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RELATÓRIO FINAL Junho/2012

Relatório Subcomissão Irrigação PDF - Final

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Assembleia Legistlativa do Rio Grande do Sul Comissao de Agricultura, Pecuaria e Cooperativismo. Relator Deputado Heitor Schuch

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RELATÓRIO FINAL

Junho/2012

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Deputados Membros: Alceu Barbosa - PDT

Aloísio Classmann – PTB (Vice-Presidente CAPC) Altemir Tortelli - PT Edegar Pretto - PT

Edson Brum - PMDB Ernani Polo – PP (Presidente da CAPC)

Frederico Antunes - PP Gerson Burmann - PDT

Heitor Schuch – PSB (Relator da Subcomissão) Jeferson Fernandes - PT Lucas Redecker - PSDB Valdeci Oliveira – PT

Mesa Diretora 2012 Presidente: Dep. Alexandre Postal - PMDB

1º Vice-Presidente: Dep. Zilá Breitenbach - PSDB

2º Vice-Presidente: Dep. Alceu Barbosa - PDT

1º Secretário: Dep. Pedro Westphalen - PP

2º Secretário: Dep. Luis Lauermann - PT

3º Secretário: Dep. José Sperotto - PTB

4º Secretário: Dep. Catarina Paladini - PSB

Suplentes de Secretário

1º Suplente: Álvaro Boessio - PMDB 2º Suplente: Luciano Azevedo - PPS 3º Suplente: Raul Carrion - PcdoB 4º Suplente: Carlos Gomes - PRB

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Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo

Presidente:

Deputado Ernani Polo - PP

Vice-Presidente:

Aloísio Classmann - PTB

Deputados Titulares: Alceu Barbosa - PDT Altemir Tortelli - PT Edegar Pretto - PT

Edson Brum - PMDB Frederico Antunes - PP Gerson Burmann - PDT

Heitor Schuch - PSB Jeferson Fernandes - PT Lucas Redecker - PSDB Valdeci Oliveira – PT

Catarina Paladini - PSB

Deputados Suplentes: Alexandre Lindenmeyer - PT

Marisa Formolo - PT Álvaro Boessio - PMDB

Gilberto Capoani - PMDB Gilmar Sossella - PDT Marlon Santos - PDT

Adolfo Brito - PP Pedro Westphalen - PP Marcelo Moraes - PTB

Zilá Breitenbach - PSDB

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ÍNDICE ANALÍTICO

APRESENTAÇÃO................................................................................................................................................ 4

OBJETIVOS, JUSTIFICATIVA E CRONOGRAMA .............. ........................................................................ 5

OBJETIVO GERAL................................................................................................................................................ 5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................................................. 5 DELIMITAÇÃO DO TEMA................................................................................................................................... 5 JUSTIFICATIVAS.................................................................................................................................................. 6 CRONOGRAMA DE TRABALHO........................................................................................................................ 6 REFERENCIAIS INICIAIS: ................................................................................................................................... 6

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 7

HISTÓRICO........................................................................................................................................................ 10

NO BRASIL ............................................................................................................................................................. 10 NO RIO GRANDE DO SUL........................................................................................................................................ 11 ATUAL DIVISÃO HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE DO SUL: ................................................................................... 14 MARCO LEGAL ....................................................................................................................................................... 15

LEGISLAÇÃO FEDERAL .................................................................................................................................. 15 LEGISLAÇÃO ESTADUAL ................................................................................................................................ 19

VISITAS E REUNIÕES REALIZADAS .......................................................................................................... 23

21 A 23 DE MARÇO – EXPOAGRO / AFUBRA.................................................................................................. 23 09/04 - VISITA À BARRAGEM DO CAPANÉ / IRGA - CACHOEIRA DO SUL ................................................................. 24 11/04 – EMATER.................................................................................................................................................. 25 11/04 – SOP - SECRETARIA DE OBRAS PÚBLICAS, IRRIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO URBANO - DIRETORIA DE

IRRIGAÇÃO............................................................................................................................................................. 30 02/05 - MAPA/RS - SUPERINTENDENCIA FEDERAL RS ......................................................................................... 31 16/05 - UFRGS - IPH - INSTITUTO DE PESQUISAS HÍDRICAS ................................................................................. 40 17/05 - FEE - FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA ....................................................................................... 42 24/05 - SDR - SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL, PESCA E COOPERATIVISMO...................................... 43 24/05 - FENARROZ - CACHOEIRA DO SUL ........................................................................................................... 43 25/05 - UFSM – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA - SISTEMA IRRIGA...................................................45 25/05 - VISITA À BARRAGEM DO TAQUAREMBÓ - DOM PEDRITO........................................................................... 46 28/05 - REUNIÃO COM DIRETOR DEPARTAMENTO DE POLÍTICA DE IRRIGAÇÃO, DA SECRETARIA NACIONAL DE

IRRIGAÇÃO, M INISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL ........................................................................................... 48 29/05 – AUDIÊNCIA COM M INISTROS DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO (MDA) E DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E

COOPERATIVISMO (MAPA) ................................................................................................................................... 49 31/05 - SEAPA - SECRETARIA AGRICULTURA, PECUÁRIA E AGRONEGÓCIO.......................................................... 50 06/06 - MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL ............................................................................................................... 51 06/06 - ASSOCIAÇÃO DOS USUÁRIOS DA BACIA DO RIO SANTA MARIA ................................................................. 52 14/06 - SEMA - SECRETARIA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE E DEPARTAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS......... 55

SEMINÁRIO “IRRIGAÇÃO URGENTE PARA O RS - UNIFICANDO ESTUDOS E PROGRAMAS”.57

OBJETIVOS: ........................................................................................................................................................ 58 PROGRAMAÇÃO:............................................................................................................................................... 58 1º PAINEL: IRRIGAÇÃO DE TERRAS ALTAS E A ESTIAGEM NO RS – ......................................................... 62 UMA SOLUÇÃO ECONÔMICA PARA O AGRONEGÓCIO – ......................................................................... 62 PAINELISTA: PROFESSOR REIMAR CARLESSO, PHD. .............................................................................................. 62 2º PAINEL: PROJETOS DE IRRIGAÇÃO, À EXEMPLO DO CONCEITO BASE ZERO (CBZ) DE

DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL –.......................................................................................... 66 PAINELISTA: ENGº. JOSÉ ARTUR DE BARROS PADILHA –........................................................................................ 66

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EFEITO BARRAMENTO COMO ‘CONSTRUÇÃO’ ECOLÓGICO NATURAL ‘GRATUITA’..................... 72 3º PAINEL: APRESENTAÇÃO PROGRAMAS DE GOVERNO .......................................................................... 75 SDR – SECRETARIA DO DESENVOLVIMENTO RURAL, PESCA E COOPERATIVISMO – .............................................. 76 SOP – SECRETARIA DE OBRAS PÚBLICAS, IRRIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO URBANO –...................................... 78 SEAPA – SECRETARIA DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E AGRONEGÓCIO – ............................................................. 80 SEMA – SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE –...................................................................................... 82

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................................................. 86

SUGESTÕES / PROPOSIÇÕES........................................................................................................................ 89

EQUIPE................................................................................................................................................................ 91

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 92

ANEXOS .............................................................................................................................................................. 93

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APRESENTAÇÃO

As secas tornaram-se um constante no Rio Grande do Sul, gerando prejuízos de grande monta, não só para os agricultores, mas, também, para a economia do estado como um todo, visto ser a agricultura a mola propulsora do desenvolvimento econômico e social da grande maioria dos municípios gaúchos. Programas e investimentos em irrigação possibilitariam uma produção suficiente para garantir, ao menos, o retorno dos valores aplicados, já que somos sabedores da impossibilidade técnica de irrigar toda a área agricultável do estado. Mas somos sabedores, também, de que é possível, pelo menos, quintuplicar a área atualmente irrigada.

Na ótica dos agricultores alguns fatores atravancam a implementação dos projetos de irrigação, destacando-se: a precariedade da energia elétrica, com queda de tensão e falta de força, além de longos períodos de interrupção; a burocracia na liberação das licenças ambientais para a implementação dos reservatórios e a construção dos canais e o elevado custo de implementação do sistema de irrigação. Soma-se a isso a falta de uma cultura de investimento em irrigação, que leva a investimentos em máquinas e equipamentos diversos que não os de irrigação, e que ficam a maior parte do tempo ociosos nas propriedades.

Este trabalho reuniu contribuições importantes dos diversos setores governamentais e de representação dos agricultores, para estabelecermos medidas concretas de convivências com as secas que estão se tornando cada vez mais frequentes e que tem na irrigação a principal forma de garantir incremento na produção e na sustentabilidade do setor rural.

Entretanto, não bastam estudos, diagnósticos e o anúncio de programas. É preciso construir ações concretas de convivência com a seca, para reduzirmos as ações emergenciais, que são dispendiosas e, além de não resolverem o problema, sequer conseguem amenizar as dificuldades enfrentadas pelos agricultores, que ficam sem renda, e da população urbana, que vê os alimentos subirem de preço em grande escalada. Outro fator preocupante refere-se à falta de continuidade nos poucos programas existentes, basta começar a chover para que o assunto seja esquecido até o início da próxima seca.

Também é fundamental o uso sustentável e racional dos recursos hídricos, através de um eficiente processo de planejamento, gestão e manejo da água. Neste aspecto a Subcomissão de Irrigação atingiu o seu objetivo ao internalizar o debate dentro do parlamento e do parlamento com o conjunto da sociedade gaúcha, numa conjunção de esforços para a construção de modelos de irrigação que se adaptem às diversas realidades do Rio Grande do Sul.

Este trabalho não tem seu final neste relatório, ele é uma ferramenta para fomentar a integração entre órgãos técnicos, de pesquisa, representantes das três esferas de governo, universidades, agricultores, comitês de bacias e todos os demais atores envolvidos com o processo de produção, para a construção de políticas de médio e longo prazo que possibilitem a implantação da irrigação nas lavouras gaúchas.

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OBJETIVOS, JUSTIFICATIVA E CRONOGRAMA

OBJETIVO GERAL - Discutir políticas permanentes de enfrentamento às estiagens que vem atingindo o Rio

Grande do Sul nos últimos anos, com a construção de modelos de irrigação que se adaptem às diversas realidades do Rio Grande do Sul.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Promover debates sobre a importância de um programa estadual de irrigação e as

dificuldades na implementação para o Estado do Rio Grande do Sul com a finalidade de encontrar alternativas que amenizem os efeitos das frequentes secas ocorridas em nosso Estado.

- Promover e participar de reuniões e audiências públicas com lideranças, produtores e setores envolvidos no processo produtivo agropecuário, a fim de discutir alternativas para a difícil situação enfrentada pela estiagem;

- Reunir órgãos técnicos, de pesquisa, representantes do governo estadual e federal e dos produtores rurais para debater programas e políticas de longo prazo voltadas à implantação de irrigação nas lavouras gaúchas.

- Identificar e apurar os principais problemas de ordem operacional no processo de avanço e implantação da irrigação em maior escala;

- Avaliar a importância econômica e social dos prejuízos causados para o crescimento da economia agrícola gaúcha;

- Identificar as principais causas das grandes reclamações dos produtores sobre os gargalos para projetos e programa de irrigação nas atividades agrícolas e da pecuária;

- Avaliar os principais entraves no licenciamento ambiental para o uso da água para irrigação;

DELIMITAÇÃO DO TEMA - Tendo em vista a importância do tema, estamos propondo focar este estudo em três eixos:

1) Se as políticas públicas estão contribuindo e incentivando os produtores a adotarem sistema de irrigação nas propriedades.

2) Verificar o problema do licenciamento e a desburocratização do uso da água, bem como a importância da irrigação nas propriedades rurais e

3) O custo dos investimentos necessários para implementação do sistema de irrigação.

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JUSTIFICATIVAS - A criação desta Subcomissão justifica-se pela necessidade de aprofundar os estudos sobre

formas de convivência com as secas que estão se tornando cada vez mais frequentes no Estado do Rio Grande do Sul. Somente no setor de grãos em 2011/12 o prejuízo econômico superou R$ 5 bilhões, segundo dados da EMATER.

- O Rio Grande do Sul conta com menos de 100 mil hectares irrigados. Os especialistas entendem que o Estado possui capacidade para triplicar essa cifra, mas alegam falta de apoio dos governos e agilidade no licenciamento ambiental como principal dificuldade para impulsionar a irrigação no Estado.

- Além do aspecto econômico existe o prejuízo moral e social que é incomensurável, e afeta a autoestima de milhares de pessoas atingidas pela seca, em especial os agricultores, que às centenas abandonam as suas propriedades e migram para os centros urbanos.

- O debate e a construção de alternativas de convivência com a seca têm que ser permanentes. Ações emergenciais nos momento de crise são necessárias e dispendiosas, mas não resolvem o problema, e em muitos casos sequer conseguem amenizar.

- O tema irrigação vem sendo tratado neste Estado com muita descontinuidade, basta iniciar o período de chuvas para que as autoridades esqueçam do assunto.

CRONOGRAMA DE TRABALHO - De acordo com o Regimento Interno da Assembléia Legislativa, Art. 74º, § 8º, a

Subcomissão terá prazo de 120 dias improrrogáveis para a conclusão de seus trabalhos, contados a partir da data de sua aprovação, que foi em 1º de março de 2012.

Atividade/Mês Março Abril Maio Junho

Aprovação e Instalação da subcomissão x Realização de visitas e audiências x x x x Audiências com entidades setoriais x x x Elaboração do relatório x Apresentação na Comissão temática x Divulgação de resultado e encaminhamentos x

REFERENCIAIS INICIAIS: • IRGA; • Federações e rede de sindicatos de todos os setores – rural; • Ocergs, Cooperativas; • CEEE, e demais concessionárias de energia elétrica; • Governo Federal e Estadual • Universidades; • Fepagro, Embrapa, Outros

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INTRODUÇÃO

A água tem múltiplos usos: abastecimento humano, industrial, hidroeletricidade, navegação, recreação e turismo, pesca e aqüicultura, controle de cheias e irrigação.

O mundo agrícola preza pela incorporação de novas tecnologias para melhorar a produtividade das culturas e proporcionar o uso eficiente da água, reduzindo riscos de frustração de safras como vêm ocorrendo com frequencia em nosso estado. Segundo Mantovani et al (2007), estimativas indicam que a área cultivada e irrigada no Brasil é responsável por 16% da produção total e 35% do valor econômico da produção. Estima-se uma potencialidade brasileira de incorporação de 13% de novas áreas para agricultura irrigada. Em nosso estado, temos no arroz uma área cultivada na ordem de 1 milhão de hectares em várzea e com potencial enorme de expansão em outras regiões agrícolas do estado.

O conceito de Irrigação é: “uma técnica utilizada na agricultura que tem por objetivo o fornecimento controlado de água para as plantas em quantidade suficiente e no momento certo, assegurando a produtividade e a sobrevivência da plantação. Complementa a precipitação natural, e em certos casos, enriquece o solo com a deposição de elementos fertilizantes.” (Wikipédia)

Os métodos e sistemas de irrigação serão aplicados de acordo com a escolha do mais adequado, sendo que cada método tem um ou mais sistemas associados, uma vez que depende de diversos fatores, tais como a topografia do terreno (declividade), o tipo de solo (taxa de infiltração), a cultura (sensibilidade da cultura ao molhamento) e o clima (frequência e quantidade de precipitações, temperatura e efeitos do vento). Além disso, a vazão e o volume total de água disponível durante o ciclo da cultura devem ser analisados. A eficiência de um sistema de irrigação refere-se à percentagem de água de fato absorvida pela planta.

No Brasil, os métodos mais utilizados na irrigação são: superfície (inundação e sulcos - exemplo: arroz); aspersão (convencional, canhão, carretel); pivô central e localizada (gotejamento, microaspersão). Os especialistas dizem que o método considerado ideal é aquele que melhor se adequar às condições locais de topografia, clima, tipo de solo e de cultivo, disponibilidade e qualidade de água, mão-de-obra e energia.

Estudos indicam que 49,6% da água são consumidos por evaporação na produção de energia hidroelétrica, 30,7% na agricultura irrigada e 19,7% pela indústria e uso doméstico. Conforme dados de 2007, da ANA - Agencia Nacional das Águas, a distribuição percentual do volume consumido entre os setores são: agricultura irrigada 46%, consumo urbano 27% e indústria 18%.

O Rio Grande do Sul é o estado que apresenta a maior área irrigada no Brasil em função do cultivo do arroz irrigado por inundação. Pretende-se debater o uso múltipolo da água para irrigação em outros tipos de cultura, tais como pastagem, milho e soja, que têm sofrido com a seca.

Abaixo, fotos de alguns modelos conhecidos de irrigação:

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Pivô Canal de irrigação com sistema de sifão

Canal de irrigação Irrigação por aspersão convencional

Sistema por gotejamento Irrigação de arroz sequeiro (Região dos Cerrados)

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Irrigação por inundação, por sulcos, por aspersão (convencional, auto-propelido e pivô central) e localizada (gotejamento e microaspersão). Fonte: Revista Tecnologia & Inovação Agropecuária (http://www.apta.sp.gov.br/revistas.php) e http://www.agrolink.com.br/culturas/arroz/irrigacao.aspx

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HISTÓRICO

No Brasil No Brasil, o final do século XIX e o início do século XX foram marcados pela

criação de um conjunto de instituições voltadas a questões de clima, de disponibilidade hídrica e saneamento e de obras contra intempéries. Em 1906, em esforço de desenvolvimento do país, foi criado o Instituto Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), substituído pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) em 1949. Em 1948, foi criada a Companhia Hidroelétrica do Rio São Francisco (CHESF) e a Comissão do Vale do São Francisco (CVSF), que foi substituída pela SUVALE em 1967, e esta, pela CODEVASF, em 1974. Segundo Geraldo Rocha, em sua obra “O Rio S. Francisco”, a irrigação no Vale foi iniciada ainda no primeiro quartel do século XIX, às margens do rio Grande, no Oeste da Bahia.

Ao final da década de 60, foi estruturado pelo Governo Federal o Programa Plurianual de Irrigação (PPI), visando à implementação de estudos, projetos e obras de irrigação e drenagem, particularmente na região semiárida do país, para o aproveitamento dos pequenos e grandes açudes já existentes e de cursos d’água perenes e água subterrânea.

A partir da segunda metade dos anos 70, um grande número de projetos públicos de irrigação foi iniciado, em vários estados do Semi-Árido Brasileiro, beneficiando a região Nordeste com avanços tecnológicos propiciados por modelos hidrológicos, e incluindo-a nos diversos estágios de desenvolvimento da gestão dos recursos hídricos, realizada em três fases: 1) até 1940, quando a capacidade de aprovisionamento superava a demanda e as ações se concentravam no controle de inundações, na regularização dos cursos d’água, na produção de energia e na captação para abastecimento público; 2) entre 1940 e 1970, sobretudo após 1950, quando o desenvolvimento acelerado das atividades industriais e agrícolas, aliada à expansão urbana e habitacional, implicou na manifestação dos primeiros conflitos entre oferta e demanda de água; e 3) a partir de 1970, quando a água passa a ser percebida como um recurso natural finito e, em muitos casos, escasso ou impróprio para o consumo.

Essas iniciativas burocráticas federais, entretanto, não obtiveram o sucesso esperado. A partir de 1985 foi dada nova orientação e, em 1996, um novo direcionamento foi buscado, a fim de ampliar o uso da irrigação na agricultura, com o Projeto Novo Modelo da Irrigação, que contou com a participação de mais de mil e quinhentos especialistas do país e do estrangeiro.

O potencial de irrigação no Brasil, segundo o Banco Mundial, é de cerca de 29 milhões de hectares. Entretanto, no ano de 1998 havia somente 2,98 milhões.

No final da última década do século XX o país tinha a irrigação de superfície como a principal forma (59%), seguida pela aspersão (35%) e, por último, a irrigação localizada. A Região Sul apresentava a maior área irrigada (mais de um milhão e cem mil ha), depois o Sudeste (oitocentos e noventa mil ha) e Nordeste (quatrocentos e noventa mil ha).

As vantagens da agricultura irrigada sobre a praticada tradicionalmente em sequeiro são inúmeras. No Brasil, a difusão da irrigação se processou, inicialmente, em maior escala nas culturas de arroz no Rio Grande do Sul e em alguns vales da região central do país.

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Pode-se dizer que o Brasil implementou um grande números de projetos de irrigação, especialmente nos estados do semi-árido, beneficiando a região Nordeste, com avanços tecnológicos propiciados por modelos hidrológicos e realizados em pelo menos 4 fases distintas, que caracterizaram-se pela descontinuidade das ações governamentais relativas ao desenvolvimento da irrigação e drenagem agrícola.

Segundo o Banco Mundial, durante as últimas três décadas, foram investidos mais de US$ 2 bilhões de recursos públicos em obras ligadas à irrigação para desenvolver 200.000 hectares no semi-árido brasileiro, um investimento médio de US$ 10.000,00/ha. Uma constatação importante, com certeza resultado desse investimento, foi o estímulo ao investimento privado, que desenvolveu aproximadamente 400.000 hectares adicionais de área irrigada na referida região, resultado das novas alternativas de culturas, tecnologias e processos produtivos validados pelo pioneirismo dos investimentos em projetos públicos. A produção agrícola irrigada nessa área atingiu US$ 2 bilhões em 2002, incluindo US$ 170 milhões de exportação de frutas frescas, gerando 1,3 milhão de empregos (diretos e indiretos), e contribuindo substancialmente para a redução da pobreza e da migração rural para as grandes cidades.

A análise desta situação sinaliza para uma importante lição: um projeto de irrigação de larga escala pode levar um longo tempo para apresentar resultados positivos, entre 10 e 15 anos, via de regra. Para incentivar a participação do setor privado em empreendimentos de longo prazo de payback (tempo decorrido entre o investimento inicial e o momento no qual o lucro líquido acumulado se iguala ao valor desse investimento), o Banco Mundial apresentou, no referido documento, uma série de sugestões para as intervenções governamentais, particularmente aquelas relacionadas às deficiências de ordem legal, regulatória e administrativa, de agrotecnologia e de serviços, e de conclusão de pequenas obras de infra-estrutura.

FONTES: CODEVASF – Cia. De Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Ministério da Integração Nacional

BANCO MUNDIAL. Impactos e externalidades sociais da irrigação no semi-árido brasileiro. Brasília, 2004. (Série Água Brasil, v.5)

No Rio Grande do Sul Enquanto na região Nordeste a irrigação era incentivada por órgãos oficiais, nas

regiões Sul e Sudeste a irrigação desenvolvia-se paulatinamente pela iniciativa privada.

O primeiro projeto de irrigação no Brasil começou indiretamente em 1881, no Rio Grande do Sul, por iniciativa privada, com a construção do reservatório Cadro, para permitir o suprimento de água a ser utilizada na lavoura irrigada de arroz, com início efetivo de operação em 1903, e logo após, em 1912, em Cachoeira do Sul, também no Rio Grande do Sul, para o cultivo do arroz. Embora seja uma técnica agrícola muito antiga, seu uso tornou-se freqüente somente nos últimos trinta anos, inicialmente, no próprio Rio Grande do Sul, aplicada em arroz irrigado por inundação e em São Paulo, em café irrigado por aspersão e, posteriormente, nas décadas de 60 e 70, na Região Nordeste.

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O artigo 171 da Constituição Estadual instituiu o sistema estadual de recursos hídricos, integrado ao sistema nacional de gerenciamento desses recursos, no qual a bacia hidrográfica foi definida como unidade básica de planejamento e gestão. Observados os aspectos de uso e ocupação do solo. Esse sistema compreende critérios de outorga de uso, o respectivo acompanhamento, fiscalização e tarifação, de modo a proteger e controlar as águas superficiais e subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, assim como racionalizar e compatibilizar os usos, inclusive quanto à construção de reservatórios, barragens e usinas hidrelétricas.

A Lei 10.350/1994 regulamentou este artigo e estabeleceu, para cada bacia do Estado, a formação de um comitê de gerenciamento, o comitê de bacia. De acordo com a referida lei, foi determinada a existência de três Regiões Hidrográficas, as quais foram subdivididas em baias hidrográficas, totalizando, até o presente momento, 25 unidades. Para cada uma destas está previsto a formação de um comitê para a gestão integrada dos seus recursos hídricos.

Entende-se por bacia hidrográfica toda a área de captação natural da água da chuva que escoa superficialmente para um corpo de água ou seu contribuinte. Os limites da bacia hidrográfica são definidos pelo relevo, considerando-se como divisores de águas as áreas mais elevadas. O corpo de água principal, que dá o nome à bacia, recebe contribuição dos seus afluentes, sendo que cada um deles pode apresentar vários contribuintes menores, alimentados direta ou indiretamente por nascentes.

Bacia hidrográfica

Para fins de gestão de recursos hídricos, o Estado do Rio Grande do Sul é dividido em três grandes Regiões Hidrográficas – Região Hidrográfica do Guaíba, Região Hidrográfica do Uruguai, e Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas e em 25 bacias hidrográficas, listadas no quadro abaixo e retirado do Relatório Síntese da Fase A “Diagnóstico e

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Prognóstico Hídrico das Bacias Hidrográficas do Rio Grande do Sul”, elaborado pela Ecoplan Engenharia, em Junho de 2007.

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Atual Divisão Hidrográfica do Rio Grande do Sul:

Os códigos do mapa estão no quadro da pág. Anterior

Fonte: Relatório Síntese da Fase A “Diagnóstico e Prognóstico Hídrico das Bacias Hidrográficas do Rio Grande do Sul”, elaborado pela Ecoplan Engenharia em Junho de 2007. (site do PERH-RS- SEMA)

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Marco legal

Legislação Federal

• PORTARIA MMA Nº 463, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2009 Institui, no âmbito da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano e da Agência

Nacional de Águas - ANA, a Coordenação de Comunicação Integrada do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos - Ciágua, para elaborar e implementar as ações de comunicação previstas no Plano Nacional de Recursos Hídricos, buscando o fortalecimento dos diferentes canais de comunicação existentes, além de e possibilitar a criação de novos canais para uma efetiva interlocução social. • RESOLUÇÃO ANA Nº 782, DE 27 DE OUTUBRO DE 2009

Estabelece critérios para o envio dos dados dos volumes medidos em pontos de interferência outorgados em corpos de água de domínio da União. • MOÇÃO CNRH Nº 48, DE 25 DE MAIO DE 2009

Recomenda a formação de uma estrutura nacional para, de forma continuada e articulada, em especial com os Estados abrangidos pelo Aquífero Guarani, coordenar e acompanhar o processo de cooperação nacional e regional e as ações e atividades geradas pelo Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aquífero Guarani - PSAG. • RESOLUÇÃO CONAMA Nº 410, DE 4 DE MAIO DE 2009

Prorroga o prazo para complementação das condições e padrões de lançamento de efluentes, previsto no art. 44 da Resolução nº 357, de 17 de março de 2005, e no Art. 3o da Resolução nº 397, de 3 de abril de 2008. • RESOLUÇÃO CONAMA N.º 396, DE 3 DE ABRIL DE 2008

Dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas e dá outras providências. • RESOLUÇÃO CONAMA Nº 397, DE 03 DE ABRIL DE 2008

Altera o inciso II do § 4o e a Tabela X do § 5o, ambos do art. 34 da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA no 357, de 2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. • PORTARIA MMA Nº 563, DE 21 DE NOVEMBRO DE 2007

Modifica os incisos I, II e VI do art. 3º da Portaria n.º 319, de 31 de outubro de 2005, publicada no DOU de 1º de novembro de 2005, passando a vigorar a seguinte redação: "Art. 3º ..... I - União: a) Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente: 1. Titular: João Bosco Senra; 2. Suplente: Cláudia Ferreira Lima; b) Agência Nacional de Águas-ANA: 1. Titular: Paulo Lopes Varella Neto; 2. Suplente: Fernando Roberto de Oliveira; ..... II - Estados: ..... f) Rio Grande do Sul: 1. Titular: Ivo Mello; ..... g) Santa Catarina: 1. Titular: Marta Elizabete Souza Kracik; ..... h) São Paulo: ..... 2. Suplente: Ricardo Vedovello; ..... VI - um representante de Associação Técnico-Científica:a) Associação Brasileira de Águas Subterrâneas: 1. Titular: Everton de Oliveira; e 2. Suplente: Dorothy Carmen Pinatti Casarini". • RESOLUÇÃO ANA Nº 242, DE 2 DE JULHO DE 2007

Dispõe sobre a transferência e aplicação de recursos aos Estados, Distrito Federal e Municípios, sob a forma de contrato de repasse, das dotações consignadas à ANA no Orçamento Geral da União e dá outras providências. Resolução do CNRH nº 80, de 10 de

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dezembro de 2007 - Aprova o Detalhamento Operativo de Programas do Plano Nacional de Recursos Hídricos. • RESOLUÇÃO ANA Nº 224, DE 18 DE JUNHO DE 2007

Altera o Regulamento do Programa Despoluição de Bacias Hidrográficas – PRODES para o exercício de 2007, aprovado pela Resolução no 80, de 19 de março de 2007, e dá outras providências. • RESOLUÇÃO CONAMA Nº 71, DE 14 DE JUNHO DE 2007

Estabelece as prioridades para aplicação dos recursos provenientes da cobrança pelo uso de recursos hídricos, para o exercício orçamentário de 2008 e no Plano Plurianual 2008 - 2011, e dá outras providências. • RESOLUÇÃO ANA Nº 80, DE 19 DE MARÇO DE 2007

Aprova o Regulamento do Programa Despoluição de Bacias Hidrográficas PRODES para o exercício de 2007 e dá outras providências. • PORTARIA INTERMINISTERIAL N.º 40, DE 5 DE MARÇO DE 2007

Instituir, no âmbito dos Ministérios do Meio Ambiente e da Integração Nacional, o Comitê Gestor do Programa Nacional de Desenvolvimento dos Recursos Hídricos-PROÁGUA Nacional. • RESOLUÇÃO ANA N.º 597, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2006

Estabelece que o acesso aos dados registrados no Cadastro Nacional de Usuários de Recursos Hídricos – CNARH será organizado em três níveis, conforme o grau de consistência dos dados, a finalidade do uso dos dados e a forma de acesso. • MOÇÃO CNRH N.º 38, DE 7 DE DEZEMBRO DE 2006

Recomenda a adoção do Sistema de Informação de Águas Subterrâneas-SIAGAS pelos órgãos gestores e os usuários de informações hidrogeológicas. • MOÇÃO CNRH Nº 39, DE 7 DE DEZEMBRO DE 2006

Recomenda a integração dos Sistemas de Informação: SINIMA, SIAGAS, SIGHIDRO, SNIS, SIPNRH e SNIRH. O CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOSCNRH, no uso das competências que lhe são conferidas pelas Leis nos 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e 9.984, de 17 de julho de 2000, e tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, anexo à Portaria no 377, de 19 de setembro de 2003, e : • RESOLUÇÃO CNRH N.º 65, DE 7 DE DEZEMBRO DE 2006

Estabelece diretrizes de articulação dos procedimentos para obtenção da outorga de direito de uso de recursos hídricos com os procedimentos de licenciamento ambiental. • RESOLUÇÃO ANA Nº 469, DE 3 DE NOVEMBRO DE 2006

Dispõe sobre a transferência e aplicação de recursos aos Estados, Distrito Federal e Municípios, sob a forma de contrato de repasse, das dotações consignadas à ANA no Orçamento Geral da União e dá outras providências. • RESOLUÇÃO ANA Nº 467, DE 30 DE OUTUBRO DE 2006

Dispõe sobre critérios técnicos a serem observados na análise dos pedidos de outorga em lagos, reservatórios e rios fronteiriços e transfronteiriços. • DECRETO FEDERAL DE 25 DE JULHO DE 2006

Outorga concessão para exploração de potencial hidráulico, por meio da usina denominada Usina Hidrelétrica São José, em trecho do Rio Ijuí, Estado do Rio Grande do Sul, e dá outras providências. • RESOLUÇÃO CNRH Nº 61, DE 2 DE JUNHO DE 2006

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• Aprova o Programa de Trabalho e a respectiva proposta orçamentária da Secretaria-Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, para o exercício de 2007.

• RESOLUÇÃO CONAMA Nº 370, DE 6 DE ABRIL DE 2006 Prorroga o prazo para complementação das condições e padrões de lançamento de

efluentes, previsto no art. 44 da Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. • RESOLUÇÃO CNRH Nº 54, DE 28 DE NOVEMBRO DE 2005

Estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para a prática de reúso direto não potável de água, e dá outras providências. • RESOLUÇÃO CNRH Nº 55, DE 28 DE NOVEMBRO DE 2005

Estabelece diretrizes para elaboração do Plano de Utilização da Água na Mineração- PUA, conforme previsto na Resolução CNRH no 29, de 11 de dezembro de 2002. • PORTARIA MMA Nº 319, DE 31 DE OUTUBRO DE 2005

Institui a Unidade Nacional de Execução do Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani – UNEP/BR, com a finalidade de apoiar, supervisionar e acompanhar a elaboração e a implementação de um marco legal e técnico de gerenciamento e preservação do Aqüífero Guarani para as gerações presentes e futuras em parceria com os Governos da República Argentina, da República do Paraguai e da República Oriental do Uruguai. • PORTARIA MMA Nº 268, DE 16 DE SETEMBRO DE 2005

Dispõe sobre os Encontros Públicos Estaduais a serem realizados no processo de elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos. • MOÇÃO CNRH Nº 33, DE 18 DE JULHO DE 2005

Recomenda a viabilização da implantação de medidas que viabilizem o uso racional e a redução efetiva do consumo de água em todos os órgãos e entidades da Administração Federal Direta e Indireta. • PORTARIA CNRH Nº 32, DE 18 DE JULHO DE 2005

Acresce incisos ao artigo 42 do Regimento Interno do Conselho de Recursos Hídricos. • RESOLUÇÃO CNRH Nº 51, DE 18 DE JULHO DE 2005

Institui a Câmara Técnica de Integração da Gestão das Bacias Hidrográficas e dos Sistemas Estuarinos e Zona Costeira. • DECRETO FEDERAL N.º 5.440, DE 4 DE MAIO DE 2005.

Estabelece definições e procedimentos sobre o controle de qualidade da água de sistemas de abastecimento e institui mecanismos e instrumentos para divulgação de informação ao consumidor sobre a qualidade da água para consumo humano. • INSTRUÇÃO NORMATIVA IBAMA N.º 65, DE 13 DE ABRIL DE 2005.

Estabelece, no âmbito desta Autarquia, os procedimentos para o licenciamento de Usinas Hidrelétricas - UHE e Pequenas Centrais Hidrelétricas - PCH, consideradas de significativo impacto ambiental, e criar o Sistema Informatizado de Licenciamento Ambiental Federal - SISLIC, Módulo UHE/PCH. • RESOLUÇÃO CONAMA Nº 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005

Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. • LEI FEDERAL Nº 10.881, DE 9 DE JUNHO DE 2004.

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Dispõe sobre os contratos de gestão entre a Agência Nacional de Águas e entidades delegatárias das funções de Agências de Águas relativas à gestão de recursos hídricos de domínio da União e dá outras providências. • DECRETO FEDERAL Nº 4.871, DE 6 DE NOVEMBRO DE 2003.

Dispõe sobre a instituição dos Planos de Áreas para o combate à poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências. • DECRETO FEDERAL Nº 4.613, DE 11 DE MARÇO DE 2003.

Regulamenta o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, e dá outras providências. • DECRETO FEDERAL N.º 3.739, DE 31 DE JANEIRO DE 2001.

Dispõe sobre o cálculo da tarifa atualizada de referência para compensação financeira pela utilização de recursos hídricos, de que trata a Lei no 7.990, de 28 de dezembro de 1989, e da contribuição de reservatórios de montante para a geração de energia hidrelétrica, de que trata a Lei no 8.001, de 13 de março de 1990, e dá outras providências • RESOLUÇÃO CONAMA N.º 274, DE 29 DE NOVEMBRO DE 2000.

Estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, a Política Nacional de Recursos Hídricos e o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC) • RESOLUÇÃO CONAMA N.º269, DE 14 DE SETEMBRO DE 2000.

Regulamenta a produção, importação, comercialização e uso de dispersantes químicos para as ações de combate aos derrames de petróleo e seus derivados no mar. • LEI FEDERAL N.º 9.984, DE 17 DE JULHO DE 2000.

Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Água - ANA, entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências. • LEI FEDERAL N.º 9.966, DE 28 DE ABRIL DE 2000.

Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências. • DECRETO ESTADUAL N.º 2.612, DE 03 DE JUNHO DE 1998.

Regulamenta o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, e dá outras providências. • LEI FEDERAL Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. • DECRETO FEDERAL Nº 94.076, DE 05 DE MARÇO DE 1987.

Institui o Programa Nacional de Microbacias Hidrográficas, e dá outras providências. • RESOLUÇÃO CONAMA N.º 20, DE 18 DE JUNHO DE 1986.

Dispôe sobre a classificação das águas, salobras do território Nacional. • DECRETO-LEI FEDERAL N.º 852, DE 11 DE NOVEMBRO DE 1938

Mantém, com modificações, o decreto n. 24.643, de 10 de julho de 1934 e dá outras providências. • DECRETO FEDERAL N.º 24.643, DE 10 JULHO DE 1934.

Decreta o Código de Águas.

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Legislação Estadual

• RESOLUÇÃO CRH Nº 66/2009, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2009 Aprova Acordo sobre as retiradas de água na Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí.

• PORTARIA DRH Nº 1155, DE 24 DE AGOSTO DE 2009 Outorga de forma precária e mediante cadastro os usuários constantes em tabela anexa,

para captação e derivação de água superficial na bacia do rio Santa Maria em um regime de bombeamento de 24 horas por dia, 7 (sete) dias da semana, num período de 100 dias contados a partir do início do bombeamento, considerando o consumo médio e área irrigada informada no cadastro. Revoga a Portaria DRH nº 801/2009 de 29 de maio de 2009 e todas as autorizações para captação de água superficial concedidas mediante Portaria até a presente data. • RESOLUÇÃO CRH Nº 60, DE 16 DE JULHO DE 2009

Dispõe sobre a outorga de captação de águas subterrâneas e autorização para perfuração de poços em áreas abastecidas por rede pública e dá outras providências. • PORTARIA SEMA/FEPAM N º 94, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2008.

Dispõe sobre procedimentos para Programa de Regularização de Açudes para o Estado do Rio Grande do Sul - AÇUDES GAÚCHOS. • RESOLUÇÃO CRH Nº 45, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2007 Estabelece critérios para a operação dos sistemas de bombeamento de água para irrigação na Bacia do Rio dos Sinos. • RESOLUÇÃO CRH N.° 34/07, DE 02 DE MAIO DE 2007 Aprova o Plano de aplicação dos recursos do Fundo de Investimento em Recursos Hídricos no Exercício de 2007. • DECRETO ESTADUAL Nº 44.919, DE 02 DE MARÇO DE 2007. Cria a Câmara Setorial de Irrigação e Usos Múltiplos da Água e dá outras providências. • RESOLUÇÃO CRH N.º 31, DE 12 DE JANEIRO DE 2007

Estabelece critérios para a retirada de água para irrigação na Bacia do rio Santa Maria. • RESOLUÇÃO CONSEMA Nº 129/2006, DE 24 DE NOVEMBRO DE 2006

Dispõe sobre a definição de Critérios e Padrões de Emissão para Toxicidade de Efluentes Líquidos lançados em águas superficiais do Estado do Rio Grande do Sul. • DECRETO ESTADUAL Nº 44.726, DE 10 DE NOVEMBRO DE 2006

Declara de utilidade pública os empreendimentos a serem construídos na Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria, denominados Barragem do Arroio Taquarembó e Barragem do Arroio Jaguari. • PORTARIA FEPAM Nº 095, DE 09 DE NOVEMBRO DE 2006

Resolve que o pedido de licenciamento ambiental de empreendimentos novos ou a ampliação dos existentes, com médio e alto potencial poluidor (nos termos da Resolução nº 01/95, 16/08/95, e alterações posteriores, do Conselho de Administração da FEPAM), nas Bacias Hidrográficas do Rio dos Sinos e do Rio Gravataí, será submetido ao respectivo Comitê antes da emissão da Licença prévia. • RESOLUÇÃO CONSEMA Nº 128 DE NOVEMBRO DE 2006

Dispõe sobre a fixação de Padrões de Emissão de Efluentes Líquidos para fontes de emissão que lancem seus efluentes em águas superficiais no Estado do Rio Grande do Sul • DECRETO ESTADUAL Nº 44.702, DE 26 DE OUTUBRO DE 2006

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Declara Situação de Emergência nas Bacias Hidrográficas dos Rios dos Sinos e Gravataí. • RESOLUÇÃO CRH Nº 030, DE 19 DE OUTUBRO DE 2006 • Estabelece critérios para a operação dos sistemas de bombeamento de água para irrigação

na Bacia do rio do Sinos. • DECRETO ESTADUAL Nº 44.675, DE 18 DE OUTUBRO DE 2006

Cria força-tarefa para atendimento de Situações de Risco Ambiental nas Bacias dos Rios dos Sinos e Gravataí. • DECRETO ESTADUAL Nº 44.676, DE 18 DE OUTUBRO DE 2006

Altera o Decreto nº 42.256, de 22 de maio de 2004, que instituiu a Comissão com a finalidade de efetuar estudos para a revitalização do Cais Mauá, situado no Porto da cidade de Porto Alegre. • PORTARIA FEPAM Nº 087, DE 11 DE OUTUBRO DE 2006

Configura situação de emergência ambiental na Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos e do Arroio Portão e dá outras providências. • DECRETO ESTADUAL N.º 44.551, DE 25 DE JULHO DE 2006

Institui a Unidade de Gerenciamento do Programa Nacional de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul – UEGP/RS. • RESOLUÇÃO CRH N.º 24, DE 24 DE JULHO DE 2006

Cria o Grupo de Trabalho de Águas Subterrâneas. • RESOLUÇÃO CRH N.º 21 DE 16 DE MAIO DE 2006

Instala o Comitê Gestor da Laguna dos Patos. • RESOLUÇÃO CRH N.º 22 DE 16 DE MAIO DE 2006

Cria a Comissão Executiva de Coordenação do Plano Estadual de Recursos Hídricos. • DECRETO ESTADUAL N.º 44.401, DE 18 DE ABRIL DE 2006

Institui o Comitê de Gerenciamento das Bacias Hidrográficas dos Rios Butuí e Icamaquã. • RESOLUÇÃO CRH N.º 19, DE 14 DE MARÇO DE 2006

Aprova o acordo sobre as retiradas de água na bacia do rio Gravataí. • RESOLUÇÃO CRH N.º 16, DE 9 DE JANEIRO DE 2006

Aprova a proposta de composição do Comitê de Gerenciamento das Bacias Hidrográficas dos Rios Butuí-Icamaquã. • RESOLUÇÃO CRH N.º 18, DE 9 DE JANEIRO DE 2006

Aprova o Plano de aplicação dos recursos do Fundo de Investimento em Recursos Hídricos no Exercício de 2006 • DECRETO ESTADUAL N.º 44.170, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2005

Cria grupo de trabalho para a realização de estudos acerca do disciplinamento e do controle sanitário do uso de águas subterrâneas e demais fontes alternativas em áreas urbanas nos períodos de estiagem. • RESOLUÇÃO CRH N.º 14, DE 17 DE OUTUBRO DE 2005

Aprova a proposta de composição do Comitê de Gerenciamento do Rio Piratinim. • RESOLUÇÃO CONSEMA N.º 106, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005

Altera a Resolução CONSEMA n.º 100/05, que dispõe sobre o Plano Estadual de Regularização da Atividade de Irrigação para o Estado do Rio Grande do Sul. • DECRETO ESTADUAL N.º 44.015, (P.2) DE 12 DE SETEMBRO DE 2005

Altera a redação do artigo 3º do Decreto n.º 39.639, de 28 de julho de 1999, que cria o Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica dos rios Vacacaí e Vacacaí-Mirim.

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• RESOLUÇÃO CRH N.º 13, 5 DE SETEMBRO DE 2005 Institui a composição das Unidades Estaduais de Execução do Projeto Sistema Aqüífero

Guarani. • DECRETO ESTADUAL N.º 43.993, DE 31 DE AGOSTO DE 2005

Altera o artigo 3º do Decreto n.º 39.638, de 28 de julho de 1999, que cria o Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Camaquã. • EDITAL SEMA N.º 02, DE 26 DE FEVEREIRO DE 2003

Determina o cadastramento junto ao Departamento de Recursos Hídricos – DRH das empresas que atuam na área de hidrogeologia e da construção de poços tubulares no RS. • DECRETO ESTADUAL Nº 42.047, DE 26 DE DEZEMBRO DE 2002.

Regulamenta disposições da LEI Nº 10.350, de 30 de dezembro de 1994, com alterações, relativas ao gerenciamento e à conservação das águas subterrâneas e dos aqüíferos no Estado do Rio Grande do Sul. • DECRETO ESTADUAL N.º 37.033, DE 21 DE NOVEMBRO DE 1996.

Regulamenta a outorga do direito de uso da água no Estado do Rio Grande do Sul, prevista nos artigos 29, 30 e 31 da Lei nº 10.350, de 30 de dezembro de 1994. • DECRETO ESTADUAL N.º 37.034, DE 21 DE NOVEMBRO DE 1996.

Regulamenta o artigo 18 da Lei nº 10.350, de 30 de dezembro de 1994. • DECRETO ESTADUAL N.º 36.055, DE 04 DE JULHO DE 1995.

Regulamenta o artigo 7º da Lei nº 10.350, de 30 de dezembro de 1994. • LEI ESTADUAL N.º 10.350, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1994.

Institui o Sistema Estadual de Recursos Hídricos, regulamentando o artigo 171 da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul. • DECRETO ESTADUAL N.º 33.282, DE 08 DE AGOSTO DE 1989.

Regulamenta o Fundo de Investimentos em Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul - FRH-RS. • LEI ESTADUAL N.º 8.850, DE 08 DE MAIO DE 1989.

Cria o Fundo de Investimento em Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul • DECRETO ESTADUAL N.º 30.191, DE 15 DE JUNHO DE 1981. Classifica as águas do Estado e dá outras providências.

Fonte: Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul

Como podemos observar acima, diversos instrumentos legais regulam a utilização dos recursos de água e solo e condicionam, direta ou indiretamente, tanto a prática da agricultura irrigada, quanto a implantação de sistemas públicos de irrigação.

A Constituição Federal de 1988, no seu artigo 225, estabelece que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

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Portanto, cabe ao Poder Público e à coletividade a defesa do meio ambiente. A água ou os recursos hídricos integram o meio ambiente como elemento vital. A água é um bem de domínio público, mas os recursos hídricos da União e dos Estados não têm a conotação de propriedade inscritível no registro imobiliário, mas decorre da Constituição Federal e significa a responsabilidade pela preservação, guarda e gerenciamento, objetivando a sua perenidade e uso múltiplo, bem como do poder de editar as regras aplicáveis.

Ainda segundo a Constituição Federal de 1988, são considerados como bens da União: “os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais”. São de domínio estadual “as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União”.

O primeiro texto legal sobre a irrigação no Brasil data de 25 de junho de 1979, através da Lei nº 6.662 – a Lei de Irrigação. Sua regulamentação ocorreu cinco anos depois, em 29 de março de 1984, mediante o Decreto nº 89.496. Atualmente, está em tramitação no Congresso Nacional, o Projeto de Lei 6.381/2005, que visa substituir a Lei 6.662/79.

A Política Nacional de Recursos Hídricos é disciplinada pela Lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamentou o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e alterou o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Esta Lei foi regulamentada pelo Decreto nº 2.612/98.

No Rio Grande do Sul, a Lei 10.350, de 1994, conhecida como a Lei Gaúcha das Águas, regulamentou o artigo 171 da Constituição Estadual que instituiu o Sistema Estadual de Recursos Hídricos, integrado ao Sistema Nacional de Gerenciamento desses recursos. Esta Lei acaba por definir a Política Estadual de Recursos Hídricos, cujo sistema adotado é o das bacias hidrográficas como unidades básicas de planejamento e gestão, observados os aspectos de uso e ocupação do solo. Conforme a Lei, ainda está pendente a instituição das Agências de Região Hidrográfica, bem como o Plano Estadual de Recursos Hídricos, que dependem de novas Leis para implementação.

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Visitas e Reuniões Realizadas

21 a 23 DE MARÇO – EXPOAGRO / AFUBRA

A equipe da Subcomissão de Irrigação, bem como o deputado Heitor Schuch, coordenador e relator da mesma, participam da abertura oficial da Expoagro/Afubra, bem como de seminários e palestras lá realizados; participaram, especialmente, da Audiência Pública da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo desta Casa, sobre a Estiagem. Por fim, visitaram os estandes sobre Irrigação.

Audiência Pública CAPC – Expoagro-Afubra – Tema: Estiagem

Bomba Irrigação – Expoagro / Afubra

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09/04 - Visita à Barragem do Capané / Irga - Cachoeira do Sul Presenças: Dep. Heitor Schuch, Anselmo Piovesan, Marlow Velasquez, Marcus Vinicius Corneli - Assessor Dep. Altemir Tortelli, Sra. Cleudia Camargo - Presidente STR de Cachoeira do Sul, Sr. Adeneci – STR Cachoeira do Sul, Sr. Manoel Motta dos Santos – administrador da Barragem Capané.

O deputado Heitor Schuch e a equipe que o acompanhava foram recebidos pelo administrador do Departamento Comercial da Barragem do Capané, Sr. Manoel dos Santos (Maneco). Ele

contou a história da Barragem, cuja obra iniciou em 1946 e foi inaugurada em 1948. É administrada pelo IRGA desde 1960. A Barragem já contou com 24 servidores efetivos, que lá residiam. Hoje, conta com apenas 4 (quatro) servidores efetivos e 11 (onze) terceirizados.

A barragem do Capané está localizada no distrito de Capané, no município de Cachoeira do Sul, na Depressão Central do Estado e é uma das cinco maiores do Estado do Rio Grande do Sul. O nome deriva do Arroio Capané, afluente do Rio Jacuí, que cruza o distrito. Em tempos de enchentes, as águas chegam bem próximas da BR-290, no sentido Porto Alegre-Uruguaiana, Rio Grande do Sul.

Atualmente, a Barragem conta com 5.600 ha de área irrigada e 94 Km de canais em rede. Tem capacidade para irrigar até sete mil hectares. O Irga está adquirindo um novo equipamento para dragagem, que atingirá uma profundidade maior, o que facilitará a limpeza da bacia. Conta com 60 clientes para o Sistema de Irrigação (a maioria abaixo de 100 hectares), todos mapeados e com uma eficiente cobrança (custo de 10 sacas por hectare irrigado).

Há quase quatro décadas a Barragem corre o risco de romper e alagar uma grande área, pelo menos 10 quilômetros em linha reta, até desaguar no Rio Jacuí, acima da Ponte do Fandango e há muito tempo são anunciadas obras de investimento para a conclusão do vertedouro. A obra é necessária porque possibilitará o escoamento tecnicamente correto do volume de água excedente da Capané. O Sr. Maneco informa, com satisfação, de que finalmente, entre 30 e 40 dias as obras serão iniciadas e essa estrutura deve diminuir a velocidade de escoamento da água e evitar que enxurradas causem estragos na região.

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11/04 – EMATER Presenças: Dep. Heitor Schuch e Assessores: Anselmo Piovesan, Marlow Velasquez, Tarcisio Minetto, Lisiana dos Santos; Marlice Kieling- Assessora Dep. Jeferson Fernandes; da Emater: Gervásio Paulus - Diretor Técnico, Valdir Pedro Zonin – Diretor Administrativo, Silvana Dalmás – Assessora Diretoria, Dulphe Pinheiro Neto - Gerente Técnico, José Enoir Daniel – Assistente Técnico Estadual de Irrigação.

O deputado Heitor Schuch e a equipe que o acompanhava foram recebidos pelo diretor técnico da Emater e sua equipe, bem como pelo diretor administrativo e equipe. O objetivo da visita é o de conhecer os programas executados pelo órgão técnico na área de irrigação, a fim de subsidiar os trabalhos desta Subcomissão e o deputado iniciou sua fala alertando para o fato de que o tema só é abordado em momentos críticos de estiagem, mas que basta chover, para que todos esqueçam e abandonem os projetos. Esclareceu que a intenção é, além de conhecer os programas, apontar

os gargalos e promover um debate sobre políticas permanentes de enfrentamento às estiagens que atingem o Estado do Rio Grande do Sul, com a construção de modelos de irrigação que se adaptem às diversas realidades do Estado.

O diretor técnico da Emater, Gervásio Paulus, detalhou que hoje a política de irrigação do Governo do Estado se divide em três programas comandados, respectivamente, pelas Secretarias de Obras, de Agricultura e de Desenvolvimento Rural, todos com recursos subsidiados aos agricultores. A idéia é irrigar com tecnologia de inovação. No total, já foram concluídos 3.664 projetos de açudes, 480 foram licitados e aguardam recursos para início das obras e outros 300 aguardam licitação. Também há previsão de construção de 1.245 cisternas para captação de água nas propriedades, especialmente de pequeno porte.

Conforme o assistente técnico estadual José Enoir Daniel, especialista na área de irrigação da Emater, seriam necessários 20 mil açudes para “aliviar” a situação da estiagem no Rio Grande do Sul, especialmente da agricultura familiar, que conta atualmente com apenas 15 mil hectares irrigados. Segundo ele, a SDR- Secretaria de Desenvolvimento Rural tem 360 projetos elaborados e a meta é alcançar 1.500. Quanto à construção de cisternas, boa para consumo, mas não para irrigação, o entrave consiste no custo muito elevado (cerca de R$ 12 mil cada) e na existência de apenas uma empresa que executa a obra com a tecnologia de lona impermeável (PAD), a mais indicada para o nosso Estado. Outro entrave apontado para o sistema de irrigação é a potência de energia elétrica e a necessidade de aporte de mais recursos.

Na SOP – Secretaria de Obras Públicas, Irrigação e Desenvolvimento Urbano tramitam os projetos de maior porte, existem em torno de 4.400 projetos de açudes e estão em andamento obras maiores, como as barragens Jaguari e Taquarembó, entre outras.

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Na SEAPA – Secretaria de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, com o recente projeto “Mais água, mais renda”, o Governo vai subsidiar 80% do custo para os pequenos agricultores, 30% para os médios e 11,11% para os grandes. Ele acredita que não apenas a Emater deveria ser executora desses projetos, sugerindo que outras empresas ou cooperativas pudessem também operar nesse sentido. Como o Governo tem programas de irrigação em três secretarias distintas (SDR, SOP e SEAPA) ele acredita que seria mais operativo se o trabalho fosse integrado, que a política de irrigação fosse única. Refere a burocracia ambiental como um entrave e por isso foi criada uma licença especial para a construção de micro açudes. Esta licença venceu em fevereiro/2012 e está na Fepam para prorrogar e prosseguir. Refere ainda sobre a outorga da água e o cadastro único (ICA). Ele destaca que o Rio Grande do sul é o estado que mais irriga no Brasil, mais especificamente na cultura de arroz. A agricultura familiar ainda conta com pouca irrigação. Sugere a necessidade de avanços nas questões de APP (áreas de preservação ambiental) – brecha na lei: reservatórios de água são de interesse público.

O Sr. José Daniel relatou ainda, que a Emater conta com 300 técnicos, sendo que 80 são capacitados para irrigação, podendo o Estado passar de 15 mil hectares irrigados, nas pequenas propriedades, para 50 mil hectares irrigados. A Emater também investiu no processo educativo dos agricultores, sendo que 25 mil foram capacitados.

O Diretor Administrativo, Valdir Zonin entregou dois artigos que escreveu sobre o Projeto Mais Água /Mais Renda, da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Agronegócio. O primeiro trata sobre a Produtividade e sustentabilidade para a agropecuária gaúcha. O segundo trata sobre a Irrigação – Tecnologia de ponta, é responsabilidade ambiental, que anexamos a este relatório.

Abaixo, algumas planilhas elaboradas pela EMATER, referentes a projetos de irrigação, elaborados pela entidade.

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PROGRAMA ESTADUAL DE IRRIGAÇÃO Dados de projetos elaborados

ANO 2011 2009 / 2010 2008

ESPECIFICAÇÕES açudes barrados

Açudes escavados

açudes barrados

Açudes escavados

açudes barrados

Açudes escavados total

Total de projetos 542 109 2017 1099 360 207 4334 Volume de terra (m³) 1.324.899,12 263.519,29 5.938.470,65 2.321.558,82 538.504,35 600.770,36 10.987.722,59 Volume de água útil estático (m³) 6.489.824,12 460.181,33 26.369.710,87 5.120.738,50 2.040.214,71 576.631,22 41.057.300,75

Area de alagada (m²) 4.228.398,20 247.961,99 16.492.166,86 3.142.715,72 1.677.972,75 421.022,03 26.210.237,55 Área alagada (há) 422,84 24,80 1.649,22 314,27 167,80 42,10 2.621,02 Relação água terra 4,90 1,75 4,44 2,21 3,79 0,96 3,01 Média de terra por microaçude (m³) 2.444,46 2.417,61 2.944,21 2.112,43 1.495,85 2.902,27 2.386,14

Média água por microaçude (m³) 11.973,85 4.221,85 13.073,73 4.659,45 5.667,26 2.785,66 7.063,63

Média da área alagada (m²) 7.801,47 2.274,88 8.176,58 2.859,61 4.661,04 2.033,92 4.634,58 Média area alagada (há) 0,78 0,23 0,82 0,29 0,47 0,20 0,46 Microaçudes barrados 2.919 Microaçudes escavados 1.415 Terra m³ Água m³ Área m² Média açude barrado 2.294,84 10.238,28 6.879,70 Média açude escavado 2.477,44 3.888,99 2.389,47

Cisternas 2008 2009 / 2010 2011 TOTAL Projetos elaborados 329 915 0 1244 Volume de água 76.429,46 109.225,40 0 185.654,86 Volume médio de água por cisterna 232,31 119,37 0,00 149,24

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SDR - Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo DINFRA - Departamento Infra Estrutura Irrigação e Usos Múltiplos da Água

EMATER-RS RESUMO DOS PROJETOS ELABORADOS

Vol terra escavado M³ VALOR R$ Volume água

útil M³ Área

alagada M² Área

alagada Há Projetos valor/proj

microaçudes 341.040,02 1.897.651,61 936.209,16 661.199,93 66,12 292,00 6498,81 multiusos 49.654,82 252.491,58 117.856,42 87.002,16 8,70 44,00 5738,45 total 390.694,84 2.150.143,19 1.054.065,58 748.202,09 74,82 336,00 6.399,24

Área irrigada m² VALOR R$ Projetos valor/projeto

irrigação 313.876,58 115.308,14 24 4.804,51

Terra m³ Água m³ Área m²

Média microaçudes 1.167,95 3.206,20 2.264,38 Média microaçudes multiusos 1.128,52 2.678,56 1.977,32

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EMATER/RS PROGRAMA ESTADUAL DE IRRIGAÇÃO

Sulco Gotejo Micro asper Aspers conv aspers

Canhão Pivot Inundação TOTAL Nº Produt

ha ha ha ha ha Arroz 0 0 0 1 80 21 855988,5 856088,5 9220 Milho 11,5 5 7 405,5 782 23460,53 2904 27515,53 400 Feijão 0 10 0 185,5 149 3379 300 3813,5 153 Soja 0 0 0 11 70 5423 0 5504 56 Fruticultura 25,5 1074,08 170,3 347,5 773 1,9 0,3 2301,58 803 Hoticultura 142 1455,25 300,31 6834,86 532,5 283 0,5 9076,42 5323 Pastagens 0 4,8 23 277,2 660 751 155 1868 190 Protegidas 0,6 239,651 40,85 4,6 0 0 0 284,201 696 Outras 0,5 24,68 10,32 178,1 761 194,2 9000 10168,3 259

0 16 0 12 15 100 700 843 82 TOTAL 175,1 2810,641 547,24 8187,86 3792,5 32872,63 867528,3 915586,271 17050

Sulco Gotejo Micro asper Aspers conv aspers canhão Pivot Inundação TOTAL Nº Produt ha ha ha ha

Arroz 17 0 0 1 210 80 860230 835451 6216 Milho 1121 100 100 11042 13330 29870 60 55623 5505 Feijão 120 10 520 1754 2670 3821 0 8895 1865 Soja 1000 0 0 3502,5 7590 10037 0 22129,5 503 Fruticultura 311,5 3614,1 671,3 1514 317 1 8 6082,9 2410 Hoticultura 80 2343,9 360,1 4726,25 1454,5 0 2 8457,25 5374 Pastagens 0 223 683,5 5607,8 6110 3450 5390 21461,3 4131 Protegidas 6 203,68 59,546 10,2 2 0 0 264,426 756,5 Outras 80 170 138,1 1010 2720 0 1250 5658,1 1093

0 8 5 1 0 0 0 14 34 TOTAL 2724,5 6640,68 2516,546 28925,75 34403,5 47129 786940 908963,476 27152,5

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11/04 – SOP - Secretaria de Obras Públicas, Irrigação e Desenvolvimento Urbano - Diretoria de Irrigação Presenças: Dep. Heitor Schuch e assessores: Anselmo Piovesan, Marlow Velasquez, Tarcisio Minetto, Lisiana dos Santos; Marlice Kieling - Assessora Dep. Jeferson Fernandes; Hipólito Brites Freitas - Assessor do Dep. Aloísio Classmann; Paulo Renato Paim - Diretor de Irrigação da SOP.

A equipe foi recebida pelo Diretor de Irrigação da Secretaria de Obras Públicas, Irrigação e Desenvolvimento Urbano, Sr. Paulo Renato Paim que relatou a existência de um Projeto de Irrigação, com 2 (duas) obras em andamento - Barragens do Taquarembó e Jaguari – 4 (quatro) projetos de barragens (São Sepé, Arroio Estancado / Sarandi, Arroio Soturno / Faxinal do Soturno e Passo Ferraria / Santa Maria.

Informou que o Sistema Taquarembó/Jaguari está sendo questionado pela Associação dos Usuários de Santa Maria. Projeto está sendo licitado. 86% da obra está executada. Informou

também, que estão sendo ultimados os termos de compromisso para cada uma das obras.

Explicou que a atual sistemática é de que interessado (cidadão/produtor) procura a prefeitura, que encaminha para Emater, que elabora o projeto e encaminha para SOP (hoje, os projetos de micro açudes e cisternas vão para a SDR). Produtor tem que dar uma contrapartida de 20% do valor da obra.

Diretor lembra que nunca existiu uma ação que organize de vez o problema da estiagem e que ao invés de trabalhar por demanda, o mapa da estiagem ou o número de demandas deveriam ser considerados. A cada governo, um novo recomeço.

Indagado sobre os poços artesianos, o Diretor Paim disse que é um tema polêmico e delicado. Tem a ver com a profundidade e há quem considere a água subterrânea como estratégica, devendo ser protegida.

Anunciou a elaboração de um Plano Diretor de Irrigação para o Estado, no contexto do uso múltiplo da água no Rio Grande do Sul. O projeto, coordenado pela Secretaria de Obras, vai envolver oito secretarias, além dos comitês de bacia hidrográfica, representantes dos agricultores, como Fetag e Farsul e pesquisadores da UFRGS e UFSM. No total, 25 entidades estarão trabalhando em conjunto no desenvolvimento do plano, financiado pelo Ministério da Integração Nacional. Os recursos, da ordem de R$ 600 mil, são a fundo perdido. A expectativa é de que esteja concluído no prazo de até um ano. O objetivo é que o plano aponte as obras de suporte à irrigação – barramento, açudagem, cisternas – mais indicadas às características de cada região, em ações desenvolvidas de forma integrada.

O diretor disponibilizou-se a enviar os dados dos projetos existentes na SOP.

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02/05 - MAPA/RS - Superintendencia Federal RS

Presenças: Dep. Heitor Schuch e Assessores: Anselmo Piovesan, Marlow Velasquez, Tarcisio Minetto, Lisiana dos Santos, Francisco Signor – MAPA/SFA-RS - Superintendente Federal.

A equipe foi recebida pelo Superintendente Federal, Francisco Signor, que apresentou o “Inventário de Recursos Hídricos e de possíveis locais para Barramentos para fins de Irrigação na parte Norte do Rio Grande do Sul”, elaborado em 2002, através de um Termo de Cooperação, convênio nº 001/2002, Processo nº 21000.009125/2002-45, com a UFSM – Universidade Federal de Santa Maria, no valor de R$ 1.000.000,00, a ser elaborado e liberado em duas etapas:

Conforme documento apresentado pelo Superintendente, na primeira etapa, o objetivo era o levantamento e compilação dos dados e informações

básicas hidrográficas inseridas na parte norte do Estado, de forma a compor um diagnóstico quanto à disponibilidade de recursos hídricos e de solos para o desenvolvimento da agricultura irrigada em bases ambientalmente sustentáveis. O projeto previa a contratação de técnicos das áreas de engenharia, agronomia, geologia, economia, sociologia, biologia, hidrologia e ambiental, num total de 34 técnicos; além de visitas técnicas às Bacias Hidrográficas.

A segunda etapa tratou do planejamento e avaliação dos possíveis aproveitamentos hidoagrícolas para o desenvolvimento da agricultura irrigada na região norte do Estado do Rio Grande do Sul. Também foram necessárias a contratação de serviços gráficos, aluguel de instalações e equipamentos, aquisição de imagens por satélite e elaboração de cartografia básica.

A UFSM, através do contrato nº 105/2002, contratou a FATEC – Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência, com dispensa de licitação, de acordo com legislação vigente à época, para a prestação de serviços necessários à execução do projeto do Inventário. O valor passou para R$ 1.500.000,00, a ser liberado em três etapas, conforme o Plano de Trabalho e notas fiscais apresentadas, devidamente aprovadas pelo técnico responsável, conforme Parecer CAO/SARC/MAPA nº 964/2002.

Segundo relatório apresentado pelo Fiscal Agropecuário do MAPA, a UFSM identificou 10 regiões com melhores aptidões relativas à implantação de projetos de barramentos para o aproveitamento hidroagrícola na parte norte do Rio Grande do Sul. A área de estudo contemplou aproximadamente 6.000.000 de hectares, compreendendo 194

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municípios na parte norte do estado, os quais apresentam, historicamente, quedas de produtividade, em função de estiagens freqüentes, no período das safras de verão. Foram identificadas 121 regiões com maior aptidão, ambientalmente adequadas e com grandes potencialidades para a implantação de barramentos para fins hidroagrícolas. A partir daí, foram reclassificadas as prioridades e os estudos avançaram com as inspeções de campo, executadas por equipes multidisciplinares de especialistas para identificar fatores limitantes ou condicionantes técnicos e ambientais dos locais selecionados. Nestas inspeções de campo foram visitados 21 locais identificados para barramentos, e destes, com as análises quantitativas dos estudos foram selecionados os 10 eixos considerados aptos para os fins propostos. Este relatório considerou que as atividades desenvolvidas nesse estudo geraram um grande número de informações técnico-científicas, relevantes para os fins propostos, compatível com Termo de cooperação – 1ª Etapa firmado, podendo ter continuidade com a implementação das etapas subseqüentes.

O Superintendente Francisco Signor disse que esse material sempre esteve à disposição, tendo sido inclusive emprestado a ex-integrantes do Governo Estadual, continuando à disposição para consultas. A seguir, algumas cópias retiradas deste estudo.

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16/05 - UFRGS - IPH - Instituto de Pesquisas Hídricas

Presenças: Dep. Heitor Schuch e Assessores Anselmo Piovesan, Marlow Velasquez, Lisiana dos Santos; Lodi Andreatta - Assessor do Dep. Edson Brum; Professores da UFRGS José Antonio Louzada, Carlos André B. Mendes e Fernando S. Cruz Meirelles.

A equipe foi recebida pelos Professores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul José Antonio Louzada, Fernando Meireles e Carlos André B. Mendes.

O deputado Heitor Schuch apresentou os objetivos desta Subcomissão e logo a seguir, o Professor Engº. J. A. Louzada, Chefe do Departamento de Obras Hidráulicas, fez uma explanação sobre a importância estratégica da água e a atuação do IPH, que engloba ensino,

pesquisa, extensão e prestação de serviços à comunidade. Coloca o Instituto à disposição do que for necessário e indica também que visitemos a Faculdade de Agronomia (Estação Experimental Agronômica).

O Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, Prof. Carlos André B. Mendes fez uma apresentação sobre a Gestão dos Recursos Hídricos e seus aspectos de interesse prático quanto ao uso e proteção; as várias demandas que implicam em conflitos de uso e disse ainda, que com a interdependência dos recursos hídricos há necessidade de considerar os diferentes usos de água conjuntamente, uma vez que os diversos usuários tendem a usar excessivamente os recursos hídricos. Acredita que os elementos-chave para um ambiente favorável se dão em três níveis: político, de implementação e operacional. Aponta as seguintes necessidades para vencer os desafios da diversidade que existe no país:

• Governo fazer disso uma prioridade; • Financiamento adequado de longo-prazo; • Solucionar conflitos entre usuários e desafios ambientais; • Defesa dos mais necessitados; • Aumentar a capacidade dos governos de prestar serviços a todos os usuários; • Responsabilidade do governo em atender as necessidades de todos os usuários; • Tratar as diferentes realidades com diferentes sistemas;

O professor Fernando S. Cruz Meirelles - Especialista em Drenagem Agrícola

afirma que a primeira coisa que deveria ser feita é a alteração da Lei de Recursos Hídricos, nº 10.350, uma vez que o sistema não está implantado e as agências não foram criadas, conforme previsto na seção 5 da Lei, em seu art. 20. Lembra que segundo estudos do Banco Mundial os gargalos para irrigação na agricultura são: Licenciamento ambiental, outorga

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d’água, Financiamento (carência). O ideal seria uma licença única para todos os integrantes da cadeia e mais eficiência no uso. Diz que falta capacitação técnica para liberação de projetos e há uma preocupação com a questão dos solos e as erosões. Acredita que as discussões devam ser feitas no Comitê de Bacias.

Os professores concordaram de que há necessidade de se ter uma Política Nacional Ambiental, com um Zoneamento Ecológico e Econômico. Sem o zoneamento, não há como obter financiamento. Afirmam que no licenciamento ambiental por cadeia econômica produtiva há uma redução da carga administrativa na SEMA. Dizem que a solução tecnológica já existe, falta o planejamento incremental com metas. As perguntas são: Quanto custa? Qual o risco? Como praticar?

Uso de Água na bacia

Piscicultura

Urbano

Turismo e Lazer

Geração de Energia

Elétrica

Navegação

Pesca

Agricultura e Pecuária

Irrigação

Comunidades Rurais

Industrial

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17/05 - FEE - Fundação de Economia e Estatística Presenças: Dep. Heitor Schuch e assessores Anselmo Piovesan, Marlow Velasquez, Tarcisio Minetto, Lisiana dos Santos; Diretor da FEE Andre Scherer e Técnicos Vanclei Zanin e Rodrigo Feix.

A equipe foi recebida pelo Diretor André Scherer e os técnicos Vanclei Zanin e Rodrigo Feix.

Deputado Heitor Schuch fez explanação sobre os objetivos desta Subcomissão e que este encontro tem por objetivo buscar dados da FEE para embasar a discussão sobre modelos de irrigação para o Estado como forma de enfrentamento às estiagens.

O Diretor André entregou um exemplar do Informativo da FEE, publicado em

março de 2012, cuja capa consta um artigo “Estiagem no RS: impactos e desafios”, do técnico Vanclei Zanin, onde conclui: “o risco climático é inerente à atividade agropecuária; amenizar suas conseqüências é um grande desafio, e, quanto antes forem tomadas as medidas necessárias, menor deverá ser o prejuízo com as estiagens vindouras.”

Segundo o técnico Vanceli Zanin, é necessário mensurar impacto para tomar medidas. Julga que falta um conjunto de coisas e é preciso melhorar a infraestrutura, tais como energia, barramentos e outros. Acredita que o Estado é quem deve dar essa infraestrutura e produtor tomar atitude onde é possível. Direcionar o crédito de forma regionalizada também é uma alternativa.

O técnico Rodrigo Feix diz que além da irrigação, há outros fatores para distribuir o risco da produção, entre eles o seguro agrícola, que é uma política federal. Acredita que a irrigação deva ser feita de maneira economicamente viável.

Conforme dados da FEE, as perdas nas principais culturas de verão nesta safra devem ultrapassar 40% na soja e 60% no milho, com maior impacto econômico na

Precipitação Evapotranspiração Água Superficial Água Subterrânea

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oleaginosa em função da extensão de área plantada, superior a do cereal. O deputado Heitor Schuch destacou que o milho e, especialmente a soja, são produtos que quando caem levam junto a economia do Estado. Por isso a importância de avançarmos no debate sobre políticas preventivas e programas de irrigação capazes e proteger a agricultura nos anos de seca.

O diretor informou que estão elaborando um trabalho sobre “Impacto Econômico. Efeitos Climáticos Extremos”, para o qual aguardam dados da Defesa Civil (já solicitados), referente aos municípios que decretaram estado de emergência e/ou calamidade por conta da estiagem. É necessário medir esse custo, mas alegam também falta de pessoal e outras tarefas prementes. Por fim, o diretor colocou a Fundação à disposição no que fosse possível.

24/05 - SDR - Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo Presenças: Dep. Heitor Schuch e Assessores Anselmo Piovesan, Marlow Velasquez, Tarcisio Minetto; Luis Alberto Bairros – Diretor do Badesul; Inácio Benincá – Chefe de Gabinete do Secretário de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo -SDR.

O Chefe de Gabinete do Secretário Ivar Pavan, Sr. Inácio Benincá resumiu o funcionamento do Programa “IRRIGANDO A AGRICULTURA FAMILIAR”, que está sob a responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo e oferece subsídios de até 80% dos custos da implantação de microaçudes, cisternas e /ou sistemas de irrigação. Também proporcionará a capacitação de técnicos e de agricultores, usuários da água, para que possam buscar formas e alternativas adequadas de captação, armazenagem e usos múltiplos da água.

O objetivo do Programa é construir estruturas de captação e armazenamento de água destinados ao uso humano e à produção agropecuária, bem como implantar sistemas de irrigação nos estabelecimentos rurais de base familiar.

O Deputado Heitor Schuch formalizou convite para que a Secretaria apresente o programa no painel reservado para as Secretarias de Estado no Seminário IRRIGAÇÃO URGENTE PARA O RIO GRANDE DO SUL – UNIFICANDO ESTUDOS E PROGRAMAS, que será realizado no dia 15 de junho, no Plenarinho desta Casa, o qual foi aceito.

24/05 - FENARROZ - Cachoeira do Sul

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Acompanhado dos Assessores Anselmo Piovesan e Marlow Velásquez, deputado Heitor Schuch visitou estande do Irga e de empresas que oferecem equipamentos de Irrigação.

Dep. Heitor Schuch observa o funcionamento de bomba de irrigação

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25/05 - UFSM – Universidade Federal de Santa Maria - Sistema Irriga

Presenças: Dep. Heitor Schuch e Assessores Anselmo Piovesan, Marlow Velásquez, Professores da UFSM – Sistema Irriga, Reimar Carlesso e Mirta Petry.

O deputado Heitor Schuch e equipe foram recebidos pelos Professores do Sistema Irriga - UFSM, Reimar Carlesso e Mirta Petry.

O deputado apresentou os objetivos desta Subcomissão e logo a seguir, o Professor Carlesso explanou sobre sua experiência na área. Disse que não há outra tecnologia para aumentar a produtividade a não ser a Irrigação e afirma que não é uma tecnologia cara. Há dez anos, o custo para compra de equipamentos de irrigação correspondia a 35% do valor da terra. Hoje, esse custo está em 15%. Segundo ele, com a valorização das commodities, houve uma valorização do preço da terra.

Segundo relato dos professores, a frustração de safras gira em torno de 60 a 80%, e para compensar essa perda, seria necessário irrigar apenas 20% da produção. Portanto, a irrigação é o melhor seguro que o agricultor pode ter.

Exemplificou que no México, o governo financia 50% de tudo, a água está armazenada em grandes represas mais poços e milhares de canais. Lá, 850 mil hectares de área são irrigadas.

O professor Carlesso destacou que não há irrigação sem água. Não há como armazenar água sem impacto ambiental. Não há lavoura sem impacto ambiental, mas esse impacto é pequeno, na verdade, é mínimo se comparado às vantagens, pois é um impacto administrável. Acredita que não há necessidade de alterar a lei ambiental, pois a barragem pode ser integrada no ambiente, fazendo parte de um Novo Ambiente.

Os gargalos apontados pelos professores estão nos prazos do licenciamento ambiental, na outorga da água e no fornecimento de Energia Elétrica. Este licenciamento

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precisa ser flexibilizado. A questão da outorga d’água poderia ser assinada por uma pessoa que se responsabilizaria pelo projeto; a sugestão é de uma outorga precária, que poderia ser dada em 30 dias, ao invés dos 18 meses que é o tempo que leva hoje para se obter uma outorga. Nesta outorga precária, o técnico é o responsável pelo projeto e pelo cumprimento da Lei. E a energia elétrica tem que ser um plano de governo com investimentos do Governo Federal.

Por fim, o professor disse que são necessários 5 mil metros cúbicos de água para irrigar 1 hectare, o que não é considerado nenhum exagero ou desperdício.

25/05 - Visita à Barragem do Taquarembó - Dom Pedrito

Presenças: Dep. Heitor Schuch e Assessores Anselmo Piovesan, Marlow Velásquez; João Batista - funcionário da Odebrecht.

O deputado Heitor Schuch e equipe foram recebidos pelo funcionário João

Batista, na sede da Odebrecht, em Dom Pedrito, que é a empresa vencedora da licitação para construção da barragem. A obra, que hoje encontra-se parada, deveria estar concluída no final deste ano de 2012 ou, no máximo, no início de 2013, quando então, iniciariam as obras dos canais.

O Sr. João Batista acompanhou a equipe até o canteiro de obras da Empresa, distante 30 Km do centro da cidade.

A Barragem está localizada na bacia hidrográfica do Rio Santa Maria, no município de Dom Pedrito e seu custo inicial previsto, segundo informações obtidas no site do Ministério da Integração Nacional era de R$ 60.566.640,73, sendo que a área irrigável seria em torno de 13.000 hectares, abrangendo os municípios de Dom Pedrito, Lavras do

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Sul e Rosário do Sul. Área de drenagem= 62.267 ha; Volume acumulado= 155.000.000 m3; Área beneficiada= 35.000 ha.

A obra foi concebida para permitir a irrigação por meio da regularização da vazão do Arroio Taquarembó (com captação direta) e por meio da implantação de estrutura de captação e canal de distribuição (com tomadas de água). Na extremidade desse canal haverá a elevatória e adutora destinadas ao abastecimento público.

O Secretário de Obras Públicas, Irrigação e Desenvolvimento Urbano do Rio Grande do Sul, Luiz Carlos Busato, em entrevista concedida à Ana Claudia Rodrigues, do site “está em dom pedrito”, explicou que quando assumiu a pasta, as obras já estavam em andamento. Disse que é totalmente de concreto e está com 86% do corpo da obra pronto, mas com 125% dos recursos gastos. “Foram utilizados os 100% da verba destinada à construção pela licitação e ainda foram usados 25% da suplementação. Pela lei pode-se usar 25% de aditivos, desde que justificada. Acima disso já começam a ter olhar criterioso do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União. Em razão da grandeza da obra foram gastos 11 meses até se chegar uma solução para o problema”, disse o Secretário. O Ministério da Integração avisou que esgotado os recursos não iam colocar mais dinheiro, que a partir desse momento era responsabilidade do Estado. Como ainda faltam 14%, no corpo da barragem, mais serviços in loco que não foram contratados na primeira licitação, como por exemplo, rede elétrica, ponte na RS 630 sobre o arroio Taquarembó, 3 pontos de fuga na barragem, mecanismo de transposição dos peixes para a piracema e outros serviços, calcula-se que ainda serão gastos 75 milhões.

O Secretário ainda disse que recebeu a notícia de que o Ministério da Integração concordou em seguir colocando recursos na barragem para que fique pronta. A exigência é que os serviços que iniciarem tenham valores certos e ajustados, e que estes contemplem a totalidade do empreendimento.

Busato também comentou que em reuniões com usuários da Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria, os mesmos fizeram reivindicações, a principal delas é estender o comprimento do canal, para possuírem uma maior área irrigada, com os mesmos recursos. Por fim, esclareceu que a quebra de contrato com a Odebrecht foi feita de comum acordo e que haverá uma nova licitação, onde a empresa poderá participar.

Para o deputado Heitor Schuch a paralisação desta obra é um grande desperdício de recursos públicos e continua freando o desenvolvimento da região, em especial dos 13 milhões que vão continuar esperando a água para a irrigação. Outra preocupação é com a precariedade dos controles de gastos e de projeto, pois não pode uma obra orçada em 60 milhões estourar o valor total com os mais 25% previstos para aditivos e não estar pronto e o que é mais grave, vai precisar ainda de um alto valor para sua conclusão.

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28/05 - Reunião com Diretor Departamento de Política de Irrigação, da Secretaria Nacional de Irrigação, Ministério da Integração Nacional Presenças: Dep. Heitor Schuch e Assessores Tarcisio Minetto, Marlow Velásquez; Donivaldo Martins – Diretor Departamento de Política de Irrigação.

O Deputado Heitor Schuch recebeu em seu gabinete o Diretor do Departamento de Política de Irrigação do Ministério da Integração Nacional, Sr. Donivaldo Martins. O objetivo do encontro foi conhecer os programas executados pelo órgão nessa área e coletar dados, a fim de produzir um diagnóstico do setor. Schuch destacou que o objetivo da Subcomissão é promover um debate sobre políticas permanentes de enfrentamento às estiagens que

vem atingindo o Rio Grande do Sul nos últimos anos, com a construção de modelos de irrigação que se adaptem às diversas realidades gaúchas.

O diretor Donivaldo Martins explicou que a Secretaria de Irrigação foi criada há apenas um ano no Ministério e que a atuação de sua Diretoria é direcionada ao setor privado. Segundo ele, das área irrigadas no Brasil, em torno de 5 milhões de hectares, 60 a 70% são de irrigação privada.

Disse que é da vontade do Ministro Bezerra, que o Brasil tenha uma Política de Irrigação e estão trabalhando nisso, a fim de recuperar o tempo perdido. Tramita no Congresso Nacional o PL 6381 que dispõe sobre a Política Nacional de Irrigação e dá outras providências. Segundo o site da Câmara dos deputados, este projeto está pronto para ordem do dia. (Em 09/07/2012, foi aprovado um substitutivo que tramitará no Senado)

Informou ainda, que, até o final do ano, deverá estar concluído um Plano Diretor de Irrigação no contexto do uso múltiplo da água nos Estados. No Rio Grande do Sul, o projeto, coordenado pela Secretaria de Obras do Estado do RS, envolve oito secretarias, além dos comitês de bacias hidrográficas, representantes dos agricultores, como Fetag e Farsul e pesquisadores da UFRGS e UFSM. No total, 25 entidades estão trabalhando em conjunto no desenvolvimento do plano, financiado pelo Ministério da Integração Nacional. Os recursos, da ordem de R$ 600 mil, são a fundo perdido. A meta é de que o plano aponte as obras de suporte à irrigação (barramento, açudagem, cisternas) que sejam mais indicadas às características de cada região, em ações desenvolvidas de forma integrada. Esse plano, que apresenta as diretrizes para a irrigação pode transformar-se em lei.

O diretor apontou os gargalos existentes: questões ambientais, licenciamento, outorga, energia elétrica, infraestrutura (tais como estradas). Apontou o auto licenciamento como uma alternativa para a liberação da outorga, a exemplo de como é feito a Declaração

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do Imposto de Renda (cada um é responsável pela sua declaração, arcando com as conseqüências da fiscalização).

Disse ainda que há uma proposta para o CONAMA incluir o barramento para irrigação até 10 hectares de superfície alagada, na Resolução Conama nº 369, de 28 de Março de 2006 (e que dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-APP).

O deputado Heitor Schuch manifestou sua preocupação com as obras da barragem de Taquarembó, em Dom Pedrito, que estão completamente paradas. Informou ao Diretor que visitou o local, no final de semana, dentro do cronograma de trabalho desta Subcomissão e disse ser inadmissível que uma obra de tamanha grandeza, que já consumiu R$ 75 milhões de recursos federais, sendo R$ 60 milhões do projeto previsto inicialmente mais 25% permitidos pela lei de licitações, fique abandonada como está. Agora a obra depende de nova licitação para continuar. Segundo o deputado, o caso merecia uma investigação aprofundada dos Tribunais de Contas.

O Diretor Martins disse que é preciso investir em pesquisa, capacitação e comunicação com a sociedade, para que entendam a irrigação como forma de melhorar a produção e não com esse conceito de devastação divulgado hoje.

Por fim, colocou-se à disposição para intermediar agenda com o Secretário Nacional de Irrigação e confirmou a presença da Secretaria no Seminário que será realizado no próximo dia 15 de junho, dentre as atividades desta Subcomissão.

29/05 – Audiência com Ministros do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Agricultura, Pecuária e Cooperativismo (MAPA)

Acompanhado do Chefe de Gabinete, Anselmo Piovesan, o Deputado Heitor Schuch esteve em reunião com o Ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, em Brasília, quando entregou convite para participação do MDA no Seminário IRRIGAÇÃO URGENTE PARA O RIO GRANDE DO SUL – UNIFICANDO ESTUDOS E PROGRAMAS, a realizar-se no dia 15/06, dentre as atividades desta Subcomissão.

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31/05 - SEAPA - Secretaria Agricultura, Pecuária e Agronegócio

Presenças: Dep. Heitor Schuch e Assessores Tarcisio Minetto, Marlow Velasquez, Lisiana dos Santos; da SEAPA, Secretário Luiz Fernando Mainardi e Milton Bernardes.

O Secretário Luiz Fernando Mainardi, juntamente com o Coordenador das Câmaras Temáticas Setoriais, Milton Bernardes, recebeu o Deputado Heitor Schuch e equipe em seu Gabinete.

O deputado apresentou os objetivos desta Subcomissão e logo a seguir, o Secretário fez um relato de suas experiências com a estiagem, desde quando foi prefeito em Bagé e enfrentou uma das maiores secas da região, especialmente porque faltou água até mesmo para o consumo humano. Lembra que há problemas graves durante a estiagem, especialmente nos assentamentos e reforça a necessidade de haver programas governamentais para evitar o abandono da terra.

O secretário Luiz Fernando Mainardi apresentou um balanço do Programa Estadual de Expansão da Agropecuária Irrigada – Mais Água, Mais Renda, lançado em março pelo governo do Estado e coordenado pela SEAPA. Segundo o secretário, mais de 400 projetos estão em andamento. O programa incentiva a implantação de sistemas de irrigação, subsidia a aquisição de equipamentos e agiliza o licenciamento e a outorga de projetos de irrigação. O objetivo é que os agropecuaristas gaúchos tenham maior produtividade e estabilidade na produção, estimulando o aumento na reserva de água nas propriedades rurais e o uso do sistema de irrigação.

O Programa Mais Água, Mais Renda pode ser acessado através do Pronaf, sendo que o Estado paga 100% da primeira e da última parcela do financiamento. Já o médio produtor tem recursos através do Pronanp, com o Estado cobrindo 75% da primeira e da última parcela. O grande produtor, que acessar financiamento através do Moderinfra, recebe 50% da primeira e da última parcela subsidiadas pelo governo estadual. Conforme o

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Secretário, a primeira barreira (a do licenciamento ambiental) foi ultrapassada, uma vez que o licenciamento ambiental é agilizado e há uma Outorga Prévia para o uso d’água na construção de açudes de até 10 hectares e áreas irrigadas de até 100 hectares. Segundo ele, no Rio Grande do Sul não falta chuva, são 1.600 milímetros de precipitação por ano, o que precisamos é armazenar a água e estamos criando as condições para isso. Cremos que dentro desta lógica de crescimento, aumentando a produtividade das culturas, se justifica o investimento de R$ 225 milhões nos próximos anos, sendo R$ 75 milhões a cada ano. O investimento é compensado pelo aumento de arrecadação no ICMS.

O Secretário acredita no sucesso do Programa, uma vez que o produtor faz o projeto e o executa. O Governo paga a primeira e última parcela. Isso agiliza o processo. Ele salienta a parceria com as Cooperativas e com a Emater para a elaboração dos projetos.

Ao ser indagado sobre a unificação dos programas governamentais, julgou não ser o problema maior. Acredita na necessidade de juntar os estudos e fazer um planejamento, estabelecendo uma metodologia. Deu exemplo de como Israel fez o seu sistema de irrigação. Disse que precisamos encontrar uma solução permanente.

Ao final da reunião, o deputado Heitor Schuch entregou convite ao secretário para o Seminário de Irrigação que acontecerá no dia 15 de junho, na Assembleia Legislativa. O evento será realizado dentro de uma audiência pública da Comissão de Agricultura da ALRS e reunirá especialistas e pesquisadores do assunto, autoridades e agricultores. As Secretarias do Estado terão um painel para apresentarem seus programas sobre o tema.

O Secretário adiantou que já tinha compromissos para esta data, mas garantiu a presença e participação da Secretaria no evento.

06/06 - Ministério Público Estadual

A Coordenadora do Centro de Apoio Operacional em Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual, Dra. Marta Leiria Pacheco, esteve no Gabinete do Deputado Heitor Schuch, que lhe explicou os objetivos desta Subcomissão de Irrigação e entregou convite para participar do Seminário que será realizado dia 15 de junho.

Dra. Marta disponibilizou o Ministério Público para o que fosse necessário, salientando sua parceria em tudo que pudesse auxiliar na solução da estiagem que por vezes assola nosso Estado. Embora já tenha compromissos assumidos para a data, garantiu a presença do Ministério Público durante todo o evento e faria um esforço para estar presente na abertura.

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06/06 - Associação dos Usuários da Bacia do Rio Santa Maria Presenças: Dep. Heitor Schuch e Assessores Anselmo Piovesan, Marlow Velásquez; Engº. Eldo Frantz Costa – Presidente da Associação dos Usuários da Água da Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria (AUSM), Engº Agr. Roberto Damásio de Carvalho – Vice Presidente AUSM, Engº Agr. Cleyson dos Santos Pozzebon – Diretor de Projetos Agros Assessoria Agronômica, Ney da Silva Padilha – Prefeito Municipal de Rosário do Sul e outros Usuários da Bacia.

Acompanhados do Prefeito de Rosário do Sul, dirigentes da Associação dos Usuários da Bacia do Rio Santa Maria – AUSM, estiveram no Gabinete do Deputado Heitor Schuch para entrega do ofício 036/2012, que encaminha material referente a ações e demandas da AUSM e da comunidade da Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria, que objetivam preparar a região para o aproveitamento máximo dos investimentos dos Governos Federal e Estadual, ora em realização na região. Pleiteiam administrar o uso da Bacia Hidrográfica.

Documentos entregues:

1. Proposta de Distribuição de Águas Sistemas Taquarembó e Jaguari: trata-se de proposição da AUSM para otimização de uso e controle da água a ser fornecida pelas barragens Taquarembó e Jaguari; (tabela abaixo)

2. Mapa dos sistemas de barragens e canais; (imagem abaixo)

3. Ata de reunião dos prefeitos municipais decidindo ser, o sistema proposto pela AUSM, prioridade de todos os municípios da Bacia do Rio Santa Maria;

4. Programa Águas para o Desenvolvimento: conjunto de projetos de pesquisa , desenvolvimento e transferência de tecnologia, objetivando potencializar atividades da produção primária exercidas na região e propor alternativas à ampliação da matriz produtiva regional, tendo como vetor a água disponibilizada pelas barragens em execução na região;

5. Ofícios PAD 001/2011, of. 001/2012 PAD/COORD e ofício de encaminhamento conjunto dos prefeitos da Bacia do Rio Santa Maria, dos Projetos de Mapeamento de Solos e Caracterização Climática da região da Bacia do Rio Santa Maria, encaminhados à Secretaria Nacional de Irrigação, com solicitação de recursos para execução.

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14/06 - SEMA - Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Departamento de Recursos Hídricos Presenças: Dep. Heitor Schuch e Assessores Anselmo Piovesan, Marlow Velasquez, Lisiana dos Santos; da SEMA, Secretário Hélio Corbelini e Diretor de Recursos Hídricos, Marco Mendonça.

O deputado Heitor Schuch apresentou os objetivos desta Subcomissão e questionou como estariam os processos na SEMA, já que muitos dizem que lá é um dos gargalos existentes e são também chamados os “tranca-rua”.

O Secretário Hélio Corbelini explicou que este Governo tem feito o possível para agilizar as licenças ambientais, que há anos vêm se acumulando, queixando-se das gestões anteriores. Disse que estão contratando servidores, emergencialmente e que até o final do ano pretendem dar baixa dos processos acumulados (que serão digitalizados, inclusive). Contou sobre o Plano Estadual de Recursos Hídricos, iniciado em 2007 e que não foi concluído; estão trabalhando nele, atualmente. O Plano Estadual tem que ser elaborado segundo o estabelecido nos artigos 22 a 25 da Lei 10.350/94. Destacou que estão refazendo a SEMA, adotando novos critérios e apontou a necessidade de revisar a legislação.

O Diretor de Recursos Hídricos, Marco Mendonça, diz que os problemas dos recursos hídricos do estado está na reservação da água, no cadastro dos usuários e na outorga para uso da água. Segundo ele, o Estado tem 100 mil hectares irrigados. Disse que, embora todos pensem ao contrário, a Secretaria não quer emperrar projetos, mas que têm uma legislação a cumprir e que são muito cobrados pelo Ministério Público. Disse que prefeituras decretam estado de emergência, pedem autorização para abrir poços, muitas vezes sem equipamentos. Disse que muitos pedidos de outorga (em torno de 4 mil) estão com falta de documentos e mesmo quando solicitados não entregam e até mesmo desistem (isso faz com que processos fiquem acumulados, pois têm prazo para serem extintos). Destacou o convênio feito com a UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais para limpar os processos (digitalizar e exlcuir na forma física).

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Explicou que no Programa Mais Água Mais Renda, da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, os produtores fazem a sua adesão e recebem a outorga, pois o Programa já está autorizado; hoje, entram cem pedidos diários para cadastrar. Contou dos problemas quanto à perfuração de poços sem equipamentos e apontou ainda, como gargalo principal, a falta de pessoal na Secretaria, o que está sendo amenizado com a contratação emergencial de servidores.

O Secretário Helio Corbelini destacou que irão confeccionar a Carta Geográfica do RS, por satélite, através de convênio com o Ministério da Integração Nacional. Por fim, disse que é necessário investir em Instrumentos para Gestão do Negócio (metereologia).

Deputado Heitor convidou a SEMA para participar do painel de apresentação dos Programas de Governo para Irrigação no Seminário sobre Irrigação que será realizado no dia 15/06/2012, para o qual, o Secretário confirmou a participação da SEMA, cuja apresentação será feita pelo Diretor do Departamento de Recursos Hídricos, Marco Mendonça.

Abaixo, cópia do organograma de funcionamento do Sistema Estadual de Recursos Hídricos –

Fonte: site SEMA-RS

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Seminário “IRRIGAÇÃO URGENTE PARA O RS - UNIFICANDO ESTUDOS E PROGRAMAS”

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OBJETIVOS : • Discutir políticas permanentes de enfrentamento às estiagens que vem atingindo o Rio

Grande do Sul nos últimos anos, com a construção de modelos de irrigação que se adaptem às diversas realidades do Rio Grande do Sul;

• Promover debates sobre a importância de um programa estadual de irrigação e as dificuldades na implementação para o Estado do Rio Grande do Sul com a finalidade de encontrar alternativas que amenizem os efeitos das frequentes secas ocorridas em nosso Estado.

PROGRAMAÇÃO: 9h – Abertura (Mesa)

� Proponente e Coordenador da Subcomissão de Irrigação – Deputado Heitor

Schuch

� Governo do Estado do RS – Representado pelo Sr. Luiz Carlos Busato, Secretário de Obras Públicas, Irrigação e Desenvolvimento Urbano.

� Ministério da Integração Nacional – Representado pelo Sr. Ramon Gomes Rodrigues, Secretário Nacional de Irrigação

� Ministério Público Estadual – Dra. Marta Leiria Pacheco, Coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente

� SDR – Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Secretário Ivar Pavan

� SEAPA – Secretaria de Agricultura, Pecuária e Agronegócio – representada pelo Sr. Milton Bernardes, Coordenador das Câmaras Temáticas Setoriais.

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O Deputado Heitor Schuch abriu o Seminário dando as boas vindas aos presentes, compôs a mesa de abertura, conforme nomes acima citados, fez uma breve apresentação sobre a Subcomissão da Irrigação e o trabalho até aqui realizado. Lembrou que historicamente, quando dá a primeira chuva de 100 milímetros depois de uma estiagem, ninguém mais fala no assunto. Disse que bem ou mal, este ano a estiagem se prolonga, o que faz com que ainda, em junho, se discuta o tema. Fala-se em medidas para conviver com a seca, pois outras virão, dizem os meteorologistas. A Irrigação é tratada com descontinuidade e é preciso avançar nisso como algo permanente. Por fim, lembrou que o Governo paga o seguro agrícola (este ano, o Ministro Pepe Vargas, do MDA, disse que vai desembolsar R$ 384 milhões) que acaba indo direto para o banco e não para o agricultor e pergunta: “Não seria mais econômico, oportuno e produtivo destinar metade desse dinheiro para investir em irrigação e sistemas de armazenamento de água? Teríamos produção e não seguro”. Este Seminário é uma ótima oportunidade para ouvirmos os especialistas e também conhecer o que vem sendo realizado; é uma oportunidade de conhecermos nossas potencialidades e nossas fragilidades, afinal, no nosso estado chove muito, mas não chove só quando queremos, precisamos saber como armazenar essa água”, diz o deputado.

Ato contínuo, passou a palavra para o representante do Governo do Estado, o Secretário de Obras, Irrigação e Desenvolvimento Urbano, Sr. Luiz Carlos Busato, que transmitiu a saudação especial do governador Tarso Genro. Agradeceu ao deputado pela oportunidade do debate e disse que com a visão de conviver com a seca estão encarando o trabalho na SOP, não apenas para abordar os serviços de emergência e o seguro agrícola. No painel de logo mais, o Diretor do Departamento de Irrigação da Secretaria, Paulo Paim, fará a apresentação do trabalho desenvolvido.

Representando o Ministério da Integração Nacional, o Secretário Nacional da Irrigação, Sr. Ramon Flávio Gomes Rodrigues, saudou a todos, em nome do Ministro Fernando Bezerra e qualificou esta iniciativa como importantíssima. Acredita que unificar procedimentos é importante, porque “ficamos atirando em todas as direções e acabamos não convergindo para um único ideal. A unificação de procedimentos em relação ao projetos de irrigação do Rio Grande do Sul

será muito interessante, porque algumas ações que o Governo Federal está implementando no Estado estão diluídas em várias Secretarias e isso permitirá que possamos olhar o conjunto dessas ações”. Lembrou que há tempos o Rio Grande do Sul vem convivendo com a seca, perdendo diversas culturas, por isso é importante buscar as experiências desenvolvidas por todo o Brasil, assim como é o objetivo deste Seminário. Recorda que veio de Pernambuco e trabalhou muito tempo no Ceará, que são dos Estados mais secos do Brasil e aprendeu que seca não se combate, mas se convive. E conviver, segundo ele, é analisar todos os seus aspectos, trabalhar, em todas as camadas e ações, voltadas para a acumulação de água e a manutenção do ecossistema. Salientou que teremos a oportunidade de ver a experiência que

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será apresentada pelo Dr. Padilha e que se trata de um trabalho muito importante e simples de se fazer, que tem conotação ecológica e de acumulação de água. Somada com outras ações, estruturantes e de monta, é possível conviver com a seca. Anunciou que o Governo Federal deverá implantar, na região Nordeste do País, até o final de 2014 (isto é uma meta da Presidenta Dilma Rousseff ), cerca de 750 mil cisternas. Pergunta por que não pode então o nosso agricultor familiar possuir a sua cisterna, pelo menos para garantir aquela água de beber de boa qualidade? Lembrou que aqui chove bem mais que no Nordeste e seria, portanto, uma das ações que poderiam ser feitas. Afirmou que a irrigação é um instrumento fabuloso, desde que bem usado. Para os que acreditam que a FEPAM atrapalha, diz não ver assim, pois a irrigação é um instrumento de controle ambiental também, porque quando a água é usada eficientemente e considerados outros aspectos, pode ser um aliado das questões ambientais, sem pressionar os biomas protegidos.

O Secretário Nacional da Irrigação disse que temos um desafio muito grande, conforme a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação): duplicar a nossa produção de 2009 até 2050, do contrário, este mundo, com 8 bilhões de seres, não vai ter o que comer. A expectativa quanto ao Brasil é de que, pelo menos, supramos 20% desta demanda que está por vir. E só temos duas maneiras de produzir mais: aumentando área de produção ou aumentando produtividade. Para aumentar produtividade, temos de colocar insumos, e um dos mais importantes é a irrigação – e precisamos vendê-la bem, inclusive com técnica ambientalmente sustentável. Por fim, disse que o Ministério da Integração Nacional tem uma série de ações estruturantes no Rio Grande do Sul; ações de “apagar fogo”, na questão da seca, mas que estão abertos para realizar parceiras e para trabalhar em conjunto com as ações que aqui forem definidas.

O representante da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Sr. Milton Bernardes, Coordenador das Câmaras Temáticas Setoriais, parabenizou o deputado Heitor Schuch pela importância desse fórum de discussão de debates, torcendo para que possamos ter os melhores encaminhamentos neste dia e colocando a SEAPA sempre à disposição.

O Secretário do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Sr. Ivar Pavan agradeceu o convite e disse que estamos diante de um dos mais importantes temas, talvez o mais discutido nos últimos seis meses aqui no Rio Grande do Sul, que é o tema da proteção da lavoura. Para ele , não se trata apenas de irrigação. Acredita que um seminário como este deve ampliar o debate para pensarmos que políticas deveremos implementar no próximo período para garantir uma boa proteção da lavoura do agricultor, e a irrigação é uma das tecnologias, mas não é exclusiva, pois precisa estar acompanhada de outras.

Em nome do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, falou a Dra. Marta Leiria Leal Pacheco, Coordenadora do Centro de Apoio Operacional em Defesa do Meio Ambiente. Ela disse que devido à importância do tema e a impossibilidade de permanecer até o final do evento, veio acompanhada dos assessores das áreas de engenharia e jurídica, que permanecerão até o final. Disse também que o Ministério Público procura estar presente em todas as audiências públicas e debates, pois é necessário ouvir e estar atento aos anseios da comunidade. Acredita na importância da mudança de cultura quanto à irrigação no Estado, e na necessidade de termos políticas de Estado e não programas de governo vinculados à política partidária. O Ministério Público procura participar, pois percebe-se a mudança para a cultura do planejamento. Também disse que “todos sabemos que a seca vai

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acontecer, temos que saber como vamos nos planejar para recebê-la. Essa é a questão!”. Lembrou que diversos colegas do Ministério Público têm participado de discussões e elaboração de programas, inclusive este que será apresentado aqui, o Mais Água, Mais Renda. Participam também dos estudos relativos ao Código Florestal e da elaboração do projeto-piloto que está em andamento no IRGA referente à irrigação com a utilização de águas provenientes de estações de tratamento de esgoto. Referiu também a participação do MP na comissão gaúcha que foi para Israel onde percebeu-se que temos muito a aprender com países que investem em tecnologia, e acreditamos que esse projeto-piloto poderá ser replicado em outras estações de tratamento de esgoto aqui no Estado.

O deputado Heitor Schuch desfez a mesa de abertura, compondo a mesa com os painelistas convidados: Prof. Reimar Carlesso, do Sistema Irriga, da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, que fará a primeira intervenção, a pedido do Secretário Busato; o Sr. José Artur de Barros Padilha, Consultor de Engenharia para Processos de Aproveitamentos Energéticos Naturais Gratuitos e que foi também Secretário da Agricultura do Município de Olinda – Pernambuco. Convidou para compor a mesa também, o engenheiro Fúlvio Petracco e o presidente da EMATER-RS, Lino de David.

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1º Painel: IRRIGAÇÃO DE TERRAS ALTAS E A ESTIAGEM N O RS – UMA SOLUÇÃO ECONÔMICA PARA O AGRONEGÓCIO – Painelista: Professor Reimar Carlesso, PhD.

O professor Reimar Carlesso iniciou seu painel agradecendo a oportunidade de discutirmos o tema da irrigação, que tem tomado conta do Estado do Rio Grande do Sul nos últimos meses, em especial pela grande frustração que observamos na produção agrícola deste Estado. Disse que é sempre oportuno unificar os temas ligados à irrigação, principalmente em relação aos principais gargalos e àquilo que o produtor sul-rio-grandense efetivamente precisa do Estado. Destaca que atua como pesquisador e professor há 20 anos e há 30 anos trabalhando na área de irrigação.

Esclarece que produtor irrigante não é bandido, pois com a irrigação, ele aumenta a produtividade e traz benefícios para a região em que atua. Precisamos protegê-lo e não colocá-lo no outro lado do balcão. Esse é o principal ponto.

A seguir, apresenta um power point, e aborda as vantagens da irrigação, onde estão os principais gargalos e o que precisamos. Diz que tanto produtores como técnicos não necessitam basicamente de incentivo, e nem de benefícios econômicos para a implantação do projeto de irrigação. Na sua opinião, é preciso maior agilidade na interpretação da lei ambiental. Não há necessidade de modificar a legislação, mas sim de que os prazos sejam menores e a liberação (autorização de projetos) mais ágil. Afirma que somente dos últimos dois meses, estão em tramitação, 450 processos de pequenos produtores da região da Cotrijuí, todos eles para obtenção de licença ambiental. São processos que dizem respeito a áreas

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irrigadas de 5 a 10 hectares e, pelos prazos atuais, as licenças devem demorar de 12 a 18 meses para serem concedidas.

Carlesso diz que no mundo, hoje, irrigamos 18% das áreas. Enfatizando que esses 18% de áreas irrigadas produzem 44% do total de alimentos e fibras produzidos no mundo. (dados do Anuário Estatístico da FAU de 2004). No Brasil, em termos de potencial irrigável, há 29 milhões de hectares, dos quais 4,5 milhões de hectares são irrigados. A área irrigada é muito pequena pelo tamanho da nossa agricultura em nível nacional. O grande problema é que não encaramos a irrigação como uma estratégia para o aumento da produção com menor custo. Como engenheiro agrônomo diz da impossibilidade de uma atividade agrícola ou mesmo um projeto de irrigação não causar impacto ambiental. Mas o impacto é mínimo.

Da irrigação hoje existente no Brasil, 8% é pública e 92% é privada. A região que mais irriga é a Sudeste; a Região Sul perdeu essa hegemonia, possuindo aproximadamente 1 milhão e 300 mil hectares irrigados. Os métodos de irrigação mais utilizados são os pressurizados, ou seja, os que envolvem pivô central, irrigação localizada e aspersão. Esses métodos são utilizados em mais de 50% da nossa área irrigada, havendo a tendência de termos cada vez mais irrigação pressurizada, ou seja, irrigação que necessita de tubulações e de energia elétrica, que é um outro gargalo existente em nosso Estado.

A pouca disponibilidade de energia elétrica no meio rural limita sobremaneira a expansão da agricultura irrigada e, muito mais, a expansão do agronegócio no Rio Grande do Sul. Precisamos unir forças com o governo federal para ampliar a disponibilização de energia elétrica no Estado.

O Rio Grande do Sul produz, hoje, aproximadamente 20% da produção nacional de grãos. Este ano produziu em torno de 15 a 16%, pela grande estiagem que ocorreu. diminuindo a nossa participação e evidentemente o PIB do Estado. Nas áreas irrigadas não há redução da produtividade. Inclusive, como o Secretário Nacional comentou, durante o período de estiagem os produtores colhem muito mais nas áreas irrigadas, pois temos muito mais radiação solar, e, consequentemente, a cultura produz mais.

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Segundo o professor, o que caracteriza a produção agrícola de terras altas no Rio Grande do Sul é o sequeiro e a baixa produtividade. Nossa limitação não é a quantidade de chuvas, diz. Na média do Estado, temos 1.600 ou 1.700 milímetros de precipitação, sendo que essa quantidade de chuvas é suficiente para atender, em condições de boa distribuição, a necessidade das culturas. Além disso, em relação a esse excedente, diz que teremos condições de armazenar água para irrigar durante os períodos de estiagem. Então, água não é problema. O problema é a distribuição.

O professor relatou sobre um trabalho que fizeram durante 10 anos consecutivos, considerando sete épocas distintas de plantio e em todos os anos detectaram a necessidade de complementação via irrigação. Ou seja, o que chove no Rio Grande do Sul não é suficiente para termos altas produtividades de milho. Isso acontece também em relação à soja e ao feijão. Isto é, mesmo nos anos em que há boa distribuição de chuvas, que chamamos de el niño, precisamos complementar as necessidades das culturas.

Sobre o Programa de Irrigação Mais Água Mais Renda, da SEAPA, do qual participou representando a UFSM, ao seu ver, traz avanços significativos para a expansão da agricultura, mas que está esbarrando nos prazos da licença ambiental e da outorga do uso da água. Enfatiza que é preciso agilizar um pouco mais, não sabendo definir qual ação que o Estado pode fazer com relação a isso, talvez contratar mais pessoal ou passar a responsabilidade para outros órgãos ou mesmo escritórios.

A produtividade média de milho no Rio Grande do Sul é 3.400 quilos e, nas áreas irrigadas, mais de 12 mil quilos. Hoje, há grupos de produtores com mais de 200 sacas de milho por hectare distribuídos por este Estado. A produtividade média da soja é de 70 a 80 sacas por hectare, e de feijão de 50 a 60 sacas por hectare. No Programa da SEAPA, o governo incentiva com isenção de parcela do financiamento (na primeira e na última). Isso é um estímulo para a expansão da agricultura. No entanto, o produtor tem condições de pagar todo o equipamento de irrigação em dois ou três anos. Então, a vantagem econômica que ele obtém com a utilização dessa ferramenta da irrigação é grande, e ele não precisa de um estímulo ou de uma subvenção do governo para expandir-se. O que se precisa é, simplesmente, de mais agilidade. Disse ainda, que a irrigação beneficia a todos e exemplifica com o caso de um produtor de São Luiz Gonzaga que irriga em 36% de sua área e sua média de produtividade, em 17 anos, foi de 36 sacas por hectare, e a média das cinco melhores safras, 54 sacas. Ou seja, nessa região do Estado, historicamente, a produtividade é baixa. O milho tinha uma produtividade muito baixa antes dele iniciar a irrigação – a irrigação iniciou em 2000. Em 2005 e 2006, esse produtor simplesmente desistiu do milho sequeiro e começou a utilizar só o milho irrigado. De milho irrigado, a produção foi de 180 a 200 sacas na safra anterior e, na última safra, de 212 a 214 sacas por hectare. Quando o lucro do produtor é baixo, o recolhimento do ICMS do Estado também é baixo. Com o milho irrigado, seu lucro aumentou, sendo que o custo do equipamento de irrigação é de cerca de R$ 4 mil por hectare. Portanto, só com uma safra de milho, em quatro anos, o investimento estará pago.

O professor Carlesso defende a idéia de que os produtores precisam tomar conhecimento deste aumento de lucro, de produtividade e de conhecerem as vantagens do investimento em irrigação.

Disse ainda, que há listagens de pelo menos 60 projetos de irrigação por pivô central, que abarcam de 6 a 7 mil hectares e que ingressaram nos últimos dois ou três meses

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na Secretaria. Pergunta quando esses projetos sairão? São mais ou menos 7 mil hectares que poderiam aumentar a produção neste Estado. Destacou que há dados, resultados e informações para justificar a ampliação da área irrigada no Rio Grande do Sul.

Explicou que o Sistema Irriga não vende equipamentos de irrigação e nem faz projetos de irrigação, simplesmente auxilia os produtores no momento em que eles têm o equipamento de irrigação instalado na sua propriedade. A única atividade que fazem é orientar se é preciso ou não irrigar, isto é, quando e quanto de água aplicar. O produtor tem essa dificuldade diariamente, porque envolve custos e é onde está a diferença na produtividade. Ou seja, a produtividade de uma área irrigada depende do pacote tecnológico que o produtor usa na produção e, principalmente, da quantidade de água que aplica. A água deve ser aplicada adequadamente. Não basta possuir um equipamento de irrigação na propriedade, é necessário manejar adequadamente essa área em termos de produção agrícola e em termos de manejo de água. O acesso a esta informação pode ser através do site do Sistema Irriga, a primeira tecnologia licenciada e patenteada que paga royalties na Universidade Federal de Santa Maria.

Carlesso afirma que tecnologia e informação nós temos, o que precisamos é expandir a agricultura irrigada para que todos sejam beneficiados. Por fim, diz: “Não existe paradoxo na irrigação. Não existe confronto ou conflito entre pequeno e grande produtor. A irrigação beneficia a todos: micro e pequeno produtor, aquele que irriga seu jardim, seu canteiro ou o grande produtor que irriga um pivô central. Todos têm as vantagens da ampliação da produtividade e, principalmente, da segurança de ter uma produção mínima para pagar os custos da propriedade, a manutenção da família e proporcionar o bem estar de todos.”

O painelista concluiu sua apresentação agradecendo a oportunidade e a atenção, dizendo esperar que se encontre uma solução para os gargalos e as restrições que enfrentamos no Rio Grande do Sul.

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2º Painel: PROJETOS DE IRRIGAÇÃO, À EXEMPLO DO CONCEITO BASE ZERO (CBZ) DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL – Painelista: Engº. José Artur de Barros Padilha – Consultor de Engenharia para Processos de Aproveitamentos Energéticos Naturais ‘Gratuitos’; Ex-secretário de Agricultura da Prefeitura Municipal de Olinda – PE

O Sr. José Artur Padilha saúda o presidente e os demais participantes, dizendo da impossibilidade de externar o privilégio e a sua satisfação de estar no Rio Grande do Sul. Recorda que aqui já esteve muitas vezes e cita a Conferência realizada em 12 de outubro de 1977, de um dos maiores profetas que a humanidade já teve nos últimos três séculos. Refere-se ao Prof. Howard Odum, cientista de destaque internacional, pesquisador e diretor do Centro de Pesquisas sobre Alagados, na Universidade da Flórida – Gainsville. Também autor e editor de diversos trabalhos científicos. Segundo Padilha, Odum é uma pessoa que percebeu um aspecto que tem muito a ver com o que vai mostrar aqui, numa modesta experiência, concreta. Trata-se de simplesmente pensar a economia de forma a perceber, na funcionalidade da economia, a presença da natureza através de suas manifestações cotidianas, diárias, às vezes sazonais.

O painelista diz que Irrigação deve ter sido a primeira coisa que a natureza inventou. Aqui, entretanto, entra uma questão: “não podemos, de forma nenhuma, criar um conflito entre tecnologia e filosofia. Não tem razão de ser esse conflito. Certamente, o mundo e a sociedade humana avançam desde o momento em que houve o domínio do fogo. E, se alguém apagasse o fogo, imediatamente a humanidade buscaria outro fogo”.

Continua dizendo que “irrigar subentende a possibilidade de ter água, que ocorre como manifestação da natureza. De todas, provavelmente, é a mais valiosa economicamente. Não há vida sem a presença de água. No entanto, não governamos a quantidade de água que está disponível, ou aqui no Rio Grande do Sul, ou em qualquer lugar do planeta.”

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No Rio Grande do Sul, é preciso administrar a abundância. No Nordeste, a dificuldade é administrar a escassez. Cada um com a sua dificuldade, cada um com o viés do seu desafio.

A seguir passa a fazer sua apresentação em power point, sob o título: “QUAL O FUTURO (RURAL), QUE OS ESTADOS E AS SOCIEDADES DO …MUNDO, BRASIL E RS, QUEREM ?”. Disse que fez uma interpretação pessoal em relação ao que Dr. Odum colocou em 1977. No livro Ambiente, Energia e Sociedade havia um gráfico (figura abaixo) que interpreta o seguinte: na integração entre economia, pelo lado da energia, a parte que vem da natureza e a parte da socioeconomia, a proporção é de 99,99% vindo da natureza e abrange 0,01% no centro da sociedade humana. De uma maneira brilhante, Odum colocou sobre a necessidade da humanidade tornar-se boa administradora de energia, diz Padilha.

Em Pernambuco, um colega seu, também engenheiro disse que não dá certo esse negócio de um desenvolvimento sem sustentabilidade, porque isso implica querer um negócio em que se está desprezando a contribuição do sócio que está dando 99,99% das ações.

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O painelista explicou o conceito Base Zero (título dado com a ajuda de um colega engenheiro) que é aquilo que precisa estar abaixo e que sequer tem sido enxergada porque, na maioria das vezes, não há mecanismos legais. Disse que produzir no meio rural é poder ter tudo que tem uma forma vegetal útil ou que pode ser transacionada e que existe uma segunda forma, que é transformada. “Por exemplo, comemos os vegetais, uma fruta, uma maçã, uma pera, mas a vaca, que me dá o leite, do qual faço queijo ou iogurte, ou que me dá a carne para fazer o churrasco gaúcho, primeiro precisa comer o pasto.” Segundo ele, existia uma base vegetal primeira com essas duas finalidades, que depois era transformada, que podia ser pela industrialização social humana ou pelo próprio animal, que eram a base 1 e a base 2, mas que abaixo disso, precisavam pensar – são mecanismos legais, governamentais, financiadores – em algo que estava abaixo, que era a fertilidade do solo, a umidade, a biodiversidade, todo esse conjunto e a infraestrutura.

Lembrou que o capital agroprodutivo do Rio Grande do Sul, nos últimos 100 anos e mais especificamente nos últimos 60, depois da Segunda Guerra, sofreu grave decréscimo. Com certeza, vem caindo e os gaúchos estão saindo daqui, indo para o Mato Grosso, para o sudeste da Bahia. A soja, por exemplo, é um sucesso no sudoeste da Bahia. Mas bilhões de toneladas de solo estão aterrando o sistema hidrelétrico de lá.

Acredita que todo o capital que se perdeu poderá, muito rapidamente, ser recuperado e continuar a ser expandido. Não se pode pensar que a chuva seja rotulada como algo malfazejo. No entanto, as enchentes desastrosas que estão pipocando em tudo quanto é lugar geraram esse temor. O que houve foi uma inversão de um sinal positivo de cada evento de chuva que acontecia. Há milhões de anos, esse patrimônio vem-se consolidando. “A Terra é o capital; é preciso pensar que não fizemos nada desse capital. E o capital mais fundamental, não estamos sendo capazes de distinguir. É preciso saber se o Rio Grande do Sul teve esse progresso dos últimos 100 anos gerando renda. A lógica é: capital faz renda, renda manda um pouquinho para o capital. Incrementado, o capital incrementa a renda. Então tem-se renda e capital crescendo.”

E continua: “Neste momento estamos aqui e está ocorrendo a Rio+20, que está discutindo o desenvolvimento sustentável. Qual é a diferença entre desenvolvimento e desenvolvimento sustentável? A engenharia – algo maravilhoso para a humanidade – deve deixar de ser uma engenharia para o desenvolvimento e se transformar numa engenharia para o desenvolvimento sustentável, em que ela assuma uma visão sistêmica completa, perfeita e principalmente pense em algo que não pode faltar em nenhum momento ou circunstância: energia.”

Diz que precisamos pensar globalmente e agir localmente. “Qual é o futuro rural que as sociedades do mundo, do Brasil e do Rio Grande do Sul querem? Não estamos tratando apenas de irrigação, mas de emancipação pela sustentabilidade.”

O painelista explica a questão da energia (sem a qual não queremos viver) e sua relação com a chuva (altura, quantidade, inclinação e absorção). Fala da vida útil das Hidrelétricas como Itaipu e Xingó e a necessidade do governo agir para evitar um colapso. Segundo ele, lamentavelmente, esse setor ainda está preso à ideia da engenharia para o desenvolvimento e não para o desenvolvimento sustentável.

Citando o Dr. Nilo Ferreira Romero, Dr. Padilha faz referência à Base Zero ligada à Agenda 21, dizendo que desde 1999, uma das indicações do documento formal das Nações

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Unidas do Brasil coloca a solução Base Zero como uma das alternativas de indicação sobre o modo de proceder no semeado.

Destaca que temos de entender o valor imenso da energia da chuva. A chuva pode ser destrutiva ou construtiva. Fazendo uma pequena experiência com a água de um copo e a gota que se forma em seu dedo, diz: “A natureza é muito sábia, de alguma forma os arranjos todos se fizeram para que a chuva não caísse dessa altura toda e matasse a vida, matasse as plantas, os animais e os seres humanos. Portanto, de alguma forma a gota se forma, e sua velocidade se reduz a 10 ou 8 quilômetros por hora. É essa a velocidade. É esse arranjo que, interpretado, leva a entender isso aqui. A água cai, mas acontece que se não houver o fenômeno de descolar a água e formar a gota, eu pergunto: o que acontece se esta gota que está presa apenas por uma parte dela no meu dedo, estiver dentro do chão, do terreno, colada em todas as partículas minerais que formam o solo? E, se além disso, em vez de ela estar radicalmente sendo puxada para baixo, ela tiver apenas uma leve inclinação?”

Portanto, segue dizendo, “o grande armazém de água, em todos os lugares, desde que o mundo é mundo, é todo o território. É ele o grande armazém e é ele que precisa ser considerado.” Diz também que é complicado fazer o raciocínio para falar em energia por hectare, do mesmo modo que é complicado pensar em 4 bilhões e meio de anos da Terra. Por isso, fez uma relação entre trator e hora: “Com um trator de 150 cavalos, fiz a conversão e cheguei ao resultado de 156 mil horas. É como se tivéssemos disponibilizado um trator de graça para trabalhar num campo de futebol e estivessem 17 tratores trabalhando durante 24 horas por dia o ano todo.” “É claro que esse trator não é doido, é delicado, é o trator da natureza mandando vento na hora em que tem de mandá-lo, enviando luz solar na hora em que precisam do foto, mandando minhocas forçarem o terreno subsolar e abelhas voarem. Os cálculos não são meus, são do Dr. Howard Odum, e a conversão desses cálculos é do Centro de Engenharia Ambiental, em Gainesville, na Flórida, o qual hoje é objeto de atenção no mundo inteiro.”

Frisando de que nada apaga o que já foi feito; afirma que as soluções apenas precisam ser harmonizadas. Do mesmo jeito que uma hidrelétrica – a de Itaipú ou a da Chesf – precisa de uma bacia, devendo então estudar a estatística da precipitação, o histórico e outros tópicos – a partir disso é que os engenheiros, num refinamento lógico, vão calcular o tamanho do lago, a queda das cachoeiras existentes e as turbinas – pode-se transformar energia de movimento em energia de posição, energia potencial conquistada microbacia por microbacia.

Nisso tudo destacam-se os barramentos. Em uma hidrelétrica, converte-se um escoamento que era em rampa – não propriamente em rampa, porque sempre tem alguns degraus que a natureza fez – em degraus. Com isso, dissipa-se a energia na hora da queda e aumenta o tempo de residência da água no ambiente. O novo ciclo da chuva do ano seguinte já encontrará um capital acumulado como reserva.

A idéia é transformar as rampas em saltos. Os barramentos são de pedra em formato de arcos romanos deitados, em cada fração definida de microbacia. Abaixo, algumas fotografias que mostram os barramentos artesanais feitos em Pernambuco e que, segundo Padilha, podem ser utilizados também no Rio Grande do Sul.

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Esse fenômeno é incrivelmente novo. Provavelmente, não foi percebido. E esse abastecimento acontece por gravidade. E o Dr. Padilha usa um trocadilho: “as partes baixas das partes altas de um território podem ser muito mais altas do que as partes altas das partes baixas. Ou seja, posso ter uma cacimba no fundo de um riacho, lá, na nascente, que é muito mais alto do que cume da serra, lá, na foz. Por esse caminho, você tem água para todos, sem precisar energia, água pura, e por aí vai.”

O painelista destaca se a água estiver em cima da superfície, ela evapora livremente. Se estiver uma polegada infiltrada no solo, ela vai ter de romper para poder passar. A 60 centímetros de profundidade, é discretíssima a capacidade que a água tem de ser retirada pelo sol. A um metro, é zero. Todo território, portanto, é um grande armazém, e ela está presa por aquele fenômeno da liga da água com os outros materiais.

Por fim, o Eng. José Artur Padilha afirma que para essa engenharia não é preciso licença ambiental, porque não se trata de fazer impacto, mas de corrigir os impactos feitos. Negociando através da legislação, do marco legal ambiental, ficará evidente que é uma ação de benefício ao meio ambiente e não de qualquer impacto. O impacto é zero.

A seguir, apresenta o vídeo de matéria que passou no Jornal Hoje (TV Globo), que mostra essa experiência, agradecendo pela atenção de todos e colocando-se à disposição para maiores esclarecimentos.

EFEITO BARRAMENTO COMO ‘CONSTRUÇÃO’ ECOLÓGICO NATURAL ‘GRATUITA’

Mesmo cenário, momentos distintos:

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A seguir, o deputado Heitor Schuch passa a palavra aos mediadores, integrantes da mesa, primeiro fazendo uso, o Sr. Lino de David, presidente da EMATER-RS, que saudando os presentes, disse: “Eu estava comentando anteriormente que as taipas atrapalham as máquinas. Aqui no Estado, os terraços atrapalham as máquinas. Na minha opinião, deveríamos começar por aí”. O professor de Santa Maria deixou muito claro que sobre a tecnologia da informação temos conhecimento absolutamente suficiente. No entanto, considero a irrigação apenas mais uma tecnologia no sistema produtivo. E continuou: “O professor de Pernambuco manifestou-se a respeito da questão da água. A água tem de estar no sistema. Implantamos o plantio direto – que foi um grande avanço. Se eliminarmos as APPs e as reservas legais a água vai embora. Os 1.500 milímetros de chuva vão para o rio.”

Disse também, que quando falamos em conviver com a estiagem, a irrigação faz parte, mas não é condição suficiente, pois não temos água para irrigar 5,5 milhões de hectares de grãos nas terras altas do Rio Grande do Sul. É preciso escolher o que irrigar: milho, fruticultura, horticultura, pasto. Não haverá irrigação para 4 milhões de hectares de soja. Pergunta como essa soja pode produzir bem mantendo água no sistema? Acredita que pode-se diminuir o problema da estiagem se plantarmos a soja, o milho e o feijão um pouquinho mais fundo, e não a dois ou três centímetros como está acontecendo hoje. Diz que o debate sobre o sistema de produção de alimentos deste Estado está associado a um conjunto de interpretações de modelo de produção.

O Presidente da Emater diz da necessidade de haver ações integradas nesse processo que revejam o modelo de máquina a ser utilizada no plantio e repensem mecanismos de proteção para que a água fique no sistema, repensem época de plantio, variedades, modelo de fertilização, repovoamento florestal na beira dos rios e a própria irrigação. E concorda com o professor de Santa Maria quando disse que há um problema cultural no Rio Grande do Sul, pois não faz parte da cultura dos agricultores investir em irrigação. Vão ao Banco e financiam o trator e outros tipos de financiamento, mas não buscam um de irrigação. Para concluir, disse que faz parte do governo e que há vários programas no Estado hoje, e, no seu ponto de vista, vê como um grande problema o sistema adotado no governo passado e mantido neste governo, que é o Estado fazer buraco em terra de produtor.

Na sua opinião, o Estado é, por seus mecanismos de controle e gestão, muito lerdo nesse processo. O Estado tem que centrar sua atuação na elaboração de projetos, no licenciamento ambiental, na orientação técnica, na gestão dos recursos naturais e da água e deixar o produtor fazer a execução de sua barragem se o assunto é irrigação. Ele acredita que o Estado não tem condições de querer, se quisermos massificar o terreno da irrigação, fazer licitação para obra ou conveniando com prefeituras para fazer açude.

Por fim, disse que a EMATER, do ano passado até agora, já fez 2.200 projetos de barragens e de irrigação. A execução mínima, porque este mecanismo de processo não funciona, não dá conta. Então, conclui: “Temos capacidade técnica acumulada, conhecimento, mas a parte operacional não pode ser assim, tem que dar ao produtor a responsabilidade de execução da sua obra sobre o controle das áreas técnicas do Estado.”

Ato contínuo, o deputado Heitor Schuch concedeu a palavra ao Engenheiro Fúlvio Petracco, que cumprimentou a todos e fez uma referência especial aos dois painelistas que enriqueceram o debate com seu conhecimento.

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O mediador inicia sua manifestação dizendo que o trato dessas questões, aparentemente técnicas são na verdade filosóficas, lembrando o filósofo Descartes, que simplificou o conhecimento em uma introdução de um livro sobre geometria, dizendo: “Sem filosofia não existe a matemática e sem a matemática não existe a filosofia.”

Conforme Petracco, o primeiro ponto é que a tecnologia não é limite. Lembra que, evidentemente, não temos barragens tecnológicas de saber para difundir sistemas de irrigação. O segundo ponto é o que o Padilha remete para a questão do respeito às leis a natureza e a sua reconstrução. Falou de sua satisfação em copatrocinar a vinda do cientista Howard Odum a Porto Alegre, cuja manifestação está resumida no livro que Padilha mostrou e que poucas pessoas conhecem, mas que todos que se relacionam com as questões da natureza deveriam conhecer.

Recordou como conheceu o palestrante José Artur Padilha, em 1963, no Nordeste, quando conheceu a zona da mata, dos latifúndios do açúcar e a zona do semi-árido do sertão. Disse que no sertão, na zona da seca, o sertanejo vivia com escassos limites econômicos, mas lá não aparecia o flagelo da brutal mortalidade infantil que ocorria na zona rica, onde chovia razoavelmente bem, o que chamou sua atenção. Em seus estudos (dele e do Padilha) a idéia veio do livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, que fala sobre a terra e a seca ao discorrer sobre as quatro expedições do Exército Nacional, que ali mostra como pequenas barragens construídas pelos animais conseguem fazer remansos de água.

Disse que a partir daí, aprendeu um pouco, mas que Padilha continuou dedicado ao assunto e aprendeu muito mais. Relatou uma experiência feita por Padilha que ele não falou aqui, trata-se da construção de uma barragem nessas áreas de escoamento com mais ou menos 2 metros de altura, construída com carreta de boi e pedra. Ele queria saber o que iria acontecer. Em apenas uma estação de chuva, essa barragem foi totalmente assoreada. A erosão é tão grave que trouxe terra e assoreou a barragem em um ciclo. Houve a seguinte vantagem: como era uma barragem de pedra, não impermeável, ela continuou com um regime regular de escoamento de água, alimentando o solo que vinha abaixo da barragem.

Petracco diz que essa experiência de Padilha é um exemplo do que pode ser feito com intervenções que respeitem as leis gerais da natureza. E conclui: “Acima de tudo, antes da engenharia e das tecnologias, precisamos ter uma visão global das questões e tentar a ferramenta da filosofia para nortear a nossa conduta”.

A seguir, o deputado Heitor Schuch chamou para compor a Mesa, os representantes do Governo do Estado, que irão apresentar o próximo painel: o titular da SDR - Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, secretário Ivar Pavan; o titular da SOP - Secretaria de Obras Públicas, Irrigação e Desenvolvimento Urbano, secretário Luiz Carlos Busato; o Diretor de Irrigação da SOP, Paulo Paim; o representante da SEMA – Secretaria do Meio Ambiente, o Diretor do Departamento de Recursos Hídricos, Marco Mendonça; a representante da Seapa – Secretaria de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luciana Maria Scarton. Convidou também para compor a mesa, o diretor do Badesul, Luís Alberto Bairros .

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3º Painel: APRESENTAÇÃO PROGRAMAS DE GOVERNO

O Secretário de Obras Públicas, Irrigação e Desenvolvimento Urbano, Luiz Carlos Busato esclareceu que a sua Secretaria não é um óbice para a evolução do tema (sentido-se citado pela fala do painelista, Professor Reimar Carlesso). O Secretário falou sobre o esforço que a Secretaria tem feito, e acredita que o Diretor Paim deverá falar sobre o que estão tentando implantar. Diz não ter muita certeza quanto a não alteração da legislação, tendo em vista as dificuldades e entraves encontrados e pede ajuda ao Deputado Heitor Schuch e da Assembléia, para enfrentamento dos gargalos, especialmente os ambientais. Diz que os defensores da irrigação são tratados como bandidos e isso não é possível continuar.

Discorreu sobre as fases para execução de obras, quais sejam: A primeira fase é dar início aos planos que temos para a irrigação no Rio Grande do Sul. Vencido esse primeiro entrave, que é de grande dificuldade, porque é preciso definir onde construir barragens e outras ações voltadas à irrigação, vem a fase de conseguir orçamento e pessoal para elaborar esses planos. Fala das idas a Brasília e as negociações com os técnicos da Secretaria Nacional de Irrigação – e isso leva meses, até que recebam o sinal verde do Ministério. Aí, começa a briga com a Fepam, diz o Secretário.

O secretário mostrou-se indignado com a postura da FEPAM e criticou sua postura de esconder-se atrás da lei e sua falta de flexibilidade. Disse que a SOP passa por um novo calvário, para obedecer os prazos, que são longos e complicados. E dá o exemplo de recursos da ordem de 60 milhões de reais que estão disponíveis no orçamento do Ministério da Integração para projetos de barramentos no Rio Grande do Sul, mas que provavelmente,

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vamos perder, se tivermos que cumprir todos os prazos e datas. Se conseguirmos cumprir os prazos, diz o secretário, entramos na Junta do Comitê Financeiro, que tem que se reunir para ver se vai liberar o orçamento para a Secretaria. Depois, vem a CAGE, o orçamento do Estado e outras etapas. Aí, já se passaram os quatro anos, conclui.

Busato concorda como o palestrante Padilha, ao dizer que temos uma grande dificuldade de administrar a abundância de água no Rio Grande do Sul. Diz: “Se tivéssemos escassez, talvez fosse possível andar mais rápido. Mas, como temos abundância, as ações são complicadas. Repito: nossa dificuldade é administrar a abundância.”

Finaliza sua fala pedindo ajuda da Assembleia Legislativa para vencer os obstáculos existentes.

SDR – Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo –

Secretário Ivar Pavan

O secretário, antes de falar sobre o programa da SDR, faz algumas observações preliminares, como agricultor que é e que talvez possam ajudar na reflexão que ora fazemos sobre o tema da irrigação. Primeiro, sua constatação de que, infelizmente, a consciência avança em cima da crise. A pauta nº 1 de toda discussão neste último período é o tema da irrigação, por conta de que é a primeira vez que, no mês de junho, discutimos o problema da estiagem no Rio Grande do Sul.

A seguir, diz que tem acompanhado, como agricultor, um histórico de ações dos agricultores e do poder público diante de temas como a proteção do solo e a proteção da propriedade com relação à estiagem.

Lembrou-se do período em que se deu o início da mecanização no campo, quando muitos agricultores eram orientados a queimar palha para combater as pragas. Aí veio a erosão, e a segunda onda de orientação para a agricultura passou a ser a das curvas de proteção, as chamadas curvas de nível, e vieram todos os equipamentos e as máquinas preparados para isso. Na sequência, veio uma nova tecnologia que trouxe mais um avanço, que foi o plantio direto. O plantio direto foi um estágio mais avançado das curvas de nível. Qual é o problema? É que, quando chega uma nova tecnologia, abandona-se a anterior. Destruíram-se as curvas de nível para avançar no plantio direto.

O secretário disse que ao ouvir a exposição do professor Carlesso, chamou-lhe atenção o fato da afirmação de não termos tido falta de chuva, já que a média dos últimos 10 anos foi de 1.600 milímetros, mas a chuva caiu de forma irregular. Pergunta então: “Por que, há tanta necessidade de irrigação? Acho que essa é a reflexão que falta agregar ao nosso debate.” Ao falar da seca, ele acredita que houve avanço na tecnologia das sementes, mas não avançou a tecnologia de proteção do solo.

Pavan mostra-se preocupado ao ouvir que a irrigação é a solução completa e exclusiva ou de que a irrigação – por si só, isolada das demais políticas de proteção do solo, dos rios, da mata, da matéria orgânica que possa preservar a quantidade de umidade suficiente no solo naturalmente e ser complementada – é o caminho mais adequado para pensarmos políticas de proteção do solo. Nesse caso, ações que dependem do agricultor, das políticas

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públicas, da produção de conhecimento. “O desafio é fazer com que esse conhecimento chegue à casa do agricultor. Até o conhecimento produzido dentro da universidade chegar à casa do produtor, até ele se apropriar dessa tecnologia, até essa tecnologia ser adotada, há longo um processo, e há enorme escassez de pessoas fazendo isso.” Conclui.

A Emater é contratada pelo Estado para prestar serviço de extensão rural não só na área da irrigação. Leva ao produtor, o conhecimento da pesquisa nas diferentes áreas da produção da agricultura, seja na área do leite, da diversificação da propriedade, da produção dos grãos, da produção de carne.

O Estado do RS possui 380 mil agricultores familiares e 441 mil propriedades; e tem em torno de 1.500 técnicos em campo. A tecnologia avançou e produziu grandes conhecimentos. Esse conhecimento produzido pode, agora, facilitar a vida do cidadão que está na área da produção, assegurando um desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento é algo que pode existir sem ser antagônico à preservação ambiental. O problema, no entanto, é que o conhecimento não está na casa do agricultor.

O Secretário contou que em reunião com pecuaristas familiares, alguns produtores mostraram-se entusiasmados com o fato de a Emater e a Embrapa estarem implantando, dentro das propriedades, uma política de manejo adequado do campo, o que permite um aumento de produtividade e renda nas propriedades. Os pecuaristas familiares que ali estavam estão na atividade há muito tempo, mas o conhecimento está chegando agora em suas propriedades. A irrigação existe há muito tempo, mas o conhecimento das suas tecnologias é recente.

Referindo-se ao painel do professor Carlesso, que falou sobre a utilização de irrigação somente para suprimento da falta d’água, alertou que isso exige um grau de conhecimento, de manejo dos recursos hídricos da propriedade e das diferentes formas de armazenamento de água e que essas ações deveriam se tornar um programa de proteção da lavoura e do desenvolvimento sustentável. Assim, a agricultura poderia corresponder às expectativas existentes no que diz respeito à produção de alimentos e à ampliação da produção de grãos.

Na opinião do Secretário, o grande desencontro reside no fato de que houve um grande avanço na produção de tecnologias para aumentar a produtividade das lavouras, mas não houve o acompanhamento correspondente na área da proteção do solo, das informações, de como se deve proteger a propriedade para garantir um desenvolvimento sustentável, provocando o desequilíbrio que está causando essa grande demanda. Afirma que “não adianta buscarmos culpados (agricultor, pesquisa ou lei), mas a partir de agora buscar as políticas e as ações necessárias para corrigir o rumo”.

A seguir, fala do programa coordenado pela SDR, que classificou de limitado e por meio do qual conveniaram, no ano passado, até 31 de dezembro, 700 projetos de armazenamento de água para irrigação. Constataram que grande parte dos agricultores fez o reservatório de água e ainda não implantou o sistema de irrigação. E o motivo é o que foi dito pelo deputado Heitor Schuch, no início da reunião, que, quando chove, se esquece da irrigação.

Lembra que nos dois anos anteriores, tivemos uma boa quantidade de chuva na época da safra e colhemos bem. E agora, para fazer irrigação, o açude está feito, mas está

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seco. Estamos dependendo da chuva para encher o açude para depois implantar o projeto de irrigação. Diz que neste ano, temos como meta mais 1.500 açudes, sendo que 1.200 estão em fase de conveniamento. Até 6 de julho, que é o prazo eleitoral, pretendem assinar esses convênios.

Informa que como governo, pretendem, aos poucos, criar um Sistema Estadual de Irrigação para que cada secretaria possa operar com seus programas dentro desse sistema, objetivando que se possa pensar, de fato, num modelo de desenvolvimento com gestão das águas, com plano diretor (que está sendo elaborado pela SOP).

Na sua opinião , a gestão da água também faz parte de um dos desafios a serem implementados no nosso Estado. Diz que temos água em abundância, mas o suficiente para irrigar toda a lavoura de milho e de soja no Rio Grande do Sul.

SOP – Secretaria de Obras Públicas, Irrigação e Desenvolvimento Urbano – Paulo Paim – Diretor de Irrigação

O Diretor Paulo Paim contextualiza a ação da SOP em relação ao tema irrigação, no sentido da origem atual das competências da Secretaria de Obras. Ela tem 123 anos, e, lá no seu início, suas atividades abrangiam o tema irrigação e que agora esse tema voltou. Diz que o Governo Tarso, após análise interna do governo, entendeu que deveria extinguir a Secretaria Extraordinária de Irrigação e Usos Múltiplos da Água e transferir esse tema para a Secretaria de Obras. Afirma que duas legislações dão embasamento a isso: a primeira é a lei nº 13.601, de janeiro de 2011, que estabeleceu a nova feição, o novo rosto do governo do Rio Grande do Sul, atribuindo à Secretaria de Obras as responsabilidades todas oriundas da extinta SIUMA. A segunda, é a lei nº 13.000, de 12 de novembro de 2008, que criou um programa de irrigação para o Estado do Rio Grande do Sul, o Pro-Irrigação/RS.

No Pro-Irrigação estava previsto um conjunto de ações que dariam ao Estado a condição de convivência com a seca e não de combate a ela.

Na SOP, hoje, encontram-se duas obras de barragens, herdadas do governo anterior, que são: Taquarembó e Jaguari. E aqui, o diretor diz que não vai usar o tempo para falar sobre elas, porque já foram bastante explicitadas na mídia gaúcha; mas que fora isso, fora a retomada, fora a administração, fora tudo o que está sendo construído neste ano e meio de governo em parceria com o Ministério da Integração para que se possa retomar as obras em bases sólidas, deve-se concluí-las, pois não é possível que o Rio Grande do Sul fique com duas barragens pela metade, como elas estão neste momento. E aproveita para dar a notícia, de que fique tudo ajeitado entre o Estado e o Ministério para que possamos assinar os novos convênios, tanto para Taquarembó, que é a retomada de obra, quanto para a continuidade de Jaguari.

Também cita uma outra ação da SOP que também já é bastante conhecida e mantém parceria diretamente com a Secretaria Nacional de Irrigação, que são mais quatro projetos de barramentos no Estado: São Sepé, Passo da Ferraria, Soturno e Estancado. Diz que estão ultimando as necessidades em termos técnicos e que vai ficar faltando a licença ambiental para que se possa elaborar os projetos de barramento.

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O diretor informa, publicamente, que não só provocado pelo estudo de impacto, precisa haver duas audiências públicas em São Sepé, mas também por uma ação política importante de aproximação da Secretaria de Obras e do governo do Estado com os usuários, sejam eles os beneficiados, ou, para quem não gosta muito de barramentos, que são os alagados, se iniciando a discussão em São Sepé. O segundo é o Passo da Ferraria, na Bacia de Santa Maria, que, junto com Taquarembó e Jaguari, praticamente organiza uma bacia hidrográfica em termos de regularização do Santa Maria – referindo-se aos canais. Há também Soturno, na região de Faxinal, e Estancado, que fica no Norte do Estado, no Município de Sarandi.

Paim voltou a referir-se às obras de Taquarembó e Jaguari, lembrando que sozinhas não significam absolutamente nada. Ainda é preciso construir os canais de distribuição. Diz que havia um projeto já definido e negociado, inclusive com o Ministério da Integração Nacional, com a participação dos técnicos e das forças políticas da região, mas que agora há um pleito de se rever esse projeto, especialmente para que a comunidade possa diversificar a lavoura e possa aumentar, em muito, a área beneficiada. O pleito partiu da Associação dos Usuários e é bastante interessante, disse o Diretor. Atualmente, o edital para os projetos dos canais está na rua. Foi publicado no dia 31 com a seguinte característica: é um estudo de um ano, sendo que quatro meses serão destinados à revisão do projeto original à luz das contribuições e do desejo da sociedade – não só vontade, mas desejo técnico, comprovado no sentido de que a proposta que vem da Bacia do Santa Maria tem substância. Nos primeiros quatros meses, a empresa que vencer a licitação vai se dedicar a revisar o projeto original, evidentemente que com participação ampla dos autores da nova proposta. E a concepção de canal que resultar disso, nos seis meses seguintes, terá os projetos.

Informa outra linha de trabalho, em andamento, que é o Programa de Açudagem do Estado. Tanto do ponto de vista dos microaçudes – abaixo de 1,5 hectares de área alagada, conduzidos pela SDR, quanto os outros, que são um pouco maiores e são conduzidos pela SOP.

Disse que o programa da SOP não difere absolutamente em nada na dificuldade de aproximação com o produtor, como referido pelo Secretário Pavan. Basicamente na questão da informação ao beneficiário do programa.

Referiu sobre a legislação que transpôs a antiga Secretaria de Irrigação e Usos Múltiplos da Água, para dentro da Secretaria de Obras, o que os colocou na coordenação de um programa de irrigação. Salienta que a SOP herdou também a condução da construção de uma política de irrigação para o Estado do Rio Grande do Sul. Diz que “Evidentemente não é a secretaria de obras que vai tratar da questão da irrigação isoladamente, até porque não há tradição no Rio Grande do Sul de se construírem políticas públicas envolvendo água setorialmente, mas que a condução, repito, está na Secretaria de Obras.”

Em função disso, em parceria com o Ministério da Integração Nacional, anunciou a elaboração do Plano Diretor de Irrigação no Contexto dos Usos Múltiplos da Água no Estado do Rio Grande do Sul, que recebeu esse nome exatamente para que seja construído por todos os atores envolvidos e para que não se esqueça de que está num contexto de usos múltiplos da água. Para encerrar disse que “É preciso que haja um conjunto de definições de políticas públicas para que a irrigação atinja os objetivos fantásticos e reais que o professor Carlesso expôs para todos nós”.

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SEAPA – Secretaria de Agricultura, Pecuária e Agronegócio – Luciana Maria Scarton

A representante da SEAPA, Sra. Luciana Maria Scarton diz que o programa da Secretaria vem como um complemento aos programas existentes nas outras secretarias. Agradeceu ao professor Carlesso por já ter falado um pouco sobre o programa.

Luciana diz que as discussões sobre o programa começaram no final do ano passado, quando buscaram informações com o professor Carlesso e com o Sistema Irriga, justamente para levantar qual era a situação do Estado em relação à irrigação. Resumidamente, esta é a situação: a cada 10 anos, há sete anos de estiagem; desde 1985, 50 milhões de toneladas de grãos já foram perdidas pelo Estado, trazendo insegurança aos produtores; dificuldade na renda; baixa produtividade; e a questão que chove bem, só que a água é mal distribuída no Estado.

Baseados nessas informações, começaram a montar e discutir com várias entidades, o Programa Mais Água, Mais Renda, e chegaram nos seguintes dados: 2% da área do Estado tem irrigação, sendo 70 mil irrigadas por pivô central, 30 mil por aspersão convencional e 50 mil por irrigação localizada – gotejamento. Então, menos de 3% dos gaúchos estão usando a irrigação por aspersão nos grãos. Como o professor Carlesso falou, é uma questão cultural também, e estamos tentando vencer esse paradigma.

O arroz é a cultura que mais trabalha com a irrigação – é utilizada a irrigação por inundação. Os dados revelam que o uso da irrigação na produção comprovam que ela realmente aumenta a produtividade. No Rio Grande do Sul, em relação à sua produção irrigada, o milho está em oitavo lugar no Brasil, o feijão em décimo e a soja em décimo quinto. Então, realmente, o Rio Grande do Sul está ficando atrás em vários setores por conta das estiagens.

O pasto irrigado, segundo depoimentos de produtores, tem melhorado bastante a produção, tanto do leite quanto da carne. Com base nas discussões que já fazíamos e nas informações que levantamos, no dia 19 de janeiro deste ano, através do decreto 48.814, foi montado um grupo de trabalho para finalizar a proposta do programa. Este Grupo foi formado por representantes do GABINETE DO GOVERNADOR, CASA CIVIL, SEAPA, SDR, SOP, SEMA, BANRISUL, SDPI, SECOM, FEPAM, BRDE, EMATER, FEPAGRO, IRGA, CEEE e BADESUL.

O Programa Mais Água Mais Renda (lançado pelo Governador Tarso Genro em 14/03/2012)

Objetivos:

� Incentivos para Armazenar de Água

� Ampliar a irrigação por aspersão e localizada

� Aumentar a produção e a produtividade

� Aumentar a renda dos agropecuaristas

� Reduzir os efeitos das estiagens na economia dos Municípios e do Estado.

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� Abastecimento de milho para as cadeias de leite, aves, suínos, etc.

Instrumentos:

� Licença Ambiental – construção de açudes até 10 ha de lâmina de água. LO 1991.

� Licença Ambiental - regularização ou ampliação de açudes até 10 ha de lâmina de água. LO 1990.

� Outorga precária – cadastro ICA - irrigar áreas até 100 hectares.

� Incentivos financeiros aos agropecuaristas

� Reembolso de parcelas de financiamentos

� Capacitação de técnicos e produtores

Benefícios ao Produtor:

PÚBLICO BENEFICIÁRIO

LINHA DE CRÉDITO

REEMBOLSO CONCEDIDO

PELO GOVERNO ESTADO RS

PRAZO CARÊNCIA

(Agricultura e Pecuária familiar)

PRONAF 100% da primeira e da última parcela

10 anos 03 anos

Médio Produtor PRONAMP 75% da primeira e da

última parcela 08 anos 03 anos

Outros Produtores MODERINFRA 50% da primeira e da

última parcela 12 anos 03 anos

Obs.: Outras linhas como FINAME PSI poderão ser incluídas nos benefícios do Programa.

Luciana conclui sua apresentação informando que desde o início do Programa, foram recebidas 327 fichas de adesão de produtores, um controle de pré-cadastro, sendo a maioria para a questão da pastagem. Informa que no site da Secretaria estão todas as informações, bem como a ficha de adesão.

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SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente – Marco Mendonça – Diretor Departamento de Recursos Hídricos

O Diretor saúda a todos e inicia sua fala dizendo que a estiagem tem um ponto positivo, que evidencia a necessidade de se fazer gestão de recursos hídricos. Em situação de superávit ninguém se lembra de que a água é um recurso finito e que precisa ser gestionado. “Geralmente se trabalha com a idéia de que a água é um recurso que pode ser usado de qualquer forma e a qualquer momento”, diz.

Lembrou que, no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, há registros de fenômeno La Niña desde 1877. São fenômenos que, embora ocorram no Oceano Pacífico, impactam diretamente aqui no Rio Grande do Sul em anomalias de precipitação: El Niño, superavitário, e La Niña, abaixo da média, dependendo da intensidade.

Marco diz que tivemos fenômenos muito graves no século passado, citando três, que ficaram famosos: 1910, 1917 e 1943. A estiagem deste ano já está abaixo do nível que esteve em 1943.

Pelos dados da SEAPA, percebe-se que os problemas de não ter irrigação não é somente pela legislação ambiental, mas sim pela cultura que há no Estado. Isto é, não há uma cultura para investimento em irrigação. Também existem problemas de infraestrutura, tais como energia elétrica, bombeamento e canalização.

O diretor diz que não existe mágica, nem na iniciativa privada, nem no setor público. Quando não se faz investimento, as coisas não acontecem. Explica que os órgãos ambientais como FEPAM e SEMA foram formados há uns 20 e 12 anos, respectivamente, a partir de uma junção de departamentos de secretarias diferentes, que nunca foram, de fato, integrados.

Foi encaminhada carta-consulta ao Banco Mundial, sobre alguns projetos considerados importantes, um deles é o Sistema Integrado de Regularização Ambiental. Foi visto a necessidade de redefinirem-se os fluxos internos dos procedimentos dos processos, investimento pesado em tecnologia da informação, porque, hoje, embora a tecnologia, tenha avançado muito em diversas áreas, no setor público, demora mais a chegar, e ainda estamos trabalhando como se trabalhava há 20, 30 anos. É necessário fazer esse investimento. Há 15 milhões reservados para isso, a partir da assinatura do financiamento.É provável que em julho/agosto, comecem as contratações com esse fim, diz o diretor.

No caso específico do DRH, em maio deste ano, ingressaram 21 técnicos, que foram aprovados para uma contratação emergencial por esta Casa. O Departamento analisava uma média de 200 e poucos processos por mês; em maio, chegaram a quase 700.

Informa que nos próximos 8 a 10 meses, deverão ter um dos sistemas mais avançados do País para a parte de outorga d’água. Lembrando que a outorga não é uma autorização formal burocrática e a SEMA e a FEPAM não são um cartório. A outorga é mais do que uma autorização administrativa, é como uma garantia que o Estado dá para que o usuário tenha a água que necessita para sua atividade. Para isso, é preciso fazer duas coisas prévias: qual a disponibilidade hídrica e quais os usuários. A partir daí poderemos saber quanta água há disponível. Cada bacia hidrográfica do Estado, possui sua particularidade.

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Informa ainda, que o cadastro de usuários está iniciando. Ele será o processo de porta de entrada da outorga e por isso está colocado no Programa Mais Água, Mais Renda. Esse cadastro é necessário para que possa ser instrumento da gestão dos recursos hídricos. Do contrário, ficaremos apenas carimbando papel e dando cheques em branco, porque, quando uma outorga é concedida sem essas informações, não há garantia real para uma pessoa de que ela terá aquela água.

O diretor anuncia que com a contratação emergencial de servidores, o quadro será bem diferente nos próximos meses e defende a instituição quando falam que se escondem atrás da legislação: Diz que são fiscalizados, com rigor, pelo Ministério Público, e a coordenadora de Meio Ambiente aqui estava, pode confirmar, “realizamos um trabalho de forma independente, mas articulada. Vários projetos são discutidos em conjunto, pois se há uma legislação que regula as atividades, com imperfeições ou não, tem que se pensar se é o caso de fazer alguma mudança na legislação ou se tem também que dotar os organismos do Estado dos instrumentos necessários para que cumpram suas tarefas, porque é muito fácil, por meio de uma legislação, passar uma atribuição para um órgão e não dar nenhuma estrutura, nenhuma condição para que ele a execute”.

Informa que contrataram, em janeiro, a Fundação Getúlio Vargas, para que, no prazo de um ano, faça um diagnóstico e elabore uma proposta de reestruturação do órgão ambiental. “Vamos reformar e reestruturar, fazer uma reengenharia dos órgãos ambientais do Estado do Rio Grande do Sul e no ano que vem já deveremos ter esse desenho mais consolidado”.

Conclui sua fala dizendo que trabalharão para cumprir a missão de garantir proteção ambiental necessária para o ambiente e também atender a população num prazo mínimo adequado na suas licenças e suas outorgas.

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Debates Terminada a apresentação dos órgãos de governo, o Deputado Heitor Schuch

colocou a palavra à disposição do público.

O Sr. Francisco José Wobeto – da Cooperger, de Cândido Godói, manifestou sua preocupação quanto ao fato do cientista Odum ter estado no Estado há mais de 30 anos e não ter sido entendido. Pergunta quantos anos serão necessários para que o palestrante José Artur de Barros Padilha seja também entendido. E diz: “É lamentável, porque enquanto não entendermos como não é preciso gastar energia, luz elétrica, para transferir água de um lugar baixo para um lugar alto, não vamos avançar. Vamos continuar gastando capital natural e provavelmente daqui a 100 anos vamos estar produzindo menos no Estado do Rio Grande do Sul do que hoje, porque o agricultor está certo quando não quer colocar um açude de um hectare e meio, vai perder área.”

Representando o deputado Altemir Tortelli e a Fetraf-Sul, o Sr. Giani Rotta Telles diz que veio de Erechim onde também desempenha as funções de consultor ambiental e faz projetos que vão parar na Fepam. Diz que os problemas com relação à demora na análise dos processos de outorga e de licenciamento ambiental está relacionado ao mal aparelhamento do órgão. É preciso investir na contratação de pessoal e fazer concurso público. Sugere a municipalização dos processos de licenciamento ambiental, mas também com repasse de recursos do Estado para o município para que isso seja feito; segundo ele, já há amparo legal (A Lei Complementar nº 140, que entrou em vigor em dezembro, segundo a qual todos os entes federados da União, Estados e Municípios, podem fazer a gestão do licenciamento do impacto local).

Não havendo mais inscritos, o Deputado Heitor Schuch passou a palavra aos palestrantes para as considerações finais.

Encaminhamentos e Encerramento

O Sr. José Artur Padilha disse que devemos compreender de que modo essas forças ativas da natureza, que renovam solos, armazenam água e dão energia gravitacional, podem ser utilizadas em favor disso tudo. “Temos capacidade para isso e está na nossa mão. Ele também disse que espera não acontecer o que foi dito aqui: de que só a daqui a 30 anos, quando eu já tiver morrido, alguém se lembre que estive aqui. Quero ajudar um pouquinho nessa construção e ver se arrancamos finalmente nessa outra situação”. Afirma que é importante e necessária a integração entre os órgãos governamentais (federal, estadual e municipal). O Base Zero prevê novos métodos de manejo de solo e água, do uso de energia e de produção agrícola como forma de proteger o meio ambiente e aumentar a produção. O objetivo é criar e desenvolver modelos viáveis de infraestrutura e gerenciamento de sistemas para explorar de forma racional os recursos naturais, com base na delimitação de microbacias hidrográficas, promovendo uma nova convivência do homem com o semiárido, baseado no uso comunitário dos recursos naturais. Por fim, lembra a frase que ouviu de um professor e que o fez pensar por muito tempo: “A engenharia é a arte de pôr as forças da natureza a serviço dos propósitos de interesse humano e não de lutar contra eles.”

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O Prof. Reimar Carlesso se diz contente com o debate proposto aqui e com o que conseguimos avançar. É evidente que há restrições, limitações, várias dificuldades para implementar toda uma ação emergencial para suprir estas demandas, por parte do setor produtivo, para a ampliação da área irrigada. Disse também que o colega da SEMA foi feliz na observação que fez sobre a necessidade de aparelhar os órgãos públicos. E relatou sua experiência no Mato Grosso e de como é impressionante a infraestrutura que aquele Estado tem para licenciamentos. Parabeniza o deputado Heitor Schuch pela proposição deste Seminário e desta Subcomissão, salientando o aspecto positivo de que saímos daqui com a certeza de que a irrigação é necessária e uma ferramenta a mais para auxiliar os produtores; é uma segurança de produção, uma certeza de produtividade e uma garantia de renda. Acredita que as outras técnicas são importantes, mas não se pode ignorar que temos as estiagens de três ou quatro semanas, que são frequentes no Rio Grande do Sul e que dificultam a manutenção de uma agricultura tecnificada, tanto para micro, como para médio e grande produtor. Finaliza dizendo que o produtor agrícola, por natureza, preserva o meio ambiente. “Ele sabe que depende da terra para o seu sustento e para o sustento das gerações futuras. O produtor é um ente que preserva a natureza. Temos que proteger esse produtor e não, simplesmente, colocá-lo do outro lado da grade”.

O deputado Heitor Schuch, agradeceu aos painelistas e à TV ASSEMBLÉIA que transmitiu este evento ao vivo para todo o Estado. Agradeceu à Comissão de Agricultura da Assembléia e às assessorias de gabinete dos deputados membros desta Subcomissão. Informou que os temas deste seminário farão parte do relatório da Subcomissão de Irrigação e já aponta algumas considerações daqui retiradas: agilização de licenciamentos, aporte de recursos humanos e técnicos para as áreas de meio ambiente e de irrigação, unificação do gerenciamento dos programas estaduais para irrigação e um maior número de produtores beneficiados. E concluiu: “Se falamos aqui em irrigação, falamos também em proteção do solo, barramento, armazenagem natural no território de irrigação, de melhor gestão das águas, do plano diretor nesse contexto do uso múltiplo das águas.”

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos últimos anos, houve, no Brasil, grande evolução nos conceitos da agricultura irrigada (com grande ênfase para a Região Nordeste). Na visão inicial, a irrigação era vista somente como aplicação de água e tinha como objetivo principal “a luta contra a seca e/ou, a criação de condições de subsistência para os produtores”. No novo conceito, a irrigação evoluiu da simples aplicação de aguar as plantas para um importante instrumento no aumento da produção, produtividade e rentabilidade, bem como a diminuição dos riscos de investimento.

Através do Instituto Rio Grandense do Arroz – IRGA, que foi criado para dinamizar a cultura no Estado, o Rio Grande do Sul tem larga experiência e investimentos na irrigação da cultura do arroz, com o desenvolvimento de pesquisas e assistências técnicas aos orizicultores, sendo referência na geração de tecnologias de arroz irrigado. Necessário expandir esta experiência para outras culturas, que já têm casos concretos de sucesso como a soja, o milho e a pastagem para gado leiteiro.

O Estado do Rio Grande do Sul também têm desenvolvido projetos para combater as secas. Mas são insuficientes, já que um dos problemas está no armazenamento da água nos períodos de chuva. Acaba-se gastando com o seguro agrícola, que na verdade não vai para o produtor e sim para o Banco financiador. Pode-se reduzir o gasto de recursos aplicados em seguro agrícola em mais de R$ 380 milhões.

A Lei 10.350, de 30 de dezembro de 1994, que instituiu o Sistema Estadual de Recursos Hídricos, e regulamentou o artigo 171 da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, sofreu algumas alterações, mas ainda está pendente a definição do Plano Estadual de Recursos Hídricos e a instituição das Agências de Região Hidrográfica. Os especialistas e usuários divergem quanto à instituição dessas agências e de quem faria o controle do uso múltiplo dos recursos hídricos. De qualquer maneira, a sua criação está prevista na Lei 10.350 e depende de regulamentação.

O Plano Estadual de Recursos Hídricos já esteve na pauta de diversos governos e continua em andamento. Coordenado pela SEMA – Secretaria Estadual do Meio Ambiente, sua conclusão está agora prevista para até o final de 2012. É preciso simplificar para eficácia de sua implantação.

O Ministério da Integração Nacional liberou R$ 600 mil e está financiando a elaboração do Plano Diretor de Irrigação para o Estado, no contexto do uso múltiplo da água no Rio Grande do Sul. O projeto é coordenado pela Secretaria de Obras e vai envolver oito secretarias, além dos Comitês de Bacias Hidrográficas, Federações de produtores, pesquisadores, etc.

No Estado do Rio Grande do Sul, neste ano, três Secretarias (SEAPA, SOP e SDR) têm programas de irrigação. Cada uma delas com os seus critérios de seleção e análise dos beneficiários e todas dependem da liberação e licenciamento ambiental da SEMA ou da FEPAM.

Há portanto, no Rio Grande do Sul, grande interesse em combater a estiagem e existem diversas ações isoladas nas secretarias para enfrentá-la, mas o tema irrigação ainda é

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controverso, por isso ainda com poucos resultados práticos ou de pequena abrangência, uma vez que temos problemas com o armazenamento da água e toda a discussão que envolve a distribuição dos recursos hídricos.

O Ministério da Integração Nacional mostrou-se disposto a financiar projetos, inclusive os de barramentos, como os que vimos (Taquarembó e Jaguari), mas que infelizmente não estão com suas obras concluídas porque os projetos foram mal concebidos quando relacionados ao valor total limitado. É inadmissível limitar uma obra desta grandeza com recursos insuficientes. O Estado deve apresentar os projetos para serem financiados e concluídos e precisa desenvolver estudos e projetos que recomendem a melhor forma de fazer a gestão do uso da água na produção agrícola.

Em épocas de seca, os municípios declaram situações de emergência junto à Defesa Civil; o mesmo ocorrendo em períodos de cheias. Estamos entre dois extremos. Diferentemente do Nordeste, que há pouca chuva, no Sul, chove de 1600 a 1800 mm por ano, o que não se pode considerar como um Estado seco. O que temos é uma má distribuição da chuva durante o ano e o Estado tem dificuldades de administrar a abundância de água em alguns períodos. O desafio é fazer o armazenamento da água da chuva para uso complementar na produção agrícola.

Conhecer os sistemas de irrigação é uma das formas de conviver com as estiagens, que afetam o futuro da produção de alimentos. A implantação da irrigação poderá representar o aumento sustentado da produção e produtividade agrícola, e a conseqüente manutenção do homem no campo, bem como o desenvolvimento do estado que terá mais arrecadação, menos gastos com tentativas de minimizar os efeitos da seca, como subsídio para seguro agrícola / cartão seca, entre outros.

A irrigação consome menos de 1,4% da capacidade de geração de energia no Brasil. Para alimentar um brasileiro com produtos de origem vegetal é necessário gastar cerca de 400 litros de água por dia, proveniente da chuva ou complementada pela irrigação. Os dimensionamentos dos sistemas de irrigação devem estar adequados às necessidades das culturas e às condições da unidade produtiva no Rio Grande do Sul. A tendência é a de produzir com o menor uso de água possível, por hectare.

Sem a irrigação os gastos em energia, água, insumos e mão de obra podem se transformar em perdas e não em renda. A irrigação também possibilita aumento no número de safras agrícolas e colheita na entressafra de alguns produtos. Cada hectare irrigado multiplica a produtividade.

Estado e agricultor devem pensar a tomada de decisão pela irrigação como investimento e contra o custo das perdas repetidas de safras agrícolas no Rio Grande do Sul.

É necessário que se encontre uma solução permanente e que haja a continuidade de projetos e programas. Necessário também se considerar o mapa da estiagem no estado, para a implementação de um sistema de irrigação, bem como mensurar o impacto financeiro da seca.

Portanto, é fundamental que a gestão do uso da água pela irrigação seja racional, econômica e ecologicamente sustentável. Como em todo mundo, a sociedade tem que entender a importância da agricultura irrigada e como tal tem que ter tratamento especial para viabilizar sua implementação. Temos que reconhecer também a importância do sistema da

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coleta e do armazenamento das águas de chuva bem como as águas que alimentam os mananciais, córregos e rios.

ALGUNS FATORES LIMITANTES PARA EXPANSÃO DA IRRIGAÇÃO:

Falta de planejamento integrado no Estado;

Subutilização dos recursos hídricos e do solo em áreas já dotadas de infraestrutura de irrigação e drenagem;

Conflitos entre usuários das bacias hidrográficas e responsabilidade dos governos em atender as necessidades de todos os usuários;

Falta de informações sobre o custo dos efeitos climáticos (secas e cheias) - dados dispersos em diversos órgãos do estado;

Falta de servidores nas áreas de licenciamento e de pesquisa (tecnológica e econômica);

Desafios ambientais, tais como a outorga e armazenagem d’água, APPs, licenciamento (prazos);

Limitação de linhas de financiamento com elevado custo e exigências hipotecárias que dificultam o acesso à tecnologia atualizada;

Dificuldade de acesso a linha de crédito especial para irrigação para aquisição de máquinas e equipamentos apesar de existirem linhas de financiamentos neste campo;

Foco nas grandes obras, faltando atenção ao pequeno produtor;

Infraestrutura concentrada geograficamente, nem sempre respeita os critérios técnicos;

Precária qualidade da energia elétrica e outras infraestruturas;

Custo da tecnologia elevado para a maioria dos produtores

Escassez de técnicos para assistir e proteger os sistemas de irrigação no RS

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SUGESTÕES / PROPOSIÇÕES

1. O Governo do Estado fazer da Irrigação uma de suas prioridades para o Rio Grande do Sul;

2. Que o Estado do RS tenha um único Órgão Gestor, para deliberar sobre todos os programas de irrigação;

3. Instituir um Sistema Estadual Unificado de Informações sobre Irrigação – SEUII, com informações sobre:

• as áreas irrigadas, as culturas beneficiadas, os métodos e técnicas de irrigação;

• o inventário dos recursos hídricos e as informações hidrológicas das bacias hidrográficas (já existe no MAPA/RS, um inventário para a parte norte do Estado);

• o mapeamento de solos com aptidão para a agricultura irrigada;

• a agroclimatologia;

• a infraestrutura de suporte à produção agrícola irrigada;

• a disponibilidade de energia elétrica e de outras fontes de energia para a irrigação;

• as informações socioeconômicas do agricultor e das culturas irrigadas;

• as áreas públicas do Estado, suas autarquias, fundações, empresas públicas e sociedade de economia mista aptas para desenvolvimento de projeto de irrigação.

4. Constituir um Fundo Estadual para Irrigação com recursos federais e estaduais a ser gerido por um Conselho Estadual de Irrigação;

5. Criar um fórum de arbitragem para resolver conflitos do uso d’água;

6. Agilização nos processos de licenciamentos em andamento e estabelecer critérios para prévia autorização de outorga d’água (outorga precária);

7. Desenvolver sistemas de armazenamento de águas que evite ao máximo o potencial de evapotranspiração - Conhecer melhor o Conceito Base Zero, de Desenvolvimento Rural Sustentável, descrito pelo Eng. José Artur Padilha;

8. Dar continuidade a projetos já existentes, tais como a construção de açudes e barragens. Aprofundar os motivos que levaram Odebrecht a gastar 125% do orçamento previsto e não ter concluído a obra (auditoria);

9. Regularização, ampliação e construção de novos açudes e cisternas - Governo Federal conceder o mesmo tratamento dado à Região Nordeste no que se refere à construção de cisternas;

10. Organizar estruturas permanentes técnico-administrativas para dar suporte aos programas a fim de aperfeiçoar o uso da água na agricultura irrigada - Implantar instrumentos de acompanhamento e controle contra o desperdício de recursos hídricos;

11. Garantir assistência técnica e extensão rural ao agricultor familiar irrigante, em projetos públicos e privados de irrigação, através do IRGA, da EMATER e outras instituições;

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12. Investir na formação de técnicos, ampliando e qualificando os Recursos Humanos do Estado;

13. Realizar convênios com prefeituras, cooperativas e sindicatos para elaboração de projetos de irrigação, bem como treinamento de produtores;

14. Estimular a organização dos agricultores irrigantes mediante a constituição de associações ou cooperativas de produtores (produção coletiva);

15. Os projetos públicos e privados de irrigação poderão receber incentivos fiscais e/ou subsídios observando as regiões com os mais baixos indicadores de desenvolvimento social e econômico, bem como as consideradas prioritárias para o desenvolvimento e diminuição das desigualdades regionais;

16. Promover o uso de tecnologias que permitam o aumento da produtividade e redução dos custos, tais como diminuição do consumo de energia e perdas de água (Fepagro e outras instituições de pesquisa);

17. Investimentos (público e das concessionárias) para o aumento de carga de energia elétrica nas regiões que necessitam de irrigação;

18. Facilitar o acesso a linhas de créditos, especiais para irrigação para a aquisição de máquinas e equipamentos, ajustados às características da unidade produtiva;

19. Implantação do Zoneamento Ecológico e Econômico conforme determina a legislação federal (Política Nacional do Meio Ambiente);

20. Integração entre os órgãos governamentais (federal, estadual e municipal);

21. MAPA e MDA – estabelecer um sobreteto de 30% sobre o valor de custeio para culturas de sequeiro com irrigação;

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EQUIPE

Assessoria Técnico-Administrativa:

Tarcísio Minetto Marlow Granato Velasquez

Servidores do Gabinete Deputado Heitor Schuch Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo – ALRS

Colaboração Ricardo José Núncio – Engenheiro Agrônomo

Luis Alberto da Silva Bairros – Diretor do Badesul Junico Antunes – Secretário Adjunto da SPDI

Fúlvio Petracco – Engenheiro

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REFERÊNCIAS

IRGA - http://www.irga.rs.gov.br/

MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário - http://www.mda.gov.br/portal/

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - http://www.agricultura.gov.br/

Ministério da Integração Nacional - http://www.mi.gov.br/index3.asp

CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento - http://www.conab.gov.br/

ANA – Agência Nacional das Águas

Wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Arroz

Arroz Cristal: http://www.arrozcristal.com.br/site/Institucional.do?vo.chave=historiaarroz

Guacira Alimentos : http://www.guacira.com.br/curiosid. Php

ABIMAQ - http://www.agr.feis.unesp.br/csei.pdf

SEMA - http://www.sema.rs.gov.br/

SOP - http://www.sop.rs.gov.br/ / http://soprs.wordpress.com/

SEAPA - http://www.saa.rs.gov.br/

SDR - http://www.sdr.rs.gov.br/

EMATER

FecoAgro-RS

Fetag-RS

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ANEXOS

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CAPÍTULO I DA POLÍTICA ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS

Seção I

Dos Objetivos e Princípios

Art. 1º - A água é um recurso natural de disponibilidade limitada e dotado de valor econômico que, enquanto bem público de domínio do Estado, terá sua gestão definida através de uma Política de Recursos Hídricos, nos termos desta Lei.

Parágrafo único - Para os efeitos desta Lei, os recursos hídricos são considerados na unidade do ciclo hidrológico, compreendendo as fases aérea, superficial e subterrânea, e tendo a bacia hidrográfica como unidade básica de intervenção.

Art. 2º - A Política Estadual de Recursos Hídricos tem por objetivo promover a harmonização entre os múltiplos e competitivos usos dos recursos hídricos e sua limitada e aleatória disponibilidade temporal e espacial, de modo a:

I - assegurar o prioritário abastecimento da população humana e permitir a continuidade e desenvolvimento das atividades econômicas;

II - combater os efeitos adversos das enchentes e estiagens, e da erosão do solo;

III - impedir a degradação e promover a melhoria de qualidade e o aumento da capacidade de suprimento dos corpos de água, superficiais e subterrâneos, a fim de que as atividades humanas se processem em um contexto de desenvolvimento sócio-econômico que assegure a disponibilidade dos recursos hídricos aos seus usuários atuais e às gerações futuras, em padrões quantitativa e qualitativamente adequados.

Art. 3º - A Política Estadual de Recursos Hídricos reger-se-á pelos seguintes princípios:

I - Todas as utilizações dos recursos hídricos que afetam sua disponibilidade qualitativa ou quantitativa, ressalvadas aquelas de caráter individual, para satisfação de necessidades básicas da vida, ficam sujeitas à prévia aprovação pelo Estado;

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II - a gestão dos recursos hídricos pelo Estado processar-se-á no quadro do ordenamento territorial, visando à compatibilização do desenvolvimento econômico e social com a proteção do meio ambiente;

III - os benefícios e os custos da utilização da água devem ser equitativamente repartidas através de uma gestão estatal que reflita a complexidade de interesses e possibilidades regionais, mediante o estabelecimento de instâncias de participação dos indivíduos e das comunidades afetadas;

IV - as diversas utilizações da água serão cobradas, com a finalidade de gerar recursos para financiar a realização das intervenções necessárias à utilização e à proteção dos recursos hídricos, e para incentivar a correta utilização da água;

V - é dever primordial do Estado oferecer à sociedade, periodicamente, para conhecimento, exame e debate, relatórios sobre o estado quantitativo e qualitativo dos recursos hídricos.

Seção 2

Das Diretrizes

Art. 4º - São diretrizes específicas da Política Estadual de Recursos Hídricos:

I - descentralização da ação do Estado por regiões e bacias hidrográficas;

II - participação comunitária através da criação de Comitês de Gerenciamento de Bacias Hidrográficas congregando usuários de água, representantes políticos e de entidades atuantes na respectiva bacia;

III - compromisso de apoio técnico por parte do Estado através da criação de Agências de Região Hidrográfica incumbidas de subsidiar com alternativas bem definidas do ponto de vista técnico, econômico e ambiental, os Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica que compõe a respectiva região;

IV - integração do gerenciamento dos recursos hídricos e do gerenciamento ambiental através da realização de Estudos de Impacto Ambiental e respectivos Relatórios de Impacto Ambiental, com abrangência regional, já na fase de planejamento das intervenções nas bacias;

V - articulação do Sistema Estadual de Recursos Hídricos com o Sistema Nacional destes recursos e com Sistemas Estaduais ou atividades afins, tais como de planejamento territorial, meio ambiente, saneamento básico, agricultura e energia;

VI - compensação financeira, através de programas de desenvolvimento promovidos pelo Estado, aos municípios que sofram prejuízos decorrentes da inundação de áreas por reservatórios ou restrições decorrentes de leis de proteção aos mananciais;

VII - incentivo financeiro aos municípios afetados por áreas de proteção ambiental de especial interesse para os recursos hídricos, com recursos provenientes do produto da participação, ou da compensação financeira do Estado no resultado da exploração de potenciais hidroenergéticos em seu território, respeitada a Legislação Federal.

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CAPÍTULO II

DO SISTEMA DE RECURSOS HÍDRICOS DO RIO GRANDE DO SUL

Art. 5º - Integram o Sistema de Recursos Hídricos, o Conselho de Recursos Hídricos, o Departamento de Recursos Hídricos, os Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica e as Agências de Região Hidrográfica.

Parágrafo único - Para os efeitos desta Lei, integrará ainda o Sistema o órgão ambiental do Estado.

Seção 1

Dos Objetivos

Art. 6º - São objetivos do Sistema de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul:

I - a execução e atualização da Política Estadual de Recursos Hídricos;

II - a proposição, execução e atualização do Plano Estadual;

III - a proposição, execução e atualização dos Planos de Bacias Hidrográficas;

IV - a instituição de mecanismos de coordenação e integração do planejamento e da execução das atividades públicas e privadas no setor hídrico;

V - a compatibilização da Política Estadual com a Política Federal sobre a utilização e proteção dos recursos hídricos no Estado.

Seção 2

Do Conselho de Recursos Hídricos do Rio Grande Do Sul

Art. 7º - Fica instituído o Conselho de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul, como instância deliberativa superior do Sistema de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul, cujo Presidente será o Secretário do Meio Ambiente e o Vice-Presidente será o Secretário das Obras Públicas e Saneamento, e integrado por: (Redação dada pela Lei n° 11.560/00)

I - Secretários de Estado cujas atividades se relacionem com a gestão dos recursos hídricos, o planejamento estratégico e a gestão financeira do Estado;

II - sete representantes dos Comitês de Gerenciamento das Bacias Hidrográficas, garantido no mínimo um para cada região hidrográfica em que se divide o Estado e um representante dos Comitês das bacias transfronteiriças. (Redação dada pela Lei n° 11.685/01)

§ 1° - Integrarão, ainda, o Conselho, mediante convite do Governador do Estado, um representante, respectivamente, do Sistema Nacional do Meio Ambiente e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. (Renumerado pela Lei n° 11.685/01)

§ 2º - Os Secretários de Estado que integrarão o Conselho de que trata o inciso I deste artigo serão designados mediante regulamentação. (Incluído pela Lei n° 11.685/01)

Art. 8º - Compete ao Conselho de Recursos Hídricos:

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I - propor alterações na Política Estadual de Recursos Hídricos a serem encaminhadas na forma de proposta de projeto de lei ao Governador do Estado;

II - opinar sobre qualquer proposta de alteração da Política Estadual de Recursos Hídricos;

III - apreciar o anteprojeto de lei do Plano Estadual de Recursos Hídricos previamente ao seu encaminhamento ao Governador do Estado e acompanhar sua implementação;

IV - aprovar os relatórios anuais sobre a situação dos recursos hídricos do Rio Grande do Sul;

V - aprovar critérios de outorga do uso da água;

VI - aprovar os regimentos dos Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica;

VII - decidir os conflitos de uso de água em última instância no âmbito do Sistema de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul;

VIII - representar o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através de seu presidente, junto aos órgãos federais e entidades internacionais que tenham interesses relacionados aos recursos hídricos do Estado;

IX - elaborar seu Regimento Interno.

Parágrafo único - As deliberações do Conselho serão tomadas pela maioria de seus membros.

Art. 9º - O Conselho será assistido em suas funções administrativas por uma Secretaria-Executiva e em suas funções técnicas pelo Departamento de Recursos Hídricos da Secretaria do Meio Ambiente. (Redação dada pela Lei n° 11.560/00)

Seção 3

Do Departamento de Recursos Hídricos Art. 10 - Fica criado na Secretaria do Meio Ambiente - SEMA, o Departamento de

Recursos Hídricos, como órgão de integração do Sistema de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul. (Redação dada pela Lei n° 11.560/00)

Art. 11 - Compete ao Departamento de Recursos Hídricos:

I - elaborar o anteprojeto de lei do Plano Estadual de Recursos Hídricos através da compatibilização das propostas encaminhadas pelos Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica com os planos e diretrizes setoriais do Estado, relativos às atividades que interferem nos recursos hídricos;

II - coordenar e acompanhar a execução do Plano Estadual de Recursos Hídricos, cabendo-lhe, em especial:

a) propor ao Conselho de Recursos Hídricos critérios para a outorga do uso da água dos corpos de água sob domínio estadual e expedir as respectivas autorizações de uso;

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b) regulamentar a operação e uso dos equipamentos e mecanismos de gestão dos recursos hídricos, tais como redes hidrometeorológicas, banco de dados hidrometeorológicos, cadastros de usuários das águas;

c) elaborar o relatório anual sobre a situação dos recursos hídricos no Estado para apreciação pelos Comitês, na forma do Artigo 19, IV, com vista à sua divulgação pública.

III - assistir tecnicamente o Conselho de Recursos Hídricos.

Seção 4 Dos Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica

Art. 12 - Em cada bacia hidrográfica será instituído um Comitê de Gerenciamento de

Bacia Hidrográfica, ao qual caberá a coordenação programática das atividades dos agentes públicos e privados, relacionados aos recursos hídricos, compatibilizando, no âmbito espacial da sua respectiva bacia, as metas do Plano Estadual de Recursos Hídricos com a crescente melhoria da qualidade dos corpos de água.

Art. 13 - Cada Comitê será constituído por:

I - representantes dos usuários da água, cujo peso de representação deve refletir, tanto quanto possível, sua importância econômica na região e o seu impacto sobre os corpos de água;

II - representantes da população da bacia, seja diretamente provenientes dos poderes legislativos municipais ou estaduais, seja por indicação de organizações e entidades da sociedade civil;

III - representantes dos diversos órgãos da administração direta federal e estadual, atuantes na região e que estejam relacionados com os recursos hídricos, excetuados aqueles que detém competências relacionadas à outorga do uso da água ou licenciamento de atividades potencialmente poluidoras.

Parágrafo único - Entende-se como usuários da água indivíduos, grupos, entidades públicas e privadas e coletividades que, em nome próprio ou no de terceiros, utilizam os recursos hídricos como:

a) insumo em processo produtivo ou para consumo final;

b) receptor de resíduos;

c) meio de suporte de atividades de produção ou consumo.

Art. 14 - Na composição dos grupos a que se refere o artigo anterior deverá ser observada a distribuição de 40% de votos para representantes do grupo definido no inciso I, 40% de votos para representantes do grupo definido no inciso II e 20% para os representantes do grupo definido no inciso III.

Art. 15 - Os órgãos e entidades federais, estaduais ou municipais que, na bacia hidrográfica, exerçam atribuições relacionadas à outorga do uso da água ou licenciamento de atividades potencialmente poluidoras terão assento nos Comitês e participarão nas suas deliberações, sem direito de voto.

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Art. 16 - Os Comitês serão presididos por um de seus integrantes pertencente aos grupos definidos nos incisos I ou II do artigo 13, eleito por seus pares, para um mandato de 2 anos, permitida a recondução.

Art. 17 - Todos os integrantes de um Comitê deverão ter plenos poderes de representação dos órgãos ou entidades de origem.

Art. 18 - A indicação da composição dos membros de cada Comitê, bem como as normas básicas de orientação e de elaboração do respectivo Regimento Interno, serão estabelecidas por decreto do Poder Executivo do Estado.

Art. 19 - Os Comitês têm como atribuições:

I - encaminhar ao Departamento de Recursos Hídricos a proposta relativa à bacia hidrográfica, contemplando, inclusive, objetivos de qualidade, para ser incluída no anteprojeto de lei do Plano Estadual de Recursos Hídricos;

II - conhecer e manifestar-se sobre o anteprojeto de lei do Plano Estadual de Recursos Hídricos previamente ao seu encaminhamento ao Governador do Estado;

III - aprovar o Plano da respectiva bacia hidrográfica e acompanhar sua implementação;

IV - apreciar o relatório anual sobre a situação dos recursos hídricos do Rio Grande do Sul;

V - propor ao órgão competente o enquadramento dos corpos de água da bacia hidrográfica em classes de uso e conservação;

VI - aprovar os valores a serem cobrados pelo uso da água da bacia hidrográfica;

VII - realizar o rateio dos custos de obras de interesse comum a serem executados na bacia hidrográfica;

VIII - aprovar os programas anuais e plurianuais de investimentos em serviços e obras de interesse da bacia hidrográfica tendo por base o Plano da respectiva bacia hidrográfica;

IX - compatibilizar os interesses dos diferentes usuários da água, dirimindo, em primeira instância, os eventuais conflitos.

Seção 5

Das Agências de Região Hidrográfica

Art. 20 - Às Agências de Região Hidrográfica, a serem instituídas por Lei como integrantes da Administração Indireta do Estado, caberá prestar o apoio técnico ao Sistema Estadual de Recursos Hídricos, incluindo, entre suas atribuições, as de:

I - assessorar tecnicamente os Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica na elaboração de proposições relativas ao Plano Estadual de Recursos Hídricos, no preparo dos Planos de Bacia Hidrográfica, bem como na tomada de decisões políticas que demandem estudos técnicos;

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II - subsidiar os Comitês com estudos técnicos, econômicos e financeiros necessários à fixação dos valores de cobrança pelo uso da água e rateio de custos de obras de interesse comum da bacia hidrográfica;

III - subsidiar os Comitês na proposição de enquadramento dos corpos de água da bacia em classes de uso e conservação;

IV - subsidiar o Departamento de Recursos Hídricos na elaboração do relatório anual sobre a situação dos recursos hídricos do Estado e do Plano Estadual de Recursos Hídricos;

V - manter e operar os equipamentos e mecanismos de gestão dos recursos hídricos mencionados no artigo 11, II, b).

VI - arrecadar e aplicar os valores correspondentes à cobrança pelo uso da água de acordo com o Plano de cada bacia hidrográfica.

CAPÍTULO III

DO PLANEJAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS

Art. 21 - Os objetivos, princípios e diretrizes da Política Estadual de Recursos Hídricos, definidos nesta Lei, serão discriminados no Plano Estadual de Recursos Hídricos e nos planos de Bacias Hidrográficas.

Seção I

Do Plano Estadual de Recursos Hídricos

Art. 22 - O Plano Estadual de Recursos Hídricos, a ser instituído por lei, com horizonte de planejamento não inferior a 12 anos e atualizações periódicas, provadas até o final do segundo ano de mandato do Governador do Estado, terá abrangência estadual, com detalhamento por bacia hidrográfica.

Art. 23 - Serão elementos constitutivos do Plano Estadual de Recursos Hídricos:

I - a tradução dos objetivos da Política Estadual de Recursos Hídricos em metas a serem alcançadas em prazos definidos;

II - a ênfase nos aspectos quantitativos, de forma compatível com os objetivos de qualidade de água, estabelecidos a partir das propostas dos Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica;

III - o inventário das disponibilidades hídricas presentes e das estruturas de reservação existentes;

IV - o inventário dos usos presentes e dos conflitos resultantes;

V - a projeção dos usos e das disponibilidades de recursos hídricos e os conflitos potenciais;

VI - a definição e as análises pormenorizadas das áreas críticas, atuais e potenciais;

VII - as diretrizes para a outorga do uso da água, que considerem a aleatoriedade das projeções dos usos e das disponibilidades de água;

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VIII - as diretrizes para a cobrança pelo uso da água;

IX - o limite mínimo para a fixação dos valores a serem cobrados pelo uso da água.

Parágrafo único - O Plano Estadual de Recursos Hídricos contemplará também os programas de desenvolvimento nos municípios a que se referem os incisos VI e VII do artigo 4º.

Art. 24 - O Plano Estadual de Recursos Hídricos será elaborado com base nas propostas encaminhadas pelos Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica, e levará em conta, ainda:

I - propostas apresentadas individual ou coletivamente por usuários da água;

II - planos regionais e setoriais de desenvolvimento;

III - tratados internacionais;

IV - estudos, pesquisas e outros documentos públicos que possam contribuir para a compatibilização e consolidação das propostas a que se refere o "caput".

Parágrafo único - O Plano Estadual de Recursos Hídricos considerará, obrigatoriamente, a variável ambiental através da incorporação, ao nível do planejamento de cada bacia hidrográfica, de Estudos de Impacto Ambiental e respectivos Relatórios de Impacto Ambiental, de modo a conter um juízo prévio de viabilidade do licenciamento ambiental global, sem prejuízo do licenciamento nos termos da legislação vigente.

Art. 25 - Com a finalidade de permitir a avaliação permanente da execução do Plano Estadual de Recursos Hídricos, o Poder Executivo, através do Departamento Estadual de Recursos Hídricos, publicará, até 30 de abril de cada ano, o relatório sobre a situação dos recursos hídricos no Estado.

Seção 2

Dos Planos de Bacia Hidrográfica

Art. 26 - Os Planos de Bacia Hidrográfica têm por finalidade operacionalizar, no âmbito de cada bacia hidrográfica, por um período de 4 anos, com atualizações periódicas a cada 2 anos, as disposições do Plano Estadual de Recursos Hídricos, compatibilizando os aspectos quantitativos e qualitativos, de modo a assegurar que as metas e usos previstos pelo Plano Estadual de Recursos Hídricos sejam alcançados simultaneamente com melhorias sensíveis e contínuas dos aspectos qualitativos dos corpos de água.

Art. 27 - Serão elementos constitutivos dos Planos de Bacia Hidrográfica:

I - objetivos de qualidade a serem alcançados em horizontes de planejamento não inferiores ao estabelecido no Plano Estadual de Recursos Hídricos, nos termos do artigo 22.

II - programas das intervenções estruturais e não-estruturais e sua especialização;

III - esquemas de financiamento dos programas a que se refere o inciso anterior, através de:

a) determinação dos valores cobrados pelo uso da água;

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b) rateio dos investimentos de interesse comum;

c) previsão dos recursos complementares alocados pelos orçamentos públicos e privados na bacia.

Art. 28 - Os Planos de Bacia Hidrográfica serão elaborados pelas Agências de Região Hidrográfica e aprovados pelos respectivos Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica.

CAPÍTULO IV

DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

Seção I Da Outorga do Uso dos Recursos Hídricos

Art. 29 - Dependerá da outorga do uso da água qualquer empreendimento ou

atividade que altere as condições quantitativas e qualitativas, ou ambas, das águas superficiais ou subterrâneas, observado o Plano Estadual de Recursos Hídricos e os Planos de Bacia Hidrográfica.

§ 1º - A outorga será emitida pelo Departamento de Recursos Hídricos mediante autorização ou licença de uso, quando referida a usos que alterem as condições quantitativas das águas.

§ 2º - O órgão ambiental do Estado emitirá a outorga quando referida a usos que afetem as condições qualitativas das águas.

Art. 30 - A outorga de que trata o artigo anterior será condicionada às prioridades de uso estabelecidas no Plano Estadual de Recursos Hídricos e no Plano de Bacia Hidrográfica.

Art. 31 - São dispensados da outorga os usos de caráter individual para satisfação das necessidades básicas da vida.

Seção 2

Da Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos

Art. 32 - Os valores arrecadados na cobrança pelo uso da água serão destinados a aplicações exclusivas e não transferíveis na gestão dos recursos hídricos da bacia hidrográfica de origem:

I - a cobrança de valores está vinculada à existência de intervenções estruturais e não estruturais aprovadas para a respectiva bacia, sendo vedada a formação de fundos sem que sua aplicação esteja assegurada e destinada no Plano de Bacia Hidrográfica;

II - até 8% (oito por cento) dos recursos arrecadados em cada bacia poderão ser destinados ao custeio dos respectivos Comitê e Agência de Região Hidrográfica;

III - até 2% (dois por cento) dos recursos arrecadados em cada bacia poderão ser destinados ao custeio das atividades de monitoramento e fiscalização do órgão ambiental do Estado desenvolvidas na respectiva bacia.

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Art. 33 - O valor da cobrança será estabelecido nos planos de Bacia Hidrográfica, obedecidas as seguintes diretrizes gerais:

I - na cobrança pela derivação da água serão considerados:

a) o uso a que a derivação se destina;

b) o volume captado e seu regime de variação;

c) o consumo efetivo;

d) a classe de uso preponderante em que estiver enquadrado o corpo de água onde se localiza a captação;

II - na cobrança pelo lançamento de efluentes de qualquer espécie serão considerados:

a) a natureza da atividade geradora do efluente;

b) a carga lançada e seu regime de variação, sendo ponderados na sua caracterização, parâmetros físicos, químicos, biológicos e toxicidade dos efluentes;

c) a classe de uso preponderante em que estiver enquadrado o corpo de água receptor;

d) o regime de variação quantitativa e qualitativa do corpo de água receptor.

Parágrafo único - No caso do inciso II, os responsáveis pelos lançamentos não ficam desobrigados do cumprimento das normas e padrões ambientais.

Seção 3

Do Rateio de Custo de Obras de Uso e Proteção dos Recursos Hídricos

Art. 34 - As obras de uso múltiplo, ou de interesse comum ou coletivo, terão seus custos rateados, direta ou indiretamente, segundo critérios e normas a serem estabelecidos pelo regulamento desta Lei, atendidos os seguintes procedimentos:

I - prévia negociação, realizada no âmbito do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica pertinente, para fins de avaliação do seu potencial de aproveitamento múltiplo e conseqüente rateio de custos entre os possíveis beneficiários;

II - previsão de formas de retorno dos investimentos públicos ou justificada circunstanciadamente a destinação de recursos a fundo perdido;

III - concessão de subsídios somente no caso de interesse público relevante e na impossibilidade prática de identificação de beneficiados para o conseqüente rateio de custos.

CAPÍTULO V DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES

Art. 35 - Constituem infrações para os efeitos desta Lei e de seu Regulamento:

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I - utilizar os recursos hídricos para qualquer finalidade, com ou sem derivação, sem a respectiva outorga do uso ou em desacordo com as condições nela estabelecidas;

II - iniciar a implantação ou implantar empreendimento ou exercer atividade relacionada com a utilização de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, que implique alterações no regime, quantidade ou qualidade das águas, sem aprovação dos órgãos ou entidades competentes;

III - executar a perfuração de poços ou a captação de água subterrânea sem a devida aprovação;

IV - fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos;

V - descumprir determinações normativas ou atos emanados das autoridades competentes visando a aplicação desta Lei e de seu regulamento;

VI - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no exercício de suas funções.

Art. 36 - Sem prejuízo das sanções civis e penais cabíveis, as infrações acarretarão a aplicação das seguintes penalidades:

I - advertência por escrito, na qual poderão ser estabelecidos prazos para correção das irregularidades, sob pena de multa;

II - multa, simples ou diária, de 100 (cem) a 1000 (mil) vezes o valor da UPF/RS, ou outro índice que a substituir, mediante conservação de valores;

III - intervenção administrativa, por prazo determinado para execução de obras necessárias ao efetivo cumprimento das condições de outorga ou para cumprimento de normas referentes ao uso, controle e proteção dos recursos hídricos;

IV - embargo definitivo, com revogação ou cassação da outorga, se for o caso, para repor incontinenti, no seu antigo estado, os recursos hídricos, leitos e margens, nos termos dos artigos 58 e 59 do Código de Águas ou tamponar os poços de água subterrânea;

§ 1º - No caso dos incisos III e IV, independentemente da pena de multa, serão cobradas ao infrator as despesas em que incorrer a Administração para tornar efetivas as medidas previstas nos citados incisos, na forma dos artigos 36, 53, 56 e 58 do Código de Águas, sem prejuízo de responder pela indenização dos danos a que der causa.

§ 2º - Na aplicação da penalidade de multa, a autoridade levará em consideração a capacidade econômico-financeira do infrator, bem como sua escolaridade.

§ 3º - Sempre que da infração cometida resultar prejuízo a serviço público de abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou animais, ou prejuízo de qualquer natureza a terceiros, independentemente da revogação ou cassação da outorga, a multa a ser aplicada nunca será inferior à metade do valor máximo previsto no inciso II.

§ 4º - Em caso de reincidência, a multa será aplicada pelo valor correspondente ao dobro da anteriormente imposta.

Art. 37 - Da imposição de multa caberá recurso ao Secretário do Meio Ambiente e, em última instância, ao Conselho de Recursos Hídricos. (Redação dada pela Lei n° 11.560/00)

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CAPÍTULO VI

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 38 - Para fins de gestão dos recursos hídricos o Estado do Rio Grande do Sul fica dividido nas seguintes regiões hidrográficas:

I - Região Hidrográfica da Bacia do Rio Uruguai, compreendendo as áreas de drenagem do Rio Uruguai e do Rio Negro;

II - Região Hidrográfica da Bacia do Guaíba, compreendendo as áreas de drenagem do Guaíba;

III - Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas, compreendendo as áreas de drenagem dos corpos de água não incluídos nas Regiões Hidrográficas definidas nos incisos anteriores.

Parágrafo único - A subdivisão das regiões de que trata este artigo em Bacias Hidrográficas será estabelecida por decreto do Governador.

Art. 39 - Os Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica serão criados por Decreto no prazo de 1 (um) ano contados da promulgação desta Lei.

Parágrafo único - O Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, criado pelo Decreto nº 32.774, de 17 de março de 1988, o Comitê de Gerenciamento da Bacia do Rio Gravataí, criado pelo Decreto nº 33.125, de 15 de fevereiro de 1989 e o Comitê de Gerenciamento da Bacia do Rio Santa Maria, criado pelo Decreto nº 35.103, de 1º de fevereiro de 1994, deverão adaptar-se ao disposto nesta Lei, no prazo de 90 dias, a contar da publicação do Decreto a que se refere o artigo 18.

Art. 40 - A implantação da cobrança pelo uso da água será feita de forma gradativa, atendidas as seguintes providências:

I - desenvolvimento de programa de comunicação social sobre a necessidade econômica, social, cultural e ambiental da utilização racional e proteção da água, com ênfase para a educação ambiental;

II - implantação de um sistema de informações hidrometeorológicas e de cadastro dos usuários de água;

III - implantação do sistema integrado de outorga do uso da água, devidamente compatibilizado com sistemas correlacionados de licenciamento ambiental e metropolitano.

Parágrafo único - O sistema integrado de outorga do uso da água, previsto no inciso III, abrangerá os usos existentes, os quais deverão adequar-se ao disposto nesta Lei, mediante a expedição das respectivas outorgas.

Art. 41 - O primeiro Plano Estadual de Recursos Hídricos será elaborado até 1 (um) ano após a aprovação desta Lei, observando os seguintes critérios:

I - nas bacias hidrográficas onde existam Comitês em operação será observado o disposto no "caput" do artigo 24.

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II - nas bacias hidrográficas onde não estejam ainda em operação Comitês, caberá ao DRH (Departamento de Recursos Hídricos) a coordenação da elaboração das propostas relacionadas a estas bacias;

III - atendimento, no mínimo, do disposto nos incisos III a VI do artigo 23, sem prejuízo do cumprimento integral dos demais dispositivos pertinentes ao Plano Estadual de Recursos Hídricos, desde que seja viável no prazo a que se refere o "caput" deste artigo.

Art. 42 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 43 - Ficam revogadas a Lei nº 8.735, de 4 de novembro de 1988 e as demais disposições em contrário.

PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 30 de dezembro de 1994.

Legislação compilada pelo Gabinete de Consultoria Legislativa.

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