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3 1 INTRODUÇÃO P-acetilaminofenol ou paracetamol é um fármaco com propriedades analgésicas e antipirétircas, e sem propriedades antiinflamatórias clinicamente significativas. Atualmente é um dos analgésicos mais utilizados, porém é muito perigoso para o fígado Devido ao seu alto potencial hepatóxico (TUA SAÚDE, 2011). A reação de acetilação se encaixa nas reações designadas pelo termo genérico de “acilação”, que cobre todas as reações que resultem na introdução de um grupo acila em um composto orgânico. A acilação de uma amina (NH 2 ) é uma reação ácido-base de Lewis, em que o grupo amino (base) efetua em ataque nucleofílico sobre o átomo do carbono carboxílico. As aminas podem ser acetiladas de várias maneiras. Neste experimento o p-aminofenol foi acetilado fazendo-se uso do anidrido acético, que é preferível em reações de laboratório, devido a sua velocidade de hidrólise ser suficientemente lenta para permitir que a acetilação da amina seja realizada em soluções aquosas. (BARBOSA, 2007). 1.1 Objetivo Realizar a preparação do para-acetilaminofenol através da acetilação do para-aminofenol, para depois preparar a fenacetina a partir da etilação do para-acetilaminofenol.

relatório PARACETAMOL

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Page 1: relatório PARACETAMOL

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1 INTRODUÇÃO

P-acetilaminofenol ou paracetamol é um fármaco com propriedades analgésicas e

antipirétircas, e sem propriedades antiinflamatórias clinicamente significativas. Atualmente é

um dos analgésicos mais utilizados, porém é muito perigoso para o fígado Devido ao seu alto

potencial hepatóxico (TUA SAÚDE, 2011).

A reação de acetilação se encaixa nas reações designadas pelo termo genérico de

“acilação”, que cobre todas as reações que resultem na introdução de um grupo acila em um

composto orgânico. A acilação de uma amina (NH2) é uma reação ácido-base de Lewis, em

que o grupo amino (base) efetua em ataque nucleofílico sobre o átomo do carbono

carboxílico. As aminas podem ser acetiladas de várias maneiras. Neste experimento o p-

aminofenol foi acetilado fazendo-se uso do anidrido acético, que é preferível em reações de

laboratório, devido a sua velocidade de hidrólise ser suficientemente lenta para permitir que a

acetilação da amina seja realizada em soluções aquosas. (BARBOSA, 2007).

1.1 Objetivo

Realizar a preparação do para-acetilaminofenol através da acetilação do para-aminofenol,

para depois preparar a fenacetina a partir da etilação do para-acetilaminofenol.

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2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Materiais Utilizados

Erlenmeyer;

Pinça de metal;

Bacia de plástico;

Trompa de vácuo;

Kitasato;

Tripé de ferro com tela de amianto;

Bico de Bunsen;

Funil de Büchner;

Filtro de papel;

Proveta;

Pipeta;

Espátula de meta;

Béquer.

2.2 Reagentes

Para-aminofenol;

Anidrido acético;

Água destilada;

2.3 Procedimento Experimental

1ª Etapa – preparação do p-acetilaminofenol (acetilação do p-aminofenol)

Num erlenmeyer de 125mL, fazer uma suspensão juntando-se 8,4 g de p-aminofenol e

23 mL de água destilada; acrescentar 10 mL de anidrido acético;

Agitar vigorosamente a mistura (com bagueta) e aquecer em banho-maria (Figura 1).

Figura 1 – Aquecer a mistura de p-aminofenol, água destilada e anidrido acético em

banho-maria

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Fonte: Universidade Católica de Santos

O sólido formado irá se dissolver; após 10 minutos, esfriar e filtrar a vácuo o

derivado de acetila sólido, lavando com um pouco de água destilada fria ( 70 mL) (Figura

2);

Figura 2 – Filtração à vácuo

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Fonte: Universidade Católica de Santos

Recristalizar o material, aquecendo com uma porção de água destilada (50 mL) até a

dissolução do mesmo (não é necessário filtrar a quente) (Figura 3); esperar esfriar e filtrar a

vácuo( Figura 2). Repetir a recristalização com mais 50 mL de água destilada e deixar secar

ao ar.

Figura 3 – Aquecimento com água destilada para purificação e recristalização do

material

Fonte: Universidade Católica de Santos

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2ª Etapa – preparação da fenacetina (etilação do p-acetilaminofenol)

Pesar 0,65 g de sódio metálico em um balão de 125 mL equipado com um

condensador de refluxo; adicionar 20mL de álcool absoluto. Caso o sódio todo não tenha

desaparecido, após a reação vigorosa, aqueça o balão em banho-maria, até que se complete a

dissolução;

Esfriar a mistura e adicionar 4g de p-acetilaminofenol (preparado anteriormente);

Introduzir lentamente 6,0g (3,2mL) de iodeto de etila e refluxar a mistura durante 40

minutos (Figura 4);

Figura 4 – Refluxo

Fonte: Universidade Católica de Santos

Verter 40 mL de água destilada diretamente pelo condensador; refluxar a mistura, até a

dissolução dos cristais formados;

Esfriar o balão ao ar e logo após, em um banho de gelo. Filtrar a vácuo, lavando o

produto com 40 mL de água destilada fria. Purificar a fenacetina bruta, dissolvendo a mesma

em 30 mL de álcool absoluto. Tratar a solução clara com 55mL de água destilada quente,

deixar esfriar; filtrar a fenacetina a vácuo e deixar secar ao ar.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com relação ao procedimento experimental, ao se aquecer o Erlenmeyer em banho-

maria ocorreu a reação química do p-aminofenol com o anidrido acético, produzindo o p-

acetilaminofenol (o paracetamol) e ácido acético (Figura 5).

Figura 5 – Preparação do p-acetilaminofenol

Fonte: Universidade Católica de Santos

O processo de purificação do p-acetilaminofenol começa com a primeira filtragem à

vácuo com a finalidade de purificá-lo dos resíduos de ácido acético do qual estava

impregnado. Os dois outros aquecimentos após o aquecimento em banho-maria foram feitos

com a finalidade de tornar o processo de purificação mais eficiente.

Nesta primeira etapa ocorreu uma Sn2 em que a amina (NH2) da base nucleofílica (p-

aminofenol) ataca o carbono primário do substrato ácido (anidrido acético) por trás. A

molécula de anidrido acético é quebrada em duas e a amina perde um hidrogênio que se liga à

parte quebrada da molécula com dois oxigênios formando uma oxidrila (OH) dando origem

ao ácido acético. A outra parte da molécula do anidrido se liga ao nitrogênio da amina que

perdeu um hidrogênio (NH) através do carbono primário ligado a um oxigênio apenas,

formando o paracetamol. Esta reação pode ser vista na Figura 6).

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Figura 6 – Mecanismo reacional da preparação do p-acetilaminofenol

Fonte: Universidade Católica de Santos

O ponto de fusão do paracetamol é, segundo dados fornecidos em aula, de 169°C. Na

amostra preparada, o ponto de fusão foi entre 155 e 160°C, mostrando que o paracetamol não

foi purificado totalmente.

Na segunda etapa ocorreu outra Sn2, em que o paracetamol reagiu com iodeto de etila,

conforme a Figura 7:

Figura 7 – Reação da etilação do p-acetilaminofenol

Fonte: Universidade Católica de Santos

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Na Figura 8, está mostrado o mecanismo de reação da preparação da fenacetina, um

pré-fármaco que causa menos acidez ao estômago do que o paracetamol.

Figura 8 – Mecanismo Reacional da etilação do p-acetilaminofenol

Fonte: Universidade Católica de Santos

Para comprovar a preparação da fenacetina é necessário realizar o experimento do seu

ponto de fusão.

Ponto de fusão da fenacetina: _____________

Considerando que: 1 mol paracetamol + 1 mol iod. de etila 1 mol fenacet. + 1 mol NaI;

O rendimento da fenacetina a partir da sua quantidade de mols foi de:

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4 TOXICOLOGIA

4.1 Anidrido Acético

Informações toxicológicas

Toxicidade aguda: DL50 (oral, rato): 1780 mg/kg / DL50 (cutânea, coelho): 4000 mg/kg

Toxicidade crônica: Ainda não encontraram estudos sobre possíveis efeitos teratogênicos.

Principais sintomas: Causa queimaduras

Efeitos específicos:

Mutagenicidade: In vitro, não houve evidência de mutagenicidade em teste Ames (bactéria),

com ou sem ativação. In vivo, não houve mutagenicidade: ratos expostos por inalação por 13

semanas com doses de até 20 ppm.

4.2 Álcool Etílico Absoluto

Informações toxicológicas

Toxicidade aguda: LD50 (oral, rato): 6200 mg/kg / LC50 ( inalação, rato): > 8000 mg/l / 4 h. /

LD50: (cutânea, coelho): 20000 mg/kg

Toxicidade crônica: Em exposição prolongada da pele pode ocorrer o desengorduramento

com aparecimento de fissuras e dermatites.

Principais sintomas: Causa dor de cabeça, sonolência e lassidão. Absorvido em altas doses

pode provocar torpor, alucinações visuais, embriaguez, podendo evoluir até perda total de

consciência.

Efeitos específicos: Classificado como não carcinogênico pela OSHA, NTP e IARC.

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4.3 Iodeto de Etila

Principais sintomas no caso de:

Inalação: Tosse, dor de garganta, dor de cabeça, tonturas, sonolência, fraqueza, confusão.

Danos nos pulmões, fígado, rins e sistema nervoso central;

Ingestão: Diarreia, náuseas, vômitos e vertigens;

Contato com a pele: Vermelhidão, dor e bolhas. Contato prolongado com a pele causa

queimaduras;

Contato com os olhos: Vermelhidão, dor, irritação.

4.4 Sódio Metálico

Informações toxicológicas:

Toxicidade aguda: Não estão disponíveis dados quantitativos relativamente à toxicidade do

produto;

Toxicidade subaguda a crônica: Sem indicação de atividade carcinogênica; sem indicação de

atividade mutagênica; sem indicação de propriedades teratogênicas;

Outras informações toxicológicas: Decomposição da substância com umidade nos tecidos.

Principais sintomas:

Depois do contato com a pele: Queimaduras

Depois do contato com os olhos: Queimaduras. Perigo de cegueira.

Após ingestão : Perigo de perfuração do esôfago e do estômago.

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5 CONCLUSÃO

A reação de obtenção do p-acetilaminofenol, consiste em uma

substituição acílica nucleofílica, onde o p-aminofenol representa o nucleófilo

e o anidrido acético o substrato. Sendo uma reação exotérmica, que deve

ocorrer à temperatura de 60ºC a 80ºC e que libera um odor característico.

O processo de purificação e separação do Paracetamol, é feito através

dos métodos de recristalização e filtração a vácuo. O procedimento é repetido

mais de uma vez para se obter um melhor rendimento.

A recristalização é um método de purificação de compostos orgânicos

que são sólidos a temperatura ambiente. O princípio deste método consiste em

dissolver o sólido em um solvente quente e logo esfriar lentamente. Na baixa

temperatura, o material dissolvido tem menor solubilidade, ocorrendo o

crescimento de cristais. Se o processo for lento ocorre a formação de cristais

então chamamos de cristalização, se for rápida chamamos de precipitação. O

crescimento lento dos cristais, camada por camada, produz um produto puro,

assim as impurezas ficam na solução. Quando o esfriamento é rápido as

impurezas são arrastadas junto com o precipitado, produzindo um produto

impuro. O fator crítico na recristalização é a escolha do solvente. O solvente

ideal é aquele que dissolve pouco a frio e muito a quente.

As impurezas que permanecem insolúveis durante a dissolução inicial

do composto são removidas por filtração a quente, usando papel de filtro

pregueado, para aumentar a velocidade de filtração.

Para remoção de impurezas no soluto pode-se usar o carvão ativo, que

atua adsorvendo as impurezas coloridas e retendo a matéria resinosa e

finamente dividida.

O ponto de fusão é utilizado para identificação do composto e como um

critério de pureza. Compostos sólidos com faixas de pontos de fusão pequenas

(<2ºC) são considerados puros.

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6 REFERÊNCIAS

BARBOSA, A.L. Dicionário de Química. 3 ed. Goiânia: Editora AB, 2007

TUA SAÚDE. Paracetamol (Tylenol). Disponível em:

<http://www.tuasaude.com/paracetamol-tylenol/> Acesso em: 28 abr 2012

LABSYNTH. Ficha De Informações De Segurança De Produtos Químicos: Álcool Etílico. Disponível em: <http://downloads2.labsynth.com.br/FISPQ/rv2012/FISPQ%20Alcool%20Etilico%20Absoluto.pdf> Acesso em: 20 mai 2012

______. Ficha De Informações De Segurança De Produtos Químicos: Anidrido Acético. Disponível em: <http://downloads2.labsynth.com.br/FISPQ/rv2012/FISPQ-%20Anidrido%20Acetico.pdf> Acesso em: 20 mai 2012

VETEC. Ficha De Informações De Segurança De Produtos Químicos: Iodeto de Metila. Disponível em: < http://www.vetecquimica.com.br/home/detalhes/41914/fispq> Acesso em: 24 mai 2012