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Este estudo aborda a transição para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto (UPorto) do ano letivo de 2008/09 e vem na sequência de outros, de natureza semelhante, realizados no âmbito do Observatório do Emprego daquela instituição. Especificamente abrangem-se licenciados (1º ciclo), mestres (2º ciclo), mestres (mestrados integrados) e licenciados pré-Bolonha1. População que foi inquirida entre Abril e Junho de 2011, cerca de 23 meses após a conclusão dos seus cursos.
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Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
2
Ficha Tcnica
Autores: Carlos Manuel Gonalves e Isabel Menezes
Ttulo: Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
Universidade do Porto e autores
Dezembro 2011
e-ISBN: 978-989-8265-81-4
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
3
Carlos Manuel Gonalves
Isabel Menezes
TRANSIO PARA O TRABALHO DOS DIPLOMADOS PELA
UNIVERSIDADE DO PORTO EM 2009
UNIVERSIDADE DO PORTO
Observatrio do Emprego
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
4
NDICE
INTRODUO 6
1. METODOLOGIA 8
2. LICENCIADOS (1 CICLO) 12
2.1. CARACTERIZAO SOCIODEMOGRFICA 12
2.2. TRAJETOS ACADMICOS 13
2.3. SITUAO OCUPACIONAL ATUAL NO MERCADO DE
TRABALHO
18
2.4. SATISFAO FACE AO EMPREGO ATUAL 24
2.5. SITUAO OCUPACIONAL APS A CONCLUSO DA
LICENCIATURA (1 CICLO)
28
2.6. PRIMEIRO EMPREGO REGULAR 30
2.7. TRABALHADORES ESTUDANTES 38
2.8. TRAJETRIAS NO MERCADO DE TRABALHO 40
2.9. COMPETNCIAS E AVALIAO DA FORMAO
ACADMICA
42
2.10. PROJETOS PARA O FUTURO E OBJETIVOS DE VIDA 48
3. MESTRES (2 CICLO), MESTRES (MESTRADOS INTEGRADOS)
E LICENCIADOS PR-BOLONHA
53
3.1. CARACTERIZAO SOCIODEMOGRFICA DOS
DIPLOMADOS
53
3.2. TRAJETOS ACADMICOS DOS MESTRES (2 CICLO) 55
3.3. SITUAO OCUPACIONAL ATUAL NO MERCADO DE
TRABALHO
57
3.4. SATISFAO FACE AO EMPREGO ATUAL 63
3.5. PRIMEIRO EMPREGO REGULAR 67
3.6. TRABALHADORES ESTUDANTES 77
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
5
3.7. TRAJETRIAS NO MERCADO DE TRABALHO E
DESEMPREGO
80
3.8. COMPETNCIAS E AVALIAO DA FORMAO
ACADMICA
83
3.9. PROJETOS PARA O FUTURO E OBJETIVOS DE VIDA 89
CONCLUSES 93
BIBLIOGRAFIA 96
ANEXO A 99
ANEXO B 150
ANEXO C 229
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
6
INTRODUO
O estudo que se apresenta aborda a transio para o trabalho dos diplomados pela
Universidade do Porto (UPorto) do ano letivo de 2008/09 e vem na sequncia de outros, de
natureza semelhante, realizados no mbito do Observatrio do Emprego daquela instituio.
Especificamente abrangem-se licenciados (1 ciclo), mestres (2 ciclo), mestres (mestrados
integrados) e licenciados pr-Bolonha1. Populao que foi inquirida entre Abril e Junho de
2011, cerca de 23 meses aps a concluso dos seus cursos.
Por razes explicitadas mais frente, os resultados sero apresentados separando os
licenciados (1 ciclo) dos restantes inquiridos. O presente documento tem uma natureza
sociogrfica e encontra-se estruturado em vrios pontos. O primeiro centra-se na metodologia
usada no estudo. O ponto seguinte incide especificamente nos resultados obtidos pela aplicao
do inqurito por questionrio aos licenciados (1 ciclo). O terceiro ponto explicita uma anlise,
com aspectos comuns do anterior, tomando como populao de referncia os licenciados pr-
bolonha, os mestres (2 ciclo) e os mestres (mestrados integrados). Ao longo do texto sero
indicadas, por Faculdades, e por vezes por tipos de cursos2, as principais caratersticas da
transio da universidade para o mercado de trabalho dos inquiridos. No Anexo A, encontram-
se os dois guies dos inquritos por questionrio, no Anexo B a informao detalhada para as
licenciaturas (1 ciclo) e no Anexo C a respeitante aos outros cursos.
Os autores expressam o seu agradecimento Vice-Reitora da Universidade do Porto,
Professora Doutora Maria de Lurdes Correia Fernandes, pelo convite para a participao no
Observatrio do Emprego.
A colaborao tcnica da Dra. Maria Clara foi crucial para o bom desenvolvimento do
estudo. Uma palavra de profundo apreo -lhe necessariamente devida. Estamos gratos pelo
trabalho da Dra. Maria Assuno Costa Lima do Gabinete do Antigo Estudante da Universidade
do Porto, do Dr. Pedro Vieira e dos membros dos Setores de insero profissional das
Faculdades da Universidade do Porto (FAUP - Professor Lus Urbano; Dra. Susana Arajo;
FBAUP Dra. Joana Cunha; FCUP Dra. Elisabete Rodrigues; FCNAUP Dra. Brbara
Pereira; FDUP Dra. Marianela Santos Silva; FADEUP Professor Rui Garcia; Dr. Antnio
Alberto Rodrigues; FEP Dra. Sofia Veiga; FEUP Dra. Fernanda Correia; FFUP Professora
1 Correspondem s licenciaturas criadas anteriormente aplicao do denominado processo de Bolonha e
que se extinguiram no ano lectivo de 2008/09.
2 Tipos de cursos: licenciaturas (1 ciclo); mestrados (2 ciclo); mestrados integrados; licenciaturas pr-
Bolonha.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
7
Isabel Ferreira; Dra. Isabel Guimares; FLUP Dra. Ftima Lisboa; FMUP Dra. Elizabete
Loureiro; FMDUP Dr. Miguel Mendes; FPCEUP Dr. Alexandre Campos; ICBAS Dra.
Mariana Pizarro.
Uma ltima nota. O estudo no seria possvel sem a participao intensa dos
diplomados da UPorto. A todos, o nosso muito obrigado pela disponibilidade demonstrada.
Porto, Dezembro de 2011
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
8
1. METODOLOGIA
O presente estudo tem como objetivo principal a anlise dos processos de transio para
o trabalho dos diplomados da UPorto de 2008/09. A par de outras dimenses, pretende-se
reconstituir os seus trajetos profissionais e acadmicos entre a concluso dos respetivos cursos e
o perodo de aplicao dos inquritos por questionrios de Abril a Junho de 2011, o que
corresponde a um arco temporal de cerca de 23 meses. Deste modo, o estudo assume uma
natureza longitudinal e retrospectiva na continuao dos trabalhos anteriores do Observatrio do
Emprego da Universidade do Porto (Gonalves, Menezes e Martins, 2009, 2009a e 2010).
No ano letivo de 2008/09, a UPorto acolhia nas suas Faculdades 110 cursos, abrangendo
licenciaturas (1 ciclo), mestrados (2 ciclo), mestrados integrados e licenciaturas pr-Bolonha,
as quais se extinguiram naquele ano.
Quadro 1.1
Tipos de cursos, nmero de cursos e Faculdades
Tipo de curso Nmero de cursos Faculdades envolvidas
Licenciatura (1 ciclo) 33 10
Mestrado (2 ciclo) 41 12
Mestrado Integrado 15 7
Licenciatura pr-Bolonha 21 7
A partir daquele universo de cursos, foram delimitados dois grupos. Um, constitudo
pelas licenciaturas (1 ciclo) e outro, pelos restantes cursos. Tal opo justifica-se na medida em
que os primeiros cursos registam caratersticas muito especficas, se tivermos em conta aspectos
como: os seus objetivos cientfico-pedaggicos; a natureza e estrutura da sua organizao
curricular; as imbricaes que mantm com outros ciclos de estudos de graduao mais elevada;
as suas relaes com o mercado de trabalho; e ainda, complementarmente, a sua durao em
termos de anos letivos3. Em suma, a generalidade das licenciaturas (1 ciclo) encontra-se mais
vocacionada para a preparao dos alunos para o prosseguimento de estudos no mbito de um
mestrado (2 ciclo) do que propriamente para um ingresso no mercado de trabalho aps a sua
concluso. Assim, ganha pertinncia metodolgica aplicar a cada um daqueles grupos um
inqurito por questionrio com particularidades prprias e, posteriormente, elaborar-se anlises
distintas. Esta estratgia metodolgica de diferenciao j tinha sido usada face aos diplomados
da UPorto de 2007/08 (Gonalves, Menezes e Martins, 2010). A consistncia dos resultados
ento obtidos aconselha vivamente a sua manuteno.
3 As licenciaturas (1 ciclo) tm uma durao de 3 ou 4 anos ano lectivos, os mestrados (2 ciclo) de 1,5
ou 2 anos, os mestrados Integrados de 5 ou 6 anos e as licenciaturas pr-Bolonha de 4, 5 ou 6 anos.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
9
Quanto ao primeiro grupo de cursos, o inqurito por questionrio administrou-se
totalidade dos seus 1464 licenciados (1 ciclo). Foram validados 690 inquritos, correspondendo
a uma taxa de resposta de 47,1% (Quadro 1.2). O instrumento de recolha e tratamento de
informao divide-se nos seguintes temas (Anexo A)4: atributos sociodemogrficos dos
inquiridos; trajetos acadmicos; situao ocupacional aps a concluso do curso e data de
aplicao do inqurito; acesso ao primeiro emprego regular; caracterizao deste emprego e do
atual emprego; satisfao face ao atual emprego; avaliao da formao acadmica; relao
entre esta e as Atividades profissionais; trajetrias profissionais; trajetria de ensino e formao
profissional aps a concluso da licenciatura; expectativas e projetos quanto futura formao
acadmica e vida profissional; orientaes face s principais dimenses da vida.
Quadro 1.2
Universo, amostra e taxa de resposta
Faculdades a) Universo Amostra Taxa de resposta
H M HM H M HM H M HM
FBAUP 25 62 87 11 31 42 44,0 50,0 48,3
FCUP 130 171 301 64 99 163 49,2 57,9 54,2
FCNAUP 10 109 119 4 65 69 40,0 59,6 58,0
FADEUP 114 44 158 25 15 40 21,9 34,1 25,3
FDUP 43 75 118 15 36 51 34,9 48,0 43,2
FEP 58 69 127 27 31 58 46,6 44,9 45,7
FEUP 18 15 33 3 5 8 16,7 33,3 24,2
FLUP 162 294 456 80 143 223 49,4 48,6 48,9
FPCEUP 7 51 58 5 26 31 71,4 51,0 53,4
ICBAS 0 7 7 0 5 5 0,0 71,4 71,4
TOTAL 567 897 1464 234 456 690 41,3 50,8 47,1
a) Faculdade de Arquitectura (FAUP); Faculdade de Belas Artes (FBAUP); Faculdade de Cincias (FCUP);
Faculdade de Cincias da Nutrio e da Alimentao (FCNAUP); Faculdade de Desporto e Educao Fsica
(FADEUP); Faculdade de Direito (FDUP); Faculdade de Economia (FEP); Faculdade de Engenharia (FEUP);
Faculdade de Letras (FLUP); Faculdade de Psicologia e de Cincias da Educao (FPCEUP); Instituto de Cincias
Biomdicas Abel Salazar (ICBAS).
b) Fonte: GAUP.
O segundo grupo de cursos englobava 3164 diplomados. A amostra intencional obtida
aps a aplicao do inqurito, situa-se nos 1632 indivduos, o que se traduz numa taxa de
resposta de 51,6%. Por sua vez, o inqurito encontra-se estruturado em vrios temas (Anexo A):
atributos sociodemogrficos dos inquiridos; situao ocupacional aps a concluso do curso e
4 Tal como se verificou para os estudos anteriores, o presente estudo parcialmente tributrio de uma
pluralidade de trabalhos, nacionais e internacionais, sobre o emprego dos diplomados pelo ensino
universitrio, particularmente no plano metodolgico e de construo do inqurito por questionrio. Veja-
se: Arroteia e Martins (1998); Inofor (2000) e (2001); Alves (2001) e (2005); Alves (2007); Gonalves,
Parente e Veloso (2001) e (2005); Teichler (2005) e (2007); Schomburg e Teichler (2006); Gonalves
(coord) (2009).
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
10
data de aplicao do inqurito; acesso ao primeiro emprego; caracterizao do primeiro e do
atual emprego regular; satisfao face ao atual emprego; avaliao da formao acadmica;
relao entre esta e as Atividades profissionais; trajetrias profissionais; trajetria de ensino e
formao profissional aps a concluso da licenciatura; expectativas e projetos quanto futura
formao acadmica e vida profissional; orientaes face s principais dimenses da vida.
Quadro 1.3
Populao, Amostra e Taxa de Resposta
Faculdades a) Universo Amostra Taxa de resposta (%)
H M HM H M HM H M HM
FAUP 60 70 130 36 36 72 60,0 51,4 55,4
FBAUP 21 41 62 8 16 24 38,1 39,0 38,7
FCUP 106 180 286 67 119 186 63,2 66,1 65,0
FCNAUP 0 3 3 0 2 2 0,0 66,7 66,7
FADEUP 151 99 250 70 56 126 46,4 56,6 50,4
FDUP 5 2 7 5 1 6 100,0 50,0 85,7
FEP 190 220 410 85 109 194 44,7 49,5 47,3
FEUP 635 212 847 330 109 439 52,0 51,4 51,8
FFUP 46 238 284 25 123 148 54,3 51,7 52,1
FLUP 43 143 186 22 71 93 51,2 49,7 50,0
FMUP 88 173 261 41 74 115 46,6 42,8 44,1
FMDUP 10 29 39 4 19 23 40,0 65,5 59,0
FPCEUP 32 218 250 13 117 130 40,6 53,7 52,0
ICBAS 50 99 149 27 53 80 54,0 53,5 53,7
TOTAL 1437 1727 3164 733 905 1638 51,0 52,4 51,8
a) Faculdade de Arquitectura (FAUP); Faculdade de Belas Artes (FBAUP); Faculdade de Cincias (FCUP);
Faculdade de Cincias da Nutrio e da Alimentao (FCNAUP); Faculdade de Desporto e Educao Fsica
(FADEUP); Faculdade de Direito (FDUP); Faculdade de Economia (FEP); Faculdade de Engenharia (FEUP);
Faculdade de Farmcia (FFUP); Faculdade de Letras (FLUP); Faculdade de Medicina (FMUP); Faculdade de
Medicina Dentria (FMDUP); Faculdade de Psicologia e de Cincias da Educao (FPCEUP); Instituto de Cincias
Biomdicas Abel Salazar (ICBAS).
b) Fonte: GAUP.
Ambos os inquritos foram aplicados on-line entre Abril e Junho de 20115, tendo sido
divulgados, pelas Faculdades, pelo Observatrio do Emprego da Universidade do Porto e pelo
Gabinete do Antigo Estudante da Universidade do Porto, por carta ou e-mail junto dos
diplomados, convidando-os a responder. Este convite foi, por vrias vezes, reiterado no decurso
do perodo de administrao do inqurito.
Como se constatou acima alcanaram-se, para os dois grupos de diplomados, amplas
taxas de resposta, em termos globais, mas igualmente por gnero. So taxas fortemente
satisfatrias para estudos em que se utiliza uma metodologia baseada na aplicao de um
inqurito de ampla difuso e sem uma prvia definio de parmetros amostrais. Entre as
5 Os guies dos inquritos tiveram alojados, durante o seu perodo de aplicao, no stio da Universidade
do Porto.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
11
Faculdades e entre os cursos so patentes diferentes taxas de respostas, o que poder introduzir
alguns enviesamentos na amostra intencional que foi obtida.
A dimenso de cada uma das amostras intencionais foi determinada por um conjunto de
fatores que importa ter sempre presente, como temos vindo a assinalar (Gonalves, Menezes e
Martins, 2009, 2009a e 2010): a desatualizao das moradas, dos nmeros de telefone e dos
endereos de e-mails de uma parcela da populao a inquirir; a natureza do instrumento de
recolha que faz apelo s opinies, s representaes dos diplomados sobre o seu passado recente
e ainda a um conjunto amplo de informaes fatuais; a par disto o grau de receptividade dos
diplomados para responder a questes sobre a sua vida pessoal e profissional. So fatores
intrnsecos ao estudo realizado e que devem ser sempre levados em considerao aquando da
sua leitura. Por outro lado, persiste a interrogao, no obstante as elevadas taxas de resposta, se
por parte dos diplomados a sua (in)disponibilidade para responderem ao inqurito est associada
natureza das respetivas trajetrias profissionais quanto, por exemplo, ao emprego/desemprego,
precariedade/estabilidade contratual e profisso desempenhada (Gonalves, coord, 2009:
23).
Ainda no plano metodolgico, vrias notas merecem destaque. Em primeiro lugar, para
algumas Faculdades e cursos as respetivas amostras intencionais registam baixos valores
absolutos, o que recorrentemente expressa uma situao homloga ao nvel dos respetivos
universos6. Em segundo, por vezes subsistem baixas taxas de respostas, independentemente do
volume das amostras, e o contrrio igualmente verificvel. Por ltimo, ao longo do presente
texto, parte das variveis sero apresentadas unicamente por Faculdade e tambm por tipos de
cursos7, em particular no caso das mais relevantes para a caracterizao dos processos de
transio para o trabalho dos diplomados. Para o efeito, agregaram-se cursos, o que conduz
sempre a um efeito de homogeneidade dos resultados obtidos, o que oculta, em algumas das
variveis, as diferenas quantitativas entre os cursos. Com respeito s duas notas iniciais, a
opo foi de incluir neste documento as Faculdades e os cursos em causa, de modo a
disponibilizar-se a totalidade da informao recolhida. A consulta dos Anexos B e C, com os
resultados por cursos, pode colmatar os limites apontados, o que tambm aplicvel em relao
ltima nota. Obrigatoriamente dever-se- ter em conta isto na anlise dos resultados,
relativizando-se, quando aconselhvel, o seu significado.
6 No grupo dos licenciados (1 ciclo) (Quadro 1.2) encontra-se a FEUP e o ICBAS, a par de alguns cursos
(Anexo B). Para o outro grupo de diplomados (Quadro 1.3) referia-se a FCNAUP, a FDUP e diversos
cursos (Anexo C).
7 Unicamente para algumas das variveis os dados so apresentados por Faculdades, o que tem sido a
padro usado em todos os estudos sobre transio para o trabalho dos diplomados da UPorto. No caso
especfico do acesso ao primeiro emprego sero igualmente mobilizados os diferentes tipos de curso, com
excepo das licenciaturas (1 ciclo), o que permite uma leitura complementar dos dados.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
12
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
25 anos e menos 26 a 30 anos 31 a 35 anos 36 a 40 anos Igual ou superior
a 41 anos
2. LICENCIADOS (1 CICLO)
2.1. Caracterizao sociodemogrfica
A maioria dos licenciados (1 ciclo) inquiridos do gnero feminino (66,1%). Prevalece
o escalo etrio dos 25 anos em menos de idade. A mdia das idades de 25,8 anos (25,2 anos
para as mulheres e 26,9 para os homens)8. Os solteiros predominam no seio da populao
inquirida com 89,1%. As restantes categorias de estado civil apresentam valores baixos ou
mesmo residuais (casados, 7,4%; unio de facto, 2,9%; divorciados, 0,6%)
Grfico 2.1
Estrutura etria (%)
O Grande Porto tem uma posio relevante no conjunto dos locais de naturalidade e de
residncia dos inquiridos. Verifica-se, a par da dimenso regional no recrutamento dos
estudantes da UPorto, a atrao que aquela regio exerce nos inquiridos aps a concluso do seu
curso. Os restantes concelhos do pas registam uma forte disperso territorial com valores
reduzidos unidade ou prximos desta. Embora muito limitado numericamente, a residncia na
Europa no deixa de ser um aspecto indicativo da emigrao de mo-de-obra altamente
qualificada.
8 Recorde-se que os dados por curso, para esta dimenso de anlise como para as restantes, esto
disponveis no Anexo B.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
13
Quadro 2.1
Naturalidade e residncia (%)
Naturalidade Residncia Grande Porto 55,6 60,0
Concelhos fora do Grande Porto 39,6 36,2
Europa 2,7 2,9
Fora da Europa 3,0 0,9
Total 100,0 100,0
A maioria dos pais (55,5%) e das mes (52,1%) possui, em termos de habilitaes
escolares, um ou a totalidade dos ciclos do Ensino Bsico. O diploma de bacharel impera no
ensino superior e para ambos os pais. A proporo de cnjuges com o ensino superior
expressiva (59,1%).
Quadro 2.2
Nveis de escolaridade dos familiares (%)
Pai Me Cnjuge
Sabe ler e escrever sem grau de ensino 1,7 2,6 1,2
Ensino Bsico - 1 Ciclo 25,7 23,3 2,4
Ensino Bsico - 2 Ciclo 8,4 9,6 1,2
Ensino Bsico - 3 Ciclo 21,4 19,2 9,6
Ensino Secundrio 18,4 18,1 26,5
Bacharelato 19,4 24,8 50,6
Licenciatura 2,6 1,7 7,2
Mestrado 1,2 0,6 1,2
NR 1,2 0,1
Total 100,0 100,0 100,0
2.2. Trajetos acadmicos
Aps a concluso da licenciatura (1 ciclo) na UPorto, 60,6% do total dos inquiridos
prosseguiram os seus estudos no ensino superior. Nestes predominam as mulheres (64,8%), o
mesmo verificando-se para os que no prosseguiram estudos (68,0%).
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
14
Grfico 2.2
Prosseguimento ou no de estudos no ensino superior aps a concluso da licenciatura (1 ciclo)
Em primeiro lugar, iremos analisar o grupo de licenciados (1 ciclo) que prosseguiram
estudos no ensino superior. Quanto ao leque de razes justificativas desse trajeto, Aumentar as
condies de sucesso na futura insero profissional, Aprofundar conhecimentos e
competncias na sua rea cientfica e Desenvolvimento das capacidades pessoais registam as
mdias mais elevadas. A primeira tem subjacente uma nfase na formao acadmica, a
segunda aponta para a valorizao desta como meio para a obteno no futuro de um bom
posicionamento no mercado de trabalho e a ltima, num registo mais individualista, enfatiza
uma melhoria das competncias.
Quadro 2.3
Razes para o prosseguimento de estudos no ensino superior
Mdia Desvio Padro
Aumentar as condies de sucesso na futura insero profissional 4,67 0,741
Aprofundar conhecimentos e competncias na sua rea cientfica 4,63 0,724
Desenvolvimento das capacidades pessoais 4,28 0,862
Formao insuficiente na licenciatura 3,55 1,262
Existncia de recursos econmicos 3,01 1,257
Continuar a ser estudante 2,40 1,248
Influncia de professores 2,28 1,175
Era a nica alternativa disponvel 2,11 1,268
Influncia da famlia 2,07 1,092
Influncia dos amigos ou colegas 2,07 1,092
Como se caracteriza o mestrado (2 ciclo) em que ingressaram os inquiridos, em termos
da rea cientfica e da instituio de ensino superior em que est integrado? Do Quadro abaixo
0102030405060708090
100
Prosseguimento de estudos No prosseguimento estudos
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
15
sobressai que 60,5% dos inquiridos mantiveram-se na UPorto e na Faculdade onde obtiveram a
sua licenciatura (1 ciclo), ingressando num mestrado da mesma rea cientfica9. um trajeto de
fidelizao em que a FADEUP e a FEP tm os valores mais elevados. Numa segunda posio,
encontram-se os inquiridos que enveredaram por prosseguir os estudos em outra instituio de
ensino superior nacional num mestrado da mesma rea cientfica da licenciatura (1 ciclo)
obtida na UPorto (18,0%). Uma ampla maioria dos licenciados (1 ciclo) manteve-se na UPorto
(77,8%)10. Por outro lado, 82,3% optaram por um mestrado (2 ciclo) da mesma rea cientfica
da licenciatura (1 ciclo)11.
Quadro 2.4
Trajeto acadmico aps a concluso da licenciatura (1 ciclo) na Universidade do Porto (% em linha)
1 2 3 4 5 6
FBAUP 75 8,3 8,3 8,4
FCUP 50,7 11,6 7,2 4,3 21,7 4,5
FCNAUP 47,1 41,2 5,9 5,8
FADEUP 91,7 5,6 2,7
FDUP 53,3 46,7
FEP 81,8 4,5 4,5 9,2
FEUP 83,3 16,7
FLUP 60,1 14,5 4,3 2,2 14,5 4,4
FPCEUP 57,9 5,3 36,8
ICBAS 60 20 20
TOTAL 60,5 9 3,8 4,5 18 4,2
Legenda: 1 - Permanncia na UPorto e na Faculdade da licenciatura (1 ciclo) e ingresso num mestrado (2 ciclo)
da mesma rea cientfica; 2 - Permanncia na UPorto e na Faculdade da licenciatura (1 ciclo) e ingresso num
mestrado (2 ciclo) de uma diferente rea cientfica; 3 - Permanncia na UPorto e ingresso em outra Faculdade e
num mestrado (2 ciclo) da mesma rea cientfica da licenciatura (1 ciclo); 4 - Permanncia na UPorto e
ingresso em outra Faculdade e num mestrado (2 ciclo) de uma diferente rea cientfica da licenciatura (1 ciclo);
5 - Sada da UPorto e ingresso numa instituio de ensino superior nacional e num mestrado (2 ciclo) da mesma
rea cientfica da licenciatura (1 ciclo); 6 - Sada da UPorto e ingresso numa instituio de ensino superior
nacional e num mestrado de uma diferente rea cientfica da licenciatura (1 ciclo).
Passemos agora a analisar os licenciados (1 ciclo) que no prosseguiram estudos no
ensino superior. Determinadas razes justificativas dessa posio so mais valorizadas pelos
9 Na categorizao dos cursos por reas cientficas de formao usmos a Classificao Nacional das
reas de Educao e Formao (Portaria n 256/2005 de 16 de Maro).
10 Deste conjunto, 88,0% mantiveram-se na UPorto e na Faculdade onde obtiveram a sua licenciatura (1
ciclo), ingressando num mestrado (2 ciclo) da mesma rea cientfica.
11 O inqurito por questionrio inclua igualmente como opo de resposta a obteno da licenciatura (1
ciclo) numa instituio de ensino superior pblico ou privada estrangeira, que no foi assinalada por
nenhum dos inquiridos.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
16
inquiridos. o caso com valores mdios aproximados: Falta de expectativas de emprego com
grau acadmico superior; Falta de apoios (bolsas, ) na universidade; Falta de recursos
econmicos. As duas ltimas expressam dificuldades financeiras para o custeamento dos
estudos. A outra poder indicar uma postura de descrena quanto ideia difundida de que um
nvel de escolaridade mais elevado salvaguarda mais do desemprego, comparativamente aos
indivduos com menos escolaridade. Das restantes razes com valores mais elevados ainda de
apontar o Desinteresse pelos estrados disponveis, que remete mais para uma posio de
rejeio, em termos de formao acadmica. Os tipos de influncias (famlia, professores,
amigos ou colegas) ocupam as ltimas posies.
Quadro 2.5
Razes para o no prosseguimento de estudos no ensino superior
Mdia Desvio Padro
Falta de expectativas de emprego com grau acadmico superior 3,10 1,380
Falta de apoios (bolsas, ) na universidade 3,09 1,633
Falta de recursos econmicos 2,98 1,605
Desinteresse pelos Mestrados disponveis 2,77 1,528
Formao suficiente na licenciatura 2,51 1,256
Estar farto/a de ser estudante 1,88 1,404
Influncia da famlia 1,54 1,273
Influncia de professores 1,27 0,808
Influncia dos amigos ou colegas 1,23 0,695
Se ainda no seio deste grupo limitarmos a nossa ateno ao segmento dos inquiridos que
aps a concluso da sua licenciatura (1 ciclo) procuraram ou ainda procuram o seu primeiro
emprego regular12, observa-se que a Falta de recursos econmicos e a Falta de apoios
(bolsas,) na universidade tm as mdias mais elevadas (Quadro 2.6). So duas razes
diretamente relacionadas com os custos monetrios necessrios frequncia dos mestrados (2
ciclo). Ambas podero estar fortemente imbricadas, o que confere uma importncia decisiva
segunda, na medida em que deveria possibilitar os recursos para a manuteno dos alunos no
ensino superior. Da os efeitos sempre negativos decorrentes das alteraes dos critrios, no
sentido da sua restrio, de acesso s bolsas e a outros apoios pelos estudantes, bem como dos
respetivos montantes financeiros que so por estes auferidos. Neste caso, ser provavelmente
patente um aumento da selectividade social em detrimento da democratizao no ingresso e
permanncia na Universidade.
12 Pela sua provvel maior disponibilidade financeira para o pagamento dos estudos de 2 ciclo,
exclumos os inquiridos que no ltimo ano da sua licenciatura (1 ciclo) estudavam e exerciam uma
actividade profissional, na qualidade de trabalhadores estudantes.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
17
Por outro lado, aquelas razes tero que ser equacionadas no mbito do atual contexto
scio-econmico do pas marcado por uma crise econmica com impactos negativos nos
oramentos familiares e em que, entre outros aspectos, caracteriza-se por uma importante
rarefao do emprego. Provavelmente uma maior debilidade dos recursos monetrios das
famlias impediu uma parcela dos jovens licenciados (1 ciclo) de prosseguirem os estudos no
ensino superior e enveredarem, como abordaremos mais frente, pela procura de emprego.
Quadro 2.6
Razes para o no prosseguimento de estudos no ensino superior (inquiridos que procuraram ou ainda
procuram o seu primeiro emprego)
Mdia Desvio Padro
Falta de recursos econmicos 3,53 1,409
Falta de apoios (bolsas, ) na universidade 3,41 1,324
Falta de expectativas de emprego com grau acadmico superior 3,16 1,355
Desinteresse pelos Mestrados disponveis 2,85 1,370
Formao suficiente na licenciatura 2,55 1,075
Estar farto/a de ser estudante 2,04 1,299
Influncia da famlia 1,56 0,899
Influncia de professores 1,43 0,814
Influncia dos amigos ou colegas 1,42 0,752
Quer trabalhar para ganhar dinheiro para si, Pretende imediatamente exercer a profisso
para a qual foi preparado na licenciatura e Quer trabalhar para ajudar a sua famlia apresentam-
se como as principais razes subjacentes transio para o mercado de trabalho dos inquiridos
que no prosseguiram estudos no ensino superior13. Mais uma vez, a questo financeira
notoriamente valorizada pelos inquiridos.
Quadro 2.7
Razes para o ingresso no mercado de trabalho
Mdia Desvio Padro
Quer trabalhar para ganhar dinheiro para si 4,73 0,655
Pretende imediatamente exercer a profisso para a qual foi preparado
na licenciatura
4,03 1,227
Quer trabalhar para ajudar a sua famlia 3,59 1,376
Influncia da famlia 2,04 1,222
O mestrado exige muito esforo e difcil 1,92 1,114
Influncia dos amigos ou colegas 1,72 1,001
Influncia dos professores 1,46 0,859
13 Numa escala de 1 = Nada importante a 5 = Muito Importante.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
18
2.3. Situao ocupacional atual no mercado de trabalho
Neste sub-ponto abordaremos a situao ocupacional dos licenciados (1 ciclo) data de
aplicao do inqurito por questionrio (Abril a Junho de 2011). Da totalidade daqueles, 45,3%
estavam empregados14. Por sua vez, 33,9% assumiam encontrar-se exclusivamente na situao
de estudante do ensino superior, dos quais a quase totalidade (97,9%) frequentava um mestrado
(2 ciclo). O desemprego englobava 14,5% dos inquiridos, com cerca de metade procura de
um novo emprego. Estes valores expressam a crise do emprego que presentemente existe em
Portugal15. Por fim, uma proporo limitada inseria-se num estgio (6,1%) ou num curso de
formao profissional (0,3%).
Quadro 2.8
Situao ocupacional atual (% em linha)
Empregado Bolseiro Desempregado Estudante
Estgio
profissional
Formao
profissional
Outra
situao
FBAUP 42,9 28,6 16,7 7,1 2,4 2,3
FCUP 17,8 9,2 10,4 60,1 1,2 1,3
FCNAUP 60,9 5,8 14,5 2,9 14,5 1,4
FADEUP 30,0 7,5 60,0 2,5
FDUP 25,5 35,3 9,8 21,6 2,0 5,8
FEP 70,7 6,9 12,1 8,6 1,7
FEUP 12,5 50,0 25,0 12,5
FLUP 47,1 2,2 12,6 33,2 3,6 1,3
FPCEUP 41,9 3,2 12,9 35,5 6,5
ICBAS 20,0 80,0
TOTAL 39,7 3,8 14,5 33,9 6,1 0,3 1,7
Como empiricamente observvel para outras variveis, ao longo da anlise que
faremos dos processos de transio para o trabalho dos licenciados (1 ciclo), existem notrias
diferenas entre as Faculdades e entre os cursos (Anexo B). Especificamente se atendermos
informao do Quadro acima, numas Faculdades impera a categoria de empregado (FEP e
FCNAUP), enquanto em outras (FCUP e FADEUP) a de estudante. O desemprego
proporcionalmente elevado na FDUP, que igualmente regista o valor mais amplo na situao de
14 Engloba as situaes de empregado e bolseiro num projecto de investigao cientfica.
15 Para o 3 trimestre de 2011, a taxa de desemprego a nvel nacional de 12,4% (12,0% para os homens
e 12,7% para as mulheres). A taxa de desemprego nacional dos indivduos com um nvel de escolaridade
correspondente ao ensino superior de 9,4% (10,3% para os homens e 8,8% para as mulheres). Para o
mesmo perodo na Regio Norte, a taxa de desemprego situa-se nos 12.7%. Cf. INE, Estatstica do
Emprego.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
19
estgio (o que decorre da sua obrigatoriedade para o exerccio da advocacia), e na FBAUP16.
Por conseguinte, subsistem diferentes perfis entre as Faculdades quanto situao ocupacional
no momento da realizao do estudo.
Determinados fatores podem ser mobilizados para o equacionamento daquelas
diferenas e das configuraes que tomam as trajetrias profissionais dos diplomados17. Em
primeiro lugar, as razes j apontadas sobre o prosseguimento ou no dos estudos no ensino
superior, em que as de ndole econmica tm uma posio de relevo param os inquiridos. Em
segundo, a natureza e objetivos de alguns dos cursos que possibilitam a obteno de uma
formao suficiente e, em parte, direccionada para o exerccio de Atividades profissionais
especficas e qualificantes, o que poder impulsionar o diplomado a uma transio para o
mercado de trabalho e a no prosseguir estudos. Ao invs disto, esto outros cursos em que tal
direcionamento no explcito e que esto organizados preponderantemente numa lgica de
fileira disciplinar, preparando os estudantes para o ingresso nos mestrados (2 ciclo). Em
terceiro, ser plausvel admitir um certo desconhecimento pelas entidades empregadoras dos
conhecimentos e das competncias dos licenciados (1 ciclo) e da sua relao com as
necessidades e os perfis de Atividade profissional, na medida em que os cursos correspondentes
s recentemente esto em funcionamento. Por ltimo, e como fator mais importante,
encontramos a natureza da conjuntura econmica, que no momento presente em Portugal, se
pauta por uma forte rarefao da oferta de emprego, conduzindo a uma crescente dificuldade de
insero profissional dos diplomados do ensino superior, sendo mais penalizante para algumas
reas cientficas em que, entre outros aspectos, a oferta de diplomados supera as necessidades da
procura pelas entidades empregadoras.
Passaremos a caracterizar o emprego regular atual dos licenciados (1 ciclo) que se
encontram nas situaes de empregado ou bolseiro, conforme o Quadro acima. Em termos de
grupo profissional18, o dos Especialistas das Atividades intelectuais e cientficas agrega cerca de
metade dos inquiridos, seguido, embora com valor muito mais reduzido, pelo dos Trabalhadores
dos servios pessoais, de proteo e segurana e vendedores (19,5%). O conjunto dos grupos
profissionais mais qualificados (Representantes do poder legislativo e de rgos executivos,
dirigentes, directores e gestores executivos, Especialistas das Atividades intelectuais e
cientficas, Tcnicos e profisses de nvel intermdio) representa 67,1% do total, enquanto os
restantes grupos, excluindo as Profisses das Foras Armadas, ascendem a 31,9%. A
distribuio dos inquiridos pelos diversos grupos profissionais ter que ser ponderada face
16 Pela dimenso reduzida da amostra intencional no foram consideradas a FEUP e o ICBAS, no
seguimento do que acima foi assinalado.
17 Alguns deles j enunciados em Gonalves, coord (2009) e em Gonalves, Menezes, Martins, (2009),
(2009a) e (2010). 18 De acordo com a Classificao Portuguesa de Profisses de 2010.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
20
natureza e objetivos das licenciaturas (1 ciclo), bem como ao tipo de conhecimentos e
competncias adquiridos pelos respetivos licenciados.
Quadro 2.9
Grupos profissionais do emprego atual
%
Representantes do poder legislativo e de rgos executivos, dirigentes, directores e
gestores executivos
1,1
Especialistas das Atividades intelectuais e cientficas 51,9
Tcnicos e profisses de nvel intermdio 14,1
Pessoal administrativo 11,4
Trabalhadores dos servios pessoais, de proteo e segurana e vendedores 19,5
Trabalhadores qualificados da indstria, construo e artfices 1,0
Profisses das Foras Armadas 1,0
Total 100,0
Predomina o assalariamento, ao nvel da situao na profisso, com 72,4%. Das
restantes categorias, salienta-se principalmente o trabalhador independente. Quanto ao vnculo
contratual, 59,2% dos licenciados (1 ciclo) encontram-se numa situao de precariedade
contratual, que engloba o contrato a termo certo, o contrato a termo incerto, o contrato de
prestao de servios/recibos verdes e a bolsa de investigao, com o primeiro tipo de vnculo a
apresentar o valor mais elevado (26,2%). A par disto, 37,2% dos inquiridos tm uma posio
mais estvel no mercado de trabalho. No conjunto dos vrios tipos de empresa trabalham,
81,5% dos licenciados (1 ciclo). A insero na Administrao Pblica fica-se pelos 10,8%. ,
igualmente, de atender ao horrio semanal de trabalho: 20,5% trabalham mais de 40 horas;
49,7% de 31 a 40 horas; 12,8% de 20 a 30 horas; 16,9% menos de 20 horas. Provavelmente, os
dois ltimos escales correspondem a empregos a tempo parcial.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
21
Quadro 2.10
Situao na profisso, vnculo contratual e tipo de organizao do emprego atual (1 ciclo)
%
Situao na Profisso
Trabalhador por conta prpria com empregados 1,5
Trabalhador por conta prpria sem empregados 3,6
Trabalhador independente 17,3
Trabalhador por conta de outrem 72,4
Bolseiro(a) num projeto de investigao cientfica 1,5
Outra situao 3,7
Total 100,0
Vnculo Contratual
Contrato de trabalho sem termo 37,2
Contrato de trabalho a termo certo 26,2
Contrato de trabalho a termo incerto 8,4
Contrato de prestao de servios/Recibos verdes 19,9
Bolsa de investigao no mbito de um projeto de investigao 4,7
Sem contrato 2,6
Outra situao 1,0
Total 100,0
Tipo Organizao
Empresa privada 61,5
Empresa Pblica 11,8
Empresa Mista 8,2
rgo de Administrao Pblica Central e Regional 6,7
rgo de Administrao Pblica Local 4,1
Instituto Pblico 5,1
Instituio Particular de Solidariedade Social 1,6
Outro 1,0
Total 100,0
Ao nvel dos Setores de Atividade econmica, o das Outras Atividades de servios
coletivos, sociais e pessoais, o da Sade e ao social e o da Educao registam os valores mais
elevados. O Setor Tercirio absorve 93,4% dos inquiridos, o que expressa a sua forte
importncia para o emprego dos diplomados universitrios.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
22
Quadro 2.11
Setores de atividade do emprego atual
%
Agricultura, produo animal, caa e silvicultura 2,1
Indstrias Extrativas 1,0
Indstrias transformadoras 1,5
Produo e distribuio de electricidade, gs e gua 0,5
Construo 1,5
Comercio por grosso e a retalho 9,3
Alojamento e restaurao 4,1
Transportes, armazenagem e comunicaes 4,1
Atividades financeiras 5,2
Atividades imobilirias, alugueres e servios prestados s empresas 5,2
Administrao pblica, defesa e segurana social 8,2
Educao 16,0
Sade e ao social 16,0
Outras Atividades de servios coletivos, sociais e pessoais 25,3
Total 100,0
Quanto ao rendimento mensal lquido, 34,8% dos respondentes situam-se no escalo
dos 801 aos 1100 euros. Com valores aproximados deste, est o escalo imediatamente inferior.
Um peso importante dos inquiridos (21,7%) aufere um rendimento igual ou inferior a 500
euros19. Por sua vez, 7,1% tm um rendimento superior aos 1100 euros. Quando questionados
sobre a sua posio face ao rendimento atual, 47,4% consideram que o mesmo d para viver.
Com uma avaliao negativa, esto 36,0%. Somente uma parcela mais reduzida (16,6%) admite
que o seu rendimento permite viver confortavelmente.
Quadro 2.12
Indicadores sobre o rendimento mensal lquido
%
Montantes do rendimento lquido mensal (em euros)
Igual ou inferior a 500 21,7
De 501-800 31,3
De 801-1100 34,8
De 1101-1400 7,8
De 1401-1700 3,5
Igual ou superior a 1701 0,9
Total 100,0
Posicionamento face ao rendimento lquido mensal
O rendimento atual permite viver confortavelmente 16,6
O rendimento atual d para viver 47,4
difcil viver com o rendimento atual 20,2
muito difcil viver com o rendimento atual 15,8
Total 100,0
19 Sublinhe-se que o salrio mnimo nacional, em 2011, de 485 euros mensais.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
23
Qual a relao entre a formao acadmica obtida na UPorto e as funes profissionais
desempenhadas no emprego atual? Para responder a esta questo, foi solicitado aos inquiridos
que avaliassem o grau de adequao das suas funes face sua formao20. Podemos
considerar o resultado global como satisfatrio (uma mdia global de 3,57). Verificam-se
valores dspares entre as Faculdades. As mdias oscilam entre 5,00 na FDUP e 2,54 na FLUP.
Quadro 2.13
Relao entre o emprego atual e a formao acadmica
Mdia Desvio Padro
FBAUP 3,57 1,397
FCUP 3,43 1,272
FCNAUP 4,43 0,788
FADEUP 4 .
FDUP 5 .
FEP 3,47 0,624
FLUP 2,54 1,587
FPCEUP 4 .
TOTAL 3,51 1,343
Complementarmente aos dados anteriores, importa abordar a opinio dos licenciados (1
ciclo) sobre a possibilidade das suas funes profissionais serem desempenhadas por outros
indivduos, conforme a natureza e o nvel das habilitaes acadmicas destes. Para 44,2% dos
inquiridos, tais funes so exclusivas do seu curso. Com opinio diversa, encontram-se 19,8%
que aceitam outra licenciatura (1 ciclo). 4,9% admitem que o seu trabalho seja executado por
indivduos com um curso de grau acadmico inferior ao seu, o que consubstancia uma situao
de sobrequalificao acadmica, enquanto 30,9% se encontram numa posio contrria. Tal
como na relao entre o emprego atual e a formao acadmica, constatamos, para a questo em
anlise, a diversidade de valores entre as Faculdades. Diversidade que decorre globalmente das
relaes, complexas, entre os cursos e as dinmicas do mercado de trabalho.
20 Numa escala de 1 = nada adequado a 5 = muito adequado.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
24
Quadro 2.14
Possibilidade das funes profissionais poderem ser desempenhadas por outros indivduos (% em linha)
Somente com uma
idntica licenciatura
(1 ciclo)
Com um curso de
grau acadmico
inferior
Com um curso de
grau acadmico
superior
Com outra
licenciatura (1
ciclo)
FBAUP 42,9 14,3 28,6 14,2
FCUP 14,3 42,9 42,8
FCNAUP 82,6 13 4,4
FADEUP 100
FDUP 100
FEP 11,8 35,3 52,9
FLUP 37,5 54,2 8,3
FPCEUP 100
TOTAL 44,4 4,9 30,9 19,8
2.4. Satisfao face ao emprego atual21
Na sequncia do trabalho desenvolvido em anteriores edies do Observatrio do
Emprego (Gonalves, Menezes, Martins, 2009, 2009a, 2010, 2011) assumimos uma
conceptualizao multidimensional da satisfao com o emprego (Locke, 2002; Wolniak e
Pascarella, 2005), incluindo dimenses como a autonomia e relacionamento, as oportunidades
de aplicao e desenvolvimento de conhecimentos e competncias, as condies do trabalho ou
a carga do trabalho. As anlises fatoriais exploratrias revelaram, como seria de esperar,
algumas variaes relativamente ao modelo usado em anteriores edies, mas foi possvel
encontrar uma soluo similar com nveis elevados de consistncia interna, como se pode
deduzir atravs da anlise do alfa de Cronbach.
Quadro 2.15
Consistncia interna das dimenses da satisfao com o trabalho
Dimenses da satisfao com o trabalho N de itens Valor do de Cronbach
Autonomia e relacionamento no contexto de trabalho 5 .798
Oportunidades de aplicao e desenvolvimento de
conhecimentos e competncias
5 .849
Benefcios instrumentais do trabalho 6 .760
Carga do trabalho 3 .860
21 Este sub-ponto foi elaborado em colaborao com Pedro M. Teixeira.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
25
Continua-se a constatar que todas as dimenses da satisfao esto correlacionadas
entre si (Quadro 2.16), de forma muito expressiva entre a autonomia e relacionamento, a
aplicao e desenvolvimento de conhecimentos e competncias e os benefcios instrumentais
quanto mais os diplomados avaliam positivamente o clima relacional e a autonomia no contexto
de trabalho, mais sentem que tm oportunidades de aplicar e desenvolver conhecimentos e
competncias e mais satisfeitos esto com os benefcios instrumentais do trabalho; esta ltima
dimenso tambm apresenta uma correlao expressiva com a carga do trabalho.
Quadro 2.16
Correlao entre os fatores de satisfao com o trabalho
Aut_Rel Des_Comp Ben_Inst Carg
Autonomia e relacionamento (Aut_Rel) 1
Aplicao e desenvolvimento de competncias
(Des_Comp)
,655**
1 ,
Benefcios instrumentais do trabalho (Ben_Inst) ,513**
,676**
1
Carga do trabalho (Carg) ,473**
,433**
,500**
1
** correlao (r de Spearman) significativa para p.01
Os licenciados (1 ciclo) pela UPorto esto especialmente satisfeitos com as
oportunidades de autonomia e relacionamento (Quadro 2.17. e Grfico 2.3); no entanto, a
satisfao com as restantes dimenses tambm positiva.
Quadro 2.17
Mdias e intervalo de confiana a 95% da satisfao com o trabalho
Satisfao com o trabalho Mdia
Intervalo de confiana a 95% Desvio
Padro N Limite inferior Limite superior
Autonomia e relacionamento 3,846 3,731 3,961 ,803 190
Aplicao e desenvolvimento
de competncias 3,350 3,202 3,498 1,041 192
Benefcios instrumentais do
trabalho 3,284 3,157 3,411 ,897 193
Carga de trabalho 3,218 3,059 3,377 1,110 190
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
26
Grfico 2.3
Mdias e intervalo de confiana a 95% para as medidas de satisfao
Como em anteriores estudos do Observatrio do Emprego regista-se uma variao
significativa da avaliao destas dimenses em funo de cada uma das Faculdades (Grficos
2.4 a 2.7). No entanto, no h diferenas significativas em funo do gnero.
Grfico 2.4
Satisfao com a autonomia e relacionamento nas vrias Faculdades
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
27
Grfico 2.5
Satisfao com as oportunidades de aplicao e desenvolvimento de competncias nas vrias Faculdades
Grfico 2.6.
Satisfao com os benefcios instrumentais nas vrias Faculdades
Grfico 2.7.
Satisfao com a carga de trabalho nas vrias Faculdades
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
28
2.5. Situao ocupacional aps a concluso da licenciatura (1 ciclo)
No ltimo ano letivo da sua licenciatura (1 ciclo), a maioria dos inquiridos teve
unicamente a condio de estudante (64,6%). Segmentos mais limitados estudavam e
executavam trabalhos ocasionais (19,7%) ou conjugavam o estudo com uma Atividade
profissional regular, na qualidade de trabalhadores estudantes (15,7%). A anlise que iremos
desenvolver nesta parte do estudo, bem como a seguinte sobre o primeiro emprego, abrange
somente as duas primeiras categorias de diplomados22.
Aps a concluso do curso na UPorto, 63,2% daqueles diplomados prosseguiram os
estudos no ensino superior, assumindo exclusivamente a condio de estudante. Com valores
mais reduzidos, esto os que no prosseguiram esses estudos e enveredaram pela procura do
primeiro emprego regular (23,2%)23, pela formao (1,2%) e pelo estgio profissional (12,4%).
As razes de ndole financeira foram bastante importantes, como vimos antes, para os inquiridos
transitaram para o mercado de trabalho e no enveredaram pela frequncia de um mestrado (2
ciclo). Mas tambm de assinalar que uma parcela deles valoriza outras razes, embora com
menor relevo, como sejam Formao suficiente da licenciatura (Quadro 2.6) e Pretende
imediatamente exercer a profisso para a qual tem sido preparado na licenciatura (Quadro 2.7).
Razes que para os inquiridos justificam, em conjunto com outras, a sua trajetria ocupacional
aps terem sado da UPorto.
22 No sub-ponto 2.7 abordaremos mais detalhadamente os atributos socioprofissionais dos trabalhadores
estudantes.
23 O valor apontado poder traduzir, em parte, o facto dos licenciados (1 ciclo) no terem um emprego
regular de acordo com a definio indicada nas instrues de preenchimento do inqurito - Considera-se emprego regular uma actividade profissional remunerada exercida continuadamente a tempo inteiro ou a
tempo parcial, isto no esporadicamente como acontece com os trabalhos ocasionais-, mas desempenharem somente actividades laborais ocasionais e de remunerao irregular.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
29
Quadro 2.18
Atividade realizada aps a concluso da licenciatura (1 ciclo) (% em linha)
1 2 3 4
FBAUP 30,8 2,6 25,6 41
FCUP 87,1 0,7 3,4 8,8
FCNAUP 25,8 1,5 21,2 51,5
FADEUP 85,7 3,6 10,7
FDUP 63 28,3 8,7
FEP 39,3 1,8 23,2 35,7
FEUP 66,6 16,7 16,7
FLUP 66,1 1,8 7,3 24,8
FPCEUP 75 12,5 12,5
ICBAS 100
TOTAL 63,2 1,2 12,4 23,2
Legenda: 1 - Prosseguiram os estudos no ensino superior (assumiram exclusivamente a condio de estudante); 2 -
No prosseguiram os estudos no ensino superior e frequentaram ou frequentam um curso de formao profissional; 3
- No prosseguiram os estudos no ensino superior e frequentaram ou frequentam um estgio profissional; 4 - No
prosseguiram os estudos no ensino superior e procuraram ou procuram um emprego regular.
Por sua vez, no Quadro anterior, observam-se notrias diferenas entre as Faculdades24
quanto importncia relativa de cada uma das categorias de Atividade desenvolvidas pelos
inquiridos aps a concluso da sua licenciatura (1 ciclo). Salientamos, por exemplo, as
Faculdades que registam valores relativos elevados de procura de emprego, o caso da FBAUP e
FCNAUP, e as que se situam numa posio diametralmente oposta, a FCUP, pela importncia
da categoria de prosseguimento de estudos, e da FDUP, pela do estgio profissional, obrigatrio
para o exerccio da advocacia. Tais discrepncias podem ser explicadas pelos fatores, acima
indicados, a propsito da caracterizao que realizmos sobre a situao ocupacional data de
aplicao do inqurito.
Quais os atributos dos estgios profissionais frequentados pelos inquiridos? 25 Desde
logo, verifica-se que Desenvolver competncias profissionais, Aumentar as condies de
sucesso na futura insero profissional e Desenvolvimento das capacidades pessoais so as
razes que obtm as mdias mais elevadas26. Subsiste, em suma, uma importante preocupao
com a futura Atividade profissional.
24 Situao anloga verifica-se entre as licenciaturas (1 ciclo) - ver Anexo B.
25 Atendendo ao seu valor percentual residual (1,2%), o conjunto de inquiridos que frequentaram ou
frequentam um curso de formao profissional no ser analisado, confinando-nos aos que transitaram
para um estgio profissional e para os que procuraram ou procuram um emprego.
26 Numa escala de 1 = Nada importante a 5 = Muito importante.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
30
Grfico 2.8
Razes para a frequncia de um estgio profissional
Para 42,3% do total dos inquiridos, o estgio obrigatrio para o exerccio profissional
futuro. A esmagadora maioria recebe uma remunerao mensal (87,5%). Quanto distribuio
por escales de remunerao, a situao a seguinte: 61,9% (no escalo dos 801 a 1100 euros);
4,8% (igual ou superior a 1101 euros); 6,3% (igual ou inferior a 500 euros). Metade destes
inquiridos considera que a sua remunerao d para viver e 17,1%, que permite viver
confortavelmente. Numa posio inversa, esto 14,3% dos inquiridos, que assinalam ser difcil
viver com a remunerao e 18,6% ser muito difcil. Por sua vez, 63,4% dos estagirios inserem-
se em empresas privadas. A avaliao efectuada pelos inquiridos da adequao das suas funes
profissionais no estgio formao acadmica obtida na licenciatura (1 ciclo) atinge um valor
mdio de 3,7527.
2.6. Primeiro emprego regular
Do conjunto anterior de diplomados, iremos, agora, analisar apenas os que procuraram
ou procuram um emprego regular aps a concluso da sua licenciatura (1 ciclo),
consubstanciando, assim uma transio para o mercado de trabalho28. A maioria (74,8%)
declara que sentiram ou ainda sentem (no caso daqueles que se mantinham no desemprego
data de aplicao do inqurito por questionrio) dificuldades na procura do seu primeiro
27 Numa escala de 1 = Nada adequado a 5 = Muito adequado. quela mdia corresponde um desvio
padro de 1,168.
28 Face ao indicado acima, saliente-se que este sub-ponto no abrange: os inquiridos que no
prosseguiram os estudos no ensino superior e frequentaram ou frequentam um curso de formao
profissional; os que no prosseguiram os estudos no ensino superior e frequentaram ou frequentam um
estgio profissional. Igualmente no esto includos os inquiridos que no seu ltimo ano de Licenciatura
(1 ciclo) tiveram a condio de trabalhadores estudantes.
0 1 2 3 4 5
Desenvolver competncias profissionais
Aumentar as condies de sucesso na futura insero
Desenvolvimento das capacidades pessoais
Preferncia por uma aprendizagem em contexto de trabalho
Era a nica alternativa disponvel
Influncia da famlia
Influncia dos amigos ou colegas
Influncia de professores
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
31
emprego. Para a totalidade dos respondentes a Falta de experincia profissional, a Fraca oferta
de empregos para licenciados (1 ciclo) na sua rea cientfica e o Excesso de licenciados (1
ciclo) na sua rea de formao so os itens que registam as mdias mais elevadas29. Como
temos vindo a apontar nos estudos do Observatrio do Emprego da UPorto (Gonalves,
Menezes, Martins, 2009, 2009a, 2010 e 2011), em que recorrentemente se verifica os mesmos
posicionamentos, o primeiro item remete diretamente para os atributos individuais dos
inquiridos, assumindo estes tais atributos como penalizante de um acesso mais rpido e
qualificante ao emprego, enquanto os outros dois acabam por direccionar a explicao do
desemprego de insero30 para os empregadores, pblicos e privados, e para a Universidade, na
qualidade de instituio que forma diplomados.
Quadro 2.19
Tipos de dificuldades na procura do primeiro emprego
1 2 3 4 5 6 7
FBAUP Mdia 4,27 3,73 4,07 4,31 3,62 1,67 3,79
Desvio Padro 1,28 1,163 1,269 1,078 1,325 1,073 1,311
FCUP Mdia 4,78 3,78 4,22 4,44 4,44 1,75 2,75
Desvio Padro 0,441 1,093 0,833 0,726 0,726 0,707 0,463
FCNAUP Mdia 3,89 3,7 3,96 4,33 4 2,52 3,33
Desvio Padro 1,219 1,068 0,94 0,784 1,074 1,369 1,359
FADEUP Mdia 4 5 3 4 2 2 4
FDUP Mdia 4,33 4,67 4 4,33 4 3,33 4,67
Desvio Padro 0,577 0,577 1 0,577 1,732 1,528 0,577
FEP Mdia 4,57 3,86 2,57 3 3,14 2,57 2,57
Desvio Padro 0,535 1,215 1,272 1,414 1,215 1,988 1,397
FEUP Mdia 5 2 5 5 5 5 4
FLUP Mdia 4,37 4,12 3,74 4,52 4,17 3,06 3,4
Desvio Padro 1,008 1,1 1,31 0,87 1,147 1,289 1,192
FPCEUP Mdia 5 3 4,5 5 4 3,5 3,5
Desvio Padro 0 0 0,707 0 1,414 2,121 2,121
TOTAL Mdia 4,29 3,89 3,84 4,32 3,97 2,6 3,38
Desvio Padro 1,05 1,102 1,181 0,963 1,165 1,407 1,262
Legenda: 1 - Falta de experincia profissional; 2 - Excesso de licenciados (1 ciclo) na sua rea de formao 3 -
Desinteresse das entidades empregadoras pelos licenciados (1 ciclo) na sua rea cientfica; 4 - Fraca oferta de
empregos para licenciados (1 ciclo) na sua rea cientfica; 5 - Fraca oferta de empregos na sua rea geogrfica de
interesse; 6 - Discriminao no processo de seleo (em funo do gnero, da idade, da situao social, da
incapacidade fsica); 7 - Condies de trabalho (salrio, horrio, equipamentos, instalaes) inaceitveis.
29 Numa escala de 1 = Baixa dificuldade a 5 = Elevada Dificuldade.
30 Desemprego de insero corresponde ao perodo de procura efectiva de emprego regular aps a
concluso da licenciatura (1 ciclo).
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
32
Durante o perodo do desemprego de insero, 42,2% dos inquiridos realizaram ou
ainda realizam trabalhos espordicos ou ocasionais. O quadro abaixo apresenta uma lista
agregada de Atividades, em que a categoria dos Servios Administrativos, Informticos e Call
Centers ocupa a posio cimeira, seguida da Educao e Formao. Numa posio mais
distanciada, encontram-se as Atividades Artsticas e o Apoio Investigao. Subsiste mais o
trabalho de oportunidade, do que o desenvolvimento de Atividades que diretamente se
relacionam com a formao acadmica dos inquiridos. Vrias razes podem ser indicadas que
enformam a opo pelas Atividades espordicas: auferir rendimentos; aquisio de
competncias profissionais e obteno de informaes sobre os modos de funcionamento do
mercado de trabalho (estas duas ltimas percepcionadas pelos licenciados (1 ciclo) como
frequentemente valorizadas pelos empregadores). No se verifica para a nossa populao que a
realizao de trabalhos espordicos tenha possibilitado a obteno mais rpida de um emprego
regular.
Grfico 2.9
Tipos de atividades desenvolvidas (%)
No momento de aplicao do inqurito por questionrio (entre Abril e Junho de 2011),
71,9% do total dos inquiridos que temos vindo a analisar j tinham acedido ao seu primeiro
emprego regular. Os restantes mantinham-se ainda no desemprego. Tomando em conta os
diplomados empregados, constata-se que o arco temporal do desemprego de insero se fixou
num valor mdio de 5,6 meses (6,0 meses para as mulheres e 4,4 para os homens). Para 48,4%
deles, aquele perodo no ultrapassou os trs meses. Ao fim de seis meses estavam empregados
67,3% e aos doze meses, 87,3%. O desemprego de longa durao (mais de 12 meses) era de
12,7%.
58,1
2,8
7,8
25,4
5,9Servios Administrativos,
Comerciais, Informticos e
Call Centers
Actividades Artsticas
Apoio investigao
Educao e Formao
Actividades Desportivas
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
33
Quadro 2.20
Tempo de espera pelo primeiro emprego, em meses, dos inquiridos j empregados (% em linha)
Imediatamente 1 a 3 4 a 6 7 a 9 10 a 12 13 a 15 16 e mais
FBAUP 20,0 30,0 30,0 10,0 10,0
FCUP 28,6 14,3 14,3 14,3 28,5
FCNAUP 7,4 25,9 25,9 25,9 3,8 3,7 7,4
FADEUP 100,0
FDUP 100,0
FEP 47,4 31,6 10,5 5,2 5,3
FLUP 7,4 40,7 22,2 11,1 11,2 7,4
FPCEUP 50,0 50,0
TOTAL 15,8 32,6 18,9 15,8 4,2 7,4 5,3
Quanto aos inquiridos que ainda se encontravam desempregados, verifica-se que 73,7%
so mulheres. A durao mdia do desemprego de 17,4 meses (18,0 para as mulheres e 17,8
para os homens). Impera o desemprego de longa durao que abrange 77,8% dos licenciados (1
ciclo) (71,4% so mulheres). Mais uma vez constata-se no quadro acima, discrepncias entre as
Faculdades quanto ao tempo de espera pelo primeiro emprego.
Quais os atributos principais do primeiro emprego dos licenciados (1 ciclo)? Desde
logo, em termos de meios acionados pelos inquiridos para ingresso no seu emprego regular, a
Auto-proposta e o Centro de Emprego registam os valores percentuais mais elevados, ambos
com 29,9%. Os meios mais informais, como sejam os Familiares ou amigos, os Colegas de
curso, integrados nas redes de entreajuda e de amizade entre pares, e os Professores da
Faculdade, abrangem, no seu conjunto, 16,4% dos respondentes.
Quadro 2.21
Meios de acesso ao primeiro emprego
%
Auto-proposta 29,9
Centro de Emprego 29,9
Servio de Emprego da Faculdade 2,1
Empresa de trabalho temporrio 9,3
Familiares ou amigos 1,0
Colegas de curso 11,3
Professores da Faculdade que frequentou 4,1
Instituies de formao profissional 2,1
Criou uma empresa 2,1
Comeou a trabalhar como trabalhador independente 7,2
Outro 1,0
Total 100,0
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
34
No que respeita ao grupo profissional31, 67,7% dos respondentes inserem-se no dos
Especialistas das Atividades intelectuais e cientficas. Uma parcela importante (73,9%) exerce
Atividades laborais que se categorizam nos grupos profissionais com maiores recursos
educacionais, simblicos e materiais, que inclui aquele grupo, os Representantes do poder
legislativo e de rgos executivos, dirigentes, directores e gestores executivos e os Tcnicos e
profisses de nvel intermdio. Os grupos do Pessoal Administrativo e dos Trabalhadores dos
servios pessoais, de proteo e segurana e vendedores, caracterizados genericamente pela sua
diversidade interna e por exigncias qualificacionais mais restritas comparativamente aos
anteriores, agregam 23,9%. A distribuio dos inquiridos pelos diversos grupos profissionais
ter que ser ponderada face natureza e amplitude dos conhecimentos e competncias daqueles
que obtiveram a sua titulao de licenciado no quadro da aplicao do Processo de Bolonha, em
que predominam cursos do 1 ciclo com uma durao de trs anos.
Quadro 2.22
Grupos profissionais do primeiro emprego
%
Representantes do poder legislativo e de rgos executivos, dirigentes, directores e
gestores executivos
1,0
Especialistas das Atividades intelectuais e cientficas 67,7
Tcnicos e profisses de nvel intermdio 5,2
Pessoal administrativo 10,4
Trabalhadores dos servios pessoais, de proteo e segurana e vendedores 12,5
Trabalhadores qualificados da indstria, construo e artfices 1,0
Profisses das Foras Armadas 2,2
Total 100,0
Predominam os assalariados com 69,7%, logo a seguir vem a categoria dos
Trabalhadores independentes com 22,2 % (provavelmente uma parcela deles encontra-se numa
situao de assalariamento oculto ou de falsos independentes). As formas de emprego
precrio atingem 78,1% dos inquiridos, evidenciando que o primeiro emprego assenta na
instabilidade e na flexibilizao contratual. A Empresa privada ocupa a posio cimeira no
leque das organizaes empregadoras (84,3% dos inquiridos tiveram ou tm o seu primeiro
emprego no conjunto dos vrios tipos de empresas consideradas no estudo). 50,5% tm um
horrio semanal entre 31 e 40 horas e 19,6% mais de 40 horas.
31 De acordo com a Classificao Portuguesa de Profisses de 2010.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
35
Quadro 2.23
Situao na profisso, vnculo contratual e tipo de organizao do primeiro emprego
%
Situao na profisso
Trabalhador por conta prpria com empregados 2,0
Trabalhador por conta prpria sem empregados 2,1
Trabalhador independente 22,2
Trabalhador por conta de outrem 69,7
Bolseiro(a) de investigao cientfica 4,0
Total 100,0
Vnculo Contratual
Contrato de trabalho sem termo 21,9
Contrato de trabalho a termo certo 30,2
Contrato de trabalho a termo incerto 12,5
Contrato de prestao de servios/recibos verdes 29,2
Bolsa num projeto de investigao cientfica 6,2
Total 100,0
Tipo de organizao
Empresa privada 63,5
Empresa Pblica 12,5
Empresa Mista 8,3
Administrao Pblica Central e Regional 4,2
Administrao Pblica Local 3,1
Instituto Pblico 1,0
Instituio Particular de Solidariedade Social 1,1
Outro 6,3
Total 100,0
Quanto aos Setores de Atividade, o das Outras Atividades de servios coletivos, sociais
e pessoais, o da Sade e ao social e o da Educao tm as propores mais elevadas,
representando, em conjunto, 65,3% dos licenciados (1 ciclo). O emprego no Setor primrio tem
um valor residual, no secundrio fica-se pelos 4,3%. O tercirio concentra quase a totalidade
dos inquiridos (93,4%). Por outro lado, 62,9% dos licenciados (1 ciclo) trabalham no Grande
Porto, 33,1% em outras regies do pas e somente 2,0% no conjunto da Europa e Fora da
Europa.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
36
Quadro 2.24
Setores de atividade do primeiro emprego
%
Agricultura, produo animal, caa e silvicultura 2,1
Indstrias transformadoras 1,1
Produo e distribuio de electricidade, de gs e gua 1,1
Construo 2,1
Comrcio por grosso e a retalho 3,2
Alojamento e restaurao 5
Transportes, armazenagem e comunicaes 1,1
Atividades financeiras 9,5
Atividades imobilirias, alugueres e servios prestados s empresas 5,3
Administrao pblica, defesa e segurana social obrigatria 4,2
Educao 15,8
Sade e ao Social 21,1
Outras Atividades de servios coletivos, sociais e pessoais 28,4
Total 100
Um quarto dos inquiridos aufere um rendimento lquido mensal igual a 500 euros.
Existe uma concentrao nos dois escales imediatamente superiores. Solicitados a
posicionarem-se face ao rendimento que auferem, 46,3% consideram que o rendimento atual d
para viver. Para 40,0% a avaliao menos positiva, indicando explicitamente ser difcil ou
muito difcil viver com o seu rendimento.
Quadro 2.25
Rendimento mensal lquido e posicionamento sobre o rendimento
Escales %
Igual ou inferior a 500 25,1
De 501 - 800 37,5
De 801 - 1100 28,1
De 1101 - 1400 5,2
De 1401 - 1700 3,1
Igual ou superior a 1701 1,0
Total 100,0
Posicionamento sobre o rendimento
O rendimento atual permite viver confortavelmente 13,7
O rendimento atual d para viver 46,3
difcil viver com a remunerao atual 21,1
muito difcil viver com o rendimento atual 18,9
Total 100,0
Quanto relao entre a formao acadmica e as funes profissionais
desempenhadas, solicitou-se aos inquiridos que avaliassem o grau de adequao das funes do
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
37
seu primeiro emprego formao obtida na licenciatura32. O resultado global satisfatrio
(uma mdia global de 3,48). Verificam-se, todavia, diferenas entre as Faculdades a FLUP
com valor mais baixo (2,48) e a FCNAUP com o mais elevado (4,48).
Quadro 2.26
Relao entre o primeiro emprego e a formao acadmica
Mdia Desvio Padro
FBAUP 3,7 1,252
FCUP 3,43 1,272
FCNAUP 4,48 0,753
FADEUP 3,5 0,707
FDUP 5 .
FEP 3,42 0,607
FLUP 2,48 1,479
FPCEUP 3,5 0,707
TOTAL 3,48 1,316
Para 44,3% dos inquiridos, as funes desempenhadas no seu primeiro emprego s
podem ser executadas por algum com uma idntica licenciatura (1 ciclo). Estamos, portanto,
perante uma posio de exclusividade. Por sua vez, 17,5% admitem que as suas funes possam
ser executadas por indivduos com uma licenciatura (1 ciclo) de uma outra rea cientfica. A
sobrequalificao acadmica caracteriza o trabalho de 5,2%. A subqualificao acadmica
regista um valor expressivo (33,0%).
Quadro 2.27
Possibilidade das funes profissionais poderem ser desempenhadas por outros indivduos (% em linha)
Somente com uma
idntica licenciatura
(1 ciclo)
Com um curso de
grau acadmico
inferior
Com um curso de
grau acadmico
superior
Com outra
licenciatura (1
ciclo)
FBAUP 40,0 10,0 30,0 20,0
FCUP 14,3 42,9 42,8
FCNAUP 81,5 14,8 3,7
FADEUP 100,0
FDUP 100,0
FEP 15,8 36,8 47,4
FLUP 34,5 58,6 6,9
FPCEUP 100,0
TOTAL 44,3 5,2 33,0 17,5
32 Numa escala de 1 = nada adequado a 5 = muito adequado.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
38
2.7. Trabalhadores estudantes
No decorrer do ltimo ano da licenciatura, da totalidade dos inquiridos 15,7% tinham
uma Atividade profissional regular, assumindo assim a condio de trabalhadores estudantes.
Quais as posies no mercado de trabalho que estes indivduos tinham nesse ano? Em termos de
profisses, os grupos dos Trabalhadores dos servios pessoais, de proteo e segurana e
vendedores e o dos Especialistas das Atividades intelectuais e cientficas tm os valores percentuais
mais elevados. Na posio seguinte, encontramos os Tcnicos e profisses de nvel intermdio e
o Pessoal administrativo. A situao de assalariado agrega trs quartos dos inquiridos. Cerca de
metade tinha uma relao contratual estvel. As formas de emprego precrias englobavam
40,8% (com relevncia para o contrato a termo certo).
Quadro 2.28
Profisso, situao na profisso e vnculo laboral dos trabalhadores estudantes
%
Grupos Profissionais
Especialistas das Atividades intelectuais e cientficas 28,6
Tcnicos e profisses de nvel intermdio 18,4
Pessoal administrativo 12,2
Trabalhadores dos servios pessoais, de proteo e segurana e vendedores 35,7
Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura, da pesca e da floresta 1,0
NR 4,1
Total 100,0
Situao na Profisso
Trabalhador por conta prpria com empregados 0,9
Trabalhador por conta prpria sem empregados 5,6
Trabalhador independente 13,9
Trabalhador por conta de outrem 75,0
Trabalhador familiar no remunerado 4,6
Total 100,0
Vnculo Laboral
Contrato de trabalho sem termo 46,3
Contrato de trabalho a termo certo 17,6
Contrato de trabalho a termo incerto 9,3
Contrato de prestao de servios/Recibos verdes 13,9
Avena 0,9
Sem contrato 8,3
Outra situao 3,7
Total 100,0
A Empresa privada abrangia uma proporo importante de inquiridos (67,6%) e o
somatrio dos licenciados (1 ciclo) a trabalharem nos vrios tipos de empresas chega aos
83,4%. No plano da dimenso das organizaes empregadoras, pblicas e privadas, destacam-se
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
39
os escales dos 11 a 100 trabalhadores e o de mais de 500 trabalhadores. Nas micro e pequenas
organizaes, trabalhavam 22,2% dos respondentes. Ao nvel dos Setores de Atividade,
destacam-se Outras Atividades de servios coletivos, sociais e pessoais, Educao e o Comrcio
por grosso e a retalho. O tercirio imperava no emprego dos trabalhadores estudantes com
95,5%.
Quadro 2.29
Tipos de organizao, dimenso e Setores de atividade dos trabalhadores estudantes
%
Tipos de organizao
Empresa privada 67,6
Empresa Pblica 9,3
Empresa Mista 6,5
rgo de Administrao Pblica Central e Regional 4,6
rgo de Administrao Pblica Local 5,6
Instituto Pblico 3,6
Instituio Particular de Solidariedade Social 2,8
Total 100,0
Dimenso da organizao
De 1 a 5 trabalhadores 12,0
De 6 a 10 trabalhadores 10,2
De 11 a 100 trabalhadores 24,1
De 101 a 500 trabalhadores 21,3
Mais de 500 trabalhadores 32,4
Total 100,0
Setores de Atividade
Agricultura, produo animal, caa e silvicultura 2,8
Indstrias Extrativas 0,8
Indstrias transformadoras 0,9
Construo 0,9
Comrcio por grosso e a retalho 16,7
Alojamento e restaurao 1,9
Transportes, armazenagem e comunicaes 9,3
Atividades financeiras 1,9
Atividades imobilirias, alugueres e servios prestados s empresas 3,7
Administrao pblica, defesa e segurana social obrigatria 8,3
Educao 17,6
Sade e ao Social 11,1
Outras Atividades de servios coletivos, sociais e pessoais 24,1
Total 100,0
Importa, ainda, considerar as trajetrias profissionais dos trabalhadores estudantes aps
a concluso da licenciatura. Vejamos as duas mais importantes quantitativamente. A primeira
corresponde aos que permaneceram na organizao, mantendo-se nela data de aplicao do
inqurito por questionrio (63,0%). Deste segmento de inquiridos, nenhum obteve um aumento
da sua remunerao lquida mensal nem mudou de profisso. Na segunda trajetria, inclumos
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
40
todos aqueles que permaneceram na organizao, mas mudaram posteriormente (25,9%). No
subsiste uma notria melhoria da sua situao no mercado de trabalho com essa mudana.
Grfico 2.10
Trajetrias profissionais dos trabalhadores estudantes aps a concluso da licenciatura (%)
2.8. Trajetrias no mercado de trabalho
Neste sub-ponto sero explicitadas as trajetrias profissionais dos licenciados (1 ciclo),
tendo por referncia as caratersticas do primeiro e do atual emprego, bem como as situaes de
desemprego.
Face totalidade dos inquiridos que acederam, aps a concluso da sua licenciatura (1
ciclo), a um emprego ou j estavam inseridos no mercado de trabalho, o caso dos trabalhadores
estudantes, sobressai que 82,1% tiveram, at ao momento de aplicao do inqurito, um nico
emprego. Em parte, esta imobilidade pode ser explicada pelo facto de estarmos a analisar
inquiridos que obtiveram a sua titulao acadmica h cerca de 22 meses.
Atendendo unicamente aos inquiridos que tiveram mais de um emprego (17,9%),
observa-se que no conjunto das diversas formas de sada do seu primeiro emprego tm mais
notoriedade a Cessao do contrato a termo certo e o Despedimento individual por iniciativa
prpria. Com valores mais baixos, esto a Cessao do contrato de prestao de servios e a
Resciso contratual por mtuo acordo.
63,0
25,9
11,1 Permaneceu na
organizao, mantendo-
se nela actualmente
Permaneceu na
organizao, mas mudou
posteriormente
Permaneceu na
organizao, mas entrou
no desemprego, onde se
encontra actualmente
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
41
Quadro 2.30
Formas de sada do primeiro emprego regular
%
Cessao do contrato a termo certo 31,3
Falncia e encerramento da empresa 6,3
Despedimento individual por iniciativa da entidade empregadora 6,3
Despedimento individual por iniciativa prpria 25,0
Resciso contratual por mtuo acordo 12,5
Cessao do contrato de prestao de servios 18,6
Total 100,0
Os licenciados (1 ciclo) que indicaram a Cessao do contrato por iniciativa do
trabalhador e a Cessao do contrato por mtuo acordo foram questionados sobre o grau de
importncia de determinados motivos para a sua sada voluntria do primeiro emprego33. O
Projeto de trabalho mais interessante tem a mdia mais elevada (3,50). A Melhor remunerao e
as Questes de ndole familiar e pessoal ocupam a segunda posio (ambas com 3,17). Saliente-
se que o primeiro motivo aponta para a valorizao pelos licenciados (1 ciclo) da natureza do
trabalho, ou seja, para o seu valor intrnseco. Por sua vez, destaca-se a importncia que a
remunerao, na qualidade de valor extrnseco, tem no posicionamento daqueles no mercado de
trabalho, a par da possvel melhoria das relaes entre a vida profissional e familiar.
Quadro 2.31
Motivos para a sada do primeiro emprego
Mdia Desvio Padro
Projeto de trabalho mais interessante 3,5 1,975
Funo e/ou instituio mais prestigiante 2,67 1,633
Melhor remunerao 3,17 1,472
Melhores condies de trabalho 3,33 1,633
Melhor situao jurdica 3 1,673
Melhores relaes de trabalho com as chefias/colegas 3,33 1,966
Localizao geogrfica 2,4 1,342
Questes de ndole familiar e pessoal 3,17 1,329
Se compararmos determinadas caratersticas do primeiro emprego com o atual34 dos
inquiridos que tiveram mais de um emprego, alguns aspectos ganham evidncia emprica: no
caso dos grupos profissionais, verifica-se principalmente o aumento dos Especialistas das
Atividades intelectuais e cientficas e dos Tcnicos e profisses de nvel intermdio, o que
33 Numa escala de 1 = nada adequado a 5 = muito adequado.
34 Ou ltimo emprego, no caso de estar desempregado data de aplicao do inqurito por questionrio.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
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acompanhado pela reduo do peso dos grupos menos qualificados35 (em termos globais, a
estrutura dos grupos profissionais do emprego atual regista um perfil qualificacional superior
do primeiro emprego); quanto ao vnculo contratual, enquanto se amplia fortemente, em termos
percentuais, o contrato de trabalho sem termo, existe uma reduo limitada do conjunto das
formas de empregos precrios.
Quadro 2.32
Estrutura dos grupos profissionais e dos vnculos contratuais do primeiro e do atual emprego (%)
Primeiro
Emprego
Emprego
Atual
Grupos Profissionais
Especialistas das Atividades intelectuais e cientficas 66,7 71,4
Tcnicos e profisses de nvel intermdio
14,3
Pessoal administrativo 13,3
Trabalhadores dos servios pessoais, de proteo e segurana e
vendedores 20,0 14,3
Total 100,0 100,0
Vnculo Contratual
Contrato de trabalho sem termo 6,1 33,3
Contrato de trabalho a termo certo 25,0 50,0
Contrato de trabalho a termo incerto 31,3
Contrato de prestao de servios/Recibos verdes 31,3
Bolsa de investigao no mbito de um projeto de investigao
cientfica 6,3 16,7
Total 100,0 100,0
2.9. Competncias e avaliao da formao acadmica36
A avaliao da formao obtida na UPorto francamente positiva, especialmente, e tal
como em anteriores edies, no que concerne os conhecimentos tericos, mas tambm ao
enriquecimento pessoal e s competncias relacionais; embora no plo positivo da escala a
dimenso mais frgil , tambm como habitualmente, a adequao ao mercado de trabalho.
35 Referimo-nos aos grupos profissionais do Pessoal administrativo e dos Trabalhadores dos servios
pessoais, de proteco e segurana e vendedores.
36 Este sub-ponto foi elaborado em colaborao com Pedro M. Teixeira.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
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Quadro 2.33
Avaliao da formao obtida na Universidade do Porto
N Mnimo Mximo Mdia Desvio Padro
Conhecimentos tericos 688 1 5 4,03 ,769
Conhecimentos tcnicos 687 1 5 3,43 ,939
Competncias profissionais 687 1 5 3,22 ,996
Competncias relacionais 686 1 5 3,46 ,900
Enriquecimento pessoal 686 1 5 3,87 ,867
Adequao ao mercado de trabalho 683 1 5 3,03 1,046
Tambm como em anteriores estudos do Observatrio do Emprego, esta avaliao varia
em funo da Faculdade (Grficos 2.10 a 2.14), embora haja tambm relevantes variaes intra-
faculdade nas vrias dimenses da satisfao com a formao.
Grfico 2.11
Avaliao dos conhecimentos tericos nas vrias Faculdades
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
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Grfico 2.12
Avaliao dos conhecimentos tcnicos nas vrias Faculdades
Grfico 2.13
Avaliao das competncias profissionais nas vrias Faculdades
Grfico 2.14
Avaliao das competncias relacionais nas vrias Faculdades
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
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Grfico 2.15
Avaliao do enriquecimento pessoal nas vrias Faculdades
Grfico 2.16
Avaliao da adequao ao mercado de trabalho nas vrias Faculdades
Do ponto de vista das diferenas de gnero, tende a haver uma relativa continuidade das
percepes de homens e mulheres face avaliao da formao.
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
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Quadro 2.34
Avaliao da formao obtida na Universidade do Porto em funo do gnero
Sexo N Mnimo Mximo Mdia Desvio Padro
Conhecimentos tericos F 456 1 5 4,02 ,784
M 232 1 5 4,05 ,740
Conhecimentos tcnicos F 455 1 5 3,41 ,917
M 232 1 5 3,47 ,980
Competncias profissionais F 455 1 5 3,24 ,971
M 232 1 5 3,20 1,046
Competncias relacionais F 454 1 5 3,48 ,881
M 232 1 5 3,43 ,937
Enriquecimento pessoal F 456 1 5 3,85 ,853
M 230 1 5 3,91 ,894
Adequao ao mercado de trabalho F 455 1 5 3,08 1,020
M 228 1 5 2,93 1,090
tambm de salientar que a grande maioria dos diplomados escolheria a mesma
licenciatura (1 ciclo) e Faculdade, sendo baixa a percentagem dos que preferiam no ter
acedido ao ensino superior.
Quadro 2.35
Escolheria o mesmo curso e Faculdade?
Atualmente escolheria diplomar-se na mesma licenciatura e Faculdade? %
Sim 66,2
No, escolheria outra licenciatura na mesma Faculdade 5,5
No, escolheria a mesma licenciatura mas noutra Faculdade 6,8
No, escolheria outra licenciatura em outra Faculdade 19,4
No, optaria por no ingressar na universidade e seguir outra carreira 2,0 Total 100,0
Na avaliao das competncias obtidas na formao e exigidas pelo emprego (Grfico
2.16), o perfil tende a ser positivo com exceo de expressar-se numa lngua estrangeira,
coordenar equipas de trabalho e mobilizar competncias de outros profissionais, competncias
no muito valorizadas em ambos os contextos; note-se que a coordenao de equipas de
trabalho no propriamente expectvel no perfil de competncias dos licenciados (1 ciclo). As
questes em que a dcalage mais expressiva continuam a ser lidar com a diversidade
interpessoal e gerir o tempo, competncias especialmente relevantes nos contextos de emprego.
Competncias relacionadas com o domnio de conhecimentos e a escrita e apresentao de
relatrios parecem ser as que mais vantagens do aos diplomados em relao ao que lhes
pedido nos contextos de trabalho.
Transio para o trabalho dos diplomados pela Universidade do Porto em 2009
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1 2 3 4 5
Conhecimento aprofundado na sua rea de formao
Resoluo de problemas complexos na rea
Gesto de projectos tcnicos ou profissionais
Trabalhar sobre presso
Tomar decises em situaes complexas
Trabalhar com novas tecnologias de informao
Assumir responsabilidades pela sua prpria formao
Trabalhar em equipa de forma produtiva
Usar eficazmente o tempo
Analisar e reflectir sobre problemas profissionais
Relacionar os seus conhecimentos com outras reas
Gerar novas ideias e solues
Questionar as suas ideias e as dos outros
Adquirir novos conhecimentos de forma rpida
Mobilizar as competncias de outros profissionais
Coordenar equipas de trabalho
Apresentar ideias ou relatrios a pblicos diferenciados
Escrever memorandos ou relatrios
Interagir com pessoas diferentes (cultural, tnico, incapacidade, )
Expressar-se numa lngua estrangeira
formao profisso
Grfico 2.17
Estimativas dos valores mdios na avaliao das competncias obtidas na formao e exigidas na
profisso
No que concerne inteno de prosseguir a formao, e contrariamente ao verifi