8
ANTÓNIO JORGE ANDRADE DE GOUVEIA Relatório de uma visita de estudo a alguns. laboratórios químicos ingleses COIMBRA TIPOGRAFIA DA ATLÂNTIDA 194 7

Relatório de uma visita de estudo a alguns. laboratórios

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Relatório de uma visita de estudo a alguns. laboratórios

ANTÓNIO JORGE ANDRADE DE GOUVEIA

Relatório de uma visita deestudo a alguns. laboratórios

químicos ingleses

COIMBRATIPOGRAFIA DA ATLÂNTIDA

194 7

Page 2: Relatório de uma visita de estudo a alguns. laboratórios

SEPARATA

DA

Revista da Faculdade de Ciências da Unicersidade de Coimbra

VOI •• XVI

. Relatório de uma visita de estudo a algunslaboratórios químicos ingleses

Ex.mo Senhor Director do Oentro de Estudos de Química, anexoao Laboratório Químico da Faculdade de Ciências da Universidadede Coimbra.

Por deliberação da Direcção do Instituto para a Alta Oultura, nasua reunião de Agosto, fui autorizado a fazer uma visita de estudoa algnns laboratórios químicos ingleses, durante o mês de Setembro,para o que me foi concedido um subsídio de 7.500$00.

Esta viagem apresentava duas finalidades: 1) estudo do desen-volvimento de técnicas de química orgânica, principalmente as quemais interessavam aos trabalhos em curso no Laboratório Químicoda Universidade j 2) visita a alguns laboratórios de química orgâ-nica, de construção recente, ou conhecidos como bem apetrechados,com o fim de obter uma orientação sobre a construção de laborató-rios desta especialidade, em vista das obras da Cidade Universitária.

Saí de Coimbra no dia 5 de Setembro e regressei em 7 de Outu-bro, tendo permanecido em Inglaterra em 9 de Setembro a 4 deOutubro.

Visitei neste período os seguintes departamentos e laboratórios:1) na Universidade de Liverpool: Laboratórios de bioquímica

e de espectrofotometria j departamento e laboratórios de químicaorgânica j Biblioteca geral j Associação dos estudantes j

2) em Port Sunlight: Laboratórios de investigação e fábricaexperimental da firma «Lever Brothers» j

3) em St. Helens: Laboratórios de investigação e fábricaexperimental da firma «Pilkington Ltd.»;

4) em Londres: Wellcome Research Institution, 183 EustonRoad, N. W. 1 j instalações e oficinas de montagem da firma «AdamHilger, Ltd.», Kings Road, N. W. 1; Imperial College of Science and

Page 3: Relatório de uma visita de estudo a alguns. laboratórios

6

I

7

e possibilidades de ampliação; 2) boa ventilação, com condiciona-mento de ar para pequenas variações de temperatura e humidade;3) bons esgotos; 4) condições fáceis de limpeza; 5) distribuiçãodos serviços de maneira que haja comodidade para quem trabalha e,ainda, que os laboratórios de investigação não sejam perturbadospelos serviços de ensino (aulas teóricas e trabalhos práticos doscursos mais numerosos).

Ficando o departamento de química orgânica no mesmo edifíciodos outros departamentos de química, a distribuição mais satisfató-ria e económica será por andares, em que na cave ficariam osarmazéns gerais de material e drogas, as oficinas, as instalaçõesde distribuição de energia, compressores, instalação de aqueci-mento central ou de condicionamento de ar, etc., e em três anda-res os departamentos de química inorgânica, orgânica e física.Os laboratórios deveriam ser construídos de maneira que se sobre--ponham, com aproveitamento nos diferentes pisos das mesmas cana-lizações e esgotos.

Para satisfação das condições 1) e 5), os laboratórIos mais moder-nos são construidos em E ou H, em que as salas de aulas, bibliotecas,laboratórios de trabalhos práticos e laboratórios de investigação podemocupar alas diferentes, com possibilidades de ampliação. Teriamos, naprimeirs hipótese, a ala vertical para gabinetes de direcção, pessoaldocente, bibliotecas e salas de estudo, e as alas horizontais, de cimapara baixo, para laboratórios de investigação e respectivas depen-dências, para salas de aula, e laboratórios de trabalhos práticos.No caso de não ser possível este ou outros tipos similares de edifí-cio, que permitam fácil ampliação, os alicerces deverão ser feitos demaneira a permitirem ampliação vertical (novos andares), mas estaserá uma má solução.

Tecbnology, S. W. 1; Chester Beatty Research Institute, Royal Can-cer Hospital, Fulham Road, S. W. 3.

Visitei, assim, além de instalações universitárias, algumas deempresas particulares, pois, como fui informado em Inglaterra edepois verifiquei, alguns destes laboratórios têm instalações moder-nas e são muito bem apetrechados, competindo com as instalaçõescongéneres universitárias. Com efeito, os laboratórios de investiga-ção da empresa Lever Brotbers de Port Sun Jight são dos mais beminstalados e modernos da Inglaterra. Para o seu plano, como meinformou o Engenheiro John Leyland, que me acompanhou nestavisita, foram estudados 25 laboratórios ingleses e estrangeiros.

No estudo que fiz da actualização de métodos de química orgâ-nica, foram de especial interesse: 1) em novas técnicas de espec-trofotometria, o estudo e familiarização da instalação fotoeléctrica daUni versidade de Li verpool; novos métodos de calibragem da espec-trofotometria fotográfica em Port Sunligbt (Dr. Edisbury) e nasoficinas de montagen, da Casa Hilger; ainda, em Hilger Ltd. tiveocasião de ver novos aparelhos para a espectrofotometria infra--vermelha, colorfrnetros, polarímetros e refractómetros; 2) noutrosmétodos de química orgânica, hidrogenação, ozonização, análise oro-matográfica, destilação molecular, sublimação em alto vazio, etc.,foram de particular interesse os laboratórios da Universidade deLiverpool, Port Sunlight, e Imperial College de Londres.

Respeitante à espectrofotometria, foi muito útil o trabalho feitosobre a calibragem de espectrofotómetros de tipo Spekker que nospermitirá verificar mais rigorosamente o aparelho da instalação deCoim bra ; quanto ao trabalho feito com a instalação fotoeléctrica,será da maior vantagem, no caso de se adquirir uma instalaçãosimilar para o Laboratório Químico, como há já muito tempo pedi.

Não vou descrever as visitas e estudos feitos nesta viagem, masparece-me de utilidade que da experiência adquirida faça um resumosobre laboratórios de química orgânica. Farei, finalmente, algumasbreves considerações sobre instalações de associações de estudantes.

Consideremos agora o departamento de química orgânica.

Salas de aula. Para este departamento será suficiente umanfiteatro com a lotação de 120 lugares, com boa inclinação, semprofundidade exagerada, e com a largura regulamentar. Bancadase carteiras correntes, com alturas bem calculadas, de maneira aserem cómodas, construidas em boa madeira. Especial atençãodeverá ser dada aos tetos e paredes, de maneira a haver boascondições acústicas. Mesa do professor longa, com possibilidadesexperimentais.

** *

A construção de um laboratório químico, com a finalidade deensino e de investigação, deverá satisfazer a muitas condições, entreIlS quais desejo pôr em evidência as seguintes: 1) largueza de espaço

Page 4: Relatório de uma visita de estudo a alguns. laboratórios

8

Adjacente à sala de aula deverá haver uma sala de preparaçãodas experiências de curso e respectivas acomodações. Deverá ficardo lado da mesa do professor, e a parede de separação deverá com-portar um nicho amplo, com dupla porta de vidro, de maneira aservir as duas salas e a servir ainda de passagem a aparelhos e amaterial a instalar na mesa. Quando necessário, certas experiên-cias poderão ser realizadas no nicho. Sobre a mesma parede deve-rão ficar dois quadros amplos de ardósia ou vidro preto, movidoselectricamente, ocupando um deles a posição do nicho e o outroparte da parede que deverá ser preparada para aIvo das máquinasde projecção e cinematográfica; quando for necessário, estes qua-dros serão deslocados para a parte superior da parede, deixando adescoberto o nicho e o alvo. O deslocamento dos quadros e portasdos nichos deverá ser feito electricamente, utilizando um pequenomotor que acciona uns cabos.

Laboratórios de ensino. O departamento de química orgânicadeverá dispor de 2 laboratórios de ensino. Um para os alunos dosprimeiros anos, cursos gerais e preparatórios médicos; e outro paraalunos adeantados das cadeiras especiais. O primeiro deverá com-portar 120 lugares, embora normalmente funcione com 60 ou menosalunos. Para melhor aproveitamento de espaço, as mesas poderãoser contínuas, com duas passagens dos Jados das janelas e corredor.Ao longo das paredes das janelas e corredor, esta última em grandeparte envidraçada, haverá mesas de trabalho, com material de utili-zação geral, por exemplo, balanças de pequena precisão, reagentesespeciais, soluções tituladas, buretas, eto., e ainda a secção de lava-gem de material e aparelhos. Haverá aqui pias de porcelana, comcanalizações de água quente e fria, com parte das mesas forradasde azulejo, com escoadores de madeira, compridos, canelados e comsuportes verticais para balões e outro material de vidro. Nas outrasduas paredes, ficarão os nichos, convindo 4 nichos fechados paraoperações com produtos tóxicos ou corrosivos, e um ou dois nichoslargos e abertos, para operações menos prejudiciais (destilações).Numa ou duas posições sobranceiras, deverão ficar mesas para oschefes de trabalhos práticos e quadros de ardósia ou vidro preto.Sendo possível, o corredor lateral deverá ficar orientado para o ladomais soalheiro.

O segundo laboratório deverá comportar cerca de metade doslugares do laboratório anterior, com espaço duplo por aluno, Talvez

9

o melhor plano corresponda a duas filas de 6 mesas, com 4 lugarescada uma, com duas passagens junto das janelas ou das janelas ecorredor e outra a meio da sala. A distribuição de mesas lateraise nichos semelhante iL anterior. O espaço ocupado por este labora-tório deverá ser aproximadamente igual ao do primeiro laboratório.

Laboratórios de estagiários e de investigação. Estes laborató-rios deverão ficar numa ala diferente das instalações anteriores.Parece-me que deverão ser três laboratórios com lotações de 24, 12e 8 lugares. Os gabinetes privados dos professores e assistentesdeverão ficar junto destes laboratórios. Deverão ser construídossegundo as normas do laboratório de 48 lugares, com mais umterço de espaço por pessoa, mas fundamentalmente segundo omesmo plano, e aumentando ainda o espaço para os laboratóriosde menor lotação. A iniciação em trabalhos de investigação seriafeita no laboratório maior, sendo os dois restantes para investigado-res adeantados e pessoal docente.

A1'mazéns de distribuiçõo de material e drogas) e gabinetes defiscalização d08 laboratórios de ensino e investigação. Entre osdois laboratórios de ensino e os dois laboratórios maiores de inves-tigação deverão ficar dois armazéns de distribuição e dois gabinetes;de fiscalização, neste último caso, respectivamente, para os chefes detrabalhos práticos e encarregados da direcção de investigação.

As finalidades destes armazéns são: comodidade de fornecimentode material e drogas, e sua verificação. Cada um estará à respon-sabilidade de um empregado que entregará o material e drogasmediante requisição individual. Isto permitirá verificação do gastototal e individual do ensino e investigação. Armazéns com estan-tes de dupla face para bom aproveitamento de espaço; as prateleirasde ácidos forradas com placa de chumbo; os sol ventes orgânicoscombustíveis guardados com especial cuidado. Acesso proibido dopessoal ao armazém, com entrega de material em balcão.

Os gabinetes de fiscalização deverão ser envidraçados para os·lados dos laboratórios.

Junto do menor laboratório de investigação haverá um gabineteprivativo do professor.

Gabinetes de processos especiais. Num departamento de inves-tigação de química orgânica há necessidade de um certo número

Page 5: Relatório de uma visita de estudo a alguns. laboratórios

10

de gabinetes separados, em que são efectuados trabalhos que pelasua natureza precisam de uma instalação permanente e própria.

1) Gabinete de extracções. Com aparelhos de extracção desólidos e líquidos, montados permanentemente. O aquecimento dossol ventes deverá ser eléctrico e com vapor de água. Tomadas decorrente numerosas. Extintores de incêndios; que sejam evitadasas possibilidades de incêndio.

2) Gabinete de hidroqenação, Com instalações para hidroge-nação a pressões baixas e temperaturas ambientes, a altas pressõese a temperaturas elevadas.

Este gabinete tem de ser isolado por se utilizarem altas pressõese para evitar o envenenamento dos castalisadores.

3) Gabinete de oxonizoção, A utilização do ozone convém quese faça em gabinete privativo; contudo, se não for possível, que sefaça a montagem num dos laboratórios de investigação, dentro deum bom nicho.

4) Gabinete de alto vazio, para sublimação, destilação e des-tilação molecular.

5) Compartimentos jriqorificos e de temperatura requláuel,Compartimentos frigoríficos são absolutamente necessários numlabo-ratório de química orgânica. As geleiras compradas são dispendio-sas e acanhadas. Para o caso presente seria conveniente a constru-ção de dois compartimentos frigoríficos, respectivamente, nas secçõesde ensino e investigação. Estes compartimentos deverão ser termi-camente isolados; as paredes contêm um resguardo espesso de cor-tiça e interiormente são forradas de asbesto; a temperatura deveráser regulada com termostato; terá iluminação eléctrica; gavetas parapreparação de gelo; dupla porta de protecção, com fechos especiais,e campainha de alarme para casos de emergência.

 tendendo à importância das reacções microbiológicas e doutrostipos, com óptimos de temperatura, seria também de interesse 'umcampartimento de temperatura regulável, à volta de 37°, construidoem condições análogas às dos compartimentos frigoríficos, mas comaquecimento eléctrico, regulável com terrnostato.

6) Gabinete de eepectrcfotometria, colorimetria, polarimetriae outras determinações de ordem física. Como sugestão para estegabinete, apresentamos o esquema junto.

A câmara escura deverá ficar no gabinete por motivos de como-didade. As paredes A, B, C e D 'e os tetos correspondentes deve-rão ser pintados a preto, para absorverem a luz proveniente da sala.

11

As restantes paredes e tetos da câmara escura deverão ser pintadosa branco para permitir iluminação indirecta, dada por lâmpadas pró-prias, com intensidade suficiente para trabalho confortável, mas semrisco de velar as chapas e películas.

As mesas do gabinete deverão ser de construção forte, em boamadeira; sem prej uízo da comodidade de trabalho deverão ter na

MesQ. I 8 ..1'.!:<;!,t..e.!.~ic"L 8Cl t:l Cl PJQ

Mesa

CI/- C<imara escvrQ,'l).~

eu o•..e <11

II -s "' .•..If <li d M"sClt., ~ \l ~E- \Jl -c -P-;:ateleir:: -eu \Ss ~ .t A I e

-..--B c:

Espa.~o paf'ct..

mesas di!! t"aha/ho

VIlU ~.•... ~c •... IIIS •• '".•... t: e, q)••

ijJ '() ~ ~""'~~..l(

() QJ•• Q,.•.. '"\JeuQ.

TMnsfoT'- ti3 Mesa.madorcs -

E00

87>1

parte inferior acomodações para baterias de acumuladores, pequenostransformadores e outros materiais; no caso de altas voltagens con-vém protecção adequada. Em todas as mesas deverá haver torna-das de corrente contínua e alternada. Água quente e fria na mesade material e lavagem, adjacente à câmara escura.

Este gabinete deverá ter iluminação do lado norte; as janelasdeverão ter cortinas pretas; o gabinete deverá ter boa iluminaçãoartificial.. 7) Laboratório de microanálise. O Prof. Dr. Couceiro da

Costa tem dedicado especial atenção a estas instalações ; portanto,ppuco tenho a dizer sobre o assunto.

Page 6: Relatório de uma visita de estudo a alguns. laboratórios

Considerações gerais sobre os laboratôrios, mobiliário e mate-rial, Pavimentos de madeira, No laboratório de Port Sunlight ospavimentos dos laboratórios, corredores e escadas são feitos com um

12 13

de certas revistas para as diferentes secções; contudo esta últimadificuldade permitiria possibilidade de deslocamento das revistas nocaso da biblioteca de uma das secções se encontrar em certa alturacom pouco espaço; exemplificando, revistas como «The Journal ofthe American Chemical Society» e outras com orientação semelhantepoderiam ser colocadas sem inconveniente de maior em qualquer dasbibliotecas, Adoptando-se a segunda solução, deveria haver acessofácil entre as diferentes bibliotecas; na primeira hipótese, a bibliotecadeverá ocupar uma posição central no edifício. Urna terceira soluçãode compromisso consistiria numa biblioteca grande, destinada a todasas revistas e outras publicações periódicas, dispondo cada departa-mento de pequenas bibliotecas privativas para tratados e monografias.

Atendendo a que o estudo de qualquer assunto de química exigea consulta dum grande número de revistas e livros, qualquer queseja a solução dada, parece-me que os locais de leitura deverão ficarna parte central dos compartimentos, com as estantes dispostas emfilas dum e doutro lado. As estantes deverão ser de fácil acesso, comprateleiras de alturas reguláveis. Será necessária urna estante decubículos para colocação dos fascículos das revistas ainda não enca-dernados, com uma cobertura inclinada onde se coloquem os últimosnúmeros de cada revista, É também necessário um bom ficbeiro.

A instalação deve ser feita em dois compartimentos, um delesespaçoso, para combustões, outras operações analíticas e determina-nações de pesos moleculares. Os aparelhos de combustão deverãoficar instalados definitivamente em mesas com nichos. Deve havermesas com espaços reservados às diferentes determinações analíticas.Numa mesa, com um bom nicho, deverão ficar os aparelhos dedeterminação de azote pelo método de Kjeldahl. No outro comparti-mento ficarão instaladas as microbalanças.

Estes dois compartimentos deverão estar à mesma temperaturae, segundo a opinião de Mr Rothwell, microanalista do departamentode química orgânica da Universidade de Liverpool, o compartimentodas balanças nunca deverá estar a temperatura mais elevada do quea do outro compartimento.

As microbalanças são colocadas numa mesa de lousa grossa,assente em base que vem dos alicerces; não fica ligada à paredepara evitar a sua vibração; o suporte tem na parte superior umalâmina grossa de chumbo e a lousa assenta sobre madeira dura.No caso do assento não vir do alicerce, convirá fazê-lo em tijolomacisso ou cimento, tendo cada camada de tijolo, ou bloco decimento, intercalada uma lâmina de chumbo de 2,5 em de espessura.

O condicionamento de ar nestes laboratórios minimisa muitasdas dificuldades usuais.

8) Lacadaria. Na secção de investigação, a lavagem de apa-relhos e material deve ser feita num compartimento próximo doarmazém, Sala quadrada ou rectangular com pias e outros dis-positivos de lavagem, escoamento e secagem; canalizações de águaquente e fria. Convém transportar o material em carretas.

A lavadaria poderia ficar localizada na cave e servir todos osdepartamentos, no caso de existirem elevadores de serviço.

Sala de estudo para alunos. Entre o anfiteatro e os laboratório deensino deverá haver urna sala de estudo, com cerca de 50 lugares;em volta ficarão estantes com os livros de consulta dos estudantes.

Vestiários. Podem ser aproveitados os vãos das escadas. Seriaconveniente que se dispusesse de um certo número de pequenosarmários metálicos para arrecadação individual de vestuário e outrosartigos dos alunos, mediante o pagamento duma pequena propina.

Biblioteca. Para a biblioteca de química apresentam-se duassoluções; uma grande biblioteca que comporte todas as revistas elivros dos diferentes assuntos, ou três bibliotecas menores, corres-pondentes à química inorgânica, orgânica e física. Ambas as solu-ções apresentam vantagens e inconvenientes; a primeira tem avantagem dos livros e revistas se encontrarem juntos e os incon-venientes de exigir considerável espaço num só andar e de tornarincómoda a consulta para o pessoal que trabalhe nos outros pisos;a segunda solução exigiria salas mais pequenas, daria comodidadede consulta ao pessoal, sendo a principal dificuldade a da escolha

Lavatórios e outras comodidades. Atendendo à natureza dos tra-balbos laboratoriais, convém uma boa instalação, com bacias amplas.

** *

Page 7: Relatório de uma visita de estudo a alguns. laboratórios

14

Canalizações e esgotos. Todas as canalizações e esgotos devemser fàcilmente acessíveis .. As tubagens de água, gás, vapor de água,etc, pintadas com cores convencionais, virão de cima ou ao longodas paredes, conforme se trate duma mesa central ou de parede.Oaso isto não se adopte, as tubagens deverão ficar em rasgos, nasparedes e pavimentos, com coberturas fàcilmente removíveis.

Os esgotos, principalmente, num edificio em andares, deverãoser considerados com especial atenção, pois, se não forem estanques,prejudicarão seriamente o edifício. As canalizações dos esgotosdeverão ser dum material resistente a todas as espécies de reagen-tes ; as juntas são pontos fracos, devendo ser evitadas. Afigura-se--me, como a melhor solução, caleiras, tanto nas mesas como nospavimentos, forradas com placa de chumbo. Estas caleiras deverãoter uma boa inclinação e para isso, principalmente nos laboratóriosde maior comprimento, deverão ter duas vertentes, isto é, devemcorrer em sentidos opostos a partir do meio, saindo pelos topos doslaboratórios. As caleiras, incluídas no pavimento, deverão ter umacobertura removível.

As mesas de trabalho do tipo «unidades» facilitam o acesso àsdiferentes canalizações dentro das mesas.

15

a corrente (rendimento, 22 litros por hora). A distribuição da águadestilada é feita em canos de estanho.

Todos os armários para àcidos concentrados são forrados complacas de chumbo.

material asfáltico, com uma cobertura cinzenta clara, formando umquadriculado; em alguns compartimentos, solbos de tábuas estreitas,e na biblioteca, revestimento com corticite.

As paredes dos corredores e dos laboratórios deverão ser forradascom azulejo, até certa altura, ou pintados com tinta especial quepermita fácil lavagem. As ligações das paredes com os pavimentosdeverão ter uma secção curva, de maneira a poderem limpar-se comfacilidade.

Mesas de trabalho e outras instalações. O melhor material deconstrução será madeira dura (teca). Deverão ter uma altura nor-malizada, com armários adaptáveis (sistema de unidades) que podemser mudados e são constituídos por prateleiras, gavetas, etc. Nas mesaspara trabalhos de investigação e em algumas mesas dos laboratóriosde ensino conviria que um dos armários fosse adaptado a comparti-mento-estufa, para secagem de material, com aquecimento eléctrico, oupor canalizações de água quente ou vapor de água. Nas mesas de tra-balho deverá haver um compartimento para lixo, com tampa coman-dada por pedal, e com a parte da mesa, adjacente, superior, forradade azulejo; o depósito para lixo deverá ter uma secção em trapésiorectangulo, tendo lima pega na parte superior para fácil transporte.

Em todas as mesas deverá haver gás, água comprimida a 3 ou 4atmosferas, para poder ser utilizada em trompas, vapor de água aduas atmosferas em canalizações ligadas a banhos-maria, aparafusadosàs mesas, e electricidade. Em cada laboratório deverá haver, ainda,água quente e ar comprimido de 2 a 5 atmosferas. Os compressoresde água e de ar deverão ficar na cave, visto interessarem a todosos departamentos. No caso de aquecimento central com vapor deágua, a água condensada nas canalizações poderá ser levada a umcompressor e distribuída pelos diferentes laboratórios j esta água des-tilada servirá para um grande número de fins.

Principalmente, no caso de não se dispor dum compressor de ar,deverá ser construido um pequeno compartimento, junto dos labo-:ratórios de investigação, para garrafas de gases comprimidos, queseriam conduzidos aos laboratórios por canalizações próprias.

Nos diferentes laboratórios deverá haver água destilada; pare-ce-me que a melbor solução seria um aparelho destilatório, eléctrico,situado na parte superior do edificio, sendo a destilação automática-mente regulada; a àgua é destilada para um reservatório de distri-,buição e, quando baixa além dum certo nível, liga automáticamente

Nichos. As duas paredes do topo dos laboratórios deverão serdestinadas a nicbos. Em cada parede deveverá haver um nicboaberto, com forte aspiração, onde sejam efectuadas principalmentedestilações; os outros dois nicbos serão fechados. Todos eles terão,na parte superior e inferior do interior do nicbo, duas séries dede aberturas, ligadas à canalização de aspiração.

Nos nichos haverá água, ar comprimido, vapor de água e luz,tudo comandado do exterior.

Os vidros dos nichos serão de dupla camada, tendo entre elasuma rede fina de segurança.

Balanças. O departamento de química orgânica não precisa dede uma sala de balanças de precisão. Uma ou duas balanças porlaboratório, em dependências apropriadas, serão suficientes.

Page 8: Relatório de uma visita de estudo a alguns. laboratórios

16 17

leitura com bibliotecas anexas sala da direcção, gabinetes, etc.;,3) no 1.0 andar ficam os refeitórios; dois refeitórios de 150 lugarescada, servidos por criadas, e uma «cafeteria» para 350 pessoas, combalcão onde são entregues as refeições (em geral refeições maisleves). O movimento médio destes serviços, referente ao ano lec-tivo transacto, foi, por semana: 5890 almoços de 3 pratos (sopa,entrada e doce); 9850 bebidas quentes; 6.000 refeições subsidiá-rias; e 1440 chás.

A cosinha, muito eficiente para satisfazer a este movimento,encontra-se no andar superior do edifício. Isto parece-me ser degrande vantagem, pois torna-a completamente independente (entra-das próprias) e isolada de todos os serviços. A casinha é extensa-mente mecanizada, com aparelhos eléctricos para preparação devegetais, descasque de batata, misturadores de massas, etc. Fogões,estufas e caldeirões também eléctricos; frigorífico grande. As refei-ções que aguardam distribuição são conduzidas em carretas paraestufas eléctricas, junto dos elevadores que as transportam aosrefeitórios; aqui, são guardadas tam bém em estufas, até à distri-buição.

N um edifício. adjacente fica o gimnásio e salas de desportos.Os campos de jogos ficam em Allerton, a 20 minutos de transporteem eléctrico ou autocarro.

Ventilação e condicionamento de temperatura. São problemasfundamentais na construção de um laboratório químico. Todos osnichos, laboratórios e outros compartimentos deverão ter aspiradoresreguláveis, de maneira a permitir um bom arejamento.

Todas as canalizações de arejamento serão levadas à parte supe-rior do edifício, onde ficarão situados os motores para aspiração quedeverão ser construídos à prova de água; as ventoínhas e canaliza-ções serão construfdas de material resistente a ácidos e outros rea-gentes.

Os laboratórios modernos, por exemplo o departamento de quí-mica orgânica da Universidade de Liverpool e os laboratórios LeverBrothers de Port Sunligbt, tem instalações de condionamento de ar.Estas instalações são de manifesta vantagem para os laboratórios dequímica e física.

Elevadores e telefones. Numa instalação em vários andarestornam se necessários elevadores para pessoal e serviço, e aindatelefones.

** *

Associação de estudantes. A Universidade de Liverpool temuma associação de Estudantes, «Student's Union», modelarmenteinstalada. A inscrição é obrigatória para todos os alunos da Uni-versidade, t 3.10 por ano (350$00), e facultativa para os graduados.A qualidade de sócio dá direito à utilização dos departamentos cul-turais e desportivos, refeitórios, balneários, etc. As diferentes sec-ções são dirigidas e administradas por comissões de estudantes,eleitos anualmente, responsáveis perante o Reitor, havendo umacomissão de professores para verificação de contas.

O edifício é utilizado por estudantes de ambos os sexos; asdependências, utilizadas, respectivamente, por homens e mulheres,encontram-se separadas e dispostas em lados opostos do edifício,utilizando contudo a parte central em comum, se assim o desejarem:salas de leitura centrais, teatro, salão e refeitório central.

.A distribuição de serviços é a seguinte: 1) na cave, serviçosde higiene, com numerosos balneários; 2) no rés-da-chão, salão deentrada com vestiário adjacente, grande sala de espectáculos (parateatro, concertos, cinema, conferências, etc.), salão de baile, salas de

** *

Este relatório não é evidentemente um programa, mas apenasuma compilação de observações feitas na minha viagem de estudo;sentir-me-ei justificado, se alguma das sugestões fôr de utilidadepara a solução de problemas pendentes da Universidade.

A bem da Nação.

Ooimbra, 22 de Dezembro de 1$)47.