Upload
herbert-rodrigues-mendonca
View
8
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Relatório de investigação que visa identificar os hábitos de escuta musical
Citation preview
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE ARTES – IARTE
CURSO DE MÚSICA
METODOLOGIA DO ENSINO E APRENDIZAGEM MUSICAIS 3 E
PROJETO INTEGRADO DE PRÁTICA EDUCATIVA – PIPE 4
Escuta musical dos jovens na atualidade
Herbert Rodrigues Mendonça
2
Uberlândia, novembro, 2015
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE ARTES – IARTE
CURSO DE MÚSICA
METODOLOGIA DO ENSINO E APRENDIZAGEM MUSICAIS 3 E
PROJETO INTEGRADO DE PRÁTICA EDUCATIVA – PIPE 4
Escuta musical dos jovens na atualidade
Relatório Final do Projeto de Prática Educativa 4 (PIPE4) vinculado à disciplina Metodologia do Ensino e Aprendizagem Musicais 3 (MEA 3) ministrada pela professora Dra. Fernanda de Assis Oliveira Torres no segundo semestre de 2015.
Uberlândia, novembro, 2015
4
SUMÁRIO
1-INTRODUÇÃO...........................................................................................p. 04
2-METODOLOGIA.........................................................................................p. 06
3-RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS...................p. 07
4-Considerações finais...............................................................................p. 12
5-Referências Bibliográficas......................................................................p. 136-ANEXO: Respostas dos questionários..................................................p. 14
5
1- INTRODUÇÃO
Uma educação musical abrangente deve-se ocupar prioritariamente do
desenvolvimento equilibrado das diferentes potencialidades musicais dos
alunos. Para isso, o professor precisa estar atento as reações dos alunos, aos
estímulos e propostas desenvolvidas em aula. Assim sendo, o professor e
educador musical inglês Swanwick, escreveu em seu livro A Basis for Music
Education (1979), as cinco principais atividades musicais, que a educação
musical deve desenvolver com igualdade e equilíbrio.
Essas atividades foram denominadas pelo autor de C.(L).A.(S).P, que
segundo tradução de Moreira (2012) para português:
(T).E.C.(L).A – Técnica, Execução, Composição, Literatura e Apreciação. Os parênteses nas letras T e L as destacam por considerar a Técnica e a Literatura atividades secundárias no processo de ensino, afirmando então que a Apreciação faz parte do eixo principal de ensino e aprendizagem da música juntamente com a Execução e a Composição.
Apreciação, é uma das formas mais usadas para conhecimento musical,
“sendo a música um fenômeno sonoro, a forma mais fundamental de abordá-la
é através do ouvir” (LEONHARD & HOUSE 1972, p. 256 apud FRANÇA &
SWANWICK 2002, p. 12). Com efeito, França & Swanwick (2002, págs. 12 e
13), dizem:
a maior parte da nossa herança musical só será vivenciada através da apreciação – mesmo no caso de um músico fluente: por maior que seja o seu repertório, este ainda representa uma pequena parcela de tudo o que foi composto através dos tempos e lugares, e para as mais variadas formações instrumentais.
Poderíamos chegar então a uma conclusão sobre a definição mais
aceita do ato de apreciar música?
Seria difícil, porém autores como França & Swanwick (2002, pág. 12)
mostram que
as atividades de apreciação devem levar os alunos a focalizarem os materiais sonoros, efeitos, gestos expressivos e estrutura da peça, para compreenderem como esses elementos são combinados. Ouvir uma grande variedade de música alimenta o repertório de possibilidades criativas sobre as quais os alunos podem
6
agir criativamente, transformando, reconstruindo e reintegrando ideias em novas formas e significados.
Na literatura científica, muitas vezes os termos apreciar, escutar e ouvir,
são utilizados como sinônimos de uma mesma ação. Todavia alguns grupos de
pesquisadores, em seus trabalhos, diferenciam estes termos.
Bastião (2003) em todo o artigo trata sobre os caminhos da apreciação
musical em uma aula de um curso superior, tratando a Apreciação como
processo de compreensão e apreensão dos elementos sonoros que compõem
a música. França & Swanwick (2002), usam o termo Ouvir, como sinônimo de
apreciação, logo Ouvir, neste sentido, torna-se um processo ativo de
conhecimento musical. Já Granja (2006, pág. 65) apud (SOUZA & TORRES
2009, pág. 47) diz, “ouvir é captar fisicamente a presença do som”, enquanto
que “escutar estaria mais próximo da dimensão interpretativa da percepção”.
Assim, este trabalho adotará as significações de GRANJA (2006) e
RAMOS (2012) quanto aos termos ouvir e escutar, buscando entender essa
relação na vida dos jovens, e as mediações dos novos aparatos tecnológicos
no processo.
A adolescência, é um período de descobertas e mudanças, físicas e
emocionais. Marcada ainda por ser uma fase, em que o jovem passa a dar
ênfase a sociabilidade. A música inerente a todos os seres humanos, adquiri
nessa fase uma grande importância, sendo um meio propicio de
desenvolvimento do processo de interação social.
Tal processo, sofreu nos últimos anos, inúmeras influências
principalmente da cultura de massa impulsionada pelas novas tecnologias de
gravação e comercio destas, além do início da radiodifusão (ZAN 2001) e a
música portátil (RAMOS 2012).
Com base nestes expostos, e nas mudanças de relações com a música,
duas perguntas norteou o projeto que buscou entender o processo de escuta
musical dos jovens na atualidade? E sua utilidade?
Por objetivo geral, o projeto buscou compreender a escuta musical dos
jovens na atualidade. Já como objetivos específicos, buscou identificar as
especificidades do processo de escuta e seus possíveis usos pela educação
musical.
7
2- METODOLOGIA
Para alcançar os objetivos do projeto, foram feitas entrevistas com cinco
pessoas, três adolescentes e duas professoras de piano. Sendo realizado um
encontro de observação de seu fazer musical e dois encontros de ação prática.
A transcrição consistiu em uma análise das respostas dos cinco
entrevistados, que revelaram seus modos de escuta musical, além de apontar
possibilidades de trabalho com o modo de escuta dos jovens na atualidade.
A primeira observação, foi uma tentativa de extração das preferências
musicais dos jovens durante seus diálogos com os professores em sala de
aula, e ao fim de suas aulas eu deixei uma pergunta ao aluno Lucas e as
alunas Elora e Sara: Qual a diferença entre ouvir e escutar.
A primeira ação prática, foi uma conversa aberta, guiada a partir de um
questionário semiestruturado, que não pode ser completado no primeiro
encontro.
A segunda ação prática, foi a continuação do recolhimento de dados
com alunos e professoras de música, e o encerramento da conversa aberta.
8
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS
As pessoas participantes desta pesquisa, são todas agentes ativas no
processo de ensino e aprendizagem musical. Constituídas por duas
professoras, duas alunas e um aluno do Conservatório Estadual de Música Dr.
José Zóccoli de Andrade da cidade de Ituiutaba-MG.
A presente pesquisa buscou compreender a escuta musical dos jovens
estudantes de música das classes de piano. O presente projeto, inicialmente,
teria a participação apenas de adolescentes, porém, na fase de observação,
pude constatar um intenso uso de celulares e fones de ouvido por parte de
jovens professoras de piano, portanto, também estendi a elas o campo de
abrangência desta pesquisa.
Em um primeiro momento, ao final da observação, lancei uma pergunta
sobre o que é ouvir/escutar/apreciar/entender música, se são as mesmas
coisas ou não, o que eles achavam sobre isso?
O primeiro encontro, foi tomado por um debate entre os cinco
participantes e eu, a respeito do assunto. Não ouve unanimidade entre a
função de cada adjetivo que caracteriza o processo de recepção da emissão
sonora.
Paralelo as definições discutidas na literatura corrente, cada participante
caracteriza tal processo não por consenso comum, mais pela definição que lhe
é mais própria, por exemplo nas falas das alunas Sara e Elora que dizem que:
Apreciar música, é gostar de ouvi-la e na fala do aluno Lucas que diz que
apreciar é querer ouvir novamente. Sem se preocupar em diferenciar os
diferentes modos de recepção sonora.
Já as professoras Monalisa e Priscila, dizem que apreciar seria: prestar
a atenção nos detalhes e ouvir é escutar sem reflexões, sintetizando em
apenas dois modos de recepção sonora.
Alimentados por essa discussão, pude iniciar o questionário sobre a
escuta musical, com maior atenção a particularidade da escuta por parte dos
entrevistados.
As respostas do questionário, estão registrados na íntegra no anexo
deste relatório. A primeira pergunta quis saber se o jovem gosta de música. Em
síntese todos disseram que sim, porém o que se deve levar em conta dessa
9
resposta, não é a música em si, mas a música associada a casos como o
sentimento, a tradição familiar, gostos e escolhas individuais.
A segunda pergunta quis conhecer a frequência com que os jovens
escutam música. Os alunos tiveram respostas parecidas quanto ao momento
de escuta, que no geral era aleatório, porém os momentos de “ócio” como o
caminho da escola, ou os momentos de afazeres “chatos” tarefas escolares e
domésticas, são momentos em que eles comumente usam par ouvir música a
exceção Elora, que não consegue se concentrar mentalmente em duas
atividades.
Já entre as professoras, Priscila diz que não escuta música
desinteressadamente, sua escuta possui sempre uma finalidade, aprender uma
música para ensinar a um aluno, ouvir as músicas que os alunos tocam, e as
músicas que as crianças pequenas escutam.
A professora Monalisa concorda coma Priscila, e diz que sua escuta
também possui uma finalidade, ensino, transcrição de partitura, músicas para
tocar na igreja e em casamentos e outros eventos.
A pergunta sobre a frequência da escuta musical, trouxe uma
constatação por meio de uma outra discussão: Quando ouvimos música
realizando outra atividade, ora prestamos a atenção numa, ora noutra coisa,
nunca nas duas ao mesmo tempo.
A terceira pergunta quis conhecer quais suportes materiais os
entrevistados mais utilizam para escutar música. E a resposta foi unânime, o
celular, com e sem fone de ouvido, é claro que a formação da playlist não
ocorre apenas pelo celular em si, há a influência da televisão, e da internet que
segundo eles é mais acessada pelo computador ou notebook, portanto o
repertorio musical apesar de mais ouvido pelo celular, faz-se primeiramente
conhecido pela televisão e pelo computador com acesso à internet.
A quarta pergunta quis saber se entre os entrevistados, a escuta é
orientada sempre pelo prazer de ouvir música, ou outros fatores o induzem a
isso. Entre os alunos as respostas comuns foram dos amigos, igreja, colegas
de escola e conservatório.
As professoras, porém disseram que a necessidade de determinadas
músicas que guiam a maior parte da sua escuta, e secundariamente amigos e
igreja e familiares.
10
Sobre os gêneros musicais mais ouvidos por eles, as alunas Sara e
Elora dizem ser ecléticas, mas possuem preferência pelos estilos musicais
internacionais lentas, pop e eletrônica. Priscila e Monalisa dizem serem
ecléticas mais universalmente, e Lucas diz ser eclético, mas possui preferência
pelo rock.
A sexta pergunta, quis saber se algum dos entrevistados já aprendeu a
ouvir algum outro estilo musical a parti das influências de outras pessoas. Sara
e Elora ouviam apenas músicas gospel e MPB, porém por influência de
amigos, colegas e familiares, passaram a ouvir música pop, sertaneja e
eletrônica.
Lucas ouvia sertanejo, MPB e por influência de amigos ele passa a
gostar de rock. A professora Priscila, diz sofrer muita influência da escuta
musical de seus alunos e Monalisa diz que passou a ouvir jazz por causa de
uma aula da História da Música Popular.
Após essa pergunta, iniciou-se outra discussão, agora sobre as “tribos”
musicais. Os alunos apesar de confirmarem sua existência, disseram que as
mesmas não são tão representativas, e que a escuta está se tornando cada
vez mais eclética. Porém as professoras falaram que as tribos musicais ainda
são fortes principalmente a dos roqueiros que possuem total aversão ao
sertanejo.
Buscando compreender a frequência e finalidade de se escutar música,
a sétima pergunta quis identifica em quais momentos e para quais atividades
ocorre o processo de audição musical. Sara, Elora, Lucas, Priscila e Monalisa
escutam música para realizar atividades “chatas” como os afazeres
domésticos, tarefas escolares, momentos de ócio (caminhada para a escola),
exercícios físicos e relaxamento, porém o que todos concordam é que não há
um horário fixo, rígido e sim quando há vontade, ou sobra de tempo.
Após essa pergunta, ocorreu um novo momento de discussão, o uso dos
fones de ouvido andando na rua, o perigo desse tipo de hábito, e seu uso
costumeiro entre os jovens.
A oitava pergunta quis identificar qual suporte material mais utilizado
para ouvir música e de que forma. Sara e Lucas preferem usar o fone de
ouvido independente de ser computador ou celular, porque acha que o som é
mais claro e inteligível. Já Elora, utiliza o alto-falante do celular e do som, tal
11
como Priscila. Monalisa escuta com o fone de ouvido para “pegar” mais
detalhes, principalmente das músicas que ela interpreta ao teclado/piano.
A nona pergunta ocupou-se de saber o que mais chama a atenção dos
entrevistados em uma música, letra, batida, se a música é agitada ou devagar.
Sara prefere músicas de andamento rápido, eletrônica, já quando ela é mais
lenta, gosto de escutar o piano, e destaca a melodia como um elemento muito
importante.
Elora ignoro a letra e foco mais no instrumental, sempre buscando ouvir
os baixos da música, além do arranjo do piano/teclado. Priscila (professora de
piano), também foca no instrumental, arranjo, letra se houver e na forma da
música.
Monalisa (professora de piano) diz que depende muito da música, e que
é aficionada por melodias. Lucas foca o refrão da música, e procura escutar o
instrumento piano/teclado nela, e passa a imaginar como seria ele tocando
essa música com outras pessoas, diz também que a letra é o último elemento.
Utilizei-me se alguns as maneiras de ouvir dos jovens levantados por
Souza e Torres (2009), e foi possível inferir que em maior ou menor grau, todos
realizam os tipos de escuta abaixo descriminados:
a) Motoramente.
b) Função compensatória de algum sentimento.
c) Ouvir relacionado ao relaxamento.
d) Ouvir difuso: distração ou concentração em tarefas.
e) Ouvir emocional em função de deleite ou prazer.
As décimas primeiras e décimas segundas perguntas, estão
relacionadas as preferências musicais dos jovens e a sua realização no seu
instrumento de estudo. A primeira buscava identificar se os alunos ouviam as
músicas que tocavam, ou se apenas as executavam como obrigações de um
repertório de prova.
Sara diz não ouvir as músicas da apostila ou seus autores. Elora e
Lucas, buscavam conhecer outras produções musicais dos compositores que
eles executavam na apostila, e ouvir outras interpretações das músicas que
eles estão fazendo.
12
Já Monalisa e Priscila dizem que quando algumas músicas a interessam,
elas logo buscam tocá-la. A outra, pergunta, se eles gostam de tocar o
repertório que eles gostam de ouvir.
Sara diz que há certas músicas que ela ouve e logo quer aprender a
tocar, que procura partituras dela na internet ou que pede para a professora de
piano ensiná-la. Elora também gosta de tocar as músicas que ouve,
principalmente as do serviço religioso.
Priscila (professora de piano) também, principalmente se é uma peça de
piano solo. Monalisa (professora de piano), inclusive nos revela que prefere
ouvir e tocar do que tocar e ouvir. Lucas sempre procura a partitura das
músicas que eu gosta de ouvir, e sempre assiste pianistas ensinando como
tocá-las.
Desse modo, os diálogos revelam que inerente a atividade musical,
todos gostam de música, e utilizam novos meios de consumi-la, as tecnologias
portáteis, celular, notebook, e as interações entre computador/notebook com
internet e televisão.
13
4- Considerações Finais
O diálogo entre professores e alunos muito mais que o ensino de um
instrumento musical, permitiu um diálogo sobre a música, nossa postura
enquanto pessoas que gostam de músicas e também como executantes da
mesma.
Em nenhum houve alguma forma de pressão sobre qual repertório é o
mais adequado a se ouvir ou quantas horas do dia se dedicar a escuta, de que
maneira e com qual concentração.
A entrevista coletiva com aberturas para discussão, suscitou inúmeras
discussões benéficas sobre a música, suas novas formas de interação e
aprendizado.
O projeto buscou entender as novas formas de escuta, onde se declina a
apreciação de performances ao vivo e aumenta a apreciação da produção
gravada, principalmente vídeo e áudios hospedados em websites, e nas
playlists das memórias dos aparelhos tecnológicos dos entrevistados.
Tal discussão, atesta a influência das novidades da mídia, das pessoas
do convívio social, e principalmente a postura individual de cada um perante a
realização e escuta musical.
O presente trabalho revelou também que cada aluno adota estratégias
de escuta e aprendizado próprio, como a escuta dos baixos, a preferência por
ouvir piano/teclado nas músicas, ou ouvir outros pianistas ensinando como se
toca uma música.
Contudo, o que de mais importante este projeto permitiu, foi estimular o
diálogo entre professores de músicas e alunos, pois os professores, por mais
que se atualizem podem não conseguirão acompanhar todas as inovações
tecnológicas, principalmente as referentes a música.
Daí a necessidade permanente de se manter tal diálogo, com vista de se
manter a par e atualizados sobre as inovações no campo da música, pois estas
impactam, modificam e criam novas relações com ela e com seus agentes
envolvidos, não deixando de afetar a relação de ensino-aprendizagem.
O desenvolvimento deste projeto permitiu-me estar mais atento ao gosto
musical do jovem além das reações deste com a tecnologia, em especial, o que
há de novidade na tecnologia da música.
14
Referências Bibliográficas
BASTIÂO, Zuraida Abud. Apreciação Musical: Repensando Práticas Pedagógicas. Encontro
Anual da ABEM, v. 12, 2003.
FRANÇA, Cecília Cavalieri; SWANWICK, Keith. Composição, apreciação e performance na
educação musical: teoria, pesquisa e prática. Em Pauta, v. 13, n. 21, p. 5, 2002.
GRANJA, Carlos Eduardo Souza Campos. Musicalizando a escola: música, conhecimento e
educação. Escrituras Editora e Distribuirdora de Livros Ltda., 2006.
MOREIRA, Lúcia Regina de Sousa. REPRESENTAÇÕES SOCIAIS: CAMINHOS PARA A
COMPREENSÃO DA APRECIAÇÃO MUSICAL?.Anais do SIMPOM, n. 1, 2012.
RAMOS, Silvia Nunes. Escuta portátil e aprendizagem musical: um estudo com jovens sobre
a audição musical mediada pelos dispositivos portáteis. 2012.
SOUZA, Jusamara; TORRES, Maria Cecília de Araújo. Maneiras de ouvir música: uma questão
para a educação musical com jovens. Música na Educação Básica, Porto Alegre, v. 1, n. 1,
2009.
ZAN, José Roberto. Música popular brasileira, indústria cultural e identidade.Eccos Revista
Científica, v. 3, n. 1, p. 105-122, 2001.
15
5- Anexos
O jovem gosta de música?
Sara
Eu gosto muito, porque música é diferente, música mexe com a alma, mexe com os sentimentos.
Elora
Eu gosto de música desde muito pequena, meus pais escutam música, me trouxeram para o conservatório e a Monalisa sempre foi minha professora e é como a Sara disse, é algo que toca a gente, nós não estamos aqui tocando só para a prova, e sim por prazer.
Priscila (professora de piano)
Resumindo a música é minha vida dessde que eu tinha oito anos até os vinte e oito anos presente. Na idade deles, quando eu era adolescente, eu gostava de usar o meu piano para extravasar, quando eu estava agitada, nervosa, tocava alto, música mais agitada, eu “arrebentava” o piano já quando estava mais calma, eu tocava músicas mais calmas, com delicadeza na idade deles principalmente, 12 anos.
Monalisa (professora de piano)
Eu amo música, acho que ela é uma forma de nós expressar os sentimentos, uma forma de extravasar vários sentimentos que eu não consigo falar, gritar, expressar de outro modo, através da música eu consigo expressar o que eu não consigo falar.
Lucas
Eu também gosto muito de música, acho que a música é como um remédio, se a pessoa esta triste, ela deixa esse sentimento de lado e passa a prestar a atenção na música.
Qual frequência você escuta música?
Sara
16
Quase todo o dia eu escuto música, não fico um dia sem escutar, é muito viciante.
Elora
Todos os dias, indo para a escola, fazendo outras atividades eu estou ouvindo.
Priscila (professora de piano)
Ouvindo desinteressadamente não, eu mais toco música do que escuto, nos tempos vagos. E quando eu escuto, geralmente é música infantil por causa da minha menina, 4 anos. Quando eu dava aula de canto coral, já era diferente, eu escutava muito mais música, música atual da mídia de todos os gêneros para trabalhar com o canto coral.
Monalisa (professora de piano)
Vinte e quatro horas praticamente, eu escuto também mais por questão de trabalho porque eu tenho muitos alunos que fazem aula comigo querendo tocar aquela música específica, daí primeiro eu preciso aprender para depois ensiná-los, e a maioria dessas músicas a gente não acha partitura, tem que tirar, escrever, há também a música para tocar em casamento que eu ouço bastante, uma escuta dirigida ao que eu vou fazer, não por simples vontade de ouvir, gosto de Chopin, mas não ouço porque não tenho tempo pra ouvir, eu ouço mais pelo que a necessidade me faz ouvir, mas ouço bastante.
Lucas
Escuto muito também, todo o dia eu escuto bastante, logo que tem uma novela, rádio, tem uma música que eu gosto, eu tento dar um jeito de baixa-la, para escutar.
1º momento de discussão comum
Monalisa:- Eu acho uma coisa incrível, eu não sei se vocês são assim, eu tenho
muito aluno que vai fazer tarefa de escola, coloca o fone de ouvido e vai fazer tarefa ouvindo música.
Lucas:- Eu faço isso.Sara:- Eu faço isso.Monalisa:
17
- Eu não consegui fazer na minha época:Priscila, Elora e Herbert:- Eu também não.Monalisa:- Eu fico de queixo caído, tipo assim, está fazendo a tarefa mas está
ouvindo rock. Se eu estiver lendo um texto e estiver ouvindo uma música, minha concentração fica na música
Priscila:- Eu também não, é a geração de agora.Sara:- Quando eu faço tarefa e escuto música, eu mais concentro na música do
que na tarefa, né?Todos:- Eu sou assim!Priscila:- Se a tarefa vai sair bem feita, ai é outra história.
Quais suportes materiais o jovem utiliza para escutar música?
Sara
Eu uso mais o celular e o computador, quando eu não tenho o celular eu tenho o computador e vice-versa, quando eu ouço uma música legal, que eu gosto eu vou direto para escutar, por exemplo a televisão, se está tocando uma música que me chama a atenção eu paro tudo que eu estou fazendo e vou lá escutar. A MTV é um bom canal para escutar música, as músicas de lá eu gosto de ouvir.
Elora
O primeiro é o celular e o notebook, depois vem a televisão que as vezes quando eu estou assistindo alguma série, filme ou novela e passa alguma música interessante aí já corro no notebook e a baixo na hora.
Priscila (professora de piano)
Pelo celular.
Monalisa (professora de piano)
Aqui nós ouvimos muita música ao vivo pelo fato de dar aula, eu ouço muito ao vivo porque toco na igreja, vou bastante na igreja, porém a ferramenta que eu mais utilizo é o celular, o mais prático.
18
Lucas
Eu uso muito o celular, e quando eu chego em casa eu uso o notebook, e quando acaba a energia eu corro para o celular.
A escuta é orientada sempre pelo prazer de ouvir música, ou outros fatores o induzem a isso?
Sara
As vezes a gente escuta música para colocar os sentimentos para fora e outras vezes a gente escuta porque você gosta de escutar. Eu tenho influência de amigos que nos mostram música e nós escutamos, da igreja.
Elora
No meu caso eu escuto muita música gospel por causa dos meus pais e da igreja, para que eu possa aprender a tocar lá por influência de amigos e algumas atividades de conservatório que pedem que toquemos música, daí eu sempre estou ouvindo a música para conhecer mais.
Priscila (professora de piano)
De acordo mais com a necessidade nem sempre é o que a gente gosta, o aluno quer tocar determinada música você vai ouvir, conhecer a música.
Monalisa (professora de piano)
95% é necessidade, as vezes em uma viagem eu falo que eu vou ouvir uma música que eu gosto daí os filhos falam, mãe troca essa música, escuta por prazer é 0,0001%.
Lucas
Eu escuto determinadas músicas que eu escuto, daí eu tenho uns amigos que me mandam músicas daí eu escuto, também tem a influência da minha família que fala para eu estudar piano, eu tento ouvir as músicas de piano, tento tocar. Eu baixo partituras da internet, trago para aprender com a professora na aula.
Qual gênero musical você mais gosta de ouvir?
19
Sara
Eu gosto de todos os tipos de gêneros, mas o gêneros que eu mais gosto é o gospel por causa da igreja, porém eu também gosto de pop, internacional e eletrônica.
Elora
Eu também gosto de música gospel por causa da igreja, e de MPB pois meus pais escutam muita MPB e eletrônica bastante.
Priscila (professora de piano)
Sou eclética.
Monalisa (professora de piano)
Sou eclética também, gosto de tudo um pouco, MPB, músicas para piano, sertanejo universitário, axé.
Lucas
Escuto vários gêneros também, meus pais escutam muita MPB, pagode, axé sertanejo, só que eu gosto mais de rock.
Já aprendeu a ouvir algum outro estilo musical a parti das influências de seus pares?
Sara
Sertanejo e pop, eu não escutava até chegar nessa cidade, minha prima escuta muito sertanejo, pop já foi minha irmã.
Elora
Eu passei a ouvir eletrônica por causa dos amigos da escola e do sertanejo, principalmente aqui no conservatório que se escuta muita música sertaneja.
Priscila (professora de piano)
20
Só quando os alunos pedem para tocar uma música diferente.
Monalisa (professora de piano)
Na faculdade nós tínhamos uma disciplina de História da Música Popular, e o professor gostava muito de jazz, daí ele passou bastante músicas desse estilo para nós ouvirmos e gostei bastante.
Lucas
O MPB foi influência dos meus pais, o rock foi influência dos meus amigos daí eu gosto até hoje.
2º momento de discussão comum
Herbert: - Ainda está em voga a questão das tribos musicais na escola? Ou os
grupos estão mais ecléticos?Sara:- Não, todo mundo misturado.Monalisa:- Acho que aqui no conservatório tem uma turminha do rock bem forte,
apenas a turma do rock os outros são bem ecléticos. Camiseta do metálica, allstar, sombra preta, principalmente na quinta feira.
Sara:- Eles são roqueiros, mas andam com outras pessoas que escutam outras
músicas.Priscila:- Quando eu dava aula de canto coral, quando eu passava uma música
eles não queriam cantar, principalmente sertaneja, daí eu passava uma música pop-rock e uns não gostavam, era uma luta agradar o canto coral, daí eu disse que eles tinham que cantar de tudo, mas sempre tinha briga.
Monalisa:- Os alunos que eu tinha, que faziam parte desse grupo, eles tinham
resistência com outros tipos de música apenas as músicas da apostila e a erudita do plano de aula.
Em quais momentos e para quais atividades ocorre o processo de audição musical?
Sara
21
Quando eu arrumo a casa eu ligo música para ficar mais animada, quando estou de horário vago na escola, no recreio, não tem horário específico, é qualquer hora, pego o celular, vou lá e escuto música.
Elora
Quando eu vou para o curso, para escola, eu sempre escuto música no caminho da escola, ou quando um sentimento toma conta da gente.
Priscila (professora de piano)
Além da necessidade profissional, eu escuto quando vou fazer uma atividade física, quando vou descansar, arrumar a casa.
Monalisa (professora de piano)
Eu não tenho horário fixo, é quando sobra tempo.
Lucas
Quando eu vou fazer alguma tarefa, quando eu vou fazer uma caminhada, antes de dormir eu escuto música com fone de ouvido, mas tiro para não dar problema de audição, e eu escuto muito quando escuto muito dentro de casa e na van para ir para a escola.
3º momento de discussão comum
Herbert: - Vocês escutam música no fone de ouvido andando na rua?Sara e Lucas:- Sim eu escuto!Elora:- Não, eu não dou conta.Priscila:- Eu também não.
Qual suporte vocês mais utilizam para ouvir música?
Sara
Mais pelo fone de ouvido do celular e do computador, porque é maus interno, dá para escutar melhor e você “viaja” mais na música.
22
Elora
Pelo alto falante do celular porque o fone de ouvido me incomoda muito.
Priscila (professora de piano)
Eu não gosto de fone de ouvido, eu escuto pelo alto falante do celular ou pelo aparelho de som em casa. Além da necessidade profissional, eu escuto quando vou fazer uma atividade física, quando vou descansar, arrumar a casa.
Monalisa (professora de piano)
Escuto mais pelo fone de ouvido, através do aparelho celular não consigo ouvir sem, para “pegar” detalhes da música.
Lucas
Eu escuto no fone do notebook, do computador, celular para focalizar melhor a música.
Em uma música, o que mais lhe chama a atenção? Uma letra, batida, se a música é agitada ou devagar.
Sara
Na música eu gosto quando ele é de andamento rápido, eu gosto de ouvir a batida, tipo música eletrônica, já quando ela é mais lenta, eu gosto de escutar mais o piano. A melodia, também é muito importante, para eu poder “viajar” na música com todo o meu ser.
Elora
Em primeiro momento, eu ignoro a letra e foco mais no instrumental, e eu sempre busco ouvir o baixo da música, não sei porque, mas toda a música eu presto a atenção nos baixos dela, já virou meio que uma mania, gosto de ver se tem um timbre proveniente das teclas
Priscila (professora de piano)
23
Primeiro eu foco no instrumental, o que se utiliza de instrumento, no arranjo de pois eu foco na letra e na forma da música.
Monalisa (professora de piano)
Depende da música, eu acho que eu presto muito a atenção na melodia
Lucas
Eu foco muito no refrão da música, e procuro escutar o meu instrumento nela, e passo a imaginar como seria eu tocando essa música com outras pessoas, a letra eu ignoro um pouco.
Maneiras de ouvir:
Sara
a) Motoramente? Com intuito de se movimentar?
Sim, quando eu começo a escutar uma música, eu não consigo ficar parada, ou eu mexo as pernas, os braços, principalmente quando a música tem um ritmo bom para dançar.
b) Função compensatória de algum sentimento?
Quando eu estou triste eu escuto uma música mais “deprê”, já quando eu estou alegre eu escuto música mais “up” ou qualquer outra música.
c) Ouvir difuso: distração ou concentração em tarefas?
Sim, eu faço tarefas ouvindo músicas, e gosto de ouvir músicas para fazer tarefas mais chatas.
d) Ouvir relacionado ao relaxamento?
Sim, antes de dormir principalmente.
e) Ouvir emocional em função de deleite ou prazer?
Sim, muitas vezes
Elora
24
a) Motoramente?
Eu uso muito a música para transformar uma atividade, como arrumar a casa, que para mim é uma atividade chata e com a música, se torna mais legal.
b) Função compensatória de algum sentimento?
Se estou triste, eu escuto música animada para melhorar o ânimo, agora se estou alegre, eu escuto uma música mais calma para me acalmar.
c) Ouvir difuso: distração ou concentração em tarefas?
Não consigo fazer alguma atividade da escola ouvindo música, minha concentração é só para uma coisa.
d) Ouvir relacionado ao relaxamento?
Para dormir eu escuto música, pois me relaxa.
e) Ouvir emocional em função de deleite ou prazer?
E sempre escuto música pelo meu prazer.
Priscila (professora de piano)a) Motoramente?
Sim, para fazer alguma atividade física, para dar ânimo.
b) Função compensatória de algum sentimento?
Sim, quando estou mais triste.
c) Ouvir difuso: distração ou concentração em tarefas?
Não consigo me concentrar com música, apenas distrair.
d) Ouvir relacionado ao relaxamento?
Também.
e) Ouvir emocional em função de deleite ou prazer?
25
Também.
Monalisa (professora de piano)
a) Motoramente?
É impossível imaginar um mundo sem música, imagina uma academia se música, vai todo mundo embora, cada lugar tem uma música, ela é específica de cada ambiente, praça de alimentação do shopping, elevador.
b) Função compensatória de algum sentimento?
Eu expresso meus sentimentos através da música.
c) Ouvir difuso: distração ou concentração em tarefas?
Posso ouvir música para distrair, agora me concentrar em outras atividades, é difícil.
d) Ouvir relacionado ao relaxamento?
Escuto música para relaxar, também escuto o silêncio para relaxar.e) Ouvir emocional em função de deleite ou prazer?
E sempre busco o prazer ao ouvir música.
Lucas
a) Motoramente?
Eu escuto, muito, principalmente se a música for bem alegre, eu tenho vontade de dançar mesmo.
b) Função compensatória de algum sentimento?
Também.
c) Ouvir difuso: distração ou concentração em tarefas?
26
Eu uso muito a música para me distrair, e para concentrar também.
d) Ouvir relacionado ao relaxamento?
Uso a música para o relaxamento.
e) Ouvir emocional em função de deleite ou prazer?
Sim.
Você escuta as músicas que toca?
Sara
Eu toco as músicas da apostila, mas não busco procurar os autores ou outra produção deles.
Elora
Eu gosto de procurar outras músicas do autor, ver outras interpretações da música que eu vou estudar, assistir outras pessoas tocando.
Monalisa (professora de piano)
Com certeza.
Priscila
Escuto bastante.
Lucas
Escuto, e escuto outras músicas dos autores que estão na apostila.
Gosta de tocar as músicas que você escuta?
Sara
Sim, tem certas músicas que eu gosto de tocar, até procuro as partituras de algumas músicas e peço para minha professora me ensinar.
Elora
Sim, principalmente música da igreja.
27
Priscila (professora de piano)
Gosto, principalmente se é uma peça solista de piano.
Monalisa (professora de piano)
Gosto bastante, prefiro ouvir e tocar do que tocar e ouvir.
Lucas
Eu sempre procuro a partitura das músicas que eu gosto de ouvir, ou assisto pianistas ensinando como tocá-las.