84
REPERCUSSÃO GERAL Boletim 5 Supremo Tribunal Federal Secretaria de Documentação

RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

RepeRcussão GeRal

Boletim

5

Supremo Tribunal FederalSecretaria de Documentação

Page 2: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

O Boletim Repercussão Geral apresenta uma síntese dos processos em que discutida a existência de repercussão geral, classificando-os em: repercussão geral reconhecida e mérito julgado; repercussão geral reconhecida e jurisprudência reafirmada pelo Plenário; repercussão geral reconhecida e jurisprudência reafirmada pelo Plenário Virtual; repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento; e repercussão geral não reconhecida.

Brasília, 2 de fevereiro a 1º de julho de 2015 — nº 5

RepeRcussão GeRalBoletim

Supremo Tribunal FederalSecretaria de Documentação

Page 3: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

Repercussão Geral : Boletim / Supremo Tribunal Federal. – v. 1, n. 1 (fev./jul. 2013) - . – Brasília : Secretaria de Documentação, 2013- .

v. ; 21 x 29 cm.

Semestral.

Disponível também em formato eletrônico: <www.stf.jus.br/boletimrg>

1. Repercussão geral, Brasil. 2. Tribunal supremo, jurisprudência, Brasil. I. Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF). II. Título: Boletim Repercussão Geral.

CDD 340.6

Supremo Tribunal Federal

Secretaria de Documentação — SDO

Coordenadoria de Jurisprudência Comparada e Divulgação de Julgados — CJCD

[email protected]

Page 4: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

Sumário1 Repercussão geral reconhecida e mérito julgado, 9

Direito AdministrativoAposentadorias e Pensões

Tema 396: RE 603.580/RJ 10Concurso Público

Tema 485: RE 632.853/CE 10Tema 671: RE 724.347/DF 11

Princípios Constitucionais Administrativos

Tema 483: ARE 652.777/SP 12Sistema Remuneratório

Tema 395: RE 638.115/CE 13Tema 639: RE 675.978/SP 14

Direito CivilDireitos Reais

Tema 815: RE 422.349/RS 15

Direito ConstitucionalControle de Constitucionalidade

Tema 223: RE 590.829/MG 16Direitos e Garantias Fundamentais

Tema 582: RE 673.707/MG 16Estatuto dos Congressistas

Tema 469: RE 600.063/SP 17Repartição de Competência

Tema 145: RE 586.224/SP 18Sistema Financeiro Nacional

Tema 33: RE 592.377/RS 20

Direito do TrabalhoPrincípios e Garantias Trabalhistas

Tema 152: RE 590.415/SC 21

Direito PenalTransação Penal

Tema 187: RE 795.567/PR 23

Direito Processual CivilSentença

Tema 733: RE 730.462/SP 23

Page 5: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

Direito Processual PenalInvestigação Preliminar

Tema 184: RE 593.727/MG 24

Direito TributárioTributos

Tema 830: RE 632.265/RJ 25

2 Repercussão geral reconhecida e jurisprudência reafirmada pelo Plenário Virtual, 26

Direito AdministrativoSistema Remuneratório

Tema 806: ARE 665.632 RG/RN 27

Direito CivilDireito de Família

Tema 821: ARE 842.157 RG/DF 28

Direito ConstitucionalDireito à Saúde

Tema 793: RE 855.178 RG/SE 28Direitos e Garantias Fundamentais

Tema 823: RE 883.642 RG/AL 28

Direito Processual PenalAção Penal

Tema 811: ARE 859.251 RG/DF 29

3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31

Direito AdministrativoResponsabilidade Civil do Estado

Tema 826: ARE 884.325 RG/DF 32

Direito CivilDireito das Sucessões

Tema 809: RE 878.694 RG/MG 32

Direito ConstitucionalControle Jurisdicional de Políticas Públicas

Tema 818: RE 858.075 RG/RJ 32

Page 6: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

Direito à Educação

Tema 822: RE 888.815 RG/RS 33Requisição de Pequeno Valor

Tema 792: RE 729.107 RG/DF 33Sistema Financeiro Nacional

Tema 810: RE 870.947 RG/SE 34

Direito Processual CivilCompetência

Tema 820: RE 860.508 RG/SP 34

Direito TributárioCompetência Tributária

Tema 825: RE 851.108 RG/SP 34Imunidade Tributária

Tema 796: RE 796.376 RG/SC 34Tributos

Tema 801: RE 816.830 RG/SC 35Tema 808: RE 855.091 RG/RS 35Tema 816: RE 882.461 RG/MG 35Tema 817: RE 851.421 RG/DF 36Tema 827: ARE 782.749 RG/RS 36

4 Repercussão geral não reconhecida, 37

Direito AdministrativoAposentadoria e Pensões

Tema 813: ARE 881.383 RG/RN 38Responsabilidade Civil do Estado

Tema 819: RE 881.502 RG/RS 38Sistema Remuneratório

Tema 789: ARE 849.397 RG/RS 39Tema 790: RE 793.634 RG/MG 39Tema 803: ARE 870.776 RG/RJ 40Tema 804: ARE 871.499 RG/MA 40Tema 814: ARE 876.982 RG/PR 41

Direito ConsumidorResponsabilidade Civil

Tema 802: ARE 867.326 RG/SC 41

Page 7: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

Direito do TrabalhoRemuneração

Tema 795: ARE 859.878 RG/DF 42

Direito PrevidenciárioBenefícios Previdenciários

Tema 799: ARE 722.421 RG/MG 42Tema 805: ARE 868.457 RG/SC 43Tema 807: ARE 865.645 RG/SP 43Tema 824: ARE 888.938 RG/PE 44

Direito Processual CivilCompetência

Tema 828: ARE 891.653 RG/MG 44Juizados Especiais Cíveis

Tema 797: ARE 836.819 RG/SP 44Tema 798: ARE 837.318 RG/SP 45Tema 800: ARE 835.833 RG/SP 46

Verbas de Sucumbência

Tema 812: RE 751.526 RG/SP 46

Direito TributárioTributos

Tema 791: RE 855.026 RG/SP 47

5 Recursos na repercussão geral, 48

Direito AdministrativoAgentes Públicos

Tema 279: RE 602.381 ED/AL 49Concurso Público

Tema 476: RE 608.482 ED-ED/RN 49Sistema Remuneratório

Tema 315: RE 592.317 ED-AgR/RJ 50Tema 434: RE 596.542 ED-ED/DF 50Tema 480: RE 609.381 ED/GO 50

Direito PrevidenciárioBenefícios Previdenciários

Tema 256: RE 603.451 AgR-ED/SP 51

Page 8: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

Direito Processual CivilAção Rescisória

Tema 494: RE 596.663 ED/RJ 52Cumprimento de Sentença

Tema 411: AI 841.548 ED-ED-ED/PR 52

Direito TributárioTributos

Tema 297: RE 540.829 ED-segundos/SP 53

6 Clipping da repercussão geral, 54

Page 9: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

Repercussão geral reconhecida e mérito julgado1

Page 10: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

10

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

TEMA 396Direito Administrativo; Aposentadorias e PensõesOs pensionistas de servidor falecido posteriormente à EC 41/2003 têm direito à paridade com servidores em atividade (EC 41/2003, art. 7º), caso se enquadrem na regra de transição pre-vista no art. 3º da EC 47/2005. Não têm, contudo, direito à integralidade (CF, art. 40, § 7º, I). Discutia-se eventual direito de pensionistas ao recebimento de pensão por morte de ex-servidor, aposentado antes do advento da EC 41/2003, mas falecido após a sua promulgação, nos mesmos valores (critério da integralidade) dos proventos do servidor falecido, se vivo fosse. O Tribunal asseverou que a EC 41/2003 pôs fim à denominada “paridade”, ou seja, à garantia constitucional que reajustava os proventos de aposentadoria e as pensões sempre que se corrigissem os venci-mentos dos servidores da ativa. A regra estava prevista no art. 40, § 8º, da CF, incluído pela EC 20/1998. A nova redação dada pela EC 41/2003 prevê apenas o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real. Dessa forma, se o falecimento do servidor tiver ocorrido após a vigência da EC 41/2003, os pensionistas não terão direito à paridade. A EC 47/2005 excepcionou a regra de que a pensão regula-se pela lei vigente por ocasião do faleci-mento do segurado instituidor (tempus regit actum). Ela garantiu a paridade às pensões derivadas de óbito de servidores aposentados na forma de seu art. 3º, isto é, preservou o direito à paridade para aqueles que ingressaram no serviço público até 16/12/1998 e que preencheram os requi-sitos nela consignados. Não estendeu, contudo, o direito à integralidade. (RE 603.580/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/5/2015, acórdão pendente de publicação)

TEMA 485Direito Administrativo; Concurso PúblicoOs critérios adotados por banca examinadora de concurso público não podem ser revistos pelo Poder Judiciário. Discutia-se a possibilidade de realização de controle jurisdicional sobre o ato administrativo que corrige questões de concurso público. O Tribunal afirmou ser antiga a ju-risprudência do STF no sentido de não competir ao Poder Judiciário substituir a banca exa-minadora para reapreciar o conteúdo das questões e os critérios de correção utilizados, salvo ocorrência de ilegalidade e inconstitucionalidade. Exige-se apenas que a banca examinadora dê tratamento igual a todos os candidatos, ou seja, que aplique a eles, indistintamente, a mesma orientação. Desse modo, o acórdão recorrido está em desacordo com orientação no sentido da admissibilidade de controle jurisdicional de concurso público quando não se cuide de aferir a correção dos critérios da banca examinadora, a formulação das questões ou a avaliação das res-postas, mas apenas de verificar se as questões formuladas estão no programa do certame, dado que o edital é a lei do concurso.

Page 11: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

11

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

“EMENTA: Recurso extraordinário com repercussão geral. 2. Concurso público. Correção de pro-va. Não compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca examinadora para avaliar respostas dadas pelos candidatos e notas a elas atribuídas. Precedentes. 3. Excepcionalmente, é permitido ao Judiciário juízo de compatibilidade do conteúdo das questões do concurso com o previsto no edital do certame. Precedentes. 4. Recurso extraordinário provido.”

(RE 632.853/CE, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/4/2015, acórdão publicado no DJe de 29/6/2015)

TEMA 671Direito Administrativo; Concurso PúblicoNa hipótese de posse em cargo público determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus à indenização, sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante. Discutia-se eventual direito, de candidatos nomeados e empossados em cargos públicos por força de decisão transitada em julgado, à indenização por danos materiais em decorrência da demora na nomeação determinada judicialmente. A Corte asseverou que a noção constitucional de prioridade que milita em favor da contratação dos aprovados em concursos públicos impõe uma série de deveres sucessivos à Administração, dentre os quais os de: a) convocar os aprovados dentro do número de vagas previsto em edital; b) motivar apropriadamente eventual não convocação; c) não preterir a ordem de classificação estabelecida após a correção das provas, salvo se por imposição de determinação judicial; e d) não empregar expedientes de contratação precários durante o prazo de validade de concursos para a mesma função. Ocorrendo o descumprimento de quaisquer desses deveres implícitos, os aprovados têm uma pretensão legítima a ser exercida contra a Administração por meio de ação judicial. Contudo, a reversão judicial de eventuais violações ao art. 37, IV, da CF nem sempre se opera com a celeridade esperada. Assim, como o provimento judicial de nomeação implica car-ga de onerosidade semelhante aos comandos de liberação de recurso, inclusão em folha de pagamento, reclassificação, equiparação, concessão de aumento ou extensão de vantagens a servidor — cuja execução está condicionada ao trânsito em julgado da decisão concessiva, nos termos do art. 2º-B da Lei 9.494/1997 —, também a nomeação em decorrência de decisão judicial fica submetida ao prin-cípio de prudência judiciária que, em resguardo ao erário, limita a execução provisória das de-cisões judiciais. Desse modo, as nomeações somente são implementadas após o trânsito em jul-gado das decisões que as tenham assegurado. O diferimento da eficácia dessas decisões em sede de concurso público provoca ainda outro efeito secundário, qual seja, o atraso na nomeação dos postulantes, quando verificada a procedência do direito reclamado. Além disso, o Plenário pon-tuou que não se pode deixar de reconhecer, em abstrato, a possibilidade de que determinadas condutas praticadas pelo Estado na aplicação de concursos públicos possam vir a ocasionar da-nos materiais passíveis de indenização, notadamente nas hipóteses em que eventual preterição decorra de inequívoca e manifesta ilegitimidade do comportamento da Administração. Nada obstante, a responsabilidade estatal não pode assumir elastério desproporcional, a ponto de per-mitir que a impugnação de qualquer aspecto possa provocar, em tese, o adiamento do desfecho do certame e, consequentemente, das nomeações. Não é, portanto, a anulação judicial de qual-quer ato administrativo praticado em concurso público que atrai a incidência pura e simples do

Page 12: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

12

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

art. 37, § 6º, da CF. No caso, os recorridos não ostentam condição jurídica e fática de postular o provimento das nomeações, porque, quando da impetração de mandados de segurança no juí-zo a quo, ainda não estavam definitivamente aprovados no concurso em questão, composto por duas etapas, ambas de caráter eliminatório. Possuíam mera expectativa de investidura em cargo público, de maneira que o art. 37, § 6º, da CF não constituiria base normativa suficiente para adjudicar, em favor deles, reparação similar ao que seria pago pelo exercício do cargo. Assim, ainda que se pudesse conjecturar, em tese, sobre um direito secundário de reparação, derivado do descumprimento da positividade irredutível do art. 37, IV, da CF, não haveria fundamento concreto para afirmar esse direito, porque os postulantes ainda não teriam sido efetivamente aprovados no concurso de que participavam. Por fim, o pagamento de remuneração a servidor público e o reconhecimento de efeitos funcionais pressupõe efetivo exercício do cargo, o que não ocorreu, sob pena de enriquecimento sem causa.

“EMENTA: ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. INVESTIDURA EM CARGO PÚBLICO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL.

1. Tese afirmada em repercussão geral: na hipótese de posse em cargo público determinada por de-cisão judicial, o servidor não faz jus a indenização, sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante.

2. Recurso extraordinário provido.”(RE 724.347/DF1, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julga-do em 26/2/2015, acórdão publicado no DJe de 13/5/2015)

TEMA 483Direito Administrativo; Princípios Constitucionais AdministrativosÉ legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes de seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. Discutia-se a possibilidade de se indenizar, por danos morais, servidora pública cujo nome foi publicado em sítio eletrônico de Município, que continha informações sobre a remuneração paga aos servidores públicos. A Corte destacou que o âmbito de proteção da privacidade do ci-dadão fica mitigado quando se tratar de agente público, pois este não pode pretender usufruir da mesma privacidade que aquele. Esse princípio básico da Administração — publicidade — visa à eficiência.

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. PUBLICAÇÃO, EM SÍTIO ELETRÔNICO MANTIDO PELO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, DO NOME DE SEUS SERVIDORES E DO VALOR DOS CORRESPONDENTES VENCIMENTOS. LEGITIMIDADE.

1. É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes dos seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias.

2. Recurso extraordinário conhecido e provido.”(ARE 652.777/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/4/2015, acórdão publicado no DJe de 1º/7/2015)

1 Opostos embargos de declaração, não conhecidos pelo Ministro Roberto Barroso.

Page 13: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

13

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

TEMA 395Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioOfende o princípio da legalidade a decisão que concede a incorporação de quintos pelo exer-cício de função comissionada no período entre 8/4/1998 — edição da Lei 9.624/1998 — até 4/9/2001 — edição da Medida Provisória 2.225-45/2001 —, ante a carência de fundamento legal. Discutia-se a possibilidade da incorporação de quintos decorrente do exercício de funções comissionadas e/ou gratificadas no período. A Corte afirmou que a decisão recorrida baseou-se no entendimento segundo o qual a Medida Provisória 2.225-45/2001, em seu art. 3º, permitiu a incorporação dos quintos no período compreendido entre a edição da Lei 9.624/1998 e a edição da aludida medida provisória. Ocorre que o referido art. 3º apenas transformou em Van-tagem Pessoal Nominalmente Identificada (VPNI) a incorporação das parcelas a que se referem os arts. 3º e 10 da Lei 8.911/1994 e o art. 3º da Lei 9.624/1998. Desse modo, não se pode consi-derar que tenha havido o restabelecimento ou a reinstituição da possibilidade de incorporação das parcelas de quintos ou décimos. A incorporação de parcelas remuneratórias remonta à Lei 8.112/1990, cujo art. 62, § 2º, na redação original, concedeu aos servidores públicos o direito à incorporação da gratificação por exercício de cargo de direção, chefia ou assessoramento à razão de um quinto por ano, até o limite de cinco quintos. A Lei 8.911/1994 disciplinou a re-ferida incorporação. Por sua vez, a Medida Provisória 1.195/1995 alterou a redação dessas leis para instituir a mesma incorporação na proporção de um décimo, até o limite de dez décimos. No entanto, a Medida Provisória 1.595-14/1997, convertida na Lei 9.527/1997, extinguiu a in-corporação de qualquer parcela remuneratória, com base na Lei 8.911/1994, e proibiu futuras incorporações. As respectivas parcelas foram transformadas em VPNI. O Tribunal aduziu que a Lei 9.527/1997 não foi revogada pela Lei 9.624/1998, pois esta é mera conversão de uma cadeia distinta de medidas provisórias — reeditadas validamente — iniciada anteriormente à própria Lei 9.527/1997. Desde a edição da Medida Provisória 1.595-14/1997, portanto, é in-devida qualquer concessão de parcelas remuneratórias referentes a quintos ou décimos. Em suma, a concessão de quintos somente é possível até 28/2/1995, nos termos do art. 3º, I, da Lei 9.624/1998, enquanto que, de 1º/3/1995 a 11/11/1997 — edição da Medida Provisória 1.595-14/1997 — a incorporação devida é a de décimos, nos termos do art. 3º, II e parágrafo único, da Lei 9.624/1998, sendo indevida qualquer concessão após 11/11/1997. Nesse quadro, a Medida Provisória 2.225/2001 não adveio para extinguir definitivamente o direito à incorporação que fora revogado pela Lei 9.624/1998, mas somente para transformar em VPNI a incorporação das parcelas referidas nas Leis 8.911/1994 e 9.624/1998. Assim, o direito à incorporação de qual-quer parcela remuneratória, sejam quintos ou décimos, já estava extinto, e a repristinação de normas, no ordenamento jurídico pátrio, depende de expressa determinação legal. Logo, se a Medida Provisória 2.225/2001 não repristinou expressamente as normas que previam a incorpo-ração de quintos, não se poderia considerar como devida uma vantagem remuneratória pessoal não prevista no ordenamento. Em conclusão, não há norma que permita o ressurgimento dos quintos ou décimos levada a efeito pela decisão recorrida. Por fim, o Plenário modulou os efei-tos da decisão para desobrigar a devolução dos valores recebidos de boa-fé pelos servidores até a data do julgamento, cessada a ultra-atividade das incorporações concedidas indevidamente. (RE 638.115/CE, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18 e 19/3/2015, acórdão pendente de publicação) 1ª Parte: 2ª Parte:

Page 14: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

14

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

TEMA 639Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioSubtraído o montante que exceder o teto ou subteto previstos no art. 37, XI, da CF, tem-se o valor que serve como base de cálculo para a incidência do imposto de renda e da contribuição previdenciária (XI — a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, in-cluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsí-dio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos). Discutia-se a definição do montante remuneratório recebido por servidores públicos, para fins de incidência do teto constitucional. O Plenário registrou, preliminarmente, que o caso em exame é distinto de outros recursos extraordinários com repercussão geral reconhecida em que se questiona a aplicação do redutor da remuneração ao teto remuneratório, conhecido como “abate-teto” (CF, art. 37, XI, alterado pela EC 41/2003). Observou que a matéria não está relacionada à submissão de determinadas parcelas remuneratórias ao teto, mas à definição da base remuneratória para a aplicação do teto: se o total da remuneração ou se apenas o valor líquido, apurado depois das deduções previdenciárias e do imposto de renda. Nos termos da redação constitucional, o redutor tem aplicação sobre a remuneração e o subsídio dos ocupan-tes de cargos, funções e empregos públicos da Administração direta, autárquica e fundacional. Essa conclusão é reforçada, inclusive, pelo fato de que o parâmetro para a incidência do limite remuneratório — o subsídio dos Ministros do STF — é verificado em sua totalidade, sem quais-quer descontos. Portanto, as deduções de imposto de renda e de contribuições previdenciárias devem incidir após a aplicação do “abate-teto”. Além disso, aplicar o redutor remuneratório após as deduções devidas afronta o princípio da capacidade contributiva (CF, art. 145, § 1º). Por outro lado, o art. 43 do CTN dispõe que o imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda e de proventos de qualquer natureza. Logo, esse imposto somente pode incidir quando ocorrer acréscimo patrimonial. Não se pode considerar, para fins de incidência tributária, os montantes não percebidos em virtude da aplicação do teto constitucional. Se fosse possível a ultimação dessas retenções em momento anterior à aplicação do “abate-teto”, o Estado faria incidir tribu-tos sobre base econômica não disponibilizada pelo sujeito passivo, em ofensa aos princípios da capacidade contributiva e da vedação da utilização do tributo com efeito de confisco. Ademais, a retenção do imposto de renda, bem como da contribuição previdenciária, somente pode ocor-rer após a aplicação do teto, de forma a incidir o redutor, portanto, sobre a remuneração bruta do servidor. A Corte acrescentou que a discussão sobre a exegese do art. 37, XI, da CF é antiga no âmbito do STF, que reiteradamente afirmou a autoaplicação dos limites traçados pela EC 41/2003. A expressão remuneração percebida não deverá ser lida como o valor líquido da remu-

Page 15: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

15

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

neração. Isso porque, em primeiro lugar, o art. 37, XI, da CF é taxativo ao fixar que a remune-ração e o subsídio de servidores públicos não podem exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do STF. Em segundo lugar, porque o subsídio mensal pago aos Ministros do STF e adotado como teto máximo para todos os servidores públicos e agentes políticos corresponde a um valor bruto fixado em lei, sobre o qual incide o imposto de renda e a contribuição previden-ciária. Entendimento contrário implica afronta aos princípios da igualdade e da razoabilidade. A observância das normas constitucionais atinentes aos tetos fixados no sistema remuneratório nacional decorre da necessidade de o cidadão saber a quem paga e quanto paga a cada qual dos agentes estatais. Por sua vez, a remuneração que eventualmente supere o teto ou o subteto constitucional não é necessariamente ilegal, porque as parcelas que a compõem, em geral, estão pautadas em atos normativos cuja presunção de constitucionalidade não está em debate. (RE 675.978/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/4/2015, acórdão pendente de publi-cação)

TEMA 815Direito Civil; Direitos ReaisPreenchidos os requisitos do art. 183 da CF (Aquele que possuir como sua área urbana de até du-zentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural), o reconhecimento do direito à usucapião especial urbana não pode ser obstado por legislação infraconstitucional que estabeleça módulos urbanos na respectiva área em que situado o imóvel (dimensão do lote). Discutia-se a possibilidade de usucapião de imó-vel urbano em Município cujo plano diretor estabelece como módulo mínimo área superior à prevista constitucionalmente. O Tribunal reconheceu a existência de repercussão geral da ques-tão constitucional suscitada. No mérito, afirmou que, para o acolhimento da pretensão, basta o preenchimento dos requisitos exigidos pelo texto constitucional, de modo que não se pode erigir obstáculo, de índole infraconstitucional, para impedir que se aperfeiçoe, em favor de par-te interessada, o modo originário de aquisição de propriedade. Consignou que os recorrentes efetivamente preencheriam os requisitos constitucionais formais. Desse modo, não seria possível rejeitar, pela interpretação de normas hierarquicamente inferiores à Constituição, a pretensão deduzida com base em norma constitucional. Ademais, a Corte salientou que a presente moda-lidade de aquisição da propriedade imobiliária fora incluída pela Constituição como forma de permitir o acesso dos mais humildes a melhores condições de moradia, bem como para fazer valer o respeito à dignidade da pessoa humana, elevado a um dos fundamentos da República (CF, art. 1º, III), fato que, inegavelmente, conduz ao pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade, além de garantir o bem-estar de seus habitantes (CF, art. 182, caput). (RE 422.349/RS2, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 29/4/2015, acórdão pendente de publica-ção)

2 Processo afetado ao Plenário, em 27/4/2010, pela Primeira Turma.

Page 16: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

16

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

TEMA 223Direito Constitucional; Controle de ConstitucionalidadeLei orgânica de Município não pode normatizar direitos de servidores, porquanto afronta a iniciativa do chefe do Poder Executivo. Discutia-se a competência do Poder Legislativo muni-cipal para estabelecer vantagens, benefícios e adicionais em favor de servidores municipais. O Tribunal asseverou que o tratamento da matéria deve decorrer de iniciativa do Executivo e não de câmara legislativa municipal. Entender que a disciplina pode constar de lei orgânica munici-pal implica, de um lado, a usurpação de atribuição do chefe do Poder Executivo e, de outro, o engessamento do tema no que, conforme disposto no art. 29 da CF, a lei orgânica de Município deve ser aprovada por dois terços dos membros da câmara municipal, mediante votação, em dois turnos, com interstício mínimo de dez dias. Assim, ante o vício de iniciativa, a Corte declarou a inconstitucionalidade dos incisos II, III, VIII, bem como dos §§ 1º e 2º do art. 55 da Lei Orgânica de Cambuí/MG, que concede benefícios a servidores públicos daquela municipalidade.

“EMENTA: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE — TRIBUNAL DE JUSTIÇA — ATUAÇÃO — REVISÃO. Ante a possibilidade de vir à balha entendimento que possua ligação com a Constituição Federal, como ocorre quanto aos preceitos sensíveis, de adoção obrigatória pela Carta estadual, admissível é o recurso extraordinário — Recurso Extraordinário nº 199.293/SP, de minha relatoria, e Questão de Ordem na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1.529/MT, da relatoria do ministro Octavio Gallotti.

LEI ORGÂNICA DE MUNICÍPIO — SERVIDORES — DIREITOS. Descabe, em lei orgânica de município, a normatização de direitos dos servidores, porquanto a prática acaba por afrontar a ini-ciativa do Chefe do Poder Executivo — Ações Diretas de Inconstitucionalidade nº 2.944/PR, relatada pela ministra Cármen Lúcia, 3.176/AP, 3.295/AM, relatadas pelo ministro Cezar Peluso, e 3.362/BA, de minha relatoria.”

(RE 590.829/MG3, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/3/2015, acórdão publicado no DJe de 30/3/2015)

TEMA 582Direito Constitucional; Direitos e Garantias FundamentaisO habeas data é a garantia constitucional adequada para a obtenção, pelo próprio contribuinte, dos dados concernentes ao pagamento de tributos constantes de sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes estatais. Discutia-se a possibilidade de o contribuinte, por meio do aludido remédio constitucional, acessar todas as anotações incluídas nos arquivos da Receita Federal, com relação a todos os tributos de qual-quer natureza por ele declarados e controlados pelo Sistema Integrado de Cobrança (Sincor), ou qualquer outro, além da relação de pagamentos efetuados para a liquidação desses débitos, mediante vinculação automática ou manual, bem como a relação dos pagamentos sem liame com débitos existentes. O Tribunal afirmou que o habeas data é ação constitucional voltada a garantir o acesso de uma pessoa a informações sobre ela, constantes de arquivos ou bancos de dados de entidades governamentais ou públicas (CF, art. 5º, LXXII, a). Encontra-se à disposição

3 Substituiu o RE 598.259 RG/MG, paradigma da repercussão geral.

Page 17: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

17

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

dos cidadãos para que possam implementar direitos subjetivos obstaculizados, alcançáveis por meio do acesso à informação e à transmissão de dados. No caso, o Sincor registra os dados de apoio à arrecadação federal ao armazenar os débitos e créditos existentes acerca dos contribuin-tes. Enquadra-se, assim, no conceito mais amplo de arquivos, bancos ou registros de dados, para abranger tudo que diga respeito ao interessado, direta ou indiretamente. Os legitimados ativos para a propositura da ação são pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeiras. Em relação aos contribuintes, é assegurado o direito de conhecer as informações que lhes digam respeito em bancos de dados públicos ou de caráter público, em razão da necessidade de preservar seu nome, planejamento empresarial, estratégia de investimento e, em especial, a recuperação de tributos pagos indevidamente, entre outras. A Corte aduziu que as informações fiscais relativas ao próprio contribuinte, se sigilosas, devem ser protegidas da sociedade em geral, mas não de quem elas se refiram (CF, art. 5º, XXXIII). O texto constitucional não deixa dúvidas de que o habeas data protege a pessoa não só em relação aos bancos de dados das entidades governa-mentais, como também em relação aos bancos de caráter público geridos por pessoas privadas. Outrossim, o acesso pleno à informação contida em banco de dados públicos, em poder de órgãos públicos ou entidades privadas, refere-se a nova baliza constitucional a ser colmatada por processo de concretização constitucional, tese esta corroborada pela Lei 12.527/2011 — Lei de Acesso à Informação (LAI). O novel diploma destina-se a assegurar o direito fundamental de acesso à informação, em conformidade com os princípios básicos da Administração Pública, previstos no art. 37 da CF, tendo como diretriz fundamental a observância da publicidade, como preceito geral, e do sigilo, como exceção. Ademais, os princípios da razoabilidade e da propor-cionalidade seriam violados pelo próprio Estado, por meio da administração fazendária, ao não se permitir ao contribuinte o acesso a todas as informações fiscais inerentes aos seus deveres e ao cumprimento de suas obrigações tributárias principais e acessórias. (RE 673.707/MG, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/6/2015, acórdão pendente de publicação)

TEMA 469Direito Constitucional; Estatuto dos CongressistasNos limites da circunscrição do Município e havendo pertinência com o exercício do mandato, garante-se a imunidade prevista no art. 29, VIII, da CF aos vereadores (Art. 29. O Município reger--se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: (...) VIII — inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Municí-pio). Discutia-se o alcance da imunidade material de vereador em discurso, supostamente ofensi-vo à honra, proferido da tribuna da Casa Legislativa municipal. O Tribunal reputou que, embora ofensivas, as manifestações foram proferidas durante a sessão da Câmara dos Vereadores (na circunscrição do Município) e com motivação de cunho político, tendo em conta a existência de representação contra o prefeito formulada junto ao Ministério Público (no exercício do manda-to). Destacou, ainda, a possibilidade de censura pela própria Casa Legislativa a que pertencer o vereador, não obstante amparado pela imunidade material, no caso de incidir em abuso.

Page 18: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

18

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INVIOABILIDADE CI-VIL DAS OPINIÕES, PALAVRAS E VOTOS DE VEREADORES. PROTEÇÃO ADICIONAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO. AFASTAMENTO DA REPRIMENDA JUDICIAL POR OFENSAS MANIFESTADAS NO EXERCÍCIO DO MANDATO E NA CIRCUNSCRIÇÃO DO MUNICÍPIO. PROVIMENTO DO RECURSO.

1. Vereador que, em sessão da Câmara, teria se manifestado de forma a ofender ex-vereador, afir-mando que este ‘apoiou a corrupção (...), a ladroeira, (...) a sem-vergonhice’, sendo pessoa sem digni-dade e sem moral.

2. Observância, no caso, dos limites previstos no art. 29, VIII, da Constituição: manifestação proferida no exercício do mandato e na circunscrição do Município.

3. A interpretação da locução ‘no exercício do mandato’ deve prestigiar as diferentes vertentes da atuação parlamentar, dentre as quais se destaca a fiscalização dos outros Poderes e o debate político.

4. Embora indesejáveis, as ofensas pessoais proferidas no âmbito da discussão política, respeitados os limites trazidos pela própria Constituição, não são passíveis de reprimenda judicial. Imunidade que se caracteriza como proteção adicional à liberdade de expressão, visando a assegurar a fluência do debate público e, em última análise, a própria democracia.

5. A ausência de controle judicial não imuniza completamente as manifestações dos parlamenta-res, que podem ser repreendidas pelo Legislativo.

6. Provimento do recurso, com fixação, em repercussão geral, da seguinte tese: nos limites da cir-cunscrição do Município e havendo pertinência com o exercício do mandato, os vereadores são imunes judicialmente por suas palavras, opiniões e votos.”

(RE 600.063/SP4, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julga-do em 25/2/2015, acórdão publicado no DJe de 15/5/2015)

TEMA 145Direito Constitucional; Repartição de CompetênciaO Município é competente para legislar sobre o meio ambiente, com a União e o Estado-Mem-bro, no limite do seu interesse local e desde que esse regramento seja harmônico com a discipli-na estabelecida pelos demais entes federados (CF, art. 24, VI, c/c o art. 30, I e II). Discutia-se a competência de Município para legislar sobre meio ambiente e editar lei com conteúdo diverso do que disposto em legislação estadual. A norma impugnada proíbe o emprego de fogo para fins de limpeza e preparo do solo no referido Município, inclusive para o preparo do plantio e para a colheita de cana-de-açúcar e de outras culturas. O Plenário destacou que a temática em análise, diante de seu caráter eclético e multidisciplinar, envolve questões sociais, econômicas e políticas — possibilidade de crise social, geração de desemprego, contaminação do meio ambiente em razão do uso de máquinas, impossibilidade de mecanização em determinados terrenos e existên-cia de proposta federal de redução gradativa da utilização da queima —, em conformidade com informações colhidas em audiência pública realizada sobre o assunto. Trata-se de verificar a pre-ponderância de interesses notadamente comuns. A partir do impasse, deve-se recorrer ao texto constitucional para extrair a mens legis da distribuição de competência legislativa. Nesse sentido,

4 Opostos embargos de declaração, conclusos ao relator.

Page 19: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

19

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

o art. 24 da CF estabelece competência concorrente entre a União e os Estados-Membros, ca-bendo à União editar norma de caráter genérico e aos Estados-Membros, de caráter específico. A Corte assinalou que a questão deve ser analisada do ponto de vista sistêmico, já que no âmbito das normas gerais federais, a orientação do legislador segue no mesmo sentido da disciplina estabelecida em nível estadual (Lei estadual paulista 11.241/2002). As normas federais para-digmáticas referentes ao assunto, expressamente, apontam para a necessidade de se traçar um planejamento com o intuito de se extinguir gradativamente o uso do fogo como método despa-lhador e facilitador para o corte da cana (Lei 12.651/2012, art. 40, e Decreto 2.661/1998). Por-tanto, é forçoso admitir que todo o sistema do meio ambiente, no tocante à situação dos autos, propõe a diminuição gradual da queima da cana, enquanto que o diploma normativo atacado disciplina de maneira completamente diversa, na contramão da intenção que se extrai do plano nacional. Assim, o tratamento dispensado pela legislação municipal vai de encontro ao sistema estruturado de maneira harmônica entre as esferas federal e estadual. Outrossim, não se pode enquadrar a matéria como de interesse local, específico de um único Município. O interesse é abrangente, a atrair, portanto, para a disciplina do tema, a competência do Estado-Membro, a apanhar outros Municípios. Contudo, não há dúvida de que os Municípios dispõem de compe-tência para legislar sobre meio ambiente. Cuida-se de tema materialmente partilhado, seja no plano legislativo, seja no plano administrativo, entre as diversas entidades de direito público. Por fim, a solução trazida pela norma impugnada encontra óbice na análise de sua proporcionalida-de, porquanto já é prevista pelo ordenamento solução menos gravosa, que equilibra de maneira mais correta a relação custo-benefício. Logo, a Lei 1.952/1995 do Município de Paulínia/SP padece do vício de inconstitucionalidade material.

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIO-NALIDADE ESTADUAL. LIMITES DA COMPETÊNCIA MUNICIPAL. LEI MUNICIPAL QUE PROÍBE A QUEIMA DE PALHA DE CANA-DE-AÇÚCAR E O USO DO FOGO EM ATIVIDADES AGRÍCOLAS. LEI MUNICIPAL Nº 1.952, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1995, DO MUNICÍPIO DE PAULÍNIA. RECONHECIDA REPERCUSSÃO GERAL. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AOS ARTI-GOS 23, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO, Nº 14, 192, § 1º E 193, XX E XXI, DA CONSTITUI-ÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO E ARTIGOS 23, VI E VII, 24, VI E 30, I E II DA CRFB.

1. O Município é competente para legislar sobre meio ambiente com União e Estado, no limite de seu interesse local e desde que tal regramento seja e harmônico com a disciplina estabelecida pelos de-mais entes federados (art. 24, VI c/c 30, I e II da CRFB).

2. O Judiciário está inserido na sociedade e, por este motivo, deve estar atento também aos seus anseios, no sentido de ter em mente o objetivo de saciar as necessidades, visto que também é um serviço público.

3. In casu, porquanto inegável conteúdo multidisciplinar da matéria de fundo, envolvendo ques-tões sociais, econômicas e políticas, não é permitido a esta Corte se furtar de sua análise para o estabe-lecimento do alcance de sua decisão. São elas: (i) a relevante diminuição — progressiva e planejada — da utilização da queima de cana-de-açúcar; (ii) a impossibilidade do manejo de máquinas diante da existência de áreas cultiváveis acidentadas; (iii) cultivo de cana em minifúndios; (iv) trabalhado-res com baixa escolaridade; (v) e a poluição existente independentemente da opção escolhida.

4. Em que pese a inevitável mecanização total no cultivo da cana, é preciso reduzir ao máximo o seu aspecto negativo. Assim, diante dos valores sopesados, editou-se uma lei estadual que cuida da for-

Page 20: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

20

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

ma que entende ser devida a execução da necessidade de sua respectiva população. Tal diploma reflete, sem dúvida alguma, uma forma de compatibilização desejável pela sociedade, que, acrescida ao poder concedido diretamente pela Constituição, consolida de sobremaneira seu posicionamento no mundo jurídico estadual como um standard a ser observado e respeitado pelas demais unidades da federação adstritas ao Estado de São Paulo.

5. Sob a perspectiva estritamente jurídica, é interessante observar o ensinamento do eminente dou-trinador Hely Lopes Meireles, segundo o qual ‘se caracteriza pela predominância e não pela exclusivi-dade do interesse para o Município, em relação ao do Estado e da União. Isso porque não há assunto municipal que não seja reflexamente de interesse estadual e nacional. A diferença é apenas de grau, e não de substância.’ (Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros Editores, 1996. p. 121.)

6. Função precípua do município, que é atender diretamente o cidadão. Destarte, não é permitida uma interpretação pelo Supremo Tribunal Federal, na qual não se reconheça o interesse do município em fazer com que sua população goze de um meio ambiente equilibrado.

7. Entretanto, impossível identificar interesse local que fundamente a permanência da vigência da lei municipal, pois ambos os diplomas legislativos têm o fito de resolver a mesma necessidade social, que é a manutenção de um meio ambiente equilibrado no que tange especificamente a queima da cana--de-açúcar.

8. Distinção entre a proibição contida na norma questionada e a eliminação progressiva disciplina na legislação estadual, que gera efeitos totalmente diversos e, caso se opte pela sua constitucionalidade, acarretará esvaziamento do comando normativo de quem é competente para regular o assunto, levando ao completo descumprimento do dever deste Supremo Tribunal Federal de guardar a imperatividade da Constituição.

9. Recurso extraordinário conhecido e provido para declarar a inconstitucionalidade da Lei Mu-nicipal nº 1.952, de 20 de dezembro de 1995, do Município de Paulínia.”

(RE 586.224/SP, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 5/3/2015, acórdão publicado no DJe de 8/5/2015) 1ª Parte: 2ª Parte:

TEMA 33Direito Constitucional; Sistema Financeiro NacionalÉ constitucional o art. 5º da Medida Provisória 2.170-36/2001 (Nas operações realizadas pelas instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional, é admissível a capitalização de juros com pe-riodicidade inferior a um ano). Discutia-se a constitucionalidade do dispositivo, tendo em conta suposta ofensa ao art. 62 da CF (Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional). Preliminarmente, o Tribunal afirmou que o recurso não está prejudicado porque a análise da controvérsia pelo STJ foi realizada sob o ângulo estritamente legal. No mérito, enfatizou o trans-curso de quinze anos de vigência da medida provisória e o que disposto no art. 2º da EC 32/2001 (As medidas provisórias editadas em data anterior à da publicação desta emenda continuam em vigor até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até deliberação definitiva do Congresso Nacio-nal). Além disso, o teor da medida provisória não foi questionado e a higidez material da norma está em consonância com a jurisprudência do STF, segundo a qual, nas operações do Sistema Financeiro Nacional, não se aplicam as limitações da Lei da Usura. O Colegiado asseverou que

Page 21: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

21

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

os requisitos de relevância e urgência da matéria são passíveis de controle pela Corte, desde que haja demonstração cabal da sua inexistência. Assim, do ponto de vista da relevância, por se tra-tar de regulação de operações do Sistema Financeiro, não se pode declarar a inexistência desse requisito. No que se refere à urgência, a norma foi editada em realidade financeira diferente da atual, de modo que seria difícil afirmar com segurança não haver o pressuposto naquela oportu-nidade. Assim, se o Plenário declarasse a inconstitucionalidade da norma, isso significaria atuar sobre um passado em que milhares de operações financeiras poderiam, em tese, ser atingidas.

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. ART. 5º DA MP 2.170/2001. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS COM PERIODICIDADE INFERIOR A UM ANO. REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA EDIÇÃO DE MEDIDA PROVISÓRIA. SINDICABILIDADE PELO PODER JUDICIÁRIO. ESCRUTÍNIO ES-TRITO. AUSÊNCIA, NO CASO, DE ELEMENTOS SUFICIENTES PARA NEGÁ-LOS. RECURSO PROVIDO.

1. A jurisprudência da Suprema Corte está consolidada no sentido de que, conquanto os pressu-postos para a edição de medidas provisórias se exponham ao controle judicial, o escrutínio a ser feito neste particular tem domínio estrito, justificando-se a invalidação da iniciativa presidencial apenas quando atestada a inexistência cabal de relevância e de urgência.

2. Não se pode negar que o tema tratado pelo art. 5º da MP 2.170/01 é relevante, porquanto o tra-tamento normativo dos juros é matéria extremamente sensível para a estruturação do sistema bancário, e, consequentemente, para assegurar estabilidade à dinâmica da vida econômica do país.

3. Por outro lado, a urgência para a edição do ato também não pode ser rechaçada, ainda mais em se considerando que, para tal, seria indispensável fazer juízo sobre a realidade econômica existente à época, ou seja, há quinze anos passados.

4. Recurso extraordinário provido.”(RE 592.377/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, julgado em 4/2/2015, acórdão publicado no DJe de 20/3/2015)

TEMA 152Direito do Trabalho; Princípios e Garantias Trabalhistas A transação extrajudicial que importa rescisão de contrato de trabalho, em razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa condição tenha constado expressa-mente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o empregado. Discutia-se a validade de renúncia genérica a direitos contida em termo de adesão ao Programa de Desligamento Incentivado (PDI) com chancela sindical e previsto em norma de acordo coletivo. O Tribunal afirmou a não incidência, às hipóteses de acordo coletivo, do art. 477, § 2º, da CLT, que restringe a eficácia liberatória da quitação aos valores e às par-celas discriminadas no termo de rescisão exclusivamente. Observou que, no âmbito do direito coletivo do trabalho, não se verifica a mesma situação de assimetria de poder presente nas rela-ções individuais de trabalho. Por conseguinte, a autonomia coletiva da vontade não se encontra sujeita aos mesmos limites da autonomia individual. Além disso, o art. 7º, XXVI, da CF presti-giou a autonomia coletiva da vontade e a autocomposição dos conflitos trabalhistas, de forma a acompanhar a tendência mundial ao crescente reconhecimento dos mecanismos de negociação

Page 22: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

22

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

coletiva, retratada na Convenção 98/1949 e na Convenção 154/1981 da Organização Interna-cional do Trabalho (OIT). O reconhecimento dos acordos e convenções coletivas permite que os trabalhadores contribuam para a formulação das normas a reger sua própria vida. Ademais, os planos de dispensa incentivada permitem reduzir as repercussões sociais das dispensas, as-segurando àqueles que optam por seu desligamento da empresa condições econômicas mais vantajosas do que aquelas que decorreriam da mesma dispensa por decisão do empregador. Acentuou a importância de se assegurar a credibilidade dos planos, para preservar a sua função protetiva e não desestimular o seu uso. Ponderou que os planos de dispensa incentivada teriam se tornado, em alguns cenários econômicos, alternativa social relevante para atenuar o impacto de dispensas em massa por oferecerem, em regra, condições mais favoráveis que aquelas que ordinariamente o trabalhador receberia.

“EMENTA: DIREITO DO TRABALHO. ACORDO COLETIVO. PLANO DE DISPENSA IN-CENTIVADA. VALIDADE E EFEITOS.

1. Plano de dispensa incentivada aprovado em acordo coletivo que contou com ampla participação dos empregados. Previsão de vantagens aos trabalhadores, bem como quitação de toda e qualquer par-cela decorrente de relação de emprego. Faculdade do empregado de optar ou não pelo plano.

2. Validade da quitação ampla. Não incidência, na hipótese, do art. 477, § 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho, que restringe a eficácia liberatória da quitação aos valores e às parcelas discri-minadas no termo de rescisão exclusivamente.

3. No âmbito do direito coletivo do trabalho, não se verifica a mesma situação de assimetria de poder presente nas relações individuais de trabalho. Como consequência, a autonomia coletiva da vontade não se encontra sujeita aos mesmos limites que a autonomia individual.

4. A Constituição de 1988, em seu art. 7º, XXVI, prestigiou a autonomia coletiva da vontade e a autocomposição dos conflitos trabalhistas, acompanhando a tendência mundial ao crescente reconhe-cimento dos mecanismos de negociação coletiva, retratada na Convenção n. 98/1949 e na Convenção n. 154/1981 da Organização Internacional do Trabalho. O reconhecimento dos acordos e convenções coletivas permite que os trabalhadores contribuam para a formulação das normas que regerão a sua própria vida.

5. Os planos de dispensa incentivada permitem reduzir as repercussões sociais das dispensas, as-segurando àqueles que optam por seu desligamento da empresa condições econômicas mais vantajosas do que aquelas que decorreriam do mero desligamento por decisão do empregador. É importante, por isso, assegurar a credibilidade de tais planos, a fim de preservar a sua função protetiva e de não de-sestimular o seu uso.

7. Provimento do recurso extraordinário. Afirmação, em repercussão geral, da seguinte tese: ‘A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa condição tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o empregado’.”

(RE 590.415/SC, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 30/4/2015, acórdão publicado no DJe de 29/5/2015)

Page 23: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

23

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

TEMA 187Direito Penal; Transação PenalAs consequências jurídicas extrapenais, previstas no art. 91 do CP, são decorrentes de sentença penal condenatória. Isso não ocorre, portanto, quando há transação penal, cuja sentença tem natureza meramente homologatória, sem qualquer juízo sobre a responsabilidade criminal do aceitante. As consequências geradas pela transação penal são essencialmente aquelas estipula-das por modo consensual no respectivo instrumento de acordo. Discutia-se a possibilidade de imposição de efeitos extrapenais acessórios de sentença penal condenatória à transação penal prevista na Lei 9.099/1995. O Tribunal afirmou que a Lei 9.099/1995 introduziu no sistema penal brasileiro o instituto da transação penal, que permite a dispensa da persecução penal pelo magistrado em crimes de menor potencial ofensivo, desde que o suspeito da prática do delito concorde em se submeter, sem qualquer resistência, ao cumprimento de pena restritiva de direi-to ou multa que lhe tenha sido oferecida pelo representante do Ministério Público em audiência (art. 76). Assim, a lei relativizou, de um lado, o princípio da obrigatoriedade da instauração da persecução penal em crimes de ação penal pública de menor ofensividade e, de outro, autorizou o investigado a dispor das garantias processuais penais que o ordenamento lhe confere. Por sua vez, as consequências geradas pela transação penal são apenas as definidas no instrumento do acordo. Além delas, o único efeito acessório gerado pela homologação do ato encontra-se pre-visto no § 4º do art. 76 da Lei 9.099/1995 [§ 4º (...)registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos]. Os demais efeitos penais e civis decorrentes das con-denações penais não são constituídos (art. 76, § 6º). Outrossim, a sanção imposta com o acolhi-mento da transação não decorre de qualquer juízo estatal a respeito da culpabilidade do investi-gado, tratando-se de ato judicial homologatório. Além disso, o juiz, em caso de descumprimento dos termos do acordo, não pode substituir a medida restritiva de direito consensualmente fixada por pena privativa de liberdade compulsoriamente aplicada. Ademais, a Corte asseverou que as consequências jurídicas extrapenais previstas no art. 91 do CP, dentre as quais a do confisco de instrumentos do crime (art. 91, II, a) e de seu produto ou de bens adquiridos com o seu proveito (art. 91, II, b), só podem ocorrer como efeito acessório, reflexo ou indireto de uma condena-ção penal. Apesar de não possuírem natureza penal propriamente dita, as medidas acessórias previstas no art. 91 do CP, embora incidam ex lege, exigem juízo prévio a respeito da culpa do investigado, sob pena de transgressão ao devido processo legal. (RE 795.567/PR5, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/5/2015, acórdão pendente de publi-cação) 1ª Parte: 2ª Parte:

TEMA 733Direito Processual Civil; SentençaA decisão do Supremo Tribunal Federal que declara a constitucionalidade ou a inconstitucio-nalidade de preceito normativo não produz a automática reforma ou rescisão das decisões an-teriores que tenham adotado entendimento diferente. Para que haja essa reforma ou rescisão, será indispensável a interposição do recurso próprio ou, se for o caso, a propositura da ação

5 Substituiu o AI 762.146 RG/PR, paradigma de repercussão geral.

Page 24: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

24

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

rescisória própria, nos termos do art. 485, V, do CPC, observado o respectivo prazo decaden-cial (CPC, art. 495). Discutia-se a eficácia temporal de decisão transitada em julgado fundada em norma supervenientemente declarada inconstitucional pelo STF. A Corte asseverou não se poder confundir a eficácia normativa de uma sentença que declara a inconstitucionalidade — que retira do plano jurídico a norma com efeito ex tunc — com a eficácia executiva, ou seja, o efeito vinculante dessa decisão. O efeito vinculante não nasce da inconstitucionalidade, mas do julgado que a declare. Desse modo, o efeito vinculante é pro futuro, isto é, da decisão do Supremo para frente, não atingindo os atos passados, sobretudo a coisa julgada. Assim, quanto ao passado, é indispensável a propositura de ação rescisória. (RE 730.462/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/5/2015, acórdão pendente de publi-cação)

TEMA 184Direito Processual Penal; Investigação PreliminarO Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por pra-zo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e as garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sem-pre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerro-gativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade — sempre presente no Estado Democrático de Direito — do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Enunciado 14 da Súmula Vinculante), praticados pelos membros dessa Instituição. Discutia-se a constitucionalidade da realização de procedimento investigatório criminal pelo Ministério Público. O Tribunal destacou a importância da questão, por envolver o exercício de poderes por parte do Ministério Público. A legitimidade do poder investigatório do órgão poderia ser extraída da Constituição, a partir de cláusula que outorgaria o monopólio da ação penal pública e o controle externo sobre a atividade policial. O Parquet, porém, não pode presidir o inquérito policial, por ser função precípua da autoridade policial. Ademais, a função investigatória do Ministério Público não se converte em atividade ordinária, mas excepcional, a legitimar a sua atuação em casos de abuso de autoridade, prática de delito por policiais, crimes contra a Administração Pública, inércia dos organismos policiais, ou pro-crastinação indevida no desempenho de investigação penal, situações que, exemplificativamen-te, justificam a intervenção subsidiária do órgão ministerial. Há, no entanto, a necessidade de fiscalização da legalidade dos atos investigatórios, de estabelecimento de exigências de caráter procedimental e de se respeitar direitos e garantias que assistem a qualquer pessoa sob investi-gação — inclusive em matéria de preservação da integridade de prerrogativas profissionais dos advogados, tudo sob o controle e a fiscalização do Poder Judiciário. (RE 593.727/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/5/2015, acórdão pendente de publicação)

Page 25: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

25

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO JULGADO

TEMA 830Direito Tributário; TributosSomente lei em sentido formal pode instituir o regime de recolhimento do ICMS por estima-tiva. Discutia-se a possibilidade de se disciplinar, mediante decreto, forma de recolhimento de tributo diferentemente do que prevista na LC 87/1996. O Tribunal reconheceu a existência de repercussão geral da questão constitucional suscitada. No mérito, afirmou que cabe à legislação estadual fixar o período de apuração do imposto, cujo recolhimento deve ocorrer ao término de certo lapso de tempo (LC 87/1996: Art. 24. A legislação tributária estadual disporá sobre o período de apuração do imposto. As obrigações consideram-se vencidas na data em que termina o período de apuração e são liquidadas por compensação ou mediante pagamento em dinheiro como disposto neste artigo). Findo o prazo designado pela lei estadual, ao contribuinte incumbe recolher o tributo, já efetuado o encontro entre créditos e débitos. A LC 87/1996, entretanto, admite exceção à regra (Art. 26. Em substituição ao regime de apuração mencionado nos arts. 24 e 25, a lei estadual poderá estabelecer: (...) III — que, em função do porte ou da atividade do estabelecimento, o imposto seja pago em parcelas perió-dicas e calculado por estimativa, para um determinado período, assegurado ao sujeito passivo o direito de impugná-la e instaurar processo contraditório. (...) § 1º Na hipótese do inciso III, ao fim do período, será feito o ajuste com base na escrituração regular do contribuinte, que pagará a diferença apurada, se positiva; caso contrário, a diferença será compensada com o pagamento referente ao período ou períodos imediatamente seguintes). Ocorre que a criação de nova maneira de recolhimento do tributo — na espécie, com antecipação do imposto devido valendo-se de base de cálculo ficta (estimativas do mês anterior), com posterior ajuste — exige a edição de lei em sentido em sentido formal e material. Os decre-tos impugnados modificam o modo de apuração do ICMS, extrapolando o poder regulamentar do governador. Assim, implicam afronta ao princípio constitucional da legalidade estrita, uma vez que o art. 150 da CF veda a exigência de tributo sem lei que o estabeleça. Por conseguinte, a Corte declarou a inconstitucionalidade dos Decretos 31.632/2002 e 35.219/2004, ambos do Estado do Rio de Janeiro. (RE 632.265/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/6/2015, acórdão pendente de publi-cação)

Page 26: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

Repercussão geral reconhecida e jurispru- dência reafirmada pelo Plenário Virtual2

Page 27: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

27

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E

JURISPRUDÊNCIA REAFIRMADA PELO PLENÁRIO VIRTUAL

TEMA 806Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioÉ improcedente demanda que visa ao pagamento de soldos dos integrantes das Forças Armadas no mesmo patamar da remuneração devida aos militares do Distrito Federal. O Tribunal reafir-mou a jurisprudência dominante sobre a matéria em julgamento realizado por meio eletrônico (“Plenário Virtual”), nos termos do art. 323-A do Regimento Interno do Supremo Tribunal Fe-deral.

“EMENTA: ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. MILITA-RES DAS FORÇAS ARMADAS E DO DISTRITO FEDERAL (POLICIAIS E BOMBEIROS MI-LITARES). EQUIPARAÇÃO DE VENCIMENTOS. ILEGITIMIDADE. VEDAÇÃO DO ART. 37, XIII, DA CF/88. PRECEDENTES. REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA. REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA SOBRE A MATÉRIA. 1. É improcedente a demanda visando ao pagamento dos soldos dos integrantes das Forças Armadas no mesmo patamar da remuneração devida aos milita-res do Distrito Federal. Isso porque, a pretensão fundamenta-se no art. 24 do Decreto-Lei 667/69 que, reproduzindo vedação constante do art. 13, § 4º, da Constituição de 1967, na redação da EC 1/69, proíbe o pagamento de remuneração superior à fixada para os postos e graduações correspondentes no Exército ao pessoal das Polícias Militares e Corpo de Bombeiros Militares das Unidades da Federação. 2. Salienta-se que o impedimento do art. 13, § 4º, da Constituição de 1967, na redação da EC 1/69, não foi mantido na Constituição de 1988, cujos arts. 42, § 1º, e 142, § 3º, X, limitam-se a conferir aos Estados a competência para fixar, mediante lei estadual específica, a remuneração dos militares integrantes dos quadros das suas Polícias Militares e Corpo de Bombeiros Militares. 3. Já os arts. 42, § 1º, e 142, § 3º, X, da Carta Magna não se aplicam ao Distrito Federal, cujas Polícias Civil e Militar e Corpo de Bombeiros Militar, por disposição do art. 21, XIV, da CF/88, são organizadas e mantidas pela União, a quem compete privativamente legislar sobre o vencimento dos integrantes de seus res-pectivos quadros. A propósito, há entendimento sumulado: ‘compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das Polícias Civil e Militar do Distrito Federal’ (Súmula 647/STF, cuja orientação foi recentemente adotada pela Súmula Vinculante 39). 4. O art. 37, XIII, da CF/88 coíbe a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias no âmbito do serviço público. Destarte, a pretensão dos recorrentes se afigura evidentemente incompatível com a Constituição Federal de 1988, uma vez que importa a equiparação de vencimentos entre os integrantes das Forças Armadas e os militares do Distrito Federal. Precedentes de ambas as Turmas em casos idênticos: ARE 652.202-AgR, Rel. Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, DJe de 17/9/2014; ARE 651.415-AgR, Rel. Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJe de 25/4/2012. 5. Agravo conhecido para negar provimen-to ao recurso extraordinário, com o reconhecimento da repercussão geral do tema e a reafirmação da jurisprudência sobre a matéria.”

(ARE 665.632 RG/RN, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/4/2015, acórdão publicado no DJe de 28/4/2015)

Page 28: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

28

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E

JURISPRUDÊNCIA REAFIRMADA PELO PLENÁRIO VIRTUAL

TEMA 821Direito Civil; Direito de FamíliaA possibilidade de utilização do salário mínimo como base a para fixação do valor da prestação de caráter alimentar, nas ações de alimentos, não viola a Constituição. O Tribunal reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria em julgamento realizado por meio eletrônico (“Ple-nário Virtual”), nos termos do art. 323-A do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.(ARE 842.157 RG/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/6/2015, acórdão pendente de publicação)

TEMA 793Direito Constitucional; Direito à SaúdeConfigura obrigação solidária dos entes federados a promoção de atos necessários a tornar efetivo o direito à saúde, de modo que tais entidades estão legitimadas a compor, isolada ou conjuntamente, o polo passivo de demandas que versem sobre o fornecimento de tratamento e medicamentos por parte do Poder Público. O Tribunal reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria em julgamento realizado por meio eletrônico (“Plenário Virtual”), nos termos do art. 323-A do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. DI-REITO À SAÚDE. TRATAMENTO MÉDICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS ENTES FE-DERADOS.  REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. REAFIRMAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA.

O tratamento médico adequado aos necessitados se insere no rol dos deveres do Estado, porquanto responsabilidade solidária dos entes federados. O polo passivo pode ser composto por qualquer um deles, isoladamente, ou conjuntamente.”

(RE 855.178 RG/SE1, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 6/3/2015, acórdão publicado no DJe de 16/3/2015)

TEMA 823Direito Constitucional; Direitos e Garantias Fundamentais Os sindicatos possuem ampla legitimidade extraordinária para defender em juízo os direitos e interesses coletivos ou individuais dos integrantes da categoria que representam, inclusive nas liquidações e execuções de sentença, independentemente de autorização dos substituídos. O Tri-bunal reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria em julgamento realizado por meio eletrônico (“Plenário Virtual”), nos termos do art. 323-A do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. ART. 8º, III, DA LEI MAIOR. SINDICATO. LEGITIMIDADE. SUBSTITUTO PROCESSUAL. EXECUÇÃO DE SEN-TENÇA. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. REAFIRMAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA.

1 Opostos embargos de declaração, conclusos ao relator.

Page 29: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

29

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E

JURISPRUDÊNCIA REAFIRMADA PELO PLENÁRIO VIRTUAL

I – Repercussão geral reconhecida e reafirmada a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido da ampla legitimidade extraordinária dos sindicatos para defender em juízo os direitos e inte-resses coletivos ou individuais dos integrantes da categoria que representam, inclusive nas liquidações e execuções de sentença, independentemente de autorização dos substituídos.”

(RE 883.642 RG/AL, rel. Ministro Presidente, julgado em 19/6/2015, acórdão publicado no DJe de 26/6/2015)

TEMA 811Direito Processual Penal; Ação PenalO ajuizamento de ação penal privada pode ocorrer após o decurso do prazo legal, sem que seja oferecida denúncia, ou promovido o arquivamento, ou requisitadas diligências externas ao Ministério Público. As diligências internas à instituição são irrelevantes. Ademais, a conduta do Ministério Público posterior ao surgimento do direito de queixa não prejudica sua propositura. Assim, o oferecimento de denúncia, a promoção do arquivamento ou a requisição de diligências externas ao Ministério Público, posterior ao decurso do prazo legal para a propositura da ação penal, não afastam o direito de queixa. Nem mesmo a ciência da vítima ou da família quanto a tais diligências afasta esse direito, por não representar concordância com a falta de iniciativa da ação penal pública. O Tribunal reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria em julgamento realizado por meio eletrônico (“Plenário Virtual”), nos termos do art. 323-A do Re-gimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

“EMENTA: Recurso extraordinário com agravo. Repercussão geral. Constitucional. Penal e proces-sual penal. 2. Habeas corpus. Intervenção de terceiros. Os querelantes têm legitimidade e interesse para intervir em ação de habeas corpus buscando o trancamento da ação penal privada e recorrer da decisão que concede a ordem. 3. A promoção do arquivamento do inquérito, posterior à propositura da ação penal privada, não afeta o andamento desta. 4. Os fatos, tal como admitidos na instância recorrida, são suficientes para análise da questão constitucional. Provimento do agravo de instrumento, para análise do recurso extraordinário. 5. Direito a mover ação penal privada subsidiária da pública. Art. 5º, LIX, da Constituição Federal. Direito da vítima e sua família à aplicação da lei penal, inclusive tomando as rédeas da ação criminal, se o Ministério Público não agir em tempo. Relevância jurídica. Repercussão geral reconhecida. 6. Inquérito policial relatado remetido ao Ministério Público. Ausência de movimentação externa ao Parquet por prazo superior ao legal (art. 46 do Código de Processo Penal). Surgimento do direito potestativo a propor ação penal privada. 7. Questão constitucional resolvida no sentido de que: (i) o ajuizamento da ação penal privada pode ocorrer após o decurso do prazo legal, sem que seja oferecida denúncia, ou promovido o arquivamento, ou requisitadas diligências externas ao Ministério Público. Diligências internas à instituição são irrelevantes; (ii) a conduta do Ministério Público posterior ao surgimento do direito de queixa não prejudica sua propositura. Assim, o ofereci-mento de denúncia, a promoção do arquivamento ou a requisição de diligências externas ao Ministério Público, posterior ao decurso do prazo legal para a propositura da ação penal, não afastam o direito de queixa. Nem mesmo a ciência da vítima ou da família quanto a tais diligências afasta esse direito, por não representar concordância com a falta de iniciativa da ação penal pública. 8. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 9. Recurso extraordinário provido, por maioria, para

Page 30: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

30

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E

JURISPRUDÊNCIA REAFIRMADA PELO PLENÁRIO VIRTUAL

reformar o acórdão recorrido e denegar a ordem de habeas corpus, a fim de que a ação penal privada prossiga, em seus ulteriores termos.”

(ARE 859.251 RG/DF2, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/4/2015, acórdão publicado no DJe de 21/5/2015)

2 Opostos embargos de declaração, conclusos ao relator.

Page 31: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento3

Page 32: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

32

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO PENDENTE DE JULGAMENTO

TEMA 826Direito Administrativo; Responsabilidade Civil do EstadoPossui repercussão geral a controvérsia relativa à ocorrência de dano e consequente respon-sabilidade da União pela eventual fixação de preços dos produtos do setor sucroalcooleiro em valores inferiores ao custo de produção.(ARE 884.325 RG/DF1, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 26/6/2015, acórdão pendente de publicação)

TEMA 809Direito Civil; Direito das SucessõesPossui repercussão geral a controvérsia relativa à validade do art. 1.790 do Código Civil, que prevê ao companheiro direitos sucessórios distintos daqueles outorgados ao cônjuge pelo art. 1.829 do mesmo Código.

“EMENTA: DIREITO DAS SUCESSÕES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DISPOSITIVOS DO CÓDIGO CIVIL QUE PREVEEM DIREITOS DISTINTOS AO CÔNJUGE E AO COMPANHEI-RO. ATRIBUIÇÃO DE REPERCUSSÃO GERAL.

1. Possui caráter constitucional a controvérsia acerca da validade do art. 1.790 do Código Civil, que prevê ao companheiro direitos sucessórios distintos daqueles outorgados ao cônjuge pelo art. 1.829 do mesmo Código.

2. Questão de relevância social e jurídica que ultrapassa os interesses subjetivos da causa. 3. Repercussão geral reconhecida.”

(RE 878.694 RG/MG, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/4/2015, acórdão publicado no DJe de 19/5/2015)

TEMA 818Direito Constitucional; Controle Jurisdicional de Políticas Públicas Possui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de o Poder Judiciário impor aos municípios e à União a aplicação de recursos mínimos na área da saúde, antes da edição da lei complementar referida no art. 198, § 3º, da CF.

“EMENTA: ORÇAMENTO — APLICAÇÃO DE RECURSOS MÍNIMOS NA ÁREA DA SAÚ-DE — CONTROLE JUDICIAL — SEPARAÇÃO DE PODERES — ALCANCE DO ARTS. 2º, 160, PARÁGRAFO ÚNICO, INCISO II, E 198, § 2º E § 3º, DO CORPO PERMANENTE; E 77, INCISO

1 Processo redistribuído ao Min. Edson Fachin (RISTF, art. 324, § 3º).

Page 33: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

33

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO PENDENTE DE JULGAMENTO

III, § 3º E § 4º, DO ATO DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS DA CARTA DE 1988 — RECUR-SO EXTRAORDINÁRIO — REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA. Possui repercussão geral a controvérsia alusiva à possibilidade de o Poder Judiciário impor aos municípios e à União a aplicação de recursos mínimos na área da saúde, antes da edição da lei complementar referida no art. 198, § 3º, da Constituição Federal, considerados os preceitos dos arts. 2º, 160, parágrafo único, inciso II, e 198, § 2º e § 3º, do corpo permanente; e 77, inciso III, § 3º e § 4º, do Ato das Disposições Transitórias da Carta de 1988.”

(RE 858.075 RG/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 22/5/2015, acórdão publicado no DJe de 16/6/2015)

TEMA 822Direito Constitucional; Direito à EducaçãoPossui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de o ensino domiciliar (homes-chooling) ser proibido pelo Estado ou viabilizado como meio lícito de cumprimento, pela famí-lia, do dever de prover educação, tal como previsto no art. 205 da CF.

“EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL. EDUCAÇÃO. ENSINO DOMICILIAR. LIBER-DADES E DEVERES DO ESTADO E DA FAMÍLIA. PRESENÇA DE REPERCUSSÃO GERAL.

1. Constitui questão constitucional saber se o ensino domiciliar (homeschooling) pode ser proibido pelo Estado ou viabilizado como meio lícito de cumprimento, pela família, do dever de prover educação, tal como previsto no art. 205 da CRFB/1988.

2. Repercussão geral reconhecida.”(RE 888.815 RG/RS, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 5/6/2015, acórdão publicado no DJe de 15/6/2015)

TEMA 792Direito Constitucional; Requisição de Pequeno ValorPossui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de incidência de lei nova sobre parâmetro de definição de Requisição de Pequeno Valor (RPV) em execução já iniciada ante o princípio da irretroatividade da lei.

“EMENTA: APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO — EXECUÇÃO INICIADA — PARÂMETRO DE DEFINIÇÃO DE REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR — ADMISSIBILIDADE DA INCIDÊN-CIA DA LEI NOVA NA ORIGEM — RECURSO EXTRAORDINÁRIO — REPERCUSSÃO GERAL — PRECEDENTES EM AGRAVOS REGIMENTAIS DA SEGUNDA TURMA — CONFIGURA-ÇÃO. Possui repercussão geral a controvérsia alusiva à incidência de lei nova sobre parâmetro de definição de requisição de pequeno valor na execução iniciada, consideradas a medula da segurança jurídica, que é a irretroatividade da lei, e a existência de julgados da Segunda Turma em sentido contrário ao do acórdão atacado.”

(RE 729.107 RG/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 27/2/2015, acórdão publicado no DJe de 20/3/2015)

Page 34: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

34

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO PENDENTE DE JULGAMENTO

TEMA 810Direito Constitucional; Sistema Financeiro NacionalPossui repercussão geral a controvérsia relativa à validade da correção monetária e dos juros moratórios incidentes sobre condenações impostas à Fazenda Pública segundo os índices ofi-ciais de remuneração básica da caderneta de poupança (Taxa Referencial — TR), conforme determina o art. 1º-F da Lei 9.494/1997 com redação dada pela Lei 11.960/2009.

“EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL. REGIME DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS INCIDENTE SOBRE CONDENAÇÕES JUDICIAIS DA FAZENDA PÚBLI-CA. ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 11.960/09. TEMA 810. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.”

(RE 870.947 RG/SE, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/4/2015, acórdão publicado no DJe de 27/4/2015)

TEMA 820Direito Processual Civil; CompetênciaPossui repercussão geral a controvérsia relativa à definição da competência — se dos tribunais regionais federais ou do Superior Tribunal Justiça — para o processamento e julgamento de conflitos entre juizado especial federal e juízo estadual no exercício da competência federal delegada, bem como da adoção, como pressuposto fático para a incidência do art. 109, § 3º, da CF, da inexistência de juízo federal no município ou na comarca onde reside o segurado ou beneficiário do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).(RE 860.508 RG/SP, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/6/2015, acórdão pendente de pu-blicação)

TEMA 825Direito Tributário; Competência TributáriaPossui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de, ante a omissão do legislador nacional em estabelecer normas gerais pertinentes à competência para instituir o ITCMD, os Estados-membros poderem fazer uso de sua competência legislativa plena com fulcro no art. 24, § 3º, da CF e no art. 34, § 3º, do ADCT.(RE 851.108 RG/SP, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/6/2015, acórdão pendente de publi-cação

TEMA 796Direito Tributário; Imunidade TributáriaPossui repercussão geral a controvérsia relativa ao alcance da imunidade tributária do ITBI, pre-vista no art. 156, § 2º, I, da CF, sobre imóveis integralizados ao capital social da empresa, quando o valor de avaliação ultrapassar o da cota realizada.

“EMENTA: IMPOSTO DE TRANSMISSÃO — ITBI — IMÓVEIS INTEGRALIZADOS AO CAPITAL DA EMPRESA — ART. 156, § 2º, INCISO I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL — AL-

Page 35: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

35

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO PENDENTE DE JULGAMENTO

CANCE — LIMITAÇÃO OBSERVADA NA ORIGEM — RECURSO EXTRAORDINÁRIO — RE-PERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA. Possui repercussão geral a controvérsia alusiva ao alcance da imunidade quanto ao Imposto de Transmissão  nos casos de imóveis integralizados ao capital social da empresa, cujo valor de avaliação ultrapasse o da cota realizada, considerado o preceito do art. 156, § 2º, inciso I, da Carta Federal.”

(RE 796.376 RG/SC, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 6/3/2015, acórdão publicado no DJe de 20/3/2015)

TEMA 801Direito Tributário; TributosPossui repercussão geral a controvérsia relativa à constitucionalidade da incidência da contribui-ção para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural, nos termos do art. 2º da Lei 8.540/1992 e alterações posteriores.

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO AO SENAR. SUBSTITUIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. FOLHA DE SALÁRIO. RECEITA BRUTA PROVE-NIENTE DA COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. SEGURADO ESPECIAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.”

(RE 816.830 RG/SC, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/3/2015, acórdão publicado no DJe de 9/6/2015)

TEMA 808Direito Tributário; TributosPossui repercussão geral a controvérsia relativa à incidência de imposto de renda sobre os juros de mora percebidos por pessoa física em razão do atraso no pagamento de verba remuneratória.

“EMENTA: TRIBUTÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IN-CIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. JUROS DE MORA. ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 7.713/1988 E ART. 43, INCISO II, § 1º, DO CTN. ANTERIOR NEGATIVA DE REPER-CUSSÃO. MODIFICAÇÃO DA POSIÇÃO EM FACE DA SUPERVENIENTE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI FEDERAL POR TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL.”

(RE 855.091 RG/RS, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/4/2015, acórdão publicado no DJe de 1º/7/2015)

TEMA 816Direito Tributário; TributosPossui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) em operação de industrialização por encomenda, reali-zada em materiais fornecidos pelo contratante, quando referida operação configura etapa inter-mediária do ciclo produtivo de mercadoria, bem assim à razoabilidade da fixação de multa fiscal

Page 36: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

36

REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA E MÉRITO PENDENTE DE JULGAMENTO

moratória no percentual de 30% do valor do débito, tendo em vista a vedação constitucional ao efeito confiscatório na seara tributária.

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. ISSQN. INCIDÊNCIA. INDUS-TRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. SUBITEM 14.5 DA LISTA ANEXA À LEI COMPLEMEN-TAR Nº 116/2003. MULTA FISCAL MORATÓRIA. LIMITES. VEDAÇÃO AO EFEITO CON-FISCATÓRIO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. QUESTÕES RELEVANTES DOS PONTOS DE VISTA ECONÔMICO E JURÍDICO. TRANSCENDÊNCIA DE INTERESSES. REPERCUSSÃO GE-RAL RECONHECIDA.”

(RE 882.461 RG/MG, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/5/2015, acórdão publicado no DJe de 12/6/2015)

TEMA 817Direito Tributário; TributosPossui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de os Estados e o Distrito Fe-deral, mediante consenso alcançado no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), perdoar dívidas tributárias surgidas em decorrência do gozo de benefícios fiscais, implementados no âmbito da chamada guerra fiscal do ICMS, assentados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal.(RE 851.421 RG/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 22/5/2015, acórdão pendente de publicação)

TEMA 827Direito Tributário; TributosPossui repercussão geral a controvérsia relativa à incidência de ICMS sobre o valor pago a título de assinatura básica mensal pelo serviço de telefonia.(ARE 782.749 RG/RS, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 26/6/2015, acórdão pendente de publicação)

Page 37: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

Repercussão geral não reconhecida4

Page 38: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

38

REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

TEMA 813Direito Administrativo; Aposentadorias e PensõesNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à diminuição de proventos de servidor ina-tivo em decorrência da alteração do regime do magistério estadual e posterior enquadramento em cargo com jornada de trabalho menor do que a do cargo decorrente da aposentadoria.

“EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. SERVIDORA PÚBLICA INATIVA. APOSENTADORIA NO CARGO DE PROFES-SORA, COM CARGA HORÁRIA DE 40 HORAS. ALTERAÇÃO DO REGIME DO MAGISTÉRIO ESTADUAL E POSTERIOR REENQUADRAMENTO NO CARGO DE PROFESSOR, COM CAR-GA HORÁRIA DE 30 HORAS. OCORRÊNCIA DE DECESSO REMUNERATÓRIO. REEXAME DE FATOS E PROVAS (SÚMULA 279/STF). MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

1. A controvérsia diz respeito à diminuição de proventos de servidora inativa, aposentada no car-go de professora com carga horária de 40 horas, em decorrência da alteração do regime do magistério estadual do Rio Grande do Norte e posterior enquadramento da parte no cargo de professor com carga horária de 30 horas.

2. O Tribunal de origem decidiu que a alteração de regime não preservou o montante global do estipêndio até então percebido pela parte, tendo ocorrido redução de caráter pecuniário. O acolhimento da tese recursal, nesse ponto, demandaria a reapreciação do conjunto fático-probatório dos autos (Sú-mula 279/STF) e a análise da legislação infraconstitucional aplicável (Lei Complementar Estadual 322/06), de modo que eventual ofensa à Constituição Federal seria meramente indireta.

3. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Carta Magna ocorra de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, DJe de 13/3/2009).

4. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC.”(ARE 881.383 RG/RN, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 15/5/2015, acórdão publicado no DJe de 21/5/2015)

TEMA 819Direito Administrativo; Responsabilidade Civil do EstadoNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à pretensão de indenização por danos ma-teriais decorrentes da demora do Poder Público em proceder à avaliação dos servidores em atividade, para o fim de pagamento de gratificação de desempenho.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO. DEMORA  DO PODER PÚBLICO EM PROCEDER ÀS AVALIAÇÕES DOS SERVIDORES. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. MATÉRIA IN-

Page 39: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

39

REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

FRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.1. Possui natureza infraconstitucional a controvérsia relativa à pretensão de indenização por

danos materiais decorrentes da demora do Poder Público em proceder à avaliação dos servidores em atividade, para o fim de pagamento de gratificação de desempenho. 2. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Carta Magna ocorra de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, DJe de 13/3/2009). 3. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC.”

(RE 881.502 RG/RS, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 29/5/2015, acórdão publicado no DJe de 8/6/2015)

TEMA 789Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à incorporação do percentual de 50% da parcela autônoma ao vencimento básico de servidores públicos estaduais.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. SERVIDORES PÚBLICOS. VENCIMENTO BÁSICO. INCORPORA-ÇÃO DE 50% DA PARCELA AUTÔNOMA. OCORRÊNCIA DE DECESSO REMUNERATÓRIO. NECESSIDADE DE REEXAME DA LEGISLAÇÃO ESTADUAL PERTINENTE E DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

1. A controvérsia relativa à incorporação de 50% da ‘parcela autônoma’ ao vencimento básico dos servidores públicos do Estado do Rio Grande do Sul, por demandar a interpretação das Leis Estaduais 10.395/95 e 13.733/11, é de natureza infraconstitucional.

2. É pacífico na jurisprudência desta Corte o entendimento de que é inviável, em sede de recurso extraordinário, a verificação, caso a caso, de decesso remuneratório decorrente de alteração no regime jurídico de servidores públicos, já que indispensável seria a reapreciação do conjunto fático-probatório dos autos (Súmula 279).

3. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Carta Magna se dê de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, DJe de 13/03/2009).

4. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC.” (ARE 849.397 RG/RS, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 13/2/2015, acórdão publicado no DJe de 25/2/2015)

TEMA 790Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à inclusão, ou não, do abono variável pago a juízes federais pelas Leis 9.655/1998 e 10.474/2002 em base de cálculo de gratificação eleitoral devida a membro do Ministério Público estadual.

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. MEMBRO DO MINISTÉ-RIO PÚBLICO ESTADUAL. GRATIFICAÇÃO ELEITORAL. LEIS 8.350/1991 E 8.625/1993.

Page 40: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

40

REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO, OU NÃO, DO ABONO VARIÁVEL PAGO A JUÍZES FE- DERAIS. LEIS 9.655/1998 E 10.474/2002. MATÉRIA DE ÍNDOLE INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA INDIRETA À CONSTITUIÇÃO. REPERCUSSÃO GERAL. INEXISTÊNCIA.

I — O exame da questão constitucional não prescinde da prévia análise de normas infraconsti-tucionais, o que afasta a possibilidade de reconhecimento do requisito constitucional da repercussão geral.

II — Repercussão geral inexistente.”(RE 793.634 RG/MG, rel. Ministro Presidente, julgado em 20/2/2015, acórdão publicado no DJe de 4/3/2015)

TEMA 803Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à paridade remuneratória entre os militares do antigo e do atual Distrito Federal.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. POLI-CIAIS MILITARES INATIVOS DO ANTIGO DISTRITO FEDERAL E SEUS PENSIONISTAS. PARIDADE REMUNERATÓRIA COM OS MILITARES DO ATUAL DISTRITO FEDERAL. LEI 10.486/02 E DECRETO 28.371/07. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE RE-PERCUSSÃO GERAL.

1. A controvérsia relativa à paridade remuneratória entre os militares do antigo e do atual Distrito Federal, fundada na interpretação da Lei 10.486/02 e do Decreto 28.371/07, é de natureza infra-constitucional.

2. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Carta Magna ocorra de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, DJe de 13/03/2009).

3. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC.” (ARE 870.776 RG/RJ, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/4/2015, acórdão publicado no DJe de 20/4/2015)

TEMA 804Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à natureza do reajuste concedido pelo art. 4º da Lei maranhense 8.369/2006, se de revisão geral anual ou não.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. SERVI-DORES PÚBLICOS. ESTADO DO MARANHÃO. REAJUSTE CONCEDIDO PELO ART. 4º DA LEI ESTADUAL 8.369/06. NATUREZA DE REVISÃO GERAL ANUAL. MATÉRIA INFRACONS-TITUCIONAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

1. A controvérsia relativa à natureza do reajuste concedido pelo art. 4º da Lei Estadual 8.369/06, se de revisão geral anual ou não, é de caráter infraconstitucional.

2. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Carta Magna ocorra de forma

Page 41: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

41

REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, DJe de 13/3/2009). 3. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC.”

(ARE 871.499 RG/MA, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/4/2015, acórdão publicado no DJe de 20/4/2015)

TEMA 814Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à base de cálculo da vantagem denominada gratificação de insalubridade, paga aos servidores públicos de universidades estaduais do Paraná.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ESTA-DO DO PARANÁ. SERVIDORA PÚBLICA. GRATIFICAÇÃO DE INSALUBRIDADE. BASE DE CÁLCULO. MATÉRIA  INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

1. A controvérsia relativa à base de cálculo da vantagem denominada ‘gratificação de insalubri-dade’, paga aos servidores públicos das universidades estaduais do Paraná, é de natureza infraconsti-tucional, uma vez que fundada na interpretação das Leis Estaduais 10.692/93 e 15.050/06.

2. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Carta Magna ocorra de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, DJe de 13/3/2009).

3. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC.”(ARE 876.982 RG/PR, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 15/5/2015, acórdão publicado no DJe de 21/5/2015)

TEMA 802Direito do Consumidor; Responsabilidade CivilNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à legitimidade dos sistemas de análise, avaliação e pontuação de risco de crédito a consumidor (denominados concentre scoring, credit scoring ou credscore), mantidos por instituição de proteção ao crédito, bem como a existência de danos indenizáveis por inserção do nome de consumidor nesses sistemas.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.  AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INCLUSÃO DE NOME EM SISTEMA DE ANÁLISE, AVALIAÇÃO E PONTUAÇÃO DE RISCO DE CRÉDITO, MANTIDO POR INSTITUIÇÃO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE REPERCUS-SÃO GERAL.

1. A controvérsia relativa à legitimidade dos sistemas de análise, avaliação e pontuação de risco de crédito a consumidor (denominados concentre scoring, credit scoring ou credscore), mantidos por instituição de proteção ao crédito, bem como a existência de danos indenizáveis por inserção do nome de consumidor nesses sistemas, é matéria disciplinada por normas infraconstitucionais, sendo apenas reflexa e indireta eventual ofensa a normas constitucionais.

2. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC.” (ARE 867.326 RG/SC, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/4/2015, acórdão publicado em 20/4/2015)

Page 42: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

42

REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

TEMA 795Direito do Trabalho; RemuneraçãoNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à legitimidade da forma de cálculo da verba denominada Complemento de Remuneração Mínima por Nível e Regime (RMNR), fundada na interpretação de cláusulas de acordo coletivo de trabalho.

“EMENTA: CONSTITUCIONAL, TRABALHISTA E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EX-TRAORDINÁRIO. INFRINGÊNCIA À SÚMULA VINCULANTE 10. INOCORRÊNCIA. PETRÓ-LEO BRASILEIRO S/A (PETROBRÁS). VALIDADE DO CÁLCULO DO COMPLEMENTO DE REMUNERAÇÃO MÍNIMA POR NÍVEL E REGIME (RMNR). CLÁUSULA 35ª DO ACORDO COLETIVO DE TRABALHO DE 2007/2009. OFENSA CONSTITUCIONAL REFLEXA. AUSÊN-CIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

1. A controvérsia relativa à legitimidade da forma de cálculo da verba denominada Complemento de Remuneração Mínima por Nível e Regime (RMNR), fundada na interpretação de cláusulas de acordo coletivo de trabalho, não enseja a interposição de recurso extraordinário, uma vez que eventual ofensa à Constituição Federal seria meramente reflexa.

2. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Carta Magna se dê de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, DJe de 13/3/2009).

3. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC.”(ARE 859.878 RG/DF, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 6/3/2015, acórdão publicado no DJe de 16/3/2015)

TEMA 799Direito Previdenciário; Benefícios PrevidenciáriosNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de devolução de valores recebidos em virtude de concessão de antecipação de tutela posteriormente revogada.

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PREVIDENCIÁRIO E PRO-CESSUAL CIVIL. VALORES RECEBIDOS EM VIRTUDE DE CONCESSÃO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO. MATÉRIA DE ÍNDOLE INFRA-CONSTITUCIONAL. OFENSA INDIRETA À CONSTITUIÇÃO. REPERCUSSÃO GERAL. INE-XISTÊNCIA.

I — O exame da questão constitucional não prescinde da prévia análise de normas infraconsti-tucionais, o que afasta a possibilidade de reconhecimento do requisito constitucional da repercussão geral.

II — Repercussão geral inexistente.”(ARE 722.421 RG/MG, rel. Ministro Presidente, julgado em 20/3/2015, acórdão publicado no DJe de 30/3/2015)

Page 43: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

43

REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

TEMA 805Direito Previdenciário; Benefícios PrevidenciáriosNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à legitimidade da retroação dos efeitos fi-nanceiros da revisão de benefício previdenciário, nas hipóteses em que o segurado preencheu, na data de entrada do requerimento administrativo, os requisitos para a concessão de prestação mais vantajosa.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. JUIZADOS ESPECIAIS. OFENSA AO PRINCÍPIO DA RESERVA DE PLENÁ-RIO (ART. 97 DA CF/88). ALEGAÇÃO MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE. REVISÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. EFEITOS FINANCEIROS RETROATIVOS. MATÉRIA INFRA-CONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. 1. O princípio da reserva de ple-nário não se aplica no âmbito dos juizados de pequenas causas (art. 24, X, da Constituição Federal) e dos juizados especiais em geral (art. 98, I, da CF/88), que, pela configuração atribuída pelo legisla-dor, não funcionam, na esfera recursal, sob o regime de plenário ou de órgão especial. 2. A manifesta improcedência da alegação de ofensa ao art. 97 da Carta Magna pela Turma Recursal de Juizados Especiais demonstra a ausência da repercussão geral da matéria, ensejando a incidência do art. 543-A do CPC. 3. É de natureza infraconstitucional a controvérsia relativa à legitimidade da retroação dos efeitos financeiros da revisão de benefício previdenciário, nas hipóteses em que o segurado preencheu, na data de entrada do requerimento administrativo, os requisitos para a concessão de prestação mais vantajosa. 4. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Carta Magna ocorra de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, DJe de 13/03/2009). 5. Ausên-cia de repercussão geral das questões suscitadas, nos termos do art. 543-A do CPC.”

(ARE 868.457 RG/SC, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/4/2015, acórdão publicado no DJe de 27/4/2015)

TEMA 807Direito Previdenciário; Benefícios PrevidenciáriosNão possui repercussão geral a controvérsia relativa ao preenchimento dos requisitos para a concessão do benefício assistencial previsto no art. 203, V, da CF.

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ARTIGO 203, V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PREENCHI-MENTO DOS REQUISITOS. ANÁLISE DE LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. REEXA-ME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 279/STF. INEXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.”

(ARE 865.645 RG/SP, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/4/2015, acórdão publicado no DJe de 23/4/2015)

Page 44: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

44

REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

TEMA 824Direito Previdenciário; Benefícios PrevidenciáriosNão possui repercussão geral a controvérsia relativa ao índice de reajuste aplicável aos benefí-cios previdenciários, de modo a preservar o seu valor real.

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍ-CIO. ÍNDICE DE REAJUSTE. MATÉRIA DE ÍNDOLE INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA IN-DIRETA À CONSTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

I — A controvérsia relativa ao índice de reajuste aplicável aos benefícios previdenciários, de modo a preservar o seu valor real, está restrita ao âmbito infraconstitucional.

II — O exame da questão constitucional não prescinde da prévia análise de normas infraconsti-tucionais, o que afasta a possibilidade de reconhecimento do requisito constitucional da repercussão geral.

III — Repercussão geral inexistente.”(ARE 888.938 RG/PE, rel. Ministro Presidente, julgado em 19/6/2015, acórdão publicado no DJe de 29/6/2015)

TEMA 828Direito Processual Civil; Competência Não possui repercussão geral a controvérsia relativa à configuração da Caixa Econômica Federal (CEF) como litisconsorte passivo necessário e, consequentemente, da competência da Justiça Federal, para processar e julgar demanda indenizatória relativa a vícios na construção de imóvel adquirido no âmbito do programa governamental Minha Casa, Minha Vida.(ARE 891.653 RG/MG, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 26/6/2015, acórdão pendente de publicação)

TEMA 797Direito Processual Civil; Juizados Especiais CíveisNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à viabilidade de recurso extraordinário para questionar ação de indenização decorrente de acidente de trânsito proposta perante juiza-do especial cível.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. DEMANDA PROPOSTA PERANTE OS JUIZADOS ESPE-CIAIS CÍVEIS DA LEI 9.099/95. CONTROVÉRSIA NATURALMENTE DECORRENTE DE RE-LAÇÃO DE DIREITO PRIVADO, REVESTIDA DE SIMPLICIDADE FÁTICA E JURÍDICA, COM PRONTA SOLUÇÃO NA INSTÂNCIA ORDINÁRIA. EXCEPCIONALIDADE DE REPERCUSSÃO GERAL ENSEJADORA DE ACESSO À INSTÂNCIA EXTRAORDINÁRIA.

1. Como é da própria essência e natureza dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais previstos na Lei 9.099/95, as causas de sua competência decorrem de controvérsias fundadas em relações de direito privado, revestidas de simplicidade fática e jurídica, ensejando pronta solução na instância ordinária. Apenas excepcionalmente essas causas são resolvidas mediante aplicação direta de preceitos normati-vos constitucionais. E mesmo quando isso ocorre, são incomuns e improváveis as situações em que a questão constitucional debatida contenha o requisito da repercussão geral de que tratam o art. 102,

Page 45: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

45

REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

§ 3º, da Constituição, os arts. 543-A e 543-B do Código de Processo Civil e o art. 322 e seguinte do Regimento Interno do STF.

2. Por isso mesmo, os recursos extraordinários interpostos em causas processadas perante os Jui-zados Especiais Cíveis da Lei 9.099/95 somente podem ser admitidos quando (a) for demonstrado o prequestionamento de matéria constitucional envolvida diretamente na demanda e (b) o requisito da repercussão geral estiver justificado com indicação detalhada das circunstâncias concretas e dos dados objetivos que evidenciem, no caso examinado, a relevância econômica, política, social ou jurídica.

3. À falta dessa adequada justificação, aplicam-se ao recurso extraordinário interposto nas causas de Juizados Especiais Estaduais Cíveis da Lei 9.099/95 os efeitos da ausência de repercussão geral, nos termos do art. 543-A do CPC.”

(ARE 836.819 RG/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 20/3/2015, acórdão publicado no DJe de 25/3/2015)

TEMA 798Direito Processual Civil; Juizados Especiais CíveisNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à viabilidade de recurso extraordinário para questionar ação de repetição de indébito proposta perante juizado especial cível em decor-rência da cobrança de diversas tarifas em contrato de adesão firmado com instituição financeira.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. DEMANDA PROPOSTA PERANTE OS JUIZADOS ESPE-CIAIS CÍVEIS DA LEI 9.099/95. CONTROVÉRSIA NATURALMENTE DECORRENTE DE RE-LAÇÃO DE DIREITO PRIVADO, REVESTIDA DE SIMPLICIDADE FÁTICA E JURÍDICA, COM PRONTA SOLUÇÃO NA INSTÂNCIA ORDINÁRIA. EXCEPCIONALIDADE DE REPERCUSSÃO GERAL ENSEJADORA DE ACESSO À INSTÂNCIA EXTRAORDINÁRIA.

1. Como é da própria essência e natureza dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais previstos na Lei 9.099/95, as causas de sua competência decorrem de controvérsias fundadas em relações de direito privado, revestidas de simplicidade fática e jurídica, ensejando pronta solução na instância ordinária. Apenas excepcionalmente essas causas são resolvidas mediante aplicação direta de preceitos normati-vos constitucionais. E mesmo quando isso ocorre, são incomuns e improváveis as situações em que a questão constitucional debatida contenha o requisito da repercussão geral de que tratam o art. 102, § 3º, da Constituição, os arts. 543-A e 543-B do Código de Processo Civil e o art. 322 e seguinte do Regimento Interno do STF.

2. Por isso mesmo, os recursos extraordinários interpostos em causas processadas perante os Jui-zados Especiais Cíveis da Lei 9.099/95 somente podem ser admitidos quando (a) for demonstrado o prequestionamento de matéria constitucional envolvida diretamente na demanda e (b) o requisito da repercussão geral estiver justificado com indicação detalhada das circunstâncias concretas e dos dados objetivos que evidenciem, no caso examinado, a relevância econômica, política, social ou jurídica.

3. À falta dessa adequada justificação, aplicam-se ao recurso extraordinário interposto nas causas de Juizados Especiais Estaduais Cíveis da Lei 9.099/95 os efeitos da ausência de repercussão geral, nos termos do art. 543-A do CPC.”

(ARE 837.318 RG/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 20/3/2015, acórdão publicado no DJe de 25/3/2015)

Page 46: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

46

REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

TEMA 800Direito Processual Civil; Juizados Especiais CíveisNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à viabilidade de recurso extraordinário para questionar ação de cobrança proposta perante juizado especial cível.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. DEMANDA PROPOSTA PERANTE OS JUIZADOS ESPE-CIAIS CÍVEIS DA LEI 9.099/95. CONTROVÉRSIA NATURALMENTE DECORRENTE DE RE-LAÇÃO DE DIREITO PRIVADO, REVESTIDA DE SIMPLICIDADE FÁTICA E JURÍDICA, COM PRONTA SOLUÇÃO NA INSTÂNCIA ORDINÁRIA. EXCEPCIONALIDADE DE REPERCUSSÃO GERAL ENSEJADORA DE ACESSO À INSTÂNCIA EXTRAORDINÁRIA.

1. Como é da própria essência e natureza dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais previstos na Lei 9.099/95, as causas de sua competência decorrem de controvérsias fundadas em relações de direito privado, revestidas de simplicidade fática e jurídica, ensejando pronta solução na instância ordinária. Apenas excepcionalmente essas causas são resolvidas mediante aplicação direta de preceitos normati-vos constitucionais. E mesmo quando isso ocorre, são incomuns e improváveis as situações em que a questão constitucional debatida contenha o requisito da repercussão geral de que tratam o art. 102, § 3º, da Constituição, os arts. 543-A e 543-B do Código de Processo Civil e o art. 322 e seguinte do Regimento Interno do STF.

2. Por isso mesmo, os recursos extraordinários interpostos em causas processadas perante os Jui-zados Especiais Cíveis da Lei 9.099/95 somente podem ser admitidos quando (a) for demonstrado o prequestionamento de matéria constitucional envolvida diretamente na demanda e (b) o requisito da repercussão geral estiver justificado com indicação detalhada das circunstâncias concretas e dos dados objetivos que evidenciem, no caso examinado, a relevância econômica, política, social ou jurídica.

3. À falta dessa adequada justificação, aplicam-se ao recurso extraordinário interposto nas causas de Juizados Especiais Estaduais Cíveis da Lei 9.099/95 os efeitos da ausência de repercussão geral, nos termos do art. 543-A do CPC.”

(ARE 835.833 RG/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 20/3/2015, acórdão publicado no DJe de 26/3/2015)

TEMA 812Direito Processual Civil; Verbas de SucumbênciaNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à incidência, ou não, de honorários advoca-tícios sobre prestações vencidas após a sentença nas ações previdenciárias.

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. QUANTIFICAÇÃO DA CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NAS AÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SÚMU-LA 111 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E ART. 20, § 3º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. MATÉRIA DE ÍNDOLE INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA INDIRETA À CONSTITUI-ÇÃO. REPERCUSSÃO GERAL. INEXISTÊNCIA.

I — A controvérsia acerca da apuração do valor da condenação em honorários advocatícios nas ações previdenciárias — notadamente quanto à incidência, ou não, de verba honorária sobre as pres-tações vencidas após a sentença — está restrita ao âmbito infraconstitucional.

Page 47: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

47

REPERCUSSÃO GERAL NÃO RECONHECIDA

II — O exame da questão constitucional não prescinde da prévia análise de normas infraconsti-tucionais, o que afasta a possibilidade de reconhecimento do requisito constitucional da repercussão geral.

III — Repercussão geral inexistente.”(RE 751.526 RG/SP, rel. Ministro Presidente, julgado em 15/5/2015, acórdão publicado no DJe de 26/5/2015)

TEMA 791Direito Tributário; TributosNão possui repercussão geral a controvérsia relativa à isenção do pagamento da taxa de coleta de lixo relativamente a imóveis inseridos no Programa de Arrendamento Residencial (PAR), prevista em legislação municipal.

“EMENTA: TRIBUTÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. IMÓVEIS DO PROGRAMA DE ARRENDAMENTO RESIDEN-CIAL (PAR). ISENÇÃO DO PAGAMENTO DA TAXA DE COLETA DE LIXO. MATÉRIA INFRA-CONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

1. A controvérsia relativa à isenção do pagamento da Taxa de Coleta de Lixo de imóveis do Pro-grama de Arrendamento Residencial, fundada na interpretação da Lei Municipal 11.988/04, é de natureza infraconstitucional.

2. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Carta Magna se dê de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, DJe de 13/3/2009).

3. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC.”(RE 855.026 RG/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 20/2/2015, acórdão publicado no DJe de 2/3/2015)

Page 48: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

Recursos na repercussão geral5

Este espaço contém os julgamentos dos recursos interpostos de decisões de processos que envol-vem a sistemática da repercussão geral, no período a que se refere o presente Boletim Repercus-

são Geral (2 de fevereiro a 1º de julho de 2015).

Page 49: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

49

RECURSOS NA REPERCUSSÃO GERAL

TEMA 279Direito Administrativo; Agentes PúblicosO Tribunal, ao julgar embargos de declaração, não conheceu do interposto pelo amicus curiae e rejeitou o manejado por um dos então recorridos. Por conseguinte, manteve o entendimento firmado no julgamento do recurso extraordinário, em que reconhecida a repercussão geral. Dessa forma, reafirmou-se que os procuradores federais têm o direito às férias de trinta dias, por força do que dispõe o art. 5º da Lei 9.527/1997, porquanto não recepcionados com nature-za complementar o art. 1º da Lei 2.123/1953 e o art. 17, parágrafo único, da Lei 4.069/1962. A Corte ressaltou a impossibilidade de rediscussão da matéria em sede de declaratórios.

“EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PRIMEI-ROS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO: OPOSTOS POR AMICUS CURIAE. ILEGITIMIDADE RECURSAL. PRECEDENTES. RECURSO NÃO CONHECIDO. SEGUNDOS EMBARGOS DE DE-CLARAÇÃO. PROCESSUAL CIVIL. ART. 535 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, OBSCURIDADE OU CONTRADIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. PRIMEIROS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO CONHECIDOS E SEGUN-DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.”

(RE 602.381 ED/AL, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/4/2015, acórdão publicado no DJe de 13/5/2015)

TEMA 476Direito Administrativo; Concurso PúblicoO Tribunal, ao julgar segundos embargos de declaração, deles não conheceu, com aplicação de multa, e manteve o entendimento firmado no julgamento do recurso extraordinário, em que reconhecida a repercussão geral. Dessa forma, reafirmou-se que a posse ou o exercício em cargo público por força de decisão judicial de caráter provisório não implica a manutenção, em definitivo, do candidato que não atende a exigência de prévia aprovação em concurso público (CF, art. 37, II), valor constitucional preponderante sobre o interesse individual do candidato, que não pode invocar, na hipótese, o princípio da proteção da confiança legítima, ante o conhe-cimento da precariedade da medida judicial. A Corte ressaltou a ausência dos pressupostos de embargabilidade e o caráter protelatório do recurso.

“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. SEGUNDOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXIS-TÊNCIA DE QUAISQUER DOS VÍCIOS DO ART. 535 DO CPC. CARÁTER PROTELATÓRIO.

EMBARGOS NÃO CONHECIDOS, COM APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC.”

(RE 608.482 ED-ED/RN, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 26/2/2015, acórdão publicado no DJe de 18/3/2015)

Page 50: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

50

RECURSOS NA REPERCUSSÃO GERAL

TEMA 315Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioO Tribunal, ao julgar agravo regimental, dele não conheceu e manteve o entendimento firma-do no julgamento do recurso extraordinário, em que reconhecida a repercussão geral. Dessa forma, reafirmou-se não caber ao Poder Judiciário, que não tem a função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia. A Corte assentou a ausência de legitimidade de amicus curiae para interpor recurso.

“EMENTA: Agravo regimental em embargos de declaração em recurso extraordinário. 1. Agravo regimental de amicus curiae. Ausência de legitimidade. Manifesta inadmissibilidade. Precedentes. 2. Agravo regimental não conhecido com determinação de baixa imediata dos autos.”

(RE 592.317 ED-AgR/RJ1, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 7/5/2015, acórdão publicado no DJe de 28/5/2014)

TEMA 434Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioO Tribunal, ao julgar segundos embargos de declaração, deles não conheceu, com aplicação de multa, e manteve a jurisprudência reafirmada na apreciação do recurso extraordinário por meio eletrônico (“Plenário Virtual”), no sentido de que a alteração do cálculo da Gratificação por Produção Suplementar (GPS) por lei específica, desde que não haja redução da remuneração na sua totalidade, não viola o princípio da irredutibilidade de vencimentos. A Corte consignou a ausência dos pressupostos de embargabilidade e o intuito procrastinatório do recurso.(RE 596.542 ED-ED/DF2 e 3, rel. Ministro Presidente, julgado em 17/6/2015, acórdão pendente de publicação)

TEMA 480Direito Administrativo; Sistema RemuneratórioO Tribunal, ao julgar embargos de declaração, deles não conheceu e manteve o entendimento firmado no julgamento do recurso extraordinário, em que reconhecida a repercussão geral. Dessa forma, reafirmou-se que o teto de retribuição estabelecido pela EC 41/2003 possui efi-cácia imediata e submete às referências de valor máximo nele discriminadas todas as verbas de natureza remuneratória percebidas pelos servidores públicos da União, dos Estados-Membros, do Distrito Federal e dos Municípios, ainda que adquiridas de acordo com regime legal anterior. A Corte ressaltou o não cabimento de recurso interposto por amicus curiae, assim qualificado nos autos do recurso extraordinário, que, na condição de terceiro prejudicado opõe embargos declaratórios na tentativa de contornar a sua ilegitimidade recursal. Ademais, o embargante não

1 Opostos embargos de declaração, indeferidos pelo relator.

2 RE 596.542 RG/DF: repercussão geral reconhecida e jurisprudência reafirmada pelo Plenário Virtual em

17/6/2011, acórdão publicado no DJe de 16/9/2011.

3 RE 596.542 ED/DF: O Tribunal, por maioria, rejeitou os embargos de declaração, vencido o Ministro Marco

Aurélio (julgado em 7/5/2015, acórdão publicado no DJe de 1º/6/2015).

Page 51: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

51

RECURSOS NA REPERCUSSÃO GERAL

logrou comprovar a existência de nexo concreto entre os interesses que patrocina e a relação jurídica questionada.

“EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM ACÓRDÃO COM REPERCUSSÃO GERAL. RECURSO FORMULADO, NA CONDIÇÃO DE TERCEIRO PREJUDICADO, POR AMICUS CURIAE QUALIFICADO NOS AUTOS. PRETENSÃO DE REDISCUTIR QUESTÃO DE ORDEM AFASTADA DURANTE A SESSÃO DE JULGAMENTO. INADMISSIBILIDADE. AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS DO ART. 499, § 1º, DO CPC.

1. Durante o julgamento do recurso extraordinário, o embargante — na condição de amicus curiae — suscitou questão de ordem consistente na ampliação do mérito da demanda. O pedido foi indeferido por este Relator, em decisão secundada pelo Plenário, tendo em vista, entre outras razões, a ausência de legitimidade do amicus curiae para recorrer de decisões de mérito (RE 632.238 AgR, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, DJe de 9/8/13; RE 598.099 ED, Rel. Min. GILMAR MENDES, DJe de 18/12/12; e ADI 2.359 ED-AgR, Rel. Min. EROS GRAU, DJe de 28/8/09).

2. Irresignado com a frustração da questão de ordem veiculada por ocasião do julgamento, serve-se agora o requerente da caracterização de terceiro prejudicado, objetivando contornar os inconvenientes de legitimação que impediram a interposição de recurso como amicus curiae.

3. O expediente, todavia, não constitui alternativa válida para credenciar o presente recurso a conhecimento. Além do nítido objetivo dissimulatório, o embargante não logrou comprovar a existência de nexo concreto entre os interesses que patrocina, relativos aos servidores do fisco amazonense, e a relação jurídica que está sob debate, em que se encontram implicados militares vinculados ao Estado de Goiás. A questão relativa à (i)legitimidade formal do veículo normativo por meio do qual fora ins-tituído o teto de retribuição não mereceu qualquer debate nestes autos.

4. Embargos de declaração não conhecidos.”(RE 609.381 ED/GO, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 26/2/2015, acórdão publicado no DJe de 18/3/2015)

TEMA 256Direito Previdenciário; Benefícios Previdenciários A Primeira Turma, ao julgar embargos de declaração, rejeitou-os e manteve a jurisprudência reafirmada na apreciação do recurso extraordinário, no sentido de que ante a impossibilidade de atuar como legislador positivo, o Poder Judiciário não pode determinar nova base de cálculo para o cômputo de vantagens remuneratórias de servidores públicos e empregados. A Turma registrou a impossibilidade do reexame de questões de fato e de direito já apreciadas no acórdão embargado.

“EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDORES INATIVOS E PENSIONISTAS DA EXTINTA FEPASA. COMPLEMENTAÇÃO DOS BENEFÍCIOS. BASE DE CÁLCULO. VINCULAÇÃO AO SALÁRIO-MÍNIMO. IMPOSSIBILIDADE DE O PO-DER JUDICIÁRIO DETERMINAR NOVA BASE DE CÁLCULO. OMISSÃO INOCORRENTE. CA-RÁTER INFRINGENTE.

Não se prestam os embargos de declaração, não obstante sua vocação democrática e a finalidade precípua de aperfeiçoamento da prestação jurisdicional, para o reexame das questões de fato e de direito já apreciadas no acórdão embargado.

Page 52: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

52

RECURSOS NA REPERCUSSÃO GERAL

Ausente omissão justificadora da oposição de embargos declaratórios, nos termos do art. 535 do CPC, a evidenciar o caráter meramente infringente da insurgência.

Embargos de declaração rejeitados.”(RE 603.451 AgR-ED/SP4 e 5, rel. Min. Rosa Weber, julgado em 3/2/2015, acórdão publicado no DJe de 20/2/2015)

TEMA 494Direito Processual Civil; Ação Rescisória O Tribunal, ao julgar embargos de declaração, rejeitou-os e manteve o entendimento firmado no julgamento do recurso extraordinário, em que reconhecida a repercussão geral. Dessa for-ma, reafirmou-se que a sentença que reconhece ao trabalhador ou servidor o direito a deter-minado percentual de acréscimo remuneratório deixa de ter eficácia a partir da superveniente incorporação definitiva do referido percentual nos seus ganhos. A Corte asseverou a inviabilida-de da pretensão de se rediscutir as premissas fáticas adotadas pelos órgãos judiciários da Justiça Trabalhista que examinaram a questão.

“EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INVOCAÇÃO DE CONTRADIÇÃO. PRETEN-SÃO DE REDISCUTIR AS PREMISSAS FÁTICAS EM QUE SE BASEOU O ACÓRDÃO OBJETO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INVIABILIDADE. SÚMULA 279/STF. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DE FATOS EM AÇÃO RESCISÓRIA FUNDAMENTADA NOS INCISOS IV E V DO ART. 485 DO CPC.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.”(RE 596.663 ED/RJ, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 26/2/2015, acórdão publicado no DJe de 17/3/2015)

TEMA 411Direito Processual Civil; Cumprimento de SentençaO Tribunal, ao julgar terceiros embargos de declaração, deles não conheceu e manteve a juris-prudência reafirmada na apreciação do recurso extraordinário por meio eletrônico (“Plenário Virtual”), no sentido de que as entidades paraestatais que possuem personalidade de pessoa jurídica de direito privado não têm direito aos privilégios processuais concedidos à Fazenda Pública em execução de pagamento de quantia em dinheiro. A Corte consignou a ausência dos pressupostos de embargabilidade e a inovação de matéria em sede de embargos declaratórios.

4 RE 603.451 RG/SP: repercussão geral reconhecida em 12/3/2010, acórdão publicado no DJe de 23/4/2009.

5 RE 603.451 ED-segundos/SP: A Primeira Turma, por maioria, converteu os embargos de declaração em

agravo regimental, vencido, nessa parte, o Ministro Marco Aurélio. Por unanimidade, negou provimento ao

agravo regimental (julgado em 19/8/2014, acórdão publicado no DJe de 10/9/2014).

Page 53: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

53

RECURSOS NA REPERCUSSÃO GERAL

(AI 841.548 ED-ED-ED/PR6, 7 e 8, rel. Ministro Presidente, julgado em 17/6/2015, acórdão pen-dente de publicação)

TEMA 297Direito Tributário; TributosO Tribunal, ao julgar segundos embargos de declaração, deles não conheceu e manteve o enten-dimento firmado no julgamento do recurso extraordinário, em que reconhecida a repercussão geral. Dessa forma, reafirmou-se não incidir o ICMS importação na operação de arrendamento mercantil internacional, salvo na hipótese de antecipação da opção de compra, na medida em que o arrendamento mercantil não implica, necessariamente, transferência de titularidade so-bre o bem. A Corte registrou a vagueza da alegação de perda de vultosa arrecadação no período compreendido entre 2010 a 2014, com influxo sobre a implementação de políticas públicas, porquanto não informadas quais seriam as políticas públicas atingidas. Ademais, inexistente pe-dido de modulação dos efeitos da decisão. Reiterou, por fim, a ilegitimidade recursal do amicus curie.

“EMENTA: SEGUNDOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁ-RIO. CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. ICMS. ENTRADA DE MERCADORIA IMPORTADA DO EXTERIOR. ART. 155, II, CF/88. OPERAÇÃO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL IN-TERNACIONAL. NÃO INCIDÊNCIA. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. EFEITOS INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS REJEITADOS.”

(RE 540.829 ED-segundos/SP9, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 28/5/2015, acórdão publicado no DJe de 16/6/2015)

6 AI 841.548 RG/PR: repercussão geral reconhecida e jurisprudência reafirmada pelo Plenário Virtual em

10/6/2011, acórdão publicado no DJe de 31/8/2011.

7 AI 841.548 ED/PR: O Tribunal rejeitou os embargos de declaração (julgados em 8/3/2012, acórdão publica-

do no DJe de 2/4/2012). 8 AI 841.548 ED-ED/PR: O Tribunal não conheceu dos embargos de declaração (julgado em 7/5/2015, acór-

dão publicado no DJe de 29/5/2015). 9 Primeiros embargos de declaração não foram conhecidos pelo relator.

Page 54: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

Clipping da repercussão geral6

Este espaço contém as ementas dos julgamentos que, embora tenham sido proferidos em momen-to anterior, foram publicados, no Diário de Justiça, no período a que se refere o presente Boletim

Repercussão Geral (2 de fevereiro a 1º de julho de 2015).

Page 55: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

55

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

Repercussão geral reconhecida e mérito julgado

TEMA 279Direito Administrativo; Agentes Públicos

“EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. ALEGADA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DE TURMA RECURSAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS NS. 282 E 356 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. RECUR-SO AO QUAL NÃO SE CONHECE NO PONTO. PROCURADORES FEDERAIS. PRETENDIDA CONCESSÃO DE FÉRIAS DE SESSENTA DIAS E CONSECTÁRIOS LEGAIS. ART. 1º DA LEI N. 2.123/1952 E ART. 17, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI N. 4.069/1962. DISPOSIÇÕES NOR-MATIVAS RECEPCIONADAS COM STATUS DE LEI ORDINÁRIA. POSSIBILIDADE DE RE-VOGAÇÃO PELO ART. 18 DA LEI N. 9.527/1997. INTERPRETAÇÃO DO ART. 131, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. A PROCURADORIA-GERAL FEDERAL, APESAR DE MANTER VINCULAÇÃO, NÃO SE CARACTERIZA COMO ÓRGÃO DA ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO. ATUAL IMPOSSIBILIDADE DE EQUIPARAÇÃO DAS CONDIÇÕES FUNCIONAIS DOS MEMBROS DA ADVOCACIA PÚBLICA E DO MINISTÉRIO PÚBLICO. RECURSO PAR-CIALMENTE CONHECIDO E, NESSA PARTE, PROVIDO.”

Os procuradores federais têm o direito às férias de trinta dias, por força do que dispõe o art. 5º da Lei 9.527/1997, porquanto não recepcionados com natureza complementar o art. 1º da Lei 2.123/1953 e o art. 17, parágrafo único, da Lei 4.069/1962. Discutia-se a compatibilidade, com a Constituição de 1988, de leis que estabelecem férias de sessenta dias a procuradores federais. O Tribunal esclareceu que a questão posta envolve a interpretação do art. 131, caput, da CF (A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo) e sua aplicação aos procuradores federais. A evolução legislativa da matéria demonstra que, até o advento da Medida Provisória 2.229-43/2001, não havia a carreira de procurador federal, e sim, cargos diversos cujos titulares eram responsáveis pela representação judicial, consultoria e assessoria jurídica das autarquias e fundações públicas federais. A esses cargos se referem o art. 1º da Lei 2.123/1953 — que garante aos procuradores das autarquias federais as mesmas prerrogativas dos membros do Ministério Público da União — e o art. 17, parágrafo único, da Lei 4.069/1962 — que fixa vencimentos, gratificações e vantagens aos demais membros do servi-ço jurídico da União. A Corte salientou que a MP 2.229-43/2001 criou a carreira de procurador federal, com subordinação administrativa ao Advogado-Geral da União e que a Procuradoria--Geral Federal foi criada posteriormente, com a Lei 10.480/2002, e se estruturou segundo o que

Page 56: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

56

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

disposto em leis ordinárias, em especial após a Constituição de 1988. Assim, o art. 131 da CF não trata da Procuradoria-Geral Federal ou dos procuradores federais, ou seja, esse dispositivo constitucional não disciplina a representação judicial e extrajudicial das autarquias e fundações públicas (Administração indireta), mas apenas da União (Administração direta). O § 3º do art. 131 da CF refere-se à Advocacia-Geral da União e à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei). O Colegiado afirmou que à representação judicial e extrajudicial das autarquias e fundações públicas federais não se aplica o art. 131 da CF, pelo que a LC 73/1993 (Lei Orgânica da Advocacia-Geral da União) limita-se a dispor, em seu art. 17, que os órgãos jurídicos das autarquias e das fundações públicas são vinculados à Advocacia-Geral da União. De toda sorte, a organização e a estrutura não dizem respeito com o regime jurídico específico dos membros daquela carreira. Logo, a revogação do art. 1º da Lei 2.123/1953 e do art. 17, parágrafo único, da Lei 4.069/1962 pelo art. 18 da Lei 9.527/1997 não ofende o art. 131 da CF, pois os dispositivos revogados não foram recepcionados pela Constituição como leis com-plementares. Portanto, é juridicamente inadequado manter a equiparação dos procuradores autárquicos (hoje procuradores federais) aos membros do Ministério Público Federal. Aqueles perderam, desde a vigente Constituição, a função de representantes jurídicos da União, transfe-rida para a Advocacia-Geral da União, nos termos do art. 131 da CF. (RE 602.381/AL, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 20/11/2014, acórdão publicado no DJe de 4/2/2015)

TEMA 514Direito Administrativo; Sistema Remuneratório

“EMENTA: Recurso extraordinário. Repercussão geral reconhecida. Servidor público. Odontolo-gistas da rede pública. Aumento da jornada de trabalho sem a correspondente retribuição remunerató-ria. Desrespeito ao princípio constitucional da irredutibilidade de vencimentos.

1. O assunto corresponde ao Tema nº 514 da Gestão por Temas da Repercussão Geral do portal do Supremo Tribunal Federal na internet e está assim descrito: ‘aumento da carga horária de servidores públicos, por meio de norma estadual, sem a devida contraprestação remuneratória’.

2. Conforme a reiterada jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não tem o servidor público direito adquirido a regime jurídico remuneratório, exceto se da alteração legal decorrer redução de seus rendimentos, que é a hipótese dos autos.

3. A violação da garantia da irredutibilidade de vencimentos pressupõe a redução direta dos es-tipêndios funcionais pela diminuição pura e simples do valor nominal do total da remuneração ou pelo decréscimo do valor do salário-hora, seja pela redução da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária, seja pelo aumento da jornada de trabalho sem a correspondente retribuição remuneratória.

4. Não há divergência, nos autos, quanto ao fato de que os odontologistas da rede pública vinham exercendo jornada de trabalho de 20 horas semanais, em respeito às regras que incidiam quando das suas respectivas investiduras, tendo sido compelidos, pelo Decreto estadual nº 4.345/2005 do Paraná, a cumprir jornada de 40 horas semanais sem acréscimo remuneratório e, ainda, sob pena de virem a sofrer as sanções previstas na Lei estadual nº 6.174/70.

Page 57: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

57

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

5. No caso, houve inegável redução de vencimentos, tendo em vista a ausência de previsão de paga-mento pelo aumento da carga horária de trabalho, o que se mostra inadmissível, em razão do disposto no art. 37, inciso XV, da Constituição Federal.

6. Recurso extraordinário provido para se declarar a parcial inconstitucionalidade do § 1º do art. 1º do Decreto estadual nº 4.345, de 14 de fevereiro de 2005, do Estado do Paraná, sem redução do texto, e, diante da necessidade de que sejam apreciados os demais pleitos formulados na exordial, para se determi-nar que nova sentença seja prolatada após a produção de provas que foi requerida pelas partes.

7. Reafirmada a jurisprudência da Corte e fixadas as seguintes teses jurídicas: i) a ampliação de jornada de trabalho sem alteração da remuneração do servidor consiste em violação da regra constitu-cional da irredutibilidade de vencimentos; ii) no caso concreto, o § 1º do art. 1º do Decreto estadual nº 4.345, de 14 de fevereiro de 2005, do Estado do Paraná não se aplica aos servidores elencados em seu caput que, antes de sua edição, estavam legitimamente submetidos a carga horária semanal inferior a quarenta horas.”

A ampliação de jornada de trabalho sem alteração da remuneração do servidor viola a regra constitucional da irredutibilidade de vencimentos (CF, art. 37, XV). Discutia-se a legitimidade de decreto estadual que modificou a jornada de trabalho de servidores públicos, sem majorar a remuneração. O Tribunal reconheceu que, na situação dos autos, houve redução de vencimen-tos, pois não ocorreu a devida contraprestação pelo aumento da carga horária de odontólogos, que passou de 20 para 40 horas semanais. Tendo em conta a consolidada jurisprudência da Corte no sentido de não existir direito adquirido em relação a mudança de regime jurídico, não se vislumbrou ilicitude no decreto que elevou a jornada de trabalho. Entretanto, nesse caso, o princípio da irredutibilidade de vencimentos deve ser respeitado. O Colegiado observou que o decreto mencionado não concedeu aos servidores opção quanto à duração de sua jornada de trabalho, mas apenas impôs nova carga horária sem aumento de remuneração. Assim, ele não é aplicável aos servidores que, antes de sua edição, estavam subordinados a carga horária inferior a 40 horas semanais. Em consequência, o Plenário declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução de texto, do dispositivo. Além disso, determinou a prolação de nova sentença, na origem, após a produção de provas requerida pelas partes, levada em conta a questão de direito firmada no julgamento.(ARE 660.010/PR, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 30/10/2014, acórdão publicado no DJe de 19/2/2015)

TEMA 664 Direito Administrativo; Sistema Remuneratório

“EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVI-DADE TÉCNICA DE FISCALIZAÇÃO AGROPECUÁRIA (GDATFA). TERMO FINAL DO DIREI-TO À PARIDADE REMUNERATÓRIA ENTRE SERVIDORES ATIVOS E INATIVOS. DATA DA REALIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO DO PRIMEIRO CICLO.

1. O termo inicial do pagamento diferenciado das gratificações de desempenho entre servidores ati-vos e inativos é o da data da homologação do resultado das avaliações, após a conclusão do primeiro ciclo de avaliações, não podendo a Administração retroagir os efeitos financeiros a data anterior.

2. É ilegítima, portanto, nesse ponto, a Portaria MAPA 1.031/2010, que retroagiu os efeitos finan-

Page 58: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

58

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

ceiros da Gratificação de Desempenho de Atividade Técnica de Fiscalização Agropecuária (GDAFTA) ao início do ciclo avaliativo.

3. Recurso extraordinário conhecido e não provido.”O termo inicial do pagamento diferenciado das gratificações de desempenho entre servidores ativos e inativos é o da data da homologação do resultado das avaliações, após a conclusão do primeiro ciclo de avaliações, não podendo a Administração retroagir os efeitos financeiros a data anterior. Discutia-se, à luz do art. 40, § 8º, da CF, a obrigatoriedade de extensão, aos servido-res inativos e pensionistas, do pagamento da Gratificação de Desempenho de Atividade Técnica de Fiscalização Agropecuária (GDATFA), instituída pela Lei 10.484/2002, no mesmo percentual pago àqueles em atividade. O Tribunal, inicialmente, destacou que a questão em debate é análo-ga à decidida no julgamento do RE 476.279/DF (DJe de 15/6/2007) e do RE 476.390/DF (DJe de 29/6/2007), nos quais foi apreciada a extensão de outra gratificação — Gratificação de De-sempenho de Atividade Técnico-Administrativa (GDATA) — aos inativos, e cujo entendimento encontra-se sedimentado no Enunciado 20 da Súmula Vinculante [A Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-administrativa — GDATA, instituída pela Lei nº 10.404/2002, deve ser deferida aos inativos nos valores correspondentes a 37,5 (trinta e sete vírgula cinco) pontos no período de fevereiro a maio de 2002 e, nos termos do artigo 5º, parágrafo único, da Lei nº 10.404/2002, no período de junho de 2002 até a conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se refere o artigo 1º da Medida Provisória nº 198/2004, a partir da qual passa a ser de 60 (sessenta) pontos]. A GDATFA e a GDATA são gratifica-ções com a mesma natureza e características. Originalmente, ambas foram concedidas a todos os servidores de forma geral e irrestrita, apesar de criadas com o propósito de serem pagas de modo diferenciado, segundo a produção ou o desempenho profissional, individual ou institu-cional. A redação originária do art. 2º da Lei 10.404/2002 previu que o pagamento da GDATA pode variar entre 10 e 100 pontos e, posteriormente, a pontuação mínima foi ampliada para 30 pontos pela Lei 12.702/2012. Já a GDATFA possui limites similares: o art. 2º da Lei 10.484/2002 estabeleceu a variação de 10 a 100 pontos, posteriormente modificada para 30 a 100 pontos pela Lei 11.907/2009. Ambas, portanto, tratam de forma diferenciada os servidores públicos, a variar de acordo com a atuação individual e o desempenho coletivo da instituição. A Corte ressaltou, entretanto, que, ao contrário da GDATA, em relação à GDATFA a Administração iniciou e rea-lizou as avaliações que justificam o uso do critério diferenciador no pagamento — desempenho individual do servidor e institucional do órgão de lotação —, circunstância imprescindível para legitimar a ausência de paridade entre os servidores ativos e os servidores inativos e pensionistas. Portanto, no caso, a meritocracia pretendida com a criação das gratificações de desempenho foi efetivada, o que permite a distinção no seu pagamento entre os servidores na ativa — de acordo com a produtividade e o desempenho profissional de cada um —, e entre estes e os aposentados e pensionistas. Outrossim, o Enunciado 20 da Súmula Vinculante se refere a gratificação específica — GDATA — que, em razão da inexistência de critérios de avaliação justificadores do tratamen-to diferenciado dos servidores ativos e inativos, acabou sendo devida de modo equivalente para ativos e inativos. Todavia, com relação à GDATFA, apesar de criada com características semelhan-tes, foi implementado, durante sua vigência, o requisito necessário à legitimação do pagamento diferenciado. Contudo, mesmo assim, ficou pendente o debate sobre o termo final do direito à paridade. O STF, quando do julgamento do RE 631.389/CE (DJe 3/6/2014) — o qual trata da Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (GDPGPE) —,

Page 59: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

59

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

assentou que o marco temporal para o início do pagamento diferenciado das gratificações de desempenho para ativos e inativos é o dia de conclusão da avaliação do primeiro ciclo, que cor-responde à data igual ou posterior ao final do ciclo, não podendo retroagir ao seu início. Na situação dos autos, o primeiro ciclo de avaliação de desempenho dos servidores públicos que re-cebem a GDATFA se iniciou em 25/10/2010, data da publicação da Portaria MAPA 1.031/2010, que retroagiu a essa data o início dos efeitos financeiros. Essa retroação, portanto, contrariou a jurisprudência do STF. Na prática, deve ser observado o dia 23/12/2010, data da conclusão do ciclo e da homologação dos resultados das avaliações. É, portanto, ilegítima a mencionada Portaria MAPA no ponto em que fez retroagir os efeitos financeiros da GDATFA ao início do ciclo avaliativo. (RE 662.406/AL, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 11/12/2014, acórdão publicado no DJe de 18/2/2015)

TEMA 18Direito Constitucional; Precatórios

“EMENTA: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. ALEGADO FRACIONAMENTO DE EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA DE ESTADO-MEMBRO. HONORÁRIOS ADVO-CATÍCIOS. VERBA DE NATUREZA ALIMENTAR, A QUAL NÃO SE CONFUNDE COM O DÉBI-TO PRINCIPAL. AUSÊNCIA DE CARÁTER ACESSÓRIO. TITULARES DIVERSOS. POSSIBILI-DADE DE PAGAMENTO AUTÔNOMO. REQUERIMENTO DESVINCULADO DA EXPEDIÇÃO DO OFÍCIO REQUISITÓRIO PRINCIPAL. VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL DE REPARTIÇÃO DE EXECUÇÃO PARA FRAUDAR O PAGAMENTO POR PRECATÓRIO. INTERPRETAÇÃO DO ART. 100, § 8º (ORIGINARIAMENTE § 4º), DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO.”

É possível o fracionamento de precatório para pagamento de honorários advocatícios. Discutia--se a admissibilidade de fracionamento do valor da execução proposta contra a Fazenda Pública estadual para pagamento de honorários advocatícios. O Tribunal, inicialmente, ressaltou que os honorários advocatícios consubstanciam verba alimentícia e que o advogado tem o direito de executar de forma autônoma seus honorários (Lei 8.906/1994 — Estatuto da OAB, arts. 23 e 24), uma vez que essas verbas não se confundem com o principal. Além disso, a finalidade do art. 100, § 8º, da CF — introduzido pela EC 37/2002 como art. 100, § 4º, e deslocado pela EC 62/2009 — foi o de impedir que o exequente utilize, simultaneamente, mediante o fracio-namento, repartição ou quebra do valor da dívida, dois sistemas de satisfação de crédito: o do precatório para uma parte dela e o do pagamento imediato para a outra. Assim, a regra constitu-cional apenas incide em situações em que o crédito seja atribuído a um mesmo titular. Ademais, o advogado tem o direito de executar seu crédito nos termos dos arts. 86 e 87 do ADCT, desde que o fracionamento da execução ocorra antes da expedição do ofício requisitório, sob pena de quebra da ordem cronológica dos precatórios. (RE 564.132/RS, rel. orig. Min. Eros Grau, red. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia, julgado em 30/10/2014, acórdão publicado em DJe de 10/2/2015)

Page 60: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

60

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

TEMA 29Direito Constitucional; Processo Legislativo

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. LEI PROIBITIVA DE NEPOTISMO. VÍCIO FORMAL DE INICIATIVA LEGISLATIVA: INEXISTÊNCIA. NORMA COERENTE COM OS PRINCÍPIOS DO ART. 37, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLI-CA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO.

1. O Procurador-Geral do Estado dispõe de legitimidade para interpor recurso extraordinário con-tra acórdão do Tribunal de Justiça proferido em representação de inconstitucionalidade (art. 125, § 2º, da Constituição da República) em defesa de lei ou ato normativo estadual ou municipal, em simetria a mesma competência atribuída ao Advogado-Geral da União (art. 103, § 3º, da Constituição da República). Teoria dos poderes implícitos.

2. Não é privativa do Chefe do Poder Executivo a competência para a iniciativa legislativa de lei sobre nepotismo na Administração Pública: leis com esse conteúdo normativo dão concretude aos princípios da moralidade e da impessoalidade do art. 37, caput, da Constituição da República, que, ademais, têm aplicabilidade imediata, ou seja, independente de lei. Precedentes. Súmula Vinculante n. 13.

3. Recurso extraordinário provido.”Leis que tratam dos casos de vedação a nepotismo não são de iniciativa exclusiva do chefe do Poder Executivo. Discutia-se eventual ocorrência de vício de iniciativa de lei municipal, deflagrada por par-lamentar, que veda a contratação de parentes de 1º e 2º graus do prefeito e vice-prefeito para ocupa-rem qualquer cargo do quadro de servidores ou função pública, no âmbito da Administração Pública local. O Tribunal declarou a constitucionalidade da Lei 2.040/1990 do Município de Garibaldi/RS. Reafirmou o quanto decidido na ADI 1.521/RS (DJe de 13/8/2013), no sentido de que a vedação a que cônjuges ou companheiros e parentes consanguíneos, afins ou por adoção, até o segundo grau, de titulares de cargo público ocupem cargos em comissão visa a assegurar, sobretudo, o cumprimen-to ao princípio constitucional da isonomia, bem assim fazer valer os princípios da impessoalidade e moralidade na Administração Pública. Mencionou, também, a decisão proferida no RE 579.951/RN (DJe de 24/10/2008) — principal paradigma do Enunciado 13 da Súmula Vinculante do STF —, a afirmar que a vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal para coibi-lo, proibição que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da CF. Portanto, se os princípios do citado dispositivo constitucional sequer precisam de lei para que sejam obrigatoriamente obser-vados, não há vício de iniciativa legislativa em norma editada com o objetivo de dar evidência à força normativa daqueles princípios e estabelecer casos nos quais, inquestionavelmente, se configurem comportamentos administrativamente imorais ou não isonômicos. (RE 570.392/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado 11/12/2014, acórdão publicado no DJe de 19/2/2015)

TEMA 608Direito do Trabalho; Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

“EMENTA: Recurso extraordinário. Direito do Trabalho. Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Cobrança de valores não pagos. Prazo prescricional. Prescrição quinquenal. Art. 7º, XXIX, da Constituição. Superação de entendimento anterior sobre prescrição trintenária. Inconstitucionalidade dos

Page 61: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

61

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

arts. 23, § 5º, da Lei 8.036/1990 e 55 do Regulamento do FGTS aprovado pelo Decreto 99.684/1990. Segurança jurídica. Necessidade de modulação dos efeitos da decisão. Art. 27 da Lei 9.868/1999. De-claração de inconstitucionalidade com efeitos ex nunc. Recurso extraordinário a que se nega provimento.”

Limita-se a cinco anos o prazo prescricional relativo à cobrança judicial de valores devidos, pelos empregados e pelos tomadores de serviço, ao Fundo de Garantia do Tempo do Serviço (FGTS). Discutia-se qual o prazo prescricional aplicável para cobrança de valores não depositados no FGTS. O Tribunal alterou sua orientação jurisprudencial — que fixava prazo prescricional de trinta anos — para estabelecer novo lapso temporal (quinquenário), a contar do julgado. A Corte subli-nhou que a questão constitucional versada é diversa daquela proposta no RE 584.608/SP (DJe de 13/8/2009), cuja repercussão geral foi negada pelo STF. No mencionado recurso, discutia-se o prazo prescricional aplicável sobre a cobrança da correção monetária incidente sobre a multa de 40% sobre os depósitos do FGTS. O Colegiado apontou que normas diversas a disciplinar o FGTS ensejaram diferentes teses quanto à sua natureza jurídica: híbrida, tributária, previdenciária, de salário diferido, de indenização, entre outras. Antes mesmo do advento da Constituição de 1988, o Supremo já havia afastado a tese do suposto caráter tributário ou previdenciário das contribuições devidas a esse fundo e salientado ser o FGTS direito de índole social e trabalhista. Não obstante julgados que assentaram a finalidade estritamente social de proteção ao trabalhador, o STF conti-nuou a perfilhar a tese da prescrição trintenária do FGTS, em virtude do disposto no art. 20 da Lei 5.107/1966, c/c o art. 144 da Lei 3.807/1960. Ao se posicionar pela prescrição trintenária aos casos de recolhimento e de não recolhimento do FGTS, a jurisprudência da Corte estava em divergência com a ordem constitucional vigente. Isso porque o art. 7º, XXIX, da CF prevê, de forma expressa, o prazo quinquenário a ser aplicado à propositura das ações atinentes a créditos resultantes das relações de trabalho. Desse modo, a existência de disposição constitucional expressa acerca do pra-zo aplicável à cobrança do FGTS, após a promulgação da vigente Constituição, significa não mais subsistirem razões para se adotar o prazo trintenário de prescrição. Via de consequência, o Plenário reconheceu a inconstitucionalidade dos arts. 23, § 5º, da Lei 8.036/1990; e 55 do Regulamento do FGTS aprovado pelo Decreto 99.684/1990, na parte em que ressalvam o privilégio do FGTS à prescrição trintenária, por afronta ao art. 7º, XXIX, da CF. Assim, o Colegiado conferiu efeitos pros-pectivos à decisão, tendo em conta a necessidade de garantia da segurança jurídica, ante a mudança jurisprudencial operada. (ARE 709.212/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/11/2014, acórdão publicado no DJe de 19/2/2015)

TEMA 528Direito do Trabalho; Jornada de Trabalho

“EMENTA: Recurso extraordinário. Repercussão geral reconhecida. Direito do Trabalho e Cons-titucional. Recepção do art. 384 da Consolidação das Leis do Trabalho pela Constituição Federal de 1988. Constitucionalidade do intervalo de quinze minutos para mulheres trabalhadoras antes da jornada extraordinária. Ausência de ofensa ao princípio da isonomia. Mantida a decisão do Tribunal Superior do Trabalho. Recurso não provido.

1. O assunto corresponde ao Tema nº 528 da Gestão por Temas da Repercussão Geral do portal do Supremo Tribunal Federal na internet.

Page 62: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

62

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

2. O princípio da igualdade não é absoluto, sendo mister a verificação da correlação lógica entre a situação de discriminação apresentada e a razão do tratamento desigual.

3. A Constituição Federal de 1988 utilizou-se de alguns critérios para um tratamento diferenciado entre homens e mulheres: i) em primeiro lugar, levou em consideração a histórica exclusão da mulher do mercado regular de trabalho e impôs ao Estado a obrigação de implantar políticas públicas, adminis-trativas e/ou legislativas de natureza protetora no âmbito do direito do trabalho; ii) considerou existir um componente orgânico a justificar o tratamento diferenciado, em virtude da menor resistência física da mulher; e iii) observou um componente social, pelo fato de ser comum o acúmulo pela mulher de atividades no lar e no ambiente de trabalho — o que é uma realidade e, portanto, deve ser levado em consideração na interpretação da norma.

4. Esses parâmetros constitucionais são legitimadores de um tratamento diferenciado desde que esse sirva, como na hipótese, para ampliar os direitos fundamentais sociais e que se observe a proporciona-lidade na compensação das diferenças.

5. Recurso extraordinário não provido, com a fixação das teses jurídicas de que o art. 384 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988 e de que a norma se aplica a todas as mulheres trabalhadoras.”

O art. 384 da CLT (Em caso de prorrogação do horário normal, será obrigatório um descanso de quinze (15) minutos no mínimo, antes do início do período extraordinário do trabalho) foi recepcionado pela Constituição de 1988 e se aplica a todas as mulheres trabalhadoras. Discutia-se a compatibilidade do referido dispositivo com a Constituição vigente, à luz do princípio da isonomia, para fins de pa-gamento, pela empresa empregadora, de indenização referente ao intervalo de 15 minutos, com adicional de 50% previsto em lei. O Tribunal ressaltou que a cláusula geral da igualdade foi ex-pressamente prevista em todas as Constituições brasileiras, desde 1824. Entretanto, somente com a Constituição de 1934 foi destacado, pela primeira vez, o tratamento igualitário entre homens e mulheres. Ocorre que a essa realidade jurídica não garantiu a plena igualdade entre os sexos no mundo dos fatos. Por isso, a Constituição de 1988 explicitou, em três mandamentos, a garantia da igualdade. Assim: a) fixou a cláusula geral de igualdade, ao prescrever que todos são iguais peran-te a lei, sem distinção de qualquer natureza; b) estabeleceu cláusula específica de igualdade de gênero, ao declarar que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações; e c) excepcionou a possibilidade de tratamento diferenciado, conferido apenas nos termos constitucionais. A Cons-tituição utilizou critérios históricos, biológicos e sociais para conferir tratamento diferenciado às mulheres. Não obstante, consignou que a legitimidade desse discrímen estaria vinculada à amplia-ção de direitos fundamentais das mulheres e ao atendimento ao princípio da proporcionalidade na compensação das diferenças. A Corte afirmou que o legislador mantivera a regra do art. 384 da CLT, a fim de garantir diferenciada proteção à mulher, dada sua identidade biossocial pecu-liar, embora, com o tempo, tenha ocorrido a supressão de alguns dispositivos a cuidar da jornada de trabalho feminino. Ademais, a norma não viola a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, recepcionada pela Constituição. Por fim, o Colegiado salientou que, no futuro, pode haver efetivas e reais razões fáticas e políticas para a revogação da norma, ou mesmo para ampliação do direito a todos os trabalhadores. (RE 658.312/SC1, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/11/2014, acórdão publicado no DJe de 10/2/2015)

1 Opostos embargos de declaração, apresentados em mesa para julgamento.

Page 63: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

63

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

TEMA 129Direito Penal; Penas

“EMENTA: PENA — FIXAÇÃO — ANTECEDENTES CRIMINAIS — INQUÉRITOS E PRO-CESSOS EM CURSO — DESINFLUÊNCIA. Ante o princípio constitucional da não culpabilidade, inquéritos e processos criminais em curso são neutros na definição dos antecedentes criminais.”

A existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não pode ser considerada como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena. Discutia-se a possibilida-de de inquéritos policiais ou processos em curso serem considerados maus antecedentes para efeito de dosimetria da pena, ante o princípio da presunção de não culpabilidade. O Tribunal salientou a oscilação da jurisprudência da Corte sobre o tema e destacou que a tendência atual é pela observância da cláusula constitucional da não culpabilidade (CF, art. 5º, LVII). Consignou a existência de semelhante movimento por parte da doutrina no sentido de que somente podem ser valoradas como maus antecedentes as decisões condenatórias irrecorríveis. Essa orientação está em consonância com a moderna jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Hu-manos e do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Ademais, existe recomendação por parte do Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas, segundo a qual o Poder Público deve abster-se de prejulgar o acusado. A Corte mencionou, também, o Enunciado 444 da Súmula do STJ (É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base). Asseverou que, uma vez admitido pelo sistema penal brasileiro o conhecimento do conteúdo da folha penal como fator a se ter em conta na fixação da pena, a presunção deve militar em favor do acusado. Afirmou, ainda, que o transcurso do quinquênio previsto no art. 64, I, do CP não é óbice ao acionamento do art. 59 do mesmo diploma. Por outro lado, conflita com a ordem jurídica considerar, para a majoração da pena-base, processos que tenham resultado na aceita-ção de proposta de transação penal (Lei 9.099/1995, art. 76, § 6º); na concessão de remissão em procedimento judicial para apuração de ato infracional previsto no ECA, com aplicação de medida de caráter reeducacional; na extinção da punibilidade, entre outros, excetuados os resultantes em indulto individual, coletivo ou comutação de pena. Por fim, as condenações por fatos posteriores ao apurado, com trânsito em julgado, não são aptas a desabonar, na primeira fase da dosimetria, os antecedentes para efeito de exacerbação da pena-base. A incidência penal só serve para agravar a pena quando ocorrida antes do cometimento do delito, independente-mente de a decisão alusiva à prática haver transitado em julgado em momento prévio, pois, deve ser considerado o quadro existente na data da prática delituosa. (RE 591.054/SC, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/12/2014, acórdão publicado no DJe de 26/2/2015)

TEMA 555Direito Previdenciário; Benefícios Previdenciários

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO CONSTITUCIONAL PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. ART. 201, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. REQUISITOS DE CARACTERIZAÇÃO. TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO SOB CONDIÇÕES NOCIVAS. FORNECIMENTO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI). TEMA COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA PELO PLENÁRIO VIRTUAL.

Page 64: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

64

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

EFETIVA EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS À SAÚDE. NEUTRALIZAÇÃO DA RELAÇÃO NOCIVA ENTRE O AGENTE INSALUBRE E O TRABALHADOR. COMPROVAÇÃO NO PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO PPP OU SIMILAR. NÃO CARACTERIZAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS HÁBEIS À CONCESSÃO DE APOSENTADORIA ESPECIAL. CASO CONCRE-TO. AGENTE NOCIVO RUÍDO. UTILIZAÇÃO DE EPI. EFICÁCIA. REDUÇÃO DA NOCIVI-DADE. CENÁRIO ATUAL. IMPOSSIBILIDADE DE NEUTRALIZAÇÃO. NÃO DESCARACTERI-ZAÇÃO DAS CONDIÇÕES PREJUDICIAIS. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DEVIDO. AGRAVO CONHECIDO PARA NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.

1. Conduz à admissibilidade do Recurso Extraordinário a densidade constitucional, no aresto recorrido, do direito fundamental à previdência social (art. 201, CRFB/88), com reflexos mediatos nos cânones constitucionais do direito à vida (art. 5º, caput, CRFB/88), à saúde (arts. 3º, 5º e 196, CRFB/88), à dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CRFB/88) e ao meio ambiente de trabalho equilibrado (arts. 193 e 225, CRFB/88).

2. A eliminação das atividades laborais nocivas deve ser a meta maior da Sociedade — Estado, empresariado, trabalhadores e representantes sindicais -, que devem voltar-se incessantemente para com a defesa da saúde dos trabalhadores, como enuncia a Constituição da República, ao erigir como pilares do Estado Democrático de Direito a dignidade humana (art. 1º, III, CRFB/88), a valorização social do trabalho, a preservação da vida e da saúde (art. 3º, 5º, e 196, CRFB/88), e o meio ambiente de trabalho equilibrado (art. 193, e 225, CRFB/88).

3. A aposentadoria especial prevista no art. 201, § 1º, da Constituição da República, signifi-ca que poderão ser adotados, para concessão de aposentadorias aos beneficiários do regime geral de previdência social, requisitos e critérios diferenciados nos ‘casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar’.

4. A aposentadoria especial possui nítido caráter preventivo e impõe-se para aqueles trabalhadores que laboram expostos a agentes prejudiciais à saúde e a fortiori possuem um desgaste naturalmente maior, por que não se lhes pode exigir o cumprimento do mesmo tempo de contribuição que aqueles empregados que não se encontram expostos a nenhum agente nocivo.

5. A norma inscrita no art. 195, § 5º, CRFB/88, veda a criação, majoração ou extensão de bene-fício sem a correspondente fonte de custeio, disposição dirigida ao legislador ordinário, sendo inexigível quando se tratar de benefício criado diretamente pela Constituição. Deveras, o direito à aposentadoria especial foi outorgado aos seus destinatários por norma constitucional (em sua origem o art. 202, e atualmente o art. 201, § 1º, CRFB/88). Precedentes: RE 151.106 AgR/SP, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 28/9/1993, Primeira Turma, DJ de 26/11/1993; RE 220.742, Rel. Min. Néri da Silveira, julgamento em 3/3/1998, Segunda Turma, DJ de 04/09/1998.

6. Existência de fonte de custeio para o direito à aposentadoria especial antes, através dos instrumentos tradicionais de financiamento da previdência social mencionados no art. 195, da CRFB/88, e depois da Medida Provisória nº 1.729/98, posteriormente convertida na Lei nº 9.732, de 11 de dezembro de 1998. Legislação que, ao reformular o seu modelo de financiamento, inseriu os §§ 6º e 7º no art. 57 da Lei n.º 8.213/91, e estabeleceu que este benefício será financiado com recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei nº 8.212/91, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente.

Page 65: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

65

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

7. Por outro lado, o art. 10 da Lei nº 10.666/2003, ao criar o Fator Acidentário de Prevenção (FAP), concedeu redução de até 50% do valor desta contribuição em favor das empresas que disponi-bilizem aos seus empregados equipamentos de proteção declarados eficazes nos formulários previstos na legislação, o qual funciona como incentivo para que as empresas continuem a cumprir a sua função social, proporcionando um ambiente de trabalho hígido a seus trabalhadores.

8. O risco social aplicável ao benefício previdenciário da aposentadoria especial é o exercício de atividade em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física (CRFB/88, art. 201, § 1º), de forma que torna indispensável que o indivíduo trabalhe exposto a uma nocividade notadamente capaz de ensejar o referido dano, porquanto a tutela legal considera a exposição do segurado pelo risco presu-mido presente na relação entre agente nocivo e o trabalhador.

9. A interpretação do instituto da aposentadoria especial mais consentânea com o texto constitucio-nal é aquela que conduz a uma proteção efetiva do trabalhador, considerando o benefício da aposenta-doria especial excepcional, destinado ao segurado que efetivamente exerceu suas atividades laborativas em ‘condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física’.

10. Consectariamente, a primeira tese objetiva que se firma é: o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial.

11. A Administração poderá, no exercício da fiscalização, aferir as informações prestadas pela empresa, sem prejuízo do inafastável judicial review. Em caso de divergência ou dúvida sobre a real eficácia do Equipamento de Proteção Individual, a premissa a nortear a Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do direito ao benefício da aposentadoria especial. Isto porque o uso de EPI, no caso concreto, pode não se afigurar suficiente para descaracterizar completamente a relação nociva a que o empregado se submete.

12. In casu, tratando-se especificamente do agente nocivo ruído, desde que em limites acima do limite legal, constata-se que, apesar do uso de Equipamento de Proteção Individual (protetor auricu-lar) reduzir a agressividade do ruído a um nível tolerável, até no mesmo patamar da normalidade, a potência do som em tais ambientes causa danos ao organismo que vão muito além daqueles re-lacionados à perda das funções auditivas. O benefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria espe-cial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. O benefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente.

13. Ainda que se pudesse aceitar que o problema causado pela exposição ao ruído relacionasse apenas à perda das funções auditivas, o que indubitavelmente não é o caso, é certo que não se pode garantir uma eficácia real na eliminação dos efeitos do agente nocivo ruído com a simples utilização de EPI, pois são inúmeros os fatores que influenciam na sua efetividade, dentro dos quais muitos são impassíveis de um controle efetivo, tanto pelas empresas, quanto pelos trabalhadores.

Page 66: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

66

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

14. Desse modo, a segunda tese fixada neste Recurso Extraordinário é a seguinte: na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual (EPI), não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria.

15. Agravo conhecido para negar provimento ao Recurso Extraordinário.”O direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o Equipamento de Proteção Individual (EPI) for realmente capaz de neutralizar a nocividade, não haverá respaldo constitucional à concessão de aposentadoria es-pecial. Ademais — no que se refere a EPI destinado a proteção contra ruído —, na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empre-gador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial para a aposentadoria. Discutia-se eventual desca-racterização do tempo de serviço especial, para fins de aposentadoria, em decorrência do uso de EPI — informado no PPP ou documento equivalente — capaz de eliminar a insalubridade. O Tri-bunal afirmou que o denominado PPP pode ser conceituado como documento histórico-laboral do trabalhador, que reúne, dentre outras informações, dados administrativos, registros ambientais e resultados de monitoração biológica durante todo o período em que aquele exerceu suas ativida-des, referências sobre as condições e medidas de controle da saúde ocupacional de todos os traba-lhadores, além da comprovação da efetiva exposição dos empregados a agentes nocivos e eventual neutralização pela utilização de EPI. Além disso, o anexo IV do Decreto 3.048/1999 (Regulamento da Previdência Social) traz a classificação dos agentes nocivos e, por sua vez, a Lei 9.528/1997, ao modificar a Lei de Benefícios da Previdência Social, fixa a obrigatoriedade de as empresas man-terem laudo técnico atualizado, sob pena de multa, bem como de elaborarem e manterem PPP, a abranger as atividades desenvolvidas pelo trabalhador. A referida Lei 9.528/1997 é norma de aplicabilidade contida, ante a exigência de regulamentação administrativa, que ocorreu por meio da Instrução Normativa 95/2003, cujo marco temporal de eficácia foi fixado para 1º/1/2004. Ade-mais, a Instrução Normativa 971/2009, da Receita Federal, ao dispor sobre normas gerais de tri-butação previdenciária e de arrecadação das contribuições sociais destinadas à previdência social e às outras entidades ou fundos, assenta que referida contribuição não é devida se houver a efetiva utilização, comprovada pela empresa, de equipamentos de proteção individual que neutralizem ou reduzam o grau de exposição a níveis legais de tolerância. O Colegiado reconheceu que os tri-bunais adotam a teoria da proteção extrema, no sentido de que, ainda que o EPI seja efetivamente utilizado e hábil a eliminar a insalubridade, isso não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado (Enunciado 9 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais). Entretanto, o uso de EPI com o intuito de evitar danos sonoros — como no caso — não é capaz de inibir os efeitos do ruído. A melhor interpretação constitucional a ser dada ao instituto é a que privilegia, de um lado, o trabalhador e, de outro, o preceito do art. 201 da CF. A Corte ponderou que, apesar de constar expressamente na Constituição (art. 201, § 1º) a necessidade de lei complementar para regulamentar a aposentadoria especial, a EC 20/1998 fixa, expressamente, em seu art. 15, como norma de transição, que até que a lei complementar a que se refere o art. 201, § 1º, da Constituição Federal, seja publicada, permanece em vigor o disposto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, na redação vigente à data da publicação desta Emenda. Assim, não se pode exigir dos trabalhadores expostos a agentes prejudiciais à saúde e com maior desgaste, o cumprimento do

Page 67: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

67

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

mesmo tempo de contribuição daqueles empregados que não estejam expostos a qualquer agente nocivo. Ademais, devem-se determinar diferentes tempos de serviço mínimo para aposentadoria, de acordo com cada espécie de agente nocivo. O Plenário afastou o entendimento segundo o qual o benefício previdenciário é devido em qualquer hipótese, desde que o ambiente seja insalubre (risco potencial do dano). A autoridade competente pode, no exercício da fiscalização, aferir as informações prestadas pela empresa e constantes no laudo técnico de condições ambientais do trabalho, sem prejuízo do controle judicial. (ARE 664.335/SC, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/12/2014, acórdão publicado no DJe de 12/2/2015) 1ª Parte: 2ª Parte:

TEMA 402Direito Tributário; Imunidade Tributária

“EMENTA: Recurso extraordinário com repercussão geral. Imunidade recíproca. Empresa Brasi-leira de Correios e Telégrafos. Peculiaridades do Serviço Postal. Exercício de atividades em regime de exclusividade e em concorrência com particulares. Irrelevância. ICMS. Transporte de encomendas. Indissociabilidade do serviço postal. Incidência da Imunidade do art. 150, VI, a da Constituição. Condição de sujeito passivo de obrigação acessória. Legalidade.

1. Distinção, para fins de tratamento normativo, entre empresas públicas prestadoras de serviço público e empresas públicas exploradoras de atividade econômica.

2. As conclusões da ADPF 46 foram no sentido de se reconhecer a natureza pública dos serviços postais, destacando-se que tais serviços são exercidos em regime de exclusividade pela ECT.

3. Nos autos do RE 601.392/PR, Relator para o acórdão o Ministro Gilmar Mendes , ficou assen-tado que a imunidade recíproca prevista no art. 150, VI, a, CF, deve ser reconhecida à ECT, mesmo quando relacionada às atividades em que a empresa não age em regime de monopólio.

4. O transporte de encomendas está inserido no rol das atividades desempenhadas pela ECT, que deve cumprir o encargo de alcançar todos os lugares do Brasil, não importa o quão pequenos ou sub-desenvolvidos.

5. Não há comprometimento do status de empresa pública prestadora de serviços essenciais por conta do exercício da atividade de transporte de encomendas, de modo que essa atividade constitui conditio sine qua non para a viabilidade de um serviço postal contínuo, universal e de preços módicos.

6. A imunidade tributária não autoriza a exoneração de cumprimento das obrigações acessórias. A condição de sujeito passivo de obrigação acessória dependerá única e exclusivamente de previsão na legislação tributária.

7. Recurso extraordinário do qual se conhece e ao qual se dá provimento, reconhecendo a imunida-de da ECT relativamente ao ICMS que seria devido no transporte de encomendas.”

Não incide o ICMS sobre o serviço de transporte de bens e mercadorias realizado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Discutia-se o alcance da imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, a) relativamente ao referido imposto, incidente sobre específica modalidade de serviço postal realizado pela ECT. O Tribunal afastou a alegação de que a ECT, quando realiza o transporte de mercadoria, não está albergada pela proteção da imunidade tributária recíproca, ante a sua natureza jurídica de direito privado. No ponto, o fluxo de atividade dos Correios, relati-vamente ao serviço postal, está previsto no art. 7º, caput e § 3º, da Lei 6.538/1978 (Constitui serviço

Page 68: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

68

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

postal o recebimento, expedição, transporte e entrega de objetos de correspondência, valores e encomendas, con-forme definido em regulamento. (...) § 3º Constitui serviço postal relativo a encomendas a remessa e entrega de objetos, com ou sem valor mercantil, por via postal). O transporte de encomendas, portanto, também se encontra inserido no rol das atividades desempenhadas pela entidade e esta, como assentado no julgamento do RE 601.392/PR (DJe de 5/6/2013), deve cumprir o encargo de alcançar todos os lugares do Brasil, sem a possibilidade de recusa, diferentemente das empresas privadas. Soma-se a isso a possibilidade de os Correios terceirizarem o serviço, mediante licitação, e as empresas even-tualmente contratadas são contribuintes do ICMS sobre a prestação dos serviços de transporte. Ademais, as atividades exercidas sob regime concorrencial existem para custear aquela exercida sob o regime constitucional de monopólio. Se assim não fosse, frustrar-se-ia o objetivo do legisla-dor de viabilizar a integração nacional e dar exequibilidade à fruição do direito básico do indi-víduo de se comunicar com outras pessoas ou instituições e de exercer outros direitos, com esse relacionados, fundados na própria Constituição. Outrossim, a Corte destacou a impossibilidade de separação tópica das atividades concorrenciais para que se verifique a tributação. Além disso, o desempenho daquelas atividades não descaracteriza o viés essencialmente público das finalidades institucionais da empresa pública em comento. Por fim, a ECT não pode nem deve ser equipara-da a empresa de transporte privado — cuja atividade fim seja o transporte de mercadorias —, na medida em que não apenas o recebimento e a entrega de correspondências e encomendas, mas, notadamente, o próprio transporte são fases indissociáveis de um serviço postal que se qualifica pela incindibilidade, tendo em vista a sua destinação última e sua própria função. (RE 627.051/PE, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 12/11/2014, acórdão publicado no DJe 11/2/2015)

TEMA 644Direito Tributário; Imunidade Tributária

“EMENTA: Recurso extraordinário. Repercussão geral reconhecida. Tributário. IPTU. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Imunidade recíproca (art. 150, VI, a, da CF).

1. Perfilhando a cisão estabelecida entre prestadoras de serviço público e exploradoras de atividade econômica, a Corte sempre concebeu a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos como uma empresa prestadora de serviços públicos de prestação obrigatória e exclusiva do Estado.

2. A imunidade recíproca prevista no art. 150, VI, a, da Constituição, alcança o IPTU que inci-diria sobre os imóveis de propriedade da ECT e por ela utilizados.

3. Não se pode estabelecer, a priori, nenhuma distinção entre os imóveis afetados ao serviço postal e aqueles afetados à atividade econômica.

4. Na dúvida suscitada pela apreciação de um caso concreto, acerca, por exemplo, de quais imóveis estariam afetados ao serviço público e quais não, não se pode sacrificar a imunidade tributária do patrimônio da empresa pública, sob pena de se frustrar a integração nacional.

5. As presunções sobre o enquadramento originariamente conferido devem militar a favor do con-tribuinte. Caso já lhe tenha sido deferido o status de imune, o afastamento dessa imunidade só pode ocorrer mediante a constituição de prova em contrário produzida pela Administração Tributária.

6. Recurso extraordinário a que se nega provimento.”

Page 69: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

69

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

A imunidade tributária recíproca reconhecida à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) alcança o IPTU incidente sobre imóveis de sua propriedade, bem assim os por ela utili-zados. No entanto, se houver dúvida acerca de quais imóveis estão afetados ao serviço público, cabe à administração fazendária produzir prova em contrário, haja vista militar em favor do contribuinte a presunção de imunidade anteriormente conferida em benefício dele. Discutia-se o alcance da imunidade tributária recíproca relativa ao IPTU, incidente sobre imóveis de pro-priedade da ECT. O Tribunal salientou que, embora a partir da interpretação literal da Consti-tuição reconheça-se a imunidade recíproca apenas às pessoas políticas, autarquias e fundações, a jurisprudência do STF estendeu o beneplácito às empresas públicas e às sociedades de econo-mia mista, desde que prestadoras de serviço público. Ao distinguir os institutos da isenção e da imunidade, afirmou que, no primeiro caso, incumbe ao contribuinte que pretenda a fruição da benesse o ônus de demonstrar seu enquadramento na situação contemplada, enquanto, no se-gundo, as presunções sobre o enquadramento originalmente conferido devem militar a favor do contribuinte. Assim, se a imunidade já houver sido deferida, o seu afastamento só pode ocorrer mediante a constituição de prova em contrário produzida pelo Fisco. Sublinhou que o oposto ocorre com a isenção, que constitui mero benefício fiscal concedido pelo legislador ordinário, presunção que milita em favor da Fazenda Pública. (RE 773.992/BA2, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/10/2014, acórdão publicado no DJe de 19/2/2015)

TEMA 177 e TEMA 323Direito Tributário; Tributos

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. TRIBUTÁRIO. ATO COOPERATIVO. COOPERATIVA DE TRABALHO. SOCIEDADE COOPERATIVA PRESTADO-RA DE SERVIÇOS MÉDICOS. POSTO REALIZAR COM TERCEIROS NÃO ASSOCIADOS (NÃO COOPERADOS) VENDA DE MERCADORIAS E DE SERVIÇOS SUJEITA-SE À INCIDÊNCIA DA COFINS, PORQUANTO AUFERIR RECEITA BRUTA OU FATURAMENTO ATRAVÉS DESTES ATOS OU NEGÓCIOS JURÍDICOS. CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE ‘ATO NÃO COOPERA-TIVO’ POR EXCLUSÃO, NO SENTIDO DE QUE SÃO TODOS OS ATOS OU NEGÓCIOS PRATI-CADOS COM TERCEIROS NÃO ASSOCIADOS (COOPERADOS), EX VI, PESSOAS FÍSICAS OU JURÍDICAS TOMADORAS DE SERVIÇO. POSSIBILIDADE DE REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO FISCAL (ISENÇÃO DA COFINS) PREVISTO NO INCISO I DO ART. 6° DA LC Nº 70/91, PELA MP Nº 1.858-6 E REEDIÇÕES SEGUINTES, CONSOLIDADA NA ATUAL MP Nº 2.158-35. A LEI COMPLEMENTAR A QUE SE REFERE O ART. 146, III, ‘C’, DA CF/88, DETERMINANTE DO ‘ADEQUADO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO AO ATO COOPERATIVO’, AINDA NÃO FOI EDITADA. EX POSITIS, DOU PROVIMENTO AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.

1. As contribuições ao PIS e à COFINS sujeitam-se ao mesmo regime jurídico, porquanto aplicável a mesma ratio quanto à definição dos aspectos da hipótese de incidência, em especial o pessoal (sujeito passivo) e o quantitativo (base de cálculo e alíquota), a recomendar solução uniforme pelo colegiado.

2. O princípio da solidariedade social, o qual inspira todo o arcabouço de financiamento da se-

2 Opostos embargos de declaração, conclusos ao relator.

Page 70: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

70

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

guridade social, à luz do art. 195 da CF/88, matriz constitucional da COFINS, é mandamental com relação a todo o sistema jurídico, a incidir também sobre as cooperativas.

3. O cooperativismo no texto constitucional logrou obter proteção e estímulo à formação de coope-rativas, não como norma programática, mas como mandato constitucional, em especial nos arts. 146, III, c; 174, § 2°; 187, I e VI, e 47, § 7º, ADCT. O art. 146, c, CF/88, trata das limitações constitucio-nais ao poder de tributar, verdadeira regra de bloqueio, como corolário daquele, não se revelando norma imunitória, consoante já assentado pela Suprema Corte nos autos do RE 141.800, Relator Ministro Moreira Alves, Primeira Turma, DJ 3/10/1997.

4. O legislador ordinário de cada pessoa política poderá garantir a neutralidade tributária com a concessão de benefícios fiscais às cooperativas, tais como isenções, até que sobrevenha a lei comple-mentar a que se refere o art. 146, III, c, CF/88. O benefício fiscal, previsto no inciso I do art. 6º da Lei Complementar nº 70/91, foi revogado pela Medida Provisória nº 1.858 e reedições seguintes, consolidada na atual Medida Provisória nº 2.158, tornando-se tributáveis pela COFINS as receitas auferidas pelas cooperativas (ADI 1/DF, Min. Relator Moreira Alves, DJ 16/6/1995).

5. A Lei nº 5.764/71, que define o regime jurídico das sociedades cooperativas e do ato coopera-tivo (artigos 79, 85, 86, 87, 88 e 111), e as leis ordinárias instituidoras de cada tributo, onde não conflitem com a ratio ora construída sobre o alcance, extensão e efetividade do art. 146, III, c, CF/88, possuem regular aplicação.

6. Acaso adotado o entendimento de que as cooperativas não possuem lucro ou faturamento quan-to ao ato cooperativo praticado com terceiros não associados (não cooperados), inexistindo imunidade tributária, haveria violação a determinação constitucional de que a seguridade social será financiada por toda a sociedade, ex vi, art. 195, I, b, da CF/88, seria violada.

7. Consectariamente, atos cooperativos próprios ou internos são aqueles realizados pela cooperativa com os seus associados (cooperados) na busca dos seus objetivos institucionais.

8. A Suprema Corte, por ocasião do julgamento dos recursos extraordinários 357.950/RS, 358.273/RS, 390.840/MG, Relator Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, DJ 15-8-2006, e 346.084/PR, Relator Min. ILMAR GALVÃO, Relator p/ Acórdão Min. MARCO AURÉLIO, Tri-bunal Pleno, DJ 1-9-2006, assentou a inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo das contribuições destinadas ao PIS e à COFINS, promovida pelo § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, o que implicou na concepção da receita bruta ou faturamento como o que decorra quer da venda de mercadorias, quer da venda de mercadorias e serviços, quer da venda de serviços.

9. Recurso extraordinário interposto pela UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), com fulcro no art. 102, III, ‘a’, da Constituição Federal de 1988, em face de acórdão prolatado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região, verbis: TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. COOPERATIVA. LEI Nº. 5.764/71. COFINS. MP N°. 1.858/99. LEI 9.718/98, ART. 3°, § 1° (INCONSTITUCIONA-LIDADE). NÃO INCIDÊNCIA DA COFINS SOBRE OS ATOS COOPERATIVOS. 1. A Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998 (DOU de 16/12/1998) não tem força para legitimar o texto do art. 3°, § 1°, da Lei nº. 9.718/98, haja vista que a lei entrou em vigor na data de sua pu-blicação, em 28 de novembro de 1998. 2. É inconstitucional o § 1° do artigo 3º da Lei n° 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (RREE. 357.950/RS, 346.084/PR, 358.273/RS e 390.840/MG) 3. Prevalece, no confronto com a Lei nº. 9718/98, para fins de determinação da base de cálculo da Cofins o disposto no art. 2° da Lei

Page 71: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

71

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

n° 70/91, que considera faturamento somente a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercado-rias e serviços e de serviços de qualquer natureza. 4. Os atos cooperativos (Lei nº. 5.764/71 art. 79) não geram receita nem faturamento para as sociedades cooperativas. Não compõem, portanto, o fato imponível para incidência da Cofins. 5. Em se tratando de mandado de segurança, não são devidos honorários de advogado. Aplicação das Súmulas 512 do STF e 105 do STJ. 6. Apelação provida. (fls. 120/121).

10. A natureza jurídica dos valores recebidos pelas cooperativas e provenientes não de seus coope-rados, mas de terceiros tomadores dos serviços ou adquirentes das mercadorias vendidas e a incidência da COFINS, do PIS e da CSLL sobre o produto de ato cooperativo, por violação dos conceitos constitu-cionais de ‘ato cooperado’, ‘receita da atividade cooperativa’ e ‘cooperado’, são temas que se encontram sujeitos à repercussão geral nos recursos: RE 597.315-RG, Relator Min. ROBERTO BARROSO, jul-gamento em 02/02/2012, Dje 22/02/2012, RE 672.215-RG, Relator Min. ROBERTO BARROSO, julgamento em 29/03/2012, Dje 27/04/2012, e RE 599.362-RG, Relator Min. DIAS TOFFOLI, Dje-13-12-2010, notadamente acerca da controvérsia atinente à possibilidade da incidência da con-tribuição para o PIS sobre os atos cooperativos, tendo em vista o disposto na Medida Provisória nº 2.158-33, originariamente editada sob o nº 1.858-6, e nas Leis nºs 9.715 e 9.718, ambas de 1998.

11. Ex positis, dou provimento ao recurso extraordinário para declarar a incidência da COFINS sobre os atos (negócios jurídicos) praticados pela recorrida com terceiros tomadores de serviço, resguar-dadas as exclusões e deduções legalmente previstas. Ressalvo, ainda, a manutenção do acórdão recor-rido naquilo que declarou inconstitucional o § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta.”

(RE 598.085/RJ3, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 6/11/2014, acórdão publicado no DJe de 10/2/2015)

“EMENTA: Recurso extraordinário. Repercussão geral. Artigo 146, III, c, da Constituição Fe- deral. Adequado tratamento tributário. Inexistência de imunidade ou de não incidência com relação ao ato cooperativo. Lei nº 5.764/71. Recepção como lei ordinária. PIS/PASEP. Incidência. MP nº 2.158-35/2001. Afronta ao princípio da isonomia. Inexistência.

1. O adequado tratamento tributário referido no art. 146, III, c, CF é dirigido ao ato cooperativo. A norma constitucional concerne à tributação do ato cooperativo, e não aos tributos dos quais as coo-perativas possam vir a ser contribuintes.

2. O art. 146, III, c, CF pressupõe a possibilidade de tributação do ato cooperativo ao dispor que a lei complementar estabelecerá a forma adequada para tanto. O texto constitucional a ele não garante imunidade ou mesmo não incidência de tributos, tampouco decorre diretamente da Constituição direito subjetivo das cooperativas à isenção.

3. A definição do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo se insere na órbita da opção política do legislador. Até que sobrevenha a lei complementar que definirá esse adequado tratamento, a legislação ordinária relativa a cada espécie tributária deve, com relação a ele, garantir a neutrali-dade e a transparência, evitando tratamento gravoso ou prejudicial ao ato cooperativo e respeitando, ademais, as peculiaridades das cooperativas com relação às demais sociedades de pessoas e de capitais.

4. A Lei nº 5.764/71 foi recepcionada pela Constituição de 1988 com natureza de lei ordinária e o seu art. 79 apenas define o que é ato cooperativo, sem nada referir quanto ao regime de tributação.

3 Opostos embargos de declaração, conclusos ao relator.

Page 72: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

72

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

Se essa definição repercutirá ou não na materialidade de cada espécie tributária, só a análise da sub-sunção do fato na norma de incidência específica, em cada caso concreto, dirá.

5. Na hipótese dos autos, a cooperativa de trabalho, na operação com terceiros — contratação de serviços ou vendas de produtos — não surge como mera intermediária de trabalhadores autônomos, mas, sim, como entidade autônoma, com personalidade jurídica própria, distinta da dos trabalhadores associados.

6. Cooperativa é pessoa jurídica que, nas suas relações com terceiros, tem faturamento, constituin-do seus resultados positivos receita tributável.

7. Não se pode inferir, no que tange ao financiamento da seguridade social, que tinha o consti-tuinte a intenção de conferir às cooperativas de trabalho tratamento tributário privilegiado, uma vez que está expressamente consignado na Constituição que a seguridade social ‘será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei’ (art. 195, caput, da CF/88).

8. Inexiste ofensa ao postulado da isonomia na sistemática de créditos conferida pelo art. 15 da Medida Provisória 2.158-35/2001. Eventual insuficiência de normas concedendo exclusões e dedu-ções de receitas da base de cálculo da contribuição ao PIS não pode ser tida como violadora do mínimo garantido pelo texto constitucional.

9. É possível, senão necessário, estabelecerem-se diferenciações entre as cooperativas, de acordo com as características de cada segmento do cooperativismo e com a maior ou a menor necessidade de fomento dessa ou daquela atividade econômica. O que não se admite são as diferenciações arbitrárias, o que não ocorreu no caso concreto.

10. Recurso extraordinário ao qual o Supremo Tribunal Federal dá provimento para declarar a incidência da contribuição ao PIS/PASEP sobre os atos (negócios jurídicos) praticados pela impetrante com terceiros tomadores de serviço, objeto da impetração.”

(RE 599.362/RJ4, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/11/2014, acórdão publicado no DJe de 10/2/2015) Incide o PIS/Pasep sobre atos ou negócios jurídicos praticados por cooperativa prestadora de serviço com terceiros tomadores de serviço, resguardadas as exclusões e deduções legalmente previstas. Ademais, são legítimas as alterações introduzidas pela Medida Provisória 1.858/1999, no que revogou a isenção da Cofins e PIS concedidas às sociedades cooperativas. Discutia-se a exigibilidade da contribuição para o PIS sobre os atos próprios das sociedades cooperativas, tendo em vista o disposto na MP 2.158-33/2001, originariamente editada sob o nº 1.858/1999. O Tribu-nal registrou que o cerne da controvérsia diz respeito a eventual inserção, na materialidade da contribuição ao PIS/Pasep, das receitas auferidas pelas cooperativas de trabalho decorrentes dos negócios jurídicos praticados com terceiros, não cooperados. Examinou, ainda, a possibilidade de caracterização como hipótese de não incidência tributária, caso as receitas não sejam configuradas como receita da cooperativa, e sim do cooperado. A Corte afirmou que a Constituição impõe ao Estado o apoio e o estímulo à formação de cooperativa (CF, art. 174, § 2º). Além disso, estabelece que a lei complementar dispense tratamento adequado dirigido ao ato cooperativo praticado por sociedade cooperativa (CF, art. 146, III, c). O texto constitucional também possibilita a tributação de ato cooperativo ao dispor que a lei complementar estabeleça a forma adequada para tanto. Assim, o art. 146, III, c, da CF não garante imunidade ou tratamento necessariamente privilegiado

4 Opostos embargos de declaração, com vistas à União (Fazenda Nacional).

Page 73: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

73

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

às cooperativas, mas tratamento diferenciado Nesse sentido, do tema em exame, extraem-se dois importantes valores constitucionais: de um lado, a vontade do constituinte de fomentar a criação de organizações cooperativistas; e, de outro, a fixação de regime universalista de financiamento da seguridade social. Tendo isso em conta, até que sobrevenha a lei complementar que defina o adequado tratamento tributário ao ato cooperativo, a legislação ordinária relativa a cada espécie tributária deve, com relação a ele, garantir a neutralidade e a transparência, para que o tratamen-to tributário conferido ao ato cooperativo não resulte em tributação mais gravosa aos cooperados — pessoas físicas ou pessoas jurídicas — do que aquela que incidiria se as mesmas atividades fos-sem realizadas sem a associação em cooperativa. O Plenário consignou que a Lei 5.764/1971 foi recepcionada pela Constituição com natureza de lei ordinária e que o seu art. 79 apenas define o ato cooperativo, sem nada mencionar quanto ao regime de tributação. Desse modo, a alegação de que as sociedades cooperativas não possuem faturamento nem receita — e que, portanto, não há a incidência de qualquer tributo sobre a pessoa jurídica — implica, em termos práticos, a concessão de imunidade tributária, sem expressa autorização constitucional. Logo, o tratamento tributário adequado ao ato cooperativo é uma questão política e eventual insuficiência de normas não pode ser tida por violadora do princípio da isonomia. (RE 598.085/RJ, rel. Min. Luiz Fux, e RE 599.362/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 6/11/2014, acórdãos publicados no DJe de 10/2/2015) 1ª Parte: 2ª Parte:

TEMA 277Direito Tributário; Tributos

“EMENTA: DIREITOS CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DESVINCULAÇÃO DE RECEITAS DA UNIÃO (DRU). ART. 76 DO ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS. AUSÊNCIA DE CORRELAÇÃO ENTRE A ALEGADA INCONSTITUCIONALIDADE DA DRU E O DIREITO À DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA PRO-PORCIONAL À DESVINCULAÇÃO. ILEGITIMIDADE PROCESSUAL. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.

1. A questão nuclear deste recurso extraordinário não é se o art. 76 do ADCT ofenderia norma permanente da Constituição da República, mas se, eventual inconstitucionalidade, conduziria a ter a Recorrente direito à desoneração proporcional à desvinculação das contribuições sociais recolhidas.

2. Não é possível concluir que, eventual inconstitucionalidade da desvinculação parcial da receita das contribuições sociais, teria como consequência a devolução ao contribuinte do montante correspondente ao percentual desvinculado, pois a tributação não seria inconstitucional ou ilegal, única hipótese autoriza-dora da repetição do indébito tributário ou o reconhecimento de inexistência de relação jurídico-tributária.

3. Não tem legitimidade para a causa o contribuinte que pleiteia judicialmente a restituição ou o não recolhimento proporcional à desvinculação das receitas de contribuições sociais instituída pelo art. 76 do ADCT, tanto em sua forma originária quanto na forma das alterações promovidas pelas Emen-das Constitucionais n. 27/2000, 42/2003, 56/2007, 59/2009 e 68/2011. Ausente direito líquido e certo para a impetração de mandados de segurança.

4. Negado provimento ao recurso extraordinário.”O disposto no art. 76 do ADCT — que desvincula 20% do produto da arrecadação da União em impostos, contribuições sociais e contribuições de domínio econômico de órgão, fundo ou

Page 74: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

74

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

despesa —, independente de sua validade constitucional, não gera direito a repetição de in-débito. Discutia-se a constitucionalidade da desvinculação tributária levada a efeito pelas EC 27/2000 e EC 42/2003 e o consequente direito à restituição da denominada Desvinculação de Receitas da União (DRU) em razão de sua suposta inconstitucionalidade. O Tribunal afirmou que os impostos são tributos classificados como não vinculados. Assim, é possível a exação sem contraprestação específica de determinado serviço público, pois o montante arrecadado não tem destinação predeterminada (CF, art. 167, IV). Todavia, a Constituição vincula a arrecadação de impostos a determinados fins, conforme observado de seus arts. 158, 159, 198, § 2º, 212 e 37, XXII. As contribuições sociais e as contribuições de intervenção no domínio econômico, por outro lado, são tributos com destinação de arrecadação vinculada e estão incluídas na desvincu-lação estabelecida pelo art. 76 do ADCT. A Corte observou, ainda, não ser possível concluir que, da eventual inconstitucionalidade da desvinculação parcial da receita das contribuições sociais, decorra a devolução ao contribuinte do montante correspondente ao percentual desvinculado. Além disso, a tributação não é inconstitucional ou ilegal, hipótese em que autorizada a repeti-ção do indébito tributário ou o reconhecimento de inexistência de relação jurídico-tributária. Portanto, falta legitimidade processual à recorrente, pois ela não é beneficiada pela declaração de inconstitucionalidade. (RE 566.007/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 13/11/2014, acórdão publicado no DJe de 11/2/2015)

TEMA 299Direito Tributário; Tributos

“EMENTA: Recurso Extraordinário. 2. Direito Tributário. ICMS. 3. Não cumulatividade. Inter-pretação do disposto art. 155, §2º, II, da Constituição Federal. Redução de base de cálculo. Isenção parcial. Anulação proporcional dos créditos relativos às operações anteriores, salvo determinação legal em contrário na legislação estadual. 4. Previsão em convênio (CONFAZ). Natureza autorizativa. Ausência de determinação legal estadual para manutenção integral dos créditos. Anulação propor-cional do crédito relativo às operações anteriores. 5. Repercussão geral. 6. Recurso extraordinário não provido.”

A redução da base de cálculo de ICMS equivale à hipótese de isenção parcial, o que acarreta a anulação proporcional de crédito desse mesmo imposto, relativo às operações anteriores, salvo disposição em lei estadual em sentido contrário. Assim, reduzida a base de cálculo, não é possível o creditamento integral, sob pena de ofensa ao princípio da não cumulatividade (CF, art. 155, § 2º, II, b). Discutia-se a possibilidade de estorno proporcional de crédito de ICMS nos casos em que as operações subsequentes estejam sujeitas à redução da base de cálculo. O Tribunal rememo-rou que, no julgamento do RE 174.478/SP (DJe de 29/5/2008), a Corte mudou seu entendimen-to e assentou a tese de que a redução de base de cálculo deve ser considerada, para efeito do que dispõe o art. 155, § 2º, da CF, como forma de “isenção parcial”. Asseverou que, embora possuam estrutura jurídica diversa, tanto a isenção total — que elimina o dever de pagamento do tributo, porque lhe retira a incidência — quanto a redução de base de cálculo ou de alíquota — que ape-nas restringe o critério quantitativo do consequente da regra matriz de incidência tributária — tem semelhante efeito prático: exoneram, no todo ou em parte, o contribuinte do pagamento do

Page 75: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

75

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

tributo. A distinção entre ambas ocorre no modo como se processa essa exoneração, em termos jurídicos: a) na isenção total, é afastada a própria incidência, ou é dispensado integralmente o pa-gamento do tributo, em relação aos sujeitos e às situações atingidos pelo benefício; e b) na isenção parcial, há a incidência do tributo, mas o valor a ser pago é menor do que aquele devido não fosse a redução no critério quantitativo da norma tributária padrão. Além disso, não há previsão consti-tucional acerca da obrigação de anular os créditos, mas apenas atribuição dessa escolha ao âmbito da discricionariedade política do legislador estadual, a caracterizar típica escolha de política fiscal. Assim, a existência de previsão legislativa expressa implica o reconhecimento do direito à manu-tenção do crédito. A Corte esclareceu que, na situação dos autos, o Convênio ICMS 128/1994 dispõe sobre tratamento tributário para as operações com as mercadorias que compõem a cesta básica e autoriza expressamente os Estados-Membros e o Distrito Federal a não exigir a anulação proporcional do crédito nas saídas internas desses produtos. No entanto, a despeito da autorização prevista no § 1º da Cláusula Primeira do Convênio ICMS 128/1994, não consta que a legislação estadual do Rio Grande do Sul tenha efetivamente previsto a possibilidade de manutenção inte-gral dos créditos nas hipóteses de redução de base de cálculo. Ao contrário, determinou que fosse exigida a anulação proporcional do crédito. Assim, à falta de lei que autorize o aproveitamento integral do crédito, tem plena aplicação a regra do art. 155, § 2º, II, b, da CF. Ademais, o convênio, por si só, não assegura a concessão do benefício em questão. (RE 635.688/RS5 e 6, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/10/2014, acórdão publicado no DJe de 13/2/2015) 1ª Parte: 2ª Parte:

TEMA 344Direito Tributário; Tributos

“EMENTA: CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. NATUREZA JURÍDICA PARA FINS TRIBUTÁRIOS. EFICÁCIA LIMITADA DO ART. 7º, XI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE ESSA ESPÉCIE DE GANHO ATÉ A REGULAMENTAÇÃO DA NORMA CONSTITUCIONAL.

1. Segundo afirmado por precedentes de ambas as Turmas desse Supremo Tribunal Federal, a efi-cácia do preceito veiculado pelo art. 7º, XI, da CF — inclusive no que se refere à natureza jurídica dos valores pagos a trabalhadores sob a forma de participação nos lucros para fins tributários — depende de regulamentação.

2. Na medida em que a disciplina do direito à participação nos lucros somente se operou com a edição da Medida Provisória 794/94 e que o fato gerador em causa concretizou-se antes da vigência desse ato normativo, deve incidir, sobre os valores em questão, a respectiva contribuição previdenciária.

3. Recurso extraordinário a que se dá provimento.”Incide contribuição previdenciária sobre as parcelas pagas a título de participação nos lucros re-ferentes ao período entre a promulgação da Constituição de 1988 e a entrada em vigor da Medi-da Provisória 794/1994, que regulamentou o art. 7º, XI, da CF (Art. 7º São direitos dos trabalhado-res urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XI — participação

5 Substituiu o AI 768.491 RG/RS, paradigma da repercussão geral.

6 Opostos embargos de declaração, conclusos ao relator.

Page 76: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

76

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa conforme definido em lei), convertida, posteriormente, na Lei 10.101/2000. Discutia-se a incidência da aludida contribuição previdenciária. O Tribunal destacou que a jurisprudência da Corte é no sentido da incidência da contribuição previdenciária sobre as mencionadas parcelas. Desse modo, ao se interpretar teleologicamente a cláusula prevista no inciso XI do art. 7º da CF, conclui-se que o objetivo da desvinculação é impedir que essa parcela sirva de base de cálculo para outras. Além disso, a MP 794/1994 estabeleceu hipótese de isenção e não de não incidên-cia, razão pela qual não pode abranger período pretérito. (RE 569.441/RS, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, julgado em 30/10/2014, acórdão publicado no DJe de 10/2/2015)

Repercussão geral reconhecida e mérito pendente dejulgamento

TEMA 779Direito Administrativo; Agentes Públicos

“EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL. NOTÁRIOS E REGISTRADORES. LIMITE À REMUNERAÇÃO DOS SUBSTITUTOS OU INTERINOS DESIGNADOS PARA O EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DELEGADA. SERVENTIAS EXTRAJUDICIAIS. TETO REMUNERATÓRIO. DIS-CUSSÃO QUANTO À INCIDÊNCIA OU NÃO NA HIPÓTESE DOS ARTS. 37, INCISOS II E XI, E 236, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.”

Possui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de aplicação do teto constitu-cional à remuneração de notários e registradores substitutos ou interinos designados para o exercício de função delegada em serventias extrajudiciais.(RE 808.202 RG/RS, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/11/2014, acórdão publicado no DJe de 2/2/2015)

TEMA 782Direito Administrativo; Agentes Públicos

“EMENTA: PERÍODO DE LICENÇA-MATERNIDADE. SERVIDORAS PÚBLICAS. EQUI-PARAÇÃO ENTRE GESTANTES E ADOTANTES. PRESENÇA DE REPERCUSSÃO GERAL. 1. Constitui questão constitucional saber se a lei pode ou não instituir prazos diferenciados para a li-cença-maternidade concedida às servidoras gestantes e às adotantes, especialmente à luz do art. 227, § 6º, da CF/88. 2. Repercussão geral reconhecida.”

Possui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de lei instituir prazos diferencia-dos para a concessão de licença-maternidade às servidoras gestantes e às adotantes.(RE 778.889 RG/PE, rel. Min. Roberto Barrroso, julgado em 21/11/2014, acórdão publicado no DJe de 11/3/2015)

Page 77: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

77

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

TEMA 778Direito Civil; Direitos da Personalidade

“EMENTA: TRANSEXUAL. PROIBIÇÃO DE USO DE BANHEIRO FEMININO EM SHOP-PING CENTER. ALEGADA VIOLAÇÃO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E A DIREITOS DA PERSONALIDADE. PRESENÇA DE REPERCUSSÃO GERAL. 1. O recurso busca discutir o en-quadramento jurídico de fatos incontroversos: afastamento da Súmula 279/STF. Precedentes. 2. Consti-tui questão constitucional saber se uma pessoa pode ou não ser tratada socialmente como se pertencesse a sexo diverso do qual se identifica e se apresenta publicamente, pois a identidade sexual está diretamente ligada à dignidade da pessoa humana e a direitos da personalidade 3. Repercussão geral configurada, por envolver discussão sobre o alcance de direitos fundamentais de minorias — uma das missões precí-puas das Cortes Constitucionais contemporâneas —, bem como por não se tratar de caso isolado.”

Possui repercussão geral a controvérsia relativa a eventual ofensa aos princípios da dignidade da pessoa humana e a direitos da personalidade, indenizável a título de dano moral, decorrente de abordagem de transexual ao utilizar banheiro do sexo oposto ao qual se dirigiu.(RE 845.779 RG/SC, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 14/11/2014, acórdão publicado no DJe de 10/3/2015)

TEMA 774Direito Constitucional; Competência Legislativa

“EMENTA: POLÍTICA PÚBLICA — MEIO AMBIENTE — SERVIÇOS E INSTALAÇÕES DE ENERGIA ELÉTRICA — APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DOS CURSOS DE ÁGUA — LEI Nº 12.503, DE 1997, DO ESTADO DE MINAS GERAIS — COMPETÊNCIA LEGISLATIVA — ARTIGOS 21, INCISO XII, ALÍNEA ‘B’, E 22, INCISO IV E PARÁGRAFO ÚNICO, DA CARTA DA REPÚBLICA — RECURSO EXTRAORDINÁRIO — REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURA-DA. Possui repercussão geral a controvérsia acerca da constitucionalidade, sob o ângulo da compe-tência legislativa — se privativa da União, prevista no inciso IV do art. 22 da Carta Federal, ou a concorrente, versado o meio ambiente, estabelecida no art. 23, inciso VI, da Constituição —, de norma estadual mediante a qual foi adotada política pública dirigida a compelir concessionária de geração de energia elétrica a promover investimentos, com recursos identificados como parcela da receita que aufere, voltados à proteção e à preservação de mananciais hídricos.”

Possui repercussão geral a controvérsia relativa à competência legislativa — se privativa da União ou concorrente — para dispor sobre adoção de política pública dirigida a compelir concessio-nária de energia elétrica a promover investimentos, com recursos identificados como parcela da receita que aufere, voltados à proteção e à preservação de mananciais hídricos.(RE 827.538 RG/MG, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/10/2014, acórdão publicado no DJe de 9/2/2015)

TEMA 786Direito Constitucional; Direitos e Garantias Fundamentais

“EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL. VEICULAÇÃO DE PROGRAMA TELEVISIVO QUE ABORDA CRIME OCORRIDO HÁ VÁRIAS DÉCADAS. AÇÃO INDENIZATÓRIA PROPOS-

Page 78: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

78

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

TA POR FAMILIARES DA VÍTIMA. ALEGADOS DANOS MORAIS. DIREITO AO ESQUECI-MENTO. DEBATE ACERCA DA HARMONIZAÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DO DIREITO À INFORMAÇÃO COM AQUELES QUE PROTE-GEM A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E A INVIOLABILIDADE DA HONRA E DA INTI-MIDADE. PRESENÇA DE REPERCUSSÃO GERAL.”

Possui repercussão geral a controvérsia relativa à possibilidade de a vítima ou os seus familiares invocarem a aplicação do direito ao esquecimento na esfera civil, considerando a harmonização, de um lado, dos princípios constitucionais da liberdade de expressão e do direito à informação; e de outro, dos princípios da dignidade da pessoa humana e da inviolabilidade da honra e da intimidade.(ARE 833.248 RG/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 12/12/2014, acórdão publicado no DJe de 20/2/2015)

TEMA 788Direito Penal; Extinção da Punibilidade

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. PENAL. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. TERMO INI-CIAL PARA A CONTAGEM DA PRESCRIÇÃO NA MODALIDADE EXECUTÓRIA. TRÂNSITO EM JULGADO SOMENTE PARA A ACUSAÇÃO. ARTIGO 112, INCISO I, DO CÓDIGO PENAL. NECESSIDADE DE HARMONIZAÇÃO DO REFERIDO INSTITUTO PENAL COM O ORDENA-MENTO JURÍDICO CONSTITUCIONAL VIGENTE, DIANTE DOS POSTULADOS DA ESTRITA LEGALIDADE E DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (CF, ART. 5º, INCISOS II E LVII). QUES-TÃO EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. MATÉRIA PASSÍVEL DE REPETIÇÃO EM INÚ-MEROS PROCESSOS, A REPERCUTIR NA ESFERA DO INTERESSE PÚBLICO. TEMA COM REPERCUSSÃO GERAL.”

Possui repercussão geral a controvérsia relativa ao termo inicial para a contagem da prescrição da pretensão executória: a partir do trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusa-ção ou para esta e a defesa.(ARE 848.107 RG/DF, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 12/12/2014, acórdão publicado no DJe de 20/2/2015)

TEMA 775Direito Processual Civil; Competência

“AÇÃO RESCISÓRIA FORMALIZADA PELA UNIÃO — TERCEIRA INTERESSADA — TRI-BUNAL REGIONAL FEDERAL — DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA — DECISÃO RESCINDEN-DA — JUSTIÇA ESTADUAL — ARTIGOS 108, INCISO I, ALÍNEA ‘B’, E 109, INCISO I, DA CARTA DA REPÚBLICA — CONFLITO — RECURSO EXTRAORDINÁRIO — REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA. Possui repercussão geral a controvérsia acerca da competência para proces-sar e julgar pedido formalizado pela União, na qualidade de terceira interessada em relação ao processo originário, voltado a ver rescindida decisão prolatada por juiz estadual.”

Possui repercussão geral a controvérsia relativa à definição da competência — se da justiça fe- deral ou da justiça estadual — para processamento e julgamento de ação rescisória proposta

Page 79: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

79

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

pela União, na qualidade de terceira interessada, com o intuito de rescindir decisão proferida por juiz estadual, não investido em competência federal.(RE 598.650 RG/MS, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/10/20014, acórdão publicado no DJe de 6/2/2015)

TEMA 674Direito Tributário; Imunidade Tributária

“Ementa: Possui repercussão geral a controvérsia a respeito da aplicação, ou não, da imunidade prevista no art. 149, § 2º, I, da Constituição às exportações indiretas, isto é, aquelas intermediadas por ‘trading companies’.”

Possui repercussão geral a controvérsia relativa à aplicação da imunidade referente à contribui-ção social sobre as receitas decorrentes de exportações, quando efetuadas por intermédio de trading companies.(RE 759.244 RG/SP, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 20/9/2013, acórdão publicado no DJe de 2/2/2015)

TEMA 689Direito Tributário; Imunidade Tributária

“EMENTA: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA — ARTIGO 155, § 2º, INCISO X, ALÍNEA ‘B’, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL — ALCANCE — INTERMEDIÁRIA NA AQUISIÇÃO E ALIENA-ÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA — RECURSO EXTRAORDINÁRIO — REPERCUSSÃO GERAL VERIFICADA. Possui repercussão geral a controvérsia acerca do alcance da imunidade tributária, prevista no art. 155, § 2º, inciso X, alínea ‘b’, da Constituição Federal, à intermediária que adquire energia elétrica e a aliena a consumidores no mesmo estado.”

Possui repercussão geral a controvérsia relativa ao alcance da imunidade prevista no art. 155, §2º, X, b, da CF no tocante à intermediária que adquire energia elétrica oriunda de outro Estado--Membro e a aliena a consumidores da unidade federativa em que localizada.(RE 748.543 RG/RS, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 25/10/2013, acórdão publicado no DJe de 5/2/2015)

TEMA 400Direito Tributário; Obrigação Tributária

“EMENTA: Agravo de instrumento. 2. Direito Tributário. IPTU. Execução fiscal. Competência tributária ativa. Controvérsia. Declaração de inconstitucionalidade de dispositivo que definia limites territoriais de município. 3. Requisitos contidos no art. 18, § 4º, da Constituição Federal. Mitigação. 4. Discussão quanto à correta aplicação do art. 96 da CF/88. 5. Repercussão geral reconhecida.”

Possui repercussão geral a controvérsia relativa à legitimidade ativa para cobrar IPTU de imó-veis localizados em área objeto de litígio acerca de linhas divisórias entre Municípios cujo pro-cesso de desmembramento não teria observado o artigo 18, § 4º, da CF.

Page 80: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

80

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

(AI 837.409 RG/SE7, rel. orig. Ministro Presidente, red. p/ o acórdão Gilmar Mendes, julgado em 27/5/2011, acórdão publicado em 19/3/2015)

Repercussão geral não reconhecida

TEMA 560Direito Civil; Direito de Família e Sucessões

“EMENTA: Recurso Extraordinário. Direito Civil. Divórcio Direto. Ausência de coabitação dos cônjuges como prova da separação de fato. Análise da presença dos requisitos necessários. Código Ci-vil. Controvérsia que se situa no âmbito da legislação infraconstitucional. Ofensa reflexa. Ausência de repercussão geral da questão suscitada.”

Não possui repercussão geral a controvérsia relativa à necessidade de ausência de coabitação dos cônjuges como prova da separação de fato para fins de divórcio direto.(RE 633.981 RG/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 29/6/2012, acórdão publicado no DJe de 26/2/2015)

TEMA 716Direito Constitucional; Direitos e Garantias Fundamentais

“EMENTA: Direito constitucional. Convivência entre princípios. Limites. Recurso extraordinário em que se discute a existência de violação do princípio do sentimento religioso em face do princípio da liberdade de expressão artística e de imprensa. Publicação, em revista para público adulto, de ensaio fotográfico em que modelo posou portando símbolo cristão. Litígio que não extrapola os limites da si-tuação concreta e específica. Plenário Virtual. Embora o Tribunal, por unanimidade, tenha reputado constitucional a questão, reconheceu, por maioria, a inexistência de sua repercussão geral.”

Não possui repercussão geral a controvérsia relativa ao conflito entre o princípio da tutela do sentimento religioso e o princípio da liberdade de expressão artística no tocante às publicações destinadas ao público adulto.(ARE 790.813 RG/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julga-do em 11/4/2014, acórdão publicado no DJe de 9/3/2015)

TEMA 468 Direito do Trabalho; Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

“EMENTA: Recurso Extraordinário. Direito Trabalhista. Prescrição. FGTS. Questão relativa ao termo inicial para questionar o direito à correção de diferenças alusivas ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Lei Complementar 110/2001. Controvérsia que se situa no âmbito da legislação infraconstitucional. Ofensa reflexa. Ausência de repercussão geral da questão suscitada.”

7 Processo redistribuído à Ministra Cármen Lúcia.

Page 81: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

81

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

Revisão de tese do Tema 1448.(RE 541.856 RG/ES, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, jul-gado em 20/8/2011, acórdão publicado no DJe de 24/2/2015)

TEMA 731Direito Eleitoral; Condição de Elegibilidade

“EMENTA: DIREITO ELEITORAL. REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DE CER-TIDÃO DE QUITAÇÃO ELEITORAL. ARTIGO 11, §7º, DA LEI N. 9.504/1997. CONTROVÉR-SIA QUANTO À SUFICIÊNCIA DA MERA APRESENTAÇÃO DAS CONTAS DE CAMPANHA ELEITORAL. MATÉRIA DE TEOR INFRACONSTITUCIONAL. NECESSIDADE DE ANÁLISE DA LEI N. 9.504/1997 E DE RESOLUÇÕES DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. POTEN-CIAL DE OFENSA MERAMENTE REFLEXA À LEI MAIOR. INEXISTÊNCIA DE REPERCUS-SÃO GERAL. RECURSO NÃO CONHECIDO.”

Não possui repercussão geral a controvérsia relativa à necessidade de aprovação de contas de campanha para obtenção de certidão de quitação eleitoral. (ARE 728.181 RG/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 23/5/2014, acórdão publicado no DJe de 4/2/2015)

Recursos na repercussão geral

TEMA 409Direito Administrativo; Sistema Remuneratório

“EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REFORMATIO IN PEJUS. NULIDADE DO ACÓRDÃO QUE APRECIOU OS PRIMEIROS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO DOS SEGUN-DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.

I — O acórdão ora embargado, ao determinar a extensão aos servidores inativos do pagamento da Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência, Saúde e Trabalho (GDPST) no percentual de 80% de forma permanente, implicou reformatio in pejus, pois a extensão da gratificação referida foi limitada, na origem, ao processamento do resultado do primeiro ciclo de avaliação. A questão rela-tiva ao pagamento aos inativos da GDPST em período posterior à sua regulamentação está, portanto, acobertada pela preclusão.

II — Segundos embargos de declaração acolhidos para anular o acórdão que julgou os primeiros embargos declaratórios e explicitar, nos termos da sentença, que a GDPST deve ser deferida aos inativos

8 Tema 144: Não possui repercussão geral a controvérsia relativa ao termo inicial da prescrição para ajuizamento de

ação de cobrança da diferença decorrente da atualização monetária em razão dos expurgos inflacionários reco-

nhecidos pela Lei Complementar 110/2001 no tocante à multa de 40% sobre os depósitos do Fundo de Garantia

do Tempo de Serviço (FGTS), e a responsabilidade do empregador pelo seu pagamento (RE 584.608 RG/SP,

rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 5/12/2008, acórdão publicado no DJe de 13/3/2009)

Page 82: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

82

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

no valor correspondente a 80 pontos até a conclusão do primeiro ciclo de avaliação de desempenho.”O Tribunal, ao julgar segundos embargos de declaração, acolheu-os para anular o acórdão pro-ferido nos declaratórios anteriormente opostos e explicitar que a Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência, Saúde e Trabalho (GDPST) deve ser deferida aos inativos no mon-tante correspondente a oitenta pontos até a conclusão do primeiro ciclo de avaliação de desem-penho, tal como determinado na sentença. (RE 631.880 RG-ED-ED/CE9 e 10, rel. Ministro Presidente, julgado em 4/12/2014, acórdão pu-blicado no DJe de 6/2/2015)

TEMA 635Direito Administrativo; Sistema Remuneratório

“EMENTA: Embargos de declaração em repercussão geral em recurso extraordinário com agravo. 2. Configuração de erro material. 3. Embargos de declaração acolhidos com efeito modificativo para tão somente permitir o processamento do recurso extraordinário.”

O Tribunal, ao julgar embargos de declaração, acolheu-os para que o julgamento de recurso ex-traordinário tenha sequência, com a possibilidade de sustentação oral e deliberação presencial pelo Colegiado. Impugnou-se, acórdão que reafirmara, por meio eletrônico (Plenário Virtual), jurisprudência dominante quanto à possibilidade da conversão de férias não gozadas em indeni-zação pecuniária, por servidores que não podem mais delas usufruir. Tendo em conta a configu-ração de erro material consistente no fato de o servidor, ora embargado, encontrar-se em ativida-de, a Corte, mantida a situação dos inativos, deliberou pela apreciação da controvérsia relativa a eventual direito de servidor em atividade à conversão em pecúnia de férias vencidas e não gozadas. De início, afastou a preliminar de incidência dos prazos e ritos dos juizados especiais perante o STF, porquanto o trâmite de recurso extraordinário subordina-se à Lei 8.038/1990. Refutou, de igual modo, a aplicação do precedente firmado no julgamento do AI 855.810 RG-ED/RS (DJe de 1º/7/2013) e do art. 543-A do CPC, que assentam a irrecorribilidade da decisão do Supremo quando não conhecer de recurso extraordinário por ausência de repercussão geral. Consignou que, no caso, o acórdão embargado fora proferido no âmbito do Plenário Virtual, com o reconhe-cimento da repercussão geral e a reafirmação de jurisprudência. Assim, cabíveis os embargos. (ARE 721.001 RG-ED/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/8/2014, acórdão republica-do no DJe de 1º/6/2015)

TEMA 191Direito do Trabalho; Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

“EMENTA: Embargos de declaração em embargos de declaração em recurso extraordinário decidi-do pelo Plenário. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ilegitimidade. Embargante que não é parte nos autos. Não conhecimento dos embargos.

9 RE 631.880 RG/CE: repercussão geral reconhecida e jurisprudência reafirmada pelo Plenário Virtual em

10/6/2011, acórdão publicado no DJe de 31/8/2011.

10 RE 631.880 RG-ED/CE: julgado em 30/11/2011, acórdão publicado no DJe de 19/12/2011.

Page 83: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

83

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

1. Não se conhece dos embargos de declaração opostos pela Universidade do Estado do Rio de Ja-neiro, haja vista que reconhecida sua ilegitimidade nos autos.

2. Ausência de contradição.3. Embargos declaratórios dos quais não se conhece.”

O Tribunal, ao julgar embargos de declaração, deles não conheceu e manteve o entendimento firmado na apreciação do recurso extraordinário, em que reconhecida a repercussão geral. Dessa forma, reafirmou-se a orientação no sentido da constitucionalidade do art. 19-A da Lei 8.036/1990, que dispõe sobre a obrigatoriedade do depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) na conta de trabalhador cujo contrato com a Administração Pública tenha sido declarado nulo por ausência de prévia aprovação em concurso público, desde que mantido o seu direito ao salário. A Corte asseverou a ilegitimidade recursal da embargante. (RE 596.478 ED-segundos/RR11 e 12, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/12/2014, acórdão pu-blicado no DJe de 25/2/2015)

TEMA 166Direito Tributário; Tributos

“EMENTA: Embargos de declaração no recurso extraordinário. Tributário. Pedido de modulação de efeitos da decisão com que se declarou a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Declaração de inconstitucionalidade. Ausência de excepcionalidade. Lei aplicável em razão de efeito repristinatório. Infraconstitucional.

1. A modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade é medida extrema, a qual somente se justifica se estiver indicado e comprovado gravíssimo risco irreversível à ordem social. As razões recursais não contêm indicação concreta, nem específica, desse risco.

2. Modular os efeitos no caso dos autos importaria em negar ao contribuinte o próprio direito de repetir o indébito de valores que eventualmente tenham sido recolhidos.

3. A segurança jurídica está na proclamação do resultado dos julgamentos tal como formalizada, dando-se primazia à Constituição Federal.

4. É de índole infraconstitucional a controvérsia a respeito da legislação aplicável resultante do efeito repristinatório da declaração de inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99.

5. Embargos de declaração rejeitados.”O Tribunal, ao julgar embargos de declaração, rejeitou-os e manteve o entendimento firmado na apreciação do recurso extraordinário, em que reconhecida a repercussão geral. Dessa for-ma, reafirmou-se a orientação no sentido da inconstitucionalidade da contribuição a cargo de empresa, destinada à seguridade social — no montante de quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho —, prevista no art. 22, IV, da Lei

11 Mérito julgado em 13/6/2012, acórdão publicado no DJe de 1º/3/2013 (v. Boletim Repercussão Geral nº 1)

12 RE 596.478 ED/RR: o Tribunal não conheceu dos embargos de declaração opostos pelos amici curiae e re-

jeitou os opostos pelo Estado de Roraima, por ausência de omissão ou obscuridade (julgado em 11/9/2014,

acórdão publicado no DJe de 5/11/2014)

Page 84: RepeRcussão GeRal - STF€¦ · 3 Repercussão geral reconhecida e mérito pendente de julgamento, 31 Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado Tema 826: ARE 884.325

84

CLIPPING DA REPERCUSSÃO GERAL

8.212/1991, com a redação dada pela Lei 9.876/1999. Pretendia-se a modulação dos efeitos da decisão que declarou a inconstitucionalidade da referida exação. A Corte afirmou a excepciona-lidade da medida requerida, cujos requisitos não estavam presentes no caso. (RE 595.838 ED/SP13, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/12/2014, acórdão publicado no DJe de 25/2/2015)

13 Mérito julgado em 23/4/2014, acórdão publicado no DJe de 8/10/2014 (v. Boletim Repercussão Geral nº 3 e

Clipping).