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Relatório de Estágio
Análise e definição dos processos de verificação dos sistemas eléctricos e electrónicos de chassis de autocarros
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ÍNDICE
1. Descrição da empresa
2. Descrição do problema
2.1 Subcontratação da produção
2.2 Relacionamento da empresa
2.3 Dois departamentos de qualidade
2.4 Inspecções actualmente efectuadas
2.5 Não conformidades verificadas no chassi
3. Resolução do problema
3.1 Processo de verificação das não conformidades
3.1.1 As inspecções
3.1.2 Estrutura de uma inspecção eléctrica
3.1.3 Documentos de apoio ao processo
3.1.3.1 Fichas de inspecção
3.1.3.2 Planos de inspecção
3.1.3.3 Instruções de trabalho
3.1.4 Introdução dos dados estatísticos
3.1.5 Fluxograma do processo
3.2 Processo de tratamento das não conformidades
3.2.1 Fluxograma do processo
3.3 Processo de revisão do sistema
3.3.1 Análise estatística dos dados
3.3.2 Análise de modos de falha
3.3.3 A revisão periódica de um determinado processo
3.3.4 Fluxograma do processo
4 Solução informática
5 Referências
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1. Descrição da empresa
A EvoBus é uma empresa especializada na produção de autocarros. Para tal
conta com uma série de fábricas espalhadas por todo o mundo, bem como algumas
parcerias com outras empresas.
A parceria da EvoBus com a CaetanoBus tem como objectivo a subcontratação
da produção da carroçaria de vários modelos de autocarros, estando actualmente em
produção o modelo Mercedes-Benz Touro. Para tal é fornecido à CaetanoBus o
chassis OC500RF fabricado pela EvoBus.
Durante o processo de montagem da carroçaria têm sido detectados vários
problemas com o chassis. Estes problemas têm maioritariamente origem nos sistemas
eléctricos e electrónicos do chassi, tendo sido neste contexto que se inseriu o meu
trabalho. O estágio teve por objectivo a criação de um processo de verificação da
qualidade do chassi nas diversas fazes produtivas.
2. Descrição do problema
O estágio que realizei na EvoBus tinha por objectivo a criação de um processo
de verificação dos componentes eléctricos e electrónicos de um autocarro. Para se
compreender o problema que me foi proposto é necessário enquadra-lo no contexto
em que a empresa está a operar em Portugal.
2.1 Subcontratação da produção
A EvoBus subcontrata a produção das carroçarias do Mercedes-Benz Touro à
CaetanoBus, sendo para tal fornecido pela EvoBus um chassi por autocarro.
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Mercedes-Benz Touro
2.2 Relacionamento entre as duas empresas
O facto de estarem a co-habitar no mesmo negócio duas empresas com
características bastante diferentes coloca algumas restrições adicionais ao modo
como qualquer colaborador da EvoBus pode agir. É necessário ter sempre em conta
onde acaba o campo de actuação de uma empresa e começa o da outra.
2.3 Dois departamentos de qualidade
No contexto desta parceria, estão a operar dois departamentos de qualidade,
um da CaetanoBus e outro da EvoBus. O Departamento de qualidade da CaetanoBus
é responsável pela verificação durante todo processo produtivo. A EvoBus é
responsável apenas pelas inspecções finais.
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2.4 Inspecções actualmente efectuadas
Quando chega um chassi à CaetanoBus este é inspeccionado visualmente.
Esta operação destina-se a verificar o estado de conservação dos principais
componentes mecânicos do chassi. Não sendo feita qualquer verificação aos
componentes eléctricos e electrónicos.
As inspecções efectuadas durante a produção são da inteira responsabilidade
da CaetanoBus.
É feita também uma inspecção final no fim da Produção pela EvoBus.
2.5 Não Conformidades verificadas no chassi
Têm sido detectadas na produção um número significativo de não
conformidades no chassi. Essas não conformidades provocam grandes atrasos, e
como tal são um custo adicional para a EvoBus. Neste contexto o departamento de
Qualidade da EvoBus traçou como objectivo criar um sistema de verificações que
permitisse detectar o mais cedo possível as não conformidades.
O Chassi OC500RF utilizado no Mercedes-Benz Touro
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3. Resolução do problema
O meu trabalho teve como objectivo a elaboração de um processo de
verificação da qualidade dos componentes eléctricos e electrónicos de chassis de
autocarros. Para tal defini três processos (subprocessos), a saber: processo de
verificação das não conformidades, processo de tratamento de não conformidades e
processo de revisão do sistema.
3.1 Processo verificação das não conformidades
Para a verificação das não conformidades, foi necessário definir várias
inspecções em diferentes fazes produtivas nas quais a EvoBus possa actuar.
3.1.1 As inspecções
Perante o sistema produtivo em causa e tendo em conta que a EvoBus
subcontrata a produção da carroçaria à CaetanoBus os únicos pontos onde a EvoBus
pode realizar inspecções é à chegada do chassi a Vila Nova de Gaia e no fim da
produção, isto é, antes da entrega do autocarro ao cliente.
A inspecção aos componentes eléctricos e electrónicos do chassi por parte da
EvoBus deve estar integrada nestas duas fazes produtivas.
Para ambas as inspecções elaborei uma estrutura de inspecção aplicável tanto
a um chassi com carroçaria montada (autocarro completo) como a um chassi sem
carroçaria.
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3.1.2 Estrutura de uma inspecção eléctrica
§ Anotar o número de chassis como vêm na chapa de identificação (VIN)
§ Inspecção por meio do “Star-Diagnosis” (SD)
a. Anotar Número de chassis (VIN)
b. Efectuar um teste aos diversos módulos e anotar eventuais erros (ME)
c. Efectuar a leitura de determinados valores (LV)
§ Inspecção directa no chassis (CH)
a. Quadros eléctricos (Q)
b. Instalação Eléctrica (IE)
c. Sensores e Actuadores (SA)
§ Inspecção directa na carroçaria (CA)
a. Quadros eléctricos (Q)
b. Instalações eléctricas (IE)
c. Sensores e Actuadores (SA)
d. Aparelhos eléctricos (AP)
§ Inspecção no lugar do condutor (LC)
a. Painel de instrumentos (PI)
b. Instalação eléctrica (IE)
c. Sensores e Actuadores (SA)
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Nota: Foi englobado o Ponto carroçaria para que esta estrutura possa ser introduzida
numa inspecção a um autocarro completo (chassis + carroçaria)
3.1.3 Documentos de apoio ao processo
3.1.3.1 Fichas de inspecção eléctrica (FIE)
A elaboração de fichas de inspecção têm como objectivo apoiar a inspecção.
Nelas devem ser anotados todos os valores de inspecção. As fichas de inspecção
devem seguir a estrutura definida em 3.1.2. Cada ficha de inspecção é composta por
planos de inspecção. Existe uma ficha de inspecção para cada tipo de inspecção
(“Star Diagnosis”, Chassi, Carroçaria, Lugar do condutor).
Além disso cada inspecção deve ter uma folha de rosto, a qual deve indicar
quais os tipos de inspecção efectuados, e quais os planos de inspecção verificados.
3.1.3.2 Pontos de inspecção (PIE)
Cada ponto de inspecção refere-se a uma especificação do chassi e pode ser
utilizado em cada uma das inspecções. Cada plano de inspecção deve ter um
template associado que deve ser independente da inspecção onde vai ser associado.
Esse template deve dar ao inspector um leque de opções para o resultado da
inspecção (escolha múltipla) e deve ter uma pequena instrução de trabalho que deve
permitir ao utilizador relembrar o modo como deve inspeccionar aquela especificação.
3.1.3.3 Instruções de trabalho (IT)
Deve existir uma instrução de trabalho para cada plano de inspecção. A
instrução de trabalho deve distinguir, caso necessário, o método de inspecção
consoante a inspecção onde o plano de inspecção vai ser utilizado.
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3.1.4 Introdução dos dados estatísticos
A seguir a qualquer inspecção deve ser feita a introdução dos resultados da
inspecção estatísticos numa base de dados que vai ser desenvolvida para o efeito.
3.1.5 Fluxograma do processo
3.2 Processo de tratamento de não conformidades
O tratamento das não conformidades detectadas no chassi é da inteira
responsabilidade da EvoBus. No entanto verifica-se que a CaetanoBus presta o
serviço de as corrigir durante a produção. Assim qualquer não conformidade detectada
na inspecção inicial é da inteira responsabilidade da EvoBus apesar da sua resolução
vir a ser subcontratada à CaetanoBus. Depois da inspecção a um chassi ter sido
efectuada e de ter sido dada a autorização de passagem à produção deve ser
combinada entre a EvoBus e a CaetanoBus a forma de actuar perante as não
conformidades detectadas.
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Às não conformidades detectadas à saída da CaetanoBus devem seguir-se
acções correctivas por parte da CaetanoBus. Depois esses mesmos pontos devem
voltar a ser inspeccionados pela EvoBus para garantir que as acções correctivas
entretanto efectuadas foram suficientes para corrigir os erros anteriormente
detectados. As especificações onde forem detectadas não conformidades na
inspecção inicial, devem ser alvo de especial atenção na inspecção final.
3.2.1 Diagrama de processos
3.3 Processo de revisão do sistema
Para acompanhar a evolução do tipo de não conformidades que vão sendo
detectadas no chassi, é necessário introduzir um certo dinamismo no processo, que é
alcançado através de revisões periódicas.
3.3.1 Análise estatística dos dados
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Para que a inspecções incidam sobre as especificações onde há mais de
probabilidade existirem não conformidades, o processo de verificação da qualidade de
um chassi deve fazer um registo das não conformidades que vão sendo detectadas
quer no acto da inspecção quer mais tarde (na produção). Com vista ao cumprimento
deste requisito existem dois documentos: ficha de inspecção (FIE) e ficha de nova não
conformidade(FNNC). O primeiro destina-se a guardar a informação obtida numa
determinada inspecção. O segundo destina-se a descrever uma nova não
conformidade que seja detectada fora de qualquer acto de inspecção.
Quanto ao tratamento dos dados deve ser feito mediante uma análise de Modos
de Falha (AMFE).
3.3.2 Análise de Modos de falha (AMFE)
A análise de modos de falha têm por objectivo ajudar na decisão de quais os
pontos que devem ser inspeccionados. Deve ser feita uma análise deste tipo para
cada uma das duas inspecções. Cada especificação na qual já ocorreram não
conformidades devem ser avaliada nos seguintes pontos:
I. Gravidade de uma não conformidade
II. Probabilidade de ocorrência de uma não conformidade
III. Probabilidade da ocorrência ser detectada antes de entregar o produto ao cliente
IV. Capacidade de correcção da não conformidade por parte da CAETANO BUS
Para quantificar estes conceitos são definidos quatro índices, a saber:
I. Índice de gravidade de uma não conformidade
II. Índice de ocorrência
III. Índice de detecção antes de entregar o produto ao cliente
IV. Índice de capacidade de correcção por parte da CAETANO BUS
I. Índice de Gravidade de uma não conformidade:
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Deve espelhar a gravidade dos efeitos desta não conformidade com base
numa escala de 1 a 4. Deve-se analisar os efeitos quer em termos de segurança quer
em termos de redução da satisfação do cliente.
Índice de gravidade Valor atribuído Exemplos
Pouco importante 1 Conformidade das baterias
Moderado 2 Fio mal fixo
Grave 3 Mau isolamento
Muito grave 4 Ignição não conforme
II. Índice de ocorrência:
Probabilidade de ocorrência Índice de ocorrência
<= 1/80 1
> 1/80 e <= 1/40 2
> 1/40 e <= 1/20 3
> 1/20 e <=1 4
III. Índice de detecção da não conformidade antes de entregar o produto ao cliente
(sem inspecção):
Probabilidade da NC ser detectada Valor atribuído ao Índice de
detecção do NC
Baixa 4
Moderada 3
Elevada 2
Muito Elevada 1
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IV. Índice da capacidade de correcção por parte da CAETANO BUS / C . Santos
Capacidade de correcção por
parte da CAETANO BUS / C.
Santos
Valor atribuído
Totalmente incapaz 4
Capaz mas com custos
elevados
3
Capaz mas com alguns custos 2
Capaz com custos reduzidos 1
Os quatro índices devem ser multiplicados:
Se o valor resultante for < 16 esta NC não deve ser objecto de verificação.
Se o valor resultante for >= 16 esta NC deve ser objecto de verificação.
3.3.3 A revisão periódica de um determinado processo de verificação de um
chassis
O processo de verificação da qualidade do chassis deve sofrer periodicamente
uma revisão, na qual se avalia a introdução ou retirada de especificações que serão
alvo de verificação. Esta avaliação é feita com base na informação disponibilizada pela
Análise de Modos de Falha (AMFE) e através das fichas de nova não conformidade
(FNNC). Sempre que se actualiza o processo de verificação da qualidade do chassis
deve-se também actualizar todos os documentos e ficheiros associados ao sistema de
qualidade.
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3.3.4 Fluxograma do processo
4 Solução Informática
Uma possível evolução ao sistema de qualidade proposto seria o
desenvolvimento de um sistema de informação de apoio.
As inspecções seriam apoiadas por pequenos PDA’s. Nele estaria disponível
toda a informação referente aos planos de inspecção. Os resultados da inspecção
seriam introduzidos pelo operador no PDA. No fim de cada inspecção a informação
seria transferida através de um PC para uma base de dados centralizada. O
tratamento estatístico dos dados pode ser feito de forma automática pelo sistema
através de consultas à base de dados. A informação sobre as não conformidades
detectadas nas inspecções pode ser disponibilizada em todos os computadores da
empresa, através de uma página web disponível na rede interna da empresa.
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5 Referências
§ “Qualidade – sistema de gestão da qualidade” – a. Ramos Pires
§ Juran institute – http://www.juran.com
§ Apontamentos da cadeira de qualidade – Prof. José António Faria