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1 Anais ISSN online:2326-9435 XXIII SEMANA DE PEDAGOGIA-UEM XI Encontro de Pesquisa em Educação II Seminário de Integração Graduação e Pós-Graduação RELEITURA HISTÓRICA DO ENSINO MÉDIO BRASILEIRO CRIAÇÃO À REFORMA MORAES, Aline C.A. [email protected] Escuela LatinoAmericana de Políticas Públicas CLACSO/FLACSO Universidade Paulista - UNESP Políticas educacionais e gestão escolar INTRODUÇÃO Este trabalho resulta das implicações que Medida Provisória, apresenta ano de 2017 prevê nas políticas educacionais da educação básica brasileira e sua formação excludente da juventude da classe trabalhadora. Objetivo de analisar Reforma do Ensino Médio, aprovada no Congresso Nacional, pela Lei 13.415/2017 e seus encadeamentos junto a Base Nacional Comum Curricular BNCC e leitura histórica desde criação desta modalidade no Brasil. Buscamos apresentar e trazer ao debate as conjecturas não apresentadas a sociedade e como está sofrerá com mesma, visto currículo excludente e fragmentado para formação no ensino médio. O método utilizado é materialismo histórico dialético, dada conjectura política e social do campo de estudo, o qual precisa ser questionado pelas categorias de contradição e conflito, por onde passa a História. Reforma do Ensino Médio se delonga, de movimento antigo no Brasil, o qual buscava- se uma uniformidade mínima a esta etapa do ensino, isto passa-se por ambos governos, desde a “República Velha “, em meados 40 anos da Republica, havia preocupação de formação de cursos secundários, como preparação para Superiores. Segundo Gonçalves 2005, p.12 a cada

RELEITURA HISTÓRICA DO ENSINO MÉDIO BRASILEIRO … · Nesta a visão de estado se assemelha ao Estado neoliberal, o qual se ... A Lei 4024 de 20 de dezembro de 1961, primeira fixação

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Anais ISSN online:2326-9435

XXIII SEMANA DE PEDAGOGIA-UEM XI Encontro de Pesquisa em Educação

II Seminário de Integração Graduação e Pós-Graduação

RELEITURA HISTÓRICA DO ENSINO MÉDIO BRASILEIRO – CRIAÇÃO À

REFORMA

MORAES, Aline C.A.

[email protected]

Escuela LatinoAmericana de Políticas Públicas –CLACSO/FLACSO

Universidade Paulista - UNESP

Políticas educacionais e gestão escolar

INTRODUÇÃO

Este trabalho resulta das implicações que Medida Provisória, apresenta ano de 2017

prevê nas políticas educacionais da educação básica brasileira e sua formação excludente da

juventude da classe trabalhadora. Objetivo de analisar Reforma do Ensino Médio, aprovada no

Congresso Nacional, pela Lei 13.415/2017 e seus encadeamentos junto a Base Nacional

Comum Curricular –BNCC e leitura histórica desde criação desta modalidade no Brasil.

Buscamos apresentar e trazer ao debate as conjecturas não apresentadas a sociedade e

como está sofrerá com mesma, visto currículo excludente e fragmentado para formação no

ensino médio.

O método utilizado é materialismo histórico dialético, dada conjectura política e social

do campo de estudo, o qual precisa ser questionado pelas categorias de contradição e conflito,

por onde passa a História.

Reforma do Ensino Médio se delonga, de movimento antigo no Brasil, o qual buscava-

se uma uniformidade mínima a esta etapa do ensino, isto passa-se por ambos governos, desde

a “República Velha “, em meados 40 anos da Republica, havia preocupação de formação de

cursos secundários, como preparação para Superiores. Segundo Gonçalves 2005, p.12 a cada

Universidade Estadual de Maringá, 11 a 14 de junho de 2018.

governo visa-se uma preocupação: “Em cada sociedade, as ideias, os valores, a cultura e o

entendimento a respeito da educação... vão sofrendo alterações à medida que o panorama que

a cerca muda.”

Posteriori a Reforma Benjamim Constant 1890-92, com visão de proporcionar a jovens

brasileiros preparação e matricula, para cursos superiores. O objetivo desta reforma foi ensino

secundário, e propôs alteração curricular no Colégio D. Pedro II, passando –se a chamar até

1911 de Ginásio Nacional. Formação deveria ser de sete anos e trouxe naquele dado momento

histórico a laicização do ensino público brasileiro.

Com Lei Rivadávia Correia, ocorre preocupação de findar o caráter e função

propedêutica, no ensino secundário, com tempo de formação em externato de seis anos e

internato em quatro. E em 1915, com Reforma Carlos Maximiliano, a preparação para

avaliações começa a vigorar, com preparação fundamentada em preparar classe favorecida ao

ingresso nos vestibulares, passando ensino secundário a cinco anos de formação. Década mais

tarde, ocorre reforma João Luís Alves, o qual entendia o secundário superior como prepação

para mundo do trabalho, preparação para vida, assim em cinco anos discente detinha aprovação

e com mais seis anos, certificação de bacharel em Ciências e Letras.

Com fim da Primeira Republica, queda da Bolsa de Nova Iorque instabilidade

agroexportadora do Brasil, chegamos ao período da Revolução de 30, com fim Primeira

República. Durante este período de instabilidade a mesma instaurou se na educação, não tendo

medidas significativa no campo da mesma.

Sobres este período, Antônio Cândido, aponta sobre educação década de 1930:

Tratava-se de ampliar e “melhorar” o recrutamento da massa votante e

de enriquecer a composição da elite votada. Portanto, não era uma

revolução educacional, mas uma reforma ampla, pois o que concerne

ao grosso da população a situação pouco se alterou. Nós sabemos que

(ao contrário do que pensavam aqueles liberais)8 as reformas da

educação não geram mudanças essenciais na sociedade, porque não

modificam a sua estrutura e o saber continua mais ou menos como

privilégio. São as revoluções verdadeiras que possibilitam as reformas

de ensino em profundidade, de maneira a torná-lo acessível a todos,

promovendo a igualitarização das oportunidades. Na América Latina,

até hoje isto só ocorreu em Cuba a partir de 1959. (Candido, 1984, p.

28)

Então em 1932, com governo Provisório de Getúlio Vargas, são criados “cursos

complementares”, com proposta pedagógica diversificada, com Reforma Francisco

Universidade Estadual de Maringá, 11 a 14 de junho de 2018.

Campos.Com segunda Constituição, a educação fica a cargo do Estado, neste momento já

fruindo da democracia. Porém com “Estado Novo” em 1937, a educação fica a cargo da nação,

estados e municípios. Nesta a visão de estado se assemelha ao Estado neoliberal, o qual se

exime das políticas sociais, próximo a conjuntura da atualidade brasileira.

Ensino Médio – Curso Estudo Regular

O Ensino Médio brasileiro, se estrutura como curso regular, com Reforma Capanema

em 1942, emergindo os cursos colegiais, entre clássico e cientifico, com duração semelhante a

contemporaneidade, três anos, com formação em conhecimentos humanístico, cultural e

patriótico, como base para possível ensino superior. Sobre Reforma Capanema Cunha(2017)

atenta:

Se atentarmos para a articulação com os cursos superiores, veremos que

essa discriminação assumirá uma configuração especial. Na prática, e

na melhor das hipóteses, para os egressos da Formação Técnica e

Profissional restarão os cursos tecnológicos, mais curtos e específicos;

para os demais, cursos profissionais plenos e os bacharelados

interdisciplinares. Pode-se divisar uma correspondência com a

formatação da educação brasileira na legislação concebida por Gustavo

Capanema durante o Estado Novo. Com efeito, cada “lei” orgânica

referia-se à articulação do ramo de ensino em questão com o superior

(CUNHA, 2017, p. 379)

Já o ensino Técnico Profissionalizante era visto, como opção das classes mais baixas,

meio de formação para mercado de trabalho, mão de obra para sistema produtivo, sendo assim

os que “escolhiam” está formação era população mais carente, minguando neste processo

qualquer outra chance de ascender ao curso Universitário.

Desta forma, podemos observar Ensino Médio, excludente e com formações

fragmentadas, segmentadas em formação burguesa e operária. Uma para mundo do trabalho,

(atividade do pensar), outro mercado de trabalho (mão de obra). O que não é muito distante da

atual conjuntura brasileira 2017/2018 com “Base Ensino Médio.” Neste caminho, mensuramos

o que Suasnábar (2017), aponta como “fuetes signos de decomposicion social “los fuertes

signos de descomposición social ya no es un rasgo exclusivo del tercer mundo sino parte del

paisaje de los países centrales que se revela en la expansión de ideologías conservadoras,

nacionalista y xenófobas”

Nesta perspectiva Neves (2005, p. 26), chama atenção para pedagogia a hegemonia :

Universidade Estadual de Maringá, 11 a 14 de junho de 2018.

no decorrer do século XX, diante das mudanças qualitativas na

organização do trabalho e nas formas de estruturação do poder (...) suas

diretrizes e práticas, com o intuito de reajustar suas prá- ticas educativas

às necessidades de adaptação do homem individual e coletivo aos novos

requerimentos do desenvolvimento do capitalismo monopolista,

desenvolvendo, com essa finalidade, uma pedagogia da hegemonia à

qual se contrapõe “dado o caráter contraditório e conflituoso da

sociedade de classes (...) uma pedagogia da contra-hegemonia, por parte

das classes dominadas, sob a direção de partidos comprometidos com a

formação de uma outra sociabilidade”. (NEVES, 2005, p. 26-27)

O modelo preponderante de 1920, foi modificando pouco a pouco, e na educação o

desajuste como já mencionado, continuo a crescer frente a realidade social. A evasão escolar,

mostrava se crescente e em 1945, maioria dos alunos cursantes do secundário, não chegavam

ao Ensino Superior. Ocorreu neste período, forte incidência de fortalecer ensino médio

industrial, comercial e agrícola, visto que, escolas técnicas já existiam no século XIX, nascendo

este eixo os “S da educação”, com Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI e

Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC, ambos em 1942 e 1946.

LDB - Educação e suas Bases

Com fim dos regimes totalitários, Governo Vargas em 1945, findando Estado Novo,

porém em 1950, com regime democrático Vargas retorna ao governo. Período marcado, na

economia por monopólio estatal com Petróleo, com muita pressão para com sua saída, em 1954

o mesmo suicida-se, seguindo com Café Filho , governo de transição , com abertura do governo

ao capital estrangeiro e grandes movimentações populares.

No campo da Educação, em 1946 a Nova Constituição, retorna a princípios da Escola

Nova, com necessidade de regulamentação para educação, uma Lei de Diretrizes e Bases. A

mesma, foi aprovada em 1961, treze mais tarde, após um anteprojeto apresentado em 1948.Em

dezembro de 1961, com Lei 4.024 – Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

A Lei 4024 de 20 de dezembro de 1961, primeira fixação das Diretrizes e Bases da

Educação Brasileira, trazia em seu cerne sobre educação:

TÍTULO I Art. 1º A educação nacional, inspirada nos princípios de

liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por fim:

a) a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão,

do Estado, da família e dos demais grupos que compõem a comunidade;

b) o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais do homem;

Universidade Estadual de Maringá, 11 a 14 de junho de 2018.

c) o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade

internacional;

d) o desenvolvimento integral da personalidade humana e a sua

participação na obra do bem comum;

e) o preparo do indivíduo e da sociedade para o domínio dos recursos

científicos e tecnológicos que lhes permitam utilizar as possibilidades e

vencer as dificuldades do meio;

f) a preservação e expansão do patrimônio cultural;

g) a condenação a qualquer tratamento desigual por motivo de

convicção filosófica, política ou religiosa, bem como a quaisquer

preconceitos de classe ou de raça.

Observando, preocupação era direitos e deveres, caráter patriótico e que acima de tudo

o trabalho, ainda não era objetivo preponderante da educação. Sobre educação ensino médio,

no título VII, diz, artigo 33 “a educação de grau médio, em prosseguimento a ministração na

escola primária, destina-se à formação de adolescente”. Ou seja, está formação seria

continuação da vida escola das etapas do ser humano, primeira infância, infância, adolescência.

Com sequência, já no artigo 34, também fala-se da formação do curso secundário, para

fins pedagógicos e técnicos. Continuamos assim com formação fragmentada e aplicada por

níveis sociais.

Em 1964, temos as limitações e exclusões do estado de direito, com Golpe Militar,

nova conjuntura é formada, com censura da mídia, repressões e nova ordem social. Estes

elementos, marcam profundamente a educação e cultura brasileira.Com abertura ao capital

estrangeiro e vendas do patrimônio nacional, chamado de “milagre brasileiro”.

A educação, neste período fatídico, ponderada como meio de formação para trabalho,

além de meio de controle ideológico e com grupo dominante exercendo poder sobre demais,

sobre isto sinalizamos Gramsci (1978;1979)

as relações de organização internas e internacionais do Estado tornam-

se mais complexas e maciças, e a fórmula [...] da revolu- ção

permanente é elaborada e superada na ciência política pela fórmula da

“hegemonia civil”. Verifica-se na arte política aquilo que ocorre na arte

militar: a guerra de movimento transforma-se cada vez mais em guerra

de posição, podendo-se dizer que um Estado vence uma guerra quando

a prepara minuciosa e tecnicamente em tempos de paz. (GRAMSCI,

1978, p. 92)

Universidade Estadual de Maringá, 11 a 14 de junho de 2018.

Com está preponderarão da pedagogia da hegemonia, na educação houve aporte de

vários acordos com organizamos internacionais, como Agência para Desenvolvimento

Internacional- AID, vistos como MEC – Usaid. A presença internacional também já era parte

das políticas educacionais brasileira.

Foi fixado, neste momento histórico, a Lei 5692/71 Diretrizes e Bases para 1° e 2°

graus, é importante destacar, em atendimento a Constituição de 1967, indicativa obrigatória

para escola, dos 7 aos 14 anos, com obrigatoriedade ao 1° grau, (primário e ginásio) e

generalização do ensino profissional no 2° grau.

Entramos na década de 1980, com grande anseio e manifestações pela democracia e

reforma eleitoral. O voto democrático, ocorre com eleição de Fernando Collor Melo, pelo

mandato Sarney com emenda constitucional, para eleições diretas.

Com Proclamação da República, com 97 anos, eleita a Assembleia Nacional

Constituinte, promulgação de nova Constituição.

Nova República - Contemporaneidade - Base Nacional Comum Curricular da Educação

Com nova Constituição, educação entra no artigo 205, objetivando desenvolvimento

integral do cidadão, e direito de todos e dever do Estado e Família, com colaboração da

sociedade.

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,

será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando

ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da

cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Chegando década de 1990, já em 1996, é aprovada segunda Lei de Diretrizes e Bases

da Educação –LDB , posteriori a dez anos de tramitação no Congresso . Com nova diretriz,

educação formal passou a ser: educação infantil, fundamental. Médio e profissionalizante e

Ensino Superior.

Também houve determinação de parâmetros para educação nacional- PCN,

diferenciando métodos do ensino médio para ensino fundamental. E também as Diretrizes

Nacionais para Ensino Médio.

No ano 2000, temos em no Congresso Medidas como Pacto do Ensino Médio,

Programa do Novo Ensino Médio, trazendo de volta, agenda de Reformas no Ensino Médio.

Observando pela história, prática de Ensino Médio fragmentado e criado para classes mais e

Universidade Estadual de Maringá, 11 a 14 de junho de 2018.

menos favorecidas, não é algo novo no Brasil, muito pelo contrário é fato completamente

histórico, tal como Golpe de 64 e 2016.

E com ação de expansão do Ensino Médio, desde década de 1990, não podemos

compreender expansão com qualidade, são palavras completamente antônimas e ainda

equidistantes no Brasil. Segundo Krawczyz (2011)

O ensino médio representa apenas os três ou quatro últimos anos da

educação básica, mas talvez os mais controvertidos, o que traz

dificuldades no momento de definir políticas para essa etapa da

escolarização. Fala-se da perda da identidade, quando na verdade o

ensino médio nunca teve uma identidade muito clara, que não fosse o

trampolim para a universidade ou a formação profissional

E nesta controvérsia e falta de norte ou identidade, sobre Ensino Médio Brasileiro,

temos a história mais um vez, com “mais do mesmo” e passado reconstruído no presente , tal

como diz J. C. Reis

“o passado é delimitado, selecionado e reconstruído criticamente em

cada presente. Este sempre lança sobre o passado um olhar novo,

ressignificando-o No presente, o historiador se relaciona também com

o futuro: toma partido, vincula-se a planos e programas políticos, faz

juízos de valor e age. O desdobramento do tempo pode mudar o tipo de

qualidade da história. (...). Cada presente estabelece uma relação

particular entre passado e futuro, isto é, atribui um sentido ao

desdobramento da história, faz uma representação de si em relação às

suas alteridades. (REIS,1999, p. 174)

Assim com Medida Provisória após, Golpe de 2016 (após o impeachment de Dilma

Rousseff, e posse presidente Michel Temer) reforma completamente renegada pelos

movimentos sociais, do campo da educação, chega Medida Provisória (MP) nº 746/2016,

pontuava: “dispor sobre a organização dos currículos do ensino médio, ampliar

progressivamente a jornada escolar deste nível de ensino e criar a Política de Fomento à

Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral” (BRASIL, 2016a)”.

Pontos mais gritantes desta Reforma e incidência do País em ação educacional,

excludente e voltada para desvalorização da Educação Básica, entre ações como contração

docente para esta etapa educação básica por “notório saber”, “currículos flexíveis”, importante

salientar, estás “escolhas” serão de ofertar determinados saberes ou não, pelos sistemas e

Universidade Estadual de Maringá, 11 a 14 de junho de 2018.

instituições de ensino. “Estudante que escolhe”, tal como passa nas propagandas da grande

mídia, é mais uma falácia contada a classe trabalhadora.

Redução de conteúdos culturais e científicos, como retirada sociologia e filosofia,

afronta Lei de Diretrizes e Bases e Constituição Federal, menciona educação e universalização

do Ensino Médio, pela Lei 12.796/2013.

Modelo alicerçado por este Governo provisório, na figura do partido Neoliberal

voltado para elite, atendimento de interesses econômicos e arranjos internacionais, cerceando

toda e qualquer opção de progresso, para acesso da juventude ao mundo do trabalho e

conhecimentos produzidos pela humanidade, pela classe trabalhadora, rompendo com formação

integral e ominilateral.. Kuenzer (2017, p. 336), sobre redução de carga horária e formação

excludente assinala:

[...] a redução da formação comum a, no máximo, 1.800 horas, a

hierarquização das disciplinas e a escolha precoce por uma área

especializada de estudos em um período em que o jovem ainda está se

preparando para fazer suas escolhas, para o que necessita ter o maior

contato possível com as diferentes áreas. E o que é mais relevante: a

fragmentação passa a substituir a proposta de diretrizes anterior, cujo

eixo era a integralidade da pessoa humana e, portanto, sua formação

integral (KUENZER, 2017, p. 336).

Ainda conformes autora, acima e fazendo uma releitura histórico, do processo de

Reforma do Ensino Médio no Brasil, grande chance esta reforma, ser contenda as demandas do

ensino superior, rememorando características da Reforma de 1942 – Capanema.

Kuenzer(2017), chama atenção, certificados habilitam porém conteúdo cursado não:

Todos os certificados habilitam à continuidade de estudos no ensino

superior, contudo o itinerário cursado reduz as possibilidades de

sucesso em processos seletivos para áreas diferentes da cursada, o que

levará os alunos a frequentarem cursos preparatórios, que acabam sendo

incentivados pela nova proposta (KUENZER, 2017, p. 335)

Esta reforma, indica além de grandes alterações curriculares e concepção formação

humana, também mudança de estrutura. Observe Art.36 LDB 9.394/96 com nova redação:

§ 10. Além das formas de organização previstas no art. 23, o ensino

médio poderá ser organizado em módulos e adotar o sistema de créditos

com terminalidade específica.

§ 11. Para efeito de cumprimento das exigências curriculares do ensino

médio, os sistemas de ensino poderão reconhecer competências e firmar

convênios com instituições de educação a distância com notório

reconhecimento, mediante as seguintes formas de comprovação:

Universidade Estadual de Maringá, 11 a 14 de junho de 2018.

I - demonstração prática;

II-experiência de trabalho supervisionado ou outra experiência

adquirida fora do ambiente escolar;

III - atividades de educação técnica oferecidas em outras instituições

de ensino credenciadas;

IV - cursos oferecidos por centros ou programas ocupacionais;

V - estudos realizados em instituições de ensino nacionais ou

estrangeiras;

VI - cursos realizados por meio de educação a distância ou educação

presencial mediada por tecnologias (BRASIL, 1996).

Observando, diferentes modalidades e organização desta etapa educacional, com

variadas possibilidades, quisá permissível até educação a distância no ensino médio, abrindo

grande chance ensino médio, se tornar serviço do grande capital, por convênios, parcerias etc.

Para com Formação de Professores, é notável dizer desvalorização docente, devido a falta de

garantias de formação escolares e por licenciados, visto também reforma nos cursos de

Licenciaturas, reforma deixa implícito em seu conteúdo. Freitas (2007) retira a importância do

conhecimento teórico

A redução do espaço dos fundamentos epistemológicos e científicos da

educação nos processos formativos, e a prevalência de uma concepção

conteudista e pragmática de formação de professores, ancoradas na

epistemologia da prática e na lógica das competências, vem produzindo

novas proposições para as licenciaturas que se desenvolvem no interior

dos programas de educação à distância” (FREITAS, 2007, p. 1211-

1212)

Assim podemos conceber, criação de Base Nacional Curricular Comum- BNCC, para

educação brasileira e para formação de professores, com cursos de formação continuada de

docentes, como meio de concretizar a reforma, visando formação pragmática, aligeirada de

modo a oferecer formações a distância, frutos de parcerias públicos –privada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em uma releitura histórica, nas Reformas Brasileiras, percebemos, desde sempre viés

fragmentário a políticas educacionais e educação como instrumento das classes dominantes e

de controle ideológico. As reformas inicias, detinham caráter conservacionista, dos tempos da

Universidade Estadual de Maringá, 11 a 14 de junho de 2018.

Primeira Republica, e na linha do tempo, exceto governo Partido dos Trabalhadores-PT (2003-

2015), não alçamos avanços ou alguma disparidade em contexto neoliberal, de formação

fragmentada, unilateral e segmentada por classes sociais.

Reverberando interesses, do setor privado prevalecem na educação, em especial, do

empresariado brasileiro, para com parcerias públicas privadas, contribuem significativamente

para agravamento da escola pública brasileira, com Ensino Médio deficitário, profissionais mal

remunerados e desvalorizados, infraestrutura e aprendizagem ruim, habilitados por hegemonia

formativa de controle ideológico da juventude trabalhadora.

Reforma retoma currículo minimalista e com grande possibilidade de exploração da

força de trabalho da juventude trabalhadora, maquiada por: “capacitações e aprendizado no

mercado de trabalho, deixando em voga política educacional economicista e instrumental. E a

mencionada e garantida por Lei, universalização do ensino médio, passa a ser cada dia mais,

um vir a ser, utopia em modelo governo neoliberal, onde educação predomina teoria do capital

humano, como fonte de competência e habilidades para mercado de trabalho (Cancio, 1992).

Por fim, discutir currículo, desde surgimento desta etapa da educação básica, aja vista

toda sua históriedade e contrariedade, é necessário refletir sobre que homem se deseja formar,

e qual modelo de sociedade a escola construirá. Neste artigo, trazemos ao debate a defesa da

concepção sócio histórica da educação e formação integral, ominilateral da juventude

trabalhadora, por mais que estes pontos estejam no campo da utopia, mensuramos direitos

devem ser garantidos, ao acesso ao conhecimento histórico, cientifico e cultural, necessários a

formação do mundo do trabalho e prosseguimento a outros níveis de estudo. Ademais enquanto

a Constituição, não for “desconstruída” seguimos defendendo e lutando por este ideal.

Universidade Estadual de Maringá, 11 a 14 de junho de 2018.

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