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criação, já iam ganhando vida e histórias, o que facilitou a construção de um roteiro coletivo para a produção do texto. Mas a proposta era um texto autobiográfico, era preciso se colocar no lugar do personagem, que deveria falar de si! Depois de cada ser já ter a sua história es- crita, a brincadeira foi embaralhá-las e, com a leitura, relacionar extraterrestre e autobiografia. Havia uma demanda por enfatizar um pouco mais as ciências naturais ao longo do segundo semestre porque os segundos anos estreariam sua participação na Feira Moderna e a intenção era de que pudessem apresentar algo relacio- nado a esta área do conhecimento. Tematizar a chegada do homem à Lua, refletir sobre a pos- sibilidade ou não de existir vida por lá, conhe- cer as hipóteses das crianças sobre isso e, a partir daí, começar a pensar sobre o que é vivo, sobre as condições necessárias para que exis- ta vida, sobre o fato de nem sempre ter existido vida na Terra, chegando, enfim, aos seres vi- vos, e ao desejo de tratar sutilezas relaciona- das aos seus tempos. Contamos com a apostila “Da Lua à Terra” para nortear nosso caminho. Estávamos conscientes da complexidade que seria tratar da evolução dos seres vivos ao longo dos milhões de anos, dos equilíbrios quí- micos e climáticos que permitiram o apareci- mento das espécies atuais, entre elas a espé- cie humana, mas não queríamos abrir mão da apresentação e problematização da ideia de biodiversidade, essa variedade, disponibilidade das diferentes espécies e ecossistemas, assim como a sua fragilidade, os riscos de desapare- cerem ecossistemas e o quanto as atividades humanas podem acelerar mudanças nas condi- ções ecológicas. Queríamos plantar a semente, sensibilizar para a beleza e as importâncias, estimular a potência para cuidar e a imaginação para acreditar que é possível transformar. Pas- PROJETO Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação. Porque se a gente fala a partir de ser criança, a gente faz comunhão: de um orvalho e sua aranha, de uma tarde e suas garças, De um pássaro e sua árvore. Manoel de Barros As palavras de Manoel de Barros, revestidas de simplicidade, são provocadoras. Favorecer às crianças experiências de comunhão com o conhecimento, com alguns temas de estudo, de pesquisa e conversa, em alguns momentos que sejam... Um algo mais, para além de simples “comparamentos”, foi o nosso desafio. Iniciar o semestre apreciando a capa da a- genda, conhecendo, com Georges Méliès, uma fantástica Viagem à Lua, assistindo em vídeos a Chegada do homem à Lua e lendo notícias do Jornal do Século, do Jornal do Brasil, foi um convite e tanto para entrelaçar ciência e muita imaginação. Para lhe dar asas, além de Méliès, retomamos o Cavaleiro Jorge, especialmente aquele, trazido por Lobato. Outras histórias também nos encantaram: "Senhor Lua", "Mudanças no Galinheiro Mudam as Coisas por Inteiro" e "O Mistério da Lua". Nesse momento, brincar com as próprias fotografias recortadas, embaralhá-las, reorganizá-las, nos rendeu uma série de seres inusitados, habitantes da Lua e também de outros planetas, estrelas e satélites, que nos foram apresentados em textos autobio- gráficos. Um desafio e tanto para a meninada! Era preciso um certo fôlego para a escrita, pois os extraterrestres, na medida mesmo de sua Relatório do Segundo Semestre / 2009 F2TA Rua Capistrano de Abreu, 29 – Botafogo – 2538-3231 Rua Marques, 19 – Humaitá – 2538-3232 www.sapereira.com.br - [email protected] TURMA: ALICE, ANA, ANTONIO, BENTO, BRANCA, BRUNO, CLARA, CONSTANÇA, FELIPE, FLORA, GABRIEL, HENRIQUE, JULIA, LAURA, LUDIMILA, LUIZA, MARIA, MARINA, MATHEUS, SOFIA A, SOFIA Q, TATIANA, THEODORO, VALENTINA ADULTOS NO TURNO DA TARDE Professores e Auxiliares nas Turmas: F1T: Julia e Mariana F2TA: Flavia F2TB: Mariana Hue F3T: Marcelo F4T: Rita F5T: Andréa N Música: João e Manoela Expressão Corporal: Aninha Teatro: Helena Educação Física: Renata Artes Visuais: Moema Coral: Fernando, Raimundo e Rosangela Inglês: Rosangela Coordenação Pedagógica: Jade e Andrea N Auxiliar do Turno: Vivianne Orientação e Tribo: Cecilia Editoração: Viviane Direção: Tetê, Cecilia, Anselmo Secretaria: Sandra Auxiliares Pedro, José, Nívia, Lilian, Eduardo, Mário

Relatório do Segundo Semestre / 2009 F2TA€¦ · com "A mulher que matou os peixes", de Clari-Gorgonzola. A proposta ganhou uma motivação especial: criar novos problemas, tendo

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criação, já iam ganhando vida e histórias, o que facilitou a construção de um roteiro coletivo para a produção do texto. Mas a proposta era um texto autobiográfico, era preciso se colocar no lugar do personagem, que deveria falar de si! Depois de cada ser já ter a sua história es-crita, a brincadeira foi embaralhá-las e, com a leitura, relacionar extraterrestre e autobiografia. Havia uma demanda por enfatizar um pouco

mais as ciências naturais ao longo do segundo semestre porque os segundos anos estreariam sua participação na Feira Moderna e a intenção era de que pudessem apresentar algo relacio-nado a esta área do conhecimento. Tematizar a chegada do homem à Lua, refletir sobre a pos-sibilidade ou não de existir vida por lá, conhe-cer as hipóteses das crianças sobre isso e, a partir daí, começar a pensar sobre o que é vivo, sobre as condições necessárias para que exis-ta vida, sobre o fato de nem sempre ter existido vida na Terra, chegando, enfim, aos seres vi-vos, e ao desejo de tratar sutilezas relaciona-das aos seus tempos. Contamos com a apostila “Da Lua à Terra” para nortear nosso caminho. Estávamos conscientes da complexidade que seria tratar da evolução dos seres vivos ao longo dos milhões de anos, dos equilíbrios quí-micos e climáticos que permitiram o apareci-mento das espécies atuais, entre elas a espé-cie humana, mas não queríamos abrir mão da apresentação e problematização da ideia de biodiversidade, essa variedade, disponibilidade das diferentes espécies e ecossistemas, assim como a sua fragilidade, os riscos de desapare-cerem ecossistemas e o quanto as atividades humanas podem acelerar mudanças nas condi-ções ecológicas. Queríamos plantar a semente, sensibilizar para a beleza e as importâncias, estimular a potência para cuidar e a imaginação para acreditar que é possível transformar. Pas-

PROJETO Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que

comparação. Porque se a gente fala a partir de ser criança, a

gente faz comunhão: de um orvalho e sua aranha, de uma tarde e

suas garças, De um pássaro e sua árvore.

Manoel de Barros

As palavras de Manoel de Barros, revestidas

de simplicidade, são provocadoras. Favorecer às crianças experiências de comunhão com o conhecimento, com alguns temas de estudo, de pesquisa e conversa, em alguns momentos que sejam... Um algo mais, para além de simples “comparamentos”, foi o nosso desafio. Iniciar o semestre apreciando a capa da a-

genda, conhecendo, com Georges Méliès, uma fantástica Viagem à Lua, assistindo em vídeos a Chegada do homem à Lua e lendo notícias do Jornal do Século, do Jornal do Brasil, foi um convite e tanto para entrelaçar ciência e muita imaginação. Para lhe dar asas, além de Méliès, retomamos o Cavaleiro Jorge, especialmente aquele, trazido por Lobato. Outras histórias também nos encantaram: "Senhor Lua", "Mudanças no Galinheiro Mudam as Coisas por Inteiro" e "O Mistério da Lua". Nesse momento, brincar com as próprias fotografias recortadas, embaralhá-las, reorganizá-las, nos rendeu uma série de seres inusitados, habitantes da Lua e também de outros planetas, estrelas e satélites, que nos foram apresentados em textos autobio-gráficos. Um desafio e tanto para a meninada! Era preciso um certo fôlego para a escrita, pois os extraterrestres, na medida mesmo de sua

Relatório do Segundo Semestre / 2009

F2TA

Rua Capistrano de Abreu, 29 – Botafogo – 2538-3231 Rua Marques, 19 – Humaitá – 2538-3232

www.sapereira.com.br - [email protected]

TURMA: ALICE, ANA, ANTONIO, BENTO,

BRANCA, BRUNO, CLARA, CONSTANÇA, FELIPE, FLORA, GABRIEL, HENRIQUE,

JULIA, LAURA, LUDIMILA, LUIZA, MARIA, MARINA, MATHEUS, SOFIA A, SOFIA Q,

TATIANA, THEODORO, VALENTINA

ADULTOS NO TURNO DA TARDE

Professores e Auxiliares nas Turmas:

F1T: Julia e Mariana F2TA: Flavia

F2TB: Mariana Hue F3T: Marcelo

F4T: Rita F5T: Andréa N

Música: João e Manoela Expressão Corporal: Aninha

Teatro: Helena Educação Física: Renata Artes Visuais: Moema

Coral: Fernando, Raimundo e Rosangela Inglês: Rosangela

Coordenação Pedagógica: Jade e Andrea N Auxiliar do Turno: Vivianne Orientação e Tribo: Cecilia

Editoração: Viviane

Direção: Tetê, Cecilia, Anselmo

Secretaria: Sandra

Auxiliares

Pedro, José, Nívia, Lilian, Eduardo, Mário

isso, a feira inteira, todo e partes, já estava dentro de cada um. Cada detalhe fez parte de muita conversa, foi um grande exercício de cooperação, de compreensão do que é um projeto de trabalho, processo de negociação, experimentação, processo de idas e vindas, muitas vezes perceptível apenas aos que estão de dentro. A prioridade absoluta foi a leitura, a escrita, a

narrativa oral, o debate, as diferentes interpre-tações. Nesse contexto da Feira, e com o Pro-jeto “Aventuras pela Natureza”, a leitura e a escrita de textos mais informativos, objetivos, se fizeram presentes. Nosso esforço foi trazer um número variado de materiais escritos como possibilidade de mediação e diálogo para os textos que as próprias crianças escreveriam. Insistimos em um processo de revisão coletiva onde pudessem ler e se ouvir, discutir, comen-tar e sugerir. Essa prática colaborou muito com a reelaboração de concepções acerca da estru-

sear pela Floresta da Tijuca, com outro sentido e responsabilidade, apurar o olhar, os ouvidos, todos os sentidos!!! Conhecer um pouco de sua história, foi uma possibilidade e tanto para tal comunhão. A intenção era preparar a Feira, apresentar e

discutir cada boa ideia para, depois, passarmos ao levantamento das tarefas que seriam da turma ou dos pequenos grupos, agora mais estáveis, pois estariam juntos ao longo de todo esse processo de preparo, estudo e apresenta-ção. Isso envolveu tarefas como assistir a fil-mes e documentários, especialmente sobre a Mata Atlântica, fazer planejamento no caderno e levantamento de materiais e textos para leitu-ra, preparar painéis, cartazes, desenhos de observação e jogos. Ainda precisavam dar con-ta da fala, da própria apresentação, combinar uma organização entre os componentes do grupo que fizesse sentido no momento de con-tarem o que tinham aprendido. Depois de tudo

tura do texto, considerando aspectos relativos à sua informatividade e também à ortografia, caligrafia, pontuação, concordância, etc. Antes de iniciar o livro Fábulas, falamos das

diferentes edições que nos chegaram... fazer a leitura com essa variedade foi bom, afetivo, ler no mesmo livro que o pai, a mãe, ou o avô le-ram. E também conhecer um pouco do autor. Lemos, de Crianças Famosas, parte da biogra-fia de Lobato, chamamos atenção para o fato de a Infância do autor, do que foi vivido por ele, estar bastante presente no universo de sua criação, de suas histórias. Então, durante a leitura dessa biografia, a ideia era relacionar sua infância sua obra. E foram tantas coisas descobertas: a fazenda, o ribeirão, a ex-escrava que se parece com a Tia Nastácia, o jeito mandão, danado, que atribuíram à Emilia, e também a ela e ao Visconde, a brincadeira de inventar os próprios brinquedos, o gosto pelas caçadas, que identificaram logo no Pedrinho, e muito mais... Habitamos por um tempo esse universo, escrevendo, lendo, desenhando, pin-tando, conhecendo algumas histórias que pas-saram na TV. No contexto do nosso projeto, “Caçadas de Pedrinho” fez o maior sucesso! As crianças até escrevemos uma carta imaginária ao autor, comentando sobre as suas fábulas e também contando o que puderam, espontanea-mente, relacionar ao trabalho de Marc Chagall, às gravuras que o artista criou para as Fábulas de La Fontaine. Enfim, foi dado o primeiro pas-so para que experimentassem um pouco a for-ça das palavras de Lobato quando nos diz: “Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar.” A experiência de ler Lobato, de fazer esse

recorte para a leitura de um gênero, no caso, as Fábulas, conhecer um pouco mais o autor, a estrutura de sua narrativa, é sempre importante como modelo para apreciação estética e literá-ria e para o exercício da produção do próprio texto, ou seja, tratou-se de uma experiência e tanto para a formação desses leitores escrito-res principiantes.

“Quando lemos um clássico, ele também nos lê, vai nos revelando nosso próprio senti-do, o significado do que vivemos.”

Ana Maria Machado

Com as “Fábulas”, ampliamos a responsabili-dade pelas leituras compartilhadas em voz alta. Ter um leitor do dia em rodas de leitura foi um grande e belo exercício. Aprenderam a colocar um texto na centralidade, como algo comum, compartilhado, que aproxima e congrega. Com Chagall, conhecendo um pouco de sua

história e de sua arte, ampliamos o olhar em

direção ao mundo, aos fragmentos de História que compõem a nossa vida e muitas vezes nem nos damos conta, mas que estão aí, nos observando de propósito, talvez para que o mundo mude, para que não nos acomodemos. Abrimos o mapa, falamos de lugares meio dis-tantes, meio esquisitos, apreciamos em fotos e imagens de um tempo diferente do nosso, fala-mos de guerra e também de esperança, imagi-nação. E se o artista chegou em função das fábulas e de suas gravuras, também pôde en-cantar com a sua história, com a sua vida e extensão de seu trabalho, no pouco que pude-mos apreciar, entre livros, documentário e ex-posição no Museu de Belas Artes. Tivemos mesmo a oportunidade singular de tratar Litera-tura e Arte, com Lobato, La Fontaine e Chagall, comparando textos, fábulas, criando aquarelas, escrevendo, a partir dos muitos modelos que já tínhamos, novas fábulas e, até, experimentan-do uma aproximação da técnica de gravura. Ainda tivemos um tempinho para outras lite-

raturas, outras belezas... apreciar " A maior flor do mundo", de José Saramago; nos admirar com "A mulher que matou os peixes", de Clari-

Gorgonzola. A proposta ganhou uma motivação especial: criar novos problemas, tendo como modelo os apresentados pelo livro, reunidos em um pequeno livreto com o desafio de sua reso-lução. Presenteamos os alunos da F3T com os problemas inventados.Como gostaram de che-gar a F3 com esse presente... Os jogos continuaram tendo um lugar especi-

al. Com cartas, destacamos a brincadeira de “carteador”. Tratamos de regularidades e valor posicional dos numerais. Com o material doura-do, brincamos de “banco”, trabalhando unida-des, dezenas, centenas, fazendo agrupamen-tos, formando dezenas e centenas, o que aju-dou na formalização das operações de adição e subtração. O material dourado também contri-buiu para a compreensão dos grupamentos de 10 em 10, base do nosso sistema de numera-ção. A intenção foi de apropriação da ideia de que cada grupamento de 10 de uma determina-da ordem corresponde a uma unidade da or-dem seguinte. As crianças estão em contato, desde muito

cedo, com diferentes situações em que adicio-nam, subtraem, multiplicam e fazem divisões. A experiência, no segundo ano, foi buscar alguma sistematização, especialmente com relação à adição, à subtração e, às vezes, inclusive, tra-balhando com as duas operações concomitan-temente. Com relação à multiplicação e à divi-são, apenas propusemos situações que as envolvem, estimulando as soluções a partir de estratégias pessoais. Vale lembrar que a apre-sentação dos algoritmos formais da adição e da subtração não se constitui na melhor estratégia nesse momento. Nosso objetivo foi contribuir para que as crianças ganhassem certa agilida-de para operar mentalmente, utilizando as re-gularidades do sistema de numeração, especi-almente quando se tratou de um campo numé-rico mais amplo. Finalizamos o semestre com muita animação

com o Sebo de Gibis. Saber do que se trata um sebo, preparar um com direito à leitura de boa parte do estoque, ao preparo de encarte, dis-cussão de propagandas e promoções, conheci-mento do nosso sistema monetário e, ainda, trabalhar em pequenos grupos, foi uma farra e tanto! Nossa intenção com o sistema monetário

teve como objetivo o reconhecimento das cédu-las e moedas que estão em circulação, a apro-priação dos conceitos, ideias de compra, venda

ce Lispector, conhecendo os seus animais de estimação e contando sobre os nossos; nos encantar com o reconto de Tolstói em " Fábu-las" e rir à beça com o "Fabulário", de Julies Lester. Encerramos o percurso no segundo ano.

Como passou rápido... E, nessa caminhada,

“A Criança Nova que habita onde vivo dá-me uma mão a mim e a outra a tudo que existe e assim vamos os três pelo caminho que hou-

ver, saltando e cantando e rindo e gozando o nosso segredo comum que é o de saber por toda a parte que não há mistério no mundo e que tudo vale a pena”.

Alberto Caeiro

Está feita a aposta de que cada um, a seu jeito, “vai como a criança que não teme o tem-po. Mistério”. É esta a maior das Importâncias!

MATEMÁTICA Iniciamos o segundo semestre envolvidos

com a finalização dos problemas da Família

e troco. Assim, trouxemos situações em que pudessem experimentar atos de compra, venda e troco; leitura e escrita de diferentes quantias; comparações; contagens; agrupamentos e ar-redondamentos. No mais, foi receber a turma da F1 para o sebo e fazer aquela brincadeira.

TRIBO Esta é uma turma muito sabida, que adora

tagarelar. No entanto, durante o segundo se-mestre, buscou transformar essa característica para atender às propostas dos nossos encon-tros semanais. Nesse sentido, foram necessá-rias algumas conversas, persistência, e sermos bastante exigentes com todos. Valeu a pena! Hoje, se organizam, escutam, respeitam, fazem questionamentos, se posicionam, refletem com disposição e entusiasmo e, principalmente, aproveitam esse momento. Mais amadurecidos, se alegram com a conquista. No início do semestre foi inevitável o tema

"Gripe Suína". Tinham algumas informações, mas estavam preocupados com as recomenda-ções e os novos hábitos a adquirir. O consumo e o desperdício, tanto de copos descartáveis quanto de Álcool Gel e, ainda, os cuidados que deveriam ter em relação a atitudes individuais e coletivas, foram tratados nas Tribos e, aos pou-cos, as crianças se adaptaram e nossas tardes voltaram a ser quase como antes. Em seguida, nos debruçamos sobre o Proje-

to “Dois Tempos de Vida: A Velhice e a Infân-cia". Vimos e ouvimos documentários, animações,

filmes e poesias. Muitas foram as conversas sobre os idosos em diferentes sociedades e contextos, sua importância, os preconceitos, as dificuldades, como se divertem e se relacionam afetivamente, quais cuidados necessitam e o que pode ser um projeto social que os acolha. Os capítulos oito e nove do filme "O Menino

Maluquinho” foram apreciados por todos e nos possibilitaram discutir sobre a morte, assunto muito delicado, que parece ser de gente gran-de, mas sobre o qual muito conhecem as nos-sas crianças. Não foram poucas as histórias

que compartilharam sobre perdas recentes. Juntas, elaboraram um pouco mais essas do-res, falaram dos medos e anseios que muitas vezes os apavoram. Todos se apoiaram, se consolaram e se fortaleceram com essa vivên-cia. Fechamos o assunto assistindo ao delicado

filme “Dona Cristina perdeu a memória”, de Ana Luiza Azevedo. Com grande sensibilidade e muita poesia, a trama nos mostra o dia a dia de uma relação bastante especial entre um meni-no e uma senhora que vive em um asilo. Con-versamos muito sobre essa relação que nos parece tão distante, mas que pode ser tão pró-xima, cheia de afetos e afinidades. De certa forma, a experiência, a velhice, a memória e a diferença dos ritmos entre crianças, jovens e velhos, também foi tratada no primeiro semes-tre com a leitura de "Guilherme Augusto de Araújo Fernandes", de Mem Fox, e a encena-ção da F4T, assistida por todas as turmas e, ainda, no contato travado com o texto da Festa

de Encerramento, "O Homem que Roubava Horas", de daniel Munduruku. Em um segundo momento, nos envolvemos

com “A Infância”, assunto bem conhecido de todos. Quando perguntados sobre o que é ser criança, vimos que todos pensavam ser uma etapa da vida em que brincam e se divertem muito, têm poucas obrigações, e quase não têm com o que se preocupar. Mas, quando questionados sobre a escola, logo mudam de discurso, parece "cair a ficha", como dizem. Aí falaram dos seus deveres de estudante, dos seus compromissos e responsabilidades. Tam-bém refletimos sobre as várias infâncias, o quanto a cultura, o ambiente e as oportunida-des fazem com que cada um de nós seja único e especial. Assistimos a vários filmes da série “Minha

Escola”, de Patrick Pounaud, TV Futura, e co-nhecemos um pouco de outras infâncias e reali-dades bem diferentes das de nossos alunos. O relaxamento sempre faz parte dos nossos

encontros e é um momento especial vivenciado pelo grupo com muito envolvimento e serieda-de. Nessa hora, todos buscam silenciar a voz, os movimentos, e se permitem uma pausa para imaginar diferentes histórias. Essa prática, aos poucos, amplia a percepção que têm de si mes-mos, os sensibiliza e os ajuda na busca do auto-controle. De olhos fechados, ouvindo as batidas e o ritmo do coração e os sons inespe-rados do ambiente fora da Tribo, desaceleram e percebem um outro tempo, o tempo presente, o tempo do agora. Finalizamos nossas Tribos relendo e quei-

mando nossos desejos de estudante, escritos em uma folha de papel, na primeira Tribo do ano. Durante essa prática simbólica, de mãos dadas e olhos bem fechados, tentamos acredi-tar que todos os nossos desejos serão realiza-dos e ainda aproveitamos a ocasião para nos desejar um ano novo cheio de novas alegrias.

INGLÊS As crianças mostraram-se muito motivadas

durante o segundo semestre de 2009. Curiosas

e empolgadas pela encenação da “nursery rhy-me” “Humpty Dumpty”, dedicaram-se bastante para o dia da apresentação e fizeram os regis-tros no caderno. Usando, como apoio, a música dos Beatles

“Hello Goodbye”, trabalhamos os “opposites”, palavras opostas que aparecem na letra. Foi interessante observar como as crianças conse-guiram buscar palavras, fazendo relações perti-nentes e estabelecendo aproximações com o projeto institucional. Logo surgiram duplas de palavras como "boy" x "girl", "prince" x "princess"; "castle" x "house"... Com essas pa-lavras elaboramos um “memory game” que incrementou as aulas com disputas animadas. Em seguida, fomos de encontro ao projeto

das turmas e começamos a trabalhar com as Fábulas de Esopo. Como as crianças já esta-vam bem inteiradas das histórias, suas caracte-rísticas e moral, fizemos uma brincadeira na qual elas, apenas ouvindo a narrativa, sem títulos nem figuras, tinham que descobrir qual fábula estava sendo contada. Reconhecendo uma palavra aqui e outra ali, logo matavam a charada. E como ficavam alegres com a desco-berta! Assistimos a vídeos que ilustravam algumas

fábulas. Algumas narrações intrigaram as crian-ças que perceberam a rapidez da fala do narra-dor e como, mesmo assim, podiam entender a história. Esses exercícios orais são muito im-portantes para que se sintam mais confiantes ao se expressarem. Curiosas, as crianças perceberam que fazi-

am confusão ao tentar alguma relação fonética com a escrita a partir dos seus conhecimentos em Portugues. Chegamos ao final do ano, com o vocabulá-

rio mais diverso e as hipóteses com relação à escrita mais formalizada.

MÚSICA Iniciamos o semestre inspirados pela ima-

gem da Lua na capa da agenda. Conversamos sobre a sua importância para a história da hu-manidade, lembramos do aniversário de qua-

renta anos da ida do homem à lua e ouvimos e cantamos várias músicas que tem o astro com tema. Dessas músicas, escolhemos a canção “Banho de Lua”. Depois de aprender a cantar, e conhecer um pouco da história de Celly Cam-pello, começamos a elaborar um arranjo usan-do, principalmente, instrumentos de percussão. Após alguns ensaios, a música ficou pronta e fizemos apresentações para os colegas da escola. Buscando uma integração com o novo proje-

to da turma sobre o tempo na natureza e com a bicharada presente nas fábulas, gênero que também estavam estudando, demos continui-dade às aulas de música iniciando uma ativida-de que utilizou os provérbios como material. Primeiro conversamos sobre o sentido oculto nos provérbios, desafiando as crianças a bus-carem o entendimento do sentido não literal de frases como: ”quem não tem cão caça com gato”, “cada macaco no seu galho”, “filho de peixe, peixinho é”... Selecionamos alguns dos provérbios aprendidos e entendidos e passa-mos para um trabalho de identificação da rítmi-ca das frases. Primeiro escolhemos uma ma-neira em comum de falar a frase, observando que existem diferentes possibilidades. Depois passamos a marcar o pulso da fala; a partir daí,

marcamos com palmas o ritmo de cada articu-lação, atentos para não esquecer nenhuma sílaba. No próximo passo, dividimos a rítmica obtida entre palmas, batidas do pé no chão, batidas das mãos nas pernas e outros movi-mentos sugeridos pelas crianças. Num segun-do momento as crianças passaram a trabalhar em grupos, e cada grupo criou a sua sequência de movimentos e apresentou para os colegas. Com cada vez mais intimidade com a atividade, intensificamos o trabalho introduzindo uma notação não formal dos movimentos, gerando uma partitura para cada provérbio e introduzin-do o uso de instrumentos. Em uma animada gincana, as crianças foram incentivadas a ven-cer vários desafios a partir de tudo o que havi-am aprendido e experimentado. Encerrando o semestre, nos voltamos para

festa de encerramento ouvindo, cantando e entendendo a conexão com o tema “Tempo” de cada uma das músicas selecionadas para o evento.

TEATRO No início do segundo semestre, continuamos

o trabalho com os contos de fada, que procura-va se integrar com o projeto de pesquisa sobre a Idade Média. Apresentamos a história do Rei Artur a partir do livro “Rei Artur e os Cavalhei-ros da Távola Redonda”, de Sir Thomas Ma-lory. Lemos e contamos diversos episódios da história do rei, desde seu nascimento, passan-do pela Távola Redonda, Excalibur, o Cálice Sagrado, até sua ida para ilha de Avalon. A cada aula um episódio motivava as crianças a encenar, experimentando várias situações e personagens como o Rei, Merlim, Guinevere, Lancelot. As crianças gostaram muito da história do

Rei Artur e, muitas vezes, criaram cenas bas-tante interessantes, apesar de, em alguns mo-mentos, se confundirem com a quantidade de informação dos episódios e se desinteressa-rem, dificultando um pouco a encenação. Terminado o estudo sobre Idade Média, es-

colhemos as Fábulas como a melhor maneira de nos inserir nesse mundo animal, que era o novo tema de pesquisa em Projeto. Histórias como A Cigarra e a Formiga, A Coruja e a Á-guia, O Velho, o Menino e a Burrinha, A Rapo-sa e as Uvas, A Gralha Enfeitada com Penas

de Pavão, A Galinha dos Ovos de Ouro foram contadas em sala. Primeiramente, as crianças foram estimuladas a compor, corporalmente, esses animais: como andam, reagem, olham e se expressam. Em seguida, exploramos a voz do animal: que som fazem, qual o tom, como falariam se fossem pessoas. A partir desse estudo, as crianças criavam os personagens e encenavam, em grupos, as Fábulas contadas por Monteiro Lobato. Nesse momento, a entrega das crianças foi

total. Todos se divertiam nesse processo de pesquisa e criação. Além disso, como as fábu-las são curtas, objetivas e muito lúdicas, as encenações eram mais simples e divertidas, trazendo um resultado que gratificava de forma mais imediata. Familiarizados com as Fábulas, os alunos

passaram a criar suas próprias versões a partir da moral das anteriormente contadas, como: Quem o feio ama, bonito lhe parece; Dizer é fácil, fazer é que são elas; Quem vê cara não vê coração; Quem desdenha quer comprar. Nesse processo, todos se desenvolveram

bastante, conquistaram novas habilidades, a-madureceram, mas muitos desafios ainda virão para o próximos ano.

EXPRESSÃO CORPORAL Experiências significativas marcaram as cri-

anças e os professores durante as aulas de Expressão Corporal. No início do semestre, exploramos cada parte do nosso corpo, conver-sando sobre suas funções. A pele como cama-da de proteção do corpo, os ossos nos dando estrutura e os músculos, junto às articulações, promovendo todos os movimentos que realiza-mos. Refletimos sobre nossas possibilidades motoras, lembrando os cuidados e limites ne-cessários para as propostas. Em grupos, fize-mos atividades lúdicas, estimulando essa cons-ciência, através de jogos, deslocamentos e exercícios. Entre as atividades realizadas, des-tacamos o “trenzinho’’ para escutar as costas do amigo e percutir com as mãos, observando a intensidade da ação e a reação aos diferen-

tes toques na pele; a “massinha corporal”, que propõe que uma criança modele o corpo de um amigo, movimentando-o, dando-lhe uma forma final, em posição estática, para ser apreciada como uma obra de arte; o jogo do “espelho humano”, estimulando as noções de lateralida-de e o “guia”, no qual um amigo vendado é conduzido pelo outro, que o dirige pelo espaço da sala, entre outras duplas, estimulando a confiança. Acompanhando o estudo da turma sobre os

seres vivos, fizemos uma atividade de desloca-mento, experimentando o corpo em movimento nos níveis baixo, médio e alto. Em grupos, a turma realizou cruzamentos, entendendo quais apoios deviam utilizar para organizar o eixo corporal. Arrastar, engatinhar, passar pela pos-tura do macaco até chegar à posição ereta em movimentos contínuos, virou o que chamamos de Exercício da Evolução. Exploramos diferen-tes posturas, criando, a partir delas, os seres vivos estudados pela turma. Representamos vidas celulares, vegetais, anfíbios, répteis, oví-paros e mamíferos nos deslocando pelo espa-ço. Cada criança representava um ser vivo com

seu corpo. Em seguida foi proposto um desafio para a turma que, dividida em três grupos, devi-a encaixar seus corpos, uns nos outros, para representar a forma de um único ser vivo. Ain-da envolvidos com os animais, trouxemos um pouco dos elementos do Kempo, arte marcial que se inspira na movimentação de cinco ani-mais. Vimos um vídeo, no You Tube, e experi-mentamos o que foi apreciado. Para enriquecer nossa experimentação, trouxemos alguns exer-cícios em duplas que estimulavam a noção das forças concêntrica e excêntrica em equilíbrio. Experimentamos materiais (colchão, bolão,

tecidos, pernas de pau, fitas, pranchas, mas-sas) em circuitos pelo salão, explorando as amplas ações que esses recursos provocam. A partir de novembrom começamos os estu-

dos e ensaios da composição coreográfica a-presentada na Festa de Encerramento. Em parceria com os alunos do Quinto Anom cria-mos um número musical dançante.

EDUCAÇÃO FÍSICA Após um longo recesso, retornamos aos

jogos e brincadeiras do Pereirão com alegria e entusiasmo. O tempo parecia sempre pouco para tanta energia. Os jogos já conhecidos como futebol, hande-

bol, basquete, queimado e pique-bandeira con-tinuaram divertindo a garotada. E, com o tem-po, pudemos perceber o quanto as crianças melhoraram seu deslocamento no espaço e suas habilidades, realizando, com maior destre-za, ações como correr e parar, mudar de dire-ção, girar, saltar, arremessar. Como os grupos vêm se esforçando para

realizar o trabalho coletivo, nos “Pereirões Li-vres”, com liberdade, as crianças puderam es-colher suas brincadeiras favoritas, se organiza-ram em pequenos grupos, demonstrando auto-nomia e todos puderam se divertir no mesmo espaço, simultaneamente Neste semestre, com as crianças mais inte-

gradas e amigas, o grupo ficou mais tagarela, o que em muitos momentos atrasou o início das atividades. Ainda assim, divertiram-se a valer com os

jogos e brincadeiras, demonstrando alegria e disponibilidade para ultrapassar os obstáculos e desenvolver suas habilidades motoras.