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5/12/2018 Relatorio PDI - slidepdf.com
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PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO I
PRÁTICA
RELATÓRIO (PERMUTAÇÕES)
FACULDADE DE PSICOLOGIA E
CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DAUNIVERSIDADE DE COIMBRA
5/12/2018 Relatorio PDI - slidepdf.com
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Índice
1. Introdução ............................................................................................................................. 3
2. Fundamentação Teórica ........................................................................................................ 4
3. Descrição da Prova ................................................................................................................ 7
4. Análise do Protocolo da Experiência ................................................................................... 10
5. Conclusão ............................................................................................................................ 11
Anexo I: Protocolo da Experiência .............................................................................................. 12
Referências Bibliográficas ........................................................................................................... 13
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1. Introdução
No âmbito da cadeira de Psicologia do Desenvolvimento I foi-nos proposto a
realização de um trabalho para as aulas práticas sobre as provas de Piaget.
Este trabalho consistia em analisar o protocolo fornecido pela professora
Cristina Januário. Cada grupo tinha um protocolo com uma prova diferente de Piaget e
através da bibliografia fornecida poderíamos ver os diferentes estádios em que a
criança do nosso protocolo poderia estar.
A bibliografia fornecida mostrava todos os estádios em que a criança poderia
estar dependendo das suas respostas. Piaget fez as provas e aplicou os estádios às
crianças delimitando-os com uma idade e com as técnicas e respostas dadas pelacriança.
Neste relatório vamos referir Piaget, um dos grandes contribuintes para o
desenvolvimento da psicologia principalmente nas crianças, pois as suas provas
inclinaram-se mais para crianças e adolescentes do que para adultos. Vamos também
referir os estádios que Piaget atribui ao desenvolvimento das crianças salientando que
todos os estádios atribuídos não ocorrem instantaneamente mas sim
progressivamente; todas as crianças têm de passar por todos os estádios mas nem
todas ganham tão rápido as características de um estádio como outras, já que todas as
crianças são diferentes mesmo tendo a mesma idade.
Vamos também demonstrar o protocolo fornecido sobre a prova que nos foi
incumbida: as permutações. Vamos ainda analisa-lo, atribuindo à criança do protocolo
aquele estádio que nos parece que ela se encontra.
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2. Fundamentação Teórica
Segundo Piaget, a inteligência constrói-se progressivamente ao longo do
tempo, por estádios. A cada estádio correspondem estruturas mentais organizadas
que envolvem diferentes mecanismos. Vamos referir brevemente cinco conceitos-
chave da teoria piagetiana, para que os possamos aplicar à sua concepção de
desenvolvimento intelectual: esquema, adaptação, assimilação, acomodação e
equilibração.
Por esquema entendem-se as acções fundamentais do conhecimento, que
podem ser físicas, como a visão, a sucção, ou mentais, como a comparação e a
classificação. As experiências novas são assimiladas num esquema e um esquema é
criado ou modificado por acomodação.
Por adaptação entende-se a modificação dos comportamentos que permite o
equilíbrio das relações entre o organismo e o meio. O processo de adaptação decorre
da assimilação (integração dos novos dados nos conhecimentos, nas estruturas anteriores) e
da acomodação (as estruturas mentais modificam-se em função das funções novas). As
estruturas mentais, os esquemas, tornam-se mais complexos graças ao efeito
combinado da assimilação e acomodação: não há acomodação sem assimilação, assimcomo são necessárias novas estruturas de acomodação para que continuem a
processar-se novas assimilações.
A inteligência constrói-se pela equilibração entre esses dois processos,
provocando uma auto-estrutura do sujeito. A equilibração é um dos elementos da
adaptação. É o mecanismo que prepara ou adequa a assimilação e vice-versa. A
reestruturação dos esquemas vai permitir à criança manter uma coerência na sua
compreensão do mundo.
Segundo Piaget, o desenvolvimento intelectual processa-se em quatro estádios
sucessivos, cuja ordem de sucessão é constante. Cada estádio decorre de precedente
por um processo integrativo, resultante de reestruturações sucessivas. A idade em que
cada criança atinge cada estádio varia, embora Piaget tivesse apresentado idades
médias para se passar de um estádio a outro. Estes estádios correspondiam a
diferentes formas de ver, compreender e agir sobre o mundo, que culminavam no
pensamento adulto. Brevemente serão descritas as características dos quatro estádios.
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2.1. Estádio sensório-Motor (do nascimento até cerca dos 2 anos)
Neste estádio, a inteligência é fundamentalmente sensorial – o bebé capta
todas as informações que recebe através dos órgãos dos sentidos – e motora –
exprime-se através de movimentos. É uma inteligência prática, em que não há
linguagem nem a capacidade de representar mentalmente objectos. É através dos
esquemas sensoriomotores que se processa a adaptação ao meio.
É neste estádio que aparece a noção de objecto permanente ou permanência
do objecto – a criança procura um objecto escondido porque tem a noção de que o
objecto continua a existir mesmo quando não o vê.
A inteligência prática, centrada nas acções directas, vai dar lugar à inteligência
representativa, ao pensamento constituído por acções interiorizadas.
2.2. Estádio pré-operatório (dos 2 aos 6/7 anos)
Uma das mais importantes conquistas deste estádio é a emergência da função
simbólica, isto é, a capacidade de representar mentalmente objectos ou
acontecimentos que não ocorrem no presente, através de símbolos – palavras,
objectos, gestos.A linguagem é uma das mais importantes manifestações da função simbólica:
as palavras, as frases representam pessoas, situações, objectos, acções. No jogo
simbólico, a criança imita, representa um conjunto de comportamentos, de acções. O
objecto passa a representar o que a criança deseja. A imagem mental e o desenho são
também manifestações da função simbólica.
Este estádio vai buscar a sua designação, pré-operatória, ao facto de a criança
já pensar mas ainda não ser capaz de fazer operações mentais (acção interiorizada
reversível). É um pensamento indutivo baseado na percepção de dados sensoriais.
Uma outra característica deste estádio é o egocentrismo – a centração impede
a criança de compreender que, sobre a realidade, há outras perspectivas para além da
sua. Domina, portanto, uma visão unilateral e superficial do real. A realidade, encarada
por um pensamento mágico, é o que a criança sonha e imagina no jogo simbólico.
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2.3. Estádio das operações concretas (dos 6/7 aos 11/12 anos)
É durante este período que as crianças começam a ultrapassar o egocentrismo
que caracteriza o período pré-operatório. O pensamento é lógico, desenvolvendo
conceitos e sendo capaz de realizar operações mentais. Contudo, como a designação
de estádio indica, só é capaz de operar, de resolver problemas, concretamente, isto é,
se estiver na presença dos objectos, das situações.
A capacidade de operar assegura que já há reversibilidade.
2.4. Estádio das operações formais (dos 11/12 aos 16 anos)
Este estádio caracteriza-se pelo aparecimento de um novo tipo de pensamento:
um pensamento abstracto, lógico e formal. Diferentemente do estádio anterior já
resolve problemas, já opera sem o suporte concreto – realiza operações formais.
Coloca mentalmente as hipóteses, deduzindo as consequências: raciocínio hipotético-
dedutivo.
Surge um novo tipo de egocentrismo: o egocentrismo intelectual, que leva o
adolescente a considerar que através do seu pensamento pode resolver todos os
problemas e que as suas ideias e convicções são as melhores.
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Azul Vermelho Verde
Vermelho Azul Verde
Vermelho Verde Azul
Azul Verde Vermelho
3. Descrição da Prova
3.1. Estádios das Permutações
O número de permutações possíveis para n elementos é n factorial (n!).
O cálculo das permutações processa-se em três estádios, o Estádio I,
denominado de ausência de sistema (até aos 7-8 anos), no qual encontramos dois
subestádios, o Nível I A, onde a criança mostra dificuldade em entender o conceito das
permutações, não mostrando portanto capacidade de organizar as fichas por
tentativas e o Nível I B, no qual a criança vai organizando as fichas por tentativas. Para
demonstrar este estádio, temos o seguinte exemplo:
Uma criança de 5 anos e 6 meses começa por vermelho, e faz as várias
combinações com três cores, depois inicia na cor azul, e vai por tentativas colocando
outras cores, e assim sucessivamente, como observamos nas figuras abaixo.
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De seguida encontramos o Estádio II, denominado de descoberta empírica de
sistemas parciais, que ocorre aproximadamente entre os 7-8 anos até aos 11-12, onde
há uma maior diversidade de como a criança consegue combinar as várias fichas.
Encontramos neste também dois níveis internos, o nível II A, no qual a criança
encontra um padrão nas permutações de três elementos, mas é incapaz de o aplicarnas de quatro elementos.
Da bibliografia consultada, podemos citar o exemplo de uma criança de 9 anos
e 1 mês, que coloca os primeiros elementos em ordem, obtendo as seguintes
permutações de três elementos, de forma genérica: A,A,B,B,C,C, descobrindo,
portanto, seis hipóteses para as mesmas, mas demonstra-se incapaz de padronizar um
método para as permutações de quatro elementos. E temos o nível II B, onde há uma
generalização espontânea para as permutações de quatro elementos. Para tal, citamos
o exemplo de uma criança de 12 anos e 5 meses, que coloca as cores na diagonal, naprimeira posição, depois na segunda, na terceira e na quarta, como podemos observar
no esquema seguinte:
A B C D
D A B C
C D A B
B C D A
Por último, temos o Estádio III, caracterizado pela descoberta do sistema, que
sucede depois dos 12 anos de idade. Mais uma vez, temos dois níveis, um nível III A,onde as soluções são cada vez mais sistemáticas e mais elaboradas do que no estádio
II, onde podemos observar o exemplo de uma criança de 12 anos e 4 meses, que
resolve o problema de quatro elementos fazendo combinações com a mesma cor (A),
o que lhe dava seis possibilidades, e daí faz 4x6=24, e temos ainda um nível III B, que
ocorre aproximadamente aos 14-15 anos, no qual temos conhecimento de uma
criança com 15 anos, começa pelas permutas de 3 elementos, e vai continuando, até
aos 8 elementos aplica o n! para a resolução dos problemas.
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Este tipo de raciocínio acompanha o estádio das operações formais, que se
caracteriza pelo raciocínio abstracto, lidando com situações hipotéticas e pensando em
possibilidades e pelo raciocínio hipotético-dedutivo. De seguida, encontramos um
esquema que nos ajuda a perceber o raciocínio da criança ao resolver o problema
proposto:
4x3x2x1=24
24x5=120
120x6=720Para seis elementos
Para quatro elementos
Para cinco elementos
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4. Análise do Protocolo da Experiência
Segundo o protocolo em análise1, criança tem 10 anos e 6 meses, e demonstra ter
um pensamento lógico, demonstrando capacidade para resolver operações mentais,
organizando o pensamento em estruturas de conjunto e evidencia uma reversibilidade
do raciocínio lógico.
Esta encontra-se no estádio II, no nível B, sendo capaz de encontrar um padrão nas
permutações de três elementos assim como nas permutações de quatro elementos,
como podemos observar no decorrer da experiência. Durante estas últimas, a criança
vai ordenando as fichas por tentativa e erro, corrigindo e reordenando as fichas, o que
nos leva a crer que a criança já possui raciocínio abstracto mas não totalmente
desenvolvido, pois ainda não chega à formulação matemática (n!) necessária para que
seja sistemático e intuitivo.
Da nossa experiência, retiramos um exemplo, onde podemos comprovar que a
criança corrige diversas vezes as posições das fichas, normalmente quando o
examinador o chama à atenção para um eventual erro, e podemos observar também
neste excerto que a criança acaba por demonstrar que consegue encontrar um
método formal para resolver o problema proposto, já que ela própria afirma que
“Mudo a posição, vejo a linha (sim) e vejo as que há. Mudo as outras e mudo o azul de
posição – na 1ª linha, na 2ª linha, na 3ª linha e na 4ª linha (aponta a coluna). E não
houver nas outras colunas a cor coloco.”
1Consultar Anexo I: Protocolo da Experiência
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5. ConclusãoPiaget teorizou bastante sobre a compreensão do pensamento das crianças
onde descobriu que elas não raciocinam como adultos. No caso de ser feita a prova
das permutações a um adulto, ele, provavelmente, iria calcular de quantas formas
diferentes poderia por as quatro fichas dadas pelo examinador. Para o adulto, colocar
as três fichas não apresentaria grande problema.
Para Piaget as crianças são as suas próprias construtoras do conhecimento pois,
como podemos observar na bibliografia fornecida, as crianças vão tentando arranjar
técnicas para colocar as fichas de forma diferente até encontrarem outra maneira mais
fácil para o fazer. Podemos ver isso quando a criança passa, por exemplo, do estádio IB
para o estádio IIA (na prova das permutações) ela no estádio IB faz por tentativas a
organização das fichas, no entanto quando começa a passar para o estádio IIA (o seu
raciocínio começa a ser de forma diferente) ela já encontra um padrão para colocar as
três fichas de forma diferente, mas não consegue aplicar um padrão para quatro fichas
pois é um pouco mais “complexo” para ela, tem de adquirir mais conhecimento.
Através de todo o trabalho feito por Piaget podemos observar como o
conhecimento se desenvolve nas crianças, um conhecimento adquirido de forma
contínua mas nunca sem ter sido adquirido o conhecimento anterior (uma criança não
pode dizer quantos rebuçados tem sem saber contar).
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Anexo Í: Protocolo da Experiencia
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Referências Bibliográficas
Piaget, J & Inhelder, B (1951) La genése de l’idée de hasard chez l’enfant. Paris,
P.U.F. Diane E. Papalia, Sally Wendkos Olds e Ruth Duskin Feldman (2001) O Mundo
da Criança, 8ª ed., coordenação da tradução e revisão técnica: Isabel Soares,
McGraw-Hill.