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A gravura foi um dos primeiros itens a ser colecionado pelo homem.Debet trouxe para o Brasil as gravuras mais colecionadas hoje.
o surgimento do colecionismo
Como começou esse hobby(e até profissão) que movimentamilhares de pessoas em todo omundo? Não há um consenso emrelação à época exata do surgi-mento do colecionismo. Na ver-dade, o homem é um colecionadorpor natureza: o ato de colecionaro acompanha desde a Pré-Histó-ria. Nessa época, o homem acu-mulava objetos (logicamente, nãoda forma tão organizada - e muitasvezes catalogada - como hoje).
O homem pré-histórico,motivado por razões que vão alémda simples sobrevivência, acumu-lava repetidos artefatos. Os ar-queólogos preferem relacionar ohábito de guardar objetos ao ins-tinto de sobrevivência e não entrarno campo da pesquisa do colecio-msmo.
Un ser inquieto, um caçadorde um tesouro perdido, um pes-quisador por natureza. Em qual-quer parte do mundo, os colecio-nadores adotam atitudes iguais:são capazes de grandes façanhaspara adquirirem uma nova peça,a próxima de sua coleção. Qual-quer esforço é válido para ir embusca do "tesouro perdido".
Para os psicólogos, as cole-ções são sinônimo de farto mate-rial de pesquisa que ajudam acompôr o perfil do colecionador.Apesar de não ser fácil determinaras características de um colecio-nador, algumas atitudes determi-nam o seu perfil: busca incessantede um objeto e ansiedade e ciúmeem relação a sua coleção. Algunscolecionadores preferem expôr asua coleção; outros preferem
guardá-Ia.Existem dois tipos de cole-
cionadores, o temático e o sazo-nal. O puramente temático cole-cionará sempre os mesmos obje-tos, dentro do mesmo assunto. Jáo sazonal se interessará por temascujo interesse varia de época paraépoca. Por exemplo, em dezem-bro, ele pode colecionar objetosrelacionados ao tema Natal.
Muitas vezes, as pessoas es-colhem um determinado tema atépor necessidade. Você já imaginouse o colecionador optasse pelo te-ma "década de 20"? A infinidadede assuntos tomaria praticamenteimpossível completar esta cole-ção. De qualquer forma, podemosafirmar que, sem sombra de dúvi-da, colecionar é um ato emocional.
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Nada é mais aventureiro e colecionável do que o tema Búfalo-Bill
Entre as diferentes escolasque estudam o colecionismo, hádivergência em relação aos moti-vos que teriam levado esses ho-mens a guardar determinadosobjetos em série, em locais dife-rentes de sua "oficina" de traba-lho. Júlio Cesar, por exemplo, eraum colecionador de objetos gre-gos.Após a conquista sobre a Gré-cia, a arte grega passou a fasciná-10 ainda mais.
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Renata Lima
o cartão detelefone teveinício noJapão
A Escola Americana reco-nhece nesse hábito do homem pré-histórico uma forma primitiva decolecionismo. Já a Escola Fran-cesa prefere citar como marco aIdade Média (nessa época, as co-leções de armas e de relíquias sa-gradas eram famosas).
Pesquisas recentes feitas naUniversidade de Pensilvânia, emFiladélfia (EUA), determinam queo início do colecionismo é atem-poral, já que é um hábito queacompanha a humanidade desdeos primórdios de sua existência,passando a ter uma data a partirdo momento em que padrões pro-fissionais foram estabelecidos eque separaram definitivamente ocolecionador do "ajuntador".
pensam na palavra fã-clube. Hoje,os fãs-clubes na Europa e nos Es-tados Unidos tomaram-se verda-deiras empresas. Um exemplo é asérie de ficção Star Trek. Hoje,existem diversos fãs-clubes emtomo do assunto e algumas em-presas possuem até ações em WallStreet.
Fã clube: o lar do colecionador Algumas celebridades - emparceria com seus patrocinadores- abrem grandes empresas paramelhor servir aos fãs e aos cole-cionadores.
Fã-clube e coleção se rela-cionam de uma forma direta e di-rigida. O fã de uma celebridadecoleciona ítens de seu ídolo; o fã-clube, por sua vez, age como umcatalisador desses ítens de coleção.
Muitas pensam em um gru-po de adolescentes gritando his-tericamente pelo seu ídolo quando
Colecionar é manter a históriavIva
o tema aviação desde o séculopassado desperta o desejo de co-lecionadores e a Itáliafoi um dosprimeiros países a oficializar aaviação como item de colecão
o limite entre guardar e co-lecionar é tênue e difere apenasna forma com que os ítens sãoguardados e mantidos. Antes da 11Guerra Mundial, muitos museó-logos julgavam maIos coleciona-dores, rotulando-os de"destruido-res da história". Com o passar dotempo,o colecionador começou aser visto como alguém que pode-ria colaborar a preservar objetosque fizeram parte da nossa história.
Alguém que pagaUS$ 100mil por um pôster, US$ 500 porum cartão postal ou US$ 3 mil porum livro raro evidentemente vaipreservar o que adquiriu. Muitasvezes, este colecionador tem mais
recursos do que as instituiçõesbrasileiras.
O Brasil ainda está bastanteatrasado em relação ao colecionis-mo. Para se ter uma idéia, a pri-meira revista dedicada ao tema noPaís surgiu após 32 anos de seulançamento na Europa e após 25anos nos Estados Unidos. NaAmérica Latina, a tradição de re-vistas e jornais voltados aocolecionismo existe há mais de 15anos.
Mapas são colecionáveis nomundo, principalmente mapascomo este.
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o cartão postal surgiu no séculopassado, Hoje é uma fonteinesgotável de pesquisa, além deser um item forte de coleção,
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outras histórias em quadrinhossão temas não só de colecionis-mo como de literatura e comér-cio.
o futuro do colecionismo noBrasil
dos no País - há museus, clubes,
revistas, jornais, associações e li-vros que tratam dessas coleções.
Um bom exemplo da evo-lução do colecionismo no Brasilé o espaço que as antiguidadesgráficas estão ganhando, com co-leções de cartão postal, documen-tos, fotos, pôsters, rótulos etc. Asantiguidades gráficas eram menosconsideradas quando comparadasàs coleções de pinturas valiosas ouesculturas raras. Hoje, com a eco-nomia estabilizada e com as faci-lidades de viagens ao Exterior, écomum encontrarmos em lojas deantiquários ou em feiras de anti-guidades artigos relacionadoscom papel.
Outro exemplo dessaevolu-ção é a participação cada vez maiscrescente da mulher colecionado-ra. O ato de colecionar historica-mente sempre foi masculino. Amulher não foi educada para "ca-çar" nem para competir. Mas elavem quebrando tabus e entrandocom força nesse campo, antes es-tritamente masculino.
É difícil prever o futuro docolecionismo no Brasil, que segueos modelos norte-americano e eu-ropeu. Apesar disso, ítens que an-tes não eram colecionados - pôs-
Somos um país jovem, comcarências culturais acentuadas evalores de preservação distorci-dos. Não temos o costume de cul-tuar e preservar o passado. Mas,da década de 80 para cá, o Brasilvem evoluindo naturalmente e re-conhecendo que o colecionadordesempenha um papel tão impor-tante na preservação da história doPaís quanto os museus, centrosculturais etc.
Existem algumas escolas noBrasil que já incluíram a filateliacomo matéria, o que representaum grande passo. Nos EstadosUnidos, o colecionismo é temadiscutido em várias escolas e uni-versidades. Lá, cada Estado temo seu clube de colecionadores.
O colecionismo no Brasilestá evoluindo. Temas mais tradi-cionais de coleção como selo, artee moedajá estão bem desenvolvi-
o tema esporte além de ser muito colecionável, chega a ter cotaçãode seus itens a um preço elevadíssimo, como é o caso desse livro deautógrafos de jogadores de tênis de 1922 - .leiloado em Londres por25,000 libras
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o cinema brasileirovem crescendo muitocomo item de coleção,como parte natural deum nacionalismo
no Brasil
ters de cinema, postais etc - atin-
gem hoje cotações altas.Os cartões de telefone pú-
blicos - com temas como jogado-
res de futebol (Romário), Pão deAçúcar etc - estão sendo bastantes
procurados e chegam a custar US$2 mil. Investindo em sua visão defuturo, a Telerj acaba de abrir umaloja para vender cartões a colecio-nadores.
Do jeito que o colecionismocresce no Brasil, não será difícilalcançar em breve a posição de al-guns países em termos de desen-volvimento desse hábito. Mas ébom deixar claro que colecionarnão é sair juntando um monte decoisas e largar em um canto atéque o tempo as destrua.Colecio-nar é, antes de mais nada, preser-
.-var a história. E um ato profissio-nal e sério que deve ser tratado co-mo tal. C1v1