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RELATÓRIO
MONITORAMENTO DA FLORA
REALOCADA – 1ª CAMPANHA
Curitiba, setembro de 2018.
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha I
ÍNDICE
1 APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 1
1.1 EMPREENDEDOR ....................................................................................................... 1
1.2 EXECUTOR ................................................................................................................ 1
1.3 EQUIPE TÉCNICA ....................................................................................................... 2
2 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 3
3 OBJETIVOS ............................................................................................................... 4
4 METODOLOGIA ......................................................................................................... 5
4.1 ÁREA DE MONITORAMENTO ........................................................................................ 5
4.2 AVALIAÇÃO DA BASE DE DADOS PREEXISTENTE ......................................................... 6
4.3 MARCAÇÃO DOS INDIVÍDUOS REALOCADOS ................................................................ 6
4.4 COLETA DE DADOS .................................................................................................... 7
5 RESULTADOS ........................................................................................................... 9
5.1 MORTALIDADE E SOBREVIVÊNCIA ............................................................................. 10
5.2 SITUAÇÃO FITOSSANITÁRIA ...................................................................................... 13
5.3 PERDA E GANHO DE ESTRUTURAS ........................................................................... 16
5.4 FENOLOGIA ............................................................................................................. 18
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................... 21
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 22
ANEXOS ........................................................................................................................ 23
ANEXO I – MAPA DE LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS REALOCAÇÃO DE FLORA ....................... 23
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha II
ANEXO II - BD – MONITORAMENTO DOS GERMOPLASMA REALOCADOS (2018-2019) ......... 23
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha III
Lista de Gráficos
Gráfico 1 – Histograma das classes de situação dos indivíduos da 1ª campanha de
monitoramento da flora realocada da UHE Baixo Iguaçu ............................................... 10
Gráfico 2 – Situação Fitossanitária dos indivíduos vivos do 1º monitoramento da flora
realocada da UHE Baixo Iguaçu ..................................................................................... 13
Gráfico 3 - Histograma da situação fitossanitário entre 2018 e 2019 do monitoramento da
flora realocada na UHE Baixo Iguaçu ............................................................................. 15
Gráfico 4 – Histograma de perda e ganho de estruturas do monitoramento de 2019 da flora
realocada na UHE Baixo Iguaçu ..................................................................................... 17
Gráfico 5 – Histograma da dinâmica de perda de estruturas entre 2018 e 2019 do
monitoramento da flora realocada na UHE Baixo Iguaçu ............................................... 17
Gráfico 6 - Histograma da dinâmica do ganho de estruturas entre 2018 e 2019 do
monitoramento da flora realocada na UHE Baixo Iguaçu ............................................... 18
Gráfico 7 – Histograma do número de indivíduos por fenofase em duas ocasiões de
monitoramento da flora realocada da UHE Baixo Iguaçu ............................................... 20
Lista de Figuras
Figura 1 - Marcação dos indivíduos monitorados, detalhe para placa numérica e fita
zebrada. ........................................................................................................................... 7
Figura 2 – Caixa de abelhas no ponto MD-08 da 1ª campanha de monitoramento da flora
realocada da UHE Baixo Iguaçu ....................................................................................... 9
Figura 3 – Realocação de Dyckia microcalyx var. ostenii na 1ª campanha de
monitoramento da flora realocada da UHE Baixo Iguaçu. A: Indivíduos mortos em ambiente
sombreado no ponto MD-11; B: Realocação de indivíduos no ponto MD-13 .................. 10
Figura 4 – Realocação de epífitas na APP da UHE Baixo Iguaçu. A: detalhe da realocação
de galhos do forófito original; B: Detalhe da folha de Microgramma squamulosa; C:
Indivíduo realocado de pequeno porte (morto); D: indivíduo realocado de grande porte
(vivo). ............................................................................................................................. 12
Figura 5 - Situação Fitossanitária dos indivíduos vivos do 1º monitoramento da flora
realocada da UHE Baixo Iguaçu. A: Indivíduo realocado de Tillandsia tenuifolia em estado
sofrível e grande desidratação; B: Indivíduo realocado de Miltonia flavescens em bom
estado e em processo de emissão de raízes (fixação). .................................................. 14
Figura 6 – Presença de insetos (formigas) em Tillandsia stricta realocada na APP do
reservatório da UHE Baixo Iguaçu. ................................................................................. 16
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha IV
Figura 7 – Ilustração das fenofases reprodutivas dos indivíduos realocados na UHE Baixo
Iguaçu. A: flor de Billbergia nutans; B: frutos de Polystachya concreta; C: flor de Brassavola
tuberculata; D: fruto imaturo de Lepismium warmingianum ............................................ 19
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Lista de corrdenadas dos pontos visitados na 1ª campanha de monitoramento
da flora realocada da UHE Baixo Iguaçu .......................................................................... 5
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 1
1 APRESENTAÇÃO
Este documento apresenta o relatório da primeira campanha referente a execução dos
serviços de Resgate e Aproveitamento Científico de Flora – Etapa de Monitoramento da Flora
Realocada.
No Plano Básico Ambiental Consolidado da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu é previsto o
Programa de Resgate e Aproveitamento Científico da Flora, o qual foi executado pela
empresa ELO AMBIENTAL – CONSULTORIA E PROJETOS em 2018. Neste programa foi
realizado o resgate de indivíduos de hábito epifítico, rupícola e mudas na Área Diretamente
Afetada (ADA) e Área de Influência Direta (AID) do empreendimento; e a realocação dos
indivíduos resgatados em 29 áreas de realocação, localizadas nas Áreas de Preservação
Permanente (APP) do reservatório, visando seu enriquecimento.
No sentido de monitorar o material realocado, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) emitiu a
Licença de Operação nº 35.980 com uma condicionante específica para esse fim:
“12. Deverá monitorar as espécies realocadas do Programa de
Resgate e Aproveitamento Científico da Flora, com
periodicidade sazonal, por no mínimo 24 meses durante fase
de operação. ”
Assim este relatório visa apresentar os resultados da primeira campanha de monitoramento
do Resgate e Aproveitamento Científico de Flora – Etapa de Monitoramento da Flora
Realocada, em atendimento ao Programa de Resgate e Aproveitamento Científico da Flora
do PBA e à condicionante nº 12 da Licença de Operação nº 35.980.
1.1 Empreendedor
Razão social: Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu (CEBI)
CNPJ: 19.469.993/0001-73
Endereço: Rua Tupinambás, 1187, Centro, Capanema/PR - CEP: 85.760-000.
Contato Operacional: Bruno Henrique Mattiello
E-mail: [email protected]
1.2 Executor
Razão social: Juris Ambientis Consultores SS Ltda.
CNPJ: 40181919/0001-43
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 2
Endereço: Rua Estados Unidos, 2160, Curitiba – Pr.
Telefone: (41) 3264-5729
Responsável Técnico: Eng. Florestal Manoel José Domingues
1.3 Equipe Técnica
Função Nome e Profissão Registro
Coordenação Geral Eng. Florestal Manoel José Domingues CREA 10.378-D PR
Monitoramento da Flora
Realocada
Eng. Florestal Daniel Zambiazzi Miller CREA 155.061-D PR
Bióloga Lilien Cristhiane Ferneda Rocha CRBio 83.713/07-D
Mapeamento Eng. Florestal Daiane Niederheithmann CREA 95.277-D PR
Geógrafo Luiz Paulo Pinheiro Fernandes CREA 141.306-D PR
Barqueiro Rogério Schantz -
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 3
2 INTRODUÇÃO
Durante a construção da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu (UHEBI) foi executado o Programa
de Resgate a Aproveitamento Científico da Flora pela empresa ELO Ambiental – Consultoria
e Projetos (ELO AMBIENTAL, 2018).
No escopo do programa contratado pelo Consórcio Energético Baixo Iguaçu – CEBI com
esta empresa, estava incluído, além do resgate do material botânico e sua realocação,
também o monitoramento de germoplasma vegetal realocado. As atividades iniciais de
monitoramento foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de 2018. Das 29 áreas
de realocação do germoplasma foram monitoradas 27. No total os dados para o
monitoramento foram coletados em 541 indivíduos, pertencentes a 9 famílias representadas
por 37 táxons.
Dessa forma, seguindo o planejamento do monitoramento do germoplasma realocado, o
presente relatório versa sobre a continuidade da coleta de informações sobre a flora
realocada anteriormente pela ELO Ambiental.
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 4
3 OBJETIVOS
O objetivo principal desse relatório é a continuidade dos monitoramentos da flora realocada
na UHE Baixo Iguaçu. Para tal, são considerados os seguintes objetivos específicos:
Conferência da metodologia utilizada no trabalho anterior;
Marcação dos indivíduos a serem monitorados;
Realocação dos indivíduos caídos ou em ambiente inadequado;
Coleta de dados in loco sobre as condições atuais dos exemplares realocados;
Comparação dos resultados atuais com os monitoramentos anteriores.
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 5
4 METODOLOGIA
4.1 Área de Monitoramento
A área a ser estudada pertence ao Bioma Mata Atlântica, mais especificamente na formação
Floresta Estacional Semidecidual Submontana. Esta formação ocorre em clima estacional,
Cfa, no Norte, Oeste e Sudoeste do Estado do Paraná. No período desfavorável entre 20-
50% dos indivíduos entram em repouso fisiológico e perdem as folhas. Ocorre tanto em solos
derivados do basalto quanto do arenito caiuá.
Segundo o Diagnóstico e Caracterização da Vegetação existente na APP do reservatório da
UHE Baixo Iguaçu (JURIS AMBIENTIS, 2018) destacam-se estruturalmente no estrato
arbóreo o chá-de-bugre (Casearia sylvestris), jataúba (Guarea macrophylla) e o rabo-de-
bugio (Muellera campestris). Outros representantes de destaque nestas áreas são o angico-
vermelho (Parapiptadenia rigida), representado por indivíduos de grande porte e a
forquilheira (Tabernaemontana catharinensis) com alta densidade de indivíduos de pequeno
porte agrupados.
Já no componente herbáceo destacam-se Geophila macropoda, muitas vezes formando
agrupamentos densos no chão da floresta e Serjania sp., liana lenhosa com alta produção
de frutos anemocóricos (JURIS AMBIENTIS, 2018).
A coleta de dados foi realizada nos 29 pontos de realocação, conforme demonstrado no
ANEXO I – Mapa de Localização dos Pontos Realocação de Flora. Os deslocamentos foram
realizados via fluvial partindo do barramento da UHE Baixo Iguaçu, no antigo acesso da
balsa. As coordenadas dos pontos visitados são expostas na Tabela 1.
Tabela 1 – Lista de corrdenadas dos pontos visitados na 1ª campanha de
monitoramento da flora realocada da UHE Baixo Iguaçu
Ponto COORDENADA. UTM
Status X Y
MD01 231659 7176912 Original
MD02 232046 7176781 Original
MD03 233167 7177444 Original
MD04 233180 7177256 Original
MD05 234483 7176798 Original
MD06 234599 7176771 Original
MD07 234361 7179074 Original
MD08 234092 7175533 Original
MD09 234609 7175303 Original
MD10 233011 7176930 Original
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 6
Ponto COORDENADA. UTM
Status X Y
MD11 236728 7173747 Realocado
MD12 236772 7173636 Original
MD13 236880 7173639 Realocado
MD14 234767 7177765 Original
MD15 232917 7176556 Original
ME01 232519 7175463 Original
ME02 232987 7175225 Alterado
ME03 233628 7174335 Original
ME04 233458 7174088 Original
ME05 237892 7170358 Original
ME06 238443 7169410 Original
ME07 239673 7167728 Original
ME08 239350 7167868 Original
ME09 238813 7167982 Original
ME10 237833 7167901 Original
ME11 238628 7167945 Original
ME12 234568 7174194 Original
ME13 236535 7166417 Original
ME14 239599 7169477 Original FONTE: JURIS AMBIENTIS, 2019.
4.2 Avaliação da Base de Dados Preexistente
Foram avaliados diversos documentos referentes a campanha de monitoramento anterior
como o Relatório Final, o Banco de Dados do Monitoramento do germoplasma realocado,
bem como os pontos de realocação. A partir dessa análise foram elaboradas fichas de campo
para registro de dados bem como a programação logística para campanha de campo.
4.3 Marcação dos Indivíduos Realocados
Como na campanha de monitoramento anterior os indivíduos avaliados não foram marcados
em campo, optou-se pela marcação de todos os indivíduos monitorados nessa primeira
campanha, com o intuito de facilitar as futuras observações de campo, bem como avaliar as
possíveis alterações ocorridas com estes exemplares. Para tal todos os indivíduos a serem
monitorados encontrados vivos foram identificados com placas de plástico numeradas e
arame encapado (fio de telefone), conforme demonstrado na Figura 1. Foram ainda
marcados os forófitos (no caso de epífitas) ou substrato (no caso de rupícolas) com fitas
zebradas visando facilitar a localização em campo.
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 7
FONTE: JURIS AMBIENTIS, 2019.
Figura 1 - Marcação dos indivíduos monitorados, detalhe para placa numérica e fita
zebrada.
4.4 Coleta de Dados
Foram anotados em campo todos os parâmetros estabelecidos na metodologia para
caracterização dos indivíduos realocados e, quando necessário, foram realizadas atividades
de manutenção como a realocação de indivíduos caídos ou plantados em locais
inapropriados.
Os parâmetros avaliados foram aqueles descritos no Termo de Referência para execução
do Programa de Resgate e Aproveitamento Científico da Flora da UHE Baixo Iguaçu – Etapa
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 8
de Monitoramento da Flora Realocada (ANEXO I TR - Resgate e Aprov. Cientifico de Flora
da UHE), quais sejam:
Estado Fitossanitário:
Estado Bom: indivíduo saudável com ausência de indícios de doenças, pragas e deficiências nutricionais;
Estado Médio: indivíduo saudável, mas com evidências de fatores deletérios
Estado Sofrível: indivíduo com evidências de efeitos deletérios. Este caso se aplica a indivíduos considerados com baixo potencial de sobrevivência.
Atributos:
Sinais de desidratação: folhas e bulbos murchos e outros sinais de desidratação;
Quedas e injúrias físicas: indivíduos que caíram, tendo danificado a parte aérea, serão anotados, da mesma forma que os danos físicos causados pela queda acidental de galhos ou mesmo árvores sobre o forófito e suas epífitas;
Herbivoria: partes aéreas que apresentem sinais de herbivoria gerados por insetos e animais;
Presença de insetos: presença de insetos entre as partes aéreas que possam causar prejuízos aos indivíduos;
Presença de novas estruturas aéreas: presença de novas estruturas da parte aérea, ex. bulbo, inflorescência, espata de flores, frutificação, brotos, etc.;
Fenologia:
Vegetativo: onde há apenas estruturas de manutenção de atividades fotossintéticas dos indivíduos;
Floração: apresente estruturas reprodutivas e estruturas que servem para sustentação das estruturas reprodutivas;
Frutificação: apresente estruturas de frutificação.
Fixação do sistema radicular:
Fixação Completa: o indivíduo reintroduzido não depende mais do apoio proporcionado pelo substrato plástico utilizado na fixação;
Fixação Parcial: o indivíduo apresenta estruturas de fixação novas que garantem parcialmente a permanência no forófito. No entanto, sua fixação plena ainda depende do substrato artificial de amarração;
Fixação Ausente: o indivíduo não apresenta novas estruturas de fixação e sua permanência no forófito está diretamente correlacionada ao apoio fornecido pelo substrato de amarração.
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 9
5 RESULTADOS
Do total dos 29 pontos visitados, somente dois não apresentaram nenhum indivíduo
monitorado (MD-03 e ME-11). No ponto MD-08 foi constada presença de caixas de criação
abelhas, conforme ilustrada na Figura 2, o que dificultou a procura por indivíduos no
respectivo ponto.
FONTE: JURIS AMBIENTIS, 2019.
Figura 2 – Caixa de abelhas no ponto MD-08 da 1ª campanha de monitoramento da
flora realocada da UHE Baixo Iguaçu
No ponto MD-11 foram encontrados 11 indivíduos de Dyckia microcalyx var. ostenii em
ambiente sombreado (Figura 3-A), porém somente dois indivíduos sobreviveram. Nesse
sentido Santos-Silva et al. (2013) descrevem que o gênero Dyckia é composto por espécies
rupícolas, adaptadas a ambientes abertos, rochosos e com estresse hídrico. Dessa forma os
indivíduos sobreviventes foram novamente realocados, porém agora em ambiente aberto,
sem sombreamento e com presença de rochas.
Nos pontos MD-12 e MD-13 foram encontrados muitos indivíduos de Dyckia microcalyx var.
ostenii soltos no chão, provavelmente por estarem muito próximos a beira do reservatório e
sofrerem com a oscilação de nível do reservatório. Os indivíduos nessa condição foram
realocados em áreas abertas mais distantes da beira do reservatório conforme ilustrado na
Figura 3-B. Vale ressaltar que todos os indivíduos de hábito epifítico encontrados vivos
caídos no chão também foram realocados.
As coordenadas dos pontos MD-11 e MD-13 foram alteradas em função da realocação de e
o ponto ME-02 foi alterado visando aproximá-lo dos indivíduos realocados (Tabela 1).
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 10
FONTE: JURIS AMBIENTIS, 2019.
Figura 3 – Realocação de Dyckia microcalyx var. ostenii na 1ª campanha de
monitoramento da flora realocada da UHE Baixo Iguaçu. A: Indivíduos mortos em
ambiente sombreado no ponto MD-11; B: Realocação de indivíduos no ponto MD-13
5.1 Mortalidade e Sobrevivência
Do total de 541 indivíduos monitorados 12 já estavam mortos na ocasião do monitoramento
realizado pela ELO Ambiental (2018), resultando num total de 529 indivíduos vivos a época.
Desses 529 indivíduos, 83 foram encontrados mortos, 76 não foram encontrados em campo,
resultando na presença de 370 indivíduos vivos (Gráfico 1). A base de dados contendo os
dados dos monitoramentos de 2018 e 2019 são apresentados no ANEXO II - BD –
Monitoramento dos germoplasma realocados (2018-2019).
Gráfico 1 – Histograma das classes de situação dos indivíduos da 1ª campanha de
monitoramento da flora realocada da UHE Baixo Iguaçu
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 11
FONTE: JURIS AMBIENTIS, 2019.
Considerando-se os indivíduos não encontrados como mortos, a mortalidade global atinge
31,6%. Nesse sentido sete espécies realocadas já não possuem mais indivíduos vivos, são
elas: Oeceoclades maculata (Orchidaceae), Rhipsalis floccosa (Cactaceae), Pecluma sicca
(Polypodiaceae), Pleopeltis pleopeltidis (Polypodiaceae), Goeppertia sp. (Marantaceae),
Isochilus linearis (Orchidaceae) e Niphidium crassifolium (Polypodiaceae).
Para entender a mortalidade dessas espécies foram observados dois fatores
preponderantes: (1) poucos indivíduos realocados dessas espécies, nenhuma dessas sete
espécies ultrapassa 3 indivíduos realocados; (2) espécies sensíveis à realocação, por
exemplo as espécies de pteridófitas da família Polypodiaceae. Esse último caso vale
destaque pois foram realocadas quatro espécies de pteridófitas da família Polypodiaceae e
somente Microgramma squamulosa ainda possui indivíduos sobreviventes. Os indivíduos
dessa espécie foram realocados ou agrupados com outras espécies ou junto dos troncos e
galhos dos forófitos originais, provenientes da supressão vegetal do reservatório. Neste
último caso não necessitam emitir novas estruturas de sustentação (Figura 4-A). Desta forma
vale observar seu comportamento nos monitoramentos posteriores com relação a
degradação dos troncos e galhos dos forófitos originais.
Além das espécies com 100% de mortalidade, quatro apresentaram índice maior que 50%,
são elas: Tillandsia tenuifolia (Bromeliaceae) - 57,1%; Vriesea friburgensis (Bromeliaceae) -
62,5%, Brassavola tuberculata (Orchidaceae) - 66,7%; Philodendron bipinnatifidum
(Araceae) - 74,1%. Para esta última espécie foi possível observar que indivíduos de grande
porte realocados sobreviveram (Figura 4-D), já indivíduos realocados de pequeno porte
tiveram maior dificuldade (Figura 4-C). Provavelmente isso ocorra, pois, indivíduos de
pequeno porte ou pequenos pedaços sofram mais com a desidratação.
Por outro lado, sete espécies não apresentaram indivíduos mortos, são elas: Acianthera
ramosa (Orchidaceae), Aechmea recurvata (Bromeliaceae), Anathallis obovata
(Orchidaceae), Commelina diffusa (Commelinaceae), Cyclopogon congestus (Orchidaceae),
Gomesa cornigera (Orchidaceae) e Lepismium warmingianum (Cactaceae). Mesmo essas
espécies apresentando poucos indivíduos realocados (somente Aechmea recurvata com
mais de 10 indivíduos realocados) não apresentaram mortalidade, provavelmente por
possuírem maior resistência a desidratação e/ou facilidade de enraizamento.
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 12
FONTE: JURIS AMBIENTIS, 2019.
Figura 4 – Realocação de epífitas na APP da UHE Baixo Iguaçu. A: detalhe da
realocação de galhos do forófito original; B: Detalhe da folha de Microgramma
squamulosa; C: Indivíduo realocado de pequeno porte (morto); D: indivíduo
realocado de grande porte (vivo).
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 13
5.2 Situação Fitossanitária
Para os 370 indivíduos encontrados vivos foi elaborado um gráfico para cada parâmetro
referente a situação fitossanitária, conforme segue (Gráfico 2).
Gráfico 2 – Situação Fitossanitária dos indivíduos vivos do 1º monitoramento da
flora realocada da UHE Baixo Iguaçu
FONTE: JURIS AMBIENTIS, 2019.
A maioria dos indivíduos monitorados encontra-se em bom ou médio estado fitossanitário,
somente 20% apresenta estado ruim. No mesmo sentido a maioria apresenta pouca ou
média desidratação, sendo somente 15% apresentando grande desidratação. Com relação
a queda, 23 indivíduos foram encontrados caídos, mas a maioria apresenta pouca ou média
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 14
quantidade de injúrias. Somente um quarto apresentou sinais de herbivoria e somente em 5
indivíduos foram observados insetos.
O Gráfico 3 apresenta a comparação dos dados da situação fitossanitária para os
monitoramentos de 2018 e 2019, considerando todos os 541 indivíduos monitorados desde
a campanha da ELO Ambiental.
Nesse gráfico percebe-se a diminuição no número de indivíduos em bom estado e o aumento
nos estados sofrível e morto (Figura 5-A). Para o ano de 2019 todos os indivíduos
apresentaram algum efeito da desidratação. Esse efeito pode estar relacionado com a época
da campanha de campo, agosto, que apresenta baixa precipitação e umidade relativa do ar.
Com relação a queda e/ou injúrias, é possível notar que todas a plantas monitoradas no ano
de 2019 apresentaram algum dano, provavelmente pela dificuldade de enraizamento no
período seco. De qualquer modo a situação de pouca ou média injúria aumentou enquanto
a intensidade grande diminuiu.
Durante o último monitoramento houve aumento significativo no número de indivíduos com
sinais de herbivoria, passando de 15 para 95 indivíduos. Por outro lado, houve uma pequena
diminuição na presença de insetos, que na maioria dos casos para o ano de 2019 foram
formigas, como ilustrado na Figura 6.
FONTE: JURIS AMBIENTIS, 2019.
Figura 5 - Situação Fitossanitária dos indivíduos vivos do 1º monitoramento da flora
realocada da UHE Baixo Iguaçu. A: Indivíduo realocado de Tillandsia tenuifolia em
estado sofrível e grande desidratação; B: Indivíduo realocado de Miltonia
flavescens em bom estado e em processo de emissão de raízes (fixação).
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 15
Gráfico 3 - Histograma da situação fitossanitário entre 2018 e 2019 do
monitoramento da flora realocada na UHE Baixo Iguaçu
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 16
FONTE: JURIS AMBIENTIS, 2019.
Figura 6 – Presença de insetos (formigas) em Tillandsia stricta realocada na APP do
reservatório da UHE Baixo Iguaçu.
5.3 Perda e Ganho de Estruturas
No Gráfico 4 é demonstrado o balanço entre perda e ganho de estruturas do presente
monitoramento. Nele é possível observar o balanço negativo para algumas estruturas como:
os pseudobulbos e folhas/frondes. Para essas estruturas a perda foi quase o dobro do ganho,
provavelmente ocasionado pela desidratação dos indivíduos. Ao contrário, o balanço das
raízes e ramos foi positivo. Foram emitidas quase nove vezes mais raízes e seis vezes mais
ramos do que perdidas. Nesse sentido é possível inferir que a primeira estratégia de
sobrevivência das plantas realocadas é a emissão de raízes e ramos para sua sustentação
conforme demonstrado na Figura 5-B.
Comparando-se o quantitativo de perdas de estruturas entre os monitoramentos de 2018 e
2019 é possível observar o aumento na perda de pseudobulbos, raízes, folhas/frondes e
flores/inflorescências, ao contrário dos ramos, que houve diminuição da perda (Gráfico 5).
Com relação à dinâmica do ganho de estruturas (Gráfico 6) observa-se que houve acréscimo
no ganho de pseudobulbos, raízes, folhas/frondes e folhas/inflorescências; ao contrário dos
ramos e coroas, que tiveram menor ganho em relação ao ano anterior de monitoramento.
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 17
Gráfico 4 – Histograma de perda e ganho de estruturas do monitoramento de 2019
da flora realocada na UHE Baixo Iguaçu
FONTE: JURIS AMBIENTIS, 2019.
Gráfico 5 – Histograma da dinâmica de perda de estruturas entre 2018 e 2019 do
monitoramento da flora realocada na UHE Baixo Iguaçu
FONTE: ELO AMBIENTAL (2018) MODIFICADO; JURIS AMBIENTIS, 2019.
548
116 33209
4369
103 0 0251
969
186 144
2610
128 32 00
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
Núm
ero
de E
str
utu
ras
Perda Ganho
29415
355 287
1949
10 7 0
548
116 33209
4369
103 0 00
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2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
Núm
ero
de E
str
utu
ras
Perda 2018 Perda 2019
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 18
Gráfico 6 - Histograma da dinâmica do ganho de estruturas entre 2018 e 2019 do
monitoramento da flora realocada na UHE Baixo Iguaçu
FONTE: ELO AMBIENTAL (2018) MODIFICADO; JURIS AMBIENTIS, 2019.
5.4 Fenologia
Com relação as fenofases foram observados poucos indivíduos em fase reprodutiva, sendo
somente 16 indivíduos com flores e 10 com frutos (Figura 7). Conforme observado em campo
a pequena quantidade de indivíduos com estruturas reprodutivas provavelmente se deve a
dois fatores: (1) os indivíduos realocados estão em período de adaptação aos novos
ambientes e/ou forófitos; (2) o período de monitoramento (inverno-agosto) é um período seco
e naturalmente não são produzidas estruturas reprodutivas.
Comparando-se com o monitoramento anterior houve uma representativa queda de
produção de estruturas reprodutivas, conforme demonstrado no Gráfico 7. Este fato deve ser
monitorado e avaliado futuramente, em estação climática diferente, para que os efeitos da
sazonalidade hídrica e de adaptação sejam relativizados e assim realmente obter conclusões
com relação à produção de estruturas reprodutivas dos indivíduos realocados.
163 174
498
243
526
244 16722
251
969
186 144
2610
12832 0
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
Núm
ero
de E
str
utu
ras
Ganho 2018 Ganho 2019
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 19
FONTE: JURIS AMBIENTIS, 2019.
Figura 7 – Ilustração das fenofases reprodutivas dos indivíduos realocados na UHE
Baixo Iguaçu. A: flor de Billbergia nutans; B: frutos de Polystachya concreta; C: flor
de Brassavola tuberculata; D: fruto imaturo de Lepismium warmingianum
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 20
Gráfico 7 – Histograma do número de indivíduos por fenofase em duas ocasiões de
monitoramento da flora realocada da UHE Baixo Iguaçu
FONTE: ELO AMBIENTAL (2018) MODIFICADO; JURIS AMBIENTIS, 2019.
425
62
37
1 4 12
344
16 100 0
171
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Vegetativo Flor Fruto Flor/Fruto Esporos Morto
Núm
ero
de I
ndiv
íduos
Nov.2018 Ago.2019
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 21
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Diante dos resultados obtidos a partir dessa primeira campanha de monitoramento da flora
realocada, seguem nossas conclusões e recomendações para as próximas campanhas:
Os pontos de realocação estão bem identificados em campo e as coordenadas estão
corretas, o que facilitou a localização dos pontos de realocação.
Apesar da mortalidade global da ordem de 31,6%, quase 80% dos indivíduos vivos
foram considerados em estágio fitossanitário médio ou bom, indicando tendência de
estabilização da taxa de mortalidade.
O balanço entre perda e ganho de estrutura foi negativo, principalmente com relação
as folhas/frondes, provavelmente por desidratação e diminuição da superfície
fotossintetizante. Por outro lado, o balanço foi positivo para emissão de raízes,
indicando que a primeira estratégia de sobrevivência dos indivíduos realocados é a
fixação no novo forófito.
Poucos indivíduos foram encontrados em estágio reprodutivo, fato que deve ser
avaliado nas próximas campanhas. Para tal, recomenda-se que a próxima campanha
de campo seja realizada em período úmido, preferencialmente no verão.
Recomenda-se análise detalhada dos indivíduos realocados diretamente em troncos
e galhos de seus forófitos originais, como forma de facilitar a análise da sobrevivência
desses indivíduos. Em alguns casos estes indivíduos já estão fixados, porém a
estrutura de fixação tende a degradar. Para tal, recomenda-se marcar em ficha de
campo uma observação indicando quais indivíduos encontram-se nessa situação e
elaborar uma análise separadamente.
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 22
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
ELO AMBIENTAL – Consultoria e Projetos. Relatório consolidado: dezembro de 2017 a
dezembro de 2018. Programa de Resgate e Aproveitamento Científico da Flora da UHE
Baixo Iguaçu. 80 p. 2018.
JURIS AMBIENTIS CONSULTORES. Diagnóstico e caracterização da vegetação
existente na APP e identificação de áreas potenciais para translocação do material
genético resgatado. Programa de estudos para a Conservação da Flora para UHE Baixo
Iguaçu. 106 p. 2018.
SANTOS-SILVA, F.; SARAIVA, D. P.; MONTEIRO, R. F.; PITA, P.; MANTOVANI, A.;
FORZZA, R. C. Invasion of the South American dry diagonal: What can the leaf anatomy of
Pitcairnioideae (Bromeliaceae) tell us about it?. Flora-Morphology, Distribution,
Functional Ecology of Plants, v. 208, n. 8-9, p. 508-521, 2013.
Monitoramento da Flora Realocada – UHE Baixo Iguaçu – 1ª Campanha 23
ANEXOS
ANEXO I – Mapa de Localização dos Pontos Realocação de Flora
ANEXO II - BD – Monitoramento dos germoplasma realocados (2018-2019)