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REPORTAGEM INSTITUCIONAL COMISSÃO TÉCNICA DE SEGURANÇA ABTCP
Revista O Papel - abril/April 2016
NR 12 NO FOCO DOS DEBATES DA CT DE SEGURANÇA DA ABTCP
Não é de agora que as empresas do setor de celulo-se e papel vêm trabalhando seus processos para poderem atender aos requisitos de total adequa-
ção à Norma Regulamentadora (NR) 12, que define re-ferências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores que lidam com máquinas e equipamentos.
A importância da norma levou a Comissão Técnica de Segurança da ABTCP a colocar o assunto em pauta du-rante a Mesa-Redonda sobre a NR 12, realizada na sede da Associação em 17 de março último. Para embasar os debates entre os participantes, durante o evento foram feitas apresentações pelos profissionais Pedro Garcia (ABTCP), Roberto Serta (Roka Engenharia), Christina Vasconcellos Romano (CMPC), Glauco Romano (Voith) e José Mancini (Valmet).
Desde 2013 a CT de Segurança da ABTCP já vem de-senvolvendo um trabalho na Confederação Nacional
da Indústria (CNI), de modo a promover mudanças na NR 12 voltadas especificamente ao setor de celulose e papel. Por esse motivo, foi ressaltada a relevância da participação dos integrantes da Comissão no processo, indicando ações complementares às apresentadas na CNI até o momento.
“Temos de trabalhar com uma equipe unida em prol de um setor, como o nosso, pois existem muitas dúvidas a respeito da interpretação da norma e falta definição de critérios, além da ausência de um anexo específico para o segmento”, afirma Pedro Garcia, representan-te da ABTCP neste processo na CNI. Ele coloca-se à disposição para sugestões relativas ao texto – “de pre-ferência antes das reuniões da CNI”, ressalva.
Outra dificuldade que o setor vem enfrentando refe-re-se ao fato de a norma seguir padrões europeus. “As normas internacionais, apesar de terem sido a fonte, não estão totalmente harmonizadas com a NR 12”, afirma
Durante o encontro, os temas apresentados sobre a NR 12 incluíram os próximos passos do trabalho desenvolvido com a CNI, os tópicos da norma que exigem atenção do setor, além de riscos, impactos e adequações das empresas para atender aos requisitos
Por Cristiane Pinheiro Especial para O Papel
Fotos: Cristiane Pinheiro
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REPORTAGEM INSTITUCIONAL COMISSÃO TÉCNICA DE SEGURANÇA ABTCP
abril/April 2016 - Revista O Papel
Garcia. José Mancini, da Valmet Celulose, Papel e Energia, manifesta a mesma opinião: “Temos de definir os padrões com o objetivo de estabelecer uniformidade nas prote-ções e nos sistemas de segurança aplicáveis para o aten-dimento à NR 12, tanto para novos projetos de máquinas e equipamentos quanto para os já existentes”, comenta.
Para solucionar parte da questão, Garcia recomenda que se faça um inventário de máquinas e equipamentos, por exemplo, em planta baixa, identificando e indicando funções e características; que se elaborem apreciações de riscos; que se redija uma documentação técnica para a elaboração de manuais e que se implementem medi-das por ordem de prioridade, de procedimentos de segu-rança e capacitação, entre outras atividades.
Roberto Serta, da Roka Engenharia, falou sobre riscos e impactos da implementação da NR 12. “Precisamos contar com um responsável técnico pela máquina e va-lorizar a Engenharia em todo o processo”, alerta. Para o especialista, faz-se necessário usar ações pertinentes à redução da avaliação de risco, realizar estudos para veri-ficar a viabilidade para as adequações, analisar até onde o estado da técnica pode ser aplicado e outras ações.
“Poderemos ajudar no processo de redução de riscos nas empresas se colocarmos as proteções a distância para restringir o acesso de pessoas não autorizadas, utilizarmos biometria para autorização/monitoramento de acessos, realizarmos medição remota de ruídos ou utilizarmos calços automáticos monitorados”, afirma Serta. “Além de retornarmos os conceitos da Enge-nharia, temos de desenvolver um trabalho técnico em equipe, além de promover gestão e treinamento como ferramenta de suporte”, complementa.
Paradas de manutençãoDurante a Mesa-Redonda da CT de Segurança da
ABTCP, a engenheira Christina Romano, Coordenadora de Segurança do Trabalho da CPMC-Celulose Riogran-dense, discorreu sobre as paradas de manutenção. Den-tro desse tema, a companhia trouxe para a reunião a vi-são estratégica da empresa, voltada a tratar segurança como premissa intrínseca a qualquer processo, de modo a permear todas as atividades de forma matricial, e não de forma isolada.
Entre os direcionadores dessa visão estratégica figura o aprendizado contínuo e sistêmico. Isso significa que o ponto de partida para o planejamento de uma parada é tomado a partir da avaliação crítica e de oportunida-des de melhoria observadas na parada imediatamente anterior. Com base nisso, a CMPC vem atuando no pla-nejamento das atividades considerando o bloqueio das fontes de energia necessárias, a organização das frentes de trabalho e as análises de risco de forma integrada.
Tal planejamento detalhado tem auxiliado a reduzir os riscos e manter os perigos sob controle.
Se um dos caminhos consiste em retomar os concei-tos de Engenharia investindo no planejamento, outra ferramenta adotada para efetivamente operacionali-zar a visão estratégica é a capacitação das empresas prestadoras de serviço através de workshops e contínua avaliação das condições efetivamente adotadas durante as paradas de manutenção, com acompanhamento sis-tematizado dos trabalhos em execução.
NR 12 na prática O trabalho setor de celulose e papel tem trabalho a
fazer até que a adequação à NR 12 esteja concluída nas empresas. Os fornecedores de máquinas, contudo, estão um passo à frente neste processo já em suas linhas de produção, segundo demonstram os fatos apresentados pelos profissionais Glauco Romano, gerente de Enge-nharia da Voith, e José Mancini, da Valmet.
“Sabemos que muito tem de ser feito no dia a dia para que haja adequação à NR 12. Atualmente, vemos
Pedro Garcia – ABTCP: “Temos de trabalhar com uma equipe unida, em prol de um setor, pois existem muitas dúvidas a respeito da interpretação da norma”
Roberto Serta – Roka Engenharia: “Precisamos contar com um responsável técnico pela máquina e valorizar a Engenharia em todo o processo”
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nas companhias uso incompleto de equipamentos de proteção, superfícies escorregadias, pontos que podem causar quedas, proteções desmontadas, acesso inade-quado às máquinas e toque em peças móveis, entre ou-tras situações”, afirma Romano.
Nesse contexto, o especialista demonstrou algumas diretrizes da Comunidade Europeia e itens da NR 12 re-lativos aos sistemas de segurança das máquinas: 12.38, 12.41ª, 12.42b, 12.44 e 12.24, somente para citar alguns.
Ele deu outros exemplos de situações vividas por profissionais que controlam as rebobinadeiras. Con-forme a NR 12, “o ingresso de operadores nesta área deve ser detectado por dispositivos eletrônicos, fazen-do parte de um sistema interligado. Ao ingressar na zona de perigo, os movimentos automáticos devem ficar inoperantes (12.113.1)”. Outra seção comentada por Romano foi a de secagem, que também deve ter proteções fixas e móveis, além de dispositivos de segu-rança (item 12.38 da NR 12).
Romano comenta: “Apesar de todo esse cenário que ainda precisa ser mudado, já estamos vendo algumas tendências: máquinas cada vez mais protegidas, au-
tomação em nível compatível com as necessidades e utilização de dispositivos de segurança de alta confia-bilidade”, algo que também pode ser visto na seção de secagem. “Atualmente, as medidas de segurança já acompanham o equipamento”, lembra ele.
José Mancini, da Valmet Celulose, Papel e Energia, complementou a apresentação anterior comentando que não basta colocar proteção sem conscientizar os colaboradores. “Temos de informá-los sobre o cumpri-mento das regras, mostrar cada detalhe do que tem de ser feito, e não mais item por item”, alerta Mancini.
Mancini comentou com os participantes da Comissão Técnica os recentes fornecimentos de projetos EPC na Valmet, mostrando as fases inicial, intermediária e fu-tura, com abordagem do escopo, das adequações, das principais dificuldades e dos principais desafios nas in-dústrias de celulose, papel e energia para atender à nor-ma. “Como a NR 12 tem interface com várias especiali-dades na empresa, todos devem ter conhecimento sobre o que é necessário atender em cada área”, comenta.
Sobre a NR12Essa Norma Regulamentadora e seus anexos defi-
nem referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integri-dade física do trabalhador, além de estabelecer requi-sitos mínimos para a prevenção de acidentes e doen-ças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ain-da à sua fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas as ati-vidades econômicas, sem prejuízo da observância do disposto nas demais Normas Regulamentadoras apro-vadas pela Portaria n.º 3.214, de 8 de junho de 1978, nas normas técnicas oficiais e, na ausência ou omis-são destas, nas normas internacionais aplicáveis. n
Christina Romano – CMPC: “Segurança é matricial, e não um processo independente, devendo permear o planejamento e execução de qualquer atividade”
Glauco Romano – Voith: “Apesar de todo este cenário que ainda precisa ser mudado, já estamos vendo algumas tendências: máquinas cada vez mais protegidas, por exemplo”
José Mancini – Valmet Celulose, Papel e Energia: “Temos de definir os padrões com o objetivo de estabelecer uniformidade nas proteções e nos sistemas de segurança aplicáveis para o atendimento à NR 12, tanto para novos projetos de máquinas e equipamentos quanto para os já existentes”