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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS
ENGENHARIA AMBIENTAL
RENAN FERNANDES
Projeção do mercado de energia elétrica brasileiro e
avaliação da segurança energética
São Carlos - SP
2014
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RENAN FERNANDES
Projeção do mercado de energia elétrica brasileiro e
avaliação da segurança energética
Monografia apresentada ao curso de
Engenharia Ambiental da Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade
de São Paulo
Orientador: Prof. Assoc. Frederico Fabio
Mauad
São Carlos - SP
2014
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho ao Renato, a Angela, Lívia e Laís. Não poderia esquecer da
minha mãe, a Vera, que há tanto se foi, mas que sempre estará olhando por mim.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço à toda minha família por todo suporte e carinho que sempre me
forneceram. Vocês são a razão de minha existência.
Aos amigos que sempre estiveram ao meu lado desde os momentos mais felizes até
os mais tristes, Leandro Rennó, Matheus Furtado, Eli Senna, Eduardo Ribeiro, André
Sonnewend, Leo Takeshi, entre outros. Eu os considero parte de minha família.
À todos os membros da “família” Fura Zoio, com os quais morei durante toda
minha vida universitária e com os quais aprendi grande parte das lições mais valiosas e
que irei carregar por toda minha vida.
Não poderia esquecer da pessoa que esteve ao meu lado por boa parte da minha
vida acadêmica e que me ajudou a superar os principais obstáculos nessa jornada.
Fernanda, você me fez crescer e a você lhe devo muito.
Por fim, mas não menos importante, agradeço ao Professor Fred pela oportunidade
e por confiar que poderíamos fazer um bom trabalho juntos. Obrigado!
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RESUMO
FERNANDES, R., Projeção do mercado de energia elétrica brasileiro e avaliação
da segurança energética. 2014.Monografia (Graduação em Engenharia Ambiental) –
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014
A disponibilidade energética é um bem básico para as atividades de qualquer sociedade
moderna e a universalização da mesma é essencial na melhoria da qualidade de vida e
na erradicação da pobreza. Tal relação com o desenvolvimento econômico torna a
energia um dos temas mais importantes do ponto de vista estratégico na agenda dos
países.
Quando o devido planejamento para o setor energético não é feito de forma correta,
corre-se o risco do país, devido um desabastecimento de energia, entrar em recessão
econômica ou até mesmo sofrer uma instabilidade política, além de ver sua população
sem acesso à energia elétrica. O Brasil passou por tal situação em 2001, quando ocorreu
a chamada crise do “apagão”, quando o país se viu obrigado a promover um forte
racionamento de energia.
Desde então foram feitos diversos investimentos no setor, porém muitos deles não
foram concluídos. Além disso, a matriz energética brasileira continua com uma grande
concentração na geração de energia a partir da hidroeletricidade, podendo sofrer com
períodos de forte estiagem, semelhante ao oque ocorreu ao fim de 2013 e 2014.
O presente trabalho visa, através da elaboração de cenários futuros, analisar de forma
crítica como se comportará o consumo e a oferta de energia até 2020 considerando o
contexto socioeconômico atual e a capacidade do governo em executar os investimentos
no setor energético.
Através dessa perspectiva é possível analisar a taxa de expansão da geração de energia e
confrontar com o crescimento do consumo e a evolução do fator de capacidade do
parque gerador brasileiro. Tais indicadores podem nos oferecer uma perspectiva mais
clara se há um aumento do risco de desabastecimento de energia até 2020.
Palavras-chave: Mercado de energia, Consumo de energia elétrica, Oferta de energia elétrica,
Projeção da demanda, Elasticidade-renda do consumo de energia
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ABSTRACT
FERNANDES, R., Projection of the brazilian energy market and energy security
assessment. 2014. Dissertation (Bachelor of Environmental Engineering) – Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014
The electricity is an essential good in any modern society. Its universalization is key to
a better quality of life and in the poverty eradication. Thus, this relationship with
economic development makes energy one of the most important topics in any country’s
agenda.
When energetic planning is not efficiently executed, the country could become
vulnerable to electricity shortages and thus see its population without access to
electricity. A similar situation occurred in Brazil during 2001, where the country went
through a severe energy rationing.
Since then, significant investments were made in this sector to expand the energy offer,
although many of them have not been successful. Furthermore, the Brazilian energy
matrix is largely concentrated in hydropower, which can expose the country to
electricity shortages during strong period of extreme drought.
In this sense, this work focuses on projecting future scenarios to critically evaluate and
analyze the behavior of energy consumption and offering until 2020 considering
macroeconomics and the government capabilities of making investments in this sector.
After this analysis, it is possible to evaluate the rate of energy offering expansion and
match this data with the growth of energy consumption. This work will also evaluate the
evolution of the capacity factor to offer a better perspective of energy sector in Brazil
and finally discuss if the country will be facing an increase of energy shortage risk until
2020.
Keywords: Energy market, Energy consumption, Energy offering, Projected demand, Income
elasticity of energy consumption.
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Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 25
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA DA PESQUISA ................................................. 25
1.2. JUSTIFICATIVA DA PESQUISA ................................................................................. 27
2. OBJETIVO .......................................................................................................................... 27
2.1. DECLARAÇÃO DOS OBJETIVOS DA PESQUISA ................................................... 27
3. METODOLOGIA ............................................................................................................... 27
3.1. RELATÓRIOS GOVERNAMENTAIS E INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO
DO SETOR PÚBLICO ............................................................................................................... 28
3.1.1. PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA (PDE) ................................... 29
3.2. PROJEÇÃO DA DEMANDA DE ENERGIA ................................................................ 34
3.3. PROJEÇÃO DA OFERTA DE ENERGIA ..................................................................... 40
3.3.1. ANÁLISE HISTÓRICA DA POTÊNCIA INSTALADA E PANORAMA ATUAL 40
3.3.2. GERAÇÃO DE CENÁRIOS FUTUROS ................................................................... 42
4. RESULTADOS ................................................................................................................... 45
4.1. PROJEÇÃO DA DEMANDA DE ENERGIA ................................................................ 45
4.1.1. CENÁRIO ELASTICIDADE ƞ = 1,0 ......................................................................... 46
4.1.2. CENÁRIO ELASTICIDADE ƞ > 1,0 ......................................................................... 48
4.1.3. CENÁRIO ELASTICIDADE ƞ < 1,0 ......................................................................... 49
4.1.4. CONSOLIDAÇÃO DOS CENÁRIOS DE DEMANDA ............................................ 51
4.2. PROJEÇÃO DA OFERTA DE ENERGIA ..................................................................... 52
4.2.1. CENÁRIO CONSERVADOR .................................................................................... 52
4.2.2. CENÁRIO OTIMISTA ............................................................................................... 54
4.3. AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA ENERGÉTICA ....................................................... 56
4.3.1. AVALIAÇÃO DO CENÁRIO CONSERVADOR ..................................................... 56
4.3.2. AVALIAÇÂO DO CENÁRIO OTIMISTA................................................................ 60
4.3.3. CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................................. 63
4.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 64
5. REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 66
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Lista de Gráficos
Gráfico 1: Evolução histórica: Consumo energia x PIB. ....................................................... 38
Gráfico 2: Distribuição da potência instalada por tipo de fonte - Novembro de 2014 ........ 41
Gráfico 3: Evolução da Capacidade Instalada Nacional - 2001 a 2013 (Fonte: ANEEL,
outubro de 2014). ....................................................................................................................... 42
Gráfico 4: Projeção da demanda de energia com autoprodução (ƞ = 1,0). .......................... 46
Gráfico 5: Projeção da demanda de energia sem autoprodução (ƞ = 1,0). .......................... 47
Gráfico 6: Projeção da carga de energia (ƞ = 1,0). ................................................................. 47
Gráfico 7: Projeção da demanda de energia com autoprodução (ƞ > 1,0). .......................... 48
Gráfico 8: Projeção da demanda de energia sem autoprodução (ƞ > 1,0). .......................... 49
Gráfico 9: Projeção da carga de energia (ƞ > 1,0). ................................................................. 49
Gráfico 10: Projeção da demanda de energia com autoprodução (ƞ < 1,0). ........................ 50
Gráfico 11: Projeção da demanda de energia sem autoprodução (ƞ < 1,0). ........................ 51
Gráfico 12: Projeção da carga de energia (ƞ < 1,0). ............................................................... 51
Gráfico 13: Expansão da capacidade instalada de 2014 a 2020 – Cenário conservador. ... 53
Gráfico 14: Expansão da capacidade instalada de 2014 a 2020 – Cenário otimista. ........... 54
Gráfico 15: Evolução do Fator de Capacidade - Cenário conservador (n = 1,0). ................ 57
Gráfico 16: Evolução do Fator de Capacidade das UHEs - Cenário conservador (n = 1,0).
..................................................................................................................................................... 57
Gráfico 17: Evolução do Fator de Capacidade - Cenário conservador (n > 1,0). ................ 58
Gráfico 18: Evolução do Fator de Capacidade das UHEs - Cenário conservador (n > 1,0).
..................................................................................................................................................... 58
Gráfico 19: Evolução do Fator de Capacidade - Cenário conservador (n < 1,0). ................ 59
Gráfico 20: Evolução do Fator de Capacidade das UHEs - Cenário conservador (n < 1,0).
..................................................................................................................................................... 59
Gráfico 21: Evolução do Fator de Capacidade - Cenário otimista (n = 1,0). ....................... 60
Gráfico 22: Evolução do Fator de Capacidade das UHEs - Cenário otimista (n = 1,0). ..... 60
Gráfico 23: Evolução do Fator de Capacidade - Cenário otimista (n > 1,0). ....................... 61
Gráfico 24: Evolução do Fator de Capacidade das UHEs - Cenário otimista (n > 1,0). ..... 61
Gráfico 25: Evolução do Fator de Capacidade - Cenário otimista (n < 1,0). ....................... 62
Gráfico 26: Evolução do Fator de Capacidade das UHEs - Cenário otimista (n < 1,0). ..... 62
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19
Lista de Tabelas
Tabela 1: Consumo de eletricidade na rede ............................................................................ 31
Tabela 2: Evolução da Capacidade Instalada ......................................................................... 31
Tabela 3: Participação relativa dos tipos de fontes ................................................................ 32
Tabela 4: Exemplo do cálculo de elasticidade......................................................................... 35
Tabela 5: Evolução histórica da elasticidade-renda do consumo de energia ....................... 37
Tabela 6: Elasticidade-renda média por período ................................................................... 38
Tabela 7: Premissas de projeção da demanda – Cenários futuros ....................................... 40
Tabela 8: Capacidade instalada atual - Empreendimento em operação (Novembro de
2014) ........................................................................................................................................... 41
Tabela 9: Capacidade de geração prevista para entrar em operação até 2020 –
Empreendimentos com alta viabilidade .................................................................................. 43
Tabela 10: Capacidade de geração prevista para entrar em operação até 2020 –
Empreendimentos com média viabilidade .............................................................................. 43
Tabela 11: Capacidade de geração prevista para entrar em operação até 2020 –
Empreendimentos com alta e média viabilidade .................................................................... 45
Tabela 12: Projeção da carga de energia (MW) - Consolidação dos cenários ..................... 52
Tabela 13: Distribuição da potência instalada - Cenário conservador ................................ 53
Tabela 14: Distribuição da potência instalada - Cenário otimista ........................................ 55
Tabela 15: Consolidação dos Cenários de Fator de Capacidade - Parque gerador total. .. 63
Tabela 16: Consolidação dos Cenários de Fator de Capacidade - Usinas Hidrelétricas. ... 63
20
21
Lista de Figuras
Figura 1: Consumo de energia per capita versus renda per capita – A escada da energia
(Fontes: ALQUÉRES, Energia para gerações, pág. 29). ....................................................... 25
Figura 2: Metodologia da pesquisa .......................................................................................... 28
Figura 3: Representação esquemática da projeção da demanda de energia do PDE 2022
(Fonte: BRASIL, 2013). ............................................................................................................ 33
Figura 4: Evolução da elasticidade-renda em países desenvolvidos (Fonte: IEA Statistics,
2006 apud EPE, 2008, p.7). ....................................................................................................... 36
Figura 5: Critérios de classificação da viabilidade dos empreendimentos (Fonte: ANEEL).
..................................................................................................................................................... 43
22
23
Lista de Abreviaturas e Siglas
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
BEN – Balanço Energético Nacional
CMA – Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle
EOL – Central de Geração Eólica
EPE – Empresa de Pesquisa Energética
FMI – Fundo Monetário Internacional
MEN – Matriz Energética Nacional
MME – Ministério de Minas e Energia
ONS – Operador Nacional do Sistema
PAC – Programa de Aceleração do Crescimento
PCH – Pequena Central Hidrelétrica
PDE – Plano Decenal de Energia
PIB – Produto Interno Bruto
PNE – Plano Nacional de Energia
SIN – Sistema Interligado Nacional
SOL – Central de geração Fotovoltaica ou Solar
UHE – Usina Hidrelétrica
UTE – Usina Termoelétrica
UTN – Usina Termonuclear
24
25
1. INTRODUÇÃO
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA DA PESQUISA
A energia é indispensável para as atividades humanas. A evolução da sociedade,
passando desde a sociedade primitiva até o que conhecemos hoje, está intimamente
relacionada ao consumo de energia. (GOLDEMBERG, 2003, p. 44).
O desenvolvimento econômico está intimamente relacionado ao consumo
energético. Tal relação estreitou-se ainda mais a partir da revolução industrial, onde o
aumento da demanda energética para suportar o crescimento econômico resultou em um
rápido crescimento do uso de combustíveis fósseis (SOUZA, 2012, p. 17).
A energia elétrica, portanto, é insumo fundamental para o funcionamento dos
principais setores de uma economia moderna, desde indústrias, comércio e serviços, até
iluminação residencial e pública. Através da Figura 01 observa-se a relação entre
consumo de energia e Produto Interno Bruto per capita (PIB per capita). Os países
desenvolvidos possuem alto PIB per capita e consequentemente maior consumo de
energia em relação aos outros países.
Figura 1: Consumo de energia per capita versus renda per capita – A escada da energia (Fontes:
ALQUÉRES, Energia para gerações, pág. 29).
O aumento da energia disponível e consequentemente seu consumo é fundamental
não apenas para garantir o progresso econômico, mas também para proporcionar meios
26
para melhorar a qualidade de vida da população, sendo elemento importantíssimo na
erradicação da pobreza (GOLDEMBERG; MOREIRA, 2005).
Portanto, é razoável concluir que o planejamento do setor energético é uma etapa
imprescindível não apenas na agenda de crescimento de um país como também pela
própria segurança energética do mesmo, e que envolve um alto grau de complexidade e
pesquisa.
O objetivo do planejamento do setor energético é, de forma simplificada, o estudo
da relação entre a oferta e a demanda de energia elétrica em um horizonte de tempo.
Após essa etapa, é responsabilidade do poder público executar o planejamento
principalmente no que se refere ao incentivo a investimentos em geração de energia, ou
seja, aumento da oferta.
O aumento do risco de um desabastecimento de energia pode ocorrer basicamente
por dois motivos: não execução dos investimentos planejados para suportar a demanda e
diversificação da matriz energética; e um crescimento econômico muito superior ao
esperado. Segundo LONGO (2009, p. 229), o Brasil poderia sofrer um risco de
desabastecimento caso crescesse a uma média superior à 6% ao ano entre 2010 e 2014.
O Brasil passou por um desabastecimento de energia durante o ano de 2001 quando
ocorreu o chamado “apagão” causado, em parte, devido uma severa estiagem ocorrida
no ano anterior. Como matriz de energia elétrica brasileira era e ainda é, em menor grau,
altamente dependente da hidroeletricidade, o país foi surpreendido por um
desabastecimento de energia elétrica que provocou um racionamento generalizado.
Em decorrência desses eventos aumentou-se a preocupação em evitar um novo
“apagão” e na última década o planejamento energético ganhou maior relevância e
foram feitos grandes investimentos na construção de importantes usinas hidrelétricas,
como Jirau e Belo Monte que, mesmo diante das enormes polêmicas ao redor de seus
projetos, obtiveram as licenças para sua construção.
Porém apenas o planejamento não resolve todos os problemas, é necessário antes de
tudo que o mesmo seja executado e que os investimentos no setor sejam feitos dentro do
horizonte e na quantidade prevista para evitar um aumento do risco de desabastecimento
energético no país.
Em relação aos investimentos feitos nos últimos anos no setor energético, é
importante destacar o “Programa de Aceleração do Crescimento 2” (PAC 2). O PAC 2 é
a segunda fase de um programa governamental que tem por objetivo fundamental
retomar o planejamento e execução de grandes projetos de infraestrutura no país. A
segunda fase foi lançada em 2010 e previa investimentos em infraestrutura da ordem de
R$ 955 bilhões até o fim de 2014, e adicionais R$ 630 bilhões após esse ano (Relatório
– Lançamento PAC 2, Acesso em 20 de novembro de 2014).
Apesar dos vultosos investimentos do PAC 2, pouco foi concluído e estima-se que
apenas 35% dos projetos referentes ao setor energético, chamado Eixo Energia, haviam
27
sido concluídos ao fim de 2013. Desse montante, destacam-se os projetos de geração de
energia não hidráulica que nem sequer foram iniciados como 45 usinas eólicas. Das 177
iniciativas de transmissão de energia, 26,5% sequer saíram das burocracias iniciais
(Portal Contas Abertas, agosto de 2014).
1.2. JUSTIFICATIVA DA PESQUISA
Tem sido observado nos últimos anos uma incapacidade do setor público em
executar os investimentos no setor energético, tanto em termos de quantidade prevista
como prazo de execução, principalmente em relação ao aumento da oferta mas também
do ponto de vista do aumento da eficiência energética.
Nesse sentido, torna-se extremamente importante avaliar a projeção da oferta de
energia do ponto de vista da probabilidade real da execução de investimentos no setor
visando, desse modo, uma maior perspectiva da segurança energética do país nos
próximos anos.
2. OBJETIVO
Este trabalho tem por objetivo entender, através dos instrumentos governamentais
de planejamento do setor energético e da elaboração de cenários futuros do consumo e
da oferta energética, como se comportará o mercado de energia nos próximos anos e
avaliar a segurança energética do país. Ou seja, tentar-se-á responder de forma
qualitativa e quantitativa a seguinte pergunta:
Qual o risco de desabastecimento de energia até 2020?
2.1. DECLARAÇÃO DOS OBJETIVOS DA PESQUISA
Esta meta pode ser atingida a partir dos seguintes objetivos específicos:
Avaliar o risco de desabastecimento energético para um cenário futuro,
através do estudo da oferta e consumo energético em conjunto ao contexto
socioeconômico;
Gerar cenários futuros para uma análise de projeções que sirvam de subsídio
para a proposição de ações no setor.
3. METODOLOGIA
28
Para a elaboração das projeções desenvolveu-se uma metodologia que segmenta as
análises em três partes, cada uma com suas particularidades e premissas, enquanto que
ao longo do processo compara-se as análises realizadas com relatórios governamentais
do setor, elaborados principalmente pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e a
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Figura 2: Metodologia da pesquisa
3.1. RELATÓRIOS GOVERNAMENTAIS E INSTRUMENTOS DE
PLANEJAMENTO DO SETOR PÚBLICO
Nesse tópico analisar-se-á brevemente os principais instrumentos de planejamento
governamental do setor energético com ênfase ao Plano Decenal de Expansão de
Energia (PDE).
No setor energético compete ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) o
estabelecimento de políticas e diretrizes para o desenvolvimento. Tal conselho, que é
presidido pelo Ministério de Minas e Energia (MME), é responsável pelas principais
atividades de planejamento do setor energético e conta com a colaboração de outros
órgãos como a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) que está relacionada com as
pesquisas e estudos que subsidiam a formulação do planejamento.
Segundo documento apresentado por Márcio Zimmermann1 na Comissão de Meio
Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) em 2007, podemos
dividir o processo de planejamento atual em duas etapas:
Etapa de “visão estratégica”: elaboração de estudos de longo prazo (até 30
anos);
1 Márcio Pereira Zimmermann: ex-secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético e ex-ministro de Minas e Energia. Atualmente faz parte da secretária executiva do MME.
29
Etapa de “visão de programação”: elaboração de estudos de curto prazo (até
10 anos).
Cada uma dessas etapas gera produtos específicos que irão direcionar o
planejamento energético. No que refere-se à etapa de visão estratégica, os principais
produtos são:
Plano Nacional de Energia (PNE): instrumento principal de planejamento
de longo prazo que trabalha com um horizonte de 30 anos, com o objetivo
de orientar estrategicamente as tendências e as alternativas de demanda e
consumo de energia nas próximas décadas;
Balanço Energético Nacional (BEN): documenta e divulga anualmente a
contabilidade relativas à oferta e consumo de energia no Brasil sendo
fundamental como subsídio para todas atividades de planejamento;
Matriz Energética Nacional (MEN): compõe junto com o PNE o par de
relatórios que consolidam os estudos desenvolvidos sobre a expansão da
oferta e consumo de energia no longo prazo (MME, 2007).
Esses relatórios servem de referência e fornecem diretrizes para os produtos da visão
de programação, que tem como principal produto o PDE.
O PDE é um documento elaborado em conjunto pelo MME e a EPE desde 2006 que
tem por objetivo detalhar as metas e definir os projetos a serem executados nos
próximos 10 anos dentro do setor energético. De forma geral, o PDE visa apontar quais
serão os rumos do setor no curto e médio prazo.
Como o objetivo desse estudo é avaliar a segurança energética até 2020, será dado
maior ênfase ao Plano Decenal de Expansão de Energia como instrumento de
referência, com análise mais detalhada do PDE 2022 nos próximos tópicos.
3.1.1. PLANO DECENAL DE EXPANSÃO DE ENERGIA (PDE)
O PDE tem o objetivo fundamental de apontar de forma relativamente precisa as
tendências do mercado energético dentro de um horizonte de 10 anos. Com isso ele é
capaz de definir as metas e os projetos que devem ser executados dentro desse
horizonte.
A partir de 2007 os planos decenais ampliaram a abrangência de estudos
incorporando uma visão mais integrada da demanda e oferta de diversos energéticos e
não apenas a energia elétrica. Portanto, é um estudo de alta complexidade e pesquisa
(BRASIL, 2013).
30
Um dos principais pontos do PDE é o seu equilíbrio com as projeções econômicas
que constitui-se em uma das variáveis mais importantes para a projeção do consumo de
energia. Com isso, o plano visa fazer essa relação entre crescimento econômico
esperado e a necessária expansão da oferta de energia de forma a garantir à sociedade a
segurança energética adequada. (BRASIL, 2013).
Atualmente o PDE abrange todas as diversas fontes energéticas sendo, portanto, um
estudo bastante amplo. Nesse estudo o foco será apenas os resultados referentes ao
consumo e oferta de energia elétrica.
Antes da análise específica dos resultados, é conveniente entender como é a
estrutura atual do relatório. Ele basicamente divide-se em 5 partes, a saber (BRASIL,
2013):
Premissas básicas: nessa primeira etapa são estabelecidas as principais
premissas que irão balizar as projeções de consumo e oferta de energia. Essa
etapa é extremamente importante pois, devido o horizonte de dez anos do
estudo, é necessário estabelecer premissas que sejam consistentes e próximas
da realidade dentro desse período;
Projeção da demanda: com a definição de premissas relativas ao
crescimento econômico, demográfico, estudos setoriais e premissas de
eficiência energética, é possível projetar a demanda de energia durante
período do estudo;
Oferta de energia elétrica: nessa seção são feitas as principais
considerações relacionadas à geração e transmissão de energia. Notadamente
a projeção da oferta se baseia na demanda estimada e a partir disso, projeta a
expansão da geração e transmissão de energia;
Oferta de outras fontes energéticas: projeta como se comportará a oferta
de outras fontes de energia, como a produção de petróleo e derivados, gás
natural e biocombustíveis;
Aspectos de sustentabilidade: apresenta considerações sobre o aumento da
eficiência energética e a eficiência de geração, seguida de uma análise
socioambiental que leva em consideração os impactos socioambientais das
diversas fontes de energia. Um dos parâmetros utilizados nessa etapa é a
Política Nacional sobre Mudança Climática que estabelece diversas metas a
serem perseguidas.
Como observado, a análise dos resultados focará exclusivamente no consumo e
oferta de energia elétrica. A seguir serão apresentados os principais resultados do PDE
31
2022 em uma visão mais ampla. Na Tabela 1 é possível observar o consumo de
eletricidade na rede por classe no período entre 2014 e 2020.
Tabela 1: Consumo de eletricidade na rede
(Fonte: BRASIL, 2013).
Pode-se observar que o consumo de energia estimado no período cresce, em média,
4,1% ao ano. É importante destacar que o dado de consumo de eletricidade na rede não
inclui a parcela responsável pela autoprodução de energia elétrica.
Autoprodutor é, segundo a ANEEL (novembro de 2014), a pessoa física ou jurídica
ou empresas reunidas em consórcio que recebem concessão ou autorização para
produzir energia elétrica destinada ao seu uso exclusivo.
De acordo com a estimativa feita pelo PDE 2022, o setor residencial e comercial é
responsável pela maior taxa de crescimento ao ano com 4,3% e 5,8% respectivamente.
É interessante destacar que o setor industrial é o que apresenta menor perspectiva de
crescimento, o que pode ser, em parte, explicado pelo aumento da autoprodução nesse
setor.
Tabela 2: Evolução da Capacidade Instalada
(Fonte: BRASIL, 2013).
Na Tabela 2 é possível observar a evolução da capacidade instalada segmentada por
fontes de geração renováveis e não renováveis, baseado no acréscimo de potência dos
projetos de geração em execução e planejados no período. Em uma análise preliminar
observa-se a redução da parcela das fontes não renováveis na matriz energética.
Lembrando que “Outras” fontes renováveis engloba todas aquelas que não as fontes de
geração hídrica, como a biomassa, solar e eólica.
Variação (% a.a)
Consumo em TWh 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2014-2020
Residencial 127 133 139 145 151 158 164 4,3%
Industrial 198 205 212 220 227 234 242 3,4%
Comercial 88 93 99 104 110 117 124 5,8%
Outros 73 76 79 82 84 88 91 3,6%
Total 201 209 218 227 236 245 255 4,1%
Variação (% a.a)
Valores em MW 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2014-2020
Renováveis 112.212 118.930 124.278 129.582 136.377 140.022 144.687 4,3%
Hidroelétrica 90.606 94.724 98.389 102.157 106.940 108.515 111.090 3,5%
Outras 21.606 24.206 25.889 27.425 29.437 31.507 33.597 7,6%
Não renováveis 22.905 22.998 22.998 22.998 24.903 25.103 25.503 1,8%
Total 135.117 141.928 147.276 152.580 161.280 165.125 170.190 3,9%
32
Tal observação é confirmada pela Tabela 3, que apresenta a participação relativa
das fontes, em termos percentuais, na capacidade total instalada. Essa redução das
fontes não renováveis visa atingir as metas estabelecidas na Política Nacional sobre
Mudança Climática.
Tabela 3: Participação relativa dos tipos de fontes
(Fonte: BRASIL, 2013).
Mesmo com a diminuição da participação das fontes não renováveis, podemos
observar que a parcela da fonte hidroelétrica tende a reduzir, porém deverá ser
responsável pela grande parcela da capacidade instalada respondendo por mais de 65%.
Se for considerada a capacidade instalada de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs)
esse número deverá corresponder a quase 70% até 2020.
Em linhas gerais pode-se concluir sobre a PDE 2022 que haverá uma expansão
expressiva da demanda de energia, crescendo em média 4,1% no período. Também é
possível observar pela projeção, que a oferta deve diminuir a representatividade das
fontes não renováveis mas continua significativamente dependente da hidroeletricidade.
3.1.1 DEMANDA SEGUNDO PDE
De acordo com o relatório do Plano Decenal de Expansão de Energia, o processo de
previsão da demanda envolve, principalmente, as seguintes etapas:
(a) Diagnóstico dos anos base das projeções, tendo como referência os dados de
oferta e demanda de energia do Balanço Energético Nacional 2012 – ano base 2011;
(b) Avaliação do impacto do cenário macroeconômico sobre o nível de atividade dos
setores agropecuário, industrial e de serviços, assim como sobre o perfil de consumo das
famílias;
(c) Avaliação do impacto das premissas setoriais sobre o consumo industrial de
energia, com a participação das entidades de classe no apoio à formulação dos cenários
setoriais;
(d) Elaboração da projeção da demanda de energia setorial por fonte;
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Renováveis 83,0% 83,8% 84,4% 84,9% 84,6% 84,8% 85,0%
Hidroelétrica 67,1% 66,7% 66,8% 67,0% 66,3% 65,7% 65,3%
Outras 16,0% 17,1% 17,6% 18,0% 18,3% 19,1% 19,7%
Não renováveis 17,0% 16,2% 15,6% 15,1% 15,4% 15,2% 15,0%
Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
33
(e) Análise de consistência e consolidação da demanda de energia, e
(f) Elaboração da projeção da matriz energética brasileira, relacionando os
principais setores de consumo com as demandas de cada uma das fontes energéticas.
Na Figura 3 a seguir é possível visualizar como se relaciona cada etapa durante o
processo de projeção:
Figura 3: Representação esquemática da projeção da demanda de energia do PDE 2022 (Fonte:
BRASIL, 2013).
É interessante observar o nível de detalhe da projeção da demanda de energia que
envolve premissas de demanda setoriais, por cada tipo de fonte energética e, para
algumas fontes energéticas, como a eletricidade, requerem nível mais detalhado quanto
à localização das demandas fazendo com que nesses casos as projeções sejam
elaboradas no nível regional.
Observando a Figura 3 é possível perceber a importância da etapa de definição das
premissas, o qual tem como principal etapa a definição do cenário macroeconômico de
referência. Tais premissas são a base de todo o processo de elaboração das projeções de
demanda.
Explorando mais especificamente o processo de projeção de consumo de energia
elétrica, que é o objeto desse estudo, o PDE 2022 realiza essa projeção de forma
desagregada por subsistema elétrico e por classe de consumo (principalmente
residencial, industrial e comercial), utilizando as premissas demográficas,
macroeconômicas, setoriais, de autoprodução e de eficiência energética.
34
Após essa rápida análise da metodologia utilizada no PDE, pode-se apresentar a
metodologia de projeção da demanda utilizada no presente estudo, o qual terá enfoque
considerável no conceito de elasticidade-renda do consumo de energia.
3.2. PROJEÇÃO DA DEMANDA DE ENERGIA
Nesse capítulo será abordada a metodologia utilizada para a elaboração da projeção
do consumo de energia elétrica até o ano de 2020. Tal metodologia visa, a partir da
relação entre desenvolvimento econômico e consumo de energia, elaborar cenários
futuros de projeção da demanda.
Para tanto, é de extrema importância entendermos o conceito de elasticidade-renda
do consumo de energia, o qual balizará todo o racional da projeção.
Elasticidade-renda do consumo de energia:
O conceito de elasticidade visa evitar arbitrariedades dimensionais na análise da
relação entre duas variáveis. Seu conceito independe das unidades nas quais quantidade
e renda (ou preço) são cotados (MANKIW, 2006:90).
Segundo Savoia (2009), a elasticidade apresenta a resposta da quantidade de um
bem a alterações em renda (ou preço) e tem sua medida pela inclinação da curva de
demanda em função da renda (ou preço). Mankiw (2006) demonstra que a elasticidade
pode ser plotada geometricamente em um ponto à partir da Equação 1.
ƞ = (∆𝑞
𝑞)/(
∆𝑟
𝑟) (Equação 1)
Em que: ƞ elasticidade; (∆𝑞
𝑞) variação relativa na quantidade; e, (
∆𝑟
𝑟) variação relativa na
renda (ou preço).
A Tabela 4 demonstra, de forma exemplificada, como calcular a elasticidade através
de um conjunto de dados.
35
Tabela 4: Exemplo do cálculo de elasticidade
Nesse trabalho tentar-se-á entender um pouco mais a fundo a elasticidade-renda do
consumo de energia. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética, a elasticidade-renda
do consumo de energia elétrica é o parâmetro que relaciona o crescimento do consumo
de energia com o crescimento da economia (BRASIL, 2013).
De forma simplificada, a elasticidade-renda do consumo de energia mostra qual é o
crescimento do consumo de energia elétrica necessário para suportar o crescimento de
1% no PIB. Tal relação pode ser feita pois, como exposto anteriormente, a demanda de
energia elétrica é uma variável dependente do crescimento da economia (CARVALHO,
2010).
De acordo com a Figura 3 é possível analisar que a elasticidade-renda da demanda é
menor que 1,0 na maior parte dos países desenvolvidos apresentados, tendência que
reflete principalmente uma maior eficiência energética na relação consumo de energia e
crescimento da economia.
36
Figura 4: Evolução da elasticidade-renda em países desenvolvidos (Fonte: IEA Statistics, 2006 apud
EPE, 2008, p.7).
Como o presente estudo visa entender a relação futura entre a oferta e o consumo
de energia elétrica em um contexto socioeconômico, será utilizado o parâmetro de
elasticidade-renda da demanda de energia como premissa básica para a projeção do
consumo de energia até 2020, já que o mesmo relaciona a variável do consumo de
energia com o crescimento do Produto Interno Bruto. Portanto, primeiramente será
analisada a evolução histórica da relação consumo de energia e crescimento do PIB
nacional.
Para tanto, o presente trabalho analisará o horizonte de 1995 a 2013 dividindo-o em
três períodos:
1995-2002: período marcado pela estabilização econômica através do Plano
Real e pela crise de abastecimento energético, popularmente conhecido como
“apagão”, em 2001. Nesse período iniciava-se a abertura do setor energético ao
setor privado através de sua participação em financiamentos, privatização das
empresas estatais e fim do monopólio;
2003-2010: período marcado pelo acelerado crescimento econômico e
consolidação do modelo de livre mercado do setor energético. Destacam-se
também, os altos investimentos em infraestrutura através do Programa de
Aceleração do Crescimento;
2011-2013: período marcado pela deterioração do cenário econômico refletindo
em baixos níveis de crescimento do PIB e também pelo desabastecimento dos
37
reservatórios levando ao acionamento das termelétricas para geração de energia
elétrica;
A partir do horizonte estipulado, levantou-se os dados de consumo de energia,
crescimento do PIB e a relação entre essas duas variáveis através da elasticidade. Na
tabela 5 podemos observar a análise elaborada:
Tabela 5: Evolução histórica da elasticidade-renda do consumo de energia
(Fontes: IBGE, Séries Históricas, agosto de 2014 e; EPE, Análise Energética e Dados Agregados,
agosto de 2014).
Pode-se observar através da Tabela 05 que o período de 1995 a 2002 possui valores
de elasticidade bastante variáveis principalmente nos anos de 1998, 1999 e 2001. Tais
variações podem ser explicadas, em parte, pelas crises externas de 98, a desvalorização
cambial de 99 e o racionamento de energia em 2001. (SAVOIA, 2009). Nos períodos
seguintes a elasticidade se manteve mais constante.
Consumo de
energia (GWh)
Consumo de
energia (%)
Crescimento do
PIB (%)Elasticidade
1995 264.747 6,01 4,20 1,43
1996 277.624 4,86 2,20 2,21
1997 294.624 6,12 3,40 1,80
1998 306.962 4,19 0,04 104,70
1999 315.684 2,84 0,30 9,47
2000 331.565 5,03 4,30 1,17
2001 309.661 -6,61 1,30 -5,08
2002 324.424 4,77 2,70 1,77
2003 342.275 5,50 1,10 5,00
2004 360.010 5,18 5,70 0,91
2005 375.261 4,24 3,20 1,32
2006 390.021 3,93 4,00 0,98
2007 412.205 5,69 6,10 0,93
2008 428.327 3,91 5,20 0,75
2009 426.106 -0,52 -0,30 1,73
2010 464.783 9,08 7,50 1,21
2011 481.055 3,50 2,70 1,30
2012 498.476 3,62 1,00 3,62
2013 516.423 3,60 2,30 1,57
Elasticidades-renda do consumo de energia elétrica no Brasil
38
Gráfico 1: Evolução histórica: Consumo energia x PIB.
As curvas de crescimento da economia e do consumo de energia apresentadas no
Gráfico 1 mostra como ambas estão relacionadas acompanhando as suas variações.
Como observado anteriormente, a correlação entre as variáveis é mais fraca no primeiro
período dado a crise externa de 98, a desvalorização cambial de 99 e, principalmente, o
racionamento de energia em 2001.
Na Tabela 6 a seguir, pode-se observar a elasticidade-renda média por período. Para
calcular a elasticidade média, observou-se a relação entre o PIB e consumo médio por
período, pois dessa forma evita-se que os extremos enviesem a análise de elasticidade
média.
De 1995 a 2002, desconsiderando-se da análise o ano de 2001 devido ao
racionamento de energia, obteve-se elasticidade média de aproximadamente 1,5. No
período seguinte a elasticidade caiu para 1,0 e de 2011 a 2013 subiu para 2,2, valor que
reflete o pequeno tamanho da amostra.
Tabela 6: Elasticidade-renda média por período
Ao analisar a elasticidade média de 1995 a 2013 (1,3) e de 2003 a 2013 (1,1) pode-
se concluir que houve uma redução gradual da mesma. A redução da elasticidade-renda
em maiores horizontes de tempo pode refletir um aumento na eficiência energética, ou
-8,00
-4,00
0,00
4,00
8,00
12,00
1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013
Cre
scim
en
to (
%)
Evolução histórica: Consumo energia x PIB
Consumo de energia (%) PIB (%)
1995-2002* 2003-2010 2011-2013 1995-2013* 2003-2013
PIB médio (% a.a) 2,4 4,5 1,6 3,1 3,7
Consumo médio (% a.a) 3,4 4,5 3,6 4,0 4,20
Elasticidade média 1,5 1,0 2,2 1,3 1,1
39
seja, para o aumento de 1% no PIB necessita-se um aumento relativamente menor do
consumo energia, reduzindo então a elasticidade média.
Após estudo do conceito de elasticidade e como o mesmo se comportou dentro do
período analisado, pode-se definir algumas premissas básicas para projetar o consumo
de energia até 2020:
Elasticidade-renda: através dos dados analisados, serão estabelecidos três
cenários:
o Elasticidade ƞ = 1,0: como premissa central uma elasticidade-renda
média de 1,0 no período de 2014 a 2020. Tal premissa considera um
aumento na eficiência energética no horizonte de estudo e está em linha
com o PDE 2022 que projeta uma elasticidade média de 0,99 no período
de 2013 a 2022 (BRASIL, 2013);
o Elasticidade ƞ > 1,0: cenário com elasticidade igual 1,10, ou seja, não
há aumento da eficiência energética;
o Elasticidade ƞ < 1,0: cenário com elasticidade-renda de 0,95, ou seja,
maiores investimentos em transmissão e distribuição da energia,
reduzindo desse modo o índice de perdas do sistema e aumentando a
eficiência energética.
Crescimento do PIB: de acordo com estimativa do FMI em outubro, o PIB
brasileiro deverá crescer apenas 0,3% em 2014, e esse mesmo valor será
considerado como premissa para 2014. No restante do período, de 2015 a 2020,
será considerado o mesmo crescimento anual observado de 2003 a 2010, de
4,2%. Tal valor está ligeiramente acima do crescimento anual de 4,0% do PIB
mundial projetado pelo PDE 2022 para o período de 2013 a 2022;
Autoprodução: de acordo com o PDE 2022 (BRASIL, 2013), estima-se que a
parcela de consumo referente à autoprodução seria de aproximadamente de
11,5% do consumo total em 2013, chegando a 15,3% até 2020. Como premissa
será estabelecido o valor médio de 13,4% no período de 2014 a 2020.
Índice de perdas no sistema: de acordo com o PDE 2022, o Sistema
Interligado Nacional (SIN) apresenta um índice total médio de perdas de 17,3%
em 2013 e estima uma redução do nível de perdas para 16%. No presente
trabalho será considerado um índice de perdas totais médio de 16,5% no período
de 2014 a 2020.
Na Tabela 7 apresenta-se um resumo das premissas adotadas para a projeção da
demanda:
40
Tabela 7: Premissas de projeção da demanda – Cenários futuros
3.3. PROJEÇÃO DA OFERTA DE ENERGIA
Nesse capítulo será abordada a metodologia utilizada para a elaboração da projeção
da oferta de energia elétrica até o ano de 2020. Tal metodologia visa, a partir da análise
da viabilidade de entrada em operação comercial dos projetos de geração de energia
futuros, elaborar cenários de projeção da oferta.
A metodologia utilizada para tal será dividida nas seguintes etapas principais:
i. Análise histórica da potência instalada e panorama atual: essa etapa visa
entender como está distribuída a potência instalada atual em relação ao tipo
de fonte energética e sua evolução histórica;
ii. Avaliação dos projetos aprovados e em construção: tem por objetivo
avaliar os principais projetos que estão sendo construídos ou em fase de
aprovação em termos da previsão de início de operação dos mesmos;
iii. Projeção da oferta de energia: estimativa será feita com base na carga que
será adicionada pelos projetos futuros levando em consideração dois
cenários distintos quanto a capacidade de execução dos investimentos em
geração de energia.
3.3.1. ANÁLISE HISTÓRICA DA POTÊNCIA INSTALADA E
PANORAMA ATUAL
Para a análise da evolução da potência instalada do parque gerador brasileiro foram
utilizadas informações provenientes do Banco de Informações de Geração (ANEEL,
novembro de 2014) e dos relatórios de acompanhamento da expansão da oferta de
geração de energia elétrica da ANEEL (ANEEL, outubro de 2014).
ƞ = 1,0 ƞ > 1,0 ƞ < 1,0
1995-2002* 2003-2013 2014-2020 2014-2020 2014-2020
PIB médio (% a.a) 2,4 3,7 4,0 4,0 4,0
Consumo médio (% a.a) 3,4 4,20 4,0 4,4 3,8
Elasticidade média 1,5 1,1 1,0 1,1 0,95
41
De acordo com os dados da agência, resumidos na Tabela 8, em novembro de 2014
o parque gerador brasileiro contava com uma potência outorgada de 137.566 MW e uma
potência fiscalizada de 131.989 MW. Tais valores dizem respeito apenas aos
empreendimentos em operação e incluem empreendimentos, tanto para serviço público
quanto para autoprodução (ANEEL, novembro de 2014).
Tabela 8: Capacidade instalada atual - Empreendimento em operação (Novembro de 2014)
(Fonte: ANEEL, setembro de 2014 - modificado).
De acordo com os dados da ANEEL é possível observar a participação significativa
das fontes hidrelétricas na matriz energética brasileira, a qual corresponde por
aproximadamente 67% da capacidade instalada total da matriz de energia elétrica. Tal
distribuição fica mais fácil de ser visualizada no Gráfico 5:
Gráfico 2: Distribuição da potência instalada por tipo de fonte - Novembro de 2014
Tipo QuantidadePotência
Outorgada (kW)
Potência
Fiscalizada
(kW)
%
UHE 199 87.011.765 83.298.368 63,11
Termoelétricas fósseis 1.376 26.438.026 25.264.092 19,14
Termoelétricas de biomassa 496 12.789.542 12.221.644 9,26
PCH 469 4.713.430 4.677.132 3,54
Central Geradora Eólica 196 4.310.234 4.227.838 3,2
Usina Termonuclear 2 1.990.000 1.990.000 1,51
Central Geradora Hidrelétrica 477 294.322 295.461 0,22
Central Geradora Solar Fotovoltaica 235 18.681 14.681 0,01
Total 3.450 137.566.000 131.989.216 100
Empreendimentos em operação atualmente
66,9%
9,3%
19,1%
3,2%0,0%
1,5%
Distribuição da Potência Instalada - Novembro de 2014
Hídrica
Biomassa
Fóssil
Eólica
Solar
Nuclear
42
Tão importante quanto entender o panorama atual do parque gerador brasileiro, é
analisar a evolução histórica da capacidade instalada e suas taxas de crescimento. No
Gráfico 6 pode-se observar essa evolução histórica no período de 2001 a 2013.
Gráfico 3: Evolução da Capacidade Instalada Nacional - 2001 a 2013 (Fonte: ANEEL, outubro de
2014).
De acordo com o Gráfico 6 é possível observar que a capacidade instalada cresceu
4,5% ao ano em média nesse período (CAGR – “Compound Annual Growth Rate”). No
mesmo período, o consumo de energia elétrica cresceu, em média, 4,4% ao ano.
Pode-se entender então, que não houve um acréscimo da capacidade instalada, em
termos percentuais, substancialmente acima da demanda de energia no período. Isso
denota que os investimentos no setor vêm apenas acompanhando a evolução do
consumo nos últimos anos.
3.3.2. GERAÇÃO DE CENÁRIOS FUTUROS
Para o panorama dos empreendimentos futuros, ou seja, aqueles que estão em fase
de construção ou ainda não foram iniciados, a ANEEL atualiza periodicamente
relatórios de acompanhamento da expansão da oferta de geração de energia elétrica por
tipo de fonte.
Os relatórios estimam a expansão de geração de energia por tipo de fonte nos
próximos anos, classificando os empreendimentos em três classes de viabilidade, as
quais estão descritas na Figura 4.
43
Figura 5: Critérios de classificação da viabilidade dos empreendimentos (Fonte: ANEEL).
Para esse estudo, será desconsiderado a parcela de expansão de geração de energia
elétrica classificada como de baixa viabilidade. Posto isso, as Tabelas 9 e 10 fazem um
resumo das estimativas de expansão da capacidade instalada até 2020 dos
empreendimentos considerados de alta e média viabilidade respectivamente:
Tabela 9: Capacidade de geração prevista para entrar em operação até 2020 – Empreendimentos
com alta viabilidade
(Fonte: ANEEL, outubro de 2014 - modificado).
Tabela 10: Capacidade de geração prevista para entrar em operação até 2020 – Empreendimentos
com média viabilidade
(Fonte: dados ANEEL, outubro de 2014 - modificado).
Em MW 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2014-2020
Usinas Hidrelétricas 715 3.896 5.452 3.886 3.667 611 - 18.226
Pequenas Centrais Hidrelétricas 82 180 141 34 - - - 436
Termelétricas - fósseis 451 605 595 400 1.405 - - 3.455
Termelétricas - biomassa 114 337 25 93 100 - 25 694
Usinas Eólicas 597 2.728 277 30 - - - 3.632
Expansão total/ano 1.959 7.746 6.490 4.442 5.172 611 25 26.444
Capacidade de geração prevista para entrar em operação até 2020 - Empreendimentos com alta viabilidade
Em MW 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2014-2020
Usinas Hidrelétricas - - 8 - 1.108 - - 1.116
Pequenas Centrais Hidrelétricas - 107 675 658 119 20 - 1.579
Termelétricas - fósseis - 18 - 10 - - - 28
Termelétricas - biomassa 58 455 168 393 - - - 1.074
Usinas Eólicas - 1.934 2.062 358 1.418 90 - 5.862
Expansão total/ano 58 2.513 2.913 1.419 2.645 110 - 9.659
Capacidade de geração prevista para entrar em operação até 2020 - Empreendimentos média alta viabilidade
44
Através dos dados apresentados, dos empreendimentos com alta viabilidade para
entrar em operação até 2020, destacam-se as Usinas Hidrelétricas, as quais representam
quase 70% do total a ser ofertado pelos empreendimentos. Dentre os empreendimentos
de UHEs considerados, destacam-se:
Usina de Belo Monte: estimativa considera entrada em operação de 6
unidades geradoras em 2016, outras 6 em 2017 e em 2018, e enfim a 18º
unidade geradora entrando em operação em 2019. Cada unidade geradora
acrescenta aproximadamente 611 MW em potência instalada, totalizando
11.000 MW até 2020;
Usina de Jirau: considera entrada em operação de aproximadamente 300
MW ainda em 2014 e 2.700 MW até o fim de 2016. Importante lembrar que
a Usina de Jirau já possui 14 unidades geradoras em operação comercial de
um total de 50;
Usina de Teles Pires: prevê o acréscimo de aproximadamente 1.456 MW,
com todas unidades geradoras entrando em operação no ano de 2015. O
projeto é composto de 5 unidades geradoras e 1.820 MW de potência
instalada;
Usina de Santo Antônio: estima a entrada em operação de
aproximadamente 140 MW em 2015 e mais de 700 MW em 2016,
totalizando aproximadamente 860 MW. O empreendimento é composto de
44 unidades geradoras das quais 32 já estão liberadas para entrada em
operação comercial.
Através dos dados analisados, é possível observar que grande parte dos
empreendimentos de UHEs e termelétricas fósseis são classificados como sendo de alta
viabilidade, enquanto que PCHs, Biomassa e Eólica possuem maior parte dos
empreendimentos como sendo de média viabilidade. Tal panorama pode indicar falha
nas políticas de incentivo que deveriam privilegiar fontes alternativas de geração de
energia.
A Tabela 11 consolida os empreendimentos considerados de alta e média
viabilidade, segmentados por fonte. Através dos dados pode-se perceber que caso todos
projetos cumpram sua estimativa de entrada em operação comercial, seriam adicionados
aproximadamente 36.103 MW de potência instalada no período de 2014 a 2020.
45
Tabela 11: Capacidade de geração prevista para entrar em operação até 2020 – Empreendimentos
com alta e média viabilidade
(Fonte: ANEEL, outubro de 2014 - modificado).
Para a projeção da oferta serão definidos dois cenários de expansão, um otimista e
outro conservador. O critério utilizado para elaboração dos cenários será a classificação
de viabilidade dos empreendimentos de geração futuros feito pela ANEEL (ANEEL,
outubro de 2014).
No cenário otimista será considerada a entrada em operação dos empreendimentos
de média e alta viabilidade nos prazos estimados (Tabela 11). Já o cenário conservador
conta apenas com a entrada em operação comercial dos empreendimentos considerados
de alta viabilidade (Tabela 9).
Por fim, para comparar-se as projeções de demanda de energia com a oferta, é
necessário entender a oferta de energia elétrica desconsiderando a parcela dos
empreendimentos destinados à autoprodução. Atualmente, em termos de potência
instalada, esses empreendimentos representam, segundo dados da ANEEL,
aproximadamente 2,5% da capacidade instalada total (ANEEL, novembro de 2014).
No presente estudo será considerado que a parcela da autoprodução aumentará
ligeiramente sua participação na capacidade instalada, chegando a 3% no período
analisado.
Após a projeção dos cenários de expansão da oferta, será possível consolidar os
resultados juntamente com os três cenários de consumo de energia gerando, ao todo,
seis cenários futuros para que o risco energético seja avaliado.
4. RESULTADOS
4.1. PROJEÇÃO DA DEMANDA DE ENERGIA
Como exposto anteriormente, foram definidos três cenários de consumo de energia
até 2020, nos quais a variável determinante é a elasticidade-renda do consumo.
Em MW 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2014-2020
Usinas Hidrelétricas 715 3.896 5.460 3.886 4.775 611 - 19.342
Pequenas Centrais Hidrelétricas 82 286 816 692 119 20 - 2.015
Termelétricas - fósseis 451 623 595 410 1.405 - - 3.483
Termelétricas - biomassa 172 792 193 486 100 - 25 1.768
Usinas Eólicas 597 4.662 2.339 388 1.418 90 - 9.494
Expansão total/ano 2.017 10.259 9.402 5.861 7.817 721 25 36.103
Capacidade de geração prevista para entrar em operação até 2020 - Empreendimentos média alta viabilidade
46
4.1.1. CENÁRIO ELASTICIDADE ƞ = 1,0
No Gráfico 4 a seguir pode-se observar os resultados de consumo energético no
período de 2014 a 2020, considerando uma elasticidade-renda do consumo média de 1,0
no período analisado.
Gráfico 4: Projeção da demanda de energia com autoprodução (ƞ = 1,0).
Ao fim de 2020 o cenário central projeta um consumo de energia de
aproximadamente 680.000 GWh com uma taxa de crescimento anual de 4,0%. De
acordo o PDE 2022, a demanda de energia estimada para 2020 é de aproximadamente
715.000 GWh e tal diferença pode ser explicada por uma premissa mais otimista de
crescimento econômico por parte do PDE, que estima um crescimento anual de 4,8% de
2013 a 2022 (BRASIL, 2013). Mesmo assim, a estimativa elaborada possui ordem de
grandeza similar à projeção feita pela EPE.
Excluindo a parcela de consumo de energia elétrica referente à parcela de
autoprodução, chegaríamos a 2020 com uma demanda de eletricidade de
aproximadamente 590.000 GWh (Gráfico 5). No PDE 2022 estima-se um consumo,
excluindo autoprodução, de aproximadamente 620.000 GWh (BRASIL, 2013).
537.223 558.861 581.370 604.786 629.145 654.485 680.846
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
800.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Co
nsu
mo
de
en
erg
ia (
GW
h)
Projeção da demanda de energia - ƞ = 1,0
47
Gráfico 5: Projeção da demanda de energia sem autoprodução (ƞ = 1,0).
Através da projeção do consumo excluindo a parcela de autoprodução, pode-se
projetar a carga de energia no sistema, que representa o requisito total de geração de
eletricidade e atendimento do mercado como um todo, ou seja, considera o consumo de
energia mais as perdas totais no sistema. Como exposto no tópico 3.2, foi definido um
índice de perdas médio de 16,5% no período do estudo. O gráfico 6 apresenta a projeção
da carga de energia requisitada.
Gráfico 6: Projeção da carga de energia (ƞ = 1,0).
465.235 483.973 503.466 523.745 544.840 566.784 589.613
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Projeção da demanda sem autoprodução - ƞ = 1,0
63.604 66.165 68.830 71.603 74.487 77.487 80.608
0
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
70.000
80.000
90.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Car
ga d
e e
ne
rgia
(M
W m
éd
io)
Projeção da carga de energia - ƞ = 1,0
48
De acordo com a projeção, a carga de energia requisitada ao sistema evoluiria de
63.604 MW médios em 2014 para 80.608 MW médios em 2020.
4.1.2. CENÁRIO ELASTICIDADE ƞ > 1,0
Nesse tópico será analisado o cenário considerando como premissa elasticidade-
renda média no período acima de 1,0 ou, mais precisamente, igual a 1,1. Tal
elasticidade é a mesma observada no período de 2003 a 2013 (Tabela 7). No Gráfico 7 a
seguir pode-se observar os resultados de consumo energético no período de 2014 a
2020, considerando uma elasticidade média de 1,1.
Gráfico 7: Projeção da demanda de energia com autoprodução (ƞ > 1,0).
Este cenário projeta, ao fim de 2020, um consumo de energia de aproximadamente
700.000 GWh com uma taxa de crescimento de 4,4% ao ano. Pode-se observar um
acréscimo de quase 20.000 GWh em relação ao cenário anterior (Gráfico 4) ao fim do
ano de 2020. Tal valor ainda está abaixo daquele estimado pelo PDE 2022 para o
mesmo ano (715.000 GWh).
Excluindo a parcela de consumo de energia elétrica referente à parcela de
autoprodução, chegar-se-ia a 2020 com uma demanda de eletricidade de 605.779 GWh
(Gráfico 8). Através disso, é possível projetar a carga de energia, a qual é apresentada
no Gráfico 9
539.303 563.197 588.149 614.207 641.419 669.837699.514
1.000
101.000
201.000
301.000
401.000
501.000
601.000
701.000
801.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Co
nsu
mo
de
en
erg
ia (
GW
h)
Projeção da demanda de energia - ƞ > 1,0
49
Gráfico 8: Projeção da demanda de energia sem autoprodução (ƞ > 1,0).
Gráfico 9: Projeção da carga de energia (ƞ > 1,0).
De acordo com a projeção, a carga de energia requisitada ao sistema evoluiria de
63.850 MW médios em 2014 para 82.818 MW médios em 2020, o que significa um
acréscimo de carga de aproximadamente 2.000 MW médios em relação ao cenário
anterior.
4.1.3. CENÁRIO ELASTICIDADE ƞ < 1,0
467.036 487.728 509.337 531.903 555.469 580.079605.779
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Projeção da demanda sem autoprodução - ƞ > 1,0
63.850 66.679 69.633 72.71875.940
79.30482.818
0
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
70.000
80.000
90.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Car
ga d
e e
ne
rgia
(M
W m
éd
io)
Projeção da carga de energia - ƞ > 1,0
50
Por fim será analisado o cenário considerando como premissa elasticidade-renda
média no período abaixo de 1,0 ou, mais precisamente, igual a 0,95. No Gráfico 10 a
seguir pode-se observar os resultados de consumo energético no período de 2014 a
2020, considerando uma elasticidade média de 0,95.
Gráfico 10: Projeção da demanda de energia com autoprodução (ƞ < 1,0).
Este cenário projeta, ao fim de 2020, um consumo de energia de 671.673 GWh com
uma taxa de crescimento de 3,8% ao ano. Pode-se observar um decréscimo de quase
10.000 GWh em relação ao cenário central (Gráfico 4) ao fim do ano de 2020.
Excluindo a parcela de consumo de energia elétrica referente à parcela de
autoprodução, chegar-se-ia a 2020 com uma demanda de eletricidade de 581.669 GWh
(Gráfico 11). Finalmente, é possível projetar a carga de energia, a qual é apresentada no
Gráfico 12
536.183 556.699 578.000 600.116 623.079 646.920 671.673
1.000
101.000
201.000
301.000
401.000
501.000
601.000
701.000
801.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Co
nsu
mo
de
en
erg
ia (
GW
h)
Projeção da demanda de energia - ƞ < 1,0
51
Gráfico 11: Projeção da demanda de energia sem autoprodução (ƞ < 1,0).
Gráfico 12: Projeção da carga de energia (ƞ < 1,0).
De acordo com a projeção, a carga de energia requisitada ao sistema evoluiria de
63.480 MW médios em 2014 para 79.522 MW médios em 2020, o que significa um
decréscimo de carga de aproximadamente 1.000 MW médios em relação ao cenário
central (ƞ = 1,0).
4.1.4. CONSOLIDAÇÃO DOS CENÁRIOS DE DEMANDA
464.334 482.101 500.548 519.701 539.586 560.233 581.669
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Projeção da demanda sem autoprodução - ƞ < 1,0
63.480 65.909 68.431 71.050 73.768 76.591 79.522
0
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
70.000
80.000
90.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Car
ga d
e e
ne
rgia
(M
W m
éd
io)
Projeção da carga de energia - ƞ < 1,0
52
Após a elaboração dos três cenários de consumo de energia, apresenta-se a
consolidação dos cenários em detalhe na Tabela 12.
Tabela 12: Projeção da carga de energia (MW) - Consolidação dos cenários
4.2. PROJEÇÃO DA OFERTA DE ENERGIA
Conforme apresentado no tópico 3.3.2, foi definido dois cenários de futuros de
oferta de energia. Um cenário otimista, considerando os empreendimentos classificados
como de média e alta viabilidade pela ANEEL. E outro conservador, considerando
apenas os empreendimentos classificados como sendo de alta viabilidade.
4.2.1. CENÁRIO CONSERVADOR
De acordo com o Gráfico 13, o parque gerador brasileiro teria uma capacidade
instalada de aproximadamente 153.000 MW em um cenário conservador. Isso
representa uma taxa de expansão anual média de 2,9% no período. Grande parte desse
crescimento está concentrado até 2018, quando a expansão da capacidade instalada em
termos incrementais fica próxima a zero.
Ano ƞ = 1,0 ƞ > 1,0 ƞ < 1,0
2014 63.604 63.850 63.480
2015 66.165 66.679 65.909
2016 68.830 69.633 68.431
2017 71.603 72.718 71.050
2018 74.487 75.940 73.768
2019 77.487 79.304 76.591
2020 80.608 82.818 79.522
53
Gráfico 13: Expansão da capacidade instalada de 2014 a 2020 – Cenário conservador.
Já a Tabela 13 apresenta a evolução da expansão por tipo de fonte. Através do
mesmo é provável observar que a fonte de geração hidráulica continua com alta
participação na matriz energética. Em termos percentuais, a representatividade dessa
fonte de energia passa de 67,9% em 2013 para 68,3%, ou seja, praticamente mantém
estável sua relevância na matriz.
Tabela 13: Distribuição da potência instalada - Cenário conservador
Por fim, o Gráfico 14 apresenta a projeção da oferta desconsiderando a parcela
referente à autoprodução. Como exposto no tópico 3.3.2, considera-se uma parcela de
3% da potência instalada total destinada a esse fim.
128.713 136.459
142.949 147.391 152.563 153.174 153.199
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
180.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Cap
acid
ade
inst
alad
a (M
W)
Expansão da capacidade instalada - Cenário conservador
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Usina Hidrelétrica 64,2% 63,8% 63,0% 64,0% 64,7% 64,9% 65,0% 65,0%
PCH 3,7% 3,7% 3,6% 3,5% 3,5% 3,3% 3,3% 3,3%
Termelétrica - fósseis 19,4% 19,5% 18,8% 18,4% 18,1% 18,4% 18,3% 18,3%
Termelétrica - biomassa 9,4% 9,3% 9,1% 8,7% 8,5% 8,2% 8,2% 8,2%
Eólica 1,7% 2,2% 4,1% 4,1% 4,0% 3,8% 3,8% 3,8%
Termonuclear 1,6% 1,5% 1,5% 1,4% 1,4% 1,3% 1,3% 1,3%
Solar 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Participação total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Distribuição da potência instalada - Cenário conservador
54
Gráfico 14: Capacidade instalada sem autoprodução – Cenário conservador.
4.2.2. CENÁRIO OTIMISTA
O cenário otimista, apresentado pelo Gráfico 15, estima uma capacidade instalada
de aproximadamente 163.000 MW até 2020, ou seja, quase 10.000 MW a mais que o
cenário conservador. A taxa de expansão anual média observada no período foi de
4,0%, e a tendência de crescimento se concentra também até 2018, e após isso se
mantém próximo a zero.
Gráfico 14: Expansão da capacidade instalada de 2014 a 2020 – Cenário otimista.
124.852 132.365
138.660 142.969 147.986 148.578 148.603
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Cap
acid
ade
inst
alad
a (M
W)
Capacidade instalada sem autoprodução - Cenário conservador
128.772 139.031
148.433 154.294 162.112 162.833 162.858
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
180.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Cap
acid
ade
inst
alad
a (M
W)
Expansão da capacidade instalada - Cenário otimista
55
No cenário conservador, a expansão por tipo de fonte, apresentado na Tabela 14,
mostra uma redução da fonte hidráulica na participação total da matriz energética,
variando de 67,9% em 2013, para 65,9% em 2020. Tal redução é explicada por um
aumento substancial da expansão de energia eólica.
Tabela 14: Distribuição da potência instalada - Cenário otimista
No Gráfico 16 apresenta-se a capacidade instalada projetada desconsiderando a
parcela referente à autoprodução. Nesse cenário, atingir-se-ia em 2020
aproximadamente 158.000 MW em potência instalada.
Gráfico 16: Capacidade instalada sem autoprodução – Cenário conservador.
De acordo com os dados apresentados, o parque gerador brasileiro possuiria uma
capacidade instalada em 2020, excluindo autoprodução, de aproximadamente 149.000
MW no cenário conservador, e 158.000 MW no cenário otimista.
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Usina Hidrelétrica 64,2% 63,7% 61,8% 61,6% 61,8% 61,7% 61,8% 61,8%
PCH 3,7% 3,7% 3,6% 3,9% 4,2% 4,1% 4,1% 4,1%
Termelétrica - fósseis 19,4% 19,5% 18,5% 17,7% 17,3% 17,3% 17,3% 17,3%
Termelétrica - biomassa 9,4% 9,4% 9,3% 8,8% 8,8% 8,4% 8,4% 8,4%
Eólica 1,7% 2,2% 5,4% 6,6% 6,6% 7,2% 7,2% 7,2%
Termonuclear 1,6% 1,5% 1,4% 1,3% 1,3% 1,2% 1,2% 1,2%
Solar 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Participação total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
124.908 134.860
143.980 149.666 157.248 157.948 157.972
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
180.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Cap
acid
ade
inst
alad
a (M
W)
Capacidade instalada sem autoprodução - Cenário otimista
56
4.3. AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA ENERGÉTICA
Para a avaliação da segurança energética será utilizado o conceito de fator de
capacidade. O fator de capacidade é utilizado para medir o desempenho de usinas de
geração de eletricidade, e o mesmo relaciona a energia gerada em um dado período de
tempo com a energia que de fato poderia ter sido gerada de acordo a potência nominal
de saída dos equipamentos (MACÊDO, 2004).
Para tanto, a projeção da demanda foi confrontada com os dois cenários de
expansão da oferta e observou-se a evolução do fator de capacidade em ambos cenários
e para cada premissa de elasticidade.
Além da análise do fator de capacidade considerando a oferta do parque gerador
total, analisou-se também a evolução do fator de capacidade considerando apenas a
capacidade instalada das Usinas Hidrelétricas. Tal análise se faz importante já que o
país historicamente priorizou a geração de energia a partir das fontes hidrelétricas, por
todos benefícios já levantados anteriormente no presente estudo.
4.3.1. AVALIAÇÃO DO CENÁRIO CONSERVADOR
CENÁRIO ELASTICIDADE ƞ = 1,0
Pode-se analisar, através do Gráfico 15, que no cenário conservador, para
elasticidade igual a 1,0, aumenta-se o fator de capacidade no período evoluindo de
aproximadamente 50,9% em 2014, para 54,2% em 2020. A elevação do fator de
capacidade significa uma menor margem de operação do sistema em períodos de
geração desfavoráveis, principalmente períodos de estiagem que impactam o volume
dos reservatórios e consequentemente a geração a partir da fonte hidráulica.
57
Gráfico 15: Evolução do Fator de Capacidade - Cenário conservador (n = 1,0).
Quando a análise do fator de capacidade volta-se somente para a margem de
operação das Usinas Hidrelétricas (Gráfico 16), é possível observar um aumento do
fator de capacidade, que evolui de aproximadamente 77,5% em 2014, para quase 80,9%
em 2020.
Gráfico 16: Evolução do Fator de Capacidade das UHEs - Cenário conservador (n = 1,0).
CENÁRIO ELASTICIDADE ƞ > 1,0
63.604 66.165 68.830 71.603 74.487 77.487 80.608
124.852 132.365
138.660 142.969 147.986 148.578 148.603
50,9%
50,0%49,6%
50,1%50,3%
52,2%
54,2%
47,0%
48,0%
49,0%
50,0%
51,0%
52,0%
53,0%
54,0%
55,0%
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
MW
mé
dio
Evolução do Fator de Capacidade - Conservador (ƞ = 1,0)
Geração prevista (MW) Capacidade prevista (MW) Fator de capacidade (%)
63.604 66.165 68.830 71.603 74.487 77.487 80.608 82.077 85.97491.426 95.312 98.978 99.589 99.589
77,5%
77,0%
75,3% 75,1%75,3%
77,8%
80,9%
72,0%
73,0%
74,0%
75,0%
76,0%
77,0%
78,0%
79,0%
80,0%
81,0%
82,0%
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
MW
mé
dio
Evolução do Fator de Capacidade das UHEs - Conservador (ƞ = 1,0)
Geração prevista (MW) Capacidade prevista (MW) Fator de capacidade (%)
58
Ainda no cenário de oferta conservador, porém com elasticidade igual a 1,10, pode-
se observar através do Gráfico 17 que o fator de capacidade também aumenta no
período, evoluindo de 51,1% em 2014, para 55,7% em 2020. Tal aumento justifica-se
pelo fato de que no cenário com elasticidade acima de 1,0, a necessidade de geração é
maior do que no cenário anterior.
Gráfico 17: Evolução do Fator de Capacidade - Cenário conservador (n > 1,0).
Analisando-se o fator de capacidade das UHEs, apresentado pelo Gráfico 18, o
mesmo evolui de 77,8% em 2014, para 83,2% em 2020.
Gráfico 18: Evolução do Fator de Capacidade das UHEs - Cenário conservador (n > 1,0).
63.850 66.679 69.633 72.718 75.940 79.304 82.818
124.852 132.365
138.660 142.969 147.986 148.578 148.603
51,1%50,4% 50,2%
50,9%51,3%
53,4%55,7%
47,0%
48,0%
49,0%
50,0%
51,0%
52,0%
53,0%
54,0%
55,0%
56,0%
57,0%
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
MW
mé
dio
Evolução do Fator de Capacidade - Conservador (ƞ > 1,0 )
Geração prevista (MW) Capacidade prevista (MW) Fator de capacidade (%)
63.850 66.679 69.633 72.718 75.940 79.304 82.818 82.077 85.974 91.426 95.312 98.978 99.589 99.589
77,8%77,6%
76,2% 76,3%76,7%
79,6%
83,2%
72,0%
74,0%
76,0%
78,0%
80,0%
82,0%
84,0%
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
MW
mé
dio
Evolução do Fator de Capacidade das UHEs - Conservador (ƞ > 1,0)
Geração prevista (MW) Capacidade prevista (MW) Fator de capacidade (%)
59
CENÁRIO ELASTICIDADE ƞ < 1,0
Por fim, realizou-se a mesma análise para uma elasticidade abaixo de 1,0 (n =
0,95). Pode-se observar no Gráfico 19 que o fator de capacidade considerando o parque
gerador total evoluiu de 50,8% em 2014 para 53,5% em 2020. Considerando apenas as
UHEs (Gráfico 20), o mesmo evoluiu de 77,3% para 79,8% no mesmo período.
Gráfico 19: Evolução do Fator de Capacidade - Cenário conservador (n < 1,0).
Gráfico 20: Evolução do Fator de Capacidade das UHEs - Cenário conservador (n < 1,0).
63.480 65.909 68.431 71.050 73.768 76.591 79.522
124.852 132.365
138.660 142.969 147.986 148.578 148.603
50,8%
49,8%49,4%
49,7%49,8%
51,5%
53,5%
47,0%
48,0%
49,0%
50,0%
51,0%
52,0%
53,0%
54,0%
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
MW
mé
dio
Evolução do Fator de Capacidade - Conservador (ƞ < 1,0)
Geração prevista (MW) Capacidade prevista (MW) Fator de capacidade (%)
63.480 65.909 68.431 71.050 73.768 76.591 79.522 82.077 85.974
91.426 95.312 98.978 99.589 99.589
77,3%76,7% 74,8% 74,5%
74,5%
76,9%
79,8%
71,0%
72,0%
73,0%
74,0%
75,0%
76,0%
77,0%
78,0%
79,0%
80,0%
81,0%
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
MW
mé
dio
Evolução do Fator de Capacidade das UHEs - Conservador (ƞ < 1,0)
Geração prevista (MW) Capacidade prevista (MW) Fator de capacidade (%)
60
4.3.2. AVALIAÇÂO DO CENÁRIO OTIMISTA
CENÁRIO ELASTICIDADE ƞ = 1,0
Do ponto de vista otimista da oferta para uma elasticidade igual 1,0 (Gráfico 21), o
fator de capacidade evoluiu de 50,9% em 2014 para 51% em 2020. Considerando
apenas as UHEs (Gráfico 22), o mesmo evoluiu de 77,5% para 80,0% no mesmo
período.
Gráfico 21: Evolução do Fator de Capacidade - Cenário otimista (n = 1,0).
Gráfico 22: Evolução do Fator de Capacidade das UHEs - Cenário otimista (n = 1,0).
63.604 66.165 68.830 71.603 74.487 77.487 80.608
124.908 134.860
143.980 149.666 157.248 157.948 157.972
50,9%
49,1%
47,8% 47,8% 47,4%
49,1%
51,0%
45,0%
46,0%
47,0%
48,0%
49,0%
50,0%
51,0%
52,0%
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
180.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
MW
mé
dio
Evolução do Fator de Capacidade - Otimista (ƞ = 1,0)
Geração prevista (MW) Capacidade prevista (MW) Fator de capacidade (%)
63.604 66.165 68.830
71.603 74.487 77.487 80.608 82.077 85.97491.433 95.319
100.094 100.705 100.705
77,5%77,0%
75,3%75,1%
74,4%
76,9%
80,0%
71,0%
72,0%
73,0%
74,0%
75,0%
76,0%
77,0%
78,0%
79,0%
80,0%
81,0%
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
MW
mé
dio
Evolução do Fator de Capacidade das UHEs - Otimista (ƞ = 1,0)
Geração prevista (MW) Capacidade prevista (MW) Fator de capacidade (%)
61
CENÁRIO ELASTICIDADE ƞ > 1,0
Analisando agora com um cenário de elasticidade de 1,1, o fator de capacidade
evoluiu de 51,1% em 2014 para 52,4% em 2020, conforme é apresentado no Gráfico 23.
Considerando apenas as UHEs (Gráfico 24), o mesmo evoluiu de 77,8% para 82,2% no
mesmo período.
Gráfico 23: Evolução do Fator de Capacidade - Cenário otimista (n > 1,0).
Gráfico 24: Evolução do Fator de Capacidade das UHEs - Cenário otimista (n > 1,0).
63.850 66.679 69.633 72.718 75.940 79.304
82.818
124.908 134.860
143.980 149.666 157.248 157.948 157.972
51,1%
49,4%48,4% 48,6% 48,3%
50,2%
52,4%
46,0%
47,0%
48,0%
49,0%
50,0%
51,0%
52,0%
53,0%
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
180.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
MW
mé
dio
Evolução do Fator de Capacidade - Otimista (ƞ > 1,0 )
Geração prevista (MW) Capacidade prevista (MW) Fator de capacidade (%)
63.850 66.679 69.633 72.718 75.940 79.304 82.818 82.077 85.974 91.433 95.319
100.094 100.705 100.705
77,8%77,6%
76,2% 76,3%
75,9%
78,7%
82,2%
72,0%
74,0%
76,0%
78,0%
80,0%
82,0%
84,0%
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
MW
mé
dio
Evolução do Fator de Capacidade das UHEs - Otimista (ƞ > 1,0)
Geração prevista (MW) Capacidade prevista (MW) Fator de capacidade (%)
62
CENÁRIO ELASTICIDADE ƞ < 1,0
Por fim, foi feita a análise com um cenário de elasticidade de 0,95, onde o fator de
capacidade reduziu de 50,8% em 2014 para 50,3% em 2020, conforme é apresentado no
Gráfico 25. Considerando apenas as UHEs (Gráfico 26), o mesmo evoluiu de 77,3%
para 79,0% no mesmo período.
Gráfico 25: Evolução do Fator de Capacidade - Cenário otimista (n < 1,0).
Gráfico 26: Evolução do Fator de Capacidade das UHEs - Cenário otimista (n < 1,0).
63.480 65.909 68.431 71.050 73.768 76.591
79.522
124.908 134.860
143.980 149.666 157.248 157.948 157.972
50,8%
48,9%
47,5% 47,5% 46,9%
48,5%
50,3%
44,0%
45,0%
46,0%
47,0%
48,0%
49,0%
50,0%
51,0%
52,0%
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
180.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
MW
mé
dio
Evolução do Fator de Capacidade - Otimista (ƞ < 1,0)
Geração prevista (MW) Capacidade prevista (MW) Fator de capacidade (%)
63.480 65.909 68.431
71.050 73.768 76.591 79.522
82.077 85.974 91.433 95.319
100.094 100.705 100.705
77,3%
76,7%74,8%
74,5%
73,7%
76,1%
79,0%
71,0%
72,0%
73,0%
74,0%
75,0%
76,0%
77,0%
78,0%
79,0%
80,0%
-
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
MW
mé
dio
Evolução do Fator de Capacidade das UHEs - Otimista (ƞ < 1,0)
Geração prevista (MW) Capacidade prevista (MW) Fator de capacidade (%)
63
4.3.3. CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS
Consolida-se na Tabela 15 e 16 os resultados do fator de capacidade para cada um
dos seis cenários elaborados considerando o parque gerador total e as Usinas
Hidrelétricas respectivamente.
Tabela 15: Consolidação dos Cenários de Fator de Capacidade - Parque gerador total.
Tabela 16: Consolidação dos Cenários de Fator de Capacidade - Usinas Hidrelétricas.
Analisando o cenário extremo do ponto de vista conservador, ou seja, cenário
conservador de oferta com elasticidade acima de 1,0, observa-se que o fator de
capacidade evolui de 51,1% em 2014 para 55,7% ao final de 2020. Fazendo a mesma
análise, porém de uma perspectiva otimista, ou seja, cenário otimista e elasticidade
menor que 1,0, observa-se uma redução do fator de capacidade de 50,8% para 50,3% no
mesmo período.
Portanto, analisando os cenários extremos das projeções de oferta e consumo
energético, observa-se, para 2020, uma variação do fator de capacidade da ordem de
n < 1,0 n = 1,0 n > 1,0 n < 1,0 n = 1,0 n > 1,0
2014 50,8% 50,9% 51,1% 50,8% 50,9% 51,1%
2015 49,8% 50,0% 50,4% 48,9% 49,1% 49,4%
2016 49,4% 49,6% 50,2% 47,5% 47,8% 48,4%
2017 49,7% 50,1% 50,9% 47,5% 47,8% 48,6%
2018 49,8% 50,3% 51,3% 46,9% 47,4% 48,3%
2019 51,5% 52,2% 53,4% 48,5% 49,1% 50,2%
2020 53,5% 54,2% 55,7% 50,3% 51,0% 52,4%
Cenário Conservador Cenário Otimista
n < 1,0 n = 1,0 n > 1,0 n < 1,0 n = 1,0 n > 1,0
2014 77,3% 77,5% 77,8% 77,3% 77,5% 77,8%
2015 76,7% 77,0% 77,6% 76,7% 77,0% 77,6%
2016 74,8% 75,3% 76,2% 74,8% 75,3% 76,2%
2017 74,5% 75,1% 76,3% 74,5% 75,1% 76,3%
2018 74,5% 75,3% 76,7% 73,7% 74,4% 75,9%
2019 76,9% 77,8% 79,6% 76,1% 76,9% 78,7%
2020 79,8% 80,9% 83,2% 79,0% 80,0% 82,2%
Cenário Conservador Cenário Otimista
64
5,4% apenas. Tal resultado demonstra uma baixa sensibilidade da análise às variações
dos diferentes cenários de oferta e demanda.
Realizando essa mesma comparação de cenários extremos para o fator de
capacidade das UHEs, observa-se uma evolução de 77,8% em 2014 para 83,2% em
2020 no cenário conservador extremo, e de 77,3% para 79% no mesmo período.
Novamente a análise nos mostra uma baixa sensibilidade do fator de capacidade às
variações dos cenários, havendo uma diferença entre os cenários extremos de apenas
4,2% ao final de 2020.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observando os resultados da análise de cenários futuros, entende-se que haverá um
aumento do risco de desabastecimento energético até 2020. Contudo, entende-se
também que não haverá um aumento substancial desse risco como foi possível constatar
na análise de sensibilidade dos cenários (tópico 4.3.3).
De acordo com essa análise, no pior cenário para o parque gerador total, o fator de
capacidade evoluiria 51,1% em 2014 para 55,7% em 2020. Já no melhor cenário
possível, o fator de capacidade reduziria de 50,8% para 50,3% no mesmo período,
praticamente se mantendo estável.
Porém, considerando que o país prioriza a geração de energia através de fontes
hidráulicas, por estas produzirem energia firme, serem mais limpas e com um menor
custo de produção, constatou-se que as Usinas Hidrelétricas chegaram ao seu ponto de
saturação. A análise do fator de capacidade das UHEs, apesar de também apresentar
baixa sensibilidade às variações de cenários, todos os cenários futuros indicaram um
altíssimo fator de capacidade para essa fonte de geração.
No pior cenário para as UHEs o fator de capacidade chegaria a 83,2% em 2020,
enquanto que no melhor cenário chegaria a 79% no mesmo ano. Ambos indicam
claramente uma saturação da geração a partir dessa fonte, e é importante lembrar que
não está sendo levado em consideração o volume útil dos reservatórios, que é outra
variável importante que afeta a capacidade de geração de energia por esse tipo de fonte.
Dado essas considerações, entende-se que de fato o risco de desabastecimento não
aumentará significativamente, contudo há uma alta possibilidade de ser necessário
acionar com maior frequência as termelétricas fósseis para geração de energia. Tal ação
pode acarretar um encarecimento da produção de energia e um maior impacto
ambiental.
Além disso, há outros pontos importantes a serem considerados do ponto de vista do
risco energético e da qualidade e quantidade dos investimentos que serão feitos até
65
2020. Como observado anteriormente, a taxa de expansão da capacidade instalada
crescerá em média 4,0% no cenário otimista, e quase 3,0% ao ano no cenário
conservador.
Tal expansão, em ambos cenários futuros de oferta, é menor que a taxa de expansão
observada de 2001 a 2013, quando a mesma cresceu em média 4,5% ao ano. Além
disso, o consumo de energia projetado crescerá em média 4,0% ao ano no cenário com
elasticidade igual a 1,0, e 4,4% e 3,8% nos outros dois cenários.
Portanto, a análise não só indica que a taxa de investimento em geração deve cair
em relação a análise histórica, como na maioria dos cenários futuros o crescimento do
consumo supera o crescimento da capacidade instalada. O que indica que, assim como
não houve aumento substancial do estoque de geração de energia no período histórico
analisado, deverá haver uma redução do estoque de geração de energia até 2020.
Finalmente, entende-se que é de extrema importância aumentar a quantidade e
qualidade dos investimentos em geração de energia focando a diversificação da matriz
energética através de investimentos em fontes renováveis como a energia eólica e a
energia solar. Desse modo, pode-se reduzir a concentração da matriz energética na fonte
hidrelétrica, diminuindo a dependência a essa fonte.
Contudo, os investimentos em geração não são a única alternativa para a questão da
segurança energética. Outra importante alternativa é aumentar a eficiência energética do
sistema através de investimentos em transmissão e distribuição, repotenciação de
aproveitamentos hidrelétricos antigos, entre outras iniciativas. Desse modo reduz-se a
elasticidade-renda do consumo diminuindo, portanto, a demanda energética total.
66
6. REFERÊNCIAS
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Geração. Disponível em:
<http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=37&idPerfil=2&idiomaAtual=0> Acesso
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