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Releitura da matéria médica: Sambucus nigra Marli A. Ranal Rogério Ferreira Guimarães Resumo A Matéria Médica Pura de Hahnemann tem sido a base para consultas dos homeopatas. Tomando-se por base esta obra, a proposta deste trabalho é a releitura para Sambucus nigra, elaborada a partir dos sintomas descritos por experimentadores sãos, dos sintomas descritos em matérias médicas clínicas e das características da espécie. As comparações entre os sintomas diversos e a analogia entre esses e as características da espécie permitiram chegar à imagem patogenética desse medicamento. Do ponto de vista homeopático, Sambucus nigra está associada ao sufocamento, o que parece ser o tema deste medicamento. Toda a movimentação do paciente, agravada no período noturno, tem como objetivo livrá-lo da obstrução respiratória que, se persistir, culmina no sufocamento, com cianose como resultado máximo do agravamento. Introdução O trabalho de Hahnemann, em especial o que ele reuniu em sua Matéria Médica Pura (Hahnemann 1998), tem sido amplamente estudado por médicos homeopatas e outros profissionais da área da saúde, no sentido de aprimorar e tornar os diagnósticos mais assertivos, facilitando o aprendizado daqueles em começo de carreira. Neste sentido, está a proposta de releitura da Matéria Média Pura da equipe do CEHL. Esta proposta tem por objetivo aprimorar a compreensão da matéria médica pura de Hahnemann pela analogia entre os sintomas descritos pelos experimentadores, com a fonte do medicamento. Para colaborar com esta proposta, o presente trabalho tem por objetivo estudar a espécie Sambucus nigra L. em seus aspectos morfológicos, ecológicos, usos e toxicologia, relacionando-os com os sintomas descritos na Matéria Médica Pura de Hahnemann para este medicamento. Este trabalho também tem como propósito apresentar as polaridades do medicamento, descritas na Matéria Médica Pura, e os sintomas inclusos em matérias médicas clínicas. A avaliação de todas essas informações permitirá a detecção do tema deste medicamento, entendo-se por tema a imagem patogenética do medicamento,

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Releitura da matéria médica: Sambucus nigra

Marli A. Ranal

Rogério Ferreira Guimarães

Resumo – A Matéria Médica Pura de Hahnemann tem sido a base para consultas dos

homeopatas. Tomando-se por base esta obra, a proposta deste trabalho é a releitura para

Sambucus nigra, elaborada a partir dos sintomas descritos por experimentadores sãos,

dos sintomas descritos em matérias médicas clínicas e das características da espécie. As

comparações entre os sintomas diversos e a analogia entre esses e as características da

espécie permitiram chegar à imagem patogenética desse medicamento. Do ponto de

vista homeopático, Sambucus nigra está associada ao sufocamento, o que parece ser o

tema deste medicamento. Toda a movimentação do paciente, agravada no período

noturno, tem como objetivo livrá-lo da obstrução respiratória que, se persistir, culmina

no sufocamento, com cianose como resultado máximo do agravamento.

Introdução

O trabalho de Hahnemann, em especial o que ele reuniu em sua Matéria Médica Pura

(Hahnemann 1998), tem sido amplamente estudado por médicos homeopatas e outros

profissionais da área da saúde, no sentido de aprimorar e tornar os diagnósticos mais

assertivos, facilitando o aprendizado daqueles em começo de carreira. Neste sentido,

está a proposta de releitura da Matéria Média Pura da equipe do CEHL. Esta proposta

tem por objetivo aprimorar a compreensão da matéria médica pura de Hahnemann pela

analogia entre os sintomas descritos pelos experimentadores, com a fonte do

medicamento.

Para colaborar com esta proposta, o presente trabalho tem por objetivo estudar a espécie

Sambucus nigra L. em seus aspectos morfológicos, ecológicos, usos e toxicologia,

relacionando-os com os sintomas descritos na Matéria Médica Pura de Hahnemann para

este medicamento. Este trabalho também tem como propósito apresentar as polaridades

do medicamento, descritas na Matéria Médica Pura, e os sintomas inclusos em matérias

médicas clínicas. A avaliação de todas essas informações permitirá a detecção do tema

deste medicamento, entendo-se por tema a imagem patogenética do medicamento,

formulada a partir da relação entre os sintomas descritos na experimentação pura e os

sintomas clínicos.

A maior parte das informações aqui apresentadas sobre a espécie foi obtida a partir de

uma grande revisão apresentada por Atkinson & Atkinson (2002). Este trabalho também

foi utilizado por Scopel et al. (2007). Certamente um dos motivos pelos quais os

primeiros autores envidaram esforços para reunir tanta informação de uma única

espécie, está no amplo uso dos produtos obtidos a partir da planta. Segundo o

levantamento feito por eles, em 1995 o Reino Unido consumiu 15 milhões de litros de

bebidas naturais à base dos sabores obtidos com seus frutos, o que representou 500% de

aumento em relação ao ano de 1991. Os frutos são utilizados para o preparo de sucos,

vinhos e geléias em toda Europa. O alto consumo dos produtos extraídos de Sambucus

nigra tem preocupado os pesquisadores, pois esse extrativismo pode comprometer a

sobrevivência das populações nativas da espécie.

Material e Métodos

Taxonomia e distribuição geográfica

Espécies da família Adoxaceae (Caprifoliaceae lato sensu, Viburnaceae; Adoxaceae ou

Sambucaceae segundo Benko-Iseppon & Morawetz, 2000, citados por Hidayati et al.

2010) são de regiões temperadas do Hemisfério Norte, incluindo Europa, América do

Norte, oeste e centro da Ásia e norte da África, sendo o gênero Sambucus o único que

apresenta espécies nativas no Hemisfério Sul, S. peruviana e S. australis, a última de

ocorrência na região sudeste do Brasil até o Rio Grande do Sul, alcançando o Uruguai,

Paraguai e Argentina (Scopel et al. 2007, Nunes et al. 2007). Segundo os autores, os

demais táxons da família, quando encontrados no Brasil, foram introduzidos e

continuam a ser cultivados.

O gênero Sambucus apresenta 25 espécies distribuídas em regiões temperadas e

subtropicais, dentre elas Sambucus nigra L., vulgarmente denominada de sabugueiro, de

origem européia e descrita em diversas farmacopéias de países europeus, mas não na

brasileira (Scopel et al. 2007).

Morfologia

Sambucus nigra tem porte arbustivo ou arbóreo, alcançando até 10 metros de altura,

com copa bem ramificada e globosa (Scopel et al. 2007, Atkinson & Atkinson 2002).

Brotos eretos e vigorosos partem da base do tronco e a rebrota é comum em plantas

jovens, mas após 20-30 anos de idade esse tipo de regeneração é interrompido e a planta

apresenta apenas um tronco principal (Atkinson & Atkinson 2002). O primeiro

florescimento acontece após três ou quatro anos de idade, raramente em seu segundo

ano de vida (Atkinson & Atkinson 2002).

A casca é de cor castanho-acinzentada, com lenticelas, profundamente sulcada, e os

ramos apresentam a parte interna branca e porosa (Atkinson & Atkinson 2002). As

folhas são compostas, imparipenadas, opostas, pecioladas, 3-12 cm de comprimento,

ovaladas, ovado-lanceoladas ou ovado-elípticas, acuminadas, com 3-7 até 11 folíolos

membranosos, glabros ou com tricomas escassos, com margem denteada; estípulas

sésseis e geralmente caducas, as mais próximas das inflorescências apresentam

nectários extra-florais próximos da base e estes também aparecem na base dos folíolos

(Atkinson & Atkinson 2002; Scopel et al. 2007). A caducifolia é comum na espécie. As

flores são amareladas ou brancas, dispostas em cimeiras corimbosas terminais; são

monóclinas, diclamídeas, pentâmeras ou tetrâmeras e actinomorfas; o androceu é

formado por quatro ou cinco estames epipétalos, de tamanhos iguais; o gineceu

geralmente é formado por três carpelos soldados entre si, com três lóculos e três

rudimentos seminais, de placentação axial (Atkinson & Atkinson 2002; Scopel et al.

2007).

O fruto é do tipo drupa, preto, elíptico, com cerca de 7 mm de diâmetro e 3-5 sementes,

podendo ser formados na ausência de polinização, levando à produção de algumas

sementes sem embrião (Atkinson & Atkinson 2002, Scopel et al. 2007). A dispersão das

sementes é feita por pássaros que ingerem os frutos e regurgitam ou defecam as

sementes (Atkinson & Atkinson 2002, Scopel et al. 2007). A germinação das sementes

frescas com a polpa do fruto removida manualmente é de 62,5%, com tempo médio de

38,2 semanas e das sementes que passaram pelo trato digestório de aves é de 42,8%,

com tempo médio de 36,6 semanas (Atkinson & Atkinson 2002). Para alcançar esses

resultados, os autores citados na revisão realizada por Atkinson & Atkinson (2002)

mantiveram as sementes em condições experimentais similares às encontradas na

natureza, ou seja, oito semanas a 15°C, 10 semanas a zero grau, 18 semanas a 13°C, oito

semanas a 18°C, 10 semanas a zero grau e 16 semanas a 13°C, simulando as quatro

estações do ano. Resultados de experimentos com estratificação a frio mostraram que as

sementes desta espécie apresentam dormência e mesmo após dois invernos a

porcentagem de germinação é de 39% (Atkinson & Atkinson 2002).

As sementes contidas em drupas geralmente têm um impedimento mecânico à

germinação, mas, além disso, experimentos realizados por Hidayati et al. (2010)

mostraram que sementes de espécies de Sambucus ocorrentes na parte mais ocidental da

América do Norte são liberadas quando seus embriões ainda não estão completamente

desenvolvidos. O desenvolvimento chega a alcançar 75% e os 25% restantes devem

acontecer quando as sementes são mantidas a 5°C, o que mostra a necessidade de

estratificação a frio para a quebra dessa dormência morfológica. Os autores concluíram

que as sementes de Sambucus caerulea pertencente ao complexo Sambucus nigra e as

de Sambucus callicarpa pertencente ao complexo Sambucus racemosa apresentam

sementes com dormência morfofisiológica intermediária, segundo o sistema de

classificação proposto por Baskin & Baskin (1998).

A análise morfológica interna das flores desta espécie mostrou a presença de lipídeo em

todas as partes analisadas, além de tricomas tectores e glandulares de diferentes tipos

(Scopel et al. 2007). Os autores também encontraram idioblastos de oxalato de cálcio

em brácteas, sépalas e pétalas. Cerca de 40 diferentes substâncias foram isoladas do

sabugueiro, como responsáveis pelo aroma da planta.

Hábitat e características eco-fisiológicas

Com relação ao hábitat, geralmente é encontrada em áreas abertas e borda de matas

(tem baixa tolerância ao sombreamento), associada a solos eutróficos e perturbados,

ricos em fosfato, nitrogênio (espécie nitrófila) e potássio (Atkinson & Atkinson 2002).

Segundo os autores, sua ocorrência é registrada em altitudes que variam de 350 a 460 m

e está ausente em altitudes maiores, dependendo da região, podendo este limite ser de

900 m como nas montanhas Tatra que formam uma cordilheira na fronteira entre a

Polônia e a Eslováquia; 1500 m nos Alpes e 2200 m no Marrocos. Esta limitação

altitudinal está relacionada com as sementes que não amadurecem durante a curta

estação de crescimento das latitudes e altitudes maiores, quando as temperaturas podem

atingir 7,2 °C ou menos (Atkinson & Atkinson 2002).

Populações isoladas são encontradas até o paralelo 63° N que corta a região norte da

América do Norte, Europa e Ásia e populações contínuas até a latitude 55° N, um pouco

mais abaixo, mas ainda no norte dos mesmos continentes (Atkinson & Atkinson 2002).

A 55° do paralelo norte o sol é visível durante 17 horas e 22 minutos durante o solstício

de verão e durante 7 horas e 10 minutos durante o solstício de inverno

(https://en.wikipedia.org/wiki/55th_parallel_north) e este pode ser o limite de insolação

para a maturação dos frutos que garante a expansão das populações. O limite oriental de

sua distribuição é aproximadamente 55° E (Atkinson & Atkinson 2002), meridiano que

parte do Polo Norte e chega ao Polo Sul, passando pelo Oceano Ártico, Europa, Ásia,

Oceano Índico, Oceano Antártico e a Antártida

(https://pt.wikipedia.org/wiki/Meridiano_55_E).

Sambucus nigra tem sido introduzida em várias partes do mundo, incluindo partes da

Ásia, América, Nova Zelândia e Austrália (Atkinson & Atkinson 2002).

Além do limite térmico, geralmente esta espécie ocorre em solos alcalinos, com pH

entre 6,5 e 8,7, o que indica sua característica como espécie calcícola (Atkinson &

Atkinson 2002). Em determinadas áreas da Europa Central, é uma das espécies que

melhor tolera condições úmidas, o que torna seu tronco um bom ambiente para abrigar

briófitas e liquens epífitas (Atkinson & Atkinson 2002). Em algumas áreas tem sido

considerada invasora, sendo controlada por herbicidas convencionais; em algumas

regiões também é encontrada com micorrizas vesículo-arbusculares (Atkinson &

Atkinson 2002), o que pode ser um indicativo de que essas áreas sejam mais pobres em

fosfato. Em uma região da Holanda, a vegetação lenhosa dominada por arbustos de

Sambucus nigra, espécie sabidamente impalatável para a maioria dos herbívoros,

diminuiu drasticamente e se converteu em área aberta, coberta por gramíneas após a

ação de grandes herbívoros como gado e cavalos (Cornelissen et al. 2014). Os autores

verificaram também que a presença desses grandes herbívoros impede o processo de

regeneração dessas áreas abertas.

Esta espécie é resistente a vários tipos de poluentes, como altos níveis de fertilizantes à

base de fósforo; a aumentos de fluoreto, sódio, ozônio, cobre e dióxido de enxofre

(Atkinson & Atkinson 2002). Os grãos de pólen são sensíveis à acidez e perdem a

capacidade de germinar. Outra característica interessante é que Sambucus nigra é muito

susceptível à cavitação (embolia), perdendo a condutividade dos vasos do xilema, mas a

recuperação é rápida à medida que ocorre reposição de água (Atkinson & Atkinson

2002). As plantas são capazes de manter o potencial hídrico, reduzindo a condutância

estomática assim que sinais de restrição hídrica no solo aparecem. Apesar disso, a

espécie não pode ser considerada tolerante à seca, mas é capaz de se recuperar após

curtos períodos de escassez de água de pelo menos três semanas.

Produtos extraídos de Sambucus nigra

Componentes bioativos das flores de Sambucus nigra foram isolados por Bhattacharya

et al. (2013) e mostraram-se eficientes na modulação do metabolismo da glicose e de

lipídeos, o que pode ser uma excelente alternativa para o controle do diabetes tipo 2

(T2D) e da obesidade visceral. O que mobilizou os autores a efetuarem este trabalho foi

a busca por alternativas a medicamentos que controlam a T2D, uma vez que os

medicamentos usuais causam muitos efeitos colaterais indesejáveis. Os autores

conseguiram identificar flavonóides bioativos e compostos fenólicos (kaempferol, ácido

ferúlico, ácido p-cumárico e ácido cafeico) potencialmente capazes de controlar o

diabetes. Dentre as substâncias extraídas e testadas, a naringenina foi uma das mais

potentes, por seu maior efeito no metabolismo da glicose e dos lipídeos. Em muitos

países europeus Sambucus nigra tem sido utilizada no tratamento de gripes e seus frutos

são conhecidos por suas propriedades anti-virais, aumentando a imunidade

(Bhattacharya et al. 2013).

Segundo o levantamento feito por Scopel et al. (2007), suas flores são comercializadas

in natura como Sambuci flos para serem preparadas na forma de infusão ou decocção,

como diuréticas, antipiréticas, antiinflamatórias, como laxativo leve e no tratamento de

doenças do aparelho respiratório. Estudos experimentais também mostraram que o

extrato etanólico do caule inibe a enzima acetilcolinesterase e o morronisídeo (iridóide)

isolado de suas folhas não teve ação sobre a enzima conversora de angiotensina (Scopel

et al. 2007). Além do uso em homeopatia, esta espécie tem sido investigada como

potencial para a cura do câncer e no entendimento de desordens imunológicas e

alérgicas do ser humano (Atkinson & Atkinson 2002).

As folhas são usadas externamente para o tratamento de inflamações, queimaduras,

eczemas e conjuntivites (Clapé Laffita & Alfonso Castillo 2011). Segundo os autores,

deve-se à mucilagem secretada pelas flores suas propriedades antitussígenas, emolientes

e ligeiramente laxantes. O nitrato de potássio, os ácidos ursólico e oleanólico lhe

conferem as propriedades diuréticas, sudoríficas e depurativas, importantes em estados

febris causados por gripes, resfriados, faringites, amigdalites e em enfermidades infantis

como sarampo, rubéola e escarlatina, uma vez que na sudorese as toxinas dessas

infecções são eliminadas e a febre diminui. Além disso, em função de seu conteúdo de

glucosídeos, flavonóides (rutina e quercetina) e de ácidos orgânicos, as flores de

sabugueiro são utilizadas como antiinflamatório, estimulante de defesas do organismo e

atuam como antioxidante pela ação dos ácidos fenilcarboxílicos (caféico, clorogênico e

p-cumarínico). Os óleos essenciais das flores e, em especial a rutina, estimulam a

circulação dos capilares.

Os frutos frescos são laxantes, ricos em vitaminas C e, em menor quantidade, vitamina

A; também contêm flavonóides (rutina e isoquercitina), pigmentos antocianósidos

(crisantemina, sambucianina e sambucicianina), taninos, açúcares redutores e ácidos

orgânicos (cítrico, málico e tartárico) que são úteis como antiinflamatórios em

reumatismos (Clapé Laffita & Alfonso Castillo 2011). O vinagre feito com os frutos é

um ótimo desinfetante devido ao seu conteúdo de ácido málico.

A casca tem sido usada desde a antiguidade contra edemas e ascitis. Quando fresca, tem

em sua composição grande quantidade do alcalóide sambucina, além do triterpeno

colina, um óleo essencial; ácido vibúrnico e sambunigrina, um glicosídeo cianogênico

que em contato com a enzima emulsina da saliva produz ácido cianídrico, altamente

tóxico (Clapé Laffita & Alfonso Castillo 2011). A casca também é utilizada como

diurético, como laxante e para induzir vômito.

Menos usual, tem sido usada no tratamento do Alzheimer, epilepsia, colite ulcerosa,

neuralgias; como imunoestimulante no tratamento de herpes, câncer e HIV;

externamente tem sido usado em queimaduras, psoríase e herpes labial (Clapé Laffita &

Alfonso Castillo 2011).

Toxicidade de Sambucus nigra

Quanto à toxicidade, as folhas de Sambucus nigra contêm glicosídeos cianogênicos,

sendo o principal a sambunigrina, além de prunasina, zierina e holocalina e lecitinas

tóxicas em outras partes da planta, gerando casos isolados de envenenamento de

animais incluindo o homem, por ingestão de alguma de suas partes (Atkinson &

Atkinson 2002). Estas substâncias deixam a planta impalatável a insetos que a visitam

com menor frequência em relação a outras espécies vegetais dos mesmos locais de

ocorrência, participando então do processo de defesa das plantas. Na casca da árvore

também são encontradas proteínas inativadoras de ribossomos que representam 80% do

conteúdo protéico dessa parte da planta (Atkinson & Atkinson 2002).

No levantamento realizado por Santos et al. (2005), a cianogênese já havia sido

detectada em pelo menos 2650 espécies de plantas pertencentes a mais de 130 famílias,

com registros em bactérias, fungos, líquens, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.

Em seu trabalho, os autores aumentaram a lista em 14 espécies de pteridófitas, das 19

estudadas. Grande parte das plantas cianogênicas pertence às Araceae, Euphorbiaceae,

Passifloraceae, Poaceae, Rosaceae e leguminosas (Amorim et al. 2006).

A hidrólise dos glicosídeos cianogênicos produz glucose e alfa–hidroxinitrilas que,

catalisada por uma hidroxinitrila liase, tranforma-se em HCN e nas cetonas

correspondentes (Amorim et al. 2006). Segundo os autores, como a absorção é rápida,

os sintomas da intoxicação cianídrica nos animais aparecem logo após ou mesmo

durante a ingestão da planta, e caracterizam-se por dispnéia, taquicardia, mucosas

cianóticas, sialorréia (saliva que flui para fora da boca), tremores musculares intensos,

andar cambaleante, nistagmo (oscilações rítmicas, repetidas e involuntárias de um ou

ambos os olhos, no sentido horizontal) e opistótono (distensão grave do corpo que

forma um arco, com apoio na cabeça e nos pés, devido a espasmos dos músculos axiais

ao longo da coluna vertebral). O animal cai, permanecendo em decúbito lateral, e a

dificuldade respiratória torna-se cada vez mais acentuada, levando ao coma e à morre,

causada por parada respiratória dentro de 15 minutos a poucas horas após o

aparecimento dos primeiros sinais. O HCN, quando ingerido em doses abaixo da letal,

por longo prazo, pode causar lesão no sistema nervoso e na tireóide.

A concentração dos glicosídeos cianogênicos é variável entre as espécies e, numa

mesma espécie, varia dependendo do clima e de outras condições que influenciam o

crescimento da planta como adubação nitrogenada, deficiência de água e idade da

planta, pois quanto mais nova e de crescimento rápido, maior será o seu teor em

glicosídeos cianogênicos, especialmente durante a rebrota (Amorim et al. 2006). É

importante salientar que na rebrota os tecidos são mais tenros e susceptíveis à

herbivoria, o que se torna este aumento uma importante defesa das plantas. Na

mandioca brava, considerada perigosamente venenosa, há mais de 100 mg kg-1 de HCN

(Cohen et al. 2007). Aumento de nitrogênio no solo, estresse hídrico e herbivoria

parecem ser os fortes estimulantes para a produção dos glicosídeos cianogênicos, sendo

a herbivoria inibida no pico da cianogênese, embora existam exceções nos casos em que

o herbívoro apresenta alguma habilidade de metabolizar esses compostos ou armazená-

los para posterior defesa contra predadores (Santos et al. 2005).

O ácido cianídrico tem grande afinidade pelo Fe3+ e por isto ele não se liga à

hemoglobina que tem o Fe2+, mas sim à citocromo c oxidase, que possui o íon férrico, o

que bloqueia a cadeia respiratória e também a síntese de ATP a ela associada (Peruzzo

& Canto 2010). A dose tóxica de HCN em animais é de 2 a 4 mg de HCN por

kg/pv/hora (pv: peso vivo) (ver Amorim et al. 2006). Para o HCN inalado, a FAO (Food

and Agriculture Organization of the United Nations) estabeleceu como dose limite 10

mg HCN/kg de peso vivo e os níveis de cianeto para consumo humano em produtos de

mandioca são seguros a valores ≤ a 20 mg kg-1 (ver Cohen et al. 2007).

Segundo o levantamento realizado por Cohen et al. (2007), os principais problemas de

saúde associados à dieta altamente rica em compostos cianogênicos incluem o

hipertiroidismo, resultante do metabolismo do tiocianato no metabolismo do iodo;

neuropatia atáxica tropical, uma desordem neurológica que causa instabilidade e falta de

coordenação motora, e konzo, uma paralisia rápida e irreversível.

Sambucus nigra para fins homeopáticos

SAMB é a abreviatura de Sambucus nigra, adotada pela Associação Brasileira de

Farmacêuticos Homeopatas – ABFH, em conformidade com a Homoeopathic

Pharmacopoeia of the United States (HPUS) e com a Pharmacopoeia Convention of the

American Institute of Homoeopathy, Boston, 1993.

Da sinonímia listada na ficha de referência de registro de qualidade da tintura mãe 8030

– SAMB da ABFH (CD – Fichas de Referência para Insumos Homeopáticos), apenas

Sambucus nigra subsp. maderensis (Lowe) Bolli é uma combinação válida para o

basiônimo Sambucus nigra (primeiro nome dado à espécie), reconhecida pelo site

oficial de taxonomia, www.tropicos.org. Entre os demais sinônimos listados na referida

ficha, estão Sambucus linearis Hort., S. vulgaris Meck., Sambucus acinis albis e S.

laciniatis follis, nenhuma válida pelas regras de nomenclatura botânica. Na mesma

ficha, são considerados nomes vulgares para esta espécie European Elder, Sureau,

Sureau noir, Schwarzer Holunder e Saúco. Nas Ilhas Britânicas e Europa Continental a

espécie é vulgarmente conhecida como Elder (Atkinson & Atkinson 2002).

De acordo com a ficha da ABFH, para o preparo de Sambucus nigra são utilizadas as

flores, partes iguais de folhas e inflorescências frescas e também flores e folhas verdes,

sendo esses materiais originados da maior parte da Europa, do Cáucaso, Sibéria e Japão,

coletados em bosques e locais abandonados.

Este medicamento foi introduzido na prática homeopática em 1819 por Hahnemann,

conforme citação feita por T.F. Allen na Encyclopedia of Pure Materia Medica, volume

VIII, página 477 (consulta feita na Farmacopea Homeopática de los Estados Unidos

Mexicanos 1998, conforme citação apresentada na ficha da ABFH).

A dispensação da tintura mãe é feita na potência 1 DH (escala decimal em que são

utilizadas duas partes da tintura mãe e oito partes de etanol a 43%), com coloração

verde-acastanhado ou café âmbar, sendo mantida protegida da luz para armazenamento

e conservação (ficha da ABFH).

Sabugueiro – Sambucus nigra flos – Farmacopéia Brasileira

De acordo com a Farmacopéia Brasileira (Brasil 2010), Sambucus nigra é considerada

uma espécie da família Caprifoliaceae. A droga vegetal, constituída das flores secas,

apresenta no mínimo 1,5% de flavonóides totais, como quercetina, e no mínimo 1% de

rutina. As flores secas têm odor fraco e aromático característico e sabor fracamente

amargo. Os cristais de oxalato de cálcio aparecem em forma de areia cristalina e são

visíveis.

Analogia entre as características de Sambucus nigra e a patogenesia

Para fazer a releitura da Matéria Médica Pura de Hahnemann para Sambucus nigra, as

características da espécie, acima apresentadas, foram comparadas com a patogenesia

descrita na Matéria Médica Pura de Hahnemann, com o objetivo de encontrar

semelhanças entre as características da planta e os sintomas descritos pelos

experimentadores.

Polaridades da Matéria Médica Pura e sintomas clínicos

Como complemento das informações para Sambucus nigra, foram localizadas as

polaridades descritas na Matéria Médica Pura de Hahnemann e finalmente listados os

sintomas clínicos do medicamento, de acordo com as Matérias Médicas Clínicas de

Boericke (1979), Vijnovsky (2003) e Vannier & Poirier (s.d.p.).

Resultados e discussão

Releitura da matéria médica

A observação da natureza traz insights importantes em todas as áreas do conhecimento e

pode auxiliar o médico homeopata na melhor compreensão da natureza do

medicamento. Uma das formas que está sendo sugerida neste trabalho é o estudo

comparativo entre os sintomas descritos na Matéria Médica Pura de Hahnemann e a

natureza da planta de onde se extrai o princípio ativo que pode trazer a cura. Com este

olhar, as características da espécie Sambucus nigra foram analisadas, em comparação

com a lista de sintomas relatados por experimentadores capacitados (Hahnemann,

1998), ao fazerem uso do medicamento dela extraído (Tabela 1). Destaque especial foi

dado ao conjunto de sintomas contraditórios, denominados como polaridades, entre os

homeopatas (Tabela 2). Por fim, comparações também foram feitas a partir dos

sintomas relatados na matéria médica clínica (Tabela 3).

Dinâmica de Sambucus nigra de acordo com a matéria médica pura

Os experimentadores sãos que fizeram uso de Sambucus nigra manifestaram vários

sintomas que podem ser relacionados com as características da espécie. A relação com a

água (1, 4, 5, 6, 8 e 9; tabela 1) e a presença de idioblastos de oxalato de cálcio (2), são

aspectos importantes para esta comparação, conforme dados apresentados na tabela 1.

O que chama a atenção, quando os sintomas dos experimentadores são examinados, é

que eles parecem estar centrados em sintomas de intoxicação pela planta.

Provavelmente isto se deve ao fato de que a eles foi dado o suco fresco espremido das

folhas e flores, misturados com partes iguais de álcool (Hahnemann 1998).

Tabela 1. Analogia entre as características da planta e os sintomas apresentados por

experimentadores de Sambucus nigra. Sintomas do experimentador extraídos da

Matéria Médica Pura de Hahnemann (1998).

Características da planta Sintomas do experimentador

1 Alto consumo de água decorrente da alta

transpiração.

28. Grande secura no palato, sem

sede.

29. Sede e, contudo, bebidas não

têm gosto agradável para ele.

2 Apresenta idioblastos de oxalato de cálcio em

brácteas, sépalas e pétalas.

4. Pontada dilacerante através da

metade esquerda do occipício,

retornando freqüentemente e

durando muito tempo, e nos

intervalos uma sensação atordoada

ali.

13. Dor perfurante no topo da

cabeça.

22. Pontadas agudas no ouvido

interno direito, com dor de cãibra

nele.

26. Pontadas cortantes profundas

nos músculos cervicais de ambos

os lados, especialmente ao

movimentar o pescoço.

30. Leves pontadas sob o

estômago, aumentadas pela pressão

externa (quando sentado).

35. Beliscadura na barriga com

eliminação de flatos, como por um

resfriamento.

39. Pontadas no músculo oblíquo

esquerdo, quando sentado e de pé.

40. Beliscadura fina nos músculos

abdominais direitos, abaixo das

costelas curtas.

61. Pontadas cortantes nas

escápulas, quando em repouso.

64. Picadas finas no meio da parte

superior do braço, em seu lado

interno.

68. Pontadas agudas na projeção

externa do pulso.

69. Pontadas cortantes em ambas

as articulações dos pulsos,

sincrônicas com o pulso, um tanto

aliviadas por movimentá-las.

78. Pontadas agudas,

profundamente penetrantes, no

lado interno da tíbia, um tanto

aliviadas no movimentar.

3 Ocorre em áreas abertas ou borda de matas, sujeitas

à movimentação causada pela ação do vento.

118. Grande tendência a se

sobressaltar; ele se sobressalta com

medo de coisas que ele está

acostumado a ter ao redor de si.

4 A cavitação é a embolia nos vasos do xilema. A

bolha de ar que impede o fluxo de água se forma

internamente, pela ruptura da coluna de água gerada

pela tensão hídrica.

Durante a cavitação a planta produz clics.

5. Dor pressiva dilacerante

superiormente na fronte, a qual se

irradia, por assim dizer, para dentro

dos olhos.

8. Pressão e empurrão para fora na

cabeça inteira, em todos os lados.

9. Pressão para fora nas têmporas.

20. Tensão na bochecha esquerda,

com pressão que rói no osso

maxilar superior.

21. Dor tensiva, como por inchaço

na bochecha, com dormência dela.

25. Peso pressivo na nuca; mais

força que o normal é exigida para

mover a cabeça.

30. Soluço durante e depois de

comer.

5 Apresenta tricomas tectores e glandulares e lipídeo 51. Rouquidão por muito catarro

em todas as partes das flores. Capacidade secretora

das plantas está relacionada com a proteção das

peças florais contra o ressecamento causado pela

ação dos ventos.

viscoso, grudento, na laringe.

6 Caducifolia (perda de folhas). 44. Desejo mórbido freqüente de

urinar, com pouca eliminação de

urina (após 2, 18 h). [Lr.]

7 As sementes contidas em drupas geralmente têm

um impedimento mecânico à germinação.

9. Pressão para fora nas têmporas.

8 É uma das espécies que melhor tolera condições

úmidas, mantendo líquens e briófitas no tronco

(umidade externa).

115. Um suor muito considerável,

depois da meia-noite, mas não na

cabeça.

9 Utilizada no tratamento de gripes; frutos ricos em

vitamina C.

98. Calafrio antes de dormir.

106. Durante o calor, pavor de ser

descoberto; ele imagina que irá

pegar um resfriado ou ter dor de

barriga se ele faz isto.

10 Propriedades diuréticas. 45. Desejo mórbido freqüente de

urinar, com eliminação copiosa de

urina.

46. Ele tinha desejo mórbido de

urinar à noite.

47. Eliminação freqüente de urina

amarelo-escura.

11 Propriedades antipiréticas. 115. Um suor muito considerável,

depois da meia-noite, mas não na

cabeça.

12 A casca tem sido usada desde a antiguidade contra

edemas e ascitis.

85. Inchação edematosa (após

aplicação externa).

13 Movimentos da parte aérea pela ação do vento. 1. De manhã, ao levantar, aturdido.

2. Aturdimento, turvação da cabeça

por alguns minutos (após 1 h.).

[Fz.]

3. De manhã ele se sente muito

bem; somente quando ele

movimenta sua cabeça é que fica

com vertigem e aturdido, com uma

sensação tensiva, como se ele

tivesse água na cabeça.

82. As mãos tremem quando ele

escreve.

14 A casca também é utilizada para induzir vômito. 30. Sensação de começo de náusea

dentro e abaixo do scrobiculus

cordis.

Polaridades descritas para Sambucus nigra na Matéria Médica Pura

Sintomas contraditórios encontrados na Matéria Médica Pura de Hahnemann para

Sambucus nigra foram selecionados e apresentados na tabela 2. A relação com a água

novamente assume importância nesses relatos como reguladora fisiológica.

Tabela 2. Polaridades relatadas na Matéria Médica Pura de Hahnemann (1998) para

Sambucus nigra (sintomas contraditórios entre experimentadores).

Sintomas do experimentador Sintomas do experimentador

28. Grande secura no palato, sem sede.

29. Sede e, contudo, bebidas não têm gosto

agradável para ele.

44. Desejo mórbido freqüente de urinar, com

pouca eliminação de urina.

45. Desejo mórbido freqüente de urinar, com

eliminação copiosa de urina.

91. Sonhos à noite.

93. Sonhos lascivos com emissão seminal.

92. Sonhos vívidos, não relembrados.

105. Sensação de calor seco intolerável no

corpo inteiro.

97. Frio leve, durante o qual a face estava

mais quente do que o habitual.

111. Sensação de calor na cabeça e pescoço; a

face e o restante do corpo também parecem

mais quentes que o habitual ao toque, mas

sem sede.

100. Um frio gélido corre sobre o corpo

inteiro, especialmente nas mãos e pés, que

parecem frios ao toque, embora ele tenha

agasalhado os últimos de forma muito quente.

94. O pulso se torna mais lento e cai de 70

para 60 batidas.

110. Pulso mais rápido, alguns batimentos

acima de 70.

86. Sono leve com olhos e boca meio-abertos.

88. Sono inquieto; ao sentar na cama ele

sentia como se os sofrimentos desciam, e ele

ficava aliviado.

89. Ele se sobressalta assustado do sono.

87. Sonolência sem sono.

100. Um frio gélido corre sobre o corpo

inteiro, especialmente nas mãos e pés, que

parecem frios ao toque, embora ele tenha

agasalhado os últimos de forma muito quente.

83. Grande calor generalizado quando

caminha.

Dinâmica de Sambucus nigra de acordo com Matérias Médicas Clínicas

Clinicamente os pacientes para os quais Sambucus nigra é recomendada apresentam

alterações no período noturno que exige movimentação para melhora e os sintomas se

centralizam nas vias respiratórias, completamente obstruídas, podendo levar à cianose.

Agrupando os sintomas por rubricas

Sintomas mentais

O paciente Sambucus possui grande tendência para se assustar, apresentando tremores e

sufocação; vê imagens ao fechar os olhos e é acometido de emoções como ansiedade,

tristeza, inquietude, mau humor, irritabilidade, além de manifestar excessos sexuais

(Boericke 1979, Vijnovsky 2003, Vannier & Poirier s.d.p.).

Sintomas gerais

O paciente Sambucus tem sonolência, mas não consegue dormir (Boericke 1979);

apresenta piora quando está deitado, especialmente sobre o lado esquerdo ou por

abaixar a cabeça, perto da meia-noite ou das 2 às 3 horas; também ao se descobrir, pelo

ar frio e seco, ao ingerir bebidas frias, estando com calor; ao comer frutas e após um

susto (Boericke 1979, Vijnovsky 2003, Vannier & Poirier s.d.p.). A melhora acontece

pelo movimento, caminhando, ao se levantar ou ao sentar-se na cama e agasalhar-se

(Boericke 1979, Vijnovsky 2003, Vannier & Poirier s.d.p.).

Sintomas locais

Relatos apresentados por Boericke (1979), Vijnovsky (2003) e Vannier & Poirier

(s.d.p.) mostram que o paciente Sambucus apresenta nariz seco, mas totalmente

obstruído, especialmente quando bebê ou recém-nascido, com ruídos no nariz ao se

esforçar para respirar. Quando tenta mamar, o bebê precisa soltar o mamilo porque não

consegue respirar e engasga. Esses sintomas levam o paciente a permanecer sempre

com a boca aberta. A inspiração é regular, mas a expiração sibilante.

Durante as crises a criança acorda bruscamente e sobressaltada, por volta da meia noite

ou depois, com intensa sufocação ou dispnéia, choro ou gritos, com crupe espasmódico,

intensa inquietude, cianose da face e extremidades. Podem aparecer manchas vermelhas

e ardentes nas bochechas e no nariz, com suor na face e pressão nos ossos dessa região.

Há relatos de adormecimento do nariz, com prurido na ponta. A secreção nasal é

espessa e viscosa e se acumula no nariz. Os acessos são freqüentes e seguem até 4 da

madrugada, com piora às 3 horas, podendo ocorrer expectoração salgada ou doce. O

peito do paciente pode ficar oprimido, ocasionando cólica abdominal pela pressão

exercida no estômago que leva a náuseas e flatulência. Pode ocorrer diarréia, com fezes

viscosas. A pressão abdominal provoca micção freqüente; porém, com pouca urina, o

que pode causar nefrite aguda. Há rouquidão, com muco tenaz na laringe que provoca

laringite, traqueíte ou falso crupe.

Em casos mais severos, as mãos e pés podem ficar inchados e cianóticos, podendo o

edema atingir os membros inferiores até os joelhos. Em função disso, a pele fica seca e

queima durante o sono.

O paciente pode ter calafrios, com estremecimento antes de dormir, apresentando febre

com pele seca e ardente. Apesar da febre, não apresenta sede e tem medo de se

descobrir. Paradoxalmente, o paciente pode apresentar suor abundante que começa na

face e se irradia pelo corpo todo ao acordar. Esses sintomas desaparecem enquanto

dorme, mas neste caso, volta a manifestar febre. Os suores em geral aparecem das 19

horas até 1 hora da manhã.

Analogia entre as características de Sambucus nigra e os sintomas clínicos

As associações entre as características de Sambucus nigra e os sintomas clínicos

apresentados por pacientes e descritos por Boericke (1979), Vijnovsky (2003) e Vannier

& Poirier (s.d.p.) estão apresentadas na tabela 3. A transitoriedade, a relação com a água

e a obstrução das vias respiratórias com cianose são sintomas que se destacam.

Tabela 3. Analogia entre as características da planta e os sintomas apresentados por

pacientes que podem ser tratados com Sambucus nigra. Sintomas extraídos de Matérias

Médicas Clínicas (Boericke 1979, Vijnovsky 2003, Vannier & Poirier s.d.p.).

Características da planta Sintomas do paciente Sambucus

Rebrota intensa na fase juvenil. Na fase

adulta se mantém com o tronco principal.

Obstrução das vias respiratórias predomina

em recém-nascidos e crianças.

Lenticelas dos ramos aumentam a

capacidade de ventilação.

O uso de Sambucus melhora a respiração,

desobstruindo as vias respiratórias.

Provavelmente a rebrota na fase juvenil

acontece à noite, quando o turgor celular é

maior (aumento da atividade metabólica).

Maior agravação dos sintomas no período

noturno.

Ocorre em áreas abertas ou borda de matas,

sujeitas à movimentação causada pela ação

Melhora com movimento, ao sentar-se na

cama ou caminhando.

do vento.

Apresenta caducifolia. Doença temporária. Acontece à noite e nas

primeiras fases da vida

Apresenta nectários extra-florais. Muco nas vias internas e não no nariz que é

seco, chegando à cianose.

Apresenta tricomas tectores e glandulares e

lipídeo em todas as partes das flores.

Capacidade secretora das plantas está

relacionada com a proteção das peças

florais contra o ressecamento causado pela

ação dos ventos.

Secreção de muco nas vias respiratórias.

Rouquidão com muco na laringe.

Espécie de solos eutróficos, em áreas

antropizadas, ricos em nitrogênio (espécie

nitrófila), fósforo e potássio.

Espécie recicladora de matéria orgânica.

Produção de muco está relacionada com a

limpeza das vias respiratórias, sendo uma

das formas do organismo expelir

microorganismos ali alojados.

Exigência em nitrogênio provavelmente

ralacionada com a produção de glicosídeos

cianogênicos, causadores da cianose.

A obstrução das vias respiratórias causa

cianose.

Frutos pretos Cianose

Analogia e contradições entre Sambucus nigra, experimentação pura e clínica

A primeira característica de Sambucus nigra que chama a atenção é aquela que está

relacionada com o início de seu ciclo de vida. Suas sementes estão envolvidas pelo

endocarpo do fruto (Atkinson & Atkinson 2002, Scopel et al. 2007), o que lhe impõe a

dormência mecânica, dificultando a germinação sem a sua remoção. Esta característica

tem analogia com a forte obstrução das vias respiratórias que leva o experimentador (e o

paciente) à cianose, sintomas esses amenizados com o uso do sabugueiro.

As plantas jovens de Sambucus nigra têm alta capacidade de rebrota, o que facilita a

manutenção das populações. Após 20-30 anos de idade, este comportamento desaparece

e a planta apresenta apenas o tronco principal (Atkinson & Atkinson 2002). Esta

característica tem analogia com o aparecimento dos sintomas de obstrução das vias

respiratórias (Hahnemann 1998) em recém-nascidos e crianças (Boericke 1979,

Vijnovsky 2003, Vannier & Poirier s.d.p.), curáveis pela espécie em questão. Na

adolescência e juventude os sintomas tendem a desaparecer, da mesma forma que a

rebrota dos indivíduos de sabugueiro. Porém, quando um paciente adulto apresenta

esses sintomas, este quadro já havia aparecido em suas primeiras fases de vida

(comunicação pessoal, Hamilton Camargo). Desta forma, a obstrução das vias

respiratórias pode ser considerada uma doença temporária, que desaparece com a idade,

uma vez que as crises geralmente acontecem nas primeiras fases da vida, da mesma

forma que a rebrota dos indivíduos de sabugueiro.

A espécie é sensível à seca, podendo sofrer de cavitação (embolia) nos vasos do xilema,

o que impede o fluxo de água no vaso danificado (Atkinson & Atkinson 2002). Este

evento acontece durante o dia, decorrente da maior demanda de água do que a

capacidade de absorção pelas raízes e dificulta ou impede o crescimento celular, que se

faz principalmente pelo turgor. Desta forma, é esperado que a formação dos rebrotos

aconteça com maior intensidade no período noturno, quando a demanda por água

diminui em função do abaixamento da temperatura e aumento da umidade relativa do ar,

exatamente o período de agravação dos sintomas de obstrução respiratória. É importante

destacar que a síntese dos glicosídeos cianogênicos aumenta após estresse hídrico

(Santos et al. 2005) e, portanto, pode-se supor que no período noturno sua concentração

aumente nas plantas (período pós estresse hídrico) quando as divisões celulares também

alcançam seu máximo, o que protege a planta contra a herbivoria. Este comportamento

tem analogia com o paciente, cuja agravação dos sintomas de obstrução das vias

respiratórias acontece no período noturno, acompanhada de cianose.

A melhora acontece pelo movimento e ao sentar-se na cama ou caminhando (Boericke

1979, Vijnovsky 2003, Vannier & Poirier s.d.p.) e isto é análogo ao local de ocorrência

da espécie, geralmente áreas abertas ou borda de matas (Atkinson & Atkinson 2002)

que submetem a parte aérea da planta a movimentos continuados.

Essas observações mostram que a planta transpira muito mais do que absorve água

(planta sedenta), no sentido de refrigerar-se, o que coincide com a resposta fisiológica

do paciente que, nas crises, transpira muito e isto tende a baixar sua temperatura. O

paciente tem a sensação de calor na cabeça e pescoço, mas sem sede, embora com

sudorese (Boericke 1979, Hahnemann 1998, Vijnovsky 2003, Vannier & Poirier s.d.p.).

Uma contradição relacionada ao local de ocorrência da espécie e o comportamento do

paciente é que a ação do vento agrava os sintomas de obstrução das vias respiratórias. A

segunda contradição no uso da água é que o paciente geralmente não tem sede,

enquanto a planta tem alto consumo de água.

As lenticelas presentes na casca dos ramos (Atkinson & Atkinson 2002) aumentam a

capacidade de ventilação da planta, uma vez que por esses poros existe troca gasosa,

com entrada de oxigênio e saída de gás carbônico. O paciente que pode ser tratado com

sabugueiro sente melhora na respiração, com desobstrução das vias respiratórias. Isto

indica que o sabugueiro aumenta a capacidade de ventilação do paciente.

A espécie apresenta caducifolia em determinadas épocas do ano, perdendo as folhas

geralmente na época do inverno, com renovação na primavera (Atkinson & Atkinson

2002). Os sintomas do paciente também são temporários, ocorrendo nas primeiras fases

da vida (Boericke 1979, Vijnovsky 2003, Vannier & Poirier s.d.p.).

A presença de tricomas tectores e glandulares de diferentes tipos, além de lipídeo em

todas as partes das flores mostram a capacidade secretora das plantas (Scopel et al.

2007) e está relacionada com a proteção das peças florais contra o ressecamento

causado pela ação dos ventos. Da mesma forma, a capacidade de secretar substância é

comum ao paciente que pode ser tratado com sabugueiro, pois apesar de ter o nariz

obstruído, mas seco, apresenta rouquidão pela presença de muito catarro viscoso e

grudento na laringe (Boericke 1979, Vijnovsky 2003). Sabe-se que a produção de

catarro está relacionada com a lubrificação das vias respiratórias e também com a

eliminação de macrófagos e microorganismos que se alojam nesta região do corpo

humano. Interessante destacar que as plantas que perdem muita água pela transpiração

ou pelas lenticelas produzem substâncias denominadas solutos compatíveis que baixam

o potencial hídrico para aumentar a capacidade de extração de água do solo, dentro do

processo denominado de osmorregulação, e isto aumenta a viscosidade do citoplasma

para diminuir a saída de água das células (Taiz & Zeiger 2004). A produção de muco no

paciente também pode estar relacionada com a proteção das mucosas contra a perda de

água.

Esta reação de secretar muco também parece ser similar à natureza recicladora do

sabugueiro, espécie cujas populações se estabelecem e se propagam em solos eutróficos,

ricos em matéria orgânica (lixões), típicos de áreas alteradas por ação antrópica

(Atkinson & Atkinson 2002). Seu estabelecimento nesses locais está relacionado com

intensa atividade de fungos e bactérias decompositores e dali suas raízes extraem

abundante quantidade de nitrogênio (a espécie é considerada nitrófila), fósforo e

potássio (Atkinson & Atkinson 2002). Provavelmente sua exigência em nitrogênio

esteja relacionada com a produção de compostos secundários, dos quais se destacam os

glicosídeos cianogênicos. Apesar de se estabelecer em solos eutróficos, com intensa

atividade de microorganismos, ela é considerada calcícola, pois os solos onde é

encontrada apresentam pH entre 6,5 e 8,7. O paciente com tendência a secreções nas

vias respiratórias passa a ter nesse local um terreno propício para o desenvolvimento de

bactérias e outros microorganismos. Como resposta, o organismo aumenta a produção

de células de defesa e com a morte dos microorganismos pode ocorrer aumento da

produção dessa secreção, o que facilita a eliminação.

Alguns dos experimentadores, cujos relatos são apresentados na Matéria Médica Pura

de Hahnemann (1998), citaram em seus depoimentos pontadas dilacerantes na cabeça,

região occipital; dor perfurante no topo da cabeça após ¼ de hora da ingestão do

medicamento; pontadas agudas no ouvido interno direito e nas articulações do pulso.

Em geral, plantas com cristais em alguma de suas partes as tornam rejeitadas por

herbívoros, em função dos danos físicos no aparelho bucal e trato digestório, o que é o

caso do sabugueiro que apresenta idioblastos de oxalato de cálcio em brácteas, sépalas e

pétalas das flores (Scopel et al. 2007). Os idioblastos se assemelham a agulhas e isto

tem analogia com os sintomas relatados pelos experimentadores.

Considerações finais

As informações aqui reunidas mostram que Sambucus nigra, do ponto de vista

homeopático, está associada à sufocação, o que parece ser o tema deste medicamento.

Toda a movimentação do paciente, agravada no período noturno, tem como objetivo

livrá-lo da obstrução respiratória que, se persistir, culmina em sufocação, com cianose

como resultado máximo do agravamento.

Um estudo de caso

Caso nº 20 de Candegabe & Carrara (1997). Sexo feminino, 30 anos, casada, três filhas,

dona de casa, argentina.

Motivo da consulta – neurose obsessiva, cefaleia crônica, arritmia supra-ventricular,

displasia mamária bilateral, com dor, sobretudo em período pré-menstrual.

Antecedentes – úlcera gastro-duodenal aos 8 anos.

Anamnese resumida – medo de afogar-se e não poder respirar; sente nó na garganta;

crises parecidas com asma; afetada por problemas alheios; quando criança tinha febre

antes de ir para a escola e enquanto adulta tem febre antes de ir a alguma festa ou antes

de fazer algo importante; fica doente quando sente raiva e isto a levou a ter úlcera

gastro-duodenal aos 8 anos; tem um irmão adotivo desde os 7 anos do qual sentia

ciúmes doentio a ponto de não ter relação com ele; obsessiva por limpeza; desde

criança, quando se assusta, sente dor a cabeça.

Repertorização segundo repertório de homeopatia digital 2.0 (2008), baseado em

Ribeiro Filho (2010)

1. MENTAL: MEDO, apreensão, pavor: sufocação, de 24

2. ILUSÕES: FANTASIAS, ilusões da: calor (febril), durante 7

3. CABEÇA: DOR, cefaleia em geral: susto, após 16

4. RESPIRAÇÃO: PARADA, interrompida: sono: durante o 14

Repertorização Medicamentosa

Med. Cobert. Pontos 1 2 3 4

1 SAMB 4 4 1 1 1 1

2 CARB-V 3 4 1 1 2

3 ACON 2 6 3 3

Prescrição - Sambucus nigra 1000 FC

Evolução - rápida melhora do quadro mental. Após 2 meses, desapareceu a displasia

mamária; melhorou o sono; está mais contente e mais solta; desapareceu a febre e está

menos sensível. Após 5 meses, reapareceram as dores ulcerosas e passou o último Natal

com seu irmão adotivo que não via há muitos anos. Desapareceram as fobias. Após 2

anos, saúde estável.

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