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Relatório de Atividades da Comissão Nacional de Protecção de Dados 2013-2014

Relatório de Atividades...Em 2013, foram feitas 11.176 notificações de tratamentos de dados à CNPD, cifra idêntica à verificada no ano anterior; porém, em 2014, o número de

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Relatório de Atividades

da

Comissão Nacional de Protecção de Dados

2013-2014

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2 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

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3 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

ntrodução

Duas décadas de atividade independente de uma autoridade nacional que zela

pela defesa do direito fundamental à proteção de dados e à privacidade é sem

dúvida motivo de regozijo e de orgulho para todos aqueles que contribuem no

seu dia-a-dia para garantir aos cidadãos o exercício daquele direito.

Na verdade, perfez a Comissão Nacional de Protecção de Dados 20 anos de

existência em janeiro de 2014. Esta efeméride foi assinalada através de

diferentes iniciativas, realizadas ao longo do ano, de reflexão e debate sobre

novas e renovadas questões de proteção de dados pessoais, num esforço de

sensibilização de todos para a importância destas matérias.

Já antes, no ano de 2013, a Comissão teve a oportunidade de contribuir de

forma especial para a promoção da tutela da privacidade, ao organizar a

iniciativa que constitui o marco anual de proteção de dados pessoais na Europa

e que reuniu as suas congéneres europeias: a Conferência Europeia de Proteção

de Dados.

No mais, cabe-me assinalar que a atividade da Comissão continua condicionada

pelo reduzido número de trabalhadores, o que dificulta a resposta no tempo

porventura desejável à quantidade crescente de solicitações, não obstante

prosseguir a sua política de automatização dos procedimentos.

Com efeito, no final do ano de 2013, por força das restrições impostas à

administração pública, verificou-se uma diminuição de cerca de 1/3 dos

recursos humanos da Comissão, correspondendo a metade dos seus

trabalhadores especializados (técnicos superiores).

I

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Não posso deixar de reiterar que, em face da quantidade elevada de processos,

da diversidade de matérias que os mesmos cobrem e da diferente natureza dos

instrumentos utilizados no tratamento de dados, a análise técnica e jurídica dos

mesmos reclama trabalhadores qualificados, com específicos conhecimentos

nesta área. E em número suficiente para garantir a conclusão dos

procedimentos num período de tempo razoável. Sendo, todavia, evidente que a

solução, atualmente oferecida pela lei, de recurso ao regime de mobilidade não

é capaz de assegurar o número de trabalhadores especializados de que a

Comissão necessita para concluir os procedimentos em tempo razoável.

De facto, verificou-se um aumento considerável de processos abertos entre

2013 e 2014, de 13.685 para 18.048. E aqui não estão contabilizadas as muitas

solicitações a que a Comissão dá resposta, resolvendo os problemas colocados,

sem necessidade de procedimento formal, ainda que envolvendo

frequentemente diligências várias (v.g., contacto com entidades públicas ou

privadas),

Apesar de a Comissão praticamente se conseguir autossustentar através das

suas receitas próprias, a escassez de recursos humanos com que se debate exige

um redobrado esforço de gestão das prioridades como única forma possível de

prossecução da sua missão de defesa e promoção dos direitos fundamentais.

No equilíbrio das diferentes funções e competências legalmente atribuídas, pela

sua relevância para a conformação de tais direitos, a Comissão tem dado

prevalência à função consultiva em sede de procedimentos legislativos

nacionais e europeus e de outros instrumentos jurídicos nacionais e

internacionais, que se tem vindo a intensificar nos últimos anos.

Todavia, outras áreas não podem ficar desprotegidas. Desde logo, a Comissão

tem ainda uma importante missão a desempenhar no plano europeu e

internacional, para cujo cumprimento cabal precisaria de mais recursos

humanos do que os que até ao momento tem conseguido mobilizar.

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Recorde-se que, para além da participação em diversos organismos europeus e

internacionais de proteção de dados, a Comissão atua como autoridade de

controlo nacional dos sistemas de informação europeus. Mas também no plano

nacional, a sua atividade autorizativa e fiscalizadora se tem vindo a ressentir da

falta de recursos, com prejuízo evidente para os cidadãos e as empresas.

A terminar sublinho que, embora em abril de 2014 a Comissão Nacional de

Protecção de Dados já tenha tido a oportunidade de expor, no âmbito de

audição na Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e

Garantias, os traços principais da atividade desenvolvida em 2013, vem agora,

por esta forma, num relatório conjunto para os anos 2013-2014, formalizar a

apresentação do mesmo.

30 de setembro de 2015

Filipa Calvão

Presidente

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gilizar

Nos últimos dois anos, a CNPD prosseguiu o seu projeto de desmaterialização

de processos e procedimentos internos, com o objetivo de agilizar a sua

atividade processual, otimizando recursos e promovendo a celeridade na

tramitação de processos, o que tem um impacto direto na capacidade de

resposta perante os responsáveis de tratamentos de dados e os titulares dos

dados.

Nesse sentido, foi reforçada a componente de notificação eletrónica, com a

disponibilização de mais formulários eletrónicos específicos. Em 2013, a CNPD

criou mais formulários para os tratamentos de dados de videovigilância e, em

2014, disponibilizou mais dois formulários na área da privacidade no local de

trabalho: um para a finalidade de controlo das TIC e outro, no âmbito da

medicina no trabalho, para fins de controlo através de testes de alcoolemia e

de substâncias psicoativas.

Também o sistema de informação interno, inteiramente desenvolvido pelos

técnicos do Serviço de Informática e Inspeção da CNPD, o que representa

uma grande mais-valia ao nível de custos e de independência face a

empresas externas, beneficiou de constantes melhoramentos e atualizações.

Assim, cresceu significativamente o número de processos inteiramente

eletrónicos, os quais permitem a emissão de autorizações no prazo máximo de

um mês. Em 2013, os processos eletrónicos representavam 79 por cento do

total de autorizações proferidas e, em 2014, obtiveram um peso de 93 por

cento.

A

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7 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

Todavia, apesar do empenho da CNPD na prossecução desta estratégia, a

diminuição forçada de recursos humanos de que foi alvo não permitiu diminuir

como se desejava a elevada pendência processual, apesar de se terem

concluído aproximadamente 19 mil processos em 2014, um número recorde

que tão só equilibra um número também recorde de processos entrados.

nalisar

Uma parte crucial da atividade da CNPD prende-se com as suas

competências de registar e autorizar os tratamentos de dados pessoais que

lhe são notificados pelos responsáveis pelos tratamentos, sejam entidades

públicas ou privadas, quando dão cumprimento a uma obrigação da Lei n.º

67/98, de 26 de outubro – Lei de Proteção de Dados Pessoais.

Em 2013, foram feitas 11.176 notificações de tratamentos de dados à CNPD,

cifra idêntica à verificada no ano anterior; porém, em 2014, o número de

notificações teve um aumento relevante tendo alcançado as 14.868.

Entre as notificações recebidas, assinala-se o peso significativo daquelas que

carecem de autorização prévia da CNPD e que foram nos últimos dois anos,

respetivamente de 10.284 e 13.854.

Aliás, entre 2013 e 2014 registou-se de uma maneira geral, um aumento da

atividade processual, tendo o total de processos entrados subido de 13.683

para 18.048.

Todas as espécies processuais aumentaram, à exceção do número de

pareceres sobre legislação nacional ou internacional em preparação, que se

manteve semelhante nestes dois anos, até com um ligeiro decréscimo de 88

para 83 pareceres.

A

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Emitir pareceres sobre projetos de diplomas é uma competência da CNPD

extremamente importante, na medida em que possibilita a conformidade da

legislação produzida com o regime jurídico de proteção de dados pessoais,

acautelando o respeito pelo direito fundamental constitucionalmente

consagrado.

No plano dos processos de contraordenação, verificou-se igualmente um

aumento entre 2013 e 2014, de 1.123 para 1.756, mantendo-se a tendência de

subida constante ao longo dos anos. Aqui se incluem queixas, participações

de autoridades policiais – basicamente sobre tratamentos de videovigilância

em incumprimento – e de outras autoridades, como a ASAE, a ACT ou o

Ministério Público, ou as averiguações abertas por iniciativa da CNPD.

O número de queixas registadas foi de 666, em 2013, e de 677 em 2014.

Embora os motivos de queixa sejam diversificados, é possível identificar

algumas áreas em que as queixas são mais recorrentes, como sejam sobre

sistemas de videovigilância de vizinhos ou de entidades empregadoras e as

comunicações eletrónicas não solicitadas através de correio eletrónico e de

chamadas telefónicas para fins de marketing.

Quanto a participações provenientes de outras autoridades, verificou-se

igualmente um acentuado acréscimo em relação a anos anteriores e mesmo

entre 2013 e 2014, em que a CNPD recebeu, respetivamente, 450 e 642

denúncias.

Por existir indícios de violação da legislação de proteção de dados, a CNPD

abriu por sua iniciativa cerca de 30 processos de averiguação nos últimos dois

anos.

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Ainda no quadro da sua atividade processual, a CNPD analisou, neste dois

anos, mais de 500 processos de pedidos de acesso a dados por parte de

terceiros, sendo que cerca de 400 processos dizem respeito a acesso a dados

de saúde de pessoas falecidas, os quais são solicitados no âmbito da gestão

de seguros de vida pelas companhias seguradoras.

No que diz respeito ao exercício do direito de acesso ao Sistema de

Informação Schengen (SIS II), que é feito de forma indireta através da CNPD,

verificou-se uma diminuição dos pedidos de acesso em relação a anos

anteriores. No entanto, contabilizaram-se 90 e 98 pedidos de acesso ao SIS II,

respetivamente em 2013 e 2014. Alguns destes pedidos exigiram a

cooperação com autoridades de proteção de dados de outros Estados

membros do Espaço Schengen, em particular nos casos em que há pedidos

de eliminação de dados, e os dados foram introduzidos por outros países.

Nos termos da Lei 41/2004, que regula a privacidade no setor das

comunicações eletrónicas, a CNPD é ainda chamada a pronunciar-se sobre o

levantamento da confidencialidade da linha chamadora no caso de

chamadas incomodativas. Neste contexto, foram submetidos 911 (2013) e 1348

(2014) pedidos provenientes das operadoras telefónicas, após solicitação das

pessoas alvo deste tipo de chamadas. Estes pedidos continuam a crescer de

modo muito acentuado, tendo duplicado em dois anos.

rientar

O acompanhamento de dossiês específicos, o aprofundamento de

determinadas áreas temáticas e a emissão de orientações quanto

ao correto cumprimento das obrigações de proteção de dados constituem

aspetos essenciais da atividade regular da CNPD.

O

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Assim, em 2013, a CNPD prosseguiu de perto o acompanhamento de alguns

dossiês fulcrais do ponto de vista da proteção de dados, de modo a garantir

que são observados os requisitos legais e são implementadas as medidas

necessárias nas fases iniciais dos projetos, principalmente estando em causa o

tratamento de dados sensíveis dos cidadãos por parte de entidades públicas.

Foi o caso do Plano Global Estratégico de Racionalização e Redução de

Custos com as TIC na Administração Pública, que a CNPD acompanhou

através da Agência para a Modernização Administrativa (AMA), e que

continuou durante o ano de 2014.

Também o desenvolvimento da Plataforma para o Intercâmbio de

Investigação Criminal (PIIC) foi seguido pela CNPD, que participou em várias

reuniões de preparação da plataforma, tomando conhecimento das várias

questões técnicas que ali se colocavam. Para finalizar esta etapa, a CNPD

pronunciou-se formalmente sobre várias componentes de funcionamento da

PIIC, conforme previsto na lei.

De igual modo, no que diz respeito ao tratamento de dados de saúde, a

CNPD acompanhou o desenvolvimento e execução da fase II da Plataforma

de Dados de Saúde (PDS), que representa a evolução da informatização do

Serviço Nacional de Saúde com o alargamento às entidades privadas, dando

os seus contributos para garantir a introdução de mecanismos de salvaguarda

e emitindo autorização para o seu funcionamento, determinando assim as

condições concretas para o tratamento de dados pessoais.

Ainda no domínio do aprofundamento de áreas temáticas, a CNPD em 2013

reuniu-se com diferentes associações representativas de operadores

económicos na área do comércio eletrónico e marketing para discutir a

aplicação prática do novo regime de privacidade nas comunicações

eletrónicas.

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A CNPD pretendeu ouvir as opiniões e as dificuldades práticas encontradas na

aplicação da nova legislação, em particular no que aos cookies e às

notificações de violações de segurança, de modo a melhor integrá-las nas

orientações que pretende produzir neste domínio.

Em relação à emissão de orientações da CNPD, em 2013 foi adotada uma

deliberação-geral sobre o tratamento de dados pessoais decorrentes do

controlo da utilização de TIC para fins privados no contexto laboral,

procedendo à atualização de uma anterior posição, datada de 2002, devido

à evolução tecnológica das ferramentas hoje ao dispor das entidades

empregadoras e às alterações legislativas no quadro do Direito do trabalho.

Em 2014, fruto de uma longa reflexão, debates e contributos escritos das

associações representativas das entidades empregadoras, das associações

sindicais e da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), a CNPD

aprovou uma deliberação-geral sobre o tratamento de dados pessoais

decorrentes da utilização de dispositivos de geolocalização no contexto

laboral.

Ambas as deliberações-gerais, que versam sobre a privacidade no local de

trabalho, fornecem o quadro jurídico aplicável aos tratamentos de dados

resultantes destes controlos, além de estabelecer as condições a que devem

obedecer os tratamentos de dados e esclarecer os titulares dos dados sobre

os seus direitos.

Tal permitiu de igual modo uniformizar os critérios de apreciação das

notificações destes tratamentos de dados, favorecendo o desenvolvimento

de formulários eletrónicos específicos. Um dos formulários já se encontra

disponível, a conclusão do outro ficou adiada para 2015.

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Ainda quanto ao aprofundamento de matérias específicas, sublinha-se o

estudo e as diligências efetuadas sobre os sistemas de aeronaves tripuladas

remotamente (drones) e o impacto que o seu uso com determinados

equipamentos acoplados representa para a privacidade dos cidadãos.

Também de destacar, ao longo deste dois últimos anos, a continuação dos

debates ao nível do Conselho da UE sobre a Proposta de Regulamento e a

Proposta de Diretiva de proteção de dados, para os quais foi solicitado o

contributo constante da CNPD.

iscalizar

A atividade de fiscalização empreendida pela CNPD é, sem dúvida,

uma componente muito relevante da sua missão de controlo e supervisão,

seja no seguimento de queixas dos cidadãos, seja no contexto de

averiguações abertas por sua iniciativa ou na qualidade de autoridade

nacional de controlo para sistemas de informação europeus.

No entanto, a diminuição de recursos humanos especializados teve um

impacto significativo na ação inspetiva da CNPD, que abrandou nos últimos

dois anos, atrasando a resolução de queixas dos cidadãos e não permitindo o

prosseguimento de auditorias programadas de maior fôlego, como por

exemplo aos sistemas de informação policiais.

Assim, em 2013 realizaram-se 246 fiscalizações para apurar da eventual

violação da legislação de proteção de dados e, em 2014, foram efetuadas

215 ações de inspeção.

F

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13 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

Estas fiscalizações são levadas a cabo no próprio local, onde a

CNPD realiza as verificações necessárias aos sistemas informáticos e aos

tratamentos de dados em geral, recolhendo prova para apuramento dos

factos e, em resultado da averiguação feita, tomar as medidas mais

adequadas.

Neste âmbito, a CNPD tem contado também com a inestimável colaboração

da Guarda Nacional Republicana (GNR) e da Polícia de Segurança Pública

(PSP), que procedem a pedido da Comissão às diligências necessárias para a

verificação da legalidade dos sistemas de videovigilância.

Quanto às sanções aplicadas, foram aplicadas 158 coimas em cada um dos

últimos dois anos. Contudo, em 2013, o valor das coimas aplicadas rondou os

204 mil Euros, enquanto em 2014 esse valor atingiu quase 4, 7 milhões de Euros.

O montante aplicado não corresponde ao valor efetivamente cobrado, seja

por diminuição da coima, alteração da sanção ou anulação da decisão, em

sede de recurso judicial, seja por insolvência da entidade, seja pelos pedidos

de pagamentos em prestações que foram em número de 17 e 26,

respetivamente em 2013 e 2014.

ecidir

A CNPD é um órgão colegial, constituído por sete membros, que discute

e delibera em sessão plenária, de periodicidade regular semanal. Em 2013 e

2014, realizaram-se, respetivamente 42 e 41 sessões plenárias.

Em 2014, foi alcançado um número máximo de decisões tomadas ao

ultrapassar as 15 mil (15.025); em 2013, tinham sido adotadas 12.285 decisões.

D

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14 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

Entre estas, incluem-se as autorizações para o tratamento de dados pessoais;

as deliberações (e os projetos de deliberação) relativas a queixas, pedidos de

acesso a dados de terceiros, exercício indireto dos direitos de acesso,

retificação e eliminação; e os pareceres no âmbito do processo legislativo e

de elaboração de outros instrumentos jurídicos.

Deste modo, nos últimos dois anos, a CNPD emitiu 9.646 autorizações em 2013

e 12.156 autorizações em 2014. Foram também apresentados 408 e 294

projetos de deliberação e aprovadas 1900 e 2428 deliberações, nos últimos

dois anos.

Quanto à emissão de pareceres, a pedido sobretudo da Assembleia da

República ou do Governo, manteve-se o ritmo de anos anteriores, tendo sido

emitidos 89 e 83 pareceres.

É de salientar que o notório crescimento do número de decisões aprovadas se

ficou a dever em grande medida à estratégia de desmaterialização da CNPD,

que permitiu o desenvolvimento dos procedimentos eletrónicos e a agilização

da tramitação processual. Assim, em 2013, o número de autorizações emitidas

em processos inteiramente eletrónicos já representou 79 por cento do total de

autorizações proferidas pela CNPD; em 2014, esse peso subiu para 93 por

cento.

romover

Uma das vertentes do trabalho da CNPD, no âmbito da divulgação

pública das matérias de proteção de dados, é a promoção de iniciativas que

sejam estruturadoras do estudo, da reflexão e do debate em vários setores da

nossa sociedade.

P

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15 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

O mundo académico apresenta-se como um universo natural e privilegiado

para o fomento da discussão e da aprendizagem destas novas realidades que

são cada vez mais transdisciplinares.

Com esse propósito, a CNPD assinou dois protocolos de colaboração com

centros universitários tendo em vista promover o direito fundamental à

proteção de dados pessoais, através de formação especializada e da

organização de seminários e conferências temáticos: em 2013, assinou um

protocolo com o Instituto de Ciências Jurídico-Políticas (ICJP) da Faculdade de

Direito de Lisboa; em 2014, assinou um protocolo com o Centro de

Investigação e Desenvolvimento em Ciências Jurídicas da Universidade

Autónoma de Lisboa (Centro Ratio Legis).

Neste âmbito, a CNPD organizou, em conjunto com o ICJP, uma Conferência

subordinada ao tema Proteção de dados na UE: da atual Diretiva ao

Regulamento, que teve lugar na Faculdade de Direito de Lisboa, no dia 25 de

março de 2014, e na qual se debateram vários assuntos, tais como a

jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia, o novo modelo de

supervisão, o regime de transferências internacionais de dados e o regime

sancionatório, a figura do delegado de proteção de dados.

Ainda dentro do espírito de incentivar o pensamento sobre a proteção de

dados pessoais e a privacidade, destaca-se a edição do Prémio Ensaio CNPD.

Inserido na celebração do Dia Europeu da Proteção de Dados, em 2013, a

CNPD entregou, em cerimónia pública, a menção honrosa do Prémio Ensaio

CNPD 2012 a Pedro Ferreira Farinha Silva, pelo trabalho “Controlo de acesso à

informação de saúde. Da legislação à prática: um caso de estudo do Break-

The-Glass”.

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Em 2014, relançou-se a edição do Prémio Ensaio, dando-lhe uma maior

divulgação através da edição de um cartaz alusivo, o qual foi distribuído pelos

estabelecimentos do ensino superior (universitário e politécnico), das áreas de

ciências sociais e humanas e tecnologias, de todo o país.

A edição de publicações é igualmente uma linha de atuação que a CNPD

tem favorecido ao longo dos anos, tendo em vista promover as matérias de

proteção de dados e esclarecer as suas posições, divulgando orientações

para os responsáveis pelos tratamentos e dando a conhecer aos cidadãos os

seus direitos concretos em cada área específica.

Nesse sentido, na coleção “Documentos da CNPD”, foi editada uma nova

publicação sobre o Controlo da utilização das Tecnologias de Informação e

Comunicação no contexto laboral, e reeditadas as orientações da CNPD na

área da saúde, relativamente aos tratamentos de dados para estudos clínicos

e para ensaios clínicos (2013), e ainda na área da privacidade no local de

trabalho as orientações sobre os tratamentos de dados no âmbito da

medicina do trabalho, incluindo aqueles que dizem respeito ao controlo de

alcoolemia e substâncias psicoativas (2014).

Não poderá deixar de ser mencionada a relevância da participação da

CNPD em inúmeros seminários e conferências para a qual é convidada e que

constituem um importante instrumento de promoção das matérias de

proteção de dados, não só pela possibilidade de chegar a diferentes tipos de

público num esforço e esclarecimento e sensibilização, mas também porque

estas temáticas se vão afirmando como inseparáveis de outras, reforçando a

presença cada vez mais assídua da perspetiva da privacidade.

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17 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

ooperar

A CNPD desenvolve, a vários níveis, uma intensa cooperação com

outras entidades, tanto no plano nacional, como no plano internacional,

mantendo relações institucionais regulares com vários órgãos da

administração, bem como laços de estreita colaboração com as suas

congéneres europeias e internacionais.

Foi precisamente no âmbito da cooperação internacional que a CNPD foi a

anfitriã da Conferência Europeia das Autoridades de Proteção de Dados, que

se reuniram em Lisboa, de 15 a 17 de maio de 2013, para debater como

“Proteger a privacidade enfrentando os desafios”.

Esta Conferência que trouxe ao nosso país cerca de 130 participantes contou

também, como convidados, com a presença de nomes históricos da

proteção de dados na Europa, como o Prof. Spiros Simitis e o Prof. Stefano

Rodotà, que marcaram a elevada qualidade da Conferência logo desde a

primeira sessão, intitulada “Construir o futuro com base na experiência”.

Designada como Conferência da Primavera, a conferência em Lisboa contou

ainda com a participação na sessão de abertura do Presidente da Comissão

de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, Fernando

Negrão, e com a participação do então Presidente da Comissão Europeia,

José Manuel Durão Barroso, que fez uma alocução aos comissários de

proteção de dados, no encerramento dos trabalhos, através de um

depoimento em vídeo, gravado a partir de Bruxelas.

C

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A Conferência teve ainda como temas centrais dos debates a noção de

dados pessoais, os direitos dos cidadãos em ambiente Internet, a prioridade

da segurança da informação e o reforço da supervisão e da cooperação das

autoridades de proteção de dados. Como não poderia deixar de ser, em

cima da mesa estiveram igualmente as questões relativas ao novo quadro

legal de proteção de dados da UE e à modernização da Convenção 108 do

Conselho da Europa.

Os comissários de proteção de dados reunidos em Lisboa adotaram uma

Resolução sobre o Futuro da Proteção de Dados na Europa, na qual se

chamava a atenção para o facto de «as escolhas feitas agora terem um

grande impacto, nos anos vindouros, no direito fundamental dos cidadãos à

proteção de dados. Além disso, o falhanço na salvaguarda da privacidade

põe em perigo outros direitos e liberdades, como o direito à não-

discriminação, o direito à livre circulação, o direito ao anonimato, o direito à

liberdade de expressão e, em última análise, a dignidade da pessoa».

Foram também adotadas uma Resolução sobre Como garantir proteção de

dados numa Área de Comércio Livre Transatlântico (TFTA) e uma Resolução

sobre o nível de proteção de dados na Europol.

Naturalmente que a organização de um evento desta envergadura para uma

entidade da dimensão da CNPD ao nível de recursos humanos representou

um grande esforço coletivo, tendo consumido muito tempo e meios

substantivos durante cerca de seis meses, o que pesou na execução de outras

atividades previstas.

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19 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

Ainda no quadro das relações de cooperação internacionais, é de salientar o

estreitamento de relações com o Gabinete de Proteção de Dados da Região

Administrativa Especial de Macau, que tem solicitado o apoio da CNPD ao

nível da formação em matéria de proteção de dados e troca de experiências,

além do desenvolvimento do processo com vista ao reconhecimento

internacional de Macau como região com nível adequado de proteção de

dados.

Sublinhe-se de igual modo a visita à CNPD, em dezembro de 2014, de uma

delegação da autoridade de proteção de dados da Hungria, para troca de

experiências e de informação sobre questões concretas com que deparam as

autoridades de supervisão no seu dia-a-dia.

No plano nacional, evidencia-se a cooperação legalmente prevista entre a

CNPD e outras entidades, como são a Comissão de Acesso aos Documentos

Administrativo e o Conselho Superior de Estatística, onde têm assento por

inerência representantes da CNPD.

Num outro nível, mantêm-se as excelentes relações entre a CNPD e outras

entidades reguladoras, com áreas de intervenção afins, bem como com vários

organismos públicos, seja no âmbito da atividade nacional ou europeia.

Aqui importa destacar o diálogo continuado entre a CNPD, o Ministério da

Justiça, o Ministério da Administração Interna e o Ministério dos Negócios

Estrangeiros, sobre as propostas legislativas da UE, quer do chamado “pacote”

de proteção de dados, quer das normas de proteção de dados previstas em

instrumentos legais relativos aos sistemas de informação europeus.

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20 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

ensibilizar

Esta é uma área de intervenção que a CNPD considera muito

importante, na medida em que para conseguir uma melhor proteção de

dados pessoais é indispensável a divulgação de direitos e deveres nesta

matéria, assim como uma forte aposta na sensibilização dos cidadãos.

Nesse sentido, a CNPD juntou-se, uma vez mais, em 2013 e 2014, às

comemorações do Dia Europeu da Proteção de Dados, instituído pelo

Conselho da Europa e que se assinala a 28 de Janeiro, através da produção

de um cartaz alusivo à data, assim como da organização de uma sessão

comemorativa.

Assim, em 2013, a CNPD promoveu uma Conferência sobre a Privacidade: um

direito individual num mundo digital, proferida pelo Professor Luís Antunes, da

Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, a qual decorreu na

Assembleia da República. Nesta Conferência, foi abordado o tema sempre

aliciante da Privacy by Design.

Em 2014, também numa sessão comemorativa na Assembleia da República, a

CNPD fez uma aposta mais provocadora, a qual teve um impacto muito

positivo, com forte cobertura mediática.

Tratou-se de uma Sessão Interativa de “Demonstração da vulnerabilidade dos

nossos dados pessoais”, conduzida pelo Professor Luís Antunes, do Centro de

Competências em Cibersegurança e Privacidade da Universidade do Porto.

S

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21 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

Nesta sessão, que contou com a presença de muitos representantes de

entidades públicas e de empresas, foi possível demonstrar como através da

utilização de rede sem fios os dados armazenados e recebidos em telefones

inteligentes estão facilmente à mercê de terceiros (fotografias, vídeos,

mensagens, correio eletrónico, gravações, etc.).

O trabalho de sensibilização nunca é demasiado e apresenta novos desafios a

todo o tempo, pois a evolução das tecnologias e a criatividade da sua

combinação e utilização implicam um conhecimento e esclarecimento

público constante sobre as consequências que daí podem advir para a

privacidade, para que os cidadãos possam exercer uma efetiva

autodeterminação informacional.

Assim, no âmbito de uma parceria de cooperação entre a CNPD e o Centro

de Competências em Cibersegurança e Privacidade da Universidade do

Porto, a CNPD disponibilizou ao público, no Dia da Internet Segura, em

fevereiro de 2014, a Pen C3Priv, constituída por um conjunto de aplicações,

configuradas para proteger a privacidade do utilizador e destinadas a

devolver ao utilizador o controlo dos seus dados pessoais, permitindo diminuir

os riscos da utilização da Internet, em especial em ambientes públicos

(portable device).

Quanto ao Projeto DADUS, destinado às crianças dos 10 aos 15 anos, e que é

aplicado em contexto escolar, não foi possível à CNPD nestes dois últimos anos

passar para uma nova etapa, tal como previsto.

Devido à escassez de recursos humanos, não foi possível completar a

reestruturação da plataforma eletrónica do projeto, com a adaptação dos

conteúdos às novas metas curriculares TIC e com a disponibilização de mais

materiais de apoio interativos. Todavia, a CNPD continua a distribuir materiais

de divulgação às escolas, que nos dirigem muitos pedidos.

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22 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

Apesar das dificuldades, a CNPD conseguiu responder positivamente às várias

solicitações das escolas para dinamização de sessões de esclarecimento e

sensibilização para a defesa da privacidade e a proteção de dados pessoais,

ajudando as crianças e jovens a utilizar tecnologias de informação e

comunicação de modo mais correto e a conhecer melhor os riscos que lhes

estão associados, de modo a minimizá-los e a fazer opções mais conscientes.

ntervir

A atividade da CNPD tem uma forte componente internacional, na

medida em que, quer por força da Diretiva de Protecção de Dados, quer de

atos legislativos da UE relativos ao tratamento de dados na área policial,

integra o Grupo de Trabalho de Proteção de Dados da UE (Grupo do Artigo

29.º), autoridades de controlo comum de sistemas de informação europeus

(Europol, Eurojust, Sistema Aduaneiro), Grupos de Supervisão Coordenada

(Eurodac, VIS, Schengen, CIS e IMI) e grupos de trabalho em diversas áreas

específicas.

Além da participação nas conferências anuais europeia e internacional, em

que a CNPD é membro acreditado, a CNPD participa ainda no Grupo de

Trabalho Internacional de Proteção de Dados nas Telecomunicações (Grupo

de Berlim) e na Rede Ibero-americana de Proteção de Dados, que promove

um encontro anual.

Este é um trabalho permanente, com reuniões regulares ao longo do ano, e

que implica deslocações às reuniões europeias e internacionais, contributos

para a produção de documentos e pareceres conjuntos, análise de novos

projetos, fiscalizações coordenadas e participação em subgrupos.

I

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23 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

Em 2013, foram criados dois novos Grupos, por força de legislação da UE: o

Grupo de Supervisão Coordenada (GSC) do SIS II, que veio substituir a

Autoridade de Controlo Comum de Schengen, quando a segunda geração

do Sistema de Informação Schengen entrou em funcionamento (Abril de

2013); o GSC do IMI (Internal Market Information), um sistema de informação

baseado nas trocas de informação das Administrações dos Estados membros.

Estes GSC são constituídos pelas autoridades de proteção de dados de todos

os EM, supervisores a nível nacional, e pela Autoridade Europeia de Proteção

de Dados, supervisora das agências ou instituições europeias que mantêm os

sistemas centrais.

Em 2013 e 2014, representantes da CNPD foram eleitos para a Presidência da

Autoridade de Controlo Comum da Eurojust e para a Presidência do Grupo de

Supervisão Coordenada do SIS II, mantendo assim uma tradição ininterrupta,

ao longo de 20 anos, em que Portugal sempre ocupou uma presidência ou

vice-presidência nas várias instâncias europeias de supervisão de proteção de

dados, desde que ganhou a primeira eleição em 1995.

Estas funções representam naturalmente trabalho acrescido para os

representantes da CNPD, num período de já particular envolvimento a nível

europeu, devido à revisão coincidente dos instrumentos legais de vários

sistemas de informação, como sejam a Europol e a Eurojust, o Sistema de

Informação Aduaneira ou o sistema Eurodac.

O modelo de supervisão destes sistemas tem sido um dos maiores cavalos de

batalha das autoridades de proteção de dados que não aceitam a

passagem de uma supervisão conjunta dos sistemas centrais pelas autoridades

nacionais para uma supervisão centralizada numa Autoridade Europeia,

nominal, distante e sem poder de intervenção na origem, quando os dados

pessoais tratados são da responsabilidade dos Estados, resultam das suas

investigações nacionais e os resultados de partilha e intercâmbio de

informação são realizados ao serviço e para aproveitamento dos Estados.

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24 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

erir

Duas décadas passadas sobre o início do funcionamento da

CNPD e, após na revisão constitucional de 1997, a Constituição ter

consagrado a existência de uma autoridade administrativa independente

para garantir a proteção de dados pessoais, assiste-se a uma situação

insustentável em que a CNPD, ao invés de crescer na proporção do papel

fundamental que desempenha no nosso país na defesa de um direito

fundamental, é forçada a minguar nos seus recursos mais básicos, tornando

objetivamente impraticável qualquer tipo de gestão, que não seja a de

impossíveis.

Relativamente aos recursos humanos, em que se projetava um reforço de

meios, indispensável ao cabal cumprimento da missão da CNPD, na realidade

concluiu-se o ano de 2013 com uma diminuição de cerca de 1/3 do pessoal,

correspondendo a metade dos seus recursos humanos especializados

(técnicos superiores).

Tal adversidade ficou a dever-se às novas regras impostas à administração

pública, em particular a impossibilidade de contratação, pelo que não foi

possível à CNPD renovar os contratos de sete pessoas (5 juristas e 2

administrativos) que estavam ao seu serviço.

E isto apesar de ter sustentação financeira para reforçar os seus recursos

humanos, sem recorrer à dotação do Orçamento de Estado, mas tão só às

receitas geradas pela própria CNPD.

Por isso, do já insuficiente pessoal constituído por 25 pessoas - um número

irrisório comparado com todas as suas congéneres europeias, incluindo

aquelas que têm menos de metade do nosso território e da população

portuguesa e detêm o triplo do pessoal - a CNPD terminou o ano de 2013 com

os seus recursos humanos reduzidos a um total de 18 pessoas.

G

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25 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

Assim, no final do ano de 2013, o pessoal, dirigido pelo Secretário da CNPD,

incluía 4 pessoas a exercer funções no Serviço Jurídico, três no Serviço de

Inspeção e Informática, uma no Serviço de Informação e Relações

Internacionais, duas no Gabinete de Atendimento ao Público e as restantes

nos Serviços Administrativos e Financeiros, os quais englobam a vertente

processual, a contabilidade e o apoio de secretariado.

Em 2014, não foi possível repor as faltas resultantes da impossibilidade de

renovação de contratos, no final de 2013, em particular de técnicos superiores

com conhecimentos e experiência entretanto adquiridos, mas registou-se um

ligeiro aumento, ainda assim claramente deficitário em relação às

necessidades.

Nessa medida, a CNPD terminou o ano de 2014 com os seus recursos humanos

constituídos por um total de 24 pessoas, o que remonta a números de 2007: o

pessoal, dirigido pelo Secretário da CNPD, incluía 6 pessoas a exercer funções

no Serviço Jurídico, 4 no Serviço de Inspeção e Informática, 1 no Serviço de

Informação e Relações Internacionais, 2 no Gabinete de Atendimento ao

Público e as restantes nos Serviços Administrativos e Financeiros, os quais

englobam a vertente processual, a contabilidade e o apoio de secretariado.

Em relação ao orçamento, em 2013, o orçamento corrigido (após cativação e

orçamento retificativo) foi de 2.356.436,00 Euros, sendo que apenas

1.206.846,00 Euros corresponde à dotação inscrita no Orçamento da

Assembleia da República. Os restantes 1.149.590,00 Euros são provenientes de

receita própria.

Do orçamento executado destacam-se os seguintes elementos:

A receita total atingiu 2.309.760,41 Euros, dividindo-se em 1.493.582,41

Euros de receita própria e 816.178,00 Euros de verbas contantes do

orçamento da Assembleia da República;

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26 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

O total de despesa foi de 1.767.616,07 Euros já expurgado de reposições

abatidas no valor de 7.568,11 Euros;

O saldo final na posse do Tesouro é de 1.820.702,54 Euros, do qual fazem

parte: 1.278.558,20 Euros relativos aos saldos das gerências de 2011 e

2012, de receitas próprias sem autorização de utilização; 534.174,80

Euros, relativos ao saldo da gerência de 2013, de receitas próprias, com

possibilidade de transição para 2014; e 7.969,54 do Orçamento da

Assembleia da República, sem possibilidade de transição para 2014.

No ano de 2013, a CNPD gastou em despesas com pessoal 1.415.567.49 Euros,

aqui se incluindo todas as prestações devidas, designadamente vencimentos,

contribuições para a Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações,

despesas de saúde, e subsídios de refeição.

Em 2014, o orçamento de despesa corrigido (após cativos e reserva) foi de

2.397.678,00 Euros, sendo que apenas 1.073.110,00 Euros corresponde à

dotação inscrita no Orçamento da Assembleia da República. Os restantes

1.462.327,00 Euros são provenientes de receita própria.

Do orçamento executado destacam-se os seguintes elementos:

A receita total atingiu 2.267.023,09 Euros, dividindo-se em 1.727.969,09

Euros de receita própria e 539.064,00 Euros de verbas contantes do

Orçamento da Assembleia da República;

O total de despesa foi de 1.672.820,24 Euros já expurgado de reposições

abatidas no valor de 7.161,85 Euros;

O saldo final na posse do Tesouro é de 2.406.935,85 Euros, do qual fazem

parte: 1.812.733,00 Euros relativos aos saldos das gerências de 2011, 2012

e 2013, de receitas próprias, sem autorização de utilização; 524.746,61

Euros, relativos ao saldo da gerência de 2014, de receitas próprias, com

possibilidade de transição para 2015 e 69.456,24 do OAR, sem

possibilidade de transição para 2015.

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27 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

No ano de 2014, a CNPD gastou em despesas com pessoal 1.446.017,58 Euros,

aqui se incluindo todas as prestações devidas, designadamente vencimentos,

contribuições para a Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações,

despesas de saúde, e subsídios de refeição.

Como se pode verificar, mantem-se a situação de a dotação do Orçamento

da Assembleia da República não cobrir sequer as despesas com pessoal.

Tal como já afirmado no relatório de atividades referente ao ano de 2012, a

situação de absoluta carência de recursos humanos, assim como as

circunstâncias de falta de independência orçamental – seja pelo controlo

prévio da Direção Geral do Orçamento na libertação de fundos, seja pela

sujeição de despesa a despachos ministeriais – constituem uma limitação

inaceitável das condições mínimas de funcionamento desta instituição e, em

consequência, das garantias do edifício jurídico da proteção de dados.

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28 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

statísticas

1999 2576

4111 5454

11388 10418 9894

18023

13504 13685

18048

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Processos entrados

1606 2053 1369

4615

10291

8864 8269

16141

11306 11170

14868

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Notificações recebidas

E

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29 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

1127 1504

2803

3915

7837 7922 7320

14852

10325 10284

13854

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Autorizações

479 549 566 700

2454

942 949

1289

981 897

1014

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Registos

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30 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

42 41 45

55 59

86 83

75

90 88 83

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Pedidos de parecer

21

35

62

98

115

143 149

185

130

90 98

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Pedidos de acesso ao SIS II

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31 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

203 183

303 413

670 745

863

996 1005

1126

1341

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Contraordenações abertas

148 153

88

127

212

171 189

249

359

246

215

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Inspeções realizadas

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32 Relatório de Atividades da CNPD * 2013-2014

51 47

147 151

260 248

197

169 158 158

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Coimas aplicadas

7117

6463

14913

12006 12285

15025

2009 2010 2011 2012 2013 2014

Decisões emitidas