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ICETI – Instituo Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação UNICESUMAR – Centro Universitário Cesumar Diretoria de Pesquisa PROGRAMAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA INICIAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E INOVAÇÃO RELATÓRIO FINAL Programa e Vigência Informe o programa: Informe o período de vigência: PIC Maio a Dezembro/2018 Se outro, informe: mês/ano a mês/ano Informações do Projeto Informe o título Atual? “Cidade Alerta” e o discurso do medo na construção noticiosa Houve Alteração no Título? Sim Se sim, informe o título anterior abaixo: O discurso do medo na construção noticiosa Equipe Executora Nomes Titulação CPF (sem ponto e traço) Orientador: Joyce Suély Bandeira Especialista Co-orientador: Escolher um item. 00000000000 Aluno 1: Carlos Henrique de Almeida Rosa Bolsista Aluno 2: Escolher um item. 00000000000 RESULTADOS (oriundos desse projeto) Publicação / Participação em Eventos Nome do Evento Período Cidade/UF Apresentação (Oral/Painel) Tipo (Resumo/Artigo) Link da publicação Mostra IC 23 a 26 de outubro de 2018 Maringá/PR Oral Resumo expandido https://www.unicesumar.edu.br/most ra-2018/wp- content/uploads/sites/204/2018/11/c arlos_henrique_de_almeida_rosa.pdf ATENÇÃO 1) Siga as orientações abaixo para elaboração do artigo. 2) Copie e cole seu artigo a partir da 2ª página, apagando todas as orientações/informações. 3) O orientador deverá postar o relatório final no sistema de Submissão de Projetos/Relatórios, disponível na página da Diretoria de Pesquisa.

RELATÓRIO FINAL · “CIDADE ALERTA” E O DISCURSO DO MEDO NA CONSTRUÇÃO NOTICIOSA Carlos Henrique de Almeida Rosa 1; Joyce Suély Bandeira 2 1 Acadêmico do curso de Jornalismo,

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ICETI – Instituo Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação

UNICESUMAR – Centro Universitário Cesumar

Diretoria de Pesquisa

PROGRAMAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

INICIAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E INOVAÇÃO

RELATÓRIO FINAL

Programa e Vigência

Informe o programa: Informe o período de vigência:

PIC Maio a Dezembro/2018

Se outro, informe: mês/ano a mês/ano

Informações do Projeto

Informe o título Atual?

“Cidade Alerta” e o discurso do medo na construção noticiosa

Houve Alteração no Título?

Sim Se sim, informe o título anterior abaixo:

O discurso do medo na construção noticiosa

Equipe Executora

Nomes Titulação CPF (sem ponto e traço)

Orientador: Joyce Suély Bandeira Especialista

Co-orientador: Escolher um item. 00000000000

Aluno 1: Carlos Henrique de Almeida Rosa Bolsista

Aluno 2: Escolher um item. 00000000000

RESULTADOS (oriundos desse projeto)

Publicação / Participação em Eventos

Nome do Evento Período Cidade/UF Apresentação

(Oral/Painel)

Tipo

(Resumo/Artigo) Link da publicação

Mostra IC

23 a 26 de

outubro de

2018

Maringá/PR Oral Resumo

expandido

https://www.unicesumar.edu.br/most

ra-2018/wp-

content/uploads/sites/204/2018/11/c

arlos_henrique_de_almeida_rosa.pdf

ATENÇÃO

1) Siga as orientações abaixo para elaboração do artigo.

2) Copie e cole seu artigo a partir da 2ª página, apagando todas as orientações/informações.

3) O orientador deverá postar o relatório final no sistema de Submissão de Projetos/Relatórios,

disponível na página da Diretoria de Pesquisa.

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“CIDADE ALERTA” E O DISCURSO DO MEDO NA CONSTRUÇÃO NOTICIOSA

Carlos Henrique de Almeida Rosa 1; Joyce Suély Bandeira 2

1 Acadêmico do curso de Jornalismo, UNICESUMAR, Maringá-PR. 2 Orientadora, bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e Publicidade e Propaganda, especialista em

moda e comunicação, docente UNICESUMAR.

RESUMO

Este trabalho visa discorrer acerca da existência de uma pedagogia do medo na elaboração do material jornalístico. O

que significaria dizer que os veículos de comunicação, mediante o emprego de recursos verbais – como a fala, o

discurso ou o ritmo – ou não verbais – o uso ou não de imagens e trilhas sonoras -, buscam persuadir o público e

atrair a audiência através da eliciação do medo, seja de forma direta ou indireta. Tal prática, pressupõe-se, poderia ser

visto em programas de cunho sensacionalista – no modo como a notícia é construída – ou mesmo no noticiário

político – no discurso alarmista dos políticos na mídia, tentando convencer o público de um certo posicionamento de

uma determinada questão. Por meio da pesquisa bibliográfica, busca-se apresentar as técnicas que os meios de

comunicação usam para eliciar o medo. Para tal, são apresentados autores que fazem tal discussão. Já através da

pesquisa de campo, tomando como objeto de estudo o programa jornalístico vespertino da TV Record “Cidade

Alerta”, há a busca pela a aplicação prática dos conceitos discutidos. A escolha parte da hipótese de que, por ser um

programa policial e por ter uma das maiores audiências da emissora de TV paulista, os conceitos discutidos poderiam

ser vistos de forma mais explícita. Entre as considerações, o programa da TV Record usa de uma “receita” ou um

“padrão” na elaboração do texto jornalístico. Além de haver elementos muito mais implícitos do que o proposto

originalmente – tratando, inclusive, de questões psicológicas.

PALAVRAS-CHAVE: Comunicação. Pedagogias Midiáticas. Medo. Cidade Alerta.

ABSTRACT

KEYWORDS: Comunication. Media Pedagogies. Fear. Cidade Alerta.

1 INTRODUÇÃO

Baseando-se em pesquisas e na ética jornalística, este trabalho tem como foco principal

discutir acerca da existência de uma pedagogia do medo na construção noticiosa. Questiona-se

como os meios de comunicação, mediante o emprego de recursos verbais – como a fala, o

discurso ou o ritmo da narrativa – e não verbais – tais como as imagens e o uso ou não de trilhas

sonoras - utilizam o medo como um elemento de construção noticiosa, buscando persuadir a

audiência.

Desta forma, esta pesquisa assume como hipótese a ideia de que o processo

de eliciação do medo nos interlocutores - os consumidores dos produtos jornalísticos - se dá de

duas formas. De um lado, esse processo acontece de forma direta, com os veículos

noticiosos utilizando recursos verbais e não verbais para determinado fim, em especial para elevar

a audiência dos programas, no caso da mídia televisiva, como os programas policiais da televisão.

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Neste caso, a mídia constrói a notícia usando todos os recursos possíveis para criar uma narrativa.

Ao noticiar crimes, cria-se uma dramatização sobre o fato, fazendo com que, ao mesmo que

informa o público também o deixa em alerta para não ser uma vítima.

Por outro lado, o processo acontece de forma indireta, com os veículos de comunicação

sendo um instrumento de terceiros numa busca de persuadir o público. A forma indireta pode ser

exemplificada com situações em que pessoas ou autoridades com forte presença na mídia, tais

como os chamados “definidores primários”, conceito apresentado por Pena (2015) – isto é,

pessoas como políticos e grandes empresários, segundo definição do autor -, utilizam como uma

ferramenta para propagar um cenário caótico para o futuro do país caso uma determinada medida

não for seguida, tal como a aprovação de um projeto de lei polêmico.

A questão central que norteará a pesquisa deste trabalho é, portanto: de que maneira isso

se dá na prática? Quais os recursos - verbais e não verbais - os veículos de comunicação noticiosos

utilizam para alcançar esse objetivo?

Assim, a pesquisa assume como objetivo geral a investigação sobre a possibilidade do

jornalismo desenvolver uma pedagogia do medo no material informativo. Para que o objetivo seja

alcançado, busca-se, como objetivos específicos, apresentar a relação entre mídia, educação e

artefatos culturais, além de discutir a relação entre emoção, mídia e cultura. Estes objetivos

específicos seriam alcançados por meio da pesquisa bibliográfica. Já empregando a pesquisa

empírica, analisando a cobertura noticiosa do programa policial vespertino “Cidade Alerta”,

da RecordTV, espera-se problematizar a possibilidade de o jornalismo atuar na construção do

medo por meio dos materiais noticiosos.

Como razões para a realização desta pesquisa, o fato de que pode ser útil em futuras

pesquisas acerca do jornalismo, ao permitir uma reflexão acerca da intencionalidade dos meios de

comunicação na construção do texto noticioso, na busca de atrair a atenção do público. Desse

modo, contribui socialmente por desenvolver uma análise acerca do impacto dos materiais

jornalísticos na construção de uma relação com as informações e as notícias que nos incitam a

problematizar o medo como uma educação que é perpassada pelos objetos midiáticos.

Apesar dos diferentes enfoques, este é um tema já discutido por outros autores. Stuart

Soroka e Stephen McAdams, em uma publicação (2012) baseado no trabalho em psicologia,

economia e comunicações políticas, sugerem que os seres humanos tendem a ter predisposição

neurológica ou fisiológica para se concentrar em informações negativas. Para os autores, isso

representa que notícias ruins tendem chamar mais a atenção.

No cinema, o documentarista Michael Moore, em um trecho do documentário “Tiros

em Columbine” (2002), sobre o massacre realizado por dois estudantes em um colégio no Estado

americano do Colorado, questiona o porquê de o Canadá ter um índice de mortalidade por armas

de fogo tão baixo quando comparado com os EUA, ainda que em ambos os países tenham a

posse de armas liberada. Moore conclui que a mídia noticiosa americana tem uma forte influência

neste processo. Para ele, a mídia está o tempo todo construindo as notícias de forma a alertar o

cidadão para perigos constantes. Alvos da “overdose” de notícias alarmistas, os americanos

sentem-se inseguros e, com isso, devem-se proteger contra os “perigos do dia-a-dia”. Uma forma

de fazer isso é comprando armas. Aliás, foi a partir desse argumento exposto pelo documentarista

a origem da ideia de fazer este artigo.

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No ambiente científico, este trabalho é relevante pois sugere uma forma de perceber que a

educação e a comunicação estabelecem laços que perpassam as formas de atuação dos

jornalismos e as possibilidades de construir leituras acerca da realidade social que rodeia o ser

humano.

No aspecto metodológico, este estudo inscreve-se nas metodologias qualitativas por

referenciar um estudo que avalia as características midiáticas e suas possibilidades de

compreender o mundo (BAUER; GASKELL; ALLUM, 2002). Desta maneira, em um primeiro

momento, por meio da pesquisa bibliográfica e documental, busca evocar autores, estudos,

trabalhos e pesquisas acadêmicas que discorram sobre a forma como um dado discurso afeta a

audiência e de como a mídia utilizaria certo discurso para determinados fins. Por meio dessa

primeira etapa, será possível identificar perspectivas trazidas por autores que estudam esta

abordagem. Perspectivas estas que darão rumo às análises dos materiais jornalísticos.

Passada a primeira fase, a pesquisa entra na fase da pesquisa empírica - a pesquisa de

campo - visando comprovar, com exemplos práticos, as questões apresentadas neste trabalho.

Neste momento, será empregado a Análise do Discurso (GILL, 2002; SEVERINO, 2008; FOUCAULT,

2009), procurando, nos materiais jornalísticos a serem analisados, evidências das técnicas

de eliciação do medo da audiência. Por fim, superada estas etapas, a elaboração do relatório, em

forma de artigo científico.

Este estudo, por fim, será guiado por autores que discutam a relação entre emoções - em

especial o medo – e a prática jornalística. Neste sentido, dois autores merecem destaque. Mayra

Rodrigues Gomes (2003), com base nas contribuições de Michael Foucault, atenta para o uso de

certos termos como "surto", "onda", "epidemia" ou "crise" na cobertura sobre a violência. Como é

discutido no texto, a autora diz que o uso de tais termos faz os eventos noticiados serem vistos

como exceções em um cenário ideal. Já Fernando Simões Antunes Junior (2016), apresenta

contribuições de grande importância, que serão usados ao longo deste trabalho. Como será

demonstrado de forma mais profunda, Junior, com base no suíço Carl Gustav Jung (2016, p. 62)

aborda a questão dos arquétipos, além da questão dos metamodelos.

2 DESENVOLVIMENTO

2.3 MÉTODOS QUE A MÍDIA UTILIZA PARA ELICIAR O MEDO

Como mostrado, a primeira fase deste trabalho focou basicamente na pesquisa

bibliográfica, de forma a encontrar autores, estudos, trabalhos e pesquisas acadêmicas que

discorressem sobre a forma como um dado discurso afeta a audiência e de como a mídia utiliza

certo discurso para determinados fins. Durante esta etapa inicial, foram encontrados alguns

autores que faziam considerações que devem ser destacadas.

2.3.1 O uso de palavras como "surto", "onda", "epidemia" ou "crise"

Baseada em Foucault, Gomes (2003) chama a atenção para o uso de certos termos na

cobertura noticiosa. Um exemplo que a autora traz, para se pensar no efeito das palavras na

cobertura noticiosa, é o uso de termos como "surto", "onda", "epidemia" ou "crise" na cobertura

sobre a violência. Para Gomes, tais palavras direcionam a um certo entendimento das ocorrências

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como exceções ou desregulamentos em um cenário ideal, o que resultaria na necessidade de

abordagens de resoluções "pontuais", específicas, e não um enfoque mais profundo.

Conforme lembra Foucault (apud Gomes, 2003, p. 69), o uso de estratégias do tipo "

permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de

suas forças e lhes impõem uma relação de docilidade-utilidade (...) O que podemos chamar as

"disciplinas"". Para Foucault, ainda, as palavras de ordem se encaixariam, para o francês, na

categoria "disciplina mecanismo", isto é, o que busca a otimização do exercício do poder,

tornando-o mais rápido.

2.3.2 A criação de arquétipos na constituição noticiosa

Em sua tese de doutorado, o professor Fernando Simões Antunes Junior (2016) traz

importantes contribuições para as pesquisas que relacionam o medo e a constituição noticiosa. O

interesse por esse assunto, explica ele logo na introdução, advém de dois traumas da infância. Um

o fez desenvolver a gagueira. O outro, o medo de voar. Este segundo medo, nas palavras do autor,

é fruto de dois episódios trágicos na aeronáutica brasileira, com forte cobertura da mídia.

Além do medo justificado pela vivência de um trauma que culminou na disfemia, um outro

medo, desta vez herdado pela força da profissão de repórter, me forneceu os primeiros

insights para realizá-la. Em 2007, já com 27 anos, descobri, prestes a embarcar em um avião,

que havia desenvolvido pânico de voar. Durante sessões de hipnoterapia, realizadas um ano

mais tarde, percebi que este pânico havia nascido não de experiências vividas, mas sim de

experiências imaginadas, estimuladas pela exposição à massiva cobertura midiática sobre

acidentes aéreos. Mais especificamente os ocorridos no Brasil em setembro de 2006, com a

queda do voo 1907 da Gol, e em julho de 2007, quando o voo 3054 da TAM teve uma

aterrisagem malsucedida em Congonhas, São Paulo, vitimando todos os passageiros e

tripulação a bordo. (JUNIOR, 2016, p. 20).

Um dos primeiros pontos para os quais o autor chama a atenção é a criação de arquétipos.

O termo, de origem grega, é fruto da junção dos termos archein que significa “original ou velho” e

typos que significa “padrão ou modelo”. O suíço Carl Gustav Jung (apud Junior, 2016) é quem

utiliza o termo para se referir os primeiros filtros de percepção coletiva do ser humano, que

formam a base do que o autor chama de consciente coletivo, para ele a parte mais profunda do

inconsciente, presente em todos os indivíduos.

São os arquétipos, na visão de Jung, os responsáveis pelos instintos de sobrevivência e

pelos impulsos do ser humano a realizar uma ou outra ação diante do ambiente que o cerca. É dos

arquétipos que, na visão de Jung (apud Junior, 2016, p. 63) vêm as ações intuitivas.

Os instintos são respostas automáticas, alheios às motivações conscientes, disparados por

um impulso natural cego, sem deliberação prévia e sem a percepção consciente do que se

está fazendo. [...]. Dessa forma, os instintos não podem ser entendidos sem que se leve em

conta os arquétipos, pois um condiciona o outro. É da analogia entre eles que se formam os

padrões de comportamento. (JUNIOR, 2016, p. 63).

Trata-se, nas palavras de Junior, de uma espécie de matriz de gatilhos emocionais, naturais

ou culturais, responsáveis por certos comportamentos ou ações. Como exemplo, Jung (apud

Junior, 2016) cita o arquétipo do herói ou a da criança-herói, na definição dele um padrão humano

básico, que implica em eliciar estados emocionais para lidar com rupturas. Este padrão seria

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evocado em todas as situações de rupturas ao longo da vida do ser humano (a ida para a escola

ou a universidade, a saída da casa dos pais, etc.) ou aquelas situações em que se exige a saída da

zona de conforto. Paralelamente, além da necessidade da energia para a superação das rupturas,

surge a necessidade de ajudar ao próximo. Isso implica, ainda, em personagens secundários na

narrativa do herói, em especial do elemento que provocará possíveis rompimentos: o vilão.

Na mídia, Junior (2016) chama a atenção para o uso dos arquétipos, sobretudo pela

indústria cinematográfica. Como exemplo, o autor cita a saga de filmes Star Wars.

Em outra análise rápida, desta vez sobre a saga Star Wars, nos deparamos com o

protagonista Luke Skywalker (o herói), que tem a família assassinada e é guiado por um

monge jedi chamado Obi Wan Kenobi (o mestre) em uma jornada em busca de suas origens

e de reconexões com uma entidade universal denominada de “A Força” (a grande mãe).

Durante a aventura, conhece personagens que vão representar outros arquétipos estudados

na psicologia Junguiana, como Han Solo (o fora-da-lei), a Princesa Leia (a donzela em

perigo), Darth Vader (a sombra do herói), mestre Yoda (o mago) e assim por diante.

(JUNIOR, 2016, p. 67).

A publicidade é outro campo da comunicação que utiliza os arquétipos para a construção

da imagem de uma determinada marca. Margaret Mark e Carol Pearson (apud Junior, 2016, pg. 67)

em uma pesquisa, apontam os 12 arquétipos mais usados pelas grandes marcas para criar empatia

nos consumidores.

FIGURA 1 - quadro de arquétipos de Mark e Pearson

O jornalismo também utiliza os arquétipos na constituição noticiosa, sobretudo o do herói e

a ideia de rupturas.

Nas manchetes de jornais e revistas, bem como nas chamadas televisionadas, a composição

sujeito-verbo-predicado funciona para atrair a atenção do leitor a partir de rupturas

geralmente alarmistas, de forma que o receptor possa identificar rapidamente os atores

associados à jornada do herói que se estabelece na narrativa para assumir uma posição

empática. Ao estabelecer enredos de ruptura, a narrativa jornalística elicia o arquétipo do

herói, que necessita da existência de outros personagens para existir, como o vilão e a

vítima. (JUNIOR, 2016, p. 69).

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Um exemplo trazido por Junior (2016) em sua tese de doutorado são as imagens criadas

acima da figura da hoje ex-presidenta Dilma Rousseff. De um lado, uma peça importante de uma

quadrilha que foi responsável pelos maiores esquemas de corrupção da história do país, que

representa a imoralidade e as malesas do homem. Figura essa que deve, assim como o seu grupo,

ser derrotada de uma vez por todas. De outro lado, a imagem de resistência da presidente e do

seu grupo eleito democraticamente, alvo da vingança por parte dos grupos dos “derrotados”, que

articularam um golpe para derrubá-la. O primeiro caso pode ser visto nas capas das revistas

semanais Veja e Isto é das semanas que antecedem ao impeachment da então presidente, como

poderá ser observado na figura 2.

O vilão, nas palavras do autor, é responsável por provocar o rompimento da harmonia até

então existente. Durante os dias que antecederam o impeachment de Dilma, criou-se, na mídia, um

discurso que quebrou, de certa forma, com o estereótipo de harmonia e de felicidade do

brasileiro. Isso pode ser visto nas capas das revistas Veja e Isto é citados acima.

Capas escuras, letras em vermelho, fotos manipuladas para deixar os personagens mais

sombrios e manchetes que reproduzem gritos de guerra de manifestações pró impeachment

dão o tom emocional com o qual o receptor deve consumir as informações. A revista Veja de

12 de março de 2016 estampou uma foto do ex-presidente Lula com expressão raivosa,

acrescida de manipulação digital que lhe confere um cabelo de medusa (em alusão à

criatura da mitologia grega morta pelo herói Perseu) para expressar uma suposta irritação

do presidente com as investidas da Operação Lava Jato. Em sua edição de 1º de abril de

2016, a revista Isto É utilizou uma foto de Dilma Rousseff gritando durante um jogo do Brasil

registrada na Copa de 2014 para ilustrar o que seria um suposto descontrole emocional da

presidente com assessores e aliados frente ao cenário hostil que se agravava com as chances

de impeachment. A mesma revista já havia utilizado, uma semana antes, em 23 de março de

2016, fotos em preto e branco de Dilma e Lula com semblantes infelizes. A composição era

acompanhada da manchete “Basta!”, convidando o leitor a um estado de indignação.

(JUNIOR, 2016, p. 86).

FIGURA 2 – capas de Veja e Isto é às vésperas do Impeachment de Dilma

Além da evocação da figura dos vilões a serem derrotados, seguindo os conceitos de Jung,

alguns outros detalhes chamam a atenção. Em primeiro lugar, o uso de termos como “surto”,

“desespero”, “ameaça”, o que vai ao encontro do que é citado por Mayra Rodrigues Gomes (2003)

com base em Foucault (apud Gomes, 2003), tratando-se de uma estratégia de disciplina. Cabe

também o destaque às expressões faciais de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas

três capas. Em ambas, a expressão de medo e raiva por parte de Dilma e Lula, provoca, no leitor,

uma sensação de desconforto. Por fim, o uso da cor preta nas três capas que, de acordo com a

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psicologia das cores, pode tanto representar sofisticação e elegância, como também o mistério, o

medo, o desconhecido ou mesmo a morte.

2.3.3 A linguagem e os metamodelos

Junior (2016) chama a atenção, ainda, para o que autores como Chomsky chamam de

metamodelo. Tanto Chomsky como Bateson seguem o pensamento de que todo ato

comunicacional depende de algo que permita a representação e as descrições dos objetos que

cercam o ser humano. Para Bateson (apud Junior, 2016), esse elemento é o contexto, sem o qual

não é possível o significado. Para Chomsky (apud Junior, 2016), a semântica, uma subteoria

linguística que modela descrições e explicações sobre o significado na linguagem humana.

Para Chomsky (apud Junior, 2016), o jornalismo é um entre vários outros tipos de mapas ou

modelos de mundo que permitem resumir ou generalizar experiências de indivíduos com base nos

significados de determinado grupo. Chomsky (apud Junior, 2016) e outros autores foram

responsáveis por criar a ideia de metamodelo. Trata-se, na definição de Junior (2016) de um

modelo lógico/formal usado para descrever padrões encontrados na maneira de realizar o ato

comunicacional das experiências sensoriais ou cognitivas do ser humano.

Para Junior (2016), a semântica geral mostra que o código da linguagem usa três processos

para resumir, explicar ou criar conceitos sobre o mundo: generalização, eliminação ou omissão e

distorção. São estratégias que, como demonstrado pelo autor no caso dos estereótipos, permitem

a economia do tempo na hora de transmitir experiências para os outros. Júnior (2016) cita um

exemplo para explicar esses conceitos.

Se descrevermos uma sala de aula com 30 lugares, 28 alunos, cinco janelas, seis lâmpadas

fosforescentes, um quadro branco, uma mesa para professor, duas paredes cinza, duas

brancas com listras beges, 10 tomadas de 110 volts e 3 tomadas de 220 volts, podemos nos

considerar ricos em detalhes nesta descrição. E ainda assim, corremos o risco de sermos

generalistas demais para um sociólogo – que pode nos acusar de generalizar as pessoas da

sala meramente como alunos –, omissos demais para um pedagogo – que pode ainda

questionar as subjetividades do professor e dos alunos desta sala –, e distorcidos demais

para um engenheiro – que pode cobrar maior precisão na localização de cada objeto citado.

(JUNIOR, 2016, p. 108).

Buscando conceitos da estruturação gramatical (conceitos de relações semânticas lógicas),

Bandler e Grinder (apud Junior, 2016) chegam a conclusão de que regras inconscientes que ditam

a escolha das palavras por parte do ser humano para a representação do mundo podem gerar

distorções, generalizações e omissões de acordo com o mapa cognitivo dos indivíduos,

promovendo uma confusão nos processos comunicativos interpessoais.

Junior (2016, p. 110) traz o exemplo usado pelos autores para demonstrar como esse

processo de “ruído comunicacional”, conceito empregado por outros autores que falam nas falhas

na comunicação, se dá:

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FIGURA 3 – esquema sobre as falhas na comunicação

Numa situação em que A - que tem em mente a estrutura profunda 1 - transmite para B -

que tem como verdade a estrutura profunda 2 - a sua informação com base na primeira estrutura

profunda, este usa de uma regra inconsciente que permite que B entenda a mensagem conforme

a estrutura profunda B. Desse modo, Bandler e Grinder (apud Junior, 2016) propõem algumas

perguntas capazes de “quebrar” confusões de significados e os consequentes desentendimentos

provocados pelas estruturas superficiais compartilhadas por mapas cognitivos distintos.

São perguntas específicas que buscam reverter e desmontar as omissões, distorções e

generalizações inerentes à linguagem, evitando assim as possíveis construções falaciosas

que podem se originar no inconsciente. (JUNIOR, 2016, p. 111).

Uma dessas confusões são os chamados Sujeitos Não Especificados (sujeito oculto). Trata-

se da situação em que o sujeito da frase não é explicitado (um recurso de omissão).

Dizemos por exemplo que “O carro foi lavado”, em vez de dizer “Fulano lavou o carro”. O

fato de termos deixado de fora o nome da pessoa que lavou o carro não significa que ele se

lavou sozinho. O lavador continua existindo. (JUNIOR, 2016, p. 112).

Uma maneira para se quebrar este questionamento seria perguntar “quem lavou o carro”.

Em outras situações trazidas por Junior (2016, p. 112):

Situação Pergunta

“Eles estão me perseguindo” Quem exatamente está te

perseguindo?

“É uma questão de opinião” O que é uma questão de opinião?

“Animais domésticos são uma

chateação”

Que animais domésticos?

Outra confusão são os Verbos Não Especificados. De forma semelhante a situação anterior,

aqui as causas que levaram à ação são omitidas. Dessa forma, a questão é a maneira pela qual tal

ação se deu. Exemplos trazidos pelo autor:

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Situação Pergunta

“Ele me irritou” Como ele te irritou?

“Ele foi capturado” Como capturaram ele?

“Estou tentando me conformar” Como especificamente você está

tentando se conformar?

“Corrija isto para a próxima semana” De que maneira devo corrigir isto para

a próxima semana?

Além destes, existem as comparações entre um objeto ou alguém sem citar de forma

específica com quem o que está sendo feita a comparação. Trata-se, para o autor, de algo feito

pela publicidade com frequência. Um exemplo é a sentença “O novo Omo é o melhor sabão para

lavar roupas”, que faz uma comparação do sabão em pó Omo com outras marcas. No entanto, a

afirmação não deixa claro com quais marcas (ou tipos de sabão) é feito esse comparativo, muito

menos os critérios para tal conclusão. Neste caso, o questionamento deve ser com o que ou quem

é feita tal comparação. Neste exemplo, as perguntas a serem feitas seriam “Melhor sabão em

relação a quais outros?”, “Melhor em relação ao tipo de sabão? ”, “Melhor do que os concorrentes

Ypê e Ariel? ”, “Melhor do que sabão em pedra? ”.

Bandler e Grinder (apud Junior, 2016, p. 114), citam, além destes, os julgamentos, as

substantivações, os quantificadores universais, as relações de causa e efeito, entre outros. No total,

os autores enumeram doze situações.

Para demonstrar o uso na prática dos metamodelos, Junior (2016, pág. 172), analisa a

matéria “Atentados do Estado Islâmico deixam pelo menos 31 mortos e mais de 200 feridos em

Bruxelas”, publicado em 22 de março de 2016 pelo portal de notícias ZH Digital, do Jornal Zero

Hora. A matéria abordava os ataques realizados por terroristas do grupo Estado Islâmico em um

aeroporto e em uma estação de metrô de Bruxelas, na Bélgica.

A expressão “ocorreu pelo menos uma explosão” no primeiro parágrafo do bloco textual

acima exposto deixa implícita a mensagem de que outras explosões podem ter ocorrido no

local. A intencionalidade de eliciar o medo fica perceptível frente a outras duas citações

usadas para a construção do texto. Na primeira, atribuída a “um porta-voz dos bombeiros”, a

violência da explosão é dimensionada pelos estragos que provocou em um estacionamento.

Na segunda, “um jornalista da AFP”, também inespecífico, detalha “pessoas com os rostos

ensanguentados”, evidenciando as estratégias de “fragmentação seletiva” por predileção à

violência, e também de ativação da empatia e consequente “adormecimento da

racionalidade”. (JUNIOR, 2016, p. 175).

Para Junior, o uso de expressões generalistas como “centenas”, “dezenas”, “poucos” e

“muitos”, ao longo do texto, caracterizam o que Bandler e Grinder (apud Junior, 2016, p. 181)

chamaram de “quantificadores universais”. Estas expressões, lembra o autor, são muito utilizados

pelo jornalismo. Além do mais, tais generalizações por um lado, auxiliam na argumentação

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explicativa e, por outro, ocultam características únicas, facilitando a formação de estereótipos e a

indução de comportamentos.

As expressões “o pânico toma conta” e “o desespero toma conta” induzem o espectador a

estados emotivos específicos por serem ao mesmo tempo metamodelos de “sujeito não

especificado” (o pânico toma conta de quem?), “verbo não especificado” (de que maneira

especificamente o desespero toma conta?), “substantivações” (quem está se desesperando?

E de que maneira especificamente está fazendo isto?) e “leitura da mente” (como

especificamente o repórter sabe o que as pessoas pensam ou sentem?). Estas expressões

ainda caracterizam o modelo de indução de Milton Erickson chamado de “comando

embutidos” por ordenar a ativação de um estado emocional. (JUNIOR, 2016, p. 175).

Já o metamodelo “verbos inespecíficos” pode ser percebido nas sentenças “Uma bomba

explode”, “centenas de pessoas tentam evacuar o local”, “governo belga eleva o alerta”, “tropas

são enviadas para reforçar a segurança” e “grupo terrorista Estado Islâmico reivindica a autoria”.

Nestes casos, a pergunta a ser feita é “como especificamente cada uma destas ações ocorrem? ”.

A falta da especificação de tais ações, explica Junior (2016), faz com que o leitor, sob efeito

do medo e do desespero induzido pela narrativa, use da imaginação para preencher as lacunas

abertas. Paralelamente, o leitor é induzido a se afastar dos autores do atentado. Segundo Junior

(2016), o Estado islâmico “é um grupo sem rosto, sem representação e de motivações não

esclarecidas na construção simbólico-narrativa do vídeo [que acompanha a reportagem,

mostrando como foram os atentados]”.

2.3.3 A análise do programa “Cidade Alerta”

Para a averiguação dos conceitos discutidos, foi escolhido o programa policial vespertino

“Cidade Alerta”, da RecordTV. Entre os motivos, a hipótese de que as questões analisadas

poderiam ser encontradas de forma mais facilmente do que em outros programas. Outra razão é a

importância do programa na composição da audiência da emissora. Isso porque, de acordo com o

Ibope, nas cinco medições realizadas pelo instituto entre os dias 22 de outubro e 25 de novembro

de 2018, período da pesquisa, o programa apareceu na lista das dez principais audiências da

RecordTV. Aliás, na medição feita entre os dias 19 e 25 de novembro, o programa foi o mais

assistido.

FIGURA 4 - Resultado da pesquisa IBOPE do período entre 19 e 25/11/18, no site do instituto1

1 Disponível em: <https://www.kantaribopemedia.com/dados-de-audiencia-nas-15-pracas-regulares-com-base-no-ranking-consolidado-1911-a-2511/>. Acesso em 25 jan. 2019.

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A partir disso, duas edições do noticiário foram analisadas. A primeira é do dia 27 de

outubro de 2018, cujo principal destaque é a cobertura do caso da jovem de 16 anos Rayane

Paulino Alves, moradora da cidade de Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo. A adolescente

estava desaparecida desde o dia 20 de outubro, após ir a uma festa em um sítio. No dia 28 (um dia

após a veiculação do programa), o corpo da jovem foi localizado e um segurança foi preso após

ter confessado ter a matado.

Durante a análise, chama a atenção o texto “Rayane: polícia checa a denúncia agora”,

exibida em forma de GC sobre um fundo vermelho, durante boa parte do programa. Naquele

momento, era noticiada a informação de que duas jovens chamadas Rayane formam identificadas

em hospitais da região e havia a expectativa de que uma delas fosse a adolescente desaparecida.

Entretanto, uma delas já havia sido descartada, por ter 26 anos de idade.

Quanto ao vermelho do GC2, de acordo com a psicologia das cores, o uso pode remeter à

ideia de urgência e perigo e, somado ao azul que forma a paleta de cores do programa, traz a

imagem de seriedade e credibilidade. Inclusive, o programa rival do noticioso da Record, o “Brasil

Urgente”, da TV Bandeirantes, também usa essas mesmas cores. Curiosamente, o GC é vermelho

não por ser uma notícia de última hora, mas sim por essa ser a cor adotada. A ideia de “urgência”

da informação é reforçada pelo uso do comando “agora”, o que vai de encontro ao que Gomes

(2003) diz sobre as palavras de ordem.

FIGURA 5 – “Cidade Alerta” destaca desaparecimento de jovem em São Paulo3

Ao longo do programa, foram exibidas duas longas reportagens sobre o caso. Em uma, a

repórter acompanhou o trabalho de buscas pela jovem desaparecida – com destaque para a

localização de um telefone celular, pertencente a Rayane. Já em outra, é mostrado os últimos

passos da jovem. Em ambas as matérias, dois aspectos devem ser ressaltados. O uso da trilha

sonora de impacto, que cria, na audiência, a expectativa quanto às informações transmitidas pelos

repórteres. Além do mais, a presença dos arquétipos discutidos por Jung (apud Junior, 2016),

como a da figura da “donzela em perigo” que deve ser resgatada (neste caso, Rayane é a tal

donzela) e a do “herói” (a polícia, seguindo tal lógica, seriam os que sairiam numa jornada em

busca pela donzela em perigo que atende pelo nome de Rayane). Um dia antes (26) o “Cidade

Alerta” já havia feito uma reportagem aos mesmos moldes, citando a existência de problemas no

relacionamento amoroso da jovem.

2 “gerador de caracteres”, o texto que aparece na tela 3 Disponível em: < http://recordtv.r7.com/cidade-alerta/videos/delegado-faz-levantamentos-importantes-sobre-o-caso-rayane-27102018>. Acesso em 25 jan. 2019.

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FIGURA 6 – Reportagem refaz últimos passos de adolescente antes do desaparecimento4

Da mesma forma em que as duas matérias do dia 27 criam arquétipos – de quem está em

perigo e os que podem salvá-la de tal perigo -, a reportagem do dia anterior cria a figura do

arquétipo de vilão, demonstrando, ainda que indiretamente, os perigos que o ex-namorado da

vítima representava. Todavia, descobriu-se, no final, que o assassino não era o ex-namorado, mas

sim um segurança, que a matou após ter a estuprado.

Outra edição analisada foi a do dia 16 de novembro de 2018. Em uma das reportagens, é

abordado o caso de uma mulher que colocou sonífero na sopa da mãe e a matou, em busca de

dinheiro. O caso aconteceu em Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo.

Além do fato do crime ter acontecido na mesma cidade em que houve o assassinato de

Rayane, há semelhanças na maneira como os dois casos foram abordados. Há uma profunda

descrição, com o máximo de detalhes possível e de forma pausada – tal como nas reportagens

sobre o sumiço de Rayane – sobre o modo como a mulher matou a mãe e escondeu o corpo. De

forma parecida como nos casos citados acima, há a criação do arquétipo de vilão – no caso, da

assassina – e a presença da trilha de impacto reforça a dramaticidade do assunto.

FIGURA 7 – reportagem mostra caso de mãe assassinada pela filha5

Essa dramaticidade é ampliada logo na chamada da reportagem, com a presença de trilha

sonora de impacto e o tom dado pelo apresentador Luiz Bacci.

4 Disponível em: <http://recordtv.r7.com/cidade-alerta/videos/caso-rayane-policia-descobre-que-jovem-teve-relacionamento-amoroso-conturbado-26102018>. 5 Disponível em: < http://recordtv.r7.com/cidade-alerta/videos/mulher-coloca-sonifero-em-sopa-para-matar-a-propria-mae-16112018>. Acesso em 21 fev. 2019.

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Na mesma edição, é abordado, também, o caso de uma mulher que, mesmo separado há

anos do marido, ainda assim sofre constantes ameaças de morte através das redes sociais e de

aplicativos de mensagens. Chama a atenção o fato de que, logo na chamada da matéria, o

apresentador Luiz Bacci destaca para o caso ser “pior que um filme de terror”. Tal alusão, por si só,

já eliciaria o medo e a tensão no público. Além disso, tem-se aqui o que Bandler e Grinder (apud

Junior) chamam de metamodelos de comparações, sem haver uma especificação quanto ao que

ou aos critérios pelos quais regem tal comparação. Ao comparar o caso com “um filme de terror” e

não deixar claro os critérios que foram usados para tal comparação, tal lacuna é preenchida pela

mente do espectador, muitas vezes guiadas por outros elementos da constituição da notícia.

A matéria segue a mesma fórmula utilizada em todas as reportagens apresentadas até aqui:

a presença de trilha de impacto, as longas “passagens”, isto é, o momento em que o repórter

aparece, com uma detalhada descrição sobre o crime e a presença do arquétipo do vilão. Inclusive,

neste caso, o autor das ameaças é referenciado como “criminoso”. No entanto, diferente das

outras reportagens, há um elemento que reforça ainda mais a tensão do caso: as mensagens de

áudio enviadas pelo ex-marido sentenciando “você vai morrer”, falando como um sussurro.

FIGURA 8 – homem ameaça matar esposa por mensagem de áudio6

Se todos os exemplos apresentados - dentro da hipótese inicial de que os meios de

comunicação eliciam o medo tanto de forma direta (relacionada à estruturação do texto e o uso

dos recursos audiovisuais) como indireta (relacionado ao discurso dos personagens ou

entrevistados, por exemplo) – remetem à eliciação do medo de forma direta, como descrito no

início desta pesquisa, aqui, em específico, há um exemplo da eliciação do medo de forma indireta.

Neste caso, a tensão é estimulada pela ameaça feita pelo antigo cônjuge – ainda que a

reportagem explore a ameaça para fins dramáticos.

Após a reportagem, Luiz Bacci alerta para o perigo que a mulher passa, necessitando de

ajuda para fugir das ameaças do ex-marido inclusive aos filhos – conforme mostrado em um

trecho da reportagem. Além do fato dele ter desrespeitado às medidas protetivas, o que o levou à

prisão. No entanto, ele foi solto e está foragido. Bacci, por fim, destaca a necessidade da prisão do

homem e de que, caso preso, ele não seja solto.

6 Disponível em: < http://tv.r7.com/record-tv/cidade-alerta/videos/homem-nao-se-conforma-com-separacao-e-ameaca-a-vida-da-ex-companheira-16112018>. Acesso em 21 fev. 2019.

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Por fim, cabe o destaque ao caso do homem que desapareceu após sair de casa, ficando

desaparecido durante vários dias. Após a exibição de uma reportagem sobre o caso dias antes, 14

de novembro de 2018, o homem foi localizado, mas ainda assim estava sendo “jurado de morte”

(nas palavras de Luiz Bacci).

FIGURA 9 – câmeras de segurança mostram homem antes do desaparecimento7

Assim como em todas as reportagens, na matéria exibida em 14 de novembro, disponível

no portal de notícias R7, da RecordTV, há o uso de elementos como as trilhas e a descrição

detalhada do crime em longas passagens do repórter. Por outro lado, esta reportagem se

aproxima do exemplo acima - sobre as ameaças de um homem a ex-mulher - no quesito

metamodelos.

Ao longo da reportagem, é revelado que Magno (o homem desaparecido) já havia dito aos

familiares que estava sendo ameaçado e que havia sido agredido. No entanto, ele não deixa

explicito quem estava ameaçando-o ou quem o agrediu. Dentro do exposto até aqui, há um

exemplo de metamodelo de “sujeitos não especificados” como demonstra Bandler e Grinder (apud

Junior, 2016). Neste caso, seria de grande importância deixar claro quem eram as pessoas por traz

das ameaças.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como demonstrado, esta pesquisa adotou como tema central a investigação e a

demonstração prática de um possível uso de uma pedagogia do medo no produto jornalístico.

Questão esta que já havia sido apresentada – ainda que sob diferentes perspectivas e contextos –

por autores como Stuart Soroka e Stephen McAdams (2012), no cenário acadêmico, ou mesmo no

cinema com Michael Moore em “Tiros em Columbine” (2002), que, inclusive, serviu de inspiração

para a produção deste artigo. Desta forma, partiu-se do pressuposto que a eliciação do medo no

jornalismo poderia se dar tanto de forma direta como indiretamente. No primeiro caso, conforme

dito, o processo dependeria do emprego estratégico dos recursos de som, imagem e estruturação

do texto noticioso. Já na forma indireta, o discurso dos entrevistados - ou de pessoas envolvidas

no fato noticiado - seria de grande importância para este processo.

Como hipótese adotada, por fim, a ideia de que o uso desse recurso – o medo – seria

fundamental para fins persuasivos (no caso de um programa jornalístico televisivo, por exemplo,

7 Disponível em: < http://tv.r7.com/record-tv/cidade-alerta/videos/homem-desaparece-apos-ser-ameacado-por-roubo-de-celular-14112018>. Acesso em 25 jan. 2019.

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para elevar a audiência). Desse jeito, optou-se por analisar o programa noticioso

da RecordTV “Cidade Alerta”. Programa em que poderia ser visto de forma evidente as questões

levantadas ao longo do texto. Assim, com o embasamento teórico levantado e discussões da

análise de discurso e conteúdo do “Cidade Alerta”, produziu-se o artigo.

Após esta recapitulação, alguns pontos devem ser destacados. De início, quando o tema

desta pesquisa foi proposto, havia-se a expectativa de que a análise pudesse ser pautada por

questões de cunho técnico e de discurso – como elementos audiovisuais como a fala, o ritmo, o

uso de trilhas sonoras ou o uso de determinadas cores. De acordo com o que pode ser visto, tais

elementos são de grande importância no processo de eliciação do medo. No caso do “Cidade

Alerta”, vale ressaltar o uso de trilhas de impacto, as longas passagens nas reportagens e o uso das

cores vermelha e azul que, juntas, podem passar a ideia de urgência, perigo e violência, no caso do

vermelho, ou a imagem de credibilidade e verdade, no caso do azul, de acordo com a chamada

psicologia das cores, muito utilizada na publicidade e no marketing, por exemplo.

Quanto a relevância acadêmica apresentada para este trabalho, a ideia de poder servir

como norte para novas pesquisas acerca da intencionalidade dos meios de comunicação

noticiosos, apresentando uma outra ótica de análise, isto é, o medo como elemento de

constituição do texto e de persuasão. Neste sentido, aqueles que optarem por fazer pesquisas

nesta temática poderiam adotar os elementos citados acima como ponto de partida, visando um

aprofundamento maior deste aspecto.

Se por um lado se esperava que a pesquisa fosse norteada pelos pontos apresentados

acima, por outro lado as contribuições de Mayra Rodrigues Gomes (2003) e de Fernando Simões

Antunes Junior (2016), acabaram por dar um direcionamento diferente ao proposto. Dadas as

noções de palavras de ordem de Gomes e os conceitos de arquétipos e

de metamodelos explorados por Junior, acabou-se por haver uma investigação sob um ponto de

vista muito mais psicológico e cultural do que técnico. Tratam-se de técnicas de eliciação do medo

muito mais implícitas do que se imaginava de início. Além disso, os mecanismos aqui

apresentados, na opinião dos autores desta pesquisa, podem ser aplicados no meio televisivo –

meio de comunicação alvo do estudo, por meio do “Cidade Alerta” - mas inclusive no rádio, no

impresso e no webjornalismo. Enquanto que as trilhas de impacto, por exemplo, não podem ser

usadas no impresso ou o uso das cores é impossibilitada no rádio - visto que tal meio não possui

imagens. Uma comprovação para o uso em diferentes mídias dos mecanismos citados é o

exemplo mostrado por Junior (2016) para o uso dos arquétipos, usando a cobertura

do impeachment de Dilma Rousseff nas revistas Veja e Isto é. Ou ainda o fato do autor ter feito a

sua tese de doutorado utilizando a web como objeto de estudo, analisando os principais sites de

notícias do Rio Grande do Sul.

Sobre a eliciação do medo de forma direta e indireta conforme proposto, percebe-se uma

utilização assídua dos recursos de som e imagem para fins dramáticos por parte da produção do

“Cidade Alerta”. Notou-se, inclusive, um padrão nas reportagens analisadas no período em que se

deu esta pesquisa – a trilha de impacto, as descrições detalhadas e longas passagens dos

repórteres ou as adjetivações. Todos esses pontos vão de encontro com a ideia do uso direto dos

recursos para a eliciação do medo propostos. Também foram encontrados exemplos da forma

indireta, como as ameaças de morte feitas por um homem à sua antiga esposa inclusive em

mensagens de áudio, apresentadas em uma reportagem do programa (ver figura 8). Ainda assim,

convém lembrar que mesmo na forma indireta houve uma forte exploração dos recursos

narrativos, para fins dramáticos.

Por fim, em relação à hipótese do uso dos recursos apresentados para fins de persuasão e

visando a elevação da audiência, não é possível se saber com a total certeza se, no caso do

“Cidade Alerta”, há o uso consciente de tais recursos para estes fins. Se sim, percebe-se um certo

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sucesso. Prova disso é o fato de o programa ter figurado entre as principais audiências

da RecordTV chegando, em algum momento da pesquisa, a ter a maior audiência daquele canal

(ver figura 4).

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