RELATÓRIO DE ESTÁGIO - digituma.uma.ptdigituma.uma.pt/bitstream/10400.13/703/1/MestradoTatianaCamacho.pdf · desfecha com uma síntese acerca da prática pedagógica desenvolvida

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  • Centro de Competncia de Cincias Sociais

    Departamento de Cincias da Educao

    Tatiana Cristina Pestana Camacho

    Relatrio de Estgio apresentado Universidade da Madeira para obteno do grau de

    Mestre em Educao Pr-Escolar e Ensino do 1. Ciclo do Ensino Bsico

    Orientador: Professor Doutor Fernando Lus de Sousa Correia

    Funchal, fevereiro de 2014

  • RELATRIO DE ESTGIO III

    s crianas da sala dos Cristais que abrilhantaram o meu percurso

    acadmico!

  • IV RELATRIO DE ESTGIO

  • RELATRIO DE ESTGIO V

    Agradecimentos

    A concretizao do presente relatrio o resultado de muito empenho e dedicao, que

    subsistiram a esta caminhada de quatro anos e seis meses, onde me deparei com alguns

    desafios. Contudo, este s foi executvel com a colaborao e o auxlio de inmeras pessoas

    e de instituies de formao, que desde j gostaria de agradecer.

    minha orientadora de estgio Mestre Ana Frana, pela orientao, pelo auxlio e pela

    partilha de saberes, valores e ideias.

    Ao meu orientador cientfico do relatrio, Professor Doutor Fernando Correia, pelo apoio,

    disponibilidade e sobretudo pelo esclarecimento e partilha de conhecimentos.

    Universidade da Madeira, ao Centro de Competncias de Cincias Sociais, ao

    Departamento de Cincias de Educao, Direo Regional de Educao, Escola B1/PE da

    Achada pelos contributos no meu percurso acadmico.

    diretora da escola B1/PE da Achada, Vanda Perestrelo e ao pessoal docente e no docente

    da instituio pelo carinho, apoio e pelos momentos de encorajamento.

    educadora cooperante Delina Fernandes e equipa pedaggica da sala dos Cristais pela

    disponibilidade, confiana e apoio.

    educadora Elisabete Carvalho pelos momentos de reflexo, de encorajamento, de apoio e

    de partilha de saberes e opinies, os quais contriburam para a (des) construo da minha

    identidade profissional.

    s crianas da sala dos Cristais pelos carinhos, abraos e beijos, pelas aprendizagens

    partilhadas e, particularmente, pelos belos momentos de gargalhadas e de brincadeiras, que

    contriburam, ainda mais, para o meu fascnio pela educao de infncia.

    Mestre Guida Mendes pela orientao e colaborao na ao de formao sobre A

    Avaliao Pr-Escolar. Pela partilha de conhecimentos, pelo incentivo e, especialmente, pela

    disponibilidade incondicional.

    minha amiga, Paula Alves, por todos os momentos de desabafo, de angstia, de alegria, de

    reflexo, de satisfao, de realizao, de partilha de conhecimentos e de aprendizagem, e,

  • VI RELATRIO DE ESTGIO

    sobretudo, pelo companheirismo, esprito de equipa e interajuda que demonstrou ao longo do

    meu percurso acadmico. A ti, minha amiga, devo-te muito!

    s minhas colegas de curso e, naturalmente, amigas Andreia Neves, Andreia Nepomuceno,

    Carina Rodrigues, Lorene Rodrigues, Paula Teixeira e Tnia Garcs pela partilha de

    conhecimentos e de aprendizagens, pelo estmulo e auxlio e, principalmente, por acreditarem

    em mim.

    Aos meus amigos Daniel Azevedo, Jos Vieira, Marco Marques, Mnica Souto, Nria

    Almeida, scar Silva, Paulo Freitas, Ricardo Freitas, Sandro Barros e Vnia Rodrigues por

    estarem sempre disponveis para me ouvirem e apoiar sempre que fosse necessrio e pela

    confiana que sempre demonstraram ter em mim.

    funcionria da biblioteca, Teresa, por me ouvir e orientar na pesquisa bibliogrfica.

    Egdia, amiga e ouvinte de todas as horas.

    minha av, Maria Ana, pela compreenso, pacincia, amor e, principalmente, pelos

    momentos de reza, os quais orientaram e fortaleceram todo o meu percurso acadmico.

    Por fim, um agradecimento muito especial, aos meus pais e ao meu irmo, Amlcar Camacho,

    por tudo, pelo amor, pela dedicao e, principalmente, pela compreenso da minha ausncia

    em diversos momentos significativos das nossas vidas.

    Obrigada a todos!

  • RELATRIO DE ESTGIO VII

    Resumo

    O presente relatrio de estgio foi realizado para obteno do grau de mestre em Educao

    Pr-Escolar e Ensino do 1. Ciclo do Ensino Bsico. Este reflete todo o caminho percorrido

    no desenrolar da prtica pedaggica, no contexto de estgio em educao de infncia, na

    EB1/PE da Achada, mais precisamente, na sala dos Cristais. Neste, procura-se expor um

    enquadramento terico e metodolgico que, por sua vez, sustentam toda interveno

    pedaggica, com base na aprendizagem pela ao. A criana, atravs de uma aprendizagem

    construtiva, torna-se o principal autor na construo da mesma e o adulto, apenas um

    mediador e orientador. O educador deve estar atento relativamente escolha das atividades,

    tendo em ateno as necessidades da criana, o nvel de desempenho, os ritmos de

    aprendizagem e os seus interesses, proporcionando assim a sua estimulao. Na construo

    do percurso educativo, a prtica pedaggica circunscreveu-se na investigao-ao, com

    recurso utilizao de diversos instrumentos e tcnicas de recolha de dados, de modo a se

    perceber o que decorre na prtica e que no passvel de inferir atravs da observao. Foi

    por meio desta metodologia de investigao que se delineou os pressupostos a utilizar para

    promover melhorias ao nvel do contexto educativo em questo. A interveno realizada

    incitou a um levantamento de dados acerca do contexto, da sala de atividades e do grupo,

    confinando os interesses, desejos, necessidades e aspiraes das crianas e contribuindo para

    a desenvoltura da praxis. Pretendeu-se, na interveno educativa, estimular o

    desenvolvimento sociomoral das crianas, a comunicao e o gosto pela leitura. Este relatrio

    desfecha com uma sntese acerca da prtica pedaggica desenvolvida ao longo do estagio

    curricular, composta por conjunturas que revelam a (des)construo da identidade

    profissional.

    Palavras-Chave: Prtica Pedaggica; Educao de Infncia; Aprendizagem pela ao;

    Criana; Educador; Investigao-ao.

  • VIII RELATRIO DE ESTGIO

    Abstract

    This traineeship report was carried out to obtain a master's degree in Preschool Education and

    1.st Cycle of Basic Education. This reflects the entire path traversed on the preschool

    education traineeship in the context of pedagogical practice. This traineeship took place in

    EB1/PE Achada more precisely in the Cristais room. This traineeship addresses the theory

    and methodology based on action learning underpin the pedagogical intervention. The child

    through constructive learning becomes the main author and the adult only one mediator and

    advisor. The educator must be careful with the choice of activities taking into account the

    needs of the child, level of performance, learning rhythms and their interests providing this

    way its stimulation. In this educational path construction the pedagogical practice

    circumscribed on investigation-action . Various tools and techniques of data collection were

    used in order to understand what took place in practice and that was not likely to infer from

    the observation. It was through this research methodology that we outlined the assumptions to

    be used to promote improvements in the current educational context. The performed

    intervention fostered a survey of data related to room and group activities that matched the

    wishes, interests, needs and ambitions of children, contributing to the development of praxis.

    The educational intervention aimed to stimulate socio-moral children's development,

    communication and taste for reading. This report ends with a summary about pedagogical

    practice developed throughout the curriculum stage, consisting of situations that reveals

    professional identity construction/deconstruction.

    Keywords: Pedagogical Practice; Preschool Education, Learning through action; Child;

    Educator; Investigation-action.

  • RELATRIO DE ESTGIO IX

    Listas de Siglas

    Sigla Significado

    APA - American Psychological Association

    CTT - Correios Telgrafos e Telefones

    DB Dirio de Bordo

    DRAE Direo Regional de Administrao Educativa

    DRE- Direo Regional de Educao

    EB1/PE Escola Bsica do 1 Ciclo com Pr-Escolar

    EPE - Educao Pr Escolar

    INE - Instituto Nacional de Estatstica

    ISEI - Indicador Socioeducativo Individual

    ISPI - Indicador Socioprofissional Individual

    MEM Movimento da Escola Moderna

    NEE - Necessidades Educativas Especiais

    OCEPE - Orientaes Curriculares para Educao Pr-Escolar

    PAG - Plano Anual de Grupo

    PEE - Projeto Educativo de Escola

    SAC - Sistema de Acompanhamento das Crianas

    SER - Sentir, Envolver e Realizar

    SFA - Sndrome Fetal-Alcolico

    UMa Universidade da Madeira

    ZDP - Zona de Desenvolvimento Proximal

  • X RELATRIO DE ESTGIO

  • RELATRIO DE ESTGIO XI

    ndice

    Agradecimentos ....................................................................................................................... V

    Resumo .................................................................................................................................. VII

    Abstract ............................................................................................................................... VIII

    Listas de Siglas ...................................................................................................................... IX

    ndice de Apndices contedo do CD-ROM ................................................................. XIV

    ndice de Figuras ................................................................................................................ XVI

    ndice de Grficos ............................................................................................................. XVII

    ndice de Quadros ........................................................................................................... XVIII

    ndice de Tabelas................................................................................................................ XIX

    Introduo ................................................................................................................................ 1

    Captulo I Enquadramento Terico ..................................................................................... 5

    1.1.Currculo .......................................................................................................................... 6

    1.1.1.Currculo na Educao de Infncia. .......................................................................... 7

    1.2. Perfil do educador de infncia ........................................................................................ 8

    1.3. Educador: agente reflexivo ............................................................................................. 9

    1.4. Educador: agente investigador ...................................................................................... 11

    1.5. Contributo da Psicologia da Educao no desenvolvimento e na aprendizagem da

    criana .................................................................................................................................. 12

    1.5.1. Jean Piaget. ............................................................................................................ 12

    1.5.2. Jerome Bruner. ....................................................................................................... 13

    1.5.3. Lev Vygotsky. ........................................................................................................ 14

    1.6. Sntese........................................................................................................................... 16

    Captulo II - Enquadramento Metodolgico ....................................................................... 19

    2.1. Metodologia da investigao ........................................................................................ 20

    2.1.1. Investigao-ao. .................................................................................................. 20

    2.1.2. Fases da investigao-ao. ................................................................................... 22

    2.1.3. Tcnicas e instrumentos de recolha de dados. ....................................................... 26

    2.1.3.1. Tcnicas documentais. .................................................................................... 26

  • XII RELATRIO DE ESTGIO

    2.1.3.2. Tcnicas no documentais. ............................................................................. 27

    2.1.4. Validade da investigao. ...................................................................................... 30

    2.1.5. Limites da investigao.......................................................................................... 30

    2.2. Sntese........................................................................................................................... 31

    Captulo III - Pressupostos que sustentam a Prtica Pedaggica ..................................... 33

    3.1. Pedagogia-em-Participao........................................................................................... 34

    3.1.1. Pressupostos do Modelo Pedaggico Movimento da Escola Moderna. ................ 35

    3.2. Diferenciao Pedaggica ............................................................................................. 37

    3.3. Aprendizagem Cooperativa .......................................................................................... 38

    3.4. Trabalho em Projeto ..................................................................................................... 39

    3.5. A emergncia da leitura na Educao Pr-Escolar ....................................................... 40

    3.7.Sntese............................................................................................................................ 41

    Captulo IV - Prtica Pedaggica em Contexto Pr-Escolar ............................................. 43

    4.1. Questes da Investigao-ao ..................................................................................... 44

    4.2. Contextualizao do Ambiente Educativo .................................................................... 45

    4.2.1. O meio envolvente. ................................................................................................ 45

    4.2.2. Escola bsica do 1 ciclo com educao pr-escolar da Achada. .......................... 47

    4.2.2.1. Projeto Educativo de Escola. .......................................................................... 50

    4.2.3. Sala dos Cristais. ................................................................................................... 51

    4.2.4. O grupo de crianas. .............................................................................................. 53

    4.2.4.1. Interesses e necessidades das crianas........................................................... 58

    4.3. Prtica Pedaggica na sala dos Cristais ........................................................................ 60

    4.3.1. A Alimentao. ...................................................................................................... 62

    4.3.2. Construo de regras. ............................................................................................. 69

    4.3.3. O Trabalho em Projeto Reorganizao da rea da biblioteca. ............................. 72

    4.3.4. A Hora da Histria. ............................................................................................... 83

    4.4. A Avaliao .................................................................................................................. 85

    4.4.1. Avaliao de grupo. ............................................................................................... 87

    4.4.2. Avaliao especfica de uma criana. .................................................................... 88

  • RELATRIO DE ESTGIO XIII

    4.5. Interao com a comunidade educativa ........................................................................ 90

    4.5.1. Partilha dos alimentos do Po-por-Deus. .............................................................. 90

    4.5.2. Ao de sensibilizao sobre a Alimentao Consciente. ..................................... 92

    4.5.3. Ao de formao sobre A Avaliao Pr-Escolar. .............................................. 93

    4.6. Sntese........................................................................................................................... 96

    Consideraes Finais ........................................................................................................... 101

    Referncias............................................................................................................................ 105

  • XIV RELATRIO DE ESTGIO

    ndice de Apndices contedo do CD-ROM

    Apndice A Dirios de Bordo

    Apndice B - Primeira planificao semanal

    Apndice C - Segunda planificao semanal

    Apndice D - Terceira planificao semanal

    Apndice E - Quarta planificao semanal

    Apndice F - Quinta planificao semanal

    Apndice G - Sexta planificao semanal

    Apndice H - Stima planificao semanal

    Apndice I - Primeira avaliao de competncias

    Apndice J - Segunda avaliao de competncias

    Apndice K - Terceira avaliao de competncias

    Apndice L - Quarta avaliao de competncias

    Apndice M - Quinta avaliao de competncias

    Apndice N - Sexta avaliao de competncias sexta e stima semana

    Apndice O - Avaliao geral do grupo - ficha 1g do SAC - diagnstica

    Apndice P - Avaliao geral do grupo - ficha 1g do SAC primeira semana

    Apndice Q - Avaliao geral do grupo - ficha 1g do SAC segunda semana

    Apndice R - Avaliao geral do grupo - ficha 1g do SAC terceira semana

    Apndice S - Avaliao geral do grupo - ficha 1g do SAC quarta semana

    Apndice T - Avaliao geral do grupo - ficha 1g do SAC quinta semana

    Apndice U - Avaliao geral do grupo - ficha 1g do SAC sexta e stima semana final

  • RELATRIO DE ESTGIO XV

    Apndice V - Anlise e reflexo em torno do grupo e contexto - ficha 2g do SAC

    Apndice W - Definio de objetivos e iniciativas dirigidas ao grupo e contexto educativo -

    ficha 3g do SAC

    Apndice X - Avaliao individual - ficha 1i do SAC diagnstica

    Apndice Y - Avaliao individual - ficha 1i do SAC final

    Apndice Z - Anlise e reflexo individualizada - ficha 2i do SAC

    Apndice AA - Definio de objetivos e iniciativas individualizadas- ficha 3i do SAC

    Apndice AB - Documentos de validao da ao de formao sobre A Avaliao Pr-

    Escolar

    Apndice AC - Documentos de divulgao da ao de formao sobre A Avaliao Pr-

    Escolar

  • XVI RELATRIO DE ESTGIO

    ndice de Figuras

    Figura 1. O ciclo de reflexo-ao ......................................................................................... 10

    Figura 2. Fases da investigao-ao segundo Kuhne e Quigley ........................................... 23

    Figura 3. Espiral auto-reflexiva lewiniana .............................................................................. 24

    Figura 4. Escola Bsica do 1 Ciclo com Pr-Escolar da Achada. ......................................... 47

    Figura 5. Mapa tridimensional da sala dos Cristais................................................................ 52

    Figura 6. Fotografias da dramatizao da Sopa Verde ........................................................... 63

    Figura 7. Fotografias do livro da Dramatizao da Sopa Verde ............................................ 64

    Figura 8. Fotografia da Roda dos Alimentos........................................................................... 65

    Figura 9. Fotografia da colagem de alimentos reais .............................................................. .65

    Figura 10. Fotografia do recorte de imagens reais dos alimentos. ......................................... 65

    Figura 11. Realizao da atividade prtica. ............................................................................ 66

    Figura 12. Confeo da geleia de anans. ............................................................................... 68

    Figura 13. Juno dos ingredientes da receita. ....................................................................... 68

    Figura 14. Regras da sala. ....................................................................................................... 71

    Figura 15. Grelha da Planificao do Projeto. ........................................................................ 73

    Figura 16. Montagem do tapete. ............................................................................................. 75

    Figura 17. Pintura das novas prateleiras para a biblioteca ...................................................... 78

    Figura 18. Explorao dos diversos gneros literrios na Biblioteca Pblica Regional da

    Madeira. .................................................................................................................................. 79

    Figura 19. Caixa destinada ao peditrio comunidade. ......................................................... 80

    Figura 20. Classificao e etiquetagem dos livros .................................................................. 81

    Figura 21. rea da biblioteca ................................................................................................. 82

    Figura 22. Histria A Lagarta Comilona, contada pelo Antnio............................................ 84

    Figura 23. Histria O Ruca faz anos, contada pela Me da Bernardina. ................................ 84

    Figura 24. Cnticos alusivos ao Po-por-Deus. ..................................................................... 91

    Figura 25. Ao de sensibilizao sobre a Alimentao Consciente. ..................................... 92

    Figura 26. Ao de formao sobre A Avaliao Pr-Escolar ............................................... 94

    file:///C:/Users/Tatiana/Desktop/Centro%20de%20Competncia%20de%20Cincias%20Sociais.docx%23_Toc378852227

  • RELATRIO DE ESTGIO XVII

    ndice de Grficos

    Grfico 1. Constituio do grupo por gnero da sala dos Cristais ......................................... 54

    Grfico 2. O ISEI dos pais e das mes das crianas da sala dos Cristais ............................... 57

    Grfico 3. As categorias sociais do ISPI dos pais e das mes das crianas da sala dos

    Cristais. .................................................................................................................................... 58

    Grfico 4. Grfico da avaliao diagnstica dos nveis de bem-estar emocional e implicao

    .................................................................................................................................................. 87

    Grfico 5. Grfico da avaliao final dos nveis de bem-estar emocional e implicao ........ 87

    file:///C:/Users/Tatiana/Desktop/Centro%20de%20Competncia%20de%20Cincias%20Sociais.docx%23_Toc378864291

  • XVIII RELATRIO DE ESTGIO

    ndice de Quadros

    Quadro 1. Infra-estruturas existentes na freguesia de So Roque. ......................................... 46

    Quadro 2. Estrutura Fsica da EB1/PE da Achada. ................................................................ 48

    Quadro 3. Recursos Humanos da EB1/PE da Achada............................................................ 49

    Quadro 4. Interesses e necessidades das crianas da sala dos Cristais .................................. 58

    Quadro 5. Fichas SAC dirigidas ao grupo de crianas da sala dos Cristais ........................... 86

    Quadro 6. Programa da ao de formao Avaliao em educao pr-escolar - Sistema de

    Acompanhamento de Crianas SAC, de Gabriela Portugal e Ferr Laevers .......... 95

  • RELATRIO DE ESTGIO XIX

    ndice de Tabelas

    Tabela 1. Esquema-guia que ajuda os profissionais da educao no processo investigao-

    ao .......................................................................................................................................... 25

    Tabela 2. Avaliao individual de uma criana (ficha 1i) ...................................................... 89

  • XX RELATRIO DE ESTGIO

  • RELATRIO DE ESTGIO 1

    Introduo

    O presente trabalho pretende dar a conhecer o desenrolar de toda a interveno prtica

    pedaggica desenvolvida em contexto de estgio curricular, a qual envolveu a aplicao e

    desenvolvimento de conhecimentos adquiridos ao longo de todo o percurso acadmico e,

    consequentemente a construo de toda uma identidade profissional e pessoal, enquanto

    profissional da rea da educao.

    O estgio verifica-se uma etapa crucial na formao inicial dos futuros professores e

    educadores. Este perodo permite ao futuro profissional da educao articular todas

    aprendizagens adquiridas ao longo da sua formao com a prtica, ou seja, este aprende ao

    fazer. Segundo Alarco e Tavares (2003), o estgio no se trata apenas de desenvolver os

    conhecimentos adquiridos anteriormente, mas do refletir e repensar atitudes e aes com vista

    a uma prtica de ensino mais eficaz, mais comprometida, mais pessoal e mais autntica

    (p.17). Assim, a realizao deste relatrio teve o intento de integrar os conhecimentos obtidos

    no decorrer da componente curricular na prtica relativa ao estgio, com o objetivo final de

    obteno do grau de Mestre em Educao Pr-Escolar e Ensino do 1. Ciclo do Ensino Bsico

    (Regulamento dos cursos de 2. Ciclo de estudos na Universidade da Madeira, captulo III,

    artigo 7., alnea n.3).

    Visto este acontecer num ano de mudanas no plano de estudos, devido avaliao

    externa, optou-se por realizar o estgio apenas numa das valncias possveis, Educao Pr-

    Escolar ou Ensino do 1. Ciclo do Ensino Bsico. Uma vez que era facultativo, a escolha

    recaiu sobre a realizao do estgio final na vertente de Educao Pr-Escolar (EPE). Esta

    escolha deve-se, essencialmente, ao meu fascnio pela educao de infncia. Considera-se ser

    nesta etapa da vida que a criana d os primeiros passos para a construo da identidade

    pessoal, pelo que participar desse processo e auxiliar a criana na construo do seu eu e

    das suas aprendizagens deve ser uma das melhores sensaes que os profissionais da

    educao podem experimentar.

    A interveno pedaggica teve como principal propsito desenvolver e capacitar os

    futuros educadores/docentes para a ao profissional, em contexto real, promovendo o

    desenvolvimento da autonomia na sua formao e das questes socias e ticas que os

    acompanham. Os objetivos da prtica pedaggica colimaram principalmente na assimilao

    significativa, no mbito da prtica pedaggica, dos contedos cientficos adquiridos ao longo

    do percurso curricular, o desenvolvimento de uma atitude reflexiva face s aes

  • 2 RELATRIO DE ESTGIO

    implementadas, o desenvolvimento de parcerias com a comunidade educativa, a colaborao

    na construo e execuo de projetos de trabalho no contexto de estgio e a mobilizao de

    relaes interpessoais de carter positivo, tanto no que respeita aos elementos referentes aos

    grupos de estgio como aos pertencentes restante comunidade educativa (Brazo, Correia,

    Frana, Pereira & Gouveia, 2013).

    O presente trabalho escrito no segue nenhuma norma em concreto, no que concerne

    estrutura. Contudo, no que respeita s citaes diretas e/ou indiretas e referncias rege-se

    pelas normas da American Psychological Association (APA), a pedido do centro de

    competncias de Cincias Socias - Departamento de Cincias da Educao da Universidade

    da Madeira (UMa).

    de salientar que, por razes ticas (Graue & Walsh, 2003), os nomes das crianas

    so fictcios e as fotografias patenteadas foram autorizadas pelos respetivos encarregados de

    educao. Aquando da redao do mesmo, respeitou-se o novo acordo ortogrfico, com a

    exceo das citaes diretas, que se encontram conforme a ortografia original.

    A prtica pedaggica no contexto de estgio curricular incidiu, como suprarreferido,

    na vertente de Educao Pr-Escolar. Esta realizou-se individualmente, embora toda a ao

    fosse orientada e supervisionada pela educadora cooperante e teve uma durao de 120 horas

    presenciais. As Orientaes curriculares para a Educao Pr-Escolar (OCEPE) e o Perfil

    de Desempenho Profissional do Educador de Infncia, estabelecido no Decreto - Lei n

    240/2001 de 30 de agosto, sustentaram toda a (des)construo da identidade profissional e

    pessoal e, consequentemente intrnsecos praxis, ou seja, todas as atividades pedaggicas

    desenvolvidas ao longo de toda ao pedaggica desenvolvida em contexto de estgio.

    De modo a apresentar-se toda a desenvoltura da prtica desenvolvida no decorrer do

    estgio, no contexto de educao de infncia, concebeu-se diariamente dirios de bordo (DB)

    (ver apndice A), que retratam todas as indagaes, observaes e sugestes referentes

    praxis, bem como alguns testemunhos e opinies das crianas, no descurando os momentos

    de reflexo com a equipa pedaggica. Procurou-se colocar estas narrativas no centro da

    aprendizagem, do futuro profissional da educao, permitindo-lhe proceder a interpretaes,

    narraes de vivncias e significaes e (re)significaes (Azevedo, 2009 citado por Oliveira-

    Formosinho, Andrade, & Formosinho, 2011) e tornando-o mais consciente da sua ao de

    modo a poder replanificar toda a sua praxis, de acordo com os interesses, desejos,

    necessidades e aspiraes das crianas.

  • RELATRIO DE ESTGIO 3

    Ao longo do corpus do relatrio de estgio expe-se, toda a prtica pedaggica

    concretizada na Escola Bsica do 1 Ciclo com Pr-Escolar (EB1/PE) da Achada, situada na

    freguesia de So Roque, no concelho do Funchal, mais concretamente na sala dos Cristais.

    Nesta incorporam-se 26 crianas, com idades compreendidas entre os 2 anos e os 6 anos.

    O presente encontra-se subdivido em 4 captulos destinados ao enquadramento

    terico, metodolgico e praxis, no contexto de educao de infncia. O primeiro abrange o

    enquadramento terico no qual se faz aluso ao currculo no estipulado na educao de

    infncia, uma vez que o prprio educador quem o concebe e desenvolve, seguindo

    determinadas linhas orientadoras, nomeadamente as da OCEPE, e os interesses e

    necessidades das crianas. Este salienta ainda a importncia do educador reflexivo e

    investigativo, com vista melhoria da qualidade das aprendizagens e, consequentemente

    divulga os contributos da Psicologia da Educao no desenvolvimento e na aprendizagem da

    criana.

    No segundo captulo, patenteada a metodologia de investigao utilizada no decorrer

    da praxis, designadamente a investigao-ao, cuja finalidade consiste no contributo para a

    melhoria da ao a decorrer no contexto educativo supramencionado, dando nfase s

    tcnicas e instrumentos utilizados, assim como, validade da investigao e aos limites que

    lhe esto inerentes (Marmoz, 1987 citado por Sousa, 2000). J no terceiro apresentam-se os

    pressupostos metodolgicos que sustentaram a prtica pedaggica, valorizando-se a

    pedagogia-em-participao. Neste faz-se, tambm, referncia s vrias linhas orientadoras do

    Modelo Pedaggico Movimento da Escola Moderna (MEM) e s diversas opes

    metodolgicas que contriburam para a qualidade das aprendizagens das crianas.

    Por fim, o quarto captulo, designado por prtica pedaggica em contexto pr-

    escolar, apresenta uma contextualizao de todo ambiente educativo referente ao contexto de

    estgio, do meio envolvente, da escola, do projeto educativo, da sala e, naturalmente dos

    interesses e necessidades de cada criana, num primeiro momento. E, num segundo momento

    expe todas as atividades desenvolvidas com as crianas. Estas foram realizadas de acordo

    com os seus interesses e necessidades e com o objetivo de estimular o seu desenvolvimento

    sociomoral, a comunicao e o gosto pela leitura. , tambm, mencionado no decorrer deste

    captulo o processo de avaliao realizado e toda a interao, integrao e cooperao com a

    comunidade educativa, no geral.

    No desfecho deste relatrio encontram-se as consideraes finais que, por sua vez,

    espelham toda a experincia vivenciada no decorrer do estgio, assim como, as competncias

  • 4 RELATRIO DE ESTGIO

    adquiridas, que se constituiro base da identidade profissional e pessoal. Posto isto, o

    trminus do mesmo ocorre com a apresentao das referncias bibliogrficas que sustentam

    toda a fundamentao terica suprarreferenciada e dos apndices que reforam toda a praxis

    apresentada ao longo deste.

  • RELATRIO DE ESTGIO 5

    Captulo I

    Enquadramento Terico

    (...) a identidade no um dado adquirido, no uma propriedade, no um

    produto. A identidade um lugar de lutas e conflitos, um espao de

    construo de maneiras de ser e estar na profisso (Nvoa, 1995, p. 16).

  • 6 RELATRIO DE ESTGIO

    Captulo I Enquadramento Terico

    Neste captulo so abordadas as temticas sobre o currculo na educao de infncia, a

    identidade do educador e as teorias do desenvolvimento e da aprendizagem. Todos estes

    suportes tericos sustentaram uma prtica pedaggica para a qualidade. A ao pedaggica

    desenvolvida na EB1/PE da Achada, na valncia de educao de infncia, assumiu-se como

    experincia enriquecedora, favorecendo uma panplia de experincias e momentos de

    reflexo que contriburam para desenvolvimento profissional e pessoal.

    1.1. Currculo

    A organizao escolar tem vindo a adquirir uma maior relevncia ao longo dos

    tempos assim como a interao entre os diversos setores que a compem, conduzindo ao

    estabelecimento de um meio de impulsionamento ao nvel da construo coletiva do

    conhecimento escolar - o currculo.

    O currculo surge como um plano cuja ao passa pela definio do quadro geral de

    desenvolvimento dos projetos educativos, na medida em que se inscreve numa dimenso

    pedaggica com base em alguns princpios enunciados na Lei de Bases do Sistema

    Educativo, nomeadamente a promoo do sucesso educativo, valorizao do sentido de

    integrao ao nvel da aquisio educativa, participao nas atividades de mbito educativo e

    formao para uma educao permanente, e evidencia a escola num panorama de centro e

    reas educativas (Lima, Pacheco, Esteves & Canrio, 2006).

    um suporte terico muito estudado, uma rea do saber, que tem levantado inmeras

    questes e que se tem vindo denotar indispensvel no que concerne s discusses de ordem

    educacional.

    Segundo Rodrigues (2008) e no que respeita educao, o currculo uma

    delimitao de objetos de estudos que no dispensa as outras partes e os valores que

    constituem o real (p.88). Por outro lado, Burke (2003) afirma que diz respeito a algo que se

    pode e deve ensinar (p. 18). J para Goodson (2001) o currculo age entre o conhecimento e

    o controlo que, por sua vez, so geridos segundo um contexto social que concebe o primeiro

    de modo a ser utilizado num determinado meio, por forma a satisfazer as suas necessidades.

    Assim sendo, o docente ento um autor do currculo, na medida em que concebe e

  • RELATRIO DE ESTGIO 7

    implementa planificaes na sala de aula atravs de constructos, sejam

    competncias/objetivos, atividades e/ou avaliaes (Veiga-Neto, 2008).

    Neste sentido, a conceo, realizao e avaliao, so aspetos intrnsecos ao currculo,

    alm da existncia de distintos contextos e etapas de deciso (Pacharro, 2012). A este

    encontram-se inerentes, ainda, vrias questes polticas, econmicas e sociais. Isto , diz

    respeito a uma construo social, da qual somos participantes, diretamente ou indiretamente.

    Revela-se, ento, como um espelho do seu meio.

    Em suma, o currculo diz respeito a um espao de lutas entre classes, que institui

    diferenas, constri hierarquias e analisa identidades, mas que tambm as produz, assim

    como aos sujeitos aos quais fala e aos que interpela (Silva, 2001, p.12).

    1.1.1. Currculo na Educao de Infncia.

    No que respeita educao de infncia, o educador quem constri e adequa o

    currculo, atravs da planificao, organizao e avaliao do ambiente educativo, bem

    como das actividades e projectos curriculares, com vista construo de aprendizagens

    integradas (Decreto-Lei n. 241/2001, de 30 de agosto).

    As Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar enfatizam a relevncia da

    estruturao da pedagogia e a intencionalidade e sistematizao da organizao de todo o

    processo inerente, assim como a exigncia incumbida ao educador para que assuma um papel

    ativo na planificao do seu trabalho e na avaliao de todo o processo e seus efeitos ao nvel

    do desenvolvimento e aprendizagem das crianas (Ministrio da Educao, 1997). Este

    instrumento pedaggico permite ento ao educador de infncia gerir, com qualidade, o seu

    desenvolvimento e construo.

    Uma outra linha de orientao defendida pelas OCEPE a intencionalidade do

    processo educativo que pressupe a observao das crianas individualmente ou em grupo, a

    planificao de toda a ao educativa, a ao intencional, a avaliao, a comunicao das

    aprendizagens aos restantes agentes educativos inerentes ao processo educativo da criana e a

    conceo de uma articulao entre a educao de infncia e a educao bsica. Importa

    salientar que se torna essencial o uso do conhecimento necessrio e adequado das diversas

    tcnicas que gerem um currculo de qualidade (Gesto do Currculo na Educao Pr-Escolar

    - Circular n.17/DSDC/DEPEB/2007).

    Uma educao ao nvel da infncia qualitativamente superior conjetura a capacidade,

  • 8 RELATRIO DE ESTGIO

    por parte do educador, de responder adequadamente multiplicidade de experincias

    advindas de todo o processo que lhe est inerente e de acordo com as especificaes de cada

    contexto caracterstico da vida da criana (Portugal, 2009).

    1.2. Perfil do educador de infncia

    Os profissionais da educao de infncia tm:

    vindo a desempenhar funes em instituies sociais que acolhem crianas at aos 3

    anos de idade. Embora o perfil definido no presente diploma vise orientar, apenas, a

    organizao da formao do educador de infncia para a educao pr-escolar, no se

    exclui que tal formao habilite igualmente para o desempenho de funes naquele

    nvel etrio (Decreto-Lei n. 241/2001, de 30 de Agosto),

    e so responsveis pela organizao tanto do ambiente educativo quanto das atividades,

    sejam em grupo ou individuais, assegurando o desenvolvimento fsico, social e emocional das

    crianas. Como referido anteriormente, o educador de infncia tem por base a observao

    tanto da criana individualmente como em grupos, de pequena ou grande dimenso, na

    preparao das atividades e projetos adequando-os, assim s necessidades das mesmas sem

    descurar os objetivos do desenvolvimento e da aprendizagem (Decreto-Lei n. 241/2001, de

    30 de Agosto).

    No que concerne a relao e ao educativa, os profissionais da educao infantil

    promovem atividades que privilegiam a socializao e o desenvolvimento de emoes e

    afetos, apoiando as crianas na interao, cooperao e no convvio em sociedade e

    incentivando-as a falar de si e dos seus interesses e necessidades, a respeitar e ajudar os

    outros, a tomar decises e a desenvolver a sua capacidade crtica e reflexiva. Alm disso,

    estes ajudam, ainda, as crianas a alcanar competncias adequadas aos desafios do

    quotidiano, gerando hbitos de higiene e regras fulcrais para uma vida em sociedade

    (Decreto-Lei n. 241/2001, de 30 de Agosto).

    Na integrao do currculo os educadores de infncia do enfse capacidade

    expressiva, oral e grfica, procurando desenvolver a articulao e o alargamento do leque de

    palavras. Com isto, procuram desenvolver nas crianas a produo e transmisso dos seus

    sentimentos e emoes, fomentando, ainda, o aumento da capacidade de concentrao. Alm

  • RELATRIO DE ESTGIO 9

    de que, estimulam nas crianas o gosto pelos momentos de dilogo, atravs do processo de

    (re)contar histrias e vivncias, assim como, o desenvolvimento de competncias de escuta,

    partilha e respeito pela vez do outro (Decreto-Lei n. 241/2001, de 30 de Agosto).

    No que respeita ao domnio da expresso criadora procura-se que a criana

    desenvolva o sentido de curiosidade, o desejo de saber mais, a imaginao e a expresso

    livre, a nvel plstico, musical e corporal, na medida em que a criana sente o prazer de

    manipular materiais de tamanhos, formas e texturas diferentes e expressa-se atravs de

    canes, ritmos, jogos de roda, danas e representaes a partir de sons ou da utilizao de

    instrumentos. A expressividade desenvolve na criana a confiana, a auto-estima e segurana.

    No mbito do Conhecimento do Mundo, compete aos educadores de infncia incutir o

    desenvolvimento do raciocnio lgico-matemtico e a capacidade de analisar, organizar e

    classificar e ajudar as crianas a adquirir as noes de orientao, de quantidade, tempo e de

    representao do espao, proporcionando-lhes momentos de observao da natureza e

    incutindo-lhes valores de cidadania e ecolgicos. Por fim, deve integrar a criana no seu

    contexto cultural (Decreto-Lei n. 241/2001, de 30 de Agosto).

    Em sntese, o educador de infncia para obter um bom desempenho na sua ao

    pedaggica, para alm de gostar de crianas, tem de as respeitar e compreender. fulcral que

    estes agentes educativos estejam atentos aos interesses e necessidades de cada criana. E

    ainda, a imaginao, alegria e o sentido de humor devem ser elementos importantes na

    personalidade de um educador de infncia.

    1.3. Educador: agente reflexivo

    Ningum comea a ser educador numa tera-feira s quatro horas da tarde. Ningum

    nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se

    forma, como educador, permanentemente, na prtica e na reflexo sobre a prtica

    (Freire, 1991, p. 55).

    A necessidade de compreender o que acontece ao seu redor conduz os profissionais da

    educao utilizao e desenvolvimento da sua capacidade de refleco, ou seja, a prtica

    reflexiva a forma que os docentes detm de questionarem a sua ao e o meio onde se

    inserem. Neste sentido, a reflexo, por parte dos educadores de infncia, leva

    reestruturao de prticas pedaggicas para o melhor atendimento e desenvolvimento global

    da criana (Marques et al., 2007, s/p). Importa salientar, que a educao reflexiva o

  • 10 RELATRIO DE ESTGIO

    caminho para o conhecimento profundo das nossas aes e uma ao essencial ao percurso

    educativo de qualquer indivduo (Rodrigues, 2011).

    De acordo com Perrenoud (2002) e Zeichner (1993) a reflexo beneficia a ao dos

    docentes visto que aps uma reflexo sobre a sua interveno, estes agentes educativos

    procuram solues que visem melhorar a sua interveno. Schn (2000) refere, ainda, que a

    prtica reflexiva constitui-se como uma conjuntura de reflexo crtica problematizando o

    meio pedaggico, de modo a que os docentes possam refletir, analisar e reconstruir a sua

    interveno, resolvendo os problemas, encontrando novas solues e reedificando a sua

    funo (ver figura 1).

    Figura 1. O ciclo de reflexo-ao.

    Fonte: Nunes (2000).

    Dentro da mesma linha de pensamento surge Perrenoud (2002) ao defender o ato

    reflexivo como a explicao para uma prtica de qualidade. Contudo, o mesmo refere, ainda,

    que a profissionalizao da carreira docente no poder existir se no for pretendida,

    desenvolvida ou sustentada de forma contnua pelos prprios, ao longo do tempo e apesar das

    circunstncias e revezamentos polticos.

    Associado ao ato reflexivo est o ato investigativo, uma vez que os dois se

    complementam. Ento, o docente reflexivo ao procurar respostas/solues para os seus

    problemas necessita recorrer investigao. Todavia, por vezes as respostas encontradas

    mostram-se ineficientes e/ou insuficientes, tornando-se num ciclo vicioso de reflexo-

    investigao. Pretende-se, com isto, que os profissionais da educao sintam necessidade de

  • RELATRIO DE ESTGIO 11

    adotar novas posturas pois, como refere Freire (2009), quanto mais o indivduo se assume

    como e percebe as razes que o levam a ser assim, mais se torna capaz de proceder

    mudana e progredir de um estado de curiosidade ingnua para o de curiosidade

    epistemolgica (p.39).

    Posto isto, a reflexo da interveno pedaggica um elemento presente na ao dos

    profissionais da educao, constituindo-se um conjunto de habilidades que tm de se

    envolver. Neste mbito, os docentes necessitam de desenvolver uma postura analtica e

    reflexiva face ao, encarando-a no como um aspeto normativo independente mas como

    um campo de saber prprio em constante desenvolvimento e aprofundamento por parte dos

    mesmos (Roldo, 2000).

    1.4. Educador: agente investigador

    Atualmente, os profissionais da educao so desafiados no seu dia-a-dia a refletirem

    sobre a sua ao e a procurarem solues para contornar os obstculos com que se deparam

    adquirindo, deste modo, o papel de investigadores.

    Um investigador, no mbito da educao, tem que saber questionar de forma

    sistemtica e intencional os diferentes contextos educativos, compreend-los e,

    posteriormente, resolver os problemas verificados. Neste sentido, um educador para agir

    como investigador necessita de desenvolver competncias de investigao voltadas para a

    ao educativa no seu todo e para a partilha dos resultados e procedimentos adotados com os

    demais colegas. O desenvolvimento e/ou crescimento profissional e institucional das escolas

    s ocorrero quando e se os educadores e docentes se assumirem como investigadores natos

    (Alarco, 2001).

    Assim sendo, a investigao denota-se parte fulcral no trabalho dos profissionais da

    rea na medida em que engloba uma reflexo de carter crtico acerca da profisso em si,

    com o intuito de a melhorar. Logo, um profissional da educao que reflita, identifique

    problemas na sua interveno e pretenda corrigi-los, definindo estratgias, deve recorrer a um

    processo de investigao-ao. Esta opo metodolgica permite agilidade na sua ao, visto

    que visa encontrar uma soluo para um determinado problema, sem descurar a reflexo,

    apreciao e a mudana na prtica pedaggica. A investigao caracteriza-se, portanto, por

    ser cuidada, sistemtica e rigorosa (Moreira & Alarco, 1997).

  • 12 RELATRIO DE ESTGIO

    1.5. Contributo da Psicologia da Educao no desenvolvimento e na aprendizagem da

    criana

    Na educao de infncia no podemos abordar a aprendizagem sem refletir a sua

    relao com o desenvolvimento humano. De acordo com Papalia, Olds e Feldman (2001), os

    conceitos da aprendizagem e desenvolvimento, embora correlativos, complementam-se. Para

    que ocorra aprendizagem, essencial que a criana/indivduo detenha um determinado nvel

    de desenvolvimento. No decurso desse processo verificar-se-, ainda, a ocorrncia de

    transformaes significativas ao nvel do raciocnio, da estrutura e do comportamento,

    favorecendo o desenvolvimento humano normal.

    A aprendizagem diz respeito, ento, a uma aptido que o indivduo coloca em ao

    diariamente com vista a dar resposta de forma adequada e adaptada aos apelos e estmulos

    prprios da interao com os diferentes contextos em que est integrado (Pinto, 1992),

    enquanto o desenvolvimento humano corresponde ligao do indivduo com o contexto e,

    ainda, elaborao de representaes (construtivismo) gradualmente mais complexas e

    integradas (Castorina, Ferreiro, Lerner & Kohl de Oliveira, 1996).

    Neste mbito o contributo da Psicologia tem-se denotado relevante na medida em que

    rene o contributo de vrios autores de referncia sobretudo no que concerne compreenso

    do desenvolvimento e da aprendizagem na criana.

    Entre os supracitados destacam-se Piaget, Bruner e Vygotsky em cujas teorias

    defendem a aprendizagem como promotora de uma participao ativa, por parte da criana,

    em todo o processo, ou seja, uma pedagogia participativa com base em criao de ambientes

    pedaggicos propcios a atividades e projetos integrados sustentados por interaes e ralaes

    que proporcionam s crianas assumirem-se como participantes ativas na sua prpria

    aprendizagem e festejar as suas concretizaes (Formosinho & Oliveira-Formosinho, 2013).

    Este tipo de pedagogia diferencia-se da pedagogia meramente transmissiva, uma vez que, que

    se inspira nas teorias scio-construtivistas e construtivistas.

    1.5.1. Jean Piaget.

    Este autor destaca-se, sobretudo, pelo seu contributo ao nvel da investigao sobre o

    desenvolvimento cognitivo das crianas atravs da realizao de um estudo, envolvendo tanto

    os seus filhos como outras crianas e recorrendo observao e conversao. Piaget

  • RELATRIO DE ESTGIO 13

    caracterizou o desenvolvimento cognitivo da criana em quatro estdios: o estdio sensrio-

    motor (0 - 2 anos) caraterizado pela existncia de uma inteligncia prtica, baseada nas

    sensaes e nos movimentos e pela noo de permanncia do objeto; o estdio pr-

    operatrio (2 - 7 anos) pelo aparecimento da funo simblica, o egocentrismo intelectual, o

    animismo, o pensamento mgico e o pensamento pr-operatrio; o estdio das operaes

    concretas (7 -11 anos) pelo pensamento lgico, compreenso da existncia de conceitos que,

    por sua vez, permite a compreenso da relao parte-todo, efetuar classificaes e seriaes e

    perceber a conservao do nmero e o estdio das operaes formais (11-16 anos) pelas

    operaes formais alm das concretas, o pensamento abstrato e o raciocnio hipottico-

    dedutivo. Cada estdio corresponde ao desenvolvimento, por parte da criana, de uma nova

    forma de operar/pensar e dar resposta aos estmulos advindos do ambiente (Papalia, Olds &

    Feldman, 2001) e encontram-se sequenciados, distinguindo-se pela sua estrutura. Os estdios

    cognitivos de Piaget podem variar conforme o desenvolvimento da criana.

    Tambm assente num dos pressupostos de mesmo encontra-se a aprendizagem ativa,

    em que a criana constri o seu prprio conhecimento, procurando dar respostas aos seus

    interesses e necessidades. Piaget defendia que o cerne do comportamento inteligente est na

    aptido inata do indivduo para se adaptar ao meio e que toda a criana normal atua durante

    a infncia como construtora do seu prprio mundo (Papalia, Olds & Feldman, 2001). Assim

    sendo, a participao ativa e dinmica da criana, entre si e o meio que a rodeia, vem

    corromper o papel de submisso, assumido pela mesma no ensino tradicional (Oliveira-

    Formosinho, Andrade & Formosinho, 2011). Nesta linha da pedagogia, o docente/educador

    adota um papel de mediador/orientador nas aprendizagens das crianas, refutando assim o

    antigo papel de autoritrio e de mestre do saber.

    1.5.2. Jerome Bruner.

    Bruner exerceu igualmente um papel importante ao nvel da aprendizagem

    construtivista, ao afirmar que a criana deve ser o principal construtor ativo do seu processo

    de ensino-aprendizagem, participando ativamente na resoluo e no conhecimento da

    verdade. De acordo com Fernandes (2010), Bruner destacou toda a aprendizagem como uma

    adaptao pessoal dos elementos cognitivos, que tem de passar pela descoberta de si prprio

    e pela assimilao inventiva (p.27).

    Segundo o mesmo, a aprendizagem e o conhecimento devem assentar-se na motivao

  • 14 RELATRIO DE ESTGIO

    das crianas, nos interesses, nas necessidades e no estmulo da superioridade humana e

    cognitiva e as crianas devem ser instigadas para a compreenso de todo o processo de

    descoberta cientfica, incorporando-se das suas metodologias, estruturas e princpios. Todas

    as suas investigaes denotaram-se benficas ao desenvolvimento do processo de

    aprendizagem por descoberta, na medida em que do nfase relevncia das estruturas no

    processo de aprendizagem e no enfoque central que detm no ensino, alm de que dizem

    respeito a uma abordagem prtica (Fernandes, 2010).

    Smith (2002), ao analisar a obra de Bruner, afirma que este prende-se com as

    aprendizagens ao longo da vida, no se limitando apenas ao presente. Nesta linha do

    pensamento, Mouro (1998) refere que este terico insiste no papel ativo do organismo no

    controle do ambiente, no carcter seletivo estratgico da aprendizagem, e no poder da

    generalizao que lhe intrnseco (p.7).

    Assim sendo, o currculo, para Bruner (1998), deve ser apresentado em espiral, de

    modo a que as aprendizagens sejam orientadas a diversos nveis, periodicamente, garantindo

    que a criana assemelhe todo o processo presente. No entanto, todo o processo de

    aprendizagem deve de ir ao encontro dos seus interesses, necessidades e caractersticas,

    individuais ou em grupo. A contribuio de Bruner no processo educativo concebeu-se a

    partir de perspetivas humanas e sociais. O ilustre terico desmistifica a relevncia dos

    contextos culturais no processo de aprendizagem, indagando que torna-se evidente a

    definio constante da natureza, rumo e propsitos da educao, a cada gerao, por forma a

    assegurar s futuras toda a autonomia de racionalidade passvel de ser atingida. Esta mudana

    alm de impor condicionantes ocasiona oportunidades ao professor. neste sentido que a

    educao est em constante processo de inveno (Bruner, 1999, p.41).

    1.5.3. Lev Vygotsky.

    Segundo Fernandes (2010), Vygotsky centrou os seus estudos nas implicaes da

    interao social, linguagem e cultura ao nvel da aprendizagem e do desenvolvimento. Para

    Vygotsky o desenvolvimento psicolgico s poder ser analisado/estudado dentro do

    contexto cultural da criana, pois desde o seu nascimento ela adquire hbitos e aprendizagens

    caratersticas do seu prprio meio.

    Vygotsky desenvolveu, ainda, a teoria da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP),

    por forma a dar resposta s questes acerca dos fatores facilitadores das aprendizagens, da

  • RELATRIO DE ESTGIO 15

    evoluo das crianas e dos conhecimentos bsicos aos cientficos.

    Nesta teoria, o autor particulariza o desenvolvimento cognitivo como um intervalo

    que decorre entre o nvel de desenvolvimento real e o de desenvolvimento potencial, sendo o

    primeiro determinado pela resoluo de problemas de forma autnoma, ou seja, o que as

    crianas so capazes de fazer e o que podem fazer sem a ajuda de um adulto e o segundo

    atravs da resoluo dos mesmos sob a diretriz de um adulto ou em cooperao com pares

    mais aptos (Vygotsky, 1989). Esta zona varia de criana para criana, e nela que se percebe

    o raciocnio adulto, pois fornece-nos a localizao dos conceitos bsicos e cientficos.

    na ZDP, que a criana gere uma evoluo nas aprendizagens do desenvolvimento

    real, logo ele no poder ser um recetor de conhecimentos, mas sim um agente que contribui

    para os seus conhecimentos conjuntamente com o educador/professor.

    Atravs da teoria de Vygotsky, os educadores/professores podem compreender o

    desenvolvimento de cada criana. No entanto, ela sugere novas responsabilidades aos agentes

    educativos, pois promove projetos em trabalho de grupo que devero ser desenvolvidos no

    contexto social da criana e tero de incluir os inmeros nveis.

    As aprendizagens desenvolvem-se, ento, a partir da interao social e da utilizao

    das ferramentas intelectuais. Uma das ferramentas essenciais a linguagem. Vygotsky

    epilogou, atravs dos seus estudos, a socialidade desempenhada discurso desde o incio e,

    ainda, a linguagem egocntrica como impulsionadora do discurso interno que, por sua vez

    ser usado mais tarde pelo indivduo como instrumento de pensamento trilhando o caminho

    para a ZDP (Fernandes, 2010, p.24). O desenvolvimento das aprendizagens importante na

    vida da criana, ele resultante do meio social, cultural e histrico. Na escola este ltimo

    processo orientado com a ajuda da linguagem assumindo um papel fundamental, na

    comunicao do aluno com os outros e na orientao das suas aprendizagens.

    A teoria da ZDP requisitada essencialmente para mencionar as suas implicaes no

    ensino. Segundo Fino (2001), o conceito de ZDP pode depreender trs implicaes

    pedaggicas: uma janela de aprendizagem, o tutor como agente cognitivo e a importncia

    dos pares como mediadores da aprendizagem" (pp. 5-10).

    A primeira encara o currculo nacional do ensino concebido sempre tendo em conta as

    aprendizagens adquiridas anteriormente pela criana e as que poder vir a desenvolver. Ao

    mesmo tempo que as aprendizagens de cada criana vo sendo desenvolvidas, quer atravs da

    mente ou da interveno do educador/professor, vo permitir a sua (re)organizao. No que

    concerne imitao, esta muito importante para o autor, visto que a criana imita tudo

  • 16 RELATRIO DE ESTGIO

    aquilo que est acessvel ao seu nvel de desenvolvimento levando a que, posteriormente, a

    aprendizagem siga esse desenvolvimento permitindo a orientao das suas funes. Ou seja,

    se as crianas solicitarem atividades de carcter individual, no iro desenvolver a ZDP, nem

    o desenvolvimento cognitivo.

    J a segunda faz referncia no correspondncia da intelectualizao das

    aprendizagens a uma pedagogia correta, mas a um auxlio tarefa metacognitiva. O processo

    de aprendizagem composto por vrias etapas, primeiramente a criana interioriza e ento

    recomea uma nova maneira de aprender. Ao longo deste ciclo, o mesmo dever desenvolver

    a sua consciencializao sobre os seus conhecimentos, orientados na sua maioria pelo

    educador/professor. O educador/docente confrontar esses conhecimentos com atividades e

    trabalhos tornando-se, assim, um agente presente no conhecimento da criana. Pode-se

    afirmar que o educador/professor um elemento fundamental para as aprendizagens das

    crianas. Por fim, a ltima centra-se no recurso das crianas experimentao do mtodo de

    instruo, que por sua vez, iro fazer face s necessidades individuais e a uma escola mais

    exigente e numerosa.

    O processo de aprendizagem passa, deste modo, a ser abordado atravs de uma outra

    perspetiva com o surgimento do social e da cultura, modificando-se o foco de anlise,

    passando-se de um indivduo que aprende sozinho para um que aprende com a sua

    participao no mundo social, isto , do postulado cognitivo para o postulado social

    (Fernandes, 2010, p. 27).

    1.6. Sntese

    Em termo de concluso, o currculo um instrumento no mbito da educao que

    levanta diversas questes. Para o Ministrio da Educao (1999), os currculos devem ser

    adaptados de acordo com as necessidades das crianas e no ao contrrio. Neste sentido

    incumbe s escolas proporcionar oportunidades curriculares adequadas s capacidades e

    interesses de cada criana, por si s distintos. Na educao de infncia, no existe um

    currculo estipulado, o educador que o concebe e desenvolve, seguindo as linhas

    orientadoras das OCEPE.

    Por conseguinte, torna-se evidente proferir a ao do educador de infncia, como um

    agente reflexivo e investigativo, no descurando o seu perfil. Sendo que este no poder ser

    investigativo, sem ser reflexivo, pois estes dois atos esto interligados. Ao refletir sobre as

  • RELATRIO DE ESTGIO 17

    suas intervenes pedaggicas, os educadores procuram solues, o que os leva a investigar

    os problemas a solucionar.

    Neste sentido, o contributo de alguns tericos da Psicologia no desenvolvimento e na

    aprendizagem da criana, denotou-se deveras importante, no s para a compreenso dos

    mesmos mas do papel dos educadores nesse sentido. Entre eles destacam-se Piaget, Bruner e

    Vygotsky. Piaget atravs dos quatro estgios do desenvolvimento cognitivo, proporcionando

    o entendimento acerca da construo de uma nova aprendizagem assentada nas

    aprendizagens adquiridas anteriormente, que por sua vez vo-se relacionando com o novo

    entre si. Bruner ao defender a criana como construtora ativa da sua aprendizagem,

    privilegiando a descoberta da verdade. E por fim, Vygotsky atravs da teoria sociocultural,

    enquanto condio da aprendizagem e do desenvolvimento. Todos estes contributos

    constituram enormes suportes tericos para a teoria scio-construtivista e construtivista,

    desenvolvendo uma pedagogia centrada nos interesses, necessidades e caractersticas da

    criana.

  • 18 RELATRIO DE ESTGIO

  • RELATRIO DE ESTGIO 19

    Captulo II

    Enquadramento Metodolgico

    A Investigao-aco um excelente guia para orientar as prticas educativas,

    com o objectivo de melhorar o ensino e os ambientes de aprendizagem na sala

    de aula (Arends, 1995, p. 25).

  • 20 RELATRIO DE ESTGIO

    Captulo II - Enquadramento metodolgico

    Aquando do processo de estgio curricular a escolha referente opo metodolgica a

    utilizar no decurso da prtica pedaggica diz respeito a uma investigao-ao, uma vez que

    a que melhor se adequa ao objeto de estudo em questo pois, segundo Bogdan e Biklen

    (1994), a investigao-ao diz respeito ao processo de recolha de informao com vista

    promoo de mudanas.

    Neste sentido e para dar resposta s limitaes e interrogaes que decorreram da

    interveno ao nvel do contexto educativo, utilizou-se uma variedade de tcnicas e

    instrumentos abordados de forma discriminada ao longo do texto abaixo.

    2.1. Metodologia da investigao

    2.1.1. Investigao-ao.

    Definir investigao-ao pressupe-se uma tarefa rdua e complexa. Por mais

    reducente que seja a definio de um conceito, esta permite que nos apercebamos das suas

    qualidades e caractersticas. Para vrios autores, conceituados e credveis nesta matria, o

    conceito de investigao-ao elucida-se pelas suas caractersticas, segundo o processo

    hermenutico.

    De acordo com Elliot citado por Mximo-Esteves (2008) o conceito de investigao-

    ao constitui-se como uma anlise de determinada situao social com a finalidade de

    promover melhorias ao nvel da qualidade da ao a decorrente. Mximo-Esteves (2008), por

    sua vez, afirma que a investigao-ao enaltece essa vontade e, para tal, a necessidade de se

    proceder investigao dessa situao.

    No que respeita rea da educao, Altrichter et al. (1996) referem que a

    investigao-ao:

    () tem como finalidade apoiar os professores e os grupos de professores para

    lidarem com os desafios e problemas da prtica e para adoptarem as inovaes de

    forma reflectida. Os professores no s contribuem para melhorar o trabalho nas suas

    escolas, mas tambm ampliam o seu conhecimento e a sua competncia profissional

    atravs da investigao que efectuam (Altrichter et al., 1996 citados por Mximo-

    Esteves, 2008, p. 18).

  • RELATRIO DE ESTGIO 21

    Esta definio prende-se com o propsito da investigao desenvolvida no mbito da

    ptica pedaggica, realizado na sala dos Cristais da EB1/PE da Achada.

    J de acordo com Kemmis e McTaggart (1988) a investigao-ao constitui um meio

    de explorao de nvel introspetivo realizada coletivamente pelos intervenientes diretos em

    situaes de carter social e/ou educativo com a finalidade de promover uma melhor

    racionalidade e justia das suas prticas nesses contextos, alm da sua compreenso e

    situaes em que tm lugar. Os autores salientam, ainda, a importncia da colaborao entre

    os sujeitos da investigao, evidenciando que os investigadores devem pertencer ao contexto,

    mantendo a eficcia da ao e clareza do conhecimento, atravs dos valores democrticos.

    McKernan (1998) define o mesmo conceito, atravs de uma sntese de definies

    propostas por diversos autores que tm sido referenciados. Nesta apresentao, retm-se os

    contextos problemticos e o rigor de todo o processo de investigao. Assim, investigao-

    ao :

    um processo reflexivo que caracteriza uma investigao numa determinada rea

    problemtica cuja prtica se deseja aperfeioar ou aumentar a sua compreenso

    pessoal. Esta investigao conduzida pelo prtico primeiro, para definir

    claramente o problema; segundo, para especificar um plano de aco-, incluindo a

    testagem de hipteses pela aplicao da aco ao problema. A avaliao efectuada

    para verificar e demonstrar a eficcia da aco realizada. Finalmente, os participantes

    reflectem, esclarecem novos acontecimentos e comunicam esses resultados

    comunidade de investigadores-aco. Investigao-aco uma investigao

    cientfica sistemtica e auto-reflexiva levada a cabo por prticos, para melhorar a

    prtica (p.5).

    Mckernan (1998) aborda este conceito apresentando, de forma sistemtica, todas as

    linhas orientadoras do mesmo. Importa salientar, que o processo de investigao-ao

    desenvolve o profissionalismo do docente, tonando-o investigativo e conduzindo melhora

    do contexto em que trabalha. Para Bogdan e Biklen (1994) o investigador assume um papel

    ativo na desenvoltura de todo percurso a percorrer. Por fim, de evidenciar algumas ideias-

    chaves referentes ao mesmo (Grundy & Kemmis, 1997).

    A investigao-ao, de acordo com os ltimos, remete para um sistema de

    organizao, ao, observao e reflexo espiriformes, para a participao e, ainda para o

    conceito de ao estratgica (Mximo-Esteves, 2008). A reflexo e ao so duas tcnicas

  • 22 RELATRIO DE ESTGIO

    que no podem ser dispensadas deste processo de investigao-ao, enquanto a ao

    estratgica visa o melhoramento do contexto e a colaborao de todos os intervenientes.

    Ento, o conceito de investigao-ao, definido por um autor s, seria demasiado

    redutor, comprometendo a sua compreenso, complexidade e traos caractersticos.

    2.1.2. Fases da investigao-ao.

    A investigao-ao caracterizada por um conjunto de procedimentos, em

    consonncia com as finalidades do projeto, ou seja, vai ao encontro de um ponto de partida,

    permite recolher a informao em conformidade com determinados padres de tica,

    proceder interpretao dos dados recolhidos e validar todo o procedimento inerente

    (Mximo-Esteves, 2008). O percurso a percorrer pelos investigadores deve-se assentar na

    reflexo e na investigao do estudo.

    Ainda segundo o mesmo, a investigao-ao depreende um processo cuja dinmica,

    interatividade e abertura permitem a sua reestruturao de acordo com as necessidades

    emergentes da anlise dos objetos em estudo. No entanto, para Fischer (2001) o processo de

    investigao-ao passa por cinco operaes, nomeadamente, Planear com flexibilidade,

    Agir, Refletir, Avaliar/validar e Dialogar.

    Planear com flexibilidade diz respeito primeira etapa de todo o processo e conduz o

    investigador reflexo sobre o contexto em que est inserido, a sua prtica, a deciso do que

    se deve manter ou ser alterado e sobre as suas vivncias e experincias dos outros. A segunda

    carateriza-se pela investigao no contexto atravs da observao e registo das aprendizagens

    das crianas, por parte dos docentes investigadores. A terceira diz respeito s crticas relativas

    s observaes concretizadas, com a finalidade de desvendar as crenas incutidas. J a quarta

    corresponde avaliao e posterior validao dos resultados provenientes de decises

    previamente tomadas. Por fim, a quinta operao consiste na partilha das estratgias

    utilizadas com os restantes intervenientes, visto que a colaborao entre os mesmos

    fundamental para o sucesso do projeto.

    Importa salientar que, por vezes, o projeto de investigao-ao no ocorre conforme

    planeado. Contudo, a ao no deve ser incumbida a obedecer a um plano restrito com regras

    irrevogveis, mas sim este ltimo possibilidade de reajustamento, sempre que o planeado

    no seja passvel de concretizao (Mximo-Esteves, 2008).

  • RELATRIO DE ESTGIO 23

    Para Kuhne e Quigley (1997) apresentado por Almeida (2005) a investigao-ao

    compe-se por trs fases, planificao, ao e reflexo, que no entanto podem descrever

    vrios ciclos mediante a resoluo ou no do problema (ver figura 2).

    Figura 2. Fases da investigao-ao segundo Kuhne e Quigley.

    Fonte: Almeida (2005).

    No entanto, Santos, Morais e Paiva (2004) retratam, os mesmos ciclos que compem

    a investigao-ao delineados por Lewin de uma outra forma (ver figura 3).

  • 24 RELATRIO DE ESTGIO

    Figura 3. Espiral auto-reflexiva lewiniana.

    Fonte: Santos, Morais e Paiva (2004, p. 340).

    O projeto de investigao-ao rege-se por um conjunto de linhas gerais. Fischer

    (2001) apresenta um esquema-guia para os profissionais da educao, com o intuito de

    desenvolver a dimenso profissional (ver tabela 1).

  • RELATRIO DE ESTGIO 25

    Tabela 1. Esquema-guia que ajuda os profissionais da educao no processo investigao-ao.

    Esquema-guia

    1. Contexto escolar

    Descreva brevemente a escola estudantes, departamentos, currculo e misso. Delineie os objectivos

    centrais relacionados com o tpico de investigao. Como foram estabelecidos? Que problemas e

    preocupaes especiais da escola esto presentes no seu projecto?

    2. Foco do projecto de investigao

    Mencione o que pretende investigar ou implementar. Qual o principal problema e as questes

    especficas a formular?

    3. Fundamentao

    Por que que o tpico seleccionado seleccionado importante para si e para os seus alunos? De que

    modo que esta investigao favorece a escola e os objectivos e as preocupaes dos seus nveis de

    classificao? Como contribui para o seu desenvolvimento profissional?

    4. Impacto esperado na aprendizagem dos alunos

    Declare brevemente a anteviso possvel do impacto que o projecto ter na aprendizagem dos seus

    alunos. O que antecipa como provvel benefcio decorrente da investigao?

    5. Critrios de eficincia

    Que indicadores melhor revelaro os resultados do projecto (por ex., nmero de livros lidos, aumento da

    motivao, melhor pontuao em testes, melhor comunicao, relaes positivas)? Que fontes de dados

    usar para documentar e avaliar o projecto e porqu (composies, porteflios dos alunos, dirios,

    trabalhos da aula, discusses, resultados de teses, entrevistas, inquritos, vdeos, fotos, esquemas,

    apresentaes)?

    6. Plano de implementao (sequncia e cronograma)

    Organize e ordene a sequncia a seguir para implementar o projecto. Mesmo que, mais tarde, proceda a

    alteraes do plano, til a elaborao prvia de um esquema cuidadosamente planeado. Este inclui um

    cronograma de previso do tempo necessrio para experimentar, recolher e analisar dados, redigir um

    sumrio das aprendizagens e resultados e apresentar o projecto aos colegas.

    7. Fontes de informao

    Que livros, autores, artigos, outros professores, ou outras fontes de informao (ERIC, Web sites da

    internet, seminrios) prev consultar para ampliar o conhecimento sobre o tpico de investigao?

    Faa uma lista de vrias possibilidades.

    8. Recursos necessrios

    Elabore uma listagem das necessidades previstas para levar o projecto a bom termo (ex.: materiais de

    aprendizagem, gravadores, equipamento vdeo, cmaras, transporte para viagens ao terreno, suporte

    financeiro).

    Fonte: Extrado de Fisher, 2001 citado por Mximo-Esteves, 2008, p.83.

  • 26 RELATRIO DE ESTGIO

    2.1.3. Tcnicas e instrumentos de recolha de dados.

    No mbito do presente projeto de investigao, utilizou-se a investigao-ao como

    metodologia, recorrendo-se aplicao de tcnicas documentais e no documentais que, por

    sua vez, possibilitaram a fundamentao terica do estudo desenvolvido, aquando da prtica

    pedaggica, uma vez que e de acordo com Almeida e Pinto (1976), as prticas de

    investigao constituem processos que, alm de bem definidos, so transmissveis e tm por

    objetivo a produo de determinados resultados aquando da recolha e tratamento dos dados

    requeridos aquando das atividades referentes pesquisa.

    No entanto, de referir que a escolha e a utilizao de tcnicas e de instrumentos da

    investigao e, consequentemente, a recolha de dados, so inteiramente da responsabilidade

    do investigador. Alm de que todos os procedimentos suceder-se-o em concordncia com as

    especificidades do projeto da investigao.

    Este projeto de investigao teve como propsito o estmulo do desenvolvimento

    sociomoral das crianas, a comunicao e o gosto pela leitura, a fim promover melhorias ao

    nvel do contexto inerente e dar resposta s necessidades do grupo em estudo. Como

    supramencionado, para concretizao deste projeto, recorreu-se implementao de tcnicas

    documentais, neste caso, a anlise do Projeto Educativo de Escola (PEE), pois o recurso a

    uma diversidade de fontes de informao em simultneo, permite a triangulao de dados,

    cooperando para a credibilizao da validade dos instrumentos de investigao (Afonso,

    2005) e a tcnicas no documentais, com a utilizao de instrumentos como a observao

    participante, as entrevistas no estruturadas, notas de campo, os dirios de bordo e registos

    fotogrficos.

    2.1.3.1. Tcnicas documentais.

    As tcnicas documentais abrangem a anlise de documentos oficiais relevantes para a

    investigao em curso. A anlise do PEE da EB1/PE da Achada teve como finalidade a

    compreenso do contexto em que o grupo se encontra e a definio de algumas linhas de

    orientao para o estudo. Verificou-se que os objetivos traados pelo PEE correspondem, na

    ntegra, s necessidades do grupo. A utilizao desta tcnica no s serviu para fundamentar

    teoricamente o projeto de investigao-ao, mas tambm para o alargamento do

    conhecimento acerca do estudo.

  • RELATRIO DE ESTGIO 27

    2.1.3.2. Tcnicas no documentais.

    Observao participante.

    A observao considerada um dos mecanismos inerentes s tcnicas no

    documentais. Segundo Mximo-Esteves (2008) a observao faculta ao investigador o

    conhecimento diretos dos factos tal como estes ocorreram, num determinado contexto. Este

    instrumento possibilita, ainda, ao investigador a compreenso e recolha da informao

    pertinente ao estudo. Esta caracteriza-se como uma capacidade inata, do ser humano, que vai

    sendo melhorada com a sua prtica.

    De acordo com Woods (1993) a observao pode qualificar-se como participante e

    no participante. Neste caso, utilizou-se a observao participante e por forma a registar os

    dados provenientes desta, recorreu-se s notas de campo, que por sua vez encontram-se

    inseridas nos dirios de bordo.

    A observao participante, segundo Lapassade (2001) detm duas caractersticas que

    permitem ao investigador obter duas proximidades diferentes do estudo, a observao que

    emprega um distanciamento e a participao que integra, ou seja, envolve o investigador na

    investigao. Estas possibilitam-lhe delinear os objetos de estudo e as estratgias a utilizar no

    projeto.

    De acordo com Parracho (2012) a definio dos objetivos e a delimitao da extenso

    de observao determinam:

    a estratgia a seguir, o que implica uma opo por determinadas formas e meios de

    observao, ou seja, uma escolha de critrios e de unidades de registo dos dados, uma

    elaborao de mtodos e tcnicas de anlise e tratamento dos dados recolhidos e uma

    preparao da observadora (p. 113).

    Neste sentido, a observao participante denota-se vantajosa, na medida em que

    permite ao investigador compreender o contexto em estudo e exibe uma srie de crticas. No

    entanto este mecanismo tambm possui desvantagens relacionadas com as alteraes no

    comportamento dos indivduos e com as mudanas dos contextos. Para alm destas, a

    observao participante assume um carter pessoal, por parte do investigador, o que pode

    originar uma viso parcial do meio.

    Sendo a observao a viso do observador que a realiza, o reducionismo e o

  • 28 RELATRIO DE ESTGIO

    enviesamento dessa viso constituem-se, ento, em entraves para os quais, segundo Estrela

    (1994), este no possui resolues vlidas.

    Entrevistas no estruturadas.

    Nos estudos que incluem a observao participante, as entrevistas realizadas

    assemelham-se a conversas informais uma vez que, segundo Bogdan e Bliken (1994), no

    possvel separar facilmente a entrevista das restantes aes que compem a investigao.

    Mximo-Esteves (2008) refere o mesmo, porm para este as entrevistas no estruturadas

    distinguem-se das conversas informais na sua intencionalidade, visto serem usualmente

    utilizadas na recolha de informaes complementares aos dados de observao.

    No decorrer do estudo recorreu-se, tambm, s conversas informais, quer com as

    crianas, quer com a equipa pedaggica da sala e da instituio de ensino, de forma a obter

    informaes relevantes ao estudo.

    Notas de campo.

    Spradley (1980) aponta as notas de campo como um instrumento que comporta

    apontamentos realizados sistematicamente, de forma detalhada, descritiva e focalizada acerca

    do contexto de atuao, dos intervenientes e das suas aes e interaes, respeitando toda a

    linguagem utilizada (Spradley, 1980 citado por Mximo-Esteves, 2008).

    Para Bogdan e Biklen (1994) as notas de campo comtemplam, ainda, dois tipos de

    materiais, um descritivo e outro reflexivo. O primeiro visa a captao de uma representao

    por palavras do local, dos indivduos, dos atos e dos dilogos provenientes da observao

    enquanto, o segundo, d mais nfase ao ponto de vista do observador, s suas ideias e

    preocupaes.

    Ao longo da observao participante efetuaram-se notas de campo diariamente,

    sendo transcritas para os dirios de bordo posteriormente. A finalidade destas anotaes

    prendeu-se com a importncia de refletir acerca da ao pedaggica, com objetivo de a

    melhorar.

  • RELATRIO DE ESTGIO 29

    Dirios de bordo.

    Os dirios de bordo so o principal suporte escrito refletor de todo o percurso da

    investigao-ao. Estes incluem, alm dos registos provenientes das notas de campos,

    anotaes de conversas informais, sentimentos, aes, reflexes, entre outros. A transcrio

    dos dirios de bordo efetuou-se em suporte digital, no prprio dia da ao pedaggica. Assim

    sendo, realizou-se um dirio de bordo por cada dia de interveno.

    Mximo-Esteves (2008) em consonncia com Altrichter et al. (1996) apresenta os

    dirios de bordo como compilaes das anotaes expositivas acerca do ocorrido na sala de

    atividades, sob a forma de notas de campo ou memorandos realizados com base em

    observaes organizadas e no registo da ocorrncia de episdios de carter, geralmente

    negativo. Estes podem ser de carter descritivo e/ou interpretativo.

    Os dirios no necessitam de incluir resumos, mas sim detalhes particulares, devem

    mencionar a realidade, tal como . Para tal, as sequncias interpretativas denotam-se

    importantes na medida em que abrangem os sentimentos do observador, ou seja, so notas

    pessoais. Estas ltimas podem ser de natureza terica, metodolgica ou prtica, ou seja,

    referentes s relaes, padres e discrepncias; a quais foram as falhas, onde ocorreram e

    como podem ser melhoradas; e s ideias a pr em prtica respetivamente (Mximo-Esteves,

    2008).

    Registos fotogrficos.

    Os registos fotogrficos denotaram-se um recurso frequente no decorrer da prtica

    pedaggica, tonando-se uma fonte fulcral ao projeto de investigao. De acordo com

    Mximo-Esteves (2008) e Bogdan e Biklen (1994) os registos fotogrficos podem resultar

    numa enumerao mais rpida e fivel dos objetos existentes na sala de atividades, assim

    como uma representao dos produtos artsticos tangveis s crianas, dos painis presentes

    nas paredes, dos recursos materiais e, ainda, da organizao e distribuio da sala. Para alm

    disso, estes mecanismos de recolha de dados podem facultar uma representao,

    demonstrao e/ou exposio sobre como ocorrem as atividades e as experincias das

    crianas.

  • 30 RELATRIO DE ESTGIO

    2.1.4. Validade da investigao.

    A validade de uma investigao pode se assumir como validade externa e validade

    interna. No que concerne investigao-ao realizada, esta apenas assume a validade

    interna, sendo mesmo a mais usual neste tipo de investigao, uma vez que esta assume a

    compreenso e o melhoramento de um contexto especfico, ou seja, os objetivos foram

    delineados, antecipadamente, e as estratgias traadas para serem utilizados apenas naquele

    contexto. Logo, caso sejam empregues noutra situao, os resultados, muito provavelmente,

    no sero os mesmos. Assim, esta investigao no ter uma validade externa pois no se

    generalizou a problemtica, nem as suas solues.

    A validade interna diz respeito construo de todo o processo de investigao.

    uma exigncia da prpria natureza e concepo da investigao, constituindo um critrio

    intrnseco da verdade cientfica, enquanto a validade externa influencia a nossa capacidade

    para confiar nos resultados da investigao, com vista sua generalizao (generality), tendo

    como base os processos utilizados (Tuckman, 2000, pp.8-9).

    2.1.5. Limites da investigao.

    Aquando da elaborao do projeto de investigao verificou-se que a produo da

    investigao no seria infalvel, devido existncia de limitaes ticas, epistmicas e

    ontolgicas.

    As limitaes ticas referem-se questo da confidencialidade, ao direito a no

    participar, humildade cientfica, por parte do investigador e o respeito pelos outros, muito

    embora estivesse sempre presente que o indivduo em estudo deve ser prioritrio ao projeto

    em si (Denzin, 1989 citado por Mximo-Esteves, 2008, p.107).

    Os limites epistemolgicos evidenciam-se quanto escolha da metodologia e das

    tcnicas a implementar e, consequentemente, dos instrumentos, que podem conduzir a uma

    m interpretao dos dados.

    Por fim, quanto aos limites ontolgicos, estes dizem respeito ao carter subjetivo do

    investigador e dos indivduos envolvidos. Algo que deve ser tido em conta, uma vez que, a

    realidade esconde-se ao investigador, no permitindo observar diversos objetos, em

    simultneo.

  • RELATRIO DE ESTGIO 31

    2.2. Sntese

    Ao longo de todo o enquadramento metodolgico, torna-se evidente que a

    investigao-ao corresponde ao ato fsico de investigar e refletir com o objetivo de

    melhorar a ao que dele deriva. Segundo a perspectiva de Filipe (2004) a investigao

    corresponde a toda ao sobre a qual o investigador atua, participa e se projeta. Importa

    salientar que, a investigao-ao deve ser adequada aos objetivos, s prticas, aos indivduos

    e ao contexto.

    De acordo com o ciclo de Lewin, as operaes de Fischer e as fases de Kuhne e

    Quigley, a participao de todos os sujeitos da investigao nas fases de planeamento, ao,

    observao e avaliao assegura uma mudana de qualidade no desenvolvimento da

    independncia e cooperao.

    Para responder s questes da investigao o investigador deve recorrer a teorias,

    tcnicas e instrumentos. As tcnicas abordadas foram as tcnicas documentais e as tcnicas

    no documentais. A anlise documental, que se insere na tcnica documental, refere-se

    anlise e interpretao de documentos oficiais, como foi o caso do PEE da EB1/PE da

    Achada. Na tcnica no documental, mencionou-se a observao participante que possibilita

    ao investigador compreender o contexto e, consequentemente envolver-se no meio, com a

    finalidade de o refletir e melhorar. As entrevistas no estruturadas que foram intituladas

    como conversas informais, uma vez que se igualavam s conversas do quotidiano, mas com o

    objetivo de completar as observaes realizadas. As notas de campo e os dirios de bordo,

    como instrumentos de registo, reflexo e anotao de acontecimentos relevantes. Por fim, os

    registos fotogrficos, foram o ltimo instrumento utilizado e possibilitaram uma

    demonstrao e ilustrao das experincias das crianas.

    Quanto validade da investigao, assumiu-se uma validade interna, uma vez que os

    objetivos e as estratgias utilizadas no poderiam ser generalizados. Ao planear o projeto de

    investigao teve-se em conta, ainda, os limites ticos, epistmicos e ontolgicos.

    Em suma, a reviso bibliogrfica da metodologia da investigao-ao revelou-se um grande

    contributo para o planeamento, ao, observao, reflexo e avaliao da mesma, o que

    contribuiu para um melhoramento do meio em questo.

  • 32 RELATRIO DE ESTGIO

  • RELATRIO DE ESTGIO 33

    Captulo III

    Pressupostos que sustentam a Prtica Pedaggica

    Atravs da aprendizagem pela aco - viver experincias directas e imediatas e retirar

    delas significado atravs da reflexo as crianas pequenas constroem o

    conhecimento que as ajuda a dar sentido ao mundo. O poder da aprendizagem activa

    vem da iniciativa pessoal (Hohmann & Weikart, 2004, p.5).

  • 34 RELATRIO DE ESTGIO

    Captulo III - Pressupostos que sustentam a Prtica Pedaggica

    A praxis exposta ao longo do presente relatrio assenta fundamentalmente, na

    pedagogia-em-participao, na aplicao de metodologias e na perspetiva de diversos

    tericos cujo contributo denota-se relevante para todo este processo de aprendizagem.

    Importa referir que as metodologias abordadas relacionam-se entre si, mas de modo a facilitar

    a sua leitura e compreenso so apresentadas individualmente.

    Ao longo do texto, abordam-se uma srie de princpios pedaggicos, nos quais se

    baseou a prtica pedaggica na sala dos Cristais, com vista promoo de aprendizagens

    ativas, diversificadas e significativas.

    3.1. Pedagogia-em-Participao

    As pedagogias participativas contrapem-se pedagogia de transmisso permitindo

    promover outra conspeo do papel da criana, do profissional da educao e de todo o

    processo de aprendizagem (Oliveira-Formosinho, Andrade & Formosinho, 2011).

    Estes tericos referem que a finalidade da pedagogia participativa centra-se no

    envolvimento ativo na experincia e na construo das novas aprendizagens