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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DIÁRIO ACIONAL SEÇÃO I ANO XXXVI - N9 162 CAPITAL FEDERAL, TERÇA-FEIRA, CÂMARA DOS DEPUTADOS SUMÁRIO 8 DE UEZE!\'IBRO DE 1981 I- ATA DA I- SESSÃO DA ]- SESSÃO LEGISLATIVA EX- TRAORDINÁRIA DA 46- LEGISLATlIRA EM 7 DE DEZEMBRO DE 1981. Abertura da Sessão 11- Leitura e assinatura da ata da sessão anteriur 11I- Leitura do Expediente PROPOSTA DE EMENDA À CO!'íSTITUIÇÃO Do Sr. Walter de Prá e outros. IV- Pequeno Expediente ALFREDO MARQUES - Ação da Polícia Militar no campus da Universidade Federal do Ceará. NILSON GIBSON - Unidade do PDS em torno do Presidente João Figueiredo. MARCELO UNHARES - Manutenção do Ministro M'ário An- dreazza à frente da pasta do Interior. OL/VIR GABARDO - Fusão dos partidos oposicionistas. AMADEU GEARA - Realidade política e institucional brasileira. ALBÉR/CO CORDEIRO - Inauguração da TV-Alagoas, Maceió, Estado de Alagoas. JOÃO !IERCUL/NO - Reforma da legislação eleitoral. RUY coDO - Convocação extraordinária do Congresso Nacional. JERONIMO SANTANA - Condições de tráfego das rodovias no Território de Rondônia. ADHEMAR SANTILLO - Dívida externa. Reforma da legislação eleitoral. ISAAC NEWTON - Criação do Estado de Rondônia. L/DOVINO FANTON - Reunião de viticultores em Garibaldi, Es- tado do Rio Grande do Sul. Preço mínimo da uva. S/QUEIRA CAMPOS - Entrega de títulos de propriedades em Mu- nicípios do norte do Estado de Goiás. ANTONIO ANNIBELLI - Isenção de tributos aos veículos desti- nados ao uso de deficientes físicos. GERALDO GUEDES - Septuagésimo terceiro aniversário de fun- dação da Cruz Vermelha -Brasileira. 1'1 M ENTA DA VEIGA - Condenação, pelo Supremo Tribunal Fe- deral, do Deputado Federal Genival Tourinho. FRANCISCO L1BARDONI - Qualidade de vida no Brasil, segun- do pesquisa do "Centro de Investigações sobre Prioridades Mundiais." ISRAEL DIAS-NOVAES - da Lei de Zoneamento Urbano em São Paulo, Estado de São Paulo. JOSÉ RIBAMAR MACHADO - Décima reunião dos Diretores de Órgãos Rodoviários Estaduais, São Luis, Estado do maranhão. FERNANDO COELHO - Restrições na aplicação da anistia. DASO COIMBRA - Extinção do Fundo Nacional de Telecomuni- cações. PAULO RATTES - Necessidade de apoio governamental a Petró- polis e Teresópolis, Estado do Rio de Janeiro. EDSON KHAIR - Comparecimento do Ministro Rubem Ludwig, da Educação e Cultura, à Câmara dos Deputados. V- Grande Expediente JORGE VIANNA - Inconstitucionalidade da reforma eleitoral pre- conizada pelo Governo. ARNALDO SCHMITT - Conflito entre a igreja e o Estado. JÚLIO MARTINS - Comunicação. como Líder, sobre esclareci- mentos prestados ao Presidente da Câmara dos Deputados. a propósito do recebimento. no gabinete do orador, através dos Correios, de panfletos atentatórios à dignidade de prelado brasileiro. PIMENTA DA VEIGA - Comunicação, como Líder, sobre o dis- curso do Deputado Júlio Martins nesta Sessão, em Comunicação como Líder do PDS. CLAUDINO SALES - Comunicação, como Líder, sobre a tradição parlamentar observada nas sessões de instalação de convocação extraordi- nária do Congresso Nacional. PI M ENTA DA VEIGA - Comunicação, como Líder, sobre o clima de radicalização política imposto pelo PDS às sessões da presente convo- cação extraordinária do Congresso Nacional. SIQU EI RA CAM POS - Comunicação, como Líder, sobre discurso do Deputado Pimenta da Veiga nesta Sessão, em Comunicação como I.ider do PMDB. PI M ENT J\ DA VEIGA - Comunicação, C0ll10 Líder, sobre discur- so do Deputado Siqueira Campos nesta Sessão, em Comunicação como Líder do PDS. SIQUEIRA CAMPOS (J\rt. 93, inciso VIII, do Regimento Interno) - Contes/ações de opinião que o orador considera que lhe foi indevida- mente atribuida pelo Deputado Pimenta da Veiga. CRISTINA TAVARES - Reclarnação sobre a tramitação do Proje- to de Resolução que cria creche para atendimento de filhos de servidores da Câmara dos Deputados. ARNA LDü SCHM ITT (Art. 93, inciso VIII, do Regimento Interno) - Confirmação da declaração de extração de cópias xerox de fotomonta- gens em órgão da Câmara dos Deputados. PIMENTA DA VEIGA - Pedido da palavra para esclarecimento de ordem pessoal. PRESIDENTE - Indeferimento do pedido formulado pelo Deputa- do Pimenta da Veiga. VI - Designaçào da Ordem do Dia VII - Encerramento 2- MESA (Relação dos membros) J- LIDERES E VICE.(JDERES DE PARTIDOS (Relação dos membros) 4- COMISSC)ES (Relação dos membros das Comissões Permanen- tes, Especiais, Mistas e de Inquérito).

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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

DIÁRIO ACIONAL

SEÇÃO IANO XXXVI - N9 162 CAPITAL FEDERAL, TERÇA-FEIRA,

CÂMARA DOS DEPUTADOS

SUMÁRIO

8 DE UEZE!\'IBRO DE 1981

I - ATA DA I- SESSÃO DA ]- SESSÃO LEGISLATIVA EX­TRAORDINÁRIA DA 46- LEGISLATlIRA EM 7 DE DEZEMBRO DE1981.

I~ Abertura da Sessão

11- Leitura e assinatura da ata da sessão anteriur

11I- Leitura do Expediente

PROPOSTA DE EMENDA À CO!'íSTITUIÇÃO

Do Sr. Walter de Prá e outros.

IV- Pequeno Expediente

ALFREDO MARQUES - Ação da Polícia Militar no campus daUniversidade Federal do Ceará.

NILSON GIBSON - Unidade do PDS em torno do Presidente JoãoFigueiredo.

MARCELO UNHARES - Manutenção do Ministro M'ário An-dreazza à frente da pasta do Interior.

OL/VIR GABARDO - Fusão dos partidos oposicionistas.

AMADEU GEARA - Realidade política e institucional brasileira.

ALBÉR/CO CORDEIRO - Inauguração da TV-Alagoas, Maceió,Estado de Alagoas.

JOÃO !IERCUL/NO - Reforma da legislação eleitoral.

RUY coDO - Convocação extraordinária do Congresso Nacional.

JERONIMO SANTANA - Condições de tráfego das rodovias noTerritório de Rondônia.

ADHEMAR SANTILLO - Dívida externa. Reforma da legislaçãoeleitoral.

ISAAC NEWTON - Criação do Estado de Rondônia.

L/DOVINO FANTON - Reunião de viticultores em Garibaldi, Es­tado do Rio Grande do Sul. Preço mínimo da uva.

S/QUEIRA CAMPOS - Entrega de títulos de propriedades em Mu­nicípios do norte do Estado de Goiás.

ANTONIO ANNIBELLI - Isenção de tributos aos veículos desti­nados ao uso de deficientes físicos.

GERALDO GUEDES - Septuagésimo terceiro aniversário de fun­dação da Cruz Vermelha -Brasileira.

1'1 M ENTA DA VEIGA - Condenação, pelo Supremo Tribunal Fe­deral, do Deputado Federal Genival Tourinho.

FRANCISCO L1BARDONI - Qualidade de vida no Brasil, segun­do pesquisa do "Centro de Investigações sobre Prioridades Mundiais."

ISRAEL DIAS-NOVAES - Modificaçã~ da Lei de ZoneamentoUrbano em São Paulo, Estado de São Paulo.

JOSÉ RIBAMAR MACHADO - Décima reunião dos Diretores deÓrgãos Rodoviários Estaduais, São Luis, Estado do maranhão.

FERNANDO COELHO - Restrições na aplicação da anistia.

DASO COIMBRA - Extinção do Fundo Nacional de Telecomuni­cações.

PAULO RATTES - Necessidade de apoio governamental a Petró­polis e Teresópolis, Estado do Rio de Janeiro.

EDSON KHAIR - Comparecimento do Ministro Rubem Ludwig,da Educação e Cultura, à Câmara dos Deputados.

V - Grande Expediente

JORGE VIANNA - Inconstitucionalidade da reforma eleitoral pre­conizada pelo Governo.

ARNALDO SCHMITT - Conflito entre a igreja e o Estado.

JÚLIO MARTINS - Comunicação. como Líder, sobre esclareci­mentos prestados ao Presidente da Câmara dos Deputados. a propósitodo recebimento. no gabinete do orador, através dos Correios, de panfletosatentatórios à dignidade de prelado brasileiro.

PIMENTA DA VEIGA - Comunicação, como Líder, sobre o dis­curso do Deputado Júlio Martins nesta Sessão, em Comunicação comoLíder do PDS.

CLAUDINO SALES - Comunicação, como Líder, sobre a tradiçãoparlamentar observada nas sessões de instalação de convocação extraordi­nária do Congresso Nacional.

PI M ENTA DA VEIGA - Comunicação, como Líder, sobre o climade radicalização política imposto pelo PDS às sessões da presente convo­cação extraordinária do Congresso Nacional.

SIQU EI RA CAM POS - Comunicação, como Líder, sobre discursodo Deputado Pimenta da Veiga nesta Sessão, em Comunicação comoI.ider do PMDB.

PI M ENTJ\ DA VEIGA - Comunicação, C0ll10 Líder, sobre discur­so do Deputado Siqueira Campos nesta Sessão, em Comunicação comoLíder do PDS.

SIQUEIRA CAMPOS (J\rt. 93, inciso VIII, do Regimento Interno)- Contes/ações de opinião que o orador considera que lhe foi indevida­mente atribuida pelo Deputado Pimenta da Veiga.

CRISTINA TAVARES - Reclarnação sobre a tramitação do Proje­to de Resolução que cria creche para atendimento de filhos de servidoresda Câmara dos Deputados.

ARNA LDü SCHM ITT (Art. 93, inciso VIII, do Regimento Interno)- Confirmação da declaração de extração de cópias xerox de fotomonta­gens em órgão da Câmara dos Deputados.

PIMENTA DA VEIGA - Pedido da palavra para esclarecimento deordem pessoal.

PRESIDENTE - Indeferimento do pedido formulado pelo Deputa-do Pimenta da Veiga.

VI - Designaçào da Ordem do Dia

VII - Encerramento

2 - MESA (Relação dos membros)

J - LIDERES E VICE.(JDERES DE PARTIDOS (Relação dosmembros)

4 - COMISSC)ES (Relação dos membros das Comissões Permanen­tes, Especiais, Mistas e de Inquérito).

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14682 Terça·felra 8 DlÁR!O DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Dezembro de 1981

ATA DA I' SESSÃOEM 7 DE DÊZEMBRO DE 1981

CONVOCAÇÃO EXTRAORDINÁRIA

PRESIDf:NCIA DO SR.:JOEL FERREIRA, Suplente de Secretário.

1 - Ás 13:30 horas comparecem os Senhores:

Nelson MarchezanHaroldo SanfordFreitas NobreFurtado LeiteCarlos WilsonJoel FerreiraLúcia ViveirosJackson Barreto

Acre

Amilcar de Queiroz - PDS; Nosser Almeida - PDS; Wildy Vianna ­PDS.

Amazonas

Joel Ferreira - PDS; Josué de Souza - PDS; Ubaldino Meirelles ­PDS.

Pará

Antônio Amaral - PDS; Jorge Arbage - PDS; Lúcia Viveiros - PP;Manoel Ribeiro - PDS; Osvaldo Melo - PDS.

Maranhão

Edson Vidigal - PP; Epitácio Cafeteira - PMDB; José Ribamar Ma­chado - PDS; Marão Filho - PDS.

Piauí

Hugo Napoleão - PDS; Ludgero Raulino - PDS; Pinheiro Machado- PP.

Ceará

Adauto Bezerra - PDS; Claudino Sales - PDS; Furtado Leite - PDS;Gomes da Silva ....;.. PDS; Haroldo Sanford - PDS; Marcelo Linhares ­PDS; Ossian Araripe - PDS.

Rio Grande do Norte

Carlos Alberto - PDS; Djalma Marinho - PDS; Vingt Rosado ­PDS.

Paraíba

Arnaldo Lafayette - PMDB; Joacil Pereira - PDS; Marcondes Gade­lha - PMDB.

Pernambuco

Augusto Lucena - PDS; Carlos Wilson - PMDB; Fernando Coelho­PMDB; Marcus Cunha - PMDB; Milvernes Lima - PDS; Ricardo Fiuza- PDS; Thales Ramalho - PP.

Alagoas

Albérico Cordeiro - PDS; Geraldo Bulhões; José Alves - PDS.

Sergipe

Francisco Rollemberg - PDS; Jackson Barreto - PMDB; RaymundoDiniz - PDS.

Bahia

Ângelo Magalhães - pDS; Djalma Bessa- PDS; Francisco BenjamimPDS; Horácio Matos - PDS; João Alves - PDS; Jorge Vianna ­

PMDB; José Penedo - PDS; Odulfo Domingues - PDS; Prisco Viana ­PDS; Rómulo Galvão - PDS; Ruy Bacelar - PDS.

Espírito Santo

Gerson Camata - PMDB; Mário Moreira - PMDB; Walter de Prá­PDS.

Rio de Janeiro

Alcir Pimenta - PP; Celso Peçanha - PMDB'; Daso Coimbra - PP;Jorge Cury - PTB; José Bruno - PP; Lázaro Carvalho - PP; Osmar Leitão- PDS; Paulo Torres - PP; Peixoto Filho - PP; Walter Silva - PMDB.

Minas Gerais

Carlos Colta - PP; Darío Tavares - PP; Homero Santos - PDS;Humberto Souto - PDS; João Herculino - PMDB; Jorge Vargas - PP;Melo Freire - PP; Pimenta da Veiga - PMDB; Ronan Tito - pMDB; Ro­sem burgo Romano - PP; Tarcísio Delgado - PMDB.

Sào Paulo

Audálio Dantas - PMDB; Benedito Marcílio - PT; Cantídio Sampaio- PDS; Cardoso Alves - PMDB; Del Bosco Amaral - PMDB; FranciscoLeão - PDS; Freitas Nobre - PMDB; João Cunha - PMDB; Octávio Tor­recilIa - PDS; Roberto Carvalho - PDS; Ruy Côdo - PMDB; SantilliSobrinho- PMDB; Ulysses Guimarães - PMDB.

Goiás

Adhemar Santillo - PMDB; Fernando Cunha - PMDB; Guido Aran­tes - PDS; Iram Saraiva - PMDB; Siqueira Campos - PDS.

Mato Grosso

Gilson de Barros - PMDB; Louremberg Nunes Rocha - PP.

Mato Grosso do Sul

Leite Schimidt - PP; Ruben Figueiró - PP; Ubaldo Barém - PDS.

Paraná

Álvaro Dias - PMDB; Amadeu Geara - PMDB; Euclides Scalco ­PMDB; Hélio Duque - PMDB; Olivir Gabardo - PMDB; Osvaldo Mace­do - PMDB; Sebastião Rodrigues Júnior - PMDB; Walber Guimarães ­PP.

Santa Catarina

Arnaldo Schmitt - PP; Ernesto de Marco - PMDB; João Linhares ­PP; Juarez Furtado - PMDB; Pedro Ivo PMDB.

Rio Grande do Sul

Alcebíades de Oliveira - PDS; Ary Alcântara - PDS; Carlos Santos ­PMDB; Cláudio Strassburger - PDS; Getúlio Dias - PDT; Lidovino Fan­ton - PDT; Nelson Marchezan'-e- PDS; Odacir Klein - PMDB; Pedro Ger­mano - PDS; Rosa Flores - PMDB; Waldir Walter - PMDB.

Rondônia

Isaac Newton - PDS; Jerônimo Santana - PMDB.

Roraima

Hélio Campos - PDS; Júlio Martins - PDS.

O SR. PRESIDENTE (Joel Ferreira) - A lista de presença acusa ocomparecimento de 130 Senhores Deputados.

Está aberta a sessão.Sob a proteção de Deus iniciamos nossos trabalhos.O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão <Interior.

O SR. PRESIDENTE (Joel Ferreira) - Passa-se à leitura do expedien-

te.

O SR. JACKSON BARRETO, Suplente de Secretário, servindo comolv-Secretúrio, procede à leitura do seguinte

II - EXPEDIENTE

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO N- , DE 1981

Aumenta o número máximo de Vereadores.

As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termosdo art. 49 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao textoconstitucional:

Artigo único. O § 4- do art. 15da Constit~ição Federal passa a ter a se­guinte redação:

"Art. 49

§ 40 O número de Vereadores será, no máximo. de 33 (trinta etrês) e. no mínimo. de 7 (sete), guardando-se pr.oporcionalidade coma população do município."

J ustilicaçào

Ê o Vereador brasileiro o "pronto-socorro" da democracia.Inegável é a importância dos Municípios em países como o nosso, que

segue o regime federativo de governo, por isso que, fortalecendo essas subuni­dades federativas. estaremos. por via de conseqüência, fortalecendo osEstados-membros e a própria unidade federativa.

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Dezembro de 1981 DIÁRIO 00 CONGRESSO NACIONAL (Seçào I) Terça.felra 8 14683

E um dos elementos primordiais desse fortalecimento é a máxima auto­nomia municipal, exteriorizada com o fortalecimento das funções executivase legislativas do Município.

O nosso objetivo é, precisamente, o fortalecimento de um desses pontos:o órgão legislativo municipal, pelo aumento do número mínimo e máximo deVereadores permitidos pela Constituição, na sua redação atual (vinte e umVereadores).

Na verdade, desde os tempos coloniais, as Câmaras Municipais tiveramum papel preponderante na nossa história, sabendo-se inclusive que, àquelaépoca, além das funções de administração das terras e das obras do M unicí­pio, competia-lhes, ainda, zelar pelos bens municipais, e, até, fazer julgamen­tos, ao lado dos juízes ordinários, estes eleitos anualmente pela Câmara. Aimportância desses órgãos municipais, nesse período de nossa história, che-,gou a tal ponto que certas Câmaras de Vereadores chegaram mesmo a sesobrepor aos Governadores Gerais (in Manual do Vereador, José Afonso daSilva - Ed. Serviço Nacional dos Municípios, pág. 11).

Já no Império, a Constituição de 25 de março de 1824 continha um capí­tulo inteiro dedicado às Câmaras Municipais: o Capítulo li, arts. 167 a 169.Foi, porém, nesse período que as atribuições das Câmaras Municipais passa­ram a diminuir, em conseqüência da diminuição do próprio prestígio dessacorporação. Assim é que, pela Lei de I~ de outubro de 1828, art. 24, as Câma­ras passaram a se constituir em meras corporações administrativas, deixandode exercer, ainda, quaisquer jurisdições contenciosas. E mais esse prestígio di­minuiu quando, pela Lei n? 16, de 12 de agosto de 1834, os Conselhos Geraisdas Províncias foram transformados em Assembléias Legislativas provinciais.Então foram ampliadas as atribuições dessas Assembléias, absorvendo váriasatribuições das Câmaras Municipais, que, assim, viam a sua importância re­duzida, no cenário político. E, muito embora com a Lei n9 105, de 12 de maiode 1840, esse prestígio tenha de novo aumentado, contudo, não se pode afir­mar que as Câmaras Municipais voltaram a ter a mesma importância do

período colonial.

Foi somente com a Constituição de 1934, já na República, quando osMunicípios tiveram sua autonomia efetivamente reconhecida, que a CâmaraMunicipal tornou a se constituir em um dos órgãos mais importantes da ad­ministração municipal, deixando de ser, então, apenas "corporações mera­mente administrativas" para ser o órgão legiferante municipal por excelência.

Com o sistema da eleição indireta para Deputados e membros do entãoConselho Federal, as Câmaras Municipais, a par das importantíssimas atri­buições que lhes foram concedidas pela Constituição de 1937, incumbiam-se,também, as eleições dos Deputados Federais, como se pode depreender da in­teligência do art. 47, daquela Carta Magna. Essa atribuição só lhe foi retiradacom a Lei Constitucional n9 9, de 28 de fevereiro de 1945, quando, já nos es­tertores da ditadura getuliana, uma nova ordem política se delineava nos ho­rizontes nacionais.

Contudo, a Carta Magna que maior importância atribuiu aos Municí­pios foi, sem dúvida alguma, a de 1946. Os Municípios foram nela fortaleci­dos na sua autonomia, principalmente no que se refere aos vereadores que,então, foram alçados à condição de legisladores, como claramente deixa en­trever o art. 48, item I, alínea c, daquela Constituição, já que, aí, se declaravaexpressamente que os Deputados e os Senadores não podiam, desde a posse,exercer outro mandato legislativo, seja federal, estadual ou municipal.

Por essa ligeira explanação histórica, podemos perceber que, em momen­to algum, a autonomia municipal foi tão grandemente estreitada, como ocor­reu na Carta de 1967, inclusive com o texto determinado pela Emenda n9 I, de

1969.

Com o advento da Revolução de 1964, que veio tirar o País do caos emque vivia, novas idéias moralizadoras surgiram no meio dos governantes deentão, motivo por que acharam por bem detalhar toda a atividade política naNação, nas três esferas de governo. Tendo em vista esse propósito moraliza­dor, estabeleceram-se regras limitativas das atividades dos vereadores, taiscomo a de eles não perceberem qualquer remuneração, seja a que título for(art. 10. do Ato Institucional n~ 2, de 1965). Essa proibição, contudo, foi ame­nizada com a Carta de 1967, art. 16. § 29, que dispunha que somente percebe­riam remuneração os vereadores das Capitais e dos Municípios de populaçãosuperior a cem mil habitantes, tudo, porém, dentro dos critérios e limites fixa­dos por lei complementar. O Ato Institucional n9 7, de 1969, piorou essa si­tuação, já que, em seu art. 4Q determinou que, além dos Municípios das Capi­tais, somente os que contassem com mais de trezentos mil habitantes pode­riam remunerar seus vereadores; além disso, no seu art. 59. vedou às CâmarasMunicipais a realização de mais de trés sessões extraordinárias remuneradaspor mês. Continuou vacilante o número mínimo de habitantes dos Municí­pios, que dava direito a que os respectivos vereadores percebessem alguma re­muneração, tanto que, com a Emenda nQ I, agora no art. 15. se dispunha que

somente os Municípios com mais de duzentos mil habitantes, além dos dasCapitais, poderiam remunerar os seus vereadores. Essa situação teve fimquando, pela Emenda n9 4, de 1975, todos os vereadores passaram a perceberremuneração fixada pela própria Câmara Municipal, embora obedecendo li­mites e critérios estabelecidos por lei complementar.

O que acabamos de mencionar é uma das limitações mais acentuadas àautonomia municipal, pela contenção drástica dos seus representantes nasrespectivas Câmaras tendo em vista a falta de interesse que normalmenteapresenta uma função que seja exercida sem alguma recompensa pecuniária.Tanto que a própria órdem federal, de vacilações em vacilações, concluiu pelaoportunidade de todos os vereadores, de quaisquer Municípios, perceberemalguma remuneração.

Outra limitação, que a nós se nos afigura mais acentuada ainda, é justa­mente a limitação do número máximo de vereadores que cada Município pos­sa ter nas suas Câmaras. Assim, é aos nossos olhos um absurdo que um Mu­nicípio como o de São Paulo ou o do Rio de Janeiro, possa ter, no máxima,vinte e um vereadores, quase que se equiparando a outros Municípios que,embora sejam Capitais estaduais não possuam tanta expressão política e elei­toral como os mencionados.

Sabemos, como bem afirma José Afonso da Silva, que a Câmara Munici­pal, como órgão do governo municipal,

"Constitui elemento básico do conceito de autonomia dos Mu­nicípios, porque integra a noção de governo próprio, característicapolítica da autonomia, assegurada aos Municípios pela Consti­tuição da República no art. 15."

Assim considerando, estamos certos de que, com o aumento do númeromínimo e máximo 'de vereadores permitido pela Lei Básica Federal, estare­mos, também, aumentando o grau de autonomia municipal, e fazendo comque Municípios como o de São Paulo não estejam limitados ao mesmo núme­ro de vereadores que outros que, embora importantes no cenário político­administrativo estadual e até federal, não possuem. porém, a relevância do daCapital daquele Estado. Segundo a regra contida na Lei Orgânica dos Mu­nicípios de São Paulo, art. 69 , VIII, em todos os Municípios com mais de ummilhâo de eleitores, suas Câmaras se comporão de vinte e um vereadores.

"Uma verdade se diga: o municipalismo peninsular ainda estápresente no municipalismo brasileiro. Não evoluímos quase depoisda herança recebida. O transplante da Instituição não alcançou aformação da urbis ou da civitas americanas. Não bastava aplicar oregime municipal importado. Ã nação, procurando seus caminhospolíticos, condicionada pelas mais variadas diversidades geográfi­cas, abandonou o município pela Corte e depois pela Metrópole" (inManual dos Municípios, Manoel de Oliveira Franco Sobrinho, Edi­tora Resenha Universitária, 1975 pág. 93).

Afinal, urge mudar o rumo da história do municipalismo brasileiro, vol­tando, agora, nossos olhos a essas regiões que, mais do que o Poder Central,conhecem os rincões mais afastados de nossa Pátria. É o mínimo que pode­mos fazer em tal sentido ê minorar a dependência dessas unidades, em relaçãoaos Estados-membros e à União.

Com a presente Proposta de Emenda ao texto constitucional, estamosdando o primeiro passo.

DEPUTADOS: Walter de Prá - Mário Moreira - Epitácio Cafeteira- Furtado Leite - Fernando Cunha - Dario Tavares - Freitas NobreHéiio Campos - Jader Barbalho - Isaac Newton - Luiz Vasconcelos ­Adhemar Santillo - Daso Coimbra - Brasílio Caiado - Octacílio Almeida- Homero Santos - Paulo Guerra - Aldo Fagundes - Arnaldo Schimitt-- Erasmo Dias - Edgard Amorim - Aluízio Bezerra - Adhemar de Bar-ros Filho - Antônio Morais - Fued Dih - Adriano Valente - TelmoKirst - Leónidas Sampaio - \Valter de Castro - Saramago Pinheiro ­Cláudio Philomeno - Júlio Campos - Tídei de Lima - João Linhares ­Siqueira Campos - José Carlos Fagundes - Hugo Rodrigues da Cunha­Horácio Matos - Jairo Magalhães - Celso Peçanha - Wildy Vianna ­Rosemburgo Romano - António Gomes - Lêo Simões - Carlos Santos­Júnia Marise - Péricles Gonçalves - Francisco Leão - Maurício Fruet ­Carlos Alberto - Castejon Branco - Lourernberg Nunes Rocha -- Fernan­do Magalhües - Carlos Nelson - Brabo de Carvalho ~ Ruy Bacelar - Jo­sé Penedo - Igo Losso - Raimundo Urbano - Paulo Lustosa - GenivalTourinho - Adhemar Ghisi - Harry Sauer - Evandro Avres de Moura (a­poiamento) - Mário Hato - Ernesto de Marco - Joaci! Pereira - RonanTito - Diogo Nomur.i -- Mário Stamll1- António Dias - Murillo Mendes- Moacir Lopes - Lúcio Cione - Geraldo Fleming ~ Carlos Chiarelli ­Zuny Gonzaua - Chistóvum Chiaradia - Octávio Torrecilla - Del Bosco

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14684 Terça-feira 8 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçào I) Dezembro de 1981

Amaral- Paulino Cicero de Vasconcellos - Pimenta da Veiga - MarcelloCordeiro - Gilson de Barros - Alcebíades de Oliveira - Emídio Perondi ­Vivaldo Frota - João Arruda (apoiamento) - José Torres - Gomes da Sil­va - Djalma Bessa - Amadeu Geara - Milvernes Lima - Antônio Mariz- João Carlos de Carli - Jayro Maltoni - Waldmir Belinati - Walter Sil­va - Geraldo Bulhões - Inocéncio Oliveira - Antônio Pontes - José Fre­jat - Correia Lima - João Herculino - Álvaro Dias - halo Conti - JúlioMartins - Jorge Ferraz - Roque Aras - Daniel Silva - Ubaldino Mei­relles - Juarez Furtado - José Maurício - Vilela de Magalhães - Henri­que Eduardo Alves - Angelino Rosa - Baldacci Filho - José Carlos Vas­concelos - Flávio Chaves - Jakson Barreto - Edson Vidigal - MarceloLinhares - Sebastião Rodrigues Jr. - Caio Pompeu - Jorge Gama - MeloFreire - Aécio Cunha - Vicente Guabiroba - Alcir Pimenta - WanderleyMariz - Joaquim Guerra - Elquisson Soares - José Bruno - José de Cas­tro Coimbra - Silvio Abreu Jr. - Octacílio Queiroz - Amílcar de Queiroz- Milton Brandão - Vingt Rosado - Temístocles Teixeira - Lúcia Vivei­ros.

SENADORES: Passos Pôrto - Adalberto Sena - Martins Filho - Al­mir Pinto - Mauro Benevides - Valdon Varjão - Humberto Lucena ­Teotônio Vilela - Evandro Carreira - Mutilo Badaró - Affonso Camargo- Agenor Maria - Orestes Quércia - Tancredo Neves - Pedro Simon­Itamar Franco - Jose Fragelli - Amaral Furlan - Moacyr Dalla - JaisonBarreto - Dirceu Cardoso - Alexandre Costa - Cunha Lima - Bernardi­no Viana' - José Richa.

O SR. PRESIDENTE (Joel Ferreira) - Está finda a leitura do expe-diente.

III - Passa-se ao Pequeno Expediente

Tem a palavra o Sr. Alfredo Marques.

O SR. ALFREDO MARQUES (PMDB - CE. Pronuncia o seguinte dls­curso.) - Sr. Presidente, Srs, Deputados, o campus da Universidade Federaldo Ceará, no último sábado, foi palco de brutal episódio, tendo como prota­gonistas principais soldados da Polícia Militar do Ceará, que espancaram eprenderam estudantes, além de depredarem bens da instituição.

Tudo começou com uma festa realizada na quadra esportiva do Clubedo Estudante Universitário, local tradicional de manifestações culturais, pro­moções esportivas e festividades dos alunos da Universidade. Solicitada pormoradores das imediações da quadra para apaziguar uma discussão havidaentre alguns dos participantes da festa, a Polícia agiu de forma inusitada e emsentido contrário ao que lhe cabe e lhe foi solicitado.

Conforme afirmam centenas de testemunhas e a imprensa local e nacio­nal, a forma violenta com que os policiais intervieram no incidente tornou osânimos mais acirrados, por terem agredido um dos Diretores do DEC, SérgioMarques, que tentara interceder em favor de um dos supostos litigantes,ameaçado de prisão.

A brutalidade desses policiais provocou revolta entre os estudantes, osquais reagiram atacando o carro da Polícia. Com isso foram solicitados re­forços policiais, generalizando-se então a violência. O novo contingente mili­tar ocupou o local dando tiros, espancando estudantes e quebrando mesas ecadeiras, só não fazendo vítimas por puro acaso, como atestam de forma fla­grante as cápsulas de balas incrustadas nas paredes e deflagradas em sentidohorizontal.

Suficientemente ilustrativo da selvageria da Polícia Militar do meu Esta­do é ocorrido com o dono da cantina que servia aos estudantes na ocasião eque cerrou suas portas, pretendendo evitar um "mal maior". Nio conseguin­do arrombar a entrada do recinto, um policial subiu os degraus e com um péquebrou telhas de amianto que cobrem o pequeno prédio.

Senhores, toda a sorte de abusos foi ali cometida, contra os estudantes econtra o patrimônio da Universidade. Como se não bastasse, 30 pessoas, en­tre homens e mulheres, foram levadas pelos policiais para o Departamento deOrdem Social e colocados em celas, junto com marginais, por mais de duashoras. Como traço comum, todos traziam no corpo hematomas, marcas decassetetes e roupas rasgadas.

Não faltou também a nítida intenção de dar conotação política ao episó­dio, embora frustrada, por terem sido incluídos entre os detidos e colocadosem "cela especial" três membros da Diretoria de Assuntos Estudantis daUNE - Kennedy Ramos, Sérgio Marques e Danilo Fortes, agredidos fisica­mente também no prédio do DOPS.

O despropósito da ação policial foi tamanho que provocou a interferên­cia do Reitor da Universidade, Paulo Elpídio Menezes Neto. Com justa in­dignação, ele não só exigiu a imediata soltura dos estudantes como os enca­minhou ao Instituto Médico Legal, para o exame pericial de corpo de delito ereclamou do Governador Virgílio Távora a apuração de responsabilidades.

Senhores, a arbitrariedade e a prepotência são características conhecidasda Polícia deste País, seja no Ceará, no Parâ, ou no Rio de Janeiro, para citarapenas os casos mais recentes de agressões a estudantes. Mais uma vez ela foidemonstrada, de forma inequívoca e eloqüente, contestando assim os que nostentam situar como Nação em marcha rumo à democracia.

Que democracia é essa, em que a agressão física, a intimidação e a re­pressão da parte dos órgãos policiais prevalecem, em lugar do diálogo e doentendimento? Triste País o nosso, em que as instituições encarregadas de ze­lar pela paz são justamente as que a violam, as que fazem agitação, as quedesrespeitam a integridade e a dignidade humanas.

Mas o episódio não pode ficar impune. As responsabilidades devem serapuradas e os culpados exemplarmente punidos. Caso contrário, a populaçãocearense corre o risco de enfrentar novamente as mesmas situações e, pior­ainda, chorar pelos mártires da insânia da Polícia Militar,

É o meu pronunciamento.

O SR. NILSON GIBSON (PDS - PE. Pronuncia o seguinte díseurso.)- Sr. Presidente, Srs. Deputados, o Congresso Nacional instalou-se ontem,em convocação extraordinária, para discussão e votação das seguintes propo­sições, ora em tramitação nas duas Casas: a) projeto de lei complementarsobre inelegibilidade (Mensagem n9 416/81), b) projeto de lei complementar.que cria o Estado de Rondônia (Mensagem n9 319/81); c) projeto de lei queestabelece normas sobre a realização das eleições de 1982 (Mensagem n9

581/81); d) projeto de lei que autoriza a abertura de crêditos suplementaresno valor de Cr" 13.833.334,000,00 (Mensagem n9 546/81); e) mensagenssobre empréstimos, externos e internos, a estados e municípios; e Omensa­gens sobre indicação de embaixadores.

O PDS, nosso partido, decidiu, à unanimidade, fecliar questão em tornodo pacote de reforma eleitoral do Executivo e das demais propostas do Go­verno, em discussão e votação.

Queremos registrar, nessa oportunidade, a 'unidade do PDS em tornodas recomendações do Presidente Figueiredo. Esta é a primeira vez que o par­tido do Governo, desde o tempo da extinta ARENA, resolve lançar mão doprincípio da fidelidade partidária. Na história política recente, somente o ex­tinto MDB utilizou a questão fechada, em 1977, para a rejeição da Lei Orgâ­nica da Magistratura. Pela resolução do PDS, as bancadas do Senado e daCâmara aprovarão os projetos que motivaram a convocação extraordináriado Congresso N acionai "na forma de sua apresentação", As lideranças parti­dárias "determinarão, através de comunicação, às bancadas, a forma pelaqual se darâ a aprovação dos projetos",

Para os efeitos do princípio de fidelidade partidária, a Comissão Executi­va Nacional promoverá o arquivamento das diretrizes no Tribunal SuperiorEleitoral, na forma da legislação em vigor.

Resta que o PDS procure o resultado político mais conveniente no mo­mento, que é, realmente, a aprovação das propostas pelo voto.

Há interesse na aprovação das proposições pelo voto, a fim de seremaceitas emendas que aperfeiçoem as medidas legislativas, inclusive o projetode lei complementar que cria o Estado de Rondônia; a lei complementarsobre inelegibilidade, obrigatoriamente, terá que ser elaborada pelo voto ecom a afirmativa de mais de 211 deputados.

Concluo, repetindo as palavras do Secretário do PDS, Deputado PriscoViana, anteontem, na reunião do Diretório: "O PDS está coeso, unido emtorno do Presidente Figueiredo". Portanto, vamos aprovar pelo voto as pro­postas do Poder Executivo. Daqui, desta tribuna, conclamo meus colegasparlamentares ligados ao Governo a que compareçam na totalidade, parauma resposta ao Presidente Figueiredo, que tem procurado implantar noPaís, uma verdadeira democracia, não entendida pelas oposições no seu dese­jo.

O SR. MARCELO UNHARES (PDS - CE. Sem revisão do orador.)­Sr. Presidente, a Imprensa Nacional, na última semana, noticiou a ida de De­putados do PDS do Rio de Janeiro ao Exmo, Sr. Presidente da República, afim de solicitar a intervenção de S. Ex' junto ao Ministro Mário David An­dreazza no sentido de que aceite ser candidato ao Governo daquele Estadopelo nosso partido. É muito justa a homenagem que se deseja prestar ao Mi­nistro Andreazza, pois o trabalho que S. Ex' executou durante muito temponaquele Estado, e o que vem fazendo agora como titular da Pasta do Interior,merece todo o aplauso e a consideração do povo fluminense e carioca.

Ocorre, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que, após a notícia ter sidopublicada. passei a receber inúmeros telefonemas e cartas das lideranças polí­ticas e dos homens simples do meu Estado, pedindo-me que, desta Tribuna,eu me dirija ao Chefe da Nação solicitando-lhe não consentir a saída deMário Andreazza do Ministério do Interior para candidatar-se ao cargo deGovernador do Estado do Rio, porque à frente daquele órgão inúmeros ser­viços tem prestado S. Ex' ao Nordeste, notadamente ao Estado do Ceará,

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Dezembro de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Secão I) Terça-feira 8 14685

onde durante estes anos de seca tem dado assistência perfeita aos homens docampo, desvalidos pela falta das chuvas.

Assim, Sr. Presidente, faço um apelo ao Sr. Presidente da Repúblicapara que, ouvindo a voz do sofrido homem do Nordeste, impeça a saída doMinistro Mário David Andreazza, a fim de que, à frente do Ministério quedirige, continue prestando os seus inestimáveis serviços à Nação.

Era o que tinha a dizer.

O SR. OUVIR GABARDO (PMDB - PRo Sem revisào do Orador.)­Sr. Prsidentc, nobres Srs. Deputados, há certas afirmações que não merece­riam sequer um comentário pelo ridículo que representam, não fora, em cer­tas ocasiões, o seu autor.

No caso, Sr. Presidente, gostaria de ler uma declaração do Sr. Sarney,Presidente do PDS, sobre a fusão dos partidos de Oposição, que S. Ex' consi­dera um retrocesso, dizendo mais: "Um retrocesso político, que se constituinuma atitude de confrontação que ninguém deseja".

Ora, Sr. Presidente, nobres Srs. Deputados, os que lutam pela democra­cia neste País já receberam vários epítetos. Já foram cbamados de subversi­vos, de contestadores, e, agora, a luta pela sobrevivência dos partidos deOposição, pela sua sobrevivência e a da democracia neste País é denominadade confrontação, como se, com isso, não buscassem a via da normalidade de­mocrática, através da afirmacão efetiva de todos os partidos políticos e nãoapenas através do prestigiamento de uma única agremiação, isto, sim, pró­prio dos regimes totalitários, comunistas e fascistas, onde uma única legendaforte dá-lhes sustentação ao regime. Nos regimes democráticos, pelo con­trário, todos os partidos são fortes, e é isso que desejamos.

A Nação acreditou em parte, como em parte acreditaram os líderes opo­sicionistas, nas promessas do Sr. Presidente da República de levar o Brasil àplenitude democrática. Daí se organizaram os partidos; daí o pluripartidaris­mo, que faz parte das democracias efetivas. No entanto, Sr. Presidente, qualnão foi a surpresa, o espanto da Nação, inclusive dos próprios líderes políti­cos da Oposição que acreditaram na palavra de S. Ex', ao ouvirem o último"pacote" ser anunciado pela televisão e, mais do que isso, ao saberem do en­vio da mensagem, pelo próprio Chefe do Executivo.

Ora, Sr. Presidente, tudo isso levou as oposições a essa única atitude,para a sobrevivência dos seus partidos. Na continuidade do processo políticorumo à normalidade democrática, há necessidade de que as oposições sejamrealmente fortes para que possa haver a alternância do poder, uma das carac­terísticas da democracia. Por isso, Sr. Presidente, não há como fugir à unifi­cação dos partidos oposicionistas. E ê nesse sentido que entendemos que, senão se puder fazer a fusão, a incorporação será tembêm uma via, já que inde­pende de atos da Justiça Eleitoral.

É um ato administrativo interno dos partidos, é um ato de sobrevivência.Nesse particular quer-me parecer que o Presidente do partido situacionistadeseja acabar com as Oposições. É como se estivesse o Presidente do PDStentando, com o regime, afogar as Oposições, colocando suas cabeças dentrod'água e dizendo: vocês vão morrer, mas não têm o direito de dizer "ai", nãopodem dizer uma palavra, porque isso significa confrontação.

Acredito nas intenções dos homens que realmente querem implantar de­mocracia neste País. Mas se o Executivo optou por esta via de frustração daNação e dos próprios Líderes de Oposição, que acreditaram na palavra do Sr.Presidente, ê lícito, é justo que as oposições também tomem o seu caminho,tornem uma atitude - e nisso não há confrontação, a não ser a luta pela de­mocracia. Se desejar a sobrevivência dos partidos de oposição é subversão, sedesejar unir as oposições é confrontação, vamos chegar lá, porque a Naçãonão pode mais viver marginalízada. Temos que marchar, partir para a pleni­tude democrática. E ela só se efetivará com partidos fortes e não com um par­tido da situação. Também as oposições devem ter partidos fortes.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

O SR. AMADEU GEARA (PMDS - PRo Sem revlsão do orador.) - Sr.Presidente e Srs. Deputados, depois que o General de plantão na Presidênciaretornou dos Estados Unidos, onde fora para tratamento de saúde, pareceque as coisas começaram a ficar mais claras no sentido de indicar à Naçãoquais os verdadeiros objetivos do regime que aí está há 17 anos. Não bastasseo "pacote eleitoral" enviado a esta Casa, outras ações do grupo palaciano eaté mesmo as imposições ao partido que dá sustentação ao Governo sem es­tar no Governo, o PDS, levam-nos a uma série de questionamentos da reali­dade política e institucional brasileira.

Ora, a maneira pela qual o PDS se comportou na instalação e na compo­sição da Comissão Mista do Congresso que vai analisar esse "pacote" foiuma manifestação de arbítrio. O que se viu foi o impedimento dos partidos deoposição se manifestarem, foi o rompimento do acordo de cavalheiros há tan­tos anos existente no Congresso Nacional, que permitia ao partido minori­tário uma participação na direção dos trabalhos e, finalmente, Sr. Presidente,

o fechamento da questão, por parte do PDS, em torno da proposta do Gover­no.

Há pouco ouvimos um Parlamentar do partido do Governo reafirmarque o PDS está unido e coeso em torno do Presidente Figueiredo. Parece-meque agora vai aumentar esta cantilena de que há união e coesão da agre­miação política situacionista em torno das propostas governamentais.

Não quero enveredar pelo melindroso caminho da galhofa, mas isso melembra aquele famoso cantor, que afirma no rádio o dia todo: "menino, eusou é homem, menino, eu sou é homem". Se houvesse coesão e união em tor­no do Presidente Figueiredo não precisaria o partido oficial fechar questão,ameaçando de expulsão' aqueles que poderiam, eventualmente, divergir daorientação básica do partido, que é a aprovação do "pacote" como está.

Por outro lado, Sr. Presidente, lamentavelmente a sessão de instalaçãodeste período extraordinário foi mais uma demonstração de que o próprioPDS está assumindo essa orientação de arbítrio e de força, que o Sistema pre­tende impor, inclusive à classe política. Na última semana, na reunião das Li­deranças das oposições com a Liderança do PDS e a Presidência desta Casa,tentou-se convencer as oposições da necessidade de certos acordos para a vo­tação em regime de urgência de algumas matérias, para abreviar a tramitaçãodessas questões, pois, caso contrário, outras medidas poderiam ser impostas,no sentido de um retrocesso institucional. Da mesma forma, ontem, o Presi­dente do Congresso, Senador Jarbas Passarinho, industrializou a sinistros e,fazendo afirmações com ameaças veladas e algumas até explícitas, pretenden­do, no meu entendimento, responsabilizar as oposições por um eventual re­trocesso, alegando que a intransigência, a má vontade, a radicalização de po­sição dos partidos que são contra este regime poderiam conduzir-nos a umimpasse, poderiam conduzir-nos ao caos, poderiam ocasionar um retrocesso.

Acho que não é hora de ameaças nem de intimidações, porque é impossí­vel intimidar-se a Oposição brasileira, que representa a Nação, e a Nação nãoaceitará mais pacificamente qualquer tipo de medida de força que posa impe­dir a caminhada em busca da democracia plena.

É preciso, sim, uma revisão da postura daqueles que politicamente sus­tentam o Governo, que não pretendem fazer o jogo do regime, impondo pelaforça medidas legais mas imorais ao Congresso Nacional. A Nação não acei­tará isso.

O SR. ALBÉRICO CORDEIRO (PDS - AL. Pronuncia o seguinte dis­curso.) - Sr. Presidente, Srs, Deputados, está sendo inaugurada em Maceió,neste final de 1981, a segunda emissora de televisão do meu Estado: a TV­Alagoas, Canal 5. Trata-se da derradeira e vitoriosa etapa de uma luta que seestendeu para mais 7 anos, com instantes e passagens de ousadia, de ânimo edesânimos, de avanços e recuos, coroada, hoje, do êxito merecido àqueles quenão deixam, inertes, no meio do caminho, as esperanças e a tenacidade. Nacondição de jornalista e, hoje, Deputado pelo povo das Alagoas, acompanheide perto o empenho e a decisão do grupo empresarial - família Sampaio ­que planejou·e executa esse empreendimento. Sabem esta Casa e a opiniãopública a importância de que se reveste, nestes tempos modernos, a televisãocomo veículo de comunicação de massa, de informação, de costumes e edu­cação. Basta um dado: o Brasil começou a mudar quando Assis Cha­teaubriand colocou no ar a imagem da TV-Tupi. Já lá se vão quase 30 anos.

Homem de jornal, fiz de tudo em todos os campos dessa atividade, desdea minha adolescência, na heróica cidade de Maceió. Mas tenho que confessarque os meus melhores tempos de profissional de imprensa eu os tive no jorna­lismo de televisão, quando essa área do vídeo e da comunicação engatinha­vam ainda.

A TV-Alagoas, Sr. Presidente e Srs. Deputados, sai, hoje, das montanhasdo Jacintinho para todos os quadrantes do Estado, carregando consigo umahistória marcada, quase toda ela, de pressões e dificuldades, de desestímulos edescrenças. Superou tudo, desde os boicotes partidos daqueles que, nas Ala­goas, pensam mais em si próprios do que no povo, no Estado e na coletivida­de, até a politicagem miúda com suas teias e seus tentáculos inferiores à almahumana e aos anseios populares. Está no ar a Tv-Alagoas, quebrando ummonopólio que, como todos os monopólios, não beneficia ninguém.

Geraldo Sampaio, que passou por esta Câmara dos Deputados, liderauma família, os Sampaios de Palmeira dos Indios, nesse empreendimento.Vêm os Sampaios da estirpe de um velho combatente dos portais do sertão.Vêm de Juca Sampaio, nascido na antiga Vila do Olha D'Água do Acioli,hoje a graciosa cidade do Igaci. Juca Sampaio era desses sertanejos austeros,valentes na defesa da honra e do povo. Foi Prefeito de Palmeira dos Indios,Deputado Estadual e Vice-Governador de Alagoas. Deu à política e à admi­nistração do meu Estado, com a figura serena de D. Eloísa, uma plêiade dehomens lutadores e combativos, como Geraldo, José e Gileno, aos quais sejuntaram, para fazer a nova TV, profissionais da estatura de um RonaldoNogueira e de um Mário Fortes.

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14686 Terça-feira 11 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Dezembrode 19111

Está no ar a TV-Alagcas. ,Pretende cobrir todo o Estado, concorrendo com a emissora já existente

e com a TV-Atalaia, de Aracaju, que penetra também em grande parte do ter­ritório alagoano. Sua sede de operações e produção fica nos altos do Bairrodo Jacintinho, em Maceió, e o equipamento, todo ele importado dos centrosmais adiantados do mundo, como os Estados Unidos e o Japão, levam aosalagoanos uma mensagem nova, tanto no campo social como político. UmaTV sem ranços e sem cartas marcadas, onde os que têm mensagem e serviçosprestados a Alagoas devem - como esperam os alagoanos - ter também suaoportunidade. Uma televisão não se faz de lápis vermelhos que vetam ou delistas negras dos que têm posições definidas, tendo como objetivo maior ç fi­nal o bem-estar e os melhores meios de sobrevivência para populações e povotodo. Uma televisão se faz com os segmentos todos da sociedade, questionan­do e sugerindo, criticando e mostrando erros. Estimulando os acertos e mos­trando caminhos. Uma televisão é um bem público, do povo, a seu serviço.

Na crença de que a nova emissora alagoana dará, como convém aos ala­goanos, esses rumos e essas diretrizes às imagens que começam a chegar aolar dos meus conterrâneos, é que me rejubilo e me congratulo com a TV­Alagoas. Faço-o por todas as razões que marcam a minha atividade parla­mentar, dedicada exclusivamente ao trabalho e à lealdade aos anseios maio­res do meu Estado. Um mandato só de trabalho, dignidade e honra se levan­ta, nesta Tribuna, para saudar a TV-Alagoas e o povo alagoano.

O SR. JOÃO HERCULlNO (PMDB - MG. Sem revisão do orador.)­Sr. Presidente, Srs. Deputados, a população deste nosso pobre País assistiurevoltada à entrega ao Congresso Nacional do pacote de Nata, o "pacotão"eleitoral, verdadeiro cavalo de Tróia, pois o que vimos em seu contexto foi orecrudescimento do arbítrio, agora fantasiado com a votação deste Congres­so. Percorri os locais mais humildes e as rodas mais altas de Brasília, busqueiauscultar nos meios políticos e apolíticos - no meio empresarial, por exem­plo - o pensamento de todas as classes, e só pude verificar a revolta contraesse presente de grego que o Governo houve por bem mandar a esta Casa,para receber a chancela do Poder Legislativo.

Melhor seria que o Sr. Presidente da República tivesse baixado o AtoInstitucional nv6, ou sei lá que número, e o imposto à Nação brasileira, por­que não teria sequer a fantasia da chancela do Poder Legislativo. Consideroum desrespeito ao espírito democrático dos Parlamentares brasileiros a re­messa a esta Casa desse "pacote", um simulacro de lei eleitoral, pois na reali­dade isso nada mais é que um instrumento de arbítrio que se quer impor aonosso infeliz País. Sinceramente, fico triste só em pensar que os Parlamenta­res darão a chancela, votarão esse "pacotão", essa ignomínia que o Governonos mandou para receber aqui o banho lustrai das águas do Poder Legislati­vo. Melhor seria, repito, que o Governo baixasse um ato institucional.

Considero uma indignidade muito grande tentar amordaçar o pensa­mento do povo brasileiro, tentar garrotear as esperanças democráticas danossa gente. Ficamos profundamente tristes quando pensamos que tais medi­das sairão desta Casa com a chancela do Legislativo. É preciso deixar bemclaro que a Oposição não concorda com nenhuma dessas medidas, que sãoum retrocesso absoluto na chamada abertura, que não abriu coisa nenhuma.É preciso deixar bem claro, é preciso gritar nos quatro cantos do País que nãoconcordamos com isto e que a responsabilidade de cada um que votar esse"pacote" ficará marcada na sua história e na história desta Casa para mostraràqueles que realmente cumprem o seu mandato e àqueles que, eleitos, se es­quecem dos interesses do País e do povo. Esse "pacote" eleitoral não interes­sa ao povo nem ao País. Trata-se apenas de um meio de demonstrar a nossoscredores internacionais que neste País as coisas são votadas pelo Congresso,pois se impusessem à Nação, através de um ato institucional, esta ignomínia,os cofres internacionais estariam fechados para o Brasil. Então, teriam queparar essas obras suntuárias existentes por aí como que escarnecendo da mi­séria de um povo faminto, de um povo doente, de um povo sem comida nestePaís que, abençoado por Deus, hoje parece esquecido dos homens que deve­riam ter a responsabilidade de cuidar dele e de sua gente.

Lamento estas ocorrências e, como presente de fim de ano, dou a cadaum que aprovar esse "pacote" o meu coração entristecido, pedindo a Deusque o perdoe por essa maldade que vai praticar contra o Brasil e pela qual,'por certo, terá a resposta devida no céu.

O SR. RUY CÓDO (PMDB - SP. Sem revisão do erador.) - Sr. Presi­dente, Srs. Deputados, jamais pensei, nacondiçãe de parlamentar eleito pelopovo, em participar da convocação extraordinária do Congresso Nacionalpara tratar de assunto tão esdrúxulo.

Esta convocação estaria prejudicada, se o Sr. Presidente da República eseus digníssimos ministros encaminhassem a este Congresso uma mensagemno sentido de resolver o problema do menor abandonado, das crianças fa­mintas, sem escolas, que moram nas palafitas, nas favelas de São Paulo e do

Rio de Janeiro ou da Bahia; ou para resolver o problema do custo de vida,que a cada dia aumenta. É lamentável iniciarmos assim nova etapa da his­tória de um Congresso composto de 420 Srs. Deputados e 66 Srs. Senadores.Enfim, estará reunido um Parlamento inteiro. E a Nação inteira estará a ou­vir suas discussões, através da "Hora do Brasil", ao longo desses 45 dias. fevidente que, se o partido do Governo aqui não comparecer livremente, paravotar de acordo com as suas aspirações, de acordo com os seus desejos, a ma­téria será fatalmente aprovada por decurso de prazo. A Nação jamais se en­contrará, Sr. Presidente, diante de caminho tão obscuro, tão tortuoso, tão pe­dregoso. É preciso colocar flores neste caminho, Sr. Presidente, e não mais es­pinhos. De que vale mandar tal mensagem no fim de ano, a qual, além de cas­tigar funcionários desta Casa, além de criar problemas outros para a Nação,politicamente falando, nenhum resultado benéfico irá trazer. Uma das cita­das leis encaminhadas a este Parlamento cria o Estado de Rondônia. Sou fa­vorável à criação de mais 16 estados e não somente o de Rondónia. Apresen­tei projeto criando o Estado do Jari, para resolver aquele problema gravecriado no Território do Amapá, com aquele ocupante que governa aquelaárea. É evidente que, se criássemos ali um Estado, eliminaríamos esse proble­ma político da região. Se criássemos mais 5 estados no Amazonas, mais umna Bahia, outro em Goiás, enfim, dividiríamos mais nosso território. Não ha­veria problema algum. Sou pela redivisão territorial. É muito mais fácil admi­nistrar um Estado pequeno, principalmente um Estado pobre, como é oAmazonas.'

Outro assunto que desejo abordar é o que diz respeito aos empréstimosaos municípios, que estão de chapéu na mão faz muito tempo. Será precisoque o Congresso Nacional se reúna para determinar o empréstimo? Vejam operigo, o' problema seriissimo que este "pacote" está ocasionando! E o maisgrave ainda é que esse "pacote" vai tirar a liberdade do cidadão de exercerseu direito de voto. Um nome mal colocado na cédula cancelará inclusive, au­tomaticamente, o voto.

Sr. Presidente, tenho inclusive trazido a esta tribuna as minhas decla­rações favoráveis ao direito de escolha, independentemente de partido, dosprefeitos, vereadores, deputados estaduais e federais, governadores, de o ci­dadão se candidatar livremente, extrapartido. Ê um processo puramente de­mocrático, como ocorre na Alemanha, nos Estados Unidos e em todos os paí­ses avançados. Entretanto, temos que engolir, desgraçadamente, o "pacote",que traz em seu bojo assunto tão negro, tão triste, politicamente para estaNação. Nós não encontraremos, desse jeito, um caminho para este País.

O Senhor Presidente da República estava pregando -eu estava aplau­dindo S. Ex' - a sua abertura política. Hoje, lamentavelmente, no programa"Primeira Hora" da Rádio Bandeirantes, ouvi notícia de um jornalista quediretamente de Bonn, falava sobre um editorial de jornais daquela cidade ale­mã, condenando o "pacote" da "fechadura". Ele chamou isso que está aí de"fechadura" de João Figueiredo.

É lamentável, Sr. Presidente, que esse fato tenha espraiado para todos osrincões do mundo. Então, o Brasil, mais uma vez, se derrota perante a His­tória. Nós fechamos as portas da democracia, Sr. Presidente.

Eu tenho certeza de que este Parlamento deverá funcionar democratica­mente, embora eu seja contra essa prorrogação. Se fosse para cuidar dos mi­seráveis, dos pobres, dos brasileiros, daqueles que trabalham diuturnamente!E aqui há uma declaração de ontem, no "Estado de S. Paulo", do Bispo, queteme a convulsão social. Então, se fosse para convocar o Congresso Nacio­nal, estaríamos aqui, graciosamente, Sr. Presidente, aos domingos, feriados eà noite, para ajudar. Lamentavelmente, o Sr. Presidente da República me faztambém registrar a publicação, na seção "Opinião", nô "Jornal do Brasil",de matéria sob o título: "Coisas da Política. O João da Abertura renunciouontem."

Sr. Presidente, sabe V. Ex' perfeitamente que não tenho abordado da tri­buna a política nacional; tenho cuidado do problema das crianças abandona­das e de problemas sociais, mas não posso aceitar que o Congresso seja con­vocado para tratar de três assuntos que poderiam ficar para o futuro.

Por isso, faço um apelo a todos os parlamentares no sentido de que vo­tem democraticamente, mesmo sujeitos a perder o mandato. (Palmas.)

O SR. JERÓNIMO SANTANA (PMDB - RO. Pronuncia o seguintediscurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, O Governo Federal juntamentecom o Governo de Rondônia abandonaram por completo a região deGuajará-Mirirn e com ela toda a área da BR-319, de Porto Velho e Abunã­Jacy Paraná - e Mutum Paraná.

O asfaltamento da rodovia Porto Velho - Abunã - Guajará-Mirimnão sai, e o que é mais grave: essa estrada nem sequer é conservada e, duranteos períodos chuvosos, o seu tráfico praticamente se interrompe, com imensosprejuízos para toda a comunidade de Guajará-Mirim e Vale do Guaporé.

O Governo do Território fez um carnaval publicitário, com reunião demais de 30 técnicos e secretários, em fevereiro deste ano, com a finalidade de

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Dezembro de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçân I) Terça-feira 8 14687

realizar um seminário para a elaboração do Plano de Desenvolvimento Inte­grado do Município de Guarajá-Mirim. Naquela época, muito se falou nestePlano. Muitas promessas foram realizadas e, até hoje, tudo continua na esta­ca zero, com o Município numa grande crisé econômica, se definhando porcompleto.

Até hoje nem os benefícios do PDRI chegaram a Guajará-Mirim, nemconsta que para lá serão dirigidos os recursos do POLONOROESTE. Os re­cursos do POLONOROESTE para a área de Guajarâ-Mirirn e Vale do Gua­poré é uma insignificância.

O Jornal o Imparcial tem bradado sempre que o Governo do Territórioabandonou por completo o Município de Guajará-Mírirn, inclusive em suaedição de 22-11-81 denunciava o seguinte:

"ESTÃO ENFORCANDO GUAJARÁ-MIRIMO carnaval da miséria aproxima-se rapidamente. Quanta falta

faz a nossa estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Onde estão os doisdeputados que nada falam"?

Nossa rodovia Guajará-Porto Velho será fechada dentro em breve, secontinuarem as chuvas. Apelamos para o nosso Governador e para a Bolívia,na pessoa do ilustre Cônsul Angel Balcazar, para que providéncias sejam soli­citadas, a fim de o DNER liberar verbas. Se não for tomada uma medida, fi­caremos ilhados, passando fome, miséria e vendo as criancinhas morrerem àmíngua por falta de alimentação.

Este inverno começou cedo. Chuvas torrenciais que duram mais de vintee quatro horas são constantes. A nossa Rodovia Porto Velho-Guajará­Mirim está cada vez pior. Há buracos, atoleiros, mas o mais grave são as pon­tes, principalmente a de Bananeiras. Outro trecho bem horrível, segundo nosinformaram, é o de Abunã e Mutum, existindo uma das pontes que está bemruim oferecendo perigo constante.

O Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER - é o ú­nico culpado, pois não dá verba para 059 BEC fazer o asfaltamento ou, pelomenos, para a conservação, embora canalize muito dinheiro para outras ro­dovias do sul do País.

Segundo fomos informados, a qualquer momento o tráfego poderá sersuspenso entre a Capital e nossa cidade, tudo dependendo das chuvas e dascondições 4a rodovia. Neste ano não irá ser como no passado, que caminhõese ônibus trafegavam, demorando cinco, oito, dez e mais dias, ficando na mar­gem da rodovia esperando que as chuvas passassem para avançar alguns qui­lômetros. Neste ano, infelizmente e para contornar os sofrimentos dos moto­ristas e passageiros dos ônibus, será interditada a nossa rodovia, único meiode transporte, já que a Taba com seus pequenos aviões e os constantes defei­tos não poderá atender à população.

Ninguém se iluda: se isso acontecer - fechando a rodovia - iremos pas­sar fome e miséria, assim como também afetará os nossos seringais, ribeiri­nhos e também a Bolívia, que pelo Tratado de Petrópolis Comércio e Nave­gação - ainda se baseiam na Estrada de Ferro Madeira-Marnorê, apesar des­ta já não existir.

Representante do povo de Rondônia no Congresso Nacional, talvez anossa voz seja a que mais se alteace e repetiu aqui os problemas e as necessi­dades da região de Guajarâ-Mirim. Até livros foram por nós elaborados nadefesa de Guajará-Mirim. Apresentamos as reivindicações de nosso povo, de­fendemos colonos, garimpeiros e seringueiros, denunciamos as arbitrarieda­des de delegados de Polícia, combatemos os excessos da fiscalização no co­mércio com a Bolívia, bem assim reivindicamos a respeito da navegação doGu aporé, construção de estradas, amparo aos colonos, preços justos para aprodução agrícola, facilidades na concessão dos financiamentos, denuncia­mos a inoperância da CERON e CAERD e bradamos contra o abandono doMercado de Peixe, a carestia de vida e ameaças de despejos do pessoal doTriângulo.

Onde está o Governo, perguntamos todos nós, que fez um tratado com aBolívia em 1966, prometendo construir e asfaltar a estrada Guajará-Mirim ­Porto Velho e até hoje não cumpriu essa meta? Porque esse Governo acaboucom a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré? A criação do Município de CostaMarques é projeto de lei de nossa autoria, bem assim a estrada que liga o Valedo Guaporé a Ji-Paranâ (BR-429).

Onde está o Governo que deixou a Estrada de Guajará-Mirim - PortoVelho se acabar?

O Governo do Território apareceu em Guajará-Mirim, em fevereiro últi­mo, com uma mordomia de têcnicos. Fizeram uma tremenda festa. Promete­ram o Plano de Desenvolvimento Integrado. Esse plano focalizou as diversassituações do Município, mas não definiu os recursos para a sua implemen­tação. Onde está o Governo e o seu dinheiro?

O Plano prometeu as realizações por ele assim definidas: integrar, atra­vés de consistente sistema rodoviário, o Vale do Guaporêã área dinâmica de

Rondônia, BR-364; recuperar a economia estagnada e deprimida do Vale doGuaporé, elevando-o a lugar de destaque dentro do contexto regional; pro­mover a ocupação e integração ao sistema produtivo, do extenso vazio demo­gráfico e econômico do Vale do Guaporé; estimular o desenvolvimentodo se­tor turístico, com base nas riquezas naturais de suas terras; fortalecerGuajará-Mirim no desempenho de sua função urbana do pólo de desenvolvi­mento regional; promover a intensificação do comércio de Guajará-Mirim,consolidando sua posição principal de centro abastecedor regional; fomentaro desenvolvimento da agroindústria voltada para aproveitamento de matéria­prima local; consolidar a efetiva interligação de Guajará-Mirim e Beni aocorredor de exportação de Porto Velho.

O que o Governo fez para atingir esses objetivos?.O SR. ADHEMAR SANTILLO (PMDB - GO. Sem revisão do ora­

dor.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, o Ministro do Planejamento, DelfimNetto, em entrevista concedida ao semanário L'Express", editado em Paris,na França, disse que a dívida do Brasil é realmente muito grande, mas que es­tá muito bem distribuída. Aliás, está muito bem distribuída mesmo: são 120milhões os brasileiros responsáveis por toda a irresponsabilidade deste Go­verno que aí está, tendo à frente o Ministro do Planejamento, Delfim Netto.

É verdade que a crise se abateu todos os segmentos da sociedade brasilei­ra e o Ministro Delfim Netto conseguiu distribuir uma dívida contraída irres­ponsavelmente, que não contribuiu para o desenvolvimento nacional, massim para o crescimento do bolo nas mãos de algumas pessoas apenas. Eleconseguiu fazer com que todos arcassem com as responsabilidade das dificul­dades pela dívida contraída. Mas o pior é que, pelas suas palavras em Paris,S. Ex. demonstrou aquilo que todos nós, brasileiros, sabemos: "o pacote elei­toral" é um golpe, uma espécie de ato institucional. Disse o Ministro DelfimNetto - e aqui está, na edição do jornal O Estado de S. Paulo, de sábado pró­ximo passado - que se pode mudar de Governo, mas que para resolver essesproblemas existem muitas soluções. E conclui S. Ex' afirmando que a Opo­sição espera ganhar, mas poderá ter surpresas. Parece que elas já acontece­ram. O Ministro Delfim Netto entende que o "pacote eleitoral" faz parte des­se elenco de surpresas reservado para a Oposição brasileira. É o golpe, Os ho­mens que estão no Poder realmente não têm qualquer compromisso com averdade, com a democracia, com a Nação. Têm compromisso apenas com ogrupo que se apoderou do Poder e que se quer manter nele a qualquer custo.Aliás, isso é fácil de concluir-se, porque ainda na sexta-feira próxima passadao Presidente do PDS, Senador José Sarney, dizia que se a Oposição se incor­porar isso será um confronto, e o Governo não pode aceitar essa incorpo­ração. Ora, o PDS fala, todo dia e a toda hora, nesta Casa, que as Oposiçõesse diviram porque quiseram; que essa divisão não aconteceu por culpa do Go­verno. Se foi do interesse da Oposição dividir-se e agora é do interesse unir-se,isto também é de responsabilidade exclusiva da Oposição e o Governo nadatem com o fato.

O que se quer, Sr. Presidente, é impedir a Nação de participar. O Gover­no tem de saber que perdeu todo o seu apoio: já não conta com o apoio dostrabalhadores, da Igreja e do funcionalismo público, que até há bem poucotempo não tinha coragem de afirmar que votaria num candidato da Oposiçãoe, há dias, lotou este plenário não para pedir uma mudança de Governo, masa queda do regime. Os funcionários púhlicos já não suportam mais o regime.Foi realizada uma enquete entre os grandes comerciantes de Goiânia e, dosque se manifestaram, mais de 90% ficaram ao lado do candidato do PMDBao Governo de Goiás, Sr. Iris Rezende Machado. Esta é a situação da Nação:ela está cansada, já não suporta mais golpes.

Enquanto isso, o Sr. Delfim Netto vai ao exterior para afirmar que asOposição podem ter surpresas na sua luta em busca do Poder. Aliás, concluiS. Ex' dizendo que as supresas já apareceram,

Nós vamos resistir a mais este golpe, Sr. Presidente. A Nação resistiu du­rante 10 anos ao Ato Institucional n9 5; nós vamos resistir a este "pacote". Asnossas lideranças saberão sair do impasse. Ninguém vai deter a marcha dopovo. Não será este "pacote eleitoral" e não serão outros casuísmos que vãoevitar a nossa caminhada rumo ao Poder, não o poder para o PMDB, para aOposição beneficiar meia dúzia de pessoas, mas o Poder para o povo, paraque a Nação possa reencontrar-se consigo mesma e para que realmente a ri­queza da Nação beneficie todos os brasileiros, não como diz o Ministro Del­fim Netto, que a dívida do Brasil, contraída no exterior, está muito bem divi­dida, muito bem espalhada na Nação. Sim, sobre os ombros de 120 milhõesde brasileiros, que já não concordam mais com essa política.

Chega de golpe; reagimos ao golpe; vamos resistir ao golpe, Sr. Presiden­te, porque quem manda na Nação é o povo, e este está contra o Governo,pois quer democracia.

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14688 Terça-feira 8 UlÁRIO UO CONGRESSO NACIONAL (Secàc I) nezembro de 1981

o SR. ISAAC NEWTON (PDS - RO. Pronuncia o seguinte dlscurso.)- Sr. Presidente, Srs. Deputados:

Coube-nos a honra e a responsabilidade histórica de relatar, na Comis­são do Interior. o Projeto de Lei Complementar nO 221/81, que cria o Estadode Rondônia.. Debruçamo-nos longamente sobre a matéria e desse estudo resultou o

substitutivo ao Projeto original. que passamos a ler a seguir. inclusive com ajustificação propedêutica: "No momento em que tenho a honra de relatar oProjeto de Lei Complementar nO 221/81. que eleva o Território Federal deRondônia à condição de Estado. não posso esconder o justo orgulho de quesou tomado. especialmente pelo fato de representar a nova unidade federativano Congresso Nacional. circunstância que me permite avaliar, em toda a suaplenitude, a enorme dádiva que essa lei significa para o valoroso povo de mi­nha terra.

Criado no já distante ano de 1943. através do Decreto-lei nO 5.812, de : 3de setembro daquele ano, firmado pelo Presidente Getúlio Vargas. a quemeabe o mérito da antevisão de sua futura grandeza, somente agora. quasequarenta anos depois, atinge o Território de Rondônia a culminância do des­tino para o qual foi concebido, ou seja, igualar-se aos demais Estados na res­ponsabilidade de erguer bem alto o nome do Brasil. Registre-se. igualmente,por dever de justiça, o nome de Aluízio Ferreira, que muito influiu nessa deci­são histórica, e foi escolhido, por isso mesmo, seu primeiro Governador.

Pode a Nação estar tranqüila. eis que Rondônia saberá saldar esse com­promisso histórico, e seu progresso material saberá fazer acompanhar-se donecessário complemento cívico, pois a tanto nos induz o entusiasmo e avibração patriótica de que seu povo laborioso está possuído. Pode o Brasil es­tar eerto de que a bandeira do novo Estado tremulará sempre, com honra, emapoio ao pavilhão nacional, para nele amparar-se ou para defendê-lo, para oprogresso ou para o sacrifício. para com ele comemorar ou para com ele cho­rar juntos. nas horas boas ou más, nas vitórias ou nas derrotas.

A criação de Territórios Federais constituiu uma feliz inovação em nossoDireito Constitucional, na fase Republicana, a começar pelo Acre, como con­seqüência do Tratado de Petrópolis, de 1903, que trouxe para a comunhãobrasileira. definitivamente, vasta área que era disputada com a Bolívia.

Até então, nossa tradição constitucional ignorava essa entidade territo­rial, criada nos Estados Unidos e seguida, posteriormente, pelo México e pelaArgentina. _

A surpresa do evento, comandado pelo gênio de PLACIDO DE CAS­TRO e suas legiões de seringueiros, não permitiu, na ocasião, uma perfeitasistematização do instituto, permanecendo o Acre, por muitos anos, como ú­nico e. quiçá, o último exemplo de criação de Território pela incorporação denovas áreas ao patrimônio nacional.

A Constituição Federal de 1934, entretanto, enfrentou pela primeira vezo problema da criação de novos Territórios Federais, e, como o Brasil semprerepudiou as guerras de conquista, a única hipótese seria o desmembramentode áreas até então pertencentes a outros Estados. Na vigência desse diploma,entretanto, não se concretizou a criação de qualquer deles.

Sob a égide da Constituição de 1937, a criação de Territórios Federais ti­nha dupla motivação: ou eram constituídos por imperativo de segurança na­cional, ou tal ocorria visando ao desenvolvimento econômico das áreas emque se situavam. A atual Carta Magna, embora silencie a esse respeito, respei­tou tacitamente essa filosofia, pois seu artigo l0 prevê expressamente a exis­tência dessas unidades, enquanto o artigo 30 remete para o legislador ordi­nário, através de lei complementar, a criação de Territórios, bem como a res­pectiva elevação a Estado, o que se há de compreender seja feito de acordocom nossas tradições constitucionais.

Rondônia, então criada, o foi, induvidosamente, pelo motivo do desen­volvimento econômico. tal como ocorreu em relação aos outros quatro Terri­tórios surgidos na mesma época. Amapá, Roraima, Ponta-Porã e Iguaçu.

A semente não foi lançada em vão, e agora vemos o primeiro deles serelevado a Estado, tal como acontecera anteriormente com o pioneiro Acre,em 19·62.

Por isso. louve-se a visão de estadista do eminente Presidente João Fi­gueiredo, que soube bem compreender essa presdestinação de Ron-dônia, àvista de seu inegável progresso material, de sua população, que já se aproxi­ma do primeiro milhão de habitantes, de sua economia em ascensão, e, acimade tudo, a firme determinação de seu povo, que está decidido a arcar com to­das as conseqüências de sua maioridade política.

Louve-se, igualmente, o firme apoio do Ministro Mário David Andreaz­za e do Governador Jorge Teixeira, sem p qual não seria possível a concreti­zação desse magno empreendimento.

Que Rondônia nasça, pois, neste momento, sob o influxo da proteção deDeus, e possa corresponder muito brevemente ao fanal de esperança que lhedirige, festivamente, todo o povo brasileiro.

REBATENDO CRITICAS

Quanto ao Projeto, em si, entendemos ser ele merecedor de aprovaçãogeral, sendo sem razão as críticas que recebeu, por exemplo, na parte em quedispõe sobre a nomeação de seu futuro Governador pelo Presidente da Re­pública. para o periodo coincidente com o dos Governadores que serão elei­tos a 15 de novembro de 1982.

Tem sido assim, sempre, no Brasil, e não vemos como se possa deixarpraticamente acéfala a nova unidade federativa, justamente na hora máximade seu nascimento, em que providências inadiáveis se impõem. Além disso,esse é o mandamento geral de Lei Complementar nO 20, de l0 julho de 1974,em seu art. 4°, e dispor de maneira diferente na lei de criação de Rondônia se­ria uma incoerência inadmissível no legislador.

Também temos como improcedentes os reparos feitos ao Projeto, naparte em que concede ao Governador a faculdade de expedir decretos-leis, atéque seja promulgada a Constituição estadual,

Admitir o contrário seria admitir a existência de um Estado sem umacorrespondente fonte legislativa. ou seja, a anarquia. o caos, a ausência doDireito.

São falsos. data venia, os argumentos invocados com base nas dispo­sições constitucionais vigentes, relativamente aos Estados federativos. Comefeito. uma coisa é um Estado em plena atividade. com todos os seus órgãosem plcno funcionamento através de evolução histórica. Outra coisa, muito di­ferente, é um Estado em fase de formação, onde tudo está por ser feito, nafase crítica logo a seguir à emancipação política em relação à tutela da União.como é o caso de Rondônia.

Comparar. assim, coisas desiguais, somente serviria para nos levar a con­clusões falsas, segundo o dito lapidar de Rui Barbosa, de que "a verdadeiraJustiça consiste em tratar de modo desigual as coisas desiguais, na medida desua desigualdade,"

Logo, na passagem de um Território a Estado, haverá, necessariamente,uma etapa intermediária, em que a nova unidade federativa vê-se liberta daUnião, mas ainda não adquiriu meios para viver independentemente. Malcomparando, seria como a própria vida humana, após o parto, quando o fetoalcança existência independente, mas não pode prescindir de cuidados espe­ciais, até que possa sobreviver por si próprio.

Sabiamente, o legislador constitucional previu essa dificuldade, tantoque, no art. 3°, deixou para o legislador ordinário, através da edição de LeiComplementar, a incumbência de dispor a respeito dessa situação especial,impossível de ser prevista, em todos os seus detalhes. na Carta Magna.

Ora, a Lei Complementar "complementá" alguma coisa, isto é, a Consti­tuição; daí integrar-se nela, tão logo seja promulgada.

Criando um Estado, será nesta Lei Complementar, e não na Consti­tuição, é que deverá o intérprete buscar orientação para os atos que presidi­rão a vida da nova entidade, até que esteja plenamente constituída e capaz dedirigir o seu próprio destino.

De igual forma, entendemos descabida a censura no sentido de que seriadesaconselhável a nomeação dos desembargadores do Tribunal de Justiça dofuturo Estado pelo Governador, tal como consta do Projeto.

Ora, no sistema democrático em que vivemos, sempre foi de nossa tra­dição a nomeação dos membros do Poder Judiciário pelo Chefe do Executi­vo. Em todos os Estados brasileiros é o Governador quem nomeia, promovee aposenta Desembargadores e Juízes, não podendo Rondônia constituir umaexceção.

O próprio Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores da Re­pública têm os seus Ministros nomeados livremente pelo Presidente da Re­pública. sem que até hoje alguém argüisse má escolha ou abuso nessa prática.

A única particularidade no Projeto é que a primeira investidura dessescargos. em Rondônia, independerá de listas, tal como prevê o art. 144, '" eIV, da Constituição. pela simples e irrespondível razão de que, em um Estadorecém-criado, inexiste Tribunal para organizá-Ias.

Urge manter esta parte do Projeto, sob pena de Rondônia ver sua Justiçaparalisada por mais de um ano, justamente no período de sua organização, eem que um esforço extraordinário terá de ser feito para atender a uma popu­lação já sacrificada pela falta de Juízes.

Embora mantendo as linhas principais do Projeto, julgamos necessárioapresentar o presente substitutivo, a fim de san<lr pequenas falhas, e para me­lhor se aquilatar dos motivos que nos levaram a essa decisão, damos, a seguir,artigo por artigo, a justificação devida.

ART. }o

Os artigos lo e 30 do Projeto, cuja substituiçào se propõe por este, repe­tem trés vezes a palavra Rondônia, três vezes a palavra Estado e duas vezes aexpressão Território Federal.

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Dezembro de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Se(ào I) Terea-Ieira 8 14689

Além disso, ao invés de dizer "é criado", empregamos agora a forma "fi­ca criado", mais usual na técnica legislativa.

A nova redação tem, igualmente, a vantagem de diminuir um artigo dalei, em benefício da concisão.

ART. 21'

A lei fala para o futuro; logo, a Cidade de Porto Velho não "é" a Capitaldo futuro Estado, mas "será".

Tal redação, ademais, harmoniza-se com a do artigo 89, parágrafo únicoda Lei Complementar n9 20, de 19 de julho de 1974, que diz:

"Art. 89 •......•.••. " .....•..••.... , ....•...•.•.•..

Parágrafo único. A cidade do Rio de Janeiro será a capital doEstado."

ART. 39

A emenda procura preencher uma lacuna do Projeto, que deixou de pre­ver uma prorrogação da legislação federal durante os primeiros tempos davida do novo Estado.

Com isso. haverm um hiato, durante o qual lavraria a incerteza a respei­to das normas aplicáveis no período imediatamente após a emancipação polí­tica da nova unidade federativa.

Cumpre evitar essa confusãr em momento tão delicado, mantendo aatual organização judiciária e administrativa, até que as leis estaduais dispo­nham de modo diferente sobre a matéria.

ART. 49

A justificativa da emenda é evidente, pois a novel unidade federativa teráde figurar, desde já, na constelação que enfeita a gloriosa Bandeira Nacional.

ART. 51'

A emenda corrige uma evidente impropriedade do Projeto, pois quem se­rá eleito não ê a Assembléia Constituinte, e sim os Deputados que dela farãoparte.

Além disso, a nova redação evita a discutível expressão "sob a Presidên­cia do Presidente", por outra menos repetitiva.

Finalmente, a frase derradeira esclarece que o Presidente do TribunalRegional Eleitoral dirigirá os trabalhos da Assembléia Constituinte até aeleição de sua Mesa. A omissão do Projeto poderia dar a entender que a auto­ridade judiciária em tela deva presidir a Assembléia Constituinte até a pro­mulgação da Constituição, o que não é desejável, nem lógico.

ART. 69

A emenda procura corrigir manifesto lapso do Projeto. que fala daeleiçâo dos Deputados Federais e Senadores (art. 28) mas omite totalmente aeleição para Prefeitos e Vereadores Municipais.

Ora, diz o artigo 15, I, da Constituição Federal.

"Art. 15. A autonomia municipal será assegurada:

I - pela eleição direta de Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores,realizada simultaneamente em todo o País, na mesma data daseleições gerais para Deputados."

Logo. desatendendo a esse mandamento constitucional, tornou-se o Pro­jeto passível de correção.

Além desse manifesto equívoco, a nova redação procura evitar impro­priedade de linguagem do Projeto, pois evidentemente, quem vai eleger os re­presentantes não será "o Estado de Rondônia", tal como ali está grafado,mas sim os eleitores inscritos na sua área. Além disso, esses eleitores não ele­gerão uma "Assembléia Constituinte", e sim os Deputados à mesma.

ART. 79

O art. 7° do presente Substitutivo repete o art. 59 do Projeto original.

ART. 89

O Projeto deixou de levar em consideração o princípio constitucional deque uma legislatura somente tem competência para fixar os subsídios da legis­latura subseqüente, sendo vedado aos parlamentares fixar esse benefício parasi próprios:

"O subsídio, dividido em parte fixa e variável, e a ajuda de cus­to de deputados e senadores serão iguais e estabelecidos no fim decada legislatura para a subseqüente." (Constituição, art. 33.)

A emenda procura sanar essa falha, estabelecendo, desde já, os subsídiosdos Deputados à futura Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia, a se­rem remunerados em igualdade de condições com o vizinho Estado do Acre,que guarda com o novo Estado as analogias de áreageográfica, densidade po-

pulacional, renda per capita, bem como a de também ter sido Território Fede­ral, antes da sua elevação a Estado.

Com isso, espera-se que muitas celeurnas 'e perplexidades sejam evitadaspor ocasião do nascimento do Poder Legislativo rondoniense, que deverá re­servar todas as suas energias na elaboração da Constituição do novo Estado.

ART. 99

O art. 99do Substitutivo repete o art. 69 do Projeto, apenas com nova re­dação, na ordem direta.

No parágrafo único foi suprimida a data, pois bem pode ser que se atrasea tramitação do Projeto, tornando-se ela anacrônica,

ART. lO

O art. lOtem por objetivo esclarecer a forma de substituição do Gover­nador, em suas faltas e impedimentos eventuais.

A omissão do Projeto, neste ponto, poderia ocasionar dificuldades, nasocasiões em que o Chefe do Executivo tivesse de se afastar do Estado, onde,durante a fase de criação, inexiste o cargo de Vice-Governador.

ART. 11

Este artigo corrige o art. 36 do Projeto, pois o Prefeito da Capital do Es­tado ê sempre nomeado pelo Governador (art. 15, § lI', a, da Constituição Fe­derai).

Aproveitando a oportunidade, prevê a emenda a nomeação de Prefeitosnos Municípios recém-criados, pois a falta de regulamentação sobre a ma­téria tem causado grandes prejuízos a essas comunas, que existem, mas nãopodem ser instaladas atê que haja eleição para Prefeitos e Vereadores.

ART,12

O Projeto não fala na criação do Tribunal de Justiça do novo Estado,nem que ele é o órgão supremo do Poder Judiciário estadual.

Igualmente, silencia em relação aos Juízes de Primeira Instância, quetambém são órgãos do Poder Judiciário. Idem, quanto aos Tribunais do Júri.

A emenda procura evitar essas omissões.Por outro lado, consideramos imprópria a afirmação do Projeto de que

"Administração da Justiça do Estado de Rondônia competirá aos órgãos doseu Poder Judiciário." Mais correto será dizer que o Poder Judiciário ali seráexercido pelo Tribunal de Justiça e demais Juízes, redação que mais se aproxi­ma da que foi utilizada na Lei Complementar n9 20, de 19 de julho de 1974,quando tratou da criação do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro.

ART,13

O dispositivo repete o artigo 99 do Projeto original, com ligeiras modifi­cações de forma.

ART,14

Repete o art. IOdo Projeto.

ART. 15

A emenda procura sanar uma omissão do Projeto, que deixou de prevera existência de dois importantes documentos, o Regimento Interno do Tribu­nal e a Lei de Organização Judiciária; que dependem de uma tramitação espe­cial, em virtude da necessária adaptação ao texto da Constituição Federal(Art. 144, § 59,tendo em vista a peculiaridade da instalação de um novo Esta­do, que não conta. ainda. com Assembléia Legislativa.

ART. 16

Repete o art. 11 do Projeto, mas substitui o desembargador mais idoso. por mais antigo.

Com efeito, sendo a nomeação feita entre categorias diversas (advoga­dos, Juízes e membros do Ministério Público), será prudente atribuir-se a pri­mazia àqueles que já vinham exercendo a magistratura.

ART. 17

Repete o art. 12 do Projeto

ART. 18

A emenda procura prestigiar os Juízes e membros do Ministério Públicodos Territórios, que têm agora sua oportunidade de ocupar o elevado cargode Desembargador, que sempre lhes é negado no Tribunal de Justiça do Dis­trito Federal.

Será essa uma reparação histórica para aqueles dedicados servidores daJustiça, que tantos sacrifícios arrostaram nos primórdios da criação dos Ter­ritórios, quando tudo era tão mais difícil.

ART. 19

Repete o art. 14 do Projeto.

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14690 Terça-feira 8 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Dezembro de 1981

ART. 20

Repete o art. 15 do Projeto.O Parágrafo único foi desdobrado em dois, introduzindo-se no último a

obrigatoriedade de ser eleito um dos Desembargadores para a Presidência doTribunal Regional Eleitoral, cabendo ao outro a Vice-Presidência.

Essa norma já é observada no Tribunal Superior Eleitoral, e objetiva evi­tar o constrangimento de um magistrado superior ser presidido por outro decategoria inferior.

ART. 21

A introdução deste artigo tem por objetivo permitir a instalação imedia­ta das Comarcas em todo o Estado.

Tendo em vista que os três atuais Juízes de Direito em exercício em Ron­dônia, provavelmente serão aproveitados no Tribunal de Justiça, fácil seráprever que o novo Estado ficará totalmente desprovido de magistrados dePrimeira Instância.

Ora, o Tribunal, recém-criado, já sobrecarregado com a pesada incum­bência de realizar as eleições de 15 de novembro de 1982, dificilmente teriacondições de promover um concurso para ingresso na magistratura.

Para evitar esse atropelo prevê a emenda a possibilidade de aproveita­mento de Juízes de outros Estados, bem como de candidatos já aprovadospor outros Tribunais, cuja capacidade não pode ser posta em dúvida.

ART. 22

O dispositivo é de Iídima Justiça:pois os Juízes e Promotores Públicos,de investidura federal, que aquiescerem em servir ao novo Estado, não podemarriscar-se a uma diminuição em seus vencimentos.

A União, garantindo o pagamento de uma possível diferença, se houver,encorajará os optantes, o que vem de encontro ao seu próprio interesse, poisem caso contrário esses servidores ficariam em disponibilidade remunerada,com sacrifício dos cofres públicos, tal como já ocorreu anteriormente porocasião da elevação do Acre a Estado.

ART. 23

O artigo acima repete os artigos 34 e 35 do Projeto original, a nosso vermal colocado no Capítulo das Disposições Gerais e Transitórias.

ART. 24

Neste artigo, preferiu-se criar, desde logo, a Seção da Justiça Federal donovo Estado.

Com efeito, a solução do Projeto é irreal, pois de nada adianta estenderpara Rondônia a jurisdição da Justiça Federal do Acre, que se encontra acé­fala há quase dois anos.

ARTS. 25 A 27

Impõe-se a criação de uma Seção especial para o Ministério Público, re­gulando, inclusive, a situação funcional dos seus membros que optarem paraservir ao novo Estado.

O Projeto, neste ponto, foi omisso, pois. previu apenas o cargo doProcurador-Geral, Chefe da Instituição (art. 30), sem dedicar qualquer outrapalavra aos integrantes da carreira, o que ora procuramos corrigir.

ART. 28

Julgamos indispensável acrescentar o item III ao art. 28.Com efeito, se o Estado de Rondônia vai ser responsável, daqui por

diante, pela distribuição da Justiça em sua área, nada mais justo que passarpara a sua propriedade os móveis, instalações e imóveis até então pertencen­tes à Justiça dos Territórios, mantida pela União.

ART. 29

Repete o art. 18 do Projeto.

ART. 30 E SEGUINTES

O Capítulo IV, que trata do pessoal, foi mantido integralmente,suprimindo-se apenas alguns prazos, que consideramos muito curtos, o queobrigaria o Governador do Estado a tomar decisões sob a pressão do tempo.

Esses prazos, aliás, não melhorariam em nada a execução do preceito aque se destinam.

ART. 36 A 38

No Capítulo V, que trata da fiscalização financeira e do orçamento, a ú­nica modificação consistiu na supressão da data fixa em que o Governadordeveria aprovar o orçamento do Estado: a da sua posse.

Provavelmente isso acontecerá; mas é sempre bom contar com os impre­vistos, impondo-se a adoção de um critério mais flexível, para enfrentar aseventualidade.

Melhor é deixar o assunto em branco, ficando essa data a critério do Go­vernador, que tem o interesse de praticar tal ato o mais breve possível.

ART. 39

Repete o art. 29 do Projeto.

ART. 40

Repete o art. 31 do Projeto.

ART. 41

Repete o art. 37 do Projeto

ART. 42

A União deverá responsabilizar-se com o pagamento dos servidores queela própria nomeou. I

Com isso, estará dando prova de seus intuitos generosos, quando selembrou de conceder autonomia política a Rondônia.

Aliás, nem poderia ser de outro modo, pois um Estado que ainda nãonasceu, como é o caso de Rondônia, não pode, validamente assumir o com­promisso pelo pagamento de servidores da União.

ART. 43

Repete o art. 39 do Projeto.

ART. 44

Repete o art. 40 do Projeto.

ART. 45

Reputamos imprescindível a inclusão do artigo supra, de modo a autori­zar o Governo Federal a instalar uma Universidade no futuro Estado.

Será ela, inquestionavelrnente, a alma mater de Rondônia, pois nela seforjará o caráter das gerações que terão a responsabilidade de dirigir a novaunidade federativa em sua fase mais crítica.

Com efeito, será inconcebível cogitar-se do deslocamento de levas e levasde estudantes para fora do Estado, em busca de instrução. Somente as gran­des distáncias que separam Rondônia dos centros mais adiantados descartamessa hipótese.

O exemplo do Acre aí está, pois nosso bravo vizinho somente teve osseus problemas perfeitamente equacionados após a criação de sua Universi­dade.

Será essa, ademais, uma prova definitiva de que o Governo Federal se in­teressa verdadeiramente pelo futuro, não se limitando a sua iniciativa a, me­ramente, criar um Estado, mas um Estado pujante, independente e rico, o quesomente poderá alcançar através da cultura universitária de sua juventude.

ART. 46

Neste artigo, combinado com o art. 12, permite-se a nomearão dos Pre­feitos dos Municípios recém-criados, pelo Gove-r-adoi do Estado,considerando-se os mesmos instalados concomitantemente ao início da vidado Estado.

Com efeito, não tem sentido a existência de um Município, que não pos­sa instalar-se, até que haja eleições.

CONCLUSÃO

Essas, a nosso entender, as razões que justificam a adoção do presentesubstitutivo, salvo melhor juízo de meus ilustres pares.

Brasília, de outubro de 1981. - Isaac Newton, Relator.

SUBSTITUTIVO GERAL

Ao Projeto de Lei Complementarnv 221/81, do Poder Executivo,que cria o Elitado de Rondônia e dá outras- providências,

O Congresso N acionaI decreta:

CAPITULO I

Da Criação do Estado de Rondônia

Art. I~ Fica criado o Estado de Rondônia, mediante a elevação do Ter­ritório Federal do mesmo nome a essa condição, mantidos os seus atuais limi­tes e confrontações.

Art. 2~ A cidade de Porto Velho será a capital do novo Estado.Art. 3~ Enquanto a lei ordinária estad~al não dispuser em contrário,

fica mantida a organização administrativa e judiciária então vigente no Terri­tório de Rondônia, bem como a legislação federal aplicável à espécie.

Art. 4~ Fica acrescentada uma nova estrela à Bandeira Nacional, repre­sentando o Estado de Rondônia, cuja grandeza e posição no pavilhão nacio­nal serão determinadas mediante proposta do Ministério da Educação, a seraprovada por decreto do Presidente da República.

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Dezembro de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Terça-feira 8 14lí91

CAPITULO nDos Poderes Públicos

SEÇÃO IDa Assembléia Constituinte e do Poder Legislativo

Art. 59 Os Deputados à Assembléia Constituinte do Estado de Rondô­nia serão eleitos a 15 de novembro de 1982, devendo proceder-se à respectivainstalação no dia 31 de janeiro de 1983, sob a direção do Presidente do Tribu­nal Regional Eleitoral, até a eleição da Mesa.

Art. 69 Nas eleições previstas no artigo anterior serão eleitos, além dosDeputados à Assembléia Constituinte, os Deputados Federais, os Senadores,os Prefeitos e os Vereadores às Câmaras Municipais.

Parágrafo único. Os dois Senadores menos votados dos três eleitos te­rão mandato de quatro anos.

Art. 79 A Assembléia Constituinte, após a promulgação da Consti­tuição do Estado, passará a exercer o Poder Legislativo, como AssembléiaLegislativa.

Art. 89 Na primeira Legislatura, que se iniciará em 31 de janeiro de1983, os Deputados Estaduais receberão os mesmos subsídios, ajudas' de cus­to e demais vantagens estabelecidas para os membros da Assembléia Legisla­tiva do Estado do Acre.

SEÇÃO 11Do Poder Executivo

Art. 99 O Governador do Estado será nomeado pelo Presidente da Re­pública, na forma do disposto no art. 49da Lei Complementar n920, de 19 dejulho de 1974, durante o período que coincidirá com o mandato dos demaisGovernadores a serem eleitos a 15 de novembro de 1982.

Parágrafo único. O Governador Tomará posse perante o Ministro deEstado da Justiça.

Art. lO. Caberá ao Governador indicar a autoridade que deverásubstituí-lo em suas faltas ou impedimentos eventuais.

Art. 11. Compete ao Governador nomear o Prefeito da Capital e osPrefeitos dos Municípios recém-criados, nestes-últimos até que se realizem asprimeiras eleições.

SEÇÃO IIIDo Poder Judiciário

Art. 12. O Poder Judiciário do Estado de Rondônia será exercido peloTribunal de Justiça ora criado, por seus Juízes de Direito e Tribunais do Júri,com a colaboração dos órgãos auxiliares instituídos em lei.

Art. 13. O Tribunal de Justiça é o órgão supremo da Justiça de Rondô­nia, e compor-se-á, inicialmente, de sete Desembargadores, nomeados peloGovernador.

Art. 14. O Tribunal de Justiça instalar-se-á até o décimo dia útil seguin­te ao da posse de seus quatro primeiros Desembargadores.

Art. 15. Logo após sua instalação, o Tribunal de Justiça organizará orespectivo Regimento Interno, bem como apresentará ao Governador o pro­jeto de lei de Organização Judiciária do Estado, observado o disposto no art.144, § 59, da Constituição Federal.

Art. 16. Incumbe ao Desembargador mais antigo, dentre os quatro pri­meiros nomeados pelo Governador, adotar as providências para a execuçãodo disposto no artigo anterior, bem como presidir o Tribunal de Justiça, até aeleição e posse do Presidente e do vice-Presidente.

Art. 17. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente do Tribunal deJustiça processar-se-á por escrutínio secreto, considerando-se eleitos os quealcançarem maioria dos votos dos Desembargadores presentes.

§ 19 Em caso de empate, considerar-se-á eleito o mais antigo.§ 29 Os mandatos do Presidente e do Vice-Presidente terão a duração

de dois anos.Art. 18. Em seu primeiro provimento, os cargos de Desembargador se­

rão preenchidos livremente pelo Governador, devendo a escolha recair den­tre:

I - Juízes de Direito do Quadro dos Territórios Federais, inclusiveaqueles que, tendo a ele pertencido, passaram a integrar a magistratura doDistrito Federal;

11- membros do Ministério Público dos Territórios, inclusive aquelesque, tendo a ele pertencido, passaram a integrar o Ministério Público do Dis­trito Federal;

III - advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, compelo menos dez anos de prática forense e inscritos na Ordem dos Advogadosdo Brasil, Seção de Rondônia, há mais de dois anos.

Art. 19. O Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Rondôniaprovidenciará a instalação e funcionamento do Tribunal Regional Eleitoral.

Art. 20. O Tribunal de Justiça, até o décimo quinto dia útil seguinte aoda posse do Presidente e do Vice-Presidente, escolherá, mediante eleição, pelovoto secreto, os dois Desembargadores, os dois Juízes de Direito e os seis ci­dadãos de notável saber jurídico e idoneidade moral, dentre os quais o Presi­dente da República nomeará dois que, com aqueles e o Juiz Federal, compo­rão o Tribunal Regional Eleitoral.

§ 19 Os membros do Tribunal Regional Eleitoral serão empossadospelo presidente do Tribunal de Justiça.

§ 29 A Presidência. do Tribunal será exercida por um dos Desembarga­dores, a ser eleito pelos seus pares, cabendo a outro a Vice-Presidência.

Art. 21. Enquanto a legislação estadual não dispuser em contrário, oTribunal de Justiça poderá propor ao Poder Executivo o preenchimento doscargos de carreira da magistratura com Juízes ou candidatos já aprovados,embora não classificados, da Justiça Federal e da Justiça dos Estados, do Dis­trito Federal e dos Territórios, que assim aquiescerem.

Parágrafo único. A nomeação será feita pelo Governador, mediante in­dicação do Tribunal, em lista tríplice.

Art. 22. Os magistrados que optarem ou aceitarem a nomeação para oscargos da Justiça do Estado, na forma dos arts. 18 e 21, terão direito a perce­ber, no mínimo, os vencimentos e demais vantagens dos cargos equivalentesna Justiça do Distrito Federal, cabendo à União complementar a diferençapara mais, se houver.

§ IQ Os proventos de aposentadoria desses magistrados, nomeados atéa entrada em vigor da Constituição Estadual, serão pagos pela União.

§ 29 Ficarão em disponibilidade remunerada os magistrados que nãoforem aproveitados, na forma do presente artigo.

Art. 23. Até que sejam instalados o Tribunal de Justiça e o TribunalRegional Eleitoral do Estado de Rondônia, fica mantida a jurisdição até ago­ra exercida pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios peloTribunal Regional Eleitoral do Estado do Acre, nas matérias de suas respecti­vas competências.

Art. 24. Fica criada a Seção da Justiça Federal do Estado de Rondô­nia, que funcionará provisoriamente, até que lei ordinária promova a criaçãodo quadro próprio de seu pessoal.

SEÇÃO IVDo Ministério Público

.Art.25. O Ministêrio Público do Estado de Rondônia terá por chefe oProcurador-Geral, nomeado, em comissão, pelo Governador, dentre cida­dãos maiores de trinta e cinco anos, de notório saber jurídico e reputação ili­bada.

Art. 26. Comporão o Ministério Público do Estado de Rondônia osmembros do Ministério Público dos Territórios que optarem para servir nanova unidade federativa.

Parágrafo único. Os membros do Ministério Público dos Territóriosque estiverem servindo na área do Estado, e não fizerem a opção acima, fica­rão em disponibilidade remunerada, até posterior aproveitamento em cargoidêntico, com vencimentos integrais.

Art. 27. Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto naSeção anterior, relativamente à magistratura, inclusive-no que diz respeito anomeações, vencimentos, proventos e demais vantagens.

CAPITULO IIIDo Patrimônio e dos Serviços Públicos

Art. 28. Ficam transferidos ao Estado de Rondônia o domínio, a possee a administração dos seguintes bens, móveis e imóveis:

I - os que atualmente pertencem ao Território Federal de Rondônia;I! - os pertencentes à União, efetivamente utilizados pela Adminis­

tração do Território Federal de Rondônia;III - os pertencentes à Justiça e ao Ministério Público 'dos Territórios,

ali situados;IV - rendas, direitos e obrigações decorrentes dos bens especificados

nos itens I, I! e lI!, bem corno os relativos aos convênios, contratos e ajustesfirmados pela União, no interesse do Território Federal de Rondônia.

Art. 29. Os órgãos e serviços públicos integrantes da Administração doTerritório Federal de Rondônia, bem corno as entidades vinculadas, ficamtransferidos, a 19de janeiro de 1982, ao Estado de Rondônia, e continuarão aser regidos pela mesma legislação, enquanto não for ela modificada pela legis­lação estadual.

CAPITULO IVDo Pessoal

Art. 30. Observados os princípios estabelecidos no art. !3, item V, daConstituição Federal, o Governador do Estado de Rondônia deverá aprovaros quadros e tabelas definitivos do pessoal civil.

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14692 Terça-feira 8 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Dezembro de 1981

Art. 31. Serão postos à disposição do Governo do Estado, a partir deI. de janeiro de 1982, com todos os direitos e vantagens, os servidores públi­cos nomeados ou admitidos na Administração do Território de Rondônia atéa data da entrada em vigor da presente lei.

Parágrafo único. O Governador do Estado aprovará os quadros e ta­belas provisórios de pessoal da administração do Estado e procederá, a seujuízo, mediante opção dos interessados, ao enquadramento dos servidorespostos a sua disposição.

Art. 32. Os servidores não enquadrados na forma do parágrafo únicodo artigo anterior serão incluídos em quadro ou tabela em extinção, que fica­rá sob a administração do Governo do Estado e supervisão do Ministério doInterior.

§ I. Caberá ao Ministério do Interior, em articulação com o Departa­mento Administrativo do Serviço Público - DASP, adotar as providênciaspara o aproveitamento do pessoal de que trata este artigo em outros órgãosda União, preferentemente localizados no Estado de Rondônia, ou cessão aentidades públicas estaduais ou municipais, assegurados, pela União, os di­reitos e vantagens pertinentes.

§ 2. O pessoal incluído no quadro ou tabela em extinção continuaráprestando serviço ao Governo do Estado de Rondônia, na condição de cedi­do, até que venha a ser localizado definitivamente em outros órgãos, median­te atos da autoridade competente.

§ 3. este artigo não se aplica aos ocupantes de cargos em comissão ouempregos de direção ou assessoramento superior, bem como de funções deconfiança, em qualquer nível.

§4. O Ministério do Interior, ouvido o DASP, expedirá instruções des­tinadas a disciplinar a execução do disposto neste artigo.

Art. 33. Serão assegurados pelo Governo do Estado de Rondônia to­dos os direitos e vantagens, inclusive o tempo de serviço sem solução de conti­nuidade, dos servidores enquadrados nos termos do parágrafo único do art.32.

Art. 34. Caberá à União o pagamento dos inativos e pensionistas cujanomeação tenha sido feita até a data da instalação do Estado, ainda que pos­teriormente tenham sido aproveitados ou postos à disposição deste, na formados artigos anteriores.

Art. 35. O pessoal militar da Polícia Militar do Território Federal deRondônia passará, a primeiro de janeiro de 1982, a constituir a Polícia Mili­tar do Estado de Rondônia, assegurados os seus direitos e vantagens.

Parágrafo único. Ao pessoal militar de que trata este artigo aplica-se alegislação federal pertinente, até que o Estado, nos limites de sua competên­cia, legisle a respeito, observado o disposto no § 4., art. 13, da Constituição.

CAPITULO VDo Orçamento e da Físcalização Financeira e Orçamentária

Art. 36. O orçamento anual do Estado de Rondônia, para o exercíciofinanceiro de 1982 e de 1983, será aprovado pelo Governador, mediantedecreto-lei.

Art. 37. A partir do exercício financeiro de 1982, inclusive, as transfe­rências da União ao Estado de Rondônia, decorrentes das disposições consti­tucionais e legais vigentes, deverão ser previstas, como receita, nos orçamen­tos do Estado.

Art. 38. As contas do Governo do Estado, relativas aos exercícios fi­nanceiros anteriores ao da instalação do Tribunal de Contas do Estado deRondônia, serão apreciadas pelo Tribunal de Contas da União, que desempe­nhará, também, as funções de auditoria financeira e orçamentária, bem comoprocederá ao julgamento das contas dos administradores e demais responsá­veis por bens e valores públicos.

CAPITULO VIDas Disposições Gerais e Transitórias

Art. 39. Até 31 de dezembro de 1981 a Administração do Território Fe­deral de R,?ndônia será integralmente mantida na sua estrutura, competênciae vIncu~açao ministerial, cabendo-lhe gerir, a partir da vigência desta Lei, opatrimoruo do Estado.

. .A.rt: 40. Até 31 de dezembro de 1981 fica vedada à Administração doTerritório Federal de Rondônia, na gestão do patrimônio do Estado nos ter-mos do a~tigo anterior, a realização de despesa decorrente de: '

I - Ingresso de pessoal, a qualquer título;. ~I - criação ou elevação de níveis de cargos ou funções de confiança de

direção e assessoramento superiores (DAS) e de direção e assistência interme­diárias (DAI);

III - criação ou ampliação de quadros ou tabelas de empregos perma­nentes, temporários ou em comissão.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos depreenchimento de cargos ou empregos que venham a vagar por exoneração,demissão, dispensa, aposentadoria, ou falecimento, desde que não haja au­mento de despesa em relação ao pessoal em atividade.

Art. 41. O Poder Executivo Federal instituirá a partir de 1982, inclusi­ve. programa especial de desenvolvimento para o Estado de Rondônia, comduração mínima de dez anos.

Parágrafo único. Os recursos para o programa de que trata este artigoconstarão dos orçamentos da União.

Art. 42. As despesas com os servidores de que tratam o art. 31, pará­grafo único, e art. 32 desta Lei, serão de responsabilidade da União.

Art. 43. Fica a União autorizada a assumir a dívida fundada e os en­cargos financeiros da administração do Território Federal de Rondônia, bemcomo os das entidades vinculadas, existentes a 31 de dezembro de 1981, inclu­sive os decorrentes de prestação de garantia.

Art. 44. Ficam transferidas ao Estado as dotações do Território Fede­ral de Rondônia consignadas no orçamento da União para 1981 em EncargosGerais da União, Recursos sob a Supervisão da Secretaria de Planejamentoda Presidência da República, por onde correrão as despesas preliminares coma instalação do novo Estado.

Art. 45. Fica o Governo Federal autorizado a implantar a Universida­de Federal de Rondônia, sob a forma de Fundação. com sede em Porto Ve­lho.

Art. 46. Os novos municípios do Estado, criados pelas Leis nvs 6.448,de Ii de outubro de 1977 e Lei n. 6.921, de 16 dejunho de 1981, considerar­se-ão instalados no dia I. de janeiro de 1981, inclusive para efeito de per­cepção de fundos e quotas federais, independentemente de eleição das respec­tivas Câmaras de Vereadores.

Parágrafo único. Até que seja eleita a Câmara de Vereadores de cadaum dos Municípios acima, bem como outros que forem criados, essa funçãoserá exercida pela Câmara dos Municípios dos quais foram desmembrados,no que diz respeito a tributação, aprovação de contas e outros atos de compe­tência do legislativo municipal.

Art. 47. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.Art. 48. Revogam-se as disposições em contrário.Brasília, de outubro de 1981. - Isaac Newton, Relator.

Aprovado no dia 26 de novembro, próximo findo, na Comissão do Inte­rior, após luta renhida contra as posições do PMDB, que combateu e obs­truiu a marcha do Projeto, sob a liderança do nobre Deputado Modesto daSilveira, o Projeto foi encaminhado à Comissão de Serviços Públicos, a re­querimento do Deputado Jerônimo Santana, que deu número para aprová-lona Comissão do Interior.

Antes de vir a Plenário para votação, esse importante Projeto deverá serexaminado também pela Comissão de Finanças, não havendo, entretanto,maiores obstáculos a transpor, visto que as preliminares de constitucionalida­de, juridicidade, boa técnica legislativa e mérito, as fundamentais, já se en­contram aprovadas.

Esperamos, Sr. Presidente, encontrar o apoio de todos os nobres pares aesse nosso substitutivo, quando da votação em plenário desta Câmara, em re­conhecimento do mesmo valor que lhe foi conferido pelos eminentes Deputa­dos que o estudaram demorada e minuciosamente na Comissão do Interior,aprovando-o em lugar do projeto original,

Por oportuno, desejamos manifestar publicamente, em nome do povorondoniense, nossos sinceros agradecimentos aos nobres Deputados, entreoutros, Inocêncio de Oliveira (PDS - PE); Evandro Ayres de Moura (PDS- CE); Manoel Novaes (PDS - BA); Ruy Bacelar (PDS - BA); NagibHaickel (PDS - MA), que nos prestaram assistência permanente, além de in­tensa participação nos debates em favor do Projetoe de nosso Substitutivo,contra as manobras procrastinatórias do PMDB. Registramos também nos­sos agradecimentos aos Deputados Peixoto Filho (PP - RJ), Nélio Lobato(PP - PA), Dario Tavares (PP - MG) e José Bruno (PP - RJ), que igual­mente nos apoiaram quando da frustrada tentativa de aprovar, no Plenárioda Câmara, o regime de urgéncia para nosso Projeto.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

O SR. LlDOVINO FANTON (PDT - RS. Pronuncia o seguinte discur­so.) - Sr. Presidente. Srs. Deputados, com a presença de todos os líderes e di­rigentes das entidades de classe da região, reuniram-se, ontem, na cidade deGaribaldi, no Rio Grande do Sul, cerca de quatro mil viticultores, para umduradouro debate em torno do preço mínimo do quilo de uva para a próximasafra. O elevado número de produtores dá bem a medida da significação e dorelevo do assunto ventilado.

É que, na última safra, enquanto as entidades de c1asdse, firmadas em es­tudos sérios e conseqüentes, reivindicavam mais de vinte cruzeiros pelo quilo

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Dezembro de 1981 DlÃRIO DO CONGRESSO NACIONAL (SeeãnI) Terça-feira li 14693

da uva, os órgãos oficiais, sobre tardarem a fixação do preço, não foram alémde dez cruzeiros, limite em total discordância com a margem de lucro expres­samente prevista no Estatuto da Terra.

Houve, na época, um clamor generalizado. Em razão disso, tentamos,até, com fundamento em dispositivo constitucional, que assegura a todo o ci­dadão o direito de petição, obter, por escrito, junto à Comissão de Financia­mento da Produção, os critérios que ofereciam suporte aos preços oficialmen­te fixados.

Lamentavelmente, o setor recusou os dados, dispondo-se apenas a dialo­gar. Abriu as portas, mas fechou os arquivos. Sonegam, assim, às classes inte­ressadas, o próprio conhecimento dos dados em que se fundam para estabele­cer os preços da uva.

Além de recusar qualquer esclarecimento ou explicação, retardam sobre­modo a fixação dos limites de preço, o que importa na insegurança, na deso­rientação e em graves prejuízos para os produtores.

Sem embargo, o famoso apelo à taxação dos produtos supérfluos parasocorrer a Previdéncia social valeu por gratuita ameaça à inclusão do própriovinho no rol dos artigos até hoje não identificados.

Conforme se vê, além de inexplicável e enervante demora para a fixaçãodo preço, poucas, se não ínfimas margens de lucro devem estar reservadas aosviticultores, até hoje ainda ao desabrigo do seguro agrícola e, de regra, espo­liados nos preços, a que se somam antigas e reiteradas práticas na falsificaçãodo vinho por parte de intermediários inescrupulosos.

Para tornar ainda mais sombrio o quadro, aponta, nesta altura do tempo_ menos com caráter de seriedade do que a título de exploração política - ainclusão do vinho entre os produtos supérfluos para efeito da taxação tãoanunciada quanto retardada.

Sobre, pois, fazer o registro de importante assembléia de viticultores rea­lizada ontem na cidade de Garibaldi, impõe-se dizer, ao final e ao cabo, quecumpre ao Governo fixar, sem mais demora, o preço mínimo - que deve serjusto e não irrisório como até aqui tem acontecido - do quilo de uva, no in­teresse não só de fazer justiça, senão de levar tranqüilidade a uma expressivaparcela de produtores do Rio Grande do Sul.

O SR. SIQUEIRA CAMPOS (PDS - GO. Pronuncia o seguinte discur­so.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, nos próximos dias dez e onze, quinta esexta-feira desta semana, estarei participando da entrega de títulos de pro­priedade de terras por parte do INCRA nos Municípios de Formoso do Ara­guaia e Paraíso do Norte e, ainda, no povoado de PUGMILL no Norte deGoiás.

Em Formoso do Araguaia e Paraíso do Norte serão entregues os títulosda área urbana de suas sedes, pelo que poderão ser legalizados os prédios atéaqui construídos em lotes sem definição dominai, ensejando-se aos donos delotes, ainda sem edificação, os meios necessários para financiamento da casaprópria ou de prédios comerciais.

Em PUGMILL serão entregues títulos aos ocupantes de canteiros de Ia­tes rurais, legalizando-se uma situação de fato, estabelecida há decênios.

Registro o fato para mais uma vez enaltecer o trabalho do Dr. DivinoTeixeira Chaves, Coordenador do INCRA em Goiás, e do Dr. Nelito Caval­cante, Executor do Projeto Fundiário de Gurupi, aos quais devemos um ex­traordinário serviço ao Norte de Goiás, cuja estrutura fundiária, com essetrabalho, está quase que totalmente organizada.

Ao concluir, Sr. Presidente, reitero apelo ao Ministro Amaury Stábile eao Presidente Paulo Yokota no sentido de serem entregues mais recursos econdições à Coordenadoria do INCRA em Goiás, a fim de que sejam agiliza­dos, ainda mais, os trabalhos ali desenvolvidos.na legalização das terras ru­rais e urbanas da jurisdição do Órgão.

Era o que tinha a dizer. -..

O SR. ANTÔNIO ANNIBELLI (PMDB - PRo Sem revisio do orador.)- Sr. Presidente, Srs. Deputados, nesta oportunidade, passarei a ler ajustifi­cativa de um projeto que apresentei em favor dos deficientes físicos:

"Diz a Constituição Federal, em seu art. 19, § 20:"A União, mediante lei complementar e atendendo a relevante

interesse social ou econômico nacional, poderá conceder isenção deimpostos estaduais e municipais."

Tal ê, pois, o motivo por que a medida aqui pleiteada vem re­vestida da forma de projeto de lei complementar, já que, além deconceder isenção de tributos do âmbito federal (IPI, principalmen­te), quer que o benefício fiscal alcance também quaisquer impostosestaduais ou municipais (dentre eles, o ICM) acaso incidentes sobreos veículos fabricados ou comercializados para utilização específicados deficientes físicos.

Quanto ao relevante interesse social, exigência do texto consti­tucional para o acolhimento da isenção, creio ser desnecessário

alongar-me em explicitá-lo, já que a ninguém é lícito ignorar o deversocial da Nação para com os deficientes físicos.

Lembro, outrossim, bem a propósito, que não havia incidênciade impostos, especialmente dos de natureza alfandegária, quando osveículos utilizáveis por deficientes físicos eram fabricados somenteno exterior e importados. Agora que tais veículos são normalmentefabricados no País, parece-me de toda justiça restabelecer o privilé­gio fiscal que, afinal de contas, visa principalmente a facilitar a aqui­sição de um meio de locomoção pelas pessoas com deficiência física,dado o fato inconteste de que a exclusão de impostos barateia o cus­to.

Sabemos todos, ademais, que o Ano de Deficiente Físico não deve signi­ficar apens uma comemoração vazia, mas um punhado de medidas adotadaspela sociedade e seus representantes em benefício dos que, de alguma forma,contam com a compreensão de todos."

O SR. GERALDO GUEDES (PDS - PE. Sem revisão do orador.) ­Sr. Presidente, Srs, Deputados, desejo simplesmente registrar, na sessão dehoje, a ocorrência do 73" aniversário da Cruz Vermelha Brasileira. Esse even­to ocorreu no sábado, dia 5-12. Em meu pronunciamento falo sobre o que é aCruz Vermelha, suas condições, suas finalidades, seu destino, seu lema, o pa­pel que vem desemvolvendo nos 128 países em que está construída.

Tudo isso está nas páginas que passo a ler:

73ANOSDECRUZVERMELHABRA~L8RA

No próximo dia 5 de dezembro (sábado) a Cruz Vermelha Bra­sileira completa 73 (setenta e três) anos de atividades ininterruptas.Seus milhares de voluntários, neles incluídos seus dirigentes, pres­tam inestimáveis serviços à comunidade, seja em tempo de pazcomo de guerra ou calamidades.

Em 128 países do mundo, 128 Sociedades Nacionais de CruzVermelha, constituídas com base nas Convenções de Genebra e nosprincípios fundamentais do Movimento:

HumanidadeImparcialidadeNeutralidadeIndependênciaVoluntariadoUnidade eUniversalidadededicam-se a prevenir e atenuar o sofrimento humano com

toda a imparcialidade e sem nenhuma discriminação.Sem fugir às suas finalidades estatutárias precípuas de socieda­

de de socorro voluntário, autônoma, auxiliar dos poderes públicos eem particular, dos serviços militares de saúde, a Cruz Vermelha emcada país se adapta às peculiaridades regionais. No Brasil dedica-sea Cruz Vermelha à educação, ã saúde e à assistência social.

Trabalha com jovens incentivando sua participação nas ativi­dades da entidade. Divulga os princípios humanitários a fim de de­senvolver principalmente nas crianças e nos moços os ideais de paz,respeito mútuo e compreensào entre todos os homens e todos os po­vos.

Nascida de um sonho do suíço Henry Dunant, a Cruz Verme­lha no Brasil teve como principais incentivadores de sua criação oProf. J. Oliveira Botelho, o eminente sanitarista Oswaldo Cruz, oMarechal Thaumaturgo de Azevedo e muitos outros eminentes ci­dadãos.

A 8 de dezembro de 1908, já devidamente constituída, iniciaoficialmente sua missão. Logo após é reconhecida pelo Governo Fe­deral como a única Sociedade de Cruz Vermelha que possa exercersuas atividades em todo o território Brasileiro.

Nessa unidade uma das forças do movimento. Filiais, departa­mentos, seções - seja qual for o nome dado às partes de um todo,em cada país existe uma só Sociedade Nacional de Cruz Vermelha.No Brasil a Cruz Vermelha está em fase de franca ampliação: em1981, de 25 subiu para 51 o número de filiais estabelecidas ou emparte dessa demonstração nacional, de amor ao próximo e de respei­to mútuo.

Jovens, crianças, adultos, seja qual for sua idade ou habili­taçào. a Cruz Vermelha Brasileira precisa sempre de mais alguém.

Estre os muitos programas desenvolvidos pela entidade. enu­meramos as Escolas de Enfermagem (sete). os hospitais, os cursosde Primeiros Socorros, os programas de profissionalização do me­nor carente, os Delegados de Cruz Vermelha nas escolas públicas, a

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14694 Terça-feira 8 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL(Seçào I) Dezembnl de 198t

doação voluntária e altruística de sangue, a doação de córneas - otempo é curto para relatar todos os serviços que a Cruz VermelhaBrasileira em seu todo - Departamento e filiais - presta diaria­mente à população. E quando a calamidade atinge qualquer pontode nosso País, é a Cruz Vermelha Brasileira, com a força moral deseu símbolo, que sensibiliza a população, carreia centenas de tonela­das de medicamentos e alimentos para a Defesa Civil, seja em âmbi­to Federal, seja Estadual ou Municipal.

Para expressar o que significa a Cruz Vermelha Brasileira, nadamelhor do que o seu lema para 1981:

"Com vocêpor vocêJunte-se a nós".

Repetimos a invocação - juntemo-nos à Cruz Vermelha Brasi­leira.

o SR. PIMENTA DA VEIGA (PMDB - MG. Pronuncia o segulnte dis­curse.) - Sr. Presidente, preocupava-me o fato de não ter podido, ainda,manifestar-me desta Tribuna sobre a recente condenação do Deputado Geni­vai Tourinho. Faço-o agora cumprindo um dever indeclinável de solidarieda­de a um colega, a um conterrâneo e a um democrata.

A lamentável condenação de Genival Tourinho deriva de denúncias queformulou, acerca de planos que chegaram ao seu conhecimento, envolvendomilitares em atividades terroristas a serem praticadas em várias partes doPais.

Segundo as próprias palavras do parlamentar condenado, suas denún­cias não se fundavam em fatos concretos além de não possuir documentaçãocomprobatória, mas tinham o objetivo de tornar públicas informações querecebera, que, certamente, provocariam desmentidos dos militares menciona­dos, ou a Nação estaria diante de absoluta subversão da ordem.

Mas pouco tempo após suas denúncias, o País foi varrido por vigorosaonda de terror que destruiu prédios, bancas de jornais, automóveis, além devitimar dezenas de pessoas, algumas de forma fatal, como na OAB-Rio, e no"acidente" do Riocentro.

Portanto, coincidência ou não, os fatos denunciados pelo Deputado Ge­nival Tourinho ocorreram com violência jamais observada no País.

Não obstante a grande presença do terror em vários pontos e em váriasocasiões diferentes, o Governo, sua polícia e seus serviços de espionagem in­terna foram impotentes para esclarecê-los e punir os culpados. Apesar de to­das as evidências que deixaram a opinião pública absolutamente convencidada autoria de pelo menos um destes atos - o do Riocentro - cujos responsá­veis foram militares da ativa, nenhum dos culpados foi condenado. Ao con­trário, um deles recebeu honras militares em seu sepultamento. A propósito,até hoje ninguém compreendeu por que não condecoraram, ainda, o capitãoque comandou a operação Riocentro já que o sargento, seu subordinado, re­cebeu grandes homenagens. Ou retiram as homenagens prestadas ao sargen­to, ou tributem-nas, também, ao capitão, sob pena de incorrerem em graveincoerência.

Aliás, incoerência que se repete agora no processo de Genival Tourinho,que foi condenado por denunciar fatos gravíssimos que acabaram ocorrendo,enquanto os autores destes atos estão na mais absoluta impunidade. Dondese conclui que o errado, o condenável, o absurdo não é cometer atos de terro­rismo, é denunciá-los.

Se a denúncia não foi fundada em documentos ou outras provas irrefutá­veis, o certo é que foi comprovada pelo tempo, às escâncaras.

Triste decisão esta do Supremo Tribunal. Triste lei esta da SegurançaNacional.

Deixamos a nossa solidariedade a Genival, que foi condenado em deciosão política com base em lei absurda que pode punir qualquer brasileiro pelasimples razão de existir, ou de pensar, quanto mais de falar ou de denunciar.

Mas Genival sabe que está absolvido pelo coração dos mineiros e pelojulgamento de todos os democratas.

O SR. FRANCISCO LlBARDONI (PMOB - Se. Pronuncla-o 8egUintediscurso.) - Sr. Presidente, Srs. Parlamentares, houve um tempo, que não vaimuito longe, em que a maior ou menor importância das nações, em termosmundiais, era medida pelo maior ou menor Produto Interno Bruto - PIB ­ou pela renda per capita. Hoje os indicadores são outros, além desses: estadonutricional da população, grau de escolaridade, perfil de consumo, nível deemprego, padrão ambiental, segurança pública, tipo de lazer, mobilidade so­cial e liberdade política genuína.

Segundo o "Centro de Investigações Sobre Prioridades Mundiais", deWashington (que levanta os indicadores sociais de 141 países do mundo, tra­balhando com espírito científico e com isenção, pois colocou os próprios Es-

tados Unidos em 7- lugar), e de acordo com todos esses indicadores, o melhorpaís para se viver é a Suécia, o segundo a Dinamarca, o terceiro a Noruega, o4- a Islândia, o 5- a Alemanha Ocidental e o 6. a Suíça. A União Soviéticavem em 23- lugar, depois da Alemanha Oriental, que, classificada em 19'1 lu­gar, é, entretanto, o primeiro do bloco socialista.

Causa-nos espanto, para não dizer outra coisa, Sr. Presidente, o lugar emque esse "Centro de Investigações Sobre Prioridades Mundiais" colocou oBrasil. A classificação depois do 25- lugar começa a mostrar situações real­mente embaraçosas para certos países, como o nosso, que aspiram a uma me­lhor posição no consenso universal. Mostrando que o poderio econômico nãogarante a qualidade social, assim como a pobreza endêmica não justifica a mádistribuição da renda entre os homens, esse Centro está provando - comomuito bem analisou o cronista das "Notas Econômicas" da Folha de S. Pau­lo, em edição do dia 6-12-81, o famoso economista Joelmir Beting - que "oproblema é político e não físico". Segundo aquele economista, "assim comoos Estados Unidos perdem pontos no emprego, no meio ambiente e na vio­léncia urbana, a União Soviética cai de cotação na habitação, no consumocorrente e na liberdade política", Onde fica o Brasil nessa análise? Bem de­pois do 25- lugar; apesar de termos maior área geográfica e maior PIB do quea maioria dos que vieram antes de nós, estamos classificados no 549 lugar e­pasmem os Srs, Parlamentares! - em 89 na América Latina, abaixo da Ar­gentina, do Uruguai, de Cuba, da Venezuela, do Chile, do Panamâ e de CostaRica. Isto nos mostra, sem sombra de dúvida, e com dados irrefutáveis, quenós precisamos urgentemente, como temos procurado demonstrar há já mui­to tempo, de um novo pacto social, para que as coisas se modifiquem demodo tal e tão radicalmente que o povo brasileiro possa aspirar a um tipomelhor de vida. O problema é político e não fisico. Joelmir Beting abriu suacrônica com estas expressões populares, que qualquer criança entende: "Ta­manho não é documento, recurso não é riqueza".

É necessário, portanto, que as autoridades brasileiras deixem de se preo­cupar muito, por exemplo, com a possibilidade ou não de Cuba estar ou nãoexportando seu tipo de revolução para outros países da América Latina. Ofato incontestável, que um Centro de Investigações com sede em Washington,capital do maior inimigo de Cuba no mundo, os Estados Unidos, ressalta da­dos científicos, é que Cuba exibe uma qualidade de vida bem superior à doBrasil. Até quando vamos suportar esse vexame?

Era o que tinha a dizer.

O SR. ISRAEL D1AS-NOVAES (PMDB - SP. Pronuncia o seguintediscurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, o critério exclusivamentepolítico-eleitoral para provimento de prefeituras como a de São Paulo temacarretado conseqüências desastrosas. Ainda agora, uma Administração quejá teve à frente autoridades da envergadura de Prestes Maia e Anhaia Melovê-se às voltas com o destempero do Sr. Reinaldo de Barros, cidadão que,posto ex-abrupto no segundo cargo do Estado, por essa circunstância desdelogo passou a aspirar sofregamente o primeiro. Para se fazer candidato a go­vernador pela desfalecente sigla do situacionismo, perpetra S. Sa. descabela­dos despautérios administrativos, sem prejuízo das iniciativas políticas mar­cadas pela singularidade.

O episódio destes dias é de arrepiar, e integra um rosário de outros, domesmo gênero. Acontece que o Sr. Reinaldo de Barros, ao encastelar-se naPrefeitura da fremente e dramâtica capital paulista, encontrou em vigor umestatuto salvador, que tal é a Lei de Zoneamento Urbano. Por esta, redigidaembora em termos incompletos, exigentes talvez de maior rigor mas nunca dequebrantamentos e anuências, disciplinava-se o crescimento urbano, definin­do o uso de setores e regiões. Policiou-se o acelerado desenvolvimento da ci­dade, sem o que tornar-se-ia ela realmente inabitável e inadministrãvel. Viriaa ser mesmo a "Paulicêia Desvairada", que Mário de Andrade visualizou nossossegados anos 20.

Pois o burgomestre, acossado por pressões sempre econômicas e anti­sociais, a que seus planos político-pessoais não podiam ou não queriam resis­tir, começou a demonstrar esquisita tolerância para com as investidas e cons­pirações contra o édito zoneador, A maioria delas obteve mesmo a sua escan­carada concordáncia e só não destruiu a lei por força de recurso do Judi­ciário, gesto extremo a que foram levados bairros inteiros de São Paulo. Bata­lhas jurídicas acesas se travaram, tendo de um lado o Prefeito nomeado, de _machado em punho, a mirar arvoredos centenários e ruas descansadas, e deoutro os paulistanos, dispostos ao extremo sacrifício no resguardo de sua ci­dade e de seus direitos. A primeira ofensiva anti-sossego, dirigida aos chama­dos jardins e ao Sumaré, malogrou, e o Prefeito até hoje esperneia, através deembargos e agravos.

A agressão destes dias ocupa e preocupa São Paulo e dela' se podeafiançar que visa, alucinadamente, a todas as classes sociais. Fez-se mesmo

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Dezembro de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Terça-feira li 14695

assunto realçado na imprensa, nestes dias em que os acontecimentos enxa­meiam e assomam.

Para trincar de vez a lei de zoneamento, remeteu o Sr. Reinaldo de Bar­ros mensagem à Vereança, em caráter de urgência, contendo quatro projetosde lei (nvs 248, 250, 251 e 253) que no dizer do mais reputado técnico no as­sunto, o antigo Coordenador Geral do Planejamento da Prefeitura, "modifi­cam substancialmente a Lei de Zoneamento, favorecendo a especulação imo­biliária e desfavorecendo a população que ganha atê cinco salários mínimos".A seu ver, "os projetos certamente atendem a interesses político-eleitorais doPrefeito, que com eles ganhará a simpatia de grandes industriais e da classe

. média proprietária de terrenos, mas prejudicarão milhares de pessoas caren­tes, que não podem pagar aluguel, que não têm onde morar e que estão sendoincentivadas pelo próprio Poder Público a invadir terrenos municipais e par­ticulares".

Referindo-se em recente palestra, aos quatro ameaçadores projetos, disseo Sr. Cândido Malta, a propósito do de n9 248:

"Ele retira da COHAB o poder de barganha de comprar terra barata naszonas de expansão urbana como o definido, para a Zona Leste pela Lei n?9.300 /81, aprovada em agosto passado, e para as Zonas Norte e Sul pelo Pro­jeto de Lei n9 250, agora também enviado à Câmara."

Se a COHAB não tiver poder de barganha na compra de terrenos, argu­menta o arquiteto, ela pagará três vezes o preço atual, "o que inviabilizará aoferta de lotes urbanizados para a população mais pobre, que não conseguecomprar apartamento". Ele cita dados da própria COGEP para provar suaposição: a demanda atual de apartamentos populares é de 250 mil unidades,que exigirão 50 milhões de metros quadrados de terras para sua construção.Por isso, é preciso permitir que se comprem na zona rural do Município, Nor­te e Leste, especialmente Norte, grandes glebas a preço baixo.

Quanto ao Projeto de Lei n" 253:"O Projeto de Lei nv 253 - que trata do parcelamento do solo, propon­

do três tipos de loteamentos: padrão alto, médio e popular -, na forma comofoi enviado à Câmara" - diz Malta Filho - foi mutilado pela retirada dasdoações de áreas verdes e institucionais (15% e 5% respectivamente) e viárias.Para o arquiteto, a atual redação do Projeto de Lei nv 253 possibilita aosatuais proprietários dessas glebas (área superior a 10.000 m-) construir sho­ping centers, conjuntos de prédios de apartamentos e de escritórios ou fábri­cas, "sem doar um único metro quadrado de área pública, seja viária (ruas,passagens para pedestres), institucional (para escolas, creches, postos de saú­de etc.) ou para área verde". "Isso é um absurdo urbanístico, além de consti­tuir um privilégio para esses proprietários". É um princípio elementar do ur­banismo que a cada habitante adicionado à cidade devem corresponder es­paços públicos viários, verdes e institucionais, que garantam o indispensávelequilíbrio entre densidade populacional e espaços públicos destinados a essapopulação. "

Por isso, esclarece o arquiteto, nos loteamentos de desmembramentos deterrenos a lei. exige doações de 20% da área bruta para o sistema viário; de15% para áreas verdes, para garantir um mínimo de qualidade de vida; e 5%para uso institucional, para viabilizar a implantação, pelo Poder Público, deequipamentos sociais como creches, escolas, postos de saúde, hospitais etc."O privilégio concedido pelo Projeto de Lei n" 253 vai fazer com que o pro­prietário da' gleba (área superior a \0.000 m-) prefira não lotear oudesmembrá-Ia, pois poderá vender 100% da área e não 60%, como é o casodos loteamentos c desmembramentos".

Além disso, a cidade de São Paulo perderá a possibilidade de quasedobrar a sua área verde atual, passando de 24 milhões para 42 milhões de m ',dentro do atual perímetro urbano. "Isso porque 1/4 do espaço urbano da ci­dade é constituído por glebas vazias, somando 120 milhões de m' de terras",diz o arquiteto".

O Projeto de Lei nv 251 merece do antigo chefe da COGEP conside­rações que mais comprometem a Administração Municipal. A COGEP o ela­borará no seu tempo, visando preservar os bairros estritamente residenciais,como os chamados da City. Recebeu, no entanto, "enxertos de gabinete, am­pliando zonas de alta densidade, sem nenhuma justificativa técnica para tal".Ele cita, como exemplo, o caso da criação da Z3/235 na Estrada do Rio Pe­queno, esquina da Avenida José Joaquim Seabra, atrás da cidade universi­tária, "enviada casuisticamente três dias depois do projeto ter chegado à Câ­mara Municipal". O que se quer é duplicar o valor de uma grande gleba quelá existe e, além do mais, sem doação de áreas públicas. .

Um outro exemplo, que ele qualifica de "vergonhoso", é o da invasão doPacaernbu por prédios, a partir da rua Edgar Egídio de Souza Aranha, "utili­zando cavalos de Tróia de três prédios em construção, com alvará nulo, con­forme denúncia que fiz por escrito ao Prefeito Reinaldo de Barros, no dia deminha exoneração do cargo na COGEP, em junho passado".

"No City Alto de Pinheiros - outro "absurdo" está sendo proposto: aliberação de cerca de 300 mil m' de uma área de I milhào de m-, que está con­gelada pelo zoneamento da cidade desde 1972 - a liberação seria para pré­dios de escritório, apartamentos e hotéis, sem as doações de áreas públicas ecom uma valorização de, no mínimo, ~ bilhões de cruzeiros."

Ante esse quadro calamitoso reclama-se da edilidade paulistana que nãoo aprove às carreiras, pois, afinal, representa ela prioritariamente os interes­ses populares, em permanente choque com a bionia. Com isso, permitir-se-iaum exame mais acurado das proposituras, de parte não apenas dos Vereado­res, mas de entidades comunitárias, de órgãos ligados ao urbanismo, da po­pulação enfim. que não pode ser devorada pela gula governamental do Prefei­to. Um homem só, atazanando por ambições político-pessoais, não deve avo­car para seu foro íntimo uma questão que fere todo um aflito mundo de 10milhões de habitantes, já suficientemente talados por aflições de toda sorte.

O SR. .rost RIBAMAR MACHADO (PDS - MA. Pronuncia o se­guinte diseurso.) - Sr. Presidente, Srs, Deputados, realizou-se, de 23 a 27 denovembro findo, em São Luís do Maranhão, a Décima Reunião dos Direto­res de Órgãos Rodoviários Estaduais, patrocinada pelo Departamento de Es­tradas de Rodagem - o DER-MA - daquele Estado.

A \O! REDORE apresentou um temário do maior interesse, prosseguin­do na análise e na procura de soluções para os problemas econômicos­financeiros que afligem o setor rodoviário do País, incluindo comunicaçõesreferentes a alternativas administrativas, financeiras, técnicas e operacronaisvisando à elevação de receitas, à diversificação das formas e fontes de cap­tação de recursos, bem como à redução de custos nas obras de infra-estruturaviária.

O temário é abrangente, sem perda da especificidade necessária ao exa­mc das questões de natureza econômico-financeira com exclusividade e pro­fundidadc.

O Governador João Castelo foi o Presidente de honra e da sessão solenede abertura da \O, REDORE, que contou com as presenças do Secretário dosTransportes, Engenheiro João Rodolfo Ribeiro Gonçalves, do Prefeito Mu­nicipal de São Luis, demais Secretários de Estado, Deputados Federais e Es­taduais e Prefeitos Municipais.

Foram conferencistas Ministros e Secretários de Estado, além dos titula­rcs do DNER, DNDE, VIBEP, GEIPOT e CARAJÃS e os coordenadores doPOLAMAZÓN1A e POLONORDESTE.

Todas as sessões plenárias, em número de quatro foram realizadas entreoito e trinta e doze e trinta horas, reservando-se as tardes para a parte social,com rápidos passeios, painéis de representantes de máquinas rodoviárias e vi­sitas a pontos turísticos, ao Museu Histórico e Artístico do Maranhão e aoPalácio dos Leões.

Os participantes foram hospedados no Hotel Quatro Rodas, categoriacinco estrelas. na Praia do Calhau, ficando as despesas por conta dos órgãosrodoviários representantes, exceto as de ônibus e os jantares, coquetéis e pas­seios de natureza coletiva oficialmente programados.

Os trabalhos foram coordenados pelo Engenheiro Geraldo Antônio Bo­géa Góes Fonseca, Chefe da Assessoria Técnica do DER-MA e ex-SecretárioSubstituto de Transportes e Obras Públicas.

Congratulamos pelo êxito a Décima REDORE, certos de que os visis­tantes receberam condigna acolhida do hospitaleiro povo de São Luís.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

O SR. FERNA."IDO COELHO (PMDB - PE. Pronuncia o seguinte dis­curso.) - Sr. Presiden te, Srs. Deputados, decorridos mais de dois anos da LeinO 6.683, de 28 de agosto de 1979, a anistia continua sendo, para muitos brasi­leiros, apenas uma promessa. Pouco generosa no seu texto, as restrições queestão ocorrendo na sua' aplicação - sobretudo em alguns setores da Admi­nistração Pública - deixam de amparar mesmo aqueles beneficiados pelamedida.

Sobre o problema o advogado Elias Costa Lima - jurista do melhornível - fez uma análise irrefutável. Trata-se de um seguro roteiro de orien­tação para os que, ainda hoje, lutam pelo reconhecimento de seus direitos.

O SR. DASO COIMBRA (PP - RJ. Pronuncia o seguinte dlscurso.)­Sr. Presidente, Srs. Deputados, entendo ser bastante oportuna a extinção doFundo Nacional de Telecomunicações. Por isso, neste sentido, apresentei emoutubro à consideração dos Srs. Parlamentares um projeto de lei.

Justifica-se a medida no fato de aquele Fundo ter sido criado há quasevinte anos, como uma taxa transitória para ajudar às empresas de telecomu­nicações.

Entretanto, a TELEBRÃS e demais empresas de seu sistema já alcança­ram um padrão tal em suas atividades que as taxas normais que cobram pelosserviços prestados se revelam suficientes para manter cada uma daquelas em-

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14696 Terça-feira 8 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçào I) Dezembro de 1981

presas. E tanto isso é verdade que a Secretaria de Planejamento da Presidên­cia da República intenta desviar para o Fundo Nacional de Desenvolvimentodos recursos captados à conta do Fundo Nacional de Telecomunicações,fazendo-o ao arrepio do Congresso Nacional, de forma irregular e mesmo cri­mmosa.

E já o vem fazendo, de maneira parcial. Há notícias de que neste ano de1981, de toda arrecadação do Fundo Nacional de Telecomunicações apenas39% se destina às empresas do sistemas TELEBRÁS. OS restantes 61% estãosendo manipulados pela Secretaria de Planejamento estuda a possibilidade deaplicar o FNT em projetos nas áreas de energia nuclear e transporte, só não ofazendo ainda em face de resistências que partem do Ministério das Cornuni­caçôes, em virtude de problemas de ordem Jurídica suscitados, pois aquelaPasta entende ser "ilegal o uso desses recursos em programas com fins dife­rentes".

Esses fatos, que a imprensa do País tem publicado, demonstram a desne­cessidade de se estar onerando as contas dos serviços de telecomunicações, es­pecialmente as contas telefônicas" com a cobrança de uma sobretaxa que jácomeça a ocasionar conflitos na área do Governo, pois a usura da Secretariade Planejamento não entende que se possa dar por encerrada a cobrança deuma taxa de natureza transitória. Antes, tenta deslocá-la para outros setoresjá beneficiados com impostos e taxas indiretas' que se cobram, por exemplo,sobre o preço da gasolina e dos demais derivados do petróleo.

Espero ver a mencionada proposição, que se encontra na Comissão deConstituição e Justiça, aprovada nas duas Casas do Congresso Nacional. Êtempo de se dar por extinto o Plano Nacional de Telecomunicações que, ten­do cumprido plenamente os seus objetivos, pode, desaparecendo, minorar oscustos de um serviço essencial para os brasileiros, como à telefonia e as tele­comunicações em geral.

Quero, pois, contar com o apoio dos Srs. Deputados, dos quais espero amelhor compreensão para com os objetivos morais, sociais, econômicos e fi­nanceiros do projeto de lei que apresentei para extinguir o Fundo Nacionalde Telecomunicaçôes.

Era o que tinha a dizer.

O SR. PAULO RATTES (PMDD - RJ. Pronuncia o seguintedlscurso.)- Sr. Presidente, Srs. Deputados, os horrores porque passaram na última se­mana os pctropolitanos e teresopolitanos, devido aos temporais que desaba­ram sobre as suas cidades, nos levam a uma reflexão profunda a respeito dascausas que permitiram a morte de dezenas de fluminenses, sobretudo em Pe­trópolis. Não é de hoje que se reclamam medidas institucionais sobre a ocu­pação do solo nas cidades serranas, capazes de deter e ordenar a especulaçãoimobiliária e a conseqüente ocupação das encostas, que com os temporaisconduzem aos desabamentos, quase sempre com vítimas fatais.

Prefeito de Petrópolis, no período de 73177, preocupado com tais fatos,além de um novo Código de Obras, editamos um Decreto que proibia expres­samente a construção de moradias em encostas. Infelizmente, tal legislaçãoposteriormente não foi cumprida com rigor, especialmente na periferia da ci­dade. onde habitam as populações mais pobres, levando ao desastre dequarta-feira última dezenas de pessoas no Alto Independência.

Sr. Presidente. Srs. Deputados, além de medidas administrativas, o quePetrópolis e Teresópolis realmente necessitam é da ação dos Governos Fede­ral e Estadual, com verbas e obras capazes de modificar tal quadro.

Todos os Municípios brasileiros são pobres, devido à política de concen­tração financeira da União.

Reclamamos desta Tribuna outro tratamento para as duas cidades. Nãoserú com medidas paliativas ou com uma verba irrisória. eomo a que foi con­cehida de vinte milhões de cruzeiros para as duas cidades, que diminuiremosos seus males.

Urge que o Ministério do Interior, através do DNOS e do BNH e o Go­verno do Estado - um eterno omisso - através do SERLA, executam obrasde profundidade, tais como desassorearnento das bacias dos rios e canais quecortam aquelas cidades, desvio de parte das águas da bacia do Centro dasduas cidades. com túneis que canalizem o excesso de águas e outras bacias, edesobstrução de galerias fluviais.

A construção de conjuntos populares para as famílias de baixa rendapelo BN H evitaria as construções nos morros e o conseqüente deslizamentode barreiras.

Termino, Sr. Presidente, reclamando das mãos estendidas do Sr. Presi­denteda República. Se elas agora estão recolhidas, com o nefando "pacotão"eleitoral de novembro, que elas. neste instante. pelo menos, se estendam paraajudar as populações sofridas do Estado do Rio: especialmente de Petrópolise Teresópolis.

O SR. EDSON KIIAIR (p:\1DB - RJ. Sem revísão do orador.) - Sr.Presidente. Srs. Deputados, mais uma vez lamento o não cumprimento da pa-

lavra do Ministro Rubem Ludwig, que; convocado pelo Plenário desta Casapara comparecer à CPI do Ensino Pago, assim não o fez, apesar de ter prome­tido, através de sua assessoria nesta Casa, que aqui compareceria para anali­sar as causas dos constantes e extorsivos aumentos das anuidades escolares.Esperamos que, em março ou abril, S. Ex' possa honrar a sua palavra de Ge­neral e de Ministro e venha ao Legislativo dar o seu depoimento e' mostrar oposicionamento do seu Governo em relação a CPI do Ensino Pago e mesmodo ensino pago, que atualmente, neste País, é uma das fórmulas de maior ex­ploração do povo brasileiro, sobretudo aquela parcela que ainda consegue teracesso à universidade. .

IV - O SR. PRESmENTE (Joel Ferreira) - Passa-se ao Grande Expe­diente.

Tem a palavra o Sr. Jorge Vianna.

O SR. JORGE VIANNA (PMDD - DA. Sem revisão do orador.) - Sr.Presidente. Srs. Deputados, antes de iniciar a minha oração, consultaria aPresidência sobre se novos dispositivos regem os pronunciamentos nesta Ca­sa. Ontem, a televisão mostrava que o Senador Líder da Oposição não haviaconseguido usar da palavra naquela sessão tumultuada - ocasião em que oGoverno não conseguiu colocar 'em plenário o número de Parlamentares ne­cessário para dar início a esta convocação extraordinária - e o Presidentejustificava o Cito afirmando que a palavra não lhe havia sido dada porque S.Ex' não tinha formulado o seu discurso escrito para lê-lo na tribuna. Se antesjá censuravam os discursos depois de pronunciados, desejo saber se agora ne­cessitam ser apresentados por escrito anteriormente, para já sofrerem a cen­sura prévia da Mesa da Câmara. Esta tarde eu não trouxe o meu discursopronto. trouxe apenas algumas idéias para debater neste Plenário. Pergunto àPresidência se posso continuar na tribuna sem ter trazido o meu discurso jáformulado.

O Sr. Oetacílio Queiroz - V. Ex' poderia indagar da Mesa se há Ordemdo Dia dos trabalhos de hoje.

U SR. JORGE VIANNA - Pergunto, nobre Deputado Octacílio Quei­roz, porque ontem negou-se a palavra à Oposição nesta Casa, na abertura dasessão, se foi pelo simples motivo de o Senador Marcos Freire, Líder no Sena­do, não ter trazido formulada por escrito a sua indagação. Volto a perguntarà Presidência se o Regimento Comum da Casa exige que os discursos sejamformulados antecipadamente.

O SR. PRESIDE:"lTE (Joel Ferreira) - A sessão de ontem foi do Con­gresso Nacional. Não teria, portanto, como responder à sua indagação. Mascomo conheço a matéria, posso dar-lhe as explicações que o Regimento Co­mum e a Constituição prevêem. Tanto na Constituição corno no RegimentoComum consta que as sessões de abertura do período extraordinário ou ordi­nário são solenes. Lembram os melhores tratadistas do Império,da Primeirae da Segunda Repúblicas, que os parlamentares compareciam a essas sessõessolenes. inclusive os Imperadores de cartola, como imperativo constitucionale que nessas ocasiões não havia questões de ordem. A sessão é aberta peloPresidente e em seguida é lida a mensagem objeto da convocação da sessão.Isto não está implícito, está claro na Constituição e no Regimento Comum.Portamo, valendo-se desse dispositivo legal é que o Presidente do Congresso'Nacional, Senador Jarbas Passarinho, não pôde - ainda que o quisesse ­conceder a palavra aos oradores que pretendiam levantar questão de ordem.porque está expresso que nessas sessões solenes também não cabe questão deordem.

Esta é a explicação que posso dar a V. Ex', mesmo não sendo Presidentedo Congresso Nacional.

O SR. JORGE VIANA - Agradeço à Presidência o esclarecimento epergunto se, nesta convocação extraordinária da Câmara, nas sessões solenesos Deputados podem falar.

O SR. PRESIDENTE (Joel Ferreira) - Respondo a V. Ex' que as ses­sões da Câmara dos Deputados, neste período de convocação, são considera­das sessões comuns. V, Ex' poderá usar da palavra pelo prazo de 30 minutos,para o seu discurso, escrito ou de improviso.

O SR. JORGE VIANA - Muito grato. E já que V. Ex' se apega tanto àConstituição. eu, sem ser perito na matéria, porque não sou constitucionalis­ta, vou demonstrar que este Congresso está convocado para tentar aprovaruma lei inconstitucional, o chamado "pacotão" eleitoral.

Ouço o nobre Deputado Edson Khair.

O Sr. Edson Khair - Ê exatamente sobre a explicação que o nobre repre­sentante amazonense deu a V. Ex' Acredito que o Senador Passarinho tenhaquerido. num exemplo de antítese, comparar o Parlamento brasileiro ao in­glês. às avessas. l\' o parlamento inglês ocorre exatamente o contrário: não sepode pronunciar discurso lido. Como o parlamento inglês é o que existe de

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Dezembro de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Terça-feira 21 14697

mais autêntico em relação aos demais legislativos do mundó - no Ocidente.é o mais antigo. pois data da época do João Sem Terra - tenho a impressãode que o Senador Ce!. Passarinho. num exemplo de antítese, queira estabele­cer uma comparação entre o parlamento inglês e o brasileiro. e trazendo. jun­to com o "pacotào", uma nova prática para esta Casa. a de só fazermos pro­nunciamentos por escrito. Talvez seja essa uma explicação que. se não for re­gimental, pelo menos entra para o folclore brasileiro. o folclore da subser­viência.

O SR. JORGE V[ANNA - A Constituição também diz, Deputado Edi­son Khair, que para instalar qualquer sessão do Congresso, seja ela solene ounão, é preciso que haja número regimental de Deputados e Senadores. Se. efe­tivamente, não há número e não se faz a verificação quando solicitada, a ses­são não se pode instalar. É isso que posso dizer a V. Ex'

Sr. Presidente. Srs. Deputados. efetivamente, esta Legislatura foi instala­da sob o signo da abertura política. De fato, o A [-5 tinha sido revogado. Éverdade que agora um assessor do Ministro da Justiça declarou, há poucosdias, que o Ato Institucional n9 5 continua em vigor. Então, é necessário.também que esta Casa saiba o que o Ministro da Justiça diz hoje não valeamanhã; assim também o que disse este Governo untem não vale hoje, e nãovalerá amanhã. Efetivamente, todos têm conhecimento de que o Ministro daJustiça disse, pela televisão - e eu assisti - tranqüilizando a Nação, que se­ria aprovada apenas a Lei dús Inelegibilidades e a nova lei que altera a LeiFalcão. Dias após ter-se reunido com a Oposição no seu gabinete, ter assumi­do compromissos e feito o acordo pelas matérias que estavam dependendo deaprovação, o que se viu? Meia hora depois ele foi desautorizado, foi desmora­lizado e continua Ministro da Justiça, porque, neste País, os Ministros se ape­gam aos cargos, sejam eles quais forem. Recebem as ordens e transmitem-nasà Nação. Toda a Nação continua. efetivamente, em ordem unida, recebendoas ordens e cumprindo-as. E quando se anuncia abertura entende-se por aber­tura política o jogo da transferência do poder. E eu perguntaria aqui quandose pensou, realmente, em fazer transferência de poder? Aqueles que acredita­ram, que formaram e dividiram as oposições. hoje já viram o seu engano e jácorrem, celeremente, na tentativa de se reunificar. porque transcorrido tantotempo da posse do General que hoje ocupa o Planalto, já se sabe que a Lei daAnistia não foi para valer. o AI-5 continua em vigor, não foi revogado, a Leide Segurança Na'cional já pune Deputados. já os torna inelegíveis sem au­diência desta Casa. A Nação. agora. já não pode, sequer escolher com tran­qüilidade. livremente os seus governantes.

Mas eu ouço o Deputado Marcus Cunha com a maior satisfação.

O Sr. Marcus Cunha - Nobre Deputado Jorge Vianna, aproveitaria aintervenção que V. Ex' me concede no seu discurso apenas para dizer que, nainterpretação do nobre representante amazonense, o Deputado Joel Ferreira,presidindo a Casa neste momento, nós, Parlamentares, podemos fazer discur­so por escrito ou de improviso. E eu gostaria, então, de perguntar a S. Ex',que é, sem dúvida alguma, um "expert" em Regimento Interno, se podemostambém fazer discursos psicografados? Porque, segundo estou informado, oex-Iv-Ministro português. Oliveira Salazar, falou ontem, na instalação doCongresso Nacional, exatamente pela voz do Senador Jarbas Passarinho. As­sim, gostaria de saber se são permitidos discursos psicografados. (Palmas.)

O SR. JORGE VIANNA - Deputado Marcus Cunha, agradeço a V.Ex', e devo dizer que não só psicografados, mas, sobretudo, gravados. Os dis­cursos que a Liderança do Governo traz são repetições de ordens que recebedo Planalto. Ela aqui vem apenas compor o quadro de manutenção da dita­dura, de manutenção dos dias nefastos que vive a Nação. Perguntaria: vamoscontinuar nesta situação? Nossa grande dificuldade ê que, todos aqueles queacreditavam no juramento do Presidente, do General de plantão no Planalto.de fazer deste Pais uma democracia, sabem. hoje, que essa vontade de S. Ex'não será cumprida. S. Ex' já se esqueceu dos ensinamentos que recebeu doseu pai. Já disse, várias vezes. desta Tribuna, que o espírito democrático não éhereditário, não é transmitido geneticamente, adquire-se e se aprende, na vi­

.da, a ser democrata. O General de plantão nunca disse qual era a democraciaque ele ia realizar.

Temos hoje, nesta Casa. um projeto para ser votado neste período deconvocação extraordinária, exatamente quando todos os jornais e todos osMinistros poderosos diziam que este Congresso não poderia ser convocado,extraordinariamente, no recesso, porque custaria muito caro à Nação, e que oPaís, com isso, despenderia o que não pode. Mas, os Generais fizeram umareunião e lá apresentaram ao Ministro da Justiça o novo "pacote" que terá dedescer pela goela d~ partido do Governo. Hoje, até o Presidente já fala emaprová-lo por decurso de prazo, pois sabe que não conseguirá dobrar a colu­na vertebral de muitos componentes do partido do Governo, que não se sub­meterão a votar este monstrengo que é o "pacote". Então, sabendo disso, ho-

jc, até mesmo pelos jornais, anuncia-se à Nação que vão aprovar o projetopor decurso de prazo.

Estamos aqui para cumprir o nosso dever. O jogo já começou e não podeter suas cartas mudadas. porque efetivamente, esta Constituição que o Gene­ral de plantão jurou respeitar não pode ser substituída por uma lei vulgar, queeste Congresso terá que votar com todo o regime de exceção vigente. fazendocom que os representantes do partido do Governo se vejam. por uma legis­lação autoritária. obrigados a votar.

A Constituição. em seu art. 152. diz:

..A organização e funcionamento dos partidos políticos. deacordo com o disposto neste artigo, serão regulados em lei federal."

Já o foram. E diz ma is. em seu § 39:

"Não terá direito a representação o partido que obtiver vo­tação inferior aos percentuais fixados no item 11 do parágrafo ante­rior. hipótese em que serão consideradas nulas."

Mas. Sr. Presidente e Srs. Deputados. o próprio art. 152. § 19• diz:

"Na organização dos partidos políticos. serão observados osseguintes princípios: IV - no âmbito nacional, sem prejuízo dasfunções deliberativas dos órgãos regionais ou municipais."

D:! 'c ,tqui I': 'na liberdade aos órgãos municipais e regionais para lança­rem ou não cundid.iros, para decidirem ou não sobre sua reunião com outrosI'Jni,;" sobre colig.rcões partidárias. Iss" é o que diz a Constituição. Mas o'pacotào". a lei que i,' -ita na calada uu noite, para descer goela adentro,

"ara subjugar esta Nacà .... diz, no seu art. S9:

"Nas eleições previstas nesta lei. o eleitor votará apenas emcandidatos pertencentes ao mesmo partido. sob pena de nulidade devoto. para todos os cargos."

O seu § 19 diz:

"Quando o partido não tiver diretório no Município, nem filia­dosem número suficiente à realização da convenção para escolha decandidatos na forma do § 79 do art. 29• a nào indicação destes paraos cargos municipais não acarretará o indeferimento da chapa decandidatos para as eleições de âmbito estadual ou federal."

Mas. vejam bem. ele exige que todo diretório municipal seja obrigado alançar candidatos. contrariando frontalmente o que diz a Constituição Fede­ral no seu art. 152 e seus incisos.

Ouço o Deputado Adhemar Santillo.

O Sr. Adhemar Santillo - Nobre Deputado Jorge Vianna, a tese que V.Ex' defende da tribuna não necessita de qualquer correção. Estamos, real­mente. mergulhados em um novo golpe. Como ocorreu em abril de 1977.quando o Gen. Geisel impôs à Nação o "pacote" de abril, agora impuseram àNação o "pacote" de novembro. que é um novo golpe. Não se trata de umato institucional, mas tem a força de um ato institucional. Os que estão nopoder não querem entregar esse poder. Dividiram a Oposição. Querem, ago­ra. que a Oposição dispute as eleições dividida em 5 partidos, obrigando-a aolançamento de candidatos s: vinculando os votos. Toda a Nação sabe o queeles querem com isso. V. Ex' - parece-me - foi muito generoso para com abancada do PDS. A bancada do PDS, nobre Deputado Jorge Vianna, não es­tá contrariada com o "pacote". A bancada do PDS, que tem sido a susten­tação do golpe aqui nesta Casa, que tem sido a responsável pela aprovação dematérias inconstitucionais. que proíbem a marcha do povo em busca da rede­rnocratizacão do País, essa bancada está eufórica. O PDS é um apêndice doPalácio do Planalto. O PDS está-se regozijando neste instante. O PDS só temcondição de ser partido político na medida em que conta com o apoio da mãodura, da mão forte do Governo Federal. Não há dúvida, Deputado JorgeVianna, os deputados e senadores do PDS estão realmente numa situação deeuforia total com esse "pacote" eleitoral. Eles entendem que com isso seus'oroblernas serão solucionados. Esquecem-se de que perderão c respaldo ou orespeito do povo. O PDS, que costuma sair do Plenário, deixando matériasser aprovadas por decurso de prazo; o PDS. que aqui vem aprovar matériascontra a sociedade brasileira; o PDS que se nega a aperfeiçoar as leis; o PDS,que insiste em ser o braço civil do golpe. no Congresso Nacional, perdeu orespeito da sociedade brasileira e somente através de um golpe, é oue se pode­rá manter nas cadeiras do Congresso Nacional e das assembléias. Não tenhodúvidas, o PDS e o Governo. neste instante. estão juntos trabalhando contraa democracia. O General Figueiredo edita o "pacote", o PDS o sustenta. En­fim. ambos são antidemocráticos, querem impedir a marcha do povo. Nãofaço distinção entre o General Figueiredo e o PDS civil que aí está. Todos sãocontra a democracia, todos estão contra a Nação, todos estão a serviço da di­tadura.

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14698 Terça-feira 8 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Dezembro de 1981

o SR. JORGE VIANNA - Deputado Adhemar Santillo, efetivamente,o motivo que me trouxe hoje à tribuna é saber do partido do Governo paraonde quer levar esta Nação. Enquanto o País estava vivendo com a possibili­dade de uma abertura política, de um jogo normal democrático, tudo bem.Agora, eles visam, num futuro próximo, a luta armada fratricida; querem avolta ao período da tortura, da morte no calabouço. A nossa juventude nãoteve outra opção. Será que os homens do Governo querem transformar estaNação num banho de sangue? Não acredito, Deputado Adhemar Santillo,que este seja o desejo de generais. E aqui deixo uma posição pessoal: nãoacredito que o General Go lbery do Couto e Silva esteja de acordo com este"pacote". S. Ex! o demonstrou, claramente, quando não foi à reunião doPDS dar apoio ao fechamento da questão do partido. S. Ex' sabe muito bemque de "pacote", de embrulho, esta Nação cada vez mais é sacrificada. Já avenderam, já a entregaram, já a deram de presente, já a alugaram - estão atétentando arrendá-la, por mais 30 anos, a estrangeiros. Pouco vai restar. Senão tivermos efetivamente a certeza do jogo limpo e democrático, temo pormeus filhos, por meus netos, pela Nação que lhes haveremos de entregar.Nosso desejo era entregá-la livre e democrática.

Ouço o Deputado Claudino Sales.

o Sr. C1audino Sales - Deputado Jorge Vianna, eu diria a V. E' que asmedidas preconizadas na legislação da reforma eleitoral, objeto da convo­cação extraordinária deste Congresso; cujo segundo dia hoje estamos a viver,são princípios uniformes para todos os partidos políticos, são regras que vãorecair sobre o PDS e também sobre o partido de V. Ex', assim como sobre osoutros partidos. Na verdade, se V. Exss, os partidos de Oposição, os homensque os formam, tiverem opinião pública, povo para votar nos seus candida­tos, as medidas que são objeto da reforma não alcançarão V. Ex's, não al­cançarão os partidos de Oposição, porque são regras que, se atingem essespartidos, também alcançam o PDS. Não é uma medida que beneficie isolada­mente o PDS e constranja, dificulte ou impeça que os eleitores do PMDB, doPT, do PP de toda a constelação oposicionista prefiram votar nos candidatosdesses partidos. Na verdade, a medida visou especialmente a uma consoli­dação dos partidos, impedindo acordos escusos que estavam sendo prepara­dos em diversos Estados. E, neste ponto V. Ex' não entenda que eu esteja fa­zendo uma acusação particular ao seu partido ou aos partidos oposicionistas.Eu diria a V. Ex', para gáudio do Deputado Adhemar Santillo, que se divertea bandeiras rasgadas com o meu aparte, que, na verdade, ninguém estavaimune a esses acordos secretos, a esses acordos que talvez pudessem ser classi­ficados até de cambalacho. Esta é a verdade. Admiro a mudança de V. Ex' arespeito do Ministro ou do ex-Ministro Golbery que sempre foi chamado deo mago das transformações.

O Sr. Isarel Dias-Novaes - O bruxo.

O Sr. Claudino Sales - O bruxo, lembra' o Deputado Israel Dias­Novaes.

O Sr. Israel Dias-Novaes - E ainda é.

O Sr. Claudino Sales - ...e o dono da alquimia do Palácio do Planalto, ohomem que elaborava as fórmulas mágicas destinadas a castigar as opo­sições. Agora V. Ex' já se faz o seu defensor, já aponta o sentido democráticoda ausência de S. Ex' na reunião do PDS de há dois dias. Registro a mudançade V, Ex', embora não lhe possa atribuir, por maior que seja a estima pessoalque tenho por V. Ex', bons sentimentos, bons objetivos, apreciação isentamesmo. Acho que V. Ex' está manobrando magnificamente como convém àOposição, que se especializou nessa pescaria de águas turvas. V. Exss pescamtudo que aparecer, tudo é lucro. Na verdade, tudo é razoável. E, quando oDeputado Adhemar Santillo, na sua santa indignação, no seu formalismo degrande justiceiro apoplêtico, proclama o democraticismo do seu partido,lembro-me de que bela demonstração de democracia deu o antigo MDB e oatual PMDB e de como é ditatorial o meu partido, que aprovou sozinho aanistia e derrubou o Ato Institucionalnv 5. Lembraria isto como princípio deconduta, como emanação do ponto de vista que, na verdade, está a desmentiras colocações que V. Ex' fez nas exaltações deste momento. Não sei por queeste desejo de colocar bem o PMDB à custa do PDS. Não está correto, nãocorresponde aos fatos da história recente. Aprovamos a anistia para todo omundo. Agora, põe em dúvida os princípios liberais e democratizantes doPMDB, que fez desaparecer de uma das suas convenções uma resolução quedava aos cassados o direito de se inscreverem beneficiadamente como candi­datos natos ao processo eleitoral. Esta resolução desapareceu. São os cassa­dos que o dizem. Esta é a afirmação de democracia que tenho para apontarao Deputado Adhemar Santillo, que está esquecido de que fizemos a anistiapara os seus conterrâneos. Na verdade, sinto que o PMDB está preocupadocom o retorno de certos ex-cassados...

O Sr. Waldir Walter - Permite-me V. Ex' um aparte?

O SR. JORGE VIANNA - Estou esperando o Deputado Claudino Sa­les terminar para responder a S. Ex'

O Sr. C1audino Sales - ... que agora vão disputar os cargos. São' ex­cassados para os quais não se quer dar lugar, porque a presença deles na dis­puta dos votos é incômoda, inconveniente.

O SR. JORGE VIANNA - Desejaria dizer ao Deputado Claudino Sa­les, em primeiro lugar, que não sou vivandeiras de quartéis. Não conheço oGeneral Golbery. Não lhe fiz elogios. Apenas achei que ele, que V. Ex' diz tersido o autor de todas as manobras e soluções para manter este País sob a dita­dura, não se submeteu a aprovar esse "pacotão" no seu partido. Quero dizera V. Ex', Deputado Claudino Sales, que, efetivamente, não sou eu que viviatrás dos generais. Desejaria só saber se esses generais brasileiros vão manteresse Governo de incapazes. Vão manter esta Nação à custa de quê? Para quê?Diria a V. Ex', Deputado Claudino Sales, que essa lei que V. Ex' diz benefi­ciar todos os partidos não pode ser superior à Lei Maior, que é a Consti­tuição. E a Constituição diz, no seu art. 19, § 19 - talvez V. Ex' esteja esqueci­do disso, pois já se foram dezessete anos na sua vida política - que "todo opoder emana do povo e em seu nome é exercido". O que esta lei está preten­dendo fazer é impedir o direito do povo de livremente escolher os seus candi­datos, vinculando nomes e partidos lá na base municipal, tirando o poder e,por isso mesmo, sendo inconstitucional. Ê o que coloco nesta tarde, sendoque o meu partido tem a obrigação de entrar no Supremo Tribunal Federalargüindo a inconstitucionalidade desse chamado "pacotão" eleitoral.

O Sr. Waldir Walter - Deputado Jorge Vianna, quero trazer meu apoioao discurso que V. Ex' está fazendo. Mas queria que me permitisse dizer-lheque essas belas considerações de ordem constitucional e doutrinária que V.Ex' está fazendo devem ser dirigidas às bancadas de Oposição e à Nação bra­sileira, porque do lado de cá está o arbítrio, e este não tem doutrina. Exata­mente por não tcr doutrina, ele não pode enfrentar o debate, não pode discu­tir com os adversários pela televisão. O arbítrio, a sua doutrina é apenas o po­der, e nós estamos sendo governados pelo arbítrio. Quando se vive sob a égi­de do arbítrio, não se tem justiça independente, não se tem Parlamento inde­pendente, não se tem nada. Então, é comum ouvirmos declarações como aque acabamos de ouvir do Líder do PDS. Eles que cassaram e torturaram,eles que editaram os atos institucionais, têm o desplante de trazer acusações àOposição. Agora são os anjinhos que decretaram a anistia, Deputado JorgeVianna. Só falta acusar-nos de termos editado os atos e promovido as casosaçôes. Mas isso é marca registrada deles. A especialidade deles é exatamentecassar e apoiar o arbítrio. Por isso não gostam nem do uso da tribuna. Protes­tam sobre os excessos de linguagem, porque a que eles entendem profunda­mente é a dos atos institucionais, das cassações. A linguagem parlamentar,que é a arma legítima dos democratas, faz mal aos homens do PDS. Deputa­do Jorge Vianna, eles agora nos ameaçam através do Líder Cantídio Sampaioe através do Presidente do PDS, Senador José Sarney. Partiram agora para asameaças. Sabemos que são assim. É preciso que eles saibam, e talvez não sai­bam ainda, ser difícil superar um regime autoritário, um regime de arbítrio.Mas eles não são eternos. De uma coisa sabemos, aliás, sabemos mais: já le­vamos muitas cacetadas do arbítrio e poderemos levar outras tantas, mas sa­bemos que eles não vão rir sempre de nós, não nos vão ameaçar sempre e nãovão ganhar todas.

O SR. JORGE VIANNA - Deputado Waldir Walter, faço. minhas assuas palavras. Se V. Ex' pensou que eu me dirigi a eles, enganou-se. Só tenteidirigir-me desta tribuna, desta que é a Casa do povo, a toda a Nação brasilei­ra, para mostrar que, efetivamente, neste momento eles ameaçam, e ameaçamagora duramente com o retrocesso nas páginas dos jornais, por todos os seusporta-vozes. Se as Oposições se reunificarem através da fusão ou da incorpo­ração, coisa pior haverá de vir. Responderei a V. Ex' apenas dizendo que nos­sa função é lutar pelo povo brasileiro, ê fazer desta Nação uma democraciaonde todos tenham oportunidade de viver. Por isso lançaria neste momento anossa mensagem que deve ser a mensagem de todo o povo brasileiro, que se­guramente vai ouvir as palavras do Líder do PDS, nesta tarde, quando dizque, se o povo quiser votar na Oposicào, que vote. E ele vai votar e saber qualé a Oposição de verdade no Brasil. É por isso que dizemos: vincule o seu votoà Oposição. Viva a liberdade, viva a democracia. (Palmas.)

O SR. ARNALDO SCHMITI (PP - Se. Sem revisio doorador.) - Sr.Presidente, Srs. Deputados, este Governo conseguiu uma coisa que tínhamos

, quase como impossível: a unanimidade, a unanimidade contra. São os ope­rários, são os trabalhadores sem terra, são os minifundiários, são até os lati­fundiários, são os comerciantes, os industriais, são os funcionários públicos,enfim, todos os setores da sociedade brasileira hoje estão contra este Gover-

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Dezembro de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (SecãoI) Terça-feira 8 14699

no. Só não está contra o Governo quem dele faz parte ou dele recebe benes­ses.

Trago hoje aqui o exemplo de um desses setores: o que o Governo fez deum dos setores que é a Igreja. Tenho em mãos cópia do expediente do dia 4­12-81, assinado pelo Dr. Mauricio Corrêa, Presidente da OAB e da Comissãode Direitos Humanos, em Brasília, dirigido ao Ministro Ibrahim Abi-Ackel,onde ele relata, inclusive com anexos, com depoimentos, problema que vemocorrendo em Brasília com o Pe. Leopoldo d'Astonss, da Paróquia São José,L-6, Q. 604, e a ele pretendo reportar-me. E cito alguns exemplos no Brasil doProblema Estado-Igreja.

Consultei para tanto a imprensa.Dia 8-10-81, jornal O Estado de S. Paulo,

"Irmã Alzira Correa, da Congregação das Irmazinhas da Ima­culada Conceição, que dava aulas de corte e costura e pertencia àPastoral da Terra, teve de deixar a cidade de Una, na Bahia, sob aacusação de comunista e subversiva, porque estava trabalhando naComissão Pastoral da Terra de Itabuna. O Prefeito Luiz Elias deSousa, do PDS, entrou na sala onde a Irmã dava aulas, fez-lhe acu­sações, exigiu a chave da escola e cometeu uma sêrie de arbitrarieda­des. A Irmã Alzira, que é catarinense, e tinha chegado há apenas ummês na cidade, foi para Itabuna, onde continuou a ser ameaçada."Bispo diz que a freira fica em Una por uma questão Pastoral."

Isso está no O Estado de S. Paulo. do dia 10-10-81.Dia 3 de setembro de 1980, jornal O Estado de S. Paulo":

"Irmã Marilin Frye, que trabalhava no Rio Grande do Sul, foinotificada a deixar o País, não tendo seu visto de permanência reno­vado sem maiores explicações das autoridades federais".

Dia 20 de março de 1981, Tribuna da Imprensa:

"Duas freiras, Marlene Burges e Cony Van Haau, foram inti­madas a depor na Polícia Federal da. Paraiba, acusadas de incitaragricultores a invadir a Fazenda Placas e destruir o prédio da Coo­perativa Agrícola de Alagamar. A Secretaria de Segurança Públicada Paraíba acusou as freiras de "atentar contra a segurança nacio­nal, por promoverem reuniões secretas às caladas da noite, com ointuito de destruir o trabalho desenvolvido pelo Governo em Alaga­mar. A Arquidiocese da Paraíba considerou inverídicas as denún­cias."

Na semana passada, praticamente toda a imprensa nacional noticiou queos posseiros presos junto com os dois padres franceses foram pressionados,inclusive com promessas de grandes lotes de terras, para acusarem os padresfranceses de incitamento. Quatro posseiros não aceitaram as pressões. É opensamento da CNBB. João Marias, o líder dos posseiros, disse que o PadreAristides "mandou a gente se defender e também orientou como nós devería­mos agir". Aconselhou a guardar paus daqueles grandes para se defenderemquando fossem atacados.

Dia 27 de setembro de 1979, O Estado de S. Paulo:

"Padre Jesuíta Manoel Andrés Mato, que trabalha em comuni­dades de base, é ameaçado de expulsão com base em inquérito ins­taurado em 1970, no Rio de Janeiro, que apura atividades do Insti­tuto Brasileiro de Desenvolvimento. O Cardeal Dom Avellar Bran­dão Vilela e o superior da Companhia de Jesus, Pe. Dionisio S.1.,não véem motivos para tal.

Dia 26 de outubro de 1980, O Estado de S. Paulo:

"Há II anos, em Altinópolis, São Paulo, o Pe. Hélio Soares doAmaral, tal qual agora o Pe. Vito Miracapillo, foi condenado a vin­te meses de prisão pela Justiça Militar porque, no dia 7 de setembro,disse que "um povo não pode sentir-se independente quando vive namiséria e na fome".

Dia 8-2-81, Jornal do Brasil:

"Por discordar do trabalho do Pe. Aldo Lucheta na evangeli­zação e promoção humana, dentro da linha de Puebla, o Prefeito deRiacho de Santana, 8A, Alcides Coutinho, acusou o Padre de pro­mover bacanais no salão paroquial e de incitar o público ao amor li­vre. O Prefeito é apontado pelo Sindicato dos Trabalhadores Ruraiscomo grileiro e discorda do trabalho de opção pelos pobres, criaçãode escolas agrícolas e conscientização dos trabalhadores rurais feitopelo Pe. Aldo. Dom Avelar Brandão solidarizou-se cto Padre."

Dia 30-6-81 - O Globo:

"O Conselho Permanente de Justiça da Marinha condenou oPe. Reginaldo Veloso a dois anos de reclusão, por seu hino "Vito,Vito, Vitória" atentar contra a segurança nacional."

Dia 12-10-81 - O Estado de S. Paulo:

"Policiais civis e militares prenderam, após a procisão do Síriode Nazarê, em Belém, o Vice-Presidente da Conferência dos Reli­giosos do Brasil e Provincial dos Jesuítas na Bahia, Pe. DionísioScrinchetti, e os Padres Júlio de Laura e Manuel da Silva Lima, pordefenderem os fiéis portadores decartazes como: "Oh Maria, nãodeixa que os padres sejam expulsos", "Senhor, livra o teu povo dosopressores" e "O Espírito de Deus me enviou para libertar os pre­sos". Foram algemados e colocados num camburão. Jornalistas efotógrafos foram ameaçados e agredidos."

Dia 13-12-80, O Estado de S. Paulo:

"Pe. Giovanni Batista Zanotto, da Ordem dos Cambonianos, éprocessado pela Secretaria de Segurança de Rondónia, acusado deenvolvimento em conflitos entre posseiros e fazendeiros, em Pimen­ta Bueno, Rondônia. O Bispo de Ji-Paraná, D. José Martins, e o Pe.Mário, dirigente dos Cambonianos, dizem que o Pe. Giovanni não ésubversivo e que as acusações são incentivadas pela recente expul­são do Pe. Vito Miracapillo."

Dia 26-9-80, Jornal do Brasil:

"O Pe. Antônio Mamede Fernandes, quando ia dar uma unçãodos enfermos, foi ferido a bala por um desconhecido, em TeófiloOtoni, Minas Gerais. O motivo é a assistência que o Padre dava aospobres de uma área de 24 hectares (1.700 pessoas), ameaçadas de ex­pulsão pelo fazendeiro José Aloísio Dantas. A área em litígio, "Fa­vela Boiadeiro", é ocupada há vários anos, e o fazendeiro não temnem o domínio nem a posse desses 24 hectares."

Dia 11-3-81, Jornal do Brasil:

"O Médico Oto Carlos Fernandes e a enfermeira Geni Andret­to Fernandes, que seriam os autores de um aborto que provocou amorte de uma moça de São João Del Rei, em Minas Gerais, não fo­ram acusados pela promotora, que preferiu acusar o Pe. José Nacif.Vigário de Tiradentes, como responsável intelectual pelo aborto. OArcebispo de Juiz de Fora, D. Juvenal Roriz, disse que a finalidadeé sujar o nome do Padre. Em fevereiro, o Pe. José Nacif foi seqües­trado por quatro investigadores de dentro da Sacristia e foi interro­gado à força."

Dia 11-7-81, O Estado de S. Paulo:

"Dois padres foram presos em São Luís do Maranhão quandodefendiam moradores de Vila Gardênia, bairro de palafitas da Capi­tal do Maranhão."

Dia 19-10-81, Jornal do Brasil: "CNBB recebe denúncia de tortura a pa­dre no Pará":

"A CNBB foi informada de que o padre irlandês Peter Mac­Carthy, preso dia 16 com quatro irmãs vicentinas pela Polícia Fede­ral em São Geraldo do Araguaia (PA), foi espancado, tendo recebi­do várias coronhadas nos rins e chutes pelo corpo. O relatório rece­bido pela CNBB não faz menção a torturas nas freiras."

Dia 10 de setembro de 1981, Jornal do Brasil: "Padre é ameaçado comrevólver":

"Depois de ter seu carro bloqueado numa estrada e sob a mirade um revólver, o Padre João Deriok foi impedido de rezar umamissa para trabalhadores' rurais em Caruari (AM), pelo gerenteAgroflorestal da Amazônia, Sr. Laury Kniphoff.

Ao fazer a denúncia, a Sociedade de Obras Sociais e Educacio­nais da Paróquia de Caruari afirma que, usando palavras ofensivas,o gerente arrancou do padre a toalha com os objetos próprios doculto religioso, arremessou-os ao chão, obrigando o sacerdote e seusacompanhantes a retornarem à Paróquia."

Dia 12 de setembro de 1981: "Padre nega que tenha comandado manifes­tações.

Em Teresina, o Padre Ladislau Silva afirma que "as famílias que têm opoder inventaram "calúnias muito feias contra ele", que, porém, não se preo­cupa em defender-se, pois Deus é justo". Disse também que as pessoas quetrabalham com ele são perseguidas e "até ameaçadas".

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14700 Terça-feira 8 D1ÂRJO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Dezembrode t98J

Depois dos Incidentes do dia 7, quando Esperantina (PI) comemorava asfestas de sua padroeira, o Padre Ladislau fez um pronunciamento, acusandoas autoridades pelo espancamento de pessoas e por persegui-Ias com soldadosda Polícia Militar. A nota da Secretaria de Comunicação do Governo diz queo sacerdote fez "pregações alusivas a problemas políticos, atacando valoressignificativos da organização estadual e instituições nacionais".

No dia 28 de dezembro de 1980, o semanário O Movimento publicou ex­tensa matéria sob o título "porque caçam esses padres". Leio só o início:

"Por que quase 20 missionários estrangeiros que hoje atuam noBrasil estão sendo ameaçados de expulsão, como o padre Vito Mira­capillo, e até mesmo de jnorte?

Os repórtes de O Movimento, que foram ver como vivem ecomo lutam estes missionários, em diversos cantos do País, revelamem seus relatos, publicados nesta edição, que o pecado mortal destespadres, para o regime militar, foi terem decidido ficar ao lado dospobres e oprimidos.

Ê assim em Rondônia, onde um padre italiano, o "João Cabo­clo", ficou ao lado dos posseiros que pegaram em armas para defen­der seus lotes, Ê assim na periferia de São Paulo, onde uma dona­de-casa conta como os padres a ensinaram a "choferar" sua vida.Ou em Mato Grosso, onde três mil posseiros assinam um manifestoem favor do bispo-poeta, Pedro Casaldáliga. Ou em Carnpo-Erê, noextremo-oeste de Santa Catarina, onde o padre Tebaldini, italiano,está jurado de morte porque apoiou a ocupação de terras abandona­das. Ou em Belém, no Pará, onde um padre holandês enfrenta afúria de um comandante da Aeronáutica, Ou em Propriá, Sergipe,onde as "beatas" - mandadas por latifundiários - escrevem àPolícia Federal inventando aventuras amorosas de um padre belgacom as freiras.

O fato destes padres serem estrangeiros é apenas um pretextopara o regime, cujo objetivo principal é atingir a Igreja progressistae suas comunidades de base, que chegam a quase 100 mil em todo oPaís.

A questão dos padres estrangeiros - calculados em torno desete mil, num total de 12 mil sacerdotes, além de quase cinco milfreiras - é a pequena ponta visível de um enorme iceberg. que é aluta do grande capital e do latifúndio contra a Igreja Progressista."

E aqui, para não me alongar mais, leio só o início de outro artigo de OMovimento, do dia 25 de outubro de 1981:

"DUAS MIL PESSOAS REABREM A IGREJA PROFANADAHá missa, ato público e a fundação do

Sindicato dos Trabalhadores Rurais

A Igreja do povoado de Augustinópolis, município de São Se­bastião do Tocantins - Goiás, foi pequena demais para comportarmais de 2 mil pessoas, no último dia 4 de outubro. Era a missa desua reabertura, após passar três meses fechada em sinal de protestopela profanação sofrida no dia 5 de julho (data em que ocorreram ainvasão e o ataque armados praticados por um grupo de 50 grileirose pistoleiros). Não lograram êxito as barreiras colocadas pela Polí­cia Militar nas estradas de acesso, com o fim de intimidar e revistaros componentes das caravanas que se dirigiam ao povoado. Antesda missa, no mesmo dia, realizaram a assembléia de fundação doSindicato dos Trabalhadores Rurais de São Sebastião, um atopúblico e uma procissão.

No dia do atentado, a 5 de julho, cerca de 40 lavradores e agen­tes pastorais da região do Bico do Papagaio (que compreende osmunicípios de Araguatins, Axixa, Sítio Novo e São Sebastião doTocantins) participavam de um encontro cujo tema era a intranqüi­lidade que reina na região para se trabalhar a terra, devido às cons­tantes violências e arbitrariedades de que são vítimas, por parte dosgrileiros, pistoleiros e a própria polícia, sob a cobertura do Getal.Um dos objetivos do encontro: discutir as formas de organização ede luta para a defesa de seus legítimos direitos, de posse da terraonde trabalham."

É do mesmo teor o seguinte artigo:

"MISSA DE APOIO A PADRETRANSCORRE EM PAZ

J8 10-11-80

Florianópolis - Mais de 2 mil pessoas participaram de um ato público.seguido de missa, em solidariedade ao vigário de Carnpo-Erê. Padre

Afonso Tehaldini, ameaçado de morte e de expulsão por fazendeiros daregião, acusado de incitar agricultores sem terra a invadirem a FazendaBurro Branco. O Padre é italiano.

A missa, concelebrada por 40 padres sob o comando do Bispode Chapecó, D. José Gomes começou às 15h30m de sábado, naIgreja Matriz de Carnpo-Erê, prolongando-se até depois das 18 ho­ras. Ao contrário dos rumores que corriam pela cidade, de que osfazendeiros iriam fechar a praça da matriz com tratores - reforça­dos por dois panfletos anônimos distribuídos na cidade exigindo ex­pulsão do Padre - tudo transcorreu tranquilamente.Falta de Alimentos

Inicialmente, alguns agricultores representando a "FamíliaBurro Branco" - assim são chamadas as mais de 200 famíliasameaçadas de expulsão das terras da Fazenda Burro Branco - rela­taram a situação em que se encontram. Embora já tenham sidoplantados 18 mil kg de milho e 10 mil Kg de feijão, até a colheitaeles estão praticamente sem alimentos. Por isso, voltaram a pedirauxílio da paróquia para fornecimento de comida e assistência mé­dica.

D. José Gomes acentuou que a ação do Padre Afonso Tebaldi­ni é simplesmente de apoio e proteção aos agricultores sem terra enão ohjetiva, "como acusam levianamente os fazendeiros", incitá­los à invasão de terras alheias. Lembrou, ainda, que os primeirosposseiros chegaram na fazenda há cerea de 20 anos, enquanto o Pa­dre Tebaldini só está há cinco em Campo-Erê."

Eis o balanço da Igreja:

"BALANÇO DA IGREJADESDE 68 APONTA6 RELIGIOSOS MORTOS

Marcelo Auler

Dez religiosos expulsos do País, dois banidos, seis mortos, 153presos, 19 seqüestrados, e ainda 48 irnovêis invadidos. Estas são asperdas da Igreja Católica no Brasil, nos últimos 13 anos, em conse­qüência dos conflitos com o governo e com os grandes proprietáriosde terra.

Estes números, ainda incompletos, poderão ser aumentadosnos próximos dias caso a Presidência da República e a CNBB nãoencontrem a "solução de conciliação para o povo brasileiro" que se­gundo Dom Luciano Mendes de Almeida. vem sendo buscada paraevitar a expulsão dos padres franceses Aristides Camio e FransciscoGouriou, presos pela Polícia Federal em 19 de setembro sob a acu­sação de incitação de posseiros,

O período mais duro para a Igreja, segundo os dados existen­tes, registrou-se entre os anos de 1968 e 1975, quando sete religiososforam expulsos, dois foram banidos e 103 estiveram presos, Nessa é­poca, três religiosos morreram enquanto outros três vieram a falecerem 1976.

As estatísticas existentes não são precisas, logo os números nãoretratam com fidelidade o quadro real da repressão à Igreja.

Este é um resumo, são alguns exemplos, uns parcos exemplos, uns poucosexemplos de algumas centenas que coletei, em algumas horas de pesquisa nabiblioteca da Câmara dos Deputados, sob o título: "Conflitos Igreja-Estado",

Com prazer, ouço a Deputada Cristina Tavares.

A Sr' Cristina Tavares - Deputado Arnaldo Sehmitt, quero incluir narelação que V. Exv leu de conflitos entre a Igreja e o Estado aquele ocorridono dia 15 de novembro de 1981, na cidade eanavieira de Quipapá, Estado dePernambuco, quando o Prefeito local, Eduardo Pessoa de Melo, usineiro daUsina Ãgua Branca, em praça pública, ofereceu um prêmio àquele que ousas­se matar o Padre José do Patrocínio, pároco daquela comunidade, O crimedo Padre José do Patrocínio foi o mesmo cometido por esses padres a que V.Ex' se referiu: a sua opção, depois da meditação sobre os textos bíblicos, apartir de Vaticano 11, de Puebla e Médelin. Não o queria interromper, masgostaria de fazer este registro, porque o discurso que V. Ex' pronuncia nestatarde será por mim enviado a todas as comunidades de base de Pernambuco,a todos os religiosos que se vêem perseguidos pelo sistema e pelo Governo.Assim, saberão que não estào sozinhos e que, em todo o triste território brasi­leiro, invadido pelas empresas multinacionais, ao lado do povo, jogado à sa­nha dessas empresas, estarão os defensores dos humildes. Congratulo-mecom V. Ex' e saiba, Deputado Arnaldo Schrnitt, que o "pacotãc" que agoraquerem impor-nos, tenta também calar a voz dos injustiçados, que são repre­sentados através dos partidos de Oposição, através dos sindicatos. através daIgreja perseguida à qual V. Ex' presta homenagem desta tribuna.

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Dezembro de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Terça-feira 8 14701

o SR. ARNALDO SCHMITT - Agradeço à Deputada Cristina Tava­res o aparte. Concordo plenamente com V. Ex' Da mesma maneira como setenta calar a Igreja matando, torturando, prendendo, ameaçando, fazendopressão a padres, a freiras, a laicos, a bispos, também se tenta impedir o povobrasileiro de livremente votar com este "pacotão" que agora estamos a anali­sar na convocação extraordinária do Congresso Nacional.

O Sr. Claudino Salles - Pediria a V. Ex' que me inscrevesse na lista deaparteantes.

O SR. ARNALDO SCHMITT - Pois não. Mas, antes, ouço com pra­zer o Deputado Pimenta da Veiga.

O Sr. Pimenta da Veiga - Deputado Arnaldo Schrnitt, a preciosa rese­nha que V. Ex' traz das agressões e até das mortes sofridas pelos padres emnosso País, nos últimos anos, é uma evidência irrespondível do grande abis­mo que há entre o Governo e a Igreja. Mas, certamente, se V. Ex' se tivessepreocupado também em fazer levantamento semelhante a este quanto aos es­tudantes e aos sindicalistas, as listas destes talvez fossem maiores ainda doque a que V. Ex' nos trouxe. Isto prova que a sociedade civil se rebelou. estácontra o Governo, que o povo não agüenta mais tanto sacrifício e tanto sofri­mento para que se mantenha no Poder um grupo restrito, que quer o Poderunicamente para sugá-lo, não tendo nenhuma preocupação social. Mas essaradicalização imposta pelo Governo não poupou sequer o Congresso Nacio­

. nal, que teve vários de seus membros derrubados pelo arbítrio. Ainda na se­mana passada, nosso companheiro Genival Tourinho foi alcançado por umacondenação injusta, porque foi política, baseada em lei absolutamente discri­cionária. Mas nada disso, nem mesmo o "pacotão", que é a confissão final dodescrédito desse Governo, há de modificar o sentimento oposicionista, que,com toda a certeza, será o grande vencedor ao final deste negro período emque vivemos.

O SR. ARNALDO SCHMITT - Que Deus lhe ouça, Deputado.Antes de conceder os apartes aos Deputados Claudino Sales e Adhemar

Santillo, reportar-rne-ei ao fato principal que me traz à tribuna.

Nos últimos dias, alguns Deputados têm recebido, em seus gabinetes, umpanfleto anônimo, com fotos que seriam de D. Ivo Lorscheiter, que estariabeijando uma senhora ou uma moça, num cinema. É uma montagem fotográ­fica das mais grosseiras, tentando, com isso, denegrir o nome de D. Ivo e,quem sabe, da Igreja.

No dia 7 de novembro, em seis igrejas de Brasília foram distribuídos, àssuas portas uns panfletos, também com montagens fotográficas, onde apare­cia o padre Leopoldo d'Astouss, vigário da Parôquia São José, na Quadra604, na L-2 Norte aqui em Brasília, parôquia esta que freqüento e onde façoquestào de assistir à missa aos domingos, e na qual as minhas três crianças fa­zem catequese aos sábados. Distribuíram, pois, panfletos, onde aparecia opadre Leopoldo d'Astouss nu junto com a irmã Terezinha, também nua. E,no próprio panfleto, o autor anônimo sem caráter, mesquinho, por um pro­cesso vil, dizia que aquelas fotos tinha sido conseguindas em 1973, quando aPolícia federal teria confundido o padre Leopoldo com um traficante de tó­xicos. Teriam torturado o padre e batido as fotos.

N a realidade, a história é um pouco diferente. As fotos são verídicas. Opadre Leopoldo e a irmã Terezinha foram seqüestrados, em 1973 pela PolíciaFederal, por quatro homens armados, que despiram o padre e a freira, tendo­os agredido, torturado e colocado juntos em UITI mesmo quarto, sobre umacama, que a foto mostra que ainda não tinha sido desarrumada. E oito anosdepois, porque o padre Leopoldo coordenou os cánticos e as orações que sefizeram à frente da Polícia Federal, aqui em Brasília, quando da prisão dospadres franceses, porque o padre Leopoldo foi o portador de manifesto comtrinta mil assinaturas ao Palácio do Planalto, pedindo a libertação dos padresfranceses; houve alguém - ou seria alguma instituição - que ousou, pormeio de um trabalho dessa natureza, dessa baixeza, agredir o nome do padreLeopoldo, tentando, com isso, agredir a Igreja. E, não contente com isso, do­mingo seguinte mandou nova correspondência aos paroquianos e Bispos doBrasil, tendo-me brindado com urna carta especial, e já tive oportunidade deme referir a isso aqui, nesta Casa, como os Deputados Adhemar Santillo e Si­queira Campos. Ele mandou-me uma carta com novas fotos, sob a alegaçãode que o material estaria sendo impresso aqui. Mas nesta oportunidade, en­tão, o missivista diz que não coloca seu nome na carta porque as fotos que eleconseguiu são da própria Polícia Federal, e que se ele colocasse o seu nome nacarta, iria identificar quais os policiais que lhe deram os negativos das fotosbatidas em 1973. E, numa linguagem contrária à dos panfletos que mandou,ele diz aqui que está com sede de vingança do padre Leopoldo, porque este te­ria "cantado" duas filhas dele. Vergonha, triste vergonha! Este não é um casoisolado. Isso não é contra o padre Leopoldo nem contra a irmã Teresinha,

mas contra uma Igreja que se colocou em favor dos pobres e oprimidos, e ofato não vem ocorrendo só em Brasília, mas no Brasil.

É com prazer que concedo o aparte ao Deputado Claudino Sales,pedindo-lhe que seja breve. Em seguida, ouvirei o Deputado Adhemar San­tillo.

O Sr, C1audino Sales - Deputado Arnaldo Schmitt, V. Ex' relacionouuma série de incidentes, transcrevendó notas de jornais de um ou mais de umano. E, ao fim da leitura, V. Ex' diz que se estaria referindo à conflito entre aIgreja e o Governo. Diria a V. Ex' que a maioria - a expressão aritméticanão posso citar, porque não disponho de tempo - das notas que V. Ex' leunão representa nenhum tipo de confronto entre a Igreja e o Governo. Sãoconflitos entre particulares, em que determinados padres se colocaram aolado de posseiros ou de donos de terras. Não estamos aqui para dizer que aposição desses padres seja correta, justa ou injusta. Direi a V. Ex' que sãoconflitos de terras. que, dentro de mecanismos legais, ora é a Justiça que tomaatitudes, ora é a polícia, c em pouquíssimos instantes há qualquer manifes­tação de pessoas ou entidades que possam ser consideradas ou indentificadascomo Governo. Na verdade, V. Ex! sabe, como estudioso dos problemas daterra, que a terra é ainda, no Brasil, admitida como fazendo parte daquilo queé propriedade privada, tolerada pela nossa legislação. Os conflitos que se es­tabelecem sobre a propriedade da terra têm merecido, de certo tempo para cá,posicionamento de áreas da Igreja que, quando se envolvem com esses confli­tos, às vezes não atentam para os termos da lei. E vêm o Poder Judiciário, asautoridades policiais, provocadas pelas partes agredidas ou ofendidas por de­terminadas posições de posseiros ou, digamos, de outras pessoas que dispu­tam a posse da terra, pedir a intervenção das autoridades, a qual, muitas ve­zes, é feita unicamente para executar a legislação em vigor. Preconizarmosuma mudança dessa legislação, visando a modernizá-la, atualizá-la segundoos reclamos da evolução social é, na verdade, uma posição correta, aceitável,defensável, inteiramente tolerável. O ruim, o que leva não raro as autoridadesa se posicionarem contra os posseiros, ê a tentativa de sol ucionar os conflitosda terra com o emprego da violência, da força, ou sem a proteção das medi­das legais, e, quando isso ocorre, não há como dizer que existe conflito entreo Governo e a Igreja pela posse da terra. São os elementos da Igreja, que nãorepresentam o seu ponto de vista. V. Ex- há de admitir que, dentro dela, exis­tem certas áreas que discordam das posições assumidas pelos outros segmen­tos mais avançados. É o processo social, na sua evolução, imprimindo desem­penhos diferentes a diversas partes do mesmo corpo. De maneira que é pararetificar a generalização que V. Ex' faz, dizendo tratar-se de conflito entreIgreja e Governo, que venho trazer o meu aparte. Na verdade, o Governo nãoestá em conflito com a Igreja; quando participa das discussões em torno dapropriedade da terra, o faz no cumprimento da obrigação que tem de imporrespeito à lei que ainda não foi revogada. A existência da propriedade é per­mitida na nossa legislação. e ao Governo cabe cumprir o que a lei dispõe. Sequerem renovar, modificar, tornar ilegítima, pecaminosa, impura, absoluta­mente fora da lei a posse da terra, primeiro têm que revogá-la. Só então, essasposições de que V. Ex' fala ganharão a proteção do Governo, da Justiça e dasautoridades constituídas.

O SR. ARNALDO SCHMITT - Muito obrigado.Com prazer ouço o nobre Deputado Adhemar Santillo.

O Sr. Adhemar Santillo - Deputado Arnaldo Schmitt, quero trazer aoelenco de informações que V. Ex' presta à Casa mais alguns dados que me pa­recc necessário incluir no estudo que V. Ex' realizou. Por exemplo, no Estadode Goiás o Ministro da Igreja Católica, Nicola Arponi, foi certa vez seqües­trado por quatro homens armados de metralhadora, levado num helicóptero,que ele informou pertencer às Forças Armadas, e submetido a torturas detodo tipo. A Igreja pedira providências ao então Ministro Petrônio Portella,mas nenhuma foi tomada, sendo que até hoje não foi possível localizar os se­qüestradores. Posteriormente, o mesmo Nicola Arponi e o Padre HenriqueRiziens foram presos junto com 14 posseiros, na região denominada Bico doPapagaio, exatamente porque davam cobertura aos homens sem terra que es­tavam sendo expulsos por grandes grileiros, acobertados pela sentenças iní­quas de um juiz no Município de Araguaína. Mais recenterne.ue, os partici­pantes de uma exposição de cavalos puro-sangue de Goiânia, dentre eles oatual Secretário da Agricultura de Goiás, Rogério Gouthier Fiúza, o ex­Governador Leonino de Ramos Caiado e outros, pediram, em ofício enviadoao General Figueiredo, a expulsão de Dom Pedro Casaldáliga, dizendo queera nocivo aos seus interesses não só na região de Goiás como também emparte do M ato Grosso. E agora, sexta-feira próxima passada, Dom FernandoGomes dos Santos, Arcebispo de Goiânia, e Dom Thomaz Balduíno, Bispoda Diocese de Goiás, em entrevista à imprensa, anunciavam, para conheci­mento das autoridades, haver um complô no norte de Goiás, visando a elimi­nar vinte pessoas - posseiros, pequenos proprietários e ainda o Bispo de

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14702 Terça-feira 8 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Dezembro de 1981

Porto Nacional, Dom Celso Pereira. Espero que as autoridades governamen­tais - que aí estão, ou, pelo menos, deveriam estar para apoiar aqueles querealmente estão sendo pressionados por gananciosos - que levem a sério adenúncia de Dom Tomaz Balduíno e de Dom Fernando Gomes Santos quan­to à eliminação dessas pessoas que estão na lista negra para serem eliminadas,entre as quais, repito, D. Celso Pereira, o maior batalhador em favor dos ho­mens sem terra do meu Estado.

O Sr. Waldir Walter - Nobre Deputado Arnaldo Schmitt, quando V.Ex' exibiu os panfletos nojentos, sujos, criminosos dessa tribuna, eu me dirigia V. Ex' dizendo que alguns deles tinham sido impressos nesta Casa. Houveprotestos de parte da bancada do PDS. Disseram que eu estava injuriando.Quero esclarecer a V. Ex' e à Nação que me louvei em duas reclamações feitasdesta tribuna de apartes, onde me encontro agora, pelo nosso companheiroDeputado Gilson de Barros, de Mato Grosso. Ele citou os nomes e provou asua denúncia, no meu entendimento. Esses nomes devem constar dos Anaisdesta Casa, se o Presidente Nelson Marchezan não os censurou" pois esta é asua prática. Inclusive o Parlamentar que protestou é um dos censurados porS. Ex' Se censurou, terei que buscar o testemunho do nosso Colega e tenhocerteza que o terei. Penso que esclareci o problema.

O Sr. Theodorico Ferraço - Permite-me V. Ex' um aparte?

O SR. ARNALDO SCHMITT - Um momentinho, porque o DeputadoTarcísio Delgado está aguardando.

O Sr. Tarcísio Delgado - Deputado Arnaldo Schrnitt, sinto-me no de­ver. mais do que no direito, de pedir um aparte para solidarizar-me com V.Ex' pelo seu pronunciamento, em que aborda a crise incrível, o sofrimento e aopressão por que passa a Igreja Católica neste Pais. Especialmente, nobre De­putado. quero trazer o meu testemunho sobre a inominável imundice e, peçoque conste isso dos Anais - sujeira que fazem com o Padre Leopoldo nosdias de hoje, só porque se levantou, como V. Ex' bem ressalta, em favor dosseus colegas presos, dos seus colegas expulsos, em favor da Igreja progressistaneste País, daqueles que defendem os sem terra, que defendem os miseráveis.Por isso ele passou por urna inominável sujeira, por algo que não ternos pala­vras para expressar. A minha inteira solidariedade a V. E;'(' pela defesa quefaz do Padre Leopoldo, de todos os que estão sendo vítimas da opressão nestePaís. Que eles saibam que V. Ex' está na tribuna e que estamos aqui. Que elessaibam que não estão sozinhos, na luta pelos oprimidos.

O SR. ARNALDO SCHMITT - Para encerrar, Sr. Presidente, querodizer, em primeiro lugar, por um dever de justiça, no que tange ao aparte doDeputado Waldir Valter, que estive presente na sessão em que o DeputadoGilson de Barros fez a denúncia.

Eu a ouvi e vi as cópias feitas aqui nesta Casa. Mas isso não implica queo Depurado que tirar aquelas cópias esteja usando a nossa Casa para dene­grir, no caso em questão, a pessoa de Dom Ivo Lorscheiter, pois eu tambémtirei fotocópias daquele expediente, como o fiz desta carta que me foi envia­da, mas com objetivo outros, quais sejam de enviá-Ias a algumas pessoas quetêm o direito de saber o que está ocorrendo para poderem posicionar-se.

Não quero isentar de culpa quem quer que seja, mas, sim, dizer que osimples fato do emprego da fotocópia, Deputado Waldir, não implica culpa­bilidade desse Deputado. Teríamos que ir um pouco mais a frente, Sr. Presi­dente.

Respondendo o aparte do Deputado Claudino Sales, devo dizer que oproblema básico, de fato, é a terra. Ocorre que, uma vez, um setor da nossasociedade. se posicionou em favor dos marginalizados, dos posseiros, dos tra­balhadores sem terra, dos escravos desses latifúndios. E por estar ao lado des­ses trabalhadores sem terra. uma elite dominante, uma elite que goza da be­nesses do Governo. E digo mais, inclusive através de atos aêticos, antiéticosamorais, imorais, goza dos incentivos fiscais. Deputado Sebastião de Andra­de, incentivos que não são aplicados lá na propriedade. Então, por terem-secolocado ao lado desses trabalhadores, esses grandões, muitas vezes até es­.rangeiros. estão movendo esta campanha contra eles, junto - e não vou di­zerGoverno. Deputado Claudino Sales - a setores do Governo. Essas foto­grafias que apresentei aqui, pelo que consta, foram tiradas pela Polícia Fede­ral em 73. e hoje andam de mão em mão. Quem as teria dado? Então, setoresdo Governo junto com os latifundiários estão movendo essa pressão que es­peramos um dia acabe, Muito obrigado.

o SR. PRESIDENTE rJoel Ferreira) - Está findo o tempo destinadoao Expediente.

Vai-se passar à Ordem do Dia.Comparecem mais o, Srs.:

José CamargoSimào SCSSlm

-\cré

Aluízio Bezerra - PMDB; GeraldoFleming - PMDB; Nabor Júnior- PMDB.

Amazonas

Mário Frota - PMDB; Rafael Faraco - PDS; Vivaldo Frota - PDS.

Pará

Brabo de Carvalho - PMDB;Jader Barbalho - PMDB; João Menezes- PP; Nêlio Lobato - PP; Sebastião Andrade - PDS.

M81anhio

Edison Lobão - PDS; Freitas Diniz - PT; João Alberto - PDS; LuizRocha - PDS; Nagib Haickel - PDS; Temístocles Teixeira; Victor Trovão- PDS; Vieira da Silva - PDS.

Piauí

Carlos Augusto - PP; Correia Lima - PDS; João Clímaco - PDS;Joel Ribeiro - PDS; Milton Brandão - PDS.

Ceará

Alfredo Marques - PMDB; Antônio Morais - PP; Cesário Barreto ­PDS; Cláudio Philomeno - PDS; Evandro Ayres de Moura - PDS; FlávioMarcílio - PDS; Iranildo Pereira - PMDB; Leorne Belém - PDS; ManoelGonçalves - PDS; Mauro Sampaio - PDS; Paulo Lustosa - PDS; PauloStudart - PDS.

Rio Grande do Norte

Antônio Florêncio - PDS; Henrique Eduardo Alves - PP; João Faus­tino - PDS; Pedro Lucena - PP; Wanderley Mariz - PDS.

Paraíba

Adernar Pereira - PDS; Alvaro Gaudêncio - PDS; Antônio Gomes ­PDS; Antônio Mariz - PP; Carneiro Arnaud - PP; Ernani Satyro - PDS;Octacilio Queiroz - PMDB; Wilson Braga - PDS.

Pernambuco

Airon Rios - PDS; Cristina Tavares - PMDB; Fernando Lyra ­PMDB; Geraldo Guedes - PDS; Inocêncio Oliveira -- PDS; João Carlos deCarli - PDS; Joaquim Guerra - PDS; José Carlos Vasconcelos - PMDB;José Mendonça Bezerra - PDS; Josias Leite - PDS; Nilson Gibson - PDS;Oswaldo Coelho - PDS; Pedro Corrêa - PDS; Roberto Freire - PMDB;Sérgio Murilo - PDT.

Alagoas

Antônio Ferreira - PDS; José Costa - PMDB; Mendonça Neto ­PMDB; Murillo Mendes - PMDB.

Sergipe

Adroaldo Campos - PDS; Celso Carvalho - PMDB; Tertuliano Aze­vedo - PMDB.

Bahia

Afrísio Vieira Lima - PDS; Carlos Sant'Ana - PP; Elquisson Soares- PMDB: Fernando Magalhães - PDS; Francisco Pinto - PMDB; Henri­que Brito - PDS; Hilderico Oliveira - PMDB; Honorato Vianna - PDS;José Amorim - PDS; Leur Lomanto - PDS: Manoel Novaes - PDS; Mar­celo Cordeiro - PMDB; Menandro Minahim - PDS; Ney Ferreira - PDS;Raymundo Urbano - PMDB; Rogério Rego - PDS; Roque Aras ­PMDB: Stoessel Dourado - PDS; Ubaldo Dantas - PP; Vasco Neto ­PDS: Wilson Falcão - PDS.

Espírito Santo

Christiano Dias Lopes - PDS; Feu Rosa - PDS; Luiz Baptista - PP;Max Mauro - PMDB; Theodorico Ferraço - PDS.

Rio de Janeiro

Alair Ferreira - PDS; Álvaro Valle - PDS; Célio Borja - PDS; DanielSilva - PP; Darcilio Ayres - PDS: Délio dos Santos - PMDB; EdisonKhair - PMDB; Felippe Penna - PMDB; Florim Coutinho - PMDB; Hy­dekel Freitas - PDS; Joel Lima - PP; Joel Vivas - PP; Jorge Gama ­PMDB:Jorge Moura - PP; José Frejat - PDT; José Maria de Carvalho­PMDB: José Maurício - PDT; José Torres - PDS; Léo Simões - PDS;Leónidas Sampaio - PP; Lygia Lessa Bastos - PDS; Mac Dowell Leite deCastro - PP: Marcello Cerqueira - PMDB; Marcelo Medeiros - PP; Már­cio Macedo - PP: Miro Teixeira - PP: Oswaldo Lima - PP; Paulo Rattes- PMDB; Pedro Faria - PP; Pericies Gonçalves - PP; Rubem Dourado­PP: Rubem Medina - PDS: Saramago Pinheiro - PDS.

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· Dezembro de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçâo I) Terça-feira 8 14703·

Minas Gerais

Aécio Cunha - PDS; Altair Chagas - PDS; Antônio Dias - PDS; Ba­tista Miranda - PDS; Bento Gonçalves - PP; Bias Fortes - PDS; Bonifá­cio de Andrada - PDS; Castejon Branco - PDS; Christóvam Chiaradia ­PDS; Delson Seara no - PÇS; Edgard Amorim - PMDB; Edilson Lamarti­ne Mendes - PDS; Fued Dib - PMDB; Genival Tourinho - PP; HélioGarcia - PP; Hugo Rodrigues da Cunha - PDS; Jairo Magalhães - PDS;Jorge Ferraz - PP; José Carlos Fagundes - PDS; Juarez Batista - PP; Jú­nia Marise - PMDB; Luiz Baccarini - PP; Luiz Leal - PP; Luiz Vascon­cellos - PDS; Magalhães Pinto - PP; Moacir Lopes - PDS; Navarro Viei­ra Filho - PDS; Newton Cardoso - PP; Paulino Cícero de Vasconcelos ­PDS; Raul Bernardo - PDS; Renato Azeredo - PP; Sérgio Ferrara - PP;Sílvio Abreu Jr. - PP; Telêmaco Pompei - PDS; Vicente Guabiroba ­PDS ..

São Paulo

Adalberto Camargo - PDS; Adhemar de Barros Filho - PDS; AirtonSandoval - PMDB; Airton Soares - PT; Alcides Franciscato - PDS; Al­berto Goldman - PMDB; Antônio Morimoto - PDS; António Russo ­PMDB; Antônio Zacharias - PDS; Athiê Coury - PDS; Aurélio Peres ­PMDB; Baldacci Filho - PTB; Bezerra de Melo - PDS; Caio Pompeu ­PP; Cardoso de Almeida - PDS; Carlos Nelson - PMDB; Diogo Nomura-PDS; Erasmo Dias - PDS; Flávio Chaves - PMDB; Francisco Rossi­PDS; Gióia Júnior - PDS; Henrique Turner - PDS; Herbert Levy - PP;Horácio Ortiz - PMDB; Israel Dias-Novaes - PMDB; Jayro Maltoni ­PDS; João Arruda - PDS; Jorge Paulo - PDS; José de Castro Coimbra ­POS; Maluly Netto - PDS; Mário Hato - PMDB; Natal Gale - POS; Oc­tacílio Almeida - PMDB; Pacheco Chaves - PMDB; Ralph Biasi ­PMDB; Ruy Silva - PDS; Salvador Julianelli - PDS; Samir Achôa ­PMDB; Tidei de Lima - PMOB; Valter Garcia - PMDB.

Goiás

Anísio de Souza - PDS; Brasilio Caiado - PDS; Francisco Castro ­PMDB; Genésio de Barros - PMDB; Hélio Levy - PDS; Iturival Nasci­mento - PMDB; José Freire - PMDB; Paulo Borges - PMDB; RezendeMonteiro - PDS.

Mato Grosso

Bento Lobo - PP; Carlos Bezerra - PMDB; Corréa da Costa - PDS;Cristino Cortes - PDS; Júlio Campos - POS; Milton Figueiredo - PP.

Mato Grosso do Sul

Antônio Carlos de Oliveira - PT; João Câmara - PMOB; Walter deCastro.

Paraná

Adolpho Franco - PDS; Alípio Carvalho - PDS; Antônio Annibelli- PMDB; Antônio Mazurek - PDS; Antônio Ueno - PDS; Aroldo Molet­ta - PDS; Borges da Silveira - PP; Braga Ramos - PDS; Ernesto Dall'O­glio - PMDB; Heitor Alencar Furtado - PMDB; Hermes Macedo - POS;Igo Losso - PDS; !talo Conti - PDS; Lúcio Cioni - PDS; Mário Stamm- PP; Maurício Fruet - PMDB; Nivaldo Kruger - PMDB; Paulo Pimentel- PDS; Pedro Sampaio - PP; Roberto Galvani - POS; Vilela de Maga-lhães - PTB; Waldmir Belinati - PDS.

Santa Catarina

Abel Ávila - PDS; Adhemar Ghisi - POS; Angelino Rosa - POS;Francisco Libardoni - PMDB; Luiz Cechinel- PT; Mendes de Melo - PP;Nelson Morro - PDS; Pedro Collin - PDS; Sady Marinho - PDS; Wal-mor de Luca - PMDB; Zany Gonzaga - POSo ..

Rio Grande do Sul

Alceu Collares - PDT; Aldo Fagundes - PMDB; Alexandre Machado- PDS; Aluízio Paraguassu - PDT; Cardoso Fregapani - PMDB; CarlosChiarelli - PDS; Darcy Pozza - PDS; Eloar Guazelli - PMOB; EmídioPerondi - PDS; Fernando Gonçalves - PDS; Harry Sauer - PMDB; JairoBrum - PMOB; João Gilberto - PMDB; Jorge Uequed - PMDB; JúlioCostamilan - PMDB; Magnus Guimarães - POT; Telmo Kirst - POS;Túlio Barcellos - PDS; Victor Faccioni - PDS.

Amapá

Antônio Pontes - PDS; Paulo Guerra...,... PDS.

O Sr. Júlio Martins - Sr. Presidente, peço a palavra para uma comuni­cação, como Líder.

o SR. PRESIDENTE (Joel Ferreira) - Tem a palavra o nobre Deputa-do.

o SR. JÚLIO MARTINS (PDS - RR. Sem revisão do orador.) - Sr.Presidente, Srs. Deputados, está provado que o ódio e a paixão política tol­dam o entendimento das pessoas e as subordina e escraviza de forma às vezesirremissível. O Deputado Waldir Walter é um Parlamentar que, nesta Casa,pelo menos eu assim julgava, goza de uma reputação de homem de bem, quesabia apreciar as coisas e os fatos, sabia onde estava o certo e o errado, o erroe a verdade. Entretanto, veio à Tribuna de apartes, introduzindo-se no discur­so do Deputado Arnaldo Schimidt - que teve por sinal, no fim, a grandezade passar-lhe uma reprimenda, que espero ele a recolha devidamente - parareproduzir duas acusações do Deputado Gilson de Barros, sem mencionarque a primeira, contra o Deputado Geraldo Bulhões, o próprio DeputadoGilson de Barros se retratara posteriormente. Então, disse uma meia verdadeo Deputado Waldir Walter, e a meia verdade é muito pior do que a mentira,quando dita maliciosamente, com sofismas, como fez S. Ex. O outro acusadofoi exatamente o Deputado que ocupa a Tribuna nesta oportunidade. Tive,na sessão de sexta-feira, ocasião de esclarecer que meu nome havia sido en­volvido, nessa reclamação do Deputado Gilson de Barros, apenas por aten­der pedido do jovem Afonso Rica, do PDS do Distrito Federal, que me infor­mou estar sendo acusado, junto ao Deputado Nélson Marchezan, de ter di­vulgado entre os Deputados os panfletos difamatórios da dignidade de umprelado' brasileiro. Pediu-me que declarasse, como fiz, que eu havia recebidoos panfletos pelos Correios, através de correspondéncia postada no Rio deJaneiro. Foi isso que declarei em correspondência ao Presidente, primeiro portraduzir a verdade - porque de fato eu havia recebido esses panfletos atravésdos Correios - e, segundo, com o objetivo de esclarecer a verdade e de excul­par um inocente. Ê lamentável que um Deputado da Oposição venha repro­duzir esses fatos, narrando-os pela metade, com o evidente e infeliz objetivode alcançar e envolver Deputados do PDS.

O Sr. Pimenta da Veiga - Sr. Presidente, peço a palavra para uma co­municação, como Líder.

O SR. PRESIDENTE (Joel Ferreira) - Tem a palavra o nobre Deputa-do.

O SR. PIMENTA DA VEIGA (PMDB - MG. Sem revisão do orador.)- Sr. Presidente, o eminente Líder do PDS, em comunicação que acaba defazer, procura defender-se de acusações formuladas desta tribuna pelo Depu­tado Gilson de Barros. E, no bojo desta defesa, produz ataques ao nossocompanheiro Waldir Walter que não podemos de forma alguma absorver.Toda a Casa conhece bem o Deputado Valdir Walter e sabe do seu caráter, dasua correção em todos os seus atos. O que fez o Deputado Waldir Walter nes­ta tarde, em aparte ao discurso do Deputado Arnaldo Schmitt foi tão­somente referir-se à acusação formulada pelo Deputado Gilson de Barros,com documentos. O Deputado Júlio Martins já teve oportunidade dedefender-se e cabe a S. Ex' encaminhar o seu processo de defesa até a instân­cia que julgar conveniente. Mas o que nos espanta é que a defesa produzidapelo eminente Líder do PDS ficou restrita apenas à acusação feita a S. Ex'Nenhuma palavra sequer levantou o Deputado Júlio Martins para defender oGoverno que representa das gravíssimas acusações formuladas pelo Deputa­do Arnaldo Schmitt, que disse, com todas as letras, que a Polícia Federalprendeu, sequestros padres, tirou-lhes fotografias em situações íntimas, deforma tácita, confirma que a Polícia Federal pratica atos dessa espécie, quesão condenáveis e denigrem a imagem do Governo que representa. Gostaría­mos de ouvir do Deputado Júlio Martins esclarecimentos a esse respeito, poisas denúncias formuladas são muito graves e merecem resposta contundente.

O Sr. Claudino Sales - Sr. Presidente, peço a palavra para uma comuni­cação. como Líder.

O SR. PRESIDENTE (Joel Ferreira) - Tem a pala ..-., v nobre Deputa-do.

O SR. ClAVDINO SALES (PDS - CE. Sem revisão do orador.) - Sr.Presidente, Srs. Deputados, no início do Grande Expediente de hoje o Depu­tado Jorge Viana teceu considerações de extrema gravidade, com críticas asmais severas ao nobre Senador Jarbas Passarinho, Presidente do CongressoNacional, a respeito da decisão adotada por S. Ex' quando da sessão soleneespecial de abertura dos trabalhos do Congresso Nacional, nesta sua convo­cação extraordinária.

O fato não pode passar sem os reparos adequados de parte da liderançado PDS nesta Casa, já por trazerem considerações injustas e errôneas a res­peito da atitude do Presidente Passarinho, já porque a ausência de S. Ex',uma das mais destacadas figuras do nosso partido e das mais respeitáveis au­toridades deste País. estaria a reclamar de nossa parte que desaprovássemos,

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i4704 Terea-feira 8 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Dezembrode 1981

como o fazemos agora, aquelas considerações nascidas tão-somente da ani­mosidade do Deputado Jorge Viana em relação à decisão do PresidentedoCongresso Nacional.

Sr. Presidente, não poderíamos ter melhor material para contestar essasacusações do que a nota que o Presidente do 'Senado distribuiu à imprensa e,através dela, à Nação brasileira, constestando a nota das Oposições a respeitodaquela ocorrência, amplamente divulgada nos grandes jornais do Brasil.

Eis a nota do Presidente do Congresso Nacional:

"Do Presidente do Senado aos Líderes do PMDB e PP.Li, atônito, a nota de protesto de V. Ex', atônito porque não

posso compreender senão como resultado do clima de radicalizaçãoque, infelizmente, domina as relações entre Oposições e PDS no Le­gislativo o absurdo que representa esta nota, dada a público, Tãoclaro é o mandamento regimental que espanta a tentativa de sofis­mar a respeito. Se não, vejamos:

I) O Sr. Presidente da República, no uso .de suas atribuiçõesconstitucionais, convocou extraordinariamente o Congresso Nacio­nal (art. 29, § 19 do item b)

2) O Regimento Comum, em seu artigo I., diz que "a Câmarados Deputados e o Senado Federal, sob a direção da Mesa deste,reunir-se-ão em sessão conjunta, para

I - inaugurar a sessão legislativa;3) O § 2. desse mesmo artigo I. tem a seguinte redação:"Terão caráter solene as sessões referidas no item 1."4) O capítulo 29 do mesmo Regimento Comum disciplina o rito

das sessões solenes. O art. 55 reza: "Nas sessões solenes, somentepoderão usar da palavra um Senador e um Deputado, de preferên­cia de partidos diferentes e previamente designados pelas respectivasCâmaras,"

Em seu parágrafo único, está esclarecido que esses oradoresnão são admitidos em dois tipos de sessão solene: a de inauguraçãode sessão legislativa e de posse do Presidente e Vice-Presidente daRepública.

Assim está redigido o parágrafo:, "§ ún ico. Na inauguração de sessão legislativa e na posse do

Presidente e do Vice-Presidente da República, nio hnerá oradores."(o grifo ê da nota).

O art. 56 está vazado nestes termos:"Nas sessões solenes não serão admitidas questões de ordem."Qualquer pessoa de bom senso percebe, pela legislação citada,

que:a) Havendo o Sr. Presidente da República convocado o Con­

gresso em caráter extraordinário, inaugurava-se, no dia 6, às 9 ho­ras, a sessão legislativa conseqüente, sendo ela a primeira da presen­te legislatura.

b) Que esse tipo de sessão é solene,c) Que. sendo solene, e como se trata de inauguração de sessão

legislativa, não há oradores senão o próprio Presidente do Congres­so, o que, de resto, se pode verificar na matéria em anexo.Reproduz-se este procedimento em todas as convocações extraordi­nárias do Congresso, desde 1947até 1969- que em qualquer sessãosolene não pode ser levantada questão de ordem.

Apesar do texto claro e indiscutível de qualquer dúvida, asOposições tentaram, desde a abertura da sessão, levantar questõesde ordem e dela participar como oradores. Trata-se de uma flagran­te indisciplina de líderes e, o que é mais grave, ainda, o líder doPMDB na Câmara dos Deputados ainda teve um comportamentorazoável quando lhe evidenciei a impossibilidade de permitir-lhe ouso da palavra para levantar questão de ordem,

A nota de protesto é, pois, não só inteiramente destituída dequalquer fundamento legal, como expressa inequivocamente a faltade conhecimento do Regimento Comum por quem o devia conhecercorretamente, do que derivou um protesto que, por inepto, cabe-mereprimir, lastimando que a este nível tenham baixado nossas re­lações no Senado Federal.

Continuarei, na Presidência do Senado ou do Congresso, a serequidistante entre os partidos políticos, mantendo-me escrupulosa­mente dentro da letra, do espírito do Regimento Comum, bem as­sim dos regimentos subsidiários.

Brasília, 7 de dezembro de 1981. - a) Senador Jarbas PassarI­nho".

Sr. Presidente, o conteúdo desta nota, os fatos legais em que ela se apóia,em que a decisào do Presidente do Senado foi lastreada pela sua clareza, na

verdade já não comportana as análises e as apreciações desfavoráveis feitasno próprio instante da ocorrência - que eu testemunhei, por estar presente àreunião - e, principalmente, já agora quando. pela perspectiva do tempo, se­ria permitido aos que analisam os fundamentos legais em que ela se baseou,ou poderia pelo menos analisá-Ias, dar o enfoque legal sobre o qual se apoiouo Senador Jarbas Passarinho.

Continuar repisando estes fatos é uma tentativa clara de conturbar osacontecimentos. E isso é lamentável, porque exaspera o clima que deveriaexistir entre os que formam esta ou aquela Casa do Congresso Nacional. Te­mos divergências de ordem política, temos interesses que não coincidem, mastemos um trabalho comum, que deve ser feito no mesmo espaço, trabalho quenão dispensa a urbanidade nem demite os integrantes de qualquer das Casasdo Congresso Nacional dos deveres da correção, da isenção e da compostura,a despeito de que posições nossas, particulares, pessoais ou político­partidárias possam estar desatendidas por eventuais decisões dos órgãos diri­gentes das Casas do Congresso.

Qu ando se parte para o desrespeito às decisões, no momento em que me­didas dos órgãos que dirigem os trab ... ,lOS de qualquer das duas Casas sãocontestadas, e com veemência, às vezes até com o emprego de palavras e ati­tudes que destoam dos mais comezinhos princípios que devem presidir a vidaparlamentar, sem dúvida isso é motivo de preocupação, tem de ser repelido,tcm de ser contestado, como fazemos neste instante, por solidariedade à ver­dade e, sobretudo. para ficarmos solidários com um correligionário da postu­ra, da inteligência, do brilho e da isenção do Senador Jarbas Passarinho.

Se não bastasse a letra expressa dos dispositivos invocados a nível deConstituição, a nível de Regimento do Senado e a nível do Regimento Co­mum das Casas que formam o Congresso Nacional, teríamos, Sr. Presidente,para mostrar a esta Casa e à opinião pública brasileira, que todas as sessõeslegislativas extraordinárias que se realizaram neste País a partir de certa épo­ca, desde 1947, obedeceram sempre ao ritual adotado na sessão de ontem.Não houve oradores inscritos e somente o Presidente do Congresso Nacionalfez um histórico da reunião, dos motivos da sua convocação, da agenda dostrabalhos e considerações relacionadas com a instalação das sessões legislati­vas extraordinárias. Temos aqui as atas da convocação extraordinária de 3 de .fevereiro de 1965, de 2 de dezembro de 1965, de 2 de fevereiro de 1965,de 25de julho de 1966, de 12 de dezembro de 1966, de 16 de janeiro de 1968. de I·de julho de 1968e 2 de dezembro de 1968,citados sem preocupação da ordemcronológica, comprovando que em todas elas a forma seguida foi exatamentea que se adotou na sessão de ontem: nenhum orador de partido, nenhum pro-.nunciamento, nenhuma questão de ordem, tão-somente a palavra do Presi­dente abrindo a Sessão, explicando suas finalidades e encerrando-a.

Esta a cornunicaçào que temos a fazer, em ressalva à atitude do Presiden­te do Congresso Nacional, mostrando a legalidade de sua decisão e sua cor­reção, que, por sinal, corresponde à sua tradição na vida pública brasileira.

O Sr. Pimenta da Veiga - Sr. Presidente, peço a palavra para uma co­municação, corno Líder.

O SR. PRESIDENTE (Joel Ferreira) - Tem a palavra o nobre Deputa-do.

O SR. PIMENTA DA VEIGA (PMDB - MG.-Sem revisào do orador.)- Sr. Presidente. lamentamos que o PDS tenha voltado à tribuna para usardo tempo que regimentalmente é reservado para comunicação de Liderança enão tenha ainda desta vez respondido às acusações que, insisto, sãogravíssi­mas, formuladas, pelo Deputado Arnaldo Schmitt, a respeito da prisão, se­qüestro e agressão sofridos por religiosos em Brasília.

Quero referir-me à parte referente à inauguração deste período de convo­cação extraordinária do Congresso Nacional. Há algumas questões a se veri­ficar. A primeira delas é se há de fato necessidadede uma sessão solene paraabertura deste período de sessões extraordinárias. Em segundo lugar, por quenegar-se, ainda que em sessão solene, o direito à palavra a Líderes parti­dários'! Não podemos entender que em uma sessão do Congresso, mesmo so­lene, a palavra dos Líderes partidários seja cassada. Isto evidencia o clima deradicalização que o PDS está impondo a esta Casa. E podemos citar váriosexemplos, desde a leitura não havida mas dada como existente pelo Presiden­te Passos Pôrto, do "pacote previdenciário", até a imoral imoralíssima sessãoda Comissão Mista, quando de sua instalação para examinar o "pacote elei­toral". Aquele episódio a que presenciei foi um dos tristes que o Parlamentobrasileiro deve ter vivido. Foi a violência, foi o arbítrio perpetrado dentro deuma Casa que deve ser, por sua essência, democrática. E na sessão solene on­tem promovida, na sessão dita como solene, o que se viu foi a repetição desseradicalismo. O Presidente do Congresso Nacional, ao negar a palavra aosLíderes partidários, ao negar-lhes a palavra ainda para uma Questão de Or­dem, nào agiu como magistrado, corno deve ser o Presidente do Congresso,

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Dezembro de 1981 DIÁRIO DO CQNGRESSO NACIONAf, (Seção l) Terça-feira 8 14705

agiu muito mais como Líder do PDS. Ê profundamente lamentável que o Pre­sidente do Congresso Nacional não esteja agindo com a isenção que deve terpara conduzir a bom termo os trabalhos desta Casa.

O Sr. Siqueira Campos - Sr. Presidente, peço a palavra para uma comu­nicação, como Líder.

O SR. PRESIDENTE (Joel Ferreira) - Tem a palavra o nobre Deputa-

do.

O SR. SIQUEIRA CAMPOS (PDS - GO. Sem revisão do urador.) ­

Sr. Presidente, neste minuto vou procurar demonstrar a forma distorcida daatuação do PMDB, principalmente por ter parte do meu nobre amigo, Depu­tado Pimenta da Veiga. S. Ex' deve estar com problema de audição, porquedurante o discurso do Deputado Arnaldo Schmitt o Deputado Claudino Sa­les refutou veementemente as declarações de S. Ex', com relação a possíveisações da Polícia e das Forças Armadas, as quais foram envolvidas pelo Depu­tado Adhemar Santillo, e com relação a membros da igreja.

O que os radicais do PMDB estão desejando, Sr. Presidente, é envolveras Forças Armadas e a Igreja Católica num conflito generalizado. Procuramusar determinadas pessoas da minha região; procuram envolver religiosos,para, usando seu nome. fundarem um determinado partido político e tumul­tuarem o campo, impedindo a titulação das terras, o que o GETAT está pro­movendo eficientemente. Querem fazer com que essas pessoas sejam tidaspela Nação como representativas da Igreja e, assim, em conflito com asForças Armadas - e não estão somente em conflito com as Forças Armadas,mas também com as leis e com a Nação - possam levar o País a uma desesta­bilização. Ê o que, na realidade, deseja o PMDB. Imundas, na verdade, sãoessas acusações infundadas de que estariam ameaçados de morte religiosos daregião norte de Goiás, que represento nesta Casa. Lá existe um clima de paz ede trabalho, e autoridades governamentais não se envolvem com casos dessanatureza. Existe uma consciência política, por parte do povo nortense, quenão permite a ocorrência desses fatos lamentáveis que distorcidamente vêmao plenário da Câmara. tão distante que é minha região.

Na realidade o Deputado Pimenta da Veiga está procurando fazer comque não surja na "A Voz do Brasil" a resposta do PDS sobre tais acusações,porque os apartes não são transmitidos naquele programa, Quer S. Ex' im­pingir à Nação esta sua opinião como verdadeira, pois sabe que a resposta foidada pelo Deputado C!audino Sales à altura dessas infundadas denúnciasaqui trazidas pelo Deputado Arnaldo Schmitt.

Repudiamos veementemente esse comportamento lamentável, porquenão verdadeiro, não condizente com a realidade e muito menos com a respon­sabilidade que querem demonstrar os membros da Oposição nesta Casa.

O Sr. Pimenta da Veiga - Sr. Presidente, peço a palavra para uma co­municação, como Líder.

O SR. PRESIDENTE (Joel Ferreira) - Tem a palavra o nobre Deputa-do.

O SR PIMENTA DA VEIGA (PMDB - MG. Sem revisão do orador.)- Sr. Presidente, devo dizer que me tranqüiliza a vinda do Deputado Siquei­ra Campos à tribuna para responder, em nome do PDS, as acusações feitaspelo Deputado Arnaldo Schmitt. Só que S. Ex', ao invés de respondê-Ias,agravou-as, pois disse que há um conflito entre as Forças Armadas e a Igreja.O Deputado Arnaldo Schmitt nem nós afirmamos coisa semelhante. S. Ex!disse, e os Anais podem ser consultados a qualquer momento, que há um con­flito entre as Forças Armadas e setores da Igreja.

Não foi isto o que afirmamos; tampouco foi o que afirmou o DeputadoArnaldo Schmitt. Na verdade, a resposta do PDS foi extremamente frágil,como não poderia deixar de ser. Não tem argumento o Deputado SiqueiraCampos ou qualquer outro representante do PDS para contestar as evidên­cias trazidas à tribuna. Não são dezenas, Sr. Presidente, mas centenas de epi­sódios envolvendo prisões, banimentos e até morte de padres. Estes argumen­tos não podem ser respondidos, pois chegam a ser aritméticos. Não há jogode palavras que possa respondê-los.

A verdade é o que j~ foi dito e reafirmamos: a questão do Brasil é a doEstado contra a Igreja e, mais do que isto, do Estado contra o povo. O Estadoestá distanciado do que quer o povo da Nação brasileira, que sofre as conse­qüências nefastas dos desmandos e do arbítrio cometido por este regime.

Não há de ser S. Ex' o eminente Deputado Siqueira Campos que conse­guirá responder a esta questão. A Igreja, interpretando o sentimento social ea vontade da sociedade, da qual ela tanto se aproxima quando assim age, àqual ela tanto se junta quando assim procede, está, efetivamente, contra oGoverno e por isso tem sido duramente castigada, duramente perseguida.

Esta questão o PDS deixou sem resposta.

O Sr. Siqueira 'C-anlpos - Sr. Presidente, peço a palavra nos termos doartigo 93. inciso VIII, do Regimento Interno.

O SR. PRESIDENTE (Joel Ferreira) - Tem a palavra o nobre Deputa-do.

O SR. SIQUEIRA CAMPOS (PDS - GO. Sem revisão do orador.)­Eu falaria um minuto, Sr. Presidente, se V. Ex' me permitisse. f: de todo la­mentável o que ocorreu. porque tenho o Deputado Pimenta da Veiga na con­ta de um homem correto, de conceito, como realmente deve ser. Mas S. Ex'tão radicalizado está nas suas posições que afirmou que eu havia dito existirum confronto entre a Igreja e o Estado. Eu disse que a Oposição está procu­rando envolver pessoas que usam o nome da Igreja, e que essas pessoas, quetêm realmente um conflito não só com as Forças Armadas, mas com aNação. dizem que a Igreja tem um conflito com as Forças Armadas. Isso nãoé honesto; não é correto. Aqui, nas nossas barbas, na nossa frente, o Deputa­do procura distorcer os fatos desse jeito! Ê de todo lamentável.

Não é mais possível, Sr. Presidente, aceitar essas coisas, como não épossível também que a Oposição esteja acima das leis, das normas e do Regi­mento. Ê um sofisma o PMDB querer falar também em sessão solene, porquenão lhe pode ser negada a palavra. Desde 1946 até agora qual foi o orador ede qual partido que falou em sessão solene? Então, o PMDB quer ter mais di­reito do que todos os homens da República, do que todos os cidadãos com ousem mandato? Mude-se a lei, se ela não for boa; faça-se um esforço paramudá-la, pois nós podemos aceitar as novas normas da lei, que poderão atéser contrárias aos nossos interesses. Nós as acataremos. Dentro do sistemademocrático temos todos que conviver nos limites da lei, respeitando uns osdireitos dos outros e sobretudo as instituições, não. Deputado Pimenta daVeiga, distorcendo fatos, como V. Ex' está habituado a fazer aqui, o que po­deria acarretardeterminadas imputações aos seus colegas. Não é correto V.Ex' distorcer as palavras para "colocar na boca" dos seus colegas, emboraadversários. aquilo que eles jamais disseram. Se V. Ex' consultar os Anais daCasa e neles constatar que eu afirmei que a Igreja está em conflito com asForças Armadas, renunciarei ao meu mandato e espero que V. Ex' faça omesmo.

A Sr' Cristina Tavares - Sr. Presidente, peço a palavra para uma recla­mação.

O SR. PRESIDENTE.(Joel Ferreira) - Tem a palavra a nobre Deputa-

A SR! CRISTINA TAVARES (PMDB - PE. Sem revisão do orador.)­Sr. Presidente, quando os historiadores do futuro, talvez não distante futuro,estiverem escrevendo a história deste momento legislativo, da queda de umregime, encontrarão material como o que Dostoievsky encontrou para escre­ver aquele célebre livro "Recordação da Casa dos Loucos". O Deputado Si­queira Campos acaba de dizer que não é a Igreja, é a CNBB que está contraas Forças Armadas, porque quem fez publicamente acusações de perseguiçãoa padres, segundo nota lida daquela tribuna pelo Deputado Arnaldo Schmitt,foi a CNBB. De maneira que ao tentar retratar-se, o Deputado diz que aCNBB está contra as Forças Armadas.

{) Sr. Siqueira Campos - Também não disse isso.

A SR' CRISTINA TA VARES - Minha reclamação diz respeito à Con­venção Nacional do PMDB, que, em moção aprovada ontem neste plenário,por toda a Convenção, reclama da Mesa da Câmara dos Deputados, que hátrês anos está para decidir sobre um projeto de resolução que cria uma crechepara os filhos dos servidores desta Casa. Gostaria, mais uma vez, de lembrarà douta Mesa que no Congresso Nacional temos encontrado recursos para fa­zer qualquer coisa, inclusive coisas opulentas, mas não temos encontradomeios financeiros nem morais para cumprir a lei que a própria Câmara dosDeputados votou, isso é, a criação da creche para os filhos dos servidores daCâmara dos Deputados.

O Sr. Arnaldo Sehmitt - Sr. Presidente, peço a palavra nos termos doartigo 93, inciso VIII, do Regimento Interno.

O SR. PRESIDENTE (Joel Ferreira) - Tem a palavra o nobre Deputa-do.

O SR. ARNALDO SCHMITT(PP - Se. Sem revisão do orador.) - Sr.Presidente, quero apenas dizer que o Deputado Waldir Walter citou um fatopara o qual não há contestação: o fato ocorreu. O que eu disse da tribuna foique o fato não implica considerar a intenção dos Deputados eventualmentenele envolvidos. O que desejo é que não haja distorções das palavras do De­putado Waldir Walter, nem das dos dois Deputados do PDS citados. Querodizer que também tirei fotocópias deste documento para mandar para o pró­prio Padre Leopoldo e para a Irmã Teresinha. Agora, o caso da fotocópia ti-

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14706 Terça-feira 8 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIOJ'lAL (Seção I) Dezembro de 1981-

rada aqui na Casa é um fato concreto: não implica que eu esteja usando o mi­meógrafo e o papel da Casa para denegrir a honra de quem quer que seja. Foiisto o que falei, Deputado Júlio Martins. Dois Deputados do PDS foram acu­sados - não nesta sessão - de terem feito isso, o que não quer dizer que elestenham tido quaisquer intenções que não fossem corretas, como não quer di­zer que o Deputado Waldir Walter os acusou disso. O Deputado Waldir Wal­ter disse que foram tiradas fotocópias, nesta Casa, desses documentos - sim­plesmente isso. Exatamente para que não pairassem dúvidas a respeito do as­sunto foi' que pedi esse esclarecimento pessoal.

O Sr. Pimenta da Veiga - Sr. Presidente, peço a palavra para um escla­recimento pessoal, por um minuto, como V. Ex' já concedeu aos outros De­putados.

O SR. PRESIDENTE (Joel Ferreira) - Não concederei mais, Deputa­do. Vou encerrar a sessão, declarando aos Deputados que concedi um minutopara esclarecimento pessoal a um elemento do PDS e a um da Oposição. Nãoconcederei mais a palavra. Peço a compreensão de V. Ex'

O SR. PRESIDENTE (Joel Ferreira) - Nada mais havendo a tratar,vou levantar a sessão.

Deixam de cemparecer os Senheres.

Ceará

Paes de Andrade - PMDB.

Rio de Janeiro

JG de Araújo Jorge - PDT; Modesto da Silveira - PMDB.

Minas Gerais

Leopoldo Bessone - PP.

São Paulo

Pedro' Carolo - PDS.

Paraná

Adriano Valente - PDS; Ary Kffuri - PDS; Paulo Marques - PMDB.

Rio Grande do Sul

Eloy Lenzi - PDT; Hugo Mardini - PDS.

VI - Levanta-se a sessão às 16 horas e 20 minutos.

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'ner.e.IIro • I98J DIÁRIO 00 CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Terça-rei.. 8 14707

MESA LIDERANÇASPresidente:NellOn Marchesan - PDS

l.°-VIce-Presldente:Haroldo Sanford - POS

2.°_VIce-PresIdente:FreIta8 Nobre - PMDB

l.°-Beeretárfo:

Fal1ado LeMe - PD8

2.0-8ecretárlo:

Carlos WiIllon - PP

3.o-Secretário:

loeé Caauarco - PDS

f.o-SecretárIo:Paes 4e AIu1racle - PMDB

SUPLENTES

Simão Sessim - PDS

Joel Ferreira - PDS

Lúcia Viveiros - PP

Jackson Barreto - PMDB .

PDS

Lider:

CanUdio sampaio

Vice-Líderes :

Hugo Mardini Jairo MagalhãesAlípio Carvalho J osías Leite

Bonüâcio de Andrada JoacU PereiraClaudiDo Sales Alcides FranciscatoEdison Lobão Alvaro Valle

Hugo NapoleAo Júlio MartinsJorge Arbage Nelson MorroRicardo Fiuza Ruy BacelarDjaJma Dessa saramago Pinheiro

Siqueira Campoa Paulino CíceroCarlos Alberto de Vasconcellos

Carlos Chiarelli Ney FerreiraOióia Júnior Allolpho Pranco

PP

Lider:

ThaIIa BamIIIIulVice-Lideres :

Herbert Levy Louremberg NunesAntOnio Mariz RochaCarlos Cotta Walber Guimaries

Carlos Sant'Anna Peixoto FilhoJoão Linhares Rubem DouradoJoão Menezes

PMDB

Líder:OdacIr Klein

Vice-Lideres:Fernando Coelho Mendonça NetoPimenta da Veiga Ralph Biasi

Audálio Dantas Jader BarbalhoAlvaro Dias Carlos BezerraEdson Khair Walmor de Luca

Osvaldo Macedo rranndo PereiraJorge Vianna Walter Silva

Israel Dlas-Novaes

PDTLíder:

Alcev. ColIare8

Vice-Lideres:JG de Araújo Jorge Magnus Guimarães

PT

Líder:AfrtoD S-

Vlce-Lider:

Freitas DIniz

PTBLider:

10I'I'l C1II'7Vlce-Lider:

Vilela de Magalhães

DEPARTAMDfJO DE COMISSOESDirelíol': Jolim.81' Cotrla Pinto

Leeal: 4DelIo n - Telefones: 224-2lI4Il e213-6278 - Ramal 6278

0MI'debaçá0 de C-.Jssões PmmanentM

DIretora: Sfim Barroso MartinsLocal: Anexo II - Telefones: 224-5179 e

Pref. 213 - Ramais 6285 e 6289

COMISsOES PERMANENTES1) eOMISSAO DE AGRICULTURA E POUTICA

RURALPresidente: Marcus Cunha - PMDB

VAce-Presidente :Vice-Pnlsldente: JoãO Carlos de Caril - PD8

T1tu1&reB

PDS

2) COMlSSAO DE enelA E TECNOLOGIA

Samir Achôa

pp

PDT

Roberto GalvanlVieira da Silva2 vagas

PMDB

PP

Paulo Torres

PP

PMDB

Már:lo Moreira

PMDB

Mário RatoOCtacUlo Queiroz

Suplentllll

PDS

Prisco VianaVingt Rosado2 vagas

JG de Araujo Jorge

Aroldo MolettaAudálio Dantas

Millon Figueiredo

Pedro Faria

Presidente: Antonio Morais - PPVice-Presidente: Jorge Paulo - PDSVice-Presidente: Cristina Tavares - PMDB

Herbert Levy

3) eOMISSAO DE eOMUNICAÇAO

REUNJOES

Quartas e quintas-felras, às 10:00 haraaLocal: Anexo II - Sala 3 - Ramal 12lI6secretário: Ivan Roque Alves

Alcebíades de OliveiraCarlos AlbertoGióla Júnior

Titulares

PDS

Francisco RossiJosé de castro

CoimbraNelson Morro

Fernando CunhaMário Frota

Horácio OrtizJorge Uequed

PP

Pedro LucenaRosemburgo RomanoUbaldo Dantas

PT

PDS

José PenedoVago

PDT

PMDB

João CâmaraJorge ViannaPimenta da VeigaManoel ArrudaSantUli Sobrinho

TituJa.res

Suplentes

PDS

Júlio MartinsOswaldo Coe1bDPalüo I..wItoIJaPedro~

PriscO VianaSto8lI8el DouradoWildy ViannaZany Gonzaga2 vagas

Antônio FlorêncioBrasUio Caiado

Vago

Arnaldo BchmittJorge vargasLouremberg Nunes

Rocha

REUNIOES

Quartas e quintas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo n - Sala n.s 11 - R. 6293

e 6294Secretário: J06é Maria de Andrade cõrdcba

Abel ÁvilaAlbérico CordeiroAlexandre MachadoAntonio DIasAntonio UenoCOrreia LImaDarcy PozzaFrancisco LeãoHenrique BritoHumberto Souto

Presidente: Bento Gonçalves - PPVice-Presidente: Walter de Prá - PDSVice-Presidente:

Getúlio Dias

AdhIlWll' sammoAntOnio AnnlbelllErnesto de MatcoFranclaOO CastroGeraldo P'leÍningIsrael D1B5-Novaes

PT

Melo FreireRenato AzeredoVago

PDT

Joaquim Guerra;José AmorlmJúlio CamposLuiz RochaPedro GermanoS&dy MarinhoSaramago PinheiroSebastlOO AndradeTelêmaco PompeiVago

PMDB

Iturival NascimentoNivaldo KrügerPacheco ChavesPaulo RattesRonan Tito

PP

l"reltas Diniz

Bento LoboJU8J:€Z BatistaLeite Bchmidt

EJoy Lenzi

Aclolplao PraDcoAntolll.o GomesAntooio MazurelI:Cardoso de AlmeidaCorrêa da QIataDel80n SCaranoCdIlsonLamartine

MenclesEm1llo PerondiHugo Rodrigues

da Cunha

Cardoso AlvesCarlos BezerraErnesto DaU'OglloFrancisco LibardoniGerson Camata

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14708 Terça-feira 8 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Dezembro de 1981

REUNIOES

Quartas e quintas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo II - Sala 6 - Ramal 6304

e 6300secretária: Iole Lazzarini

4) COMISSAO DE CONSTlTUIÇAO E JUSTIÇAPresidente: Afrísio Vieira Lima - PDS

Vice-Presidente: Antônio Dias - PDSVice-Presidente: Tarcísio Delgado - PMDB

Titulares

PDSAltair ChagasAntõnío MorimotoBonifácio de AndradaChristiano Dias

LopesClaudino SalesDja.lma BessaDjalma MarinhoErnani SatyroFrancisco Benjamin

Luiz Cechinel

Edilson LamartlneMendes

Honorato ViannaNagib HaickelRogério RegoVictor TrovãoVago

Nosser AlmeidaPedro GermanoRafael FaracoSimão sessimVieira. da SilvaVago

PT

PDT

PMDB

Pacheco ChavesSebastião Rodrigues

JúniorVago

PP

Pinheiro MachadoVago

PMDB

Mário MoreiraMurilo MendesOctacfi1o Almeida

PPDaso CoimbraJosé Bruno

PDT

Airon RiosAlcides FranciscatoAdolpho FrancoAntonio MazurekAngelino -R08aBatista MirandaCardoso de AlmeidaDíogo Nomura

Juarez BatistaMac Dowell Leite de

Castro

Euclides SCalcoFlávio ChavesHarry SauerJoão Cunha

Lidovlno Fanton

Caio PompeuDaniel anva

7) COMISSÃO DE EDUCAÇAO E CUL~RA

PreSIdente: ROmulo Galvio - PDSVice-Presidente: Bezerra. de Melo - PDSVice-Presidente: Paulo Marques - PMDB

Titulares

PDSJosé TorresLeur LomantoLygia Lessa BastosSalvador JulianelllVoe<>

PMDB

José Maria deCa.rvalho

Raymundo Urbano

PP

Lu:iz BaptistaRosemburgo Romano

Vago

Alvaro Va.l1eBraga RamosDarcílío AyresJosé AlvesJoão Faustino

Alvaro DillBFranciSCO CastroJoão Herculino

Bonifácio de AndradaBrasl1lo CaiadoEvandro Ayres de

Moura.Hydecltel FreitasJairo MagalhãesNorton Macedo

Suplenttll

PDS

REUNIOES

Quartas e quintaa-felra.s, às 10:00 horaaLocal: Anexo II - Bala 4 ....:. Ramal ai.secretária: DeI:&u1te Macedo de Avelar VIDu

Bo88

PDT

Vago

Suplentee

PDS

Alcir PimentaCarlos Sant'Anna

Magnus Guima.rães

REUNIOES

QuartllB-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo II - Sala 9 - (224-0769)

Ramal 6318secretária:Tasmânia Maria de Brito Guerra

CelSQ PeçanhaIram saraivaJackson Barreto

PDT

PP

Ubaldo DantasWalber Guimarães

PMDB

Nabor JúniorSamir AchôaSebastião Rodrigues

Júnior

PMDB

Mendonça NetoRoberto FreireRoque Aras

PP

Mendes de MeloJosé Bruno

PDT

PDT

Manoel GonçalvesPaulo LustosaRicardo FíuzaRubem MedinaZ8ny Gonzaga2 vagas

PMDB

Hélio DuqueRalph BiasiSantllli Sobrinho

PP

Silvio Abreu Júnior

PT

5) COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDORPresidente: Stoessel Dourado - PDS

Vice-Presidente: Humberto Souto - PDSVice-Presidente: Gerson camata - PMDB

Titulares

PDS

Rubem MedinaSalvador Jullanel11Siqueira CampollTúlio BarcelosVasco Neto

Celso PeçanhaElqUísson SoaresJorge Uequed

JG de Araújo Jorge

Suplentes

PDS

HugoMarcUn1José Carlos FagundeaJosé Mendonça BezerraPaulo GuerraRezende MonteiroWalter de Prâ

Aécio CUnhaAlbérico CordeiroFeu RosaJoão ArrudaPaulo LustosaPedro Colin

Daso CoimbraJorge Vargas

Antônio AnnibelllAurélio PeresCardoso FregapaniJúnia Marise

José Frejat

Carneiro ArnaudLeopoldo Bessone

Alberto GoldmanAldo FagundesFelippe Penna

Antônio Carlos deOliveira

Getúlio Dias

Cesário Barretotsasc NewtonJoão AlbertoJoão ArrudaJoão ClimacoLuiz Vascuneellos

REUNIõES

Terças, quartas e quintas-feiras, às 10:00 horaaLocal: Anexo II - Sala 17 - Ramal 6308Secretário: Ruy Omar Prudência da Silva

PTB

Reuni6es

Quartas e quintas-fe!raB, às 10:00 borasLocal: Anexo II - Ramais 6378 e 8379Secretãria: Maria J'lllia Rabello de Moura

6) COMISSAO DE ECONOMIA, INDOSTRIA ECOMlRCIO

Presidente: Marcondes Gadelha - PMDBVice-Presidente: Arnaldo Schmitt - PPVice-Presidente: 19o Losso - PDS

Titulares

PDS

Jorge CUry

Carlos AugustoPedro Sampaio

I Álvaro ValleAntônio FerreiraCesário BarretoCláudio PhilomenoCláudio StrassburgerFrancisco RollembergHonorato Vianna

Francisco RossiGomes da SilvaJairo MagalhâesJ oacil PereiraNatal GaleNilson GibsonNelson MorroOswaldo MeloTheodorico FerraçoVago

PMDB

João GilbertoJosé CostaMarcello CerqueiraOsvaldo MacedoPimenta da Veiga

PPLuiz LealMárcio MacedoMiro Teixeira·Pérícles Gonçalves

PT

PDT

Jorge ArbageJosé PenedoJosé Mendonça BezerraJúlio MartinsLeorne BelémMaluly NettoNey FerreiraOsmar LeitãoPedro CollinRaimundo DinizRicardo Fiuza

PMDB

Roberto FreireRoque ArasValter GarciaWaldir wanerWalter Silva

PP

Walber GuimarãesRubem DouradoSérgio Ferrara

PDT

Suplentes

PDS

João ArrudaManoel RibeiroRômulo GalvãoTelmo Kirst

PMDB

João GilbertoMarcello Cerqueira

PP

Lúcia Viveiros

Suplentes

PDS

Alair FerreiraAntônio FerreiraAntonio ZachariasEdison Lobão

Fernando LyraGerson Camata

Vago

Carlos Augusto

Vago

Antônio MarizHenrique Eduardo

AlvesLouremberg Nunes

Rocha

Adhemar 8anW1oAntônio RussoBrabo de Ca.rvalhoE1quisson SoaresHarry Sauer

Lidovino Fanton

Amadeu GearaCardoso Alves .Délio dos SantosEdgard AmorimJuarez Furtado

Vago

Adhemar de BarrosFilho

Cantldio SampaioCarlos ChiarelliCélio BorjaDarcílío AyresFeu RosaGeraldo GuedesHugo NapoleãoIgo LossoIsaac Newton

Caio PompeuJorge MouraLeite SchimidtMarcelo Medeiros

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Dezembro de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçâo I) Terça-feira 8 14709

9) COMISSlO DE FISCALIZAÇAO FINANCEIRAE TOMADA DE CONTAS

Presidente: Nosser Almeida - PDSVice-Presidente: Wilson Braga - PDSVice-Presidente: Joel Lima - PP

Titulares

PDS

REUNIOES

Quartas e quíntaa-feíras, às 10:00 horasLocal: Anexo 11 - Sala 16 Ramal 6322

e 6323(DIreto 226-8117)

Secretário: Jarbas Leal Viana

Newton Cardoso

PDT

PDT

PMDB

Marcelo CordeiroMauricio FruetWalmor de Luca

PP

Oswaldo Lima

PMDB

PP

Suplentes

PDS

João Alv,'sPrisco Vhna

PMDB

Ulysses Guimarães

PP

Suplente.

?OSJoão Carlos de CarUJoel R.lbelroJOIlé PeDedoOdulfo I>oaIinlrUUUbaldlno MeireDIa

Murllo Mendes - PMDBAIcir Pimenta - PPFrancisco Rollemberg - PDS

Titul_

PDSDjalma Bessa "

Ernani satyroHugo Napoleão

Edson Khair

Oswaldo Lima

Presidente:Vice-Presidente:Vice-Presidente:

Irani1do Pereira

Vago

Airon RiosClaudino Sales

José Frejat

Antõnío MoreJaLeônídas Sampaio

Adroa.ldo CamposAltair Cha.g&aDelson 8cara.noGomes da 81lv..Hélio LevyJoão Alberto

Jorge FerrazNéllo Lobato

REUNIOES

Quartas e quintas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo 11 - 14 - R. 6342, 6340 e 6341Secretária: Laura Perrela Parísl

Presidente: Guldo Arantes - PDSVice-Presidente: Horácio Matos - PDSVice-Presidente: HoráciO Ortíz - PMDB

Titulares

PDS

Mllvernes LimaPrIsco VianaPaullno Clcero de

VasconcellosSiqueira Campos

PMDB

Carlos Nelson Mário FrotaHeitor Alencar Furtado Ralph Biaa1JerÔnimo Santana Tldel de Lima

PP

12) COMlSSAO DE REDAÇAO

REUNIOES

Quartas e quinta8-felrall, ls 10:00 hora8Local: Anexo 11 - Bala 7 - Ramal 6336secretária: Allla FeUclo Tobias

REUNIOES

Quartas e «iuUItas-feiras, às 10:00 horasLoeal7 Ane%<t'II .... SaIa. 8 - Ramal ADsecretário: Edson Nogueira da Gam..

Magnus Guimarães

11) COMISSAO DE MINAS E ENERGIA

Fued DibGenésio de Barros

Antônio FerreiraAntônio Z&charlaaCláudio 8trassburgcrHugo MardiniLéo Simões

PT

Iturival NascimentoJulio CostamilanNabor JúniorOsvaldo MacedoPedro IvoVagO

PP

Mário StammNélio LobatoPedro FariaPeixoto Filho

PDT

PPLúcia ViveirosNewton CardosoVago

PDT

Josué de SouzaJúlio MartinsManoel NovaesMilton BrandãoNagib HaíckelOswaldo CoelhoVictor TrovãoVingt RosadoWanderley MarizVago

PT

PP

Mendes de MeloMilton Figueiredo

PDT

Ludgero RaullnoManoel GonçalvesMaráo FilhoMauro sampaioMenandro MlnahimMUvernes Limaossían AraripeRuy BacelarVivaldo FrOta3 vagas

PMDB

PMDB

José Carlos Vascon-celos

José FreireModesto da SilveiraOctacllio QueirozRoberto Freire

PMDB

Nivaldo KrügerPaulo BorgesRosa Flores

Vago

Bento GonçalvesBorges da SilveiraHenrique Eduardo

Alves

FreHas Dlnlz

Aluizio BezerraArnaldo LafayetteAurélio "PeresCardoso FregapaniCarlos BezerraIranUdo Pereira

AmIlcar de QueirooAntônio AmaralAntônio MorlrnotoChristóvam ChiaradiaCorrêa da CostaHugo MardlniHumberto SoutoIsaac NewtonJosé AmorlrnJosías Leite

Freitas Dinlz

José Frejat

Antônio AnnibelllCarlos NelsOnDélio dos SantosJacklion BarretoJerÔnimo SantanaJoão CâmaraJorge Gama

Herbert LevyJorge MouraJosé Bruno

Suplentes

PDS

10) COMISSAO DO "TERIOR

PT

REUNIOES

Quartas e quintas-feiras, ê.s 10:00 horasLocal: Anexo 11 - 8Illa 15 - Ramal 6325secretário: Geraldo da Silva

Presidente: Adauto Bezerra - PDSVice-Presidente: Paulo Guerra - pnsVice-Presidente: Ruben Figueiró - PP

Titulares

POO

Vago

Adroaldo CamposAlbérico CordeiroAlexandre MachadoAngelo MagalhãesCorreia lJmaCrlstino CortesEdison LobãoEvandro Artes de

MouraHenrlqna BritoInocêncio Oliveira

Vago

João MenezesMelo Freire

Helio DuqueJairo BrumJorge UequedJosé Carlos

Vasooncelos

Jorge ArbageJosias LeiteRafael FaracoTelmo KirstVasooNetoVictor Faccioni

PT

PP

Márcio Macedo

PDT

PMDB

Manoel ArrudaIDysses GuimarãesWalter Silva

PDT

PMDB

João CunhaRuy Côdo

PP

Jorge Vargas

PDT

PP

Silvio Abreu JWlior

Suplentes

PDS

J oel FerreiraMarcelo LinharesUbaldo BarémWanderley MarizWilson Falcão2 vagas

Suplentes

PDSAntônio PontesPedro CaroloRuy SilvaSady Ma.r1nhoSebastião Andrade

PMDB

Mauricio FruetPaulo Marques

Alvaro GaudêncioAlvaro ValleBias FortesErasmo DiasFernando GonçalvesJosué de SouzaHélio campos

vago

Vago

Daso CoimbraMarcelo Medeiros

Airton SandovalErnesto de MarcoFernando CoelhoIranildo Pereira

Adhemar de BarrosFilho

Amilcar de QueirozAngellno RosaCastejon BrancoClaudio PhilomenoHumberto Souto

Hélio GarciaLeopoldo Bessone

Adhemar GhIsIAdriano ValenteAécio CunhaAntônio FlorêncloAngelo Magalhães

AntÔnio RussoAroldo MolettaJoão Herculino

Alceu Collares

aI COMIS$AO DE FINANÇASPresidente: Luiz Baccarini - PP

Vice-Presidente: Ollvir Gabardo - PMDBVice-Presidente: Vicente Guablroba - PDS

Titulares

PDS

José Carlos FagWldesJosé Mendonça BezerraLeorne BelémMarão Filho

Jorge Ferraz

Carlos VinagreHIldérlco Oliveira

Vago

AIron RiosAthiê CouryChristovam ChiaradiaFernando MagalhãesHonorato Vianna

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14710 Terça·feira 8 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçio I) Dezembro de 1981

Suplentes

PDS

REUNIOES

Quartas e quintas-feiras, às 10:00 horasLocal: - Anexo II - Sala 7 - Ramal 6341secretária: Edna Medeiros Barreto

13) COMISSAO DE RELAÇõES EXTERIORESPresidente: Flávio Marcmo - PDS

Vice-Presidente: Diogo Nomura - PDSVice Presidente: Ma.c DO'Well Leite de Castro

- PP

PPJoel VivasPeixoto Filho

PDT

PMDBGilson de BarrosJua.rez Furtado

PDT

Suplentes

PDSDja.lma MarinhoHorácio MatosJoio ClfmacoOsvaldo Melo

PMDBPedro Ivo3 vagas

PDT

Suplentes

PDSLygia Lessa BastosNatal Ga.1eNllsOn GibsonPedro CorrêaRezende MonteiroWilson BragaVago

PMDBMarcelo CordeiroMax MauroTarcisio Delgado

Presidente: Heitor Alencar Furta.do ­PMDB

Vice-Presidente: Celso Peçanha - PMDBVice-Presidente: Augusto Lucena - PDS

Titulares

PDSWildy Vianna3 vagas

Vago

Adauto BezerraAdernar PereiraAry AlcântaraClaudlno Sales

Audálio DantasDel Bosco AmaralEloar GuazzelllFernando Cunha

Carlos SantosFernando Coelho

Antonio GomesBezerra de MeloGióia JúniorJayro MaltoniJ oacil PereiraJosé canos FagundesJulio Campos

Vago

Epitácio Ca.!eteiraFrancisco Pinto

Amadeu: Gea.raEdgard AmorlmEdson KhairFlávio Chaves

Fernando GonçalvesMoacyr LopesOssían Ararlpe

Carneiro Arna.udEdson Vidigal

Alceu' Collares

PT

REUNIOESQuartas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo II - Sala 12 - Ramal 6363secretário: De1a.lr de Màttos Rezende

Magnus Guimarães

PPAntônio Mariz Ruben FigueiróJoel LIma Ubaldo Dantas

PDT

17) COMISSAO DE TRABALHO E LE61SLAÇAOSOCIAL

Antônio Carlos deOliveira

16) COMIS5AO DE SERVIÇO POIUCO

REUNIOES

Quartas e quintas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo II - sala 15 - Ramal 6367secretário: Agassis Nylander Brito

Presidente: Osma.r Leitão - PD6Vice-Presidente: Vivaldo Frota - PDSVice-Presidente: Benedito Marcfiio - PT

Tltulans

PDSAbel Avila João AlvesAdhemar Ghls1 Maluly NettoAlva.ro Gaudêncio OCtávio TorrecillaAntônio Amaral Pedro CaroloCarlos Chia.relll Túlio Ba.rcelosFrancisco Rollemberg Ubaldino Meireles

PMDBJorge UequedJúlio CostamilanMendonça Neto

PDS

Paulo GuerraTelêmaco PompelTúlio BarcelosVicente GuablrobaWalter de Prá

Rubem Dourado

J oel FerreiraNey FerreiraHélio campos

PDS

PMDB

3 vagas

pp

Max Mauro

PP

Ubaldo Dantas

Titulares

PDS

Mauro SampaioMenandro MinahlmNavarro Vieira FilhoPedro CorreaVago

PMDB

Suplentes

Suplentes

PDS

João AlvesSalvador JulianelliWilson FalcãoVago

Leônidas SampaioPedro Lucena

Adernar PereiraJllI>é de Castro

CoimbraLudgero Raulino

Euclides SCalcoJorge Vianna

Athiê CouryBraga RamosCastejon BrancoFrancisco RollembergInocêncio Oliveira

Carlos CottaPaulo Torres

Eloar Guazzelli

ítalo ContlJosé Ribama.r

MachadoMilton BrandãoOctavío Torrecilla

Alípio CarvalhoAntonio PontesAry Kffur1Erasmo Dias

PMDB

Modesto da Silveira 4 vagas

PP

Edson Vldigal Péricles GonçalvesLuiz Baccaríní

REUNIOES

Quartas e quintas-feiras, às 10:00 horas

Local: Anexo II - Sala 13 - Ramais 6355 e6358

Secretário: Walter Flores Figueira

Presidente: Paulo studa.rt - PDSVice-Presidente: Odulfo Domingues - PDSVice-Presidente: Pedro Ivo - PMDB

Presidente: Mário Hato - PMDBVice-Presidente: Borges da Silveira - PPVice-Presidente: Waldmir Belinatti - PDS

15) COMISSAO DE SEGURANÇA NACIONAL

14) COMISSAO DE SAODE

PMDB

Ernesto Dall'Ogllo Marcondes Gadelha2 vagas

PP

Carlos Cotta Joel VivasCarneiro Arnaud Vago

REUNIOES

Quartas e quintas-feiras, às 10:00 horasLocal: Anexo n - Sala. 10 - Ramal 6352

e 6350secretária: Iná Fernandes Costa

Mendonça NetoOUvir GabardoPaulo RattesRonan TitoSamir AchÔaUlysses Guimarães

PT

Jairo BrumJúnia MarlseRoque ArasRosa Floressebastião Rodrigues

JúniorWaldir Walter

PP

Magalhães PiÍltoMendes de MeloPinheiro Machado

José Ribamar MachadoMarcelo LinharesNorton MacedoPedro CollinRaymundo DinIzRoberto carvalhoRogério RegoRuy SilvaStoessel Douradotlnaldo DaremWilson Falcão

PP

PT

PTB

PDT

Miro TeixeiraPedro SampaioRenato AzeredoWalber Guimarães

PDT

PTB

PMDB

Leur LomantoLuiz VasconcellosPaulo StudartRaul BernardoRoberto GalvanlSiqueira CamposTheodorlco FerraçoVasco NetoVictor FaccioniWaldmir Belinati5 vagas

PMDB

Titulares

PDS

Vilela de Magalhães

1 vaga

Magnus Guimarães

Aldo FagundesElquisson SoaresFrancisco PintoFelippe PennaHildérico OliveiraJosé FreireMarcus Cunha

Augusto LucenaChrlstlano Dill8 LopesCláulliO PhllomenoErnani SatyroFernando MagalhãesGuido ArantesHermes MacedoJosé AlvesJosé TorresLeorne Belém

José Màurício

Aluizio BezerraArnaldo LafayetteCardoso FregapaniCarlos santosDel Bosoo AmaralIsrael Dias-NovaesIram Saraiva

Daniel SilvaHélio GarciaLázaro CarvalhoMárcio Maoedo

Jorge Cury

Adalberto CamargoAdriano ValenteAntonio UenoA.ry AlcântaraBatista MirandaBlas FortesCélio BorJaFeu RosaGeraldo GuedesHenrique TurnerHugo Napoleãoítalo ConU

caríos Sant'AnnaJoão UnharesJoão MenezesLeopoldo Bessone

Luiz oecníne;

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Dezembro de 1981 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seeâo I) Terça-feira 8 14711

AdaIberto CamargoAlcebfades de OliveiraAlfplo Carvalhocesário BarretoCláudio StrassburgerCristino COrilellDarcílía Ayres

pp

Juarez BatistaPTB

PP

PDT

TitularesPDS

José PenedoJosué de SouzaPaulo Lustosa

PMDBSebastião Rodrigues Júnior

Geníval TourinhoSuplentes

PDSJ06é TorresRicardo FiuzaSiqueira Campos

Edson Vidigal

Israel Dias-Novaes

Márcio Macedo

Alcebiades OliveiraAlvaro ValleHugo NapoleAo

Vilela de MagalhãesSuplentes

PDSJoão FaustinoLeur LomantoVieira da Silva

PMDBModesto da Silveira

PPUbaldo Dantas

REUNIOESQuintas-feiras, às 10 horasAnexo 11 - Sala das CPIsRamal: 6406secretário: Geraldo Jair Barro-

Edson Vidigal

Ronan Tito

Adolpho FrancoJosé Mendonça

Bezerra

5} COMISSAO PARLAMENTAR Df INQUftlTODESTINADA A APURAR IRREGULARIDADESDISTORÇÕES E DEFICI!NCIAS NO FUNCIONAMENTO DO ENSINO PAGO NO PAIS

RESOLUÇAO N.o 49/80Prazo: 6-5-81 a 2-12-81

Presidente: Feu Rosa - PDSVice-Presidente: Paulo Guerra - PDS

Relator: Edson Khair - PMDBTitulares

,PDS

Antonio Dias Salvador JulianelliLuiZ Rocha Simão Sessin

4) COMISSAO PARLAMENTAR DE INQUOITODESTINADA A INVESTIGAR A SIrUAÇAO DOPATRIMôNIO HIST6RIC0 E ARnsncO NA·CIONAL E AVALIAR A POUTICA DO G0­VERNO FEDERAL PARA SUA DERSA ECONSERVAÇAO

RESOLUÇAO N.O 11, DE 1980Prazo: 5-12-80 a 19-3-82

Presidente: ceno Borja - PD6Vice-Presidente: Vicente Guabiroba - PDS

Relator: Fernando Coelho - Pl\(J)B

TitulaJesPDS

Be2erra de Melo Nilson GibsonGeraldo Guedes Rômulo Galvão

PMDB

PMDBFernando Coelho Nivaldo Krüger

PPLeopoldo Bessone Mac Dowell LeIte de

Castro

Reuniões: Quintas-feiras. às 10 horasLocal: Anexa 11 - Plenário das CPIsRamal: 6406Secretária: Irene Margarida Ferreira Groba

Augusto LucenaHonorato ViannaIsaac NewtonJooias Leite

Adhemar santllloAlberto Goldman

PPCaio Pompeu

SuplentesPDS

vagoVagoVago

PMDB

Roberto Freire

SuplentesPDS

Milton BrandãoRaymundo DinizVasco Neto

Angelo MagalhãesAntônio DiasFrancisco RollembergHumberto Souto

3) COMISSAO PARLAMENTAR DE INQUIRIrODESTINADA A INVESTIGAR AS CAUSAS DASELEVADAS TAXAS DE JUROS NOS DIVERSOSSETORES DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

RESOLUÇAO N.o 34/80

Prazo: 27-11-80 a 21-9-81

Presidente: Adhemar Ghisi - PDSVice-Presidente: Igo Losso - PDS

Relator: Herbert Levy - PP

PMDBEdgard Amorim Ronan TitoJackson Barreto

pp

Leopoldo Bessone LuiZ LealPDT

Brabo de CarvalhoFlávio Chaves

José Frejat

2) COMISSAO PARLAMENTAR DE ItQUIRITODESTINADA A INVESTIGAR AS CAUSAS' EE CONSEQO!NCIAS DAS CHEIAS DO RIO sAOFRANCISCO

RESOLUÇAO N.o 28/80Prazo: 6-11-80 a 22-10-81

Presidente: Adroaldo Campos - PDSVice-Presidente: Prisco Viana - PDS

Relator: Elquisson Soares - PMDB

TitularesPDS

Albérico Cordeiro Leur LomantoHenrique Brito Oswaldo ooetnoHonorato Vianna

PMDBCristina Tavares José Carlos

VasconcelosPP

Carneiro Amaud Tertuliano AzevedoPDT

RlEUNIÔESQuintas-feIras. às 10 horasLocal: Plenário das CPIs - Anexo IISecretária: Márcia de Andrade PereiraAnexo II - Ramal 6407

Vago

Geraldo Guedes (PDSl - Livro 11 - Parte Es­pecial - Atividade Negociai.

Afrl&to \·ieira Lima (PDS) - Livro lI! - ParteEspecial - Coisas.

Igo Losso (PDS) - Livro IV - Parte Especial~ Família.

Tarcisio Delgado (PMDBl - Livro V - ParteEspecial - Sucessões.

TitularesPDS

Afrisio Vieira Lima Geraldo GuedesFrancisco Benjamim Raymundo Diniz

PMDBElquisson Soares Tarcísio DelgadoIsrael Dias-Novaes

PP

Leite SChimidt

Rubem Dourado

VagoVagoVago

PTB

PDT

PMDBOctacílío de AlmeidaPaulo BorgesTidei de LimaValter Garcia

PPVago

PTB

Raul Bernardo - PDSAlair Ferreira - PDSSérgio Ferrara - PP

TitularesPDS

Jayro MaltoniJoel RibeiroManoel RibeiroRezende MonteiroRuy BacelarSimão 5essim

Diretor: Walter Gouvêa Costa

Local: Anexo n - Te!.: 226-2912 (direto)Ramal 6400 e 6401

Seção de Comissões Especla.lsStella Prata da Silva Lopes

Anexo n - Te!: 223-8289(dI%eto) Ramais 6408 e M09

EIoy Lenzi

Vago

Chefe:Local:

18) COMISSAO DE TRANSPORTESPresidente

Vice-PresidenteVice-Presidente

Aluizio Paraguassu

Joio LinharesLUiz Leal

Lázaro CarvalhoMário Stamm

Airton SandovalFrancisco LibardoniFued DibGilson de Barros

Aurélio PeresFernando r.vt'aGeraldo FlemingNabor Júnior

REUNIOESQuartas e quíntas-reíras, às 10:00 horast.oeal: Anexo n - Sala 5 - R. 63'72 e 6373Secretário: Carlos Brasil de Araújo

1) COMISSAO ESPECIAL DESTINADA A DARPAREaR AO PROJETO DE LEI N.O 634/75,DO PODER EXECUTIVO, QUE INSTITUI OC6DIGO CIVIL

Presidente: João Linhares - PPVice-Plresildente: Igo Losso - PDSVice-Presidente: Elquisson Soares - PMDB

Relator-Geral: Djalma Marinho - PDSRelatores Parciais:

Israel Dias-Novaes (PMDB) - Parte Geral ­Pessoas, Bens e Fatos Jurídicos.

Raymundo Diniz <PIlS) - Livro I - Parte Es­pecial - Obrigações.

COORDENAÇlo DE COMISSOESTEMPORARIAS

Sec;ão de Comlssões Parlamentaresde Inquérito

Chefe: Lucy Stumpf Alves de SouzaLocal. Anexo II - T~I.: 223-7280 (direto)

Ramal 6403

Vilela de MagalhãesSuplentes

PDSErnfdio PerondiFrancisco BenjaminJoaquim GuerraJorge PauloLéo SimõesNavarro VieIra Filho2 vagas

PMDBJosé Maria de CarvalhoOdacir KleinRuy CôdoVago

PPNélio LobatoVago.

PDT

Alcides FranciscatoDarcy PozzaFrancisco LeãoHélio LevyHermes MacedoHidekel FreitasHomero Santos

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14712 Terça-feira 8 DI..\RIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Dezembro de 1981

REUNIõESLocal: Anexo 11 - Plenário das CPIsRamais: 6403 - 6404 - 6405 - 6407Secretária: Marci Ferreira Borges

7) COMISSAO PARLAÍlENTAR DE ..QUtRrroDESTItADA A APURAI AS DISTCIIÇOESEXISTENTES NA COMElClAUZA~O DO CAMBRASILE.O

REQUERIMENTO N." 139/81Prazo: 16-6-81 a 30-3-82

Presídénte: Cardoso de Almeida ~ PDSVice-Presidente: Delson Scarano - PDS

Relator: Cardoso Alves - PMDB

Lúcio .CioniManoel GonçalvesMilvernes IJma

PPPedro Lucena

PDT

PMDBFued Dlb

Suplentes

PDS

PPRosemburgo Romano

Sup1eDtesPDS

Cláudio StrassburgerPedro Carola

REQUERIMENTO N.o 140/81Prazo: 29-9-81 a 11-6-82

Presidente: Castejon Branco - PDSVice-Presidente: sebastião Andrade - PDS

Relator: Adhemar Santlllo - PMDB

TitularesPDS

Júlio MartinsPedro Corrêa

Alceu CoIlares

Carneiro Arnaud

Antônio MazurekHenrique TurnerJayro Maltonl

Fernando MagalhãesJoão AlbertoJúlio CamposLeorne Belém

Cristina TavaresMax Mauro

Jorge Uequed

Luiz Baptista

João HercullnoMurilo Mendes

PMDBJorge Gama OCtacllio QueirozMário Frota Waldir Walter

PPCarlos Cotta Luiz Baptista

REUNIOESQuintas-feiras, às 10 horasLocal: Plenário das CPIs - Anexo nSecretária: Maria Teresa de BlllTOII Pereira

Anexo 11 - Ramal 6404

10) COMISSAO PARLÁMENTAR DE lIQU8ITODESTINADA A APURAI AS CAUSAS E CON­SEQUINCIAS DA FOME, DESlllTRIÇlO EFALTA DE SAODE NA POPULAÇAO DE I.UIA RENDA NO BIASIL

Antônio FerreiraAugusto LucenaChristóvam Chiaradia

PMDBJosé Maria de

CarvalhoPP

Carlos Sant'Anna Daniel Silva

REUNIOESQuintas-feiras, às 10 horasLocal: Plenário das CPIs - Anexo 11secretaria: Anexo fi - Ramal MIOSecretária: Nelma Cavalcanti Bonifácio

RESOLUÇAO N9 18/81Prazo: 13-8-81 a 27-4-82

Pre6idente: Braga Ramos - PDSVice-Presidente: Francisco Leão - PDS

Relator: Nivaldo KrUger - PMDBTitulares

PDSCesárto Barreto Diogo NomuraDarcy PDZZa Theodorico Ferraço

PMDBouvir Gabardo

9} COMISSlO pAIlAMEIfI'AII DI .......0DESTINADA A AVALIAR OS IlSULTADOSDA REFOIMl DO __ DI 1.- E 2.-GRAUS

Pedro Sampaio

Elquisson SoaresRonan Tito

Renato Azeredo

Hugo Rodriguesda Cunha

OCtávio TorrecillaVago

Navarro VieiraOdulfo Dorningues

pp

PP

PDS

José AlvesUbaldino Meirelles

PMDB

João Herculino

PP

Titu1al'es

Suplentes

PDS

Joel RibeiroWildy ViannaVago

PMDB

Valter Garcia

PMDB

Hélio Duque

PMOB

Titulares

PDS

Suplentes

PDS

PPJorge Moura

REUNIõES

Terças-fetras, às 10 horasLocal: Plenário das CPIs - Anexo 11Secretária: Lourdinete Honório Paiva

Anexo 11 - Ramal 6406

Mendes de Melo

Amadeu GearaDélio dos Santos

Carlos Augusto

Júlio CostamilanMauricio Fruet

Angelo MagalhãesAntônio Zacarias

REUNIúES

Terças-feiras, às 10 :00 horasLocal: Plenário das CPIs -, Anexo IIRamal: 64(}4Secretária: Myrthes Hooper Silva

Adriano ValenteAdolpho FrancoCastejon Branco

8) COMISSAO PARLAMENTAR DE ..QU8trroDESTINADA A APURAR AS RAZÕES DElD.MINANTES DAS CONSTANTES E CRESCENTESMAJORAÇõES DAS TARIFAS DE AGUA, ES­GOTO, LUZ, TELEFONE E TRANSPORTE co.LETIVO URBANO

REQUERIMENTO N.Q 138/81

Prazo: 12-8-81 a 26-4-82

Presidente: Alexandre Machado - PDSVice-Presidente: - PDS

Relator: Mário Stamm - PP

Altair ChagasAngelino RosaAntônio Amaral

Airton SandovalCristina Tavares

Antônio MorimotoAntonio UenoAthlê CouryEdilson Lamartlne

Mendes

A1yaro DiasGerson Camata

Luiz Leal

Melo Freire

PPNélio Lobato

PMDBJorge Vianna

PDT

Suplentes

PDSJorge ArbageMarcelo LinharesMauro Sampaio

Paulo Marques

HeItor AlencarFurtado

Jorge UequedMarcus Cunha

Daniel Silva

Louremberg NunesRocha

José Mauricio

Alceu Collares

Amilcar de QueirozEvaldo AmaralIsaac NewtonHugo Napoleão

6) COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQutRrroDESTINADA A EXAMINAR O ENVOLVIMENTODE FIGURAS DA ADMINISTRAÇAO FEDERALDIRETA E INDIRETA, NO FAVORECIMENTO AEMPRESA QUATRO RODAS HOmS DO NOR·DESTE S.A. E SUAS COLIGADAS, DE FORMAA CAUSAR EVENTUAIS PREJUIZOS AO ERA·RIO POBLlCO.

REQUERIMENTO N." 123/80Prazo: 7-5-81 a 3-12-81

Presidente: Walter de Prá - PDSVice-Presidente: Tillio Barcellos - PDS

Relator: Evandro Ayres de Moura - PDSTitulares

PDSJoão Faustino Nosser AlmeidaNelson MOrro Roberto Galvani

PMDBAntônio Russo Cardoso AlvesDel acscc Amaral

PPBento Gonçalves Edson Vidigal

PDT

PMDBTarcisio Delgado

pp

Louremberg NunesRocha

SuplentesPDS

Ludgero RaulinoOsvaldo MeloSiqueira Campos

PMDBOctacilio QueirozRoberto Freire

PPCaio Pompeu

REUNIOEETerças e quintas-feiras, às 10 horas.Local: Plenário das CPIs - Anexo 11secretária: Mariza da Silva MataAnexo 11 - ramal 6404

Alcir Pimenta

Brasílio CaiadoDjalma BessaInocêncio Oliveira

PREÇO DESTE EXEMPLAR: Cr$ 50,00]EDIÇÃO DE HOJE 32 PÁGINAS1 ---