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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JOÃO VITOR SIMON FERNANDES RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA: CLÍNICA MÉDICA DE CÃES E GATOS Tubarão 2021

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

JOÃO VITOR SIMON FERNANDES

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA

VETERINÁRIA: CLÍNICA MÉDICA DE CÃES E GATOS

Tubarão

2021

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2

JOÃO VITOR SIMON FERNANDES

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA

VETERINÁRIA: CLÍNICA MÉDICA DE CÃES E GATOS

Relatório de estágio curricular supervisionado

apresentado ao Curso de Medicina Veterinária

da Universidade do Sul de Santa Catarina como

requisito à obtenção do grau de bacharel em

Medicina Veterinária.

Orientador: Professor Jairo Nunes Balsini, Ms.

Tubarão

2021

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3

Esse trabalho é inteiramente dedicado à

minha mãe, Karla Felipe Simon. Sem ela, a

conclusão dessa etapa não seria possível.

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4

AGRADECIMENTOS

O caminho para alcançar os nossos sonhos não é nada fácil, muito pelo contrário, ele

é tortuoso, feito de tropeços e inúmeros altos e baixos. No entanto, diversas pessoas

contribuem para que esse momento seja mais leve e divertido.

Meu muito obrigado à minha família, que sempre fez o possível para que essa jornada

fosse concluída. Aos amigos que fiz ao longo dos cinco anos, que dividi tantas alegrias e

tristezas, vocês deixaram tudo mais colorido e bonito, vivemos momentos inesquecíveis

juntos. Aos professores e médicos veterinários, obrigado por tantos conhecimentos, portas

abertas, conselhos e contribuições para minha formação profissional e pessoal. Lembrarei de

cada um de vocês com muito carinho e gratidão. Obrigado.

Page 5: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

5

RESUMO

O estágio curricular foi realizado no Vet Plus Hospital Veterinário, localizado na cidade

de Joinville (SC), na área de clínica médica de cães e gatos, durante o período de 22 de

fevereiro à 29 de abril de 2020, totalizando 360 horas, distribuídas em 40 horas semanais,

com a supervisão do médico veterinário Fábio Magalhães e orientação do Professor Ms.

Jairo Nunes Balsini. Entre as atividades desenvolvidas no período de estágio, estavam

inclusas o acompanhamento de consultas e reavaliações, monitoração de pacientes em

internação, exames de imagem, procedimentos ambulatoriais, coletas de amostras

biológicas e atendimentos emergenciais. O presente relatório descreve as atividades

realizadas durante o período de estágio, a estrutura do local de estágio e relata três casos

clínicos acompanhados durante este período: leptospirose canina, carcinoma de células

escamosas em um cão e insuficiência cardíaca congestiva direita em um cão. O estágio

curricular obrigatório é essencial para a formação profissional, onde os conhecimentos

adquiridos em teoria são aplicados na rotina prática, atuando como um período de transição

entre a vida acadêmica e o mercado de trabalho.

Palavras-Chave: Leptospirose. Carcinoma de células escamosas. Insuficiência Cardíaca

Congestiva Direita.

Page 6: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

6

ABSTRACT

The internship was conducted at Vet Plus Veterinary Hospital, located in the city of Joinville

(SC), in the area of clinical medicine of dogs and cats, during the period from February 22 to

April 29, 2020, totaling 360 hours, distributed in 40 hours per week, under the supervision of

the veterinarian Fábio Magalhães and guidance of Professor Ms. Jairo Nunes Balsini. Among

the activities developed during the internship period were the follow-up of consultations and

reassessments, monitoring of patients during hospitalization, imaging exams, outpatient

procedures, collection of biological samples, and emergency care. This report describes the

activities performed during the internship period, the structure of the internship site, and reports

three clinical cases followed during this period: canine leptospirosis, squamous cell carcinoma

in a dog, and right congestive heart failure in a dog. The mandatory curricular internship is

essential for professional training, where the knowledge acquired in theory is applied in the

practical routine, acting as a transition period between academic life and the labor market.

Key words: Leptospirosis. Squamous cell carcinoma. Congestive Heart Failure.

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7

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Fachada do Vet Plus Hospital Veterinário. .............................................................. 16

Figura 2 - Recepção Vet Plus Hospital Veterinário. ................................................................ 17

Figura 3 - Consultório destinado à espécie felina do Vet Plus Hospital Veterinário. .............. 18

Figura 4 - Consultório destinado à espécie canina do Vet Plus Hospital Veterinário. ............. 18

Figura 5 - Sala de vacinas do Vet Plus Hospital Veterinário. .................................................. 19

Figura 6 - Sala de Emergência do Vet Plus Hospital Veterinário. ........................................... 20

Figura 7 - Internação destinada à espécie canina do Vet Plus Hospital Veterinário. ............... 21

Figura 8 - Internação destinada à especie felina do Vet Plus Hospital Veterinário. ................ 22

Figura 9 - Isolamento destinado aos pacientes com Parvorvirose do Vet Plus Hospital

Veterinário. ............................................................................................................................... 23

Figura 10 - Blocos cirúrgicos do Vet Plus Hospital Veterinário. ............................................. 24

Figura 11 - Sala de preparação anestésica do Vet Plus Hospital Veterinário........................... 25

Figura 12 - Setor de radiografia do Vet Plus Hospital Veterinário. ......................................... 26

Figura 13 - Sala de tomografia computadorizada do Vet Plus Hospital Veterinário. .............. 27

Figura 14 - Sala de análises clínicas do Vet Plus Hospital Veterinário. .................................. 28

Figura 15 - Paciente canino com icterícia generalizada. A: Pele. B: Pênis. C: Esclera. .......... 39

Figura 16 - Lesão oral referente ao paciente do relato 2. ......................................................... 48

Figura 17 - Formação oral, em maxila esquerda, 15 dias após a primeira consulta do paciente

do relato 2. ................................................................................................................................ 50

Page 8: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição das atividades acompanhadas no Vet Plus Hospital Veterinário durante

o período entre 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021. ............................................................. 30

Tabela 2 - Distribuição de atendimentos emergenciais atendidos no Vet Plus Hospital

Veterinário durante o período entre 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021. ............................. 31

Tabela 3 - Casuística clínica do sistema cardiovascular acompanhada no Vet Plus Hospital

Veterinário durante o período entre 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021. ............................. 35

Tabela 4 - Casuística clínica do sistema digestório acompanhada no Vet Plus Hospital

Veterinário entre o período de 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021. ..................................... 35

Tabela 5 - Casuística clínica do sistema endócrino acompanhada no Vet Plus Hospital

Veterinário entre o período de 22 e 29 de abril de 2021. ......................................................... 35

Tabela 6 - Casuística clínica do sistema endócrino acompanhada no Vet Plus Hospital

Veterinário entre o período de 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021. ..................................... 36

Tabela 7 - Casuística clínica do sistema musculoesquelético acompanhada no Vet Plus Hospital

Veterinário entre o período de 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021. ..................................... 36

Tabela 8 - Casuística clínica do sistema ocular acompanhada no Vet Plus Hospital Veterinário

entre o período de 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021. ........................................................ 36

Tabela 9 - Casuística clínica do sistema reprodutor acompanhada no Vet Plus Hospital

Veterinário entre o período de 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021. ..................................... 37

Tabela 10 - Casuística clínica do sistema respiratório acompanhada no Vet Plus Hospital

Veterinário entre o período de 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021. ..................................... 37

Tabela 11 - Casuística clínica do sistema tegumentar acompanhada no Vet Plus Hospital

Veterinário entre o período de 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021. ..................................... 37

Tabela 12 - Casuística clínica das afecções infectocontagiosas acompanhadas no Vet Plus

Hospital Veterinário entre o período de 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021........................ 38

Tabela 13 - Casuística clínica das afecções oncológicas acompanhadas no Vet Plus Hospital

Veterinário durante o período de 22 de fevereiro à 29 de abril de 2021. ................................. 38

Tabela 14 - Protocolo Terapêutico instituído durante o primeiro dia de internamento. ........... 40

Tabela 15 - Hemograma referente ao paciente do relato 1. ...................................................... 41

Tabela 16 - Exames bioquímicos referentes ao paciente do relato 1........................................ 42

Tabela 17 - Urinálise referente ao paciente do relato 1. ........................................................... 42

Tabela 18 - Hemograma referente ao paciente do relato 2. ...................................................... 49

Page 9: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

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Tabela 19 - Exame bioquímico referente ao paciente do relato 2. ........................................... 50

Tabela 20 - Hemograma referente ao paciente do relato 3. ...................................................... 57

Tabela 21 - Exame bioquímico referente ao paciente do relato 3. ........................................... 57

Page 10: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

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LISTA DE GRÁFICOS

.

Gráfico 1 - Distribuição dos exames de imagem acompanhados no Vet Plus Hospital 32

Gráfico 2 - Casuística de especialidades e sistemas acometidos na internação do Vet Plus

Hospital Veterinário durante o período entre 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021. 33

Gráfico 3 - Número de casos por especialidades e sistemas acometidos na rotina clínica do

Vet Plus Hospital Veterinário durante o período entre 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021. 34

Page 11: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ALT – Alanina aminotransferase

AST - Aspartato aminotransferase

BID – Bis in die (duas vezes ao dia)

CCE – Carcinoma de células escamosas

CE – Corpo estranho

CHCM – Concentração da hemoglobina corpuscular média

dL – Decilitro

FA – Fosfatase alcalina

FELV - Feline leukemia vírus (Vírus da leucemia felina)

g – Grama

GGT – Gamaglutamiltransferase

HCM – Hemoglobina corpuscular média

IC – Insuficiência cardíaca

ICC – Insuficiência cardíaca congestiva

IRA – Injúria renal aguda

IV – Via intravenosa

kg – quilograma

L – Litro

LPS - Lipopolissacarídeos

mg – miligrama

ml – mililitro

OMS – Organização mundial de saúde

PCR – Reação em cadeia da polimerase

RCCP – Ressuscitação cardio cérebro pulmonar

RM – Ressonância magnética

SC – Santa Catarina

SC – Via subcutânea

SID – Semel in die (uma vez ao dia)

SNA – Sistema Nervoso Autônomo

SNC – Sistema nervoso central

SRAA – Sistema Renina Angiotensina Aldosterona

TC – Tomografia computadorizada

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12

TID – Ter in die (três vezes ao dia)

TPC – Tempo de preenchimento capilar

US – Ultrassonografia

VCM – Volume corpuscular médio

VO – Via oral

μL – Microlitro

Page 13: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 15

2 DESCRIÇÃO E ROTINA DO LOCAL DE ESTÁGIO .......................................... 16

3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .......................................................................... 29

4 CASUÍSTICA ACOMPANHADA ............................................................................ 30

4.4.1 Casuística Clínica das Afecções do Sistema Cardiovascular .................................. 35

4.4.2 Casuística Clínica das Afecções do Sistema Digestório ........................................... 35

4.4.3 Casuística Clínica das Afecções do Sistema Endócrino........................................... 35

4.4.4 Casuística Clínica das Afecções do Sistema Urinário .............................................. 36

4.4.5 Casuística Clínica das Afecções do Sistema Musculoesquelético ........................... 36

4.4.6 Casuística Clínica das Afecções do Sistema Ocular................................................. 36

4.4.7 Casuística Clínica das Afecções do Sistema Reprodutor ........................................ 37

4.4.8 Casuística Clínica das Afecções do Sistema Respiratório ....................................... 37

4.4.9 Casuística Clínica das Afecções do Sistema Tegumentar ....................................... 37

4.4.10 Casuística Clínica das Afecções Infectocontagiosas ................................................ 38

4.4.11 Casuística Clínica das Afecções Oncológicas ........................................................... 38

5 LEPTOSPIROSE EM UM CANINO: RELATO DE CASO ....................................... 39

5.3.1 HEMOGRAMA E BIOQUÍMICOS .......................................................................... 41

5.3.2 URINÁLISE ................................................................................................................. 42

5.6 REVISÃO DE LITERATURA E DISCUSSÃO ........................................................... 44

6 CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS EM UM CÃO: RELATO DE CASO 48

6.3.1 HEMOGRAMA E BIOQUÍMICOS .......................................................................... 49

6.3.2 EVOLUÇÃO ................................................................................................................ 50

6.4 REVISÃO DE LITERATURA E DISCUSSÃO ........................................................... 53

7 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA DIREITA EM UM CÃO: RELATO

DE CASO ................................................................................................................................. 56

7.3.1 HEMOGRAMA E BIOQUÍMICA SÉRICA ............................................................ 56

7.3.2 ECOCARDIOGRAMA ............................................................................................... 58

7.3.3 ULTRASSONOGRAFIA ............................................................................................ 58

7.3.4 ANÁLISE DE LÍQUIDOS CAVITÁRIOS ............................................................... 58

7.5 REVISÃO DE LITERATURA E DISCUSSÃO ........................................................... 60

8 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 64

9 REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 65

ANEXOS ................................................................................................................................. 69

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ANEXO A – FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA INTERNAÇÃO ......................... 69

ANEXO B – PRONTUÁRIO INTERNAMENTO .............................................................. 70

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1 INTRODUÇÃO

O estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária é o exato período de

transição entre o graduando e o profissional Médico Veterinário. A possibilidade de colocar

em prática todos os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo dos anos é fundamental

para a subsequente introdução no mercado de trabalho.

O presente estágio foi realizado no Vet Plus Hospital Veterinário, localizado na

cidade de Joinville (SC), nos setores de clínica, diagnóstico por imagem e internação de

pequenos animais, durante o período de 22 de fevereiro à 29 de abril de 2021, sob supervisão

do médico veterinário Dr. Fábio Magalhães, perfazendo uma carga horária de 360 horas. A

escolha do local foi baseada na sua alta rotina clínica, ótima infraestrutura e profissionais

especialistas em diversas áreas de atuação.

O relatório têm como principal objetivo descrever a estrutura e as atividades

desenvolvidas no local de estágio, além de relatar a casuística observada em cada setor

durante o período de estágio curricular supervisionado, bem como três relatos de casos

acompanhados: Leptospirose em um canino, Carcinoma de células escamosas em um cão e

Insuficiência cardíaca congestiva em um cão.

Page 16: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

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2 DESCRIÇÃO E ROTINA DO LOCAL DE ESTÁGIO

O Vet Plus Hospital Veterinário (Figura 1) localiza-se na cidade de Joinville, no norte

do estado de Santa Catarina. O Vet Plus possuía atendimento 24 horas, dividido em turnos pelos

médicos veterinários, enfermeiros e estágiarios. O corpo clínico era constituído por quartorze

veterinários, dos quais se dividiam em algumas especialidades: oncologia, oftalmologia,

nefrologia, ortopedia e clínica geral. Outros sete médicos veterinários realizavam trabalho

autônomo no local, onde prestavam serviços nas áreas de cardiologia, dermatologia,

gastroentereologia e diagnóstico por imagem. O hospital também possuía uma patologista

clínica responsável pelos exames laboratoriais.

Além dos médicos veterinários o hospital contava com 4 enfermeiras que eram divididas

em turnos, além de estágiarios curriculares e estagiários remunerados divididos em diversos

setores. Ainda faziam parte do corpo de funcionários do hospital; um administrador, quatro

recepcionistas e três auxiliares de limpeza.

Figura 1 - Fachada do Vet Plus Hospital Veterinário.

Fonte: Vet Plus, 2019.

O Vet Plus Hospital Veterinário possuía três andares. O primeiro andar era destinado a

recepção (Figura 2), sala de radiografia, sala de tomografia e ultrassonografia, sala de vacinas

e sala de emergência. No segundo andar localizavam-se quatro consultórios, um auditório e a

internação. Já no terceiro andar encontravam-se três salas de cirurgia, sala de preparação

anestésica, sala de paramentação, sala de esterilização dos materiais, laboratório de patologia

clínica e um escritório destinado à administração. Na parte de trás do hospital localizavam-se a

cozinha, o estoque e o isolamento para doenças infectocontagiosas.

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17

Figura 2 - Recepção Vet Plus Hospital Veterinário.

Fonte: Vet Plus, 2019.

2.1 SETOR DE ATENDIMENTO CLÍNICO E ESPECIALIDADES

O setor de atendimento clínico contava com quatro consultórios equipados com mesas

e computadores, mesa de procedimentos, cadeiras, lavatório para higienização de mãos e

equipamentos básicos para atendimentos, como termômetro digital, seringas, agulhas, otoscópio,

algodão, gaze e tubos para coleta de sangue (Figuras 3 e 4).

O software utilizado para o gerenciamento de dados dos pacientes era o Doctorvet®,

onde os pacientes eram registrados na recepção e tinham seu cadastro atualizado em cada

atendimento e exame, além de todo registro financeiro do paciente.

Os atendimentos eram realizados por ordem de chegada ou podiam ser agendados, com

exceção dos pacientes emergenciais, que possuíam prioridade. As consultas iniciavam com a

anamnese, exposição da queixa principal em relação ao paciente e posterior exploração do

histórico do paciente, referente ao tempo que os sinais clínicos começaram a se manifestar, ao

tipo de ambiente que o paciente vive, histórico vacinal, controle parasitário, sua alimentação e

convívio com outros animais. Posteriormente, era realizado o exame físico do animal, com a

inspeção através de palpação geral e com a aferição dos parâmetros fisiológicos (frequência

cardíaca, frequência respiratória, tempo de perfusão capilar, coloração de mucosas, grau de

desidratação e temperatura retal). Após a avaliação detalhada do paciente, caso necessário, eram

solicitados exames complementares e a possível indicação para internação.

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Com o objetivo de garantir maior segurança dentro do hospital e evitar a contaminação

pela COVID-19, durante as consultas e procedimentos era pertimida a entrada de somente um

tutor acompanhando o paciente.

Figura 3 - Consultório destinado à espécie felina do Vet Plus Hospital Veterinário.

Fonte: Vet Plus, 2019.

Figura 4 - Consultório destinado à espécie canina do Vet Plus Hospital Veterinário.

Fonte: Autor, 2021.

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19

Além dos consultórios, o hospital também possuía uma sala destinada exclusivamente

às vacinações (Figura 5), portando uma mesa de procedimentos, um lavatório para higienização das

mãos, itens básicos como algodão, gaze, seringas e agulhas, um computador e a geladeira onde as

vacinas eram armazenadas em temperatura controlada. Além de realizar a imunização, o

médico veterinário orientava quanto aos protocolos de vacinação, adequando-os a cada

paciente, além da condução quanto ao controle de ectoparasitas e desvermifugações.

Figura 5 - Sala de vacinas do Vet Plus Hospital Veterinário.

Fonte: Autor, 2021.

2.2 SALA DE EMERGÊNCIA

Os pacientes que chegavam em emergência eram anunciados pelo código 00E11

através de caixas de som espalhadas por todos os setores do hospital. O animal era

encaminhado diretamente para a sala de emergência, localizada no primeiro andar do

estabelecimento. Ao sinal sonoro, médicos veterinários, enfermeiros e estagiários

direcionavam-se imediatamente para a sala e realizavam a terapia de emergência no paciente

de acordo com sua necessidade. O ambiente era equipado com duas mesas de procedimento,

lavatório para higienização de mãos, balança, máquina de tricotomia, armário com

medicamentos diversos, soluções para fluidoterapia, equipos, catéteres, seringas, agulhas,

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20

tubos de coleta, máscaras de oxigênio, cilindro de oxigênio, traqueotubos, larigoscópio e

outros materiais necessários para a terapia emergencial.

Figura 6 - Sala de Emergência do Vet Plus Hospital Veterinário.

Fonte: Autor, 2021.

2.3 SETOR DE INTERNAÇÃO

A internação do hospital era composta por duas salas, sendo a primeira a internação

principal (Figura 7), onde eram internados somente os pacientes da espécie canina. Ao lado

localizava-se o gatil, onde somente os pacientes felinos eram intenados, e a entrada restringia-

se a três pessoas simultaneamente, afim de garantir silêncio e evitar possível estresse dos

pacientes (Figura 8).

O canil era composto por 40 baias, bancada para procedimentos e um computador onde

a médica veterinária responsável pelo setor possuía livre acesso aos dados dos pacientes. Neste

Page 21: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

21

ambiente também ficavam armazenados itens básicos para a rotina de internação, como

seringas, agulhas, equipos, cateteres venosos, soluções fisiológicas e medicações diversas.

Figura 7 - Internação destinada à espécie canina do Vet Plus Hospital Veterinário.

Fonte: Vet Plus, 2019.

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22

Figura 8 - Internação destinada à especie felina do Vet Plus Hospital Veterinário.

Fonte: Autor, 2021.

No internamento, cada paciente possuía sua ficha de acompanhamento, que era

mantida em frente a cada baia e era preenchida de acordo com as ocorrêncais correspondentes

ao turno. Ficavam registradas informações sobre alimentação, perdas, higiene e

comportamento do paciente (ANEXO A). A cada turno, os parâmetros fisiológicos (FC, FR,

TR, PA, TPC, coloração de mucosas e grau de desidratação) de todos os pacientes eram

avaliados, com prioridade para os pacientes críticos. Os dados obtidos eram anexados em uma

ficha específica para os parâmetros, atualizadas em cada turno (ANEXO B). O paciente

também possuía outra ficha que continha seu protocolo terapêutico, onde ficavam descritas

suas medicações, dosagens e vias de administração, podendo ser alteradas de acordo com a

necessidade do paciente.

O hospital ainda possuía dois setores de isolamento para doenças infectocontagiosas.

O primeiro setor, localizado no segundo andar do prédio, era exclusivo para pacientes com

parvovirose (Figura 9). Já o segundo setor, localizado na parte de trás do hospital, era

destinado somente aos animais positivos para cinomose e contava com 4 baías, bombas e

infusão e equipamentos básicos de procedimentos próprios.

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Figura 9 - Isolamento destinado aos pacientes com Parvorvirose do Vet Plus Hospital Veterinário.

Fonte: Autor, 2021.

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2.4 SETOR DE CIRURGIA E ANESTESIA

O setor de cirurgia ficava no terceiro andar e era composto pelos blocos cirúrgicos

(Figura 10), sala de preparação anestésica (Figura 11) e sala de paramentação. O hospital

contava com três blocos cirúrgicos. Eles possuíam uma mesa cirúrgica, com monitor cardíaco,

aparelho de anestesia, fármacos e outros equipamentos necessários para monitoração

anestésica. No setor, localizava-se uma antessala para realização de escarificação e

paramentação. Também continha uma sala destinada a lavagem e esterilização de todos os

materiais cirúrgicos utilizados. Para que o paciente pudesse realizar a cirurgia com o máximo

grau de segurança, todos os animais eram submetidos a exames pré-operatórios, como

hemograma, bioquímicos e eletrocardiograma. Outros exames eram solicitados de acordo com

a necessidade do paciente. O médico veterinário responsável pela internação expunha ao tutor

todos os riscos do procedimento cirúrgico e anestésico, além de orientar sobre o jejum e os

cuidados pós-operatórios. Após os resultados favoráveis dos exames e todas as orientações

repassadas, o tutor assinava um termo de ciência, concordando com os riscos do procedimento.

Ao final da cirurgia, após extubação, todos os pacientes eram encaminhados para o

internamento, onde eram monitorados até a sua recuperação anestésica.

Figura 10 - Blocos cirúrgicos do Vet Plus Hospital Veterinário.

Fonte: Autor, 2021.

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Fonte: Autor, 2021.

Figura 11 - Sala de preparação anestésica do Vet Plus Hospital Veterinário.

Fonte: Autor, 2021.

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2.5 SETOR DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

O Vet Plus contava com aparelho de raio-x digital e tomografia camputadorizada

próprios, já os demais exames de imagem, como ultrassonografia, ecocardiograma,

eletrocardiograma e endoscopia eram terceirizados e realizados por médicos veterinários

autônomos nas instalações do hospital.

As imagens radiográficas eram realizadas pelos médicos veterinários com auxílio

dos estagiários curriculares. As imagens eram feitas em uma sala com aparelhagem própria

para o exame de acordo com as projeções solicitadas pelos médicos veterinários

responsáveis (Figura 12).

Figura 12 - Setor de radiografia do Vet Plus Hospital Veterinário.

Fonte: Vet Plus, 2019.

O exame de ultrassom era realizado no primeiro andar, por três médicas veterinárias

ultrassonografistas, que revezavam suas escalas, mas compareciam diariamente para o exame

de imagem. Os laudos ultrassonográficos saíam em um prazo máximo de 24 horas. A sala de

tomografia computadorizada (TC) localizava-se no primeiro andar e dividia-se em dois

ambientes. No primeiro, que possuía maior espaço físico, situava-se o aparelho de tomografia

(Figura 13). No ambiente ao lado, dois computadores controlavam o aparelho e recebiam as

imagens, além de servir como proteção dos funcionários durante a realização do exame. Para

realizar o exame, os animais eram anestesiados por uma médica veterinária anestesista e

monitorados pela mesma quando necessário, antes, durante e após o procedimento.

Page 27: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

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Figura 13 - Sala de tomografia computadorizada do Vet Plus Hospital Veterinário.

Fonte: Vet Plus, 2019.

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2.6 LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

O laboratório de análises clínicas se localizava no terceiro andar (Figura 14). No local,

eram realizados os exames hematológicos, bioquímicos, hemogasometria, citologia, urinálise e

parasitológico de fezes. Os demais exames que não eram realizados no local, eram encaminhados para

laboratórios terceirizados da região.

Figura 14 - Sala de análises clínicas do Vet Plus Hospital Veterinário.

Fonte: Vet Plus, 2019.

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3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O estágio curricular obrigatório teve início no dia 22 de fevereiro e foi finalizado no dia

29 de abril de 2021, totalizando 45 dias e 360 horas de atividades, distribuídas em 8 horas

diárias, de segunda à sexta-feira.

No decorrer do estágio, o acadêmico acompanhou a rotina clínica, de internação e o

setor de diagnóstico por imagem. Na clínica, realizava o acompanhamento de consultas e

reavaliações, auxiliando na avaliação prévia dos parâmetros fisiológicos dos pacientes. Já no

setor de internamento, o acadêmico realizava a alimentação dos pacientes, aferição de

parâmetros fisiológicos, contenção dos pacientes para realização de exames, acesso venoso,

coleta de sangue, procedimentos ambulatoriais e acompanhava a evolução dos animais e os

protocolos terpêuticos instituídos pelo médico veterinário responsável. Outras atividades, como

a discussão dos casos clínicos acompanhados, elaboração de protocolos terapêuticos e

receituários também eram realizadas de forma esporádica.

No setor de diagnóstico por imagem, o estagiário era responsável pelo deslocamento

dos animais internados para realização do exame nas salas de radiografia, ultrassonografia e

tomografia, respectivamente. Colaborava com a realização de projeções radiográficas,

preparação dos pacientes para tomografia e acompanhava a rotina ultrassonográfica

diariamente, discutindo sobre as alterações observadas após a conclusão dos referidos exames.

Page 30: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

30

4 CASUÍSTICA ACOMPANHADA

A casuística correspondente ao período de estágio supervisionado está descrita na

Tabela 1, sendo dividida entre consultas, reavaliações, internamentos, atendimentos

emergenciais, exames de imagem, coletas de amostras biológicas e outros procedimentos

(limpeza de feridas, trocas de curativos, eutanásias, drenagens torácicas, drenagens abdominais,

coletas de líqudor e drenagem de pericárdio).

Tabela 1 - Distribuição das atividades acompanhadas no Vet Plus Hospital Veterinário

durante o período entre 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021.

Tipo de Atividade Total %

Consultas/Reavaliações 56 11,29%

Internações 147 29,64%

Exames de imagem 126 25,40%

Emergências 22 4,44%

Coletas de amostras biológicas 123 24,80%

Outros procedimentos 22 4,44%

Total: 496 100,00%

Fonte: Elaborada pelo Autor (2021).

Page 31: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

31

4.1 CASUÍSTICA DE ATENDIMENTOS EMERGENCIAIS

No presente trabalho, foram classificados como pacientes emergenciais todos aqueles

que necessitavam de intervenção imediata.

Tabela 2 - Distribuição de atendimentos emergenciais atendidos no Vet Plus Hospital

Veterinário durante o período entre 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021.

Emergência Canina Felina Total %

Ataque por Mordedura 2 0 2 9,09%

Atropelamento/Trauma 4 2 6 27,27%

Acidente Ofídico 1 0 1 4,55%

Dispneia 3 2 5 22,73%

Intoxicação 1 0 1 4,55%

Parada Cardiorrespiratória 3 0 3 13,64%

Paralisia de Laringe 1 0 1 4,55%

Picada de Inseto 2 0 2 9,09%

Afogamento 1 0 1 4,55%

Total: 18 4 22 100,00%

Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

Page 32: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

32

4.2 CASUÍSTICA NO SETOR DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

Na rotina de diagnóstico por imagem, foram acompanhados exames de ultrassonografia,

radiografia, ecocardiograma, tomografia computadorizada e endoscopia. De acordo com o

gráfico abaixo (Gráfico 1), as ultrassonografias foram os exames de maior casuística no presente

estágio, perfazendo um total de 64% de todos os casos, seguidos pelos exames radiográficos com

14%, ecoardiogramas 10, tomografias 8%, e, por fim, as endoscopias com somente 4%.

Gráfico 1 - Distribuição dos exames de imagem acompanhados no Vet Plus Hospital

Veterinário durante o período entre 22 de fevereiro e 29 abril de 2021.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

80

18

12

10

5

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Ultrassonografia

Radiografia

Ecocardiograma

Tomografia

Endoscopia

Casuística - Diagnóstico por Imagem

Page 33: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

33

4.3 CASUÍSTICA DO SETOR DE INTERNAMENTO

No setor de internamento, foram acompanhados 147 animais. No presente relatório, os

animais internados foram classificados de acordo com os sitemas e especialidades acometidas

(Gráfico 2), e correspondem aos pacientes que o acadêmico pôde acompanhar sua evolução de

forma pacial ou total. Pacientes internados para recuperação de pós-operatório não foram

inclusos nos dados.

Gráfico 2 - Casuística de especialidades e sistemas acometidos na internação do Vet Plus

Hospital Veterinário durante o período entre 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021.

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

2

6

26

3

12

4

22

16

11

5

14

7

7

12

0 5 10 15 20 25 30

Auditivo

Cardiovascular

Digestório

Endócrino

Geniturinário

Intoxicação

Infecciosas

Musculoesquelético

Nervoso

Oftálmico

Oncológico

Reprodutivo

Respiratório

Tegumentar

Casuística de Internações

Page 34: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

34

4.4 CASUÍSTICA DA ROTINA CLÍNICA

Na rotina clínica, foram acompanhadas 56 consultas/reavaliações. Os pacientes foram

classificados de acordo com a especialidade e o sistema acometido, distruibuindo-se em:

cardiovascular, endócrino, gastrointestinal, geniturinário, infeccioso, musculoesquelético,

oftálmico, oncológico, reprodutor, respiratório e tegumentar.

Gráfico 3 - Número de casos por especialidades e sistemas acometidos na rotina clínica do

Vet Plus Hospital Veterinário durante o período entre 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021.

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

De acordo com o gráfico acima, o sistema grastrointestinal obteve a maior casuística na

rotina clínica, correspondendo à 17,86% de todos os casos. Por outro lado, o sistema reprodutor

foi o menos frequente dentre os atendimentos clínicos acompanhados. Abaixo, serão

apresentadas em tabelas todas as afecções acompanhadas na clínica médica, de acordo com seu

respectivo sistema e/ou especialidade.

3

10

2

5

6

4

1

3

6

7

9

0 2 4 6 8 10 12

Cardiovascular

Digestório

Endócrino

Urinário

Musculoesquelético

Ocular

Reprodutor

Respiratório

Tegumentar

Infectocontagiosas

Oncológicas

Casuística da Rotina Clínica

Page 35: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

35

4.4.1 Casuística Clínica das Afecções do Sistema Cardiovascular

Tabela 3 - Casuística clínica do sistema cardiovascular acompanhada no Vet Plus Hospital

Veterinário durante o período entre 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021.

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

4.4.2 Casuística Clínica das Afecções do Sistema Digestório

Tabela 4 - Casuística clínica do sistema digestório acompanhada no Vet Plus Hospital

Veterinário entre o período de 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021.

Afecção Canina Felina Total %

Colite 1 0 1 10,00% Gastroenterite 3 0 3 30,00% Ingestão de Corpo Estranho 1 1 2 20,00% Pancreatite 2 0 2 20,00%

Periodontite 2 0 2 20,00%

Total: 9 1 10 100,00% Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

4.4.3 Casuística Clínica das Afecções do Sistema Endócrino

Tabela 5 - Casuística clínica do sistema endócrino acompanhada no Vet Plus Hospital

Veterinário entre o período de 22 e 29 de abril de 2021.

Afecção Canina Felina Total %

Hiperadrenocorticismo 2 0 2 100,00%

Total: 2 0 2 100,00%

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

Afecção Canina: Felina: Total: %

Insuficiência Cardíaca Congestiva 1 0 1 33,33%

Doença valvar mitral 2 0 2 66,67%

Total: 3 0 3 100,00%

Page 36: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

36

4.4.4 Casuística Clínica das Afecções do Sistema Urinário

Tabela 6 - Casuística clínica do sistema endócrino acompanhada no Vet Plus Hospital

Veterinário entre o período de 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021.

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

4.4.5 Casuística Clínica das Afecções do Sistema Musculoesquelético

Tabela 7 - Casuística clínica do sistema musculoesquelético acompanhada no Vet Plus

Hospital Veterinário entre o período de 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021.

Afecção Canina Felina Total %

Displasia Coxofemoral 2 0 2 33,33%

Fratura Tibial 2 0 2 33,33%

Luxação Coxofemoral 1 0 1 16,67%

Luxação de Patela 1 0 1 16,67%

Total: 6 0 6 100,00%

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

4.4.6 Casuística Clínica das Afecções do Sistema Ocular

Tabela 8 - Casuística clínica do sistema ocular acompanhada no Vet Plus Hospital Veterinário

entre o período de 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021.

Afecção Canina Felina Total %

Ceratite 1 0 1 25,00%

Florida Spots 1 0 1 25,00%

Meibomite 1 0 1 25,00%

Úlcera Indolente 1 0 1 25,00%

Total: 4 0 4 100,00%

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

Afecção Canina Felina Total %

Cistite 1 2 3 60,00%

Doença Renal Crônica 1 0 1 20,00%

Injúria Renal Aguda 1 0 1 20,00%

Total: 3 2 5 100,00%

Page 37: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

37

4.4.7 Casuística Clínica das Afecções do Sistema Reprodutor

Tabela 9 - Casuística clínica do sistema reprodutor acompanhada no Vet Plus Hospital

Veterinário entre o período de 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021.

Afecção Canina Felina Total %

Gestação 1 0 1 100,00%

Total: 1 0 1 100,00%

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

4.4.8 Casuística Clínica das Afecções do Sistema Respiratório

Tabela 10 - Casuística clínica do sistema respiratório acompanhada no Vet Plus Hospital

Veterinário entre o período de 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021.

Afecção Canina Felina Total %

Asma 0 1 1 33,33%

Pneumopatia 2 0 2 66,67%

Total: 2 1 3 100,00%

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

4.4.9 Casuística Clínica das Afecções do Sistema Tegumentar

Tabela 11 - Casuística clínica do sistema tegumentar acompanhada no Vet Plus Hospital Veterinário

entre o período de 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021.

Afecção Canina Felina Total %

Abscesso por Mordedura 0 1 1 16,67% Otite 3 0 3 50,00%

Picada de Inseto 2 0 2 33,33%

Total: 5 1 6 100,00%

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

Page 38: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

38

4.4.10 Casuística Clínica das Afecções Infectocontagiosas

Tabela 12 - Casuística clínica das afecções infectocontagiosas acompanhadas no Vet Plus

Hospital Veterinário entre o período de 22 de fevereiro e 29 de abril de 2021.

Afecção Canina Felina Total %

Cinomose 4 0 4 57,14%

FeLV 0 1 1 14,29%

Leptospirose 1 0 1 14,29%

Parvovirose 1 0 1 14,29%

Total: 6 1 7 100,00%

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

4.4.11 Casuística Clínica das Afecções Oncológicas

Tabela 13 - Casuística clínica das afecções oncológicas acompanhadas no Vet Plus Hospital

Veterinário durante o período de 22 de fevereiro à 29 de abril de 2021.

Afecção Canina Felina Total %

Carcinoma de células escamosas 1 0 1 11,11%

Linfoma Alimentar 0 1 1 11,11%

Linfoma Mediastinal 0 1 1 11,11%

Lipoma 1 0 1 11,11%

Melanoma Oral 1 0 1 11,11%

Neoplasia mamária 2 1 3 33,33%

Tricoblastoma 1 0 1 11,11%

Total: 6 3 9 100,00%

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

Page 39: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

39

5 LEPTOSPIROSE EM UM CANINO: RELATO DE CASO

5.1 RESENHA

Paciente canino, macho, não castrado, da raça shih tzu, com 4 anos e 10 meses de

idade, pesando 7,5 kg.

5.2 HISTÓRICO, ANAMNESE E EXAME FÍSICO

Tutor relatou que observou alguns ratos dentro do pote de ração do animal há alguns

dias. Uma semana após este episódio, percebeu que o animal estava ictérico e trouxe ao

hospital veterinário. Paciente apresentava icterícia acentuada na pele, esclera e mucosas.

Encontrava-se prostrado e não estava se alimentando e nem fazendo ingesta de água há um

dia. Com exceção da temperatura retal (39,6 ºC), os demais parâmetros fisiológicos estavam

dentro dos respectivos valores de referência. Após correlação da avaliação clínica com o

histórico do paciente, suspeitou-se de leptospirose canina. Sendo assim, solicitaram-se exames

de sangue (hemograma e biquímica sérica), urinálise, PCR, sorologia e a internação do

paciente.

Figura 15 - Paciente canino com icterícia generalizada. A: Pele. B: Pênis. C: Esclera.

A B

Page 40: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

40

Fonte: Autor (2021).

5.3 TRATAMENTO E EVOLUÇÃO

Na internação, paciente realizou coleta de sangue, coleta de urina para posterior

urinálise e foi sondado para avaliação de débito urinário. Seus parâmetros fisiológicos eram

monitorados frequentemente e todos os profissionais envolvidos no tratamento foram

orientados a realizar a manipulação do paciente com luvas de procedimento. Foi instituído um

protocolo de tratamento com Ampicilina (22 mg/kg, a cada 12 horas, IV), Omeprazol (1 mg/kg,

a cada 12 horas, IV), Ondansetrona (05 mg/kg, a cada 8 horas, IV), Dipirona (25 mg/kg, a cada

8 horas, IV) e Acetilcisteína (10 mg/kg, a cada 8 horas, IV).

Tabela 14 - Protocolo Terapêutico instituído durante o primeiro dia de internamento.

FÁRMACO HORÁRIO DOSE VIA

Ampicilina BID 22 mg/kg Intravenosa

Omeprazol BID 1 mg/kg Intravenosa

Ondansetrona TID 0,5 mg/kg Intravenosa

Dipirona TID 25 mg/kg Intravenosa

Acetilcisteína TID 10 mg/kg Intravenosa

Ringer lactato Infusão contínua 15 ml/h

Intravenosa

C

Page 41: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

41

5.3.1 Hemograma e Bioquímicos

Ao analisar os resultados dos exames sanguíneos, o eritrograma apresentava-se dentro

dos valores de referência. Em contrapartida, o paciente possuía alterações importantes no

leucograma (Tabela 15). Observou-se acentuada leucocitose com neutrofilia madura,

linfocitose e monocitose.

Tabela 15 - Hemograma referente ao paciente do relato 1.

ERITROGRAMA RESULTADO REFERÊNCIA

Eritrócitos (milhões/µL) 5,96 5,5-8,5

Hematócrito (%) 38 37-55

Hemoglobina (g/dL) 13,4 12-18

VCM (fL) 63,8 60-77

HCM (pg) 22,5 19,5-24,5

CHCM (g/dL) 35,3 30-36

Próteína Plasmática 8,2 6-8

LEUCOGRAMA RESULTADO (mm3) REFERÊNCIA

Leucócitos totais 34,200 6-17

Neutrófilos Bastonetes 0-300

Neutrófilos Segmentados 24.282 3.000-11.500

Eosinófilos 1.026 100-1.250

Basófilos 0 0-200

Linfócitos 6.498 1.000-4.800

Monócitos 2.394 150-1350

Contagem de plaquetas 290 150-500

Observações Soro e Plasma ictéricos (+++).

Fonte: Autor. Vet Plus (2021).

Os exames bioquímicos envidenciaram o aumento de ALT (245 U/L), uréia (163

mg/dL), FA (1.352 U/L), GGT (24,3 U/L), AST (122 U/L), globulina (5,4 g/dL) e bilirrubinas

totais (61,15 mg/dL) (Tabela 16).

Page 42: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

42

Tabela 16 - Exames bioquímicos referentes ao paciente do relato 1.

BIOQUÍMICA SÉRICA RESULTADO REFERÊNCIA

ALT (U/L) 245 10-90

Creatinina (mg/dL) 0,5 0,5-1,4

Ureia (mg/dL) 163 10-40

Fosfatase Alcalina (U/L) 1.352 20-150

GGT (U/L) 24,3 0-10

Albumina (g/dL) 2,6 2.7-4.5

Globulina (g/dL) 5,4 1.9-3,4

AST (U/L) 122 10-88

Bilirrubinas Totais (mg/dL) 61,15 0,1-05

Fonte: Autor. Vet Plus (2021).

5.3.2 Urinálise

De acordo com a análise física, o paciente apresentava urina de coloração alaranjada e

com presença de precipitados. Na análise química, constatou-se a presença de proteínas,

hemoglobinas e bilirrubinas. Já na sedimentoscopia, não foram observadas alterações.

Tabela 17 - Urinálise referente ao paciente do relato 1.

EXAME FÍSICO RESULTADO REFERÊNCIA

Densidade 1.020 1.015-1.045

pH 6 5.5-7.5

Cor Alaranjada Amarelo citrino

Aspecto Clara Clara

Precipitado Positivo Negativo

EXAME QUÍMICO RESULTADO REFERÊNCIA

Leucócitos Negativo Negativo

Proteína + Ausência

Glicose Ausência Ausência

Corpos Cetônicos Ausência Ausência

Hemoglobinas +++ Ausência

Bilirrubinas +++ Ausência

Observações: Presença de

Bactérias (+++)

Page 43: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

43

5.4 EVOLUÇÃO

No segundo dia de internamento, o paciente apresentou-se prostrado, apático e com

febre discreta. Animal permanecia em fluidoterapia com Ringer lactato (15 ml/h) e mantinha

sua produção urinária dentro da normalidade.

Na manhã do terceiro dia de internamento, paciente teve uma parada cardiorespiratória.

Todas as manobras necessárias a fim de reanimá-lo foram realizadas. No entanto, o paciente

veio à óbito. Durante o processo de ressuscitação cardio cérebro pulmonar (RCCP) foi possível

visualizar bastante conteúdo sanguinolento sendo excretado através do tubo endotraqueal.

5.5 DIAGNÓSTICO

5.5.1 PCR e Soroaglutinação

Alguns dias após o óbito do paciente, o diagnóstico de leptospirose foi confirmado

através do PCR da urina e sangue total. Já a soroaglutinação apresentou-se reagente para o

sorovar Leptospira icterohaemorragiae, com titulação de 1:200.

Page 44: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

44

5.6 REVISÃO DE LITERATURA E DISCUSSÃO

Em meados do século XIX, na Alemanha, a Leptospirose foi descrita pela primeira vez

como uma síndrome clínica. A partir daí, o surgimento exponencial de novos casos em toda a

Europa demonstrou a ampla distribuição da doença (BARTHI et al.; 2003).

A leptospirose é uma zoonose causada por bactérias do gênero Leptospira, dividindo-

se em duas espécies: a Leptospira biflexa, que contém cepas saprofíticas isoladas no ambiente,

e a Leptospira interrogans, de alta patogenicidade e que possui maior importância na clínica

médica de pequenos animais (KNOPFLER, S. et al., 2017).

As bactérias são flexíveis, finas, filamentosas e possuem extremidades em formato de

gancho. Sua estrutura é definida por um cilindro citoplasmático envolto por membrana interna

que recobre o filamento axial central. O cilindro interno e o filamento axial são recobertos por

uma membrana externa, composta de lipolissacarídeos (LPS). Estes, são caracterizados por

diversas lipopoliproteínas antigênicas e proteínas transmembrana e sua composição química

varia de acordo com o o sorovar (JERICÓ et al., 2014).

São denominados sorovares os microrganismos antigenicamente distintos frente aos

diferentes carboidratos dos LPS da membrana externa. Estima-se que existam mais de 250

sorovares, dos quais, também podem ser classificados dentro de sorogrupos. Estes, são

denominados os sorovares que possuem antígenos comuns (GREENE, 2015). Todas essas

variações sorológicas são definidas através de aglutinação após absorção cruzada com o

antígeno homólogo (COUTO et al., 2015; JERICÓ et al., 2014).

No Brasil, a leptospirose é considerada uma doença endêmica que se torna epidêmica

nos períodos chuvosos, visto que o aumento da sua incidência associa-se historicamente com

índices pluviométricos elevados (FRIOCRUZ, 2015). Segundo Gaynor et al. (2007), os surtos

da doença geralmente antecedem épocas chuvosas ou eventos climáticos extremos. No entanto,

não existem dados significativos que avaliem se as formas assintomáticas ou subclínicas da

doença seguem este mesmo padrão.

Roedores, animais silvestres e bovinos são os reservatórios mais importantes da

leptospirose, sendo considerados hospedeiros naturais de manutenção. Desse modo, raramente

desenvolvem os sinais clínicos importantes da infecção, mas excretam leptospira através da

urina. Assim, contaminam o ambiente e possíveis hospedeiros acidentais, como os animais

domésticos (COUTO et al., 2015; JERICÓ et al., 2014).

Após entrar em contato contato com lesões na pele ou mucosa intacta do hospedeiro

Page 45: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

45

susceptível, as espiroquetas – nome denominado às bactérias – se espalham pela corrente

sanguínea, dando início a fase de leptospiremia, e, apesar de predileção por tecidos hepáticos e

renais, replicam-se rapidamente de forma sistêmica (SCHULLER et al., 2015). As lesões em

múltiplos órgãos são amplificadas através do envolvimento de fatores tóxicos presentes nas

espiroquetas e da ação de citocinas inflamatórias que são produzidas em resposta à infecção

(JERICÓ et al., 2014).

Os sinais clínicos desenvolvem-se cerca de sete dias após a exposição do hospedeiro

para com o agente. O animal infectado pode apresentar hipertermia, apatia, anorexia, vômito,

hiperestesia muscular, icterícia e coagulopatias. Estes sinais variam conforme o estado

imunológico do paciente, sua idade e a virulência do sorovar (CASTRO, J. et al., 2011). No

presente relato, o cão apresentava anorexia, apatia, disfagia, febre e uma icterícia acentuada.

Esta icterícia é resultado da intensa lesão hepatocelular, geralmente associada à colestase intra-

hepática (HAGIWARA, 2015). No entanto, é importante salientar que o dano hepático grave é

variável e dependente do sorovar infectante. De modo geral, após a fase de leptospiremia – que

dura em torno de 10 dias – as leptospiras são depuradas do parênquima hepático, findando a

icterícia em poucos dias (ETTINGER e FELDMAN, 2005; JERICÓ et al., 2014). Greene

(2015), ressalta que os animais acometidos pelos sorovares Icterohaemorrhagie e Pomona

tendem à desenvolver doença hepática grave.

Entre os achados no eritrograma observados em pacientes com leptospirose, incluem-se

trombocitopenia e anemia. O paciente relatado, por sua vez, não apresentou nenhuma dessas

alterações laboratoriais. Um estudo realizado por Collantes et al. (2016), demonstrou que mais

da metade dos animais contaminados com leptospirose não possuíam alterações plaquetárias,

corroborando com os achados deste caso. Na série branca, espera-se a presença de leucopenia

discreta na fase incial da doença. Todavia, na fase aguda o animal infectado evolui para

leucocitose acentuada (JERICÓ et al., 2014).

O dano hepático citado no presente relato é um achado recorrente na leptospirose

canina, e, em âmbito laboratorial, se caracteriza pelo aumento dos niveís séricos de alguns

marcadores bioquímicos, como a ALT, FA, AST e a concentração de bilirrubina.

(ETTINGER; FELDMAN, 2005). Neste caso, todos estes marcadores estavam

consideravelmente aumentados. Grenner (2015) afirma que o aumento da atividade da FA é

frequentemente proporcionalmente maior do que o da atividade de ALT, corroborando com

os achados do respectivo relato. A hiperbilirrubinemia é proporcional ao grau de

comprometimento hepático, e geralmente alcança seu pico máximo de 6 à 8 dias após o início

da infecção.

Page 46: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM …

46

Em contrapartida, as concentrações séricas de creatinina e ureia estão diretamente

relacionadas com a gravidade da lesão renal (COUTO et al., 2015). A sintetização da ureia

pelo fígado decorre do catabolismo proteico e a creatinina é originada através do metabolismo

muscular. Ambas são secretadas pela urina após o processo de filtração glomerular (KLEIN,

2014). No entanto, reconhece-se que a creatinina sofre menor influência de fatores extra-

renais, tornando-se um marcador mais fidedigno da taxa de filtração glomerular (TFG)

(FREIRE et al., 2008). No presente relato, o paciente não obteve alterações em creatinina,

entretanto, demonstrou um aumento acentuado nos níveis de ureia. Um estudo de Freire et al.

(2008), realizou a testagem de 120 amostras séricas de cães com títulos reagentes para o

sorovar Icterohaemorrhagie e as encaminhou para dosagens bioquímicas. Os 120 soros com

títulos perante amostras icterohaemorrhagie foram classificados em três grupos distintos de

acordo com a sua titulação. Dentre os animais com títulos acima de 200, 73,9% aprensentavam

elevação na ureia e 67% na creatinina. Entre os animais do nomeado grupo 2, com títulos entre

200 e 400, 30,15% apresentou dosagens normais de creatinina. Os resultados obtidos

demonstraram que nem todos os animais com títulos reativos para leptospirose apresentaram

danos renais significativos.

Dentre os outros achados bioquímicos do paciente relatado, evidencia-se a elevação de

globulinas e uma discreta hipoalbuminemia. A diminuição de albumina pode ser observada na

fase aguda da doença e está associada à desidratação, assim como a hiperglobulinemia

(JERICÓ et al., 2014).

As alterações na urinálise comumente incluem bilirrubinúria, proteinúria, glicosúria e

números elevados de cilindros e eritrócitos (LANGSTON; EUTER, 2013). Neste caso, a

densidade urinária apresentou-se dentro dos valores de referência. Também verificou-se a

presença de bilirrubina, hemoglobina e proteínas.

Diferentes técnicas podem ser utilizadas no diagnóstico da doença. Contudo, a

Organização Mundial de Saúde (OMS) utiliza, como técnica padrão, a soroaglutinação

microscópica (SAM). A técnica compreende em reagir diluições do soro do animal com

leptospiras vivas para a detecção de anticorpos aglutinantes. Dessa forma, o exame indica o

provável sorogrupo infectante. Amostras que obtiverem título igual ou maior do que 100 são

consideradas sororeativas (BLANCO et al., 2015; EMÍDIO et al., 2020; SCHULLER et al.,

2015). A Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) é outro método importante para a

confirmação da infecção. A técnica consiste na amplificação de fragmentos de DNA do agente

infeccioso, realizando a detecção do material genético. Alguns estudos sugerem que possui

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47

maior sensibilidade e especificidade em relação à soroaglutinação. Apesar disso, a utilização

na rotina clínica confronta com seu custo elevado e a necessidade de alta tecnologia (MOTA

et al., 2020). O sangue com anticoagulante e a urina são os materiais biológicos de escolha

para a execução do exame. No entanto, em quadros iniciais, isto é, quando ainda não há

replicação renal, a amostra urinária pode trazer resultados pouco fidedignos (GREENE, 2015).

No caso relatado, ambos os materiais biológicos foram enviados para o laboratório, visto que

não era possível precisar o momento em que a infecção se encontrava.

O tratamento da doença consiste na associação entre antimicrobianos e terapia de

suporte corretas. A antibioticoterapia deve ser instituída de forma imediata, logo que definida

a suspeita diagnóstica. As Penicilinas são os antibióticos de escolha, pois agirão na redução

da fase leptospirêmica (JERICÓ et al., 2015). Após a esperada melhora na condição clínica

do paciente, indica-se a substituição do antibiótico inicial pela doxicilina, por via oral. Ela

promove a eliminação eficiente das leptospiras do tecido renal, eliminando o estado de

portador (SILVA et al., 2018). O paciente mencionado iniciou seu protocolo terapêutico com

Ampicilina (22 mg/kg), duas vezes ao dia, por via intravenosa. Outras medicações foram

utilizadas para a realização da terapia de suporte, bem como a administração de fluído para

correção do equilíbrio hídrico. No entanto, devido à disfagia, a adição da doxicilina no

tratamento não pôde ser efetuada.

O prognóstico torna-se favorável para os animais tratados precocemente com a

antibioticoterapia e o tratamento de suporte adequados. Entretanto, os casos que desenvolvem

alterações respiratórias são considerados de prognóstico ruim (COUTO et al., 2015). Neste

relato, o animal veio à óbito no terceiro dia de tratamento, após uma parada cardiorespiratória.

A quantidade de conteúdo sanguinolento expelido pela cavidade oral através do tubo

endotraqueal – utilizado na intubação do paciente – sugere que a morte tenha ocorido em

decorrência de hemorragia pulmonar. Schuller et al., (2015) destaca a gravidade da Síndrome

Pulmonar Hemorrágica por Leptospirose (LPHS), relatando que os pacientes acometidos

tendem à desenvolver hemorragia pulmonar maciça, levando ao óbito precoce. A patogênese

da LPHS ainda gera controvérsia, mas diferentes estudos sugerem um envolvimento

multifatorial que precisa ser melhor elucidado (SCHULLER et al., 2015).

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48

6 CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS EM UM CÃO: RELATO DE CASO

6.1 RESENHA

Paciente canina, fêmea, bulldog francês, com 11 anos de idade e pesando 12 kg.

6.2 HISTÓRICO, ANAMNESE E EXAME FÍSICO

Tutor relatou que há alguns dias ofereceu um osso para a paciente e observou uma

pequena quantidade de sangue no mesmo. Ao inspecionar a boca, verificou a região

avermelhada. Tutor não relatou mais nenhuma alteração. No exame físico, paciente

apresentava mucosas normocoradas, hidratação e temperatura corporal normais e tempo de

preenchimento carpilar menor que 2 segundos. Durante inspeção bucal, visualizou-se lesão

em gengiva, na maxila esquerda, adjacente aos dentes pré-molares. Posteriomente,

solicitaram-se exames de sangue (hemograma e bioquímicos) e encaminhamento para um

médico veterinário odontologista para melhor avaliação e acompanhamento do caso.

Figura 16 - Lesão oral referente ao paciente do relato 2.

Fonte: Autor (2021).

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49

6.3 EXAMES COMPLEMENTARES

6.3.1 Hemograma e bioquímicos

O eritrograma e o leucograma apresentaram-se dentro dos valores de referência

estabelecidos. Os exames bioquímicos evidenciaram hiperglobulinemia.

Tabela 18 - Hemograma referente ao paciente do relato 2.

ERITROGRAMA RESULTADO REFERÊNCIA

Eritrócitos (milhões/µL) 7,2 5,5-8,5

Hematócrito (%) 46 38-47

Hemoglobina (g/dL) 16 14-18

VCM (fL) 63,9 63-77

HCM (pg) 22.2 21-26

CHCM (g/dL) 34,8 30-35

Proteína Plasmática 7,6 6-8

LEUCOGRAMA RESULTADO (mm3) REFERÊNCIA

Leucócitos totais 6.400 6-17

Neutrófilos Bastonetes 0 0-100

Neutrófilos Segmentados 4.032 3.000-9.500

Eosinófilos 0 0-750

Basófilos 0 Raros

Linfócitos 1.728 1.100-5.000

Monócitos 320 100-1350

Contagem de plaquetas 447 150-500

Fonte: Autor. Vet Plus (2021).

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Tabela 19 - Exame bioquímico referente ao paciente do relato 2.

BIOQUÍMICOS RESULTADO REFERÊNCIA

ALT (U/L) 27 10-90

Creatinina (mg/dL) 1,4 0,5-1,4

Ureia (mg/dL) 38 10-40

Proteínas Totais (g/dL) 7,4 5,4-7,7

Albumina (g/dL) 2,7 2.7-4,5

Globulina (g/dL) 4,8 1,9-3,4

Fonte: Autor. Vet Plus (2021).

6.3.2 Evolução

A paciente realizou a consulta com a médica veterinária odontologista cerca de 15 dias

após a primeira avaliação, e, durante esse período, tutor observou o crescimento acentuado de

uma massa na região. No mesmo dia, a paciente realizou uma radiografia bucal, onde se

constatou formação em cavidade oral com presença de lise óssea em maxila esquerda. A partir

desses dados, a especialista solicitou a realização de uma extração dentária e biópsia da região,

além do encaminhamento para uma médica veterinária oncologista. Enquanto o resultado da

biópsia não havia sido liberado, paciente passou por consulta com oncologista, que solicitou a

realização de tomografia para observação da extensão da formação.

Figura 17 - Formação oral, em maxila esquerda, 15 dias após a primeira consulta do paciente

do relato 2.

Fonte: Autor (2021)

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51

6.3.3 Tomografia

No exame de imagem, foram visualizados sinais de destruição óssea dos

etmoturbinados em cavidade nasal, em meato médio, e, principalmente, acometendo a região

ventral na altura do canino maxilar, com lise em osso alveolar. Também observou-se formação

com aspecto de massa, com projeção para região infrabulbar, e sinais de destruição do osso

incisivo ao lado esquerdo da lâmina perpendicular do osso palatino. Os achados tomográficos

foram compatíveis com neoplasia nasomaxilar esquerda, com acometimento de estruturas

adjacentes.

6.3.4 Histopatológico

A biópsia foi encaminhada para análise em um laboratório na cidade de São Paulo

(SP), e seu resultado foi liberado somente 14 dias após o procedimento. Foi recebido um

fragmento medindo 1,0 x 0,5 x 0,4 cm, irregular, castanho escuro e com aspecto firme ao

corte. Os resultados evidenciaram uma proliferação de provável caráter hiperplásico,

entretanto, recomendou-se uma nova biópsia aprofundada, visto que as estruturas

coletadas foram insuficientes para um diagnóstico preciso.

6.3.5 Segundo Histopatológico

Com um intervalo de 5 dias após os resultados da primeira biópsia, a paciente realizou

um novo procedimento, desta vez, com a médica veterinária oncologista, no Vet Plus

Hospital Veterinário. Foram retirados 6 fragmentos irregulares medindo até 0,7 cm de

diâmetro, macios e possuindo coloração parda. Os resultados demonstraram uma proliferação

extensa, infiltrativa e não delimitada, composta por múltiplos cordões de ilhas de células

poliédricas. Ao centro dessas ilhas, células de formato arredondado amplo com citoplasma

fortemente eosinofílico, caracterizando a diferenciação escamosa. Também foram

observadas 4 mitoses em 10 campos de alta magnificação. O exame histopatológico

diagnosticou a amostra como carcinoma de células escamosas.

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52

6.3.6 Tratamento

Após os resultados apresentados no exame histopatológico, a paciente retornou para a

oncologista. Na consulta, o tutor foi orientado a respeito dos ciclos de quimioterapia e deu

início a primeira sessão 4 dias após o diagnóstico de carcinoma. O animal chegou pela manhã

ao Vet Plus Hospital Veterinário, em jejum sólido e hidríco. Posteriomente, foi realizado

acesso venoso e utilizado Doxirrubicina 10 mg diluída em 50 ml de NaCl 0,9% IV com duração

de 30 minutos. A paciente se manteve estável durante e após a sessão. Foi prescrito para o

tratamento em casa Dipirona 250 mg, Cloridrato de Tramadol 12 mg, Ondansentrona 5 mg/ml

e solicitou-se a manipulação de Ômega, administrado uma vez ao dia continuamente. Também

foram realizadas algumas orientações, tais como como manter o fornecimento de água a

vontade, observar-se o animal faz ingestão alimentar normalmente e, em caso de qualquer

alteração entrar em contato imediato com a médica veterinária responsável.

Sete dias após o primeiro ciclo de quimioterapia, o animal retornou ao hospital. Tutor

relatou observar uma acentuada prostração nos últimos dias. Foi coletado sangue do paciente

para a realização de um novo hemograma, que obteve resultados positivos, sem quaisquer

alterações significativas. No entanto, foi adicionada à prescrição do paciente Gabapentina 60

mg, duas vezes ao dia.

Os dados referentes ao segundo ciclo quimioterápico, que ocorreria em um intervalo

de 21 dias, e os demais desdobramentos da paciente não foram acompanhados devido ao

encerramento do período de estágio curricular obrigatório.

.

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53

6.4 REVISÃO DE LITERATURA E DISCUSSÃO

O carcinoma de células escamosas (CCE) é uma neoplasia maligna dos queratinócitos e é

considerada uma alteração oncológica comum em caninos. Se caracteriza como uma formação em

epitélio cutâneo localmente agressiva (DALECK et al., 2016; ROSOLEM et al., 2012). As lesões

podem manifestar-se de duas formas distintas. Na primeira, o paciente pode apresentar lesões com

aspecto proliferativo, hiperêmico e que sangram com facilidade. Na segunda, entretanto, as lesões

possuem aspecto ulcerativo, crostoso e iniciam de forma superficial (MILLER et al., 2013). Neste

relato, o padrão de lesão proliferativa foi compatível com as características clínicas e morfológicas

do respectivo animal.

O CCE possui crescimento lento e uma baixa taxa de metástase. Quando ocorre, geralmente

leva ao acometimento de estruturas regionais, como pele e linfonodos próximos. Apesar de serem

menos frequentes, as metástases ósseas e pulmonares não podem ser descartadas (DALECK et al.,

2016). No caso em questão, sinais de destruição óssea foram evidenciados em estrutura maxilar

esquerda, com acometimento de estruturas adjacentes.

Entre as regiões corporais mais acometidas pelo CCE, estão os dígitos, cabeça, abdômen,

membros torácicos e membros pélvicos. Cães que apresentam a pelagem branca e pele pouco

pigmentada possuem maior propensão para desenvolver a doença, principalmente se fazem exposição

solar inadequada (ROCHA et al., 2010; COUTO et al., 2015).

O excesso de radiação ultravioleta origina diversas reações fotoquímicas. Estas, ativam vias

inflamatórias, acometem o sistema imunológico e lesam o DNA. Essa sequência de eventos impedem

a reparação adequada do DNA e levam à mutação de genes reguladores, contribuindo para a expansão

de células cancerígenas. Desse modo, os queratinócitos podem progredir para o estado de queratose

actínica. Estas, se caracterizam por lesões pré-neoplásicas, representadas por estes eventos

cumulativos de radiação solar excessiva. Os papilomavírus também podem ser um fator contribuinte

para a transformação neoplásica dos queratinócitos. Assim como os raios ultravioletas, possuem ação

nos processos de mutação de células susceptíveis, principalmente em animais imunossuprimidos

(STOCKFLETH et al., 2006; SCHNEIDER et al., 2021).

O diagnóstico presuntivo da doença é baseado através da correlação entre o exame físico, a

inspeção e a palpação da neoplasia. O hemograma e a bioquímica sérica são importantes para mais

informações sobre o estado clínico geral do respectivo paciente. Já o exame radiográfico é necessário

para verificar a existência de envolvimento ósseo. No caso em estudo, através da radiografia foi

possível avaliar a presença de lise óssea importante e direcionar os passos subsequentes. Daleck et

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al. (2016), evidencia que a lise óssea não estará radiograficamente evidente até que 40% do córtex

esteja destruído.

No entanto, a confirmação diagnóstica se dá através da histopatologia (COUTO, 2015). Os

achados histopatológicos da paciente evidenciaram proliferação extensa, infiltrativa e não delimitada,

composta por variados cordões de ilhas de células poliédricas. A presença de células de formato

arredondado amplo com citoplasma fortemente eosinofílico concedeu sua diferenciação escamosa.

No presente relato, o paciente também realizou um exame de tomografia computadorizada

(TC) para avaliar a extensão da formação. Grant (2010), atesta que a TC é essencial na avaliação de

possíveis estruturas infiltrativas e metastáticas, sendo um dos métodos mais importantes para o

estadiamento da doença. Daleck et al. (2016) reitera, afirmando que nos animais com

comprometimento maxilar, a TC e a ressonância magnética (RM) são as formas mais precisas de

avaliação de extensão tumoral.

O tratamento é dependente do estadiamento do tumor, do estado de saúde geral do paciente

e da boa receptividade do tutor em relação às mudanças estéticas e efeitos colaterais dos

procedimentos. Entre as opções, incluem-se cirurgia, radioterapia, criocirurgia e quimioterapia

(ETTINGER; FELDMAN, 2005).

A criocirurgia têm como principal objetivo a destruição das células-alvo através do processo

de congelamento e descongelamento controlado, levando a morte celular através de um efeito

hiperosmolar, induzindo à elevação da concentração de eletrólitos no meio intracelular e provocando

danos irreversíveis na célula. No entanto, é bem aplicada em casos pré-neoplásicos (QUEIROZ,

2003). A remoção cirúrgica é geralmente o tratamento de maior escolha, mas somente pode ser

realizada com margens cirúrgicas entre 1 a 3 cm de modo a evitar possíveis recidivas (WITHROW,

2020). No caso relatado, o acometimento importante de estruturas ósseas e a falta de margem

cirúrgica segura tornou o procedimento cirúrgico inviável. Por outro lado, o tratamento

quimioterápico se torna uma opção paliativa para os pacientes que já apresentam o carcinoma de

células escamosas em estado disseminado, como no presente caso. Entre as drogas utilizadas, a

doxorrubicina, bleomicina e carboplatina podem ser incluídas no tratamento (DALECK et al., 2016).

Neste relato, o paciente realizou o primeiro ciclo quimioterápico com Doxorrubicina na dose

de 30 mg/m².

O prognóstico varia conforme a localização da lesão e com o estágio clínico da doença no

momento do diagnóstico. Quando é realizado precocemente, com a possibilidade de remoção

cirúrgica total, é considerado favorável. Entretanto, quando a neoplasia apresenta-se em estágios mais

avançados, com acometimento ósseo, como neste caso, o prognóstico torna-se de reservado à

desfavorável (SCHNEIDER et al., 2021).

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Por fim, orientações aos tutores de animais com fatores predisponentes à doença são

fundamentais na prevenção do CCE. A utilização de bloqueadores solares e a exposição ao sol restrita

aos horários de menor radiação diminuem consideravelmente as chances de desenvolvimento da

doença (COUTO et al. 2015; SCHNEIDER et al., 2021).

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7 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA DIREITA EM UM CÃO: RELATO DE

CASO

7.1 RESENHA

O paciente era um canino, fêmea, da raça buldog inglês, com 11 anos e 2 meses de idade e

pesando 20,5 kg.

7.2 HISTÓRICO E ANAMNESE

A paciente chegou até o Vet Plus Hospital Veterinário para consultar com um médico

veterinário clínico geral. Ela estava apresentando como principal queixa edema nos membros pélvicos

e emagrecimento progressivo há três meses. No exame físico, paciente apresentava temperatura,

frequências cardíaca e respiratória dentro dos valores de fisiológicos. Na ausculta cardíaca, observou-

se presença de sopro. As mucosas estavam hipocoradas, tempo de perfusão capilar em 3 segundos,

desidratação em 5% e os linfonodos poplíteos demonstravam-se reativos. Paciente possuía

abaulamento abdominal e edema importante em membros posteriores. A médica veterinária

responsável solicitou a realização de alguns exames complementares, como hemograma,

bioquímicos, ultrassom abdominal e ecocardiograma.

7.3 EXAMES COMPLEMENTARES

7.3.1 Hemograma e bioquímica sérica

O hemograma evidenciou anemia discreta e o aumento dos neutrófilos segmentados. No

exame bioquímico, ALT (94 UI/L) e globulinas (mg/dL) apresentaram-se elevadas. A albumina

(2,5mg/dL) estava um pouco abaixo dos valores de referência e os demais marcadores se

mostraram dentro da normalidade.

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Tabela 20 - Hemograma referente ao paciente do relato 3.

ERITROGRAMA RESULTADO REFERÊNCIA

Eritrócitos (milhões/µL) 5,64 5,7-7,4

Hematócrito (%) 37 38-47

Hemoglobina (g/dL) 12,6 14-18

VCM (fL) 65,6 63-77

HCM (pg) 22,3 21-26

CHCM (g/dL) 34,1 30-35

Proteína Plasmática 6 6-8

LEUCOGRAMA RESULTADO (milhões/ µL) REFERÊNCIA

Leucócitos totais 13.800 6.000-16.000

Segmentados 11.730 4.500-9.500

Monócitos 828 100 – 1.350

Basófilos 0 0-100

Linfócitos 1.104 1.100-5.000

Eosinófilos 138 100-750

Contagem de plaquetas 357.000 150.000-500.000

Fonte: Elaborado pelo autor, Vet Plus (2021).

Tabela 21 - Exame bioquímico referente ao paciente do relato 3.

BIOQUÍMICOS RESULTADO REFERÊNCIA

ALT (UI/L) 94 10-90

Creatinina (mg/dL) 1,1 0,5-1,4

Ureia (mg/dL) 38 10-40

Fosfatase Alcalina (UI/L) 49 20-150

Globulina (mg/dL) 4,2 1,9-3,4

Albumina (mg/dL) 2,5 2,7-4.5

Fonte: Elaborado pelo autor, Vet Plus (2021).

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7.3.2 Ecocardiograma

O ecocardiograma evidenciou doença degenerativa crônica valvar átrio-ventricular

esquerda; com insuficiência valvar átrio-ventricular esquerda de grau importante. Doença

degenerativa crônica valvar átrio-ventricular direita; com insuficiência valvar átrio-ventricular

direita de grau importante. Também foi possível observar hipertensão arterial pulmonar de grau

discreto, insuficiência valvar aórtica discreta e uma neoformação em base cardíaca.

7.3.3 Ultrassonografia

As imagens ultrassonográficas mostraram a presença acentuada de efusão abdominal. Outras

alterações foram visualizadas em fígado; que apresesentava dimensões aumentadas e bordos

abaulados, e rins; que demonstravam delimitações córtico-medulares pouco evidentes, indicando

possível nefropatia crônica.

7.3.4 Análise de Líquidos Cavitários

O material analisado após abdominocentese, em um volume de 5 ml, apresentou coloração

avermelhada (incolor após centrifugação), inodor e turvo. As análises químicas indicaram as

proteínas totais (4,2 g/dL), colesterol (122 mg/dL), triglicérides (70 mg/dL), contagem total de células

nucleadas (800/mm3), hemácias (80.000/Ul), densidade (1,022) e PH (7,5). A amostra citológica

mostrou-se composta por células inflamatórias, com predomínio de neutrófilos íntegros (58%),

linfócitos típicos (34%) e menor população de macrófagos (0,8%). Também observou-se presença de

hemácias. Os respectivos achados evidenciaram a presença de Transudato modificado.

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59

7.4 TRATAMENTO E EVOLUÇÃO

Após o resultado do ecocardiograma, foi prescrito tratamento para casa com

Pimobendan (4,1 mg a cada 12 horas, VO, durante 30 dias), Maleato de Enalapril (10,2

mg a cada 12 horas, VO, durante 30 dias), Furosemida (20,4 mg a cada 12 horas, VO,

durante 30 dias), Espironolactona (40,8 mg a cada 24 horas, VO, durante 30 dias) e Citrato

de Sildenafil (20,4 mg a cada 12 horas, VO, durante 30 dias). O médico veterinário

responsável orientou que todas as medicações fossem manipuladas em farmácia

veterinária especializada.

A paciente retornou após 30 dias, passando por reavaliação com médico veterinário

clínico geral. No retorno, tutora relatou que animal estava se alimentando e fazendo ingesta

de água normalmente. Apresentou alguns poucos episódios de diarreia que não

perduravam mais do que dois dias. Ao exame físico, ausculta pulmonar não sugestiva de

efusão pleural ou edema pulmonar. Edema em membros pélvicos ainda evidenciados.

Realizou-se, então, nova abdominocentese do paciente, drenando 300 ml de efusão de

coloração avermelhada, porém sem turbidade. Neste mesmo dia, foi solicitado que

paciente retornasse ao médico veterinário cardiologista para acompanhamento do caso. No

entanto, até o final do presente estágio a paciente ainda não havia retornado para

reavaliação.

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60

7.5 REVISÃO DE LITERATURA E DISCUSSÃO

A insuficiência cardíaca congestiva (ICC) é uma síndrome clínica secundária à alguma

cardiopatia. Nessa condição, o coração se torna inapto para manter seu equilíbrio circulatório,

resultando em mecanismos complexos de ativação neuro-hormonal. Sendo assim, é considerada

uma das principais causas de óbito em pacientes com alterações cardíacas (BIELAWSKI et al.,

2019; JERICÓ et al., 2015).

As causas da insuficiência cardíaca congestiva são variadas. Englobam-se, por exemplo,

as doenças cardíacas adquiridas e doenças cardíacas congênitas. A IC decorrente de disfunção

sistólica ocorre quando o coração é incapaz de ejetar volume de sangue suficiente mesmo que

o retorno venoso esteja adequado. Por outro lado, a insuficiência em decorrência de disfunção

diástolica ocorre quando o enchimento ventricular não é adequado (ETTINGER; FELDMAN,

2004; JERICÓ et al., 2015).

Esta síndrome clínica pode ser classificada de acordo o lado do coração insuficiente,

bem como a circulação que fora afetada. Sendo assim, denomina-se insuficiência cardíaca

congestiva esquerda (ICCE), a insuficiência relacionada à bomba cardíaca esquerda. Entre as

alterações esperadas em um paciente com ICCE, destaca-se a congestão pulmonar. Em

contrapartida, a insuficiênca cardíaca congestiva direita (ICCD) é caracterizada pela alteração

na função do lado direito do coração, que provoca congestão em circulação sistêmica (COUTO,

2015).

A partir do desenvolvimento da ICC, múltiplos mecanismos neuro-hormonais são

ativados com o objetivo de compensar o coração insuficiente. Nesse processo, a ativação do

sistema-renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) que visa aumentar o volume vascular

através da retenção de sódio e água, acaba originando edemas (ETTINGER; FELDMAN,

2004).

Por outro lado, o sistema nervoso autônomo (SNA) age ativando o eixo simpático para

manter o débito cardíaco adequado e evitar hipotensão. Através de baroceptores, o SNA irá

desenvolver um mecanismo de feedback negativo, promovendo o aumento da frequência

cardíaca. No entanto, a progressão da doença resulta em volume ejetado cada vez menor, o

que potencializa o efeito deste feedback. Desse modo, o aumento exacerbado da frequência

cardíaca se associa ao menor tempo de enchimento diastólico, diminuindo o volume de ejeção.

Também é importante salientar o efeito das catecolaminas nesse sistema. Elas são liberadas

durante a estimulação simpática e favorecem o desenvolvimento de arritmias cardíacas

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61

(COUTO, 2015; JERICÓ et al., 2014).

As alterações clínicas esperadas divergem de acordo com o lado cardíaco acometido.

Na insuficiência cardíaca congestiva direita, os caninos comumente apresentam ascite e edema

de membros, sendo estes em sua maioria das vezes posteriores e com acometimento bilateral.

Esses dados corroboram com as manifestações clínicas encontradas no presente relato, visto

que a paciente em questão possuía edema importante em membros pélvicos, de localização

bilateral. Já na insuficiência cardíaca congestiva esquerda, espera-se dispneia, tosse e ortopneia,

decorrentes da elevação da pressão hidrostática nos capilares pulmonares, contribuindo com o

extravasamento de líquido para o parênquima pulmonar (ETTINGER; FELDMAN, 2004).

Um comitê criado em 1992 estabelece, desde então, normas e atualizações no

diagnóstico e tratamento de cardiopatias na clínica médica de pequenos animais. O

International Small Animal Cardiac Health Council (ISACHC) classifica a ICC em diferentes

grupos. Na classe funcional I, o paciente não apresenta as manifestações clínicas da doença.

Já na classe funcional II, o animal apresenta manifestações clínicas de ICC de grau leve à

moderado. Por fim, na classe funcional III, o animal apresenta sinais clínicos severos da ICC

(JERICÓ et al., 2014).

O diagnóstico da síndrome clínica é baseado em uma minuciosa inspeção, associando

a anamnese, o exame físico e os exames complementares. O ecocardiograma é considerado o

exame de escolha no diagnóstico de alterações cardíacas. A definição de detalhes

hemodinâmicos, anatômicos e funcionais permite a identificação de lesões específicas, como

as alterações valvulares (COUTO, 2015). Klein (2014) ressalta que o coração insuficiente

provoca o acúmulo de sangue residual em região atrial, levando à dilatação e seu consequente

aumento. Desse modo, o aumento atrial se caracteriza como um marcador importante no

paciente com ICC e que pode ser visualizado no exame ecocardiográfico.

No presente relato, o laudo do ecocardiograma constatou a presença de degenerações

crônicas de grau importante em valvas atrioventriculares direita e esquerda. Segundo Couto et

al. (2015), a degeneração valvar atrioventricular crônica é a causa mais comum de

insuficiência cardíaca em caninos. Rush e Bonagura (2008) as descrevem como vávulas que

direcionam o sentido do fluxo sanguíneo dos átrios para os ventrículos. Em decorrência da

degeneração, o fechamento valvular não é realizado de forma efetiva, ocasionando a

regurgitação sanguínea dos ventrículos para os átrios. Apesar da degeneração apresentar-se de

forma bilateral, as manifestações clínicas da pacientes eram compatíveis com ICCD.

A presença de neoformação em base cardíaca foi outro achado neste exame. Os

tumores de base cardíaca não são muito frequentes na rotina veterinária e se caracterizam pela

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62

malignidade e alta capacidade metastática (TILLEY et al., 2016). Assim como na ICC,

pacientes com tumores em base cardíaca podem manifestar ascite, edema e intolerância à

exercícios (DALECK, 2016). Neste caso relatado, a conduta médica instituiu a preconização

do tratamento cardíaco imediato, visto seu gau de severidade, e orientou a tutora quanto ao

processo de investigação da origem neoplásica de forma mais detalhada.

Além do ecocardiograma, o paciente relatado realizou exames hematológicos,

ultrassonografia e procedimento de abdominocentese.

O hemograma evidenciou anemia discreta e o aumento dos neutrófilos segmentados.

Já nos exames bioquímicos, foram encontradas elevações nos níveis de ALT (94 UI/L) e

globulinas (mg/dL). A albumina (2,5mg/dL) apresentou valores compatíveis com uma leve

diminuição e os demais marcadores apresentaram-se normais. Nelson e Couto (2015)

desmontram que o aumento da ALT pode estar relacionado com a diminuição do débito

cardíaco. Por fim, a ultrassonografia evidenciou efusão em região abdominal, corroborando

com as manifestações clínicas da paciente.

O tratamento da ICCD é medicamentoso e de uso contínuo, com a finalidade de

aumentar a sobrevida do animal e fornecer qualidade de vida. Os inibidores de eca (IECA) são

utilizados na terapia. Eles inibem a formação de angiotensina II, reduzindo a concentração de

aldosterona e diminuindo a retenção de sódio. Promovem a dilatação arteriolar e venosa e

contribuem para o aumento da sobrevida do paciente (SPINOSA et al., 2011). No presente

relato, o enalapril foi o IECA introduzido na terapia do animal. Além dos IECA, os

antagonistas de aldosterona também estão envolvidos no bloqueio do SRAA. A

espironolactona foi a droga escolhida na terapêutica do caso relatado e seu efeito

antialdosterona têm papel na diminuição do remodelamento cardíaco e aumento da sobrevida

no paciente com ICCD (ATKINS et al., 2009). A admnistração de diuréticos de alça, como o

furosemida, auxilia no controle da pressão capilar pumonar, contribuindo para a estabilização

do quadro (BOSWOOD et al., 2016).

Além das degenerações valvares descritas no laudo ecocardiográfico, o paciente

também apresentava discreta hipertensão pulmonar. Desse modo, o sildenafil foi inserido no

tratamento do animal. O cloridrato de sildenafil é responsável por promover vasodilatação

capilar e é a droga de eleição para os casos de hipertensão pulmonar (TILLEY et al., 2016).

A utilização de um inotrópico positivo como o pimobendan têm como principal

objetivo aumentar a força da contratilidade do músculo cardíaco. Este inodilatador atua na

ligação do cálcio com a troponina do tipo C, promovendo maior capacidade contrátil e

auxiliando na regulação hemodinâmica do paciente (SANTOS, 2008). Boswood et al. (2016)

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evidencia que a utilização de pimobendan em caninos com ICC corrobora para a melhor

funcionalidade cardíaca e qualidade de vida do paciente.

No presente relato, o intuito do tratamento foi promover a remissão dos sinais clínicos

e fornecer sobrevida à paciente. Devido ao encerramento do estágio curricular obrigatório, o

estagiário não pôde acompanhar os demais desdobramentos do caso.

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8 CONCLUSÃO

O estágio curricular obrigatório é fundamental para a formação do acadêmico, que,

utilizando dos conhecimentos teóricos absorvidos em sala de aula, adquire experiência prática.

A oportunidade de vivenciar a rotina real do médico veterinário é necessária e valiosa neste

momento de transição.

No decorrer do estágio, o acadêmico conseguiu ampliar suas vivências e reavaliar

condutas. Além dos conhecimentos técnicos adquiridos, reconheceu a importância do trabalho

em equipe, de exercitar o olhar crítico e prezar sempre pela ética.

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ANEXOS

ANEXO A – Ficha de acompanhamento da internação

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ANEXO B – Prontuário Internamento