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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA e ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS RENOVAÇÃO, RECUPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE PASTAGENS DO CERRADO Oscar Lopes de Faria Júnior Orientador: Prof Dr Aldi Fernandes de Souza França GOIÂNIA 2011

RENOVAÇÃO, RECUPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE … · 3 Na última etapa de degradação da pastagem, quando não se tem condições de produzir passamos à fase mais dispendiosa, arriscada

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA e ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS

RENOVAÇÃO, RECUPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE PASTAGENS DO CERRADO

Oscar Lopes de Faria Júnior Orientador: Prof Dr Aldi Fernandes de Souza França

GOIÂNIA

2011

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OSCAR LOPES DE FARIA JÚNIOR

RENOVAÇÃO, RECUPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE PASTAGENS DO CERRADO

Seminário apresentado junto à Disciplina

de Seminários Aplicados do Programa

de Pós-Graduação em Ciência Animal da

Escola de Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Goiás.

Nível: Doutorado.

Área de Concentração:

Produção Animal

Linha de Pesquisa:

Metabolismo animal, alimentação e

forragicultura na produção animal

Orientador:

Prof. Dr. Aldi Fernandes de Souza França

Comitê de Orientação

Profa Dra. Eliane Sayuri Miyagy – EVZ – UFG

Prof Dr Marcelo Marcondes de Godoy – IFGoiano CERES

Goiânia,

2011

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 1 2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................. 4 2.1 A degradação da pastagem no bioma cerrado................................... 4 2.2 Medidas para diagnosticar a degradação........................................... 6 2.3 Tecnologias disponíveis para renovar, recuperar e dar manutenção

as pastagens .....................................................................................

7 2.3.1 Renovação e recuperação das pastagens......................................... 7 2.3.1.1 Renovação e recuperação direta com preparo total do solo ............. 8 2.3.1.2 Coleta de solo e levantamento da fertilidade..................................... 8 2.3.1.3 Preparo do solo e plantio................................................................... 8 2.3.1.4 Principais métodos de plantio............................................................ 9 2.3.1.5 Pastagem solteira ou exclusiva.......................................................... 9 2.3.1.6 Plantio a lanço................................................................................... 10 2.3.1.7 Inicio do pastejo................................................................................. 10 2.3.2 Integração lavoura pecuária............................................................... 11 2.3.2.1 O sistema de plantio direto............................................................. 12 2.3.2.2 Recuperação de pastagens em áreas de solos degradados......... 13 2.3.2.3 Consorcio de culturas anuais e forrageiras.................................. 13 2.3.2.4 Rotação/sucessão de culturas anuais com forrageiras................... 14 2.3.2.5 Benefícios da lavoura para a pecuária............................................ 14 2.3.2.6 Benefícios da pecuária para a lavoura............................................ 15 2.3.2.7 Benefícios da integração lavoura pecuária...................................... 15 2.4 Pastagem consorciada no sistema silvipastoril (SSP)...................... 15 2.4.1 Método de implantação do sistema silvipastoril............................... 17 2.4.2 Orientação do plantio florestal de acordo com a direção do sol...... 19 2.5 Manutenção das pastagens............................................................ 19 2.5.1 Da periodicidade da adubação........................................................ 20 2.5.2 Da área inicial a ser manejada sob manutenção............................. 22 2.5.3 Das técnicas empregadas na reposição da fertilidade do solo........ 23 2.5.4 Da correção da acidez..................................................................... 23 2.5.5 A adubação fosfatada em cobertura................................................ 26 2.5.6 Adubação nitrogenada..................................................................... 28 2.5.6.1 Importância da adubação nitrogenada............................................ 28 2.5.7 Adubação potássica........................................................................ 29 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................ 31 4 REFERÊNCIAS............................................................................... 32

1 INTRODUÇÃO

Praticamente quase não existem mais possibilidades de expandir a área

para agropecuária nas regiões temperadas e tropicais (KLUTHCOUSKI et al.,

2004). A oferta de alimentos deverá vir de ganhos de produtividade e de áreas

degradadas que recuperadas sejam incorporadas ao processo produtivo. No

Brasil o bioma cerrado com mais de 200 milhões de hectares contínuos, é a maior

área do planeta para produção de alimentos e matérias primas.

A degradação da pastagem é um fenômeno natural que pode ser

caracterizada pela queda da produtividade ideal da forrageira, ocasionando

reflexos negativos como: decréscimo do ganho animal e da capacidade de

suporte, forte pressão de regeneração da vegetação autóctone competindo com a

forrageira instalada na área, perda da cobertura do solo com possibilidade de

erosão, podendo o conjunto destes fatores ocasionam o desaparecimento da

forrageira se não forem tomadas medidas técnicas de manejo geral, (SANTOS et

al, 2008).

É difícil a tarefa de manter a pastagem produtiva por anos a fio em solos de

cerrado, com produções estáveis e ganhos econômicos na exploração

agropecuária. Por este motivo a pesquisa tem sido motivada a gerar e

desenvolver tecnologias que atendam esta demanda, mas que também sejam

economicamente viáveis, ecologicamente corretas e socialmente justas.

Dentro desta visão verifica-se que para cada situação a campo, é

necessário um tipo de intervenção, exigindo do técnico conhecimento de áreas

afins como: fisiologia vegetal, adequação e manejo da forrageira ao sistema

produtivo, fertilidade do solo, gerenciamento de recursos humanos, conhecimento

do manejo animal em pastejo e da categoria empregada, além de outros fatores

tão importantes que não dependem do técnico como o clima e o humor do cenário

econômico internacional e das inteirações de todos os fatores acima relacionados,

no momento da tomada de decisão.

Os motivos que levam a escolha da tecnologia na maioria das vezes estão

ligados ao custo econômico da intervenção e o tempo requerido para que a

pastagem possa estar disponibilizada aos animais. Com base nestes fatores

deve-se escolher a melhor tecnologia. Assim ainda temos uma diferenciação

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entre os próprios usuários do uso da técnica, e podemos dividi-los de forma

bastante empírica em agricultores e pecuaristas. Os agricultores são mais abertos

ao emprego de tecnologias que os pecuaristas, este fato pode ser devido ao ciclo

de produção, pois na agricultura dentro do mesmo ano já se conhece o resultado

da tecnologia e na sua ausência observa-se baixa produção e baixo lucro, além

de que possuem os recursos físicos mais dispendiosos do ponto de vista

econômico como máquinas e equipamentos. Na pecuária de corte principalmente

por ter um ciclo mais alongado podendo variar entre 30 e 48 meses, o pecuarista

não consegue visualizar o efeito da tecnologia, pois os resultados são diluídos no

ciclo mais longo e por vezes abandonam ou emprega de forma parcial a

tecnologia, sem retorno econômico. Além do que os pecuaristas não tem

equipamentos e máquinas necessários para implementar o sistema de

recuperação das pastagens na integração lavoura-pecuária (KLUTHCOUSKI et

al., 2004).

Para o criador quanto mais cedo à pastagem poder retornar ao sistema

produtivo maior a aceitação pela tecnologia. O ideal seria a manutenção da

pastagem ocorrendo a cada ano para sistemas mais intensivos e com intervalo

mais espaçados de dois a três anos para sistemas menos intensivos. Esta

manutenção consta de uma assistência com a visita de um técnico para avaliação

local e amostragem do solo e também para se conhecer a realidade da área

(FARIA JÚNIOR, 2010). Com estes levantamentos em mãos, planejar junto com o

pecuarista as intervenções que ocorrerão e ajustá-las aos recursos econômicos

disponíveis.

Segundo KICHEL et al, (2004), renovar uma pastagem consiste no

restabelecimento da produção forrageira com a introdução de nova espécie ou

cultivar em substituição àquela que está degradada. Recuperar uma pastagem

consiste no restabelecimento da produção forrageira mantendo-se a espécie ou

cultivar, de acordo com o interesse econômico.

Na recuperação da pastagem, a intervenção deve ser realizada antes que

a forrageira e solo estejam em estágio avançado de degradação, demandando

maiores investimentos e maior tempo de retorno ao pastejo. Neste sistema o grau

de infestação por invasoras é muito importante no diagnóstico.

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Na última etapa de degradação da pastagem, quando não se tem

condições de produzir passamos à fase mais dispendiosa, arriscada e demorada

que é a nova formação da pastagem. Neste sistema todos as etapas estão

presentes como as de correção do solo, preparo, plantio e adubação ocorrerão,

inclusive se necessário poderá ocorrer a troca a forrageira por motivos os mais

variados. Aqui os riscos são maiores, pois a formação de uma nova área é

problemática, principalmente pela dependência de fatores climáticos.

A manutenção da pastagem, quando comparada com os outros métodos

tecnológicos é a que permite menor investimento e menores riscos econômicos.

Neste contexto, objetivou-se com a presente revisão, discutir e abordar as

principais características da renovação, da reforma e da manutenção de

pastagens no bioma cerrado.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A degradação da pastagem no bioma cerrado.

A degradação das pastagens está relacionada a fatores múltiplos, mas

podemos relacionar entre os principais: baixa fertilidade dos solos e uso limitado

de fertilizantes, alta pressão de pastejo, deficiência no estabelecimento, erro na

escolha e manejo da espécie forrageira, agressividade de plantas invasoras,

períodos secos muito prolongados, ataque de pragas e doenças.

O bioma cerrado ocupa a maior parte da região Centro-Oeste do Brasil

(figura 1) e nele encontramos a maior concentração de exploração pecuária do

Brasil, concentrando neste bioma 34% do rebanho nacional, (figura 2).

FIGURA 1 Posição do cerrado no Brasil FIGURA 2 Efetivo bovino por região

Fonte: GOOGLE, (2011)

Fonte: IBGE (2005)

FIGURA 1 e 2 - Localização do cerrado no Brasil e Efetivo do rebanho bovino por

região

Nos cerrados temos uma grande área formada por forrageiras variadas,

com a prevalência do gênero Brachiaria, que na maioria das vezes são

manejadas de forma inadequada, conduzindo a graus variados de degradação.

Os solos de cerrado em relação à fertilidade, apresentam características como:

elevada acidez, baixa disponibilidade de fósforo (P2O5), alta saturação de

alumínio, o que resulta em baixos índices de produtividade. Em alguns casos, a

capacidade de fixação de fósforo é alta, dificultando a absorção pelas plantas,

neste caso torna-se necessária a aplicação de doses relativamente altas, de

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modo a satisfazer os requerimentos nutricionais das plantas forrageiras e da

fixação. Mas em compensação no cerrado temos vastas áreas com condições de

serem mecanizadas, grande disponibilidade de água e clima bem definido,

permitindo a exploração pecuária de forma tecnificada.

Em uma área com degradação e com a redução da sua capacidade de

suporte, outras ocorrências imperceptíveis já se instalaram no processo, como a

redução drástica do sistema radicular, do perfilhamento, da expansão de novas

folhas e também queda dos níveis de reservas de carboidratos nas raízes e base

dos brotos.

Estes fenômenos fisiológicos induzem os reflexos como os citados por

WANDERLEY (2007), onde para plantas de Panicum maximum var. trichoglume

uma redução de 8% na produção de matéria seca implica no decréscimo de 27%

do sistema radicular; de 32% no nível de carboidratos de reservas e de 14% nas

taxas de produção de novas folhas. Desse modo, o sucesso na recuperação de

pastagens degradadas depende da eficiência com que se restabelece o sistema

radicular, o perfilhamento e os demais mecanismos que a planta utiliza para

prolongar sua persistência.

Com a degradação da pastagem instalada, temos um ciclo de insucessos,

pois inicialmente teremos uma queda da produção, posteriormente uma queda da

fertilidade do solo, ocasionando posterior perda, lenta e progressiva de solo

devido à erosão laminar. Verifica-se que toda pastagem degradada está sob

processo erosivo, que nas fases iniciais é quase imperceptível, mas ocasiona a

queda do teor de M.O., a remoção dos macro e micro elementos, posteriormente

a desestruturação do solo e finalmente com o transporte de material de solo da

pastagem para as áreas em nível inferior até as fontes hídricas. Aqui nesta última

fase, com a perda do solo e com limitação de água de qualidade, é quase

impossível qualquer atividade produtiva, seja ela agrícola ou pecuária (LEONEL,

2007).

Conservar pastagens é preservar a natureza e permitir um equilíbrio

ecológico altamente desejável entre o solo, a planta e o animal.

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2.2 Medidas para diagnosticar a degradação

A degradação ocorre com o tempo de uso da pastagem, mas segundo

NASCIMENTO JÚNIOR et al., (2002), temos a necessidade de classificar o nível

de degradação da pastagem para determinar a ação mais adequada. Estes

autores desenvolveram uma escala que classificam em quatro fases da

pastagem, observando itens como: produção de MS, a cobertura do solo com a

forrageira principal, sua altura e a relação folha/caule.

Relacionamos a classificação das quatro categorias de pastagens:

PASTAGEM EXCELENTE - Deve possuir mais de 2.500 kg/ha de Matéria

Seca (MS) disponível, estar formada em mais de 75% da sua área com a

forrageira implantada, estar com plantas acima de 40 cm de altura e relação

folha/caule maior do que 1.

PASTAGEM BOA – É a pastagem que possui de 1.500 a 2.500 kg/ha de

MS, a forrageira implantada ocupando de 50 a 75% da área, possuir uma altura

média de 40 cm e uma relação folha/caule em torno de 1.

PASTAGEM RAZOÁVEL - Esta deve estar produzindo entre 750 e 1.500

kg/ha de MS, a forrageira ocupando de 25 a 50% da área, com uma altura de

forragem variando entre 20 e 40 cm, uma relação folha/caule menor do que 1,

porém já visualiza-se mais facilmente os sinais de erosão laminar incipiente,

causada pelas chuvas.

PASTAGEM POBRE - Quando possui uma produção da forrageira principal

está abaixo de 750 kg MS/ha, ocupa menos de 25% da área, altura abaixo de 20

cm e apresenta-se com sinais evidentes de erosão no solo.

Conforme o grau de degradação escolhe-se a tecnologia mais apropriada,

permitindo rápido retorno econômico e dos animais a área de pastagens.

A recomendação técnica é que as primeiras áreas a serem recuperadas

devem ser as menos degradadas, pois os investimentos serão menores, o retorno

econômico mais rápido, permitindo incorporar esta área em manejo mais

intensivo, e possibilitando que as áreas mais degradadas entrem em manejo de

recuperação com tempo mais dilatado, pois exige maior aporte de capital para

serem recuperadas. Quanto mais degradada a pastagem maior tempo para o

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retorno ao pastejo e maior o investimento econômico a ser realizado pelo

pecuarista.

2.3 Tecnologias disponíveis para renovar, recuperar e dar manutenção as

pastagens.

Hoje a pecuária pode contar com as tecnologias desenvolvidas pelos

centros de pesquisa e universidades, onde os técnicos de campo têm condições

de apontar conforme a necessidade do pecuarista qual o melhor procedimento

para que a área com queda de produtividade, permitindo que a mesma seja

resgatada ao processo produtivo, gerando renda e produtos, permitindo a

conservação do solo e recuperando ao longo do tempo a fertilidade perdida, pelo

novo manejo empregado.

Pode-se verificar que para cada caso temos uma solução, o produtor pode

fazer a escolha de acordo com os seus recursos econômicos, e cada parcela de

pastagem tem suas particularidades que devem ser levadas em consideração

para tomada de decisão do procedimento correto. Portanto não existe um

protocolo padrão a ser usado em todos os casos (NASCIMENTO JÚNIOR et al,

2002).

2.3.1 Renovação e recuperação das pastagens

Estas metodologias consistem em recuperar a produtividade da área com

intervenções técnicas que permitam a retornada da produção inicial quando da

formação da pastagem. Aqui podemos conforme a necessidade manter a mesma

forrageira ou fazer a troca da mesma se for conveniente ao sistema produtivo. O

mais importante seria que a área de exploração pecuária pudesse oferecer

retorno econômico ao pecuarista no menor tempo possível, e ainda que os

animais pudessem retornar ao pastejo na área anteriormente degradada.

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2.3.1.1 Renovação e recuperação direta com preparo total do solo.

Quando se chega ao consenso que é necessário a troca da forrageira, é

necessário buscar uma tecnologia que possa diminuir os custos e principalmente

possa obter o máximo retorno econômico, com todas as formalidades para que o

impacto na natureza seja o mínimo possível. Assim se a área ainda não foi

organizada na conservação do solo, este é o momento ideal para alocar as curvas

em nível e edificar os terraços (SANTOS et al, 2009).

Esta intervenção técnica é a mais cara e de maiores riscos na formação da

forrageira, pois estamos na dependência maior dos fatores climáticos. Um estudo

detalhado das condições da área e da futura exploração pecuária pode

determinar qual a forrageira a ser instalada e para este momento de

planejamento, devem ser levantadas todas as possibilidades para maximizar o

acerto.

2.3.1.2 Coleta de solo e levantamento da fertilidade

A coleta do solo deve obedecer a rigorosa técnica de repartir a área em

talhões se ela não for uniforme. Os parâmetros para formação de talhões podem

ser os de fertilidade, topografia, profundidade e outras características importantes,

permitindo realizar a correção e a adubação de forma correta. Existem vários

métodos de amostragem, mas aquele que permite o maior número de amostras

de uma área homogênea é o que mais se aproxima do ideal. Amostra bem

coletada oportuniza o sucesso da correção e adubação.

Deve ser realizada com antecedência para permitir que todos os passos

como a análise laboratorial, interpretação e indicação de dosagens de corretivos e

adubos possam estar no calendário da safra agrícola.

2.3.1.3 Preparo do solo e plantio

Este momento é de grande importância, pois é a oportunidade de quebrar o

adensamento do solo, fazer uma boa incorporação do corretivo e estabelecer

ambiente para uma boa germinação e estabelecimento da nova forrageira. De

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preferência uma aração profunda e posteriormente o preparo com grade

niveladora, porém sem pulverizar em excesso.

O plantio deve observar a qualidade da semente e a quantidade estará na

dependência do valor cultural da mesma. A profundidade deve ser bem regulada

oportunizando a semente as melhores condições possíveis.

2.3.1.4 Principais métodos de plantio

Em relação à forma de plantar podemos escolher entre os vários métodos

hoje disponibilizados ao pecuarista. Entre eles podemos relacionar o plantio

solteiro da forrageira, plantio com uma cultura acompanhante (integração lavoura

pecuária) e o plantio no sistema agro-silvipastoril (agricultura, floresta e

pastagem).

Passaremos a descrever cada uma destas formas de maneira mais

detalhada.

2.3.1.5 Pastagem solteira ou exclusiva

Se não ocorrer a necessidade da troca da forrageira a implantação da

pastagem a ser renovada é mais simples, se ocorrer a troca de forrageira pode

acontecer de aumentar a dificuldade se a pastagem anterior for do gênero

Brachiaria. Estas forrageiras apresentam como vantagem a grande produção de

sementes e que permitem a perpetuação da espécie. O manejo da área deve ser

bem conduzido para que, após a correção e adubação a brachiaria não retorne e

acabe com a expectativa do produtor, no desejo de substituí-la.

Se for necessário a introdução de outra forrageira mais adaptada ao

sistema produtivo e adequada ao tipo de exploração, o que às vezes é mais

interessante ao produtor, a medida torna-se mais complexa quando da

implantação, pois no preparo total do solo, o banco de sementes vai ter

oportunidade de germinar e encontrará um solo corrigido e adequadamente

adubado.

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2.3.1.6 Plantio a lanço

O plantio pode ser a lanço, quando se distribuí na superfície do solo a

semente, ou mesmo com emprego de semeadeira ou adubadeira em linhas com

espaçamento variável, mas distribuindo na superfície do solo a semente, todo o

processo está na dependência do equipamento disponível ou da espécie. A

profundidade ideal pode estar entre 0,5 a 6,0 cm, dependendo do tipo de solo e

da espécie empregada (KICHEL, 2004).

Estudando a forma de distribuir a semente no solo e a sua profundidade

relacionando com à taxa de germinação, LIMA et al. (2006), verificaram que as

sementes jogadas a lanço e depois compactadas com rolo, 78% delas ficaram

entre 0,5 e 1,5 cm e 100% delas em profundidade em até 2,5 cm. Esta

profundidade foi considerada ideal para a germinação da Brachiaria decumbens.

Já FERREIRA et al (2009) observaram que o plantio superficial com posterior

incorporação com grade niveladora fechada, deve-se aumentar em 20% a

quantidade de sementes, para se obter melhores resultados. Esta forma é muito

empregada pelos pecuaristas pela facilidade dos equipamentos existentes.

2.3.1.7 Inicio do pastejo

Hoje com a melhor compreensão e entendimento da ecofisiologia das

plantas forrageiras, recomenda-se que quando a forrageira estiver no ponto de

interceptação luminosa (I.L.) de 95% seja realizado um pastejo de desbaste para

permitir que o perfilhamento e melhoria da cobertura do solo. Usando o índice da

I.L. não se trabalha tempo de períodos fixos, aqui neste manejo fica-se na

dependência do crescimento da forrageira e da sua interceptação luminosa.

CARNEVALLI (2009), indica para o primeiro pastejo o emprego de alta

densidade animal por período curto (lotação instantânea alta) empregado animais

jovens ou recém desmamados que possuem uma menor força na mandíbula e

provocam menor arranque de forrageira. Espera-se com esta medida que ocorra

somente o pastejo superficial de parte das lâminas foliares. Após este breve

pastejo, tem um período de descanso para permitir o perfilhamento e a reposição

foliar. Este primeiro manejo, dependendo do desenvolvimento da forrageira,

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ocorrerá entre 60 a 90 dias após o plantio. Com esta prática diminui-se a

competição de luz dentro do dossel e evita-se o alongamento do colmo da

forrageira. Esta mesma autora relaciona que o ponto de I.L. pode ser relacionado

com a altura da planta. Observou que a 95% de I.L. foi obtida com a altura de 90

cm para o mombaça; 70 cm para o Tanzânia; 100 cm para o capim elefante cv

Cameron; 30 cm para a Brachiaria brizantha cv Marandu e 35 cm de altura para

Brachiaria brizantha cv Xaraés. Estas medidas podem ser uma referência, mas

não uma regra de aplicação geral.

Este manejo deve ser implantado no inicio do período de pastejo, onde se

consegue manter por todo período a altura e I.L. desejada permitindo um pastejo

homogêneo do relvado. Se deixado o manejo para o meio da estação o sucesso é

comprometido devido à desuniformidade do relvado.

Provavelmente o emprego deste pastejo de desponte deva ser empregado

por duas ou três vezes até que a área possa ser manejada com animais mais

velhos.

2.3.2 Integração lavoura pecuária

A exploração do cerrados teve inicio da década de 60 com os incentivos do

Polocentro e dos programas de seguridade agrícola. Assim nesta época

pecuaristas latifundiários, vindos da região sul e sudeste. Cultivaram estas áreas

com pouca tecnologia. No inicio da derrubada do cerrado, implantavam a

pastagem sem nenhuma correção e em alguns locais com o plantio de braquiárias

e a cultura do arroz como acompanhante. Neste período o emprego extrativista da

área e a falta de manejo correto da fertilidade do solo levaram a degradação e a

necessidade de abertura de novas áreas (KLUTHCOUSKI et al, 2004).

No cerrado mesmo com o emprego da tecnologia do plantio direto,

observava-se a erosão, pois a cobertura por palhas apresentava deficiência. Este

fato promove o assoreamento e a poluição dos mananciais hídricos, com

sedimentos de adubos e defensivos que levavam a eutrofização das águas

correntes ou represadas gerando enormes prejuízos. Este desenvolvimento era

alicerçado na monocultura, no emprego de fertilizantes e defensivos, já na

pecuária ocorria a exploração extensiva e de caráter extrativista.

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Dado aos enormes benefícios econômicos com o aumento da lucratividade,

com a geração de empregos e à preservação ambiental, o sistema lavoura-

pecuária permite a sustentabilidade produtiva (KLUTHCOUSKI, et al. 2004). Com

o sistema de lavoura exclusiva a área só é empregada por cinco ou seis meses

no ano, ficando o restante em descanso e muitas vezes promovendo fatores

bióticos nocivos às plantas como a multiplicação de pragas e doenças. Já nas

áreas a atividade pecuária em áreas degradadas observa-se uma produtividade

dez vezes menor a sua potencialidade, devido principalmente a falta de manejo

forrageiro no período da entressafra.

Para quebrar este ciclo com o emprego mais eficiente da área, elevação da

produção se fazia necessário integrar a lavoura e a pecuária possibilitando um

novo sistema produtivo, mais prolongado e oferecendo ao mercado o boi verde,

precoce e totalmente criado a pasto. Segundo RANGEL & SILVA (2007) sistemas

de produção agrícolas modernos se baseiam em rotação de culturas, resíduos de

lavouras, da utilização dos dejetos de animais, adubação verde e métodos de

cultivo que maximizam a atividade biológica permitindo a produtividade e a

perenidade da área.

Já temos áreas onde a produção pecuária se realiza em glebas com

potencial para a agricultura, e a produção forrageira permite alta lotação e

produtividades elevadas. Nestes locais a pecuária passa a ser competitiva

economicamente com as atividades agrícolas (LEONEL, 2007).

Quando o produtor tem as máquinas e equipamentos na fazenda, pode-se

modificar as áreas com pastagens em áreas agrícolas como pode-se também

reverter áreas agrícolas com fertilidade recuperada em áreas de pastagens

altamente produtivas. Este método pode ser conveniente por uma safra ou por

várias safras na mesma área conforme a necessidade da empresa pecuária

(EVANGELISTA, 2006).

2.3.2.1 O sistema de plantio direto

Este sistema preconiza a mínima intervenção mecânica no solo, sendo

necessário antes de sua introdução que sejam feitos nos sistemas tradicionais as

correções necessárias que permitam a mudança.

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Quando ocorrer o sistema de plantio direto (SPD) o mesmo deve ser

realizado sobre a cobertura morta do solo. Em estudos conduzidos por COSTA et

al, (2006) foram observados que o plantio de milho sobre a palhada de brachiaria

ultrapassou 17 t MS/ha, sendo esta cobertura suficiente para proteger o solo por

107 dias. Também observou maior produção e persistência da palhada de

brachiaria com as culturas de milho, seguida por sorgo, por brachiaria exclusiva,

plantas daninhas, arroz e soja, todas avaliadas antes da floração do feijão.

As práticas de manejo de solo influenciam principalmente o efeito da

matéria orgânica do solo (M.O.S.), cujo plantio em SPD interfere nas condições

físicas, químicas e biológicas do solo. No processo de degradação da M.O.S. os

microorganismos secretam substancias que agregam o solo, melhorando a

estruturação e diminuindo o perigo da erosão. Observa-se também que a

monocultura da soja é a que menos retorna matéria orgânica ao sistema.

2.3.2.2 Recuperação de pastagens em áreas de solos degradados.

Áreas de pastagens onde o solo está degradado, necessitam de uma

intervenção técnica mais elaborada, sendo o retorno a produção é mais demorado

e o investimento na recuperação do solo pode exigir que se cultive por alguns

anos com culturas anuais e adubação verde, que permitam recuperar a estrutura

do solo, elevar a fertilidade com manejo eficiente dos recursos disponíveis na

propriedade e isso demanda intervalo de tempo mais elevado.

Neste caso o emprego de adubação verde, consórcios, rotação, e

sucessões de lavoura-pecuária, são recomendados para a recuperação dos

solos, e a produção de grãos visa fundamentalmente o ressarcimento parcial ou

total dos dispêndios realizados com insumos e serviços.

2.3.2.3 Consorcio de culturas anuais e forrageiras.

Com o grande potencial de crescimento inicial as forrageiras tropicais

inicia-se uma competição nas fases iniciais do estabelecimento da lavoura.

Também práticas culturais como arranjo espacial de plantas, emprego de

reguladores de crescimento da forrageira (herbicida) ajuda a reduzir o acúmulo de

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biomassa das forrageiras no referido período. EVANGELISTA et al. (2006)

relatam que o plantio de sementes das forrageiras a 10 cm de profundidade pode

retardar a germinação em até 13 dias, permitindo uma arrancada mais vigorosa

da cultura, mas em alguns casos pode ser necessário o emprego de uma sub-

dose de herbicidas para conter o desenvolvimento inicial da forrageira.

Em solos de maior fertilidade a competição é maior, neste caso é desejável

que a cultura tenha oportunidade de desenvolver-se nas fases iniciais para a

eficiência do sistema de consorcio. Nestes locais após a realização da correção

do solo pode ser indicada a associação de milho com os gêneros brachiaria e

andropogon.

2.3.2.4 Rotação/sucessão de culturas anuais com forrageiras

FERREIRA et al, (2009) indicam que pastagens degradadas em solos

ainda não totalmente degradados, sejam recuperados pelo cultivo de soja, este

processo inicia com a correção pelo calcário, dessecação da forrageira e

implantação sob o sistema de plantio direto. Quando se emprega esta

metodologia, obtiveram produção média de soja entre 2,4 e 3,6 t/ha, sendo que

no primeiro ano de pastejo obteve-se 25@/ha. Se houver necessidade de manter

a rotação por mais de um ciclo os benefícios são potencializados.

2.3.2.5 Benefícios da lavoura para a pecuária

O principal é a rapidez e economicidade do sistema, pois o retorno do

capital investido é mais rápido. Verifica-se que a formação da forrageira é mais

rápida e em sucessão a soja o benefício pode ser de mais de 100 kg N/ha

disponibilizados. Outro fator importante é a produção de forrageira em período

crítico do ano. Após o cultivo de verão pode semear milheto, sorgo forrageiro e

aveia para pastejo. Para corte pode ser semeado milho, sorgo forrageiro, girassol

para ensilagem.

Ao nível de campo as observações indicam que a Brachiaria fica verde

inclusive no período seco, quando em sucessão ou consorciada com soja,

oportunizando uma boa suplementação. BROCH et al, (1997) obteve rendimentos

15

de carne de 25@, 15@ e 9@/ha no primeiro, segundo e terceiro ano de pastejo

após o cultivo de soja, respectivamente.

2.3.2.6 Benefícios da pecuária para a lavoura

O principal benefício advém da rotação com maior frequência permitindo

que os inoculo de pragas e doenças tenham o seu ciclo quebrado. Também

ocorre a recuperação física, química e biológica do solo, com benefícios na

reciclagem de nutrientes e aumento da M.O.S. na parte superficial. Outro grande

benefício é a descompactação na sub-superfície pelo sistema radicular das

forrageiras e a reciclagem dos nutrientes que ficam fora da área explorada pelas

raízes das culturas anuais.

LUZ & HERLING (2007), também relatam que com uma porosidade

elevada devido ao sistema radicular abundante das forrageiras, que estes solos

armazenam mais umidade, a cobertura da superfície reduz a evapotranspiração,

ocorre um maior controle da germinação de plantas daninhas e cai o ataque de

fungos sobre as plantas cultivadas sobre este sistema.

2.3.2.7 Benefícios da integração lavoura pecuária

De todos os benefícios FREITAS (2009), relata que os principais podem

ser observados pelo aumento da produção de grãos e carne, redução dos custos

de produção, capitalização do produtor, melhoramento e conservação das

características produtivas, sustentabilidade econômica e ambiental do sistema

produtivo.

2.4 Pastagem consorciada no sistema silvipastoril (SSP)

O SSP é considerado uma tecnologia sustentável e que apresenta um

emprego mais eficiente de insumos externos e de recursos naturais disponíveis

localmente (DIAS FILHO, 2006). Os maiores benefícios seriam aqueles ligados a

reciclagem de nutrientes, a complementação da alimentação animal, e o aumento

da biodiversidade na área de produção animal.

16

O emprego de essências florestais para a diversificação da renda, para

melhoria do conforto animal, o produtor pode encontrar maiores dificuldades na

implantação. DIAS FILHO (2007) relata que o processo de adoção do SSF pode

encontrar barreiras em três níveis. A primeira seria econômica, pois o

investimento é mais elevado que o sistema tradicional e o retorno financeiro inicial

é mais demorado. A segunda dificuldade seria no campo operacional, pois se têm

mais um componente no complexo: pastagem-lavoura, que é a essência florestal

e esta atividade envolve maiores riscos. A terceira seria uma barreira cultural,

onde a falta de conhecimento da atividade, e percepções equivocadas como a

inviabilidade do cultivo de florestas juntamente com pastagens, embora sejam

economicamente viáveis e ambientalmente corretas e desejáveis.

Na EMBRAPA Gado de Leite, CASTRO & PACIULLO (2006) introduziram

o eucalipto em área degradada, empregando no primeiro ano para recuperar a

fertilidade do solo o plantio de feijão guandú nas entrelinhas do eucalipto. O

guandú toda vez que chegava a altura de 1,5 metros era roçado mecanicamente

a altura de 50 cm. Ocorreram três roçadas no intervalo de um ano. No segundo

ano nesta área foi introduzida sobre a palhada do guandú nas entrelinhas do

eucalipto a cultura do milho. No terceiro e último ano do manejo proposto de

formação da SSP, junto com o plantio do milho foi introduzido na proporção de 10

kg de sementes puras viáveis de Brachiaria decumbens e um quilo de sementes

puras viáveis de Stylosantes guianensis nas entrelinhas do milho. Aos 45 dias

após o plantio do milho as forrageiras receberam uma adubação de cobertura

composta de superfosfato simples (250 kg/ha), cloreto de potássio (100 kg/ha) e

FTE Br 16 (30 kg/ha).

A introdução de árvores no sistema pastoril é uma atividade que vem

sendo desenvolvida há pouco tempo. FASSIO et al, (2009), indicam que as

vantagens podem ser inúmeras com o emprego desta tecnologia, iniciando pela

sustentabilidade da pastagem, pelo oferecimento do componente sombra ao

sistema produtivo dos bovinos, permitindo melhor controle do estresse calórico

nas regiões mais quentes e ensolaradas, deposição da biomassa das árvores no

solo permitindo um aumento da fertilidade e uma maior reciclagem de nutrientes,

principalmente se a espécie escolhida for uma leguminosa, e o aumento da

produção nesta área. Ocorre a necessidade de uma área de reserva para manejo

17

animal, quando o SSP não tem capacidade de receber o rebanho manejado

devido as condições do período seco do ano.

A escolha da espécie florestal pode atender a demanda variável como a

produção de madeira para a fazenda, produção de material florestal como

resinas, madeira de serraria, celulose; produção de alimento para os animais

(arbustos forrageiros), sombra, biomassa rica em nutrientes para elevar a

fertilidade do solo, entre outras (FREITAS, 2009). Estas espécies devem ter um

crescimento rápido e serem bem adaptadas as condições do meio de exploração.

Hoje se dá preferência às espécies exóticas como Eucalyptus e Acácia.

Para espécies forrageiras, estudos indicam que poucas espécies se

prestam ao ramoneio dos animais entre elas a Acácia para solos com menor

fertilidade e o gênero Leucaena para solos férteis e corrigidos, embora tenha se

percebido a pouca persistência das mesmas, muitas vezes por falta de manejo

adequado, principalmente pelo controle do acesso dos animais na área. Tem-se

obtido melhores resultados com o plantio em separado da pastagem e emprego

com pastejo controlado na forma de banco de proteínas.

Para aumento da fertilidade do solo CASTRO et al (2006) várias espécies

nativas foram testadas no CNPGL e as que melhor resultados apresentaram

foram o: angico mirim ((Mimosa artemisiana), angico vermelho (Anadenanthera

macrocarpa), angico branco (Anadenanthera colubrina), jacarandá da Bahia

(Dalbergianigra) e o jacaré (Piptadenia spp.), tem apresentado crescimento

rápido, e alta capacidade de adicionar nutrientes no solo.

2.4.1 Método de implantação do sistema silvipastoril

Se o sistema pecuário for o principal foco da produção, todas as condições

de plantio e a escolha da espécie florestal devem estar sintonizadas com as

necessidades forrageiras do rebanho e para o manejo da área em formação.

Quando o foco é a produção de madeira maior atenção é dada ao estrato arbóreo

e o estrato forrageiro entra como complemento do sistema, sendo deixado em

segundo plano.

No caso de exploração pecuária existir plantas nativas desejáveis na área,

o manejo pode ser no sentido de desbastes periódicos permitindo que a condição

18

sombra possa ser atendida. Neste caso as árvores devem ser preservadas em

pequenos grupos como bosquetes, ou mantidas em faixas permitindo o manejo

de máquinas na área quando necessário.

Cuidado como a construção de uma cerca bem resistente permite que a

área seja reservada do pastejo antes do tempo. Este procedimento é um dos

fatores de maior importância, pois ainda jovens se forem quebradas as mudas,

muitas delas morrerão e as que se salvam não tem desenvolvimento normal.

O combate à formiga cortadeira deve ser implementado, antes, durante e

após a implantação das essências florestais, pois se cortadas também

inviabilizam o seu desenvolvimento.

Quando da introdução do componente herbáceo em pastagens

degradadas, em locais de topografia acidentada o sistema deve evitar a erosão e

aumentar a fertilidade do solo no decorrer do tempo. Assim o plantio em faixas de

madeira intercaladas por faixas mais largas de pastagens variando entre 25 a 30

metros. O preparo do solo deve ser o mais cuidadoso possível em áreas declive

acentuado, (FARIA JÚNIOR, 2010).

A adubação das árvores deve ser feita na cova permitindo que as mesmas

possam crescer rapidamente. À adubação de cobertura ocorrerá a cada dois

meses no período chuvoso, permitindo seu rápido desenvolvimento.

Segundo FERREIRA et al. (2009) outro manejo importante é o coroamento

periódico das árvores impedindo que a forrageira venha competir de forma

vigorosa com as árvores. O espaçamento das mesmas deve ser observado de

acordo com a espécie. Normalmente a densidade deve ser tal que ocorra no local

um sombreamento em torno de 30 a 50% da área. Se passar desta faixa pode-se

promover o raleio das plantas. Este procedimento antecipa renda e madeira para

a fazenda. Alguns produtores fazem um plantio mais adensado e quando ocorre o

sombreamento antecipam a colheita as plantas mais desenvolvidas.

CASTILHOS et al, (2009) avaliando sistema silvipastoril, empregando cinco

espécies forrageiras e o uso da essência vegetal Acássia mearnsii, testaram

quatro densidades de árvores (D.A.) com 1.667; 1000; 833 e 500 árvores/ha. A

produtividade animal foi mais elevada em 833 e 500 árvores/ha, obtendo 229 e

223 kg PV/ha/ano. Aos sete anos foi procedido o corte da floresta e obteve-se a

produção de 166, 143, 86 e 51 m3/ha para as D.A. de 1.667; 1.000; 833 e 500

19

árvores/ha, respectivamente. Estes autores sugerem que para ter equilíbrio entre

produção arbórea e animal as D.A. de 1000 e 833 foram as que se mostraram

mais eficientes economicamente.

2.4.2 Orientação do plantio florestal de acordo com a direção do sol

As avaliações efetuadas por (OLIVEIRA, 2006) indicam que para permitir

uma melhor produção forrageira deve-se realizar o plantio das essências

florestais obedecendo ao sentido leste-oeste. Deste modo o sol ao passar sobre o

alinhamento das árvores, permite a plena produção forrageira nas entrelinhas,

pois não ocorrerá o sombreamento e a competição fica somente entre as

essências florestais, mas este modelo tem maior oportunidade de ser implantado

em locais de relevo plano a mediamente ondulado, pois pode ser totalmente

mecanizado. Nas encostas de morros ou locais mais acidentados dá-se a

preferência para plantios em sistemas em nível, inclusive para podermos evitar a

erosão do solo.

2.5 Manutenção das pastagens

A manutenção das pastagens seria o manejo empregado que permitiria

uma produção forrageira contínua na mesma intensidade do ano de implantação.

Entre as vantagens da manutenção das pastagens estão relacionadas com

a permanência do rebanho na área, sendo que o manejo com o calcário pode ser

realizado no período seco ou no final do período chuvoso e das adubações no

início do período chuvoso (LUZ & HERLING, 2007).

O produtor tem entendido por manutenção da pastagem a erradicação de

plantas invasoras, seja por emprego de métodos mecânicos ou químicos e

também por vezes permite o descanso variável para reduzir a competição com

invasoras e permitir uma ligeira recuperação da forrageira (COAN, 2008).

Entretanto na maioria das vezes a limpeza e o descanso por si só não são

suficientes para a recuperação da forrageira, pois a mesma se encontra em déficit

nutricional. Com o decorrer do tempo a limpeza passa a ser mais freqüente, pois

20

o rebrote de invasoras é superior ao da planta forrageira e as invasoras não são

consumidas pelos animais, passando a dominar na pastagem.

A tecnologia de manutenção das pastagens é complexa e deve ser

empregada de tal forma que permita a eficiência econômica, e mantenha as

condições ideais para que a forrageira possa ser produtiva por vários anos.

Embora não seja uma tomada de decisão somente de natureza financeira, a

decisão do pecuarista de investir em pastagens vem também do fato da sua

insatisfação com a situação produtiva de suas pastagens (CARNEVALLI, 2009).

Quando o produtor observar à pastagem como uma cultura permanente e

buscar maior produtividade, teremos inicio dos investimentos que permitem a

perenização da forrageira e maximização do retorno econômico da área. LUZ &

HERLING (2007) observaram que pecuaristas mais avançados tecnologicamente

e capitalizados já estão colocando em prática esta visão, sendo o grande desafio

atual colocá-la no processo decisório dos pecuaristas menos avançados e

descapitalizados, visando alcançar uma pecuária produtiva, em sintonia com o

meio ambiente e que exerça justiça social.

Observa-se que o pecuarista geralmente quando faz a implantação da

pastagem realiza a adubação de formação e depois passa a explorar de uma

forma predatória a forrageira, sem a utilização da adubação de manutenção que

permitirá, a reposição dos nutrientes do solo foram exportados, erodidos e

percolados (EVANGELISTA & LIMA, 2006). As pastagens se caracterizam como

um circuito fechado, onde constantemente ocorre a retirada de nutrientes pela

exportação de produtos, erosão, percolação e outros, e com isso advém a

necessidade de reposição para que o sistema permaneça em funcionamento na

sua plenitude.

2.5.1 Da periodicidade da adubação

A adubação de manutenção deve ser bem planejada e consiste em assistir

tecnicamente as pastagens, em um intervalo de tempo regular, dependendo do

seu nível de exploração, com maior atenção nas intervenções técnicas a serem

realizadas. SUN et al (2008), indicam que neste caso as adubações devem

ocorrer antes do declínio da produtividade, criando uma rotina de atividades de

21

manutenção que permitiriam manter a pastagem sob produtividade desejada e

ainda perenizar o sistema, com intervenções cada vez mais econômicas e

pontuais.

Este manejo deverá ser realizado anualmente, nas pastagens manejadas

de forma mais intensiva como se faz nas culturas graníferas, seguindo os

protocolos agronômicos como: a análise da fertilidade do solo para correção dos

impedimentos químicos e uma visita na área por um técnico para detectar falhas

de manejo e a necessidade de ajustes, de preferência o local já deve ter o

levantamento topográfico permitindo verificar a melhor locação de bebedouros,

saleiro, cercas divisórias, corredores, etc. Assim com a correção, a fosfatagem, e

a potassagem, passaria o nutriente nitrogênio ser o modelador da quantidade de

forrageira necessária para determinado período produtivo (COSTA et al, 2006).

Sempre que doses maiores do nitrogênio forem indicadas no sistema devem ser

empregadas de forma parcelada, permitindo a plena transformação em matéria

seca (MS).

Nas áreas mais intensivas as forrageiras escolhidas seriam as mais

produtivas e nutritivas, que devido ao maior potencial produtivo permitiria elevar à

produção vegetal e animal, porém sabe-se que estas forrageiras são as de maior

exigência de manejo, dos níveis de fertilidade e dos cuidados no

acompanhamento inicial.

Assim o sistema de manutenção estaria adequado com a exigência da

forrageira onde teríamos forrageiras exigentes alocadas nas áreas mais férteis da

propriedade, as forrageiras com exigências médias que seriam destinadas a

áreas de média fertilidade e as forrageiras pouco exigentes que seriam plantadas

nas áreas de baixa fertilidade ou com impossibilidade de futuras intervenções

como as áreas de topografia mais acidentada ou dotada de outros impedimentos

naturais.

Outro importante fator de manejo está relacionado com a forma de

crescimento da forrageira, sendo que para as de crescimento cespitoso o cultivo

ocorreria nas áreas mais planas e levemente onduladas e para as de crescimento

decumbente nas áreas mais acidentadas e com possibilidade de erosão.

Para as áreas mais férteis recomenda-se o emprego de manejo mais

intensivo como rotacionado, com módulos de pastejo, separando categorias de

22

animais em pequenos grupos. Estes módulos deveriam ter um número maior de

piquetes, permitindo melhor gerenciamento, com pastejo mais controlado, um

controle da produção forrageira e melhoria na eficiência de coleta do pasto

produzido, permitindo um retorno econômico mais rápido (SILVA et al, 2005).

Além dos fatores já citados, este local submetido a manutenção deve ser

destinado às categorias que apresentam maior retorno econômico e necessidade

nutricional, como de animais em terminação, bezerros em recria e vacas de

primeira cria (OLIVEIRA et al, 2006).

2.5.2 Da área inicial a ser manejada sob manutenção.

Sabendo do problema de fluxo de caixa que as empresas agropastoris

enfrentam, uma decisão estratégica seria o parcelamento da área a ser mantida e

assistida de forma mais intensa. Inicialmente trabalhar nas áreas de formação

mais recentes ou recém corrigidas e nunca com área superior a 10% da área total

da propriedade, assim não ocorreria um risco de fluxo de caixa negativo por longo

tempo, ocorrência da sobra de pastagens ou a necessidade da aquisição de

animais devido ao incremento produtivo da pastagem. As áreas de formação

recente ou que já foram submetidas a alguma pratica de manejo da fertilidade

responderiam de forma mais rápida e permitiriam menores riscos. É aconselhável

recuperar corretamente e manter a produtividade de uma área menor, do que

dispersar o investimento em uma grande área (SILVA et al, 2005).

Toda área já incorporada sobre este manejo não seria mais relegada e

novas áreas só seriam incorporadas quando no fluxo de caixa o permitisse. Neste

caso os recursos já estariam reservados para manutenção. Desta forma

estaríamos iniciando um ciclo virtuoso de aumento da produção.

O pecuarista precisa mudar sua visão, encarando a forrageira como uma

cultura perene e aprender a manejar de forma correta o gênero e a espécie

escolhida para adequar a tecnologia e estar sempre atento as menores

modificações que ocorressem seja na produtividade da forrageira ou no

desempenho dos animais.

23

2.5.3 Das técnicas empregadas na reposição da fertilidade do solo.

A tecnologia empregada para pastagem é a da correção e da adubação em

superfície, sendo que a cultura já está implantada e o emprego de máquinas no

preparo total do solo interfere na manutenção do sistema radicular e na

degradação da parte aérea. Desta forma emprega-se a tecnologia dos sistemas

de plantio direto, onde se discute de forma mais aprofundada nos itens

subsequentes.

2.5.4 Da correção da acidez

Em relação à correção da acidez do solo, CAIRES (2007) descreve que no

preparo do solo convencional para a formação, o calcário deve ser incorporado

mecanicamente ao solo para favorecer a mistura corretiva e antecipar os

resultados esperados desta intervenção. No sistema de plantio direto e de

pastagens já formadas a aplicação se dá na superfície e com isso formam-se

gradientes de fertilidade onde as camadas superiores apresentam grande

concentração de nutrientes e nas camadas subsuperficiais, pode ocorrer à

concentração de elementos tóxicos e ausência de nutrientes. O efeito da calagem

geralmente é local, mas quando se aplica o calcário com o gesso agrícola

consegue-se que sejam lixiviados o cálcio e o magnésio que neutralizam a acidez

de camadas do subsolo. Somente na presença do calcário estes efeitos não

foram observados.

HERLING & LUZ, (2008) verificaram que a dose superficial a ser aplicada

varia de um terço a metade da dose recomendada para incorporação de 0-20 cm.

Também se modifica a metodologia da amostragem deste solo a ser corrigido na

pastagem, sendo necessário uma amostra superficial (0 a 5 cm) e uma amostra

normal de 0 a 20 cm de profundidade. O conhecimento destes dois parâmetros é

que determina as doses e o parcelamento.

Pesquisas conduzidas por PRIMAVESI (2008) verificaram que em

ambientes com grande retorno de material orgânico na superfície do solo, ocorre

uma neutralização do alumínio trocável pela complexação de moléculas

orgânicas. Este fato permite a aplicação de doses menores de calcário na

24

superfície, em especial quando o solo foi corrigido em profundidade

anteriormente.

LUZ & HERLING (2007) em experimento realizado na FZEA/USP Campus

Pirasununga-SP com o objetivo de avaliar os efeitos de tipos e doses de calcário

na correção da acidez e saturação por base no perfil (0-5; 5-10; 10-20; 20-40; 40-

60; 60-80 cm) e no tempo (15, 30, 45, 60, 90, 120, 180 e 360 dias), em Latossolo

Vermelho não férrico (solo argiloso), aplicaram o calcário na superfície sem

incorporação com finalidade de elevar a saturação por bases (V%) para 40 e

80%.

O grande questionamento seria como o produto aplicado sem incorporação

agiria no perfil do solo e qual o tempo para que pudesse ocorrer. Foram

empregados cinco tipos de calcário (dolomítico convencional, dolomítico filler,

dolomítico calcinado, magnesiano filler e magnesiano calcinado) e duas doses

(para elevar o V% para 40 e 80%), totalizaram 44 unidades experimentais, sendo

que em quatro das parcelas não foram aplicados os tratamentos.

Após 15 dias da calagem superficial constatou-se o aumento do pH em

CaCl2 se restringiu a camada de 0-20 cm para o calcário “filler”, já para o

dolomítico convencional só ocorreu aos 45 dias após a calagem. A calagem

promoveu uma redução do alumínio trocável nas camadas superiores pelo

calcário “filler”.

Para a camada 20 a 40 cm (sub-superfície) notou-se maior ação efetiva

para a elevação do pH CaCl2 para o calcário “filler” seguido pelo calcinado e por

último pelo convencional. Conforme a figura 01 abaixo.

25

FIGURA 01 - Valores de pH CaCl2 em função do tipo de calcário e época de

avaliação para a camada de 20-40 cm

Fonte: LUZ et al, 2007.

Pelos teores de cálcio no solo observa-se que aos 45 dias iniciaram-se as

modificações de modo mais visível (tabela 1), e aos 90 dias a maior

concentração, posteriormente inicia uma redução da concentração até aos 360

dias. Tal fato pode ser explicado pela lixiviação conjunta do cálcio e pela remoção

do elemento pelas plantas. Este comportamento confirma a reação máxima do

calcário por volta dos 90 dias, por isso sendo necessária a calagem antes do

plantio.

TABELA 1 - Valores de pH CaCl2 para a camada de 20-40 cm em função de

doses de calcário e época de avaliação

pH CaCl2

Tratamento 15 30 45 60 90 120 180 360

Testemunha 4,5 4,2 4,5 4,4 4,5 4,4 4,5 4,3

Média 40% 4,6 4,4 4,6 4,5 4,6 4,5 4,6 4,5

Média 80% 4,8 4,7 5,0 5,1 5,1 4,6 5,0 4,7

Fonte: LUZ et al, (2007)

Estes dados evidenciam que a ação corretiva do calcário no perfil do solo

está relacionado com a sua reatividade ou seja, o PRNT (poder residual de

neutralização total), e com o tempo de reação, confirmando a possibilidade de

26

aplicação superficial sem incorporação ao fato da pastagem já estar formada, em

sua maioria por espécies ou cultivares consideradas perenes.

Na figura 02 verifica-se que os efeitos do calcário no perfil do solo, com

atenção especial para uma queda gradual até os 360 dias após aplicação, sendo

um indicativo que pastagens de manejo muito intensivo ocorre a necessidade da

manutenção e assistência técnica anual, permitindo que todas as condições

físicas estejam disponibilizadas a forrageira explorada.

FIGURA 02 Valores de saturação por bases no perfil do solo durante o período de

avaliação.

Fonte: LUZ et al. (2007).

2.5.5 A adubação fosfatada em cobertura

Na fase de manutenção das pastagens, erros tais como o manejo incorreto

da pastagem em relação à altura do pasto acrescido da ausência da adubação

fosfatada, promovem um declínio rápido da produção. Se o produtor escolher não

fazer adubação de manutenção deve implantar forrageiras que são adaptadas a

estas condições. Muitas vezes a escolha errada da forrageira tem levado o

produtor a constante mudança da espécie, pois a cada dia a atividade se torna

menos rentável.

Ainda é muito comum entre os produtores a crença do aproveitamento do

fósforo nativo dos solos pelas forrageiras e que por este fato as plantas

forrageiras não apresentam resposta à adubação fosfatada. Esta visão é

27

tecnicamente incoerente e já ficou demonstrado pela pesquisa que não tem

suporte científico.

A adubação fosfatada de fontes mais solúveis, só deve ser efetuada em

solos antecipadamente corrigidos para que sejam prontamente disponibilizadas

as forrageiras. Segundo LIMA, et al. (2006), a preferência por fosfatos mais

solúveis podem também permitir um reflexo na concentração no nutriente na MS

da planta.

Já MACIEL et al (2007), recomenda que em pastagens onde no plantio

realizou-se uma boa correção e adubação de implantação, conforme a sua

estrutura física no teor de argila pode ser viável o fracionamento da dose total de

fósforo com adubo solúvel e adubos parcialmente solúveis como fosfatos de

rocha, pois eles além de manterem um bom teor no solo, por sua reação química

ajuda a corrigir o solo, o maior impedimento desta fonte é devido a baixa

concentração de fósforo em comparação com outras mais solúveis com reflexos

no transporte.

Na fertilização das pastagens a opção por fontes mais solúveis permite

uma rápida assimilação. Deve-se sempre evitar as fontes de fosfato de rocha em

cobertura principalmente pelo elevado tempo de liberação do nutriente e

principalmente em solos corrigidos. Esta categoria de fertilizante deve ser

distribuído no solo de forma mais homogenia possível, para que possa ser

liberado, evitando-se o seu emprego em plantações no sistema de covas e linhas.

Na implantação da pastagem, os teores de fósforo do solo, a exigência da

forrageira, os teores de argila e a fonte do nutriente são determinantes na

quantidade a serem empregadas. Deste modo à medida que vai sendo assimilada

pela forrageira deve-se atentar para a necessidade de repor o fósforo no sistema.

Para atender estas necessidades SOUZA et al (2004) baseando na

produtividade desejada elaborou uma tabela para reposição do fósforo que pode

ser observada na tabela 02.

28

TABELA 02 Recomendação de adubação fosfatada de acordo com a

produtividade esperada e com o grau de exigência da forrageira

Produtividade (kg ha peso vivo)

200 350 500 650 800 950 Espécie

kg / ha ano de P2O5

Pouco Exigente 10 20 25 35 * *

Exigentes * 25 40 50 60 70

Muito Exigentes * 50 65 80 95

* Os valores ausentes indicam que a espécie escolhida não é a mais indicada para estes níveis de produtividade. Fonte: SOUZA et al. (2004)

Observa-se nesta tabela que os teores são variáveis de acordo com a

exigência das forrageiras e que se bem empregados podem elevar produtividade

e o rendimento da pastagem. A reposição deve ser realizada no início do período

chuvoso e pode ser feita na totalidade, sem a necessidade de parcelamento.

2.5.6 Adubação nitrogenada.

O nitrogênio é o nutriente mais abundante na atmosfera, totalizando 78%

da composição gasosa. Embora esta alta concentração atmosférica pouco é

aproveitado pelas plantas, pois o nitrogênio apresenta uma forma muito estável.

Quando no solo verifica-se que o adubo nitrogenado tem uma dinâmica muito

complexa em relação aos outros nutrientes. Este nutriente possui alta mobilidade

no solo, sofre inúmeras transformações por microorganismos, possui alta

movimentação no perfil do solo, tem pouco efeito residual e volatiliza com muita

facilidade. Estes fatores conduzem a uma forma de emprego parcelada para

evitar as percas que podem ocorrer e permitir uma melhor absorção pelas plantas

(AGUIAR & SILVA, 2005).

2.5.6.1 Importância da adubação nitrogenada.

O nitrogênio é o principal nutriente para manutenção da produtividade da

pastagem, sendo essencial na composição de constituintes vegetais relacionados

29

com a produção, tamanho de folhas, perfilhamento entre outras características. A

MOS não é suficiente para suprir adequadamente a produção forrageira.

A aplicação de nutriente em larga escala nos cerrados tem encontrados

impedimentos como, alto preço, disponibilidade e os sistemas de pastejo

empregados nesta região. GRANO et al (2005) relatam que observaram aumento

na produção da biomassa de Brachiaria decumbens quando aumentaram a dose

de nitrogênio combinadas com as de enxofre.

Tem-se verificado também que com Brachiaria brizantha no cerrado

grandes extrações de nitrogênio são acompanhadas por grandes extrações de

potássio. Uma característica importante é que o nitrogênio para ser absorvido

pelas raízes devem estar em solução e próximo a elas.

COAN (2008) recomenda doses variando entre 50 a 300 kg N /ha, sendo a

menor dose para como quantidade mínima e para evitar a degradação da

pastagem, doses de 100 kg N/ha para elevar a produtividade, mas em sistemas

menos intensivos e doses entre 150 e 300 kg N/ha para sistemas mais intensivos

de pastejo.

2.5.7 Adubação potássica.

Em áreas destinadas a corte de forragens como campo de feno e de

silagem um cuidado todo especial deve ser dado ao nutriente que é muito

drenado nestes sistemas. Detectado pela análise de solo baixos teores, a

cobertura deve ser realizada em conjunto com o nitrogênio, pois existem

formulações apropriadas com estes dois elementos e facilitam o manejo do

mesmo (SOARES FILHO, 2008).

Em pastagens consorciadas o potássio a apresentar maior importância,

pois as leguminosas são mais exigentes neste nutriente se comparado com as

gramíneas, para os mesmos níveis de produção (VILELA et al., 2002).

Em áreas de plantio de forrageiras para corte, como as destinadas a

produção de silagem, AMARAL & BERNARDES, (2009), descrevem que a massa

retirada é uma fonte de dreno muito grande de potássio do solo, por isso nestas

áreas o cultivo por muitos anos, é comum verificar-se a sua deficiência nas

lavouras, principalmente pela apresentação da senilidade das primeiras folhas.

30

Este fato muitas vezes é responsável pela observação errada do ponto de

maturidade por parte do produtor, antecipando o momento da colheita da

forrageira, sendo que o ideal é o ponto de colheita observado no grão

intermediário da espiga.

31

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As forrageiras tropicais em áreas de cerrado têm potencial elevado de

produção, desde que manejadas de forma eficiente.

Deve-se atentar para a reposição de nutrientes no sistema pastoril e a

integração lavoura, pecuária e floresta pode, quebrar o ciclo de baixa

produtividade e oferecer oportunidade de diversificação produtiva, com ganhos

econômicos, sociais e ambientais.

Pelos trabalhos revisados concluímos que o melhor manejo de pastagem

para o pecuarista é o manejo da manutenção da pastagem.

32

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