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DIREÇÃO REGIONAL DE AGRICULTURA E PESCAS DO CENTRO DIREÇÃO DE SERVIÇOS DE DESENVOLVIMENTO AGROALIMENTAR, RURAL E LICENCIAMENTO DIVISÃO DE APOIO À AGRICULTURA E PESCAS RELATÓRIO DE ACTIVIDADES E BALANÇO FITOSSANITÁRIO ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO - ANO 2014 Macieira, Olival, Pessegueiro, Cerejeira e Batateira Autores: Vanda Batista, Manuel Salazar e Helena Pinto Viseu

RELATÓRIO DE ACTIVIDADES E BALANÇO FITOSSANITÁRIO … › base › documentos › relatorio_anual_eada… · 2.8. Piolho-verde, Piolho-cinzento e Pulgão-lanígero 24 2.9. Mosca-da-fruta

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DIREÇÃO REGIONAL DE AGRICULTURA E PESCAS DO CENTRO

DIREÇÃO DE SERVIÇOS DE DESENVOLVIMENTO AGROALIMENTAR, RURAL E LICENCIAMENTO

DIVISÃO DE APOIO À AGRICULTURA E PESCAS

RELATÓRIO DE ACTIVIDADES E BALANÇO FITOSSANITÁRIO

ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO - ANO 2014

Macieira, Olival, Pessegueiro, Cerejeira e Batateira

Autores:

Vanda Batista, Manuel Salazar e Helena Pinto

Viseu

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INDICE

1. Estação de Avisos do Dão

1.1. Localização 1

1.2. Recursos Humanos 1

1.3. Instalações e Equipamentos 1

1.4. Postos de observação 1

1.4.1. Postos Meteorológicos 1

1.4.2. Postos de Observação Fenológica e Biológica 2

1.5. Utentes 2

1.6. Emissão de Circulares de Aviso 2

2. Macieira

2.1. Estados fenológicos 4

2.2. Pedrado da macieira 5

2.3. Fogo bacteriano 8

2.4. Bichado-da-fruta 11

2.5. Lagartas-mineiras 21

2.6. Cochonilha de S. José 22

2.7. Aranhiço vermelho 23

2.8. Piolho-verde, Piolho-cinzento e Pulgão-lanígero 24

2.9. Mosca-da-fruta 25

2.10. Sésia 27

3. Olival

3.1. Estados fenológicos 29

3.2. Traça-da-oliveira 30

3.3. Mosca-da-azeitona 34

3.4. Euzofera 36

3.5. Traça-verde 37

3.6. Caruncho-da-oliveira, Cochonilha-negra, Algodão-da-oliveira e Tripes 37

3.7. Olho-de-Pavão, Tuberculose, Cercosporiose e Gafa 38

4. Outras Culturas/Inimigos

4.1. Pessegueiro/Lepra e Mosca-da-fruta 43

4.2. Cerejeira/Cancro bacteriano e Mosca-da-cereja 43

4.3. Batateira/Traça-da-batata 43

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1. ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO

1.1 Localização

A Estação de Avisos do Dão é uma das cinco estações de avisos da Divisão de Apoio à

Agricultura e Pescas, da Direção de Serviços de Desenvolvimento Agroalimentar, Rural e

Licenciamento da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro, encontrando-se

localizada na Estação Agrária de Viseu.

1.2 Recursos humanos

Em 2014 o grupo de trabalho, ordenado por ordem alfabética, foi o seguinte: Fernanda Jesus

Lopes Rodrigues (Assistente Técnica), Jorge Manuel Esteves Carvalho Sofia (Técnico Superior),

Manuel Salazar (Técnico Superior), Maria Helena Cortês Pinto Marques (Técnica Superior) e

Vanda Cristina Azevedo da Costa Batista (Técnica Superior).

1.3 Instalações e equipamentos

A Estação de Avisos do Dão está instalada no edifício principal da Estação Agrária de Viseu,

ocupando 2 gabinetes e um laboratório.

1.4 Postos de observação

1.4.1. Postos Meteorológicos

A Estação de Avisos do Dão dispõe de postos meteorológicos automáticos que os dados

horários e diários da temperatura, humidade relativa, precipitação, número de horas de folha

molhada, velocidade e direção do vento, recolhidos via GSM, permitem aplicar as

metodologias de previsão baseadas nesses dados meteorológicos da região.

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1.4.2. Postos de observação fenológica e biológica

As observações da fenologia das culturas da vinha, pomar e olival e o acompanhamento

biológico dos seus principais inimigos, foram efectuadas pelos técnicos da Estação de Avisos

do Dão nos locais onde estão instalados os Postos de Observação Biológica (POB´s). Os POB´s,

da Estação de Avisos encontram-se localizados em Viseu, Foz de Arouce (Lousã), Canas de

Santa Maria (Tondela), S. Paio (Gouveia), Arcozelo (S. Pedro do Sul), Penalva do Castelo e

Nelas. No caso do POB de Penalva do Castelo é apenas para a cultura do olival. Para cada

cultura são monitorizados os estados fenológicos das culturas e as ocorrências biológicas dos

diferentes inimigos semanalmente.

1.5 Utentes

Em 2014 registaram-se 457 inscrições de agricultores, Cooperativas Agrícolas, Associações e

outros particulares. Cumulativamente há ainda 37 inscrições permanentes não pagas, para

organismos do Ministério da Agricultura, proprietários onde estão instaladas as estações

meteorológicas automáticas e demais colaboradores.

1.6 Emissão de Circulares de Aviso

Em 2014 foram enviadas 19 Circulares com informações para as principais pragas e doenças

de pomóideas, prunóideas, vinha e olival. Sendo um veículo de difusão de informação e

conhecimento, estas circulares contemplaram também referências a alguns inimigos de

quarentena tais como: escaravelho da palmeira, flavescência dourada e seu vector, vespa das

galhas do castanheiro e a bactéria Xylella fastidiosa. Face à obrigatoriedade da aplicação

normas da Proteção Integrada por todos os utilizadores profissionais a partir de 1 de Janeiro,

foi enviada informação sobre os princípios gerais e uma folha visando registo das aplicações. A

21 de Novembro foi introduzida, pela primeira vez, informação sobre a Drosophila suzukii.

Foram também difundidas outras informações no sentido de informar e de interesse para os

utentes directos e indirectos do serviço.

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Além das atividades inerentes à dinâmica da Estação de Avisos do Dão os técnicos também

desempenharam as seguintes atividades:

Acompanhamento de ensaios: Método da confusão sexual no controlo do bichado-da-

fruta na Estação Agrária de Viseu, projeto o Operation Pollinator;

Elaboração do número de horas de frio;

Orientação de estágios;

Redação e publicação de artigos técnicos;

Elaboração de folhetos técnicos;

Elaboração de listas de produtos homologados/finalidades;

Emissão de pareceres relativos a fitossanidade;

Assistência técnica aos agricultores no domínio da Sanidade Vegetal em gabinete e no

campo;

Prospeção de organismos de quarentena na área de influência da Estação de Avisos do

Dão e colheita de amostras no âmbito da prospecção fitossanitária;

Contributo para a elaboração dos diversos Planos de Ação Nacional coordenados pela

DGAV;

Validação das ferramentas de decisão do modelo Maryblyt e desenvolvimento de um

modelo interno;

Apoio à exploração da Estação Agrária de Viseu;

Receção e acompanhamento de grupos de alunos de cursos de escolas e politécnicos;

Elaboração de poster sobre a implementação do projecto “Operation Pollinator” na

EAV para apresentação no Simpósio de Fruticultura.

Auxilio na manutenção de Estações Meteorológicas Automáticas;

Elaboração de relatórios semanais, intercalares e final de atividades;

Exercem várias funções como inspetores fitossanitários

Desempenho de outras atividades da Divisão de Apoio à Agricultura e Pescas.

Também realizaram e participaram em várias ações de divulgação que tiveram como público-

alvo agricultores, associações, técnicos, entre outros.

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2. MACIEIRA

2.1. Estados fenológicos

Estados

Fenológicos

Lobão da Beira S. Pedro do Sul S. Paio Viseu Foz de Arouce

Gold. Stark. Gold. Stark. Gold. Stark. Gold. Stark. Gold. Stark.

4/3 4/3 4/3 4/3 4/3 4/3

10/3 8/3 20/3 13/3 10/3 8/3

19/3 19/3 10/3 27/3 20/3 19/3 10/3 19/3

19/3 3/4 19/3 3/4 27/3 3/4 19/3 19/3

10/4 3/4 7/4 3/4 10/4 3/4

13/4 10/4 10/4 7/4 17/4 10/4

17/4 13/4 22/4 10/4 22/4 17/4

23/4 17/4 29/4 22/4 28/4 22/4

22/4 29/4 23/4 7/5 29/4 29/4 28/4

22/4 7/5 28/4 9/5 9/5 9/5 29/4 22/4 22/4

25/8 25/8 25/8 25/8 25/8 25/8

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2.2. Pedrado da macieira

Para determinar a projeção de ascósporos foram colhidas folhas com pseudotecas de

pedrado. A partir de Março procedeu-se à colocação de 2 lâminas vaselinadas sobre uma rede

sobreposta às folhas. Sempre que ocorrem precipitações as lâminas são retiradas e

observadas ao microscópio para contagem dos ascósporos. Na lâmina faz-se a observação

total do bordo da lâmina e três observações verticais no seu interior. A partir desta contagem

dos ascósporos obtém-se a curva de projeção. Para determinar o estado de maturação das

pseudotecas recolheram-se, a partir de finais de Fevereiro – início de Março, nos diferentes

postos de observação, folhas com pedrado. À lupa binocular retiraram-se 10 pseudotecas e

observaram-se ao microscópio, determinando-se assim o seu estado de maturação.

Em 2014 verificou-se uma evolução normal das pseudotecas. No início de Março já era visível

a presença de ascos com ascósporos diferenciados no seu interior. No final do mês já eram

visíveis ascos vazios com ascósporos soltos na preparação, atingindo-se assim a plena

maturação. Conciliando o desenvolvimento fenológico de algumas variedades (vermelhas,

Fuji, Reineta e Granny Smith em C3-D) e o risco de precipitação, foram colocadas a 21 de

Março as primeiras lâminas. Registou-se um valor acumulado de 0,7 l e uma projeção total de

5 ascósporos. A partir de 28 de Março registou-se novo período de precipitação e a 31 de

Março a projeção de 46 ascósporos e, no dia seguinte, 12. A partir de 5 de Abril assinalou-se

um aumento dos valores médios de temperatura (Tmédia – 17ºC) que associado à humidade

existente no solo favoreceu a maturação das pseudotecas ainda existentes nas folhas. No dia

14 de Abril ocorreram aguaceiros e trovoadas, provocaram uma precipitação de 1,5 l e uma

projeção de 111 ascósporos foi. Novos períodos de infeção foram registados a 18 e 19 de Abril

e de 23 a 26 de Abril.

As contaminações primárias são provocadas pelos ascósporos projectados, podendo ocorrer a

partir do estado fenológico C, quando temos parte verde. Os órgãos verdes têm de

permanecer molhados um determinado período de tempo (humectação) e, em função das

temperaturas, o risco de contaminações é nulo, ligeiro, médio ou grave, conforme a tabela de

Mills e Laplace (Figura 1).

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Figura 1 – Tabela de Mills e Laplace

A conjugação da determinação da maturação das pseudotecas, contagem dos ascósporos e a

previsão das contaminações foi determinante para a emissão das circulares de aviso no

decurso da campanha. A meados de Março as cultivares Gala, Fuji, Reineta e Granny Smith já

se encontravam no estado fenológico C3-D e a previsão de chuva a partir de 21 de Março foi

basilar para a emissão da Circular nº 03/14 a 18 de Março. Foi recomendada a aplicação de

um produto com ação preventiva uma vez que este tratamento seria fundamental para evitar

a instalação da doença. O período de 21 a 25 totalizou 12,6 l/m2 de chuva não ocorrendo

lavagem do produto aplicado.

A 26 de Março foi emitida nova circular uma vez que estava prevista a ocorrência de

precipitação a partir do dia 28. Este período previa ser de alguma intensidade e na circular

seguiu o alerta sobre a possibilidade de lavagem de produto e a necessidade de renovação,

caso tal se verificasse. Tal como previsto ocorreu lavagem de produto a 30 de Março ficando o

pomar desprotegido.

Após esta data e até 6 de Abril a intensidade de chuva condicionou a renovação de

tratamento. Este período foi considerado de elevado risco uma vez que se totalizou 127 l/m2

de precipitação o provocou a constante humectação da folha.

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Considerando esta situação foi feita a previsão do aparecimento das manchas em função da

temperatura média diária. O aparecimento das primeiras manchas estava previsto para dia 17

de Abril.

Atendendo à previsão de novo período de instabilidade meteorológica a partir de 14 de Abril

foi emitida nova Circular a 10 de Abril, visando a precipitação prevista e o aparecimento de

manchas. O risco de novas contaminações era elevado uma vez que se assistiu a um

amadurecimento das peritecas. Nalguns locais da região ocorreram aguaceiros e trovoadas a

14 e 15 de Abril. Esta situação despoletou um elevado número de projeções, exemplo de

Viseu que no dia 14, resultado de um total de precipitação de 1,5 l/m2, foram projectados 111

ascósporos. Estes valores refletem a severidade das contaminações. Em Lobão da Beira

(Tondela) e Várzea (S. Pedro do Sul) ocorreu 2 l/m2 e 1,2 l/m2 de precipitação,

respectivamente. No dia seguinte ocorreu chuva intensa na região de Viseu (24,4 l/m2). Em

Lobão da Beira (Tondela) e Várzea (S. Pedro do Sul) não se registou a ocorrência de

precipitação. Nos dias 18 e 19 ocorreu 2,8 l/m2 de precipitação, em Viseu e Tondela, que

originou infeções médias devido ao número de horas de folha molhada e temperatura.

A 21 de Abril foi emitido nova circular de avisos uma vez que estávamos na presença de nova

ameaça de precipitação no decurso da semana. Este período de precipitação decorreu entre

os dias 23 a 26 totalizando 29,2 l/m2 de precipitação em Viseu e Tondela e 30,6 l/m2 em S.

Pedro do Sul. A lavagem do produto aplicado ocorreu a 26 de Abril. Atendendo ao risco

associado foi emitida nova circular a 5 de Maio a alertar para o aparecimento de manchas e

para a necessidade de proteger o pomar antes do dia 8 de Maio. Nesta data começaram a

surgir as primeiras manchas de pedrado nos postos de observação biológicos.

A 13 de Maio foi emitida a circular nº 08/14 considerando as indicações do IPMA que previa a

ocorrência de precipitação a partir de 20. Nesta altura existia um elevado número de

peritecas maduras e o período avizinhava-se ser de elevado risco. A chuva antecipou um dia e

nos dias 20 e 21 de Maio, dependendo dos locais, ocorreu lavagem de produto.

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A 22 de Maio a Estação de Aviso do Dão difundiu um SMS junto dos seus utentes. Esta

indicação foi reforçada com a circular nº 09/14, enviada a 26 de Maio, considerando o facto

de alguns pomares da região já apresentarem manchas de pedrado e por estar prevista a

ocorrência de aguaceiros. Face à previsão de precipitação para dia 6 difundiu-se a 3 de Junho

a Circular nº 10/14 recomendando o posicionamento de tratamento antes desta data. A

quantidade de precipitação não foi suficiente para provocar a lavagem do produto aplicado.

De 21 a 24 de Junho ocorreu novo período de precipitação salvaguardado pela emissão de

aviso a 17 de Junho. A previsão de continuação de tempo instável associado às neblinas

matinais conduziu à emissão do aviso nº 12/14 datado de 30 de Junho. A 17 de Julho e 4 de

Agosto e devido à ocorrência de precipitação foram emitidos avisos dirigidos aos pomares

com manchas.

A 22 de Outubro foi contemplada a informação sobre aplicação de ureia pois esta acelera a

decomposição das folhas e, consequentemente, evita a formação das estruturas hibernantes

do fungo.

Na presente campanha os fruticultores depararam-se com diversas dificuldades no controlo

da doença devido à constante lavagem dos produtos de contacto e a dificuldade de

posicionar, atempadamente, a renovação dos mesmos. As baixas temperaturas (inferiores a

12ºC) também poderão ter contribuído para a falta de eficácia dos produtos com ação

sistémica (IBE´s).

2.3. Fogo bacteriano

Com base no modelo de previsão Maryblyt, desenvolvido por Steiner em 1990, a Estação de

Avisos do Dão acompanhou o desenvolvimento do Fogo bacteriano (Erwinia amylovora),

tendo a preocupação de contribuir para a sua validação face às condições meteorológicas

locais. Este modelo baseia-se no somatório de temperaturas desde o abrolhamento da cultura

para prever eventuais sintomas.

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À semelhança de anos anteriores o risco da doença foi acompanhado através do modelo de

previsão Maryblyt e observações de campo. Considerando o período de floração,

temperatura, humectação e eventos traumáticos foi assinalado o principal período de infeção

de 12 a 18 de Abril, em Viseu, S. Pedro do Sul e Tondela (Figura 2, 3 e 4). Nesta data

encontravam-se em início de floração apenas as variedades mais precoces. Após esta data o

risco foi médio e baixo, havendo uma nova infeção a 2 de Maio (Viseu) e de 30 de Abril a 4 de

Maio, em Tondela e S. Pedro do Sul. O facto dos períodos de infeção se concentrarem no

início e final da floração determinou a reduzida incidência da doença uma vez que, nestas

alturas, o número de flores abertas seria menor estando cingidas às variedades mais precoces

e mais tardias.

A 16 de Abril a Maioria dos pomares já se encontrava em vingamento o que significa que a 2

de Maio o número de flores abertas já era muito reduzido. São de assinalar dois períodos de

eventos traumáticos, 14 a 15 de Abril e 27 a 28 de Abril. O primeiro é referente a aguaceiros

fortes e trovoadas que ocorreram apenas em alguns locais da região e o segundo vento forte

que se fez sentir por toda a região.

Figura 2 – Outup do Maryblyt referente ao período de floração - Viseu

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Figura 3 – Outup do Maryblyt referente ao período de floração – S. Pedro do Sul

Figura 4 – Outup do Maryblyt referente ao período de floração – Tondela

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11

Face às ocorrências foi emitida a Circular de Aviso nº 06/14 a 21 de Abril a recomendar

vigilância dos pomares. Esta mensagem foi reforçada na Circular de Aviso nº 10/14 emitida a 3

de Junho uma vez que já tinham sido reunidas as condições para a doença se manifestar na

sua plenitude. Das observações de campo realizadas não foram detetados sintomas suspeitos

nos rebentos e corimbos sendo apenas de assinalar o aparecimento de ramos com sintomas

suspeitos a 20 de Maio, na variedade Gala, dos pomares da Estação Agrária de Viseu (Figura

5). Nesta data foi preconizada a retirada de 2ªs florações e de ramos com sintomas, seguindo

todas as recomendações culturais. Este material foi posteriormente sujeito a controlo

laboratorial dando negativa a presença da bactéria. Nos restantes pomares prospetados não

se registaram evidências da doença.

Figura 5 – Sintomas de Fogo Bacteriano, na variedade Gala, da Estação Agrária de Viseu (20/05/14)

2.4. Bichado-da-fruta

Em Novembro de 2013 retiraram-se as cintas dos troncos e, após contagem das lagartas

hibernantes, foram colocadas 500 em rolos de papel. Posteriormente estes foram colocados

no insectário onde permaneceram todo o Inverno. A partir de 15 de Abril foram realizadas

observações diárias de forma a registar o número de fêmeas e machos emergidos. Os machos

e fêmeas foram diferenciados pela parte terminal do abdómen.

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12

No dia 24 de Abril ocorreram as primeiras eclosões no insectário mas só a 2 de Maio eclodiu a

primeira fêmea. Este fenómeno designa-se por protandria. O primeiro casal foi transferido,

nessa data, para uma manga de postura, colocada num ramo, com folhas e frutos, de uma

árvore não tratada.

A 3 de Junho registou-se o pico de emergências de machos no insectário (36 machos). O pico

de emergências de fêmeas verificou-se no dia 9 de Maio (29 fêmeas).

A emergência de adultos durou aproximadamente dois meses e meio, uma vez que iniciou no

dia 24 de Abril e terminou no dia 17 de Julho. Através da análise da Figura 6, pode ainda

confirmar-se que a emergência de machos, em geral, foi superior à emergência de fêmeas.

Figura 6 – Emergências de machos e fêmeas no insectário

Verifica-se que ao longo dos meses existiram três picos consideráveis de emergências de

adultos (machos e fêmeas) que diferem dos restantes (Figura 7). O maior pico teve lugar a 9

de Maio, onde emergiram, no total, 56 adultos. Os dois restantes picos tiveram lugar nos dias

19 de Maio e 3 de Junho onde se registaram, respectivamente, 37 e 41 emergências.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

3-A

br

10

-Ab

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17

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19

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3-J

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10

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17

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emer

gên

cias

Machos Fêmeas

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13

Figura 7 – Emergência total do insectário

Ao longo de dois meses e meio emergiram 368 adultos na totalidade. Atendendo que foram

inicialmente colocadas 500 pupas, é de assinalar a falta de 132 adultos. Esta diferença entre

as emergências de adultos totais e as pupas colocadas no insectário pode dever-se à morte de

larvas e pupas devido ao inverno chuvoso, manipulação das larvas e também à fuga de

adultos do insectário.

Conforme referido anteriormente a colocação do primeiro casal na manga de postura teve

lugar no dia 2 de Maio. No dia 5 de Maio ocorreu a morte do casal, tendo-se procedido à sua

substituição.

A 7 de Maio observaram-se as primeiras posturas e a 8 de Maio contabilizaram-se 26 ovos nos

frutos e folhas (Figura 8). A 12 de Maio registaram-se 57 ovos aumentando para 70 no dia

seguinte. A partir deste dia não existiram mais posturas. Estes dados sustentaram a

informação veiculada na Circular nº 07/14 onde se recomendou a realização de tratamento

para quem optasse pela estratégia ovicida-larvicida.

A 16 de Maio os ovos já estavam no estado de cabeça negra, tendo ocorrido as primeiras

perfurações nos frutos a 19 de Maio. No total foram registadas 16 perfurações. O somatório

decorrido desde a postura (8 de Maio) até às perfurações (19 de Maio) foi de 96,85ºC.

0

10

20

30

40

50

60

3-Abr 13-Abr 23-Abr 3-Mai 13-Mai 23-Mai 2-Jun 12-Jun 22-Jun 2-Jul 12-Jul

de

em

erg

ên

cias

Emergencia total de adultos

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Data Colocação Ovos Perfurações Morte do macho Morte da fêmea Estado cabeça negra

02-05-2014 Colocação

05-05-2014 1 1

06-05-2014 Nova colocação

08-05-2014 26

12-05-2014 57

13-05-2014 70

16-05-2014 1

20-05-2014 14

03-06-2014 16

Manga Postura

A aplicação do somatório de temperaturas permitiu antecipar este cenário e emitir a 13 de

Maio a informação para posicionar produtos com ação ovicida-larvicida e larvicida.

Quadro 1 – Histórico das ocorrências na manga de postura

Figura 8 – Posturas nas folhas e frutos perfurados da manga de postura (19/05/14)

O início de voo da 1ª geração começou em dias diferentes para cada localidade. Em Viseu,

conforme referido anteriormente, ocorreu a 15 de Abril, em Tondela (1 adulto) e Foz de

Arouce (1 adulto) a 22 de Abril e em S. Pedro do Sul (2 adultos) a 2 de Abril. Face aos

resultados obtidos foi recomendado a 21 de Abril, na Circular de Avisos nº 06/14, a instalação

dos difusores da confusão sexual.

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15

Poucos dias antes de ter ocorrido o pico de voo da 1ª geração em Viseu (20 de Maio), este

ocorria em Tondela e Foz de Arouce, a 15 de Maio, com a captura de 13 e 4 adultos,

respetivamente. Em S. Pedro do Sul manifestou-se mais cedo, a 13 de Maio, com a captura de

6 adultos.

O fim da 1ª geração, início da 2ª também foi díspar entre as localidades. A leitura dos dados é

dificultada pela constância dos valores registados. As condições meteorológicas sentidas

comprometeram o desenvolvimento da praga e isso é visível no gráfico seguinte. O

posicionamento de produtos com ação ovicida-larvicida foi recomendado a 10 de Julho na

Circular nº 13/14. Na segunda semana de Julho foram observados frutos bichados sendo

necessário proceder à renovação de tratamento. Esta informação constou na de 10 de Julho.

A 4 de Agosto recomendou-se a realização da estimativa do risco (observação de 1000 frutos)

e a renovação de tratamento caso fossem contabilizados 5 a 10 frutos bichados.

Figura 9 – Curva de voo dos POB´s de S. Paio, Tondela, Foz de Arouce e S. Pedro do Sul

Os dados de Viseu são a seguir apresentados uma vez que nas parcelas da Estação Agrária de

Viseu foram implantadas duas estratégias de controlo da praga: luta química e método da

confusão sexual.

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S. Paio Tondela Foz de Arouce S. Pedro do Sul Viseu

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16

Este trabalho foi acompanhado, no âmbito de um estágio curricular, pela aluna Diana

Marques da Escola Superior Agrária de Viseu. A seguir são apresentados alguns resultados

mas remete-se para a leitura integral do relatório.

À semelhança de anos anteriores as parcelas F2, F8 e F9 foram sujeitas ao método da

confusão sexual e as restantes, F3, F4 e F12/15, sujeitas à aplicação de produtos

fitofarmacêuticos (Figura 10).

Figura 10 – Localização das parcelas (adaptado Marques, 2014)

Os difusores da confusão sexual foram instalados a 16 de Abril. Esta colocação foi

determinada pela captura, a 15 de Abril, de 5 adultos na armadilha sexual instalada na parcela

F4. Foram utilizados difusores ISOMATE C Plus (difusores de vapor - VP) da empresa Biosani.

Relativamente às características, este tipo de difusores são compostos por E, E-8, 10-

Dodecadien-1-ol 49,9% (116,9 mg por difusor) peso por peso (p/p). Cada embalagem contém

400 difusores e é garantida a libertação de feromona durante, pelo menos, 150 dias.

No total das parcelas (F2, F8 e F9) foram aplicados 2419 difusores, sendo que 654 foram

utilizados na parcela F2, 668 na parcela F8 e 1097 na parcela F9. Foi assegurado o reforço nas

bordaduras, conforme recomendação do fabricante. Nas parcelas (F3, F4 e F12/15) não foram

instalados difusores tendo sido sujeitas à aplicação de insecticidas.

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17

Relativamente ao modo de aplicação foram seguidas as indicações da empresa: colocação dos

difusores em forma de laço, na parte superior da árvore, evitando a exposição directa ao sol, e

não excessivamente dobrados para não os danificar. Todos os aplicadores utilizaram luvas

para evitar transferência de odores (Figura 11).

Figura 11 – Difusores e sua colocação (Diana Marques, 16/04/2014)

Foram instaladas duas armadilhas, a primeira no dia 19 de Março, na parcela F4, com uma

feromona de 2 mg de concentração. A segunda foi colocada no dia 2 de Maio, na parcela F9,

recorrendo a uma feromona com concentração de 10 mg uma vez que a parcela em questão

está sujeita ao método da confusão sexual. A colocação desta feromona tem como principal

objectivo verificar se a feromona emitida pelos difusores de confusão sexual é suficiente. Se

for suficiente, não existe nenhuma captura nesta armadilha. Em ambas as situações as

feromonas são substituídas a cada 6 semanas.

Em seguida, seguem os resultados obtidos pela observação semanal de 1000 frutos. Esta

observação, realizada em cada uma das parcelas, teve início no dia 20 de Maio e terminou a 1

de Outubro. Para uma melhor organização encontram-se separados os dados das parcelas

sujeitas ao método da confusão sexual e os dados das parcelas sujeitas à luta química ou

modo convencional.

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18

Parcelas sujeitas ao método da confusão sexual

Na bordadura da parcela F2 só foram registados 3 frutos perfurados. O primeiro a 11 de Junho

com larva viva, o segundo a 25 de Junho com larva morta e o terceiro a 9 de Agosto com

galeria sem larva. No interior foram totalizados 8 frutos perfurados. O primeiro foi encontrado

a 18 de Junho e continha uma larva viva. Para além deste, foi encontrado mais um fruto com

larva viva, no dia 21 de Julho.

Nos dias 9 de Julho, 17 de Julho e 13 de Agosto foram encontrados respectivamente 1, 2 e 1

frutos, todos eles com as galerias sem larva. Por fim, nos dias 25 de Junho (1 fruto) e 21 de

Julho (1 fruto), ambos os frutos encontrados continham no seu interior uma larva morta.

Na bordadura da parcela F8 apenas foram registados, a 25 de Junho, três frutos perfurados.

Um dos frutos continha uma larva viva e os restantes 2, uma larva morta. No interior foi

encontrado apena um fruto perfurado com a galeria sem larva, no dia 21 de Julho.

Na parcela F9 observaram-se, na bordadura, a presença de 4 frutos bichados: dois no dia 18

de Junho e outro a 20 de Agosto. Ambas as situações com larva viva no seu interior. O último

fruto, observado no dia 16 de Setembro, apresentava galeria sem larva no seu interior.

No interior, registaram-se um total de 11 frutos perfurados, tendo sido a parcela com mais

incidências. Foram observados 7 frutos perfurados com a galeria sem larva no dia 25 de

Junho, 17 e 21 de Julho, 5 e 26 de Agosto e 3 e 9 de Setembro. No dia 18 de Junho registou-se

a presença de um fruto perfurado com uma larva viva. No dia 9 de Julho registaram-se 2

frutos perfurados, um com larva morta e o segundo com larva viva. Por fim, no dia 3 de

Setembro registou-se um fruto perfurado com a larva morta.

Nas parcelas mantidas em confusão sexual apenas foi necessária a realização de uma

intervenção química. Esta aplicação ocorreu a 26 de Junho quando se registou a presença de

frutos com larva viva.

Para esta decisão foram tidos em conta os resultados das observações realizadas a 25 de

Junho, anteriormente apontadas. É de assinalar que o número de frutos atacados/parcela não

atingiu o nível económico de ataque (0,5-1% de frutos atacados) mas, face à experiência

adquirida ao longo dos anos, optou-se pela realização de tratamento em todas as parcelas

sujeitas ao método da confusão sexual.

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19

Parcelas sujeitas à luta química

Na parcela F3, ao logo de todas as observações, foi encontrado apenas um fruto perfurado, na

bordadura, com larva morta, no dia 27 de Maio. Também no interior foi registada apenas a

presença de um fruto perfurado sem a presença da larva.

Na bordadura da parcela F4 foi encontrado somente um fruto perfurado no dia 21 de Julho de

2014. No seu interior encontrava-se uma galeria sem larva. No interior, o número de frutos

perfurados encontrados foi superior aos encontrados na bordadura. Ao todo foram

assinalados 4 frutos, dois com a larva viva no seu interior no dia 9 de Julho, um com a larva

morta (31 de Julho) e outro sem larva (13 de Agosto).

Na bordadura da parcela F12/15 foram registados apenas dois frutos perfurados. As galerias

presentes no interior dos frutos não continham larvas. O primeiro fruto foi assinalado no dia

17 de Julho e o segundo a 3 de Setembro. No interior registaram-se 4 perfurações no total das

observações realizadas. Todas elas no seu interior tinham a galeria sem larva. A primeira

observação foi registada no dia 25 de Junho, a segunda ocorreu no dia 5 de Agosto, a terceira

no dia 26 de Agosto e por fim o último fruto perfurado foi encontrado no dia 16 de Setembro.

O posicionamento de produtos fitofarmacêuticos foi efectuado com base no resultado das

observações. Atendendo ao modo de acção dos produtos fitofarmacêuticos utilizados,

ovicida-larvicida, os mesmos teriam de ser posicionados aquando da eclosão das larvas. À

semelhança de anos anteriores, também foi considerada a estratégia anti resistência

preconizada pelo IRAC (Insecticide Resistance Action Colittee) que, no caso do bichado-da-

fruta, recomenda a utilização de uma única substância activa na mesma geração da praga.

O primeiro tratamento, direcionado para as parcelas F3, F4 e F12/15, foi realizado a 15 de

Maio. Nesta altura alguns ovos presentes na manga de postura já indiciavam o estado “cabeça

negra”. O controlo da 1ª geração ainda contemplou uma segunda aplicação realizada a 2 de

Junho. A primeira aplicação na 2ª geração foi realizada a 7 de Julho e repetida a 30 do mesmo

mês.

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20

Fases de desenvolvimento da praga Valor (ºC)

Início voo 115

Início de penetrações 268

Pico de voo da 1ª Geração 328

Fim da 1ª Geração, início da 2ª Geração 670

Pico de voo da 2ª Geração 982

Somatório de temperaturas

Actualmente encontram-se validados para a região da Beira Interior valores de somatório de

temperaturas para as várias fases de desenvolvimento. Por forma a conseguir estabelecer

uma relação desses valores com a realidade da região Dão-Lafões, foram analisados os dados

meteorológicos em função das fases de desenvolvimento da praga, desde o ano de 2003, para

os postos de Viseu, Tondela e S. Pedro do Sul.

Verificou-se que existem algumas diferenças em relação às temperaturas já validadas para a

região da Beira Interior e os dados obtidos. O início de voo apresenta o valor aproximado de

115ºC, diferindo 25ºC dos valores validados, relativamente ao início das penetrações é

apresentado o valor de 268ºC aproximadamente, diferindo assim em 68 graus dos valores

referenciados. O pico de voo da primeira geração toma o valor de 328ºC, um valor que está

abaixo do já referenciado em cerca de 12ºC, o final da primeira geração, início da segunda

difere em cerca de 30ºC. É apresentado um novo dado para o pico de voo da 2ª geração que

toma o valor de 982ºC aproximadamente.

Face à informação analisada é possível apresentar como proposta o seguinte somatório de

temperaturas, que carece de validação, para a região Dão- Lafões.

Quadro 2. Proposta de somatório de temperaturas para a região Dão-Lafões

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21

2.5. Lagartas-mineiras

A Estação de Avisos do Dão acompanha duas espécies de lagartas mineiras, a mineira-

pontuada (Phyllonorycter blancardella) e a mineira-circular (Leucoptera malifoliella). Estas não

são consideradas praga-chave visto os estragos que causam serem muito reduzidos. A estação

de avisos até à data não tem recomendado qualquer tratamento contra estas pragas nas suas

circulares. À semelhança do ano anterior apenas foram monitorizadas estas pragas no POB de

S. Pedro do Sul. O voo da lagarta mineira-pontuada teve início mais cedo e foi mais intenso ao

longo da campanha sendo notória a ocorrência de 3 gerações. O pico da 1ª geração registou-

se a 10 de Abril com a intercepção de 183 adultos, a 2ª geração registou o seu pico a 25 de

Junho e a 3ª geração a 13 de Agosto (Figura 12).

Relativamente à lagarta mineira-circular, os primeiros adultos surgiram a 15 de Abril. O

número de capturas foi menor e tendo-se registado 3 picos a 7 de Maio (29 adultos), 15 de

Julho (92 adultos) e 20 de Agosto (49 adultos) (Figura 12).

Figura 12 – Curva de voo da lagarta mineira-pontuada e lagarta mineira-circular

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Lagarta mineira-pontuada Lagarta mineira-circular

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22

2.6. Cochonilha de S. José

Em meados de Março foram instaladas as armadilhas cromotrópicas brancas com feromona

sexual nos postos de Viseu, Tondela, Lousã e S. Pedro do Sul. Os primeiros adultos da geração

hibernante (Figura 13) de cochonilha de S. José (Quadraspidiotus perniciosus) foram

intercetados no dia 28 de Abril (444,6 °C) no POB da Várzea. O voo dos adultos da geração

hibernante não foi significativo, tendo-se verificado valores nulos nos restantes postos até

Julho. No dia 1 de Julho foram interceptados 3 adultos no posto de Foz de Arouce e foi notada

a presença da praga ao longo do mês nos restantes postos, com excepção de Tondela. Os

primeiros adultos da 1ª geração foram observados em S. Pedro do Sul (1252,96 °C) e Viseu

(1153,56 °C) a 15 de Julho. O pico de capturas registou-se a 24 de Julho no posto de Foz de

Arouce, a 22 de Julho em S. Pedro do Sul e 25 de Julho em Viseu.

O voo dos adultos prolongou-se mais um mês tendo sido interceptados os últimos exemplares

a 7 de Agosto em Foz de Arouce (17 adultos), 11 de Agosto em Viseu (10 adultos) e 13 de

Agosto em S. Pedro do Sul (1 adulto). A última geração atingiu Maior expressividade no posto

de Foz de Arouce com a intercepção de 103 adultos, a 10 de Setembro, e 49 e 58 nas semanas

seguintes. No posto de Tondela foram interceptados 4 adultos a 10 de Setembro e nos

restantes postos as capturas foram nulas.

Figura 13 – Adultos de Cochonilha de S. José (2010)

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23

A fim de acompanhar a eclosão das ninfas, foram colocadas cintas adesivas bi-facetadas em

ramos com a presença da praga. Os postos de S. Pedro do Sul e Tondela foram pautados pela

ausência de ninfas, sendo apenas possível proceder a análise dos dados de Viseu e Foz de

Arouce.

As primeiras ninfas foram interceptadas no posto de Viseu a 20 de Maio (580,57 °C) e Foz de

Arouce a 4 de Junho. Considera-se oportuna a emissão da Circular de Avisos nº 08/14 uma vez

que previa a realização simultânea do tratamento para esta finalidade e para o bichado-da-

fruta. A 10 de Julho (1073,61 °C), após se ter atingido o somatório de temperaturas e o início

da eclosão das ninfas da 2ª geração, foi difundida a Circular nº 13/14, alertando para a

necessidade de proceder a tratamento.

2.7. Aranhiço vermelho

Para determinar o início das primeiras eclosões dos ovos de Inverno de aranhiço vermelho

(Panonychus ulmi) colocaram-se, nos diferentes postos biológicos, duas tábuas de eclosão

com dois fragmentos de ramo de macieira. Cada fragmento continha ovos de Inverno de

aranhiço vermelho e, para impedir a fuga das larvas, foi colocada vaselina no perímetro da

tábua. A 26 de Fevereiro foi emitida a Circular nº 02/14 com a recomendação da aplicação de

óleo de Verão a 4%, em alto volume e alta pressão de forma a molhar bem as árvores, o mais

próximo possível da rebentação.

O início da eclosão verificou-se a 4 de Março no posto de S. Pedro do Sul (Várzea). O gráfico

seguinte ilustra a evolução da eclosão das larvas (Figura 14). O pico da eclosão foi registado a

10 de Abril em todos os postos com excepção de S. Paio. Desta forma o número máximo de

eclosões foi de 340 em Viseu, 564 em S. Pedro do Sul, 98 em Tondela e 79 em Foz de Arouce.

Em S. Paio o pico de eclosões foi registado a 16 de Abril com 169 larvas. Face às observações

foi recomendando tratamento ovicida, principalmente nos pomares onde se verificou a

existência da praga na campanha anterior, na Circular de Aviso nº 05/14 datada de 10 de

Abril.

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Foram emitidos mais dois avisos para o controlo da praga (13 de Maio e 17 de Junho) a

preconizar a realização de estimativa de risco (contagem de 100 folhas do terço médio),

salvaguardando que o tratamento apenas deveria ser executado se fossem observadas 45 a

50% de folhas com formas móveis. A 4 de Agosto foi reforçada a indicação para manter

vigilância como consequência dos fortes ataques observados em alguns pomares da região. A

estimativa de risco teria de incidir em 100 folhas do terço superior do ramo e realizar

tratamento apenas se observassem 45 a 50% de folhas com formas móveis.

Figura 14 – Curva de eclosão de aranhiço vermelho

2.8. Piolho verde, Piolho cinzento e Pulgão-lanígero

A primeira indicação para tratamento das formas hibernantes de Piolho verde (Aphis pomi),

Piolho cinzento (Dysaphis plantaginea) e Pulgão-lanígero (Eriosoma lanigerum) (Figura 15) foi

emitida a 26 de Fevereiro. A recomendação focava a aplicação óleo de Verão a 4%, em alto

volume e alta pressão, de o mais próximo possível da rebentação (Inchamento do gomo). É

de salientar que o ano 2014 foi marcado por uma forte incidência destes inimigos devido à

falta de eficácia dos óleos e também devido às condições metrológicas sentidas ao longo da

campanha que favoreceram o sucessivo crescimento vegetativo.

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Tondela Foz de Arouce Viseu Várzea S. Paio

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Figura 15 – Macieira atacada por pulgão-lanígero (variedade Fuji) (20/05/14)

A 10 de Abril foi recomendado na Circular de Aviso nº 05/14 a vigilância de piolho-cinzento no

pomar fazendo uma contagem de 100 rebento. A agressividade deste inimigo é bastante

evidente e o NEA é 2 a 5% de rebentos infestados. Foram referidas as medidas culturais a

privilegiar e caso se justificasse o tratamento, optar por produtos menos tóxicos para a fauna

auxiliar.

No 13 de Maio a Circular de Aviso nº 08/14 visou os piolhos, cinzento e verde, aconselhando a

observação de 100 rebentos e a realização de tratamento caso fossem observados 2 a 5% de

rebentos infestados ou 10 a 15% de rebentos infestados, respetivamente. Esta informação foi

reforçada na Circular de Aviso nº 09/14, emitida a 26 de Maio, uma vez que estas pragas

evidenciaram-se de forma intensa neste período de tempo.

2.9. Mosca-da-fruta

Para monitorizar o voo da mosca-da-fruta (Ceratitis capitata) foi utilizada a garrafa mosqueira

com trimedlure e fosfato di-amónio a 5%. Estas garrafas foram colocadas nos POB´s na

segunda semana de Julho. A presente campanha foi caracterizada por um reduzido número

de capturas da praga. Os primeiros adultos foram interceptados a 12 de Agosto no posto de

observação de S. Paio. Este posto manifestou um Maior número de capturas tendo atingido o

seu pico a 21 de Outubro com 49 adultos. A parcela monitorizada encontra-se próxima de

pessegueiros o que poderá ter contribuído para uma maior incidência da praga.

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À semelhança do ano anterior a população da praga foi baixa tendo-se manifestado um maior

número de capturas a partir de meados de Outubro. Nesta altura já eram visíveis frutos

picados nas variedades mais tardias. A 10 de Outubro, na parcela F4 da Estação Agrária de

Viseu, foram contabilizados 150 frutos e observadas picadas com ovos em 2 frutos.

A 27 de Agosto foi emitida a Circular de Aviso nº 16/14 a recomendar a realização de

estimativa de risco (5 frutos em 30 árvores) uma vez que já tinham disso interceptados

adultos nas armadilhas de monitorização. Foi recomendada vigilância de pomares realçando

os factores de nocividade como o histórico da parcela, a susceptilidade das cultivares e

parcelas próximas a outros hospedeiros susceptiveis. O tratamento deveria ser efectuado

apenas se fossem registados 1 a 3 frutos picados.

Face aumento de capturas e considerando que a adopção de medidas culturais são

fundamentais para controlar este inimigo, foi preconizado na Circular de Aviso nº 18/14 (22

de Outubro) a retirada ou enterramento de toda a fruta que permaneceu no pomar após a

colheita. Esta recomendação foi extremamente oportuna uma vez que a 30 de Outubro foram

observadas picadas em fruta caída no solo (Figura 16).

Figura 16 – Frutos caídos com picadas de mosca da fruta (30/10/14)

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2.10. Sésia

Esta praga é considerada praga secundária e foi apenas monitorizada na parcela F9 da Estação

Agrária de Viseu. Em Março foi colocada uma armadilha para monitorizar o voo dos adultos

de sésia (Synanthedon myopaeformis). Foram registados dois picos de voo a 18 de Junho (27

adultos) e 29 de Julho (21 adultos) (Figura 17).

Figura 17 – Curva de voo da sésia

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Sésia

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Quadro 3 – Referências*/inimigo da macieira emitidas nas Circulares de Aviso, no ano de 2014

Circulares emitidas Pedrado Fogo

bacteriano Cancro Bichado

Cochonilha

de São José Piolhos

Aranhiço

vermelho

Mosca-da-

fruta

Nº 1- 31 Janeiro

Nº 2 – 26 Fevereiro

Nº 3 – 18 Março

Nº4 - 26 Março

Nº5 - 10 Abril

Nº 6 – 21 Abril

Nº 7 – 5 Maio

Nº 8 – 13 Maio

Nº 9- 26 Maio

Nº 10 - 3 Junho

Nº 11 - 17 Junho

Nº 12 - 30 Junho

Nº 13 - 10 Julho

Nº 14 – 17 Julho

Nº 15 – 4 Agosto

Nº 16 – 27 Agosto

Nº 17 – 22 Setembro

Nº 18 – 22 Outubro

Nº 19 – 21 Novembro

Total de

Recomendações/Inimigo 14 3 3 9 4 4 5 2

* Esta informação não dispensa a consulta das circulares uma vez que estas referências incluem tratamentos, práticas

culturais, métodos alternativos, entre outras.

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29

3.OLIVAL

3.1. Estados fenológicos

Estados

Fenológicos

Lobão da

Beira S. Paio Viseu S. Pedro do Sul

Foz de

Arouce Penalva

A

13/2 13/2 13/2 13/2

A/B 13/3 13/3 13/3 13/3

B 27/3 27/3 27/3 27/3

C 4/4 3/4 2/4 2/4 4/4 3/4

D 22/4 24/4 23/4 23/4 22/4 24/4

D/E 15/5 29/4 28/4 28/4 8/5 29/4

E 9/5 7/5 7/5 9/5

F 14/5 13/5 13/5 14/5

F1 22/5 21/5 21/5 22/5

G 29/5 27/5 27/5 29/5

H 12/8 13/8 13/8 12/8

I 1/10 29/9 29/9 1/10

J 20/11 20/11 20/11 20/11

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30

3.2. Traça-da-oliveira

A traça-da-oliveira (Prays oleae) teve três gerações anuais distintas conforme evidência a

figura seguinte. À semelhança do ano anterior o posto de observação de Penalva do Castelo

foi o mais representativo. Comparando com o ano anterior a 1ª geração ocorreu mais cedo e a

3ª geração mais tarde. O pico da 1ª geração ocorreu a 10 de Abril no posto de S. Pedro do Sul

e a 16 de Abril no posto de Penalva do Castelo. A 2ª geração foi a mais representativa tendo

sido registado um máximo de 242 capturas, a 25 de Junho, no posto de Penalva do Castelo.

Nos restantes postos o número de capturas foi inferior, S. Pedro do Sul – 49 adultos e S. Paio –

30 adultos, registado na mesma data. As capturas no posto de Viseu foram muito reduzidas,

verificando-se um máximo de 2 adultos a 9 de Julho. O pico da 3ª geração registou-se a 15 de

Outubro com a captura de 19 adultos em Viseu, 21 em S. Paio, 22 em S. Pedro do Sul e 35 em

Penalva do Castelo (Figura 18).

Figura 18 – Curva de voo dos adultos de traça-da-oliveira

Para a 1ª geração, ou geração filófaga, observaram-se 100 rebentos, 2 por árvore, em 50

árvores. Foi registado o nº de galerias, rebentos roídos e larvas vivas. Na Estação Agrária de

Viseu foram feitas observações visuais nos dois olivais, nas nove variedades (Galega,

Cobrançosa, Arbequina, Picoal, Verdeal, Azeiteira, Maçanilha e Redondil) na parcela F17S

(olival varietal) e na Galega da parcela F15N, a seguir designada por “Galega Biológica”.

0

50

100

150

200

250

300

15

-Mar

30

-Mar

14

-Ab

r

29

-Ab

r

14

-Mai

29

-Mai

13

-Ju

n

28

-Ju

n

13

-Ju

l

28

-Ju

l

12

-Ago

27

-Ago

11

-Set

26

-Set

11

-Ou

t

26

-Ou

t

10

-No

v

Viseu S. Paio S. Pedro do Sul Penalva do Castelo

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31

Da observação das diferentes gerações de traça-da-oliveira só se obtiveram registos para

todas as variedades na geração carpófaga, já que na geração filófaga e antófaga só se

observou a presença de traça-da-oliveira na variedade Galega de ambas as parcelas.

Foram observados os primeiros sintomas da praga no dia 13 de Março, no posto de S. Paio e

Penalva do Castelo, e em Viseu no dia 18 de Março, apenas na “Galega Biológica”. Em Penalva

do Castelo foram contabilizados 32 rebentos com estragos, correspondendo a 89 galerias, 20

larvas vivas e 10 rebentos roídos (Figura 19). Em S. Paio este valor foi mais diminuto

totalizando 15 rebentos com estragos, 10 galerias, 9 larvas vivas e 8 rebentos roídos. Em Viseu

o ataque de traça de oliveira foi Maior na “Galega Biológica”. A 18 de Março não foi registada

a presença da praga no “Galega Varietal” mas na “Galega Biológica” foram contabilizados 39

galerias, 11 larvas vivas e 11 rebentos roídos. Na semana seguinte, a 25 de Março, o número

de galerias aumentou para 93, larvas vivas para 15 e rebentos roídos para 24. A 8 de Abril

manteve-se a ausência da praga na “Galega Varietal” e verificou-se uma redução no número

de galerias (53) e rebentos roídos (9). Não foram observadas larvas vivas.

Figura 19 – Ataque da geração filófaga da traça-da-oliveira em Penalva do Castelo (13/03/2014)

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32

Relativamente à geração antófaga observaram-se os primeiros ninhos, a 29 de Maio, em

Penalva do Castelo. Foram a contabilizados 3 ninhos, 2 com larva viva (Figura 20). A 5 de

Junho foram detetados o mesmo número de ninhos, 2 com larva viva e 1 com pupa. Em Viseu

foi registado um Maior número de ninhos na variedade “Galega Biológica”. A 3 de Junho

registaram-se 45 ninhos (5 larvas vivas e 7 pupas), em contraste com os 7 observados (3 larvas

vivas) na “Galega Varietal”. A 11 de Junho registaram-se 30 ninhos (6 pupas) na “Galega

Biológica” e 12 ninhos (6 pupas). Na semana seguinte 39 ninhos (2 larvas vivas e 4 pupas) na

“Galega Biológica” e 29 ninhos (3 pupas) na “Galega Varietal”.

Figura 20 – Ninho com lagarta viva (29/05/2014)

O início da geração carpófaga foi assinalado 26 de Junho com a observação de 15 ovos em 100

frutos, em Penalva do Castelo e 11 ovos, na variedade “Galega Biológica”, em Viseu. A 30 de

Junho foi emitida a Circular de Aviso nº 12/14 a recomendar a realização de tratamento uma

vez que se previa a intensificação de posturas. Em Viseu a 1 de Julho registaram-se 30 ovos na

variedade “Galega Biológica” e 8 ovos na “Galega Varietal”. Na parcela “Galega Biológica”

foram observados orifícios de entrada, num total de 9. No olival varietal não foram

observados orifícios de entrada. Na observação seguinte, realizada a 8 de Julho, foram

registados 43 ovos e 24 orifícios de entrada na “Galega Biológica” e 12 ovos e 7 orifícios de

entrada na “Galega Varietal”. É de salientar que ambas as parcelas foram alvo da realização de

tratamento fitossanitário com lambda-cialotrina a 4 de Julho. Este tratamento revelou ser

eficaz uma vez que nas observações subsequentes, datadas de 22 e 29 de Julho, verificou-se

uma redução das posturas e a presença de larvas mortas.

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33

No presente ano foi realizado, no âmbito do estágio curricular da aluna Ana Rodrigues da

Escola Superior Agrária de Viseu, a análise dos registos de capturas de anos anteriores (desde

2003) a fim de serem relacionados com os valores de temperatura. Remete-se para a leitura

integral do relatório final.

Foram analisados os registos de capturas, desde 2003, o que permitiu conhecer o início e pico

de voo da traça-da-oliveira, em cada uma das três gerações. Com base na análise do erro

absoluto médio do modelo, verifica-se que os modelos melhor ajustados aos dados

observados (dados de capturas de armadilhas e dados de temperatura máxima e mínima

diária entre 2003 e 2014), são os que utilizam como temperatura de base 10,85ºC. Entre o

modelo linear e o modelo linear modificado, com temperatura de base 10,85ºC, é o modelo

linear que estima com maior precisão o desenvolvimento traça-da-oliveira (EAM=134,4), que

é também o modelo que apresenta menor desvio padrão.

Assim, obteve-se o seguinte modelo de soma de temperaturas para a traça-da-oliveira (início

de voo da 1ª geração: 169 a 257 ºD, pico de voo da 1ªgeração: 250 a 389 ºD; início de voo da

2ª geração: 436 a 597 ºD, pico de voo da 2ª geração: 679 778 ºD; início de voo da 3ª geração:

1334 a 1657 ºD, pico de voo 3ª geração: 1589 a 2128 ºD).

Pode-se propor que, para a região de Viseu o modelo de somatório de temperaturas para a

traça-da-oliveira é o seguinte:

Quadro 4 – Modelo de somatório de temperaturas proposto para a região de Viseu

(Rodrigues, 2014)

Mo

del

o li

nea

r (T

bas

e =

10

,85

ºC)

1ªgeração Início de voo 449.43 1121,03

Pico de voo 995,52 1166,54

2ªgeração Início de voo 2243,68 4412,51

Pico de voo 4438,98 7727,07

3ªgeração Início de voo 11292,67 22111,18

Pico de voo 21137,54 41441,84

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34

Em suma e com base nas capturas de adultos, através de armadilhas sexuais, foi possível

conhecer os inícios e picos de voo para as três gerações da praga (antófaga, carpófaga,

filófaga). A partir destes dados testaram-se dois modelos de somas de temperatura (modelo

linear e modelo linear modificado), a partir de duas temperaturas de base referidas na

bibliografia para a traça-da-oliveira.

A utilização deste modelo deverá ser sempre acompanhada por observações visuais e pela

utilização de armadilhas sexuais para captura de machos, de forma a, em cada ano, averiguar

da existência de populações da praga que possam vir a causar prejuízos na cultura.

3.3. Mosca-da-azeitona

Foi realizada, em todos os postos biológicos, a contagem semanal do número de adultos de

mosca-da-azeitona (Dacus oleae) capturados na placa cromotrópica amarela com feromona,

colocadas a 15 de Julho. Os primeiros adultos (5) foram intercetados a 24 de Julho no posto

de Penalva do Castelo. Durante o mês de Agosto a praga foi mais notada no posto de Foz de

Arouce. A partir de finais de Setembro verificou-se um Maior número de adultos nos postos

de Penalva do Castelo e S. Paio (Figura 21).

Figura 21 – Curva de voo dos adultos de mosca-da-azeitona

0

10

20

30

40

50

60

70

16

-Ju

l

23

-Ju

l

30

-Ju

l

06

-Ago

13

-Ago

20

-Ago

27

-Ago

03

-Set

10

-Set

17

-Set

24

-Set

01

-Ou

t

08

-Ou

t

15

-Ou

t

22

-Ou

t

29

-Ou

t

05

-No

v

12

-No

v

Viseu S. Paio Tondela

Foz de Arouce S. Pedro do Sul Penalva do Castelo

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35

A nível de estragos no fruto foram observadas as primeiras picadas em Agosto. No dia 6, em

Penalva do Castelo, foram observadas 11 azeitonas picadas (2 ovos, 3 larvas vivas e 6 sem

nada). No posto de Foz de Arouce foram observadas, a 7 de Agosto, 2 frutos picados sem

formas vivas.

A 12 de Agosto o número de azeitonas picadas em Penalva do Castelo manteve-se, com 1 ovo

e 3 larvas vivas. Na mesma data em S. Paio verificou-se a presença de 5 ovos na variedade

Gordal, 8 azeitonas com larva viva na variedade Arbequina e 2 na variedade Galega. A 13 de

Agosto foram observadas, no posto de S. Pedro do Sul, 5 azeitonas picadas sem formas vivas.

Na semana seguinte, 18 de Agosto, verificou-se um aumento da intensidade da praga na

variedade Galega, nos postos de Penalva do Castelo e S. Paio. Em Penalva do Castelo

registaram-se 6 ovos e 16 larvas vivas e em S. Paio, 9 ovos e 3 larvas vivas. A 22 de Agosto os

valores mantiveram-se muito próximos sendo registado um total de 3 ovos e 9 larvas vivas em

Penalva do Castelo e 5 larvas vivas em S. Paio. A 25 de Agosto observou-se, no olival

tradicional de Viseu, 8 larvas vivas e 3 ovos. A 27 de Agosto o número de ovos e larvas vivas

aumentou no posto de Penalva do Castelo (12 larvas vivas e 4 ovos). Nesta data foi emitida a

Circular de Aviso nº 16/14 preconizando a realização de estimativa de risco e a realização de

tratamento face ao nível económico de ataque (8 a 12% formas vivas). A emissão desta

circular revelou ser oportuna uma vez que a 2 de Setembro foram observadas 17 larvas vivas

e 5 ovos em Penalva do Castelo.

No final de Setembro o número de capturas aumentou e os estragos na cultura também. Essa

situação tornou-se evidente em Penalva do Castelo onde a 24 de Setembro se observaram 32

ovos e 4 larvas vivas. Antevendo esta realidade foi emitida a 22 de Setembro a Circular de

Aviso nº 17/14 uma vez que já tinha terminado a persistência do produto aplicado

anteriormente e a pressão da praga era enorme. A 7 de Outubro foi feita nova avaliação onde

foi possível comparar a incidência da praga em olival tratado e não tratado. Em Penalva do

Castelo (tratado) foram registadas 45 azeitonas picadas mas apenas 10 apresentavam larvas

vivas. Em S. Paio (não tratado) foram observadas picadas em 50 azeitonas e 38 apresentavam

larvas vivas e 4 continham ovos.

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36

As condições meteorológicas ocorridas durante o mês de Outubro, o número de azeitonas

picadas, o aumento significativo de capturas de adultos conduziram à emissão da Circular de

Aviso nº 18/14, emitida a 22 de Outubro, visando essencialmente os olivais não tratados.

3.4. Euzofera

A Euzofera (Euzophera pinguis) não tem grande expressão na região, sendo acompanhada

somente no olival varietal da Estação Agrária de Viseu. A armadilha de monitorização foi

colocada a 18 de Março e na semana seguinte (25 Março) já eram visíveis 4 adultos. Esta data

marcou o primeiro pico seguido de outro, mais proeminente, a 10 de Junho com 17 adultos. A

partir desta data houve um decréscimo no número de capturas, registando-se um novo pico a

26 de Agosto com 3 adultos (Figura 22). Não foram aconselhados tratamentos fitossanitários

para esta praga através das circulares de avisos uma vez que não se observaram estragos na

cultura, uma vez que se tem mantido em equilíbrio da região.

Figura 22 – Curva de voo da Euzofera

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

08

-Jan

23

-Jan

07

-Fev

22

-Fev

09

-Mar

24

-Mar

08

-Ab

r

23

-Ab

r

08

-Mai

23

-Mai

07

-Ju

n

22

-Ju

n

07

-Ju

l

22

-Ju

l

06

-Ago

21

-Ago

05

-Set

20

-Set

Nº de capturas

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37

3.5. Traça-verde

À semelhança do ano anterior, a Traça-verde (Margaronia unionalis) não teve grande

expressão na região. Na armadilha instalada no POB de Viseu, foram atingidos dois picos, a 3

de Junho e 8 de Julho, com a intercepção de 2 adultos. A 26 de Agosto foi registado um Maior

número de capturas (10 adultos) (Figura 23). Os estragos foram visíveis em Viseu, no olival

varietal e biológico, de 11 de Março a 2 de Maio, mas os estragos causados não provocaram

prejuízos para a cultura, por isso não se recomendam qualquer tipo de intervenções a nível

das circulares de avisos.

Figura 23 – Curva de voo da Traça-verde

3.6. Caruncho-da-oliveira, Cochonilha-negra, Algodão-da-oliveira e Tripes

A presença de Caruncho-da-oliveira (Phloeotribus scarabaeoides), Cochonilha-negra (Saissetia

oleae) e Algodão-da-oliveira (Euphyllura olivina) foi notada em alguns olivais da região mas a

sua intensidade de ataque não conduziu a prejuízos na cultura. Para estas pragas é

fundamental privilegiar a adoção de práticas culturais (poda, sistemas de condução, etc.) que

contribuam para manutenção do estado sanitário das plantas, através da eliminação de fontes

0

2

4

6

8

10

12

08

-Jan

23

-Jan

07

-Fev

22

-Fev

09

-Mar

24

-Mar

08

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r

23

-Ab

r

08

-Mai

23

-Mai

07

-Ju

n

22

-Ju

n

07

-Ju

l

22

-Ju

l

06

-Ago

21

-Ago

05

-Set

20

-Set

Nº de capturas

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38

de inóculo. As intervenções fitossanitárias só se justificam de forma localizada e apenas em

alguns olivais.

É de salientar a presença de Tripes (Liothrips oleae), comparativamente a anos anteriores.

Esta praga provoca a deformação e distorção de folhas e a saliva tóxica injectada ao sugar a

seiva provoca o aparecimento de entre-nós muito curtos (Figura 24).

Figura 24 – Deformações causadas por Tripes (10/01/14)

3.7. Olho-de-Pavão, Tuberculose, Cercosporiose e Gafa

O Olho-de-Pavão (Spilocea oleagina) é uma doença que causa graves desfoliações na oliveira e

por essa razão foi alvo de referência nos avisos emitidos, a 31 de Janeiro, 26 de Fevereiro e 26

de Março. A recomendação baseou-se na proteção do olival com produtos à base de cobre,

desde o início vegetativo até ao aparecimento de botões florais. Foram observadas manchas

da doença a 11 de Março nos olivais da Estação Agrária de Viseu mantidos sob observação. Na

figura seguinte é possível observar a evolução da doença, no período de 11 de Março a 29 de

Abril, em função do número de folhas ocupadas. Destacam-se como mais sensíveis à doença

as variedades Maçanilha e Azeiteira, seguidas da Picual e Redondil. A incidência da doença na

variedade Galega manteve-se a níveis baixos (Figura 25).

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39

Figura 25 – Evolução da presença de Olho-de-Pavão nos olivais/variedades da EAV (nº de folhas ocupadas/100 folhas)

Figura 26 – Sintomas de Olho-de-Pavão em Penalva do Castelo (29/05/14)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Ver

dea

l

Pic

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Co

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Arb

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Red

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dil

Aze

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Gal

ega

Gal

ega

Olival varietal Olival "biológico"

11-Mar 18-Mar 25-Mar 08-Abr 15-Abr 22-Abr 29-Abr

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40

Neste postos a Cercosporiose (Cercospora cladosporioides) manifestou-se de forma muito

ligeira, sendo o máximo da sua presença registada a 9 de Abril na variedade Arbequina com 3

folhas ocupadas. À semelhança de anos anteriores o posto de Penalva do Castelo apresentou

uma elevada incidência da doença sendo visível a sua presença na totalidade dos ramos

observados. A figura seguinte demonstra a sua presença na parte inferior das folhas (Figura

27).

Figura 27 – Sintomas de Cercosporiose em Penalva do Castelo (29/05/14)

Relativamente à Gafa (Colletotrichum spp.) os seus ataques foram muito severos em toda a

região. A 22 de Setembro foi emitido o primeiro aviso devido às chuvas ocorridas até esta

data. Esta indicação foi renovada a 22 de Outubro. A gravidade dos ataques é evidente na

Figura 28 que regista a perda total da produção, a 28 de Outubro em S. Pedro do Sul. A título

comparativo Na Figura 29 é visível o bom estado sanitário das azeitonas. Estas fotografias

foram tiradas a 26 de Novembro no olival da Estação Agrária de Viseu. Estas parcelas foram

sujeitas a dois tratamentos com Cuprocol, datados de 26 de Setembro e 24 de Outubro, sendo

evidente o sucesso da estratégia adoptada.

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41

Figura 28 – Azeitonas gafadas na totalidade (28/10/14)

Figura 29 – Azeitonas isentas da doença na EAV (26/11/14)

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42

Quadro 4 - Referências*/inimigo do olival emitidas nas Circulares de Aviso, no ano de 2014

Circulares emitidas Olho

Pavão Cercosporiose Gafa

Traça-da-

oliveira Tuberculose Caruncho

Mosca

da

Azeitona

Nº 1- 31 Janeiro

Nº 2 – 26 Fevereiro

Nº 3 – 18 Março

Nº4 - 26 Março

Nº5 - 10 Abril

Nº 6 – 21 Abril

Nº 7 – 5 Maio

Nº 8 – 13 Maio

Nº 9- 26 Maio

Nº 10 - 3 Junho

Nº 11 - 17 Junho

Nº 12 - 30 Junho

Nº 13 - 10 Julho

Nº 14 – 17 Julho

Nº 15 – 4 Agosto

Nº 16 – 27 Agosto

Nº 17 – 22 Setembro

Nº 18 – 22 Outubro

Nº 19 – 21 Novembro

Total de Recomendações/Inimigo

3 3 2 1 1 0 3

* Esta informação não dispensa a consulta das circulares uma vez que estas referências incluem tratamentos, práticas

culturais, métodos alternativos, entre outras.

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43

4. Outras culturas/Inimigos

4.1. Pessegueiro/Lepra e Mosca-da-fruta

A informação para a realização de tratamentos contra a lepra do pessegueiro (Taphrina

deformans) foi enviada no dia 31 de Janeiro, aconselhando-se um tratamento após a poda e

próximo do abrolhamento, com um produto à base de cobre. A 26 de Fevereiro foi emitida

nova Circular a recomendar a renovação de tratamento para a lepra, e também a 18 e 26 de

Março e 21 de Abril. Relativamente à mosca-da-fruta (Ceratitis capitata) não foi preconizada

nenhuma aplicação pois, durante o período de maturação das variedades, o risco foi reduzido.

A 22 de Outubro foi feita recomendação sobre a importância dos tratamentos cúpricos

durante o período invernal.

4.2. Cerejeira/Cancro bacteriano e Mosca-da-cereja

Na primeira Circular emitida a 31 de Janeiro, foi preconizada para o cancro bacteriano das

cerejeiras, a realização de um tratamento ao inchamento do gomo com um produto à base de

cobre. A 6 de Maio foi instalada a armadilha para monitorização da mosca-da-cereja

(Rhagoletis cerasi) nas cerejeiras da Estação Agrária de Viseu. No dia 13 de Maio foram

intercetados os primeiros adultos, no total de 24. Nesta data foi emitida na Circular de Aviso

nº 08/14 a recomendação de tratamento posicionada em função da maturação das

variedades. A 19 de Maio foram intercetados 33 adultos, a 29 de Maio 4 adultos e a 5 de

Junho apenas 2. A partir desta data não se registaram mais interceções. A 22 de Outubro foi

feita recomendação sobre a importância dos tratamentos cúpricos durante o período

invernal.

4.3. Batateira/Traça-da-batata

Na presente campanha foi monitorizada a traça-da-batata (Phthorimaea operculella), em dois

postos localizados em Viseu e S. Pedro do Sul. Procedeu-se à colocação das armadilhas a 18 de

Junho e as capturas iniciaram-se na semana seguinte (2 adultos). A população da praga

manteve-se a níveis baixos e o pico do voo foi registado a 19 de Julho no posto de Viseu com a

interceção de 9 adultos. Os estragos/prejuízos causados por esta praga foram pouco intensos.

Page 46: RELATÓRIO DE ACTIVIDADES E BALANÇO FITOSSANITÁRIO … › base › documentos › relatorio_anual_eada… · 2.8. Piolho-verde, Piolho-cinzento e Pulgão-lanígero 24 2.9. Mosca-da-fruta

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Quadro 5 - Referências*/inimigo para outras culturas emitidas nas Circulares de Aviso, no ano de 2014

Circulares emitidas Lepra do

pessegueiro

Mosca-da-fruta

em pessegueiro

Cancro

bacteriano

Mosca-da-

cereja

Traça-da-

batata

Nº 1- 31 Janeiro

Nº 2 – 26 Fevereiro

Nº 3 – 18 Março

Nº4 - 26 Março

Nº5 - 10 Abril

Nº 6 – 21 Abril

Nº 7 – 5 Maio

Nº 8 – 13 Maio

Nº 9 – 26 Maio

Nº 10 – 3 Junho

Nº 11 - 17 Junho

Nº 12 - 30 Junho

Nº 13 - 10 Julho

Nº 14 – 17 Julho

Nº 15 – 4 Agosto

Nº 16 – 27 Agosto

Nº 17 – 22 Setembro

Nº 18 – 22 Outubro

Nº 19 – 21 Novembro

Total de Recomendações/Inimigo

6 0 2 1 0

* Esta informação não dispensa a consulta das circulares uma vez que estas referências incluem tratamentos, práticas

culturais, métodos alternativos, entre outras.