Page 94: Relatorio Final - Neuroanatomia

ausente. Outros receptores (Merkel e de Ruffini) respondem continuamente à

presença de estímulos, por isso, são chamados de receptores de adaptação lenta.

Cada receptor envia a informação para o cérebro, separadamente, por meio

de uma via rotulada de neurônios, aonde as sensações somáticas da cabeça e do

resto do corpo chegam ao sistema nervoso central até as áreas cerebrais do córtex

(córtex somatossensorial) (Figura 52). Nas áreas associativas do córtex, é que

realmente, ficamos sabendo sobre as características dos objetos que examinamos

com as mãos ou que interage com a superfície da pele.

Cada receptor sensorial possui um campo de recepção do estímulo que

corresponde a sua área de inervação. O tamanho do campo de recepção varia

conforme a região do nosso corpo: nas mãos e na face, são pequenos e numerosos

em relação a outras partes do corpo que são grandes. Uma conseqüência disso é o

cérebro possuir uma representação do nosso corpo de forma distorcida. Essa região

do cérebro é o córtex somatossensorial (Figura 53), destacada em amarelo, e

também com colorido variado para representar as diferentes regiões do corpo.

O Homúnculo de Penfiled - Penfileld, um neurocirurgião, representou o corpo

com a sensibilidade correspondente e obteve a figura de um homenzinho

engraçado. É chamado de homúnculo (pequeno homem) sensorial. As regiões

proporcionalmente exageradas correspondem a regiões com maior densidade de

receptores e maior capacidade discriminativa. As mãos, a face, os lábios e a língua

são muito mais sensíveis do que o tronco, nádegas, genitais, braços, pernas e pés.

Existem dois homúnculos, um somestésico e outro motor. O de cima é o

somestésico. O homúnculo motor é muito parecido. Mas existem diferenças entre

eles. Por exemplo, o somestésico tem orelhas, uma vez que temos sensibilidades

nessa área. Como não conseguimos mexer nossas orelhas, o homúnculo motor não

tem representação destas áreas. A forma pela qual o cérebro processa

conscientemente o nosso corpo é totalmente diferente da forma como

reconhecemos visualmente a forma humana. Isto se deve ao fato de que cada

neurônio que forma o giro pós-central, recebe exatamente a informação de todos os

receptores sensoriais distribuídos na pele. Como se pode constatar através deste

homúnculo, existem muito mais receptores sensoriais na nossa face e em nossas

mãos em relação a outras partes do corpo. Dessa forma, somos muito mais

sensíveis a estas áreas.

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Page 95: Relatorio Final - Neuroanatomia

Figura 52 – Via do

Córtex

Somatossensorial

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Page 96: Relatorio Final - Neuroanatomia

Figura 53 – Localização do Córtex Somatossensorial e Homúnculo Somestésico

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