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1 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária e Ferroviária RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TC n. 012.500/2018-6 Fiscalização n. 137/2018 Relator: Vital do Rêgo DA FISCALIZAÇÃO Modalidade: Conformidade Ato originário: Acórdão 843/2018 - Plenário Objeto da fiscalização: Ferrovia Norte-Sul - Palmas - Estrela D'Oeste - SP Funcional programática: 26.783.2087.11ZI.0031/2018 - Construção da Ferrovia Norte-Sul - Santa Vitória/MG - Iturama/MG - EF-151 No Estado de Minas Gerais Tipo da Obra: Ferrovia Período abrangido pela fiscalização: De 30/04/2018 a 15/06/2018 DO ÓRGÃO/ENTIDADE FISCALIZADO Órgãos/entidades fiscalizados: Valec Engenharia Construções e Ferrovias S/A e Agência Nacional de Transportes Terrestres Vinculação (ministério): Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil Vinculação TCU (unidades técnicas): Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária e Ferroviária e Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação Civil Responsável pelo órgão/entidade: nome: Handerson Cabral Ribeiro cargo: Diretor Presidente da Valec período: A partir de 30/04/2018 Outros responsáveis: vide peça: “Rol de responsáveis” PROCESSOS DE INTERESSE - TC 010.481/2016-8 - TC 011.451/2016-5

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO€¦ · Transportes Terrestres (ANTT) e na Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. no período compreendido entre 30/4/2018 e 15/6/2018, em cumprimento

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1 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária e Ferroviária

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO

TC n. 012.500/2018-6 Fiscalização n. 137/2018

Relator: Vital do Rêgo

DA FISCALIZAÇÃO

Modalidade: Conformidade

Ato originário: Acórdão 843/2018 - Plenário

Objeto da fiscalização: Ferrovia Norte-Sul - Palmas - Estrela D'Oeste - SP

Funcional programática:

26.783.2087.11ZI.0031/2018 - Construção da Ferrovia Norte-Sul - Santa Vitória/MG -

Iturama/MG - EF-151 No Estado de Minas Gerais

Tipo da Obra: Ferrovia

Período abrangido pela fiscalização: De 30/04/2018 a 15/06/2018

DO ÓRGÃO/ENTIDADE FISCALIZADO

Órgãos/entidades fiscalizados: Valec Engenharia Construções e Ferrovias S/A e Agência Nacional

de Transportes Terrestres

Vinculação (ministério): Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil

Vinculação TCU (unidades técnicas): Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária e

Ferroviária e Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

Rodoviária e de Aviação Civil

Responsável pelo órgão/entidade:

nome: Handerson Cabral Ribeiro

cargo: Diretor Presidente da Valec

período: A partir de 30/04/2018

Outros responsáveis: vide peça: “Rol de responsáveis”

PROCESSOS DE INTERESSE

- TC 010.481/2016-8

- TC 011.451/2016-5

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Resumo

Trata-se de Auditoria, no âmbito do Fiscobras 2018, realizada na Agência Nacional de

Transportes Terrestres (ANTT) e na Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. no período

compreendido entre 30/4/2018 e 15/6/2018, em cumprimento ao Acórdão 843/2018-TCU-Plenário,

Relator Ministro Raimundo Carreiro (TC 025.542/2017-6), com objetivo de avaliar a situação real do

andamento das obras no Trecho da Ferrovia Norte-Sul entre Porto Nacional/TO e Estrela d’Oeste/SP

frente às informações consideradas pela ANTT no planejamento da subconcessão do referido trecho.

Para orientar os trabalhos e atingir o objetivo proposto, dentro da metodologia escolhida para

o planejamento da auditoria, a equipe elaborou a seguinte questão, que, ao cabo das atividades, deve ser

respondida:

O andamento das obras do Trecho da Ferrovia Norte-Sul (FNS) entre Porto Nacional e

Estrela d’Oeste, sob responsabilidade da Valec, está em conformidade com o considerado no

planejamento da ANTT para a subconcessão?

Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal

de Contas da União e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo

TCU (Portaria Segecex 26/2009).

Consoante disposto no art. 8º da Resolução-TCU 280/2016 e considerando o sorteio

eletrônico realizado, a relatoria do presente processo foi atribuída ao Ministro Vital do Rêgo Filho.

Para responder à questão de auditoria e elaborar a matriz de achados, foram utilizadas as

seguintes técnicas de auditoria: análise documental; confronto de informações e documentos; pesquisa

em sistemas informatizados; comparação com a legislação; análise de imagens georreferenciadas

(geocontrole); entre outras.

Dessa forma, foram constatados os seguintes achados de auditoria:

i) riscos de as obras sob responsabilidade da Valec não serem finalizadas a tempo para a

subconcessão;

ii) inconsistências no valor necessário para a conclusão das obras remanescentes que ficarão

sob responsabilidade do futuro subconcessionário;

iii) inconsistência entre parâmetro técnico de operação da ferrovia exigido da futura

subconcessionária pela ANTT e parâmetro condicionante de projeto das obras da Valec; e

iv) incerteza quanto ao atendimento da infraestrutura ferroviária às especificações técnicas

exigidas pela ANTT, nos trechos a serem subconcedidos.

As propostas de encaminhamento contemplam, no caso dos achados (i) a (iii), dar ciência à

ANTT a respeito de riscos e falhas no Plano de Outorga da FNS, enquanto, no caso do achado (iv),

recomendação no sentido de aprimorar a gestão do patrimônio público sob responsabilidade da Valec,

de modo que a estatal tenha registros confiáveis da situação do trecho entre Porto Nacional/TO e Estrela

d’Oeste/SP e possa garantir o estado da ferrovia no processo de subconcessão, assim como dar

cumprimento à Lei das Concessões.

O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de aproximadamente de

R$ 6.721.943.738,99, que se refere à soma dos contratos de construção das obras da Extensão Sul da

FNS, R$ 3.749.400.000,00, e dos valores iniciais dos contratos de construção do Tramo Central, R$

2.972.543.738,99.

Entre os benefícios estimados desta fiscalização, pode-se mencionar o aumento da

transparência no processo de subconcessão da FNS, em atenção ao princípio da publicidade

administrativa, e a redução do risco de necessidade de reequilíbrio econômico-financeiro da

subconcessão, em decorrência do maior grau de conhecimento acerca da condição de entrega da ferrovia.

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Sumário

I. Apresentação ......................................................................................................................................... 5

I.1. Importância socioeconômica ......................................................................................................... 5

II. Introdução ............................................................................................................................................ 5

II.1. Deliberação que originou o trabalho ............................................................................................ 5

II.2. Visão geral do objeto .................................................................................................................... 6

II.2.1. Ferrovia Norte-Sul ................................................................................................................. 6

II.2.1.1. Caracterização da ferrovia .................................................................................................. 6

II.2.1.2. Histórico de fiscalizações anteriores na FNS ..................................................................... 8

II.2.2. Plano de Outorga da subconcessão da FNS pela ANTT ........................................................ 8

II.3. Objetivo e questões de auditoria ................................................................................................... 9

II.4. Metodologia utilizada ................................................................................................................. 10

II.5. Limitações inerentes à auditoria ................................................................................................. 11

II.6. Volume de recursos fiscalizados ................................................................................................ 11

II.7. Benefícios estimados da fiscalização ......................................................................................... 11

III. Achados de auditoria ........................................................................................................................ 11

III.1. Riscos de a Valec não finalizar as obras sob sua responsabilidade a tempo para a subconcessão

............................................................................................................................................................ 11

III.2. Inconsistências no valor necessário para a conclusão das obras remanescentes que ficarão sob

responsabilidade do futuro subconcessionário. .................................................................................. 14

III.3. Inconsistência entre parâmetro técnico de exploração da ferrovia exigido da futura

subconcessionária pela ANTT e parâmetro condicionante de projeto das obras da Valec ................ 17

III.4. Incerteza quanto ao atendimento da infraestrutura ferroviária às especificações técnicas

exigidas pela ANTT nos trechos a serem subconcedidos. ................................................................. 20

IV. Conclusão ......................................................................................................................................... 25

V. Proposta de encaminhamento ............................................................................................................ 26

APÊNDICE A - Matriz de Achados ...................................................................................................... 28

APÊNDICE B - Dados da obra .............................................................................................................. 32

APÊNDICE C - Achados reclassificados após a conclusão da fiscalização .......................................... 41

APÊNDICE D - Despachos .................................................................................................................... 42

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I. Apresentação

1. A Ferrovia Norte-Sul (FNS), com extensão total prevista de Barcarena/PA a Rio Grande/RS,

foi projetada para promover a integração nacional, minimizar custos de transporte e interligar as regiões

brasileiras, por meio das suas conexões com ferrovias novas e existentes.

2. A construção da FNS foi iniciada por trechos, na década de 1980, a partir de sua ligação com

a Estrada de Ferro Carajás (EFC). O traçado inicial previa a construção de 1.550 km, de Açailândia/MA

a Anápolis/GO, de modo a cortar os estados do Maranhão, Tocantins e Goiás. Com a Lei 11.772, de 17

de setembro de 2008, foram incorporados a esse traçado os trechos de Barcarena/PA a Açailândia/MA

e de Ouro Verde/GO a Panorama/SP.

3. O trecho da Ferrovia Norte-Sul entre Porto Nacional/TO e Estrela d’Oeste/SP está próximo

de ter suas obras finalizadas, e, desde a edição do Decreto 8.916, de 25 de novembro de 2016, está

qualificado para a concessão da exploração da infraestrutura ferroviária pelo setor privado. Por sua vez,

a ANTT deu início ao processo de concessão da ferrovia e elaborou o Plano de Outorga da subconcessão,

que está em análise pelo TCU por meio do TC 026.071/2017-7.

4. Nesse contexto, enquanto o TC 026.071/2017-7 trata de acompanhar os procedimentos

preparatórios para a licitação e os fundamentos da política pública relacionada à subconcessão, o

presente trabalho, realizado no âmbito do Fiscobras 2018, pretende realizar análises voltadas para a

execução e a conclusão das obras do Tramo Central e da Extensão Sul da FNS, sempre de maneira a

considerar o Plano de Outorga da subconcessão.

I.1. Importância socioeconômica

5. Com aproximadamente 2.260 quilômetros de extensão entre Açailândia/MA e Estrela d’

Oeste/SP, a Ferrovia Norte-Sul se propõe a promover integração nacional. Com a conclusão da Extensão

Sul (trecho entre Ouro Verde/GO e Estrela d’Oeste/SP) e sua interligação com outras ferrovias

existentes, a FNS vai permitir o escoamento da produção nacional tanto pelo Porto de Itaqui/MA como

pelo Porto de Santos/SP. Assim, dotará o país com uma estrutura ferroviária para o transporte de longa

distância, com expectativa de redução dos custos logísticos e aumento da competitividade internacional

do Brasil.

6. A FNS se conecta com a Estrada de Ferro Carajás, em Açailândia/MA, para acesso ao Porto

de Itaqui/MA, a partir de onde também existe o projeto de conexão futura ao Porto de Barcarena/PA. Ao

Sul, em Estrela d’Oeste/SP, a ferrovia vai se conectar à Ferrovia Malha Paulista, possibilitando acesso

ao Porto de Santos/SP.

7. A área de influência dos trechos da Ferrovia Norte-Sul já concluídos e em andamento é

composta pelos Estados do Maranhão, Tocantins e Goiás, do nordeste do Mato Grosso, sudeste do Pará,

sul do Piauí, oeste da Bahia, noroeste de Minas Gerais e noroeste de São Paulo. Essa área tem 1.866.104

km², o que corresponde a 21,8% da área territorial do Brasil e onde vivem 15,5% da população brasileira,

o que demonstra a importância da Ferrovia Norte-Sul como propulsora do desenvolvimento nacional,

redutora de diferenças regionais e indutora do crescimento das regiões menos favorecidas do país (Norte

e Centro-Oeste) (Fonte: Relatório PAC).

II. Introdução

II.1. Deliberação que originou o trabalho

8. Em cumprimento ao Acórdão 843/2018-TCU-Plenário, realizou-se a auditoria na Valec

Engenharia Construções e Ferrovias S/A (Valec) e na Agência Nacional de Transportes Terrestres

(ANTT), no período compreendido entre 30/4/2018 e 15/6/2018.

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9. As razões que motivaram esta auditoria se ligam à verificação da capacidade de a Valec

concluir as obras da Extensão Sul da FNS, de Ouro Verde/GO a Estrela d’Oeste/SP, em complemento

ao já concluído trecho entre Porto Nacional/TO a Anápolis/GO, em prazo hábil e dentro das condições

e especificações previstas pela ANTT no processo de subconcessão do trecho da FNS entre Porto

Nacional/TO e Estrela d’Oeste/SP.

II.2. Visão geral do objeto

10. O objeto da presente auditoria é a execução das obras da Ferrovia Norte-Sul no trecho entre

Porto Nacional/TO e Estrela d’Oeste/SP, que compreende os denominados Tramo Central (Porto

Nacional/TO a Ouro Verde/GO, incluindo o ramal até Anápolis/GO) e Extensão Sul (Ouro Verde/GO a

Estrela d’Oeste/SP). Além disso, ao considerar o contexto da iminente outorga da ferrovia ao setor

privado, também é objeto da fiscalização o Plano de Outorga para subconcessão da EF-151, trecho entre

Porto Nacional/TO e Estrela d’Oeste/SP, elaborado pela ANTT.

II.2.1. Ferrovia Norte-Sul

II.2.1.1. Caracterização da ferrovia

11. Conhecida por EF-151 no plano nacional de viação, a FNS é uma estrada de ferro projetada

para integrar o território nacional e contribuir para a redução do custo logístico do transporte de carga

no país. Com traçado planejado de 3.100 Km, tem início em Belém/PA e atravessa verticalmente os

estados Pará, Maranhão, Tocantins, Goiás, Minas Gerais e São Paulo até o município de Panorama/SP.

Está ainda em fase de estudos o prolongamento da FNS, que atravessa os três estados da Região Sul até

o Porto de Rio Grande/RS.

12. Na década de 1980, a construção da ferrovia foi iniciada por trechos, a partir da ligação

com a Estrada de Ferro Carajás (EFC). O projeto inicial previa a construção de 1.550 km, de

Açailândia/MA a Anápolis/GO. Com a Lei 11.772, de 17 de setembro de 2008, foram incorporados a

esse traçado os trechos de Barcarena/PA a Açailândia/MA e de Ouro Verde/GO a Panorama/SP.

13. O Governo Federal concedeu a construção e a operação da ferrovia à Valec por meio

do Decreto 94.176, de 2 de abril de 1987, do Decreto 94.813, de 1 de setembro de 1987, e da Lei 11.772,

de 17 de setembro de 2008.

14. Em 20 de dezembro de 2007, após processo de licitação, o Governo Federal assinou

contrato de subconcessão do trecho de 720 Km entre Açailândia/MA e Palmas/TO com a empresa Vale

S.A., atualmente FNS S.A., que venceu a licitação na modalidade concorrência com lance de R$ 1,478

bilhão e recebeu o direito de exploração comercial da ferrovia por trinta anos.

15. Em 2014, a Valec concluiu as obras do Tramo Central da FNS, que possui início em

Porto Nacional/TO e final em Anápolis/GO, com total de 855 Km de extensão. Desde então, o trecho

encontra-se operacional e disponível para o transporte ferroviário de cargas.

16. Atualmente, a Extensão Sul da FNS está em estágio final de construção pela Valec. Esse

trecho compreende 682 Km entre Ouro Verde de Goiás/GO e Estrela d’Oeste/SP e permitirá a conexão

da FNS com a Ferrovia EF-364 (Ferrovia Malha Paulista), operada pela Rumo Logística, de modo a

viabilizar o acesso ao Porto de Santos/SP.

17. São cinco lotes de obras, 1S à 5S, com seus respectivos contratos de construção, nominados

como 1S, 1SA, 2S, 3S, 3SA, 3SP, 4S, 5S e 5SA, conforme ilustrado no esquema de implantação da

Figura 1.

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Figura 1: Esquema de implantação da FNS-Extensão Sul

Fonte: Relatório de Gestão de Obras da Valec, evidência 16, p.31

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II.2.1.2. Histórico de fiscalizações anteriores na FNS

18. No Fiscobras 2010 (TC 010.098/2010-0), o TCU identificou irregularidades no Edital

de Concorrência 4/2010 e deliberou quanto ao mérito por meio dos Acórdãos 2.962/2010 e 2.909/2012,

ambos do Plenário e de relatoria do Ministro-Substituto Augusto Sherman.

19. No Fiscobras 2011 (TC 014.393/2011-5), foram identificados atrasos na execução das

obras, fiscalização deficiente e medição antecipada de acessórios de fixação. O Tribunal já deliberou

preliminarmente por meio do Acórdão 2.692/2011-TCU-Plenário, de relatoria do Ministro-Substituto

Augusto Sherman.

20. No Fiscobras 2012 (TC 012.612/2012-0), as principais irregularidades identificadas

foram: interrupções do traçado com risco de perda de funcionalidade da obra, seleção de método

construtivo antieconômico e não usualmente aplicado nas obras ferroviárias para produção dos diversos

tipos de concreto; insuficiência de sondagens para dimensionamento das obras de arte especiais;

insuficiência de caracterização do terreno; equiparação de atos da fiscalização ao projeto básico da obra

e adoção na planilha orçamentária de “serviços por administração”, com as quantidades em horas de

máquinas e pessoal, sem a identificação do objeto que se pretende executar. Quanto a essas

irregularidades, o Tribunal já deliberou preliminarmente por meio dos Acórdãos 2.467/2012,

2.910/2012, 2.939/2012 e 3.397/2012, todos do Plenário e de relatoria do Ministro-Substituto Augusto

Sherman

21. No Fiscobras 2013 (TC 012.460/2013-3), as principais irregularidades identificadas

foram: gestão temerária do empreendimento, superfaturamento decorrente de quantitativo inadequado,

superfaturamento decorrente de inclusão inadequada de novos serviços, avanço desproporcional das

etapas de serviço e descumprimento de determinação exarada pelo TCU. O Tribunal deliberou por meio

do Acórdão 2.388/2013-TCU-Plenário, de relatoria do Ministro-Substituto Augusto Sherman.

22. No Fiscobras 2014 (TC 010.792/2014-7), a principal irregularidade identificada foi a

continuidade dos serviços de terraplenagem sem a incorporação de soluções alternativas em substituição

ao rachão. O fato motivou a revogação de medida cautelar determinada naqueles autos, sem solução das

irregularidades. Quanto à determinação prolatada neste processo para repactuação de preços de concreto,

a ser empregado nas obras de arte especial, com previsão de utilização de betoneiras, a Valec apresentou

novas composições com uso de central de concretos, com as justificativas de não haver modificação

substancial nos preços. Assim, entenderam os técnicos da Valec que não teria havido descumprimento

da medida cautelar e que não haveria necessidade de alteração na planilha de preços dos contratos dos

Lotes 1S a 5S. O processo encontra-se sobrestado por força do Acórdão 3.133/2014-TCU-Plenário, de

relatoria do Ministro-Substituto Augusto Sherman.

23. No Fiscobras 2016 (TC 011.450/2016-9), a auditoria teve como resultado os seguintes

achados: transporte de brita e rachão em distâncias superiores às previstas em projeto; insuficiência de

motivação para permuta de jazida de brita indicada e projeto; brita aplicada como lastro ferroviário fora

das especificações da Norma Técnica da Valec; e justificativa insuficiente para uso de contratação

integrada. Por meio do Acórdão 2.507/2016-TCU-Plenário, de relatoria do Ministro-Substituto Augusto

Sherman, o Tribunal determinou a oitiva da Valec e das empresas contratadas.

24. No Fiscobras 2017 (TC 013.167/2017-0), a auditoria teve como resultado a

constatação de que a brita para lastro fornecida ao Lote 4S da FNS é semelhante à brita anteriormente

reprovada em ensaios e estornada por má qualidade. Em decorrência desse achado e de análises internas

da Valec, a estatal decidiu estornar toda a brita que já havia sido adquirida para lastro do Lote 4S, por

motivos de deficiência de qualidade e reprovação nas normas da empresa pública.

II.2.2. Plano de Outorga da subconcessão da FNS pela ANTT

25. A ANTT elaborou o Plano de Outorga para a subconcessão da EF-151, trecho compreendido

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entre Porto Nacional/TO e Estrela d’Oeste/SP, que totaliza 1.537 Km, à iniciativa privada. O Plano

apresenta informações como caracterização dos trechos a serem licitados, tipo e prazo da concessão,

modalidade da licitação, síntese de obras e melhoramentos previstos, serviços a serem prestados pelo

concessionário, parâmetros de desempenho a serem observados pelo concessionário e modelagem

econômico-financeira.

26. O Governo Federal planejou a subconcessão no contexto do Programa de Parcerias de

Investimentos (PPI), criado para reforçar a coordenação das políticas de investimentos em infraestrutura

por meio de parcerias com o setor privado. A ideia desse programa é ter um novo fluxo de decisões para

a priorização e o acompanhamento dos projetos que serão executados por meio de concessões, parcerias

público-privadas (PPPs) e privatizações, além de garantir um ambiente propício à expansão da

infraestrutura, ao desenvolvimento econômico e às oportunidades de investimento e emprego no país.

27. O Plano de Outorga apresenta investimentos de Capex (Capital expenditures) que devem ser

realizados pela subconcessionária após a assunção da ferrovia. Dentre eles, está a conclusão de obras

remanescentes da Valec referentes aos lotes 4S, 5S e 5SA, conforme Figura 2.

28. De outro lado, a minuta de contrato da subconcessão contém cláusula que obriga a

subconcessionária a atingir ou superar parâmetros mínimos de Especificações Técnicas relacionados a

exploração e manutenção da ferrovia, estabelecidos no Apêndice B do Caderno de Obrigações, ao longo

de todo o prazo da subconcessão.

29. Assim, em linhas gerais, a situação atual da obra objeto desta fiscalização apresenta, de um

lado, o Tramo Central da FNS concluído e em manutenção pela Valec, e, de outro, a Extensão Sul da

FNS com os lotes 1S, 1SA, 2S, 3S, 3SA e 3SP a serem finalizados pela Valec e os lotes 4S, 5S e 5SA a

serem entregues como obras remanescentes para conclusão pelo futuro subconcessionário.

Figura 2: Quadro resumo dos investimentos a serem realizados pela futura subconcessionária. Incluem a conclusão

de obras remanescentes da Valec no item 13.

Fonte: Plano de outorga da EF-151, evidência 11, p.70. Destaque nosso.

II.3. Objetivo e questões de auditoria

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30. A presente auditoria teve por objetivo avaliar a situação real do andamento das obras no

Trecho da FNS entre Porto Nacional e Estrela d’Oeste, frente às informações consideradas pela ANTT

no planejamento da subconcessão do referido trecho.

31. Em análise preliminar do Plano de Outorga da subconcessão, verificou-se que a ANTT

incluiu como ferrovia a ser explorada pela iniciativa privada, além do trecho já em condições de operação

(Tramo Central), trecho ainda não concluído (Extensão Sul), atualmente com obras em andamento sob

responsabilidade da Valec, Lotes 1S a 3S, e com obras inacabadas a serem concluídas pela futura

subconcessionária, Lotes 4S e 5S.

32. Além disso, a Agência incluiu exigências para que a futura subconcessionária mantenha a

ferrovia dentro de parâmetros técnicos mínimos de exploração, especificados no Apêndice B do Caderno

de Obrigações, durante todo o prazo da subconcessão.

33. Assim, dado o contexto histórico de irregularidades verificadas nas obras da Valec, a equipe

de fiscalização teve como objetivo identificar riscos de a estatal não conseguir entregar a tempo e

conforme planejado para a outorga as obras em andamento que ficaram sob sua responsabilidade.

34. Por outro lado, no que diz respeito às obras não acabadas pela Valec a serem concluídas pela

subconcessionária, a equipe teve como objetivo analisar a separação entre os escopos e custos das obras

a serem repassadas para a futura subconcessionária em confronto com a parcela das obras já executadas

pela estatal.

35. Ainda, no que diz respeito aos trechos já concluídos e às obras ainda a serem finalizadas pela

Valec, este trabalho buscou verificar a aderência da ferrovia projetada e construída pela estatal aos

parâmetros exigidos pela ANTT no Apêndice B do Caderno de Obrigações.

36. Cabe destacar que não faz parte do escopo deste trabalho a análise de aspectos do Plano de

Outorga da FNS relacionados à licitação, nem aos aspectos da modelagem econômico-financeira da

subconcessão, tais como custos operacionais, estimativas de demanda, taxa de retorno do projeto, tarifas,

dentre outros. Esta análise é realizada nos autos do TC 026.071/2017-7.

37. Também não fez parte deste trabalho a análise de orçamentos ou projetos relacionados aos

contratos de construção da FNS, dado que já existem outros processos abertos que tratam do tema para

essa ferrovia e, atualmente, não há novas obras que justifiquem esse tipo de análise.

38. Assim, a partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão

sendo aplicados de acordo com a legislação pertinente, formulou-se a questão adiante indicada:

O andamento das obras do Trecho da Ferrovia Norte-Sul (FNS) entre Porto Nacional e

Estrela d’Oeste, sob responsabilidade da Valec, está em conformidade com o considerado

no planejamento da ANTT para a subconcessão?

II.4. Metodologia utilizada

39. Para analisar o andamento das obras da FNS, na execução da presente fiscalização, a equipe

de auditoria realizou procedimentos de análise de imagens das obras da FNS (geocontrole) e análise

documental.

40. Com intuito de avaliar a execução dos contratos de construção da FNS, de forma a considerar

cronogramas e prazos de conclusão frente ao plano de outorga da ANTT, a equipe de fiscalização

analisou imagens georreferenciadas da ferrovia, fornecidas pela Valec, capturadas por satélite e drone.

41. Para isso, a equipe fez uso do software QGis e focou nos principais pontos da ferrovia, como

pontes, viadutos e pátios, a fim de encontrar possíveis inconsistências que chamassem atenção

visualmente.

42. Contudo, essa análise não gerou evidências, pois as imagens analisadas foram obtidas em

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datas muito anteriores à execução dessa auditoria e poderiam não refletir fidedignamente o estado atual

das obras.

43. Assim, como forma de verificar o andamento das obras, foram considerados para a análise

os Relatórios Técnicos de Atividades (RAT) e os Relatórios de Gestão de Obras (RGO) fornecidos pela

Valec, o que resultou no Achado III.1.

44. Por outro lado, a equipe de auditoria analisou também os escopos e custos das obras

remanescentes da FNS a serem repassadas para a subconcessionária, que constam no Plano de Outorga

da ANTT, em confronto com a execução das obras da Valec, por meio da verificação das últimas

medições contratuais fornecidas pela Valec. Esse procedimento teve como resultado o Achado III.2.

45. Ainda, com intuito de verificar a aderência da ferrovia projetada e construída pela estatal aos

parâmetros exigidos pela ANTT no Apêndice B do Caderno de Obrigações, a equipe de auditoria

realizou comparação dos parâmetros desse apêndice frente às normas da Valec relacionadas à

superestrutura ferroviária, que serviram como base para a construção da FNS pela estatal.

46. As normas analisadas foram a Valec 80-EG-000A-18-0000 – Projeto de Superestrutura, que

define os serviços que devem constar nos projetos de engenharia ferroviária, e a Valec 80-DES-000A-

18-8000 - Projeto Tipo - Seção Transversal de Superestrutura, que permite visualizar as definições do

projeto de superestrutura.

47. Importante ainda esclarecer que as normas técnicas da Valec têm metodologia diferente da

definida pela ANTT no Caderno de Obrigações. Mas, do confronto entre as duas especificações,

percebe-se a quase total compatibilidade técnica entre elas, de forma que a diferença de metodologia,

por si só, não é razão de inconsistências. Ou seja, se a ferrovia atender às exigências das normas da

Valec, também atenderá às exigências do Caderno de Obrigações.

48. O resultado da comparação entre os documentos consubstanciou os Achados III.3 e III.4 da

presente auditoria.

49. Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal

de Contas da União (Portaria-TCU 280, de 8 de dezembro de 2010, alterada pela Portaria-TCU 168, de

30 de junho de 2011) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo

TCU (Portaria-Segecex 26, de19 de outubro de 2009).

II.5. Limitações inerentes à auditoria

50. Devido à necessidade de um diagnóstico real da situação, o uso das imagens de geocontrole

como evidência foi limitado. O uso das imagens foi útil como indicativo de pontos de risco do projeto.

II.6. Volume de recursos fiscalizados

51. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de aproximadamente de

R$ 6.721.943.738,99, que se refere à soma dos valores iniciais dos contratos de construção das obras da

Extensão Sul da FNS, R$ 3.749.400.000,00, e dos contratos de construção do Tramo Central, R$

2.972.543.738,99.

II.7. Benefícios estimados da fiscalização

52. Entre os benefícios estimados desta fiscalização, pode-se mencionar o aumento da

transparência no processo de subconcessão da FNS, em atenção ao princípio da publicidade

administrativa, e a redução do risco de necessidade de reequilíbrio econômico-financeiro da

subconcessão, em decorrência do maior grau de conhecimento acerca da condição de entrega da ferrovia.

III. Achados de auditoria

III.1. Riscos de a Valec não finalizar as obras sob sua responsabilidade a tempo para a subconcessão

12 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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53. A execução de obras da Extensão Sul da FNS que devem ser concluídas pela Valec antes da

data de assunção do trecho pela futura subconcessionária apresenta riscos que podem afetar o

considerado no Plano de Outorga elaborado pela ANTT.

54. No processo de subconcessão da FNS, ao considerar que as obras da Extensão Sul ainda

estão em execução pela Valec, o MTPA enviou diretrizes à ANTT de forma a dividir a responsabilidade

pela conclusão dessas obras entre a Valec e o futuro subconcessionário.

55. De acordo com as diretrizes, a Valec ficou responsável por concluir, até a data da assunção

da ferrovia pelo subconcessionário, os Lotes 1S, 1SA, 2S, 3S, 3SA e 3SP, bem como a infraestrutura

dos Lotes 5S e 5SA. O Lote 4S será entregue ao subconcessionário no estado em que se encontra.

56. As diretrizes foram enviadas à agência por meio da Nota Informativa 17/2017/DP-GPI/SFP-

MTPA, emitida pelo MTPA em 27/12/2017 (evidência 15), na qual consta o trecho abaixo, de importante

leitura para compreensão do contexto em que foram elaboradas:

Baseado no princípio da eficiência, com vistas ao bem público e melhor prestação de serviço no

âmbito do transporte ferroviário; e com base nas informações apresentadas acima, principalmente o

fato do próprio cronograma de obras do Contrato 067/2010, apresentado pela empresa CONSTRAN,

prever a conclusão das obras do Lote 4S somente em fevereiro de 2019, a área técnica desta pasta

ministerial apresentará abaixo proposta de encaminhamento para o assunto em tela:

I - A ANTT deve realizar novas análises nos documentos que pautaram a elaboração da minuta de

contrato da futura concessão deste trecho da Ferrovia Norte Sul, considerando o seguinte cenário de

evolução das obras para cada lote da FNS ESUL, conforme se segue:

a) Para os lotes 1S, 1SA, 2S, 3S e 3SA, considerar que as obras serão concluídas pela VALEC

até a assunção da ferrovia pela concessionária, ou seja, que não haverá nenhum saldo financeiro

remanescente de obras para a futura concessionária. Isso se justifica pelo fato da VALEC apresentar,

para estes lotes, previsão de conclusão das obras muito mais breve que 12 de janeiro de 2019, data

prevista para que a futura concessionária assuma a citada ferrovia;

b) Para o lote 4S, considerar a atual evolução física do empreendimento, conforme Tabela 01, valor

que necessita ser atualizado pela VALEC. Isso se deve ao fato da obra estar paralisada pelo Tribunal

de Contas da União - TCU, e de não haver previsão de liberação dos serviços pela Corte de Contas.

Para isso, a VALEC deverá prever, no respectivo contrato de obra, apenas a realização da

manutenção do lote, para evitar a perda de serviços já realizados, sem evolução física do

empreendimento. O restante das obras do lote e respectivos custos decorrentes deverão ser

repassados para a futura concessionária. Além disso, a VALEC deverá informar, tanto à ANTT

quanto ao MTPA, o percentual físico atual que ainda deve ser realizado de obras ferroviária para o

lote, bem como os respectivos saldos financeiros destes serviços.

c) Para os lotes 5S e 5SA, considerar que as obras de infraestrutura ferroviária serão concluídas pela

VALEC até a assunção da ferrovia pela concessionária, mas que o restante das obras de

superestrutura, e respectivo custo, serão repassados ao futuro concessionário. Isso se deve ao fato de

o TCU ter paralisado a execução da superestrutura ferroviária destes lotes, sem previsão de data para

retomada destas obras. Para isso, a VALEC deverá concluir o restante dos serviços ligado a

infraestrutura ferroviária destes lotes, bem como realizar a manutenção dos lotes no que se refere à

parte de superestrutura ferroviária, sem a respectiva evolução física. A VALEC deverá informar,

tanto à ANTT quanto ao MTPA, o percentual físico atual que ainda deve ser realizado de

infraestrutura ferroviária para estes dois lotes, bem como os respectivos saldos financeiros destes

serviços. (Evidência 15, p. 5, destaque no original)

57. Conforme se verifica no trecho acima, o MTPA dividiu a conclusão da Extensão Sul entre a

Valec e a futura subconcessionária com base nas datas previstas para conclusão de cada lote e na data

prevista para a assunção da ferrovia pela subconcessionária.

58. A previsão da data de assunção prevista pelo MTPA no documento é 12/1/2019, enquanto a

13 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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previsão para conclusão dos Lotes 1S a 3S seria antes do final de 2018 e a do Lote 4S seria fevereiro de

2019. Além disso, foi considerado que os Lotes 5S e 5SA estariam com as obras de superestrutura

suspensas por medida cautelar do TCU.

59. Assim, em atendimento às diretrizes do MTPA, a ANTT elaborou o plano de outorga da

concessão em que estabelece como obrigação da futura subconcessionária a conclusão do Lote 4S e da

superestrutura dos Lotes 5S e 5SA (evidência 1, p. 12).

60. Além disso, o Ministério definiu na minuta de contrato que a data de assunção da

subconcessão corresponde à data de publicação do extrato do contrato no Diário Oficial da União

(evidência 13, p. 6), portanto seria essa a data limite para a Valec finalizar as obras dos trechos 1S a 3S.

61. Contudo, da análise do andamento das obras sob responsabilidade da Valec, constatam-se

problemas e atrasos que podem levar ao não atendimento do estipulado pelo MTPA e previsto no Plano

de Outorga, ou seja, a estatal pode não conseguir finalizar as obrigações que lhe correspondem, antes da

data de assunção da ferrovia pelo futuro subconcessionário.

62. O principal problema verificado se refere ao Lote 1SA, pois, desde fevereiro de 2018, o

contrato de construção desse trecho, firmado com a empresa Azvi S.A. do Brasil, está em processo de

rescisão judicial (evidência 10), o que significa a paralisação das obras até que a Valec consiga assinar

um novo contrato. O contrato em litígio foi assinado em 22/5/2017, com valor de R$ 118 milhões, para

a conclusão das obras não acabadas do lote, que possui extensão de 111 Km. Contudo, a execução do

contrato atingiu apenas 2%, e ainda faltam concluir 49 Km de implantação da grade (dormentes, trilhos

e acessórios de fixação) e duas obras de arte especiais, dentre elas a conclusão de um viaduto sobre a

rodovia GO-070 (evidência 18, p.8).

63. Ao considerar a previsão do contrato judicializado, de doze meses para a conclusão das obras

ainda por iniciar, frente às previsões da licitação da FNS pelo Governo Federal, constata-se discrepâncias

entre as datas. Dessa forma, há riscos potenciais de que o lote 1SA não esteja concluído antes de a

subconcessionária assumir a ferrovia.

64. O Lote 2S possui prazo previsto para conclusão em 30/9/2018 e apresenta 98,8% de evolução

física. Resta a execução dos serviços de acabamento final da estrutura ferroviária.

65. O Lote 3S teve seu contrato encerrado em junho de 2016, e, atualmente, o processo de

recebimento definitivo do lote está em andamento.

66. O Lote 3SA está com 92,9% de execução física, contudo, em função da não conclusão das

obras dentro do prazo estabelecido em contrato, a Valec acionou a empresa contratada, e, em 25/1/2018,

acordou compromisso de ajuste de conduta (CAC). De acordo com esse CAC, as obras seriam concluídas

pela construtora em 30/6/2018.

67. Porém, de acordo com o RAT de março de 2018, a supervisora alertou a Valec de que não

houve sequer mobilização para finalização de serviço no corte do Km 364+200, implantação de tela

grampeada, previsto para 30/3/2018, acordado no CAC. Por esse motivo a supervisora alertou que é

eminente a possibilidade de não atendimento pela empresa construtora dos prazos acordados no

compromisso de ajuste de conduta.

68. O Lote 3SP, referente à implantação do Pátio de Santa Helena/GO, não mencionado nas

diretrizes do MTPA nem nos estudos da ANTT, tem contrato vigente até 6/7/2018 e o avanço físico até

março de 2018 foi de 64%. O projeto do pátio de Santa Helena contempla também a construção de dois

viadutos. Conforme RAT do lote, em março de 2018, foi possível constatar o início das obras do Viaduto

Rodoviário I (evidência 21, p.16), contudo os projetos do Viaduto Rodoviário II ainda não foram

recebidos em sua totalidade (evidência 21, p. 63). Conforme o RGO, a Superintendência de Projetos da

Valec (Supro) aguarda o envio dos projetos revisados do Viaduto II para realizar nova análise (evidência

16, p. 17).

14 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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69. De outra parte, a Auditoria Interna da Valec, ao fiscalizar o empreendimento em fevereiro

de 2018, apontou como achado o “Não cumprimento do cronograma de obra, o que pode ensejar o

retardamento da finalização do objeto” (evidência 24, p. 8).

70. Ainda, de acordo com planilha de serviços não concluídos apresentada pela Valec, os

viadutos I e II ainda não apresentam conclusão de nenhum item (evidência 17, p. 7-8).

71. Dado que o previsto para esse período seria de cerca de 80% de conclusão, além do que seria

necessário finalizar dois viadutos em um curto período, fica evidente o alto risco de não finalização das

obras até julho de 2018 (evidência 21, p. 39).

72. O Lote 5S, cuja infraestrutura deve ser concluída pela Valec, apresenta saldo contratual de

R$ 34.583.262,66 (set/2009), conforme medição de março de 2018. Desse valor, R$ 5.171.571,65 se

refere à superestrutura, já incluída no Capex da subconcessão. O restante, R$ 29.411.691,01, se refere à

infraestrutura e à soma do que falta para conclusão das obras de arte especiais (OAE) do lote (evidência

15).

73. Contudo, embora a Valec ainda tenha que finalizar obras de infraestrutura e das OAE´s antes

da subconcessão, há riscos de que esse prazo seja descumprido, visto que as obras desse lote estão

paralisadas devido a problemas relacionados à qualidade da brita para lastro, em discussão no TC

011.451/2016-5, e à suspensão cautelar do contrato de supervisão, Contrato 90/2018, determinada pelo

Acórdão 508/2018-TCU-Plenário, de relatoria do Min. Benjamin Zymler, no TC 010.481/2016-8.

74. Embora as causas desses problemas já estejam sendo tratadas em processos específicos, cabe

ressaltar que as suas implicações podem afetar os procedimentos da licitação da subconcessão e a própria

política pública para o setor ferroviário.

75. Caso os riscos de atrasos se concretizem, a depender do tratamento a ser dado pelos órgãos

envolvidos na concessão, podem ocorrer consequências como atraso na licitação da subconcessão, atraso

no início da operação da ferrovia, ou até a necessidade de reequilíbrio econômico financeiro do contrato

de subconcessão, com aumento do valor de investimento de Capex por parte da subconcessionária, para

que se possa finalizar as obras inconclusas.

76. Nesse contexto, ao considerar a realização da subconcessão com trechos ainda em obras, é

conveniente que o edital de licitação da subconcessão considere a possibilidade de as obras gerenciadas

pela estatal atrasarem, de forma a prever mecanismos contratuais que tratem desse risco. Esse é o

entendimento que se extrai do art. 18, incisos X e XI, da Lei 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 (Lei de

Concessões).

77. Portanto, será proposto dar ciência à ANTT de que elaborar o edital de licitação da

subconcessão da Ferrovia Norte-Sul sem considerar os riscos de a Valec não concluir as obras dos Lotes

1SA, 2S, 3S, 3SA e 3SP antes da assunção da ferrovia pela subconcessionária afronta o art. 18, incisos

X e XI, da Lei 8.987/1995.

III.2. Inconsistências no valor necessário para a conclusão das obras remanescentes que ficarão sob

responsabilidade do futuro subconcessionário.

78. Os valores constantes no plano de outorga referentes aos investimentos a serem realizados

pela futura subconcessionária para conclusão das obras remanescentes da Valec dos Lotes 4S, 5S e 5SA

da Extensão Sul da FNS não consideram o fornecimento de brita para lastro dentro das especificações

do Lote 4S nem a discussão do tratamento que será dado a esse material nos Lotes 5S e 5SA.

79. Decorre da legislação a necessidade de que as obrigações especificadas no Plano de Outorga

da subconcessão sejam baseadas em estudos corretos, que reflitam a realidade do empreendimento da

concessão.

80. Conforme o artigo 23 da Lei 8.987/1995, transcrito a seguir, o contrato da concessão deve

15 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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conter cláusulas relativas a obrigações do poder concedente e da concessionária no que se refere à

execução da concessão.

Art. 23, São cláusulas essenciais do contrato de concessão as relativas

V - aos direitos, garantias e obrigações do poder concedente e da concessionária, inclusive os

relacionados às previsíveis necessidades de futura alteração e expansão do serviço e consequente

modernização, aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e das instalações;

81. Além disso, conforme o artigo 24 da Lei 10.233/2001, transcrito abaixo, o Plano de Outorga

submetido ao MTPA pela ANTT deve ser baseado em estudos específicos de viabilidade técnica.

Art. 24. Cabe à ANTT, em sua esfera de atuação, como atribuições gerais:

(...)

III - propor ao Ministério dos Transportes, nos casos de concessão e permissão, os planos de

outorgas, instruídos por estudos específicos de viabilidade técnica e econômica, para exploração

da infraestrutura e a prestação de serviços de transporte terrestre; (Lei 10.233, de 5 de junho de

2001)

82. Nesse sentido, o Caderno de Obrigações da minuta do contrato de subconcessão da FNS

estabelece que a subconcessionária deve concluir as obras dos Lotes 4S, 5S e 5SA da Extensão Sul, em

conformidade com o projeto disponibilizado nos termos do Edital, com valor estimado de R$

175.798.429,16, data-base dezembro 2017 (evidência 1, p.12).

83. O detalhamento desse valor consta no Caderno de Engenharia do Plano de Outorga,

conforme descrito na Tabela 1, abaixo:

Tabela 1: Investimentos previstos no Capex da subconcessão para a conclusão das obras remanescentes da Valec

Descrição do investimento Valor do investimento previsto no Capex (R$)

Lote 4S 166.456.851,35

Lote 5S – Superestrutura 7.448.122,04

Lote 5SA – Superestrutura 1.893.455,77

Total obras remanescentes Valec 175.798.429,16

Fonte: Evidência 11, p. 70

84. A ANTT estabeleceu esse investimento como obrigação para o subconcessionário em

acolhimento a diretrizes propostas pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil (Evidência

11, p. 23), que, por sua vez se baseou em manifestação da Valec a respeito da situação dos três lotes

(evidência 15).

85. Contudo, quando se verifica o estado atual das obras dos Lotes 4S, 5S e 5SA, nota-se que os

valores declarados no Plano de Outorga não correspondem ao que falta executar para finalização desses

lotes, visto que não consideram o fornecimento de brita para lastro do Lote 4S nem a discussão quanto

a esse mesmo material nos Lotes 5S e 5SA.

86. No que se refere ao Lote 4S, o valor do investimento declarado no Plano de Outorga para

concluir as obras, R$ 166.456.851,35, foi calculado com base em informação da Valec a respeito do

saldo remanescente a executar do contrato de construção do lote (evidência 14, p. 24) e (evidência 15,

p. 5).

87. De acordo com esse cálculo, quando se considera apenas o fornecimento de brita para lastro,

item 8.1.2.1 da planilha orçamentária, o saldo a executar desse item é de 50.408,29 m³ de brita para

lastro, que totaliza R$ 2.684.869,35 (set/2009) adicionado o transporte do material (evidência 12, p. 23).

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88. Contudo, no âmbito do processo TC 011.450/2016-9, a Valec informou ao Tribunal, por

meio do Ofício 3.251/2017-Presi, de 22/8/2017, e do Ofício 4.476/2017-Presi, de 14/11/2017, sobre a

glosa e estorno integral da pedra britada para lastro fornecida ao Lote 4S devido a problemas de

qualidade do material (TC 011.450/2016-9, peças 190 e 196).

89. Embora a Valec não tenha apresentado comprovação de que o valor glosado no contrato foi

devolvido, é necessário considerar que o saldo contratual desse material envolverá toda a brita prevista

para o lote, que totaliza 433.262,95 m³. Portanto, esse também deve ser o volume de brita a ser

considerado na previsão de investimento da subconcessão, o que altera o valor do investimento

referente ao fornecimento desse material de R$ 2.684.869,35 para R$ 53.517.555,71 (set/2009),

incluído o transporte do material (Evidência 13).

90. De outro lado, no tocante ao Lote 5S e 5SA, no âmbito do TC 011.451/2016-5, verificam-se

problemas de qualidade da brita para lastro semelhantes aos ocorridos no Lote 4S, motivo que levou o

TCU a adotar medida cautelar para suspender a utilização do material.

91. Contudo, diferente do Lote 4S, nos Lotes 5S e 5SA, ainda não houve solução para o

problema, a exemplo do estorno do material defeituoso ocorrido no Lote 4S, visto que a brita já se

encontra aplicada nas vias e mais de 90% da grade desse lote já está montada.

92. Quanto a esse tema, o MTPAC questionou a Valec a respeito de possíveis impactos

financeiros a serem repassados para a subconcessão devido à qualidade da brita, conforme trecho da

resposta da Valec, transcrito abaixo.

De acordo com o planejamento atual, para os lotes 5S e 5SA, há prazo que os serviços faltantes sejam

concluídos pela Valec, serviços estes que representam, aproximadamente, 4% do total do lote 5S (5,2

km) e 13% do total do lote 5SA (0,36 km). Os serviços faltantes nestes dois lotes representam

aproximadamente 0,08% da extensão total do empreendimento Extensão Sul. Todavia, há de se

registrar que a conclusão dos lotes 5S e 5SA dependem, imprescindivelmente, da decisão final ainda

a ser exarada pelo Tribunal de Contas da União, no âmbito do Processo TC 011.451/2016-5, que

contém medida cautelar de suspensão da aplicação da brita para lastro.

Caso a execução da superestrutura não possa ser executada, o custo de sua implantação é

estimado em R$ 5.523.825,59 para o lote 5S e R$ 1.565,719,28 para o lote 5SA.

b) O processo do TCU resultaria em algum impacto financeiro a ser repassado para a subconcessão?

Em caso afirmativo, apresentar o impacto de forma detalhada.

Manifestação da VALEC: Com relação ao lote 4S, não haverá impacto financeiro a ser repassado

para a Subconcessão, conforme as informações encaminhadas para a ANTT, através do Ofício

3600/2017-PRESI, onde foi solicitada a inclusão dos serviços remanescentes das obras do Lote 4S

no Programa da Subconcessão da Ferrovia Norte-Sul, em andamento naquela Agência Reguladora.

No que se refere aos lotes 5S e 5SA a possibilidade de haver impacto financeiro a ser repassado

para a futura Subconcessionária depende da decisão do TCU, conforme descrito na resposta

do item anterior. (Evidência 15, p. 2-3, destaque nosso)

93. A resposta da Valec considerou que, a depender de decisão do TCU, se a superestrutura não

puder ser finalizada, o impacto seria de R$ 5.523.825,59 para o Lote 5S e de R$ 1.565.719,28 para o

Lote 5SA.

94. Contudo, a informação passada pela Valec carece de maior aprofundamento, dado que, caso

a solução para o problema da brita dos dois lotes seja o estorno do material, a exemplo do já ocorrido no

Lote 4S, o impacto financeiro a ser repassado para a subconcessão deverá envolver não só o

fornecimento de toda a brita prevista para o lote, mas também a desmontagem e a reconstrução de toda

a superestrutura da via.

95. Além do valor do fornecimento do material, como a montagem de grade desses dois lotes já

ultrapassa 90% de execução, deve-se considerar também os custos para o desmonte, o refazimento da

17 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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superestrutura e o descarte da brita de baixa qualidade retirada. Nesse sentido, em 8/2/2018 foi exarado

o Acórdão 222/2018-TCU-Plenário, de relatoria do Ministro Augusto Sherman Cavalcanti,

determinando que a Valec “apresente a este Tribunal estudo que demonstre o tempo e os custos

necessários para a substituição do lastro aplicado nos lotes 5S e 5SA da Ferrovia Norte-Sul por brita

aprovada na especificação técnica Valec 80-EM-033A-58-8006”.

96. Esse estudo, apresentado ao TCU em 11/6/2018, prevê que as obras para substituição do

lastro aplicado nos lotes 5S e 5SA custarão R$ 103.289.937,01 e terão duração de 32 meses (evidência

25, p.18).

97. A causa da inconsistência dos valores apresentados no Plano de Outorga decorreu da não

consideração da real situação da brita dos Lotes 4S, 5S e 5SA nas informações prestadas pela Valec a

respeito das obras remanescentes desses lotes.

98. No Lote 4S, uma possível consequência devido à inconsistência pode ser a necessidade de

reequilíbrio econômico-financeiro do futuro contrato de subconcessão, para que este inclua os valores

do fornecimento da brita para lastro e revise os prazos de conclusão das obras desse lote, o que pode

afetar as datas de início de operação da subconcessão.

99. Já para os Lotes 5S e 5SA, a depender da solução a ser adotada para o problema, haverá

também consequências financeiras e de prazo para a concessão. Se a opção for pela manutenção da

estrutura já construída, poderá haver reflexos no aumento da necessidade de manutenção da ferrovia. A

outra opção, a substituição do lastro, poderá provocar uma necessidade maior de investimentos de Capex

e um prazo maior para a conclusão do trecho.

100. Nesse contexto, conclui-se que os valores previstos no Capex para conclusão dos Lotes 4S,

5S e 5SA merecem maior atenção por parte da ANTT, por ocasião da elaboração do edital de licitação

da subconcessão. No caso do Lote 4S, há necessidade de que o plano de investimentos da subconcessão

considere o valor referente à toda a brita para lastro do trecho. Já para os Lotes 5S e 5SA, seria prudente,

ao menos, que fosse dado publicidade das incertezas quanto à brita para lastro, de maneira a informar a

respeito de o material não estar de acordo com as normas da Valec e da possibilidade de a superestrutura

ter que ser refeita, ou ainda de vir a ocorrer redução de sua vida útil e necessitar de manutenção mais

frequentes.

101. Assim, dado que o exposto acima constitui falha corrigível, será proposto dar ciência à

ANTT de que elaborar o edital de licitação da subconcessão da Ferrovia Norte-Sul sem prever o

quantitativo correto de fornecimento da brita para lastro do Lote 4S e sem considerar a situação de não

atendimento às especificações técnicas da brita para lastro dos Lotes 5S e 5SA afronta os artigos 23,

inciso V, da Lei 8.987/1995 e 24, inciso III, da Lei 10.233/2001.

III.3. Inconsistência entre parâmetro técnico de exploração da ferrovia exigido da futura

subconcessionária pela ANTT e parâmetro condicionante de projeto das obras da Valec

102. No Plano de Outorga da subconcessão da FNS, a ANTT exige que a futura subconcessionária

mantenha a ferrovia em conformidade com especificação diferente da especificação de construção da

FNS. A minuta de contrato elaborada pela Agência estabelece Especificações Técnicas Mínimas para

manutenção do lastro ferroviário com largura de ombro de lastro de 0,4 metros, enquanto a Valec

projetou e construiu a ferrovia com ombro de 0,3 metros.

103. No caso de outorga de obra construída pelo poder público para exploração pela iniciativa

privada, como a do processo de subconcessão da FNS em análise, as especificações da obra descritas no

edital de licitação e no contrato da outorga devem ser condizentes com as características da obra

construída.

104. De outra parte, caso o desejo do poder concedente seja alterar especificações da obra

construída após a concessão, essa alteração, assim como os seus eventuais custos, deve ser

18 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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considerada no Plano de Outorga, com a devida justificativa.

105. Esse entendimento é extraído do artigo 23 da Lei 8.987/1995, que descreve as cláusulas

essenciais do contrato de concessão, entre as quais estão a descrição do objeto da concessão, os critérios,

os indicadores, as fórmulas e os parâmetros definidores da qualidade do serviço. Além disso, o inciso V

do mesmo artigo prevê como cláusula essencial a que estabeleça direitos, garantias e obrigações do poder

concedente e da concessionária, inclusive os relacionados às previsíveis necessidades de futura

alteração e expansão do serviço e consequente modernização, aperfeiçoamento e ampliação dos

equipamentos e das instalações.

Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de concessão as relativas:

(...)

V - aos direitos, garantias e obrigações do poder concedente e da concessionária, inclusive os

relacionados às previsíveis necessidades de futura alteração e expansão do serviço e consequente

modernização, aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e das instalações; (Lei

8.987/1995)

106. No caso em análise, as especificações de projeto e construção da FNS são as definidas nas

normas técnicas de obras ferroviárias da Valec, enquanto as especificações a serem postas no contrato

de subconcessão constam como Especificações Técnicas de exploração da ferrovia no Apêndice B do

Caderno de Obrigações elaborado pela ANTT.

107. Após análise comparativa entre as duas especificações, verificou-se compatibilidade entre

os parâmetros técnicos, contudo observou-se que o parâmetro mínimo para o ombro de lastro ferroviário

do Apêndice B está diferente do considerado nas normas de construção da Valec.

108. Além disso, o plano de outorga não apresenta justificativa para essa diferença nem previsão

dos custos de alteração do padrão da via no plano de investimentos do Capex da subconcessão, o que

configura inobservância ao artigo 23 da Lei 8.987/1995.

109. Em duas normas de projeto de superestrutura ferroviária da Valec, é possível constatar que

as ferrovias construídas pela estatal possuem especificação de ombro de lastro ferroviário de 30

centímetros.

110. A norma Valec 80-EG-000A-18-0000 – Projeto de Superestrutura, que define os serviços

que deverão constar nos projetos de engenharia ferroviária, básicos ou executivos, apresenta descrição

do lastro ferroviário conforme abaixo:

Lastro – pedra britada com granulometria entre 2 ½” e ½”, altura 30cm sob a face dos dormentes

no eixo dos trilhos (trilho interno no caso de curvas com superelevação), ombro de 30cm e

taludes 3:2 (H:V). (evidência 2, destaque nosso)

111. Já a norma Valec 80-DES-000A-18-8000 - Projeto Tipo - Seção Transversal de

Superestrutura, que permite visualizar as definições do projeto de superestrutura, apresenta o esquema

da superestrutura ferroviária, de onde foi retirada a Figura 3, abaixo, em que consta destaque para a

largura do ombro de 30 cm.

Figura 3: Largura do ombro do lastro ferroviário destacada na seção transversal de superestrutura.

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Fonte: Valec 80-DES-000A-18-8000 - Projeto Tipo - Seção Transversal de Superestrutura. Destaque em vermelho

nosso (Evidência 3, destaque nosso).

112. Por outro lado, o Plano de Outorga da subconcessão da FNS traz a exigência de que a futura

contratada mantenha o lastro ferroviário com largura maior ou igual a 40 cm.

113. Essa exigência é decorrente da minuta do contrato de subconcessão, que, no item 24.1, obriga

a subconcessionária a atingir ou superar os valores mínimos das Especificações Técnicas Mínimas

estabelecidas no Apêndice B do Caderno de Obrigações, ao longo de todo o prazo da Subconcessão

(evidência 13, p. 32).

114. Essas especificações do Apêndice B do Caderno de Obrigações tratam de parâmetros

técnicos para exploração da infraestrutura ferroviária e se referem, dentre outros, a elementos da

superestrutura ferroviária, que incluem lastro, dormentes, trilhos, aparelhos de mudança de via (AMV)

e geometria da linha férrea.

115. Na Tabela 2 do item 9.3, que se refere aos parâmetros para a largura do ombro do lastro

consta que a largura de ombro de lastro deve ser maior ou igual a 40 cm (evidência 1, p. 17).

116. A causa da diferença de especificação não está justificada no Plano de Outorga, nem foi

identificada no decorrer desta auditoria. Contudo merece ser considerada pela ANTT, dado que as

informações aqui consideradas são afetas aos procedimentos da licitação da subconcessão e dos

fundamentos da política pública.

117. Como efeitos do problema exposto, dado que o Plano de Outorga não previu a ampliação do

ombro do lastro nos investimentos de Capex, poderá ocorrer a necessidade de reequilíbrio econômico-

financeiro do futuro contrato de subconcessão, para inclusão dos custos necessários ao aumento do

ombro de lastro, assim como adequações das obras e dos cronogramas previstos para a conclusão.

118. Procurou-se dimensionar resumidamente a representatividade do aumento do ombro do

lastro em toda a ferrovia a ser subconcedida.

20 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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119. Primeiramente, considerou-se que os 1.539 km de ferrovia entre Porto Nacional/TO e Estrela

d’Oeste/SP possuem ombro de lastro de 30 cm e que o aumento para 40 cm deve ser considerado dos

dois lados da via. Dessa forma calculou-se o volume aproximado de brita adicional necessário para essa

ampliação, conforme segue abaixo.

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑏𝑟𝑖𝑡𝑎 𝑎𝑑𝑖𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = 2 𝑥 (𝐷𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛ç𝑎 𝑑𝑜 𝑜𝑚𝑏𝑟𝑜 𝑥 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑜 𝑙𝑎𝑠𝑡𝑟𝑜 𝑥 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜𝑣𝑖𝑎)

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑏𝑟𝑖𝑡𝑎 𝑎𝑑𝑖𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = 2 𝑥 (0,1𝑚 𝑥 0,3𝑚 𝑥 1.539.000𝑚)

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑏𝑟𝑖𝑡𝑎 𝑎𝑑𝑖𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = 92.340 𝑚³

120. Além do volume adicional de brita, seria necessário ainda o transporte do material e os

serviços para adequação do lastro por todos os 1.539 km do trecho da FNS em questão, com custos

de instalação não mensurados.

121. Outra provável consequência seria a alteração do projeto das vias, visto que, como a

infraestrutura não foi dimensionada para esse lastro mais largo, a ampliação do ombro afetaria,

por exemplo, o sistema de drenagem.

122. Ainda, como já analisado em processos anteriores, os Lotes 1 e Sem Número do Tramo

Central da FNS, entre Anápolis/GO e Ouro Verde/GO, foram projetados originalmente para bitola

métrica e posteriormente foram adaptados para bitola larga, portanto, em função da largura da plataforma

construída, não suportaria o aumento do lastro. Nesses casos, a alteração no ombro traria como

consequência para sua viabilização a revisão na largura da plataforma, com as necessárias reconstruções

dos aterros, cortes e obras de arte, bem como de todo o sistema de drenagem.

123. Assim, diante de todo o exposto, conclui-se que a diferença aqui evidenciada entre a

especificação da construção do lastro de brita da FNS e a do Apêndice B do Caderno de Obrigações da

subconcessão traz como consequência a necessidade de alterações da ferrovia com obras de ampliação

do lastro e com possíveis mudanças do projeto das vias.

124. Contudo, o Plano de Outorga da subconcessão não incluiu os custos necessários para essas

alterações no plano de investimentos do Capex, tampouco apresentou qualquer justificativa para a

alteração, o que está em desacordo com o artigo 23 da Lei 8.987/1995.

125. Nesse sentido, caso o objetivo do poder público seja promover essa alteração, deve haver

justificativas no edital de licitação, assim como previsão dos investimentos necessários para as obras.

126. Do lado oposto, é certo que, caso apenas se adeque a Especificação Técnica Mínima de

manutenção do ombro de lastro do Apêndice B do Caderno de Obrigações ao projeto efetivamente

executado pela Valec para a FNS, não haveria necessidade de obras adicionais para adaptação.

127. Portanto, será proposto dar ciência à ANTT de que elaborar o edital de licitação da

subconcessão da Ferrovia Norte-Sul com previsão de Especificação Técnica Mínima de manutenção do

ombro de lastro da subconcessão diferente das especificações executadas pela Valec, sem as devidas

justificativas e previsão de investimentos para tal alteração, afronta o art. 23, inciso V, da Lei 8.987/1995.

III.4. Incerteza quanto ao atendimento da infraestrutura ferroviária às especificações técnicas exigidas

pela ANTT nos trechos a serem subconcedidos.

128. Embora a análise comparativa entre as especificações técnicas construtivas constantes das

normas da Valec e as especificações do Apêndice B do Caderno de Obrigações constante da minuta de

contrato elaborada pela ANTT, tenha concluído pela sua compatibilidade, com exceção da largura do

ombro de lastro conforme tratado no achado anterior, ficou evidenciado que a Valec não utiliza

equipamentos adequados para verificar se o trecho a ser subconcedido da FNS está aderente às suas

próprias normas técnicas. Consequentemente, não há como garantir que, quando a ferrovia for entregue

ao futuro subconcessionário, estará em conformidade com as exigências do Apêndice B do Caderno de

Obrigações.

21 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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129. No caso do processo de subconcessão em análise, em que haverá outorga de obra construída

pelo poder público para exploração pela iniciativa privada, é necessário que os bens entregues ao

concessionário atendam às especificações contratuais. Além disso, deve-se saber em que medida esses

bens atendem às exigências de conservação e manutenção a serem cobradas do concessionário pelo

poder concedente.

130. Essa necessidade decorre da Lei 8.987/1995, pois, de maneira geral, essa norma determina

que o poder concedente especifique detalhadamente o objeto da concessão e estabeleça os direitos e

obrigações dos contratantes. O artigo 23 da lei apresenta as cláusulas essenciais do contrato de

concessão, entre as quais, as relativas a objeto, critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros definidores

da qualidade do serviço, assim como as relativas a direitos, garantias e obrigações do poder concedente

e da concessionária.

131. A minuta do contrato de subconcessão da FNS apresenta a descrição do objeto da concessão

e a caracterização das obras, assim como cláusula que obriga a subconcessionária a manter o bom estado

de funcionamento, conservação e segurança das vias e a atingir ou superar os parâmetros das

Especificações Técnicas Mínimas estabelecidas no Caderno de Obrigações, ao longo de todo o prazo da

subconcessão (evidência 13, p. 32).

132. Essas especificações foram detalhadas no Apêndice B do Caderno de Obrigações da minuta

e apresentam premissas, valores de referência e outros parâmetros utilizados para a avaliação da

adequada exploração da infraestrutura. Vários desses parâmetros tratam da geometria da via, como

nivelamento transversal, alinhamento, curvatura, superelevação, e do estado de conservação da

via férrea, como limite de bitola, desgaste de trilhos, conservações de dormentes e AMV´s, padrão

de lastro ferroviário, etc.

133. Assim, dada a descrição dos bens a serem entregues, assim como as exigências de

manutenção da conservação, o poder concedente deve possuir meios de, antes da transferência para

o subconcessionário, verificar e registrar o estado de suas obras.

134. No caso das ferrovias da Valec, a verificação da situação das vias é realizada frente as suas

próprias normas por meio de inspeção de recebimento das vias para determinar a qualidade da via

férrea e identificar vícios construtivos, defeitos e incorreções resultantes da execução dos contratos de

obras pelas empreiteiras.

135. O recebimento das obras pela Valec deve assegurar que as obras contratadas respeitam os

parâmetros construtivos constantes nas normas da estatal, a exemplo das normas Valec 80-EG-000A-

18-0000 – Projeto de Superestrutura e Valec 80-DES-000A-18-8000 - Projeto Tipo - Seção Transversal

de Superestrutura.

136. Realizada essa asseguração, no contexto da subconcessão da FNS em análise,

pode haver garantia de que as vias da FNS estão em conformidade com as Especificações Técnicas

do Apêndice B do Caderno de Obrigações, dado que, com exceção do relatado no Achado III.3, há

compatibilidade entre os parâmetros técnicos das normas da Valec e desse apêndice.

137. Contudo, para que a inspeção da Valec seja satisfatória, conforme relatório de auditoria e

Acórdão do TCU, citados adiante, assim como previsto nas normas da estatal, é necessário o uso de

equipamentos especializados, como o carro-controle, para que se consiga aferir adequadamente

indicadores da geometria e das condições das vias recebidas.

138. Vários desses indicadores traduzem parâmetros técnicos considerados no Apêndice B do

Caderno de Obrigações, descritos acima, e não são passíveis de serem aferidos visualmente, conforme

trecho abaixo de relatório de que resultou de auditoria realizada na FNS em 2013.

Essa inspeção, exclusivamente visual, no recebimento dos principais serviços de superestrutura da

via (geometria e soldas) não é capaz de identificar problemas de: desnivelamento longitudinal

22 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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(abatimento) ou transversal (superelevação) da via; tolerâncias de bitola; planimetria;

altimetria e alinhamento da linha, associadas à qualidade da geometria da via férrea, bem como

não identifica descontinuidades e outras falhas nos trilhos (Relatório do Acórdão 1.103/2013-

TCU-Plenário, destaque nosso)

139. Como resultado dessa auditoria, o TCU determinou que a Valec elaborasse plano de ação

para institucionalização do recebimento geométrico da via e considerasse, entre outras exigências do

Tribunal, o uso de equipamentos para a avaliação da qualidade da via, nos moldes do item 9.1.13 do

Acórdão 1.103/2013-TCU-Plenário, e do item 9.5.4 do Acórdão 2.313/2015-TCU-Plenário, ambos de

relatoria do Ministro José Múcio Monteiro, conforme transcrição abaixo.

9.1. determinar a oitiva da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. para que, no prazo de 15

(quinze) dias, a contar da ciência desta decisão, informe as medidas que está tomando para:

(...)

9.1.13 utilizar equipamentos especializados, como, por exemplo, o carro controle, no processo

de recebimento das obras ferroviárias sob sua responsabilidade, para garantir a verificação das

características geométricas da ferrovia no processo de recebimento; (Acórdão 1.103/2013-TCU-

Plenário)

[...]

9.5 determinar à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. que apresente, em 120 (cento e

vinte) dias, novo plano de ação ao TCU para:

(...)

9.5.4 institucionalizar o recebimento geométrico da via, de modo a prever o que deve, como deve e

o recurso a ser destinado para o recebimento de objeto em contratos de construção, de forma a definir

as atribuições dos integrantes da comissão de recebimento e os equipamentos indispensáveis à

avaliação da qualidade da via, nos moldes do item 9.1.13 do Acórdão 1.103/2013-TCU-Plenário;

(Acórdão 2.313/2015-TCU-Plenário, de relatoria do Ministro José Múcio Monteiro, destaque nosso)

140. Além disso, cabe destacar que, atualmente, a Valec estabelece em sua Norma de

Recebimento de Obras e Serviços de Engenharia e, principalmente, em seu Manual para Recebimento

de Obras e Serviços de Engenharia, ambos aprovados em 15/5/2017, a obrigatoriedade da utilização

de carro-controle para a inspeção de aceitação da superestrutura da via permanente de obras

novas, de forma a verificar as condições da geometria da via antes do recebimento, conforme

transcrições abaixo retiradas das normas.

6.1.1.1 A Fiscalização deve verificar a qualidade e a conformidade da via permanente (superestrutura

ferroviária) e demais elementos de infraestrutura, com base nos processos e especificações técnicas

para sua execução, inclusive com a realização de teste de condições geométricas utilizando carro-

controle, quando for o caso, antes da comunicação da Contratada de que a obra ou o serviço está

concluído. (Norma de Recebimento de Obras e Serviços de Engenharia, Evidência 7, p. 41)

Para a tarefa de inspeção após o teste de carga, visando a aceitação como concluída da superestrutura

da via permanente de uma obra nova, a sua verificação deverá se concentrar na análise dos dados

provenientes das informações geradas pelo carro-controle, ou seja, das condições da geometria

da via permanente, tendo em vista que os materiais que a compõem já terem sido avaliados quando

do seu recebimento e aplicação.

Na via corrida, o teste de carga e o emprego de carro-controle são atividades que deverão,

obrigatoriamente, ser realizadas para a aceitação da obra.

O teste de carga deverá ser efetuado com composição definida pela área de operação da VALEC, de

forma a solicitar a via permanente para o suporte das condições previstas de tráfego.

O teste de carga também deverá ser sempre utilizado para o recebimento de obras de renovação e de

remodelação quando em via corrida.

23 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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As condições geométricas da via deverão ser verificadas por meio do carro-controle ou de outros

instrumentos de medição/verificação, como estabelecido na Especificação da VALEC para

construção de superestrutura.

A metodologia a ser utilizada para as verificações acima citadas será determinada pela fiscalização

da VALEC.

Ressalta-se que, todos os testes necessários ao recebimento formal da via deverão ser realizados em

toda a extensão do trecho a ser recebido, e nunca por amostragem.

(Manual para Recebimento de Obras e Serviços de Engenharia, Evidência 7, p. 159, destaque nosso)

141. Contudo, ao analisar o andamento das obras da FNS, verificou-se que não há como assegurar

a aderência dos parâmetros das vias ao especificado no Apêndice B do Caderno de Obrigações da minuta

do contrato.

142. Na tentativa de avaliar a aderência da ferrovia construída pela Valec às suas próprias normas

e, consequentemente, garantir a conformidade com o exigido na minuta de contrato, a Unidade Técnica

solicitou, por meio do Ofício 159/2018-TCU-SeinfraPortoFerrovia, os relatórios das vias gerados por

carro-controle, ou instrumento equivalente, de cada lote de construção do Tramo Central e da Extensão

Sul da FNS.

143. Conforme resposta abaixo, a Valec informou que não utilizou carro-controle, ou

instrumento equivalente, quando do recebimento das obras do Tramo Central da FNS.

Com relação ao item 2.1.9: "relatórios das vias gerados por carro controle ou instrumento

equivalente de cada Lote de construção" - Informamos que no processo de liberação da circulação

do tráfego realizado para os trechos operacionais de Porto Nacional/TO a Anápolis/GO (Resolução

nº 4.363, de 23 de Julho de 2014 e Resolução nº 4.596 de 11 de fevereiro de 2015), não foi solicitado

como obrigatória pela ANTT a apresentação de relatório de via por carro-controle, subentendendo-

se por se tratar de uma ferrovia recém-inaugurada. Até o presente momento, onde a circulação ocorre

muito abaixo de sua capacidade operacional, os contratos de manutenção firmados pela Valec não

contemplam a execução de verificação por carro-controle, uma vez que o custo deste investimento

em manutenção não se justifica frente ao baixo desgaste sofrido (Evidência 9, p. 5).

144. A Valec informou que o motivo de não utilizar o equipamento carro-controle no recebimento

das obras são os custos elevados para o procedimento e a falta de previsão nos contratos de manutenção.

Contudo, dada a importância do uso desse instrumento para a confiabilidade dos parâmetros técnicos do

empreendimento, visando a subconcessão da FNS, é recomendável a verificação mais aprofundada

quanto à relevância do procedimento, ainda que se trate de uma ferrovia recém-inaugurada.

145. O efeito potencial do presente achado é que, diante da incerteza hoje existente das condições

de qualidade das vias, caso a futura subconcessionária aponte que a ferrovia não atende aos parâmetros

de operação exigidos pela ANTT, poderá requerer reequilíbrio econômico-financeiro da subconcessão,

nos moldes do previsto no item 3.1.III.a da minuta de contrato (evidência 13, p. 11), para realizar

investimentos adicionais, a fim de adequar a ferrovia aos parâmetros exigidos.

146. Além disso, como a Valec não possui relatórios com registros precisos das vias, gerados por

equipamento do tipo carro-controle, existe o risco de o poder concedente não possuir informações

adequadas para embasar decisões, em caso de questionamentos da futura subconcessionária, em que seja

necessária a análise do estado da ferrovia à época da transferência da posse para a iniciativa privada.

147. Como exemplo desses possíveis litígios, verifica-se o que ocorre atualmente no processo de

subconcessão do trecho da FNS entre Açailândia/MA e Palmas/TO. Esse trecho foi subconcedido à

Ferrovia Norte Sul S.A., empresa controlada pela holding de logística Valor da Logística Integrada

(VLI), e sobre essa subconcessão existe o processo TC 014.907/2015-1, no qual se discute indenizações

por passivos ambientais, invasões de faixa de domínio pré-existentes à subconcessão, multas pelos

descumprimentos do contrato de subconcessão pela Valec, e cumprimento das obrigações da FNS S.A.,

24 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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além de outras questões relacionadas. Portanto, nesse caso concreto, a falta de registros fidedignos do

estado de entrega da ferrovia está expondo o poder público a risco de ter que indenizar o particular pelos

alegados problemas construtivos.

148. Assim, diante de todo o exposto, conclui-se que a falta de registros adequados da situação

do trecho da FNS a ser concedido traz incerteza quanto ao atendimento da geometria e das condições

das vias. Por consequência, não existem garantias de que os parâmetros de operação da ferrovia a serem

exigidos da futura subconcessionária estão atendidos nos trechos concluídos.

149. Além disso, a falta de asseguração frente ao direito de reequilíbrio contratual devido a

inconformidades técnicas ou vícios ocultos nos bens da ferrovia, constante na minuta de contrato, pode

implicar situações em que o poder concedente não tenha como tomar decisões fundamentadas ou

defender-se perante alegações de desconformidades técnicas, por falta de relatórios gerados por

equipamentos especializados, que retratem a situação da ferrovia antes da transferência para o

subconcessionário.

150. Nesse sentido, ao considerar a iminente outorga da FNS, os problemas expostos acima, assim

como a necessidade de que os bens a serem repassados ao futuro subconcessionário estejam de acordo

com o descrito no contrato, conforme previsto no art. 23 da Lei 8.987/1995, é recomendável que se

realize verificação com equipamento do tipo carro-controle, ou instrumento equivalente, da

geometria e das condições técnicas de todas as vias da FNS já concluídas ou a serem concluídas

pela Valec, antes da assunção da ferrovia pela subconcessionária.

151. É prudente que essa verificação seja realizada, no que for aplicável, conforme as normas da

Valec que tratam do assunto, Norma de Recebimento de Obras e Serviços de Engenharia e Manual para

Recebimento de Obras e Serviços de Engenharia, ainda que tais normativos tenham sido aprovados

apenas em 2017, após a finalização do Tramo Central.

152. De outro lado, embora não seja possível verificar os trechos inconclusos por meio de carro-

controle, ainda sim afigura-se recomendável o registro das obras já realizadas pela Valec, o que aponta

para o escaneamento dos trechos inacabados por meio de imagens georreferenciadas de alta resolução,

realizadas por vant (veículo aéreo não tripulado).

153. Contudo, quando se verifica, além dos problemas já citados devido à falta de registro das

vias, a possibilidade de existência de passivos ambientais ou de invasão da faixa de domínio, torna-se

também recomendável que as imagens georreferenciadas envolvam toda a ferrovia e não apenas as obras

inconclusas.

154. O objetivo da verificação com carro-controle é ter um registro técnico preciso das condições

de entrega da ferrovia, tais como nivelamento e inclinações, com precisão milimétrica. Já as imagens

georreferenciadas de alta resolução obtidas por vant serviriam para criar um registro gráfico tanto da

ferrovia como da faixa de domínio. Esses registros em conjunto servirão como garantia da condição de

entrega, dirimindo futuros questionamentos por parte da subconcessionária que vier a assumir o trecho

da FNS.

155. Citando novamente a situação atual do trecho da FNS entre Açailândia/MA e Palmas/TO, o

que se busca com o registro da ferrovia antes da entrega para a inciativa privada é mitigar o risco de

ocorrência de eventuais disputas entre o poder concedente e a futura subconcessionária. Com as imagens

georreferenciadas de alta resolução, obtidas por meio de vant, do trecho a ser subconcedido e com os

relatórios da via gerados por carro-controle, ambos executados imediatamente antes da entrega, o

poder público terá um registro técnico preciso e confiável do objeto a ser subconcedido, o que reduz a

margem de incerteza da outorga como um todo.

156. Assim, dado que essa falta de asseguração das vias da FNS frente aos parâmetros da minuta

de contrato, além da possibilidade de infringir o art. 23 da Lei 8.987/1995, pode dar causa a efeitos

25 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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indesejáveis para o poder concedente, será proposto recomendar à Valec, com fundamento no art. 250,

III, do Regimento Interno do TCU, que realize, no Tramo Central da FNS, até 31/12/2018, e, na Extensão

Sul da FNS, até a data de assunção do trecho pela subconcessionária: (i) a verificação com carro-

controle, ou equipamento equivalente, das especificações técnicas de todos os trechos com

superestrutura concluída; e (ii) o registro com imagens georreferenciadas de alta resolução obtidas por

vant de todo o trecho a ser subconcedido, incluindo a faixa de domínio da ferrovia. Tais medidas visam,

além de verificar as condições de entrega dos trechos pelas empresas contratadas, proporcionar um

registro preciso da ferrovia, antes de sua assunção pela subconcessionária.

157. Será proposto ainda determinar à Valec, com fundamento no artigo 250, inciso II, do

Regimento Interno do TCU, que apresente a este Tribunal, no prazo de 30 dias, plano de ação com vistas

a implementar a recomendação acima, contendo, no mínimo, as medidas a serem adotadas, os

responsáveis pelas ações e o prazo previsto para a sua implementação, ou as justificativas pela sua não

implementação.

IV. Conclusão

158. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a situação real do andamento das obras no

Trecho da FNS entre Porto Nacional/TO e Estrela d’Oeste/SP frente às informações consideradas pela

ANTT no planejamento da subconcessão do referido trecho.

159. A partir do objetivo do trabalho, formulou-se a seguinte questão: O andamento das obras do

Trecho da Ferrovia Norte-Sul (FNS) entre Porto Nacional e Estrela d’Oeste, sob responsabilidade da

Valec, está em conformidade com o considerado no planejamento da ANTT para a subconcessão?

160. Assim, com base nos procedimentos aplicados para responder à questão acima, constataram-

se quatro achados de auditoria, que traduzem inconsistências entre o andamento das obras e o planejado

para a subconcessão do trecho da FNS.

161. No Achado III.1, constataram-se riscos de que as obras da FNS sob responsabilidade da

Valec podem não ser concluídas a tempo para a subconcessão, principalmente em locais onde as obras

estão paralisadas, Lote 1S e Lote 5S, ou com alerta de atraso pelas supervisoras, Lote 3SP. Caso esses

riscos realmente se concretizem, podem implicar atraso na licitação da subconcessão, atraso no início

da operação da ferrovia pela subconcessionária ou até a necessidade de reequilíbrio econômico

financeiro do contrato de subconcessão.

162. Portanto, é conveniente que o edital de licitação da subconcessão considere a possibilidade

de as obras gerenciadas pela estatal atrasarem, de forma a prever mecanismos contratuais que tratem

desse risco, motivo pelo qual será proposto dar ciência à ANTT de que elaborar o edital de licitação da

subconcessão da Ferrovia Norte-Sul sem considerar os riscos de a Valec não concluir as obras dos Lotes

1SA, 2S, 3S, 3SA e 3SP antes da assunção da ferrovia pela subconcessionária afronta o art. 18, incisos

X e XI, da Lei 8.987/1995.

163. No achado III.2, concluiu-se que os valores previstos no Capex da subconcessão para

conclusão das obras remanescentes dos Lotes 4S, 5S e 5SA merecem revisão por parte da ANTT, por

ocasião da elaboração do edital de licitação.

164. No caso do Lote 4S, há necessidade de que o plano de investimentos da subconcessão

considere o valor referente à aquisição de toda a brita para lastro do trecho. Já para os Lotes 5S e 5SA,

seria prudente dar publicidade das incertezas quanto à brita para lastro, de maneira a informar a respeito

do material não estar de acordo com as normas da Valec e das possíveis consequências.

165. Assim, será proposto dar ciência à ANTT de que elaborar o edital de licitação da

subconcessão da Ferrovia Norte-Sul sem prever o quantitativo correto de fornecimento da brita para

lastro do Lote 4S e sem considerar a situação de não atendimento às especificações técnicas da brita para

lastro dos Lotes 5S e 5SA afronta a artigos arts. 23, inciso V, da Lei 8.987/1995 e 24, inciso III, da Lei

26 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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10.233/2001.

166. No achado III.3, decorrente da comparação entre os Parâmetros Técnicos de Exploração da

Infraestrutura constantes no Apêndice B do Caderno de Obrigações da minuta de contrato da outorga e

os parâmetros técnicos constantes nas normas da Valec utilizadas no projeto e na construção da FNS,

constatou-se diferença na especificação da largura de ombro de lastro ferroviário, o que enseja obras

para adaptação das vias e custos adicionais para a futura contratada.

167. Contudo, como essas obras e custos não foram considerados no plano de outorga da

subconcessão, é necessário que a ANTT realize ajustes no edital de licitação da FNS, de forma a

considerar, principalmente, a adequação da Especificação Técnica Mínima de manutenção do ombro de

lastro da subconcessão ao projetado pela Valec para a FNS ou, caso o aumento do ombro de lastro

realmente seja desejável para as vias da FNS, a inclusão do valor das obras de ampliação do ombro de

lastro no plano de investimentos do Capex, mediante apresentação de justificativas

168. Portanto, será proposto dar ciência à ANTT de que elaborar o edital de licitação da

subconcessão da Ferrovia Norte-Sul com previsão de Especificação Técnica Mínima de manutenção do

ombro de lastro da subconcessão diferente das especificações executadas pela Valec, sem as devidas

justificativas e previsão de investimentos para tal alteração, afronta o art. 23, inciso V, da Lei 8.987/1995.

169. Com relação ao achado III.4, na verificação de aderência das especificações técnicas da FNS

aos Parâmetros Técnicos de Exploração da Infraestrutura constantes no Apêndice B do Caderno de

Encargos da minuta de contrato da outorga, por meio da análise da conformidade da ferrovia com as

próprias normas técnicas da Valec, constatou-se a ausência de relatórios fidedignos sobre os parâmetros

das vias gerados por instrumentos adequados, o que provoca incertezas quanto ao atendimento às

especificações das vias e implica riscos de necessidade de reequilíbrio econômico-financeiro do

contrato, sem que o poder concedente tenha parâmetros para analisar essa questão.

170. Assim, concluiu-se pela relevância de que a Valec realize a verificação com carro-controle,

ou instrumento equivalente, da geometria e das condições de todas as vias da FNS já concluídas ou a

serem concluídas pela Valec antes da assunção da ferrovia pela subconcessionária. Ainda, para que se

possua registro também dos trechos a serem entregues inconclusos, dos possíveis passivos ambientais e

das condições da faixa de domínio, é prudente também o registro do estado da ferrovia por meio de

imagens de vant, georreferenciadas e de alta resolução.

171. Portanto, será proposto recomendar à Valec, que realize, no Tramo Central da FNS, até

31/12/2018, e, na Extensão Sul da FNS, até a data de assunção do trecho pela subconcessionária: (i) a

verificação com carro-controle, ou equipamento equivalente, das especificações técnicas de todos os

trechos com superestrutura concluída; e (ii) o registro com imagens georreferenciadas de alta resolução

obtidas por vant de todo o trecho a ser subconcedido, incluindo a faixa de domínio da ferrovia. Tais

medidas visam, além de verificar as condições de entrega dos trechos pelas empresas contratadas,

proporcionar um registro preciso da ferrovia, antes de sua assunção pela subconcessionária.

172. Será proposto ainda determinar à Valec que apresente a este Tribunal, no prazo de 30 dias,

plano de ação com vistas a implementar a recomendação acima, contendo, no mínimo, as medidas a

serem adotadas, os responsáveis pelas ações e o prazo previsto para a sua implementação ou,

alternativamente, apresente, no mesmo prazo, as justificativas pela sua não implementação.

V. Proposta de encaminhamento

173. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:

173.1. dar ciência à ANTT de que:

173.1.1. elaborar o edital de licitação da subconcessão da Ferrovia Norte-Sul sem considerar os riscos

de a Valec não concluir as obras dos Lotes 1SA, 2S, 3S, 3SA e 3SP antes da assunção da ferrovia pela

27 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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subconcessionária afronta o art. 18, incisos X e XI, da Lei 8.987/1995;

173.1.2. elaborar o edital de licitação da subconcessão da Ferrovia Norte-Sul sem prever o

quantitativo correto de fornecimento da brita para lastro do Lote 4S e sem considerar a situação de não

atendimento às especificações técnicas da brita para lastro dos Lotes 5S e 5SA afronta a artigos arts. 23,

inciso V, da Lei 8.987/1995 e 24, inciso III, da Lei 10.233/2001; e

173.1.3. elaborar o edital de licitação da subconcessão da Ferrovia Norte-Sul com previsão de

Especificação Técnica Mínima de manutenção do ombro de lastro da subconcessão diferente das

especificações executadas pela Valec, sem as devidas justificativas e previsão de investimentos para tal

alteração, afronta o art. 23, inciso V, da Lei 8.987/1995;

173.2. recomendar à Valec, com fundamento no art. 250, III, do Regimento Interno do TCU, que

realize, no Tramo Central da FNS, até 31/12/2018, e, na Extensão Sul da FNS, até a data de assunção do

trecho pela subconcessionária: (i) a verificação com carro-controle, ou equipamento equivalente, das

especificações técnicas de todos os trechos com superestrutura concluída; e (ii) o registro com imagens

georreferenciadas de alta resolução obtidas por vant de todo o trecho a ser subconcedido, incluindo a

faixa de domínio da ferrovia, com o objetivo de verificar as condições de entrega dos trechos pelas

empresas contratadas, além de proporcionar um registro preciso da ferrovia, antes de sua assunção pela

subconcessionária;

173.3. determinar à Valec, com fundamento no artigo 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU,

que apresente a este Tribunal, no prazo de 30 dias, plano de ação com vistas a implementar a

recomendação acima, contendo, no mínimo, as medidas a serem adotadas, os responsáveis pelas ações

e o prazo previsto para a sua implementação ou, alternativamente, apresente, no mesmo prazo, as

justificativas pela sua não implementação; e

173.4. encerrar o presente processo, com fulcro no art. 169, inciso V do Regimento Interno do TCU

e autorizar o monitoramento das decisões no TC 026.071/2017-7.

SeinfraPortoFerrovia, 4 de julho de 2018.

28

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APÊNDICE A - Matriz de Achados

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

F/I - Riscos de a

Valec não finalizar as

obras sob sua

responsabilidade a

tempo para a

subconcessão

A execução de obras da

Extensão Sul da FNS que

devem ser concluídas pela

Valec antes da data de

assunção do trecho pela

futura subconcessionária

apresenta riscos que podem

afetar o considerado no Plano

de Outorga elaborado pela

ANTT.

Projeto Básico -

PLANO DE

OUTORGA

PARA

SUBCONCESS

ÃO DA EF-151

Lei

8987/1995,

art. 18, inciso

X, XI

Diretrizes

constantes em

Nota

Informativa

17/2017,

Ministério

dos

Transportes

Portos e

Aviação Civil

(DP-

GPI/SFP-

MTPA),

cláusula/art.

Evidência 10 -

manifestação

da Valec

rescisão Lote1S

Evidência 1 -

Anexo 1 da

Minuta do

contrato da

subconcessão

Evidência 16 -

RGOIII_Compl

eto_Mar18_rev

01

Evidência 18 -

RAT Lote 1SA

Março/2018

Evidência 19 -

RAT Lote 2S -

Março/2018

Evidência 21 -

RAT Lote 3SP

- Março/2018

Evidência 20 -

RAT Lote 3SA

- Março/2018

Evidência 22 -

RAT Lote 4S -

Não analisadas

nesta auditoria Adiamento do

recebimento e do

início da operação

da ferrovia pelo

subconcessionária

e ,

consequentemente

, possível pleito

por reequilíbrio

econômico

financeiro do

contrato de

concessão

Conclusão das

obras pelo futuro

subconcessionário

com consequente

aumento do valor

a ser investido

pela futura

subconcessionária

(CAPEX) e

reequilíbrio

economico-

financeiro do

contrato de

concessão.

Dar ciência (Agência

Nacional de Transportes

Terrestres)

29

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DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

Março/2018

Evidência 23 -

RAT Lote 5S -

Março/2018

F/I - Inconsistências

no valor necessário

para a conclusão das

obras remanescentes

que ficarão sob

responsabilidade do

futuro

subconcessionário

Os valores constantes no

plano de outorga referentes

aos investimentos a serem

realizados pela futura

subconcessionária para

conclusão das obras

remanescentes da Valec dos

Lotes 4S, 5S e 5SA da

Extensão Sul da FNS não

consideram o fornecimento

de brita para lastro dentro das

especificações do Lote 4S

nem a discussão do

tratamento que será dado a

esse material nos Lotes 5S e

5SA.

Projeto Básico -

PLANO DE

OUTORGA

PARA

SUBCONCESS

ÃO DA EF-151

Lei

8987/1995,

art. 23, inciso

V

Lei

10233/2001,

art. 24, inciso

III

Evidência sem

referência

Evidência sem

referência

Evidência sem

referência

Evidência 4 -

Of 3251 2017

PRESI -Compl

TC 011450

2016-9-TCU

Evidência 5 -

4S ultima

medição Med

Nº 85 de 01-

2018 ct 067-10

Evidência 6 -

5S Med Nº 87

de 02-2018 ct

068-10

A causa da

inconsistência

dos valores

apresentados no

plano de outorga

decorreu da não

consideração da

real situação da

brita dos Lotes

4S, 5S e 5SA

nas informações

prestadas pela

Valec a respeito

das obras

remanescentes

desses lotes

Valor incorreto do

Capex destinado à

complementação

do Lote 4S pela

futura

subconcessionária

e,

consequentemente

, pleito por

reequilíbrio

contratual.

Possível

incorreção no

valor do Capex

destinado à

finalização dos

Lotes 5S e 5SA,

de forma a gerar

pleito por

reequilíbrio

econômico-

financeiro do

contrato de

subconcessão.

Dar ciência (Agência

Nacional de Transportes

Terrestres)

F/I - Inconsistência

entre parâmetro

técnico de exploração

No Plano de Outorga da

subconcessão da FNS, a

ANTT exige que a futura

Projeto Básico -

PLANO DE

OUTORGA

Lei

8987/1995,

art. 23, inciso

Evidência 1 -

Anexo 1 da

Minuta do

A causa da

diferença de

especificação

Pedido de

reequilíbrio

econômico

Dar ciência (Agência

Nacional de Transportes

Terrestres)

30

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DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

da ferrovia exigido da

futura

subconcessionária

pela ANTT e

parâmetro

condicionante de

projeto das obras da

Valec

subconcessionária mantenha

a ferrovia em conformidade

com especificação diferente

da especificação de

construção da FNS. A minuta

de contrato elaborada pela

Agência estabelece

Especificações Técnicas

Mínimas para manutenção do

lastro ferroviário com largura

de ombro de lastro de 0,4

metros, enquanto a Valec

projetou e construiu a

ferrovia com ombro de 0,3

metros.

PARA

SUBCONCESS

ÃO DA EF-151

V contrato da

subconcessão,

folha 17

Evidência 2 -

Norma Valec

80-EG-000A-

18-0000 Rev1

(Projeto de

superestrutura),

folha 2

Evidência 3 -

Norma Valec

80-DES-000A-

18-8000 Rev11

(Seção

transversal de

superestrutura),

folha 1

não foi

identificada no

decorrer desta

auditoria,

contudo

merecem ser

analisadas no

âmbito do TC

026.071/2017-7,

dado que as

informações

aqui

consideradas são

afetas aos

procedimentos

da licitação da

subconcessão e

dos fundamentos

da política

pública

financeiro do

contrato de

concessão.

F/I - Incerteza quanto

ao atendimento da

infraestrutura

ferroviária às

especificações

técnicas exigidas pela

ANTT nos trechos a

serem subconcedidos

Embora a análise comparativa

entre as especificações

técnicas construtivas

constantes das normas da

Valec e as especificações do

Apêndice B do Caderno de

Obrigações constante da

minuta de contrato elaborada

pela ANTT, tenha concluído

pela sua compatibilidade,

com exceção da largura do

ombro de lastro conforme

Contrato - Lote

1SA da FNS

Contrato - Lote

2S

Contrato - Lote

3SA

Contrato - Lote

3SP

Contrato - Lote

4S

Contrato - Lote

Acórdão

1103/2013,

item 9.1.13,

Tribunal de

Contas da

União,

Plenário

Lei

8987/1995,

art. 23

Norma

Técnica -

Evidência 9 -

resposta valec

recebimento

das obras

Evidência 7 -

Norma Valec

para

recebimento de

obras

Evidência 8 -

Norma Valec

Recebimento

Embora, em

resposta à

questionamento

realizado via

ofício, a Valec

tenha declarado

o não uso de

carro controle

devido aos

custos elevados,

é necessário

apuração mais

Incompatibilidade

entre as

exigências da

ANTT para a

operação da

ferrovia e o

recebido pelo

futuro

subconcessionário

, de forma a gerar

pleitos por

reequilíbrio

Determinação a

Órgão/Entidade (Valec

Engenharia Construções

e Ferrovias S/A)

Recomendação a

Órgão/Entidade (Valec

Engenharia Construções

e Ferrovias S/A)

31

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DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

tratado no achado anterior,

ficou evidenciado que a

Valec não utiliza

equipamentos adequados para

verificar se o trecho a ser

subconcedido da FNS está

aderente às suas próprias

normas técnicas.

Consequentemente, não há

como garantir que, quando a

ferrovia for entregue ao

futuro subconcessionário,

estará em conformidade com

as exigências do Apêndice B

do Caderno de Obrigações

5S

Contrato - Lote

5SA

Valec -

Norma de

Recebimento

de Obras e

Serviços de

engenharia

de Obras de

Engenharia aprofundada da

causa do

problema, dada

a importância do

uso de

instrumentos

para o

recebimento das

obras sob

responsabilidade

da Valec.

econômico-

financeiro pela

futura contratada

para que realize

investimentos

adicionais a fim

de atender às

exigências da

ANTT.

32

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APÊNDICE B - Dados da obra

1. Dados Cadastrais

Obra bloqueada na LOA deste ano: Não

1.1. Execução física, orçamentária e financeira

1.1.1. Execução orçamentária e financeira

Valor estimado para conclusão: R$ 319.112.890,99

Valor estimado global da obra: R$ 3.181.584.157,51

Data base da estimativa: 01/08/2017

Observações:

Valores referentes às obras faltantes da Extensão Sul da FNS constantes no Resumo Global do Esquema

de Implantação fornecido pela Valec.

As obras do Tramo central já foram encerradas.

1.2. Contratos principais

Nº contrato: 1/2017

Objeto do contrato:

Lote 3SP- A elaboração dos Projetos Básico e Executivo de Engenharia do Pátio Intermodal a ser implantado

no município de Santa Helena/GO, seguimento do km 281+790 ao km 284+810, no Lote de Construção 03S, da

Extensão Sul da Ferrovia Norte-Sul; b) A execução das obras e serviços para implantação do Pátio Intermodal a

ser implantado no município de Santa Helena, seguimento do km 281+790 ao km 284+810, no Lote de

Construção 03S, da Extensão Sul da Ferrovia Norte-Sul em fiel cumprimento ao projeto executivo desenvolvido

pela

proponente e aprovado pela VALEC

Data da assinatura: 06/03/2017 Mod. licitação: RDC - Regime Diferenciado de

Contratação

SIASG: Código interno do SIASG:

CNPJ contratada: 27.394.840/0001-32 Razão social: Pavotec Pavimentação e Terraplenagem

Ltda

CNPJ contratante: 42.150.664/0003-49 Razão social: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias

S.A.

Situação inicial Situação atual

Vigência: 06/07/2018 a ... Vigência:

33

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Valor: R$ 78.200.000,00 Valor: R$ 78.200.000,00

Data-base: Data-base:

Volume de serviço: Volume de serviço:

Custo unitário: Custo unitário:

BDI: BDI:

Nº/Data aditivoAtual:

Situação do contrato:

Alterações do objeto:

Observações:

Execução física e financeira:

Data da coleta de dados / vistoria: 28/02/2018

Situação: Em andamento

Percentual de execução física: 63,0%

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Valores medidos: R$ 48.640.000,00

Valores pagos: R$ 48.640.000,00

Percentual de execução financeira: 62,20%

Observações acerca da execução física e financeira do contrato:

Nº contrato: 16/2017

Objeto do contrato:

Execução de obras e serviços de engenharia para a conclusão do Lote 01S-A da Extensão Sul da Ferrovia Norte

Sul, compreendido entre o km ferroviário 0+000, no município de Ouro Verde/GO ao km 111+020, próximo à

Rodovia GO 156.

Data da assinatura: 22/05/2017 Mod. licitação:

SIASG: Código interno do SIASG:

CNPJ contratada: 16.974.967/0001-04 Razão social: Azvi S/A do Brasil

CNPJ contratante: 42.150.664/0003-49 Razão social: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias

S.A.

Situação inicial Situação atual

Vigência: Vigência:

34

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Valor: R$ 118.004.160,41 Valor: R$ 118.004.160,41

Data-base: Data-base:

Volume de serviço: Volume de serviço:

Custo unitário: Custo unitário:

BDI: BDI:

Nº/Data aditivoAtual:

Situação do contrato: Em andamento.

Alterações do objeto:

Observações:

Execução física e financeira:

Data da coleta de dados / vistoria: 28/02/2018

Situação: Em andamento

Percentual de execução física: 2,2%

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Valores medidos: R$ 2.755.187,01

Valores pagos: R$ 2.755.187,01

Percentual de execução financeira: 2,33%

Observações acerca da execução física e financeira do contrato:

Valores declarados no Relatório de Gestão de Obras da Valec e com data de março de 2018 e no Relatório de

Atividades Técnicas com data de fevereiro de 2018.

Nº contrato: 36/2014

Objeto do contrato:

Contratação de ernpr,esa para elaboração dos projetos básioo e executivo das obras remanescentes, localizadas

no município de Rio Verde/GO, posicionadas do km 357+800 ao km 364+ 172, da Extensão Sul, da Ferrovia

Norte-Sul.

Data da assinatura: 07/08/2014 Mod. licitação: RDC - Regime Diferenciado de

Contratação

SIASG: Código interno do SIASG:

CNPJ contratada: 16.629.693/0001-16 Razão social: Integral Engenharia Ltda.

CNPJ contratante: 42.150.664/0003-49 Razão social: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias

S.A.

Situação inicial Situação atual

35

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Vigência: Vigência:

Valor: R$ 182.987.677,01 Valor: R$ 220.900.000,00

Data-base: Data-base:

Volume de serviço: Volume de serviço:

Custo unitário: Custo unitário:

BDI: BDI:

Nº/Data aditivoAtual:

Situação do contrato: Em andamento.

Alterações do objeto:

Observações:

Execução física e financeira:

Data da coleta de dados / vistoria: 28/02/2018

Situação: Em andamento

Percentual de execução física: 92,9%

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Valores medidos: R$ 206.762.400,00

Valores pagos: R$ 206.762.400,00

Percentual de execução financeira: 93,60%

Observações acerca da execução física e financeira do contrato:

Nº contrato: 42/2014

Objeto do contrato:

Execução das obras e serviços, sob o regime de empreitada por preço unitário, loca lizados no município de

Estrela do Oeste/SP, posicionado do km 669+470,450/D+OOO,OOO ao km 2+994,25, no trecho de ligação da

FNS-ES com a ALL.

Data da assinatura: 04/09/2014 Mod. licitação: RDC - Regime Diferenciado de

Contratação

SIASG: Código interno do SIASG:

CNPJ contratada: 10.579.577/0001-53 Razão social: Tiisa - Triunfo Iesa Infra-Estrutura S.A.

CNPJ contratante: 42.150.664/0003-49 Razão social: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias

S.A.

36

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Situação inicial Situação atual

Vigência: Vigência:

Valor: R$ 18.900.000,00 Valor: R$ 20.400.000,00

Data-base: Data-base:

Volume de serviço: Volume de serviço:

Custo unitário: Custo unitário:

BDI: BDI:

Nº/Data aditivoAtual:

Situação do contrato: Em andamento.

Alterações do objeto:

Observações:

Execução física e financeira:

Data da coleta de dados / vistoria: 28/02/2018

Situação: Em andamento

Percentual de execução física: 87,1%

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Valores medidos: R$ 17.768.400,00

Valores pagos: R$ 17.768.400,00

Percentual de execução financeira: 87,10%

Observações acerca da execução física e financeira do contrato:

Nº contrato: 65/2010

Objeto do contrato:

65/2010, 21/12/2010, Execução, sob regime de empreitada por preço unitário de obras e serviços de engenharia

para implantação do sub-trecho da Ferrovia Norte-Sul - Extensão Sul , compreendido entre Ouro Verde /GO(km

0 + 000) a Estrela do Oeste (km 669 + 550). Lote 2S - da Rodovia GO-156 (km 111 + 219) até a Ponte sobre o

Rio Verdão (km 250 + 720), Pavotec Pavimentação e Terraplenagem Ltda.

Data da assinatura: 15/12/2010 Mod. licitação: Concorrência

SIASG: Código interno do SIASG:

CNPJ contratada: 27.394.840/0001-32 Razão social: Pavotec Pavimentação e Terraplenagem

Ltda

CNPJ contratante: 42.150.664/0003-49 Razão social: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias

S.A.

37

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Situação inicial Situação atual

Vigência: 21/12/2010 a ... Vigência:

Valor: R$ 372.886.941,76 Valor: R$ 547.100.000,00

Data-base: 01/09/2009 Data-base: 01/09/2009

Volume de serviço: Volume de serviço:

Custo unitário: Custo unitário:

BDI: BDI:

Nº/Data aditivoAtual: 13 null

Situação do contrato: Em andamento.

Alterações do objeto:

Observações:

Execução física e financeira:

Data da coleta de dados / vistoria: 28/02/2018

Situação: Em andamento

Percentual de execução física: 98,8%

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Valores medidos: R$ 529.592.800,00

Valores pagos: R$ 529.592.800,00

Percentual de execução financeira: 96,80%

Observações acerca da execução física e financeira do contrato:

Valores declarados no Relatório de Gestão de obras da Valec com data de março de 2018

Nº contrato: 67/2010

Objeto do contrato:

Execução, sob regime de empreitada por preço unitário de obras e serviços de engenharia para implantação do

sub-trecho da Ferrovia Norte-Sul - Extensão Sul , compreendido entre Ouro Verde /GO(km 0 + 000) a Estrela

do Oeste (km 669 + 550). Lote 4S - da Ponte sobre o Córrego Cachoeirinha (km 386 + 660) até a Ponte sobre o

Rio Arantes (km 527 + 640)

Data da assinatura: 30/12/2010 Mod. licitação: Concorrência

SIASG: Código interno do SIASG:

CNPJ contratada: 61.156.568/0001-90 Razão social: Constran S.A. Construções e Comércio

38

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Secretaria-Geral de Controle Externo

Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária e Ferroviária

CNPJ contratante: 42.150.664/0003-49 Razão social: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias

S.A.

Situação inicial Situação atual

Vigência: 24/01/2011 a 24/01/2013 Vigência:

Valor: R$ 520.053.301,60 Valor: R$ 639.100.000,00

Data-base: Data-base:

Volume de serviço: Volume de serviço:

Custo unitário: Custo unitário:

BDI: BDI:

Nº/Data aditivoAtual:

Situação do contrato: Em andamento.

Alterações do objeto:

Observações:

Execução física e financeira:

Data da coleta de dados / vistoria: 28/02/2018

Situação: Em andamento

Percentual de execução física: 84,4%

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Valores medidos: R$ 519.588.300,00

Valores pagos: R$ 519.588.300,00

Percentual de execução financeira: 81,30%

Observações acerca da execução física e financeira do contrato:

Nº contrato: 68/2010

Objeto do contrato:

Execução sob regime de empreitada por preço unitário de obras e serviços de de engenharia para Implantação

do sub-trecho da FNS compreendido entre Ouro Verde/Go (km O+ 000) e a Estrela do Oeste/SP (km 669 +

550). Lote 05- da Ponte Sobre o Rio Arantes (Km 527+640) até Estrela do Oeste (Km 669+550);

Data da assinatura: 15/12/2010 Mod. licitação: Concorrência

SIASG: Código interno do SIASG:

CNPJ contratada: 10.579.577/0001-53 Razão social: Tiisa - Triunfo Iesa Infra-Estrutura S.A.

39

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Secretaria-Geral de Controle Externo

Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária e Ferroviária

CNPJ contratante: 42.150.664/0003-49 Razão social: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias

S.A.

Situação inicial Situação atual

Vigência: Vigência:

Valor: R$ 433.993.842,40 Valor: R$ 631.600.000,00

Data-base: Data-base:

Volume de serviço: Volume de serviço:

Custo unitário: Custo unitário:

BDI: BDI:

Nº/Data aditivoAtual:

Situação do contrato: Em andamento.

Alterações do objeto:

Observações:

Execução física e financeira:

Data da coleta de dados / vistoria: 28/02/2018

Situação: Em andamento

Percentual de execução física: 96,2%

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Valores medidos: R$ 600.020.000,00

Valores pagos: R$ 600.020.000,00

Percentual de execução financeira: 95,00%

Observações acerca da execução física e financeira do contrato:

1.3. Histórico de fiscalizações

A classe da irregularidade listada é referente àquela vigente em 30 de novembro do ano da

fiscalização.

2015 2016 2017

Obra já fiscalizada pelo TCU (no âmbito do Fiscobras)? Não Não Não

40

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Foram observados indícios de irregularidades graves? Não Não Não

2. Deliberações do TCU

A listagem poderá conter deliberações de processos já encerrados.

Processo de interesse (deliberações até a data de início da auditoria)

Processo Deliberação Data

010.481/2016-8 Despacho do Min. Augusto Nardes 16/08/2016

010.481/2016-8 Despacho do Min. Augusto Nardes 16/09/2016

011.451/2016-5 Despacho do Min. Augusto Sherman 04/10/2016

011.451/2016-5 AC-1-38/2016-PL 05/10/2016

010.481/2016-8 Despacho do Min. Augusto Nardes 24/10/2016

010.481/2016-8 Despacho do Min. Augusto Nardes 22/09/2017

011.451/2016-5 AC-222-4/2018-PL 07/02/2018

010.481/2016-8 Despacho do Min. Augusto Nardes 19/02/2018

010.481/2016-8 AC-508-8/2018-PL 14/03/2018

Processo de interesse (deliberações após a data de início da auditoria)

Processo Deliberação Data

010.481/2016-8 AC-958-15/2018-PL 02/05/2018

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APÊNDICE C - Achados reclassificados após a conclusão da fiscalização

1. Achados desta fiscalização

1.1. Não há.

2. Achados de outras fiscalizações

2.1. Não há.

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APÊNDICE D - Despachos

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Secretaria Geral de Controle Externo

Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

Portuária e Ferroviária

Processo: 012.500/2018-6

Fiscalização: 137/2018

Objetivo: avaliação da situação real do

andamento das obras no Trecho da FNS

entre Palmas e Estrela D'Oeste frente às

informações consideradas pela ANTT no

planejamento da Concessão do referido

trecho

DESPACHO

Manifesto-me de acordo com as propostas formuladas pela equipe de auditoria.

Em 6 de julho de 2018. Encaminhe-se ao secretário.

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Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária e Ferroviária

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Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

Portuária e Ferroviária

Processo: 012.500/2018-6

Fiscalização: 137/2018

Objetivo: avaliação da situação real do

andamento das obras no Trecho da FNS

entre Palmas e Estrela D'Oeste frente às

informações consideradas pela ANTT no

planejamento da Concessão do referido

trecho

DESPACHO

Trata-se de Auditoria, no âmbito do Fiscobras 2018, realizada na ANTT e na Valec, com o objetivo de

avaliar a situação do andamento das obras da Ferrovia Norte-Sul, no trecho entre Porto Nacional/TO e

Estrela d'Oeste/SP.

Os achados não importam em responsabilizações ou tratam de assunto de complexidade que leve à

necessidade de envio para comentários do gestor.

.

Em 6 de julho de 2018. Encaminhe-se ao Gab. do Min. Vital do Rêgo Filho.

___________________________________________________

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Jairo Misson Cordeiro

Secretário substituto