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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM ODONTOLOGIA Londrina 2016 RENAN HIDEKI KANESHIMA ESTUDO IN VITRO DAS PROPRIEDADES FÍSICO- MECÂNICAS DE RESINAS BISACRÍLICAS

RENAN HIDEKI KANESHIMA - s3.amazonaws.com · superfície (Ra), rugosidade total (Rz) e rugosidade máxima (Rt). No ensaio de microdureza Knoop foram realizadas em cada amostra três

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM ODONTOLOGIA

Londrina 2016

RENAN HIDEKI KANESHIMA

ESTUDO IN VITRO DAS PROPRIEDADES FÍSICO-

MECÂNICAS DE RESINAS BISACRÍLICAS

RENAN HIDEKI KANESHIMA

Londrina 2016

ESTUDO IN VITRO DAS PROPRIEDADES FÍSICO-

MECÂNICAS DE RESINAS BISACRÍLICAS

Dissertação apresentada a Universidade Norte do Paraná – UNOPAR como parte do requisito para obtenção do título de Mestre em Odontologia. Orientador: Prof. Dr. Murilo Baena Lopes.

AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná

Biblioteca Central Setor de Tratamento da Informação

Kaneshima, Renan Hideki K24e Estudo in vitro das propriedades físico-mecânicas de resinas

bisacrílicas. / Renan Hideki Kaneshima. Londrina: [s.n], 2016. 52f. Dissertação (Mestrado em Odontologia). Universidade Norte do

Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Murilo Baena Lopes

1 - Odontologia – dissertação de mestrado- UNOPAR 2- Resinas

acrílicas 3- Prótese dentária 4- materiais dentários I- Lopes, Murilo Baena; orient. II- Universidade Norte do Paraná.

CDU 616.314

RENAN HIDEKI KANESHIMA

ESTUDO IN VITRO DAS PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS DE RESINAS BISACRÍLICAS

Dissertação apresentada a Universidade Norte do Paraná – UNOPAR como requisito para obtenção do título de Mestre em Odontologia.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________ Prof. Dr. Murilo Baena Lopes

Universidade Norte do Paraná

______________________________________Prof. Dr. Alcides Gonini Jr. Universidade Norte do Paraná

______________________________________ Profª Dr ª Márcia Borba

Universidade de Passo Fundo

Londrina, 18 de fevereiro de 2016.

Dedico este trabalho à Deus, nosso Pai Celestial , que através de sua misericórdia e sabedoria incomparável conduz a todos nós até o presente momento.

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Alda e Edmilson, pelo apoio e compreensão durante a

realização deste trabalho.

A minha irmã Fernanda pela motivação constante para conclusão deste

curso.

A minha namorada, Viviane Borges, pela paciência e discernimento durante

os momentos de dificuldade.

Ao Prof. Dr. Murilo Baena Lopes, meu orientador, pela paciência e espírito

crítico que contribuíram de maneira efetiva para a realização deste trabalho e minha

formação acadêmica.

Aos Professores Prof. Dr. Alcides Gonini Júnior, Prof. Dr. Ricardo Danil

Guiraldo, Profª Drª Sandrine Bittencourt Berger e Prof. Dr. Edwin Contreras pelas

sugestões e conhecimentos transmitidos.

Aos meus colegas de mestrado pela agradável oportunidade de tê-los

conhecido em especial ao amigo Victor Hugo Grandi pela amizade e apoio

constante.

Ao secretário do programa de pós-graduação em Odontologia, Gleydson

Navarro, pela disposição e espírito de amizade.

Aos funcionários da secretaria, clínica e laboratório de Odontologia da

UNOPAR.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES,

pelo auxilio financeiro por meio de taxa que financiou o curso.

‘’Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês’’, diz o Senhor, ‘’planos de fazê-los prosperar e não de causar dano, planos de dar a vocês esperança e um futuro’’.

Jeremias 29:11

KANESHIMA, Renan Hideki. Estudo in vitro das propriedades físico-mecânicas de resinas bisacrílicas. 52 f. [Dissertação de Mestrado]. Programa de Pós-Graduação em Odontologia - Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2016.

RESUMO

Este estudo teve como objetivo avaliar as propriedades físico-mecânicas das resinas bisacrílicas e tendo como controle uma resina acrílica estabelecer uma comparação com as propriedades físico-mecânicas de uma resina acrílica através de testes in vitro. Os testes realizados para avaliar as propriedades físico-mecânicas foram os ensaios de resistência à flexão, tensão de contração, sorção e solubilidade, rugosidade superficial e microdureza Knoop. Quatro marcas de resinas bisacrílicas e uma resina acrílica foram estudadas: Protemp 4, Structur 3 , Luxatemp Automix Plus , Systemp c & b II ,e Duralay (Resina Acrílica) sendo composto por dez amostras para cada grupo teste, totalizando 50 amostras..No ensaio de resistência à flexão em 3 pontos as amostras foram testadas utilizando uma máquina de ensaios universal a uma velocidade de 0,5mm/min. Para medir a tensão de contração foi usado o método da fotoelasticidade onde as franjas geradas pelas tensões de contração nos anéis fotoelásticos foram visualizadas em polaroscópio. No ensaio de sorção e solubilidade as amostras foram individualmente identificadas, armazenadas em um dessecador e submetidas ao teste. Para o teste de rugosidade superficial as amostras foram testadas no rugosímetro para a medição de rugosidade média de superfície (Ra), rugosidade total (Rz) e rugosidade máxima (Rt). No ensaio de microdureza Knoop foram realizadas em cada amostra três endentações em locais distintos, utilizando-se uma força de 98,07 x 10-3 N por um período de 5 segundos. Os dados foram submetidos ao teste Kolmogorov - Smirnov para normalidade, seguida pelo teste ANOVA one-way e teste de Dunns com nível de significância de 5%. Caso a distribuição seja não normal os dados serão submetidos ao teste não paramétrico de Kruskal-Wallis. Resultados: A tensão de contração variou de 7,55 a 13,95 MPa. Entre os grupos Protemp, Systemp, Structur e Duralay não houve diferença significante (p>0,05) na tensão de contração. Houve diferença significante entre os grupos Systemp e Luxatemp (p<0,05). A dureza variou de 17,65 a 26,49 N. Entre os grupos Protemp e Luxatemp não houve diferença significante (p> 0,05). Entre os grupos Systemp, Protemp e Structur não foi verificada diferença significante (p>0,05). Nos grupos Duralay, Systemp e Structur também não foi encontrada diferença significante (p>0,05) . A rugosidade variou de 0,14 a 0,28 µm. A maior rugosidade foi encontrada para o grupo da resina bisacrílica Systemp (0,28µm). Para o grupo Protemp foi encontrado o menor valor significante (p<0,05) de rugosidade dentre os materiais testados. Não houve diferença significante (p>0,05) entre os materiais testados. A sorção em água variou de 10,53 a 26,27 µg/mm

3. A maior sorção foi encontrada para o grupo da resina acrílica Duralay. Para os grupos Protemp, Structur e Luxatemp não houve diferença significante (p>0,05) na sorção em água. Para o grupo Systemp foi encontrado o menor valor significante (p<0,05) de sorção em água dentre os materiais testados. A solubilidade em água variou de -1,75 a 1,93 µg/mm

3.Entre os grupos Duralay e Systemp, Luxatemp e Protemp não houve diferença significante (p>0,05). Entre os grupos Duralay, Systemp e Structur também não houve diferença significante (p>0,05) na solubilidade em água. A

resistência a flexão variou de 84,65 a 44,31 MPa. A maior resistência a flexão foi encontrada para o grupo da resina bisacrílica Luxatemp. Para os grupos Protemp e Structur não houve diferença significante (p>0,05) na resistência a flexão. Para o grupo Systemp foi encontrado o menor valor significante (p<0,05) de resistência a flexão dentre os materiais testados seguido do grupo da resina acrílica Duralay. O módulo elástico variou de 0,98 a 2,22 GPa. O maior módulo elástico foi encontrado para o grupo da resina bisacrílica Luxatemp seguido do grupo Protemp (1,70 GPa). Para os grupos Duralay e Structur não houve diferença significante (p>0,05) no módulo elástico. Para o grupo Systemp foi encontrado o menor valor significante (p<0,05) do módulo elástico dentre os materiais testados. Conclusão: As resinas bisacrílicas apresentaram propriedades de tensão de contração, dureza, rugosidade, solubilidade, resistência a flexão e módulo de elasticidade semelhante a resina acrílica.

Palavras-chave: Resinas acrílicas. Prótese dentária. Materiais dentários.

KANESHIMA, Renan Hideki. In vitro study of physical mechanical properties of bis-acrylic resin. 52 f. [Dissertação de Mestrado]. Programa de Pós-Graduação em Odontologia - Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2016

ABSTRACT

This study aims to evaluate the physical - mechanical properties of bis acrylic resins and make a comparison with the physical and mechanical properties of an acrylic resin after conducting in vitro tests. Four groups of bis acrylic resins and one acrylic resin were studied: Protemp 4, Structur 3, Luxatemp Automix Plus, Systemp c & b II, and Duralay. Each group test has 10 samples, totaling 50 samples. Tests conducted to evaluate the physical and mechanical properties were the flexural strength test, contraction stress, sorption and solubility, surface roughness and Knoop hardness. In the bending strength test samples were placed in a universal testing machine at a crosshead speed of 0.5 mm / min. To measure the shrinkage stress was used photoelastic method where the fringes generated by the contraction stress in photoelastic rings were viewed in polariscope. In sorption and solubility test samples were individually identified and stored in a desiccator and subjected to the test. For the surface roughness test samples were tested on the profilometer to measure average surface roughness (Ra), the total surface roughness (Rz) and maximum roughness (Rt). In Knoop microhardness test were performed on each sample three indentations at different locations, using a force of 98.07 x 10-3 N for a period of 5 seconds. The data were submitted to the Kolmogorov test - Smirnov test for normality, followed by one-way ANOVA test and Dunn's test with 5% significance level. If the distribution is not normal data will be submitted to the nonparametric Kruskal-Wallis. Results: The contraction stress ranged from 7.55 to 13.95 MPa. Between Protemp and Systemp groups, Structur and Duralay there were no significant difference (p> 0.05) in the shrinkage stress. There was a significant difference between the Systemp and Luxatemp groups (p <0.05). The hardness ranged from 17.65 to 26.49 N. Among the Protemp and Luxatemp groups there was no significant difference (p> 0.05). Among Systemp, Protemp and Structur groups there was no significant difference (p> 0.05). In Duralay, Systemp and Structur groups was not found significant difference (p> 0.05). The surface roughness ranged from 0.14 to 0.28 micrometers. The highest roughness was found for the Systemp group (0,28μm). For Protemp group was found significantly lower value (p <0.05) roughness among the tested materials. There was no significant difference (p> 0.05) between the tested materials. The water sorption ranged from 10.53 to 26.27 μg / mm3. The highest sorption was found for the group of acrylic resin Duralay. For Protemp, Structur and Luxatemp group there was no significant difference (p> 0.05) on the water sorption. For Systemp group was found significantly lower values (p <0.05) in water sorption among the tested materials. The solubility in water ranged from -1.75 to 1.93 μg / mm3. Among Duralay, Systemp Structur and there was no significant difference (p> 0.05) in solubility in water. The flexural strength varies from 84.65 to 44.31 MPa. The greatest flexural strength was found for the Luxatemp group. For Protemp and Structur groups there was no significant difference (p> 0.05) in bending resistance. For Systemp group was found significantly lower values (p <0.05) on the bending strength among the tested materials followed by the acrylic resin Duralay group. The elastic modulus ranged from 0.98 to 2.22 GPa. The higher elastic modulus was found for the Luxatemp group followed by Protemp group (1.70

GPa). For Duralay and Structur groups there was no significant difference (p> 0.05) in the elastic modulus. For Systemp group was found significantly lower values (p <0.05) in elastic modulus among the tested materials. Conclusion: The bis-acrylic resins showed shrinkage stress, hardness, roughness, solubility, flexural strength and elastic modulus properties similar to the acrylic resin.

Keywords: Acrylic resins. Prosthodontics. Dental materials.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Cilindro personalizado e molde para obtenção das amostras .................. 25

Figura 2 - Confecção das amostras em máquina cortadeira Isomet 1000 ............... 26

Figura 3 - Amostras confeccionadas ........................................................................ 26

Figura 4 - Recipiente para armazenamento das amostras ....................................... 27

Figura 5 - Armazenamento das Amostras durante o ciclo de dessecação ............... 28

Figura 6 - Armazenamento das amostras em água deionizada ............................... 28

Figura 7 - Anel Fotoelástico ...................................................................................... 29

Figura 8 - Confecção das amostras fotoelásticas ..................................................... 30

Figura 9 - Polaroscópio e amostra submetida ao teste de fotoelasticidade .............. 31

Figura 10 - Rugosímetro e amostra sendo submetida ao teste ................................ 31

Figura 11 - Molde metálico usado para confecção das amostras do teste de flexão 32

Figura 12 - Moldes para duplicação dos bastões ..................................................... 33

Figura 13 - Confecção das amostras para o teste de flexão .................................... 34

Figura 14 - Amostra submetida ao teste de flexão ................................................... 35

Figura 15 - Cilindro e molde personalizado para confecção das amostras .............. 36

Figura 16 - Amostra obtida após secção em máquina de corte Isomet 1000 ........... 36

Figura 17 - Amostras embutidas em resina epóxi .................................................... 37

Figura 18 - Microdurômetro e amostra submetida ao teste ...................................... 38

Figura 19 - Endentação obtida após realização do teste de microdureza ................ 38

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características dos materiais testados .................................................... 24

Tabela 2 - Resultados dos testes realizados ............................................................ 39

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Bis-GMA Bisfenol a - glicidil metacrilato

CAD/CAM Computer-aided design / Computer-aided manufacturing

0C Graus Celsius

Et al.

FTIR

E outros

Espectroscopia infravermelho transformada de Fourier

g Grama

gf Grama-força

gm Grama

GPa Giga Pascal

h Horas

ISO International Organization for Standardization

KN Kilo Newton

KHN Número de dureza Knoop

mm Milímetro

mm/s Milímetro por segundo

min Minutos

MPa Mega Pascal

mL Mililitro

µm Micrômetro

µg/mm3 Micrograma por milímetro ao cubo

N Newton

n0 Número

PMMA Polimetil metacrilato

PEMA Polietil metacrilato

Ra Rugosidade superficial média

s Segundos

TEGDMA Tri-etileno glicol di-metacrilato

UDMA Uretano dimetacrilato

UNOPAR Universidade Norte do Paraná

Wsp Sorção em água

Wsl Solubilidade em água

% Indica dados numéricos proporcionais a cem

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 14

2 OBJETIVOS ................................................................................................. 16

2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 16

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................. 16

3 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 17

4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................ 24

4.1 TESTE DE SORÇÃO E SOLUBILIDADE ................................................................. 25

4.2 TESTE DE TENSÃO DE CONTRAÇÃO .................................................................. 29

4.3 TESTE DE RUGOSIDADE SUPERFICIAL ............................................................... 31

4.4 TESTE DE FLEXÃO EM 3 PONTOS ...................................................................... 32

4.5 TESTE DE MICRODUREZA KNOOP ..................................................................... 35

5 RESULTADOS ............................................................................................. 39

5.1 SORÇÃO EM ÁGUA .......................................................................................... 39

5.2 SOLUBILIDADE EM ÁGUA .................................................................................. 40

5.3 TENSÃO DE CONTRAÇÃO ................................................................................. 40

5.4 RUGOSIDADE SUPERFICIAL .............................................................................. 40

5.5 FLEXÃO EM 3 PONTOS ..................................................................................... 40

5.6 MICRODUREZA KNOOP .................................................................................... 41

5.7 MÓDULO ELÁSTICO ......................................................................................... 41

6 DISCUSSÃO ................................................................................................ 42

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 47

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 48

14

1 INTRODUÇÃO

Durante a redução da estrutura dental em um preparo protético, os tecidos

bucais podem ser inadvertidamente injuriados, logo as restaurações provisórias são

cruciais para assegurar um sucesso clínico devido a função que desempenham na

manutenção da saúde dental do paciente antes das próteses definitivas estarem

prontas. Protegem temporariamente a polpa em caso de dentes vitalizados,

garantem a proteção dos preparos protéticos, núcleos intrarradiculares e do

periodonto nos dentes vitais e não vitais e dos tecidos ao redor dos abutments nas

reabilitações implantossuportadas, auxiliando a cicatrização gengival e protegendo

os abutments das injúrias químicas e microinfiltrações. As restaurações provisórias

podem ainda auxiliar na mastigação, reestabelecimento da dimensão vertical de

oclusão, fonética, reabilitações oclusais, na estética, na função mastigatória e para

fins de diagnóstico.(1)

O uso das restaurações provisórias pode se estender de alguns dias até 6

meses ou mais, isto significa que restaurações provisórias de baixa qualidade

podem levar a insatisfação do paciente, complicações no tratamento e custos

adicionais para confecção de uma nova prótese.(2)

Dentre os vários materiais para confecção de coroas provisórias e próteses

parciais fixas provisórias, o polimetil-metacrilato (PMMA) e as resinas bisacrílicas

são os mais difundidos atualmente.(1) Historicamente, a resina autopolimerizável a

base de polimetil metacrilato (PMMA) tem sido o material mais usado pelos clínicos

para a fabricação direta e indireta de restaurações provisórias. Recentemente os

compósitos bisacrílicos, embora mais caros que as resinas a base de PMMA, tem se

tornado uma alternativa para a fabricação de restaurações provisórias.(3)

As resinas bisacrílicas têm se tornado conhecidas devido a sua facilidade de

uso, propriedades de manipulação e propriedades mecânicas superiores ao PMMA

incluindo dureza, módulo de elasticidade e resistência à flexão quando submetidos a

estudos in vitro com corpos de prova de formato retangular (25 x 2 x 2 mm).(4) Estes

compósitos foram desenvolvidos no intuito de melhorar a estética e as propriedades

de manipulação, quando comparados com os materiais já existentes. Durante a fase

de polimerização química da resina bisacrílica, o excesso de material pode ser

facilmente removido devido ao tempo prolongado em que o material permanece no

estado plástico. O material também pode permanecer no meio intrabucal devido ao

15

mínimo aumento de temperatura durante a polimerização inicial.(5)

Um dos grandes desafios da Odontologia é o de se obter um material

odontológico provisório que satisfaça as necessidades biomecânicas, resistindo às

cargas funcionais mastigatórias e que possua aceitável longevidade clínica. Deste

modo torna-se interessante analisar as propriedades físico-mecânicas dos

compósitos bisacrílicos conhecendo as limitações dos mesmos para uma melhor

utilização no meio bucal.

16

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar as propriedades físico-mecânicas das resinas bisacrílicas.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Verificar por meio de ensaios físico-mecânicos a tensão de

contração, resistência à flexão, módulo de elasticidade

microdureza, sorção e solubilidade e rugosidade superficial

das resinas bisacrílicas;

- Estabelecer uma comparação dos resultados encontrados

das resinas bisacrílicas com a resina acrílica.

17

3 REVISÃO DA LITERATURA

Arnold et al. (1999)(6) avaliaram a microdureza Knoop (KHN) de três resinas

bisacrilicas (Integrity , ProtempGarant , Temphase) e duas resinas acrílicas (Jet ,

Temporary Bridge) em amostras cilíndricas , com 9mm de diâmetro e 3mm de

espessura , após 24 horas e 14 dias de armazenamento. A dureza da maioria dos

materiais decresceu de acordo com o tempo, porém todas as resinas bisacrilicas

(Integrity, Protemp Garant, Temphase) obtiveram maior grau de dureza em relação

às resinas a base de metil-metacrilato (Jet , Temporary Bridge) nos intervalos de

tempo testados.

Yap et al. (2004)(7) realizaram teste de microdureza Knoop em resinas

acrílicas (Temporary bridge resin, Unifast LC, Provipoint DC) e bisacrílicas

(ProtempGarant, Luxatemp Solar Plus e LuxatempAutomix Plus) após serem

armazenadas em soluções de heptano ,solução de etanol em diferentes

concentrações (100% , 75%, 50% , 25%) , água destilada por 1 semana e o grupo

controle exposto ao ar. Os corpos de prova em formato retangular (3 mm largura x

4mm comprimento x 2mm de altura) após serem retirados das soluções foram

submetidos ao teste de microdureza onde foi aplicada uma carga de 100 gf por 15s.

Para as resinas bisacrílicas não foram encontradas diferenças significantes na

microdureza quando comparadas ao grupo controle (ar), grupo da água destilada e

grupo do heptano. As resinas acrílicas apresentaram menor dureza para a solução

de heptano. As resinas Unifast LC e Provipoint DC também apresentaram menor

dureza para a solução de água destilada.

Savabi et al. (2013)(8)avaliaram a microdureza Vickers de 7 materiais

provisórios a base de metilmetacrilato, etilmetacrilato e resinas bisacrílicas

(Acropars, Duralay, Protemp 3, Tempron, Tempspan, Unifast LC e Revotek). As

amostras (2mm x 10mm x 30mm) foram submetidas ao teste de microdureza

Vickers, em ambiente seco e após 7 dias de armazenamento em saliva artificial,

onde 3 endentações foram feitas em pontos diferentes de cada amostra com uma

carga de 15.15g durante 10 segundos. Os autores concluíram que não houveram

diferenças significativas na microdureza dos materiais testados após 7 dias imersos

em saliva artificial.

Muley et al. (2014)(9) comparou a microdureza e a resistência a flexão de

uma resina bisacrílica (Luxatemp star) com uma resina a base de UDMA (Revotek

18

LC) e outra a base de PMMA (DPI self cure). As amostras (65 x 10 x 3 mm) foram

armazenadas em soluções de saliva artificial, ácido cítrico e heptano por 1 semana e

então submetidas aos testes de microdureza Knoop (3 gm / 15 s) e flexão em 3

pontos (5mm/min, 40 mm entre apoios). As médias do teste de flexão e microdureza

de todos os materiais sofreram influência significativa (p<0,05) pelos solventes em

comparação ao grupo controle. Na solução de saliva artificial as médias dos testes

de microdureza e flexão mostraram diferenças significantes em comparação ao

grupo controle (p < 0,05) para todos os materiais testados. A comparação dos

resultados obtidos do grupo Luxatemp Star com o grupo Revotek LC e DPI self-cure

mostraram diferença significativa (p < 0,05) para a solução de ácido cítrico. Para a

solução de heptano foram observados decréscimos significativos (p < 0,05) nos

testes de microdureza e flexão para todos os materiais testados quando comparados

ao grupo controle.

Yilmaz et al. (2007)(10) encontraram maior resistência a flexão em coroas de

policarbonato pré-fabricadas (3M , E.U.A) em comparação a resina acrílica

autopolimerizável (Temp S, Bisco, Alemanha), a resina acrílica termopolimerizável

(Major C&B-V Dentine, Major Prodotti, Itália) e a resina bisacrílica (Protemp II, 3M,

E.U.A) quando confeccionou coroas provisórias de dentes anteriores destes

materiais e submeteu os mesmos a testes em máquina de ensaios universal. A

maior resistência a fratura foi encontrada no grupo das coroas de policarbonato (585

N) seguido pelo grupo da resina acrílica autopolimerizável (448,3N), a resina

bisacrílica apresentou resistência a flexão de (380 N) e a resina acrílica

termopolimerizável de 253,3 N.

Nejatidanesh et al. (2009)(11) compararam a resistência à flexão das resinas

bisacrílicas em relação às resinas acrílicas e obtiveram o resultado de que a maior

resistência à flexão foi conseguida pelas resinas bisacrílicas em comparação as

resinas acrílicas a base de etil metacrilato, metil metacrilato e vinil etil metacrilato.

Como mostra o trabalho de Haselton (2002)(12) este resultado deve-se a presença de

monômeros multifuncionais (Bis-GMA ou TEGDMA) na composição das resinas

bisacrílicas que aumentam a força de ligação cruzada com outros monômeros.

Watanabe et al. (2013)(13) submeteram resinas a base de polimetilmetacrilato

(Alike), polietilmetacrilato (Trim), resina bisacrílica (Versatemp) e uma resina

bisacrílica enriquecida com fluoreto (Perfectemp II) aos testes de resistência a

fratura e resistência ao cisalhamento. Foram confeccionadas dez amostras

19

circulares de 25mm de diâmetro e 2mm de espessura para o teste de resistência a

fratura e 12mm de diâmetro e 1mm de espessura para o teste de resistência ao

cisalhamento. As maiores resistências a fratura foram encontradas com a resina a

base de PMMA (0,89 MPa), seguida da resina bisacrílica (0,67 MPa), PEMA

(0,54MPa) e a resina bisacrílica enriquecida com fluoreto (0,42 MPa). Para o teste

de resistência ao cisalhamento a resina bisacrílica demonstrou o maior valor (160

MPa), seguida da resina a base de PMMA (141 MPa) e PEMA (132 MPa) e o menor

valor foi encontrado na resina bisacrílica enriquecida com fluoreto (106 MPa).

Takamizawa et al. (2014)(14) mostraram que as resinas bisacrílicas (Protemp

Plus, Integrity, Luxatemp Automix Plus) apresentam maior resistência à flexão

quando comparadas a resina a base de PMMA (Unifast III). As resinas bisacrílicas

analisadas apresentaram módulo de elasticidade superior à resina de PMMA e

inferior a resina composta fotopolimerizável. Ao microscópio eletrônico de varredura

as resinas bisacrílicas apresentaram estruturas heterogêneas devido à inclusão de

partículas inorgânicas tratadas com silano ou vidro que contribuem para aumentar a

resistência e o módulo de elasticidade.

Knobloch et al. (2011)(5) baseados nos estudos de Haselton (2002)(12)

testaram a resistência à fratura e os parâmetros de Weibull de quatro resinas

bisacrílicas de polimerização química (Protemp Garant 3 , Perfectemp II, Integrity,

Temphase) e uma resina bisacrílica de polimerização dual (Luxatemp Solar) , após

uma hora e vinte e quatro horas, todas com diferentes quantidades de cargas.

Constataram que houve diferenças significantes na resistência à fratura entre os

tempos de teste, modo de polimerização e quantidade de carga do compósito. O

aumento na resistência à fratura de (23 - 115%) para todos os materiais testados

(Protemp Garant 3, Perfectemp II, Integrity, Temphase e Luxatemp Solar) pode ser

explicado pela polimerização tardia, resultando em um aumento da conversão do

metacrilato. Os radicais livres da polimerização podem continuar agindo após a

vitrificação inicial resultando em uma maior densidade de ligações cruzadas. Quanto

ao modo de polimerização, a resina de polimerização dual mostrou o módulo de

Weibull mais alto após uma hora, devido a uma larga taxa de conversão de

monômeros após a fotopolimerização em comparação aos materiais de

polimerização química. Para os materiais testados (Protemp Garant 3, Perfectemp II,

Integrity, Temphase e Luxatemp Solar) quanto maior a quantidade de carga maior

sua resistência à fratura.

20

Kerby et al. (2013)(4) avaliaram a resistência à flexão, o módulo de

elasticidade, o trabalho de fratura e módulo de Weibull de quatro resinas bisacrílicas

(Protemp Plus, Turbo Temp 2, Integrity, Temphase Fast Set) e duas resinas a base

de uretano dimetacrilato-UDMA (NuForm, Tuff-Temp). Foram encontrados

resultados semelhantes à Knobloch (2011)(5) onde a geleificação contínua pós-

polimerização aumentou a resistência à flexão e a rigidez dos compósitos

bisacrílicos e as resinas a base de uretano entre uma e vinte e quatro horas.

Ainda com resultados semelhantes à Kerby (2013)(4) e Knobloch (2011)(5)

Poonacha et al. (2013)(15) verificaram a resistência à flexão e o módulo de

elasticidade de um compósito bisacrílico autopolimerizável, de uma resina à base de

metil metacrilato autopolimerizável e uma resina à base de uretano fotopolimerizável

armazenadas em saliva artificial em intervalos de 24h e 7 dias. Concluíram que a

resina à base de metacrilato mostrou maior resistência à flexão e módulo de

elasticidade após armazenamento em saliva artificial em ambos períodos de

avaliação. A resina bisacrílica mostrou a resistência à flexão e módulo de

elasticidade mais baixo dentre os três compostos testados. Porém, a resistência à

flexão do PMMA foi significativamente reduzida após armazenamento durante 24

horas em saliva artificial e permaneceu constante até o 70 dia. Em contrapartida a

resistência à flexão da resina bisacrílica aumentou após armazenamento de 24 h em

saliva artificial e não mostrou mudanças significantes até o 70 dia. Ainda de acordo

com os autores, esses fatos podem ser explicados pelas moléculas de água que

interferem nas cadeias poliméricas do PMMA e atuam como plastificantes,

diminuindo sua resistência à flexão. A molécula presente nas resinas bisacrílicas é

hidrófoba, assegurando mínima absorção de água e reduzindo a ação plastificante,

além dos copolímeros de vinil incluídos para aumentar sua resistência à flexão. Além

do que a estrutura central rígida da molécula reduz a dissolução de partículas de

carga da resina durante sua imersão em saliva.

Com resultados contrários a Kerby (2013)(4), Knobloch (2011)(5) e Poonacha

(2013)(15), Thompson et al. (2014)(16) constataram que a polimerização tardia por

tratamento de calor ou a aplicação de um glaze melhorou significativamente a

microdureza dos compósitos bisacrílicos. A idade teve efeito significante na

resistência à flexão e microdureza das resinas bisacrílicas e à base de PMMA. A

temperatura e o meio de armazenagem afetaram a resistência à flexão dos

compósitos bisacrílicos e a base de PMMA. A termociclagem teve efeito prejudicial

21

na resistência à flexão das resinas bisacrílicas e a base de PMMA.

Para confirmar os estudos de Thompson et al. (2014) (16), Shim et al. (2015)

(17) testaram o efeito da fotopolimerização, da pressão, da inibição de oxigênio e do

calor sobre a resistência ao cisalhamento de uma resina bisacrílica. Descobriram

que a fotopolimerização, a pressão, e a inibição de oxigênio não influenciam na

resistência ao cisalhamento, porém, um aumento dessa resistência foi alcançado

quando foi utilizado um tratamento térmico de 1000C por 20 minutos.(17)

Yao et al. (2014)(18) compararam a resistência a flexão de resinas

bisacrílicas e materiais provisórios utilizados no sistema computer-aided design /

computer-aided manufacturing (CAD/CAM) antes e após termociclagem. Foram

confeccionados 20 amostras (25 x 2 x 2 mm), de acordo com a ISO 4049: 2000, de

cada resina bisacrílica (Protemp 4 e Structur 2) e também de cada material

CAD/CAM (VITA CAD-Temp e Teilo CAD). Estas amostras foram subdivididas em 2

subgrupos de 10 amostras cada (grupo controle e grupo teste). O grupo controle foi

submetido ao teste de flexão em três pontos antes e o grupo teste após a

termociclagem (5000 ciclos variando entre 50 C e 550 C , 60 segundos o tempo de

imersão e 5 segundos o tempo de transferência entre os ciclos). Todos os grupos

apresentaram decréscimo significativo na resistência a flexão após a termociclagem

(p<0,5) porém, não foram encontradas diferenças significativas entre as resinas

bisacrílicas antes e após a termociclagem. Entre os grupos Protemp 4 e Teilo CAD e

Structur 2 e VITA CAD – Temp não foram observadas diferenças significativas após

a termociclagem (p> 0,05).

Vaidynathan et al. (2015)(19) realizaram testes in vitro para análise da tensão

de relaxamento em materiais provisórios, em que submetia as resinas acrílicas e

bisacrílicas a uma tensão constante. Assim, analisava parâmetros como módulo de

relaxamento inicial, módulo de relaxamento transiente e módulo de relaxamento

final. Os autores concluíram que as resinas bisacrílicas foram superiores ao

polietilmetacrilato (PEMA) pela durabilidade funcional em restaurações provisórias

de médio a longo prazo. A resina acrílica demonstrou instabilidade dimensional

excessiva sob tensão e foi contraindicada para restaurações provisórias de médio a

longo prazo.

Carneiro et al. (2014)(20) analisaram as diferenças na distribuição de tensão,

pelo método dos elementos finitos, em próteses totais fixas sobre implantes,

baseadas no conceito all on four, confeccionadas com resina bisacrílica e resina

22

acrílica autopolimerizável. Estes pesquisadores encontraram resultados

semelhantes à Vaidynathan (2015)(19) e constataram que a tensão na direção axial e

obliqua foi menor para a resina bisacrílica e que os compósitos bisacrílicos

promoveram uma melhor distribuição de forças sobre a prótese em comparação as

resinas acrílicas autopolimerizáveis.

Tuna et al. (2008)(21) avaliaram a sorção e solubilidade de dez resinas

acrílicas onde 2 eram termopolimerizáveis (De Trey QC-20 e Meliodent Heat Cure) e

8 eram autopolimerizáveis(Meliodent Cold, Akrileks, Akribel, Akribel Transparent,

Vertex Trayplast,Formatray,Dentalon Plus e Palavit G).As amostras (20x20x1,5mm)

foram submetidas ao teste de sorção e solubilidade e concluiu-se que os resultados

estão de acordo com a ISO e que não há correlação entre os valores de sorção e

solubilidade.

Gajewski et al. (2012)(22) estudaram o efeito da sorção e solubilidade sobre

os monômeros (Bis-GMA, TEGDMA, UDMA, BisEMA) presentes nas resinas. O Bis-

GMA demonstrou a maior sorção em água e o TEGDMA e Bis-EMA as menores. O

UDMA foi estatisticamente similar a todos os monômeros. O TEGDMA apresentou a

mais alta solubilidade seguido do UDMA, BisGMA e Bis-EMA.

Haselton et al. (2004)(23) avaliaram o efeito das soluções de armazenamento

(saliva artificial e café) na rugosidade superficial de resinas acrílicas a base de

metacrilato (Alike, Jet, Temporary Bridge Resin, Zeta C& B Acrylic, Unifast LC) e

resinas bisacrilicas (Instatemp, Integrity, Luxatemp, Protemp Garant, Provipoint,

Provitec, Temphase). As amostras (25mm x 25mm x 2mm) foram mergulhadas por 2

semanas nas soluções de saliva artificial e saliva artificial com café e submetidas a 3

leituras de superfície por amostra para obter-se a rugosidade superficial média (Ra)

de cada material. As resinas a base de metacrilato exibiram superfícies mais lisas,

porém a rugosidade superficial aumentou para a maioria dos materiais após

armazenamento em ambiente úmido. As resinas bisacrílicas apresentaram menor

rugosidade no período de pós-armazenamento quando comparadas com as resinas

acrílicas.

Com resultados semelhantes à Haselton (2004)(23), Montero et al. (2009)(24)

analisaram o tipo de matriz na rugosidade superficial de resinas usadas para

fabricação de próteses provisórias. Dentre as três matrizes usadas, hidrocolóide

irreversível (Cavex CA37), polivinilsiloxano (Aquasil Soft Putty) e matriz a vácuo (Bio-

flow Hard), a que apresentou menor rugosidade superficial quando usada em

23

combinação com a resina bisacrílica (Protemp II Garant) foi a matriz a base de

hidrocolóide irreversível que proporcionou uma superfície lisa, sem necessidade de

polimento a menos que ela seja ajustada. A resina bisacrílica apresentou a

superfície mais lisa, em relação às resinas acrílicas testadas (Trim II, Tab2000),

independente da matriz usada, sem diferenças significantes de polimerização entre

os três tipos de matrizes.

Soares et al. (2010)(25) avaliaram a rugosidade e a resistência a flexão em

três resinas acrílicas (Vipi Flash, VipiCril, VipiWave) com e sem adição de fibra de

vidro. As amostras (67 mm de comprimento x 12,60 mm de largura x 3mm de

espessura) foram submetidos ao teste de resistência flexural em máquina de ensaio

universal a uma velocidade de 5mm/min e teste de rugosidade superficial em

rugosímetro. O acréscimo de fibras de vidro não alterou a resistência flexural dos

materiais, porém aumentou os valores de rugosidade superficial para as amostras

testadas.

Nishida et al. (2010)(26) avaliaram a rugosidade superficial de 4 marcas de

resinas acrílicas (Vipi, Dencor, Duralay e Alike) de acordo com 4 técnicas de

manipulação: autopolimerização sob pressão em matriz de silicona,

autopolimerização térmica em mufla, autopolimerização usando a técnica do pincel,

autopolimerização pela mistura em pote dappen. As amostras (20mm de

comprimento x 10mm de largura x 3mm de espessura) foram submetidas ao

rugosímetro onde foram realizadas seis leituras superficiais sendo três no sentido

horizontal e três no sentido longitudinal. Houve diferença de rugosidade tanto entre

marcas de resina como entre as técnicas de manipulação.

24

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Materiais utilizados:

As características das resinas a serem testadas estão apresentadas na

tabela a seguir:

Tabela1 - Características dos materiais testados Categoria Nome dos

Produtos

(Grupos)

Fabricante Composição Lote Cor

Resinas

Bisacrílicas

Systemp c & b

II

(G -1)

Ivoclar

Vivadent

Base: Dimetacrilato (51.1

wt%), Partículas de vidro

preenchimento (48,7 wt%),

Catalisadores, Pigmentos e

Estabilizantes (0,2wt%)

Catalisador : Partículas de

vidro (57 wt%), Triglyceride

(35,9 wt%), Catalisadores

(7.1 wt%)

T39689 A2

Luxatemp

Automix Plus

(G- 2)

DMG

Matriz de Metacrilatos

Multifuncionais com

partículas de vidro de

preenchimento,

catalisadores,

Estabilizadores e Aditivos.

Livre de Metilmetacrilatos e

peróxidos. Volume total de

partículas de preenchimento

44 w.% = 24 vol.%(0,02 to

2,5μm)

716248 A2

Protemp 4

(G- 3) 3M

Pasta Base: BisEMA6 (50-

60%), sílica amorfa (20-

30%), metacrilato de

poliuretano (10-20%), sílica

tratada com silano (5-10%).

Pasta Catalisadora: Etanol

(70-80%), sílica tratada com

Silano (<10%), benzi-fenil-

ácido barbitúrico (<10%)

544634 A2

Structur 3

(G -4) Voco

Pasta Base: UDMA (10-

25%), Catalisador (2,5-5%)

Pasta Catalisadora:

UDMA(10-25%),Bis-GMA(5-

10%), Peróxido de Benzoila

151255

7 A2

25

( <2,5%)

Resina

Acrílica

Duralay

(G- 5) Polidental

Pó: Copolímero de

MetilMetacrilato (60 wt.%),

Peróxido de Benzoíla

(10wt.%), Dietil-ftalato

(20wt.%) e Pigmentos.

Líquido: Monômero de

Metilmetacrilato (>98%),

Dimetil p-tuloidina.

Pó:

45751

Líquido

: 46836

A2

Fonte: Do autor (2015).

4.1 TESTE DE SORÇÃO E SOLUBILIDADE

Foram confeccionadas 50 amostras com dimensões de 15 mm de diâmetro

e 1 mm de espessura e divididas em 5 grupos (n=10) seguindo as normas da ISO

4049/2008(27). As amostras foram feitas a partir de um cilindro de alumínio

personalizado de 50 mm de comprimento e 15 mm de diâmetro. Após a duplicação

deste cilindro com silicone para duplicação em laboratório (Elite Double 8,

Zhermack, Itália) obteve-se um molde com dimensões semelhantes ao do cilindro

personalizado (Figura 1).

Figura 1 – Cilindro personalizado e molde para obtenção das amostras

Fonte: Do autor (2015).

Para os grupos das resinas bisacrílicas, cada material teve sua tampa do

cartucho removida e foi devidamente acoplado a uma pistola dispensadora

universal. Pressionando a alavanca da pistola o material foi expulso e

automaticamente misturado na proporção correta através uma cânula de mistura

específica que acompanha cada sistema. Os materiais foram inseridos com a pistola

dispensadora universal diretamente no molde de silicone (15 mm de diâmetro X 50

mm de comprimento).

26

Para o grupo da resina acrílica (Duralay) o material foi manipulado usando a

proporção pó-líquido de 3:1 em volume, de acordo com as instruções do fabricante,

em um pote paladon de vidro com tampa. A manipulação foi iniciada misturando-se

o pó ao líquido por meio da espátula nº 36 até a resina acrílica (Duralay) atingir a

fase plástica, sendo inserida diretamente no molde de silicone (15 mm de diâmetro X

50mm de comprimento) utilizando a espátula nº 36.

Após o tempo de polimerização de até 5 minutos para as resinas bisacrílicas

e acrílica, preconizado por cada fabricante , as amostras foram removidas dos

moldes de silicone e cortadas na máquina de corte (Isomet 1000, Buhler, Suiça) com

a espessura de 1mm para obter-se amostras com dimensões de 15 mm de diâmetro

e 1 mm de espessura seguindo as normas da ISO 4049/2008(27) (Figuras 2 e 3). Os

excessos laterais das amostras foram removidos com lâmina de bisturi nº15.

Figura 2- Confecção das amostras em máquina cortadeira Isomet 1000

Fonte: Do autor (2015).

Figura 3 – Amostras confeccionadas

Fonte: Do autor (2015)

27

As amostras foram individualmente numeradas e separadas por grupos (G-

1,G-2,G-3,G-4,G-5) e armazenadas sem tampa em recipientes plásticos de

poliestireno transparente com 35,5 mm de altura , 26,7 mm de diâmetro e 15 mL de

capacidade (Frasco J-7, Injeplast, São Paulo, Brasil) em um dessecador à 370C

contendo sílica gel (Figuras 4 e 5). Após 22 horas as amostras foram removidas e

armazenadas em um dessecador a 230C por 2 horas e então pesadas em uma

balança analítica(Gehaka AG 200, São Paulo, Brasil) com uma precisão de 0,0001g.

Este ciclo foi repetido até obter-se uma massa constante, m1, sendo que a perda de

massa entre pesagens consecutivas não excedeu 0,0001 g no período de 24 horas.

Figura 4 - Recipiente para armazenamento das amostras

Fonte: Do autor (2015).

Após ser obtido o valor de m1, mediu-se o diâmetro e a espessura (no

centro e em 4 pontos equidistantes) das amostras com uma precisão de 0,01 mm.

Os valores provenientes do diâmetro foram usados para calcular a área das

amostras em milímetros quadrados, e os valores obtidos da espessura usados para

calcular o volume, V, em milímetros cúbicos.

28

Figura 5 - Armazenamento das Amostras durante o ciclo de dessecação

Fonte: Do autor (2015).

Na etapa seguinte as amostras foram armazenadas em água deionizada e

devidamente tampadas, com o recipiente na posição horizontal, a 370C por 7 dias de

modo que elas apresentaram um espaço de, no mínimo , 3 mm entre elas e que

suas faces não ficassem em contato com o fundo do recipiente. As amostras foram

imersas em um volume de água deionizada de no mínimo,10 mL por amostra

(Figura 6). Após 7 dias as amostras foram removidas e secas com jatos de ar por 15

segundos de modo que sua superfície não apresentasse uma película de água

visível. Após 1 minuto da remoção das amostras da água elas foram pesadas e o

valor obtido foi m2.

Figura 6 - Armazenamento das amostras em água deionizada

Fonte: Do autor (2015).

Na terceira etapa, as amostras foram retornadas ao dessecadora 37oC, e o

ciclo de recondicionamento foi repetido com medições de massa a cada 24 horas

até ser obtida a massa constante, que foi registrada como m3.

29

Os valores para sorção (Wsp) e solubilidade de água (Wsl), em microgramas

por milímetro cúbico, foram calculados usando as seguintes equações:

Wsp= m2–m3/ V e Wsl= m1– m3/ V

onde:

m1 é a massa obtida, em microgramas , após o primeiro ciclo de

desidratação, antes da imersão em água deionizada (g);

m2 é a massa obtida, em microgramas , após imersão em água deionizada

(g);

m3 é a massa obtida, em microgramas, após o segundo ciclo de

desidratação (g);

V é o volume da amostra (mm3).

Os dados obtidos do teste de sorção e solubilidade foram analisados quanto

à distribuição normal e em seguida foram submetidos à análise de variância a um

critério (ANOVA one-way) e as diferenças entre os grupos complementadas pelo

teste de Tukey para múltiplas comparações. Estabeleceu-se o nível de significância

de 5%.

4.2 TESTE DE TENSÃO DE CONTRAÇÃO

Foram confeccionadas cinquenta amostras de uma matriz circular de resina

fotoelástica (PL3 Vishay, Micro-Measurements Group, Inc Raleigh, N. C. EUA) com

cavidade interna de 5 mm de diâmetro x 2 mm de altura (Figura 7).

Figura 7 - Anel Fotoelástico

Fonte: Do autor (2015).

Os anéis fotoelásticos foram colocados sobre uma placa de vidro e em um

dos lados, escolhidos aleatoriamente, foram colocadas tiras de poliéster para que o

material testado não aderisse a placa.

30

Cada resina bisacrílica foi devidamente acoplada a uma pistola

dispensadora universal. Pressionando a alavanca da pistola o material será expulso

e automaticamente misturado na proporção correta através de uma cânula de

mistura específica que acompanha cada sistema. Os materiais foram inseridos com

a pistola dispensadora universal diretamente nas cavidades internas dos anéis de

resina fotoelástica que foram divididos em 4 grupos (n=10) :G1-Systemp C&B II ,

G2- Luxatemp, G3- Protemp 4 , G4- Structur 3.

O grupo da resina acrílica Duralay (G-5) será manipulado usando a

proporção pó-líquido de 3:1 em volume, de acordo com o fabricante, em um pote

paladon de vidro com tampa. A manipulação foi iniciada misturando-se o pó ao

líquido por meio da espátula n0 36 até a resina acrílica atingir a fase plástica onde foi

inserida nas cavidades internas dos anéis de resina fotoelástica utilizando a espátula

n0 36.

Após a inserção das resinas uma nova tira de poliéster foi colocada sobre a

superfície dos anéis e pressionaram-se os anéis com uma segunda placa de vidro

para que ocorresse o extravasamento do excesso de material (Figura 8).

Figura 8 - Confecção das amostras fotoelásticas

Fonte: Do autor (2015).

Decorridas as 24 horas da polimerização das amostras e o armazenamento

das mesmas em estufa a 370C elas foram submetidas ao ensaio fotoelástico (Figura

9).

As franjas geradas pelas tensões de contração nos anéis fotoelásticos foram

visualizadas em polaroscópio (Vishay LF/Z-2, Malvern, USA) sendo padronizados

dois pontos diametralmente opostos e aleatórios ao redor da amostra para medida

da tensão de contração em MPa. As fotografias de cada ensaio juntamente com as

medidas das tensões de contração foram registradas pelo software (PS Calc 3.1).

31

Figura 9 - Polaroscópio e amostra submetida ao teste de fotoelasticidade

Fonte: Do autor (2015).

As medidas da tensão de contração foram submetidas ao teste Kolmogorov -

Smirnov para normalidade, seguida pelo teste ANOVA one-way e teste de Tukey

com nível de significância de 5%.

4.3 TESTE DE RUGOSIDADE SUPERFICIAL

Para este teste foram utilizados os mesmos corpos de prova do teste de

tensão de contração (5 mm de diâmetro e 2mm de altura) totalizando 50 amostras.

As amostras foram testadas no rugosímetro (SJ 410, Mitutoyo, Tóquio, Japão) para

a medição de rugosidade média (Ra), rugosidade total (Rz) e rugosidade máxima

(Rt). Foi efetuada uma leitura por amostra com deslocamento limitado da ponteira do

rugosímetro de 0,25 mm a partir da extremidade da amostra a uma velocidade de 5

mm/s (Figura 10).

Figura 10 - Rugosímetro e amostra sendo submetida ao teste

Fonte: Do autor (2015).

32

Os dados foram submetidos ao teste Kolmogorov-Smirnov para normalidade

e a distribuição foi não normal, logo os dados foram submetidos ao teste não

paramétrico de Kruskal-Wallis.

4.4 TESTE DE FLEXÃO EM 3 PONTOS

Os materiais estudados foram divididos em cinco grupos (n=10): Grupo 1 (G-

1) Systempc&b II; Grupo 2 (G-2) Luxatemp; Grupo 3 (G-3) Protemp 4; Grupo 4 (G-4)

– Structur; Grupo 5 (G-5) – Resina acrílica Duralay.

Foram confeccionados 10 bastões de resina fotopolimerizável (Filtek Z 100,

3M ESPE, Estados Unidos) em matrizes de teflon bipartidas com dimensões de

25mm de comprimento, 2mm de largura e 2mm de espessura conforme a

determinação 4049 da ISO(27).

A resina foi inserida na matriz metálica e antes da fotopolimerização aplicou-

se uma pressão com placa de vidro sobre a matriz metálica para escoar o excesso

de material e evitar a formação de bolhas na superfície dos bastões (Figura 11).

Figura 11 - Molde metálico usado para confecção das amostras do teste de flexão

Fonte: Do autor (2015).

Após a foto polimerização dos bastões por 40 segundos conforme orienta o

fabricante ,os excessos dos bastões foram removidos com lixa d´água n0600 e

n01200 até obter-se as dimensões de 25mm x 2mm x 2mm aferidas com paquímetro

digital (CD-6 CX-B, Mitutoyo, Japão).

A seguir os bastões foram duplicados com silicone de condensação

(Clonage, DFL, Rio de Janeiro, Brasil) e obteve-se moldes com dimensões

semelhantes aos bastões de resina fotopolimerizável (25mm x 2mm x 2 mm) (Figura

12)

33

Figura 12 - Moldes para duplicação dos bastões

Fonte: Do autor (2015).

Para o grupo das resinas bisacrílicas, cada material foi devidamente

acoplado a uma pistola dispensadora universal. Pressionando a alavanca da pistola

o material foi expulso e automaticamente misturado na proporção correta através

uma cânula de mistura específica que acompanha cada sistema. Os materiais foram

inseridos com a pistola dispensadora universal diretamente nos moldes obtidos

anteriormente. Uma tira de poliéster transparente foi colocada na superfície do

molde e pressionada com uma placa de vidro para obter-se uma amostra com

superfície lisa e sem excessos previamente a polimerização. Após a polimerização

os excessos foram removidos usando uma lâmina de bisturi n0 15 e lixas d´água n0

600 e n0 1200. Após a polimerização das amostras as mesmas foram inspecionadas

visualmente para detectar bolhas ou outros defeitos e caso houvesse alguma

irregularidade a amostra seria descartada.

O grupo da resina acrílica (Duralay) foi manipulado usando a proporção pó-

líquido de 3:1 em volume, de acordo com o fabricante, em um pote paladon de vidro

com tampa. A manipulação foi iniciada misturando-se o pó ao líquido por meio da

espátula n0 36 até a resina acrílica (Duralay) atingir a fase plástica onde foi inserida

no interior dos moldes utilizando a espátula nº 36.

Uma tira de poliéster transparente foi colocada na superfície dos moldes e

pressionada com uma placa de vidro para obter-se uma amostra com superfície lisa

e sem excessos previamente a polimerização (Figura 13).

34

Figura 13 - Confecção das amostras para o teste de flexão

Fonte: Do autor (2015).

Após a polimerização das amostras seguindo o tempo recomendado pelo

fabricante as mesmas foram inspecionadas visualmente para detectar bolhas ou

outros defeitos e caso houvesse alguma irregularidade a amostra seria descartada.

Os excessos foram removidos usando uma lâmina de bisturi n015 e lixas d´água

n0600 e n0 1200.

Todas as amostras foram armazenadas em água destilada a 370C por 24h

antes de serem submetidas ao teste de flexão.

Terminada a fase de confecção das amostras suas dimensões foram

medidas a uma precisão de 0,01 mm usando o paquímetro digital (CD-6 CX-B,

Mitutoyo, Japão) e foram deixadas durante 10 minutos fora da água destilada antes

de testá-las para permitir que se igualassem a temperatura ambiente. As amostras

foram submetidas ao teste de resistência à flexão de três pontos em máquina

universal de ensaios EMIC DL 2000 (São José dos Pinhais, Paraná, Brasil) à

velocidade de 0,5mm/min com incidência de 900, utilizando uma célula de força de

50kN a uma distância de 20mm entre as extremidades das amostras.

A resistência a flexão foi calculada usando a seguinte equação:

FS = 3FL / 2BH2

Onde, F é a carga máxima aplicada a amostra, L é a distância entre os

apoios, B é a largura no centro da amostra e H é a altura no centro da amostra.

O módulo de elasticidade foi calculado usando a seguinte fórmula:

E = FL3 / 4bh3d

Onde, E é o módulo de elasticidade (MPa), F é a carga aplicada no ponto de

35

fratura, L é a distância entre os apoios , b é a largura da amostra , h é a altura da

amostra e d é a deflexão no ponto de carga.

Figura 14 - Amostra submetida ao teste de flexão

Fonte: Do autor (2015).

Os resultados do teste de resistência à flexão e do módulo de elasticidade

foram submetidos ao teste Kolmogorov-Smirnov para normalidade, seguida pelo

teste ANOVA one-way e teste de Tukey com nível de significância de 5% para o

teste de resistência à flexão e ao teste não paramétrico de Kruskal-Wallis para o

módulo de elasticidade.

4.5 TESTE DE MICRODUREZA KNOOP

Foram confeccionadas 50 amostras com dimensões de 5 mm de diâmetro e

2 mm de espessura e divididas em 5 grupos (n=10). As amostras foram feitas a

partir de um cilindro de alumínio personalizado de 50 mm de comprimento e 5 mm

de diâmetro. Após a duplicação deste cilindro em silicone para duplicação em

laboratório (Elite Double 8, Zhermack, Itália) obteve-se um molde com dimensões

semelhantes ao do cilindro personalizado (Figura 15).

36

Figura 15 - Cilindro e molde personalizado para confecção das amostras

Fonte: Do autor (2015).

Para os grupos das resinas bisacrílicas, cada material foi devidamente

acoplado a uma pistola dispensadora universal. Pressionando a alavanca da pistola

o material foi expulso e automaticamente misturado na proporção correta através

uma cânula de mistura específica que acompanha cada sistema. Os materiais foram

inseridos com a pistola dispensadora universal diretamente no molde obtido (50mm

de comprimento x 5mm de diâmetro).

O grupo da resina acrílica (Duralay) foi manipulado usando a proporção pó-

líquido de 3:1 em volume, em um pote paladon de vidro com tampa. A manipulação

foi iniciada misturando-se o pó ao líquido por meio da espátula n0 36 até a resina

acrílica (Duralay) atingir a fase plástica onde foi inserida no molde obtido (50mm de

comprimento x 5 mm de diâmetro) utilizando uma seringa descartável de 10 ml.

Após o tempo de polimerização preconizado por cada fabricante as amostras foram

removidas dos moldes e cortadas na máquina de corte (Isomet 1000, Buhler, Suiça)

com a espessura de 2mm. Os excessos das amostras foram removidos com lixa

d´água n0 600 (Figura 16).

Figura 16 - Amostra obtida após secção em máquina de corte Isomet 1000

Fonte: Do autor (2015).

Logo após as amostras foram embutidas a frio com resina epóxi rígida

(Polipox, São Paulo, Brasil) em anéis de PVC (PVC Brazil, Minas Gerais, Brasil) com

25,4mm de diâmetro interno e 10mm de espessura para servir como suporte das

37

amostras. Após 24 horas de polimerização as amostras, já embutidas na resina,

foram retiradas dos anéis de PVC e procedeu-se o polimento na politriz (Aropol 2 V,

Arotec, São Paulo, Brasil) utilizando lixas d´água n0 600 , 1200 , 2000 e disco de

polimento a base de tecido de lã de dureza média (TWI, Arotec, São Paulo, Brasil).

As amostras foram polidas por, no mínimo,5 minutos de acordo com o fabricante e

com o disco de polimento foram usadas as pastas de diamante de 1µm e ¼ µm

(Arotec, São Paulo, Brasil) . Após a fase de polimento, todas as amostras foram

colocadas no aparelho de ultrassom (Ultra Cleaner 1400, Unique, São Paulo, Brasil)

durante 10 minutos para remoção de debris (Figura 17).

Figura 17 - Amostras embutidas em resina epóxi

Fonte: Do autor (2015).

As amostras foram armazenadas em água destilada e estufa a 370 C por 24

horas. Decorridas as 24 horas de armazenamento as amostras: G-1-Systemp C&B II

, G-2- Luxatemp, G-3- Protemp 4 , G-4- Structur 3 , G-5- Resina Acrílica Duralay

foram submetidas ao ensaio de microdureza Knoop (Shimadzu, HMV-G, Japão)

apenas do topo da amostra. Em cada amostra foram realizadas três endentações

em locais distintos, utilizando-se uma força de 98,07 x 10-3 N por um período de 5

segundos. As forças foram registradas e analisadas pelo software próprio

perfazendo um total de 3 leituras por amostra, 30 leituras por grupo, perfazendo 150

leituras finais (Figuras 18 e 19). A microdureza Knoop foi calculada utilizando-se a

seguinte fórmula :

HK = P / A = P / Cp L2 , onde P é a carga aplicada , A é a área superficial de

impressão , L é o comprimento da impressão , Cp é um fator de correção relacionado

ao formato do penetrador.

38

Figura 18 - Microdurômetro e amostra submetida ao teste

Fonte: Do autor (2015).

Figura 19 - Endentação obtida após realização do teste de microdureza

Fonte: Do autor (2015).

Realizados os testes de endentações os dados obtidos foram submetidos ao

teste Kolmogorov - Smirnov para normalidade, seguida pelo teste ANOVA one-way e

teste de Tukey com nível de significância de 5%.

39

5 RESULTADOS

Os valores das médias e os desvios-padrão para cada teste estão

apresentados na tabela a seguir.

Tabela 2 - Resultados dos testes realizados

Tabela 1 – Resultados dos testes realizados

Material/tes

tes Tensão (MPa)*

Dureza

KHN*

Rugosidade*

* Sorção* Solubilidade*

Flexão

(MPa) ** (GPa)

Systemp G-

1 13,953,83 a

19,794,00

bc 0,280,05 a

10,532,64

c

0,622,54

ab

44,315,44

d 0,980,10 d

Luxatemp

G-2 7,554,27 b 26,494,93 a 0,240,20 a

14,502,25 b

-1,752,09 b 84,657,74

a 2,220,20 a

Protemp G-

3 8,806,61 ab

24,602,67

ab 0,140,07 a

18,231,60 b

-1,471,75 b 75,167,20

b 1,700,22 b

Structur G-

4 8,254,91 ab

20,955,25

bc 0,160,16 a

20,102,67 b

1,933,31 a 73,057,69

b 1,410,06 c

Duralay G-

5 8,183,57 ab 17,651,00 c 0,240,16 a

26,273,03 a

0,341,75 ab

55,407,20 c

1,440,05 c

Fonte: Do autor (2015). Médias seguidas de letras diferentes na coluna* indicam diferença estatística pelo teste de Tukey a 5% de significância e coluna ** pelo teste de Dunn a 5% de significância.

5.1 SORÇÃO EM ÁGUA

Os resultados deste estudo para sorção em água dos materiais testados

estão apresentados na tabela 2. A sorção em água variou de 10,53 a 26,27µg/mm3.

O teste de ANOVA one way mostrou que a maior sorção foi encontrada para o grupo

da resina acrílica Duralay. Para os grupos Protemp, Structur e Luxatemp não houve

diferença significante (p>0,05) na sorção em água. Para o grupo Systemp foi

encontrado o menor valor significante (p<0,05) de sorção em água dentre os

materiais testados.

40

5.2 SOLUBILIDADE EM ÁGUA

Os resultados deste estudo para solubilidade em água dos materiais

testados estão apresentados na tabela 2. A solubilidade em água variou de -1,75 a

+1,93µg/mm3. Entre os grupos Duralay e Systemp, Luxatemp e Protemp não houve

diferença significante (p>0,05) na solubilidade em água. Entre os grupos Duralay,

Systemp e Structur também não houve diferença significante (p>0,05).

5.3 TENSÃO DE CONTRAÇÃO

Os resultados deste estudo para tensão de contração dos materiais testados

estão apresentados na tabela 2. A tensão de contração variou de 7,55 a 13,95 MPa.

Entre os grupos Protemp, Systemp, Structur e Duralay não houve diferença

significante (p>0,05) na tensão de contração. Houve diferença significante entre os

grupos Systemp e Luxatemp (p<0,05).

5.4 RUGOSIDADE SUPERFICIAL

Os resultados deste estudo para rugosidade superficial dos materiais

testados estão apresentados na tabela 2. A rugosidade variou de 0,14 a 0,28 µm. O

teste de ANOVA one way mostrou que a maior rugosidade foi encontrada para o

grupo da resina bisacrílica Systemp (0,28µm). Para o grupo Protemp foi encontrado

o menor valor significante (p<0,05) de rugosidade dentre os materiais testados.

5.5 FLEXÃO EM 3 PONTOS

Os resultados deste estudo para resistência a flexão dos materiais testados

estão apresentados na tabela 2. A resistência a flexão variou de 84,65 a 44,31 MPa.

O teste de ANOVA one way mostrou que a maior resistência à flexão foi encontrada

para o grupo da resina bisacrílica Luxatemp. Para os grupos Protemp e Structur não

houve diferença significante (p>0,05) na resistência a flexão. Para o grupo Systemp

foi encontrado o menor valor significante (p<0,05) de resistência à flexão dentre os

materiais testados seguido do grupo da resina acrílica Duralay.

41

5.6 MICRODUREZA KNOOP

Os resultados deste estudo para dureza Knoop dos materiais testados estão

apresentados na tabela 2. A dureza variou de 17,65 a 26,49 N. Entre os grupos

Protemp e Luxatemp não houve diferença significante (p> 0,05). Entre os grupos

Systemp , Protemp e Structur não foi verificada diferença significante (p>0,05). Nos

grupos Duralay , Systemp e Structur também não foi encontrada diferença

significante (p>0,05).

5.7 MÓDULO ELÁSTICO

Os resultados deste estudo para o módulo elástico dos materiais testados

estão apresentados na tabela 2. O módulo elástico variou de 0,98 a 2,22 GPa. O

teste de ANOVA one way mostrou que o maior módulo elástico foi encontrado para o

grupo da resina bisacrílica Luxatemp seguido do grupo Protemp (1,70 GPa). Para os

grupos Duralay e Structur não houve diferença significante (p>0,05) no módulo

elástico. Para o grupo Systemp foi encontrado o menor valor significante (p<0,05) do

módulo elástico dentre os materiais testados.

42

6 DISCUSSÃO

Falhas inerentes às restaurações provisórias são uma preocupação tanto

para o dentista quanto para o paciente devido ao custo adicional e de tempo

associados a estas complicações. O clínico precisa estar bem informado sobre as

propriedades mecânicas dos materiais provisórios afim de proporcionar um

tratamento visando a longevidade das restaurações provisórias, principalmente em

casos onde os pacientes são obrigados a usá-las por longo período de tempo como

em pacientes submetidos a tratamento reabilitador com próteses-implanto

suportadas. Embora os valores encontrados em laboratório muitas vezes não

refletem as condições intra-orais, eles são úteis para predizer o desempenho clínico

de um material (14).

As restaurações provisórias são necessárias para proteger a vitalidade

pulpar, a posição oclusal e assegurar a estética durante o tratamento protético-

reabilitador. Podem ser usadas como ferramentas de diagnóstico para correção de

irregularidades do plano oclusal, simular alterações na dimensão vertical, simular

mudanças no contorno gengival, forma e cor das restaurações finais. Ainda servem

para manter a gengiva íntegra, sem inflamações e patologias periapicais até a

confecção da prótese definitiva (7).

A dureza é definida como a resistência de um material a indentação. Ela é

utilizada para prever a resistência de um material ao riscamento. Neste estudo foi

observado uma maior dureza Knoop para as resinas bisacrilicas em comparação a

resina acrílica (Duralay) provavelmente devido ao monômero multifuncional (Bis-

GMA ou TEGDMA), presente nas bisacrílicas, capaz de ligações cruzadas com

outros monômeros aumentando a resistência da molécula (12). As resinas a base de

metacrilato contém monômeros multifuncionais com baixo peso molecular e

moléculas lineares responsáveis pela menor resistência e rigidez (12). Diaz - Arnold et

al. (1999) (6) constataram que as resinas bisacrílicas exibiram dureza superior em

comparação as resinas de metil-metacrilato e a dureza da maioria dos materiais

diminuiu após 14 dias de armazenamento em saliva artificial. Yap et al. (2004) (7)

concluiram que a dureza dos materiais provisórios não sofreram mudanças

significantes após 7 dias de armazenamento em água , exceto o Provipoint DC e o

Unifast LC que mostraram valores menores. Estes resultados contradizem com o

estudo de Savabi et al. (2013) (8) onde não houve diferença na dureza entre resina

43

bisacrílica e a base de metacrilato.Segundo os autores este resultado pode ser

devido pela diferença nos materiais testados, pela metodologia adotada e

configurações das amostras (8).

Os resultados deste estudo mostraram que as resinas bisacrílicas

apresentaram maior resistência a flexão em comparação a resina acrílica duralay,

exceto a bisacrílica do grupo Systemp que apresentou valor menor. Quanto ao

módulo elástico, todas as resinas bisacrílicas testadas apresentaram maior módulo

elástico em comparação a resina acrílica Duralay. A structur não apresentou

diferença significante (p > 0,05) em relação a Duralay e a Systemp que apresentou

menor módulo.Este resultado é devido provavelmente a diferentes composições nos

monômeros das resinas. As resinas bisacrílicas contêm monômeros multifuncionais

(Bis-GMA ou TEGDMA) que aumentam a resistência da resina devido a ligações

cruzadas com outros monômeros (12). A adição de partículas inorgânicas pode

melhorar a resistência e a dureza da resina (11).

Haselton et al. (2002) (12) submeteram as amostras de resinas bisacrílicas e

a base de metacrilato ao teste de resistência a flexão após ficarem imersas em

saliva artificial por 10 dias. O resultado foi de que algumas resinas bisacrílicas

apresentaram resistência a flexão superior as resinas a base de metacrilato. Os

autores atribuíram este resultado, em partes, devido as diferenças nas composições

químicas de cada material. Nejatidanesh et al. (2009) (11) encontraram resultados

semelhantes a este estudo onde todos os grupos de resinas bisacrílicas submetidos

ao teste de flexão após 14 dias de armazenamento em saliva artificial e

termociclagem apresentaram maior resistência a flexão em relação as resinas

acrílicas. Takamizawa et al. (2014) (14) demonstrou que as resinas bisacrílicas

obtiveram maior resistência a flexão e módulo elástico quando comparadas as

resinas a base de PMMA. Este resultado pode ser devido as resinas bisacrílicas

apresentarem em sua composição monômeros multifuncionais que aumentam a

resistência devido a ligações cruzadas com outros monômeros e possuem também

partículas inorgânicas que podem ajudar na distribuição do stress superficial e

impedir o a propagação de fendas superficiais(12). Quanto ao módulo elástico este

resultado pode ser atribuído as partículas inorgânicas que além de aumentarem a

resistência aumentam também o módulo elástico (11).Watanabe et al. (2013)(13) e

Poonacha et al. (2013) (15) obtiveram resultados contrários aos estudos anteriores ,

onde as resinas acrílicas apresentaram resistência a flexão superiores as resinas

44

bisacrílicas testadas, provavelmente devido as diferentes composições químicas no

sistema de monômeros que podem influenciar a resistência a fratura bem como a

união entre as partículas de preenchimento e os componentes da resina (5).

Uma outra propriedade importante é a sorção e solubilidade a água que

torna o material sujeito a tensões internas causando instabilidade dimensional no

mesmo e resultando em fraturas das restaurações provisórias pois a água interage

com as cadeias poliméricas do material e pode gerar alguns efeitos tais como:

afrouxamento reversível ou plastificação da estrutura, solvatação ou ruptura

reversível das ligações entre as cadeias e até ruptura irreversível da matriz

polimérica. Portanto a sorção e solubilidade à água são problemas críticos que

afetam a durabilidade das restaurações temporárias(21).

Os resultados encontrados neste estudo para sorção mostraram que a

Duralay apresentou maior sorção quando comparada as resinas bisacrílicas

testadas e, que a bisacrílica Systemp obteve a menor sorção. Para solubilidade não

houveram diferenças significantes entre o grupo Duralay e os grupos de resinas

bisacrílicas. A resina Structur teve maior valor de solubilidade.

Gajewski et al. (2013)(22) estudaram a sorção e solubilidade nos monômeros

(TEGDMA, UDMA, Bis-GMA e Bis EMA) presentes nas resinas. O resultado da

sorção e solubilidade em água encontrado pelos autores deve-se provavelmente a

correlação da conversão atingida pelo polímero e também da natureza da rede

formada, ambos em termos de hidrofilicidade, estrutura tridimensional e volume livre.

O Bis-GMA mostrou a menor sorção e solubilidade em água devido a alta taxa de

conversão e a molécula apresentar características hidrofóbicas. No caso do

TEGDMA a alta conversão não se traduziu necessariamente em ligações cruzadas

de alta densidade então o fato do monômero ser o segundo mais solúvel em água

pode estar relacionado a baixa hidrofilicidade em relação ao Bis-GMA e UDMA. Os

valores similares apresentados pelo Bis-GMA e UDMA deve-se ao fato de serem as

moléculas mais hidrofílicas avaliadas pelos autores. Tuna et al. (2008) (21) avaliaram

a sorção e solubilidade de 10 resinas acrílicas e chegaram a conclusão de que as

resinas acrílicas absorvem água lentamente ao longo de um período de tempo ,

principalmente por causa das propriedades polaresdas moléculas de resina. Uma

elevada absorção de água pode modificar as propriedades de uma resina, pois a

água absorvida atua como plastificante do acrilato e reduz a resistência do material.

A extensão e a taxa de absorção de água dentro das redes de polímero são

45

predominantemente controladas pela polaridade da resina, ditados pela

concentração de sítios polares disponíveis para formar pontes de hidrogênio com a

água e pela topologia da rede molecular.

A rugosidade superficial é caracterizada por micro-irregularidades na

superfície do material, decorrentes de processos de fabricação e manipulação.

Durante a polimerização, essas regiões irregulares se contraem mais do que as

regiões adjacentes e a contração localizada tende a produzir lacunas.

Irregularidades na superfície da resina podem funcionar como um reservatório de

microrganismos que, mesmo após os procedimentos convencionais de limpeza da

placa, permanecem aderidos a ela (25).Os dados encontrados neste estudo para

rugosidade foram de que não houve diferenças significantes (p>0,05) para os

materiais testados.

Soares et al. (2010)(25) afirmaram que se a resina possuir um grau de

conversão e polimerização muito alto a topografia de superfície da resina acrílica

pode ser alterada pelo rearranjo das cadeias poliméricas do material, o que dificulta

o polimento, propiciando maior rugosidade superficial na resina. Haselton et al.

(2004) (23) concluíram que as amostras de resinas a base de metacrilato possuem a

superfície mais lisa em relação as resinas bisacrílicas, isto pode ser devido ao fato

de que o polimento das resinas é baseado no tamanho da partícula que preenche a

matriz da resina. A matriz da resina a base de metacrilato não possuí essas

partículas, logo responde melhor as técnicas de polimento tradicional e apresenta

uma superfície contínua e homogênea.

Para os resultados da tensão de contração dos materiais testados a tensão

de contração variou de 7,55 a 13,95 MPa. Entre os grupos Protemp, Systemp,

Structur e Duralay não houve diferença significante (p>0,05) na tensão de contração.

Houve diferença significante entre os grupos Systemp e Luxatemp (p<0,05).

. Os resultados encontrados podem ter relação com o grau de conversão

das resinas testadas, uma vez que um maior grau de conversão poderia determinar

maior liberação de calor e uma maior tensão de contração das amostras. As resinas

bisacrílicas e a base de PMMA liberam calor a medida que ocorre a polimerização

pelo mecanismo de polimerização por adição onde os monômeros são adicionados

sequencialmente ao fim da cadeia(28). Em ambas resinas, PMMA e bisacrílica , há

uma conversão exotérmica dos grupos vinil onde ligações duplas entre átomos de

carbono (ligações π) são transformadas em ligações simples (ligações α) entre os

46

mesmos átomos. A quantidade de calor liberada pelas resinas aumenta de acordo

com o número de grupos vinil presente na molécula(1, 29). As resinas bisacrílicas

possuem de 55 a 75% menos conversão em comparação as resinas acrílicas (28).

Outro fator que pode explicar os resultados encontrados é a composição

química dos diferentes materiais testados que pode estar relacionada ao aumento

de temperatura durante a polimerização das resinas (1, 29). As diferenças nas

composições químicas das resinas afetam o pico de temperatura durante a

polimerização, este pico pode ser reduzido pela substituição dos metacrilatos de alto

peso molecular por metil-metacrilatos e ésteres de metacrilatos, como no caso das

bisacrílicas, o que poderia levar a um menor aumento de temperatura durante a

polimerização e por sua vez uma menor tensão de contração(30). No entanto, são

necessários mais ensaios, como por exemplo FTIR, para que se possa determinar

com maior exatidão a propriedade de tensão de contração bem como os fatores

inerentes a mesma.

Dentre os materiais testados as resinas bisacrílicas Protemp e Luxatemp

apresentaram a melhor combinação de propriedades físico-mecânicas pois

mostraram baixa tensão de contração, baixa sorção e solubilidade, alta dureza, alto

módulo elástico e resistência a flexão.

Dos ensaios in-vitro realizados neste estudo constatou-se que as resinas

bisacrílicas possuem propriedades físico-mecânicas, em sua maior parte,

semelhantes as resinas acrílicas e mais testes in-vitro e in-vivo são necessários para

uma melhor compreensão das propriedades das resinas bisacrílicas buscando um

melhor desempenho clínico aliado a uma maior longevidade das restaurações

provisórias.

47

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos resultados obtidos e na metodologia empregada, pode-se

concluir que:

a) As resinas bisacrílicas apresentaram propriedades de tensão de

contração, dureza, rugosidade, solubilidade, resistência à flexão e

módulo de elasticidade semelhante à resina acrílica. Apenas a sorção foi

inferior à resina acrílica.

b) Houve influência da composição das resinas bisacrílicas nas

propriedades físico-químicas, sendo que a resina Luxatemp apresentou

as melhores propriedades, com baixa tensão de contração, maiores

valores de dureza, resistência à flexão, e módulo de elasticidade, baixa

sorção e solubilidade e rugosidade semelhante às demais.

48

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