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Relatório de estágio profissionalizante - Repositório Aberto · 2020. 2. 11. · Sandra Diana Pereira de Lima iii Resumo O presente relatório é o culminar de 5 anos de aprendizagem

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Pereira da Silva

janeiro de 2019 a julho de 2019

Sandra Diana Pereira de Lima

Orientador: Doutora Anabela Lemos Esteves Pereira da Silva

Tutor FFUP: Prof. Doutora Manuela Sofia Rodrigues Morato

julho de 2019

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Sandra Diana Pereira de Lima i

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso

ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações,

ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se

devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de

referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito

académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 16 de julho de 2019

Sandra Diana Pereira de Lima

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Sandra Diana Pereira de Lima ii

Agradecimentos

Termina agora uma longa e desafiante etapa de 5 anos. Como tal, não posso deixar de agradecer

a algumas pessoas que contribuíram para que este percurso fosse possível.

Em primeiro lugar, agradeço à minha família pelo apoio, força e amor incondicional. Aos meus

Pais, um especial Obrigada por criarem todas as condições para finalizar esta etapa.

De seguida, não posso deixar de agradecer aos meus amigos. Aos de sempre, que são uma

verdadeira base. Obrigada pelo apoio, amizade e incentivo. E aos da faculdade, obrigada por se

tornarem na minha família do Porto e por fazerem com que esta cidade se tornasse a minha

segunda casa.

Não posso também deixar de agradecer à Farmácia Pereira da Silva. Obrigada a todos os

funcionários por me terem ajudado a dar os primeiros passos, por toda a paciência, simpatia e

aprendizagem. Um agradecimento especial à Doutora Anabela, pela oportunidade e

prestabilidade ao longo desta etapa.

Por fim, obrigada a todos os professores da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

que fizeram parte do meu percurso académico.

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Sandra Diana Pereira de Lima iii

Resumo

O presente relatório é o culminar de 5 anos de aprendizagem no âmbito das Ciências

Farmacêuticas. Tem como objetivo descrever o estágio realizado numa farmácia comunitária,

a Farmácia Pereira da Silva, ao longo de 6 meses.

Na primeira parte do relatório encontram-se descritas as minhas atividades diárias como

farmacêutica em farmácia comunitária, assim como as minhas reflexões acerca da benesse que

isso me trouxe, enquanto futura farmacêutica e profissional de saúde. Esta parte inclui um

cronograma das atividades realizadas.

Na segunda parte do relatório são apresentados os projetos que eu desenvolvi. Os temas são

bastante diversificados e tentam chegar a todas as faixas etárias da população. Estes temas

incluem a dinamização das redes sociais, um rastreio cardiovascular, o envelhecimento cutâneo

e a polimedicação num lar de idosos.

Independentemente do projeto, o objetivo foi sempre honrar a missão do farmacêutico, levando

informação às pessoas e promovendo a saúde da comunidade.

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Sandra Diana Pereira de Lima iv

Índice

Lista de abreviaturas............................................................................................................................ vii

Índice de figuras ................................................................................................................................... vii

Índice de tabelas ................................................................................................................................... vii

Parte 1 – Atividades desenvolvidas no âmbito de estágio .................................................................. 1

1. Calendarização das atividades realizadas no estágio ............................................................. 1

2. Contextualização da Farmácia Pereira da Silva ..................................................................... 2

2.1 Localização e horário de funcionamento ............................................................................... 2

2.2 Funcionários ............................................................................................................................... 2

2.3 Espaço físico interior ................................................................................................................ 2

2.4 Perfil dos clientes ....................................................................................................................... 2

3. Gestão da Farmácia ................................................................................................................... 3

3.1 Sistema informático ................................................................................................................... 3

3.2 Aquisição de produtos e realização de encomendas ............................................................ 3

3.3 Receção de Encomendas ........................................................................................................... 4

3.5 Gestão de stocks e prazos de validade .................................................................................... 4

3.6 Gestão de Reservas .................................................................................................................... 4

3.7 Armazenamento dos produtos ................................................................................................. 5

3.8 Gestão de devoluções ................................................................................................................. 5

4. Atendimento ao público ............................................................................................................ 5

4.1 Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica .......................................................... 6

4.2 Dispensa de psicotrópicos e estupefacientes.......................................................................... 6

4.3 Indicação farmacêutica............................................................................................................. 6

4.4 Produtos para uso veterinário ................................................................................................. 7

4.5 Dispositivos médicos .................................................................................................................. 7

4.6 Medicamentos manipulados ..................................................................................................... 7

5. Conferência de receituário ....................................................................................................... 7

6. Serviços de saúde prestados ...................................................................................................... 8

6.1 Determinação de parâmetros bioquímicos ............................................................................ 8

6.2 Preparação Individualizada da medicação ........................................................................... 8

7. Valormed .................................................................................................................................... 8

8. Programa Saúda ........................................................................................................................ 9

9. Situações Particulares ............................................................................................................... 9

10. Formação contínua .................................................................................................................. 11

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Sandra Diana Pereira de Lima v

Parte 2 – Projetos desenvolvidos no âmbito do estágio em farmácia comunitária ........................ 11

1. Dinamização das redes sociais ....................................................................................................... 11

1.1 Contextualização ...................................................................................................................... 12

1.2 As redes sociais e o impacto na sociedade ........................................................................... 12

1.3 Intervenção ............................................................................................................................... 13

1.4 Resultados e discussão ............................................................................................................ 13

1.4.1 Crescimento da página ........................................................................................................ 13

1.4.2 Avaliação pelos seguidores .................................................................................................... 14

1.5 Conclusão ....................................................................................................................................... 16

2. Rastreio cardiovascular ................................................................................................................. 17

2.1 Contextualização ...................................................................................................................... 17

2.2 As doenças cardiovasculares em Portugal........................................................................... 17

2.3 Intervenção ............................................................................................................................... 18

2.4 Resultados e discussão ............................................................................................................ 18

2.4.1 Pressão Arterial .................................................................................................................... 19

2.4.2 Glicémia ................................................................................................................................. 19

2.4.3 Colesterol ............................................................................................................................... 20

2.5 Conclusão .................................................................................................................................. 21

3. Envelhecimento cutâneo ................................................................................................................. 22

3.1 Contextualização ...................................................................................................................... 22

3.2 Envelhecimento cutâneo: Um desafio emergente ............................................................... 22

3.2.1 A pele e o processo de envelhecimento cutâneo ............................................................... 22

3.2.1.1 Envelhecimento intrínseco ............................................................................................... 23

3.2.1.2 Envelhecimento extrínseco .............................................................................................. 24

3.2.2 Mecanismos de envelhecimento ......................................................................................... 25

3.3 O mercado de produtos de antienvelhecimento ................................................................. 25

3.3.1 A gama antienvelhecimento da Vichy® ............................................................................ 27

3.4 Intervenção ............................................................................................................................... 28

3.4.1 Aconselhamento ao balcão .................................................................................................. 28

3.4.2 Fluxograma para aconselhamento e formação aos funcionários ................................. 28

3.5 Resultados ................................................................................................................................. 28

3.6 Discussão e Conclusão ............................................................................................................ 29

4. A Polimedicação nos Idosos ............................................................................................................ 30

4.1 Enquadramento ....................................................................................................................... 30

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Sandra Diana Pereira de Lima vi

4.1.1 Envelhecimento e os Fármacos .......................................................................................... 31

4.1.2 A Preparação individualizada da medicação................................................................... 32

4.1.2.1 Importância da Preparação Individualizada da Medicação na Estrutura

Residencial para Idosos ................................................................................................................ 33

4.1.3 Revisão da Medicação .......................................................................................................... 34

4.1.3.1 Critérios de Beers .............................................................................................................. 34

4.2 Intervenção ............................................................................................................................... 35

4.3 Resultados e Discussão............................................................................................................ 36

4.3.1 Perfil e Farmacoterapia dos Idosos ................................................................................... 36

4.3.2 Análise da medicação dos utentes do lar com base nos Critérios Beers ..................... 39

4.4 Conclusão .................................................................................................................................. 41

Referências ........................................................................................................................................... 42

Anexos .................................................................................................................................................. 47

Anexo 1- Publicações do Facebook ............................................................................................. 47

Anexo 2- Formulário ..................................................................................................................... 51

Anexo 3- Folheto informativo dado às pessoas no rastreio cardiovascular ......................... 53

Anexo 4- Boletim de monitorização ............................................................................................ 53

Anexo 5- Kit de amostras e folhetos entregues no aconselhamento ao balcão .................... 54

Anexo 6- Folheto que acompanhou o aconselhamento ao balcão .......................................... 54

Anexo 7- Fluxograma para aconselhamento de produtos antienvelhecimento da VICHY®

........................................................................................................................................................... 56

Anexo 8- Armazenamento dos medicamentos dos utentes ...................................................... 57

Anexo 9- Documento com o esquema posológico ...................................................................... 57

Anexo 10- Caixa dispensadora reutilizável ............................................................................... 57

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Sandra Diana Pereira de Lima vii

Lista de abreviaturas

FPS – Farmácia Pereira da Silva

MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica

MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

RM – Receita médica

PRM - Problemas relacionados com a medicação

RAM - Reações Adversas a Medicamentos

DCV - Doenças cardiovasculares

PA - Pressão Arterial

CT - Colesterol Total

LDL - Colesterol LDL

HDL – Colesterol HDL

PS – Pressão Sistólica

PD – Pressão Diastólica

HTA – Hipertensão Arterial

EC – Envelhecimento cutâneo

UVA – Radiação Ultravioleta do tipo A

UVB – Radiação Ultravioleta do tipo B

RM – Revisão da Medicação

IBP – Inibidores da Bomba de Protões

BZD – Benzodiazepinas

MPI - Medicamentos Potencialmente Inapropriados

Índice de figuras

Figura 1- Crescimento da página do Facebook

Figura 2- Tempo médio que os seguidores da FPS passam nas redes sociais

Figura 3- Fontes de informação a que os seguidores recorrem quando têm dúvidas na área de saúde.

Figura 4- Avaliação das publicações pelos seguidores

Figura 5- Distribuição dos valores da pressão arterial da população rastreada.

Figura 6- Distribuição dos valores da glicémia da população rastreada

Figura 7- Distribuição dos valores de Colesterol da população rastreada

Figura 8- Envelhecimento intrínseco da pele e perda de densidade óssea

Figura 9- Sinais de envelhecimento extrínseco

Figura 10- Histórico de vendas do último ano

Figura 11- Processo de entrega de medicação ao utente no lar de idosos

Índice de tabelas

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Sandra Diana Pereira de Lima viii

Tabela 1- Cronograma das atividades realizadas.

Tabela 2- Formações realizadas durante o estágio.

Tabela 3- Exemplos de ingredientes de origem botânica comuns nas formulações atualmente no mercado

Tabela 4- Tipos de medicamentos que os utentes do lar tomam diariamente

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 1

Parte 1 – Atividades desenvolvidas no âmbito de estágio

1. Calendarização das atividades realizadas no estágio

Ao longo do estágio, que decorreu de 15 de Janeiro a 15 de Julho, foram várias as atividades

realizadas, de acordo com o funcionamento da farmácia e o plano de estágio para farmácia comunitária.

As atividades desenvolvidas encontram-se resumidas na Tabela 1.

Tabela 1 - Cronograma das atividades realizadas.

Atividades

desenvolvidas

15-18

Jan

21-25

Jan 28 jan- 1 fev 4- 22 fev

25fev-15

Mar 15 Mar- 15 jul

Receção de

encomendas ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

Arrumação de

produtos ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

Marcação de

preços ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

Reposição de

stocks e

excedentes

✓ ✓ ✓ ✓ ✓

Atendimento ao

Público

✓ ✓ ✓ ✓

Formações ✓ ✓ ✓

Preparação

individualizada

da medicação

✓ ✓ ✓

Medição de

parâmetros

bioquímicos

✓ ✓

Devoluções e

Regularização

de Devoluções

Dinamização

das redes

sociais

✓ ✓ ✓ ✓

Rastreio

Cardiovascular ✓

Envelhecimento

cutâneo ✓

Legenda: jan – janeiro; fev – fevereiro; mar – março; jul – Julho.

As primeiras três semanas foram passadas maioritariamente a realizar tarefas de backoffice:

receção de encomendas, marcação de produtos e arrumação dos mesmos. São principalmente semanas

de adaptação ao modo como a farmácia funciona, mas que são essenciais para a realização das tarefas

futuras. Foi nesta primeira fase que comecei a conhecer os medicamentos, nomeadamente associar

marcas às substâncias ativas.

A partir da terceira semana, após perceber a dinâmica da farmácia no que diz respeito à

organização dos medicamentos, comecei a realizar atendimentos acompanhada, de modo a aprender a

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 2

utilizar o sistema informático, assim como começar a ter noção dos aconselhamentos dados aos utentes.

Posteriormente, quando me senti preparada, comecei a fazer atendimentos de forma autónoma.

Durante o período de estágio, realizei ainda três projetos interventivos: dinamização das redes

sociais, rastreio cardiovascular e aconselhamento/promoção de uma gama produtos de

antienvelhecimento. Além disto, realizei um estudo sobre a polimedicação nos idosos, devido a estar

envolvida na PIM durante o estágio.

2. Contextualização da Farmácia Pereira da Silva

2.1 Localização e horário de funcionamento

A Farmácia Pereira da Silva (FPS) localiza-se na Rua Dona Laurinda Ferreira de Magalhães

N°15, Moreira de Cónegos, uma das ruas centrais desta vila, pelo que é uma farmácia com elevada

movimentação. Em redor da farmácia pode encontrar-se o Centro de Saúde – UCSP Moreira de

Cónegos, Centro Paroquial Moreira de Cónegos (creche, pré-escolar, centro de dia, estrutura residencial

para pessoas idosas e serviço de apoio domiciliário), clínicas e estabelecimentos comerciais.

A farmácia funciona todos os dias da semana, sendo que de Segunda a Sábado cumpre o horário das 9H

às 21H e ao Domingo das 9h às 12H.

2.2 Funcionários

A FPS dispõe de oito funcionários, sendo que apenas dois desses elementos são farmacêuticos.

A FPS tem como Diretora Técnica a Doutora Anabela Lemos Esteves Pereira da Silva, licenciada em

Farmácia.

Nesta farmácia todos os funcionários estão responsáveis por: realizar e rececionar encomendas,

armazenamento dos medicamentos e atendimento ao público (indicação farmacêutica e dispensação de

medicamentos). A medição de parâmetros bioquímicos apenas é realizada pelos farmacêuticos.

2.3 Espaço físico interior

As instalações da Farmácia Pereira da Silva têm dois pisos. Um piso à face da rua e outro

subterrâneo. No primeiro encontra-se a zona de atendimento ao público composta por cinco balcões de

atendimento, um gabinete de apoio personalizado, um laboratório, um escritório e um compartimento

para receção de encomendas e armazenamento dos medicamentos. O piso subterrâneo tem um armazém

para guardar os produtos excedentes em grandes quantidades e uma zona para a Preparação

Individualizada da Medicação.

2.4 Perfil dos clientes

A maioria dos clientes da FPS são clientes habituais, na maioria polimedicados, que fazem

medicação de forma crónica para tratar problemas de saúde, tais como a hipertensão arterial, diabetes,

colesterol, depressão e ansiedade.

Alguns utentes também são clientes da FPS devido à proximidade ao centro de saúde, pelo que, ao longo

do dia surgem várias receita médicas de urgência.

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 3

3. Gestão da Farmácia

3.1 Sistema informático

O sistema informático utilizado pela FPS é o Sifarma2000. Este sistema auxilia a atividade do

farmacêutico comunitário, permitindo realizar e rececionar encomendas, gerir stocks, gerir reservas,

gerir as devoluções e realizar o atendimento ao público. É um sistema adaptado para todo o tipo de

atividades que o farmacêutico tem de realizar no seu dia-a-dia, pelo que ajuda a que se desempenhe a

atividade farmacêutica com melhor qualidade.

Além deste sistema informático, a FPS possui o novo módulo de atendimento desenvolvido pela

Glintt. Neste novo módulo, que é exclusivo só para atendimento, tive oportunidade de realizar vendas

com receita eletrónica, manual ou sem receita, realizar reservas, encomendas instantâneas, criar fichas

de clientes e regularizar vendas de produtos comparticipados. Ao longo do meu período de estágio, este

programa foi sofrendo diversas atualizações, pois tratava-se de uma versão teste. Neste momento, o

programa é capaz de executar as mesmas funções que o programa mais antigo, o Sifarma2000.

Assim, possibilitou-me a aprender em dois sistemas informáticos diferentes, para que me possa preparar

para no futuro trabalhar de forma autónoma em qualquer um deles. Indubitavelmente, o novo módulo

de atendimento é mais intuitivo, pelo que é mais fácil para quem está a aprender.

3.2 Aquisição de produtos e realização de encomendas

A maioria dos produtos são adquiridos com base na sua rotatividade, isto é, nos produtos que

são mais vendáveis e, consequentemente, que têm mais retorno para a farmácia. No Sifarma2000 são

definidos os stocks mínimos e máximos na ficha de cada produto, o que permite posteriormente gerar

de forma automática as propostas de encomendas diárias aos fornecedores. A FPS trabalha

essencialmente com duas empresas de distribuição grossista: Botelho & Rodrigues e Alliance

Healthcare.

Ambas as empresas entregam encomendas diárias, que são as encomendas que sustentam o stock

da farmácia. Após analisar essa proposta e corrigir possíveis quantidades de produtos a encomendar, a

encomenda é enviada para o respetivo fornecedor. As encomendas diárias devem ser realizadas até às

12 horas se for para a Botelho&Rodrigues ou até às 13 horas, no caso da Alliance Healthcare. Para além

destas duas empresas de distribuição, a FPS recorre também a outro distribuidor, a Empifarma, quando

as outras duas não conseguem satisfazer as necessidades da farmácia.

Para além das encomendas diárias, são também feitas encomendas instantâneas. Estas são

realizadas durante o atendimento ao público, permitindo ao farmacêutico encomendar um produto

específico que o utente necessita. O Sifarma2000 possibilita o acesso à disponibilidade do produto nos

laboratórios e à hora a que o medicamento vai estar disponível na farmácia. Por vezes, as encomendas

são feitas diretamente ao fornecedor, por via telefónica, quando o programa informático não reconhece

o produto ou quando surgem dúvidas em relação a este.

Caso sejam encomendas programadas, estas são feitas diretamente aos laboratórios, como é o

caso das encomendas mensais realizadas para a Mylan®, Sandoz®, Ratiopharm®, Teva® e Generis®.

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 4

São também adquiridos suplementos de nutrição específicos, de acordo com o que são mais

aconselhados aquando das consultas da nutrição que são prestadas na farmácia. Deste tipo de produtos

fazem parte produtos da marca Depuralina® e EasySlim®.

3.3 Receção de Encomendas

O conhecimento do esquema de entregas de encomendas diárias da FPS permitiu-me gerir o

tempo de forma a realizar as encomendas na devida hora. Para além disto, permitiu-me ter a certeza da

hora que o medicamento ia estar disponível na farmácia, durante os atendimentos ao público, quando

havia falhas no sistema informático, e este não me indicava a hora a que estava prevista a entrega do

produto em falta.

As encomendas que chegam à FPS são prontamente rececionadas no Sifarma2000. Geralmente

começa-se pelas encomendas instantâneas, pois a maioria são produtos reservados, o que significa que

o cliente foi informado da hora a que o medicamento estaria disponível na farmácia. Ao rececionar as

encomendas são lidos os códigos de barras dos produtos, confirmadas as quantidades e o preço de custo

à farmácia. Nos caso dos produtos de venda livre, os preços são marcados manualmente, com base nas

margens que a FPS definiu.

Ao conferir os produtos da encomenda, lidei com vários tipos de faturas: Via Verde, SOS e

fatura normal. Os produtos que vêm na fatura com via verde incluem aqueles que foram pedidos por

este canal no Sifarma, pois são normalmente produtos mais escassos do mercado. Para se proceder à

encomenda, é necessário identificar a receita do utente. Já as faturas SOS são de produtos que são

pedidos por via telefónica, com alguma urgência.

A maioria das faturas eram normais, que correspondiam às encomendas diárias ou instantâneas.

3.5 Gestão de stocks e prazos de validade

De 6 em 6 meses a FPS verifica os prazos validade de todos os seus produtos. Os produtos que

o prazo de validade acaba até 6 meses são colocados à parte, identificando-se o prazo de validade dos

mesmos, para que, aquando do atendimento ao público, o farmacêutico procure primeiro o produto nos

prazos de validade e, assim, serem primeira opção de venda. Esta organização é conhecida como

“FEFO” – “First-Expire, First-Out”, que significa que os primeiros a serem vendidos devem ser aqueles

que o prazo de validade é mais curto.

Durante esta inspeção aos produtos, é vista a rotatividade dos produtos de venda livre. Os

produtos com menor rotatividade são colocados num local específico, para posteriormente serem

vendidos ou devolvidos. Normalmente duas vezes por ano é feita uma revisão por toda a farmácia

analisando prazos e produtos com menor rotatividade.

Ao longo dos 6 meses de estágio tive oportunidade de inspecionar os prazos de validade dos

produtos da farmácia, especialmente os produtos de venda livre. Para além disso, diariamente na receção

de encomendas verificava o prazo de validade dos produtos.

3.6 Gestão de Reservas

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 5

As reservas têm um local próprio para serem colocadas e encontram-se divididas em pagas e

não pagas para que possa ser mais fácil encontrar durante o atendimento. Após um mês as reservas não

pagas expiram, pelo que têm de ser retiradas e repostas no stock da farmácia. As reservas pagas com

mais de um mês ficam na mesma numa estante à parte, pois são propriedade do cliente.

As reservas surgem de encomendas realizadas durante o atendimento, quando o produto não

está disponível na farmácia, ou então, quando um cliente pede para reservar produtos por via telefónica.

3.7 Armazenamento dos produtos

Os medicamentos após rececionados são guardados nas gavetas ou nas estantes. Nas primeiras

estão quase a totalidade dos medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM), organizados por ordem

alfabética, dose e laboratório. Nas estantes, que são exclusivamente dedicadas a medicamentos não

sujeitos a receita médica (MNSRM) e suplementos alimentares, também se encontram organizados da

mesma forma.

Os medicamentos que necessitem de ser conservados no frio (2-8 °C) são colocados no

frigorífico, igualmente por ordem alfabética.

Os medicamentos veterinários são guardados num local à parte, tanto os que têm de ser

conservados no frio, como os que têm de ser conservados a menos de 25ºC.

Os medicamentos psicotrópicos são guardados numa estante isolada.

Os outros produtos, tais como os de dermocosmética, de puericultura, higiene e suplementos

alimentares são colocados nas estantes expostas na zona de atendimento ao público, organizados por

marcas.

Todo o conhecimento sobre a organização e armazenamento dos produtos foi importante para

me familiarizar com os produtos da FPS, perceber quando e para que são utilizados e saber onde se

encontram. Assim, o atendimento ao público foi mais fácil depois de ter passado por esta fase, uma vez

que me permitiu ser mais eficaz no atendimento, tanto a nível de rapidez, como de indicação

farmacêutica, pois tendo um maior conhecimento dos produtos que existiam podia fazer opções mais

corretas.

3.8 Gestão de devoluções

Por vezes há necessidade de devolver os produtos que chegam à FPS. Existem vários motivos

para o fazer, sendo que os mais frequentes são: erro no envio do produto pelo fornecedor, erro no pedido

do produto pela farmácia, prazo de validade curto (inferior a 2 meses), preço de custo superior ao preço

de venda ao público e prazo de validade a expirar. A devolução tem de ser feita através do Sifarma2000,

onde fica registada.

Para a devolução ser feita é necessário indicar o motivo, referir o número da fatura onde o

produto está debitado e imprimir os documentos que comprovam a devolução em triplicado. Este

documento é assinado pelo funcionário e pelo motorista que recolhe o produto.

4. Atendimento ao público

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 6

4.1 Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica

A maioria dos atendimentos na FPS correspondem à dispensa de MSRM, tanto medicação

crónica como medicação para tratar problemas de saúde agudos.

Na dispensação clínica de medicamentos o farmacêutico deve avaliar o processo de uso do

medicamento, disponibilizar corretamente a medicação e informar o doente ou o cuidador do modo de

uso do medicamento.1

Deste modo, ao dispensar medicamentos analisei sempre quais os medicamentos em questão,

possíveis interações e posologias, de forma a detetar problemas relacionados com a medicação (PRM)

e evitar reações adversas a medicamentos (RAM). Questionei sempre também como o doente se sentia

em relação à medicação que estava a fazer, de modo a incentivar a adesão à terapêutica e o aconselhar

da melhor forma.

Ao longo do estágio tive possibilidade de dispensar receitas médicas eletrónicas (com e sem

papel), manuais e ainda, receitas de entidades seguradoras. Na receita médica manual é importante

verificar se a receita é válida: identificar o motivo de exceção, não conter rasuras, ter a vinheta do

prescritor, local de prescrição, nome e número do utente, data de prescrição e assinatura do prescritor.

De referir que nos últimos dois casos a atenção do farmacêutico é essencial para que não ocorra

erros na dispensação, uma vez que não se dispõe da funcionalidade de verificação do Sifarma2000,

como acontece na receita médica eletrónica.

Durante os atendimentos fui questionada muitas vezes pelos utentes sobre os medicamentos

genéricos. Percebi então que a população está pouco informada em relação a este assunto, acabando por

achar que um medicamento genérico é menos eficaz porque é mais barato. Assim, ao longo do tempo

tive de explicar de variadas maneiras o que era um genérico, dependendo de como a pessoa percebia

melhor a mensagem que queria passar.

4.2 Dispensa de psicotrópicos e estupefacientes

A FPS possui alguns medicamentos considerados “Psicotrópicos e Estupefacientes”, tais como

o buprenorfina, fentanilo, metilfenidato e tapentadol. A dispensa deste tipo de medicamentos pressupõe

a identificação do utente e do cliente que está a aviar a receita, uma vez que são medicamentos com um

controlo apertado. No final do atendimento guarda-se sempre o documento comprovativo da dispensa.

Ao longo do estágio dispensei essencialmente metilfenidato e tapentadol. O primeiro

essencialmente para crianças com mais de 6 anos e com Perturbação de Hiperatividade e Défice de

Atenção e o segundo para doentes oncológicos e idosos, em que a dor não era atenuada com Paracetamol

ou com a associação Tramadol/Paracetamol.

4.3 Indicação farmacêutica

Como já referi, a maioria dos atendimentos que realizei foi a dispensa de MSRM, no entanto ao

longo do estágio tive também possibilidade de intervir e aconselhar os utentes. Em alguns casos, pela

gravidade e/ou durabilidade dos sintomas, o utente foi incentivado a ir ao médico. Realizei

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 7

aconselhamento no âmbito da tosse, obstipação, dor muscular, suplementos alimentares, reações

alérgicas, insónias, entre outros.

A indicação farmacêutica é a atividade do farmacêutico que exige maior conhecimento a nível

de indicações, posologias e interações, para que o doente usufrua do máximo benefício dos produtos

que vai utilizar.2 É importante também para selecionar o MNSRM, o farmacêutico perceber se há

preferência pela forma farmacêutica, se tem preferência de preço ou se quer um produto mais natural,

para que se possa selecionar o produto mais adequado e, deste modo, proporcionar uma maior adesão à

terapêutica. Este tipo de intervenção foi sempre acompanhado por medidas não farmacológicas.

A nível de aconselhamento na área de cosmética e dermofarmácia, os casos foram poucos, uma

vez que os clientes da FPS não tinham interesse por esta área, devido à sua faixa etária, estilos de vida

e condições financeiras. Ainda assim, realizei aconselhamento a nível de antienvelhecimento, pele

hiperpigmentada, pele acneica e pele seca.

4.4 Produtos para uso veterinário

A FPS possui produtos para uso veterinário: antibióticos, anti-inflamatórios, anticoncecionais

para cães e gatos, suplementos alimentares, vacinas e desparasitantes.

Entre estes produtos, os que mais tive oportunidade de contactar e aconselhar foram os produtos

para desparasitação interna e externa.

4.5 Dispositivos médicos

A FPS tem alguma variedade de dispositivos médicos. Os dispositivos médicos com que mais

tive contacto foram: água do mar, meias de compressão, equipamento para medição da glicémia, frascos

para colheita de urina asséptica e sondas duodenais. A nível do atendimento as meias de compressão

são pedidas com muita frequência e é necessário medir pontos específicos da perna para que se perceba

qual o tamanho correto para cada pessoa. Devido à proximidade que a FPS tem com o lar de idosos,

havia também muita procura por seringas de alimentação e sondas duodenais para os utentes que já não

tinham capacidade para deglutir.

A água do mar, recomendada para higiene nasal, é talvez o produto de dispositivos médicos

mais vendido, principalmente para crianças.

4.6 Medicamentos manipulados

A FPS não faz preparação de medicamentos manipulados. Quando o utente traz uma receita

médica com um medicamento manipulado, a cópia da receita é enviada por FAX para uma farmácia.

Essa farmácia executa a preparação do medicamento e envia através de um dos fornecedores habituais

da FPS.

5. Conferência de receituário

Todos os meses, as receitas médicas manuais têm de ser enviadas para o Centro de Conferências

da Maia. Para evitar que a receita seja devolvida quando for inspecionada, as receitas são revistas antes

de serem enviadas.

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Sandra Diana Pereira de Lima 8

Para que a receita esteja apta a ser enviada deve-se analisar se os medicamentos prescritos

correspondem aos dispensados, assim como as respetivas quantidades, confirmar a validade da receita

e a entidade de comparticipação. No caso de receitas manuais, também deve ser confirmado que a receita

não possui nenhuma rasura, tem a vinheta do prescritor e apresenta o motivo de ser receita manual

(falência informática, inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio e até 40 receitas/mês).

6. Serviços de saúde prestados

A FPS tem ao dispor dos seus clientes uma variedade de serviços: administração de injetáveis,

determinação de parâmetros bioquímicos, consultas de nutrição e consultas de audiologia. Com menos

frequência promove também eventos que trazem benefícios aos seus clientes, tais como ecografias

emocionais 3D/4D gratuitas para as grávidas com mais de 16 semanas, rastreios dermatológicos e

rastreios nutricionais gratuitos.

6.1 Determinação de parâmetros bioquímicos

A FPS faz medição de: glicémia, pressão arterial, colesterol, triglicerídeos e ácido úrico. Durante

o meu estágio tive oportunidade de medir todos estes parâmetros a utentes. A medição deste tipo de

parâmetros fez com que aprendesse quais as melhores condições para fazer as determinações e, também,

a lidar com os aparelhos e com as respetivas tiras reativas.

Durante este serviço farmacêutico, reforçava as recomendações médicas dos utentes e

aconselhava medidas não farmacológicas que tivessem impacto naquele caso específico.

6.2 Preparação Individualizada da medicação

A Preparação Individualizada da Medicação (PIM) é um serviço executado pela farmacêutico

que consiste em organizar a medicação de um doente, nomeadamente as formas farmacêuticas sólidas

de uso oral.3 A medicação é organizada conforme a prescrição do médico em compartimentos que

correspondem a cada momento de toma (pequeno-almoço, almoço, lanche e jantar) para sete dias.

Na FPS, este serviço é feito exclusivamente para o lar de idosos, uma vez que estão

institucionalizados utentes polimedicados com várias doenças crónicas e com regimes terapêuticos

complexos.

Ao realizar todas as semanas a PIM, permitiu-me ter um maior conhecimento da realidade da maioria

dos idosos, conhecer os medicamentos e suas indicações terapêuticas e também ter mais noção das

posologias administradas. No fundo, permitiu-me um maior à vontade no atendimento ao público, uma

vez que a maioria dos clientes da farmácia sofriam das mesmas doenças e esquemas terapêuticos

similares.

7. Valormed

A Valormed é uma sociedade sem fins lucrativos responsável por gerir os resíduos de

medicamentos fora de uso e embalagens vazias, representando uma forma de assegurar a saúde pública,

pois evitam que este tipo de resíduos se misture com resíduos urbanos. Esta iniciativa surgiu da

colaboração entre a indústria farmacêutica, distribuidores e farmácias.4

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Sandra Diana Pereira de Lima 9

Para que todo este processo de recolha de resíduos seja possível, a FPS encomenda os

contentores Valormed à Alliance Healthcare, sem nenhum custo.

A FPS tem um contentor na zona de atendimento acessível aos clientes, outro nos balcões de

atendimento destinado ao uso pelos funcionários e outro na zona de receção de encomendas.

Quando um contentor fica cheio é devidamente selado e é solicitada a recolha através do

Sifarma2000. Os contentores têm um código próprio de identificação que quando é inserido no

Sifarma2000, abre automaticamente uma janela, para identificar o distribuidor que faz a recolha e o

código individual de cada contentor. O farmacêutico imprime o talão da recolha, assina e coloca no

respetivo contentor. Na próxima visita do distribuidor, os contentores são recolhidos.

Na FPS há uma grande adesão a esta iniciativa. Os clientes trazem sempre as embalagens ou os

medicamentos que já não usam para os contentores da Valormed, o que mostra que a população está

consciencializada para a importância de separar os resíduos de medicamentos dos outros resíduos

domésticos.

8. Programa Saúda

A FPS é uma das farmácias aderentes ao programa Saúda e, portanto, é uma das “Farmácias

Portuguesas”. Este programa é responsável pelo Cartão Saúda, que possibilita a acumulação de pontos

na aquisição de serviços ou produtos que não sejam MSRM. Posteriormente, os pontos acumulados

podem ser utilizados para rebater em produtos de Saúde e Bem-Estar ou podem ser convertidos em vales

de desconto.

Os clientes estão bastante habituados ao uso do cartão, pelo que se importam em gerir o número

de pontos, para poderem utilizá-los nos produtos que lhes são mais convenientes. Este programa é

bastante benéfico para clientes que recorrem muitas vezes à farmácia, pois acumulam mais pontos e,

portanto, têm mais benefícios.

9. Situações Particulares

Durante o atendimento ao público, contactei com alguns casos de erros no processo de uso do

medicamento, nomeadamente por falta de conhecimento dos utentes e esclarecimento por parte dos

profissionais de saúde.

Um utente chegou à farmácia e disse que se sentia indisposto, com tonturas, tremores e dores

de cabeça e, por isso, tencionava medir a pressão arterial. Num ambiente mais calmo e com o utente

sentado, medi a pressão arterial, que estava com os valores normais. Foi aqui que questionei o que se

passava, qual a medicação que usava e se não tinha alterado nenhum hábito recentemente. O utente

acabou por confessar que o medicamento antidepressivo tinha acabado e decidiu não tomar mais porque

não queria continuar a depender desse fármaco. Após analisar a receita médica que trazia, percebi que

a pessoa estava com sintomas de privação, uma vez que não fez a diminuição gradual do antidepressivo,

a duloxetina.

Posto isto, tive uma conversa com o utente, explicando todos os pormenores do tratamento que

estava a fazer, por que razão não poderia interromper abruptamente a toma e que, quando pretendesse

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 10

alterar a forma como usava o medicamento tinha que se aconselhar com o médico psiquiatra que a estava

a acompanhar.

Esta situação reforça a necessidade de se explicar as indicações terapêuticas dos fármacos e as

precauções a ter na sua utilização, pois aumentando o nível de informação dos utilizadores dos

medicamentos, as pessoas provavelmente poderão tomar decisões mais conscientes.

Outra situação bastante recorrente é os utentes não tomarem a medicação prescrita pelos

médicos, afirmando que os efeitos secundários são assustadores. Na maioria dos casos não se

aconselham com um profissional de saúde, recorrendo à Internet ou aos folhetos informativos dos

medicamentos. Os utentes acabam por admitir este tipo de situações só no final do atendimento, quando

já têm alguma confiança com o farmacêutico.

Presenciei o caso de uma utente que questionou se o suplemento alimentar que o médico

recomendou substituía a terapêutica da osteoporose, porque não a fazia, uma vez que o folheto

informativo era demasiado grande e por isso teve medo de tomar os comprimidos. Esta utente revelou

ainda que a prescrição do medicamento já estava a ser feita há quase um ano, mas que apenas tinha

aviado uma embalagem e que nunca tinha tomado. Neste caso também foi explicado à utente que todos

os fármacos têm benefícios e riscos, mas que se o medicamento lhe tinha sido prescrito, era porque

realmente precisava de o tomar. A utente admitiu que a dor nos ossos estava a piorar e que, então, ia

iniciar a terapêutica, porque já se sentia mais confiante para a tomar.

Estas situações foram as mais marcantes ao longo do estágio, uma vez que exigiram de mim

mais atenção, para explicar corretamente o modo de funcionamentos dos medicamentos, de forma a

aumentar a adesão à terapêutica, que era extremamente importante em ambos os casos. No entanto,

situações do género ocorriam quase diariamente no atendimento, mostrando que as pessoas estavam

pouco informadas em relação à medicação que tomavam.

Durante a dispensa de MSRM, também detetei interações entre fármacos, nomeadamente no

esquema posológico.

Uma prescrição de IBP, em jejum, com um composto de ferro tomado ao pequeno almoço foi

uma das situações em que precisei de intervir, pois claramente que o utente não ia beneficiar dos efeitos

da toma de ferro, porque o antiácido diminuía a absorção de ferro. Esta interação não punha em risco a

saúde do utente, mas não permitia obter o máximo benefício da terapêutica, pelo que foi aconselhado a

fazer a suplementação de ferro ao almoço.

Outro tipo de situações, não relacionadas com o processo de uso do medicamento, aconteciam

na FPS. Devido à grande proximidade e confiança que a comunidade tem com a FPS, as pessoas

recorriam à farmácia por variados motivos, por via telefónica. As chamadas telefónicas serviam para

pedir informações gerais, por exemplo, horários das clínicas médicas ou mesmo para perguntarem o que

poderiam tomar, conforme os sintomas que referiam. A situação mais grave que contactei, foi de um

utente que ligou para a farmácia dizendo que já tinha desmaiado, tinha tonturas e sentia-se fraca. Nesta

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Sandra Diana Pereira de Lima 11

situação recomendei que seria mais adequado ligar para o SNS24 porque nessa linha telefónica iria

receber melhores recomendações, pois poderia necessitar de apoio médico.

Concluindo, todas estas situações fizeram com que ganhasse mais experiência no contacto com

as pessoas, levando-as a tomar melhores decisões no que diz respeito ao processo de uso do

medicamento. Além disto, fui confrontada com a realidade de que é ser farmacêutico na farmácia

comunitária, onde somos o último contacto entre o Sistema Nacional de Saúde e o utente, mas também

é provavelmente o mais próximo e que poderá ter maior impacto na saúde da população.

10. Formação contínua

Os farmacêuticos têm a responsabilidade de apresentar as melhores soluções aos doentes, e estes

têm o direito de retirar o maior benefício terapêutico no uso dos medicamentos. 5 Durante o meu estágio

tive oportunidade de fazer algumas formações na FPS e outras online, na Academia Perrigo®. Todas as

formações permitiram-me aconselhar melhor os doentes durante os atendimentos e encontram-se

listadas na Tabela 2.

Tabela 2 -Formações realizadas durante o estágio.

Tema Promotor da formação Local Duração Data

Dor muscular e

Insónia

Bial® FPS 1 hora 06/02/2019

Hipersecreção e

Tosse seca

Mylan® FPS 2 horas 20/02/2019

Obstipação

Pele Casca de

Laranja

Academia Perrigo® Online 4 horas 31/03/2019

Gripes e

constipações

Academia Perrigo® Online 4 horas 1/04/2019

Agressões da pele Academia Perrigo® Online 4 horas 06/04/2019

Contraceção de

emergência

Academia Perrigo® Online 4 horas 14/04/2019

Proteção Solar Academia Perrigo® Online 4 horas 01/06/2019

Cuidado da Pele Academia Perrigo® Online 4 horas 02/06/2019

Suplementos

Alimentares

Absorvit® FPS 1 hora 02/07/2019

Parte 2 – Projetos desenvolvidos no âmbito do estágio em farmácia comunitária

1. Dinamização das redes sociais

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 12

1.1 Contextualização

A FPS tem presença nas redes sociais, nomeadamente no Facebook. Possui uma página com

1168 gostos e 1163 seguidores. No início do estágio, percebi que os funcionários não estavam a atualizar

a página, por falta de tempo e ideias. Deste modo, sabendo das potencialidades que esta página teria,

propus dinamizá-la.

1.2 As redes sociais e o impacto na sociedade

As redes sociais são plataformas interativas através das quais os utilizadores podem criar,

partilhar e discutir conteúdos gerados pelos próprios utilizadores, utilizando as novas tecnologias

baseadas na Internet. 6

Nos últimos anos, as redes sociais mudaram a forma como as pessoas procuram e partilham

informações na área da saúde. 7 Embora estas englobem uma enorme variedade de sites, o Facebook é

o principal, uma vez que tem biliões de utilizadores ativos mensalmente, a nível mundial.6 No que diz

respeito a Portugal, esta realidade não é diferente, pois 95% dos portugueses têm conta no Facebook.

Nesta rede social, 54.1% dos portugueses são seguidores de marcas ou empresas, o que revela a utilidade

desta ferramenta no contacto com os consumidores, contribuindo para aproximar a farmácia do público.

8

No caso específico de um negócio como o da Farmácia, observa-se que se instala um certo

comodismo no que diz respeito a estratégias de marketing, e as redes sociais têm sido encaradas como

uma das principais potencialidades para dar a conhecer o negócio. 9 Estas novas plataformas digitais

trazem uma variedade de benefícios, tais como aumentar a visibilidade da marca, aumentar a interação

com clientes e proporcionar menores custos em termos de marketing, assim como o tempo dispensado

em campanhas de publicidade.10

A farmácia para além de ser uma empresa, é também o local onde a população tem mais

facilidade para obter informação científica fidedigna. É muitas vezes o primeiro local onde o utente

recorre quando tem um problema de saúde. 11 Deste modo, faz todo o sentido estender o papel do

farmacêutico como agente de saúde pública e na educação para a saúde, para as plataformas digitais,

onde os portugueses passam cerca de 91 minutos por dia. 12 Usando este tipo de plataformas, os

profissionais de saúde conseguem chegar mais facilmente à população, cedendo-lhes informações e

aconselhamento na área da saúde, tanto em formato de texto como utilizando imagens e esquemas, que

facilitam a compreensão.7 Além disso, nas redes sociais é mais fácil fazer chegar a informação a um

maior número de pessoas, porque cada pessoa tem a possibilidade de partilhar a informação na sua

própria página da rede social. 7

Do ponto de vista do consumidor há ainda outra vantagem: conhecerem as experiências de

outras pessoas sobre produtos de saúde. As pessoas podem avaliar os produtos de saúde nos respetivos

locais de venda, o que constitui uma vantagem para um futuro consumidor. 7

Como qualquer outra estratégia de marketing, as redes sociais também têm as suas

desvantagens. Em primeiro lugar, as empresas precisam de perceber que é necessário dedicar tempo à

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Sandra Diana Pereira de Lima 13

sua gestão, pois apesar de ocuparem menos tempo do que campanhas publicitárias requerem uma

atenção e atualização constante. Além disto, nas plataformas digitais, onde tudo pode ser divulgado por

todos, deve-se ter cuidado com os direitos de autor, principalmente da marca, para que não seja utilizada

indevidamente por terceiros. 13

Os consumidores podem comentar e partilhar os conteúdos das páginas, tornando-se eles

próprios anunciantes da empresa, o que faz com que o impacto da sua opinião seja maior. Deste modo,

a empresa fica mais exposta aos feedbacks negativos, que os próprios seguidores podem criar, pelo que

a empresa deve pensar estratégias para neutralizar e reagir a este tipo de situações.13

O objetivo deste projeto foi promover a educação para a saúde, promover produtos e serviços

da farmácia e criar uma relação com os clientes mais intimista, no meio digital.

1.3 Intervenção

Para alcançar os objetivos deste projeto foram feitas várias publicações no Facebook, que tinham

sempre como foco o cliente e eram feitas de forma regular, normalmente duas por semana, no sentido

de manter a página presente no “feed de notícias” dos seguidores, mas não os cansar nem os encher com

demasiadas informações, para que não fossem perdidos seguidores.

Os temas abordados podem dividir-se em três categorias: publicidade, educação e

entretenimento. Estas categorias foram pensadas no início do projeto, para que a FPS, através da sua

página, interagisse a vários níveis.

Nas publicações de caráter promocional eram promovidos produtos que a farmácia tinha

interesse em publicitar, quer por terem menos vendas ou por serem um produto novo. Nas publicações

no âmbito da educação, os temas eram escolhidos conforme dias comemorativos (dia mundial da

incontinência urinária, dia mundial da luta contra o cancro, dia nacional do doente coronário, entre

outros) e eram abordadas as patologias, o tratamento, os sinais de alerta e a prevenção das mesmas. Por

vezes, eram também abordados temas que a Direção Geral de Saúde publicava no seu site ou outros

relacionados com a época do ano, como no caso das alergias.

No âmbito de entretenimento, as publicações eram feitas no sentido de criar ligação com os

clientes, tornando a página mais interativa e divertida.

As publicações elaboradas por mim são apresentadas no Anexo 1.

Para avaliar a importância que os seguidores dão às páginas que abordam temas de saúde,

elaborei um questionário através dos Formulários Google (Anexo 2). O formulário foi publicado na

página de Facebook da FPS para que apenas os seguidores respondessem, de modo a obter a experiência

pessoal de cada um.

1.4 Resultados e discussão

1.4.1 Crescimento da página

Antes de começar a gerir a página, como já referi, a página tinha 1168 gostos e 1163 seguidores.

Depois de 3 meses a atualizar a página com novos conteúdos, a página ficou com 1346 gostos e 1343

seguidores (Figura 1).

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Além disto, as pessoas começaram a utilizar a opção de mensagens privadas para contactar a

farmácia sobre marcação de consultas de nutrição e confirmar a existência de produtos de

dermofarmácia, o que eu considero uma vantagem, pois não sendo assuntos de grande urgência podem

ser respondidos quando houver disponibilidade por parte dos funcionários, evitando uma chamada

telefónica que muitas vezes interrompe as tarefas diárias dos funcionários.

O tempo médio estimado de resposta da página é de 2 horas e 41 minutos. Segundo a ferramenta

de gestão de páginas do Facebook, a página é considerada “muito responsiva” quando responde a mais

de 90% das mensagens em menos de 15minutos. A página não atingiu este nível, mas melhorou a

capacidade de resposta, que no início do projeto era cerca de 16 horas. No entanto, isto implicaria ter

constantemente um farmacêutico atento a esta rede social, o que não é o esperado, pois numa empresa

como a farmácia apenas se deve aproveitar as vantagens que as redes sociais têm, contudo não se pode

tornar o foco do negócio.

1.4.2 Avaliação pelos seguidores

O formulário não teve uma grande adesão, apenas 2% dos seguidores responderam, dos quais

81,5% eram do sexo feminino e 40,7% tinham entre 35-55 anos. Estas informações pessoais dos

seguidores que responderam não surpreendem, uma vez que nas publicações as interações (gostos,

comentários, partilhas) vinham maioritariamente de mulheres nessa faixa etária.

A questão relativa ao tempo médio que os seguidores passam nas redes sociais teve como

objetivo perceber se os seguidores da FPS têm uma ligação forte às redes sociais (Figura 2).

Analisando os resultados, podemos ver que a maioria dos seguidores, cerca de 74%, passa mais de 1

hora nas redes sociais. Este resultado revela que dedicam parte do seu tempo a esta nova forma de

entretenimento e, portanto, estão mais predispostos a verem as publicações feitas na página do

Facebook.

1168

1289

1346

10501100115012001250130013501400

Fevereiro Março Abril

Go

sto

s n

a p

ágin

a

Mês

Crescimento da Página

Figura 1 - Crescimento da página ao longo dos meses.

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Sandra Diana Pereira de Lima 15

Além disto, procurou-se saber, já no âmbito da saúde, a quem os seguidores recorriam para

obterem informações sobre problemas de saúde ou medicamentos (Figura 3).

A maioria, respondeu que recorria à Internet, sendo 48,1% recorria ao Google ou ao Facebook

e apenas 18,5% recorre a fontes fidedignas como o Infarmed ou a DGS. Assim, percebe-se a importância

de trazer informação de confiança para as redes sociais, pois as pessoas não procuram pela informação

mais correta, mas sim pela informação mais disponível e mais rápida de obter. É importante também

referir que 22,2% das pessoas recorre ao farmacêutico, o que apoia o facto de a farmácia ser a fonte de

informação científica mais próxima da comunidade.

De forma a avaliar as publicações ao longo dos últimos meses, perguntou-se aos seguidores o

que acharam delas, de forma a perceber se as imagens elaboradas captavam a atenção e eram facilmente

entendidas (Figura 4).

Pelo gráfico percebemos que a maioria dos inquiridos se identificou com o tipo de publicações,

achando os temas interessantes. No entanto, cerca de 11,1% (3 pessoas) consideraram os temas inúteis

e outros 11,1% acharam as publicações desinteressantes.

Figura 3 – Fontes de informação a que os seguidores recorrem quando

têm dúvidas na área de saúde.

Figura 2- Tempo médio que os seguidores da FPS passam nas redes

sociais.

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 16

De modo a perceber a razão pela qual têm estas opiniões, foram analisados os questionários

individualmente. No caso dos inquiridos que acharam que os temas eram de conhecimento geral há um

parâmetro em comum, que é todos serem seguidores de várias páginas que abordam temas de saúde.

Talvez seja por isso que consideraram os temas de conhecimento geral, pois como seguidores de várias

páginas do género, há uma grande probabilidade de já estarem informados sobre o tema. No caso dos

seguidores que não leram as publicações por não acharem cativantes não há um perfil comum aos 3,

mas dois deles não seguem outras páginas de saúde, pelo que possivelmente não seja um tema de

interesse para eles, pelo menos no que diz respeito às redes sociais.

1.5 Conclusão

Com os resultados obtidos, através dos números da página e do inquérito, pode-se concluir que

o investimento nas redes sociais é muito importante, uma vez que a maioria dos inquiridos segue várias

páginas que abordam temas de saúde. Dos seguidores inquiridos, 72,2% admite que segue a página

como forma de se informar, no entanto, 38,8% também vê neste tipo de páginas a possibilidade de

conhecer os novos produtos do mercado.

Apesar do questionário não ser representativo dos seguidores, pois apenas 2% dos seguidores

da página responderam, esta é a única forma de avaliar o grau de satisfação dos mesmos com a página.

Ainda no questionário, foi pedido às pessoas que sugerissem temas para publicações futuras,

uma vez que a Diretora Técnica pretende continuar a atualizar as redes sociais de forma mais regular.

Os temas sugeridos para próximas publicações foram a proteção solar, a osteoporose e a prevenção de

piolhos.

Como estagiária, a dinamização das redes sociais permitiu-me também aprofundar o meu

conhecimento nos temas abordados, pois envolvia sempre uma pesquisa e seleção de informação mais

relevante para os seguidores em páginas como a Direção-Geral de Saúde, INFARMED, Sociedade

Portuguesa de Cardiologia, Sociedade Portuguesa de Reumatologia, entre outros. Assim, aprendi a

tornar a informação mais simples para chegar a mensagem às pessoas.

Figura 4 - Avaliação das publicações pelos seguidores.

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Sandra Diana Pereira de Lima 17

Além disto, possibilitou-me ver o outro lado das redes sociais, o lado mais profissional, que

envolve as interações, o alcance e o público-alvo, ou seja, a quem é a que publicação chega e a quem é

que interessa. Por outro lado, fora da área do farmacêutico, permitiu-me conhecer novos programas de

design, que me possibilitaram criar as publicações do Facebook de forma mais rápida e atraente.

2. Rastreio cardiovascular

2.1 Contextualização

As “Jornadas Sociais” organizadas no Município de Guimarães envolvem a participação de

variadas freguesias: Moreira de Cónegos, Conde e Gandarela, Guardizela, Lordelo e Serzedelo. Neste

evento, que decorreu de 18 a 24 de Março, foram desenvolvidas várias atividades, tais como: palestras,

sessões de sensibilização e rastreios oftalmológicos, cognitivos, de nutrição e cardiovasculares. A FPS

foi convidada pela Junta de Freguesia de Moreira de Cónegos para realizar um rastreio cardiovascular à

população. Deste modo, tive oportunidade de participar no rastreio cardiovascular, acompanhada pela

Doutora Anabela, minha orientadora de estágio. O rastreio foi realizado no dia 18 de Março, das 9H30

às 12H e das 14H30 às 16H30, na Junta de Freguesia de Moreira de Cónegos.

2.2 As doenças cardiovasculares em Portugal

As doenças cardiovasculares (DCV) matam cerca de 35000 pessoas por ano em Portugal,

constituindo a principal causa de morte.14, 15 O acidente vascular cerebral e a doença coronária são dos

principais problemas de saúde que contribuem para a incapacidade e morte prematura no nosso país.

Apesar de terem uma grande prevalência, a mortalidade causada por estas doenças começa a diminuir,

devido a um maior conhecimento da população sobre os fatores de risco, assim como pelo aumento do

uso de tratamentos farmacológicos para a hipertensão arterial e colesterol. 14

Os fatores de risco associados às DCV podem ser categorizados em não modificáveis e

modificáveis. Os primeiros, como o nome sugere, não podem ser alterados e fazem parte destes a

hereditariedade, sexo e idade. Pelo contrário, os fatores de risco modificáveis podem ser alterados

através de mudanças no estilo de vida, e fazem parte destes o sedentarismo, a hipertensão, o tabagismo,

o stress, a obesidade, a diabetes e a dislipidemia. 16 Em Portugal existem cerca de 2 milhões de

hipertensos, mas apenas 50% sabe que sofre deste problema de saúde, o que representa um risco

acrescido, uma vez que os doentes não controlam a hipertensão arterial. 17 Além disto, estudos mostram

que os níveis de obesidade continuam altos em toda a Europa e que a diabetes aumentou muito nos

últimos anos. 18

A prevenção e o controlo dos fatores de risco, assim como o reconhecimento dos sinais e

sintomas de um evento agudo são essenciais para reduzir o número e gravidade das DCV. Um estudo

realizado na população portuguesa em 2017, a pessoas com idades entre os 16 e 79 anos, revelou que

há muitas falhas no conhecimento de pormenores importantes das DCV e que a falha de informação é

maior na população menos alfabetizada. 14 Assim, os rastreios cardiovasculares são fundamentais para

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 18

controlar os fatores de risco conhecidos e sensibilizar a população a adotar estilos de vida mais

saudáveis. 19

As estratégias de prevenção e tratamento não farmacológico passam por fazer exercício

regularmente, ter uma dieta saudável, manter um peso adequado e uma boa pressão arterial. Estas

medidas são essenciais para prevenir as DCV. 20 Apesar de existirem estudos contraditórios, há cada vez

mais uma forte relação entre a alimentação e as doenças cardiovasculares, especialmente no que diz

respeito ao baixo consumo de sal e preferência pelas gorduras insaturadas e pelos hidratos de carbono

complexos.15, 21

Deste modo, o objetivo do rastreio cardiovascular realizado é identificar fatores de risco na

população para que possam ser minimizados e consequentemente, prevenir ou impedir o agravamento

da DCV. Pretende-se também esclarecer e aconselhar a população para que fique mais

consciencializada para as consequências das DCV.

2.3 Intervenção

O rastreio cardiovascular era um dos vários rastreios realizados na área da saúde. As pessoas

que eram rastreadas começavam pelo rastreio oftalmológico, de seguida realizavam o cardiovascular e,

por fim, o nutricional. Os participantes podiam ser qualquer pessoa que se dirigisse à Junta de Freguesia

de Moreira de Cónegos, pelo que não havia nenhum critério de inclusão. A maioria dos participantes

pertenciam à Universidade Sénior, uma vez que tinham sido dispensados das suas atividades para

participarem no rastreio cardiovascular.

No rastreio cardiovascular foram medidos vários parâmetros: Pressão Arterial (PA), Glicémia

Colesterol Total (CT). Foram também questionados sobre a medicação que utilizavam, qual o seu

historial de doenças e a sua idade.

Durante o tempo que o utente estava a ser rastreado, era questionado sobre os seus hábitos

alimentares e de exercício físico, para que fossem dadas as melhores recomendações ao nível do estilo

de vida, recorrendo ao folheto informativo (Anexo 3). Estas recomendações eram certamente reforçadas

aquando do rastreio de nutrição, realizado por uma nutricionista.

Os valores determinados eram anotados numa folha de registo e num boletim de monitorização,

que criei especialmente para o rastreio (Anexo 4), para que os participantes pudessem comparar os níveis

nas medições futuras. Esse boletim por vezes não era necessário, pois algumas pessoas já faziam

monitorização no Centro de Saúde, pelo que tinham um boletim para esse efeito e pediam que anotasse

lá.

2.4 Resultados e discussão

No rastreio cardiovascular realizado participaram 31 pessoas: 67,7% do sexo feminino e 32,3%

do sexo masculino. A idade dos participantes variou entre os 30 e os 80 anos, sendo a média das idades

de 61 anos.

Nenhum participante sabia que medicação estava a tomar, apenas sabiam para que problemas

de saúde tomavam algum fármaco.

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 19

2.4.1 Pressão Arterial

Os valores de PA são apresentados no gráfico abaixo (Figura 5).

Os valores de PA foram analisados conforme a seguinte classificação: PS≤139mmHg e

PD≤89mmHg – normal-alta, PS≥140mmHg e PD≥90mmHg – hipertensão e PS≥140 e PD≤90 –

hipertensão sistólica isolada.22

Após a análise dos dados conclui-se que a maioria da população rastreada (67.7%) tem os

valores de PA dentro da categoria “normal/normal-alta”.

Da população que possui valores de PA elevados, apenas duas estavam diagnosticadas com

HTA e medicadas com anti-hipertensores, pelo que lhes foi aconselhado a visitar novamente o médico

para averiguar a necessidade da alteração de dose ou substância ativa. Além disto, foi sempre reforçada

a importância da adesão à terapêutica.

As restantes pessoas que apresentavam valores acima das referências foram aconselhadas

relativamente a medidas não farmacológicas, particularmente a nível da alimentação. Todas as que

tinham os níveis alterados foram aconselhadas a irem ao seu médico de família, para que fossem tomadas

as devidas medidas, farmacológicas ou não farmacológicas.

Na população com valores “normal-normal altos” encontram-se 3 pessoas que estão

diagnosticadas com HTA, o que significa que têm os seus níveis controlados.

Apesar de não se saber qual o grau de hipertensão arterial que cada pessoa tem e, por isso, não

se poder concluir se os objetivos terapêuticos estão a ser atingidos ou não, podemos sempre afirmar que

3 destes rastreados têm os seus valores incluídos no parâmetro de pressão arterial normal-alta, o que

para a população em geral é bom, uma vez que se pretende que os valores sejam abaixo de 140/90. 23

2.4.2 Glicémia

Os valores de glicémia determinados são apresentados no gráfico abaixo (Figura 6).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Normal/Normal Alta Hipertensão Arterial Hipertensão Sistólica

Isolada

% P

arti

cip

ante

s

Classificação

Pressão Arterial

Figura 5- Distribuição dos valores da pressão arterial da população

rastreada.

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 20

Os valores determinados estão divididos no gráfico conforme a seguinte classificação: ≤70mg/dl

– hipoglicémia, 70-140mg/dl – normal, 140-200mg/dl pré-diabetes e ≥200mg/dl – diabetes, uma vez

que os participantes tinham tido uma refeição há menos de duas horas. 24

Como é visível no gráfico, 77.4% dos rastreados possuía valores de glicémia normais. Dos

rastreados que afirmaram ter diabetes nenhum se inclui neste grupo, pelo que significa que a terapia com

antidiabéticos orais não está a ser totalmente eficaz.

Um dos participantes com Diabetes já diagnosticada, tinha um valor de glicémia de 246 mg/dl,

o que pode ser explicado por estar a ajustar a posologia de antidiabéticos orais, com orientação médica.

Após ter revelado isto, aconselhei-o a monitorizar os níveis e para voltar ao médico em caso de continuar

com os níveis de glicémia descontrolados.

Para além deste senhor com Diabetes diagnosticada, foi rastreada outra pessoa que apresentou

um valor extremamente alto de glicémia (211mg/dl) que nunca media este parâmetro, mas que sentia

constantemente vontade de urinar, sede e boca seca. Esta senhora de 79 anos foi aconselhada a ir ao

médico para que este fizesse a avaliação do estado de saúde.

2.4.3 Colesterol

Os valores de colesterol determinados são apresentados na Figura 7.

Para a população em geral, sem doenças crónicas ou fatores de risco, os valores de CT

recomendados são abaixo de 190mg/dl. 25-27 No entanto, doentes com patologia coronária, diabetes ou

insuficiência renal, recomendam-se valores de CT abaixo de 175mg/dl, pois são considerados doentes

de alto risco. 27

Os valores de referência do CT não variam com a ingestão de alimentos, pelo que podem ser

medidos a qualquer hora do dia. 26

Analisando o gráfico (Figura 7) podemos concluir que a maioria da população possui os níveis

de CT elevados (≥190mg/dl). De entre esta população com os níveis elevados encontramos duas pessoas

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Hipoglicémia Normal Pré-diabetes Diabetes

% P

arti

cip

ante

s

Classificação

Glicémia

Figura 6- Distribuição dos valores da glicémia da população rastreada.

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 21

que estão medicadas com antidislipidémicos. A essas pessoas foram reforçadas as medidas não

farmacológicas para diminuir o CT.

No rastreio cardiovascular apenas surgiram duas pessoas com Diabetes diagnosticada.

Indivíduos com Diabetes, insuficiência renal, patologias coronárias ou doenças ateroscleróticas são

considerados doentes de alto risco, pelo que têm como objetivo valores inferiores a 175mg/dl.27 Neste

caso, ambas as pessoas de alto risco cumprem os objetivos terapêuticos, apresentando valores de CT

inferiores aos estabelecidos.

Um rastreio cardiovascular é sempre uma ótima atividade para o farmacêutico se aproximar da

população e assim, ganhar a sua confiança, para que consiga mudar estilos de vida e aumentar a adesão

à terapêutica.

Apesar do rastreio ter poucos participantes, senti que as pessoas que foram rastreadas, vinham

dispostas a ouvir conselhos e a tirar dúvidas. Quase todas as pessoas que rastreei, aquando da medição

da glicémia, questionavam o que era a diabetes, que tinham muito receio, mas que não sabiam o que era

concretamente. Nesses casos esclareci o que era a diabetes, a diferença entre a diabetes tipo 1 e tipo 2,

assim como a importância de manter um peso adequado, evitar a ingestão de açúcar e gordura em

excesso e de fazer exercício físico.

A nível de estilo de vida, a maioria dos rastreados, fazia algum tipo de atividade física,

nomeadamente caminhadas ou hidroginástica, pelo menos três vezes por semana. Foi reforçada a

importância de se manterem ativos e de seguirem uma alimentação saudável.

A população do rastreio que tomava antidislipidémicos e que continuava com valores altos de

CT afirmou que, por vezes, não tomava a medicação, porque achava que os medicamentos tinham mais

efeitos adversos que benefícios terapêuticos. A estas pessoas foi explicado as consequências que podiam

advir de um CT elevado, principalmente associado a outros fatores de risco, como diabetes e HTA.

2.5 Conclusão

Como balanço final, posso afirmar que apesar de terem sido rastreadas poucas pessoas, senti

que as pessoas saíram do rastreio com uma consciência maior sobre a gravidade das DCV, o que é

importante, para que sigam as recomendações não farmacológicas e farmacológicas.

0

10

20

30

40

50

60

70

≤175 175-190 ≥190

% P

art

icip

an

tes

Classificação

Colesterol

Figura 7- Distribuição dos valores de Colesterol da população rastreada.

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 22

Assim, é extremamente importante fazer este tipo de atividades, para que se possa detetar fatores de

risco na população e alertar para as suas consequências.

3. Envelhecimento cutâneo

3.1 Contextualização

O projeto de envelhecimento cutâneo (EC) surgiu com o intuito de promover a saúde da pele,

uma vez que se notou desinteresse por parte dos clientes da FPS neste tipo de produtos, o que se refletiu

na diminuição das vendas. Assim, a ideia deste projeto foi explicar a importância de cuidar da pele, de

a manter hidratada e protegida da luz solar e, ainda, aumentar as vendas da marca Vichy®.

O projeto foi concretizado entre maio e junho.

3.2 Envelhecimento cutâneo: Um desafio emergente

O aumento da esperança média de vida trouxe um novo desafio a nível clínico: o

envelhecimento. Estima-se que em 2050, 22% da população mundial sejam pessoas com idade superior

a 60 anos, pelo que o EC cada vez mais irá ser um problema na sociedade.28

O envelhecimento é um processo natural de alterações bioquímicas, que levam à acumulação de

danos, resultando em doença e morte. 29 A pele é dos primeiros órgãos a exibir o envelhecimento e ao

longo do tempo vai perdendo a capacidade de manter a homeostasia do corpo humano a nível de

temperatura, eletrólitos e balanço hídrico.29

Além do processo de envelhecimento, do qual resultam alterações de funções e propriedades

biofísicas da pele, o cancro de pele associado ao estilo de vida da sociedade também está a aumentar. A

obsessão que a cultura ocidental tem pelo bronzeado dourado é uma das razões apontadas para o

aumento da taxa de cancro e para o envelhecimento prematuro da pele.28, 30

Deste modo, estes dois fatores emergentes fazem com que seja necessário ter soluções para a

pele continuar funcional e/ou evitar o agravamento do seu estado.28

Em qualquer parte do mundo há o desejo de viver mais tempo e parecer mais jovem, por isso o

mercado de antienvelhecimento tem de estar em constante investigação. 31

3.2.1 A pele e o processo de envelhecimento cutâneo

A pele é o maior órgão do nosso organismo, em peso e extensão, e é considerada um verdadeiro

“universo biológico”, por incorporar todos os sistemas de suporte do corpo, contribuindo para a

homeostasia do organismo. Apesar deste órgão ter mostrado uma excelente adaptação às condições de

vida do planeta, nomeadamente às radiações ultravioleta, o estado da pele ainda é considerado uma das

principais causas de doenças não fatais. Esta realidade tende a ser cada vez maior, à medida que

envelhecemos ou temos hábitos prejudiciais à saúde (sedentarismo, tabaco, álcool e açúcar).30

A pele é constituída por várias camadas: epiderme, derme e hipoderme. A hipoderme separa a

derme de uma camada de tecido conjuntivo e é composta essencialmente por células adiposas,

fornecendo proteção mecânica e isolamento térmico.28

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 23

A camada seguinte, a derme, é predominantemente composta por tecido conjuntivo,

nomeadamente fibras de colagénio e elastina, e é secretada essencialmente por fibroblastos. 28, 30

As fibras de colagénio conferem resistência à tração, enquanto que as fibras de elastina

contribuem para a elasticidade e resiliência da pele. Esta matriz possui também na sua composição

proteoglicanos ricos em glicosaminoglicanos. A glucosamina, produzida pelos fibroblastos, é essencial

para controlar a humidade da pele, devido à alta composição em ácido hialurónico. 28, 30 Nesta camada,

existem ainda pêlos, glândulas sebáceas, vasos sanguíneos e terminações nervosas, que estabelecem

comunicação com o restante organismo.30, 32

Por fim, a camada mais externa, a epiderme é composta por duas estruturas principais: uma

composta por queratinócitos e outra, o estrato córneo, composta por corneócitos achatados mortos. O

estrato córneo é a camada que está mais exposta, protegendo de agressões externas e conferindo

impermeabilização à pele, mantendo uma hidratação cutânea ideal. É esta camada que permite a

penetração de água, lípidos e outras substâncias, tais como os produtos de cuidado de pele.28, 30

A epiderme, para além destes dois tipos de células, contém também os melanócitos (produzem

a melanina que dá cor à pele), células de Langerhans (têm funções imunológicas) e células de Merkel

(atividade neuro-sensorial).30, 32

A pele envelhecida apresenta a barreira lipídica alterada, angiogénese, aumento da perda de

água transepidérmica, redução do teor de humidade da pele, diminuição da produção de sebo, alteração

das funções imunológicas (por diminuição das células) e aumento do pH da superfície da pele. Além

disto, há maior predisposição para desenvolver doenças benignas e malignas. O envelhecimento da pele

pode ser dividido em dois tipos: intrínseco e extrínseco.28-30

3.2.1.1 Envelhecimento intrínseco

O envelhecimento intrínseco ou cronológico está associado à idade e à predisposição genética,

representando um processo lento e quase impercetível.29, 30

Uma pele envelhecida, por este processo, carateriza-se por uma pele mais seca, mais dura,

menos elástica, com rugas finas e muitas vezes apresenta prurido. 28-30 Estas caraterísticas resultam da

diminuição dos fibroblastos, da diminuição da produção de colagénio e da diminuição da junção derme-

epiderme. A diminuição desta junção provoca diminuição do aporte de nutrientes e eliminação de

produtos metabólicos, através da epiderme, provocando acumulação de

radicais livres e, portanto, maior dano oxidativo.28, 30

A Figura 8 mostra as diferenças da pele aos 45 e aos 70 anos,

na zona interna do braço, onde se nota uma perda de firmeza, devido à

perda de colagénio na pele. Esta perda de colagénio está intimamente

relacionada com a perda de densidade mineral óssea, como se vê na

figura. A principal razão para estes dois acontecimentos é a diminuição

dos níveis de estrogénios que ocorrem no período pós-menopausa,

enfatizando-se assim o impacto hormonal no EC. 28

Figura 8- Envelhecimento

intrínseco da pele e perda de

densidade óssea.29

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 24

A perda de colagénio referida acima deve-se à diminuição da renovação do colagénio, pois com

a idade há diminuição da produção de colagénio e aumento das metaloproteínas da matriz, que degradam

o colagénio produzido. Estes acontecimentos, juntamente com a perda de elastina (proporciona à pele

capacidade de esticar até ao dobro do comprimento original), levam à redução da espessura da derme e

ao seu endurecimento. A nível macroscópico, o que se observa é uma pele com menos volume e força.28

Note-se que uma pele bem hidratada e protegida dos raios ultravioleta exibe uma ótima

resiliência ao envelhecimento cronológico.30

3.2.1.2 Envelhecimento extrínseco

O envelhecimento extrínseco é um processo maioritariamente

associado a fatores externos ao indivíduo, nomeadamente ambientais

(exposição solar, poluição), mecânicos (franzir a testa) e sociais (hábitos

alimentares e de sono).28, 29, 33 Manifesta-se essencialmente por rugas

profundas, lesões pigmentadas, queratose actínica e hiperpigmentações

irregulares (Figura 9). Os fatores externos provocam o aparecimento das

marcas de envelhecimento mais rapidamente que os fatores intrínsecos.28,

29

O envelhecimento extrínseco é mais aparente em locais corporais

expostos ao sol, como a cara, o pescoço, o peito e os braços.28 Estima-se

que 80% dos efeitos do envelhecimento da pele sejam devidos à exposição crónica aos raios ultravioleta,

pois induzem danos no DNA e produzem espécies reativas de oxigénio, interferindo também com o

sistema imunitário cutâneo.28-30

O fotoenvelhecimento, envelhecimento causado pela luz solar, deve-se essencialmente aos raios

ultravioleta do tipo A (UVA) e B (UVB), visto que os do tipo C são completamente absorvidos pela

camada de ozono e pela atmosfera, não atingindo a superfície terrestre.30

A relação entre UVA e UVB que atinge a nossa pele depende da latitude e da estação do ano.

Os UVA danificam o tecido conjuntivo da derme e aumentam o risco de cancro de pele, enquanto que

os UVB penetram apenas até à epiderme e por isso, são responsáveis pelo bronzeamento, mas também

podem causar queimaduras solares e foto carcinogénese. Assim, os UVA podem ter um papel mais

importante no fotoenvelhecimento da pele, devido à maior fração na luz solar (95% são UVA) e pelo

facto de atingirem a epiderme e a derme. 30

Contudo, os níveis de eumelanina (subtipo de melanina) de cada individuo ajudam a proteger a

pele contra os efeitos prejudiciais da luz solar. Indivíduos de pele escura ou preta, com maiores níveis

de eumelanina, apresentam diferenças mínimas da pele de áreas expostas e não expostas. Além disto, as

taxas de cancro de pele são bastante maiores em caucasianos, o que reforça o efeito protetor da

eumelanina.30

O fumo do tabaco também tem sido encarado como um fator muito importante que acelera o

processo de EC, interferindo sobretudo a nível da rede de elastina da pele.29

Figura 9- Sinais de

envelhecimento extrínseco.29

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 25

Este tipo de envelhecimento, ao contrário do anterior, tem a vantagem de poder ser prevenido e as

alterações que provêm dele, serem tratadas. Contudo, este processo nunca é independente do outro, pois

a forma como a pele reage aos fatores externos, também depende de como responde ao envelhecimento

cronológico.30

3.2.2 Mecanismos de envelhecimento

Existem várias teorias para o envelhecimento: Teoria dos Radicais Livres, Teoria do Desgaste,

Teoria Neuroendócrina, Teoria das Ligações Cruzadas e Teoria dos Telómeros. Cada uma delas aponta

um único fator responsável pelo processo de envelhecimento. 33

A teoria dos radicais livres refere que estas espécies são responsáveis por alterarem a estrutura

das membranas celulares, originando lipofuscinas, que interferem com a capacidade de reparação e

reprodução celular. Os efeitos dos radicais livres acumulam-se ao longo dos anos e impossibilitam a

renovação e autorreparação das células, o que causa um aumento da degradação do colagénio e da

elastina. Estas alterações referidas são responsáveis pelo aparecimento de rugas.31, 33

A Teoria do Desgaste afirma que os danos nas células se vão acumulando progressivamente,

pois todo o processo de reparação celular é incompleto. Deste modo, o dano acumulado leva ao

aparecimento de sinais de envelhecimento, tais como as rugas e a flacidez. 33

A Teoria das Ligações Cruzadas aponta como causa para o envelhecimento a glicosilação, isto

é, a ligação da glucose às proteínas, na presença de oxigénio. Segundo esta teoria, a ligação à proteína

torna-a incapaz de realizar a sua função normal. Além disto, estas ligações formam polímeros maiores,

que conferem menos elasticidade e mobilidade às moléculas. Assim, quando o colagénio é glicosilado,

leva ao aparecimento de rugas e menor elasticidade da pele.33

A Teoria Neuroendócrina afirma que a diminuição da função do hipotálamo é a causa do

envelhecimento da pele. À medida que envelhecemos, o hipotálamo perde a capacidade de regular a

libertação desta hormona pelas glândulas suprarrenais. Devido a isto, os níveis de cortisol aumentam

com a idade e são responsáveis pelo maior catabolismo do colagénio.33

Por último, a Teoria dos Telómeros refere que o encurtamento dos telómeros, que ocorre cada

vez que a células se dividem, é responsável pelo envelhecimento cutâneo. Quando os telómeros atingem

um tamanho que já não permite mais divisão celular, as células entram em estado dormente (senescência

celular) e tornam-se disfuncionais, levando ao envelhecimento.33

3.3 O mercado de produtos de antienvelhecimento

A pele é o órgão mais visível, o que torna as pessoas mais atentas ao seu envelhecimento. Por

isso, desde os tempos mais remotos que se usam extratos vegetais e ervas para travar o processo de EC.31

Com o aumento do interesse pelos produtos de antienvelhecimento, as empresas foram

incentivadas a desenvolver cada vez mais e melhores produtos. Assim, nasce uma nova geração de

produtos, os cosmecêuticos, que são a fusão entre cosméticos e produtos farmacêuticos, ou seja, são

produtos que têm propriedades tópicas de cosméticos, mas que têm na sua composição ingredientes que

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 26

têm ação na derme, com o objetivo de alterar funções, equilibrar e reparar a pele.33 As teorias referidas

acima são a base para a investigação e utilização dos compostos que se utilizam no combate ao EC.33

Além dos produtos utilizados atualmente no mercado derivados de plantas ou ervas (Tabela 3),

existem outros produtos que foram totalmente inovadores e eficazes, que ainda se utilizam no presente.

33

O ácido glicólico, surgiu na década de 1970 e mostrou capacidade para acelerar a renovação

celular, permitindo que novas células aflorem na epiderme, proporcionando uma pele mais macia, suave

e menos marcada pelas rugas.33

Posteriormente, a indústria apostou nas vitaminas para prevenir o envelhecimento da pele. Os

derivados da Vitamina A, que tinham bons resultados no tratamento do acne, revelaram também eficácia

na pele agredida pela radiação ultravioleta. Estes compostos aumentam a renovação celular, diminuem

as linhas finas e tonificam a pele. Além disto, ainda têm a vantagem de ter ação antioxidante, removendo

radicais livres. A Vitamina C estimula a síntese de colagénio e protege a pele dos radicais livres e do

fotoenvelhecimento. 33

Apesar de, por vezes, se recorrer a cirurgias plásticas, a primeira opção são sempre os processos

menos invasivos, porque têm menos riscos e complicações associadas e não provocam cicatrizes. Deste

modo, no século XXI ainda há lugar no mercado para os produtos à base de plantas.31

Além disto, os produtos capazes de disfarçar as alterações provenientes do EC também têm

muito interesse no mercado. A pele mais clara parece mais jovem, pelo que se utilizam extratos de

plantas com capacidade de inibir a formação da melanina, os despigmentantes.31

Exemplos Mecanismo de Ação Ação

Chá verde; Planta do

café; Uva

Devido ao grupo fenólico, têm grande

capacidade de doação de eletrões e oxigénio,

sequestrando radicais livres, que são

responsáveis por danificar as membranas

celulares.

Antioxidante

Planta do café;

Gengibre java; Soja Inibição das metaloproteínas

Estabilizador da matriz

da pele Gotu Kola; Ginseng;

Canela Promoção da síntese de colagénio

Aloe Vera; Gengibre Inibe a atividade da tirosinase Despigmentante

Gotu Kola; Aloe

vera

Atividade antioxidante, anti-inflamatória e de

proteção UV em conjunto contribuem para

melhorar as propriedades viscoelásticas e a

hidratação da pele

Elasticidade e Força

Tabela 3- Exemplos de ingredientes de origem botânica comuns nas formulações atualmente no mercado.31,33

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 27

Os efeitos biológicos das algas foram uma das apostas da investigação na viragem do século.

As investigações focadas nestas plantas permitiram extrair novos ingredientes capazes de diminuir a

profundidade das rugas, parar as contrações musculares, estimular a síntese de colagénio e inibir a

tirosinase.33

3.3.1 A gama antienvelhecimento da Vichy®

A gama de antienvelhecimento da Vichy® é composta essencialmente por quatro tipos de

produtos com particularidades diferentes, conforme o tipo de sinal associado ao envelhecimento,

adaptando-se às necessidades específicas de cada pessoa, à sua idade e estilos de vida. Associado ao

cuidado de antienvelhecimento, existem também os produtos de proteção solar, pois os raios UV

aceleram o EC.

IDÉALIA®

A IDÉALIA é uma gama focada em aumentar a luminosidade e uniformizar a pele, reduzindo

os poros e rugas finas. 34

A luminosidade é conseguida através do extrato fermentado de Chá Preto (Kombucha), um

ingrediente que resulta da fermentação do chá preto por um misto de fungos e leveduras, resultando

numa composição rica em ácidos orgânicos, enzimas e vitamina B. A luminosidade da pele deve-se ao

efeito que o composto ativo tem na redução do impacto da poluição e stress.34, 35

Além deste ingrediente, possui o extrato de Mirtilo, que contém polifenóis, aumentando mais a

atividade antioxidante da fórmula e a fórmula contém também adenosina, que proporciona um efeito

dermo-relaxante, atenuando as rugas de expressão vincadas ao longo do dia. 34, 36

SLOW ÂGE®

Os produtos desta linha de antienvelhecimento são indicados para tratar os primeiros sinais de

envelhecimento. São indicados para mulheres expostas a fatores que sejam agressivos para o organismo,

tais como fumar, exposição solar, alimentação desequilibrada, poluição e falta do sono. 37

O principal ingrediente da fórmula do creme de noite é o Resveratrol, um potente antioxidante,

que estimula a respiração celular e regeneração da pele, diminuindo as linhas finas. 37

O creme de dia, com ou sem fator de proteção solar, proporciona também efeito antioxidante

através das raízes da Baicalina, rica em flavonóides. Em conjunto, ambos os produtos proporcionam

uma pele luminosa, hidratada e lisa.37

LIFTACTIV®

Os produtos LIFTACTIV são indicados para corrigir rugas e dar firmeza à pele, sendo por

isso indicados para mulheres acima dos 35 anos. Contêm na sua fórmula: ramnose, neospiridina e

cafeína. A ramnose é o ingrediente inovador da fórmula, uma vez que é um açúcar de origem

vegetal, que reforça a estrutura da pele, diminuindo os sinais de envelhecimento. 38, 39

NEOVADIOL®

Esta fórmula é indicada para mulher pós-menopausa, em que existe perda de densidade e

luminosidade da pele. A fórmula contém proxylane, hedione e glicerina. 40

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 28

A Glicerina tem capacidade para reter água no estrato córneo, pelo que garante a hidratação

da pele, enquanto que a hedione aumenta a produção de lípidos, nutrindo a pele. 40

O ingrediente mais recente é o proxylane, que atua diretamente nas propriedades

biomecânicas da pele, reforçando a coesão entre a derme e a epiderme e, consequentemente,

aumenta a força e densidade. Assim, as rugas ficam visivelmente mais reduzidas. 40

Proteção Solar

Dentro dos produtos com propriedades antienvelhecimento, existem também protetores

solares. Os protetores solar “ANTI-IDADE 3 EM 1” são enriquecidos com extrato de chá preto

fermentado e vitamina C, ou seja, antioxidantes. 41

Assim, são protetores solares que têm alta proteção UV combinados com propriedades

benéficas para a pele, reduzindo as rugas e aumentando a elasticidade e luminosidade da pele. 41

3.4 Intervenção

3.4.1 Aconselhamento ao balcão

O aconselhamento ao balcão foi feito durante os atendimentos a clientes que se mostraram

interessadas em experimentar os produtos de antienvelhecimento. A primeira abordagem incluía fazer

perguntas para perceber qual o interesse que as pessoas tinham pela dermocosmética. Se mostrassem

interesse, era oferecido um kit de amostras (Anexo 5) que continha um dos produtos da gama, que o

farmacêutico considerasse mais adequado à pessoa por análise do aspeto da pele. Os produtos

promovidos, ou seja, aqueles que eram oferecidas amostras aos clientes incluíram as quatro gamas de

antienvelhecimento, os protetores solares com cuidados anti idade, base adequada à pele envelhecida,

desmaquilhante e gel de limpeza para pele sensível.

Juntamente com o conjunto personalizado de amostras era entregue um folheto informativo

elaborado por mim (Anexo 6). Este folheto tinha duas partes: uma parte informativa e outra de promoção

de produtos. Na primeira parte, que tinha informações para as pessoas aprenderem a cuidar da pele,

nomeadamente tarefas simples, mas que fazem toda a diferença. Na segunda parte, tinha os produtos da

gama Vichy® e os ingredientes responsáveis pelos efeitos de cada creme, sendo nesta parte do folheto

que me apoiava para explicar o funcionamento do produto.

3.4.2 Fluxograma para aconselhamento e formação aos funcionários

De forma a fazer com que as vendas continuassem a aumentar, fazia sentido explicar aos

funcionários quais as especificidades de cada produto, para que em situações futuras soubessem como

aconselhar os clientes da melhor forma. Para além da explicação dada, foi afixado na farmácia um

fluxograma de fácil interpretação (Anexo 7), para que em caso de dúvida, os funcionários pudessem

consultar rapidamente.

3.5 Resultados

De forma a verificar o impacto deste projeto, foi analisado o historial de vendas dos produtos

promovidos, ao longo do último ano.

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 29

A Figura 10 representa a variação do número de vendas ao longo do último ano, sendo

apresentado sem valores numéricos para garantir a privacidade dos dados internos da FPS. Com objetivo

de se perceber o impacto que estes produtos têm nas vendas totais desta marca, o gráfico também possui

a variação das vendas de todos os produtos ao longo do último ano.

As ações mais importantes deste projeto decorreram entre o mês de Maio e Junho de 2019.

3.6 Discussão e Conclusão

Como referido anteriormente, nos últimos meses notou-se um desinteresse por parte da

comunidade nos produtos de cuidado de rosto, que se refletiu no número de vendas da marca Vichy®.

A partir de setembro de 2018 o número de produtos vendidos foi flutuante, havendo períodos

de maior venda intercalados com períodos mais baixos. A época do Natal ainda permitiu recuperar

algum valor de vendas, contudo desde dezembro que os valores descem gradualmente.

Em maio foram então iniciadas as atividades, nomeadamente a promoção dos produtos

(aconselhamento e oferta de amostras) e a formação aos funcionários, para fortalecer os argumentos

usados durante o atendimento ao público. Como se verifica no gráfico, em maio as vendas subiram

novamente e em junho o valor manteve-se estabilizado. De facto, não se pode afirmar que o aumento

do número de vendas se deve exclusivamente às intervenções feitas na FPS, uma vez que no verão a

procura por este tipo de produtos é maior, como se pode confirmar pelas vendas da mesma época do ano

anterior, pois nesta altura do ano a procura pelos produtos de proteção solar é maior, o que leva ao

aumento das vendas da totalidade dos produto da marca.

Além destes dados, as iniciativas desenvolvidas permitiram dar a conhecer os produtos à

comunidade, através das amostras que experimentaram e ainda criar uma relação de maior proximidade

com os clientes, uma vez que as pessoas se mostravam lisonjeadas quando recebiam os kits. Além disto,

aumentou o conhecimento técnico dos funcionários, permitindo uma maior destreza em futuros

aconselhamento.

mer

o d

e V

end

as

Vendas do último ano

Produtos promovidos Totalidade de produtos

Figura 10- Histórico de vendas da marca do último ano.

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 30

4. A Polimedicação nos Idosos

4.1 Enquadramento

Portugal é um país em envelhecimento, não só por ter uma reduzida taxa de natalidade, mas

também por apresentar um elevado índice de envelhecimento. 42 Para além disto, é um dos países da

Europa que consome mais fármacos que, apesar de terem variados benefícios, também têm potencial

para causar doença e morte. Ainda assim, alguns estudos sugerem uma má utilização dos medicamentos.

43

Um PRM é definido como uma situação que causa ou possa causar o aparecimento de um

resultado negativo associado ao uso dos medicamentos (RNM). Um RNM é uma alteração no estado de

saúde do doente, cuja causa é atribuída ao uso dos medicamentos. Esta alteração pode ser um sinal,

sintoma, um evento clínico, uma alteração metabólica ou morte. 44

Os idosos são aqueles que estão em maior risco de sofrer de PRM. Nesta faixa etária é comum

terem várias patologias, o que determina o uso de vários fármacos com regimes terapêuticos complexos.

Além disto, uma pessoa idosa geralmente apresenta redução da massa muscular e do teor de água

corporal, alterações hepáticas e diminuição da capacidade de filtração e excreção renal. Estas

caraterísticas fazem com que a farmacocinética e a farmacodinâmica dos fármacos sejam diferentes,

levando à acumulação de metabolitos e a um risco aumentado de toxicidade, nomeadamente reações

adversas e interações medicamentosas. 43, 45, 46

Nesta faixa etária é estimado que cerca de 60% a 90% das pessoas utilizam medicamentos, das

quais um terço utiliza cinco ou mais medicamentos em simultâneo (polimedicados).45, 47

A polimedicação infelizmente está associada a várias consequências: aumento dos custos de

saúde, reações adversas, interações medicamentosas, falta de adesão à terapêutica, aumento do declínio

cognitivo, aumento do número de quedas, incontinência urinária e má nutrição.46

Deste modo, associando as alterações fisiológicas da idade e os regimes terapêuticos complexos

ao declínio cognitivo resultante do envelhecimento, o processo do uso do medicamento torna-se

complexo para os idosos.43, 45 Um estudo português prova essa realidade, mostrando que 46,8% dos

idosos que vivem nas suas próprias casas apresentam PRM. 43

Num estudo feito em 6 lares de idosos do norte e centro de Portugal, constatou-se que nenhum

deles tinha a colaboração de farmacêuticos. Os profissionais de saúde que acompanhavam os utentes

destes lares eram médicos e enfermeiros e nem todos tinham este acompanhamento diariamente. O

estudo relata também que a medição dos parâmetros fisiológicos e/ou bioquímicos não são feitos com

regularidade e nem sempre por profissionais de saúde.43

Um outro estudo, realizado com o objetivo de perceber a frequência de erros de medicação nos

cuidados de saúde primários, revela que a polimedicação constitui um problema real e põe em causa a

segurança do doente. O estudo admite que os médicos estão constantemente sobre a pressão do tempo,

pelo que podem ignorar erros de prescrição, dosagem e interações medicamentosas. Assim, uma

avaliação externa por parte do farmacêutico, poderia evitar este tipo de erros. 48

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 31

4.1.1 Envelhecimento e os Fármacos

O envelhecimento é acompanhado por mudanças a nível biológico, psicológico e social, que

levam à perda de capacidade de adaptação do indivíduo, tornando-o mais suscetível à incidência de

patologias. O ambiente em que as pessoas se encontram, assim como o estilo de vida que têm, constituem

fatores determinantes no processo de envelhecimento.47, 49

Os idosos são um grupo etário que apresentam grande heterogeneidade a nível fisiológico,

sofrendo alterações que variam de indivíduo para indivíduo. Estas alterações têm consequências a nível

da farmacocinética (alteração da concentração e distribuição) e da farmacodinâmica (ação sobre o órgão

ou tecido) dos fármacos. Assim, prescrever medicamentos aos idosos não é o mesmo que prescrever aos

adultos. 47, 49

As principais alterações fisiológicas que têm consequência na farmacologia clínica ocorrem na

composição corporal, no sistema cardiovascular, no sistema nervoso central, no sistema endócrino, no

sistema gastrointestinal e a nível renal. 49

As alterações a nível gastrointestinal são causadas pelo aumento do pH gástrico, diminuição do

fluxo sanguíneo gastrointestinal e diminuição da velocidade do trânsito intestinal. Assim, a absorção

gastrointestinal (primeira fase da farmacocinética dos fármacos) é modificada, diminuindo a

biodisponibilidade de alguns fármacos.49, 50

Com o envelhecimento, a função hepática e a função renal começam a ficar comprometidas,

levando à diminuição da clearance dos fármacos metabolizados a nível hepático e eliminados por via

renal. Em simultâneo, verifica-se também o aumento da semivida dos mesmos, causando a sua

acumulação no organismo.47, 49 Deste modo, a imprevisibilidade do metabolismo é uma realidade dos

idosos, pois dependendo do fármaco, a metabolização pode aumentar ou diminuir a biodisponibilidade,

uma vez que não se consegue prever se a diminuição da biodisponibilidade devido à alteração

gastrointestinal vai ser contrabalançada pelo aumento da biodisponibilidade, causada pela diminuição

do metabolismo de primeira passagem. 50

A etapa de distribuição dos fármacos sofre igualmente uma modificação. Nos idosos o aumento

de massa gorda pode ser até 40% e o decréscimo do teor de água corporal pode ir até 10%. Estes dois

acontecimentos, fazem com que os fármacos hidrossolúveis atinjam concentrações superiores e que os

fármacos lipossolúveis demorem mais tempo a serem eliminados, acumulando-se. Além disto, a

albumina sérica diminui, podendo levar ao aumento da fração livre dos fármacos que têm elevada

ligação às proteínas plasmáticas, tais como a fenitoína, o piroxicam e o verapamilo. Contudo, alguns

estudos demonstram que os únicos fármacos que são significativamente influenciados pela diminuição

das proteínas séricas são aqueles metabolizados por conjugação no fígado ou administrados por via

intravenosa, como é o caso do fentanilo, haloperidol, lidocaína, midazolam, entre outros. 47, 49, 50

A farmacodinâmica dos fármacos é alterada essencialmente devido a alterações nos recetores,

diminuindo a quantidade e a afinidade. Estas alterações provocam maior sensibilidade aos fármacos,

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 32

nomeadamente os que atuam na função cognitiva, como os antidepressivos, hipnóticos e

antipsicóticos.49

4.1.2 A Preparação individualizada da medicação

Num país em que há cada vez mais idosos a viver mais anos, existe também uma necessidade

de desenvolver métodos que os permitam viver esses anos com maior qualidade de vida.42 A Preparação

Individualizada da Medicação é um método útil de gestão da terapêutica em doentes idosos e polimedicados,

permitindo maior facilidade na administração do medicamento certo, no dia e horas certos. Para além da maior adesão

à terapêutica, também permite maior segurança e eficácia do medicamento. 51, 52 É definida, como um “serviço

farmacêutico a partir do qual o farmacêutico organiza as formas farmacêuticas sólidas, para uso oral, de acordo com

a posologia prescrita”.3

Na FPS, onde se faz a PIM para o lar de idosos, há um contacto constante entre farmacêuticos, médicos e

enfermeiros, normalmente via telefónica e via e-mail. A cada nova admissão de um utente no lar é recolhida

informação sobre o seu estado de saúde, nomeadamente doenças e medicamentos utilizados. A partir deste momento,

o utente passa a ser acompanhado pelos enfermeiros de forma diária e pelo médico de forma semanal. A ordem pela

qual cada profissional de saúde intervém é apresentada na Figura 11. Os enfermeiros que seguem os utentes de forma

mais próxima, são aqueles que medem e registam os parâmetros bioquímicos e fisiológicos, analisam e registam a

medicação e administram a medicação aos utentes.

Focando agora o papel do farmacêutico na PIM, este procede à preparação semanal da

medicação, conforme o esquema terapêutico. Quando o farmacêutico recebe alguma informação sobre

a alteração da medicação do utente atualiza o documento correspondente ao esquema posológico,

analisando sempre se a medicação é necessária e segura para o utente, tendo em conta os dados clínicos

que conhecemos e medicação que utiliza.

Médico

•Analisa/monitoriza oestado de saúde dosutentes e faz umaprescrição médica.

Enfermeiro

•Analisa e regista o esquematerapêutico e mede parâmetrosfisiológicos ou bioquímicos

Farmacêutico

•Analisa o esquematerapêutico e prepara amedicação

Enfermeiros

•Administra amedicação

Doente

•Recebe amedicação certa,no tempo certo.

Figura 11- Processo de entrega de medicação ao utente no lar de idosos.

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 33

Além disto, o Sifarma2000 é também uma ferramenta importante para detetar interações entre

medicamentos, pois no momento de aviar a receita faz o alerta de que se trata de uma interação

medicamentosa grave. Nesse momento, confirma-se a medicação novamente com o médico, explicando-

lhe os problemas que podem advir da toma conjunta desses dois medicamentos. Um exemplo que é

comum acontecer nos idosos é a toma conjunta de benzodiazepinas (BZD) com a Olanzapina. Esta

interação é alertada pelo Sifarma2000, que só permite avançar quando houver justificação.

A nível da PIM propriamente dita é elaborada num compartimento específico da FPS. Neste

compartimento armazenam-se as embalagens dos medicamentos (Anexo 8), devidamente identificadas

e com o documento do esquema terapêutico de cada pessoa (Anexo 9). Além disto, cada utente tem duas

caixas dispensadoras reutilizáveis onde se coloca a medicação para cada semana (Anexo 10).

As caixas dispensadoras reutilizáveis não são a melhor opção no âmbito da PIM, uma vez que

requerem limpeza, para evitar contaminação cruzada, e um controlo mais rigoroso da estabilidade dos

medicamentos. No entanto, neste contexto, torna-se a melhor opção porque as caixas estão apenas

acessíveis a profissionais de saúde, que asseguram a limpeza e o acondicionamento correto dos

medicamentos. Os medicamentos são colocados nas caixas dispensadoras no seu acondicionamento

primário, para que se garanta a estabilidade do medicamento. No entanto, quando os comprimidos têm

de ser partidos, colocam-se diretamente sobre a caixa dispensadora.

Na PIM apenas se colocam as formas farmacêuticas sólidas, tais como cápsulas, cápsulas de

libertação modificada, comprimidos, comprimidos revestidos, drageias, comprimidos de libertação

modificada e comprimidos gastrorresistentes. As restantes formas farmacêuticas, tais como adesivos

transdérmicos, medicamentos de aplicação tópica, dispositivos de inalação e formas líquidos são

enviados para o lar separadamente. 3

Este serviço farmacêutico é executado normalmente por dois funcionários: um técnico de

farmácia e um farmacêutico, que faz a verificação final, nomeadamente a contagem das unidades.

4.1.2.1 Importância da Preparação Individualizada da Medicação na Estrutura

Residencial para Idosos

A PIM é destinada a utentes que tenham dificuldade no processo de uso do medicamento, quer

por se baralharem na toma ou porque tenham pouca autonomia no dia-a-dia; utentes com regimes

terapêuticos complexos; utentes a tomar vários medicamentos de forma crónica e utentes cuja

terapêutica é da responsabilidade de um cuidador com dificuldade em gerir a medicação.3

A Estrutura Residencial para Idosos possui 46 idosos. Entre todas as outras tarefas que são da

responsabilidade dos enfermeiros, seria também a administração de medicamentos. Deste ponto de vista,

os enfermeiros tornam-se os cuidadores de todas as pessoas que estão no lar, tendo de gerir todos os

regimes terapêuticos, sendo alguns complexos. Assim, um lar de idosos passa a ser um local que

beneficia da PIM.

A PIM permitiu assegurar que a medicação é corretamente analisada, preparada e

acondicionada, até ao momento da administração ao utente, possibilitando assim um serviço de maior

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 34

qualidade prestado aos idosos, por aumentar a adesão à terapêutica, detetar possíveis PRM e possibilitar

ao enfermeiro mais tempo para cuidar de cada utente.

Em suma, a PIM é uma oportunidade para o farmacêutico intervir de forma mais próxima na

prescrição dos utentes, diminuindo a probabilidade de ocorrência de PRM, pois a área de formação do

farmacêutico é focada no medicamento. Além disto, a troca de ideias entre médico, enfermeiro e

farmacêutico assegura que será administrada a melhor opção terapêutica para cada caso.

4.1.3 Revisão da Medicação

A Revisão da Medicação (RM) ou Revisão do Processo de Uso da Medicação, segundo as Boas

Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária, tem como objetivo a identificação de PRM,

podendo ser realizada a partir do momento que se obtenha a informação de toda a medicação que o

doente utiliza. Este processo deve avaliar a necessidade do medicamento, a adequação, a posologia e a

adesão do doente, nomeadamente se tem capacidade para a utilizar. 2

A RM pode ser classificada em três tipos, conforme o objetivo e o foco da revisão, o

envolvimento e o acesso à informação do paciente, tais como resultados de análises laboratoriais e

condições clínicas. A RM do tipo I corresponde a uma avaliação da prescrição médica, foca-se

essencialmente nos medicamentos que o doente utiliza e raramente envolve o paciente e os seus dados

clínicos. Na RM do tipo II e III, o envolvimento e informação do paciente aumenta, sendo que no tipo

II o objetivo passa por avaliar a forma como o paciente lida com a utilização dos medicamentos,

nomeadamente a sua adesão à terapêutica. No tipo III, a RM é encarada como uma revisão clínica, uma

vez que é necessário analisar o processo de uso do medicamento, tendo em conta a sua condição clínica.

Em Portugal verifica-se essencialmente a existência RM do tipo II em ambiente comunitário e não há o

hábito de realizar a RM em lares de idosos. Em estudos realizados sobre RM do tipo I, os erros mais

frequentemente encontrados incluíam as interações medicamentosas e a duplicação da classe

farmacoterapêutica ou da substância ativa. 53

Devido à PIM, a RM do tipo I é realizada na FPS, de forma a verificar se a prescrição é adequada,

tanto na admissão do utente no lar de idosos como nas alterações de esquemas posológicos que vão

sendo feitas.

4.1.3.1 Critérios de Beers

Por todas as alterações referidas, a população geriátrica torna-se mais suscetível a RAM e PRM.

Contudo, muitos destes acontecimentos podem ser prevenidos, se os fatores de risco forem detetados

atempadamente. A utilização de Medicamentos Potencialmente Inapropriados em Idosos (MPI) é uma

das principais causas para ocorrem RAM e PRM. Os MPI podem ser definidos com uma “medicação

que introduz um risco significativo de ocorrência de eventos adversos quando existe evidência que há

alternativas igualmente ou mais efetivas para a mesma indicação terapêutica, mas que apresentam um

risco inferior”. Eles são associados a uma maior taxa de hospitalização e a prevalência de uso de MPI

pode chegar aos 51,5%.49

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 35

De forma a contornar este problema, foram desenvolvidos alguns critérios, entre os quais se

destacam os Critérios de Beers. Os critérios de Beers pretendem melhorar a seleção de medicamentos

dos idosos, educar os médicos e pacientes e reduzir os PRM, as RNM e os MPI. São adequados para

adultos com idade igual ou superior a 65 anos e foi desenvolvida por especialistas em cuidados

geriátricos, farmacologia clínica e psicofarmacologia e têm como objetivo avaliar as prescrições

médicas dos idosos.49, 54

Os critérios de Beers devem ser encarados como uma linha orientadora, pois existem casos que

têm de ser analisados individualmente, tendo em conta as particularidades do indivíduo. Para além destes

critérios, existem outras ferramentas, contudo esta parece ser a mais frequentemente utilizada. A sua

desvantagem está relacionada com as diferenças nos medicamentos comercializados em Portugal e nos

Estados Unidos da América, o que dificulta a análise de alguns medicamentos. 49, 55, 56

Atualmente os critérios dividem os medicamentos em três categorias: 1) medicamentos

potencialmente inapropriados a evitar nos idosos, 2) medicamentos potencialmente inapropriados a

evitar nos idosos com determinadas patologias e que poderão ser exacerbadas pelo seu uso ou que

tenham interações entre fármacos e 3) medicamentos a serem utilizados com precaução nos idosos.49, 54

Um medicamento definido, por este critério, como potencialmente inapropriado não é

definitivamente inapropriado, pois as listas incluem fármacos que mostraram ter uma relação risco-

benefício negativa para muitos idosos, comparados com outras alternativas farmacológicas, o que não

significa que esses mesmos medicamentos não sejam adequados para determinados idosos. Por

exemplo, se o medicamento alternativo for contraindicado no doente idoso ou o medicamento em causa

tiver um historial de ser mais efetivo, o medicamento torna-se apropriado. Além disto, os pacientes têm

também um papel importante na decisão clínica, dependendo dos seus objetivos. 56

Esta ferramenta também incentiva ao uso de medidas não farmacológicas, assim como à

educação para a saúde. Explicar aos doentes as mudanças que o envelhecimento traz, assim como os

bons hábitos que devem adquirir, é uma das formas de otimizar esta ferramenta, cuja ideia base é

aumentar a qualidade dos cuidados de saúde dos idosos.56

Para cada medicamento, colocado nas listas de categorias, é apresentado o motivo, a qualidade

de evidência e o nível de recomendação. A qualidade de evidência pode ser alta, moderada ou baixa,

conforme os estudos que têm como base. O nível de recomendação é definido como forte ou fraco, com

base nas evidências, na frequência, na gravidade dos efeitos adversos e nos riscos em relação aos

benefícios do medicamento.54

Com o objetivo de aprofundar a RM habitualmente feita na FPS, procedi à análise da

farmacoterapia dos utentes do lar de idosos, utilizando como base os critérios de Beers, de modo a

detetar PRM e MPI nos idosos do lar.

4.2 Intervenção

Para a utilização dos critérios de Beers é necessário ter conhecimento de todos os medicamentos

utilizados pelos utentes, para que se possa fazer uma boa análise e identificar corretamente os MPI,

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 36

tendo sempre a consciência que estes critérios servem apenas como uma linha orientadora. Assim,

recolhi toda a informação sobre os utentes através do Sifarma2000 e da documentação arquivada na

FPS. O Sifarma2000 foi útil para aceder à idade dos utentes na ficha de cliente, enquanto que os arquivos

da FPS tinham os esquemas posológicos dos utentes, devido à realização da PIM.

Na análise foram listados os medicamentos que os idosos tomavam e que se enquadravam nas categorias

definidas pelos critérios de Beers, analisando, sempre que possível, a relação risco-benefício para cada

medicamento utilizado.

4.3 Resultados e Discussão

4.3.1 Perfil e Farmacoterapia dos Idosos

A Estrutura Residencial para Idosos (lar de idosos) tem 46 utentes, maioritariamente mulheres

(72%) e com uma idade média de 80 anos, variando entre os 65 anos e os 90 anos.

Dos 46 utentes do lar, 42 são considerados polimedicados, pois tomam mais do que 5

medicamentos por dia. No entanto, analisando a historial do estado clínico dos 4 utentes não

polimedicados, é de notar que nos últimos meses o número de medicamentos tomados diariamente tem

vindo a aumentar. Um exemplo desta realidade, é um utente do lar com 89 anos, que há 3 meses tomava

apenas um medicamento e neste momento já toma três medicamentos diários.

As patologias mais comumente associadas à toma de medicação crónica dos utentes, encontram-

se listadas na Tabela 4.

Tabela 4 - Tipos de medicamentos que os utentes do lar tomam diariamente.

Cada utente toma, em média, 8 medicamentos por dia, variando entre 3 e 14 medicamentos

tomados por cada utente. Os medicamentos que são mais frequentemente tomados pelos utentes

(95,6%), atuam no sistema nervoso central e incluem psicofármacos (anti depressores, ansiolíticos,

sedativos, hipnóticos e antipsicóticos), anti parkinsónicos, medicamentos utilizados na alteração de

funções cognitivas, analgésicos, anticonvulsivantes, antiepiléticos e anti vertiginosos. Os anti

depressores são bastante frequentes, uma vez que a depressão é uma condição que ocorre

Classificação fármacos Doentes a tomar pelo

menos 1 medicamento

Média de medicamentos tomados

para essas patologias por utente

Sistema genitourinário 17,4% 1

Doenças endócrinas 41,3% 2

Sistema Nervoso Central 95,6% 3

Sistema cardiovascular 87,0% 2

Sistema respiratório 19,6% 1

Sangue 54,3% 1

Sistema digestivo 76,1% 1

Sistema locomotor 21,7% 2

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 37

frequentemente em pessoas idosas, especialmente em pessoas do sexo feminino, com baixa

escolaridade, com declínio cognitivo, com perda do parceiro ou com doenças somáticas.57

Devido ao elevado número de doenças que afetam o sistema nervoso central, os utentes do lar

tomam em média 3 medicamentos por dia só para este tipo de problemas. Com isto, há uma maior

predisposição para interações, como a que ocorre entre a Olanzapina e as BZD. A Olanzapina é um

fármaco antipsicótico, cuja toma em conjunto com BZD pode potenciar os efeitos tóxicos destas,

nomeadamente a depressão respiratória, a hipotensão, bradicardia e morte. O risco é ainda maior quando

a idade dos utilizadores é superior a 65 anos, estão malnutridos, desidratados e têm problemas

pulmonares.58, 59

As BZD são a classe de fármacos mais utilizada pelos utentes, entre os medicamentos que atuam

no sistema nervoso central. Esta realidade é concordante com o panorama a nível nacional, uma vez que

Portugal é um dos países com maior consumo de ansiolíticos, hipnóticos e sedativos, maioritariamente

BZD.60, 61 Estes fármacos são utilizados em casos de ansiedade e alterações do sono, sendo que a sua

principal utilização, neste caso, está relacionada com as insónias.61

No lar de idosos, verifica-se uso frequente de Brotizolam, Midazolam e Loprazolam, que são

consideradas BZD de ação curta e, por isso, hipnóticas. Ao tomarem BZD metabolizadas por oxidação

e com tempo de semivida curto (≤8horas), como as referidas, o risco de toxicidade é maior, assim como

a probabilidade de se tornarem dependentes, dada a idade dos utentes.60 Tendo em conta que os idosos

se encontram a tempo inteiro na instituição e não conduzem máquinas ou veículos, o efeito secundário

mais temido nesta idade são as quedas, que podem originar fraturas ósseas. 50, 60

Além disto, alguns idosos estão medicados para a dor crónica, sendo que quatro deles precisam

de recorrer a analgésicos estupefacientes, o Tapentadol ou a associação de Tramadol com Paracetamol.

A dor crónica (dor além das 12 semanas sem causa identificada) é comum nos idosos e está associada à

mobilidade reduzida, quedas, depressão, ansiedade e problemas de sono. As causas de dor mais

prováveis nesta faixa etária incluem as neuropatias devido a diabetes e estádios avançados de doenças

crónicas, como a insuficiência cardíaca congestiva, doença renal e doença pulmonar obstrutiva crónica.

62 Verifica-se que em todos os utentes que sofrem de dor crónica, têm pelo menos uma destas patologias.

A seguir aos medicamentos que atuam no sistema nervoso central, os mais comuns estão

relacionados com o sistema cardiovascular. Os problemas relacionados a este sistema incluem na

maioria dos casos HTA e dislipidemias. Apenas 5 utentes do lar não têm nenhuma patologia relacionada

com o sistema cardiovascular. Os medicamentos mais utilizados incluem os antidislipidémicos,

principalmente as estatinas e os anti hipertensores.

A hipercolesterolemia é um fator de risco importante para o desenvolvimento de doenças

coronárias, uma das morbilidades mais comuns nos idosos. As Estatinas demonstram ser eficazes e

seguros a diminuir os níveis séricos de colesterol e, consequentemente, a incidência de eventos

coronários.63

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE

Sandra Diana Pereira de Lima 38

A maioria dos utentes medicados para a HTA, toma uma associação de dois fármacos, uma vez

que constituem pacientes de risco acrescido alto ou muito alto por possuírem DCV, diabetes mellitus ou

lesões nos órgãos-alvo. Entre os vários anti hipertensores usados, os mais comuns são os diuréticos e os

modificadores do eixo renina angiotensina. 64

O terceiro tipo de medicamentos mais tomados, que inclui 76% dos utentes, atuam no sistema

digestivo e são principalmente os inibidores da bomba de protões (IBP). Esta classe de fármacos inibe

a secreção de ácido pelo estômago, sendo usados no tratamento de doenças de refluxo gastroesofágico

e prevenção de úlceras induzidas pela aspirina e outros anti-inflamatórios não esteróides. No entanto, o

uso prolongado deste tipo de fármaco pode provocar níveis baixos de minerais e nutrientes, como é o

caso da vitamina B12, ferro e cálcio, por diminuição da secreção de ácido e consequente diminuição da

absorção, principalmente no período pós-prandial, causando outros problemas de saúde. 65

Além dos efeitos provenientes da diminuição da secreção de ácido, os IBP interferem com a

metabolização dos fármacos a nível hepático, nomeadamente naqueles que são metabolizados na enzima

CYP2C19. Esta enzima tem pequena capacidade de metabolização, pelo que na presença dos IBP,

diminui a metabolização de outros fármacos, como acontece com o clopidogrel, que precisa de ser

ativado pela enzima, para exercer o seu efeito no organismo. Este fármaco atua como antiagregante

plaquetário e, por isso, é utilizado na prevenção de acidentes aterotrombóticos. Assim, a interação entre

ambos os fármacos, leva a um aumento de risco de eventos cardiovasculares, por diminuição da ação do

clopidogrel, mesmo que a administração de ambos tenha um intervalo de tempo de 12 horas.65, 66

Os agentes anticoagulantes e antitrombóticos fazem parte da terapia medicamentosa de mais de

metade dos utentes. A trombose é uma das principais causas de morte, o que demonstra a importância

de prevenir a doença tromboembólica. Os fármacos utilizados pelos utentes são o Ácido Acetilsalicílico,

o clopidogrel, o apixabano e a Varfarina. Apesar dos benefícios desta terapia estarem bem definidos, os

idosos são também aqueles que apresentam mais vulnerabilidade aos efeitos adversos destes fármacos,

nomeadamente ao risco de hemorragia. O Ácido acetilsalicílico e o clopidogrel foram durante muitos

anos os principais fármacos utilizados na antiagregação plaquetária. 67, 68

A varfarina é dos anticoagulantes orais mais utilizados e eficazes, porém tem um metabolismo

imprevisível, início de ação lento, margem terapêutica estreita e interações medicamentosas e

alimentares. Os utentes que tomam varfarina têm de fazer monitorização do valor de INR (International

Normalized Ratio). O INR mostra o tempo necessário para o sangue coagular, relativamente a um valor

médio, e quanto maior for o valor de INR, mais tempo demora o sangue a coagular. Com base nesta

medição, a dose de anticoagulante é ajustada, até se verificar os valores ideais para determinada pessoa.

Como alternativa, também se utiliza o apixabano que não apresenta os problemas da Varfarina,

dispensando a monitorização do sangue, contudo tem um preço mais elevado. 67-69

Os medicamentos para tratamento de doenças endócrinas incluem apenas dois tipos de

patologias: a diabetes mellitus e o hipotiroidismo. No caso da diabetes a maioria é controlada com

antidiabéticos orais, como a metformina ou a gliclazida. Existem alguns casos em que a monoterapia

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Sandra Diana Pereira de Lima 39

não foi suficiente para controlar os níveis de glicémia e atualmente esses doentes tomam uma associação

de dois antidiabéticos orais.

Os medicamentos para o sistema genitourinário estão maioritariamente associados aos sintomas

de hiperplasia benigna da próstata. Esta patologia é muito comum nos homens e leva ao aumento do

volume da próstata, causando sintomas no trato urinário inferior. 70 Os sintomas mais comuns são a

dificuldade para iniciar a micção, urinar com mais frequência, urgência urinária, jato urinário fino e

esvaziamento incompleto da bexiga.71 Os fármacos mais usados são os alfa-bloqueantes (tansulosina) e

os inibidores da 5alfa-redutase (finasterida). A tansulosina atua no músculo liso, relaxando-o e causando

o aumento do fluxo urinário, enquanto que a finasterida atua na próstata, reduzindo o seu volume e

melhorando os efeitos de retenção urinária.

Pelo contrário, a nível do sistema locomotor, as mulheres são as que mais sofrem com patologias

ósseas e articulares, devido ao período pós-menopausa em que há um elevado turnover ósseo, ou seja,

há mais reabsorção óssea do que formação. 72 A medicação inclui essencialmente colecalciferol,

carbonato de cálcio e ácido alendrónico. A nível das articulações, alguns utente tomam diariamente

glucosamina para o alívio dos sintomas da osteoartrose ligeira a moderada do joelho.73 Os únicos dois

utentes do sexo masculino que tomam medicamentos para o sistema locomotor tomam Alopurinol, que

é usado no tratamento de níveis de ácido úrico demasiado elevados e gota. A gota é uma doença

reumática inflamatória resultante da deposição de cristais de monourato de sódio nas articulações. Este

fármaco é usado na terapêutica para baixar o ácido úrico, de forma a prevenir crises de artrite e a

evolução da doença para a destruição das articulações.74

4.3.2 Análise da medicação dos utentes do lar com base nos Critérios Beers

Como já referi acima, os critérios dividem os medicamentos em três categorias: medicamentos

potencialmente inapropriados a evitar nos idosos, medicamentos potencialmente inapropriados a evitar

nos idosos com determinadas patologias e que poderão ser exacerbadas pelo seu uso ou que tenham

interações entre fármacos e medicamentos a serem utilizados com precaução nos idosos.49, 54

• Medicamentos Potencialmente Inapropriados

Hidroxizina- A hidroxizina é usada por duas utentes do lar, devido a insónias. Segundo estes

Critérios, a hidroxizina deve ser evitada nos idosos, pois tem um efeito altamente anticolinérgico. Além

disto, quando usada como hipnótica, como é o caso, desenvolve-se tolerância. Ainda nos idosos, há

maior risco de toxicidade, uma vez que há diminuição da eliminação do fármaco, quando comparado

com doentes adultos. 54, 75

Assim, recomenda-se que estas duas utentes sejam monitorizadas relativamente aos efeitos

anticolinérgicos, particularmente a boca seca, obstipação e confusão mental.

Clomipramina- A clomipramina é usada como antipsicótico. É altamente anticolinérgico,

sedativo e causa frequentemente hipotensão ortostática. Deste modo, a sua utilização deve ser evitada.

54, 76

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Recomenda-se que seja feita a monitorização da pressão arterial ao utente. Medidas não

farmacológicas para controlo da hipotensão ortostática devem ser aconselhadas ao utentes, caso se

verifique a ocorrência deste efeito.

Alprazolam, Lorazepam, Triazolam – As benzodiazepinas aumentam o risco de problemas

cognitivos, delírio, quedas, fraturas ósseas e acidentes de viação, pelo que devem ser evitadas. Contudo,

podem ser úteis em caso de distúrbios convulsivos ou de abstinência de álcool.54

Zolpidem- Os efeitos adversos são semelhantes aos da benzodiazepinas (delírio, quedas, fraturas

ósseas), visto que é um agonista dos recetores das benzodiazepinas. Por este motivo, também deve ser

evitado.54

Insulina de ação rápida- A insulina de ação rápida sem uso em simultâneo de insulina de ação

longa deve evitada, uma vez que há maior risco de provocar hipoglicémia.54

Glimepirida- A glimepirida é uma sulfonilureia de longa ação que está associada a um maior

risco de hipoglicemia grave em idosos.54

Metoclopramida- A metoclopramida é um antiemético que deve ser evitado pois pode causar

efeitos extrapiramidais, nomeadamente sintomas motores. Os idosos com exposição elevada e mais

frágeis apresentam um risco maior de vir a sofrer destes efeitos. Em casos de gastroparesia, a

metoclopramida parece ser uma opção aceitável. 54

Inibidores da bomba de protões- O uso de inibidores da bomba de protões por mais de 8 semanas

deve ser evitado por aumentar o risco de infeção por Clostridium difficile. Porém, em pacientes de alto

risco, por exemplo, por uso de corticosteróides crónicos, justifica-se o uso prolongado destes fármacos.54

Diclofenac- Deve ser evitado o uso crónico, a não ser que o paciente não tenha alternativas ou

que possa tomar um protetor de estômago. O Diclofenac aumenta o risco de doença gastrointestinal em

idosos com idade superior a 75 anos ou que estejam a tomar anticoagulantes ou antiagregantes

plaquetários.54

• Medicamentos Potencialmente Inapropriados a evitar nos idosos com determinadas patologias

e que poderão ser exacerbadas pelo seu uso ou que tenham interações entre fármacos

Olanzapina- Os antipsicóticos aumentam o risco de hipotensão ortostática e bradicardia, pelo

que têm de ser usados com precaução em idosos cuja síncope esteja no seu historial clínico.54

Benzodiazepinas – As benzodiazepinas devem ser evitadas em casos de demência e delírio,

exceto se não houver alternativas farmacológicas.54

Metoclopramida- Os antagonistas dos recetores da Dopamina também estão associados ao

agravamento de sintomas de Parkinson, uma vez que um dos seus efeitos adversos são os efeitos

extrapiramidais.54

Anti-inflamatórios Não Esteróides- Aumento do risco de insuficiência renal aguda em idosos

cuja doença renal esteja em estado 4, ou seja, em que os níveis de creatinina são inferiores a 30mL/min.54

• Medicamentos Potencialmente Inapropriados: Fármacos a ser usados com precaução em idosos

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Aspirina- A Aspirina, útil na prevenção de doença cardiovascular, deve ser usada com precaução

em idosos devido ao risco de hemorragia, que aumenta acentuadamente com a idade. 54

Mirtazapina e Tramadol - A utilização de fármacos como a Mirtazapina e o Tramadol pode

causar ou agravar o Síndrome de Secreção Inapropriada de Hormona Antidiurética. Esta síndrome faz

com que seja libertada na corrente sanguínea quantidades excessivas de hormona antidiurética, causando

retenção de líquidos nos rins e diminuição dos níveis de sódio no sangue.54, 77

Deste modo, no inicio da terapêutica, recomenda-se a monitorização dos níveis de sódio no

sangue.54

4.4 Conclusão

A análise feita deve ser interpretada como uma orientação na terapêutica destes utentes, pois

como já foi referido, há exceções em que o MPI pode ser a melhor opção terapêutica.

Apesar desta RM ter sido feita apenas para efeitos do presente relatório, pode ser vantajoso para

os profissionais de saúde terem acesso a esta lista de medicamentos potencialmente inapropriados que

estão a ser administrados aos idosos. Assim, a lista de MPI elaborada acima, irá ser enviada para o lar

de idosos, para que o médico e enfermeiros possam ter acesso a esta análise.

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74. Sociedade Portuguesa de Reumatologia: Gota. Acessível em www.spreumatologia.pt [Acedido

em 22 de junho de 2019]

75. INFARMED: Resumo das Caraterísticas do Medicamento: Atarax 25mg. Acessível em

www.infarmed.pt/ [Acedido em 25 de junho de 2019]

76. INFARMED: Resumo das Caraterísticas do Medicamento: Anafranil 25mg. Acessível em

www.infarmed.pt [Acedido em 25 de junho de 2019]

77. Manuais MSD: Síndrome da secreção inapropriada de hormona antidiurética. Acessível em

www.msdmanuals.com [Acedido em 26 de junho de 2019]

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Anexos

Anexo 1- Publicações do Facebook

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Anexo 2- Formulário

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Anexo 3- Folheto informativo dado às pessoas no rastreio cardiovascular

Anexo 4- Boletim de monitorização

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Anexo 5- Kit de amostras e folhetos entregues no aconselhamento ao balcão

Anexo 6- Folheto que acompanhou o aconselhamento ao balcão

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Anexo 7- Fluxograma para aconselhamento de produtos antienvelhecimento da VICHY®

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Anexo 8- Armazenamento dos medicamentos dos utentes

Anexo 9- Documento com o esquema posológico

Anexo 10- Caixa dispensadora reutilizável

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